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Coleção Resumos

Direito Tributário
Parte 1

Janaina Mascarenhas

2023
LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR

1. Poder de tributar
É o direito do Estado de intervir o patrimônio das pessoas para obter recursos a fim de
realizar suas atividades. A tributação é instrumento para realizar os objetivos
fundamentais da República e tutela dos direitos sociais constitucionalmente garantidos.
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789
Art. 13. Para a manutenção da força pública e para as despesas da administração, é
indispensável uma contribuição comum que deve ser repartida entre os cidadãos de
acordo com as suas possibilidades.
Nessa perspectiva, há um dever de pagar tributos, sendo um exercício de cidadania,
bem como um dever de colaboração com a Administração Tributária (Paulsen) através
das obrigações acessórias.
Tributo é receita derivada, receita vertical, decorrente do poder de império do Estado.
Tributos fiscais e extrafiscais – Os tributos fiscais tem como finalidade principal a
arrecadação de verbas, enquanto os extrafiscais tem como finalidade conduzir um
comportamento social, incentivar ou dissuadir uma atividade econômica. Todos os
tributos tem as duas características, mas alguns tem a extrafiscalidade mais forte (ex:
IPI, II, IE, ITR, IPTU, IOF).
2. Limitações - Princípios
É preciso compatibilizar a arrecadação com a liberdade e o patrimônio dos contribuintes
para que a tributação seja legítima. O nível da limitação está intimamente relacionado
com a escolha política do Estado, se mais liberal ou mais social.
Os limites estão na Constituição e são: os princípios, as imunidades (limitação negativa)
e as competências. Segundo STF, algumas limitações são cláusulas pétreas (ex: ADI
939, 1993 que tratou da anterioridade).
2.1 Principio da legalidade (art. 150, I CF/88)
No taxation without representation
O principio se fundamenta na ideia de representação popular através dos parlamentares.
A lei tributária é a autoimposição de tributos. O princípio da legalidade serve para
instituir, majorar, extinguir ou diminuir tributos (paralelismo das formas).
A regra é a lei ordinária, mas excepcionalmente a CF/88 prevê lei complementar para:
 IGF (art. 153, VII)
 empréstimo compulsório (art. 148, I)
 impostos residuais (art. 154, I) e contribuições residuais (195 §4°).
 Critérios especiais de tributação com base na livre concorrência (art. 146-A)
 Aspectos do ICMS (art. 155 §2°, XII)
 Prever competência de ITCMD no caso de doador ou morto com domicílio no
exterior (at. 155 §1°, III)
 Aspectos específicos do ISS (art. 156 §3°)
 Limite da remissão ou anistia para contribuições previdenciárias (art. 195 §11)
Há temas que são tratados por resolução do Senado:
 Alíquotas mínimas de IPVA (art. 155 §6°, I)
 Alíquotas máximas de ITCMD (art. 155 §1°, IV)
 Alíquotas interestaduais e de exportação do ICMS (art. 155 §2°, IV)
 Alíquotas mínimas do ICMS interno (ART. 155 §2°, V a)
 Alíquotas máximas do ICMS interno para resolver conflito dos Estados (ART.
155 §2°, V b)
Não precisa ser por lei: prazo do pagamento, obrigações acessórias, atualização
monetária, aumento do valor do IPTU abaixo do índice oficial, substituição legal do
índice de correção.
Aumentar alíquota dos impostos (art. 153 §1°):
 II, IE, IPI, IOF – podem ser por decreto.
 CIDE-combustíveis pode reduzir ou reestabelecer por meio de decreto, nunca
aumentar.
 ICMS monofásico – pode aumentar ou diminuir por CONVENIO do CONFAZ,
não é por decreto. Se aumentar, obedece à anterioridade.
Medida provisória – pode instituir tributos que não dependam de lei complementar.
Também não pode tratar da EC 20/90 e EC 29/00 (art. 246 CF)

OBS: Paulo de Barros Carvalho elenca cinco aspectos (art. 97 e 161 §1° CTN) da
obrigação tributária principal que devem ser previstos na lei tributária: (i) material –
hipótese de incidência (ii) temporal – momento do fato gerador (iii) espacial – local do
fato gerador (iv) quantitativo – alíquota e base de cálculo (v) pessoal – sujeitos da
obrigação. É uma visão de legalidade fechada, específica, que tem um conteúdo mínimo
para ser válida.
Podem ser utilizados tipos abertos ou indeterminados (normas tributárias em branco),
desde que não haja delegação total dos aspectos da obrigação tributária. (ex: SAT/RAT)

Informativo 844, RE 704.292/PR, 2016 – Flexibilização da legalidade, podendo os


conselhos determinarem as anuidades desde que dentro do teto determinado por lei.
STF ADI nº 4762 – o escalonamento das anuidades é constitucional e respeita a
capacidade contributiva.
STF RE 838.284/SC - A ortodoxa legalidade, absoluta e exauriente, deve ser afastada,
em razão da complexidade da vida moderna e da necessidade de adaptação das leis
tributárias à realidade em constante mudança.
Benefícios tributários – também seguem o princípio da legalidade
Art. 150 (...)
§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito
presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser
concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as
matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do
disposto no art. 155, § 2.º, XII, g.

Exceção: para o ICMS a isenção ocorre SEMPRE


Questão do crédito-prêmio do IPI
por meio de convênio com o CONFAZ (evitar a DL 491/69 instituiu.
guerra fiscal). O regime de apuração do ICMS deve DL1658/79 – previu a extinção em 83.
também ser por lei específica. DL 1724/79 – revogou o anterior, delegou ao MF
competência para aumentar, diminuir e extinguir.
Benefícios anteriores a 88: se era setorial, tinha Portaria MF 176/84 – previu a extinção em 85.
que ser confirmado por lei em até 2 anos sob pena 2001 o STF declarou inconstitucional o DL 1724 por
ofensa à legalidade na parte em que delega à MF.
de revogação (art. 41 ADCT)  V. POST IT Teses:
1ª tese entendia que tinha sido extinto em 83.
MC da ADI 1379, de 1996 – flexibiliza o conceito 2ª tese entendia que tinha sido extinto em 90, porque a
de lei específica para os benefícios. portaria era inconstitucional e após 2 anos da CF não
houve ratificação por lei. STF ADOTOU.
ADI 4033/DF – É constitucional a isenção na lei do 3° tese entendia que estava em vigor até hoje (não
SIMPLES às ME e EPP, por conta da pertinência seria beneficio setorial).
temática.
ADI nº 4.481/PR, 2015 – Inconstitucionalidade de
lei estadual que permitiu parcelamento do ICMS. Constitucionalidade de lei estadual
que difere (retarda) o pagamento, pois isso não é benefício tributário.
ADI nº 3.796/PR, 2017 – inconstitucionalidade de lei estadual que permitiu
parcelamento do ICMS de empresas que participem de programas de geração de
empregos.
ADI nº 2.663/RS, 2017 – inconstitucionalidade de lei estadual que deu benefício no
ICMS pra empresas que dessem bolsas de estudos.
ADI nº 429/CE, 2014 – inconstitucionalidade de Constituição Estadual que prevê
benefício do ICMS. Decidiu que é possível benefício de outros tributos estaduais, mas
do ICMS não.
ADI nº 3.421/PR, 2010 – constitucionalidade de lei estadual que deu isenção de ICMS
nas contas de água, luz, gás e telefone dos templos religiosos. A decisão se baseou na
interpretação teleológica porque essa isenção não geraria guerra fiscal, em razão de ser
voltada apenas para templos religiosos.
2.2 Principio da anterioridade
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...)
III - cobrar tributos: (...) b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada
a lei que os instituiu ou aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;
A anterioridade serve como segurança jurídica ao contribuinte, para que não seja
surpreendido com cobrança que não estava preparado para pagar. Por ser uma garantia
ao contribuinte só precisa ser observado no caso de instituição ou majoração de tributos.
É uma postergação da eficácia da norma tributária.
A regra é obedecer às duas anterioridades, genérica e nonagesimal.
 Exceções
Exceção à anterioridade genérica Exceção à anterioridade nonagesimal
II II
IE IE
IOF IOF
IEG IEG
Empréstimo compulsório de calamidade Empréstimo compulsório de calamidade
pública e guerra externa pública e guerra externa
IPI IR
CIDE-combustível para reduzir ou
Alteração da base de cálculo do IPTU e
reestabelecer. Se for aumentar obedece à
IPVA
regra geral.
ICMS combustível/lubrificante
monofásico
Contribuição previdenciária (art. 195 §6°)

