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RESUMO DOS INFORMATIVOS - SITE DIZER O DIREITO

DIREITO TRIBUTÁRIO e DIREITO FINANCEIRO

Atualizado em 06/04/2019: novos julgados + questões de concurso

Pontos atualizados: nº 17 (Info 927); nº 12 (Info 932); nº 02 (Info 933)

1. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
1.1. Norma que altera o prazo de pagamento do tributo – (Info 790) – (MPRR-2017) (TRF4-
2016) (TJSE-2015)

Súmula vinculante 50-STF: Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação
tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.
STF. Plenário. Aprovada em 17/06/2015.

1.2. Princípio da anterioridade tributária e revogação de benefício fiscal – (Info 757) –


IMPORTANTE!!! TEMA POLÊMICO!!!

A revogação de benefício fiscal deverá obedecer ao princípio da anterioridade tributária?


 SIM. O ato normativo que revoga um benefício fiscal anteriormente concedido
configura aumento indireto do tributo e, portanto, está sujeito ao princípio da
anterioridade tributária. Precedente da 1ª Turma do STF.
 NÃO. A revisão ou revogação de benefício fiscal, por se tratar de questão vinculada
à política econômica, que pode ser revista pelo Estado a qualquer momento, não
está adstrita à observância das regras de anterioridade tributária. Precedente da 2ª
Turma do STF.
STF. 1ª Turma. RE 564225 AgR/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 2/9/14 (Info 757).
STF. 2ª Turma. RE 617389 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 08/05/12.

1.3. Se a lei de conversão aumentou a alíquota prevista na MP, a regra da anterioridade


nonagesimal será contada a partir da publicação da lei – (Info 735)

Nos casos em que a majoração de alíquota tenha sido estabelecida somente na lei de
conversão, o termo inicial da contagem é a data da conversão da medida provisória em lei.
STF. Plenário. RE 568503/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, j. 12/2/14 (Info 735)
OBS:
Imagine agora a seguinte situação: O Presidente da República editou, em 29/1/04, a Medida
Provisória 164/2004 instituindo o PIS/PASEP. Essa MP foi convertida na Lei nº 10.865,
promulgada em 30/4/04. Durante a tramitação da Medida Provisória 164/2004 no Congresso,
foi inserido no projeto de conversão um artigo majorando a alíquota do PIS incidente sobre a
água mineral. Desse modo, a majoração não havia sido prevista, originariamente, pela Medida
Provisória, tendo surgido somente quando a MP foi convertida na Lei.

O prazo de 90 dias será contado da publicação da MP ou da Lei? O prazo será iniciado da


data da publicação da lei. Em regra, o termo inicial para a contagem do prazo nonagesimal
seria a data da publicação da medida provisória e não a da lei na qual fosse convertida.
Todavia, como no caso houve o agravamento da carga tributária pela lei de conversão, a
contagem do termo iniciar-se-ia da publicação desta. Assim, segundo decidiu o STF, nos casos
em que a majoração de alíquota tenha sido estabelecida somente na lei de conversão, o termo
inicial da contagem é a data da conversão da medida provisória em lei.

2. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
2.1. IMUNIDADE DE ENTIDADES EDUCACIONAIS E ASSISTENCIAIS: Não é possível
que o CEBAS seja negado em razão do descumprimento de requisitos que não estejam
previstos em lei complementar – (Info 933) – Apenas Concursos Federais!!!

Não é possível que o CEBAS seja negado em razão do descumprimento de requisitos que
não estejam previstos em lei complementar.
O certificado de entidade beneficente de assistência social é submetido à renovação
periódica a partir da demonstração dos requisitos previstos em legislação complementar
vigente em cada época.
O art. 2º, IV, do Decreto 752/93 (atualmente revogado), que fazia exigências para a concessão
ou renovação do Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos, é inconstitucional porque
os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei complementar (STF.
Plenário. ADI 2028/DF, ADI 2036/DF, ADI 2228/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/
o ac. Min. Rosa Weber, julgados em 23/2 e 2/3/2017).
Assim, o ato que negou a renovação de CEBAS com base no art. 2º, IV, do Decreto 752/93
violou direito líquido e certo da entidade.
STF. 1ª Turma. RMS 24065/DF, Rel. Min. Luiz Fux, j. 12/3/19 (Info 933).

2.2. Os imóveis vinculados ao Programa de Arrendamento Residencial (PAR) estão


sujeitos ao regime de imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da CF/88) – (Info 920)

Os bens e direitos que integram o patrimônio do fundo vinculado ao Programa de


Arrendamento Residencial (PAR), criado pela Lei 10.188/01, beneficiam-se da imunidade
tributária prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal.
STF. Plenário. RE 928902/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 17/10/18 (repercussão geral)
(Info 920).
OBS:
Em resumo:
1) O Programa de Arrendamento Residencial configura prestação de serviço
público operacionalizado pela Caixa Econômica Federal sem finalidade lucrativa;
e
2) O fundo afetado à consecução do PAR é constituído por recursos da União, a
quem reverterá o correspondente resíduo positivo, se for o caso.

Essas circunstâncias demonstram que a imunidade tributária recíproca deve abranger os bens
e direitos integrantes do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), em consonância com a
jurisprudência do STF que impõe um requisito indispensável para a aplicação da imunidade
recíproca: a blindagem deferida pela Constituição somente incide sobre o patrimônio, a renda
ou os serviços não afetados à exploração de atividade econômica.

Não confundir com o RE 594015:


A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal, não
se estende a empresa privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela
exploradora de atividade econômica com fins lucrativos. Nessa hipótese é
constitucional a cobrança do IPTU pelo Município. STF. Plenário. RE 594015/DF,
Rel. Min. Marco Aurélio, j. 6/4/17 (repercussão geral) (Info 860).

No julgamento do RE 594015, o STF Corte fixou a tese de que a imunidade recíproca não se
estende a empresa privada arrendatária de imóvel público quando esta explorar atividade
econômica com fins lucrativos. Esse precedente não se aplica à presente hipótese porque, com
relação ao PAR, a concessão da imunidade não irá gerar qualquer consequência prejudicial ao
equilíbrio econômico ou à livre iniciativa. Isso porque não há atividade comercial sendo
desenvolvida no âmbito do PAR.

2.3. As Caixas de Assistência de Advogados gozam de imunidade tributária recíproca –


(Info 914) – IMPORTANTE!!!

As Caixas de Assistência de Advogados encontram-se tuteladas pela imunidade recíproca


prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal.
A Caixa de Assistência dos Advogados é um “órgão” integrante da estrutura da OAB, mas
que possui personalidade jurídica própria. Sua finalidade principal é prestar assistência aos
inscritos no respectivo no Conselho Seccional (art. 62 da Lei nº 8.906/94).
As Caixas de Assistências prestam serviço público delegado e possuem status jurídico de
ente público. Vale ressaltar ainda que elas não exploram atividades econômicas em sentido
estrito com intuito lucrativo. Diante disso, devem gozar da imunidade recíproca, tendo em
vista a impossibilidade de se conceder tratamento tributário diferenciado a órgãos
integrantes da estrutura da OAB.
STF. Plenário. RE 405267/MG, Rel. Min. Edson Fachin, j. 6/9/18 (Info 914).
OBS:
Imunidade tributária: Consiste na determinação feita pela Constituição Federal de que certas
atividades, rendas, bens ou pessoas não poderão sofrer a incidência de tributos. Trata-se de
uma dispensa constitucional de tributo. A imunidade é uma limitação ao poder de tributar,
sendo sempre prevista na própria CF.

Imunidade tributária recíproca: Ela está prevista na CF/88, em seu art. 150, VI, “a”. Isso
significa que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não podem cobrar
impostos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços, uns dos outros. Vejamos a redação do
dispositivo constitucional:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado
à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...)
VI — instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

Essa imunidade funciona como um instrumento de preservação e calibração do pacto


federativo, impedindo que os impostos sejam utilizados como instrumento de pressão
indireta de um ente sobre outro (Min. Joaquim Barbosa). Ex.: se os Municípios tomassem
decisões administrativas que desagradassem o Governo Estadual, este poderia, em tese,
aumentar os impostos que incidiriam sobre o Poder Público municipal.

Sabbag menciona que essa imunidade tem como fundamento, ainda, o postulado da isonomia
dos entes constitucionais. Ora, pelo fato de todos os entes estarem em pé de igualdade, não
havendo hierarquia, nenhum deles pode estar sujeito ao poder de tributar do outro (Manual de
Direito Tributário.5. ed., São Paulo: Saraiva, p. 254).

A imunidade tributária recíproca possui status de cláusula pétrea, porque ela é um


instrumento de proteção da forma federativa (art. 60, § 4º, I, da CF/88).

Origem: Segundo informa o Min. Alexandre de Moraes, a doutrina das imunidades


intergovernamentais surgiu na Corte Suprema Americana, em 1819, no famoso caso Mac
Culloch v. Marland, em que a Corte entendeu pela impossibilidade de o Estado de Maryland
tributar filiais do Banco nacional. O juiz MARSHALL afirmou, na época, que existia na
Constituição norte-americana uma previsão constitucional implícita que proibia “taxação”
estadual em instrumentos federais. Conforme explicou o magistrado, se os Estados pudessem
taxar instrumentos utilizados pelo Governo Federal, no exercício de suas atribuições, poderiam
intervir no exercício de suas competências constitucionais. No referido julgamento,
MARSHALL cunhou a famosa frase, citada internacionalmente, de que “o poder de tributar
envolve o poder de destruir” (the power to tax involves the power to destroy), ao afirmar que “o
direito de taxar, sem limite nem contraste, é, na sua essência, o direito e exterminar, ou de
destruir; e, se uma instituição nacional pode ser assim destruída, todas as outras poderão,
igualmente, ser destruídas”.

Imunidade subjetiva: É classificada como subjetiva ou pessoal, considerando que é outorgada


em função da condição pessoal da União, dos Estados, DF e Municípios. Em outras palavras,
é imunidade subjetiva porque incide para beneficiar uma pessoa.
O contrário da imunidade subjetiva é a imunidade objetiva, que incide sobre bens. É o caso,
por exemplo, da imunidade sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão
(art. 150, VI, "d", da CF).
Autarquias e fundações: As autarquias e fundações mantidas pelo Poder Público também
gozam da imunidade tributária recíproca no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Isso está previsto
expressamente no § 2º do art. 150 da CF/88:
§ 2º — A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda
e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

Empresas públicas e sociedades de economia mista: Embora a CF/88 reconheça a imunidade


recíproca apenas às pessoas políticas (Administração direta), autarquias e fundações, a
jurisprudência estende o benefício também às empresas públicas e às sociedades de
economia mista, desde que prestadoras de serviço público. Assim, as empresas públicas e
sociedades de economia mista que desempenham serviços públicos também desfrutam da
referida imunidade. Por outro lado, se a empresa pública ou sociedade de economia mista
explorar atividade econômica, não irá gozar do benefício, porque a ela deve ser aplicado o
mesmo regime jurídico da iniciativa privada (art. 173, § 1º, II, da CF/88).

Correios e Imunidade tributária recíproca: O exemplo mais comum de empresa pública que
goza de imunidade recíproca é a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Isso
porque os Correios são entendidos como uma empresa prestadora de serviço público
obrigatório e exclusivo do Estado e não como exploradora de atividade econômica, embora
também ofereçam serviços dessa natureza.

Concessionária de serviço público e Imunidade tributária: As empresas concessionárias de


serviço público NÃO gozam de imunidade tributária recíproca, considerando que são
empresas privadas que desempenham tais atividades em busca do lucro.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL (OAB)


Conselhos de Fiscalização Profissional: Os Conselhos de Fiscalização Profissional (exs: CREA,
CRM, COREN, CRO, CRC etc.) são classificados juridicamente como “autarquias federais”.

A OAB também é considerada uma autarquia federal? NÃO. Em 2006, ao julgar a ADI
3026/DF, proposta contra o Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.904/94), o STF afirmou
expressamente que a OAB:
 Não é uma entidade da Administração indireta da União;

 Não é uma autarquia federal;

 Não pode ser tida como congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional,
ou seja, não pode ser considerada como um mero conselho profissional. Isso porque a
OAB, além das finalidades corporativas (relacionadas com os advogados), possui
também finalidades institucionais (ex: defender a Constituição, a ordem jurídica do
Estado democrático de direito, os direitos humanos etc.).

Assim, o STF, naquele julgado, decidiu que a OAB seria um “serviço público independente”,
categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. Veja os
principais trechos da ementa do acórdão:
(...) 2. Não procede a alegação de que a OAB sujeita-se aos ditames impostos à
Administração Pública Direta e Indireta.
3. A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem é
um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades
jurídicas existentes no direito brasileiro.
4. A OAB não está incluída na categoria na qual se inserem essas que se tem
referido como "autarquias especiais" para pretender-se afirmar equivocada
independência das hoje chamadas "agências".
5. Por não consubstanciar uma entidade da Administração Indireta, a OAB não
está sujeita a controle da Administração, nem a qualquer das suas partes está
vinculada. Essa não-vinculação é formal e materialmente necessária.
6. A OAB ocupa-se de atividades atinentes aos advogados, que exercem função
constitucionalmente privilegiada, na medida em que são indispensáveis à
administração da Justiça [artigo 133 da CB/88]. É entidade cuja finalidade é
afeita a atribuições, interesses e seleção de advogados. Não há ordem de relação
ou dependência entre a OAB e qualquer órgão público.
7. A Ordem dos Advogados do Brasil, cujas características são autonomia e
independência, não pode ser tida como congênere dos demais órgãos de
fiscalização profissional. A OAB não está voltada exclusivamente a finalidades
corporativas. Possui finalidade institucional. (...)
STF. Plenário. ADI 3026, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 08/06/2006.

Principais distinções entre a OAB e os demais Conselhos Profissionais:


CONSELHOS PROFISSIONAIS EM OAB
GERAL
São autarquias. Não é uma autarquia. Não é uma entidade da
Administração Indireta.
Não se sujeita a controle hierárquico ou
ministerial da Administração Pública, nem a
qualquer das suas partes está vinculada.
São dotados de poder de polícia e poder É dotada de poder de polícia e poder
arrecadador. arrecadador.
Exercem uma atividade tipicamente É mais que um mero conselho profissional.
pública, qual seja, a fiscalização do Além das finalidades corporativas
exercício profissional. (relacionadas com os advogados), possui
também finalidades institucionais (ex:
defender a Constituição, a ordem jurídica do
Estado democrático de direito, os direitos
humanos etc.).
As demandas que os envolvam são de Compete à justiça federal processar e julgar
competência da Justiça Federal (art. 109, I, ações em que a OAB, quer mediante o
da CF/88) (Súmula 66 do STJ). conselho federal, quer seccional, figure na
relação processual (STF. RE 595332/PR,
julgado em 31/8/2016).
Por serem autarquias federais, os Há polêmica. O TCU decidiu recentemente
Conselhos Profissionais têm o dever de que a OAB deve prestar contas. No entanto, a
prestar contas ao Tribunal de Contas da OAB alega que essa decisão do TCU viola o
União (art. 71, II, CF/88). entendimento do STF sobre o tema
Quando vão fazer a contratação de seu A OAB, quando vai contratar seus
pessoal é imprescindível a realização de empregados, não precisa realizar concurso
concurso público. STF. 1ª Turma. MS público (STF ADI 3026).
28469, Rel. Min. Luiz Fux, j. 9/6/15.
Só podem demitir seus servidores após Pode demitir seus funcionários sem a
prévia instauração de processo instauração de processo administrativo.
administrativo (arts. 41 da CF/88 e 19 do
ADCT. STF. 2ª Turma. RE 838648 AgR, Rel.
Min. Dias Toffoli, j. 7/4/15.
Não podem propor ações de controle O Conselho Federal da OAB é legitimado
concentrado de constitucionalidade para propor ADI, ADC e ADPF (art. 103, VII,
porque não estão no rol do art. 103 da da CF/88).
CF/88, que é taxativo.
Podem ajuizar ação civil pública porque Pode ajuizar ações civis públicas, nos termos
são autarquias (art. 5º da Lei nº 7.347/85. do art. 54, XIV da Lei nº 8.906/94.
STJ. 2ª Turma. REsp 1388792/SE, Rel. Min.
Herman Benjamin, j. 6/5/2014.
Gozam de imunidade tributária recíproca. Mesmo sem serem autarquias, gozam de
imunidade tributária recíproca.

OAB E IMUNIDADE TRIBUTÁRIA


A OAB goza de imunidade tributária recíproca, mesmo não sendo uma autarquia? SIM. É
pacífico o entendimento de que a OAB goza de imunidade tributária recíproca (art. 150, VI,
“a”, da CF/88). Isso porque ela desempenha atividade própria de Estado.
A imunidade tributária gozada pela Ordem dos Advogados do Brasil é da espécie
recíproca (art. 150, VI, “a” da CF/88), na medida em que a OAB desempenha
atividade própria de Estado (defesa da Constituição, da ordem jurídica do Estado
democrático de direito, dos direitos humanos, da justiça social, bem como a
seleção e controle disciplinar dos advogados). STF. Plenário. RE 259976 AgR, Rel.
Min. Joaquim Barbosa, julgado em 23/03/2010. STF. Plenário. RE 405267, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 06/09/2018.

Órgãos da OAB: A OAB possui, em sua estrutura interna, alguns “órgãos” (obs: a palavra
“´órgãos” é utilizada pelo art. 45 da Lei nº 8.906/94). São órgãos da OAB:
I – o Conselho Federal;
II – os Conselhos Seccionais;
III – as Subseções;
IV – as Caixas de Assistência dos Advogados.

Caixas de Assistência dos Advogados: A Caixa de Assistência dos Advogados é...


- um “órgão” integrante da estrutura da OAB
- mas que possui personalidade jurídica própria (a OAB é uma pessoa jurídica e, a Caixa,
outra)
- e a sua finalidade principal é prestar assistência aos advogados inscritos no respectivo no
Conselho Seccional (art. 62 da Lei nº 8.906/94).

Exemplo: A OAB/AM (Conselho Seccional) é uma pessoa jurídica. Vinculada à OAB/AM


existe um “órgão” chamado “Caixa de Assistência dos Advogados do Amazonas” (CAAAM).
A CAAAM é uma pessoa jurídica distinta da OAB/AM.

Serviços sociais para os advogados: A Caixa de Assistência, como já dito, é o “órgão” da OAB
responsável por oferecer serviços sociais aos advogados, estagiários inscritos no Conselho e
seus dependentes. Quais serviços? Alguns exemplos de serviços oferecidos por algumas
Caixas: plano de saúde, convênios com lojas e restaurantes, realização de eventos para os
advogados, livrarias com preços reduzidos para os advogados etc.

As Caixas de Assistência dos Advogados também gozam de imunidade tributária recíproca?


SIM. Conforme já explicado, a OAB possui finalidades institucionais e corporativas:
• finalidades institucionais: defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático
de direito, os direitos humanos etc.;
• finalidades corporativas: defender os interesses da classe dos advogados. Uma parte dessas
finalidades corporativas é desempenhada pelas Caixas de Assistência.

Para o STF, ambas as atividades devem receber o mesmo tratamento de direito público.
Logo, entende-se que as Caixas de Assistências dos Advogados prestam serviço público
delegado e possuem status jurídico de ente público. Vale ressaltar, ainda, que elas não
exploram atividades econômicas em sentido estrito com intuito lucrativo. Diante disso, as
Caixas de Assistência dos Advogados devem gozar da imunidade recíproca prevista no art.
150, VI, “a”, do Texto Constitucional, tendo em vista a impossibilidade de se conceder
tratamento tributário diferenciado a órgãos da OAB, de acordo com as finalidades que lhe são
atribuídas por lei.

2.4. O maquinário para impressão de livros não goza de imunidade tributária – (Info 904)

A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal, não abarca o
maquinário utilizado no processo de produção de livros, jornais e periódicos.
A imunidade tributária visa à garantia e efetivação da livre manifestação do pensamento,
da cultura e da produção cultural, científica e artística. Assim, é extensível a qualquer
material assimilável a papel utilizado no processo de impressão e à própria tinta especial
para jornal, mas não é aplicável aos equipamentos do parque gráfico, que não são
assimiláveis ao papel de impressão, por não guardarem relação direta com a finalidade
constitucional do art. 150, VI, “d”, da CF/88.
STF. 1ª Turma. ARE 1100204/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre
de Moraes, j. 29/5/2018 (Info 904).
OBS:
Imunidade tributária: Consiste na determinação feita pela Constituição Federal de que certas
atividades, rendas, bens ou pessoas não poderão sofrer a incidência de tributos. Trata-se de
uma dispensa constitucional de tributo. A imunidade é uma limitação ao poder de tributar,
sendo sempre prevista na própria CF. As normas de imunidade tributária constantes da
Constituição objetivam proteger valores políticos, morais, culturais e sociais essenciais e não
permitem que os entes tributem certas pessoas, bens, serviços ou situações ligadas a esses
valores.

Imunidade do art. 150, VI, “d”, da CF/88: O art. 150, VI, “d”, da CF/88 prevê que os “livros,
jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão” gozam de imunidade tributária
quanto aos impostos:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
Vamos estudar um pouco mais sobre esta previsão:

Nomenclatura: É chamada pela doutrina de imunidade tributária “cultural” ou “de


imprensa”.

Razão de sua existência: Esta imunidade foi prevista pelo legislador constituinte como uma
forma de fomentar a difusão da cultura, do ensino e da liberdade de expressão, evitando que
tais manifestações fossem impedidas ou dificultadas por força do pagamento de impostos.

Histórico desta imunidade: O Min. Dias Toffoli, em rico voto no RE 330817/RJ, aponta as
razões históricas que motivaram a previsão desta imunidade. No período histórico conhecido
como Estado Novo (1937 a 1945), o Governo cobrava elevado imposto dos jornais que
divulgavam ideias contrárias ao regime quando estes importavam papeis. Por outro lado,
concediam benefícios fiscais aos jornais partidários do Governo. Era uma forma de censura
indireta. A Constituição Federal de 1946, com o intuito de acabar com este controle estatal da
imprensa, conferiu imunidade tributária ao “papel” e, além disso, com o objetivo de
estimular a produção editorial, também estendeu esta imunidade para os livros. A
Constituição Federal de 1967 manteve a imunidade, prevendo que era vedado criar imposto
sobre “o livro, os jornais e os periódicos, assim como o papel destinado à sua impressão” (art.
20, III, d). A Constituição Federal de 1969 (para alguns, apenas uma Emenda Constitucional à
CF/67) manteve a imunidade, com pequena alteração em seu texto.

Imunidade objetiva: As alíneas “a”, “b” e “c” do inciso VI do art. 150 da CF/88 tratam de
imunidade subjetiva. A imunidade desta letra “d” (imunidade cultural) é classificada como
objetiva (ou real). Isso porque recai apenas sobre bens (livros, jornais, periódicos e o papel) e
não se refere a impostos pessoais. “A aplicação da imunidade independe da pessoa que os
produza ou que os comercialize; ou seja, não importa se se está diante de uma editora, uma
livraria, uma banca de jornal, um fabricante de papel, um vendedor de livros, do autor ou de
uma gráfica, pois o que importa à imunidade é o objeto e não a pessoa.” (Min. Dias Toffoli).

Exemplos dessa imunidade: Quando o livro sai da gráfica, não paga IPI; quando é vendido pela
livraria, não paga ICMS; quando é importado, não paga Imposto de Importação.

Estão fora da imunidade cultural: Pelo fato da imunidade cultural não ser subjetiva, a gráfica,
a livraria e o importador pagarão IR por conta da renda que obtiverem. Isso porque as pessoas
(sujeitos) que trabalham com livros, jornais, periódicos etc. não gozam de imunidade. De igual
forma, não é qualquer bem que goza da imunidade, mas tão-somente os livros, jornais,
periódicos e o papel destinado a sua impressão. Assim, por exemplo, a imunidade não
abrange:
• os carros da editora/jornal (deverão pagar IPVA);
• os imóveis da editora/jornal (deverão pagar IPTU).

O conteúdo do jornal, da revista ou do periódico influencia no reconhecimento da imunidade?


O Fisco pode cobrar o imposto se a revista não tiver “conteúdo cultural”? NÃO. Não importa
o conteúdo do livro, jornal ou periódico. Assim, um livro sobre piadas, um álbum de
figurinhas ou uma revista pornográfica gozam da mesma imunidade que um compêndio sobre
Medicina ou História. Em suma, todo livro, revista ou periódico é imune, considerando que
a CF/88 não estabeleceu esta distinção, não podendo ela ser feita pelo intérprete (STF RE
221.239/SP).

Imunidade incondicionada: A norma constitucional que prevê a imunidade cultural é dotada


de eficácia plena e aplicabilidade imediata, não precisando de lei para regulamentá-la. Por
essa razão, é classificada como uma imunidade incondicionada (não depende do
preenchimento de nenhuma condição prevista em lei, bastando ser livro, jornal, periódico ou
o papel destinado à sua impressão).

Conceito de livros: O conceito de livro deve ser utilizado em sentido amplo. Assim, incluem-
se aqui os manuais técnicos e as apostilas (STF RE 183.403/SP).

Livros veiculados em formato digital (e-books) estão abrangidos pela imunidade? SIM. A
imunidade de que trata o art. 150, VI, “d” da CF/88 alcança o livro digital (“e-book”). O STF,
apreciando o tema sob a sistemática da repercussão geral, fixou a seguinte tese:
A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, da
Constituição Federal (CF), aplica-se ao livro eletrônico (“e-book”),
inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo.
STF. Plenário. RE 330817/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
8/3/2017 (repercussão geral) (Info 856).

Os “e-readers”, ou seja, aparelhos eletrônicos utilizados exclusivamente para ler livros


digitais também gozam da imunidade tributária? Ex: um Kindle (Amazon), Lev (Saraiva),
Kobo (Livraria Cultura) também estariam protegidos pela imunidade tributária? SIM.

Imagine que o livro digital está contido dentro de um CD-Rom, sendo assim vendido para o
público. Esse CD-Rom gozará de imunidade tributária? SIM.

A imunidade tributária alcança também o audiolivro (“áudio book”)? SIM.

Componentes eletrônicos que compõem o material didático. Imagine a seguinte situação:


determinada editora comercializa fascículos (uma espécie de apostila) nas quais ensina como
montar computadores. O consumidor que compra esses fascículos recebe também, dentro deles,
pequenos componentes eletrônicos para que ele possa aplicar, na prática, aquilo que está lendo
na apostila. Quando a editora vai adquirir esses componentes eletrônicos para colocar nos
fascículos, tais bens serão também imunes? SIM. A parte impressa (fascículos) e o material
demonstrativo (componentes eletrônicos) formam um conjunto com o qual se ensina como
montar as placas de computadores. O STF apreciou o caso sob a sistemática da repercussão
geral e fixou a seguinte tese:
A imunidade da alínea “d” do inciso VI do art. 150 da CF/88 alcança
componentes eletrônicos destinados, exclusivamente, a integrar
unidade didática com fascículos.
STF. Plenário. RE 595676/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
8/3/2017 (repercussão geral) (Info 856).

Jornais: Os jornais gozam de imunidade, mesmo que contenham publicidade em seu corpo
(anúncios, classificados etc.), considerando que isso constitui fonte de renda necessária para
continuar a difusão da cultura (Ricardo Alexandre). Contudo, algumas vezes, junto com o
jornal vêm alguns folhetos separados contendo publicidade de supermercados, lojas etc.
Tais encartes publicitários não são parte integrante (indissociável) do jornal e não se
destinam à difusão da cultura (possuem finalidade apenas comercial), razão pela qual NÃO
gozam de imunidade (RE 213.094/ES).

Papel: O papel utilizado para a impressão de livros, jornais e periódicos também é imune. Não
importa o tipo e a qualidade do papel. Basta que ele seja utilizado para a produção de livros,
jornais e periódicos.

Filmes e papeis fotográficos: A imunidade pode abranger filmes e papeis fotográficos:


Súmula 657-STF: A imunidade prevista no art. 150, VI, “d”, da
Constituição Federal abrange os filmes e papeis fotográficos
necessários à publicação de jornais e periódicos.

Chapas de impressão: NÃO são imunes:


A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, "d," da CF/88 deve
ser interpretada finalisticamente à promoção da cultura e
restritivamente no tocante ao objeto, na medida em que alcança
somente os insumos assimiláveis ao papel.
STF. 1ª Turma. ARE 930133 AgR-ED, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 23/09/2016.

Listas telefônicas: são imunes:


A edição de listas telefônicas goza de imunidade tributária
prevista no art. 150, VI, "d", da CF/88.
A imunidade tributária prevista em prol de livros, jornais,
periódicos e o papel destinado a sua impressão, ostenta caráter
objetivo e amplo, alcançando publicações veiculadoras de
informações genéricas ou específicas, ainda que desprovidas de
caráter noticioso, discursivo, literário, poético ou filosófico.
STF. 1ª Turma. RE 794285 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, j. 24/5/16.

Papel para propaganda: não é imune:


Os veículos de comunicação de natureza propagandística de
índole eminentemente comercial e o papel utilizado na confecção
da propaganda não estão abrangidos pela imunidade definida no
art. 150, VI, "d", da CF/88, uma vez que não atendem aos conceitos
constitucionais de livro, jornal ou periódico contidos nessa norma.
STF. 2ª Turma. ARE 807093 ED/MG, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 05/08/2014.

Serviços de distribuição de livros, jornais e periódicos: NÃO são imunes:


A jurisprudência do STF é firme no sentido de que a distribuição de
periódicos, revistas, publicações, jornais e livros não está
abrangida pela imunidade tributária da alínea “d” do inciso VI do
art. 150 da CF/88.
STF. 2ª Turma. RE 630462 AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgado em
07/02/2012.

Serviços de composição gráfica: NÃO são imunes:


Segundo o STF, as prestadoras de serviços de composição gráfica,
que realizam serviços por encomenda de empresas jornalísticas ou
editoras de livros não estão abrangidas pela imunidade tributária
prevista no art. 150, VI, d, da CF.
As empresas que fazem composição gráfica para editoras, jornais
etc. são meras prestadoras de serviço e, por isso, a elas não se aplica
a imunidade tributária.
STF. 2ª Turma. RE 434826 AgR/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso,
red. p/ o acórdão Min. Celso de Mello, julgado em 19/11/2013 (Info
729).
O maquinário para impressão de livros goza de imunidade tributária? NÃO. É o que foi
decidido pelo Info 904 do STF.

