1. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
1.1. Norma que altera o prazo de pagamento do tributo – (Info 790) – (MPRR-2017) (TRF4-
2016) (TJSE-2015)
Súmula vinculante 50-STF: Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação
tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.
STF. Plenário. Aprovada em 17/06/2015.
Nos casos em que a majoração de alíquota tenha sido estabelecida somente na lei de
conversão, o termo inicial da contagem é a data da conversão da medida provisória em lei.
STF. Plenário. RE 568503/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, j. 12/2/14 (Info 735)
OBS:
Imagine agora a seguinte situação: O Presidente da República editou, em 29/1/04, a Medida
Provisória 164/2004 instituindo o PIS/PASEP. Essa MP foi convertida na Lei nº 10.865,
promulgada em 30/4/04. Durante a tramitação da Medida Provisória 164/2004 no Congresso,
foi inserido no projeto de conversão um artigo majorando a alíquota do PIS incidente sobre a
água mineral. Desse modo, a majoração não havia sido prevista, originariamente, pela Medida
Provisória, tendo surgido somente quando a MP foi convertida na Lei.
2. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
2.1. IMUNIDADE DE ENTIDADES EDUCACIONAIS E ASSISTENCIAIS: Não é possível
que o CEBAS seja negado em razão do descumprimento de requisitos que não estejam
previstos em lei complementar – (Info 933) – Apenas Concursos Federais!!!
Não é possível que o CEBAS seja negado em razão do descumprimento de requisitos que
não estejam previstos em lei complementar.
O certificado de entidade beneficente de assistência social é submetido à renovação
periódica a partir da demonstração dos requisitos previstos em legislação complementar
vigente em cada época.
O art. 2º, IV, do Decreto 752/93 (atualmente revogado), que fazia exigências para a concessão
ou renovação do Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos, é inconstitucional porque
os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei complementar (STF.
Plenário. ADI 2028/DF, ADI 2036/DF, ADI 2228/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/
o ac. Min. Rosa Weber, julgados em 23/2 e 2/3/2017).
Assim, o ato que negou a renovação de CEBAS com base no art. 2º, IV, do Decreto 752/93
violou direito líquido e certo da entidade.
STF. 1ª Turma. RMS 24065/DF, Rel. Min. Luiz Fux, j. 12/3/19 (Info 933).
Essas circunstâncias demonstram que a imunidade tributária recíproca deve abranger os bens
e direitos integrantes do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), em consonância com a
jurisprudência do STF que impõe um requisito indispensável para a aplicação da imunidade
recíproca: a blindagem deferida pela Constituição somente incide sobre o patrimônio, a renda
ou os serviços não afetados à exploração de atividade econômica.
No julgamento do RE 594015, o STF Corte fixou a tese de que a imunidade recíproca não se
estende a empresa privada arrendatária de imóvel público quando esta explorar atividade
econômica com fins lucrativos. Esse precedente não se aplica à presente hipótese porque, com
relação ao PAR, a concessão da imunidade não irá gerar qualquer consequência prejudicial ao
equilíbrio econômico ou à livre iniciativa. Isso porque não há atividade comercial sendo
desenvolvida no âmbito do PAR.
Imunidade tributária recíproca: Ela está prevista na CF/88, em seu art. 150, VI, “a”. Isso
significa que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não podem cobrar
impostos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços, uns dos outros. Vejamos a redação do
dispositivo constitucional:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado
à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...)
VI — instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
Sabbag menciona que essa imunidade tem como fundamento, ainda, o postulado da isonomia
dos entes constitucionais. Ora, pelo fato de todos os entes estarem em pé de igualdade, não
havendo hierarquia, nenhum deles pode estar sujeito ao poder de tributar do outro (Manual de
Direito Tributário.5. ed., São Paulo: Saraiva, p. 254).
Correios e Imunidade tributária recíproca: O exemplo mais comum de empresa pública que
goza de imunidade recíproca é a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Isso
porque os Correios são entendidos como uma empresa prestadora de serviço público
obrigatório e exclusivo do Estado e não como exploradora de atividade econômica, embora
também ofereçam serviços dessa natureza.
A OAB também é considerada uma autarquia federal? NÃO. Em 2006, ao julgar a ADI
3026/DF, proposta contra o Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.904/94), o STF afirmou
expressamente que a OAB:
Não é uma entidade da Administração indireta da União;
Não pode ser tida como congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional,
ou seja, não pode ser considerada como um mero conselho profissional. Isso porque a
OAB, além das finalidades corporativas (relacionadas com os advogados), possui
também finalidades institucionais (ex: defender a Constituição, a ordem jurídica do
Estado democrático de direito, os direitos humanos etc.).
Assim, o STF, naquele julgado, decidiu que a OAB seria um “serviço público independente”,
categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. Veja os
principais trechos da ementa do acórdão:
(...) 2. Não procede a alegação de que a OAB sujeita-se aos ditames impostos à
Administração Pública Direta e Indireta.
3. A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem é
um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades
jurídicas existentes no direito brasileiro.
4. A OAB não está incluída na categoria na qual se inserem essas que se tem
referido como "autarquias especiais" para pretender-se afirmar equivocada
independência das hoje chamadas "agências".
5. Por não consubstanciar uma entidade da Administração Indireta, a OAB não
está sujeita a controle da Administração, nem a qualquer das suas partes está
vinculada. Essa não-vinculação é formal e materialmente necessária.
6. A OAB ocupa-se de atividades atinentes aos advogados, que exercem função
constitucionalmente privilegiada, na medida em que são indispensáveis à
administração da Justiça [artigo 133 da CB/88]. É entidade cuja finalidade é
afeita a atribuições, interesses e seleção de advogados. Não há ordem de relação
ou dependência entre a OAB e qualquer órgão público.
7. A Ordem dos Advogados do Brasil, cujas características são autonomia e
independência, não pode ser tida como congênere dos demais órgãos de
fiscalização profissional. A OAB não está voltada exclusivamente a finalidades
corporativas. Possui finalidade institucional. (...)
STF. Plenário. ADI 3026, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 08/06/2006.
Órgãos da OAB: A OAB possui, em sua estrutura interna, alguns “órgãos” (obs: a palavra
“´órgãos” é utilizada pelo art. 45 da Lei nº 8.906/94). São órgãos da OAB:
I – o Conselho Federal;
II – os Conselhos Seccionais;
III – as Subseções;
IV – as Caixas de Assistência dos Advogados.
Serviços sociais para os advogados: A Caixa de Assistência, como já dito, é o “órgão” da OAB
responsável por oferecer serviços sociais aos advogados, estagiários inscritos no Conselho e
seus dependentes. Quais serviços? Alguns exemplos de serviços oferecidos por algumas
Caixas: plano de saúde, convênios com lojas e restaurantes, realização de eventos para os
advogados, livrarias com preços reduzidos para os advogados etc.
Para o STF, ambas as atividades devem receber o mesmo tratamento de direito público.
Logo, entende-se que as Caixas de Assistências dos Advogados prestam serviço público
delegado e possuem status jurídico de ente público. Vale ressaltar, ainda, que elas não
exploram atividades econômicas em sentido estrito com intuito lucrativo. Diante disso, as
Caixas de Assistência dos Advogados devem gozar da imunidade recíproca prevista no art.
150, VI, “a”, do Texto Constitucional, tendo em vista a impossibilidade de se conceder
tratamento tributário diferenciado a órgãos da OAB, de acordo com as finalidades que lhe são
atribuídas por lei.
2.4. O maquinário para impressão de livros não goza de imunidade tributária – (Info 904)
A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal, não abarca o
maquinário utilizado no processo de produção de livros, jornais e periódicos.
A imunidade tributária visa à garantia e efetivação da livre manifestação do pensamento,
da cultura e da produção cultural, científica e artística. Assim, é extensível a qualquer
material assimilável a papel utilizado no processo de impressão e à própria tinta especial
para jornal, mas não é aplicável aos equipamentos do parque gráfico, que não são
assimiláveis ao papel de impressão, por não guardarem relação direta com a finalidade
constitucional do art. 150, VI, “d”, da CF/88.
STF. 1ª Turma. ARE 1100204/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre
de Moraes, j. 29/5/2018 (Info 904).
OBS:
Imunidade tributária: Consiste na determinação feita pela Constituição Federal de que certas
atividades, rendas, bens ou pessoas não poderão sofrer a incidência de tributos. Trata-se de
uma dispensa constitucional de tributo. A imunidade é uma limitação ao poder de tributar,
sendo sempre prevista na própria CF. As normas de imunidade tributária constantes da
Constituição objetivam proteger valores políticos, morais, culturais e sociais essenciais e não
permitem que os entes tributem certas pessoas, bens, serviços ou situações ligadas a esses
valores.
Imunidade do art. 150, VI, “d”, da CF/88: O art. 150, VI, “d”, da CF/88 prevê que os “livros,
jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão” gozam de imunidade tributária
quanto aos impostos:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
Vamos estudar um pouco mais sobre esta previsão:
Razão de sua existência: Esta imunidade foi prevista pelo legislador constituinte como uma
forma de fomentar a difusão da cultura, do ensino e da liberdade de expressão, evitando que
tais manifestações fossem impedidas ou dificultadas por força do pagamento de impostos.
Histórico desta imunidade: O Min. Dias Toffoli, em rico voto no RE 330817/RJ, aponta as
razões históricas que motivaram a previsão desta imunidade. No período histórico conhecido
como Estado Novo (1937 a 1945), o Governo cobrava elevado imposto dos jornais que
divulgavam ideias contrárias ao regime quando estes importavam papeis. Por outro lado,
concediam benefícios fiscais aos jornais partidários do Governo. Era uma forma de censura
indireta. A Constituição Federal de 1946, com o intuito de acabar com este controle estatal da
imprensa, conferiu imunidade tributária ao “papel” e, além disso, com o objetivo de
estimular a produção editorial, também estendeu esta imunidade para os livros. A
Constituição Federal de 1967 manteve a imunidade, prevendo que era vedado criar imposto
sobre “o livro, os jornais e os periódicos, assim como o papel destinado à sua impressão” (art.
20, III, d). A Constituição Federal de 1969 (para alguns, apenas uma Emenda Constitucional à
CF/67) manteve a imunidade, com pequena alteração em seu texto.
Imunidade objetiva: As alíneas “a”, “b” e “c” do inciso VI do art. 150 da CF/88 tratam de
imunidade subjetiva. A imunidade desta letra “d” (imunidade cultural) é classificada como
objetiva (ou real). Isso porque recai apenas sobre bens (livros, jornais, periódicos e o papel) e
não se refere a impostos pessoais. “A aplicação da imunidade independe da pessoa que os
produza ou que os comercialize; ou seja, não importa se se está diante de uma editora, uma
livraria, uma banca de jornal, um fabricante de papel, um vendedor de livros, do autor ou de
uma gráfica, pois o que importa à imunidade é o objeto e não a pessoa.” (Min. Dias Toffoli).
Exemplos dessa imunidade: Quando o livro sai da gráfica, não paga IPI; quando é vendido pela
livraria, não paga ICMS; quando é importado, não paga Imposto de Importação.