Súmula Vinculante 50 do STF: “Norma legal que altera o prazo de recolhimento de


obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade”
Também não se aplica a anterioridade para correção monetária, substituição legal do
índice de correção.
Aplica-se o princípio da anterioridade tributária, geral e nonagesimal, nas hipóteses
de redução ou de supressão de benefícios ou de incentivos fiscais, haja vista que tais
situações configuram majoração indireta de tributos.
STF. Plenário. RE 564225 AgR-EDv-AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
20/11/2019.
STF RE 584.100/SP, 2010 – Prorrogação de alíquota temporária mais gravosa não
ofende a anterioridade porque já está pagando a alíquota maior, só prorrogou.
 Eficácia de medida provisória que institua ou majore IMPOSTOS
Art. 62. (...) § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de
impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no
exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele
em que foi editada.
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a
rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e
decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
As MPs podem instituir ou majorar tributos que não dependam de lei complementar. Se
for caso de exceção aos dois princípios da anterioridade, o prazo para eficácia da MP se
conta da publicação da medida, não da conversão em lei.
Como a MP tem vigência de 60 dias prorrogáveis podem acontecer alguns cenários:
 A MP é convertida dentro dos 60 dias – espera mais 30 para ter eficácia.
 MP é rejeitada nos 90 dias – nunca teve eficácia.
 MP é convertida após 90 dias – mantém sua eficácia.
o Se na conversão há inovação material (ex: aumenta a aliquota), recomeça
a contagem na conversão.
 MP perde vigência (120 dias) – teve eficácia por 30 dias. O legislativo deve
fazer decreto para regular as situações jurídicas.

 Isenções e benefícios
Se for isenção onerosa não pode ser revogada para aqueles que já tem o direito
adquirido (art. 178 CTN).
Súmula 544 do STF: “Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não
podem ser livremente suprimidas”.
Se for isenção gratuita pode ser revogada, não há direito adquirido.
STF. 1ª Turma. RE 564225 AgR/RS, 2014 – A revogação de isenção é aumento indireto
do tributo e deve seguir a anterioridade tributária.
2.3 Principio da irretroatividade (art. 150, III, a)
A norma que institui ou majora tributos não pode ser aplicada aos fatos anteriores a sua
vigência, somente aos pendentes e futuros (art. 105 CTN);
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação
de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão,
desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de
tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo
da sua prática.
O art. 106 do CTN não é exceção à irretroatividade porque não trata de instituição de
tributos, mas sim de lei interpretativa e de infrações.
A lei expressamente interpretativa, na qual não se incluem imposições de
penalidades, pode retroagir para fatos anteriores. (ex: caso do art. 3° da LC 118/2015
que o STF entendeu não ser lei meramente interpretativa, portanto não retroage)
Quanto às infrações: A lei benéfica que retire infração ou diminua penalidades pode
retroagir, desde que o ato não esteja definitivamente julgado.
RESP n.º 183.994/SP STJ - Para fins de execução fiscal, as decisões finais
devem se estender, segundo o STJ, às fases de arrematação, adjudicação ou
remição.
Confissão e parcelamento de dívida NÃO SÃO atos definitivamente julgados,
podendo haver aplicação de lei benéfica mesmo após elas.
Mesmo que a lei retroaja NÃO CABE repetição de indébito daquilo que foi pago
antes da lei benéfica.
Irretroatividade do lançamento tributário
 O lançamento em relação aos aspectos da obrigação principal se dá com base na
lei vigente no momento do fato gerador, e não do momento do lançamento
(art. 144 CTN).
 No entanto, pode retroagir lei à época do lançamento que trate de processos de
fiscalização, de poderes de investigação, exceto para atribuir responsabilidade
tributária a terceiros.
 Se forem impostos periódicos, que são lançados por certos períodos de tempo, a
lei que se aplica é a do momento em que a lei considera ocorrido o fato gerador
(art. 144 §2°). É o caso do IPVA e IPTU
Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação
e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.
§ 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato
gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de
fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou
outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para
o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de
tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se
considera ocorrido.
RESP 558.633 CASO CPMF – Constitucionalidade da lei da CPMF que deu novos
poderes à Receita, de cruzar dados bancários da CPMF para lançar créditos tributários
de outros tributos. Alegou que tratava-se de mero processo fiscalizatório, não havia
mudança nos elementos do tributo, podendo retroagir.
ADIs n.º 2390/DF, 2386/DF, 2397/DF e 2859/ DF Rel. Min. Dias Toffoli e o RE n.º
601314/SP Repercussão Geral – STF decidiu que era constitucional lei que permitiu aos
agentes fiscais requisitarem diretamente das instituições financeiras informações
bancárias, devendo seguir alguns requisitos:
 regulamentação de cada ente
 pertinência temática entre as informações requisitadas e o tributo objeto de cobrança;
 prévia notificação do contribuinte à instauração do processo e todos os demais atos,
com amplo acesso aos autos, permitido cópias não só de documentos, mas também de
decisões;
 sujeição do pedido de acesso a um superior hierárquico;
 exigência de sistemas eletrônicos de segurança certificados e com registro de acesso;
 estabelecimento de mecanismos efetivos de apuração e correção de desvios.
Quem pode requisitar:

 Secretaria da Receita Federal do Brasil;


 Fisco estadual e municipal, nas condições acima elencadas;
 CPI federal e estadual (art. 4º da LC 105) (CPI Municipal não pode);
 TCU, apenas para as operações de crédito originárias de recursos públicos (STF MS
33.340/ DF 2015);
 MP para contas de órgãos e instituições públicas a fim de proteger o patrimônio público
(STJ, HC 308.493 CE 2015).