2.5. Não se pode aplicar a imunidade tributária recíproca se o bem está desvinculado de
finalidade estatal – (Info 861)

A INFRAERO (empresa pública federal) celebrou contrato de concessão de uso de imóvel


com uma empresa privada por meio da qual esta última poderia explorar comercialmente
um imóvel pertencente à INFRAERO. Vale ressaltar que esta empresa é uma concessionária
de automóveis.
A empresa privada queria deixar de pagar IPTU alegando que o imóvel gozaria de
imunidade tributária. O STF não aceitou a tese e afirmou que não incide a imunidade neste
caso.
A atividade desenvolvida pela empresa tem por finalidade gerar lucro.
Se fosse reconhecida a imunidade neste caso, isso geraria, como efeito colateral, uma
vantagem competitiva artificial em favor da empresa, que teria um ganho em relação aos
seus concorrentes. Afinal, a retirada de um custo permite o aumento do lucro ou a formação
de preços menores, o que provoca desequilíbrio das relações de mercado.
Não se pode aplicar a imunidade tributária recíproca se o bem está desvinculado de
finalidade estatal.
STF. Plenário. RE 434251/RJ, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia,
j. 19/4/17 (Info 861).

2.6. Sociedade de economia mista com finalidade lucrativa e que for arrendatária de imóvel
público não goza de imunidade tributária – (Info 860) – IMPORTANTE!!! – (Analista
Judiciário/TRE-RJ-2017)

A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal, não se estende
a empresa privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade
econômica com fins lucrativos. Nessa hipótese é constitucional a cobrança do IPTU pelo
Município.
Ex: a União, proprietária de um grande terreno localizado no Porto de Santos, arrendou este
imóvel para a Petrobrás (sociedade de economia mista), que utiliza o local para armazenar
combustíveis. Antes do arrendamento, a União não pagava IPTU com relação a este imóvel
em virtude da imunidade tributária recíproca. Depois que houve o arrendamento, a
Petrobrás passa a ter que pagar o imposto.
STF. Plenário. RE 594015/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 6/4/17 (repercussão geral) (Info
860).
(Analista Judiciário/TRE-RJ-2017-Consulplan): A imunidade recíproca não se estende à
empresa privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade
econômica com fins lucrativos. BL: Info 860, STF.

OBS:
Imunidade tributária: Imunidade tributária consiste na determinação feita pela CF/88 de que
certas atividades, rendas, bens ou pessoas não poderão sofrer a incidência de tributos. Trata-
se de uma dispensa constitucional de tributo. A imunidade é uma limitação ao poder de
tributar, sendo sempre prevista na própria CF.

Imunidade tributária recíproca: A CF/88, em seu art. 150, VI, “a”, prevê a chamada imunidade
tributária recíproca. Isso significa que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
não podem cobrar impostos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços, uns dos outros.
Vejamos a redação do dispositivo constitucional:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
(...)
VI — instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

Essa imunidade funciona como um instrumento de preservação e calibração do pacto


federativo, impedindo que os impostos sejam utilizados como instrumento de pressão
indireta de um ente sobre outro (Min. Joaquim Barbosa). Ex.: se os Municípios tomassem
decisões administrativas que desagradassem o Governo Estadual, este poderia, em tese,
aumentar os impostos que incidiriam sobre o Poder Público municipal.

Sabbag menciona que essa imunidade tem como fundamento, ainda, o postulado da isonomia
dos entes constitucionais. Ora, pelo fato de todos os entes estarem em pé de igualdade, não
havendo hierarquia, nenhum deles pode estar sujeito ao poder de tributar do outro (Manual
de Direito Tributário.5. ed., São Paulo: Saraiva, p. 254).

A imunidade tributária recíproca possui status de cláusula pétrea, porque ela é um


instrumento de proteção da forma federativa (art. 60, § 4º, I, da CF/88).

Imunidade subjetiva: Essa imunidade é classificada como subjetiva ou pessoal, considerando


que é outorgada em função da condição pessoal da União, dos Estados, DF e Municípios. Em
outras palavras, é imunidade subjetiva porque incide para beneficiar uma pessoa.

O contrário da imunidade subjetiva é a imunidade objetiva, que incide sobre bens. É o caso,
por exemplo, da imunidade sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua
impressão (art. 150, VI, "d", da CF).

Autarquias e fundações: As autarquias e fundações mantidas pelo Poder Público também


gozam da imunidade tributária recíproca no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Isso está previsto
expressamente no § 2º do art. 150 da CF/88:
§ 2º — A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se
refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas
finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

Empresas públicas e sociedades de economia mista: Embora a CF/88 reconheça a imunidade


recíproca apenas às pessoas políticas (Administração direta), autarquias e fundações, a
jurisprudência estende o benefício também às empresas públicas e às sociedades de
economia mista, desde que prestadoras de serviço público. Assim, as empresas públicas e
sociedades de economia mista que desempenham serviços públicos também desfrutam da
referida imunidade. Por outro lado, se a empresa pública ou sociedade de economia mista
explorar atividade econômica, não irá gozar do benefício, porque a ela deve ser aplicado o
mesmo regime jurídico da iniciativa privada (art. 173, § 1º, II, da CF/88).

Correios e Imunidade tributária recíproca: O exemplo mais comum de empresa pública que
goza de imunidade recíproca é a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos — ECT. Isso
porque os Correios são entendidos como uma empresa prestadora de serviço público
obrigatório e exclusivo do Estado e não como exploradora de atividade econômica, embora
também ofereçam serviços dessa natureza.

Concessionária de serviço público e Imunidade tributária: As empresas concessionárias de


serviço público NÃO gozam de imunidade tributária recíproca, considerando que são
empresas privadas que desempenham tais atividades em busca do lucro.

Feitos estes esclarecimentos, imagine a seguinte situação: a União, proprietária um grande


terreno localizado no Porto de Santos, arrendou este imóvel para a Petrobrás (sociedade de
economia mista), que utiliza o local para armazenar combustíveis. Antes do arrendamento, a
União não pagava IPTU com relação a este imóvel em virtude da imunidade tributária
recíproca (art. 150, VI, "a"). Depois que houve o arrendamento, a Petrobrás tem que pagar o
IPTU ou ela também goza da imunidade tributária? Tem que pagar o imposto. A imunidade
tributária não se aplica a ela. É o que foi decidido pelo STF.

A situação ocorrida foi a seguinte: A União celebrou contrato de concessão de uso de imóvel
com uma empresa privada por meio da qual esta última poderia explorar comercialmente
determinado imóvel pertencente ao patrimônio público federal. A empresa privada queria
deixar de pagar IPTU alegando que o imóvel gozaria de imunidade tributária.

A tese da empresa foi acolhida pelo STF? NÃO. A imunidade recíproca prevista no art. 150,
VI, “a”, da Constituição Federal não foi concebida com o propósito de permitir que empresa
privada atue livremente no desenvolvimento de atividade econômica e usufrua de vantagem
advinda da utilização de bem público. Essa imunidade decorre da necessidade de observar-se,
no contexto federativo, o respeito mútuo e a autonomia dos entes. Não cabe estendê-la para
evitar a tributação de particulares que atuam no regime da livre concorrência.

Uma vez verificada atividade econômica, nem mesmo as pessoas jurídicas de direito público
gozam da imunidade (art. 150, § 3º, da CF/88).

O IPTU representa relevante custo operacional, comum a todos que exercem a atividade
econômica da recorrida. Afastar tal ônus de empresa que atua no setor econômico, a partir de
extensão indevida da imunidade recíproca, implica desrespeito ao princípio da livre
concorrência (art. 170, IV, da CF/88), por conferir ao particular uma vantagem inexistente para
os concorrentes.

Como o recurso foi decidido sob a sistemática da repercussão geral, o STF fixou a seguinte
tese:
Incide o IPTU, considerado imóvel de pessoa jurídica de direito
público cedido a pessoa jurídica de direito privado, devedora do
tributo. STF. Plenário. RE 601720/RJ, rel. orig. Min. Edson Fachin,
red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, j. 6/4/17 (repercussão geral)
(Infos 860 e 861).

2.7. Os livros eletrônicos gozam de imunidade tributária. Os componentes eletrônicos que


fazem parte de curso em fascículos de montagem de placas gozam de imunidade tributária –
(Info 856) – IMPORTANTE!!! – (TJSP-2017) (Analista Judiciário/TRE-RJ-2017)
2.8.

A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal (CF), aplica-
se ao livro eletrônico (“e-book”), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-
lo.
STF. Plenário. RE 330817/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 8/3/17 (repercussão geral) (Info 856).

A imunidade da alínea “d” do inciso VI do art. 150 da CF/88 alcança componentes


eletrônicos destinados, exclusivamente, a integrar unidade didática com fascículos.
STF. Plenário. RE 595676/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 8/3/17 (repercussão geral) (Info 856).
(TJSP-2017-VUNESP): Considerando-se o disposto no artigo 150, VI, “d” da Constituição
Federal de 1988, notadamente a expressão “… e o papel destinado à sua impressão”, é de se
concluir corretamente que a imunidade deve ser estendida também aos livros com suportes
em CD e outros meios eletrônicos, em face das interpretações evolutiva e teleológica. BL:
Info 856 do STF.

2.9. Os requisitos para o gozo de imunidade devem estar previstos em lei complementar –
(Info 855) – IMPORTANTE!!! – (TJSP-2017)

Os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei complementar.


STF. Plenário. ADI 2028/DF, ADI 2036/DF, ADI 2228/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa,
red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, j. 23/2 e 2/3/17 (Info 855).
STF. Plenário. RE 566622/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 23/2/17 (Info 855).
(TJSP-2017-VUNESP): A lei referida no parágrafo 7° do artigo 195 da Constituição Federal
que estabelece os requisitos para o reconhecimento da imunidade para a seguridade social
das entidades beneficentes de assistência social, segundo o julgamento do tema 32 pelo
plenário do STF, deve ter hierarquia de Lei complementar de caráter nacional. BL: STF, Info
855.

OBS:
Onde estão previstas as hipóteses de imunidade tributária? A imunidade tributária deverá ser
sempre prevista na Constituição Federal. As hipóteses mais conhecidas estão listadas no art.
150, VI, da CF/88. Existem, contudo, inúmeras outras imunidades previstas ao longo do texto
constitucional. Veja alguns exemplos:
 Art. 5º, XXXIV, “a” e “b”, LXXIII, LXXIV, LXXVI e LXXVII: imunidade que incide sobre
“taxas”.
 Art. 149, § 2º, I: imunidade referente a “contribuições sociais” e CIDE.
 Art. 195, § 7º: imunidade incidente sobre “contribuições sociais”.

Imunidade para entidades beneficentes de assistência social: A Constituição Federal conferiu


imunidade para as entidades beneficentes de assistência social afirmando que elas estão
dispensadas de pagar contribuições para a seguridade social. Veja:
Art. 195 (...)
§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as
entidades beneficentes de assistência social que atendam às
exigências estabelecidas em lei.

Atenção: apesar de a redação do parágrafo falar em “isentas”, a doutrina afirma que se trata,
efetivamente, de uma hipótese de imunidade. Não é um caso de “isenção”.

O § 7º do art. 195 da CF/88 traz dois requisitos para o gozo desta imunidade:
1) que se trate de pessoa jurídica que desempenhe atividades beneficentes de assistência social.

Obs: a assistência social é tratada no art. 203 da CF/88. O STF, contudo, confere um sentido
mais amplo ao e afirma que os objetivos da assistência social elencados nos incisos do art. 203
podem ser conseguidos também por meio de serviços de saúde e educação. Assim, se a
entidade prestar serviços de saúde ou educação também poderá, em tese, ser classificada como
de “assistência social”.

2) que esta entidade atenda a parâmetros previstos na lei.

A lei a que se refere o § 7º é lei complementar ou ordinária? COMPLEMENTAR. Esse assunto


era extremamente polêmico na doutrina e na jurisprudência, mas o STF apreciou o tema sob a
sistemática da repercussão geral e fixou a seguinte tese:
Os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em
lei complementar. STF. Plenário. RE 566622, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 23/02/2017 (repercussão geral).

Como vimos acima, as imunidades tributárias são classificadas juridicamente como


“limitações constitucionais ao poder de tributar” e a CF/88 exige que este tema seja tratado
por meio de lei complementar. Confira:
Art. 146. Cabe à lei complementar:
(...)
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

Isso gera alguma confusão porque aprendemos na faculdade, que, quando a CF/88l fala
apenas em "lei", sem especificar mais nada, ela está se referindo à lei ordinária. Ex: art. 5º, XXXII
("o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor"). Trata-se do Código de Defesa
do Consumidor, uma lei ordinária (Lei nº 8.078/90).
Também aprendemos que a CF/88, quando quer exigir lei complementar, o faz expressamente.
Ex: art. 18, § 2º ("Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou
reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.").
O § 7º do art. 195, contudo, deve ser interpretado em conjunto com o art. 146, II. Assim, a
Constituição exigiu sim lei complementar, mas não diretamente no § 7º do art. 195 e sim na
previsão geral do art. 146, II.
Além disso, o STF afirmou que a imunidade de contribuições sociais serve não apenas a
propósitos fiscais, mas também para a realização dos objetivos fundamentais da República,
como a construção de uma sociedade solidária e voltada para a erradicação da pobreza. Logo,
esta espécie de imunidade não pode ficar à mercê da vontade transitória de governos. As regras
para gozar dessa imunidade devem ser respeitadas por todos os governos, não sendo,
portanto, correto que o regime jurídico das entidades beneficentes fique sujeito a flutuações
legislativas constantes, muitas vezes influenciadas pela vontade de arrecadar. Assim, um tema
tão sensível como esse não pode ser tratado por lei ordinário ou medida provisória.
Assim, diante da relevância das imunidades de contribuições sociais para a concretização de
uma política de Estado voltada à promoção do mínimo existencial, deve incidir nesse caso a
reserva legal qualificada prevista no art. 146, II, da CF/88 (lei complementar).

Existe alguma lei que preveja os requisitos que deverão ser atendidos pela entidade para gozar
da imunidade de que trata o § 7º do art. 195 da CF/88? SIM. Os requisitos legais exigidos na
parte final do § 7º, enquanto não editada nova lei complementar sobre a matéria, são somente
aqueles previstos no art. 14 do CTN. Assim, para gozarem da imunidade, as entidades devem
obedecer às seguintes condições:
a) não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;
b) aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos
institucionais;
c) manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades
capazes de assegurar sua exatidão.

Mas o CTN (Lei nº 5.172/66) é uma lei ordinária ou complementar? O CTN foi editado em 1966
como sendo uma lei ordinária. No entanto, ele foi "recepcionado com força de lei
complementar pela Constituição Federal de 1967, e mantido tal status com o advento da
CF/1988, visto que, tanto esta quanto aquela Magna Carta reservavam à lei complementar a
veiculação das normas gerais em matéria tributária, a regulação das limitações ao poder de
tributar e as disposições sobre conflitos de competência." (ALEXANDRE, Ricardo. Direito
Tributário. Salvador: Juspodivm, 2017, p. 249). Em suma, atualmente, o CTN possui status de
lei complementar e, portanto, atende o requisito do art. 146, II, da CF/88.

Observação: Este entendimento do acima explicado (RE 566622) vale também para a
imunidade prevista no art. 150, VI, "c", da CF/88:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
(...)
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive
suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
atendidos os requisitos da lei;

Assim, a lei de que trata o art. 150, VI, "c", da CF/88 é uma lei complementar (atualmente, é o
art. 14 do CTN).

Feitas estas considerações, veja o que decidiu o STF sobre uma lei que tratava a respeito do
tema: a Lei 9.732/98 alterou o art. 55 da Lei 8.212/91 criando requisitos mais rigorosos para
que as entidades beneficentes de assistência social pudessem gozar da imunidade tributária
do § 7º do art. 195 da CF/88. Esta Lei 9.732/98 (atualmente revogada) pode ser considerada
constitucional? Os requisitos por ela criados foram válidos? NÃO. Como já explicado, os
requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei complementar. A Lei
9.732/98 extrapolou os requisitos estabelecidos no art. 14 do CTN criando obstáculos novos,
adicionais aos já previstos na lei complementar, sendo, portanto, formalmente inconstitucional
por afronta ao art. 146, II, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 2028/DF, ADI 2036/DF, ADI 2228/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa,
red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgados em 23/2 e 2/3/2017 (Info 855).
Assim, as entidades beneficentes que preenchiam os requisitos do art. 14 do CTN, mas que não
tiveram direito à imunidade por conta das exigências mais rigorosas da Lei 9.732/98 ganharam
no STF a possibilidade de reaver o valor que pagaram a título de contribuições para a
seguridade social.

Procedimento de habilitação das entidades pode ser estabelecido em lei ordinária


Vale ressaltar que o STF fez a seguinte distinção:
 Os requisitos (exigências, normas de regulação) para que a entidade goze da
imunidade devem estar previstos em lei complementar, com base no art. 195, § 7º c/c
art. 146, II, da CF/88. Ex: como as entidades deverão atuar para serem consideradas
beneficentes, as contrapartidas que deverão oferecer etc.
 Por outro lado, as regras sobre o procedimento de habilitação dessas entidades nos
órgãos da Administração Pública poderão ser disciplinadas por meio de lei ordinária.
Ex: previsão de que a entidade deverá obter, junto ao Conselho Nacional de
Assistência Social, o Certificado e o Registro de Entidade de Fins Filantrópicos,
renovado a cada três anos. Para o STF, esta norma trata de meros aspectos
procedimentais necessários à verificação do atendimento das finalidades
constitucionais da regra de imunidade.

Nas palavras do saudoso Min. Teori Zavascki, “a reserva de lei complementar aplicada à
regulamentação da imunidade tributária, prevista no art. 195, § 7º, da Constituição Federal (CF), limita-
se à definição de contrapartidas a serem observadas para garantir a finalidade beneficente dos serviços
prestados pelas entidades de assistência social, o que não impede seja o procedimento de habilitação dessas
entidades positivado em lei ordinária.”
Vale ressaltar que a lei ordinária somente poderá prever regras que não extrapolem as
exigências estabelecidas na lei complementar (atualmente, o art. 14 do CTN).

2.10. A imunidade tributária subjetiva é aplicada se a entidade imune for contribuinte de


fato? – (Info 855) – IMPORTANTE!!!

A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de contribuinte


de direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante, para a verificação
da existência do beneplácito constitucional, a repercussão econômica do tributo envolvido.
 Se a entidade imune for contribuinte de direito: incide a imunidade subjetiva.

 Se a entidade imune for contribuinte de fato: não incide a imunidade subjetiva.


STF. Plenário. RE 608872/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 22 e 23/2/2017 (repercussão geral)
(Info 855).
OBS:
Imunidade tributária: Consiste na determinação feita pela Constituição Federal de que certas
atividades, rendas, bens ou pessoas não poderão sofrer a incidência de tributos. Trata-se de
uma dispensa constitucional de tributo. A imunidade é uma limitação ao poder de tributar,
sendo sempre prevista na própria CF.

Imunidades subjetiva, objetiva e mista: As imunidades também são classificadas segundo


diversos critérios. Uma das classificações diz que existem três espécies de imunidades:

a) SUBJETIVA (PESSOAL) b) OBJETIVA (REAL) c) MISTAS


Ocorre quando a imunidade Ocorre quando a imunidade Verifica-se quando ocorre
foi instituída em razão das foi instituída em função de uma combinação entre os
dois critérios anteriores.
características de uma determinados fatos, bens ou
determinada pessoa. situações.
Ex: art. 150, VI, "a", "b" e "c", Ex: art. 150, VI, "d", da Ex: art. 153, § 4º, II, da CF/88.
da CF/88. CF/88.
Assim, a imunidade que A imunidade que recai sobre A CF/88 prevê que o ITR
beneficia instituições de livros, jornais, periódicos e o não incide sobre pequenas
educação e de assistência papel destinado a sua glebas rurais, definidas em
social, sem fins lucrativos é impressão é objetiva porque lei, quando as explore o
uma imunidade subjetiva, não interessa quem seja a proprietário que não possua
considerando que foi criada pessoa envolvida, mas sim outro imóvel.
em função da condição esta lista de bens. "Tal imunidade é mista
pessoal dessas instituições. porque depende de aspectos
subjetivos (o proprietário
possuir apenas um imóvel) e
objetivos (a área da pequena
gleba estar dentro dos
limites da lei"
(ALEXANDRE, Ricardo.
Direito Tributário, p. 206).

Tributos indiretos: São aqueles que permitem a transferência do seu encargo econômico para
uma pessoa diferente daquela definida em lei como sujeito passivo. Exemplos mais
conhecidos: IPI, ICMS, ISS e IOF. Assim, quando você recebe a conta de energia elétrica, por
exemplo, vai ter um campo chamado detalhamento da conta. Nele você irá encontrar a
discriminação dos itens que você está pagando enquanto consumidor:
Consumo: R$ xxx
ICMS: yyy
Total: xxx + yyy

Dessa forma, o "contribuinte de direito" ("pela lei") do ICMS é a empresa concessionária de


energia elétrica. No entanto, ela oficialmente está autorizada a repassar este tributo para o
consumidor. Logo, o consumidor final é quem acaba sendo o "contribuinte de fato".

Como explica Ricardo Alexandre:


"O ICMS é tributo indireto. Todo o seu ônus econômico-financeiro é
transferido para o consumidor que, ao pagar o preço da mercadoria, paga
também o valor do imposto que naquele preço se acha embutido". (ob. cit.,
p. 225).

Tributos diretos são aqueles que, oficialmente, não permitem tal transferência.

Contribuinte de direito e contribuinte de fato: Assim, pode-se dizer que nos tributos indiretos
surgem as figuras do contribuinte de direito e do contribuinte de fato:
a) Contribuinte de direito: é a pessoa que realiza o fato gerador.
b) Contribuinte de fato: é a pessoa que paga efetivamente o imposto considerando que o
contribuinte de direito transferiu para ele este encargo.

QUANDO A ENTIDADE IMUNE É CONTRIBUINTE DE DIREITO, HAVERÁ IMUNIDADE?


Imagine a seguinte situação: A CF/88 prevê que as entidades de assistência social, sem fins
lucrativos, na forma da lei, gozam de imunidade tributária (art. 150, VI, "c"). Imagine que
determinada entidade de assistência social comercialize camisas. A venda de camisas está
sujeita, em tese, ao pagamento de ICMS. Ocorre que esta entidade argumentou que não deveria
incidir ICMS neste caso porque ela goza de imunidade tributária. O Fisco estadual, por sua
vez, refutou o argumento afirmando que o ICMS é um tributo indireto e que esta entidade iria
repassar o encargo econômico do imposto para o consumidor final (contribuinte de fato). Logo,
para a Fazenda Pública, deveria sim incidir o imposto já que quem iria pagar não era a entidade
imune.
Qual das duas teses foi acolhida pelo STF? A tese das entidades imunes, ou seja, haverá
imunidade neste caso.

E QUANDO A ENTIDADE IMUNE É CONTRIBUINTE DE FATO, HAVERÁ IMUNIDADE?


Vamos modificar o exemplo: Determinada entidade de assistência social adquire na loja um
forno para preparar comida para pessoas carentes. No momento de pagar o valor, ao conferir
a nota fiscal, o diretor da entidade percebe que está sendo cobrado dele o ICMS sobre a
mercadoria vendida. Ele não se conforma e alega que não deverá pagar o imposto porque a
entidade é imune.

A tese da entidade foi acolhida pelo STF? NÃO. Segundo entende o STF, mesmo que o
comprador da mercadoria seja uma entidade que goza de imunidade tributária, ainda assim
deverá haver a normal incidência do imposto. As imunidades deverão ser interpretadas sob o
aspecto formal (e não econômico). Dessa forma, tem-se que:
 se a entidade imune for contribuinte de direito, o imposto não incidirá;
 se a entidade imune for apenas contribuinte de fato, o imposto incidirá normalmente.

Assim, a imunidade tributária subjetiva aplica-se ao ente beneficiário se ele for o contribuinte
de direito, não importando discutir se o tributo em questão pode ou não ter repercussão
econômica para terceiros. Não se pode estender ao particular vendedor (contribuinte de
direito) a imunidade tributária subjetiva que detém o adquirente de mercadoria (contribuinte
de fato).
O STF possui um enunciado antigo que transmite essa mesma ideia:
Súmula 591-STF: A imunidade ou a isenção tributária do
comprador não se estende ao produtor, contribuinte do imposto
sobre produtos industrializados.

Sobre o tema, já explicou Leandro Paulsen:


“Importa, para a verificação da existência ou não da imunidade, a posição
de contribuinte, nos moldes do raciocínio que inspirou a Súmula nº 591 do
STF. Conforme orientação atual do STF, seguindo a linha da referida
súmula, descabe verificar se o ente imune é ou não contribuinte de fato, pois
a repercussão econômica não está em questão. Ora, se a Constituição diz
que é vedado cobrar impostos das entidades de assistência social, é porque
nega competência para tanto, não sendo dado ao intérprete perquirir quanto
à repercussão econômica do tributo para efeito de decidir se é devido ou
não." (PAULSEN, Leandro. Curso de direito tributário. 2ª ed. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2008, p. 106).

No exemplo que demos acima em que a entidade beneficente compra o forno, tal pessoa
jurídica irá realmente arcar com o ônus financeiro dos impostos envolvidos nessa venda (IPI e
ICMS) caso tenham sido realmente transferidos pelo vendedor (contribuinte de direito). No
entanto, este valor que será pago pela entidade não possui natureza jurídica de tributo, mas
sim de "preço", decorrente de uma relação contratual. Em outras palavras, a entidade está
pagando apenas o preço total no qual, obviamente, o vendedor embutiu todos os seus custos
(a fim de que ele possa ter lucro). Vale reiterar, porém, que o valor pago pela entidade não é
tributo, mas sim preço.

Resumindo:
 Se a entidade imune for contribuinte de direito: incide a imunidade subjetiva.
 Se a entidade imune for contribuinte de fato: não incide a imunidade subjetiva.

PAGAMENTO INDEVIDO DE ICMS NAS CONTAS DE ENERGIA ELÉTRICA E


LEGITIMIDADE PARA PEDIR A RESTITUIÇÃO

Como vimos, tributos indiretos são aqueles que permitem a transferência do seu encargo
econômico para uma pessoa diferente daquela definida em lei como sujeito passivo. Exemplos
mais conhecidos: IPI, ICMS, ISS e IOF.
Tributos diretos são aqueles que, oficialmente, não permitem tal transferência.
Se houver pagamento indevido de tributo, o sujeito passivo tem direito, independentemente
de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo (art. 165 do CTN). A isso se dá o
nome de repetição de indébito.
Nos tributos diretos, a regra relativa às restituições é simples: quem pagou um valor indevido
ou maior que o devido tem direito à restituição.
Nos tributos indiretos, a questão é um pouco mais complexa.

Se o contribuinte de direito repassou oficialmente o encargo econômico do tributo a um


terceiro e, mais tarde, percebeu-se que tal ônus não correspondia ao previsto na lei, havendo
direito à restituição, seria justo restituir o excesso ao primeiro? Em outras palavras, sendo o
tributo indireto, quem detém a legitimidade ativa ad causam para pleitear a restituição do
indébito?
Trata-se de questão difícil e polêmica. O STJ estabeleceu a seguinte distinção:

1) REGRA GERAL: a legitimidade para pleitear a restituição é do CONTRIBUINTE DE


DIREITO.
Argumento: o contribuinte de fato não integra a relação jurídica tributária.
Ex: no caso de pagamento indevido de IPI sobre a fabricação de bebidas, o STJ decidiu que a
legitimidade ativa ad causam para pleitear a restituição do indébito é do fabricante de bebida
(contribuinte de direito) (REsp 903.394/AL, DJe de 26/04/2010).

2) No caso de tributos pagos indevidamente por CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA


ELÉTRICA: a legitimidade para pleitear a restituição é do CONTRIBUINTE DE FATO
(consumidor).
Argumentos: a concessionária sempre evitará embates desgastantes com o Poder Público. Além
disso, em caso de aumento de tributos, poderá repassar esse valor nas tarifas. Logo, o STJ
concluiu que não haveria interesse das concessionárias em pleitear a restituição do indébito
em caso de terem sido tributadas indevidamente. Desse modo, o consumidor iria arcar com a
repercussão econômica do tributo pago a maior e, como a concessionária não iria pleitear a
repetição do indébito, essa situação de abusividade na cobrança iria se perpetuar, em prejuízo
ao usuário dos serviços públicos.
Veja as palavras do Min. Cesar Asfor Rocha:
“Sem dúvida, no caso das concessionárias do serviço público, diante de tudo
o que foi dito acima, entendo que a legitimidade do consumidor final
permanece. Decidir de forma diversa impede qualquer discussão, por
exemplo, sobre a ilegalidade – já reconhecida neste Tribunal Superior – da
incidência do ICMS sobre a demanda "contratada e não utilizada",
contrariando as normas que disciplinam as relações envolvidas nas
concessões de serviço público. Isso porque, volto a afirmar, em casos como o
presente, inexiste conflito de interesses entre a Fazenda Pública, titular do
tributo, e as concessionárias, que apenas repassam o custo tributário à tarifa
por força do art. 9º, §§ 2º e 3º, da Lei n. 8.987/1995.
(...)
Situação diversa é a da fabricação e do comércio de bebidas, objeto do REsp
903.394/AL (repetitivo), não aplicável ao caso em debate. Se o fabricante
simplesmente repassar ao preço do seu produto de venda o valor do ICMS
cobrado indevidamente, as suas vendas poderão cair. Em virtude da
concorrência no setor privado – o que dificilmente ocorre no fornecimento
de energia elétrica –, o distribuidor (adquirente da bebida) poderá buscar
outro fabricante, com produtos inferiores ou importados, com preços
menores. Para compensar o ICMS pago a mais e a fim de não reduzir as
vendas, terá o fabricante que reduzir custos e lucros, ao menos até que volte
a dominar o mercado. Sem dúvida, portanto, nessa situação, há conflitos de
interesses entre o credor do tributo e o fabricante, o que viabiliza o ingresso
de ações na Justiça por parte deste.” (REsp 1.299.303/SC).

Este entendimento do STJ permanece válido mesmo com a decisão do STF acima explicada.

2.11. Imunidade tributária e imóvel alugado – (Info 790)


Súmula vinculante 52-STF: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o
imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da CF, desde que
o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram
constituídas.
STF. Plenário. Aprovada em 17/06/2015.

2.12. Inconstitucionalidade de CE que prevê imunidade tributária para veículos de


radiodifusão – (Info 755)

Constituição estadual não pode prever imunidade tributária para tributos estaduais e
municipais incidente sobre os veículos de radiodifusão.
STF. Plenário. ADI 773/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/8/2014 (Info 755).

2.13. Imunidade tributária e obrigações acessórias

A entidade que goza de imunidade tributária tem o dever de cumprir as obrigações


acessórias, dentre elas a de manter os livros fiscais.
STF. 1ª Turma. RE 250844/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 29/5/2012.

3. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA


3.1. Veículos automotores dos Correios são imunes à incidência do IPVA – (Info 769) –
IMPORTANTE!!!

Os Correios, mesmo sendo uma empresa pública, gozam de imunidade tributária recíproca
porque desempenham serviços públicos.
No presente julgado, o STF reafirmou o entendimento de que os veículos automotores
pertencentes aos Correios são imunes à incidência do IPVA por força da imunidade
tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da CF/88).
STF. Plenário. ACO 879/PB, Rel. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,
26/11/2014 (Info 769).

3.2. Correios gozam de imunidade tributária no serviço de transporte de bens e


mercadorias – (Info 767) – IMPORTANTE!!!

Os Correios gozam de imunidade tributária porque são uma empresa pública que
desempenha serviços públicos.
Ocorre que os Correios, além das atividades que desenvolvem de forma exclusiva, como é
o caso da entrega de cartas, também realizam alguns serviços em concorrência com a
iniciativa privada (ex: entrega de encomendas). Quando os Correios realizam o serviço de
transporte de bens e mercadorias, concorrendo, portanto, com a iniciativa privada, mesmo
assim eles gozam de imunidade? Ficam livres de pagar ICMS?
SIM. O STF decidiu que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT goza de
imunidade tributária recíproca mesmo quando realiza o transporte de bens e mercadorias.
Assim, não incide o ICMS sobre o serviço de transporte de bens e mercadorias realizado
pelos Correios.
STF. Plenário. RE 627051/PE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 12/11/2014 (Info 767).

3.3. Os Correios gozam de imunidade tributária recíproca – (Info 763) – IMPORTANTE!!!

Embora a CF/88 reconheça a imunidade recíproca apenas às pessoas políticas


(Administração direta), autarquias e fundações, a jurisprudência estende o benefício
também às empresas públicas e às sociedades de economia mista, desde que prestadoras de
serviço público.
Assim, as empresas públicas e sociedades de economia mista que desempenham serviços
públicos também desfrutam da referida imunidade.
Por outro lado, se a empresa pública ou sociedade de economia mista explorar atividade
econômica, não irá gozar do benefício porque a ela deve ser aplicado o mesmo regime
jurídico da iniciativa privada (art. 173, § 1º, II, da CF/88).
O exemplo mais comum de empresa pública que goza de imunidade recíproca é a Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT. Isso porque os Correios são entendidos como uma
empresa prestadora de serviço público obrigatório e exclusivo do Estado e não como
exploradora de atividade econômica, embora também ofereçam serviços dessa natureza.
Se houver dúvida acerca de quais imóveis estariam afetados ao serviço público, cabe ao
Fisco produzir prova em contrário, haja vista militar em favor do contribuinte a presunção
de imunidade anteriormente conferida em benefício dele.
Assim, para que o Município possa cobrar IPTU sobre o imóvel ele deverá identificar e
provar que aquele imóvel específico não se destina às finalidades essenciais dos Correios.
STF. Plenário. RE 773992/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/10/2014 (repercussão
geral) (Info 763).

3.4. Imunidade tributária recíproca e dívidas tributárias decorrentes de sucessão – (Info


749) – IMPORTANTE!!!

A antiga RFFSA era uma sociedade de economia mista federal, que foi extinta, e a União
tornou-se sua sucessora legal nos direitos e obrigações.
A União goza de imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da CF/88). A RFFSA não
desfrutava do benefício pois se tratava de entidade exploradora de atividade econômica.
Os débitos tributários que a RFFSA possuía foram transferidos para a União e devem ser
pagos, não podendo este ente invocar a imunidade tributária recíproca.
O STF concluiu que a imunidade tributária recíproca não afasta a responsabilidade
tributária por sucessão, na hipótese em que o sujeito passivo era contribuinte regular do
tributo devido.
STF. 1ª Turma. RE 599.176/PR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 5/6/2014 (Info 749).

3.5. Imunidade versus atividade notarial - (MPSC-2014)

As pessoas que exercem atividade notarial não são imunes à tributação, porquanto a
circunstância de desenvolverem os respectivos serviços com intuito lucrativo invoca a
exceção prevista no art. 150, § 3º da CF/88. O recebimento de remuneração pela prestação
dos serviços confirma, ainda, capacidade contributiva. A imunidade recíproca é uma
garantia ou prerrogativa imediata de entidades políticas federativas, e não de particulares
que executem, com inequívoco intuito lucrativo, serviços públicos mediante concessão ou
delegação, devidamente remunerados. Não há diferenciação que justifique a tributação dos
serviços públicos concedidos e a não-tributação das atividades delegadas. Ação Direta de
Inconstitucionalidade conhecida, mas julgada improcedente.
STF. ADI 3089, Relator p/ Acórdão: Min. Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, j. 13/02/08.

4. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
4.1. Imunidade tributária obtida por assistência social versus cobrança de estacionamento
de veículos em área interna da entidade

IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 150, VI, C, DA CONSTITUIÇÃO. INSTITUIÇÃO DE


ASSISTÊNCIA SOCIAL. EXIGÊNCIA DE IMPOSTO SOBRE SERVIÇO CALCULADO
SOBRE O PREÇO COBRADO EM ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS NO PÁTIO
INTERNO DA ENTIDADE. Ilegitimidade. Eventual renda obtida pela instituição de
assistência social mediante cobrança de estacionamento de veículos em área interna da
entidade, destinada ao custeio das atividades desta, está abrangida pela imunidade prevista
no dispositivo sob destaque. Precedente da Corte: RE 116.188-4. Recurso conhecido e
provido.
STF. RE 144900 Rel. Min. ILMAR GALVÃO, 1ª Turma, j. 22/04/97.
(TJCE-2012-CESPE): Está abrangida pela imunidade estabelecida na CF eventual renda que,
obtida por instituição de assistência social mediante cobrança de estacionamento de
veículos em área interna da entidade, destine-se ao custeio das atividades desta.

5. ISENÇÕES
5.1. Benefícios fiscais concedidos na Constituição Estadual – (Info 755)

I – A Constituição estadual pode conceder benefícios fiscais em seu texto. Isso não precisa
ser tratado mediante lei de iniciativa privativa do Chefe do Executivo, nos termos do art. 61,
§ 1º, II, “b”, da CF/88 (aplicável por simetria no âmbito estadual).
II – A CF/88 afirma que uma lei complementar federal irá conferir um tratamento tributário
adequado (diferenciado) para o ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas (art.
146, III, “c”). Essa LC ainda não existe, razão pela qual o STF entende que, enquanto isso,
os Estados-membros podem legislar sobre o tema e dar às cooperativas o tratamento que
reputem adequado.
III – A concessão unilateral de benefícios fiscais relativos ao ICMS, sem a prévia celebração
de convênio intergovernamental, nos termos do que dispõe a LC 24/1975, afronta o art. 155,
§ 2º, XII, “g”, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 429/CE, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/8/2014 (Info 755).

5.2. Isenções tributárias heterônomas

A isenção de tributos estaduais prevista no Acordo Geral de Tarifas e Comércio para as


mercadorias importadas dos países signatários, quando o similar nacional tiver o mesmo
benefício, foi recepcionada pela Constituição da República de 1988. O art. 98 do Código
Tributário Nacional ‘possui caráter nacional, com eficácia para a União, os Estados e os
Municípios’ (voto do eminente Ministro Ilmar Galvão). No direito internacional apenas a
República Federativa do Brasil tem competência para firmar tratados (art. 52, § 2º, da CF),
dela não dispondo a União, os Estados-membros ou os Municípios. O Presidente da
República não subscreve tratados como chefe de Governo, mas como chefe de Estado, o que
descaracteriza a existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, III, da
Constituição.
STF. RE 229.096, Rel. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 16-8-2007, Plenário, DJE de
11-4-2008
No mesmo sentido: AI 235.708-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 24-8-2010,
Segunda Turma, DJE de 17-9-2010; RE 254.406-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 2-
3-2010, Segunda Turma, DJE de 19-3-2010; RE 234.662-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento
em 13-10-2009, Primeira Turma, DJE de 20-11-2009; AI 223.336-AgR, Rel. Joaquim Barbosa,
julgamento em 21-10-2008, Segunda Turma, DJE de 28-11-2008; RE 385.311-AgR, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgamento em 12-8-2008, Primeira Turma, DJE de 26-9-2008. Vide: RE 543.943-
AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 30-11-2010, Segunda Turma, DJE de 15-2-2011.

6. PEDÁGIO
6.1. Pedágio possui natureza jurídica de tarifa – (Info 750)

O pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias NÃO tem natureza tributária, mas de
preço público, consequentemente, não está sujeito ao princípio da legalidade estrita.
STF. Plenário. ADI 800/RS, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 11/6/2014 (Info 750).

7. TAXAS
7.1. Inconstitucionalidade de taxa de combate a sinistros instituída por lei municipal –
(Info 871) – IMPORTANTE!!!

É inconstitucional taxa de combate a sinistros instituída por lei municipal.


A prevenção e o combate a incêndios são atividades desenvolvidas pelo Corpo de
Bombeiros, sendo consideradas atividades de segurança pública, nos termos do art. 144, V
e § 5º da CF/88. A segurança pública é atividade essencial do Estado e, por isso, é sustentada
por meio de impostos (e não por taxa).
Desse modo, não é possível que, a pretexto de prevenir sinistro relativo a incêndio, o
Município venha a se substituir ao Estado, com a criação de tributo sob o rótulo de taxa.
Tese fixada pelo STF: “A segurança pública, presentes a prevenção e o combate a incêndios,
faz-se, no campo da atividade precípua, pela unidade da Federação, e, porque serviço
essencial, tem como a viabilizá-la a arrecadação de impostos, não cabendo ao Município a
criação de taxa para tal fim.”
STF. Plenário. RE 643247/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 1º/8/17 (repercussão geral) (Info
871).
OBS:
A segurança pública é atividade essencial do Estado e, por isso, é sustentada por meio de
impostos (e não por taxa). Nesse sentido:
(...) A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal se consolidou no
sentido de que a atividade de segurança pública é serviço público
geral e indivisível, logo deve ser remunerada mediante imposto, isto
é, viola o artigo 145, II, do Texto Constitucional, a exigência de taxa
para sua fruição. (...)
STF. Plenário. ADI 1942, Rel. Min. Edson Fachin, j. 18/12/15.

O Estado-membro poderia criar uma taxa de combate a incêndio? Esse não era o objeto
principal da ação, mas o Min. Marco Aurélio (relator), durante os debates, sustentou que não.
Segundo ele, as atividades precípuas (principais) do Estado são viabilizadas mediante
arrecadação de impostos. Por sua vez, a taxa decorre do exercício do poder de polícia ou da
utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos à disposição. Assim, as atividades de segurança pública, dentre elas a
preservação e o combate a incêndios, devem ser sustentadas por meio de impostos, de forma
que nem mesmo o Estado poderia instituir validamente uma taxa para remunerar tais
serviços. Vale ressaltar, contudo, que esse tema não ficou expressamente decidido, havendo
vozes em sentido contrário, como a do Min. Roberto Barroso.

7.2. Base de cálculo da taxa municipal de fiscalização e funcionamento – (Info 870)

As taxas municipais de fiscalização e funcionamento não podem ter como base de cálculo o
número de empregados ou ramo de atividade exercida pelo contribuinte.
STF. 2ª Turma. ARE 990914/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 20/6/17 (Info 870).

A taxa de fiscalização e funcionamento pode ter como base de cálculo a área de fiscalização,
na medida em que traduz o custo da atividade estatal de fiscalização.
STF. 1ª Turma. RE 856185 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 04/08/15.

7.3. Princípio da legalidade tributária e lei que delega a fixação do valor da taxa para ato
infralegal, desde que respeitados os parâmetros máximos – (Info 844)

Não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto, possibilita o ato normativo
infralegal fixar o valor de taxa em proporção razoável com os custos da atuação estatal, valor
esse que não pode ser atualizado por ato do próprio conselho de fiscalização em percentual
superior aos índices de correção monetária legalmente previstos.
STF. Plenário. RE 838284/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 19/10/16 (repercussão geral) (Info 844).

7.4. Princípio da legalidade tributária e lei que delega a fixação do valor da taxa para ato
infralegal, desde que respeitados os parâmetros máximos – (Info 842)

Não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto, possibilita o ato normativo
infralegal fixar o valor de taxa em proporção razoável com os custos da atuação estatal, valor
esse que não pode ser atualizado por ato do próprio conselho de fiscalização em percentual
superior aos índices de correção monetária legalmente previstos.
STF. Plenário. RE 838284/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 06/10/16 (repercussão geral) (Info 842).

7.5. Súmula Vinculante 41 – (Info 777)

SÚMULA VINCULANTE 41-STF: O serviço de iluminação pública não pode ser


remunerado mediante taxa.

7.6. A segurança pública é atividade essencial do Estado e, por isso, é sustentada por meio
de impostos (e não por taxa). (SEM INFO) – (TRF1-2015)

A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal se consolidou no sentido de que a atividade


de segurança pública é serviço público geral e indivisível, logo, deve ser remunerada
mediante imposto, isto é, viola o artigo 145, II, do Texto Constitucional, a exigência de taxa
para sua fruição.
STF. Plenário. ADI 1942, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 18/12/2015.
(TRF1-2015-CESPE): A União instituiu taxa com a finalidade de remunerar a efetiva
atividade desenvolvida pela Força Nacional de Segurança Pública. Os cidadãos residentes
nas localidades de atuação da Força Nacional deverão pagar a taxa referente apenas ao
período em que essa atuação persistir. Nessa situação hipotética, a taxa a ser cobrada é
inconstitucional, uma vez que os serviços de segurança pública não podem ser usufruídos
individualmente, mas atendem a um número indeterminado de pessoas.

OBS: No mesmo sentido:


TRIBUTO. Taxa de Segurança Pública. É inconstitucional a taxa que
tenha por fato gerador a prestação de serviço de segurança pública,
ainda que requisitada por particular. Serviço Público indivisível e
não específico. Agravo regimental improvido. Precedentes. Dado
seu caráter uti universi, o serviço de segurança pública não é
passível de ser remunerado mediante taxa, atividade que só pode
ser sustentada pelos impostos (STF RE 536.639)

8. IPTU
8.1. Alíquota aplicável em caso de lei municipal declarada inconstitucional por prever
progressividade em função do valor do imóvel antes da EC 29/2000 – (Info 806)

Antes da EC 29/2000, a CF/88 permitia para o IPTU apenas a progressividade em razão da


função social da propriedade (art. 182, § 4º, II). A Constituição não previa, expressamente, a
progressividade em razão do valor do imóvel (art. 156, § 1º, I).
Ocorre que mesmo antes da EC 29/2000, muitos Municípios editaram leis prevendo
alíquotas progressivas em razão do valor do imóvel. O STF considera que essas leis são
inválidas:
Súmula 668-STF: É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da
emenda constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a
assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana.
Com a declaração de inconstitucionalidade da lei municipal, os contribuintes irão pagar o
IPTU com base em qual alíquota?
A mínima prevista. O STF firmou a seguinte tese: "Declarada inconstitucional a
progressividade de alíquota tributária, é devido o tributo calculado pela alíquota mínima
correspondente, de acordo com a destinação do imóvel."
STF. Plenário. RE 602347/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 4/11/2015 (repercussão
geral) (Info 806).
8.2. Impossibilidade de majoração da base de cálculo por meio de decreto – (Info 713)

A base de cálculo do IPTU é o VALOR VENAL do imóvel (art. 33 do CTN).


Os Municípios não podem alterar ou majorar, por decreto, a base de cálculo do IPTU, sob
pena de violação ao art. 150, I, da CF/88.
A simples atualização do valor monetário da base de cálculo poderá ser feita por decreto do
Prefeito. Assim, os Municípios podem atualizar, anualmente, o valor dos imóveis, com base
nos índices oficiais de correção monetária, visto que a atualização não constitui aumento de
tributo (art. 97, § 1º, do CTN) e, portanto, não se submete à reserva legal imposta pelo art.
150, I, da CF/88.
Conclusão: é inconstitucional a majoração, sem edição de lei em sentido formal, do valor
venal de imóveis para efeito de cobrança do IPTU acima dos índices oficiais de correção
monetária.
STF. Plenário. RE 648245/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 1/8/2013 (repercussão
geral) (Info 713).

(TJPI-2015-FCC): Banco Gaita S/A, instituição financeira regulamente constituída segundo


as leis brasileiras, com estabelecimento matriz em Porto Alegre, Estado do Rio Grande do
Sul e estabelecimento filial em Teresina, Estado do Piauí, onde desempenha suas atividades
empresariais em imóvel próprio. Em janeiro de 2015, o Banco Gaita S/A recebeu do
Município de Teresina o carnê para o pagamento do imposto predial e territorial urbano
(IPTU) devido em 2015. Surpresos, os dirigentes do Banco constataram significativo
aumento desse tributo em relação àquele devido em 2014. Além disto, antecipou-se a data
do pagamento do IPTU devido, se comparada àquela anteriormente fixada para liquidação
desse imposto municipal em 2014. Consultando a legislação municipal, os dirigentes do
Banco apuraram que, em novembro de 2014, a municipalidade editou decreto alterando a
data de pagamento desse imposto, corrigindo monetariamente o valor venal dos imóveis
pelo índice oficial de inflação, após o que, também por decreto, alterou as importâncias
constantes da planta genérica de valores em vista da elevação dos valores venais vigentes.
Neste caso, pode-se exigir o IPTU de 2015 na data de pagamento fixada para liquidação do
imposto em 2015, com correção monetária dos valores venais dos imóveis pelo índice oficial
de inflação, mas sem a alteração das importâncias constantes da planta genérica de valores
em vista da elevação dos valores venais vigentes.

Explicação:
1) Antecipação do vencimento do IPTU: norma que altera o prazo de recolhimento do
tributo não encerra majoração, e, portanto, não se submete aos princípios da legalidade ou
anterioridade (art. 150, I, da CF/88 e Súmula Vinculante 50);
2) Atualização da base de cálculo do IPTU: a atualização monetária também não constitui
majoração, não se submetendo à legalidade ou anterioridade (art. 150, I, da CF/88 e Súmula
160, STJ);
3) Aumento dos valores da planta genérica do IPTU: constitui majoração da base de
cálculo do IPTU, sendo preciso repeitar os princípios da legalidade e da anterioridade, à
exceção da noventena (art. 150, § 1º, da CF/88).
CONCLUSÃO: No caso, houve desrespeito ao regramento constitucional somente no que
toca ao princípio da legalidade, em relação ao aumento do valor das plantas genéricas.

(TJPR-2014-PUCPR): A lei que altere a base de cálculo do IPTU, majorando-o, não está
sujeita ao Princípio da Anterioridade Nonagesimal.

(TJPE-2013-FCC): Prefeito Municipal que entrou em exercício no dia primeiro de janeiro de


2013 baixou um decreto corrigindo monetariamente, conforme índice de correção lá
indicado, a Planta Genérica de Valores utilizada para apuração da base de cálculo do
Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana - IPTU e sobre o Imposto sobre a
Transmissão de Bens Imóveis por ato inter vivos a título oneroso - ITBI. Fez constar o
Prefeito que a vigência do decreto é imediata, a partir da data da publicação, já valendo para
o exercício de 2013. Inconformados com esta medida, que acabou por majorar a base de
cálculo do IPTU e do ITBI, alguns proprietários ingressaram em juízo questionando a
constitucionalidade do decreto.
9. ITR
9.1. Progressividade das alíquotas do ITR – (Info 890) – IMPORTANTE!!!

É constitucional a progressividade das alíquotas do ITR previstas na Lei nº 9.393/96 e que


leva em consideração, de maneira conjugada, o grau de utilização (GU) e a área do imóvel.
Essa progressividade é compatível com o art. 153, § 4º, I, da CF/88, seja na sua redação atual,
seja na redação originária, ou seja, antes da EC 42/2003.
Mesmo no período anterior à EC 42/2003, era possível a instituição da progressividade em
relação às alíquotas do ITR.
STF. 1ª Turma. RE 1038357 AgR/ SP, Rel. Min Dias Tóffoli, j. 6/2/2018 (Info 890).
OBS:
ITR: ITR é a sigla para Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Trata-se de um imposto
federal previsto no art. 153, VI, da CF/88, nos arts. 29 a 31 do CTN e na Lei nº 9.393/96. Veja
o texto da CF/88:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
VI - propriedade territorial rural;

Características:
 Imposto com finalidade extrafiscal.
 Imposto direto.
 Sujeito a lançamento por homologação.
 Deve respeitar os princípios da legalidade, da noventena e da anterioridade.

Fato gerador: Segundo a redação do art. 29 do CTN, o ITR tem como fato gerador:
- a propriedade
- o domínio útil ou
- a posse
- de um bem imóvel por natureza (como definido na lei civil)
- e que esteja localizado fora da zona urbana* do Município.

Como se define o que seja imóvel rural? O conceito de imóvel rural é dado por exclusão. O
CTN, em seu art. 32, §§ 1º e 2º, explica em que consiste o imóvel urbano para fins de incidência
do IPTU. Se o imóvel não se enquadrar em tais critérios, será considerado rural.
* Assim, em regra, o ITR incide apenas sobre imóveis rurais. Se o imóvel for urbano, o
imposto devido é o IPTU.

Por que se falou “em regra”? Existe alguma exceção? Existe hipótese em que o ITR incidirá
sobre imóvel localizado em zona urbana? SIM. Segundo o STJ, incide o ITR (e não o IPTU)
sobre imóveis comprovadamente utilizados para exploração extrativa, vegetal, agrícola,
pecuária ou agroindustrial, ainda que localizados em áreas consideradas urbanas pela
legislação municipal. Nesse sentido:
Não incide IPTU, mas ITR, sobre imóvel localizado na área urbana
do Município, desde que comprovadamente utilizado em
exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial.
STJ. 1ª Seção. REsp 1112646/SP, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 26/08/2009.

O fundamento para essa decisão do STJ está no art. 15 do DL 57/66:


Art. 15. O disposto no art. 32 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de
1966 (artigo do CTN que fala sobre o fato gerador do IPTU), não
abrange o imóvel de que, comprovadamente, seja utilizado em
exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial,
incidindo assim, sobre o mesmo, o ITR e demais tributos com o
mesmo cobrados.

Se o imóvel rural está tomado pelo “Movimento Sem-Terra” (MST), o proprietário continua
obrigado a pagar ITR? NÃO. Se o proprietário não detém o domínio ou a posse do imóvel
pelo fato de este ter sido invadido pelos “Sem-Terra”, não há fato gerador do ITR (STJ. 1ª
Turma. AgRg no REsp 1346328/PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
15/12/2016).

Sujeito passivo: O contribuinte do ITR é...


- o proprietário do imóvel
- o titular de seu domínio útil ou
- o seu possuidor a qualquer título.

O domicílio tributário do contribuinte do ITR é o município de localização do imóvel,


vedada a eleição de qualquer outro (art. 4º, parágrafo único, da Lei nº 9.393/96).

Responsável tributário: É responsável tributário pelo pagamento do ITR o sucessor, a


qualquer título, nos termos dos arts. 128 a 133 do CTN.

Obrigação propter rem: O ITR, assim como o IPTU, constitui-se em obrigação propter rem.
Isso significa que o sucessor do imóvel, a qualquer título, também deverá responder pelo
pagamento do tributo.

Se o imóvel tiver mais que um proprietário: Se o imóvel pertence a dois ou mais proprietários,
em condomínio, é legítimo exigir o pagamento do ITR, em sua totalidade, de todos ou de
qualquer deles, reservando-se ao que pagou a faculdade de ressarcir-se dos demais
devedores, na forma do art. 283 do Código Civil. STJ. 1ª Turma. REsp 1232344/PA, Rel. Min.
Teori Albino Zavascki, julgado em 17/11/2011.

Existe, aqui, uma solidariedade, nos termos do art. 124, I, do CTN:


Art. 124. São solidariamente obrigadas:
I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua
o fato gerador da obrigação principal;

Base de cálculo: A base do cálculo do ITR é o valor fundiário que, nos termos da Lei nº
9.393/96, consiste no valor da terra nua. Segundo o art. 10, § 1º, da Lei 9.393/96, para fins de
apuração do ITR deverá ser considerado o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a:
a) construções, instalações e benfeitorias;
b) culturas permanentes e temporárias;
c) pastagens cultivadas e melhoradas;
d) florestas plantadas;

Assim, como já dito, a base de cálculo é o valor da terra nua tributável, não importando
construções, plantações etc. Esse valor da terra nua deve ser calculado com base no preço de
mercado das terras, apurado em 1º de janeiro do ano de ocorrência do fato gerador.

Área tributável: Quando vai ser calculado o valor do ITR, é necessário considerar a área
tributável do imóvel, ou seja, a área total que será considerada para fins de incidência do
imposto. Isso porque determinadas áreas do imóvel podem ser excluídas do cálculo do valor
fundiário. Segundo o art. 10, § 1º, II, da Lei 9.393/96, a área tributável é igual à área total do
imóvel, excluídas as áreas:
a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas no
Código Florestal;
b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim
declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual,
e que ampliem as restrições de uso previstas na letra “a”;
c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração
agrícola, pecuária, granjeira, aquícola ou florestal, declaradas de
interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou
estadual;
d) sob regime de servidão florestal ou ambiental;
d) sob regime de servidão ambiental;
e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em
estágio médio ou avançado de regeneração;
f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas
hidrelétricas autorizada pelo poder público.

Assim, o art. 10, § 1º, II, da Lei nº 9.393/96 prevê que as áreas apontadas nas letras acima
listadas são partes do imóvel que estão isentas do pagamento de ITR.

Para que área de RESERVA LEGAL seja excluída da base de cálculo do ITR, é necessário que
o proprietário faça a averbação disso no registro de imóveis? SIM. O STJ entende que somente
é possível assegurar a isenção do ITR nesses casos se a área da reserva legal já estiver
averbada no registro do imóvel. A isenção de ITR prevista no art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº
9.393/96 depende de prévia averbação da área de reserva legal no registro do imóvel. STJ. 1ª
Turma. AgRg no REsp 1.243.685-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 5/12/2013
(Info 533).

Veja o texto legal:


Art. 10. (...)
§ 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerar-se-á:
(...)
II — área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas:
a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº
4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº
7.803, de 18 de julho de 1989;

Para que área de PRESERVAÇÃO PERMANENTE seja excluída da base de cálculo do ITR é
necessário que o proprietário faça a averbação disso no registro de imóveis? NÃO. As áreas
de preservação permanente são instituídas por lei, sendo, por isso, desnecessário que se faça
averbação no registro de imóveis.
(...) 1. Quando do julgamento do EREsp 1027051/SC (Rel. Min.
Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 21.10.2013), restou
pacificado que, "diferentemente do que ocorre com as áreas de
preservação permanente, as quais são instituídas por disposição
legal, a caracterização da área de reserva legal exige seu prévio
registro junto ao Poder Público".
2. Dessa forma, quanto à área de reserva legal, é imprescindível que
haja averbação junto à matrícula do imóvel, para haver isenção
tributária. Quanto às áreas de preservação permanente, no entanto,
como são instituídas por disposição legal, não há nenhum
condicionamento para que ocorra a isenção do ITR. (...)
STJ. 2ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1342161/SC, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 04/02/2014.

Não confunda:
 Área de reserva legal: é necessária a averbação no registro de imóveis ou inscrição no
CAR para que haja isenção do ITR;
 Área de preservação permanente: não é necessária a averbação no registro de imóveis
ou inscrição no CAR para que haja isenção do ITR.

Alíquotas: A menor alíquota do ITR é de 0,03% e a maior é de 20%. As alíquotas do ITR devem
ser progressivas, com o objetivo de desestimular a manutenção de propriedades
improdutivas, nos termos do art. 153, § 4º, da CF/88:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
VI - propriedade territorial rural;
(...)
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a
desestimular a manutenção de propriedades improdutivas;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42/2003)
Progressividade é uma técnica de tributação que tem como objetivo fazer com que os tributos
atendam à capacidade contributiva.

Na prática, a progressividade funciona da seguinte forma: a lei prevê alíquotas variadas para
o imposto e o aumento dessas alíquotas ocorre na medida em que se aumenta a base de cálculo.
Assim, na progressividade, quanto maior a base de cálculo, maior será a alíquota. O exemplo
comum citado pela doutrina é o do imposto de renda, que é progressivo. No IR, quanto maior
for a renda (BC), maior será o percentual (alíquota) do imposto. Quanto mais a pessoa ganha,
maior será a alíquota que irá incidir sobre seus rendimentos.

Progressividade do ITR: A Lei 9.393/96 estabeleceu que a progressividade do ITR deveria


levar em consideração dois critérios, a serem apreciados conjuntamente:
1) o grau de utilização da terra (quanto mais improdutiva, maiores
as alíquotas); e
2) a área da propriedade rural (quanto maior a área, maiores as
alíquotas).

Ocorre que o art. 153, § 4º, I, da CF/88 previu apenas o critério da produtividade, não falando
nada sobre a possibilidade de o ITR ser progressivo também em função da área do imóvel.
Diante disso, surgiu uma corrente defendendo que a Lei nº 9.393/96, ao estabelecer a
progressividade em razão da área do imóvel, seria inconstitucional por violar o art. 153, § 4º, I,
da CF/88.

Essa tese foi acolhida pelo STF? A Lei nº 9.393/96 violou a CF/88 ao prever alíquotas
progressivas em função do grau de utilização da propriedade e também em razão da área do
imóvel? NÃO. O STF não concordou com a tese e decidiu que:
É constitucional a progressividade das alíquotas do ITR previstas
na Lei nº 9.393/96 e que leva em consideração, de maneira
conjugada, o grau de utilização (GU) e a área do imóvel.
Essa progressividade é compatível com o art. 153, § 4º, I, da CF/88,
seja na sua redação atual, seja na redação originária, ou seja, antes
da EC 42/2003.
Mesmo no período anterior à EC 42/2003, era possível a instituição
da progressividade em relação às alíquotas do ITR.
STF. 1ª Turma. RE 1038357 AgR/ SP, Rel. Min Dias Tóffoli, julgado
em 6/2/2018 (Info 890).

A Lei nº 9.393/96 estabeleceu que a progressividade das alíquotas do ITR deveria levar em
consideração não só o grau de utilização da terra (GU), como também a área do imóvel, tendo
em vista que tais critérios não são isolados, mas sim conjugados. Assim, quanto maior for o
território rural e menor o seu aproveitamento, maior será a alíquota de ITR. Essa sistemática
potencializa a função extrafiscal do ITR e desestimula a manutenção de propriedade
improdutiva.