Estão fora da imunidade cultural: Pelo fato da imunidade cultural não ser subjetiva, a gráfica,
a livraria e o importador pagarão IR por conta da renda que obtiverem. Isso porque as pessoas
(sujeitos) que trabalham com livros, jornais, periódicos etc. não gozam de imunidade. De igual
forma, não é qualquer bem que goza da imunidade, mas tão-somente os livros, jornais,
periódicos e o papel destinado a sua impressão. Assim, por exemplo, a imunidade não
abrange:
• os carros da editora/jornal (deverão pagar IPVA);
• os imóveis da editora/jornal (deverão pagar IPTU).
Conceito de livros: O conceito de livro deve ser utilizado em sentido amplo. Assim, incluem-
se aqui os manuais técnicos e as apostilas (STF RE 183.403/SP).
Livros veiculados em formato digital (e-books) estão abrangidos pela imunidade? SIM. A
imunidade de que trata o art. 150, VI, “d” da CF/88 alcança o livro digital (“e-book”). O STF,
apreciando o tema sob a sistemática da repercussão geral, fixou a seguinte tese:
A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, da
Constituição Federal (CF), aplica-se ao livro eletrônico (“e-book”),
inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo.
STF. Plenário. RE 330817/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
8/3/2017 (repercussão geral) (Info 856).
Imagine que o livro digital está contido dentro de um CD-Rom, sendo assim vendido para o
público. Esse CD-Rom gozará de imunidade tributária? SIM.
Jornais: Os jornais gozam de imunidade, mesmo que contenham publicidade em seu corpo
(anúncios, classificados etc.), considerando que isso constitui fonte de renda necessária para
continuar a difusão da cultura (Ricardo Alexandre). Contudo, algumas vezes, junto com o
jornal vêm alguns folhetos separados contendo publicidade de supermercados, lojas etc.
Tais encartes publicitários não são parte integrante (indissociável) do jornal e não se
destinam à difusão da cultura (possuem finalidade apenas comercial), razão pela qual NÃO
gozam de imunidade (RE 213.094/ES).
Papel: O papel utilizado para a impressão de livros, jornais e periódicos também é imune. Não
importa o tipo e a qualidade do papel. Basta que ele seja utilizado para a produção de livros,
jornais e periódicos.
2.5. Não se pode aplicar a imunidade tributária recíproca se o bem está desvinculado de
finalidade estatal – (Info 861)
2.6. Sociedade de economia mista com finalidade lucrativa e que for arrendatária de imóvel
público não goza de imunidade tributária – (Info 860) – IMPORTANTE!!! – (Analista
Judiciário/TRE-RJ-2017)
A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal, não se estende
a empresa privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade
econômica com fins lucrativos. Nessa hipótese é constitucional a cobrança do IPTU pelo
Município.
Ex: a União, proprietária de um grande terreno localizado no Porto de Santos, arrendou este
imóvel para a Petrobrás (sociedade de economia mista), que utiliza o local para armazenar
combustíveis. Antes do arrendamento, a União não pagava IPTU com relação a este imóvel
em virtude da imunidade tributária recíproca. Depois que houve o arrendamento, a
Petrobrás passa a ter que pagar o imposto.
STF. Plenário. RE 594015/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 6/4/17 (repercussão geral) (Info
860).
(Analista Judiciário/TRE-RJ-2017-Consulplan): A imunidade recíproca não se estende à
empresa privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade
econômica com fins lucrativos. BL: Info 860, STF.
OBS:
Imunidade tributária: Imunidade tributária consiste na determinação feita pela CF/88 de que
certas atividades, rendas, bens ou pessoas não poderão sofrer a incidência de tributos. Trata-
se de uma dispensa constitucional de tributo. A imunidade é uma limitação ao poder de
tributar, sendo sempre prevista na própria CF.
Imunidade tributária recíproca: A CF/88, em seu art. 150, VI, “a”, prevê a chamada imunidade
tributária recíproca. Isso significa que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
não podem cobrar impostos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços, uns dos outros.
Vejamos a redação do dispositivo constitucional:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
(...)
VI — instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
Sabbag menciona que essa imunidade tem como fundamento, ainda, o postulado da isonomia
dos entes constitucionais. Ora, pelo fato de todos os entes estarem em pé de igualdade, não
havendo hierarquia, nenhum deles pode estar sujeito ao poder de tributar do outro (Manual
de Direito Tributário.5. ed., São Paulo: Saraiva, p. 254).
O contrário da imunidade subjetiva é a imunidade objetiva, que incide sobre bens. É o caso,
por exemplo, da imunidade sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua
impressão (art. 150, VI, "d", da CF).
Correios e Imunidade tributária recíproca: O exemplo mais comum de empresa pública que
goza de imunidade recíproca é a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos — ECT. Isso
porque os Correios são entendidos como uma empresa prestadora de serviço público
obrigatório e exclusivo do Estado e não como exploradora de atividade econômica, embora
também ofereçam serviços dessa natureza.
A situação ocorrida foi a seguinte: A União celebrou contrato de concessão de uso de imóvel
com uma empresa privada por meio da qual esta última poderia explorar comercialmente
determinado imóvel pertencente ao patrimônio público federal. A empresa privada queria
deixar de pagar IPTU alegando que o imóvel gozaria de imunidade tributária.
A tese da empresa foi acolhida pelo STF? NÃO. A imunidade recíproca prevista no art. 150,
VI, “a”, da Constituição Federal não foi concebida com o propósito de permitir que empresa
privada atue livremente no desenvolvimento de atividade econômica e usufrua de vantagem
advinda da utilização de bem público. Essa imunidade decorre da necessidade de observar-se,
no contexto federativo, o respeito mútuo e a autonomia dos entes. Não cabe estendê-la para
evitar a tributação de particulares que atuam no regime da livre concorrência.
Uma vez verificada atividade econômica, nem mesmo as pessoas jurídicas de direito público
gozam da imunidade (art. 150, § 3º, da CF/88).
O IPTU representa relevante custo operacional, comum a todos que exercem a atividade
econômica da recorrida. Afastar tal ônus de empresa que atua no setor econômico, a partir de
extensão indevida da imunidade recíproca, implica desrespeito ao princípio da livre
concorrência (art. 170, IV, da CF/88), por conferir ao particular uma vantagem inexistente para
os concorrentes.
Como o recurso foi decidido sob a sistemática da repercussão geral, o STF fixou a seguinte
tese:
Incide o IPTU, considerado imóvel de pessoa jurídica de direito
público cedido a pessoa jurídica de direito privado, devedora do
tributo. STF. Plenário. RE 601720/RJ, rel. orig. Min. Edson Fachin,
red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, j. 6/4/17 (repercussão geral)
(Infos 860 e 861).
A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal (CF), aplica-
se ao livro eletrônico (“e-book”), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-
lo.
STF. Plenário. RE 330817/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 8/3/17 (repercussão geral) (Info 856).
2.9. Os requisitos para o gozo de imunidade devem estar previstos em lei complementar –
(Info 855) – IMPORTANTE!!! – (TJSP-2017)
OBS:
Onde estão previstas as hipóteses de imunidade tributária? A imunidade tributária deverá ser
sempre prevista na Constituição Federal. As hipóteses mais conhecidas estão listadas no art.
150, VI, da CF/88. Existem, contudo, inúmeras outras imunidades previstas ao longo do texto
constitucional. Veja alguns exemplos:
Art. 5º, XXXIV, “a” e “b”, LXXIII, LXXIV, LXXVI e LXXVII: imunidade que incide sobre
“taxas”.
Art. 149, § 2º, I: imunidade referente a “contribuições sociais” e CIDE.
Art. 195, § 7º: imunidade incidente sobre “contribuições sociais”.
Atenção: apesar de a redação do parágrafo falar em “isentas”, a doutrina afirma que se trata,
efetivamente, de uma hipótese de imunidade. Não é um caso de “isenção”.
O § 7º do art. 195 da CF/88 traz dois requisitos para o gozo desta imunidade:
1) que se trate de pessoa jurídica que desempenhe atividades beneficentes de assistência social.
Obs: a assistência social é tratada no art. 203 da CF/88. O STF, contudo, confere um sentido
mais amplo ao e afirma que os objetivos da assistência social elencados nos incisos do art. 203
podem ser conseguidos também por meio de serviços de saúde e educação. Assim, se a
entidade prestar serviços de saúde ou educação também poderá, em tese, ser classificada como
de “assistência social”.
Isso gera alguma confusão porque aprendemos na faculdade, que, quando a CF/88l fala
apenas em "lei", sem especificar mais nada, ela está se referindo à lei ordinária. Ex: art. 5º, XXXII
("o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor"). Trata-se do Código de Defesa
do Consumidor, uma lei ordinária (Lei nº 8.078/90).
Também aprendemos que a CF/88, quando quer exigir lei complementar, o faz expressamente.
Ex: art. 18, § 2º ("Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou
reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.").
O § 7º do art. 195, contudo, deve ser interpretado em conjunto com o art. 146, II. Assim, a
Constituição exigiu sim lei complementar, mas não diretamente no § 7º do art. 195 e sim na
previsão geral do art. 146, II.
Além disso, o STF afirmou que a imunidade de contribuições sociais serve não apenas a
propósitos fiscais, mas também para a realização dos objetivos fundamentais da República,
como a construção de uma sociedade solidária e voltada para a erradicação da pobreza. Logo,
esta espécie de imunidade não pode ficar à mercê da vontade transitória de governos. As regras
para gozar dessa imunidade devem ser respeitadas por todos os governos, não sendo,
portanto, correto que o regime jurídico das entidades beneficentes fique sujeito a flutuações
legislativas constantes, muitas vezes influenciadas pela vontade de arrecadar. Assim, um tema
tão sensível como esse não pode ser tratado por lei ordinário ou medida provisória.
Assim, diante da relevância das imunidades de contribuições sociais para a concretização de
uma política de Estado voltada à promoção do mínimo existencial, deve incidir nesse caso a
reserva legal qualificada prevista no art. 146, II, da CF/88 (lei complementar).
Existe alguma lei que preveja os requisitos que deverão ser atendidos pela entidade para gozar
da imunidade de que trata o § 7º do art. 195 da CF/88? SIM. Os requisitos legais exigidos na
parte final do § 7º, enquanto não editada nova lei complementar sobre a matéria, são somente
aqueles previstos no art. 14 do CTN. Assim, para gozarem da imunidade, as entidades devem
obedecer às seguintes condições:
a) não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;
b) aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos
institucionais;
c) manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades
capazes de assegurar sua exatidão.
Mas o CTN (Lei nº 5.172/66) é uma lei ordinária ou complementar? O CTN foi editado em 1966
como sendo uma lei ordinária. No entanto, ele foi "recepcionado com força de lei
complementar pela Constituição Federal de 1967, e mantido tal status com o advento da
CF/1988, visto que, tanto esta quanto aquela Magna Carta reservavam à lei complementar a
veiculação das normas gerais em matéria tributária, a regulação das limitações ao poder de
tributar e as disposições sobre conflitos de competência." (ALEXANDRE, Ricardo. Direito
Tributário. Salvador: Juspodivm, 2017, p. 249). Em suma, atualmente, o CTN possui status de
lei complementar e, portanto, atende o requisito do art. 146, II, da CF/88.