Retroatividade para os fatos geradores não instantâneos (periódicos)


 Classificação dos fatos geradores
a) Fato gerador instantâneo – é o que ocorre num momento preciso, dito na lei.
b) Fato gerador periódico – é o que se prolonga no tempo mas a lei o considera
ocorrido em um certo momento.
a. Periódico simples – um único evento se estende no tempo. Ex: IPVA,
IPTU, ITR.
b. Periódico composto – vários eventos que se estendem no tempo e juntos
compõem o fato gerador do tributo. Ex: IR.
No caso de fatos geradores periódicos, que se prologam no tempo, com base no art. 105
do CTN e 150, III, a da CF, a lei posterior só se aplica se entrar em vigor antes da data
que a lei considera consumado o fato.
Ex: CSLL – se há publicação da lei antes de 2/10, ao terminar a noventena a lei tem
vigência no mesmo ano da publicação. Portanto, quando o fato gerador se consumar, em
31 de dezembro, se aplica a lei nova, porque o fato é posterior (ou estava pendente de
consumação).
IR – vigência da lei sempre ocorre no outro ano e portanto depois da consumação do
fato. Assim, a lei nova do ano da declaração não deveria se aplicar ao ano anterior, dos
eventos que geram o tributo. Esse não é, no entanto, o entendimento do STF na Súmula
584, que sofre muitas críticas.
Súmula 584 STF: Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base,
aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.
STF EM DECISÃO DISSE ESTAR CANCELADA A SUMULA
RE 592396 / SP, 2016 - Lei aumentou alíquota para renda advinda de exportação - STF
modulou a aplicação da súmula e afirmou que se for imposto com caráter
extrafiscal, como era no caso dos autos, a súmula 584 não se aplica, porque o fato
gerador nesses casos ocorre de modo instantâneo, em cada ato de exportação (como se
fosse IPI), não é fato periódico.
2.4 Princípio da segurança jurídica
É um sobreprincípio, do qual decorrem outros, como a legalidade, a anterioridade, a
irretroatividade.
Analogia no direito tributário só pode ser aplicada para questões que não envolvam os
aspectos do tributo, a obrigação tributária em si, mas apenas a questões procedimentais
(art. 108 CTN)
A segurança jurídica também se relaciona com a intangibilidade de posições jurídicas,
como as isenções onerosas, que não podem ser revogadas caso o contribuinte já tenha
direito adquirido e os parcelamentos. Se relaciona também com a estabilidade das
situações, como por exemplo a prescrição.
2.5 Principio da Isonomia Tributária (art. 150, II)
Art, 150 (...) II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em
situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional
ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos
rendimentos, títulos ou direitos.
Principio do pecúnia non olet - Para determinar o O Supremo Tribunal Federal (STF)
fato gerador não interessa a validade do ato ou os tem jurisprudência tranquila no
efeitos do ato (art. 118 CTN) sentido de que não pode o Poder
Judiciário, invocando o princípio da
REsp: 1482184 RS 2014/0196028-2, 2015 – isonomia, estender benefício fiscal
Para calculo do IPTU não importa que haja concedido por lei a outras pessoas,
APP ou qualquer unidade de conservação que pois estaria a substituir o juízo
restringe o uso da propriedade. discricionário do legislador, atuando
como legislador positivo, o que é
vedado pela CRFB.
RE n.º 336. 134, 2003 Abatimento de parte da
tributação para a empresa que paga COFINS e CSLL – não ofende a isonomia o
tratamento desigual entre as empresas com lucro e sem lucro porque é necessária a
redução da carga tributária.
ADIN 1.643/DF, 2003 – Não viola a isonomia a diferenciação as ME e EPP em relação
às outras empresas e também em relação ao profissionais liberais.
RE n. º 614.406/ RS – Inconstitucional por ofensa à isonomia a cobrança de alíquota
maior de IR sobre verbas recebidas de forma cumulada, em comparação com as verbas
recebidas mês a mês.
2.6 Principio da capacidade contributiva (art. 145 §1° CF)
A tributação deve se dar de acordo com a capacidade de cada contribuinte, de modo a
não afetar o mínimo existencial. Nos tributos extrafiscais a capacidade contributiva cede
espaço, porque ainda que o contribuinte tenha a capacidade de contribuir, pode haver a
necessidade de induzir comportamentos na economia.
Os impostos sempre serão regulados pela capacidade contributiva, e terão caráter
pessoal sempre que possível (pessoalidade dos impostos).
Nem todo imposto pode ter caráter pessoal, por exemplo, os impostos reais, que incidem
sobre um objeto ou coisa, desconsideram o elemento subjetivo (ex: IPTU incide sobre a
propriedade, independe das características pessoais do contribuinte).
Nesse sentido, para os impostos reais, a capacidade contributiva se verifica pela
proporcionalidade, enquanto para os impostos pessoais (ex: IR), ela se verifica pela
técnica da progressividade.
Modernamente, João Marcelo Rocha afirma que mesmo os impostos reais tem
compromisso com a pessoalidade (ex: isentando certas pessoas de IPTU), aproximando
os impostos reais e pessoais. O STF tende para essa interpretação, que enxerga pitadas
de pessoalidade nos impostos reais.
O imposto é um tributo não vinculado, que não gera para o Estado uma contraprestação
específica. Nesse sentido, quando possível verificar a manifestação da riqueza do
contribuinte (capacidade contributiva), aparece a solidariedade social, que é
compulsória. Todos devem financiar para o bem de todos. A capacidade não é apenas
um requisito dos impostos, mas também seu fundamento político.
A capacidade contributiva na CF somete é prevista para impostos, mas o STF já
entendeu ser aplicável a todos os tributos, como as taxas, contribuições sociais, etc.
STF RE 598572, 2016 – Capacidade contributiva nas contribuições da previdência
social, em relação às instituições financeiras: pagam mais porque movimentam mais
mão-de-obra.
STF RE 573675, 2009 – COSIP também deve seguir principio da capacidade
contributiva, de acordo com o tipo de consumidor e quantidade de consumo de energia.
Formas de concretização da capacidade contributiva
a) Principio da proporcionalidade
É quando a alíquota é uma porcentagem fixa, mas a base de cálculo muda.
A proporcionalidade às vezes pode ser prejudicial àqueles com menor capacidade
contributiva na medida em que se torna uma regressividade. Por exemplo, nos impostos
indiretos (ex: ICMS), que são repassados ao consumidor final embutidos no valor do
bem. Se em um bem essencial 10% do valor é imposto, as pessoas com menos
condições financeiras irão pagar mais em relação às mais ricas, porque o valor do bem é
o mesmo para todos. [Janaina ganha 100 reais e paga 8 de imposto no pão, João ganha
1000 reais e paga os mesmos 8 reais e imposto no pão].
b) Seletividade
Quando o tributo é maior nos bens selecionados, por serem menos essenciais.
A análise da essencialidade pode ser tanto pela natureza do produto (ex: água é
essencial, perfume não) quanto pelo seu uso.
No IPI a seletividade é obrigatória, no ICMS é facultativa.
STF TEMA 745 RG - É inconstitucional norma distrital ou estadual que, mesmo
adotando a técnica da seletividade, prevê alíquota de ICMS sobre energia elétrica e
serviços de comunicação— os quais consistem sempre em itens essenciais — mais
elevada do que a incidente sobre as operações em geral. Seletividade não é obrigatória,
mas quando observada, deve analisar a essencialidade e outros elementos como a
capacidade do contribuinte, a destinação do bem, justiça fiscal etc, observando sua
eficácia positiva – diminuir o tributo em certos casos- e também negativa – impedir que
seja alto para bem essencial. (Info 1060)
c) Progressividade
As alíquotas aumentam conforme a base de calculo aumenta.
Tradicionalmente entendia-se que a progressividade estava atrelada aos impostos
pessoais, e a proporcionalidade aos impostos reais. No entanto, em 2013, o STF julgou
o RE 602.256 e o AgR RE 958.709. Nesses julgamentos o STF afirmou que a
progressividade poderia ser adotada em qualquer imposto, ainda que não houvesse
previsão constitucional específica prevendo (expressos: IR-fiscal; IPTU-extra+fiscal;
ITR-extra), como no caso do ITCMD, que é imposto real.
Os critérios para a progressividade devem ter relação com a capacidade
contributiva do contribuinte, não sendo válidos critérios como o grau de parentesco
entre o transmissor e o recebedor do bem.
STF RE 1038357 AgR, 2018 – Progressividade do ITR baseada em Grau de Utilização
do imóvel e na área é constitucional, pois baseia-se na capacidade contributiva.
STJ ADI 4697, 2016 - Progressividade nas contribuições sindicais. Constitucionalidade.
Súmula 668 STF - É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da
Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada
a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana. [extrafiscal]
[ou seja, pode ter lei anterior que diferencia alíquota pelo uso edificado ou não,
residencial ou comercial etc. Mas não pelo valor do imóvel]
STF, TEMA 523, 2020 - São constitucionais as leis municipais anteriores à
Emenda Constitucional n° 29/2000, que instituíram alíquotas diferenciadas de
IPTU para imóveis edificados e não edificados, residenciais e não residenciais
Súmula 656 STF - É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o
imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis - ITBI com base no valor venal do
imóvel.
2.7 Principio a solidariedade
Parte da doutrina coloca a solidariedade junto da capacidade contributiva. Esse princípio
determina que todos devam contribuir para o alcance dos objetivos sociais através do
pagamento de tributos. É objetivo da república no art. 3°, I da CF/88.
2.8 Princípio da vedação ao confisco
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
IV – utilizar tributo com efeito de confisco;
Um tributo-confisco é aquele com incidência exagerada na renda ou patrimônio e que
causa no contribuinte e na sociedade uma verdadeira sensação de punição. Portanto, a
tributação deve se pautar na razoabilidade e na proporcionalidade.
Está relacionado à capacidade contributiva, pois esta deve ter como limite máximo o
efeito confiscatório, de modo que a tributação não invada o mínimo existencial.
O confisco somente pode ser analisado na situação concreta.
Ex: pena de perdimento do veículo utilizado para contrabando é constitucional, ainda
que o valor do veículo seja muito superior ao da mercadoria (entendimento do STJ,
REsp 1498870/PR 2015)
STF MC na ADI 2010 - para configurar confisco, deve ser analisada a carga tributária
global, porque assim se verifica a capacidade contributiva do indivíduo.
Confisco e taxa e contribuição de melhoria (tributos vinculados) - São
contraprestação de serviço estatal, logo, o valor cobrado não pode ser superior ao
custeio da atividade. Com base nisso, a base de cálculo será o valor do custo da
atividade.
Confisco e contribuição – análise mais complexa, com base na finalidade da
contribuição.
Confisco e multa – A multa pode ser confiscatória, porque é sanção, mas deve não ser
excessiva.
2.9 Principio da não limitação ao tráfego de pessoas e bens
Adentrar no território não pode ser fato gerador, por conta do direito fundamental de
locomoção.
A exceção, prevista na CF/88 é o ICMS interestadual que tributa mercadorias que
saem de um estado para o outro da federação. A taxa turística é constitucional se for
instrumento de preservação do meio-ambiente.
Pedágio – não viola o direito de locomoção pois é previsto na CF/88. A cobrança
configura preço público, que é gênero de tarifa.
 Tarifa se diferencia de taxa porque não é compulsória, é de direito privado,
precisa de uma efetiva prestação do serviço.