Progressividade do ITR era permitida mesmo antes da EC 42/2003: Vale ressaltar que a redação
do art. 153, § 4º, I, da CF/88 foi dada pela EC 42/2003. Compare:
Redação originária Redação dada pela EC 42/2003
Art. 153 (...) Art. 153 (...)
§ 4º O imposto previsto no inciso VI terá suas § 4º O imposto previsto no inciso VI do
alíquotas fixadas de forma a desestimular a caput:
manutenção de propriedades improdutivas I - será progressivo e terá suas alíquotas
e não incidirá sobre pequenas glebas rurais, fixadas de forma a desestimular a
definidas em lei, quando as explore, só ou manutenção de propriedades improdutivas;
com sua família, o proprietário que não (Incluído pela Emenda Constitucional nº
possua outro imóvel. 42/2003)

O STF registrou que, mesmo antes da EC 42/03, já era possível que a Lei instituísse alíquotas
progressivas do ITR, razão pela qual a Lei nº 9.393/96 nasceu compatível com o texto
constitucional. Nesse sentido:
(...) I – Nos termos do art. 145, § 1º, da CF, todos os impostos,
independentemente de seu caráter real ou pessoal, devem guardar
relação com a capacidade contributiva do sujeito passivo e,
tratando-se de impostos diretos, será legítima a adoção de
alíquotas progressivas.
II – Constitucionalidade da previsão de sistema progressivo de
alíquotas para o imposto sobre a propriedade territorial rural
mesmo antes da EC 42/2003. (...)
STF. 2ª Turma. RE 720945 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 09/09/2014.

Mas o ITR é um imposto real... mesmo assim ele pode ser progressivo? Mesmo não sendo um
imposto pessoal, o ITR pode ser progressivo? SIM. Para o STF, é irrelevante se um imposto é
real ou pessoal para fins de verificar se ele pode ou não se sujeitar à técnica da
progressividade. O § 1º do art. 145 da CF/88 não proíbe que os impostos reais sejam
progressivos. Nesse sentido: STF. Plenário. RE 562045/RS, rel. orig. Min. Ricardo
Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia, julgado em 6/2/2013 (Info 694).

Imunidade das pequenas glebas rurais: O art. 153, § 4º, II, da CF/88 prevê uma imunidade
tributária específica relacionada com o ITR:
Art. 153 (...)
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei,
quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel;

Alguns autores afirmam que a lei a que se refere o art. 153, § 4º, II, deveria ser uma lei
complementar já que se trata de limitação ao poder de tributar (art. 146, II, da CF/88). Apesar
disso, esse dispositivo foi regulamentado pela Lei nº 9.393/96, cujo art. 2º previu:
Art. 2º Nos termos do art. 153, § 4º, in fine, da Constituição, o
imposto não incide sobre pequenas glebas rurais, quando as
explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro
imóvel.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas rurais
são os imóveis com área igual ou inferior a :
I - 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia
Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense;
II - 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das
Secas ou na Amazônia Oriental;
III - 30 ha, se localizado em qualquer outro município.

No art. 3º, a Lei nº 9.393/96 criou hipóteses de isenção do ITR:


Art. 3º São isentos do imposto:
I - o imóvel rural compreendido em programa oficial de reforma
agrária, caracterizado pelas autoridades competentes como
assentamento, que, cumulativamente, atenda aos seguintes
requisitos:
a) seja explorado por associação ou cooperativa de produção;
b) a fração ideal por família assentada não ultrapasse os limites
estabelecidos no artigo anterior;
c) o assentado não possua outro imóvel.
II - o conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário, cuja área
total observe os limites fixados no parágrafo único do artigo
anterior, desde que, cumulativamente, o proprietário:
a) o explore só ou com sua família, admitida ajuda eventual de
terceiros;
b) não possua imóvel urbano.

Delegação da fiscalização e cobrança do ITR para os Municípios: Já vimos que o ITR é um


imposto federal. A CF/88 previu, contudo, uma interessante possibilidade. Segundo o art. 153,
§ 4º, III, da CF/88, se o Município quiser, poderá combinar com a União que ele (Município)
ficará responsável pela fiscalização e cobrança do ITR sobre os imóveis localizados em seu
território. Assim, por exemplo, o Município de Maués (AM) poderá optar por fiscalizar e
cobrar o ITR dos imóveis rurais localizados em sua circunscrição territorial. Veja:
Art. 153 (...)
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem,
na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou
qualquer outra forma de renúncia fiscal.

Qual é a vantagem para o Município de assumir esse encargo?


 Caso o Município faça a opção de fiscalizar e cobrar o ITR, ele receberá toda a
arrecadação desse imposto relativamente aos imóveis rurais situados em seu
território.
 Se ele não fizer essa opção, a fiscalização e cobrança ficarão a cargo da União e o
Município receberá 50% do produto da arrecadação do ITR relativa aos imóveis
rurais situados em seu território. É o que prevê o art. 158, II, da CF/88:
Art. 158. Pertencem aos Municípios:
(...)
II - cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto da
União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos
imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a
que se refere o art. 153, § 4º, III;

10. IMPOSTO DE RENDA


10.1. Aumento de alíquota e irretroatividade – (Info 810)

É inconstitucional a aplicação retroativa de lei que majora a alíquota incidente sobre o lucro
proveniente de operações incentivadas ocorridas no passado, ainda que no mesmo ano-
base, tendo em vista que o fato gerador se consolida no momento em que ocorre cada
operação de exportação, à luz da extrafiscalidade da tributação na espécie.
A Súmula 584 do STF permanece válida. No entanto, este enunciado não se aplica para as
hipóteses em que o tributo tenha função extrafiscal.
STF. Plenário. RE 592396/SP, Rel. Min. Edson Fachin, j. 3/12/15 (repercussão geral) (Info 810).
OBS: Vejamos o teor da Súmula 584 do STF:
Súmula 584-STF: Ao imposto de renda calculado sobre os
rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício
financeiro em que deve ser apresentada a declaração.

10.2. Regime de caixa previsto no art. 12 da Lei 7.713/88 é inconstitucional – (Info 764)

O art. 12 da Lei n. 7.713/1988 afirma que se a pessoa receber rendimentos acumuladamente,


o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos. Assim,
se o indivíduo recebe, em um só mês, uma indenização trabalhista ou algum benefício
previdenciário que estava atrasado, acaba sendo punido duas vezes. Isso porque ele deveria
ter recebido as parcelas na época própria, mas não aconteceu. Quando finalmente consegue
auferi-las, é tributado com uma alíquota superior de imposto de renda em virtude do valor
recebido considerado globalmente.
Por essa razão, para ao STF, o art. 12 é INCONSTITUCIONAL.
A alíquota do IR deve ser a correspondente ao rendimento recebido pela pessoa mês a mês
(regime de competência), e não aquela que incidiria sobre valor total pago de uma única vez
(regime de caixa), e, portanto, mais alta.
STF. Plenário. RE 614406/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Marco
Aurélio, julgado em 23/10/2014 (repercussão geral) (Info 764).

11. ICMS
11.1. É inconstitucional norma de Constituição Estadual que confira competência ao TCE
para homologar os cálculos das cotas do ICMS devidas aos Municípios – (Info 921)

O ICMS é um imposto de competência estadual. Apesar disso, o art. 158, inciso IV da CF/88
determina que o Estado deverá repassar 25% da receita do ICMS aos Municípios. Esse
repasse será realizado após cálculos que são feitos para definir o valor da cota-parte que
caberá a cada Município, segundo critérios definidos pelo art. 158, § único, da CF/88 e pela
lei estadual.
A Constituição do Estado do Amapá previu que seria competência do TCE homologar os
cálculos das cotas do ICMS devidas aos Municípios.
Este dispositivo é inconstitucional.
Sujeitar o ato de repasse de recursos públicos à homologação do TCE representa ofensa ao
princípio da separação e da independência dos Poderes.
STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 25/10/18 (Info 921).
OBS:
Repartição do ICMS: É um imposto de competência estadual. A CF/88 determina que o Estado
deverá repassar 25% da receita do ICMS aos Municípios. Veja:
Art. 158. Pertencem aos Municípios:
(...)
IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto
do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e
sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação.

A CF/88 determina ainda que seja feito um cálculo para que os Municípios onde ocorreram
os fatos geradores do ICMS (ex: venda da mercadoria) recebam mais que os outros. Assim,
os Municípios nos quais mais se vendeu mercadorias (p. ex.) que geraram o recolhimento de
ICMS receberão, em tese, cotas maiores de repasse. Confira o texto constitucional:
Art. 158 (...)
Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Municípios,
mencionadas no inciso IV, serão creditadas conforme os seguintes
critérios:
I - três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas
operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de
serviços, realizadas em seus territórios;
II - até um quarto, de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no
caso dos Territórios, lei federal.

Vale ressaltar que, no mínimo, 3/4 dos 25% a que os Municípios têm direito deverão obedecer
a esse critério. No entanto, é possível que no 1/4 restante o Estado adote outros critérios para
repartir o valor do ICMS.

Resumindo: Municípios têm direito a 25% do ICMS. Desses 25%:


 3/4 (no mínimo) deverão ser repartidos proporcionalmente ao volume de operações
de circulação de mercadorias e de prestação de serviços ocorridos nos Municípios.
Municípios maiores, ou seja, com mais vendas e serviços, receberão mais.

 1/4 (no máximo) deverão ser repartidos conforme critérios que o Estado definir em
lei estadual. Ex: receberão mais os Municípios com maior preservação do meio
ambiente, com menor IDH, com maior população etc.

Assim, a cota-parte que será repassada a cada Município depende desses cálculos.

Competência do TCE para homologar os cálculos: A Constituição do Estado do Amapá previu


a seguinte competência para o TCE:
Art. 112. O controle externo, a cargo da Assembleia Legislativa, será
exercido com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado, ao qual
compete: (...)
XVII - homologar os cálculos das cotas do ICMS devidas aos
Municípios;

Desse modo, a CE/AP estabeleceu que, após serem feitos os cálculos de quanto cada Município
deverá receber a título de ICMS (normalmente este cálculo é feito pela Secretaria de Fazenda),
o TCE deverá homologar ou não esse resultado. A Assembleia Legislativa do Amapá
argumentou que essa competência poderia ser concedida ao TCE considerando que a CF/88
conferiu ao TCU a competência para realizar os cálculos das quotas relacionadas com os
Fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM), nos termos do art. 161,
parágrafo único:
Art. 161. Cabe à lei complementar: (...)
II - estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que trata o
art. 159, especialmente sobre os critérios de rateio dos fundos
previstos em seu inciso I, objetivando promover o equilíbrio sócio-
econômico entre Estados e entre Municípios;
(...)
Parágrafo único. O Tribunal de Contas da União efetuará o cálculo
das quotas referentes aos fundos de participação a que alude o inciso
II.

A ALE/AP alegou, portanto, que o art. 112, XVII, foi inspirado no § único do art. 161 da CF/88
e que, portanto, poderia ser reputado, constitucional em homenagem ao princípio da simetria.

Essa previsão do art. 112, XVII, da CE/AP é constitucional? NÃO. Sujeitar o ato de repasse de
recursos públicos à homologação do Tribunal de Contas do Estado representa ofensa ao
princípio da separação e da independência dos Poderes. Como o TCE é um órgão auxiliar da
Assembleia Legislativa, o STF entendeu que, condicionar o repasse das cotas-partes dos
Municípios à homologação do TCE significaria, ao fim e ao cabo, condicionar este
pagamento à ingerência da Assembleia Legislativa. Para os Ministros, não há semelhança
entre a atividade de gerenciamento dos Fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos
Municípios (FPM), exercida pelo TCU com base no art. 161, parágrafo único da CF/88, com a
homologação dos cálculos de quotas do ICMS pelo TCE. Não há que se falar em simetria neste
caso porque inexiste simetria entre os Fundos de Participação e quotas de repasse de ICMS.
São situações distintas. No caso do FPE e do FPM, o próprio TCU efetua os cálculos das quotas-
partes cabíveis aos entes federados à luz de estimativas demográficas fornecidas pelo IBGE.
Os fundos de participação são de natureza contábil, desprovidos de personalidade jurídica e
de gerenciamento do TCU por força da CF/88. Situação diversa diz respeito ao repasse
obrigatório às municipalidades das verbas arrecadadas pelo estado-membro referente ao
ICMS, uma vez que não é fundo financeiro e possui relativa liberdade de conformação. Dessa
forma, o TCE é completamente alheio ao processo de definição dos critérios das quotas, da
mesma forma que o TCU não participa dos repasses na arrecadação de tributos federais, como
o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Como já foi cobrado em concursos:


 (Procurador do Tribunal de Contas - TCE-AP - FCC - 2010) Nos termos da Lei Orgânica
do Tribunal de Contas do Estado do Amapá, compete ao Tribunal de Contas
homologar os cálculos das quotas do ICMS e do IPVA devidas aos municípios
(ERRADO)

11.2. É válida lei estadual que dispõe acerca da incidência do ICMS sobre operações de
importação editada após a vigência da EC 33/2001, mas antes da LC 114/2002 – (Info 887) –
IMPORTANTE!!! MUDANÇA DE ENTENDIMENTO!!!

É válida lei estadual que dispõe acerca da incidência do ICMS sobre operações de
importação editada após a vigência da EC 33/01 (12/12/01), mas antes da LC federal 114/2002,
visto que é plena a competência legislativa estadual enquanto inexistir lei federal sobre
norma geral, conforme art. 24, § 3º, da CF/88.
Nesse sentido, o STF julgou válida lei do Estado de SP, editada em 21/12/01, que prevê a
incidência de ICMS sobre importação de veículo por pessoa física e para uso próprio. Não
há inconstitucionalidade uma vez que a lei foi editada após a EC 33/2001, que autorizou a
tributação.
STF. 2ª Turma. ARE 917950/SP, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ ac. Min. Gilmar Mendes,
j. 5/12/17 (Info 887).
OBS:
O ICMS é um imposto estadual previsto no art. 155, II, da CF e na LC 87/96:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre:
II — operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal
e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se
iniciem no exterior;

Principais características do imposto:


 plurifásico: incide sobre o valor agregado, obedecendo-se ao princípio da não-
cumulatividade;
 real: as condições da pessoa são irrelevantes;
 proporcional: não é progressivo;
 fiscal: tem como função principal a arrecadação.

Fatos geradores: Eduardo Sabbag afirma que, resumidamente, o ICMS pode ter os seguintes
fatos geradores (Manual de Direito Tributário. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 1061):
 circulação de mercadorias;
 prestação de serviços de transporte intermunicipal;
 prestação de serviços de transporte interestadual;
 prestação de serviços de comunicação.

Vale ressaltar que incide o ICMS mesmo que “as operações e as prestações se iniciem no exterior”
(art. 155, II, da CF/88).

ICMS importação: A CF/88 prevê que haverá cobrança de ICMS nos casos de mercadoria
importada do exterior ou nas hipóteses de serviço prestado no exterior. Ex: uma empresa que
fabrica roupas deverá pagar ICMS se importou da China uma máquina têxtil para utilizar em
sua linha de produção. Até aqui, tudo bem, sem muitas dúvidas. A polêmica está na resposta
para as três perguntas a seguir:
 Se a pessoa que importou a mercadoria era uma pessoa física não contribuinte
habitual do imposto, haveria incidência de ICMS?

 Se a pessoa que importou a mercadoria era uma pessoa jurídica não comerciante (não
contribuinte habitual do imposto), haveria incidência de ICMS?

 Se a mercadoria foi importada pela empresa sem finalidade comercial (não seria
utilizada em sua cadeia produtiva), mesmo assim haveria incidência de ICMS?

A resposta para tais perguntas irá depender do momento em que foi realizado o FG, isto é, se
antes ou depois da EC 33/2001.

Redação originária da CF/88 Redação atual da CF/88


(antes da EC 33/2001) (depois da EC 33/2001)
Resposta: NÃO Resposta: SIM

O STF entendeu que a redação do art. 155, § O Governo, com o objetivo de modificar esse
2º, IX, “a”, da CF/88 não autorizava a entendimento do STF e autorizar a cobrança
cobrança do ICMS importação nos três casos do ICMS, editou a EC 33/01 alterando a
acima listados. redação do art. 155, 2º, IX.
Só pagava o ICMS importação quem fosse Assim, atualmente, com a redação dada pela
contribuinte habitual do imposto. EC 33/01, o ICMS incide sobre toda e
qualquer importação.
Independentemente de a pessoa ser
contribuinte ou não do ICMS, deverá pagar
o ICMS importação.
Veja a redação originária da CF/88: Veja a redação atual da CF/88:
Incide também o ICMS: Incide também o ICMS:
a) sobre a entrada de mercadoria importada do a) sobre a entrada de bem ou mercadoria
exterior, ainda quando se tratar de bem destinado importados do exterior por pessoa física ou
a consumo ou ativo fixo do estabelecimento, assim jurídica, ainda que não seja contribuinte
como sobre serviço prestado no exterior, cabendo habitual do imposto, qualquer que seja a sua
o imposto ao Estado onde estiver situado o finalidade, assim como sobre o serviço prestado
estabelecimento destinatário da mercadoria ou do no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde
serviço; estiver situado o domicílio ou o estabelecimento
do destinatário da mercadoria, bem ou serviço;
Na época, o STF chegou a editar uma súmula Diante da nova redação da CF/88, o
espelhando seu entendimento: entendimento exposto nessa Súmula 660
Súmula 660-STF: Não incide ICMS na está SUPERADO. A referida súmula não
importação de bens por pessoa física ou jurídica vale mais.
que não seja contribuinte do imposto.

O STF, ao analisar o impacto desta EC 33/01, assim decidiu:


Após a EC 33/01, é CONSTITUCIONAL a instituição do ICMS
incidente sobre a importação de bens, sendo irrelevante a
classificação jurídica do ramo de atividade da empresa importadora.
Antes da EC 33/01 essa prática era inconstitucional.
As leis estaduais anteriores à EC 33/01 que previam a cobrança de
ICMS importação para pessoas que não fossem contribuintes
habituais de imposto são inválidas, considerando que o sistema
jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade
superveniente.
Para ser constitucionalmente válida a incidência do ICMS sobre
operações de importação de bens, as modificações no critério
material na base de cálculo e no sujeito passivo da regra-matriz
deveriam ter sido realizadas em lei posterior à EC 33/01.
A súmula 660 do STF está superada.
STF. Plenário. RE 439796/PR; RE 474267/RS, Rel. Min. Joaquim
Barbosa, j. 6/11/13 (repercussão geral) (Info 727).

LC 114/02: A fim de adequar a legislação do ICMS à nova disciplina da EC 33/01, o Congresso


Nacional editou a LC 114/02, alterando a LC 87/96 (que trata do ICMS) para regular os casos
de ICMS importação. Dessa forma, a LC 114/02, que entrou em vigor em 17/12/02, foi editada
com o objetivo de prever expressamente, na legislação infraconstitucional, a possibilidade
de ICMS sobre a importação.

As leis estaduais editadas antes da EC 33/01 e que autorizavam a incidência do ICMS


importação em todos os casos foram “validadas” com a edição da EC 33/2001? NÃO. Os
Estados-membros que se precipitaram e previram em suas leis estaduais a incidência do ICMS
importação em todos os casos fizeram isso sem o necessário fundamento de validade
constitucional. Logo, as leis estaduais e os lançamentos tributários realizados antes da EC
33/01 são inválidos, considerando que o sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da
constitucionalidade superveniente.

As leis estaduais autorizando a incidência do ICMS importação e que foram editadas após a
EC 33/01, mas antes da LC federal 114/2002 são válidas? SIM.

Veja o que diz o art. 24, § 3º da CF/88 invocado como fundamento para a validade das leis
estaduais editadas após a EC 33/2001 e antes da LC federal 114/2002.
Art. 24 (...)
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão
a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

11.3. Inconstitucionalidade de lei estadual que concede vantagens no parcelamento do


ICMS para empresas que aderirem a programa de geração de empregos – (Info 856)

É inconstitucional lei estadual que concede, sem autorização de convênio interestadual,


vantagens no parcelamento de débitos do ICMS para empresas que aderirem a programa de
geração de empregos.
O Estado-membro só pode conceder benefícios de ICMS se isso tiver sido previamente
autorizado por meio de convênio celebrado com os demais Estados-membros e DF, nos
termos do art. 155, § 2º, XII, “g”, da CF/88 e o art. 1º da LC 24/75.
A concessão unilateral de benefícios de ICMS sem previsão em convênio representa um
incentivo à guerra fiscal.
STF. Plenário. ADI 3796/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 8/3/17 (Info 856).

11.4. Inconstitucionalidade de lei estadual que concede isenção de ICMS para empresas
patrocinadoras de bolsas de estudo – (Info 856)

É inconstitucional lei estadual que concede, sem autorização de convênio interestadual,


dedução de ICMS para empresas que patrocinarem bolsas de estudo para professores.
O Estado-membro só pode conceder isenção de ICMS se isso tiver sido combinado com os
demais Estados-membros/DF por meio de um convênio. É o que prevê o art. 155, § 2º, XII,
“g”, da CF/88 e o art. 1º da LC 24/75.
STF. Plenário. ADI 2663/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 8/3/2017 (Info 856).

11.5. Constitucionalidade de regime tributário opcional com redução da base de cálculo


condicionada à renúncia ao regime de apuração normal de créditos e débitos – (Info 855)

No Rio Grande do Sul foi editada uma lei prevendo que as empresas transportadoras teriam
duas opções de tributação do ICMS:
1ª) poderiam continuar com o sistema normal de créditos e débitos inerente ao ICMS;
2ª) poderiam aderir a um regime tributário opcional no qual teriam a redução da base de
cálculo para o percentual de 80%, condicionada ao abandono do regime de apuração normal
de créditos e débitos.
O STF entendeu que não é inconstitucional lei estadual que permita que o contribuinte opte
por um regime especial de tributação de ICMS com base de cálculo reduzida, mediante
expressa renúncia ao aproveitamento de créditos relativos ao imposto pago em operações
anteriores, ainda que proporcional. Esta norma não viola o princípio da não cumulatividade.
Assim, se a empresa contribuinte optar pelo sistema da base de cálculo reduzida, não terá
direito ao creditamento de ICMS.
STF. 1ª Turma. AI 765420 AgR-segundo/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Rosa Weber, j. 21/2/17 (Info 855).

11.6. Reconhecida a omissão do Congresso Nacional em editar a LC de que trata o art. 91 do


ADCT – (Info 849)

O ICMS é um imposto estadual. A CF/88 e a LC 87/96 determinaram que não deveria incidir
ICMS nas operações e prestações destinadas ao exterior. Como isso causou uma perda de
arrecadação, foi prevista uma forma de compensação por meio da qual a União deveria
transferir recursos aos Estados.
Os critérios para compensar os Estados por conta das desonerações de ICMS sobre as
exportações estão previstos no art. 91 do ADCT.
O caput do art. 91 exige que seja editada uma nova lei complementar para regulamentar os
critérios de compensação dos Estados. No entanto, o § 3º prevê que, até a edição da nova lei
complementar, devem ser adotados para o repasse os critérios estabelecidos no Anexo da
LC 87/96, com a redação da LC 115/2002.
Como já se passaram muitos anos sem que o Congresso Nacional tenha editado a lei
complementar de que trata o art. 91 do ADCT, foi proposta uma ADI por omissão por conta
desta lacuna.
O STF julgou procedente a ação e declarou haver mora, por parte do Congresso Nacional,
em editar a aludida lei complementar. Diante disso, o STF fixou um prazo de 12 meses para
que o Legislativo faça a lei.
Na decisão, o STF consignou que, se for ultrapassado o prazo de 12 meses sem que a lei seja
editada, o Tribunal de Contas da União (TCU) deverá:
a) fixar o valor total a ser transferido anualmente aos Estados-Membros e ao Distrito
Federal, considerando os critérios dispostos no art. 91 do ADCT, a saber, as exportações para
o exterior de produtos primários e semielaborados, a relação entre as exportações e as
importações, os créditos decorrentes de aquisições destinadas ao ativo permanente e a
efetiva manutenção e aproveitamento do crédito do imposto a que se refere o art. 155, § 2º,
X, “a”, do texto constitucional;
b) calcular o valor das quotas a que cada um fará jus, levando em conta os entendimentos
entre os Estados-Membros e o Distrito Federal realizados no âmbito do Conselho Nacional
de Política Fazendária (Confaz).
STF. Plenário. ADO 25/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 30/11/16 (Info 849).
OBS:
Dever constitucional de legislar: Existe, no caso, um dever constitucional de legislar, previsto
no art. 91 do ADCT, e uma omissão legislativa que perdura por mais de 13 anos. Isso traz
consequências econômicas relevantes, sobretudo em relação a determinados Estados-
Membros. Embora falte a lei complementar exigida pela Constituição, a legislação em vigor
traz critérios provisórios para os repasses. Isso, entretanto, não basta para afastar a omissão em
debate. Ao contrário, o sentido de provisoriedade do § 2º do art. 91 do ADCT só confirma a
lacuna legislativa e não tem o condão de convalidá-la. Está, portanto, configurado o estado de
inconstitucionalidade por omissão, em razão de mora do Poder Legislativo.

11.7. Judiciário não pode alterar os critérios de compensação das desonerações de ICMS
decorrentes das exportações previstos no art. 91 do ADCT e na LC 87/96 – (Info 849)

O ICMS é um imposto estadual. A CF/88 e a LC 87/96 determinaram que não deveria incidir
ICMS nas operações e prestações destinadas ao exterior. Como isso causou uma perda de
arrecadação, foi prevista uma forma de compensação por meio da qual a União deveria
transferir recursos aos Estados.
Os critérios para compensar os Estados por conta das desonerações de ICMS sobre as
exportações estão previstos no art. 91 do ADCT.
O caput do art. 91 exige que seja editada uma nova lei complementar para regulamentar os
critérios de compensação dos Estados. No entanto, o § 3º prevê que, até a edição da nova lei
complementar, devem ser adotados para o repasse os critérios estabelecidos no Anexo da
LC 87/96, com a redação da LC 115/02. Portanto, o próprio texto constitucional transitório já
previu a solução a ser adotada até a vinda da nova lei complementar.
Dessa forma, o Poder Judiciário não pode alterar os índices de repasse da União aos Estados
previstos no art. 91 do ADCT e na LC 87/96, criando novos critérios. Tal atitude equivaleria
a uma inovação no ordenamento jurídico contra o direito posto, violando a cláusula da
separação dos Poderes.
STF. Plenário. ACO 1044/MT, Rel. Min. Luiz Fux, j. 30/11/16 (Info 849).

11.8. Substituição tributária progressiva e restituição do ICMS pago a mais quando a BC


efetiva da operação for inferior à presumida – (Info 844) – IMPORTANTE!!! ATUALIZE SEUS
LIVROS!!! – (TJMG-2018)

É devida a restituição da diferença do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços


(ICMS) pago a mais, no regime de substituição tributária para a frente, se a base de cálculo
efetiva da operação for inferior à presumida.
STF. Plenário. ADI 2675/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski e ADI 2777/SP, red. p/ o ac.
Min. Ricardo Lewandowski, j. 19/10/16 (Info 844).
STF. Plenário. RE 593849/MG, Rel. Min. Edson Fachin, j. 19/10/16 (repercussão geral) (Info
844).

(TJMG-2018-Consulplan): De acordo com o art. 150, §7º, da CR, à luz da cláusula de


restituição do excesso e respectivo direito à restituição, é devido ao contribuinte passivo a
diferença do pago a mais no regime de substituição tributária para frente se a base de cálculo
efetiva da operação for inferior à que se concretize empiricamente no fato gerador
presumido. BL: art. 150, §7º e Info 844 do STF.

(AGU-2015-CESPE): Por dispositivo legal expresso, a obrigação de recolhimento de


determinado imposto foi atribuída a pessoa diversa da do contribuinte, devendo esse
pagamento ser feito antecipadamente, em momento prévio à ocorrência do fato gerador,
previsto para ocorrer no futuro. Na situação considerada, trata-se do instituto denominado
substituição tributária progressiva, que tem previsão expressa relativa ao ICMS.

OBS:
O ICMS é um imposto estadual previsto no art. 155, II, da CF e na LC 87/96:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre:
II — operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal
e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem
no exterior;

Principais características do imposto:


 plurifásico: incide sobre o valor agregado, obedecendo-se ao princípio da não-
cumulatividade;
 real: as condições da pessoa são irrelevantes;
 proporcional: não é progressivo;
 fiscal: tem como função principal a arrecadação.

Fatos geradores: Eduardo Sabbag afirma que, resumidamente, o ICMS pode ter os seguintes
fatos geradores (Manual de Direito Tributário. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 1061):
 circulação de mercadorias;
 prestação de serviços de transporte intermunicipal;
 prestação de serviços de transporte interestadual;
 prestação de serviços de comunicação.

Substituição tributária progressiva: Também chamada de substituição tributária “para frente”


ou subsequente, é uma técnica de arrecadação de alguns impostos, em especial o ICMS. Na
substituição tributária progressiva, a lei prevê que o tributo deverá ser recolhido antes mesmo
que ocorra o fato gerador. Desse modo, primeiro há um recolhimento do imposto e o fato
gerador se dará em um momento posterior. Diz-se, então, que o fato gerador é presumido
porque haverá o pagamento do tributo sem ter certeza de que ele irá acontecer.

A substituição tributária progressiva é prevista na própria CF/88:


Art. 150 (...)
§ 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a
condição de responsável pelo pagamento de imposto ou
contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente,
assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga,
caso não se realize o fato gerador presumido.

Vale ressaltar que, mesmo antes da EC 3/93, que incluiu esta previsão na CF/88, os Estados já
adotavam a técnica da substituição tributária progressiva e o STF considerava legítima. Assim,
mesmo antes da EC 3/93 era possível a substituição tributária para a frente.
Exemplo dado por Ricardo Alexandre: “A” é uma refinaria de combustíveis que vende a
gasolina para os distribuidores (“B”), que revendem para os postos de gasolina (“C”), que, por
fim, vendem ao consumidor final (“D”). Para o Estado é mais fácil cobrar de “A” todo o tributo
que irá incidir sobre a cadeia produtiva. Assim, “A” pagará o imposto por ele devido como
contribuinte e também os impostos que irão incidir sobre as vendas futuras (nesse caso, pagará
como substituto tributário/responsável tributário). (ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário
esquematizado. 10ª ed. São Paulo: Método, 2016, p. 317-319).

Veja como fica a cadeia de vendas e a incidência do imposto:


 “A” vende para “B” (“A” paga o tributo como contribuinte e também já paga, como
responsável tributário, o imposto relacionado com as vendas futuras).
 “B” vende para “C” (“B” não pagará mais o imposto, uma vez que este já foi pago por
“A”, como substituto tributário).
 “C” vende para os consumidores (“C” não pagará o imposto, uma vez que este já foi
pago por “A”, como substituto).

Assim, todo o tributo é pago de uma só vez por “A”, sendo calculado sobre o valor pelo qual
se presume que a mercadoria será vendida ao consumidor. (ALEXANDRE, Ricardo, p. 319).

E se o fato gerador presumido não ocorrer? Ex: a refinaria pagou o imposto relacionado com
as vendas futuras na qualidade de responsável tributário; suponhamos, no entanto, que houve
um acidente no distribuidor e ele perdeu toda a gasolina que revenderia; logo, o FG que se
presumiu que ocorreria não aconteceu, apesar de o imposto já ter sido pago. O que fazer neste
caso? A CF/88 determina expressamente que, se o fato gerador presumido não se realizar, a
Administração Pública deverá restituir a quantia paga, de forma imediata e preferencial (art.
150, § 7º).