Observação: Este entendimento do acima explicado (RE 566622) vale também para a
imunidade prevista no art. 150, VI, "c", da CF/88:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
(...)
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive
suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
atendidos os requisitos da lei;
Assim, a lei de que trata o art. 150, VI, "c", da CF/88 é uma lei complementar (atualmente, é o
art. 14 do CTN).
Feitas estas considerações, veja o que decidiu o STF sobre uma lei que tratava a respeito do
tema: a Lei 9.732/98 alterou o art. 55 da Lei 8.212/91 criando requisitos mais rigorosos para
que as entidades beneficentes de assistência social pudessem gozar da imunidade tributária
do § 7º do art. 195 da CF/88. Esta Lei 9.732/98 (atualmente revogada) pode ser considerada
constitucional? Os requisitos por ela criados foram válidos? NÃO. Como já explicado, os
requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei complementar. A Lei
9.732/98 extrapolou os requisitos estabelecidos no art. 14 do CTN criando obstáculos novos,
adicionais aos já previstos na lei complementar, sendo, portanto, formalmente inconstitucional
por afronta ao art. 146, II, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 2028/DF, ADI 2036/DF, ADI 2228/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa,
red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgados em 23/2 e 2/3/2017 (Info 855).
Assim, as entidades beneficentes que preenchiam os requisitos do art. 14 do CTN, mas que não
tiveram direito à imunidade por conta das exigências mais rigorosas da Lei 9.732/98 ganharam
no STF a possibilidade de reaver o valor que pagaram a título de contribuições para a
seguridade social.
Nas palavras do saudoso Min. Teori Zavascki, “a reserva de lei complementar aplicada à
regulamentação da imunidade tributária, prevista no art. 195, § 7º, da Constituição Federal (CF), limita-
se à definição de contrapartidas a serem observadas para garantir a finalidade beneficente dos serviços
prestados pelas entidades de assistência social, o que não impede seja o procedimento de habilitação dessas
entidades positivado em lei ordinária.”
Vale ressaltar que a lei ordinária somente poderá prever regras que não extrapolem as
exigências estabelecidas na lei complementar (atualmente, o art. 14 do CTN).
Tributos indiretos: São aqueles que permitem a transferência do seu encargo econômico para
uma pessoa diferente daquela definida em lei como sujeito passivo. Exemplos mais
conhecidos: IPI, ICMS, ISS e IOF. Assim, quando você recebe a conta de energia elétrica, por
exemplo, vai ter um campo chamado detalhamento da conta. Nele você irá encontrar a
discriminação dos itens que você está pagando enquanto consumidor:
Consumo: R$ xxx
ICMS: yyy
Total: xxx + yyy
Tributos diretos são aqueles que, oficialmente, não permitem tal transferência.
Contribuinte de direito e contribuinte de fato: Assim, pode-se dizer que nos tributos indiretos
surgem as figuras do contribuinte de direito e do contribuinte de fato:
a) Contribuinte de direito: é a pessoa que realiza o fato gerador.
b) Contribuinte de fato: é a pessoa que paga efetivamente o imposto considerando que o
contribuinte de direito transferiu para ele este encargo.
A tese da entidade foi acolhida pelo STF? NÃO. Segundo entende o STF, mesmo que o
comprador da mercadoria seja uma entidade que goza de imunidade tributária, ainda assim
deverá haver a normal incidência do imposto. As imunidades deverão ser interpretadas sob o
aspecto formal (e não econômico). Dessa forma, tem-se que:
se a entidade imune for contribuinte de direito, o imposto não incidirá;
se a entidade imune for apenas contribuinte de fato, o imposto incidirá normalmente.
Assim, a imunidade tributária subjetiva aplica-se ao ente beneficiário se ele for o contribuinte
de direito, não importando discutir se o tributo em questão pode ou não ter repercussão
econômica para terceiros. Não se pode estender ao particular vendedor (contribuinte de
direito) a imunidade tributária subjetiva que detém o adquirente de mercadoria (contribuinte
de fato).
O STF possui um enunciado antigo que transmite essa mesma ideia:
Súmula 591-STF: A imunidade ou a isenção tributária do
comprador não se estende ao produtor, contribuinte do imposto
sobre produtos industrializados.
No exemplo que demos acima em que a entidade beneficente compra o forno, tal pessoa
jurídica irá realmente arcar com o ônus financeiro dos impostos envolvidos nessa venda (IPI e
ICMS) caso tenham sido realmente transferidos pelo vendedor (contribuinte de direito). No
entanto, este valor que será pago pela entidade não possui natureza jurídica de tributo, mas
sim de "preço", decorrente de uma relação contratual. Em outras palavras, a entidade está
pagando apenas o preço total no qual, obviamente, o vendedor embutiu todos os seus custos
(a fim de que ele possa ter lucro). Vale reiterar, porém, que o valor pago pela entidade não é
tributo, mas sim preço.
Resumindo:
Se a entidade imune for contribuinte de direito: incide a imunidade subjetiva.
Se a entidade imune for contribuinte de fato: não incide a imunidade subjetiva.
Como vimos, tributos indiretos são aqueles que permitem a transferência do seu encargo
econômico para uma pessoa diferente daquela definida em lei como sujeito passivo. Exemplos
mais conhecidos: IPI, ICMS, ISS e IOF.
Tributos diretos são aqueles que, oficialmente, não permitem tal transferência.
Se houver pagamento indevido de tributo, o sujeito passivo tem direito, independentemente
de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo (art. 165 do CTN). A isso se dá o
nome de repetição de indébito.
Nos tributos diretos, a regra relativa às restituições é simples: quem pagou um valor indevido
ou maior que o devido tem direito à restituição.
Nos tributos indiretos, a questão é um pouco mais complexa.
Este entendimento do STJ permanece válido mesmo com a decisão do STF acima explicada.
Constituição estadual não pode prever imunidade tributária para tributos estaduais e
municipais incidente sobre os veículos de radiodifusão.
STF. Plenário. ADI 773/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/8/2014 (Info 755).
Os Correios, mesmo sendo uma empresa pública, gozam de imunidade tributária recíproca
porque desempenham serviços públicos.
No presente julgado, o STF reafirmou o entendimento de que os veículos automotores
pertencentes aos Correios são imunes à incidência do IPVA por força da imunidade
tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da CF/88).
STF. Plenário. ACO 879/PB, Rel. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,
26/11/2014 (Info 769).
Os Correios gozam de imunidade tributária porque são uma empresa pública que
desempenha serviços públicos.
Ocorre que os Correios, além das atividades que desenvolvem de forma exclusiva, como é
o caso da entrega de cartas, também realizam alguns serviços em concorrência com a
iniciativa privada (ex: entrega de encomendas). Quando os Correios realizam o serviço de
transporte de bens e mercadorias, concorrendo, portanto, com a iniciativa privada, mesmo
assim eles gozam de imunidade? Ficam livres de pagar ICMS?
SIM. O STF decidiu que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT goza de
imunidade tributária recíproca mesmo quando realiza o transporte de bens e mercadorias.
Assim, não incide o ICMS sobre o serviço de transporte de bens e mercadorias realizado
pelos Correios.
STF. Plenário. RE 627051/PE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 12/11/2014 (Info 767).
A antiga RFFSA era uma sociedade de economia mista federal, que foi extinta, e a União
tornou-se sua sucessora legal nos direitos e obrigações.
A União goza de imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da CF/88). A RFFSA não
desfrutava do benefício pois se tratava de entidade exploradora de atividade econômica.
Os débitos tributários que a RFFSA possuía foram transferidos para a União e devem ser
pagos, não podendo este ente invocar a imunidade tributária recíproca.
O STF concluiu que a imunidade tributária recíproca não afasta a responsabilidade
tributária por sucessão, na hipótese em que o sujeito passivo era contribuinte regular do
tributo devido.
STF. 1ª Turma. RE 599.176/PR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 5/6/2014 (Info 749).
As pessoas que exercem atividade notarial não são imunes à tributação, porquanto a
circunstância de desenvolverem os respectivos serviços com intuito lucrativo invoca a
exceção prevista no art. 150, § 3º da CF/88. O recebimento de remuneração pela prestação
dos serviços confirma, ainda, capacidade contributiva. A imunidade recíproca é uma
garantia ou prerrogativa imediata de entidades políticas federativas, e não de particulares
que executem, com inequívoco intuito lucrativo, serviços públicos mediante concessão ou
delegação, devidamente remunerados. Não há diferenciação que justifique a tributação dos
serviços públicos concedidos e a não-tributação das atividades delegadas. Ação Direta de
Inconstitucionalidade conhecida, mas julgada improcedente.
STF. ADI 3089, Relator p/ Acórdão: Min. Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, j. 13/02/08.
4. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
4.1. Imunidade tributária obtida por assistência social versus cobrança de estacionamento
de veículos em área interna da entidade
5. ISENÇÕES
5.1. Benefícios fiscais concedidos na Constituição Estadual – (Info 755)
I – A Constituição estadual pode conceder benefícios fiscais em seu texto. Isso não precisa
ser tratado mediante lei de iniciativa privativa do Chefe do Executivo, nos termos do art. 61,
§ 1º, II, “b”, da CF/88 (aplicável por simetria no âmbito estadual).
II – A CF/88 afirma que uma lei complementar federal irá conferir um tratamento tributário
adequado (diferenciado) para o ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas (art.
146, III, “c”). Essa LC ainda não existe, razão pela qual o STF entende que, enquanto isso,
os Estados-membros podem legislar sobre o tema e dar às cooperativas o tratamento que
reputem adequado.
III – A concessão unilateral de benefícios fiscais relativos ao ICMS, sem a prévia celebração
de convênio intergovernamental, nos termos do que dispõe a LC 24/1975, afronta o art. 155,
§ 2º, XII, “g”, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 429/CE, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/8/2014 (Info 755).
6. PEDÁGIO
6.1. Pedágio possui natureza jurídica de tarifa – (Info 750)
O pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias NÃO tem natureza tributária, mas de
preço público, consequentemente, não está sujeito ao princípio da legalidade estrita.
STF. Plenário. ADI 800/RS, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 11/6/2014 (Info 750).
7. TAXAS
7.1. Inconstitucionalidade de taxa de combate a sinistros instituída por lei municipal –
(Info 871) – IMPORTANTE!!!
O Estado-membro poderia criar uma taxa de combate a incêndio? Esse não era o objeto
principal da ação, mas o Min. Marco Aurélio (relator), durante os debates, sustentou que não.
Segundo ele, as atividades precípuas (principais) do Estado são viabilizadas mediante
arrecadação de impostos. Por sua vez, a taxa decorre do exercício do poder de polícia ou da
utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos à disposição. Assim, as atividades de segurança pública, dentre elas a
preservação e o combate a incêndios, devem ser sustentadas por meio de impostos, de forma
que nem mesmo o Estado poderia instituir validamente uma taxa para remunerar tais
serviços. Vale ressaltar, contudo, que esse tema não ficou expressamente decidido, havendo
vozes em sentido contrário, como a do Min. Roberto Barroso.