2.10 Principio da Uniformidade geográfica


Art. 151. É vedado à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique
distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em
detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover
o equilíbrio do desenvolvimento sócioeconômico entre as diferentes regiões do País;
A União não pode instituir tributo que não seja uniforme em todo território nacional ou
que implique distinção ou preferência em relação ao ente da federação.
Exceção: Concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país. Ex: Zona Franca
de Manaus.
O governo pode dar isenções fundadas no juízo de conveniência e oportunidade a fim de
buscar implementar sua política fiscal e econômica, e o judiciário não pode estender
esses benefícios em nome de isonomia, pois é mérito administrativo.
3. Principio da Isonômica Tributação da renda nos títulos da Divida Publica e
dos vencimentos dos funcionários públicos.
Art. 151. É vedado à União:
II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes
públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes
O imposto de renda que incide sobre os ganhos da dívida pública da União não pode ser
inferior ao imposto sobre os ganhos da dívida publica dos outros entes, porque isso é
concorrência desleal da União no mercado e valores.
3.1 Princípio da Vedação às isenções Heterônomas
Art. 151. É vedado à União: (...)
III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou
dos Municípios.
Decorre do pacto federativo. A União não pode conceder isenção (forma de exclusão do
crédito tributário) de tributo que não possui competência para instituir. [obs: isenção é
afeta aos tributos; anistia é afeta às penalidades]
Exceções:
 Art. 155 §2°, XII, e – União pode conceder isenção de ICMS de produtos para a
exportação por meio de lei complementar. Esse dispositivo não tem aplicação
prática porque a própria CF concede IMUNIDADE de ICMS aos produtos e
serviços de exportação.
 Art. 156, §3º, II – Isenção de ISS para serviços de exportação por meio de lei
complementar. Já existe a LC 116/03.
 Tratados internacionais – podem conceder isenções, porque são assinados pelo
Chefe de Estado da Republica Federativa, não pelo Chefe de Governo da União.
 Isenção de custas judiciais estaduais – Em regra é possível. Alguns
doutrinadores afirmam ser isenção heterônoma mas o STF não se pronunciou.
o Súmula 178 STJ: O INSS não goza de isenção do pagamento de custas e
emolumentos, nas ações acidentárias e de benefícios propostas na Justiça
Estadual.
 Isenções em tributos da União que afetam as transferências aos Municípios e
Estados – É constitucional a renuncia de receita, ainda que afete no valor
repassado (RE 705.423 STF)

