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DIREITO ADMINISTRATIVO

Atos Administrativos – Requisitos – Competência


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ATOS ADMINISTRATIVOS – REQUISITOS – COMPETÊNCIA

DIRETO DO CONCURSO
1. (2021/CESPE-CEBRASPE/MPE-AP/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Acerca
dos atos administrativos, assinale a opção correta.
a. Sempre que o poder público não responder, em prazo razoável, a solicitação formu-
lada por um cidadão, considerar-se-á deferido o requerimento do particular.
b. A usurpação de função pública é causa de anulabilidade de ato administrativo emitido
pelo usurpador, ficando o ato passível de convalidação pelo agente público que teria
originalmente a competência para realizá-lo.
c. Nos atos discricionários, a competência, o motivo e o objeto são elementos vincula-
dos, enquanto a forma e a finalidade são elementos discricionários.
d. A convalidação é um ato administrativo discricionário.
e. A presunção de legitimidade de que goza o ato administrativo é relativa, já que pode
ser superada caso o interessado consiga demonstrar a ilegalidade do ato ou a não
ocorrência dos seus pressupostos fáticos.

COMENTÁRIO
a. No caso do poder público não existe o “quem cala, consente” se a lei não atribuir tal efeito
ao silêncio administrativo. O silêncio, como regra, não é considerado um ato administrativo;
b. A usurpação de função não é causa de anulabilidade; refere-se a tomar para si uma fun-
ção administrativa e é caso de ato nulo, não cabendo convalidação;
c. No ato discricionário, são elementos vinculados a competência, a forma e a finalidade; o
motivo e o objeto é que são os elementos discricionários;
d. A convalidação, quando for possível, é um ato vinculado;
e. Quando um particular discordar de um ato administrativo, ele pode demonstrar a ilegali-
dade e caberá a ele o ônus dessa prova.
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Elementos/Requisitos do Ato Administrativo

Não há uma lei que trate do ato administrativo, mas a doutrina majoritária tira da Lei n.
4.717/65 (Lei da Ação Popular) os requisitos do ato administrativo, que são os demonstrados
no mapa mental abaixo:

 Obs.: Um mnemônico para ajudar com a memorização desses requisitos é o COFIFOMOB.

Na falta de algum desses requisitos, o ato é viciado. Alguns elementos admitem a conva-
lidação, que é a correção; outros, não.
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a. Competência:

• Poder atribuído ao agente público para a prática dos atos;


• Poder resultante da lei, que delimita até onde vai a competência; se o agente praticar
ato fora da sua competência, será um ato ilegal;
• Cada lei dá para um órgão ou agente um conjunto de competências, de atribuições.

Ex.: Uma pessoa dirigindo seu carro entra em alta velocidade em uma curva e um agente
do Conselho Federal de Contabilidade a aborda, dizendo que vai lhe aplicar uma multa.
Como agente público em uma autarquia, tem poder punitivo, mas não sobre o cidadão, e sim
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sobre as pessoas que são contadoras.; ela tem competência para punir, mas no limite da
sua competência. Se se confirmasse a infração do motorista, quem poderia aplicar-lhe uma
sanção seria a autoridade com competência, no caso, a Polícia Militar ou o Detran.

ATENÇÃO

Cuidado para não confundir competência (que pode aparecer como “sujeito”, termo usado
por Maria Sylvia) com capacidade (do Direito Civil).
Antes de o agente público ter competência, ele tem que ter a capacidade. Quando a pes-
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soa vai entrar em um cargo público, ela precisa fazer a demonstração da sua capacidade
física e mental; tanto que se por algum motivo ela tiver incapacidade mental, será afastada
do cargo por licença ou aposentadoria.

A competência tem algumas características, como ilustra o mapa mental a seguir:

A competência, portanto, é:
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• Irrenunciável – O agente não pode abrir mão dela; caso não pratique alguma de suas
competências, estará sujeito a sanção.

A Lei n. 9.784/99, do art. 11 ao art. 17, regulamenta a delegação e a avocação de com-


petência e usa uma expressão tecnicamente não muito boa:

Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída
como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.