As taxas municipais de fiscalização e funcionamento não podem ter como base de cálculo o
número de empregados ou ramo de atividade exercida pelo contribuinte.
STF. 2ª Turma. ARE 990914/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 20/6/17 (Info 870).
A taxa de fiscalização e funcionamento pode ter como base de cálculo a área de fiscalização,
na medida em que traduz o custo da atividade estatal de fiscalização.
STF. 1ª Turma. RE 856185 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 04/08/15.
7.3. Princípio da legalidade tributária e lei que delega a fixação do valor da taxa para ato
infralegal, desde que respeitados os parâmetros máximos – (Info 844)
Não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto, possibilita o ato normativo
infralegal fixar o valor de taxa em proporção razoável com os custos da atuação estatal, valor
esse que não pode ser atualizado por ato do próprio conselho de fiscalização em percentual
superior aos índices de correção monetária legalmente previstos.
STF. Plenário. RE 838284/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 19/10/16 (repercussão geral) (Info 844).
7.4. Princípio da legalidade tributária e lei que delega a fixação do valor da taxa para ato
infralegal, desde que respeitados os parâmetros máximos – (Info 842)
Não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto, possibilita o ato normativo
infralegal fixar o valor de taxa em proporção razoável com os custos da atuação estatal, valor
esse que não pode ser atualizado por ato do próprio conselho de fiscalização em percentual
superior aos índices de correção monetária legalmente previstos.
STF. Plenário. RE 838284/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 06/10/16 (repercussão geral) (Info 842).
7.6. A segurança pública é atividade essencial do Estado e, por isso, é sustentada por meio
de impostos (e não por taxa). (SEM INFO) – (TRF1-2015)
8. IPTU
8.1. Alíquota aplicável em caso de lei municipal declarada inconstitucional por prever
progressividade em função do valor do imóvel antes da EC 29/2000 – (Info 806)
Explicação:
1) Antecipação do vencimento do IPTU: norma que altera o prazo de recolhimento do
tributo não encerra majoração, e, portanto, não se submete aos princípios da legalidade ou
anterioridade (art. 150, I, da CF/88 e Súmula Vinculante 50);
2) Atualização da base de cálculo do IPTU: a atualização monetária também não constitui
majoração, não se submetendo à legalidade ou anterioridade (art. 150, I, da CF/88 e Súmula
160, STJ);
3) Aumento dos valores da planta genérica do IPTU: constitui majoração da base de
cálculo do IPTU, sendo preciso repeitar os princípios da legalidade e da anterioridade, à
exceção da noventena (art. 150, § 1º, da CF/88).
CONCLUSÃO: No caso, houve desrespeito ao regramento constitucional somente no que
toca ao princípio da legalidade, em relação ao aumento do valor das plantas genéricas.
(TJPR-2014-PUCPR): A lei que altere a base de cálculo do IPTU, majorando-o, não está
sujeita ao Princípio da Anterioridade Nonagesimal.
Características:
Imposto com finalidade extrafiscal.
Imposto direto.
Sujeito a lançamento por homologação.
Deve respeitar os princípios da legalidade, da noventena e da anterioridade.
Fato gerador: Segundo a redação do art. 29 do CTN, o ITR tem como fato gerador:
- a propriedade
- o domínio útil ou
- a posse
- de um bem imóvel por natureza (como definido na lei civil)
- e que esteja localizado fora da zona urbana* do Município.
Como se define o que seja imóvel rural? O conceito de imóvel rural é dado por exclusão. O
CTN, em seu art. 32, §§ 1º e 2º, explica em que consiste o imóvel urbano para fins de incidência
do IPTU. Se o imóvel não se enquadrar em tais critérios, será considerado rural.
* Assim, em regra, o ITR incide apenas sobre imóveis rurais. Se o imóvel for urbano, o
imposto devido é o IPTU.
Por que se falou “em regra”? Existe alguma exceção? Existe hipótese em que o ITR incidirá
sobre imóvel localizado em zona urbana? SIM. Segundo o STJ, incide o ITR (e não o IPTU)
sobre imóveis comprovadamente utilizados para exploração extrativa, vegetal, agrícola,
pecuária ou agroindustrial, ainda que localizados em áreas consideradas urbanas pela
legislação municipal. Nesse sentido:
Não incide IPTU, mas ITR, sobre imóvel localizado na área urbana
do Município, desde que comprovadamente utilizado em
exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial.
STJ. 1ª Seção. REsp 1112646/SP, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 26/08/2009.
Se o imóvel rural está tomado pelo “Movimento Sem-Terra” (MST), o proprietário continua
obrigado a pagar ITR? NÃO. Se o proprietário não detém o domínio ou a posse do imóvel
pelo fato de este ter sido invadido pelos “Sem-Terra”, não há fato gerador do ITR (STJ. 1ª
Turma. AgRg no REsp 1346328/PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
15/12/2016).
Obrigação propter rem: O ITR, assim como o IPTU, constitui-se em obrigação propter rem.
Isso significa que o sucessor do imóvel, a qualquer título, também deverá responder pelo
pagamento do tributo.
Se o imóvel tiver mais que um proprietário: Se o imóvel pertence a dois ou mais proprietários,
em condomínio, é legítimo exigir o pagamento do ITR, em sua totalidade, de todos ou de
qualquer deles, reservando-se ao que pagou a faculdade de ressarcir-se dos demais
devedores, na forma do art. 283 do Código Civil. STJ. 1ª Turma. REsp 1232344/PA, Rel. Min.
Teori Albino Zavascki, julgado em 17/11/2011.
Base de cálculo: A base do cálculo do ITR é o valor fundiário que, nos termos da Lei nº
9.393/96, consiste no valor da terra nua. Segundo o art. 10, § 1º, da Lei 9.393/96, para fins de
apuração do ITR deverá ser considerado o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a:
a) construções, instalações e benfeitorias;
b) culturas permanentes e temporárias;
c) pastagens cultivadas e melhoradas;
d) florestas plantadas;
Assim, como já dito, a base de cálculo é o valor da terra nua tributável, não importando
construções, plantações etc. Esse valor da terra nua deve ser calculado com base no preço de
mercado das terras, apurado em 1º de janeiro do ano de ocorrência do fato gerador.
Área tributável: Quando vai ser calculado o valor do ITR, é necessário considerar a área
tributável do imóvel, ou seja, a área total que será considerada para fins de incidência do
imposto. Isso porque determinadas áreas do imóvel podem ser excluídas do cálculo do valor
fundiário. Segundo o art. 10, § 1º, II, da Lei 9.393/96, a área tributável é igual à área total do
imóvel, excluídas as áreas:
a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas no
Código Florestal;
b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim
declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual,
e que ampliem as restrições de uso previstas na letra “a”;
c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração
agrícola, pecuária, granjeira, aquícola ou florestal, declaradas de
interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou
estadual;
d) sob regime de servidão florestal ou ambiental;
d) sob regime de servidão ambiental;
e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em
estágio médio ou avançado de regeneração;
f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas
hidrelétricas autorizada pelo poder público.
Assim, o art. 10, § 1º, II, da Lei nº 9.393/96 prevê que as áreas apontadas nas letras acima
listadas são partes do imóvel que estão isentas do pagamento de ITR.
Para que área de RESERVA LEGAL seja excluída da base de cálculo do ITR, é necessário que
o proprietário faça a averbação disso no registro de imóveis? SIM. O STJ entende que somente
é possível assegurar a isenção do ITR nesses casos se a área da reserva legal já estiver
averbada no registro do imóvel. A isenção de ITR prevista no art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº
9.393/96 depende de prévia averbação da área de reserva legal no registro do imóvel. STJ. 1ª
Turma. AgRg no REsp 1.243.685-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 5/12/2013
(Info 533).
Para que área de PRESERVAÇÃO PERMANENTE seja excluída da base de cálculo do ITR é
necessário que o proprietário faça a averbação disso no registro de imóveis? NÃO. As áreas
de preservação permanente são instituídas por lei, sendo, por isso, desnecessário que se faça
averbação no registro de imóveis.
(...) 1. Quando do julgamento do EREsp 1027051/SC (Rel. Min.
Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 21.10.2013), restou
pacificado que, "diferentemente do que ocorre com as áreas de
preservação permanente, as quais são instituídas por disposição
legal, a caracterização da área de reserva legal exige seu prévio
registro junto ao Poder Público".
2. Dessa forma, quanto à área de reserva legal, é imprescindível que
haja averbação junto à matrícula do imóvel, para haver isenção
tributária. Quanto às áreas de preservação permanente, no entanto,
como são instituídas por disposição legal, não há nenhum
condicionamento para que ocorra a isenção do ITR. (...)
STJ. 2ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1342161/SC, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 04/02/2014.
Não confunda:
Área de reserva legal: é necessária a averbação no registro de imóveis ou inscrição no
CAR para que haja isenção do ITR;
Área de preservação permanente: não é necessária a averbação no registro de imóveis
ou inscrição no CAR para que haja isenção do ITR.
Alíquotas: A menor alíquota do ITR é de 0,03% e a maior é de 20%. As alíquotas do ITR devem
ser progressivas, com o objetivo de desestimular a manutenção de propriedades
improdutivas, nos termos do art. 153, § 4º, da CF/88:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
VI - propriedade territorial rural;
(...)
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a
desestimular a manutenção de propriedades improdutivas;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42/2003)
Progressividade é uma técnica de tributação que tem como objetivo fazer com que os tributos
atendam à capacidade contributiva.
Na prática, a progressividade funciona da seguinte forma: a lei prevê alíquotas variadas para
o imposto e o aumento dessas alíquotas ocorre na medida em que se aumenta a base de cálculo.
Assim, na progressividade, quanto maior a base de cálculo, maior será a alíquota. O exemplo
comum citado pela doutrina é o do imposto de renda, que é progressivo. No IR, quanto maior
for a renda (BC), maior será o percentual (alíquota) do imposto. Quanto mais a pessoa ganha,
maior será a alíquota que irá incidir sobre seus rendimentos.
Ocorre que o art. 153, § 4º, I, da CF/88 previu apenas o critério da produtividade, não falando
nada sobre a possibilidade de o ITR ser progressivo também em função da área do imóvel.
Diante disso, surgiu uma corrente defendendo que a Lei nº 9.393/96, ao estabelecer a
progressividade em razão da área do imóvel, seria inconstitucional por violar o art. 153, § 4º, I,
da CF/88.
Essa tese foi acolhida pelo STF? A Lei nº 9.393/96 violou a CF/88 ao prever alíquotas
progressivas em função do grau de utilização da propriedade e também em razão da área do
imóvel? NÃO. O STF não concordou com a tese e decidiu que:
É constitucional a progressividade das alíquotas do ITR previstas
na Lei nº 9.393/96 e que leva em consideração, de maneira
conjugada, o grau de utilização (GU) e a área do imóvel.
Essa progressividade é compatível com o art. 153, § 4º, I, da CF/88,
seja na sua redação atual, seja na redação originária, ou seja, antes
da EC 42/2003.
Mesmo no período anterior à EC 42/2003, era possível a instituição
da progressividade em relação às alíquotas do ITR.