3.2 Principio da não discriminação baseada em procedência ou destino


Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer
diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua
procedência ou destino.
Principio dirigido apenas aos Estados e Municípios. Não podem diferenciar a carga
tributária com base na origem ou destino dos bens e serviços. Tem como objetivo evitar
a guerra fiscal e proteger o pacto federativo.
A União pode fazer diferenciação entre regiões APENAS para fomentar o crescimento
econômico (art. 151, I), como é o caso da Zona Franca de Manaus.
Âmbito internacional – aos produtos estrangeiros se aplicam as isenções quando
entram no país, se equivalendo aos nacionais. Não pode conceder isenção de IPVA
apenas aos carros nacionais, por exemplo.
STF Súmula 575 - À mercadoria importada de país signatário do {GATI), ou membro
da (ALALC), estende-se a isenção do imposto de circulação de mercadorias concedida a
similar nacional.
STJ Súmula 20 - A mercadoria importada de país signatário do GATT é isenta de ICM,
quando contemplado com esse favor o similar nacional.
STJ Súmula 71 - O bacalhau importado de país signatário do GATT é isento do ICM.
[só aplicável para importações até 30 de abril de 99, quando acabou a isenção].
3.3 Principio da Publicidade/transparência
A publicidade em matéria tributária tem várias vertentes. Em relação ao consumidor
temos a Lei 12.741/12 que determina a divulgação dos tributos indiretos embutidos no
valor do produto nas notas fiscais (regulamenta o art. 150, §5º da CF e no art. 6º, III, do
CDC). Aplicam-se as sanções do art. 56 do CDC no caso de descumprimento da lei, que
tem como objetivo criar a consciência fiscal.
Quanto às informações dos contribuintes, a regra é o sigilo, conforme determina o art.
198 do CTN. Exceções:
 Requisições de autoridade judiciária no interesse da justiça
 Requisições da administração para instrução de processo administrativo por
infração administrativa.
o Administração tributária de todos os entes federativos pode requisitar as
informações às instituições bancárias, sem necessidade de ordem
judiciais. Não há quebra de sigilo bancário, mas sim transferência de
sigilo. ADIs n.º 2390/DF [vide item de p. irretroatividade]
 Representações fiscais para fins penais.
 Inscrições da Divida Ativa da Fazenda Publica
o CADIN: Cadastro de créditos em aberto da administração publica. Lei
10. 522/02
 Parcelamento ou moratória.
As Fazendas dos Estados, União e Municípios devem ter atuação integrada, o que
permite o compartilhamento de informações (art. 199 CTN e art. 37, XXII da CF).
STJ REsp 1.420.396, 2017 - Conselhos de contabilidade podem ter acesso aos livros
dos contadores para fiscalizar a atividade, mas sem adentrar no conteúdo dos livros
(informações dos clientes). A fiscalização é apenas quanto à observância de regras
formais de contabilidade.
3.4 Principio da praticabilidade/praticidade
O modo de arrecadação deve ser prático e eficiente. O limite é a lei, apenas ela define o
modo mais eficiente e prático de arrecadação com o fim de atingir os objetivos
constitucionais. Alguns doutrinadores admitem que atos infralegais determinem a
praticabilidade. Também deve respeitar os outros princípios como a capacidade
tributária, a isonomia etc.
Exemplos: substituição tributária (quando quem paga não é aquele que realiza o fato
gerador, por motivos de maior facilidade da fiscalização. Ex: ICMS do carro quem paga
é a montadora, não a concessionária); SIMPLES das ME e EPP; pautas fiscais (tabelas
com valores preestabelecidos das mercadorias a serem tributadas).
Súmula 431 STJ - É ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria
submetido ao regime de pauta fiscal.
IMUNIDADES 4. IMUNIDADES
IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕ ES
Conceito de Mizabel Derzi:
• art. 149, §2º, I: CIDE e
contribuiçã o social nã o incidem “Forma qualificada de não incidência que decorre
sobre receitas de exportaçã o;
da supressão da competência impositiva sobre
• art. 150, VI: Diferentes
imunidades que serã o objeto de certos pressupostos na Constituição”
aná lise detida;
São situações qualificadas na CF que limitam o
• art. 153, §3º, III: IPI sobre
produto destinado à exportaçã o; poder de tributar, impedindo a incidência do fato
• art. 153, §4º, II: ITR nã o incide gerador, de modo a garantir a proteção de valores
sobre pequenas glebas e caros à democracia como a liberdade religiosa, a
proprietá rio sem outro imó vel; liberdade de imprensa etc.
• art. 153, §5º: de todos os
tributos, exceto o IOF sobre o NÃO INCIDENCIA é gênero e são espécies a
ouro quando esse for definido
imunidade e a não incidência em sentido estrito
como ativo financeiro ou
instrumento cambial; (simplesmente não tem fato gerador ou o ente não
• art. 155, §2º, X: ICMS em tem competência, ex: icms sobre serviços que estão
diferentes situaçõ es; no ISS, não incide em sentido estrito).
• art. 155, §3º: nã o pode incidir
sobre operaçõ es de energia  Imunidade x isenção x alíquota zero
elétrica, serviços de
telecomunicaçã o e derivados de A imunidade é constitucional, atua na competência
petró leo,
IMUNIDADES combustíveis e tributária de modo que não há sequer a incidência
minerais, outros
TAXAS art. 5º, XXXIV, a, b: impostos que do fato gerador. Deve ser interpretada conforme os
certidõnãeso oeII,exercício
IE e o ICMS;de direito princípios constitucionais.
• art.
de petiçã o; 156, §2º, I: ITBI sobre bens
• art.para realizar
5º, LXXIII: açã oo popular,
capital da A isenção é infraconstitucional, há incidência do
empresa;
exceto se comprovada má -fé; fato gerador mas o legislador opta por não cobrar o
• art.• 5º, art. LXXIV:
184, §5º: isençã o de
assistência tributo, não há o lançamento do crédito tributário
judiciáimpostos
ria integral de todos os entes
e gratuita aos para
que comprovem insuficiência fins
desapropriaçã o para de de (hipótese de exclusão do crédito). Deve ser
reforma
recursos; agrá ria; interpretada restritivamente.
• art. •5º, art.
LXXVI: 195, II: civil
registro contribuiçã
de o
previdenciá ria sobre
nascimento e certidã o de ó bito rendimento A alíquota zero tem como efeito a ausência de
para de os aposentadoria e pensã o do
reconhecidamente pagamento apenas por questão matemática. Há o
pobres; art. 5º, LXXVII: sã o (no
Regime Geral de Previdência
fato gerador, há o lançamento do crédito tributário
RPPSas
gratuitas incide);
açõ es de habeas
corpus,• habeas
art. 195,data e§7º: todas as
na forma
mas esse é matematicamente zero.
da lei,contribuiçõ es
atos necessá para ao
rios o
financiamento Obrigações acessórias – não são afetadas pela
exercício da cidadania; da Seguridade
art. Social
203: em face de entidade
assistência social de
imunidade tributária.
assistência
gratuita; social
REsp 1480918/RS, 2018 – Empresa imune que
•art. 208, I: gratuidade na
educaçã o bá sica, seja para as compra máquina para produção de livros do
pessoas entre 4 a 17 anos, seja exterior a prazo, pagando juros. A empresa
para aqueles nã o tiveram acesso estrangeira deve pagar IR sobre os juros, mas o
a ela na idade pró pria; responsável por reter esse valor é a empresa imune,
• art. 226, §1º: as taxas relativas
ao casamento em geral; • art.
por substituição da obrigação tributária acessória.
230, §2º: gratuidade em Essa obrigação acessória não é atingida pela
transporte coletivo urbano aos imunidade, sob pena de estender à empresa
maiores de 65 anos. estrangeira a imunidade.
4.1 Classificação
a) Quanto ao critério de concessão
i. Subjetivas – em razão da pessoa, ex: imunidade recíproca dos entes.
ii. Objetivas – em razão da coisa, ex: imunidade de livros.
iii. Mistas – ex: pequenas glebas de proprietários que não possuem outro
imóvel.
b) Quanto ao alcance
i. Geral – alcança todos os tributos ou entes, ex: imunidade recíproca
ii. Específica – alcança apenas 1 tributo ex: IPI exportação
c) Quanto à origem
i. Ontológica – existe naturalmente, pode ser implícita ex: imunidade
recíproca
ii. Política – opção do legislador, deve ser explícita, ex: imunidade de
livros.
d) Quanto à forma de previsão
i. Explícita
ii. Implicita
o Súmula 657 STF - A imunidade prevista no art. 150, VI, "d", da
Constituição Federal abrange os filmes e papéis fotográficos
necessários à publicação de jornais e periódicos
e) Quanto à eficácia
i. Condicionadas – normas de eficácia limitada
ii. Incondicionadas - normas de eficácia plena ou contida, ex: art. 195, §7° a
imunidade das instituições de educação e assistência social sem fins
lucrativos.
f) Quanto ao alcance da vedação (Geraldo Ataliba)
i. Excludentes – só permite certos tributos (mais restritiva), ex: art. 153
§5º, IOF-ouro
ii. Incisivas – afasta certos tributos e nada diz sobre outros, ex: art. 153 §3°