E se o fato gerador presumido ocorrer, mas com um valor diverso do que foi presumido e
calculado? Ex: a refinaria pagou o imposto relacionado com as vendas futuras na qualidade
de responsável tributário; suponhamos que o imposto foi calculado presumindo que o
distribuidor venderia o combustível por R$ 1,00 o litro, mas, na realidade, diante de uma crise
no mercado, ele só conseguiu vender por R$ 0,70; logo, a base de cálculo do imposto (valor da
mercadoria efetivamente vendida) foi inferior àquela que havia sido presumida; diante disso,
na prática, pagou-se um valor de imposto maior do que o que seria realmente devido. O que
fazer neste caso? Haverá direito à restituição do valor pago a mais de imposto? SIM. O STF
decidiu que é devida a restituição da diferença do ICMS pago a mais, no regime de substituição
tributária para a frente, se a base de cálculo efetiva da operação for inferior à presumida.

A substituição tributária, prevista no art. 150, § 7º, da CF/88, tem como fundamento o princípio
da praticidade. Por meio desta técnica, o Estado consegue comodidade, economicidade e
eficiência na execução administrativa das leis tributárias. No entanto, a praticidade tributária
encontra freio nos princípios da igualdade, capacidade contributiva e vedação do confisco,
bem como na arquitetura de neutralidade fiscal do ICMS.

Desse modo, é papel do Poder Judiciário tutelar situações que extrapolem o limite da
razoabilidade, como é o caso em tela, no qual o contribuinte paga um valor maior do que
efetivamente devido, tendo, portanto, direito de ser restituído.

Para o Min. Edson Fachin, a tributação não pode se transformar em uma ficção jurídica, em
uma presunção absoluta (juris et de jure) na qual o fato gerador presumido assuma um caráter
definitivo e sejam desprezadas as variações decorrentes do processo econômico.

Não permitir a restituição nestes casos representaria injustiça fiscal inaceitável em um Estado
Democrático de Direito, fundado em legítimas expectativas emanadas de uma relação de
confiança e justeza entre Fisco e contribuinte. Desse modo, a restituição do excesso atende ao
princípio que veda o enriquecimento sem causa, haja vista a não ocorrência da materialidade
presumida do tributo.
Precedente anterior do STF em sentido diferente e overriding: Em 1997, 23 Estados-membros
assinaram, o Convênio ICMS 13/97, no qual previram que eles iriam adotar a sistemática da
substituição tributária para frente na cobrança do ICMS. Uma das cláusulas deste Convênio
afirmava que se a base de cálculo efetiva da operação fosse inferior à presumida, não haveria
restituição do ICMS cobrado a maior (cláusula segunda).

Este Convênio foi impugnado por meio de uma ADI, tendo o STF, em 2002, julgado
improcedente a ação, declarando que essa previsão de não-restituição do imposto não violava
a Constituição Federal. Em outras palavras, o STF, ao contrário de agora, decidiu que não
deveria haver a restituição do imposto caso a base de cálculo efetiva fosse menor do que aquela
presumidamente calculada. Veja trecho da ementa:

(...) O fato gerador presumido, por isso mesmo, não é provisório,


mas definitivo, não dando ensejo a restituição ou complementação
do imposto pago, senão, no primeiro caso, na hipótese de sua não-
realização final. Admitir o contrário valeria por despojar-se o
instituto das vantagens que determinaram a sua concepção e
adoção, como a redução, a um só tempo, da máquina-fiscal e da
evasão fiscal a dimensões mínimas, propiciando, portanto, maior
comodidade, economia, eficiência e celeridade às atividades de
tributação e arrecadação. (...)
STF. Plenário. ADI 1851, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgado em
08/05/2002.

Todos os Ministros que votaram pela rejeição da ADI 1851 já saíram do STF e houve, no caso,
um overriding, que ocorre quando o Tribunal supera parcialmente um entendimento anterior
da própria Corte, modificando o âmbito de incidência do precedente.

E por que se diz que houve uma superação parcial? Porque o caso julgado na ADI 1851 não é
idêntico ao que foi apreciado novamente pela Corte. Na ADI 1851 estava sendo analisada uma
espécie de substituição tributária facultativa, na qual a empresa poderia aderir ou não e, se
aderisse, teria direito a alguns incentivos fiscais, tendo, por outro lado, que seguir as regras do
Convênio, que não previa a restituição.

Nas ADI 2675/PE e ADI 2777/SP e no RE 593849/MG estava sendo discutida substituição
tributária obrigatória, na qual o contribuinte tinha que compulsoriamente aderir.

Esta distinção, contudo, não é mais importante. Isso porque a tese fixada no RE 593849/MG
foi bastante ampla e enfática, abrangendo inclusive os casos envolvendo o Convênio ICMS
13/97, que já havia sido julgado constitucional e que agora não é mais válido.

Vale ressaltar que Pernambuco e São Paulo, que não aderiram ao Convênio, possuem leis
estaduais que determinam a restituição caso a base de cálculo da operação seja menor. Desse
modo, tais leis estaduais, ao contrário do Convênio, asseguram o direito aos contribuintes.
Referidas leis estaduais também foram questionadas no STF e a Corte decidiu que tais atos
normativos estão corretos ao assegurar a restituição caso haja um pagamento antecipado do
ICMS a maior. Por isso, as ADI 2675/PE e ADI 2777/SP propostas contra as leis foram julgadas
improcedentes.

Assim, atualmente, não importa se a sistemática da substituição tributária é facultativa ou


obrigatória para o contribuinte. Também não importa se o Estado-membro é ou não signatário
do Convênio ICMS 13/97 ou se ele possui lei local tratando o tema. Se for realizada a técnica
da substituição tributária progressiva e a base de cálculo efetiva da operação for inferior à
presumida, será devida a restituição da diferença do ICMS pago a mais.

STF não está vinculado aos efeitos de suas decisões anteriores: As decisões definitivas de
mérito proferidas pelo STF em ADI produzem eficácia contra todos e efeito vinculante. Tais
efeitos, contudo, não vinculam o próprio STF. Assim, se o STF decidiu, em uma ADI, que
determinado ato normativo é constitucional, a Corte poderá, mais tarde, mudar seu
entendimento e decidir que este mesmo ato é inconstitucional. Isso para evitar a petrificação
da interpretação constitucional. Em suma, o efeito vinculante conferido à decisão proferida na
ADI está limitado aos demais órgãos do Poder Judiciário e ao Poder Executivo, mas não à
Suprema Corte.

Modulação dos efeitos: Vimos acima que a decisão do STF no RE 593849/MG representou uma
superação parcial do entendimento anterior da Corte. Como houve essa mudança, o STF
decidiu modular os efeitos do novo julgamento. Ficou definido o seguinte:
1) Este entendimento do STF permitindo direito à restituição vale:
 para todos os processos judiciais que já haviam sido ajuizados e que estavam
aguardando o posicionamento do STF na repercussão ora decidida; e
 para as operações futuras, ou seja, para as situações em que, após a decisão do STF,
houver pagamento a maior, surgindo o direito à restituição.

2) Por outro lado, este posicionamento do Supremo não se aplica:


 para situações ocorridas antes da decisão e que não tenham sido judicializadas; e
 para situações que foram judicializadas, mas o contribuinte perdeu (não teve direito à
restituição) e houve trânsito em julgado.

Segundo o Min. Edson Fachin, a modulação é necessária para se atender ao interesse público,
evitando surpresas, como o ajuizamento de ações rescisórias e de novas ações sobre casos até
agora não questionados.

11.9. Incide ICMS sobre a tarifa de assinatura básica mensal de telefonia – (Info 843) –
IMPORTANTE!!!

O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incide sobre a tarifa de


assinatura básica mensal cobrada pelas prestadoras de serviço de telefonia,
independentemente da franquia de minutos concedida ou não ao usuário.
STF. Plenário. RE 912888/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 13/10/16 (repercussão geral) (Info
843).
Cuidado. Não confundir com o RE 572020/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão
Min. Luiz Fux, j. 6/2/14 (Info 734).

11.10. Somente lei em sentido formal pode instituir o regime de recolhimento do ICMS por
estimativa – (Info 790)

Quando se fala em regime de apuração, isso significa a forma por meio da qual o valor
tributo será calculado.
No caso do ICMS, existem vários regimes de apuração do imposto.
A LC 87/96 autoriza que os Estados membros adotem o regime de apuração por estimativa.
O Estado-membro pode estabelecer o regime de estimativa por meio de Decreto? NÃO.
Somente lei em sentido formal pode instituir o regime de recolhimento do ICMS por
estimativa.
STF. Plenário. RE 632265/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/6/2015 (Info 790).

11.11. ICMS importação e desembaraço aduaneiro – (Info 787)

Súmula vinculante 48-STF: Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a


cobrança do ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro.
STF. Plenário. Aprovada em 27/05/2015.

11.12. É inconstitucional lei estadual que concede benefícios fiscais relacionados com o
ICMS sem a prévia celebração de convênio intergovernamental – (Info 777)
É inconstitucional lei estadual que concede benefícios fiscais relacionados com o ICMS sem
a prévia celebração de convênio intergovernamental (art. 155, § 2º, XII, “g”, da CF/88 e LC
24/1975).
No caso concreto, o STF julgou inconstitucionais dispositivos da lei estadual que previam
parcelamento do pagamento de ICMS em quatro anos sem juros e correção monetária e
também os artigos que conferiam créditos fictícios de ICMS de forma a reduzir
artificialmente o valor do tributo. Além disso, a Corte entendeu inconstitucional dispositivo
que autorizava o Governador do Estado a conceder benefício fiscal por ato infralegal, tendo
havido violação à regra da reserva legal (art. 150, § 6º, da CF/88).
Por outro lado, o STF considerou constitucional dispositivo de lei estadual que estabeleceu
a suspensão do pagamento do ICMS incidente sobre a importação de matéria-prima ou de
material intermediário, e transferiu o recolhimento do tributo do momento do desembaraço
aduaneiro para o momento de saída dos produtos industrializados do estabelecimento. O
Supremo entendeu que tais dispositivos são constitucionais porque a jurisprudência
permite o legislador estadual, mesmo sem convênio, preveja o diferimento (retardamento)
do recolhimento do valor devido a título de ICMS se isso não implicar redução ou dispensa
do valor devido. Diferir o recolhimento do valor não significa benefício fiscal e, portanto,
não precisa da prévia celebração de convênio.
Modulação dos efeitos. O STF decidiu modular os efeitos da decisão para que ela tenha
eficácia somente a partir da data da sessão de julgamento. Ponderou que se trata de
benefícios tributários inconstitucionais, mas que se deveria convalidar os atos jurídicos já
praticados, tendo em vista a segurança jurídica e a pouca previsibilidade, no plano fático,
quanto às consequências de eventual decretação de nulidade desses atos, existentes no
mundo jurídico há anos. Deve-se chamar atenção para esse fato porque, em regra, a
jurisprudência do Supremo não tem admitido a modulação dos efeitos nessas hipóteses.
STF. Plenário. ADI 4481/PR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 11/3/2015 (Info 777).

11.13. Princípio da não-cumulatividade e redução da base de cálculo equiparada a isenção


parcial – (Info 763)

A redução da base de cálculo de ICMS equivale à hipótese de isenção parcial, a acarretar a


anulação proporcional de crédito desse mesmo imposto, relativo às operações anteriores,
salvo disposição em lei estadual em sentido contrário. Assim, reduzida a base de cálculo,
tem-se impossibilitado o creditamento integral, sem que se possa falar em ofensa ao
princípio da não-cumulatividade (art. 155, § 2º, II, “b”, da CF/88).
Para o STF, a redução de base de cálculo deve ser considerada como se fosse uma “isenção
parcial”. Logo, também acarreta a anulação proporcional do crédito do ICMS relativo às
operações anteriores, salvo disposição em lei estadual em sentido contrário.
Assim, se foi reduzida a base de cálculo do ICMS, não será permitido que a empresa faça o
creditamento integral, sem que se possa falar em ofensa ao princípio da não-cumulatividade
(CF, art. 155, § 2º, II, “b”).
Em outras palavras, se houver redução na base de cálculo em uma das operações da cadeia
de circulação de mercadorias, aplica-se a regra do art. 155, § 2º, II, “b”, da CF/88.
STF. Plenário. RE 635688/RS, Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/10/2014 (repercussão
geral) (Info 763).
STF. Plenário. RE 477323/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 16/10/2014 (Info 763).

11.14. Protocolo ICMS 21/2011 do Confaz é inconstitucional – (Info 759) –


DESATUALIZADO EM DECORRÊNCIA DA EDIÇÃO DA EC 87/2015

O Protocolo ICMS 21/2011 do Confaz permitiu que fosse cobrado ICMS nas operações
interestaduais em que o destinatário da mercadoria estivesse localizado em seu território,
independentemente de se tratar de consumidor final (contribuinte do tributo) ou de mero
intermediário.
Em outras palavras, de acordo com o referido Protocolo, se a pessoa residente no Estado “X”
adquirisse, de forma não presencial (ex: pela internet), uma mercadoria oriunda de um
vendedor localizado no Estado “Y”, o Estado “X” poderia também cobrar ICMS sobre essa
operação interestadual.
O STF, contudo, decidiu que esse Protocolo é inconstitucional e que a CF/88 não permite a
cobrança de ICMS pelo Estado de destino nas operações interestaduais de venda de
mercadoria a consumidor final realizadas de forma não presencial (internet, telemarketing
ou showroom).
A CF/88 adotou como critério que a cobrança do ICMS ocorra pelo Estado de origem das
mercadorias. Mudar a cobrança para o Estado de destino depende de alteração da própria
Constituição (depende de uma reforma tributária).
Desse modo, a CF/88 determinou que, nas operações interestaduais cuja mercadoria seja
destinada a consumidor final não contribuinte, apenas o Estado-Membro de origem deverá
cobrar o tributo, com a aplicação da alíquota interna.
Se fosse permitido que o Estado de destino também cobrasse o ICMS haveria bitributação.
STF. Plenário. ADI 4628/DF e ADI 4713/DF, Rel. Min. Luiz Fux; RE 680089/SE, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgados em 17/9/2014 (Info 759).

11.15. ICMS e leasing internacional – (Info 758 e 761)

Há incidência de ICMS no caso de leasing internacional?


REGRA: NÃO. Em regra, não incide o ICMS importação na operação de arrendamento
mercantil internacional, uma vez que no leasing não há, necessariamente, a transferência de
titularidade do bem. Em outras palavras, pode haver ou não a compra. Assim, não incide o
imposto se existe a possibilidade de o bem ser restituído ao proprietário e o arrendatário
não efetuou a opção de compra.
EXCEÇÃO: incidirá ICMS importação se ficar demonstrado que houve a antecipação da
opção de compra. Isso ocorre quando não existe a possibilidade de o bem ser restituído ao
proprietário, seja por circunstâncias naturais (físicas), seja porque se trata de insumo.
STF. Plenário. RE 540829/SP, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 11/9/2014
(repercussão geral) (Info 758).
STF. Plenário. RE 226899/SP, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia,
julgado em 1º/10/2014 (Infos 758 e 761).

11.16. O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone celular – (Info 734)

O ICMS é um imposto estadual que tem como um dos fatos geradores a prestação onerosa
de serviços de comunicação. Existem alguns serviços prestados pelas empresas que são
acessórios aos serviços de comunicação.
Exs: troca de titularidade de aparelho celular, conta detalhada, troca de aparelho etc.
Não incide ICMS sobre a prestação de serviços acessórios aos serviços de comunicação.
STF. Plenário. RE 572020/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux,
julgado em 6/2/2014 (Info 734).

11.17. É devido o ICMS nas operações ou prestações de serviço de transporte terrestre


interestadual e intermunicipal de passageiros e de cargas – (Info 734)

É devida a cobrança de ICMS nas operações ou prestações de serviço de transporte terrestre


interestadual e intermunicipal de passageiros e de cargas.
STF. Plenário. ADI 2669/DF, rel. orig. Min. Nelson Jobim, red. p/ o acórdão Min. Marco
Aurélio, j. 5/2/2014 (Info 734).

12. ISSQN
12.1. Incide ISS sobre o serviço prestado pelos planos de assistência à saúde – (Info 841 e
Info 932) – Atenção! PGM!! Atualize Info 841 do STF!!!

O STF, ao julgar embargos de declaração opostos contra acórdão prolatado no dia 29/09/16,
alterou a redação da tese fixada para excluir a menção que era feita ao seguro-saúde. Assim,
a tese do RE 651703/PR passa a ser a seguinte:
As operadoras de planos de saúde realizam prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre
Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, III, da CF/88.
STF. Plenário. RE 651703/PR, Rel. Min. Luiz Fux, j. 29/09/16 (repercussão geral) (Info 841).
STF. Plenário. RE 651703 ED-primeiros a terceiros/PR, Rel. Min. Luiz Fux, j. 28/2/2019 (Info
932).
OBS:
ISSQN: Significa Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza. Algumas vezes, você
encontrará apenas a sigla ISS. Trata-se de um tributo de competência dos Municípios. Em
âmbito nacional, o ISSQN é disciplinado pela LC 116/03, que estabelece suas normas gerais.
Vale ressaltar, no entanto, que cada Município, para cobrar este imposto, precisa editar uma
lei ordinária municipal tratando sobre o assunto. Esta lei local, obviamente, não pode
contrariar a LC 116/2003 e nem prever serviços que não estejam expressos na lei federal.

Fato gerador: O ISSQN incide sobre a prestação dos serviços listados no anexo da LC 116/2003.
Confira o texto constitucional:
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos
em lei complementar. (...)
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei
complementar:
I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;
II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior;
III - regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais
serão concedidos e revogados.

Veja agora o que diz o art. 1º da LC 116/2003:


Art. 1º O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos
Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços
constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade
preponderante do prestador.

Exemplos: quando o médico atende o paciente em uma consulta, ele presta um serviço, sendo
isso fato gerador do ISSQN; quando o cabeleireiro faz uma escova progressiva na cliente, ele
também presta um serviço e deverá pagar ISSQN. Todos os serviços que estão sujeitos ao
pagamento de ISSQN encontram-se previstos na lista anexa à LC 116/03. Se não estiver nesta
lista, não é fato gerador deste imposto. Vale ressaltar que esta lista é taxativa (exaustiva).

Serviços que não podem ser objeto de ISS: Existem determinados serviços que não podem ser
objeto de ISSQN, seja por vedação constitucional, seja porque foram excluídos pela LC 116/03.
Assim, não incide ISSQN sobre:
a) prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, considerando que se trata de fato gerador de ICMS (art. 156, III, da
CF/88);
b) exportações de serviços para o exterior do País (art. 156, § 3º, II, da CF/88);
c) prestação de serviços em relação de emprego (art. 2º, II, da LC 116/03);
d) prestação de serviços pelos trabalhadores avulsos (art. 2º, II, da LC 116/03);
e) prestação de serviços pelos diretores e membros de conselho consultivo ou de
conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como pelos sócios-gerentes e
gerentes-delegados (art. 2º, II, da LC 116/03);
f) prestação de serviços pela Administração Pública direta, autárquica e
fundacional, em virtude da imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da
CF/88);
g) operações de locação de bens móveis (Súmula vinculante 31).

Planos de saúde: A LC 116/03 estabelece que as operadoras de planos de saúde deverão pagar
ISS, considerando que este serviço se encontra previsto no item 4 da lista anexa:
4 – Serviços de saúde, assistência médica e congêneres. (...)
4.22 – Planos de medicina de grupo ou individual e convênios para prestação de
assistência médica, hospitalar, odontológica e congêneres.
4.23 – Outros planos de saúde que se cumpram através de serviços de terceiros
contratados, credenciados, cooperados ou apenas pagos pelo operador do plano
mediante indicação do beneficiário.

As operadoras de planos de saúde defendiam a tese de que essa previsão da LC seria


inconstitucional e que eles não deveriam pagar ISS. Para as empresas, a atividade principal
desempenhada pelas operadoras de plano de saúde seria uma obrigação de dar (e não de
fazer). Logo, não seria caso de ISS.

A questão chegou até o STF. As operadoras de planos de saúde devem pagar ISS? SIM. No dia
29/09/2016, o STF negou a tese das empresas e decidiu que: As operadoras de planos privados
de assistência à saúde realizam prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, III, da CF/88. STF. Plenário. RE 651703/PR,
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 29/09/2016 (repercussão geral) (Info 841).

Ainda, vale ressaltar que a jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que a base de
cálculo do ISS sobre planos de saúde é o preço pago pelos consumidores, diminuído dos
repasses feitos pela contribuinte aos demais prestadores de serviços de saúde (hospitais,
clínicas, laboratórios, médicos, etc.). (STJ. 2 Turma. REsp 1.722.550-PE. Rel. Min. Herman
Benjamin. julgado em 06/03/2018).

Problema: Houve, contudo, um “problema”: na tese fixada, o STF afirmou expressamente que
incide ISS tanto no caso dos serviços desempenhados pelas operadoras de PLANO DE SAÚDE
como também na hipótese de SEGURO-SAÚDE. Em outras palavras, o STF falou o seguinte:
serviços de plano de saúde e serviços de seguro-saúde devem pagar ISS. Veja a redação literal
da tese fixada pelo STF no dia 29/09/2016:
“As operadoras de planos privados de assistência à saúde (plano de saúde e
seguro-saúde) realizam prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre Serviços
de Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, III, da CRFB/88”.

Embargos de declaração: A Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde)


apresentou embargos de declaração alegando que o tema que foi afetado para ser decidido
pelo STF em sede de repercussão geral abrangia apenas a análise da incidência ou não do
ISS sobre os serviços de plano de saúde. Em outros termos, o processo não incluía a discussão
se incide ou não ISS sobre seguro-saúde. Veja a redação do tema que estava sendo discutido:
“Tema 581 - Incidência do ISS sobre atividades desenvolvidas por operadoras de
planos de saúde.”

Desse modo, o STF, no acórdão do dia 29/09/2016, ao decidir também sobre o seguro-saúde,
ampliou indevidamente o tema que estava sendo discutido.

A tese da embargante foi acolhida pelo STF? SIM. O Plenário do STF deu provimento aos
embargos de declaração para corrigir a tese jurídica fixada no julgamento do dia 29/09/2016,
dela excluindo a menção que havia sido feita a “seguro-saúde”. Isso porque, conforme já
explicado, a discussão sobre a incidência ou não do ISS sobre seguro-saúde não estava
contemplada pelo Tema 581 que foi afetado.

Mas me diga uma coisa: os serviços de seguro-saúde estão ou não sujeitos ao pagamento de
ISS? Esse tema ainda não foi enfrentado pelo STF. Prevalece na doutrina que não. Os serviços
de seguro-saúde não estariam sujeitos ao pagamento de ISSQN, considerando que:
• não estão expressamente previstos na lista anexa; e
• já sofrem a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Logo,
se tivessem que pagar ISSQN e IOF, haveria bitributação.

Plano de saúde x seguro-saúde:


PLANO DE SAÚDE SEGURO-SAÚDE
A operadora do plano de saúde oferece O beneficiário do seguro-saúde escolhe
serviços de saúde para os usuários por livremente o hospital, médico, laboratório,
meio de uma rede de atendimento que fisioterapeuta etc. que quiser e depois o seguro
inclui hospitais, médicos, laboratórios, reembolsa o usuário com base em uma tabela de
fisioterapeutas, psicólogos etc. e que serviços.
constam de uma lista de instituições e Ex: cada consulta gera reembolso de R$ 200,00.
profissionais credenciados.
A regra é que o usuário seja atendido A regra é o reembolso. Assim, o usuário escolhe
apenas pelas instituições e profissionais o profissional que quiser e depois pede o
credenciados. Excepcionalmente, há reembolso, limitado aos valores da tabela do
casos de reembolso. seguro.
Talvez o principal exemplo seja a Ex: Sulamérica, Caixa Seguros, Bradesco
Unimed. Seguros.
Serviço sujeito ao pagamento de ISS Serviço sujeito ao pagamento de IOF (pacífico).
(pacífico). Prevalece que não está sujeito ao ISS.

12.2. Lei municipal que veicula exclusão de valores da base de cálculo do ISSQN – (Info 841)

É inconstitucional lei municipal que veicule exclusão de valores da base de cálculo do


ISSQN fora das hipóteses previstas em lei complementar nacional. Também é incompatível
com o texto constitucional medida fiscal que resulte indiretamente na redução da alíquota
mínima estabelecida pelo art. 88 do ADCT, a partir da redução da carga tributária incidente
sobre a prestação de serviço na territorialidade do ente tributante.
STF. Plenário. ADPF 190/SP, Rel. Min. Edson Fachin, j. 29/09/16 (Info 841).
OBS:
Alíquota do ISSQN: A alíquota máxima do ISS é de 5% (art. 8º, II, da LC 116/03). Com o
objetivo de evitar “guerra fiscal” entre os Municípios, o art. 88 do ADCT da CF estabeleceu
uma alíquota mínima de ISS no valor de 2%. Assim, nenhuma lei municipal, a pretexto de
atrair empresas para ali se instalarem, poderá prever alíquota inferior a 2%. Confira o texto do
ADCT:
Art. 88. Enquanto lei complementar não disciplinar o disposto nos
incisos I e III do § 3º do art. 156 da Constituição Federal, o imposto a
que se refere o inciso III do caput do mesmo artigo:
I - terá alíquota mínima de dois por cento, exceto para os serviços a
que se referem os itens 32, 33 e 34 da Lista de Serviços anexa ao
Decreto-Lei nº 406, de 31 de dezembro de 1968;
II - não será objeto de concessão de isenções, incentivos e benefícios
fiscais, que resulte, direta ou indiretamente, na redução da alíquota
mínima estabelecida no inciso I.

Base de cálculo: A base de cálculo do ISS é o PREÇO DO SERVIÇO, ou seja, o valor pago pelo
tomador do serviço ao prestador como contraprestação pela utilidade oferecida. Assim, o valor
que o contribuinte irá pagar é de 5% sobre o preço do serviço prestado (no caso de AL máxima).

Preço do serviço = valor total da nota: Quando se fala em preço do serviço, isso significa o
valor total cobrado pelo serviço, ou seja, a “receita bruta” obtida pelo prestador, sem descontar
impostos e outros custos que ele tenha. Ex: se a consulta do médico é R$ 1.000,00, o ISS a ser
pago é de R$ 50,00, ou seja, 5% sobre o valor total da nota, não importando que o médico ainda
vá pagar impostos e que ele receberá ao final um valor líquido menor.

13. Não dedução do ISS sobre os serviços de subempreitada – (TJRS-2016)

O fato gerador do ISS - a prestação de serviços - tem matriz constitucional no art. 156, III
(serviços de qualquer natureza definidos em lei complementar), não sendo possível
entender o ato de subempreitar como sendo um serviço passível de tributação. O imposto
não grava o ato de subempreitar, nem a subempreitada em si, mas, unicamente, a prestação
do serviço pela subempreiteira.
Ora, o serviço executado pela subempreiteira é exatamente aquele que a empreiteira deixou
de executar.
Portanto, a empreiteira só pode se sujeitar à tributação na parte do serviço que ela executou.
A dedução de subempreitada já tributada foi a técnica encontrada pelo legislador para
conferir praticidade ao cálculo do imposto devido pela empreiteira.
Não permitir a dedução seria o mesmo que exigir o imposto sem prestação de serviço, ou
seja, sem que houvesse ocorrência do fato gerador, o que conduz à inconstitucionalidade
gritante.
Se o fisco recebe duas vezes por um determinado serviço prestado resta claro que um deles
(o recebimento) é ilegítimo e inconstitucional. Por isso, o STF, ao contrário do STJ, vem
considerando inconstitucional a tributação da subempreitada já tributada."
STF. RE 603.497.
(TJRS-2016): O preço das subempreitadas e dos materiais empregados na obra, na atividade
de construção civil, não integra a base de cálculo do ISS.

14. IPI
14.1. O art. 2º da Lei 8.393/91 era constitucional – (Info 860)

Surge constitucional, sob o ângulo do caráter seletivo, em função da essencialidade do


produto e do tratamento isonômico, o art. 2º da Lei 8.393/91, a revelar alíquota máxima de
Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI de 18%, assegurada isenção, quanto aos
contribuintes situados na área de atuação da Superintendência de Desenvolvimento do
Nordeste - SUDENE e da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia - SUDAM,
e autorização para redução de até 50% da alíquota, presentes contribuintes situados nos
Estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro.
Obs: o art. 2º da Lei nº 8.393/91 encontra-se atualmente revogado. Dessa forma, este
julgamento do STF refere-se a casos concretos ocorridos na época em que vigia essa norma.
STF. Plenário. RE 592145/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 5/4/17 (repercussão geral) (Info 860).
OBS:
Lei nº 8.393/91: O art. 2º da Lei nº 8.393/91 previa o seguinte:
Art. 2º Enquanto persistir a política de preço nacional unificado de
açúcar de cana, a alíquota máxima do Imposto sobre Produtos
Industrializados - IPI incidente sobre a saída desse produto será de
dezoito por cento, assegurada isenção para as saídas ocorridas na
área de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste - SUDENE e da Superintendência do Desenvolvimento da
Amazônia - SUDAM. (Revogado pela Lei nº 9.532/97)
Parágrafo único. Para os Estados do Espírito Santo e do Rio de
Janeiro, é o Poder Executivo autorizado a reduzir em até cinquenta
por cento a alíquota do IPI incidente sobre o açúcar nas saídas para
o mercado interno. (Revogado pela Lei nº 9.532/97)

14.2. Incide o IPI em importação de veículos automotores por pessoa natural – (Info 813) –
IMPORTANTE!!!

Incide o IPI em importação de veículos automotores por pessoa natural, ainda que não
desempenhe atividade empresarial, e o faça para uso próprio.
A tese firmada (incidência do IPI) se aplica também às operações de importação realizadas
anteriormente à decisão do STF. Isso significa que quem importou veículos para uso próprio
confiando nas decisões do STJ e do STF vai ter uma surpresa desagradável e terá que pagar
o imposto.
STF. Plenário. RE 723651/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 03/02/2016 (Info 813).
OBS:
A CF/88 estabelece a imunidade do IPI para produtos exportados. Isso não ocorre para
produtos importados. Não existe imunidade no caso de importação de veículos. E não importa
se quem importou é pessoa física ou jurídica, assim como também não interessa o fato de o
importador não exercer o comércio e adquirir o bem para uso próprio.
Não há bitributação e o princípio da não cumulatividade não autoriza a dispensa do imposto.
A cobrança do IPI para importação de veículos está de acordo com o princípio da isonomia,
uma vez que promove igualdade de condições tributárias entre o fabricante nacional, já sujeito
ao imposto em território nacional, e o fornecedor estrangeiro. Isso porque o fornecedor
estrangeiro, como está exportando o produto, não paga imposto no país de origem e este
chegaria ao Brasil em condições muito mais favoráveis que os produtos produzidos na
indústria nacional.
Vale ressaltar que o julgamento acima representa radical mudança de entendimento. Isso
porque tanto o STF como o STJ entendiam que NÃO incidia IPI na importação de veículos para
uso próprio.
O tema havia sido recentemente firmado pelo STJ em sede de recurso especial repetitivo: “É
firme o entendimento no sentido de que não incide IPI sobre veículo importado para uso
próprio, tendo em vista que o fato gerador do referido tributo é a operação de natureza
mercantil ou assemelhada e, ainda, por aplicação do princípio da não cumulatividade.” (STJ.
1ª Seção. REsp 1396488/SC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 25/02/2015).
Havia também precedentes do STF neste mesmo sentido: RE 550170 AgR, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 7/6/2011; RE 255090 AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgado em
24.8.2010.