STF. 1ª Turma. RE 1038357 AgR/ SP, Rel. Min Dias Tóffoli, julgado
em 6/2/2018 (Info 890).
A Lei nº 9.393/96 estabeleceu que a progressividade das alíquotas do ITR deveria levar em
consideração não só o grau de utilização da terra (GU), como também a área do imóvel, tendo
em vista que tais critérios não são isolados, mas sim conjugados. Assim, quanto maior for o
território rural e menor o seu aproveitamento, maior será a alíquota de ITR. Essa sistemática
potencializa a função extrafiscal do ITR e desestimula a manutenção de propriedade
improdutiva.
Progressividade do ITR era permitida mesmo antes da EC 42/2003: Vale ressaltar que a redação
do art. 153, § 4º, I, da CF/88 foi dada pela EC 42/2003. Compare:
Redação originária Redação dada pela EC 42/2003
Art. 153 (...) Art. 153 (...)
§ 4º O imposto previsto no inciso VI terá suas § 4º O imposto previsto no inciso VI do
alíquotas fixadas de forma a desestimular a caput:
manutenção de propriedades improdutivas I - será progressivo e terá suas alíquotas
e não incidirá sobre pequenas glebas rurais, fixadas de forma a desestimular a
definidas em lei, quando as explore, só ou manutenção de propriedades improdutivas;
com sua família, o proprietário que não (Incluído pela Emenda Constitucional nº
possua outro imóvel. 42/2003)
O STF registrou que, mesmo antes da EC 42/03, já era possível que a Lei instituísse alíquotas
progressivas do ITR, razão pela qual a Lei nº 9.393/96 nasceu compatível com o texto
constitucional. Nesse sentido:
(...) I – Nos termos do art. 145, § 1º, da CF, todos os impostos,
independentemente de seu caráter real ou pessoal, devem guardar
relação com a capacidade contributiva do sujeito passivo e,
tratando-se de impostos diretos, será legítima a adoção de
alíquotas progressivas.
II – Constitucionalidade da previsão de sistema progressivo de
alíquotas para o imposto sobre a propriedade territorial rural
mesmo antes da EC 42/2003. (...)
STF. 2ª Turma. RE 720945 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 09/09/2014.
Mas o ITR é um imposto real... mesmo assim ele pode ser progressivo? Mesmo não sendo um
imposto pessoal, o ITR pode ser progressivo? SIM. Para o STF, é irrelevante se um imposto é
real ou pessoal para fins de verificar se ele pode ou não se sujeitar à técnica da
progressividade. O § 1º do art. 145 da CF/88 não proíbe que os impostos reais sejam
progressivos. Nesse sentido: STF. Plenário. RE 562045/RS, rel. orig. Min. Ricardo
Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia, julgado em 6/2/2013 (Info 694).
Imunidade das pequenas glebas rurais: O art. 153, § 4º, II, da CF/88 prevê uma imunidade
tributária específica relacionada com o ITR:
Art. 153 (...)
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei,
quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel;
Alguns autores afirmam que a lei a que se refere o art. 153, § 4º, II, deveria ser uma lei
complementar já que se trata de limitação ao poder de tributar (art. 146, II, da CF/88). Apesar
disso, esse dispositivo foi regulamentado pela Lei nº 9.393/96, cujo art. 2º previu:
Art. 2º Nos termos do art. 153, § 4º, in fine, da Constituição, o
imposto não incide sobre pequenas glebas rurais, quando as
explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro
imóvel.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas rurais
são os imóveis com área igual ou inferior a :
I - 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia
Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense;
II - 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das
Secas ou na Amazônia Oriental;
III - 30 ha, se localizado em qualquer outro município.
É inconstitucional a aplicação retroativa de lei que majora a alíquota incidente sobre o lucro
proveniente de operações incentivadas ocorridas no passado, ainda que no mesmo ano-
base, tendo em vista que o fato gerador se consolida no momento em que ocorre cada
operação de exportação, à luz da extrafiscalidade da tributação na espécie.
A Súmula 584 do STF permanece válida. No entanto, este enunciado não se aplica para as
hipóteses em que o tributo tenha função extrafiscal.
STF. Plenário. RE 592396/SP, Rel. Min. Edson Fachin, j. 3/12/15 (repercussão geral) (Info 810).
OBS: Vejamos o teor da Súmula 584 do STF:
Súmula 584-STF: Ao imposto de renda calculado sobre os
rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício
financeiro em que deve ser apresentada a declaração.
10.2. Regime de caixa previsto no art. 12 da Lei 7.713/88 é inconstitucional – (Info 764)
11. ICMS
11.1. É inconstitucional norma de Constituição Estadual que confira competência ao TCE
para homologar os cálculos das cotas do ICMS devidas aos Municípios – (Info 921)
O ICMS é um imposto de competência estadual. Apesar disso, o art. 158, inciso IV da CF/88
determina que o Estado deverá repassar 25% da receita do ICMS aos Municípios. Esse
repasse será realizado após cálculos que são feitos para definir o valor da cota-parte que
caberá a cada Município, segundo critérios definidos pelo art. 158, § único, da CF/88 e pela
lei estadual.
A Constituição do Estado do Amapá previu que seria competência do TCE homologar os
cálculos das cotas do ICMS devidas aos Municípios.
Este dispositivo é inconstitucional.
Sujeitar o ato de repasse de recursos públicos à homologação do TCE representa ofensa ao
princípio da separação e da independência dos Poderes.
STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 25/10/18 (Info 921).
OBS:
Repartição do ICMS: É um imposto de competência estadual. A CF/88 determina que o Estado
deverá repassar 25% da receita do ICMS aos Municípios. Veja:
Art. 158. Pertencem aos Municípios:
(...)
IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto
do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e
sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação.
A CF/88 determina ainda que seja feito um cálculo para que os Municípios onde ocorreram
os fatos geradores do ICMS (ex: venda da mercadoria) recebam mais que os outros. Assim,
os Municípios nos quais mais se vendeu mercadorias (p. ex.) que geraram o recolhimento de
ICMS receberão, em tese, cotas maiores de repasse. Confira o texto constitucional:
Art. 158 (...)
Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Municípios,
mencionadas no inciso IV, serão creditadas conforme os seguintes
critérios:
I - três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas
operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de
serviços, realizadas em seus territórios;
II - até um quarto, de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no
caso dos Territórios, lei federal.
Vale ressaltar que, no mínimo, 3/4 dos 25% a que os Municípios têm direito deverão obedecer
a esse critério. No entanto, é possível que no 1/4 restante o Estado adote outros critérios para
repartir o valor do ICMS.
1/4 (no máximo) deverão ser repartidos conforme critérios que o Estado definir em
lei estadual. Ex: receberão mais os Municípios com maior preservação do meio
ambiente, com menor IDH, com maior população etc.
Assim, a cota-parte que será repassada a cada Município depende desses cálculos.
Desse modo, a CE/AP estabeleceu que, após serem feitos os cálculos de quanto cada Município
deverá receber a título de ICMS (normalmente este cálculo é feito pela Secretaria de Fazenda),
o TCE deverá homologar ou não esse resultado. A Assembleia Legislativa do Amapá
argumentou que essa competência poderia ser concedida ao TCE considerando que a CF/88
conferiu ao TCU a competência para realizar os cálculos das quotas relacionadas com os
Fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM), nos termos do art. 161,
parágrafo único:
Art. 161. Cabe à lei complementar: (...)
II - estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que trata o
art. 159, especialmente sobre os critérios de rateio dos fundos
previstos em seu inciso I, objetivando promover o equilíbrio sócio-
econômico entre Estados e entre Municípios;
(...)
Parágrafo único. O Tribunal de Contas da União efetuará o cálculo
das quotas referentes aos fundos de participação a que alude o inciso
II.
A ALE/AP alegou, portanto, que o art. 112, XVII, foi inspirado no § único do art. 161 da CF/88
e que, portanto, poderia ser reputado, constitucional em homenagem ao princípio da simetria.
Essa previsão do art. 112, XVII, da CE/AP é constitucional? NÃO. Sujeitar o ato de repasse de
recursos públicos à homologação do Tribunal de Contas do Estado representa ofensa ao
princípio da separação e da independência dos Poderes. Como o TCE é um órgão auxiliar da
Assembleia Legislativa, o STF entendeu que, condicionar o repasse das cotas-partes dos
Municípios à homologação do TCE significaria, ao fim e ao cabo, condicionar este
pagamento à ingerência da Assembleia Legislativa. Para os Ministros, não há semelhança
entre a atividade de gerenciamento dos Fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos
Municípios (FPM), exercida pelo TCU com base no art. 161, parágrafo único da CF/88, com a
homologação dos cálculos de quotas do ICMS pelo TCE. Não há que se falar em simetria neste
caso porque inexiste simetria entre os Fundos de Participação e quotas de repasse de ICMS.
São situações distintas. No caso do FPE e do FPM, o próprio TCU efetua os cálculos das quotas-
partes cabíveis aos entes federados à luz de estimativas demográficas fornecidas pelo IBGE.
Os fundos de participação são de natureza contábil, desprovidos de personalidade jurídica e
de gerenciamento do TCU por força da CF/88. Situação diversa diz respeito ao repasse
obrigatório às municipalidades das verbas arrecadadas pelo estado-membro referente ao
ICMS, uma vez que não é fundo financeiro e possui relativa liberdade de conformação. Dessa
forma, o TCE é completamente alheio ao processo de definição dos critérios das quotas, da
mesma forma que o TCU não participa dos repasses na arrecadação de tributos federais, como
o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
11.2. É válida lei estadual que dispõe acerca da incidência do ICMS sobre operações de
importação editada após a vigência da EC 33/2001, mas antes da LC 114/2002 – (Info 887) –
IMPORTANTE!!! MUDANÇA DE ENTENDIMENTO!!!
É válida lei estadual que dispõe acerca da incidência do ICMS sobre operações de
importação editada após a vigência da EC 33/01 (12/12/01), mas antes da LC federal 114/2002,
visto que é plena a competência legislativa estadual enquanto inexistir lei federal sobre
norma geral, conforme art. 24, § 3º, da CF/88.
Nesse sentido, o STF julgou válida lei do Estado de SP, editada em 21/12/01, que prevê a
incidência de ICMS sobre importação de veículo por pessoa física e para uso próprio. Não
há inconstitucionalidade uma vez que a lei foi editada após a EC 33/2001, que autorizou a
tributação.
STF. 2ª Turma. ARE 917950/SP, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ ac. Min. Gilmar Mendes,
j. 5/12/17 (Info 887).
OBS:
O ICMS é um imposto estadual previsto no art. 155, II, da CF e na LC 87/96:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre:
II — operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal
e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se
iniciem no exterior;
Fatos geradores: Eduardo Sabbag afirma que, resumidamente, o ICMS pode ter os seguintes
fatos geradores (Manual de Direito Tributário. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 1061):
circulação de mercadorias;
prestação de serviços de transporte intermunicipal;
prestação de serviços de transporte interestadual;
prestação de serviços de comunicação.
Vale ressaltar que incide o ICMS mesmo que “as operações e as prestações se iniciem no exterior”
(art. 155, II, da CF/88).