4.2 Imunidades em espécie


4.2.1 Imunidade recíproca
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
Se baseia no pacto federativo, autonomia dos entes políticos. É imunidade subjetiva,
geral, ontológica, explícita e incondicionada.
Só diz respeito a impostos. Não condiciona a imunidade a finalidades específicas, basta
que seja imposto incidente sobre patrimônio, renda ou serviços. Assim, não incide
IPTU, IR, ISS, ITR nem IOF, II, IE, que tenham como base patrimônio ou bens dos
entes políticos (ex: quando o importador ou exportador é o próprio ente, quando realiza
operações financeiras, não incide imposto).
A imunidade não depende do uso efetivo do bem pelo ente político, ela subsiste
ainda que o bem esteja ocioso. No entanto, a jurisprudência tem afirmado que se for
cedido a outra pessoa perde a imunidade, ainda que tenha finalidade pública.
RE 594015, 2017 – Sociedade de economia mista que ocupa bem público por delegação
não se beneficia da imunidade recíproca, ainda que tenha finalidade publica (CASO
PORTO DE SANTOS)
RE 601720, 2017 – Incide IPTU sobre bem público cedido a pessoa jurídica de direito
privado.
OBS: Antes o STF entendia que no caso do arrendamento a posse era precária e
portanto, não incidia o IPTU (RE 599.417, 2009). Depois, passou a defender a
imunidade apenas para imóveis que eram utilizados com finalidade pública (ARE
947142, 2016). Hoje entende que sempre incide IPTU se o imóvel é cedido.
RE 599176, 2014 (CASO REDE FERROVIARIA FEDERAL) – foi encampada pela
União, que passou a ser sucessora nas obrigações tributárias anteriores. A imunidade
não retroage.
RE 693112, 2017 (REDE FERROVIARIA FEDERAL) – Penhora de bens anterior à
encampação pela União é válida e não se executa por precatório. As características
pessoais que implicam nas imunidades e impenhorabilidade não retroagem.
Imunidade e impostos indiretos – O contribuinte de fato nos impostos indiretos não
é o contribuinte de direito, porque o imposto vai ser repassado ao longo da cadeia. A
imunidade não se estende aos entes quando estes são contribuintes de fato. (ex: não
tem imunidade do ICMS cobrado nas contas de energia ou telefone; não tem imunidade
do IPI na compra de veículo)
 Súmula 591 STF - A imunidade ou a isenção tributária do comprador não
se estende ao produtor, contribuinte do imposto sobre produtos
industrializados.
Imunidades de embaixadas e consulados – foi prevista nas Convenções de Viena
(status de lei ordinária) mas é considerada imunidade. Só abrange impostos (pode
cobrar taxa de lixo, por exemplo).
Imunidades e cartórios – Cartórios são entidades privadas que exercem funções
públicas e objetivam o lucro através de cobrança de tarifas (art. 236 CF). Assim, não
possuem imunidade, se enquadram no art. 150 §3°, porque visa o lucro.
Imunidade da OAB - possui imunidade porque desempenha atividade própria do
Estado, e alcança apenas as finalidades essenciais. A Caixa de Advogados NÃO
TEM imunidade.
4.2.1.1 Imunidades de entes da administração indireta
Art. 150 (...) § 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e
aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
É uma imunidade recíproca extensiva.
Só recai em patrimônio, renda e serviço vinculado às finalidades essenciais.
A Constituição só fala em autarquia e fundações, não prevê imunidade para SEM e
EP.
As associações públicas também são abrangidas.
Os consórcios públicos que tem personalidade jurídica de direito privado e geram uma
discussão doutrinária, porque fazem licitação, recebem dinheiro público, mas seguem
regras civis. A tendência é considerar se a pessoa jurídica concorre ou não com a
iniciativa privada. Se houver concorrência, em geral, a tendência é não ser abrangido
pela imunidade.
STF, RE nº 680.814, 2012 – Não perde a imunidade se o imóvel da autarquia está vago.
Temperamento do requisito da finalidade essencial.
STJ, ARESP nº 304.126, ANO – ônus de provar a ausência da vinculação da atividade
primordial é do ente que pretende tributar.
STF ADI 1758 – A imunidade recai sobre o IOF também, ainda que seja um imposto
que não é estritamente definido como sobre patrimônio, renda ou serviços, mas sim
sobre operações financeiras.
Imunidades de SEM e EP
Em regra, por conta do §3º do art. 150 da CR/88, não se aplica a imunidade às SEM e
EP, porque exercem atividade econômica e são regidas pelo direitos privado.
No entanto, o STF tem mitigado essas situações, a depender do caso. O primeiro caso é
o dos Correios, que prestam serviço público em regime de monopólio e o STF entendeu
que em essência segue o direito público, devendo ser abrangida pela imunidade. (RE
407.099, 2004). Todos os serviços dos Correios são abrangidos pela imunidade,
inclusive os não postais, porque há uma missão institucional dos correios de levar
serviço relevante as partes do país em que a iniciativa privada não vai (subsídio
cruzado). [RE nº 601.392, 2013]
INFRAERO: [Rg ARE nº 638.315, ano] Tem imunidade tributária que abrange apenas
os serviços essenciais, porque há monopólio.
 EM ou SEM que fazem o serviço de saneamento.
 Casa da Moeda.
 CODESP (administração de portos) – somente para os objetivos do ente
federativo, não pode ter fins lucrativos em essência e não ter como efeito
a violação à livre concorrência (regime de monopólio).
PORTANTO, hoje a distinção da jurisprudência do STF tem sido o critério material, da
concorrência, do lucro, não a estrutura de pessoa jurídica de direito publico ou privado.
TEMA 1140 RG STF - As empresas públicas e as sociedades de economia mista
delegatárias de serviços públicos essenciais, que não distribuam lucros a acionistas
privados nem ofereçam risco ao equilíbrio concorrencial, são beneficiárias da
imunidade tributária recíproca prevista no artigo 150, VI, a, da Constituição Federal,
independentemente de cobrança de tarifa como contraprestação do serviço.
OBS: STF, ADPF nº 387/PI, 2017 - Precatório em SEM e EP pode ser usado se for em
regime de monopólio e prestar serviços público.
STF, RE nº 938.837, ano – Autarquia profissional (conselhos profissionais) não
paga por precatório, ainda que seja autarquia.
Promitente comprador do bem de ente da administração indireta
SÚMULA 583, STF - Promitente-Comprador de imóvel residencial transcrito em nome
de autarquia é contribuinte do imposto predial territorial urbano.
SÚMULA 399, STJ- Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do
IPTU.
SÚMULA 75, STF - Sendo vendedora uma autarquia, a sua imunidade fiscal não
compreende o imposto de transmissão inter vivos, que é encargo do comprador.
4.2.2 Imunidade dos tempos religiosos
Art. 150 (...) VI - instituir impostos sobre:
(...)
b) templos de qualquer culto;
(...)
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o
patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das
entidades nelas mencionadas.
 Precisa estar relacionado às finalidades essenciais.
 Tem como fundamento a liberdade religiosa.
 É imunidade subjetiva, porque templo tem a conotação de “entidade” e não só o
objeto.
a) Templo-coisa: É o prédio propriamente dito.
b) Templo-atividade: tudo aquilo que viabiliza o culto, engloba, portanto, a
residência do religioso, o centro social, tudo que, mesmo que indiretamente, diga
respeito ao culto.
c) Templo-entidade: uma organização, associação que mantém o culto. Por isso,
fala-se em organização religiosa.
Não pode ser uma entidade com fins empresariais. Os valores devem ser revertidos na
finalidade da entidade religiosa. (exemplo: imóvel alugado)
ATENÇÃO! Os bens das igrejas são penhoráveis, alienáveis, só são imunes perante o
fisco.
OBS: CEMITÉRIO: tem imunidade se for (i) extensão da entidade (ii) sem fins
lucrativos (iii) se dedicar exclusivamente aos serviços religiosos e funerários.
OBS2: LOJAS MAÇÔNICAS: não tem imunidade porque não são religiões.
4.2.3 Imunidade dos partidos políticos, sindicatos dos trabalhadores,
entidades educacionais e de assistência social
Art. 150 (...)VI - instituir impostos sobre:
(...)
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; [LEI COMPLEMENTAR]
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o
patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das
entidades nelas mencionadas.
Imunidade subjetiva, geral e explícita.
Para os partidos e sindicatos é política, para as entidades de educação e assistência há
discussão sobre se é política ou ontológica.
Regina Helena Costa: as entidades auxiliam o Estado em atividades de
educação e assistência social sem fins lucrativos de modo que não há capacidade
contributiva. Por isso a imunidade é ontológica.
Sem fins lucrativo: pode haver lucro, mas não pode haver distribuição de lucros, o
excesso deve ser convertido totalmente na própria atividade. O STF entende que pode
haver cobrança de tarifas, taxas, não precisa que seja gratuito.
Divergência sobre a eficácia: parte da doutrina entende que é norma de eficácia
contida (Regina Helena Cota) e outra parte que é norma de eficácia limitada (imunidade
condicionada). A lei complementar que define é o art. 14 do CTN.
 Partidos políticos
 O fundamento da imunidade é o pluralismo político, a liberdade política, num
contexto democrático.
 Também abrange as fundações criadas pelos partidos (art. 53 L. 9096/95).
 O partido precisa estar registrado no TSE.