14.3. Descontos incondicionais e sua não incidência na base de cálculo do IPI – (Info 757)

Os descontos incondicionais não devem integrar a base de cálculo do IPI. Ex: se o preço
“cheio” do produto era 120, mas foi dado um desconto de 20 para o adquirente, a base de
cálculo do IPI será 100 (e não 120).
É inconstitucional, por ofensa ao art. 146, III, a, da CF/88, o § 2º do art. 14 da Lei 4.502/1964,
com a redação dada pelo art. 15 da Lei 7.798/1989, no ponto em que determina a inclusão de
descontos incondicionais na base de cálculo do IPI.
STF. Plenário. RE 567935/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 4/9/2014 (repercussão
geral) (Info 757).

14.4. Selo para controle de recolhimento de IPI não pode ser cobrado do contribuinte – (Info
735)

É incompatível com a CF/88 o art. 3º do Decreto-Lei 1.437/75, que autorizava que o Fisco
exigisse do contribuinte o ressarcimento pelo custo dos selos do IPI.
Assim, o selo para controle de recolhimento de IPI não pode ser cobrado do contribuinte,
sob pena de violação ao princípio da legalidade tributária (art. 150, I, da CF/88).
STF. Plenário. RE 662113/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/2/2014 (Info 735).

15. IOF
15.1. IOF e transmissão de ações de companhias abertas – (Info 813)

É constitucional o art. 1º, IV, da Lei nº 8.033/90, uma vez que a incidência de IOF sobre o
negócio jurídico de transmissão de títulos e valores mobiliários, tais como ações de
companhias abertas e respectivas bonificações, encontra respaldo no art. 153, V, da CF, sem
ofender os princípios tributários da anterioridade e da irretroatividade, nem demandar a
reserva de lei complementar.
Art. 1º São instituídas as seguintes incidências do imposto sobre operações de crédito, câmbio
e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários:
IV - transmissão de ações de companhias abertas e das consequentes bonificações emitidas.
STF. Plenário. RE 583712/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 4/2/2016 (repercussão
geral) (Info 813).

16. PIS/COFINS
16.1. O valor pago a título de ICMS não deve ser incluído na base de cálculo do PIS/PASEP
e COFINS – (Info 857) – ATUALIZAR INFO 594 DO STJ!!!

O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não compõe a base de cálculo
para a incidência da contribuição para o PIS e da COFINS.
STF. Plenário. RE 574706/PR, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 15/3/2017 (repercussão geral) (Info
857).
Obs: o STJ possui entendimento em sentido contrário: STJ. 1ª Seção. REsp 1.144.469-PR, Rel.
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 10/8/2016 (recurso repetitivo) (Info 594).

17. PIS/PASEP
17.1. É válida a cobrança da contribuição para o PASEP das empresas estatais, ao passo que
as empresas privadas recolhem para o PIS, tributo patrimonialmente menos gravoso – (Info
927)

Não ofende o art. 173, § 1º, II, da CF/88 a escolha legislativa de reputar não equivalente a
situação das empresas privadas com relação às sociedades de economia mista, às empresas
públicas e suas respectivas subsidiárias exploradoras de atividade econômica, para fins de
submissão ao regime tributário das contribuições para o Programa de Integração Social
(PIS) e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), à luz dos
princípios da igualdade tributária e da seletividade no financiamento da Seguridade Social.
STF. Plenário. RE 577494/PR, Rel. Min. Edson Fachin, j. 13/12/2018 (repercussão geral) (Info
927).
OBS:
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será
permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços, dispondo sobre: (...)
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas,
inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,
trabalhistas e tributários;

17.2. Incide PIS/PASEP sobre negócios jurídicos praticados por cooperativa com terceiros –
(Info 835)

A receita auferida pelas cooperativas de trabalho decorrentes dos atos (negócios jurídicos)
firmados com terceiros se insere na materialidade da contribuição ao PIS/PASEP.
STF. Plenário. RE 599362/RJ ED, Rel. Min. Dias Toffoli j. 18/08/16 (repercussão geral) (Info
835).

17.3. Incide PIS/PASEP sobre negócios jurídicos praticados por cooperativa com tomadores
de serviço – (Info 766)

Duas conclusões foram expostas no julgamento em conjunto desses recursos:


1) Incide o PIS/PASEP sobre atos ou negócios jurídicos praticados por cooperativa
prestadora de serviço com terceiros tomadores de serviço, resguardadas apenas as exclusões
e deduções legalmente previstas.
2) São legítimas as alterações introduzidas pela MP 1.858/99, que revogou a isenção da
COFINS e PIS concedidas às sociedades cooperativas pela LC 70/91. Isso porque a LC 70/91,
ao tratar sobre esse tema, é apenas formalmente complementar, sendo materialmente uma
lei ordinária.
STF. Plenário. RE 599362/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli e RE 598085/RJ, Rel. Min. Luiz Fux,
julgados em 5 e 6/11/2014 (repercussão geral) (Info 766)

18. IR / IPI
18.1. União pode conceder incentivos relacionados com o IR e o IPI mesmo que isso diminua
os repasses destinados ao FPM – (Info 847)

É constitucional a concessão regular de incentivos, benefícios e isenções fiscais relativos ao


Imposto de Renda e Imposto sobre Produtos Industrializados por parte da União em relação
ao Fundo de Participação de Municípios e respectivas quotas devidas às Municipalidades.
STF. Plenário. RE 705423/SE, Rel. Min. Edson Fachin, j. 17/11/16 (repercussão geral) (Info
847).
OBS:
Transferência de percentual do IR e do IPI para o FPM: O Imposto de Renda (IR) e o Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) são dois tributos federais. Apesar disso, o legislador
constituinte determinou que parte da arrecadação desses dois impostos deveria ser repassado
aos Municípios a fim de auxiliar na manutenção desses entes. Assim, 24,5% dos valores
arrecadados com o IR e com o IPI deverão ser repassados ao Fundo de Participação dos
Municípios (FPM). Isso está previsto no art. 159, I, da CF/88:
Art. 159. A União entregará:
I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos
de qualquer natureza e sobre produtos industrializados, 49%
(quarenta e nove por cento), na seguinte forma:
(...)
b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de
Participação dos Municípios;
(...)
d) um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que será
entregue no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano;
e) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios, que
será entregue no primeiro decêndio do mês de julho de cada ano;

Atenção: são 22,5% distribuídos ao longo do ano + 1% até o dia 10 do mês de julho de cada ano
+ 1% até o dia 10 do mês de dezembro de cada ano. Logo, o total é 24,5%.

Obs: o Fundo de Participação dos Municípios é um instrumento contábil utilizado para facilitar
o repasse, permitindo uma melhor organização dos valores para que depois eles sejam
repartidos entre os Municípios. Para fins didáticos, você pode imaginar o FPM como sendo
uma conta bancária onde o dinheiro é depositado para depois ser dividido entre os Municípios,
segundo critérios previstos na legislação.

Isenções fiscais e impacto na arrecadação dos Municípios: Algumas vezes a União, a fim de
fomentar determinados setores da economia, concede incentivos, benefícios ou isenções fiscais
relacionados com o IR ou o IPI. Em outras palavras, são conferidos "descontos" desses
impostos. Ocorre que, com esses incentivos, o valor da arrecadação diminuiu e,
consequentemente, o repasse que é destinado aos Municípios também fica menor. Diante
disso, alguns Municípios começaram a ingressar com ações judiciais questionando todas as
vezes que a União concede tais benefícios afirmando que eles são diretamente prejudicados.
Foi o caso do Município de Itabi (SE). A União concedeu isenção de IR e IPI para determinado
setor econômico e este Município ajuizou ação pedindo que a desoneração concedida pelo
Governo Federal não fosse computada na cota do FPM destinado a ele (Itabi). Em outros
termos, requereu que, mesmo havendo a isenção, o valor repassado a ele não diminuísse.

A questão chegou até o STF. O pedido do Município de Itabi foi acolhido? NÃO. O poder de
arrecadar atribuído à União implica também o poder de isentar. Assim, quando a CF/88
determina que o FPM será composto pelo produto dos dois impostos (IR e IPI), isso inclui o
resultado das desonerações. De acordo com o inciso I do art. 159 da CF/88, a União deve
entregar um percentual sobre o “produto da arrecadação” do IR e do IPI ao Fundo de
Participação dos Municípios. De fato, essas transferências efetuadas pela União são de suma
importância para as finanças municipais e para a manutenção de sua autonomia financeira.
Entretanto, aceitar o pedido do Município iria contra o modelo de repartição de receitas
previsto na Constituição Federal.

Tese fixada: Como o recurso extraordinário do Município foi julgado sob o rito da repercussão
geral e havia inúmeros outros processos sobrestados, o STF definiu uma tese sobre o tema que
valerá para os casos semelhantes:
É constitucional a concessão regular de incentivos, benefícios e
isenções fiscais relativos ao Imposto de Renda e Imposto sobre
Produtos Industrializados por parte da União em relação ao Fundo
de Participação de Municípios e respectivas quotas devidas às
Municipalidades. STF. Plenário. RE 705423/SE, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 17/11/2016 (repercussão geral) (Info 847).

19. COFINS
19.1. Instituições financeiras e majoração de alíquota da COFINS – (Info 905) – Concursos
Federais!!!

É constitucional a majoração diferenciada de alíquotas em relação às contribuições sociais


incidentes sobre o faturamento ou a receita de instituições financeiras ou de entidades a
elas legalmente equiparáveis.
STF. Plenário. RE 656089/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 6/6/2018 (repercussão geral) (Info
905).

19.2. Portaria nº 655/93 e parcelamento de débitos de COFINS – (Info 851)

Não viola o princípio da isonomia e o livre acesso à jurisdição a restrição de ingresso no


parcelamento de dívida relativa à Contribuição para Financiamento da Seguridade Social -
COFINS, instituída pela Portaria nº 655/93, dos contribuintes que questionaram o tributo
em juízo com depósito judicial dos débitos tributários.
STF. Plenário. RE 640905/SP, Rel. Min. Luiz Fux, j. 15/12/16 (repercussão geral) (Info 851).

19.3. O valor retido em razão do ICMS não pode ser incluído na base de cálculo da COFINS
– (Info 762) – Tema polêmico!

O valor retido em razão do ICMS não pode ser incluído na base de cálculo da COFINS, sob
pena de violar o art. 195, I, “b”, da CF/88.
Obs: nesse julgado participaram vários Ministros que já se aposentaram. Assim, o tema
poderá ser alterado no futuro. Por enquanto, vale o que foi decidido.
STF. Plenário. RE 240785/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 8/10/14 (Info 762).

20. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS


20.1. Não deve haver modulação de efeitos na decisão que declarou que a contribuição social
do empregador rural sobre a receita bruta é constitucional – (Info 903)

É constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador rural pessoa


física, instituída pela Lei 10.256/01, incidente sobre a receita bruta obtida com a
comercialização de sua produção (RE 718874/RS, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 29 e 30/3/2017. Repercussão geral. Info 859).
O STF rejeitou os embargos de declaração opostos contra esta decisão e declarou que o
entendimento deve ser mantido mesmo após a edição da Resolução 15/2017 do Senado
Federal. Além disso, o STF entendeu que não deveria haver modulação dos efeitos da
decisão.
STF. Plenário. RE 718874 ED-primeiros a oitavos/RS, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j.
23/5/18 (Info 903).
OBS:
Embargos de declaração: A decisão proferida pelo STF em março de 2017 (obs.: julgado
publicado no Info 859, vide abaixo) produziu grandes impactos para os produtores rurais.
Diante disso, foram opostos 8 embargos de declaração, com efeitos modificativos, sob o
argumento de que a decisão do STF no RE 718874/RS (março/2017) contrariaria outra decisão
do próprio STF no RE 363852 (2010), quando o STF desobrigou o empregador rural de recolher
ao Funrural sobre a receita bruta de sua comercialização. Além disso, os produtores também
alegaram que, em 12/9/17, ou seja, após a decisão do STF no RE 718874/RS, o Senado Federal
teria editado a Resolução 15/17 suspendendo a execução dos dispositivos legais que garantiam
a cobrança do Funrural, declarados inconstitucionais por decisão definitiva do STF no
julgamento do RE 363852.
Veja o que disse o art. 1º da Resolução:
Art. 1º É suspensa, nos termos do art. 52, inciso X, da Constituição
Federal, a execução do inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de
julho de 1991, e a execução do art. 1º da Lei nº 8.540, de 22 de
dezembro de 1992, que deu nova redação ao art. 12, inciso V, ao art.
25, incisos I e II, e ao art. 30, inciso IV, da Lei nº 8.212, de 24 de julho
de 1991, todos com a redação atualizada até a Lei nº 9.528, de 10 de
dezembro de 1997, declarados inconstitucionais por decisão
definitiva proferida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do
Recurso Extraordinário nº 363.852.

Os produtores pediram então, nos embargos de declaração, que a cobrança da contribuição ao


fundo fosse suspensa. Em caso negativo, pediram, subsidiariamente, a modulação de efeitos
da decisão que considerou a cobrança constitucional, para definir a partir de quando deverá
ser cobrada.

O STF acolheu os embargos de declaração? NÃO. O STF rejeitou os embargos de declaração


apresentados contra a decisão proferida no RE 718874, que reconheceu a constitucionalidade
da cobrança da contribuição ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) pelos
empregadores rurais pessoas físicas. A maioria dos Ministros concluiu não ter havido
qualquer omissão, contradição ou obscuridade no julgamento questionado. De acordo com
o relator, Min. Alexandre de Moraes, não houve, no julgamento do RE 718874, declaração de
inconstitucionalidade da Lei 10.256/2001 ou alteração de jurisprudência que ensejasse a
modulação dos efeitos. “Uma eventual modulação feriria de forma absurda a boa-fé e
segurança jurídica daqueles que há 17 anos vem contribuindo e cumprindo a lei”, disse o Min.
Alexandre de Moraes. Para o ministro, o que se pretende nos embargos é um novo julgamento
do mérito. No julgamento questionado (RE 718874), o STF analisou e afastou a aplicação do
RE 363852 por entender que ele analisou o tema sob a ótica da legislação anterior sobre a
matéria, e não da Lei que foi questionada no RE 718874. A respeito do pedido de aplicação da
Resolução 15/2017 do Senado Federal, o Ministro destacou que a norma não se refere à
decisão proferida no RE 718874. O art. 52, X, da CF/88, só permite a suspensão de norma por
parte do Senado quando esta for declarada inconstitucional pelo Supremo. No caso do RE
718874 foi o contrário, ou seja, o STF decidiu que a Lei 10.256/2001 é constitucional. Na
Resolução 15/17, do Senado Federal, não se fala na Lei 10.256/2001.

20.2. A contribuição social do empregador rural sobre a receita bruta, prevista no art. 25 da
Lei 8.212/91, com redação dada pela Lei 10.256/2001, é constitucional – (Info 859)

É constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador rural pessoa


física, instituída pela Lei 10.256/01, incidente sobre a receita bruta obtida com a
comercialização de sua produção.
STF. Plenário. RE 718874/RS, Rel. Orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, j. 29 e 30/3/2017 (repercussão geral) (Info 859).

20.3. Mesmo antes da EC 20/98, a contribuição social a cargo do empregador incidia sobre
quaisquer ganhos habituais do empregado – (Info 859) – IMPORTANTE!!!
A contribuição social a cargo do empregador incide sobre ganhos habituais do empregado,
quer anteriores ou posteriores à Emenda Constitucional 20/1998.
STF. Plenário. RE 565160/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 29/3/17 (repercussão geral) (Info
859).
OBS:
Julgado em harmonia com a jurisprudência do STJ: Sobre o tema, talvez você já tenha estudado
o seguinte julgado:
Incide contribuição previdenciária sobre prêmios e gratificações
pagos com habitualidade.
Não incide contribuição previdenciária sobre prêmios e gratificações
de caráter eventual.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.275.695-ES, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 20/8/2015 (Info 568).

A jurisprudência deste Tribunal Superior firmou-se no sentido de


que, configurado o caráter permanente ou a habitualidade da verba
recebida, bem como a natureza remuneratória da rubrica, incide
contribuição previdenciária sobre adicional de sobreaviso.
STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1559389/PR, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 09/03/2017

20.4. Constitucionalidade da cobrança de alíquotas diferenciadas para instituições


financeiras (art. 22, § 1º da Lei nº 8.212/91) – (Info 819)

É constitucional a previsão legal de diferenciação de alíquotas em relação às contribuições


previdenciárias incidentes sobre a folha de salário de instituições financeiras ou de
entidade a elas legalmente equiparáveis, após a edição da Emenda Constitucional 20/1998.
STF. Plenário. RE 598572/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/3/2016 (repercussão
geral) (Info 819).
OBS:
Contribuição previdenciária: é uma espécie de tributo cujo montante arrecadado é destinado
ao pagamento dos benefícios do RGPS (aposentadoria, auxílio-doença, pensão por morte etc.).
Existem duas espécies de contribuição previdenciária:
 1ª) Paga pelo trabalhador e demais segurados do RGPS (art. 195, II);
 2ª) Paga pelo empregador, empresa ou entidade equiparada (art. 195, I).

EC 20/98: Vale ressaltar que a redação atual do inciso I do art. 195 da CF/88 foi dada pela EC
20/98. Veja:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de


forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes
dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da
lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo
sem vínculo empregatício; (Incluído pela EC 20/98);
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela EC 20/98)
c) o lucro; (Incluído pela EC 20/98)

Lei 8.212/91: Esta Lei trata sobre o custeio da Previdência Social e, no seu art. 22, regulamenta
o art. 195, I, da CF/88:

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social,


além do disposto no art. 23, é de:
I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou
creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e
trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o
trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos
habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de
reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo
tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da
lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho
ou sentença normativa.

Valor adicional para o caso de instituições financeiras: Ocorre que a Lei 8.212/91 decidiu
cobrar das instituições financeiras, além da contribuição de 22% prevista no art. 22, I, um
"extra", um adicional de mais 2,5% incidente sobre a folha de salários, na forma do § 1º do art.
22, cuja redação é a seguinte:

Art. 22 (...) § 1º No caso de bancos comerciais, bancos de investimentos,


bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito,
financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário,
sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários,
empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas
de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros
privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e
fechadas, além das contribuições referidas neste artigo e no art. 23, é
devida a contribuição adicional de dois vírgula cinco por cento sobre a
base de cálculo definida nos incisos I e III deste artigo.

Tese das instituições financeiras: As instituições financeiras questionaram a


constitucionalidade do § 1º do art. 22 da Lei nº 8.212/91, afirmando que ele teria instituído uma
nova contribuição previdenciária sem previsão no art. 195 da CF/88. Além disso, sustentavam
que a alíquota é desarrazoada e ofenderia os princípios da isonomia, da capacidade
contributiva e da equidade de forma de participação e custeio.

O STF concordou com a tese? O § 1º do art. 22 da Lei nº 8.212/91 é inconstitucional? NÃO.


Segundo entendeu o STF, não houve a instituição de nova modalidade de contribuição, mas
apenas de majoração de alíquota. O § 1º do art. 22 não criou uma nova contribuição ou fonte
de custeio para a Previdência. Ele apenas previu uma alíquota diferenciada para as instituições
financeiras, não havendo qualquer inconstitucionalidade sob o ponto de vista formal. As
instituições financeiras possuem maior capacidade produtiva, de forma que não há qualquer
inconstitucionalidade na exigência de uma alíquota maior para que estas entidades contribuam
para a manutenção do sistema de seguridade social. Dessa forma, não houve violação ao
princípio da igualdade nem aos seus dois subprincípios: o da capacidade contributiva e o da
equidade para manutenção do sistema de seguridade social. Vale ressaltar que esta cobrança
diferenciada foi autorizada expressamente no § 9º do art. 195 da CF/88 (que foi acrescentado
no texto constitucional pela EC 20/98):

Art. 195 (...)


§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo
poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da
atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de obra, do porte da
empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.

Atenção: Não compete ao Poder Judiciário substituir o legislador na escolha das atividades
que terão alíquotas diferenciadas relativamente à contribuição social. Em outros termos, a
CF/88 autorizou que as alíquotas pudessem ser diferenciadas e a escolha de quais empresas
se enquadram nesta situação cabe ao legislador, que o fez na Lei 8.212/91. A escolha legislativa
em onerar as instituições financeiras e entidades equiparáveis, com alíquota diferenciada para
fins de custeio da seguridade social, é compatível com a Constituição.
21. CONTRIBUIÇÕES
21.1. CSLL: A CSLL é constitucional – (Info 916) – Apenas alguns concursos federais!

É constitucional a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), instituída pela Lei nº
7.689/88, sendo também constitucionais as majorações de alíquotas efetivadas pela Lei nº
7.856/89, por obedecerem à anterioridade nonagesimal.
Por sua vez, a ampliação da base de cálculo, conforme o art. 1º, II, da Lei nº 7.988/89, a fim
de se compatibilizar com a anterioridade nonagesimal, só pode ser efetivada a partir do ano
base de 1990.
STF. Plenário. RE 211446 ED-ED/GO, Rel. Min. Luiz Fux, j. 20/9/18 (Info 916).
OBS:
CSLL: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) é um tributo federal instituído pela
Lei 7.689/88. A Lei 7.689/88 foi fruto da MP 22/88. Veja o que diz o art. 1º da Lei:
Art. 1º Fica instituída contribuição social sobre o lucro das pessoas
jurídicas, destinada ao financiamento da seguridade social.

Fundamento constitucional:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade,
de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na
forma da lei, incidentes sobre:
(...)
c) o lucro;

Características principais da CSLL:


 Tributo de competência da União;
 É tributo pessoal, direto, proporcional, complexivo e com finalidade fiscal;
 Fato gerador: é o lucro das pessoas jurídicas (por isso, é assemelhado ao imposto de
renda);
 Base de cálculo: é o valor do resultado do exercício (“lucro líquido”), antes da
provisão para o imposto de renda;
 Contribuintes: pessoas jurídicas domiciliadas no País e as que lhes são equiparadas
pela legislação tributária.
 Lançamento: lançamento por homologação;
 Destinação: a arrecadação da CSLL é destinada ao financiamento da seguridade social;
 Aplicam-se à CSLL, no que couber, as disposições da legislação do imposto de renda
referentes à administração, ao lançamento, à consulta, à cobrança, às penalidades, às
garantias e ao processo administrativo.

Tão logo foi instituída a CSLL, iniciou-se uma discussão a respeito de sua
constitucionalidade. Vários argumentos eram invocados, dentre eles, o de que tal contribuição
somente poderia ter sido instituída por meio de lei complementar. Pergunta: o que decidiu o
STF? A CSLL é constitucional? SIM. O STF, ainda em 1992, decidiu que a CSLL é
constitucional. O Tribunal, contudo, fez uma ressalva e afirmou que o art. 8º da Lei 7.689/88
era inconstitucional. Isso porque a Lei 7.689/88 entrou em vigor em 16/12/1988 e o art. 8º dizia
que seria possível cobrar o CSLL já no ano de 1989 com base no que a pessoa jurídica lucrou
em 1988:
Art. 8º A contribuição social será devida a partir do resultado
apurado no período-base a ser encerrado em 31 de dezembro de
1988.

Assim, esse art. 8º violou o princípio da irretroatividade, contido no art. 150, III, “a”, da
CF/88, “que proíbe que a lei que institui tributo tenha, como fato gerador deste, fato ocorrido
antes do início da vigência dela” (STF. Plenário. RE 146733, Rel. Min. Moreira Alves, julgado
em 29/06/1992).

Em 2007, o STF, em sede de ADI, confirmou a constitucionalidade da CSLL: STF. Plenário.


ADI 15, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgado em 14/06/2007.
Lei 7.856/89: Em 25/9/89, o Presidente da República publicou a MP 86/89 (posteriormente
convertida na Lei 7.856/89) prevendo que a partir do exercício financeiro de 1990,
correspondente ao período-base de 1989, a alíquota da CSLL deveria passar para 10%. O STF
afirmou que essa alteração foi constitucional porque respeitou os 90 dias exigidos pelo art.
195, § 6º, da CF/88 (princípio da anterioridade nonagesimal ou anterioridade mitigada):
Art. 195 (...)
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser
exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei
que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o
disposto no art. 150, III, "b".

Isso porque entre 22/09/1989 até 01/01/1990 passaram-se mais que 90 dias. Veja:
Tratando-se de lei de conversão da MP nº 86, de 25 de setembro de
1989, da data da edição desta é que flui o prazo de noventa dias
previsto no art. 195, § 6º, da CF, o qual, no caso, teve por termo final
o dia 24 de dezembro do mesmo ano, possibilitando o cálculo do
tributo, pela nova alíquota, sobre o lucro da recorrente, apurado no
balanço do próprio exercício de 1989. STF. Plenário. RE 197790, Rel.
Min. Ilmar Galvão, j. 19/2/97.

Lei 7.988/89: Outra discussão envolvendo a CSLL foi decorrente da Lei 7.988/89. O art. 1º, II,
da Lei 7.988/89 ampliou a base de cálculo da CSLL. O problema foi que a Lei 7.988/89 entrou
em vigor em 29/12/89 e disse que esse aumento já levaria em consideração o período-base de
1989. O STF, então, decidiu que isso era inconstitucional porque violava a anterioridade
nonagesimal anterioridade mitigada) consagrada no art. 195, § 6º, da CF/88. Nesse sentido:
STF. Plenário. RE 183119, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgado em 20/11/1996.

21.2. É constitucional a lei que extinguiu a contribuição sindical obrigatória – (Info 908) –
IMPORTANTE!!!

São compatíveis com a Constituição Federal os dispositivos da Lei nº 13.467/2017 (Reforma


Trabalhista) que extinguiram a obrigatoriedade da contribuição sindical e condicionaram o
seu pagamento à prévia e expressa autorização dos filiados.
No âmbito formal, o STF entendeu que a Lei nº 13.467/2017 não contempla normas gerais
de direito tributário (art. 146, III, “a”, da CF/88). Assim, não era necessária a edição de lei
complementar para tratar sobre matéria relativa a contribuições.
Também não se aplica ao caso a exigência de lei específica prevista no art. 150, § 6º, da CF/88,
pois a norma impugnada não disciplinou nenhum dos benefícios fiscais nele mencionados,
quais sejam, subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito
presumido, anistia ou remissão.
Sob o ângulo material, o STF afirmou que a Constituição assegura a livre associação
profissional ou sindical, de modo que ninguém é obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado
a sindicato (art. 8º, V, da CF/88). O princípio constitucional da liberdade sindical garante
tanto ao trabalhador quanto ao empregador a liberdade de se associar a uma organização
sindical, passando a contribuir voluntariamente com essa representação.
Não há nenhum comando na Constituição Federal determinando que a contribuição
sindical é compulsória.
Não se pode admitir que o texto constitucional, de um lado, consagre a liberdade de
associação, sindicalização e expressão (art. 5º, IV e XVII, e art. 8º) e, de outro, imponha uma
contribuição compulsória a todos os integrantes das categorias econômicas e profissionais.
STF. Plenário. ADI 5794/DF, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, j. 29/6/18
(Info 908).
OBS:
Custeio das entidades sindicais: Com o objetivo de garantir o seu custeio, a CF/88 assegurou
às entidades sindicais duas contribuições diferentes. Veja:
Art. 8º (...)
IV — a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando
de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do
sistema confederativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei;

Desse modo, apesar de a redação do inciso ser um pouco truncada, é possível perceber que ele
fala em duas espécies de contribuição:
1) Contribuição fixada pela assembleia geral (destacada na primeira parte);
2) Contribuição prevista em lei (destacada na segunda parte).

Confira as diferenças que EXISTIAM entre elas:


Contribuição CONFEDERATIVA Contribuição SINDICAL
Prevista na 1ª parte do art. 8º, IV, da Prevista na 2ª parte do art. 8º, IV,
CF/88. da CF/88.
Também chamada de “contribuição Também chamada de “imposto
de assembleia”. sindical”, expressão incorreta
porque não é imposto.
NÃO é tributo. ERA considerada um TRIBUTO.
ERA uma contribuição parafiscal
(ou especial).
Fixada pela assembleia geral do Era instituída por meio de lei
sindicato (obrigação ex voluntate). (obrigação ex lege).
É VOLUNTÁRIA. ERA COMPULSÓRIA.
A contribuição confederativa é ERA paga por todos aqueles que
considerada como voluntária faziam parte de uma determinada
porque somente é paga pelas categoria econômica ou
pessoas que resolveram (optaram) profissional, ou de uma profissão
se filiar ao sindicato. liberal, em favor do sindicato
A contribuição confederativa de representativo da mesma categoria
que trata o art. 8º, IV, da ou profissão ou, inexistindo este, à
Constituição, só é exigível dos Federação correspondente à
filiados ao sindicato respectivo (SV mesma categoria econômica ou
40): profissional.
Súmula vinculante 40: A Não havia jeito: se o indivíduo
contribuição confederativa de que fosse metalúrgico, p. ex., ele tinha
trata o artigo 8º, IV, da Constituição que pagar a contribuição sindical,
Federal, só é exigível dos filiados ao mesmo que não fosse filiado ao
sindicato respectivo. sindicato. ERA um tributo.