ICMS importação: A CF/88 prevê que haverá cobrança de ICMS nos casos de mercadoria
importada do exterior ou nas hipóteses de serviço prestado no exterior. Ex: uma empresa que
fabrica roupas deverá pagar ICMS se importou da China uma máquina têxtil para utilizar em
sua linha de produção. Até aqui, tudo bem, sem muitas dúvidas. A polêmica está na resposta
para as três perguntas a seguir:
Se a pessoa que importou a mercadoria era uma pessoa física não contribuinte
habitual do imposto, haveria incidência de ICMS?
Se a pessoa que importou a mercadoria era uma pessoa jurídica não comerciante (não
contribuinte habitual do imposto), haveria incidência de ICMS?
Se a mercadoria foi importada pela empresa sem finalidade comercial (não seria
utilizada em sua cadeia produtiva), mesmo assim haveria incidência de ICMS?
A resposta para tais perguntas irá depender do momento em que foi realizado o FG, isto é, se
antes ou depois da EC 33/2001.
O STF entendeu que a redação do art. 155, § O Governo, com o objetivo de modificar esse
2º, IX, “a”, da CF/88 não autorizava a entendimento do STF e autorizar a cobrança
cobrança do ICMS importação nos três casos do ICMS, editou a EC 33/01 alterando a
acima listados. redação do art. 155, 2º, IX.
Só pagava o ICMS importação quem fosse Assim, atualmente, com a redação dada pela
contribuinte habitual do imposto. EC 33/01, o ICMS incide sobre toda e
qualquer importação.
Independentemente de a pessoa ser
contribuinte ou não do ICMS, deverá pagar
o ICMS importação.
Veja a redação originária da CF/88: Veja a redação atual da CF/88:
Incide também o ICMS: Incide também o ICMS:
a) sobre a entrada de mercadoria importada do a) sobre a entrada de bem ou mercadoria
exterior, ainda quando se tratar de bem destinado importados do exterior por pessoa física ou
a consumo ou ativo fixo do estabelecimento, assim jurídica, ainda que não seja contribuinte
como sobre serviço prestado no exterior, cabendo habitual do imposto, qualquer que seja a sua
o imposto ao Estado onde estiver situado o finalidade, assim como sobre o serviço prestado
estabelecimento destinatário da mercadoria ou do no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde
serviço; estiver situado o domicílio ou o estabelecimento
do destinatário da mercadoria, bem ou serviço;
Na época, o STF chegou a editar uma súmula Diante da nova redação da CF/88, o
espelhando seu entendimento: entendimento exposto nessa Súmula 660
Súmula 660-STF: Não incide ICMS na está SUPERADO. A referida súmula não
importação de bens por pessoa física ou jurídica vale mais.
que não seja contribuinte do imposto.
As leis estaduais autorizando a incidência do ICMS importação e que foram editadas após a
EC 33/01, mas antes da LC federal 114/2002 são válidas? SIM.
Veja o que diz o art. 24, § 3º da CF/88 invocado como fundamento para a validade das leis
estaduais editadas após a EC 33/2001 e antes da LC federal 114/2002.
Art. 24 (...)
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão
a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
11.4. Inconstitucionalidade de lei estadual que concede isenção de ICMS para empresas
patrocinadoras de bolsas de estudo – (Info 856)
No Rio Grande do Sul foi editada uma lei prevendo que as empresas transportadoras teriam
duas opções de tributação do ICMS:
1ª) poderiam continuar com o sistema normal de créditos e débitos inerente ao ICMS;
2ª) poderiam aderir a um regime tributário opcional no qual teriam a redução da base de
cálculo para o percentual de 80%, condicionada ao abandono do regime de apuração normal
de créditos e débitos.
O STF entendeu que não é inconstitucional lei estadual que permita que o contribuinte opte
por um regime especial de tributação de ICMS com base de cálculo reduzida, mediante
expressa renúncia ao aproveitamento de créditos relativos ao imposto pago em operações
anteriores, ainda que proporcional. Esta norma não viola o princípio da não cumulatividade.
Assim, se a empresa contribuinte optar pelo sistema da base de cálculo reduzida, não terá
direito ao creditamento de ICMS.
STF. 1ª Turma. AI 765420 AgR-segundo/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Rosa Weber, j. 21/2/17 (Info 855).
O ICMS é um imposto estadual. A CF/88 e a LC 87/96 determinaram que não deveria incidir
ICMS nas operações e prestações destinadas ao exterior. Como isso causou uma perda de
arrecadação, foi prevista uma forma de compensação por meio da qual a União deveria
transferir recursos aos Estados.
Os critérios para compensar os Estados por conta das desonerações de ICMS sobre as
exportações estão previstos no art. 91 do ADCT.
O caput do art. 91 exige que seja editada uma nova lei complementar para regulamentar os
critérios de compensação dos Estados. No entanto, o § 3º prevê que, até a edição da nova lei
complementar, devem ser adotados para o repasse os critérios estabelecidos no Anexo da
LC 87/96, com a redação da LC 115/2002.
Como já se passaram muitos anos sem que o Congresso Nacional tenha editado a lei
complementar de que trata o art. 91 do ADCT, foi proposta uma ADI por omissão por conta
desta lacuna.
O STF julgou procedente a ação e declarou haver mora, por parte do Congresso Nacional,
em editar a aludida lei complementar. Diante disso, o STF fixou um prazo de 12 meses para
que o Legislativo faça a lei.
Na decisão, o STF consignou que, se for ultrapassado o prazo de 12 meses sem que a lei seja
editada, o Tribunal de Contas da União (TCU) deverá:
a) fixar o valor total a ser transferido anualmente aos Estados-Membros e ao Distrito
Federal, considerando os critérios dispostos no art. 91 do ADCT, a saber, as exportações para
o exterior de produtos primários e semielaborados, a relação entre as exportações e as
importações, os créditos decorrentes de aquisições destinadas ao ativo permanente e a
efetiva manutenção e aproveitamento do crédito do imposto a que se refere o art. 155, § 2º,
X, “a”, do texto constitucional;
b) calcular o valor das quotas a que cada um fará jus, levando em conta os entendimentos
entre os Estados-Membros e o Distrito Federal realizados no âmbito do Conselho Nacional
de Política Fazendária (Confaz).
STF. Plenário. ADO 25/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 30/11/16 (Info 849).
OBS:
Dever constitucional de legislar: Existe, no caso, um dever constitucional de legislar, previsto
no art. 91 do ADCT, e uma omissão legislativa que perdura por mais de 13 anos. Isso traz
consequências econômicas relevantes, sobretudo em relação a determinados Estados-
Membros. Embora falte a lei complementar exigida pela Constituição, a legislação em vigor
traz critérios provisórios para os repasses. Isso, entretanto, não basta para afastar a omissão em
debate. Ao contrário, o sentido de provisoriedade do § 2º do art. 91 do ADCT só confirma a
lacuna legislativa e não tem o condão de convalidá-la. Está, portanto, configurado o estado de
inconstitucionalidade por omissão, em razão de mora do Poder Legislativo.
11.7. Judiciário não pode alterar os critérios de compensação das desonerações de ICMS
decorrentes das exportações previstos no art. 91 do ADCT e na LC 87/96 – (Info 849)
O ICMS é um imposto estadual. A CF/88 e a LC 87/96 determinaram que não deveria incidir
ICMS nas operações e prestações destinadas ao exterior. Como isso causou uma perda de
arrecadação, foi prevista uma forma de compensação por meio da qual a União deveria
transferir recursos aos Estados.
Os critérios para compensar os Estados por conta das desonerações de ICMS sobre as
exportações estão previstos no art. 91 do ADCT.
O caput do art. 91 exige que seja editada uma nova lei complementar para regulamentar os
critérios de compensação dos Estados. No entanto, o § 3º prevê que, até a edição da nova lei
complementar, devem ser adotados para o repasse os critérios estabelecidos no Anexo da
LC 87/96, com a redação da LC 115/02. Portanto, o próprio texto constitucional transitório já
previu a solução a ser adotada até a vinda da nova lei complementar.
Dessa forma, o Poder Judiciário não pode alterar os índices de repasse da União aos Estados
previstos no art. 91 do ADCT e na LC 87/96, criando novos critérios. Tal atitude equivaleria
a uma inovação no ordenamento jurídico contra o direito posto, violando a cláusula da
separação dos Poderes.
STF. Plenário. ACO 1044/MT, Rel. Min. Luiz Fux, j. 30/11/16 (Info 849).
OBS:
O ICMS é um imposto estadual previsto no art. 155, II, da CF e na LC 87/96:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre:
II — operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal
e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem
no exterior;
Fatos geradores: Eduardo Sabbag afirma que, resumidamente, o ICMS pode ter os seguintes
fatos geradores (Manual de Direito Tributário. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 1061):
circulação de mercadorias;
prestação de serviços de transporte intermunicipal;
prestação de serviços de transporte interestadual;
prestação de serviços de comunicação.
Vale ressaltar que, mesmo antes da EC 3/93, que incluiu esta previsão na CF/88, os Estados já
adotavam a técnica da substituição tributária progressiva e o STF considerava legítima. Assim,
mesmo antes da EC 3/93 era possível a substituição tributária para a frente.
Exemplo dado por Ricardo Alexandre: “A” é uma refinaria de combustíveis que vende a
gasolina para os distribuidores (“B”), que revendem para os postos de gasolina (“C”), que, por
fim, vendem ao consumidor final (“D”). Para o Estado é mais fácil cobrar de “A” todo o tributo
que irá incidir sobre a cadeia produtiva. Assim, “A” pagará o imposto por ele devido como
contribuinte e também os impostos que irão incidir sobre as vendas futuras (nesse caso, pagará
como substituto tributário/responsável tributário). (ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário
esquematizado. 10ª ed. São Paulo: Método, 2016, p. 317-319).
Assim, todo o tributo é pago de uma só vez por “A”, sendo calculado sobre o valor pelo qual
se presume que a mercadoria será vendida ao consumidor. (ALEXANDRE, Ricardo, p. 319).
E se o fato gerador presumido não ocorrer? Ex: a refinaria pagou o imposto relacionado com
as vendas futuras na qualidade de responsável tributário; suponhamos, no entanto, que houve
um acidente no distribuidor e ele perdeu toda a gasolina que revenderia; logo, o FG que se
presumiu que ocorreria não aconteceu, apesar de o imposto já ter sido pago. O que fazer neste
caso? A CF/88 determina expressamente que, se o fato gerador presumido não se realizar, a
Administração Pública deverá restituir a quantia paga, de forma imediata e preferencial (art.
150, § 7º).
E se o fato gerador presumido ocorrer, mas com um valor diverso do que foi presumido e
calculado? Ex: a refinaria pagou o imposto relacionado com as vendas futuras na qualidade
de responsável tributário; suponhamos que o imposto foi calculado presumindo que o
distribuidor venderia o combustível por R$ 1,00 o litro, mas, na realidade, diante de uma crise
no mercado, ele só conseguiu vender por R$ 0,70; logo, a base de cálculo do imposto (valor da
mercadoria efetivamente vendida) foi inferior àquela que havia sido presumida; diante disso,
na prática, pagou-se um valor de imposto maior do que o que seria realmente devido. O que
fazer neste caso? Haverá direito à restituição do valor pago a mais de imposto? SIM. O STF
decidiu que é devida a restituição da diferença do ICMS pago a mais, no regime de substituição
tributária para a frente, se a base de cálculo efetiva da operação for inferior à presumida.
