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A aplicação dos princípios da anterioridade nonagesimal (noventena) e anual na instituição

ou majoração de tributos é tema que sempre desperta dúvidas. Afinal, em quais situações
deve-se esperar noventa dias até a cobrança? E em quais casos só é possível cobrar no
ano seguinte? Ainda, quando não se aplica nenhum dos dois princípios?

Os princípios da anualidade e da anterioridade nonagesimal, a noventena, estão dispostos


no artigo 150, inciso III, da Constituição Federal. De acordo com as alíneas b e c do
dispositivo, a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios não podem cobrar
tributos no mesmo exercício financeiro em que foi publicada a lei que os instituiu ou
aumentou e antes de decorridos noventa dias da data da publicação da norma.

Casos recentes dos principios:

Um caso que teve bastante repercussão no início deste ano foi a correção da tabela do IR,
onde o atual Ministro da Fazenda Fernando Haddad, vinha projetando o reajuste da tabela
para 2024, uma vez que era preciso respeitar o princípio da anterioridade. A regra
determina que alterações em tributos só podem entrar em vigor no ano seguinte à
aprovação das medidas.
Só que, se mostrou possível a alteração dessa alíquota ainda nesse exercício de 2023,
Como o caso é para reduzir tributo - ou seja, para corrigir a tabela de isenção de IR - não se
aplica o princípio da anterioridade, ou seja, pode ser feito de imediato em 2023 (art. 150, III,
b, CF88).

Um caso com base no princípio da anterioridade nonagesimal, a Justiça vem autorizando


empresas a pagarem alíquotas menores de PIS e Cofins instituídas por norma editada em
31 de dezembro, último dia do governo Jair Bolsonaro, o então vice-presidente, Hamilton
Mourão (Republicanos), no exercício da presidência, editou o Decreto 11.322/2022, que
reduziu a alíquota do PIS/Pasep de 0,65% para 0,33% e a da Cofins de 4% para 2%, o que
geraria impacto de aproximadamente R$ 5,8 bilhões nas contas públicas.
A decisão com maior impacto foi proferida pela juíza federal Regilena Emy Fukui Bolognesi,
da 11ª Vara Cível Federal de São Paulo, e foi provocada por ação do Centro das Indústrias
do Estado de São Paulo (Ciesp). A liminar garante que todas as associadas recolham o PIS
e a Cofins com alíquotas reduzidas — de 2,33% no total — até o dia 2 de abril. Essa é a
primeira ação coletiva que se tem notícia.
Exceções à regra, que estão descritas ao longo da Constituição:

Tributos sujeitos apenas à noventena

● IPI
● Contribuições sociais (CSLL, PIS, Cofins, Contribuição Previdenciária,
Contribuições ao Sistema S, CPMF);
● Cide-Combustíveis;
● ICMS-Combustíveis.

Tributos sujeitos apenas à anualidade


● Imposto de Renda;
● Fixação da base de cálculo do IPVA;
● Fixação da base de cálculo do IPTU;

Tributos sujeitos à noventena e à anualidade


● ICMS (exceto para combustíveis);
● ISS;
● ITR;
● ITCMD;
● ITBI;
● Alíquota do IPVA
● Alíquota do IPTU

Tributos que não estão sujeitos à anualidade e à noventena


● Imposto de importação;
● Imposto de Exportação;
● IOF;
● Empréstimos compulsórios para atender a despesas extraordinárias,
decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
● Imposto extraordinário na iminência ou no caso de guerra externa.

Fonte:

https://www.conjur.com.br/2023-jan-18/base-norma-mourao-empresas-pagam-piscofins

https://www.infomoney.com.br/politica/medidas-de-bolsonaro-impactam-contas-em-ate-r-15-
bilhoes-diz-haddad/

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