Não ficou bem tecnicamente porque quando se delega ou se avoca, não se está renun-
ciando competências; na delegação se divide a competência com outra pessoa sem perder
nem renunciar a sua própria, e na avocação um superior chama a competência de um subor-
dinado para si.

• Imprescritível – Não se perde pelo decurso do tempo.

Quem é competente para declarar guerra a outro país, por ex., é o chefe do Poder Exe-
cutivo. Ninguém o faz há bastante tempo, mas caso algum queira, ninguém pode dizer que
ele não pode por ter se passado muito tempo sem ninguém fazer.

• Inderrogável – Não se transfere pela simples vontade das partes.


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Pode haver delegação, pois a lei admite, mas não é possível fazer isso sem uma lei regu-
lamentando, apenas pela própria vontade.

• Improrrogável – Não se prorroga, não pode ser estendida.

No Judiciário, existe prorrogação de competência; um juiz que era a princípio incompe-


tente para julgar determinado processo, a partir de um certo momento processual, se a parte
não falar nada, ele passa a ser competente para julgar esse processo.
Em matéria de Direito Administrativo, isso não acontece. Suponha que um agente público
não tinha competência para aplicar a demissão de um servidor, mas ele recebeu o processo
e decidiu permitir, aplicando a demissão. O fato de o servidor ter aceitado e não falado nada
não prorrogou a competência desse agente público; a lei dá, delimita e retira competências.
Existem ainda os vícios na competência:
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• Excesso de poder – Quando a autoridade vai além das suas atribuições ou pratica
ato que está fora delas; o excesso de poder é uma forma de abuso de poder. Quando
o agente tem competência para determinar suspensão por até 30 dias, por ex., mas
aplica uma suspensão por 90 dias, essa é ilegal, visto que ele agiu com excesso de
poder. O agente até tinha competência para punir, mas como se excedeu ao fazê-lo,
o ato nasceu viciado;
• Agente de fato – Também chamado de função de fato ou ainda de agente putativo,
é aquele que só tem uma aparência de legalidade e está irregularmente exercendo
uma função pública. É o caso de uma pessoa que se aposentou, mas continuou tra-
balhando e aplicando atos administrativos, ou ainda de uma pessoa que os aplica
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estando de férias; tais atos são irregulares. Aplica-se aqui a teoria da aparência, que
mantém a validade para terceiros de boa-fé, que não concorreram para a prática do
ato e não podem ser prejudicados, visto que havia uma aparência de legalidade.

Ex.: Imagine que uma pessoa vai pegar uma declaração de nada consta de antecedentes
criminais para apresentar no cargo em que vai tomar posse. Para isso, ela pede ao agente
público que mostre sua nomeação para o cargo e que prove que não está aposentado, de
férias ou afastado da função e trabalhando. Ninguém faz isso. A pessoa é atendida pelo ser-
vidor que a recebe com crachá no peito e aparência de legalidade; se ele está irregularmente
na função e expede a declaração para a pessoa, ela terá validade onde for apresentada.

• Usurpação de função – Quando alguém se apropria de uma função pública. Já acon-


teceram no Brasil vários casos de falsos policiais dando treinamento para policiais,
por ex., e que só foram descobertos muito tempo depois. Aconteceu em Brasília um
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caso de alguém que entrou em um hospital público e se passou por médico durante
vários dias, emitindo atestados e realizando procedimentos na área de ginecologia,
atos privativos do servidor. Para o Direito Administrativo, esses atos administrativos
praticados pelo usurpador de função são considerados nulos, inexistentes e não têm
efeito no mundo jurídico administrativo. Para o Direito Penal, haverá repercussão e ele
irá responder criminalmente pelo crime de usurpação de função.
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Ex.: Imagine que um agente do Detran tem um irmão gêmeo idêntico que por um dia usa
sua farda e decide se passar por agente, aplicando multas a diversos carros que estavam
em situação de infração administrativa. Quando isso é descoberto, o motorista pode simples-
mente rasgar aquela multa recebida, pois é um ato inexistente para o Direito Administrativo e
não produz o efeito de punir.

GABARITO
1. e

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor pelo professor Gustavo Scatolino da Silva.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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