 Sindicado dos empregados


 O fundamento é a liberdade de associação.
 Só abrange os sindicatos de TRABALHADORES, não os patronais.
 Abrange também as confederações e federações.
 Colônia de férias não tem imunidade (STF)

 Entidades educacionais
 Não é apenas a educação formal, mas também associação cultural, teatro,
museus, centros de pesquisa. Há uma interpretação ampliativa.
 O fundamento é o art. 205 da CR/88.

 Entidades de assistência social.


 O fundamento é o art. 6º da CR/88 e o 203, que prevê os direitos sociais.
 Previdência é diferente de assistência. Esta última é não contributiva, universal,
e busca garantir a promoção social humana.
 Para o STF, entidade de assistência social é tanto aquela que presta serviço
elencado no artigo 203 da CF, como de saúde ou de educação (art. 6º CR/88).
TEMA 336 RG - As entidades religiosas podem se caracterizar como instituições de
assistência social a fim de se beneficiarem da imunidade tributária prevista no art. 150,
VI, ‘c’, da Constituição, que abrangerá não só os impostos sobre o seu patrimônio,
renda e serviços, mas também os impostos sobre a importação de bens a serem
utilizados na consecução de seus objetivos estatutários.
As entidades de assistência social tem além da imunidade dos impostos, a imunidade
de contribuições previdenciárias:
Art. 195 (...) § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades
beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei
A partir da ADI 2028 passou a separar a entidade de assistência social, com imunidade
de impostos, da entidade beneficente de assistência social, com imunidade de
contribuição previdenciária, que precisa atender a exigências legais.
ADI 2028, 2017 – O STF entendeu que entidade beneficente de assistência
social (art. 195, § 7º) não é conceito equiparável a entidade de assistência social
sem fins lucrativos (art. 150, VI). O conceito de beneficente deve ser definido
por lei complementar. Já questões meramente procedimentais e administrativas,
pode-se utilizar lei ordinária (era o caso do art. 55 da L. 8.212 que era norma
procedimental sobre como obter o CEBAS).
Portanto, nesse julgado o STF entendeu que entidade de assistência social sem
fim lucrativo é gênero da qual é espécie a entidade beneficente e filantrópica.
Para a imunidade de impostos não precisa tudo ser gratuito, basta não distribuir
lucros (sem fins lucrativos). Para essa imunidade de contribuições
previdenciárias precisa ser gratuito em algum grau (beneficente), porque a
regra da Previdência é a contribuição, e apenas quando há prestação gratuita há
prestação de assistência, podendo ser imunizado.
Ou seja: para ter imunidade basta os requisitos da CR/88 e da LC, que é o art. 14
do CTN. O CEBAS não é requisito para imunidade.
!STJ SUMULA 612! - O certificado de entidade beneficente de assistência social
(Cebas), no prazo de sua validade, possui natureza declaratória para fins tributários,
retroagindo seus efeitos à data em que demonstrado o cumprimento dos requisitos
estabelecidos por lei complementar para a fruição da imunidade.
STJ SUMULA 352 - A obtenção ou a renovação do Certificado de Entidade
Beneficente de Assistência Social (Cebas) não exime a entidade do cumprimento dos
requisitos legais supervenientes.
STF TEMA 32 - A lei complementar é forma exigível para a definição do modo
beneficente de atuação das entidades de assistência social contempladas pelo art. 195, §
7º, da CF, especialmente no que se refere à instituição de contrapartidas a serem por elas
observadas.
4.2.3.1 Suspensão da imunidade tributaria
Art. 32. A suspensão da imunidade tributária, em virtude de falta de observância de
requisitos legais, deve ser procedida de conformidade com o disposto neste artigo.
§ 1º Constatado que entidade beneficiária de imunidade de tributos federais de que
trata a alínea c do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal não está observando
requisito ou condição previsto nos arts. 9º, § 1º, e 14, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro
de 1966 - Código Tributário Nacional, a fiscalização tributária expedirá notificação
fiscal, na qual relatará os fatos que determinam a suspensão do benefício, indicando
inclusive a data da ocorrência da infração
Notificação  30 dias para apresentar alegações  delegado ou inspetor da receita
expede ato declaratório da suspensão desde a pratica da infração.  30 dias
impugnação sem efeito suspensivo (continua pagando)
4.2.4 Imunidade das receitas de exportação
Art. 149 (...)§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de
que trata o caput deste artigo: I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de
exportação
STF, RE nº 564.413, 474.132, 566.259, – a imunidade da exportação só engloba
tributos cujo fato gerador seja receita (PIS/COFINS), mas não sobre os cujo fato
gerador seja lucro. (CSLL).
STF, RE 627.815, 2013 – a imunidade das receitas de exportação abrange a variação
cambial positiva.
STF, TEMA 674, 2020 – A imunidade alcança receitas decorrentes de operações
indiretas de exportação caracterizadas por haver participação negocial de sociedade
exportadora intermediária, ou seja, realizadas com a participação sociedade exportadora
intermediária (trading companies ou ECEs)
4.2.5 Imunidade sobre as operações de energia elétrica, serviços de
telecomunicação e derivados do petróleo, combustíveis e minerais
Art. 155 (...)
§3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153,
I e II, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia
elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais
do País
É imunidade objetiva, política, explícita e incondicionada.
Só é imunidade para IMPOSTOS.
STF Súmula nº 659: É legítima a cobrança da Cofins, do PIS e do Finsocial sobre as
operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de
petróleo, combustíveis e minerais do país.
A imunidade abrange apenas as operações de comercialização e não a receita ou
faturamento da empresa. Por isso incide IRPJ, IPTU etc, mas não incide ICMS.
STF entende que SACO plástico não é abrangido, apesar de derivado do petróleo.
4.2.6 Imunidade de pequenas glebas rurais sem outra propriedade imóvel
Art. 153 (...) § 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o
proprietário que não possua outro imóvel;
Imunidade do ITR, mista, condicionada, explícita.
Qualquer forma de exploração gera imunidade, seja para subsistência, seja
arrendamento, locação, etc.
A lei que regula o ITR é a Lei 9393/96, que é lei ordinária. De fato, o CR/88 não
explicita a necessidade de LC, mas para limitar as imunidades é necessário LC. Por isso
parte da doutrina entende que esse artigo não está devidamente regulado, porque deveria
ser por LC a definição de glebas rurais. É questão controvertida e o STF nunca se
manifestou.
Art. 2º Nos termos do art. 153, § 4º, in fine, da Constituição, o imposto não
incide sobre pequenas glebas rurais, quando as explore, só ou com sua família,
o proprietário que não possua outro imóvel.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas rurais são os
imóveis com área igual ou inferior a:
I - 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou
no Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense; [AM, RO, AC, RR]
II - 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou
na Amazônia Oriental; [PA e AP]
III - 30 ha, se localizado em qualquer outro município
STJ, RESP nº 1.368.404/SP, de 2015 – a pequena propriedade rural que serve ao
sustento da família é bem de família, sendo impenhorável, ainda que dada em garantia
hipotecária.
4.2.7 Imunidade do ouro como ativo financeiro
Imunidade de impostos. Apenas incide IOF na origem, não nas outras operações.
Art. 153 (...) § 5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento
cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do
"caput" deste artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um por
cento, assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos:
I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a
origem;
II - setenta por cento para o Município de origem.
4.2.8 Imunidade do ICMS
Art. 155 (...) § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
X - não incidirá:
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços
prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do
montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores;
b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes,
combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;
c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;
d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora
e de sons e imagens de recepção livre e gratuita;
 Mercadoria e serviços para o exterior
 Operações interestaduais de petróleo, derivados e energia elétrica.
o Tema 689- Segundo o artigo 155, § 2º, X, b, da CF/1988, cabe ao Estado
de destino, em sua totalidade, o ICMS sobre a operação interestadual de
fornecimento de energia elétrica a consumidor final, para emprego em
processo de industrialização, não podendo o Estado de origem cobrar o
referido imposto por conta da IMUNIDADE. Ou seja: a imunidade é so
na origem!!!!