O que fez a Lei 13.467/17? A Lei 13.467/17, conhecida como “Reforma Trabalhista”, alterou os
dispositivos da CLT que tratavam sobre a contribuição sindical com o objetivo de fazer com
que ela deixasse de ser compulsória e passasse a ser FACULTATIVA. Vamos comparar os
principais dispositivos sobre o tema que foram alterados:
CLT
Antes da Lei 13.467/2017 Depois da Lei 13.467/2017
Art. 578. As contribuições devidas Art. 578. As contribuições devidas
aos Sindicatos pelos que aos sindicatos pelos participantes
participem das categorias das categorias econômicas ou
econômicas ou profissionais ou das profissionais ou das profissões
profissões liberais representadas liberais representadas pelas
pelas referidas entidades serão, sob referidas entidades serão, sob a
a denominação do "imposto denominação de contribuição
sindical", pagas, recolhidas e sindical, pagas, recolhidas e
aplicadas na forma estabelecida aplicadas na forma estabelecida
neste Capítulo. neste Capítulo, desde que prévia e
expressamente autorizadas.
Art. 579. A contribuição sindical é Art. 579. O desconto da
devida por todos aqueles que contribuição sindical está
participarem de uma determinada condicionado à autorização prévia
categoria econômica ou e expressa dos que participarem de
profissional, ou de uma profissão uma determinada categoria
liberal, em favor do sindicato econômica ou profissional, ou de
representativo da mesma categoria uma profissão liberal, em favor do
ou profissão ou, inexistindo este, sindicato representativo da mesma
na conformidade do disposto no categoria ou profissão ou,
art. 591. inexistindo este, na conformidade
do disposto no art. 591 desta
Consolidação.
Art. 582. Os empregadores são Art. 582. Os empregadores são
obrigados a descontar da folha de obrigados a descontar da folha de
pagamento de seus empregados, pagamento de seus empregados
relativa ao mês de março de cada relativa ao mês de março de cada
ano, o imposto sindical por estes ano a contribuição sindical dos
devido aos respectivos sindicatos. empregados que autorizaram
(...) prévia e expressamente o seu
recolhimento aos respectivos
sindicatos.
(...)
Art. 587. O recolhimento da Art. 587. Os empregadores que
contribuição sindical dos optarem pelo recolhimento da
empregadores efetuar-se-á no mês contribuição sindical deverão fazê-
de janeiro de cada ano, ou, para os lo no mês de janeiro de cada ano,
que venham a estabelecer-se após ou, para os que venham a se
aquele mês, na ocasião em que estabelecer após o referido mês, na
requeiram às repartições o registro ocasião em que requererem às
ou a licença para o exercício da repartições o registro ou a licença
respectiva atividade. para o exercício da respectiva
atividade.

Veja, portanto, que o legislador alterou todos os dispositivos que dispunham sobre a
contribuição sindical como sendo algo obrigatório, passando a ser tratada como um
pagamento facultativo.

ADI: Algumas entidades sindicais ingressam com ADIs contra essas alterações. Nas ações, as
entidades alegaram, dentre outros argumentos, que:
 A contribuição sindical foi recepcionada pela Constituição de 1988 como sendo uma
contribuição parafiscal (art. 149 da CF/88), ou seja, um tributo;
 O art. 146, III, “a”, da CF/88 prevê que a instituição de tributos parafiscais e suas
definições, espécies, bases de cálculo, fatos geradores e contribuintes devem ser feitas
por meio de lei complementar. Ocorre que a Lei 13.467/17 é uma lei ordinária, de
modo que teria havido uma inconstitucionalidade formal;
 Além disso, o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical foi promovida pela Lei
13.467/17 que tratou sobre vários outros assuntos. Para as entidades, isso não seria
possível porque o art. 150, § 6º, da CF/88 exige explicitamente que a matéria seja
regulada por meio de lei tributária específica:
Art. 150 (...)
§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo,
concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a
impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante
lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule
exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente
tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º,
XII, g.

 A alteração legislativa teria violado direitos fundamentais previstos no art. 5º da


CF/88, especialmente quando ela fala em acesso à Justiça, em direito ao contraditório
e à ampla defesa e à assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos. Além disso, teria afrontado também os direitos à educação,
à saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao transporte, ao lazer, à segurança.
Isso porque os sindicatos oferecem assistência judiciária integral e gratuita para os
trabalhadores carentes e esses serviços eram custeados com a contribuição sindical
obrigatória. Sem essa verba, os sindicatos não poderão mais oferecer essa assistência,
o que representa um enorme retrocesso social.

O que o STF decidiu? A ADI foi julgada procedente? O fim da obrigatoriedade da contribuição
sindical viola a Constituição Federal? NÃO. A ADI foi julgada improcedente e o STF decidiu
que:
São compatíveis com a Constituição Federal os dispositivos da Lei
13.467/17 (Reforma Trabalhista) que extinguiram a
obrigatoriedade da contribuição sindical e condicionaram o seu
pagamento à prévia e expressa autorização dos filiados. STF.
Plenário. ADI 5794/DF, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Luiz
Fux, julgado em 29/6/2018(Info 908).

Dispor sobre o fim da obrigatoriedade sindical não significa tratar sobre normas gerais de
tributário: No âmbito formal, o STF entendeu que o assunto tratado pela Lei 13.467/17 (fim
da obrigatoriedade da contribuição sindical) não pode ser considerado como norma geral de
direito tributário. Logo, o fim da obrigatoriedade sindical não precisava ter sido veiculado
por meio de lei complementar por não se enquadrar na exigência do art. 146, III, “a”, da
CF/88, como argumentavam as entidades sindicais:
Art. 146. Cabe à lei complementar:
(...)
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos
impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos
geradores, bases de cálculo e contribuintes;

Acabar com a obrigatoriedade da contribuição sindical não exige lei específicas: O § 6º do art.
150 da CF/88 exige lei específica para conceder subsídio, isenção, reduzir base de cálculo e
conceder outros “benefícios fiscais”. A Lei 13.467/17 não disciplinou nenhum desses
benefícios fiscais. Logo, não se exigia a edição de uma lei específica.

Livre associação profissional ou sindical: Sob o ângulo material, o STF lembrou que a
Constituição assegura a livre associação profissional ou sindical, de modo que ninguém é
obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato (art. 8º, V). O princípio constitucional
da liberdade sindical garante tanto ao trabalhador quanto ao empregador a liberdade de se
associar a uma organização sindical, passando a contribuir voluntariamente com essa
representação. Não se pode admitir que o texto constitucional, de um lado, consagre a
liberdade de associação, sindicalização e expressão e, de outro, imponha uma contribuição
compulsória a todos os integrantes das categorias econômicas e profissionais.

CF/88 não impõe que a contribuição sindical seja obrigatória: “A contribuição sindical não
foi constitucionalizada no texto magno”. O que o STF quis dizer com essa frase: não há
qualquer comando na Constituição dizendo que deverá ser instituída uma contribuição
sindical compulsória, com natureza de tributo, em favor dos sindicatos. O inciso IV do art. 8º
da CF/88 prevê que a lei poderá instituir uma contribuição sindical, mas sem mencionar que
deva ser obrigatória.

Contribuição confederativa é a principal fonte de custeio dos sindicatos: Analisando o inciso


IV do art. 8º, o STF afirma que fica claro que a contribuição sindical, na forma da lei, é uma
fonte de custeio (fonte de receita) subsidiária das entidades sindicais. A principal fonte de
custeio é a contribuição confederativa, instituída em assembleia geral.

Modelo de gestão sindical é uma decisão política: A discussão a respeito do modelo de gestão
sindical a ser adotado no Brasil é eminentemente política, cujo protagonista é o Congresso
Nacional. O STF deve ser autocontido, de forma a respeitar as escolhas políticas do Legislativo.
Sistema sindical moderno: Ademais, a reforma trabalhista buscou a evolução de um sistema
sindical centralizador, arcaico e paternalista para um modelo mais moderno, baseado na
liberdade. O modelo de contribuição compulsória não estimulava a competitividade e a
representatividade, levando a um verdadeiro negócio privado, bom apenas para sindicalistas.
A sistemática anterior criou um associativismo com enorme distorção representativa. No
Brasil, são quase 17 mil sindicatos, enquanto em outros países apenas algumas centenas. A
contribuição compulsória vinha gerando oferta excessiva e artificial de associações
sindicais, o que configura perda social em detrimento dos trabalhadores. Esse número
estratosférico de sindicatos não se revertia em aumento do bem-estar de nenhuma categoria.
Nesse contexto, as entidades sindicais frequentemente se engajam em atividades políticas,
lançando e apoiando candidatos, conclamando protestos e mantendo estreitos laços com
partidos políticos. Ocorre que o discurso político é o núcleo por excelência da liberdade de
expressão. Ao exigir que indivíduos financiem atividades políticas com as quais não
concordam, por meio de contribuições compulsórias a sindicatos, o regime anterior certamente
vulnerava a garantia fundamental da liberdade de expressão, protegida pelo art. 5º, IV, da
Constituição. Por sua vez, a nova sistemática leva a um novo pensar da sociedade sobre como
lidar com as categorias econômicas e trabalhistas e com as formas de atuação na sociedade,
sem depender necessariamente do Estado. Os sindicatos passarão a ser sustentados por
contribuições voluntárias, do mesmo modo que as demais associações.

Votos vencidos: Ficaram vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber e Dias Toffoli, para
quem as alterações legislativas são inconstitucionais formal e materialmente.

21.3. Constitucionalidade da contribuição adicional de 2,5% sobre a folha de salários para


as instituições financeiras (Lei 7.787/89)

É constitucional a contribuição adicional de 2,5% (dois e meio por cento) sobre a folha de
salários instituída para as instituições financeiras e assemelhadas pelo art. 3º, § 2º, da Lei
nº 7.787/89, ainda que considerado o período anterior à EC 20/98.
STF. Plenário. RE 599309/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 6/6/18 (repercussão geral)
(Info 905).

21.4. É legítima a majoração de alíquota do Finsocial devido por empresa exclusivamente


prestadora de serviços – (Info 902) – BAIXA RELEVÂNCIA!!!

Se uma empresa se autoqualifica como prestadora de serviços, a ela deverá ser aplicada a
majoração de alíquota estabelecida para o cálculo da contribuição ao Finsocial.
STF. Plenário. RE 193924 ED-EDv/DF, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, j. 16/5/18 (Info 902).

21.5. É inconstitucional o art. 2º da Lei 11.000/04 quando delega aos conselhos profissionais
a competência para definir as anuidades sem parâmetro legal – (Info 844) – (Analista
Judiciário/TRERJ-2017)

É inconstitucional, por ofensa ao princípio da legalidade tributária, lei que delega aos
conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas a competência de fixar ou majorar,
sem parâmetro legal, o valor das contribuições de interesse das categorias profissionais e
econômicas, usualmente cobradas sob o título de anuidades, vedada, ademais, a atualização
desse valor pelos conselhos em percentual superior aos índices legalmente previstos.
STF. Plenário. RE 704292/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 19/10/16 (repercussão geral) (Info 844).
OBS:
NOÇÕES GERAIS SOBRE AS ANUIDADES COBRADAS PELOS CONSELHOS
PROFISSIONAIS
Qual é a natureza jurídica dos Conselhos Profissionais (exs.: CREA, CRM, COREN, CRO
etc.)? Os Conselhos Profissionais possuem natureza jurídica de autarquias federais.
Exceção: a OAB que, segundo a concepção majoritária, é um serviço público independente,
categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro.

Anuidades: Os Conselhos podem cobrar um valor todos os anos dos profissionais que integram
a sua categoria. A isso se dá o nome de anuidade (art. 4º, II, da Lei nº 12.514/2011).

Qual é a natureza jurídica dessas anuidades? Tais contribuições são consideradas tributo,
sendo classificadas como “contribuições profissionais ou corporativas”.

Fato gerador: O fato gerador das anuidades é a existência de inscrição no conselho, ainda que
por tempo limitado, ao longo do exercício (art. 5º da Lei nº 12.514/2011).

Execução fiscal: Como a anuidade é um tributo e os Conselhos profissionais são autarquias,


em caso de inadimplemento, o valor devido é cobrado por meio de uma execução fiscal.

Competência: A execução fiscal, nesse caso, é de competência da Justiça Federal, tendo em vista
que os Conselhos são autarquias federais (Súmula 66 do STJ).

ANTIGO REGIME DE DEFINIÇÃO DO VALOR DAS ANUIDADES - LEI 11.000/2004


Quem define o valor das anuidades? Como isso é feito? O art. 2º da Lei 11.000/04 previu que
os próprios Conselhos Profissionais seriam responsáveis por definir o valor das anuidades por
meio de resoluções internas (atos infralegais). Veja:

Art. 2º Os Conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas


são autorizados a fixar, cobrar e executar as contribuições anuais,
devidas por pessoas físicas ou jurídicas, bem como as multas e os
preços de serviços, relacionados com suas atribuições legais, que
constituirão receitas próprias de cada Conselho.
§ 1º Quando da fixação das contribuições anuais, os Conselhos
deverão levar em consideração as profissões regulamentadas de
níveis superior, técnico e auxiliar.

Essa previsão é constitucional? NÃO. O STF entendeu que o art. 2º, caput e o § 1º da Lei nº
11.000/2004 são inconstitucionais. Vamos entender os motivos.

Flexibilização do princípio da legalidade tributária: O princípio da legalidade tributária tem


passado por um movimento de flexibilização em todo o mundo. Está ultrapassado o dogma
da reserva absoluta da lei ou da tipicidade fechada. Vigora atualmente a ideia de que o
princípio da reserva de lei não é absoluto, podendo o legislador tributário valer-se de cláusulas
gerais, tal como ocorre nos demais ramos do Direito. Isso porque é necessário que a legislação
tributária possa ter uma certa flexibilidade para poder ser adaptar mais rapidamente às
mudanças da sociedade que está em constante transformação. Nesse sentido: TORRES, Silvia
Faber. A flexibilização do princípio da legalidade no direito do estado. Rio de Janeiro: Renovar,
p. 268. Marco Aurélio Greco também concorda com esta concepção e afirma que o princípio
constitucional da legalidade tributária exige que haja uma "legalidade suficiente" e não uma
"legalidade estrita”. (Planejamento Tributário. 3ª ed. São Paulo: Dialética, 2011, p. 147).

Critérios para se respeitar o princípio da legalidade tributária? Dessa forma, é possível que
uma lei tributária autorize que um ato infralegal defina alguns aspectos relacionados com o
tributo que está sendo tratado. A isso o Min. Dias Toffoli chama de "diálogo com o
regulamento". Vale ressaltar, contudo, que este diálogo com o regulamento deve ocorrer
respeitando-se três parâmetros: subordinação, desenvolvimento e complementariedade.

Art. 2º da Lei 11.000/04 não atendeu a esses parâmetros: O art. 2º da Lei 11.000/04 estabeleceu
a possibilidade de os Conselhos de fiscalização fixarem livremente o valor das anuidades
pagas. Houve, portanto, um diálogo com o regulamento com o objetivo de otimizar os
princípios da capacidade contributiva e da isonomia, permitindo que os próprios Conselhos
defina, no caso concreto, o valor das anuidades de acordo com os níveis superior, técnico e
auxiliar.
Porém, o que se observa é que a Lei conferiu uma autorização muito ampla e genérica, não
impondo limites de "subordinação" e de "complementariedade" para o regulamento. Com isso,
a Lei 11.000/04 criou situação de instabilidade institucional, deixando ao puro arbítrio do
administrador o valor da exação. Não há previsão legal de qualquer limite máximo para a
fixação do valor da anuidade.

Percebe-se que a definição do valor do tributo, um poder outorgado pelo povo para o
Parlamento, foi inteiramente delegada, sem critérios, para os conselhos de fiscalização que são
entidades autárquicas eminentemente administrativas e destituídas de poder político
(legitimação democrática).

Para o contribuinte, surge uma situação de intranquilidade e incerteza por não saber o quanto
lhe poderá ser cobrado; para o fisco, significa uma atuação ilimitada e carente de controle.

A remissão ao regulamento se deu de maneira insubordinada, sem delimitação do grau de


concreção com que o elemento do tributo (seu valor) pode ser disciplinado pelo ato autorizado.
De acordo com o art. 2º da Lei 11.000/04, o regulamento do Conselho não complementa o valor
do tributo, mas sim o cria, inovando a ordem jurídica.

Desse modo, o grau de indeterminação do art. 2º da Lei 11.000/04 foi tão grande que violou a
reserva legal, consagrada pelo art. 150, I, da CF/88. Isso porque a remessa ao ato infralegal não
pode resultar em desapoderamento do legislador para tratar de elementos tributários
essenciais. O legislador não pode abrir mão de todos os critérios em prol do regulamento.

Para que o art. 2º da Lei 11.000/04 respeitasse o princípio da legalidade seria indispensável
que ele previsse o limite máximo do valor da exação, ou os critérios para calculá-lo, o que não
ocorreu na espécie.

Majoração das anuidades em patamar superior ao teto fixado em lei: Da mesma forma que é
vedado aos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas fixar em abstrato as
contribuições anuais, também é proibido que eles, a pretexto de atualização monetária,
aumentem as anuidades em patamar superior ao teto fixado em lei. Entendimento contrário
possibilitaria a efetiva majoração do tributo por ato infralegal, em nítida ofensa ao art. 150, I,
da CF/88.

Conclusão: Ante o exposto, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 11.000/04,


de forma a excluir de sua incidência a autorização dada aos Conselhos de fiscalização de
profissões regulamentadas para fixar as contribuições anuais devidas por pessoas físicas ou
jurídicas, e, por arrastamento, declarou a inconstitucionalidade da integralidade do seu § 1º.

ATUAL REGIME DE DEFINIÇÃO DO VALOR DAS ANUIDADES - LEI 12.514/2011


O legislador buscou "corrigir" os vícios que maculavam o art. 2º da Lei 11.000/04 e editou a Lei
12.514/11 trazendo regras menos genéricas para a definição do valor das anuidades. Com
efeito, a Lei 12.514/11 fixou valores máximos para as anuidades e previu os critérios de
reajuste. Veja:

Art. 6º As anuidades cobradas pelo conselho serão no valor de:


I - para profissionais de nível superior: até R$ 500,00 (quinhentos
reais);
II - para profissionais de nível técnico: até R$ 250,00 (duzentos e
cinquenta reais); e
III - para pessoas jurídicas, conforme o capital social, os seguintes
valores máximos:
a) até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais): R$ 500,00 (quinhentos
reais);
b) acima de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) e até R$ 200.000,00
(duzentos mil reais): R$ 1.000,00 (mil reais);
c) acima de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) e até R$ 500.000,00
(quinhentos mil reais): R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais);
d) acima de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) e até R$ 1.000.000,00
(um milhão de reais): R$ 2.000,00 (dois mil reais);
e) acima de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) e até R$ 2.000.000,00
(dois milhões de reais): R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais);
f) acima de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) e até R$
10.000.000,00 (dez milhões de reais): R$ 3.000,00 (três mil reais);
g) acima de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais): R$ 4.000,00
(quatro mil reais).
§ 1º Os valores das anuidades serão reajustados de acordo com a
variação integral do Índice Nacional de Preços ao Consumidor -
INPC, calculado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE, ou pelo índice oficial que venha a substituí-lo.
§ 2º O valor exato da anuidade, o desconto para profissionais recém-
inscritos, os critérios de isenção para profissionais, as regras de
recuperação de créditos, as regras de parcelamento, garantido o
mínimo de 5 (cinco) vezes, e a concessão de descontos para
pagamento antecipado ou à vista, serão estabelecidos pelos
respectivos conselhos federais.

Art. 7º Os Conselhos poderão deixar de promover a cobrança


judicial de valores inferiores a 10 (dez) vezes o valor de que trata o
inciso I do art. 6º.

Obs: em razão de não possuir natureza jurídica de autarquia, a OAB não está vinculada a esses
valores, podendo fixar anuidade em patamares superiores.

O STF já decidiu que a Lei 12.514/11 é constitucional e que respeita os princípios da capacidade
contributiva, da vedação ao confisco e da legalidade. Para maiores informações, veja: STF.
Plenário. ADI 4697/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 06/10/16 (Info 842).

22. PRESCRIÇÃO
22.1. Prazo prescricional e tributo declarado inconstitucional – (Info (906)

Caso concreto: STF decidiu que determinada contribuição tributária era inconstitucional.
Não houve modulação dos efeitos.
Contribuinte ajuizou ação pedindo a repetição do indébito, ou seja, a restituição dos valores
pagos.
O debate envolve o prazo prescricional para essa pretensão.
No momento em que o contribuinte ajuizou a ação, o entendimento do STJ era no sentido
de que o prazo prescricional tinha início a partir da data da declaração de
inconstitucionalidade da exação pelo STF no controle concentrado, ou de resolução do
Senado Federal, no controle difuso.
Ocorre que, durante o curso da ação, o STJ promoveu revisão abrupta de sua jurisprudência
para considerar que, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o transcurso do
prazo prescricional ocorre a partir do recolhimento indevido, independentemente da data
da decisão do STF ou da Resolução do SF (REsp 435.835/SC).
Com a aplicação do novo entendimento do STJ, o contribuinte – que já estava com a sua
ação em curso – teria seu pedido rejeitado por força da prescrição.
O STF, contudo, não concordou com a aplicação imediata do novo entendimento do STJ aos
processos em curso. Para o Supremo, isso representa retroação da regra de contagem do
prazo prescricional às pretensões já ajuizadas, em afronta ao princípio da segurança jurídica
e aos postulados da lealdade, da boa-fé e da confiança legítima, sobre os quais se assenta o
próprio Estado Democrático de Direito.
A modificação na jurisprudência em matéria de prescrição não pode retroagir para
considerar prescrita pretensão que não o era à época do ajuizamento da ação, em respeito ao
posicionamento anteriormente consolidado.
Toda inflexão jurisprudencial que importe restrição a direitos dos cidadãos deve observar
certa regra de transição para produção de seus efeitos, levando em consideração os
comportamentos então tidos como legítimos, porquanto praticados em conformidade com
a orientação prevalecente, em homenagem aos valores e princípios constitucionais.
STF. 2ª Turma. ARE 951533/ES, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. acórdão o Min. Dias
Toffoli, j. 12/6/18 (Info 906).

23. PROTESTO DE CDA


23.1. É constitucional o protesto de CDA – (Info 846) – IMPORTANTE!!!

O protesto das certidões de dívida ativa constitui mecanismo constitucional e legítimo por
não restringir de forma desproporcional quaisquer direitos fundamentais garantidos aos
contribuintes e, assim, não constituir sanção política.
STF. Plenário. ADI 5135/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 3 e 9/11/16 (Info 846).
OBS:
O que é um protesto de título? Protesto de título é o ato público, formal e solene, realizado pelo
tabelião, com a finalidade de provar a inadimplência e o descumprimento de obrigação
constante de título de crédito ou de outros documentos de dívida.

Regulamentação: O protesto é regulado pela Lei nº 9.492/97.

Quem é o responsável pelo protesto? O tabelião de protesto.

Quais são as vantagens do credor realizar o protesto? Existem inúmeros efeitos que decorrem
do protesto, no entanto, as duas principais vantagens para o credor são as seguintes:
a) Serve como meio de provar que o devedor está inadimplente;
b) Funciona como uma forma de coerção para que o devedor cumpra sua
obrigação sem que seja necessária uma ação judicial (como o protesto
lavrado gera um abalo no crédito do devedor, que é inscrito nos cadastros
de inadimplentes, a doutrina afirma que o receio de ter um título
protestado serve como um meio de cobrança extrajudicial do débito; ao ser
intimado do protesto, o devedor encontra uma forma de quitar seu débito).

Qual é o procedimento do protesto?


1) O credor (ou outra pessoa que esteja portando o documento) leva o título até o tabelionato
de protesto e faz a apresentação, pedindo que haja o protesto e informando os dados e endereço
do devedor;
2) O tabelião de protesto examina os caracteres formais do título;
3) Se o título não apresentar vícios formais, o tabelião realiza a intimação do suposto devedor
no endereço apresentado pelo credor (art. 14 da Lei de Protesto);
4) A intimação é realizada para que o apontado devedor, no prazo de 3 dias, pague ou
providencie a sustação do protesto antes de ele ser lavrado;
Após a intimação, poderão ocorrer quatro situações:
4.1) o devedor pagar (art. 19);
4.2) o apresentante desistir do protesto e retirar o título (art. 16);
4.3) o protesto ser sustado judicialmente (art. 17);
4.4) o devedor ficar inerte ou não conseguir sustar o protesto.

5) Se ocorrer as situações 4.1, 4.2 ou 4.3: o título não será protestado;


6) Se ocorrer a situação 4.4: o título será protestado (será lavrado e registrado o protesto).

Qual é o objeto do protesto? O que pode ser protestado? Segundo o art. 1º da Lei nº 9.492/97:
Art. 1º Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a
inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em
títulos e outros documentos de dívida.

Assim, conclui-se que podem ser levados a protesto:


a) Títulos de crédito;
b) Outros documentos de dívida.

O que é um documento de dívida? É todo e qualquer meio de prova escrita que comprove a
existência de uma obrigação líquida, certa e exigível.

Protesto extrajudicial de certidão de dívida ativa (CDA) e posição inicial do STJ: Como a Lei
9.492/97 inovou o tratamento jurídico sobre o tema e permitiu, em seu art. 1º, que o protesto
fosse realizado não apenas sobre títulos, como também com relação a outros documentos de
dívida, iniciou-se uma intensa discussão acerca da possibilidade e conveniência do protesto da
certidão de dívida ativa da Fazenda Pública.

Lei 12.767/2012: A fim de espancar quaisquer dúvidas, foi publicada a Lei 12.767/12 incluindo
um parágrafo único ao art. 1º da Lei 9.492/97 e permitindo, expressamente, o protesto de
certidões da dívida ativa. Confira:
Art. 1º (...)
Parágrafo único. Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto as
certidões de dívida ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Municípios e das respectivas autarquias e fundações públicas.
(Incluído pela Lei nº 12.767/2012)

Desse modo, foi incluída expressa previsão do protesto de CDA na Lei nº 9.492/97.

Alegação de inconstitucionalidade: Como vimos acima, a Lei 12.767/12 incluiu um parágrafo


único ao art. 1º da Lei 9.492/97 prevendo expressamente a possibilidade de haver protesto de
CDA. A mudança, contudo, não agradou a todos. A Confederação Nacional da Indústria (CNI)
ajuizou ação direta de inconstitucionalidade contra este dispositivo invocando dois
argumentos principais:
 A Lei 12.767/12 padece de vício formal. Esta Lei é fruto da conversão da MP 577/12.
Ocorre que esta MP tratava sobre "concessões de serviço público de energia elétrica" e,
durante a sua tramitação no Congresso Nacional, foi incluído o artigo que permite o
protesto de CDA. As medidas provisórias até podem ser objeto de emendas
parlamentares, mas desde que tenham a mesma pertinência temática tratada
originalmente na MP, ou seja, as emendas devem versar sobre o mesmo assunto da
MP original. Quando uma emenda parlamentar insere assunto estranho durante a
tramitação da MP, diz-se que houve "contrabando legislativo", conduta proibida pela
CF/88. Desse modo, a autora pediu que o STF declarasse formalmente inconstitucional
o artigo acrescentado pelo Congresso Nacional e que trata sobre protesto de CDA,
considerando que ele foi inserido indevidamente durante a tramitação da MP.

 2) A Fazenda Pública já dispõe de um meio ágil de cobrança, que é a execução fiscal


(Lei 6.830/80). Logo, ela não precisa do protesto. Diante disso, conclui-se que o
protesto de CDA pela Fazenda tem como único propósito funcionar como meio
coativo de cobrança da dívida tributária, procedimento esse que revela verdadeira
"sanção política", que não é admitida pelo ordenamento jurídico brasileiro.

A ADI foi acolhida? A previsão do protesto de CDA viola a Constituição Federal? NÃO. É o
que foi decidido no Info 846.

Pertinência temática e contrabando legislativo: Realmente, o STF, ao julgar a ADI 5127/DF,


fixou o entendimento de que, durante a tramitação de uma MP, os parlamentares só podem
apresentar emendas caso estas possuam pertinência temática com a proposta original. Vamos
relembrar o que foi decidido:
Durante a tramitação de uma medida provisória no Congresso
Nacional, os parlamentares poderão apresentar emendas?
SIM, no entanto, tais emendas deverão ter relação de pertinência
temática com a medida provisória que está sendo apreciada. Assim,
a emenda apresentada deverá ter relação com o assunto tratado na
medida provisória.
Desse modo, é incompatível com a Constituição a apresentação de
emendas sem relação de pertinência temática com medida
provisória submetida à sua apreciação.
A inserção, por meio de emenda parlamentar, de assunto diferente
do que é tratado na medida provisória que tramita no Congresso
Nacional é chamada de "contrabando legislativo", sendo uma prática
vedada.
STF. Plenário. ADI 5127/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o
acórdão Min. Edson Fachin, j. 15/10/2015 (Info 803).

Ocorre que o STF, ao julgar esta ADI 5127/DF acima, decidiu modular os efeitos da decisão.
Assim, a Corte afirmou que esse entendimento só deverá valer para as medidas provisórias
que forem convertidas em lei depois da decisão da ADI 5127/DF. As medidas provisórias que
foram aprovadas antes da ADI 5127/DF, mesmo que nelas tenha havido contrabando
legislativo, não serão julgadas inconstitucionais (por razões de segurança jurídica).

É como se o STF tivesse dado uma chance ao Congresso Nacional e, ao mesmo tempo, feito um
alerta: o que já foi aprovado não será declarado inconstitucional, porém não faça mais isso.
Dessa forma, a decisão do STF contrária ao “contrabando legislativo” (ADI 5127/DF) teve
eficácia prospectiva. A MP 577/2012, que resultou na Lei 12.767/2012 permitindo o protesto
de CDA, foi aprovada antes do mencionado precedente, motivo pelo qual não padece de vício
de inconstitucionalidade formal.

Sanção política (cobrança do tributo por vias oblíquas): Antes de enfrentar o argumento da
autora, é preciso relembrar em que consiste a chamada "sanção política". A Fazenda Pública
deverá cobrar os tributos em débito mediante os meios judiciais (execução fiscal) ou
extrajudiciais (lançamento tributário) legalmente previstos. O Fisco possui instrumentos legais
para satisfazer seus créditos. Justamente por isso, a jurisprudência entende que a
Administração Pública não pode proceder à cobrança do tributo por "meios indiretos",
impedindo, cerceando ou dificultando a atividade econômica desenvolvida pelo contribuinte
devedor. Quando isso ocorre, os Tribunais afirmam que o Poder Público aplicou “sanções
políticas”, ou seja, formas “enviesadas de constranger o contribuinte, por vias oblíquas, ao
recolhimento do crédito tributário” (STF ADI 173). Exs.: apreensão de mercadorias, não
liberação de documentos, interdição de estabelecimentos.

Desse modo, sanções políticas, em matéria tributária, são restrições e impedimentos impostos
pelo Fisco às atividades desenvolvidas pelos contribuintes com a finalidade de, indiretamente,
forçá-los ao pagamento do tributo. Existem quatro exemplos de sanções políticas reconhecidas
em súmulas do STF e STJ:
Súmula 70-STF: É inadmissível a interdição de estabelecimento
como meio coercitivo para cobrança de tributo.

Súmula 323-STF: É inadmissível a apreensão de mercadorias como


meio coercitivo para pagamento de tributos.