A substituição tributária, prevista no art. 150, § 7º, da CF/88, tem como fundamento o princípio
da praticidade. Por meio desta técnica, o Estado consegue comodidade, economicidade e
eficiência na execução administrativa das leis tributárias. No entanto, a praticidade tributária
encontra freio nos princípios da igualdade, capacidade contributiva e vedação do confisco,
bem como na arquitetura de neutralidade fiscal do ICMS.
Desse modo, é papel do Poder Judiciário tutelar situações que extrapolem o limite da
razoabilidade, como é o caso em tela, no qual o contribuinte paga um valor maior do que
efetivamente devido, tendo, portanto, direito de ser restituído.
Para o Min. Edson Fachin, a tributação não pode se transformar em uma ficção jurídica, em
uma presunção absoluta (juris et de jure) na qual o fato gerador presumido assuma um caráter
definitivo e sejam desprezadas as variações decorrentes do processo econômico.
Não permitir a restituição nestes casos representaria injustiça fiscal inaceitável em um Estado
Democrático de Direito, fundado em legítimas expectativas emanadas de uma relação de
confiança e justeza entre Fisco e contribuinte. Desse modo, a restituição do excesso atende ao
princípio que veda o enriquecimento sem causa, haja vista a não ocorrência da materialidade
presumida do tributo.
Precedente anterior do STF em sentido diferente e overriding: Em 1997, 23 Estados-membros
assinaram, o Convênio ICMS 13/97, no qual previram que eles iriam adotar a sistemática da
substituição tributária para frente na cobrança do ICMS. Uma das cláusulas deste Convênio
afirmava que se a base de cálculo efetiva da operação fosse inferior à presumida, não haveria
restituição do ICMS cobrado a maior (cláusula segunda).
Este Convênio foi impugnado por meio de uma ADI, tendo o STF, em 2002, julgado
improcedente a ação, declarando que essa previsão de não-restituição do imposto não violava
a Constituição Federal. Em outras palavras, o STF, ao contrário de agora, decidiu que não
deveria haver a restituição do imposto caso a base de cálculo efetiva fosse menor do que aquela
presumidamente calculada. Veja trecho da ementa:
Todos os Ministros que votaram pela rejeição da ADI 1851 já saíram do STF e houve, no caso,
um overriding, que ocorre quando o Tribunal supera parcialmente um entendimento anterior
da própria Corte, modificando o âmbito de incidência do precedente.
E por que se diz que houve uma superação parcial? Porque o caso julgado na ADI 1851 não é
idêntico ao que foi apreciado novamente pela Corte. Na ADI 1851 estava sendo analisada uma
espécie de substituição tributária facultativa, na qual a empresa poderia aderir ou não e, se
aderisse, teria direito a alguns incentivos fiscais, tendo, por outro lado, que seguir as regras do
Convênio, que não previa a restituição.
Nas ADI 2675/PE e ADI 2777/SP e no RE 593849/MG estava sendo discutida substituição
tributária obrigatória, na qual o contribuinte tinha que compulsoriamente aderir.
Esta distinção, contudo, não é mais importante. Isso porque a tese fixada no RE 593849/MG
foi bastante ampla e enfática, abrangendo inclusive os casos envolvendo o Convênio ICMS
13/97, que já havia sido julgado constitucional e que agora não é mais válido.
Vale ressaltar que Pernambuco e São Paulo, que não aderiram ao Convênio, possuem leis
estaduais que determinam a restituição caso a base de cálculo da operação seja menor. Desse
modo, tais leis estaduais, ao contrário do Convênio, asseguram o direito aos contribuintes.
Referidas leis estaduais também foram questionadas no STF e a Corte decidiu que tais atos
normativos estão corretos ao assegurar a restituição caso haja um pagamento antecipado do
ICMS a maior. Por isso, as ADI 2675/PE e ADI 2777/SP propostas contra as leis foram julgadas
improcedentes.
STF não está vinculado aos efeitos de suas decisões anteriores: As decisões definitivas de
mérito proferidas pelo STF em ADI produzem eficácia contra todos e efeito vinculante. Tais
efeitos, contudo, não vinculam o próprio STF. Assim, se o STF decidiu, em uma ADI, que
determinado ato normativo é constitucional, a Corte poderá, mais tarde, mudar seu
entendimento e decidir que este mesmo ato é inconstitucional. Isso para evitar a petrificação
da interpretação constitucional. Em suma, o efeito vinculante conferido à decisão proferida na
ADI está limitado aos demais órgãos do Poder Judiciário e ao Poder Executivo, mas não à
Suprema Corte.
Modulação dos efeitos: Vimos acima que a decisão do STF no RE 593849/MG representou uma
superação parcial do entendimento anterior da Corte. Como houve essa mudança, o STF
decidiu modular os efeitos do novo julgamento. Ficou definido o seguinte:
1) Este entendimento do STF permitindo direito à restituição vale:
para todos os processos judiciais que já haviam sido ajuizados e que estavam
aguardando o posicionamento do STF na repercussão ora decidida; e
para as operações futuras, ou seja, para as situações em que, após a decisão do STF,
houver pagamento a maior, surgindo o direito à restituição.
Segundo o Min. Edson Fachin, a modulação é necessária para se atender ao interesse público,
evitando surpresas, como o ajuizamento de ações rescisórias e de novas ações sobre casos até
agora não questionados.
11.9. Incide ICMS sobre a tarifa de assinatura básica mensal de telefonia – (Info 843) –
IMPORTANTE!!!
11.10. Somente lei em sentido formal pode instituir o regime de recolhimento do ICMS por
estimativa – (Info 790)
Quando se fala em regime de apuração, isso significa a forma por meio da qual o valor
tributo será calculado.
No caso do ICMS, existem vários regimes de apuração do imposto.
A LC 87/96 autoriza que os Estados membros adotem o regime de apuração por estimativa.
O Estado-membro pode estabelecer o regime de estimativa por meio de Decreto? NÃO.
Somente lei em sentido formal pode instituir o regime de recolhimento do ICMS por
estimativa.
STF. Plenário. RE 632265/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/6/2015 (Info 790).
11.12. É inconstitucional lei estadual que concede benefícios fiscais relacionados com o
ICMS sem a prévia celebração de convênio intergovernamental – (Info 777)
É inconstitucional lei estadual que concede benefícios fiscais relacionados com o ICMS sem
a prévia celebração de convênio intergovernamental (art. 155, § 2º, XII, “g”, da CF/88 e LC
24/1975).
No caso concreto, o STF julgou inconstitucionais dispositivos da lei estadual que previam
parcelamento do pagamento de ICMS em quatro anos sem juros e correção monetária e
também os artigos que conferiam créditos fictícios de ICMS de forma a reduzir
artificialmente o valor do tributo. Além disso, a Corte entendeu inconstitucional dispositivo
que autorizava o Governador do Estado a conceder benefício fiscal por ato infralegal, tendo
havido violação à regra da reserva legal (art. 150, § 6º, da CF/88).
Por outro lado, o STF considerou constitucional dispositivo de lei estadual que estabeleceu
a suspensão do pagamento do ICMS incidente sobre a importação de matéria-prima ou de
material intermediário, e transferiu o recolhimento do tributo do momento do desembaraço
aduaneiro para o momento de saída dos produtos industrializados do estabelecimento. O
Supremo entendeu que tais dispositivos são constitucionais porque a jurisprudência
permite o legislador estadual, mesmo sem convênio, preveja o diferimento (retardamento)
do recolhimento do valor devido a título de ICMS se isso não implicar redução ou dispensa
do valor devido. Diferir o recolhimento do valor não significa benefício fiscal e, portanto,
não precisa da prévia celebração de convênio.
Modulação dos efeitos. O STF decidiu modular os efeitos da decisão para que ela tenha
eficácia somente a partir da data da sessão de julgamento. Ponderou que se trata de
benefícios tributários inconstitucionais, mas que se deveria convalidar os atos jurídicos já
praticados, tendo em vista a segurança jurídica e a pouca previsibilidade, no plano fático,
quanto às consequências de eventual decretação de nulidade desses atos, existentes no
mundo jurídico há anos. Deve-se chamar atenção para esse fato porque, em regra, a
jurisprudência do Supremo não tem admitido a modulação dos efeitos nessas hipóteses.
STF. Plenário. ADI 4481/PR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 11/3/2015 (Info 777).
O Protocolo ICMS 21/2011 do Confaz permitiu que fosse cobrado ICMS nas operações
interestaduais em que o destinatário da mercadoria estivesse localizado em seu território,
independentemente de se tratar de consumidor final (contribuinte do tributo) ou de mero
intermediário.
Em outras palavras, de acordo com o referido Protocolo, se a pessoa residente no Estado “X”
adquirisse, de forma não presencial (ex: pela internet), uma mercadoria oriunda de um
vendedor localizado no Estado “Y”, o Estado “X” poderia também cobrar ICMS sobre essa
operação interestadual.
O STF, contudo, decidiu que esse Protocolo é inconstitucional e que a CF/88 não permite a
cobrança de ICMS pelo Estado de destino nas operações interestaduais de venda de
mercadoria a consumidor final realizadas de forma não presencial (internet, telemarketing
ou showroom).
A CF/88 adotou como critério que a cobrança do ICMS ocorra pelo Estado de origem das
mercadorias. Mudar a cobrança para o Estado de destino depende de alteração da própria
Constituição (depende de uma reforma tributária).
Desse modo, a CF/88 determinou que, nas operações interestaduais cuja mercadoria seja
destinada a consumidor final não contribuinte, apenas o Estado-Membro de origem deverá
cobrar o tributo, com a aplicação da alíquota interna.
Se fosse permitido que o Estado de destino também cobrasse o ICMS haveria bitributação.
STF. Plenário. ADI 4628/DF e ADI 4713/DF, Rel. Min. Luiz Fux; RE 680089/SE, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgados em 17/9/2014 (Info 759).
11.16. O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone celular – (Info 734)
O ICMS é um imposto estadual que tem como um dos fatos geradores a prestação onerosa
de serviços de comunicação. Existem alguns serviços prestados pelas empresas que são
acessórios aos serviços de comunicação.
Exs: troca de titularidade de aparelho celular, conta detalhada, troca de aparelho etc.
Não incide ICMS sobre a prestação de serviços acessórios aos serviços de comunicação.
STF. Plenário. RE 572020/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux,
julgado em 6/2/2014 (Info 734).
12. ISSQN
12.1. Incide ISS sobre o serviço prestado pelos planos de assistência à saúde – (Info 841 e
Info 932) – Atenção! PGM!! Atualize Info 841 do STF!!!
O STF, ao julgar embargos de declaração opostos contra acórdão prolatado no dia 29/09/16,
alterou a redação da tese fixada para excluir a menção que era feita ao seguro-saúde. Assim,
a tese do RE 651703/PR passa a ser a seguinte:
As operadoras de planos de saúde realizam prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre
Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, III, da CF/88.