 Ouro como ativo financeiro


 Serviço de comunicação na modalidade radiodifusão de recepção livre e
gratuita.

 Mercadorias e Serviços para exterior


OBS: Art. 155 §2°, XIII, e – União pode conceder isenção de ICMS de produtos para a
exportação por meio de lei complementar. Esse dispositivo não tem aplicação prática
porque a própria CF concede IMUNIDADE de ICMS aos produtos e serviços de
exportação.
Obs2: ICMS exportação: o transporte interestadual de mercadorias para o exterior não
tem imunidade do ICMS, apenas a transação de exportação. (STF)
OBS3: A imunidade de ICMS para exportação assegura a manutenção do crédito, que
pode ser usado para abater dívidas de ICMS ou repassar a terceiros. A receita oriunda
dessa venda do crédito a terceiros é imune a contribuições sociais e CIDE pelo art. 149,
§2º, I.
ACO nº 1.044/MT, Rel. Min. Luiz Fux, 2016 – A imunidade do ICMS gera perda da
arrecadação pelos Estados. De acordo com o at. 91 do ADCT deve ser criada LC para
definir os critérios de compensação por essas perdas. Enquanto não há essa lei, usa a LC
87/96, especialmente o art. 31. O STF entendeu que o Judiciário não pode alterar os
índices previstos nessa lei, por conta da Separação de Poderes, mas declarou a mora do
Judiciário. Como não editou a lei, o TCU deverá:
(i) Fixar o valor total a ser transferido anualmente aos Estados-Membros e ao
DF, considerando os critérios dispostos no art. 91 do ADCT.
(ii) Calcular o valor das quotas a que cada um fará jus, levando em conta os
entendimentos entre os Estados-Membros e o DF realizados no CONFAZ.

 Operação interestadual de petróleo, derivados e energia elétrica


O rol listado é taxativo, álcool não é abrangido.
STF, RE nº 193.074/RS – NAFTA petroquímica, apesar de derivada do petróleo
não é lubrificante nem combustível liquido ou gasoso, por isso não tem
imunidade.
O objetivo dessa imunidade é beneficiar os estados destinatários e não o produtores,
porque estes já são beneficiados com os royalties do art. 20 §1º.
Art. 155 §2º, XII, h prevê que LC pode discriminar certos combustíveis e
lubrificantes que incidem o ICMS mas apenas uma única vez (ICMS-monofásico). É
mitigação da imunidade.
 Ouro como ativo financeiro
Já visto, só incide IOF uma única vez, na origem.
4.2.9 Imunidade das desapropriações para fins de reforma agraria
Apenas para impostos que envolvem o expropriado, não terceiros. Ex: expropriado
recebe títulos da dívida e repassa a terceiro, que não está imune, paga IOF na operação
financeira.
Art. 184 §5º
4.2.10 Imunidade de taxas relativas a serviço de educação em estabelecimento
público
Art. 206, IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais
Sumula Vinculante 12 – A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas
viola o disposto no art. 206, IV da Constituição Federal.
Abrange matrícula e alimentação. Mas não abrange especialização (RE 357.148, 2017
RE 597 854).
5. Julgados importantes
Sumula Vinculante 52 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o
imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da
Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as
quais tais entidades foram constituídas.
STF, Sumula 730 - A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social
sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades
fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos
beneficiários.
ATENÇÃO! Nenhum fundo de pensão público tem imunidade como entidade de
assistência social porque o a CR/88 afirma que o segurado deve sempre
contribuir, além do ente público.
Art. 202 (..) § 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência
privada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias,
fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades
públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese
alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do segurado. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
STF, RE nº 236.174/SP, 2008 – imóvel de propriedade de entidade assistência social
sem fins lucrativos utilizado como clube, destinado ao lazer dos funcionários da
entidade foi considerado imune, pois, segundo o STF, o emprego do imóvel a tal fim
não configura desvio de finalidade em relação aos objetivos da entidade filantrópica.
STF, RE nº 186.175, 2006 - A venda de bens por entidade que goza da imunidade em
foco é imune de ICMS, pois, do contrário, estaria retirando a competitividade da
entidade no mercado. [NESSE CASO É CONTRIBUINTE DE DIREITO, ESTÁ
VENDENDO].

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