Súmula 547-STF: Não é lícito à autoridade proibir que o


contribuinte em débito adquira estampilhas, despache mercadorias
nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais.

Súmula 127-STJ: É ilegal condicionar a renovação da licença de


veículo ao pagamento de multa, da qual o infrator não foi notificado.

Para que seja considerada sanção política, a medida deverá ser desproporcional/irrazoável:
A tese central defendida pela autora da ADI foi a de que o protesto da CDA pelo fisco constitui
“sanção política” – pois seria uma medida extrajudicial que restringe de forma
desproporcional os direitos fundamentais dos contribuintes ao devido processo legal, à livre
iniciativa e ao livre exercício profissional – imposta, de forma indireta, para pressioná-los a
quitar seus débitos tributários. O STF não concordou com o argumento. Para Min. Barroso, o
simples fato de o Poder Público adotar medidas coercitivas ou que restrinjam direitos dos
contribuintes como forma de cobrar o tributo não significa que isso seja considerado como uma
sanção política. Exige-se, além disso, que tais restrições sejam desproporcionais, irrazoáveis.
No caso do protesto de CDA, apesar de ele acabar impondo uma restrição ao contribuinte (o
devedor ficará com nome "negativado", terá mais dificuldades para conseguir obter
empréstimos etc.), esta medida não foi considerada desproporcional ou irrazoável.

Não há violação ao princípio da proporcionalidade: O protesto de CDAs não viola o princípio


da proporcionalidade. Com a edição da Lei 9.492/97, registrou-se sensível ampliação do rol de
títulos sujeitos a protesto, que passou a incluir, além dos cambiais, “títulos e outros
documentos de dívida”. Hoje podem ser protestados quaisquer títulos executivos, judiciais ou
extrajudiciais, desde que dotados de liquidez, certeza e exigibilidade, nos termos do art. 783
do CPC/2015. A partir dessa alteração legislativa, o protesto passou também a desempenhar
outras funções além da meramente probatória. De um lado, ele representa instrumento para
constituir o devedor em mora e comprovar o descumprimento da obrigação. De outro, confere
ampla publicidade ao inadimplemento e consiste em meio alternativo e extrajudicial para a
cobrança da dívida. A remessa da CDA a protesto é medida plenamente adequada às novas
finalidades do instituto. Ela confere maior publicidade ao descumprimento das obrigações
tributárias e serve como importante mecanismo extrajudicial de cobrança, contribuindo para
estimular a adimplência, incrementar a arrecadação e promover a justiça fiscal, impedindo que
devedores contumazes possam extrair vantagens competitivas indevidas da sonegação de
tributos. O protesto é, em regra, mecanismo que causa menor sacrifício ao contribuinte, se
comparado aos demais instrumentos de cobrança disponíveis, em especial a Execução Fiscal.
Assim, o protesto de CDA proporciona ganhos que compensam largamente as leves e
eventuais restrições aos direitos fundamentais dos devedores. Daí por que, além de adequada
e necessária, a medida é também proporcional em sentido estrito.

Ademais, não configura uma “sanção política”, já que não constitui medida coercitiva indireta
que restrinja, de modo irrazoável ou desproporcional, direitos fundamentais dos contribuintes,
com o objetivo de forçá-los a quitar seus débitos tributários. Tal instrumento de cobrança é,
portanto, constitucional.

Não são proibidos mecanismos extrajudiciais de cobrança: Realmente, a execução fiscal


constitui o mecanismo próprio (típico) de cobrança judicial da Dívida Ativa. Apesar disso, não
podem ser considerados proibidos os mecanismos extrajudiciais de arrecadação tributária. O
protesto é um instrumento extrajudicial que pode ser empregado para a cobrança dos valores
inscritos na dívida ativa, com expressa previsão legal, nos termos do parágrafo único do art. 1º
da Lei nº 9.492/97. Não há, assim, qualquer incompatibilidade entre a execução fiscal e o
protesto da CDA. Eles são até mesmo complementares. Frustrada a cobrança pela via do
protesto, o executivo fiscal poderá ser normalmente ajuizado pelo Fisco. Ressalta-se, ainda, que
em relação à cobrança de créditos de pequeno valor, o protesto será, muitas vezes, a única via
possível. Isso porque um processo de execução fiscal tem elevado custo e com frequência não
vale a pena economicamente propor a ação para cobrar dívidas de baixo montante. Assim,
diversas Fazendas Públicas optaram por autorizar o não ajuizamento de execuções fiscais nos
casos em que o custo da cobrança judicial seja superior ao próprio valor do crédito. Nestas
hipóteses, o protesto da CDA é medida de fundamental importância e que atende ao interesse
público.

Não há ofensa ao princípio da inafastabilidade da jurisdição: A autora da ADI alegava que o


protesto da CDA violaria o princípio da inafastabilidade da jurisdição, considerando que o
devedor é protestado mesmo sem que haja um processo judicial. Tal conclusão não é correta.
O protesto da CDA é realizado extrajudicialmente, mas não impede que o devedor possa
buscar o Poder Judiciário para discutir a validade do crédito tributário ou para sustar o
protesto. Além disso, o protestado pode, inclusive, pleitear judicialmente uma indenização por
danos morais e materiais, caso o protesto seja indevido. Não existe qualquer ofensa à
inafastabilidade do controle judicial. Por esses motivos, não se vislumbra fundamento
constitucional ou legal que impeça o Poder Público de estabelecer, por via de lei, o protesto
como modalidade extrajudicial e alternativa de cobrança de créditos tributários. Portanto, o
protesto de Certidões da Dívida Ativa não importa em qualquer restrição ao devido processo
legal.
Não há embaraço ao exercício das atividades empresariais: O protesto de Certidões de Dívida
Ativa não representa um embaraço ao regular exercício das atividades empresariais e ao
cumprimento dos objetos sociais dos administrados. A principal finalidade do protesto é dar
ao mercado conhecimento a respeito da existência de débitos fiscais contra aquela pessoa e
permitir a sua cobrança extrajudicial. É certo que o protesto irá trazer algumas restrições ou
dificuldades para o devedor obter linhas de crédito. No entanto, o STF considerou que esta
restrição creditícia não atinge o núcleo essencial da atividade empresarial, ou seja, não impede,
de forma absoluta, que o contribuinte continue exercendo suas atividades. Desse modo, tal
medida não traz um impacto direto na vida da empresa.

Abusos poderão ser corrigidos pelo Poder Judiciário: Ressalta-se, por fim, que nas hipóteses
de má utilização do protesto de CDA, permanecem os juízes de 1º grau e os demais tribunais
do País com a prerrogativa de promoverem a revisão de eventuais atos de protesto que, à luz
do caso concreto, estejam em desacordo com a CF/88 e com a legislação tributária, sem
prejuízo do arbitramento de uma indenização compatível com o dano sofrido pelo
administrado. Desse modo, o protesto de CDA é uma prática compatível com a Constituição
Federal, mas os abusos poderão ser corrigidos pelo Poder Judiciário.

Posição do STJ sobre o tema: Atualmente, é pacífico também no STJ que é válido o protesto de
CDA. Veja trechos da ementa do julgado que foi o leading case naquele Tribunal:

(...) 4. No regime instituído pelo art. 1º da Lei 9.492/97, o protesto,


instituto bifronte que representa, de um lado, instrumento para
constituir o devedor em mora e provar a inadimplência, e, de outro,
modalidade alternativa para cobrança de dívida, foi ampliado,
desvinculando-se dos títulos estritamente cambiariformes para
abranger todos e quaisquer "títulos ou documentos de dívida". Ao
contrário do afirmado pelo Tribunal de origem, portanto, o atual
regime jurídico do protesto não é vinculado exclusivamente aos
títulos cambiais.
(...)
6. Dada a natureza bifronte do protesto, não é dado ao Poder
Judiciário substituir-se à Administração para eleger, sob o enfoque
da necessidade (utilidade ou conveniência), as políticas públicas
para recuperação, no âmbito extrajudicial, da dívida ativa da
Fazenda Pública.
(...)
9. A Lei das Execuções Fiscais disciplina exclusivamente a cobrança
judicial da dívida ativa, e não autoriza, por si, a insustentável
conclusão de que veda, em caráter permanente, a instituição, ou
utilização, de mecanismos de cobrança extrajudicial.
(...)
13. A possibilidade do protesto da CDA não implica ofensa aos
princípios do contraditório e do devido processo legal, pois subsiste,
para todo e qualquer efeito, o controle jurisdicional, mediante
provocação da parte interessada, em relação à higidez do título
levado a protesto.
(...)
16. A interpretação contextualizada da Lei 9.492/97 representa
medida que corrobora a tendência moderna de intersecção dos
regimes jurídicos próprios do Direito Público e Privado. A todo
instante vem crescendo a publicização do Direito Privado (iniciada,
exemplificativamente, com a limitação do direito de propriedade,
outrora valor absoluto, ao cumprimento de sua função social) e, por
outro lado, a privatização do Direito Público (por exemplo, com a
incorporação — naturalmente adaptada às peculiaridades existentes
— de conceitos e institutos jurídicos e extrajurídicos aplicados
outrora apenas aos sujeitos de Direito Privado, como, e.g., a
utilização de sistemas de gerenciamento e controle de eficiência na
prestação de serviços). (...)
STJ. 2ª Turma. REsp 1126515/PR, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 03/12/2013 (Info 533).

24. RESTITUIÇÃO DE VALORES DEVIDOS AO CONTRIBUINTE


24.1. Incidência de correção monetária em caso de mora injustificada ou irrazoável do Fisco
em restituir ao contribuinte os valores devidos – (Info 820) – IMPORTANTE!!!

A mora injustificada ou irrazoável do Fisco em restituir o valor devido ao contribuinte


caracteriza a resistência ilegítima autorizadora da incidência da correção monetária.
STF. Plenário. RE 299605 AgR-ED-EDv/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 6/4/2016
(Info 820).
OBS:
IPI e princípio da não-cumulatividade: O IPI é um imposto não cumulativo (art. 153, § 3º, II,
da CF/88), o que significa que é possível compensar o que for devido em cada operação com
o montante cobrado nas anteriores, ou seja, o valor pago na operação imediatamente anterior
pode ser abatido do mesmo imposto em operação posterior (art. 49 do CTN).

"A cada aquisição tributada de insumo, o adquirente registra como


crédito o valor do tributo incidente na operação. Tal valor é um
"direito" do contribuinte, consistente na possibilidade de recuperar
o valor incidente nas operações subsequentes (é o "IPI a recuperar").
A cada alienação tributada de produto, o alienante registra como
débito o valor do tributo incidente na operação. Tal valor é uma
obrigação do contribuinte, consistente no dever de recolher o valor
devido aos cofres públicos federais ou compensá-los com os créditos
obtidos nas operações anteriores (trata-se do "IPI a recolher").
Periodicamente, faz-se uma comparação entre os débitos e créditos.
Caso os débitos sejam superiores aos créditos, o contribuinte deve
recolher a diferença aos cofres públicos. Caso os créditos sejam
maiores, a diferença pode ser compensada posteriormente ou
mesmo, cumpridos determinados requisitos, ser objeto de
ressarcimento." (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário
esquematizado. São Paulo: Método, 2016, p. 586).

Feito esse esclarecimento, imagine a seguinte situação hipotética: Determinada indústria


adquiriu matéria-prima para sua produção, pagando R$ 110 mil. Desse total, R$ 10 mil foi de
IPI. Ao final do período, como a empresa não utilizou estes créditos, ela formulou junto à
Receita Federal um pedido de ressarcimento de créditos do IPI. O Fisco reconheceu
administrativamente que os créditos eram devidos, mas só efetuou a restituição após 16 meses,
contados do deferimento do pedido de ressarcimento, sem qualquer justificativa para este
atraso. Ao realizar a restituição, o Fisco pagou apenas o valor original, ou seja, sem incidência
de correção monetária. A Receita invocou a Súmula 411 do STJ ("É devida a correção monetária
ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência
ilegítima do Fisco"). Segundo argumentou a Administração Tributária, não houve resistência
de sua parte em reconhecer o aproveitamento do crédito. O que existiu foi apenas uma demora
na restituição, mas não no deferimento do pedido. A empresa não concordou com a
argumentação e ingressou com ação requerendo o pagamento da correção monetária.

O pleito da contribuinte foi acolhido pelo STF? SIM.

Este também é o entendimento do STJ. Confira:

(...) Ocorrendo resistência ilegítima do Fisco caracterizada pela mora


no ressarcimento de créditos escriturais de PIS e Cofins (em dinheiro
ou mediante compensação), é de se reconhecer-lhes a correção
monetária. Incidência, por analogia, do recurso representativo da
controvérsia REsp.nº 1.035.847 - RS, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 24.6.2009, e do enunciado n. 411, da Súmula do STJ:
"É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há
oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima
do Fisco". (...)
(STJ. 2ª Turma. AgRg no AgRg no REsp 1466507/RS, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, julgado em 19/05/2015).

Assim, apesar de a Súmula 411 do STJ não falar expressamente em "demora" (mora), este
enunciado é aplicado por analogia também para os casos em que o Fisco aceita prontamente o
pedido de aproveitamento ou restituição, mas demora injustificadamente para efetivar na
prática.

Segundo entendimento do STJ, a correção monetária deve ser feita pela taxa SELIC.

Vale ressaltar, ainda, que o STF fixou uma tese geral sobre o tema, de forma que não abrange
apenas a situação do IPI, mas também de outros tributos sujeitos à mesma sistemática de
restituição, como é o caso do ICMS e da COFINS.

25. NOTA FISCAL


25.1. Lei estadual não pode exigir garantia de empresa inadimplente para que esta emita
nota fiscal – (Info 748)

É INCONSTITUCIONAL a lei que exija que a empresa em débito com a Fazenda Pública
tenha que oferecer uma garantia (ex: fiança) para que possa emitir notas fiscais. Tal previsão
configura “sanção política” (cobrança do tributo por vias oblíquas), o que viola as garantias
do livre exercício do trabalho, ofício ou profissão (art. 5º, XIII), da atividade econômica (art.
170, parágrafo único) e do devido processo legal (art. 5º, LIV).
STF. Plenário. RE 565048/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/5/2014 (Info 748)

26. DEPOSITÁRIO INFIEL DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS


26.1. Inconstitucionalidade da Lei nº 8.866/94 – (Info 851)

É inconstitucional a Lei nº 8.866/94, que estabelece a possibilidade de prisão do depositário


infiel de débitos tributários.
Esta é uma ferramenta desproporcional de aumento de arrecadação, que viola os princípios
do devido processo legal, do contraditório, da ampla defesa e as súmulas vinculantes 28 e
25.
STF. Plenário. ADI 1055/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 15/12/16 (Info 851).
OBS:
DEVER FUNDAMENTAL DE PAGAR TRIBUTOS: Os contribuintes possuem uma série de
direitos fundamentais, que estão previstos nos arts. 150 a 152 da CF/88 e que se constituem em
limitações impostos aos poder de tributar. Existe, no entanto, uma corrente de pensamento no
Direito Tributário que defende que, por outro lado, os contribuintes possuem também um
dever fundamental de pagar os tributos. Desse modo, é como se fosse um outro lado da moeda.
Se por um lado, os contribuintes possuem garantias, por outro, possuem também um dever: o
de pagar regularmente os tributos cobrados. Existe, inclusive, um livro muito famoso sobre o
tema chamado "O dever fundamental de pagar impostos" (Editora Almedina), de autoria do
Professor português José Casalta Nabais. Quando se entende que existe um dever fundamental
de pagar tributos, isso traz algumas consequências jurídicas, como por exemplo:
a) é possível, em tese, utilizar isso como argumento para declarar constitucional uma lei que
imponha enorme controle para evitar sonegação;
b) é possível, em tese, declarar inconstitucional uma lei que conceda isenções de impostos de
forma desproporcional, sem justificativas.

Este dever fundamental de pagar tributos existe porque o Estado possui obrigações para com
as pessoas e estas somente podem ser atendidas se houver arrecadação. Assim, o Poder Público
precisa fornecer saúde, educação, segurança, direitos sociais e isso é custeado, em sua grande
parte, pelos recursos arrecadados com os tributos.

O dever fundamental de pagar tributos está previsto na CF/88? SIM. Esta é a opinião do
Ministro Gilmar Mendes. Em seu voto, ele afirma que tal dever está previsto no art. 145, § 1º,
que tem a seguinte redação:
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte,
facultado à administração tributária, especialmente para conferir
efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos
individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as
atividades econômicas do contribuinte.

Isso tem grande importância para o debate acadêmico sobre o tema e poderá também ser
cobrado na sua prova. Por essa razão, fique atento. Confira o trecho do Informativo que
transcreve as palavras do Ministro:
"É cediço que há o dever fundamental de pagar tributos, entretanto
os meios escolhidos pelo Poder Público devem estar jungidos à
necessidade da medida, à adequação e à proporcionalidade, em
sentido estrito, de restringir os meios de adimplemento em caso de
cobrança judicial, as quais não estão presentes na apreciação da
legislação ora questionada.
O Estado brasileiro baseia-se em receitas tributárias. Um texto
constitucional como o nosso, pródigo na concessão de direitos
sociais e na promessa de prestações estatais aos cidadãos, deve
oferecer instrumentos suficientes para que possa fazer frente às
inevitáveis despesas que a efetivação dos direitos sociais requer. O
tributo é esse instrumento. Considera-se, portanto, a existência de
um dever fundamental de pagar impostos. No caso da Constituição,
esse dever está expresso no § 1º do art. 145."

27. DEPÓSITOS JUDICIAIS


27.1. Inconstitucionalidade das leis estaduais que permitem que o Estado utilize tais verbas
– (Info 841)

Diversos Estados editaram leis estaduais prevendo que o Poder Executivo pode utilizar os
valores constantes dos depósitos judiciais não apenas relacionados com processos em que
os Estados sejam parte, mas também oriundos de outros feitos em que estejam litigando
somente particulares. Tais leis estão sendo questionadas por meio de ADIs. É o caso, por
exemplo, da Lei 21.720/15, do Estado de Minas Gerais.
O STF tem entendido, ainda em um juízo sumário e provisório, que tais leis estaduais são
inconstitucionais por violarem:
1) O princípio da separação dos poderes.
2) A iniciativa privativa legislativa da União (art. 22, I, da CF/88).
3) A LC federal 151/15 apenas autoriza o levantamento de 70% dos valores que sejam objeto
de depósitos vinculados a processos em que os entes federados sejam parte.
STF. Plenário. ADI 5353 MC-Ref/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 28/09/16 (Info 841).
OBS:
Depósitos judiciais: Todos os valores em dinheiro que ficam à disposição da Justiça enquanto
o processo não se encerra são depositados em uma conta bancária em nome do Poder
Judiciário. A isso chama-se de depósito judicial. Exs: João ingressa com ação de consignação
em pagamento em face de Pedro, depositando em juízo R$ 100 mil reais. Maria ajuíza execução
contra Antônio e consegue a penhora on line de R$ 200 mil. Tais valores ficarão em depósito
judicial e, quando o juiz autorizar, eles poderão ser levantados pela parte vencedora,
devidamente atualizados.

Lei complementar federal 151/15: Como se sabe, o Brasil vem passando por uma crise
econômica e os Estados e Municípios têm enfrentado enormes dificuldades para pagar suas
despesas, especialmente com precatórios. Diante disso, uma das medidas encontradas pelo
Governo para contornar esse problema foi o de permitir que o Poder Executivo estadual utilize
parte dos valores que estão nos depósitos judiciais. Para tanto, foi editada a LC 151/2015, que
prevê, resumidamente, o seguinte:
 Dos valores que estão na conta do Poder Judiciário como depósito judicial, deve-se
identificar aqueles que sejam oriundos de processos nos quais os Estados, o DF e os
Municípios sejam parte.
 Desses valores, 70% poderá ser transferido para a conta única do Tesouro do Estado,
do Distrito Federal ou do Município.
 Os 30% restantes ficarão como um fundo de reserva, a fim de serem utilizados para o
pagamento dos valores devidos à outra parte, caso o Estado, o DF ou o Município
perca a causa.

Assim, em outras palavras, a LC 151/2015 autorizou que os Estados, o DF e os Municípios


utilizem 70% dos valores que sejam objeto de depósitos vinculados a processos em que tais
entes federados sejam parte.

Segundo o art. 7º da LC 151/2015, esses recursos repassados ao Estado, ao Distrito Federal ou


ao Município serão aplicados, exclusivamente, no pagamento de:
I – precatórios judiciais de qualquer natureza;
II – dívida pública fundada, caso a lei orçamentária do ente
federativo preveja dotações suficientes para o pagamento da
totalidade dos precatórios judiciais exigíveis no exercício e não
remanesçam precatórios não pagos referentes aos exercícios
anteriores;
III – despesas de capital, caso a lei orçamentária do ente federativo
preveja dotações suficientes para o pagamento da totalidade dos
precatórios judiciais exigíveis no exercício, não remanesçam
precatórios não pagos referentes aos exercícios anteriores e o ente
federado não conte com compromissos classificados como dívida
pública fundada;
IV – recomposição dos fluxos de pagamento e do equilíbrio atuarial
dos fundos de previdência referentes aos regimes próprios de cada
ente federado, nas mesmas hipóteses do inciso III.

Obs: poderá o Estado, o Distrito Federal ou o Município utilizar até 10% da parcela que lhe for
transferida para constituição de Fundo Garantidor de PPPs ou de outros mecanismos de
garantia previstos em lei, dedicados exclusivamente a investimentos de infraestrutura.

Leis estaduais: Ocorre que, antes da LC 151/15, diversos Estados já haviam editado leis
estaduais prevendo que o Poder Executivo poderia utilizar os valores constantes dos depósitos
judiciais não apenas relacionados com processos em que o Estado fosse parte, mas também
oriundos de outros feitos em que estivessem litigando somente particulares. Em outras
palavras, os Estados poderiam utilizar indistintamente os valores dos depósitos judiciais. Tais
leis estão sendo questionadas por meio de ADIs propostas pelo Procurador Geral da República.
É o caso, por exemplo, da Lei 21.720/2015, do Estado de Minas Gerais.

O que o STF vem decidindo? O STF tem entendido, ainda em um juízo sumário e provisório,
que tais leis estaduais são inconstitucionais pelos seguintes motivos:
1) Violam o princípio da separação dos poderes. Segundo já decidiu
o STF, cumpre ao Poder Judiciário a administração e os rendimentos
referentes à conta única de depósitos judiciais e extrajudiciais.
Atribuir ao Poder Executivo essas funções contraria o disposto no
art. 2º da CF/88, que afirma a interdependência - independência e
harmonia - entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. (STF.
Plenário. ADI 3458, Rel. Min. Eros Grau, j. 21/02/08).
2) Ofendem a iniciativa privativa da União. A Lei que versa sobre
depósitos judiciais é de competência legislativa privativa da União,
por tratar de matéria processual, nos termos do art. 22, I, da CF/88
(STF. Plenário. ADI 2909, Rel. Min. Ayres Britto, j. 12/05/10).
3) Contraria a LC federal 151/15. A lei federal apenas autoriza o
levantamento de 70% dos valores que sejam objeto de depósitos
vinculados a processos em que os entes federados sejam parte (art.
2º).

27.2. Inconstitucionalidade das leis estaduais que permitem que o Estado utilize tais verbas
– (Info 809)

Diversos Estados têm editado leis complementares estaduais prevendo que o Poder
Executivo pode utilizar os valores constantes dos depósitos judiciais não apenas
relacionados com processos em que os Estados fossem parte, mas também oriundos de
outros feitos em que estivessem litigando somente particulares. Tais leis estão sendo
questionadas por meio de ADIs propostas pelo Procurador Geral da República. É o caso,
por exemplo, da LC 42/15, do Estado da Bahia.
O STF tem entendido, ainda em um juízo sumário e provisório, que tais leis estaduais são
inconstitucionais por violarem:
1) O princípio da separação dos poderes.
2) A iniciativa privativa legislativa da União (art. 22, I, da CF/88).
3) A LC federal 151/15 apenas autoriza o levantamento de 70% dos valores que sejam objeto
de depósitos vinculados a processos em que os entes federados sejam parte.
STF. Plenário. ADI 5409 MC-Referendo/BA, Rel. Min. Edson Fachin, j. 25/11/15 (Info 809).

28. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL


28.1. Inconstitucionalidade de lei estadual que amplia os limites máximos de gastos com
pessoal fixados pela LRF – (Info 817) – IMPORTANTE!!!

A Lei de Responsabilidade Fiscal, cumprindo o que determina o art. 169 da CF/88,


estabelece, em seus arts. 19 e 20, valores máximos que a União, os Estados/DF e os
Municípios poderão ter gastar com despesas de pessoal.
É inconstitucional lei estadual que amplia os limites máximos de gastos com pessoal fixados
pelos arts. 19 e 20 da Lei de Responsabilidade (LC 101/2000).
O art. 169 da CF/88 determina que a despesa com pessoal da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
Esta lei complementar de que trata a Constituição é uma lei complementar nacional que, no
caso, é a LC 101/2000.
A legislação estadual, ao fixar limites de gastos mais generosos, viola os parâmetros
normativos contidos na LRF, e, com isso, usurpa a competência da União para dispor sobre
o tema.
STF. Plenário. ADI 5449 MC-Referendo/RR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/3/2016
(Info 817).
OBS:
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF): A Lei Complementar nº 101/2000 estabelece normas de
finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. Ela é popularmente
conhecida como "Lei de Responsabilidade Fiscal".

Limites de gastos com pessoal: A LRF estabelece valores máximos que a União, os Estados/DF
e os Municípios poderão gastar com despesas de pessoal (despesas com servidores públicos).
A Lei prevê esses limites por força de uma determinação contida no art. 169 da CF/88: “A
despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar”.

Quais são os limites previstos na LRF? Tais limites estão fixados nos arts. 19 e 20 da LRF e
podem ser assim resumidos:
Os Estados-membros/DF e os Municípios poderão editar leis alterando estes percentuais?
Depende:
 Se a alteração for para tornar os limites mais rígidos: SIM.
 Se a alteração for para tornar os limites mais flexíveis: NÃO.

“A expressão ‘não poderá exceder’, presente no artigo 169 da CF/88, conjugada com o caráter
nacional da lei complementar ali mencionada, assentam a noção de marco negativo, imposto a
todos os membros da Federação, no sentido de que os parâmetros de controle de gastos ali
estabelecidos não podem ser ultrapassados, sob pena de se atentar contra o intuito de
preservação do equilíbrio orçamentário (receita/despesa) consagrado na norma.
Com vistas ao atendimento dessa finalidade, eventual acréscimo normativo promovido pelo
Estado-membro, voltado ao enrijecimento do controle de despesas, não se mostra, a princípio,
incompatível com a Constituição Federal." (STF. Plenário. ADI 4426, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 09/02/2011).
Assim, nada impede que um Estado-membro edite uma lei estadual prevendo que o limite
total de gastos com pessoal naquela unidade da Federação será de 50% da receita corrente
líquida. Isso estará de acordo com o art. 169 da CF/88.

Vamos agora imaginar uma situação um pouco diferente: Determinado Estado-membro


previu na LDO que o limite máximo de gastos com pessoal seria de 60% da receita corrente
líquida. Até aí, tudo bem, já que está de acordo com o art. 19, II, da LRF. Ocorre que a lei
estadual alterou os limites que cada "Poder" pode gastar, fixando o seguinte:
 Executivo: 47,5%
 Legislativo (e TCE): 4,5%
 Judiciário: 6%
 MPE: 2%

Desse modo, perceba que a lei estadual reduziu o percentual que o Executivo pode gastar com
pessoal, mas em compensação aumentou o limite do Legislativo (a LRF prevê um máximo de
3% e a lei estadual fixou 4,5%).

Diante disso, indaga-se: essa lei estadual é válida? NÃO. Ressalte-se que, no caso, não há um
mero conflito de legalidade (lei estadual x LRF). A lei estadual, ao afrontar os limites de gastos
com pessoal previstos na LRF, ofendeu diretamente o texto constitucional, qual seja, o art. 169
da CF/88.

29. ORÇAMENTO PÚBLICO


29.1. É inconstitucional norma estadual que destina recursos do Fundo de Participação dos
Estados para um determinado fundo de desenvolvimento econômico – (Info 906)

São inconstitucionais as normas que estabelecem vinculação de parcelas das receitas


tributárias a órgãos, fundos ou despesas, por desrespeitarem a vedação contida no art. 167,
IV, da Constituição Federal.
Caso concreto: STF julgou inconstitucional o art. 226, § 1º da Constituição do Estado do Rio
de Janeiro, que criou o Fundo de Desenvolvimento Econômico e a ele destinou recursos
provenientes do Fundo de Participação dos Estados.
STF. Plenário. ADI 553/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 13/6/2018 (Info 906).
29.2. Expropriação de recursos administrados pelo poder público estadual – (Info 869)

O Estado do Rio de Janeiro vive uma grave crise econômica, estando em débito com o
pagamento de fornecedores e atraso até mesmo no pagamento da remuneração dos
servidores públicos. Os órgãos e entidades também estão sem dinheiro para custear os
serviços públicos.
Diante disso, diversas ações (individuais e coletivas) foram propostas, tanto na Justiça
comum estadual como também na Justiça do Trabalho, pedindo a realização desses
pagamentos. Os órgãos judiciais estavam acolhendo os pedidos e determinando a apreensão
de valores nas contas do Estado para a concretização dos pagamentos.
Neste cenário, o Governador do Estado ajuizou ADPF no STF com o objetivo de suspender
os efeitos de todas as decisões judiciais do TJRJ e do TRT da 1ª Região que tenham
determinado o arresto, o sequestro, o bloqueio, a penhora ou a liberação de valores das
contas administradas pelo Estado do Rio de Janeiro.
O STF afirmou que esse conjunto de decisões representa uma usurpação das competências
constitucionais reservadas ao Poder Executivo (a quem cabe exercer a direção da
administração) e ao Poder Legislativo (a quem compete autorizar a transposição,
remanejamento ou transferência de recursos de uma categoria de programação para outra,
ou de um órgão para outro). Logo, isso significa uma ofensa ao art. 2º, art. 84, II e art. 167,
VI e X, da Constituição Federal.
Diante desse cenário, o STF determinou a suspensão dos efeitos das decisões que tenham
determinado o arresto, o sequestro, o bloqueio, a penhora ou a liberação de valores das
contas administradas pelo Estado do Rio de Janeiro e que tenham recaído sobre recursos
escriturados, com vinculação orçamentária específica ou vinculados a convênios e operações
de crédito, valores de terceiros sob a administração do Poder Executivo e valores
constitucionalmente destinados a municípios, devendo, ainda, ser devolvidos os recursos
que ainda não tenham sido repassados aos beneficiários dessas decisões judiciais.
STF. Plenário. ADPF 405 MC/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, j. 14/6/17 (Info 869).

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