STF. Plenário. RE 651703/PR, Rel. Min. Luiz Fux, j. 29/09/16 (repercussão geral) (Info 841).
STF. Plenário. RE 651703 ED-primeiros a terceiros/PR, Rel. Min. Luiz Fux, j. 28/2/2019 (Info
932).
OBS:
ISSQN: Significa Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza. Algumas vezes, você
encontrará apenas a sigla ISS. Trata-se de um tributo de competência dos Municípios. Em
âmbito nacional, o ISSQN é disciplinado pela LC 116/03, que estabelece suas normas gerais.
Vale ressaltar, no entanto, que cada Município, para cobrar este imposto, precisa editar uma
lei ordinária municipal tratando sobre o assunto. Esta lei local, obviamente, não pode
contrariar a LC 116/2003 e nem prever serviços que não estejam expressos na lei federal.
Fato gerador: O ISSQN incide sobre a prestação dos serviços listados no anexo da LC 116/2003.
Confira o texto constitucional:
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos
em lei complementar. (...)
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei
complementar:
I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;
II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior;
III - regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais
serão concedidos e revogados.
Exemplos: quando o médico atende o paciente em uma consulta, ele presta um serviço, sendo
isso fato gerador do ISSQN; quando o cabeleireiro faz uma escova progressiva na cliente, ele
também presta um serviço e deverá pagar ISSQN. Todos os serviços que estão sujeitos ao
pagamento de ISSQN encontram-se previstos na lista anexa à LC 116/03. Se não estiver nesta
lista, não é fato gerador deste imposto. Vale ressaltar que esta lista é taxativa (exaustiva).
Serviços que não podem ser objeto de ISS: Existem determinados serviços que não podem ser
objeto de ISSQN, seja por vedação constitucional, seja porque foram excluídos pela LC 116/03.
Assim, não incide ISSQN sobre:
a) prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, considerando que se trata de fato gerador de ICMS (art. 156, III, da
CF/88);
b) exportações de serviços para o exterior do País (art. 156, § 3º, II, da CF/88);
c) prestação de serviços em relação de emprego (art. 2º, II, da LC 116/03);
d) prestação de serviços pelos trabalhadores avulsos (art. 2º, II, da LC 116/03);
e) prestação de serviços pelos diretores e membros de conselho consultivo ou de
conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como pelos sócios-gerentes e
gerentes-delegados (art. 2º, II, da LC 116/03);
f) prestação de serviços pela Administração Pública direta, autárquica e
fundacional, em virtude da imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da
CF/88);
g) operações de locação de bens móveis (Súmula vinculante 31).
Planos de saúde: A LC 116/03 estabelece que as operadoras de planos de saúde deverão pagar
ISS, considerando que este serviço se encontra previsto no item 4 da lista anexa:
4 – Serviços de saúde, assistência médica e congêneres. (...)
4.22 – Planos de medicina de grupo ou individual e convênios para prestação de
assistência médica, hospitalar, odontológica e congêneres.
4.23 – Outros planos de saúde que se cumpram através de serviços de terceiros
contratados, credenciados, cooperados ou apenas pagos pelo operador do plano
mediante indicação do beneficiário.
A questão chegou até o STF. As operadoras de planos de saúde devem pagar ISS? SIM. No dia
29/09/2016, o STF negou a tese das empresas e decidiu que: As operadoras de planos privados
de assistência à saúde realizam prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, III, da CF/88. STF. Plenário. RE 651703/PR,
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 29/09/2016 (repercussão geral) (Info 841).
Ainda, vale ressaltar que a jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que a base de
cálculo do ISS sobre planos de saúde é o preço pago pelos consumidores, diminuído dos
repasses feitos pela contribuinte aos demais prestadores de serviços de saúde (hospitais,
clínicas, laboratórios, médicos, etc.). (STJ. 2 Turma. REsp 1.722.550-PE. Rel. Min. Herman
Benjamin. julgado em 06/03/2018).
Problema: Houve, contudo, um “problema”: na tese fixada, o STF afirmou expressamente que
incide ISS tanto no caso dos serviços desempenhados pelas operadoras de PLANO DE SAÚDE
como também na hipótese de SEGURO-SAÚDE. Em outras palavras, o STF falou o seguinte:
serviços de plano de saúde e serviços de seguro-saúde devem pagar ISS. Veja a redação literal
da tese fixada pelo STF no dia 29/09/2016:
“As operadoras de planos privados de assistência à saúde (plano de saúde e
seguro-saúde) realizam prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre Serviços
de Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, III, da CRFB/88”.
Desse modo, o STF, no acórdão do dia 29/09/2016, ao decidir também sobre o seguro-saúde,
ampliou indevidamente o tema que estava sendo discutido.
A tese da embargante foi acolhida pelo STF? SIM. O Plenário do STF deu provimento aos
embargos de declaração para corrigir a tese jurídica fixada no julgamento do dia 29/09/2016,
dela excluindo a menção que havia sido feita a “seguro-saúde”. Isso porque, conforme já
explicado, a discussão sobre a incidência ou não do ISS sobre seguro-saúde não estava
contemplada pelo Tema 581 que foi afetado.
Mas me diga uma coisa: os serviços de seguro-saúde estão ou não sujeitos ao pagamento de
ISS? Esse tema ainda não foi enfrentado pelo STF. Prevalece na doutrina que não. Os serviços
de seguro-saúde não estariam sujeitos ao pagamento de ISSQN, considerando que:
• não estão expressamente previstos na lista anexa; e
• já sofrem a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Logo,
se tivessem que pagar ISSQN e IOF, haveria bitributação.
12.2. Lei municipal que veicula exclusão de valores da base de cálculo do ISSQN – (Info 841)
Base de cálculo: A base de cálculo do ISS é o PREÇO DO SERVIÇO, ou seja, o valor pago pelo
tomador do serviço ao prestador como contraprestação pela utilidade oferecida. Assim, o valor
que o contribuinte irá pagar é de 5% sobre o preço do serviço prestado (no caso de AL máxima).
Preço do serviço = valor total da nota: Quando se fala em preço do serviço, isso significa o
valor total cobrado pelo serviço, ou seja, a “receita bruta” obtida pelo prestador, sem descontar
impostos e outros custos que ele tenha. Ex: se a consulta do médico é R$ 1.000,00, o ISS a ser
pago é de R$ 50,00, ou seja, 5% sobre o valor total da nota, não importando que o médico ainda
vá pagar impostos e que ele receberá ao final um valor líquido menor.
O fato gerador do ISS - a prestação de serviços - tem matriz constitucional no art. 156, III
(serviços de qualquer natureza definidos em lei complementar), não sendo possível
entender o ato de subempreitar como sendo um serviço passível de tributação. O imposto
não grava o ato de subempreitar, nem a subempreitada em si, mas, unicamente, a prestação
do serviço pela subempreiteira.
Ora, o serviço executado pela subempreiteira é exatamente aquele que a empreiteira deixou
de executar.
Portanto, a empreiteira só pode se sujeitar à tributação na parte do serviço que ela executou.
A dedução de subempreitada já tributada foi a técnica encontrada pelo legislador para
conferir praticidade ao cálculo do imposto devido pela empreiteira.
Não permitir a dedução seria o mesmo que exigir o imposto sem prestação de serviço, ou
seja, sem que houvesse ocorrência do fato gerador, o que conduz à inconstitucionalidade
gritante.
Se o fisco recebe duas vezes por um determinado serviço prestado resta claro que um deles
(o recebimento) é ilegítimo e inconstitucional. Por isso, o STF, ao contrário do STJ, vem
considerando inconstitucional a tributação da subempreitada já tributada."
STF. RE 603.497.
(TJRS-2016): O preço das subempreitadas e dos materiais empregados na obra, na atividade
de construção civil, não integra a base de cálculo do ISS.
14. IPI
14.1. O art. 2º da Lei 8.393/91 era constitucional – (Info 860)
14.2. Incide o IPI em importação de veículos automotores por pessoa natural – (Info 813) –
IMPORTANTE!!!
Incide o IPI em importação de veículos automotores por pessoa natural, ainda que não
desempenhe atividade empresarial, e o faça para uso próprio.
A tese firmada (incidência do IPI) se aplica também às operações de importação realizadas
anteriormente à decisão do STF. Isso significa que quem importou veículos para uso próprio
confiando nas decisões do STJ e do STF vai ter uma surpresa desagradável e terá que pagar
o imposto.
STF. Plenário. RE 723651/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 03/02/2016 (Info 813).
OBS:
A CF/88 estabelece a imunidade do IPI para produtos exportados. Isso não ocorre para
produtos importados. Não existe imunidade no caso de importação de veículos. E não importa
se quem importou é pessoa física ou jurídica, assim como também não interessa o fato de o
importador não exercer o comércio e adquirir o bem para uso próprio.
Não há bitributação e o princípio da não cumulatividade não autoriza a dispensa do imposto.
A cobrança do IPI para importação de veículos está de acordo com o princípio da isonomia,
uma vez que promove igualdade de condições tributárias entre o fabricante nacional, já sujeito
ao imposto em território nacional, e o fornecedor estrangeiro. Isso porque o fornecedor
estrangeiro, como está exportando o produto, não paga imposto no país de origem e este
chegaria ao Brasil em condições muito mais favoráveis que os produtos produzidos na
indústria nacional.
Vale ressaltar que o julgamento acima representa radical mudança de entendimento. Isso
porque tanto o STF como o STJ entendiam que NÃO incidia IPI na importação de veículos para
uso próprio.
O tema havia sido recentemente firmado pelo STJ em sede de recurso especial repetitivo: “É
firme o entendimento no sentido de que não incide IPI sobre veículo importado para uso
próprio, tendo em vista que o fato gerador do referido tributo é a operação de natureza
mercantil ou assemelhada e, ainda, por aplicação do princípio da não cumulatividade.” (STJ.
1ª Seção. REsp 1396488/SC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 25/02/2015).
Havia também precedentes do STF neste mesmo sentido: RE 550170 AgR, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 7/6/2011; RE 255090 AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgado em
24.8.2010.
14.3. Descontos incondicionais e sua não incidência na base de cálculo do IPI – (Info 757)
Os descontos incondicionais não devem integrar a base de cálculo do IPI. Ex: se o preço
“cheio” do produto era 120, mas foi dado um desconto de 20 para o adquirente, a base de
cálculo do IPI será 100 (e não 120).
É inconstitucional, por ofensa ao art. 146, III, a, da CF/88, o § 2º do art. 14 da Lei 4.502/1964,
com a redação dada pelo art. 15 da Lei 7.798/1989, no ponto em que determina a inclusão de
descontos incondicionais na base de cálculo do IPI.
STF. Plenário. RE 567935/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 4/9/2014 (repercussão
geral) (Info 757).
14.4. Selo para controle de recolhimento de IPI não pode ser cobrado do contribuinte – (Info
735)
É incompatível com a CF/88 o art. 3º do Decreto-Lei 1.437/75, que autorizava que o Fisco
exigisse do contribuinte o ressarcimento pelo custo dos selos do IPI.
Assim, o selo para controle de recolhimento de IPI não pode ser cobrado do contribuinte,
sob pena de violação ao princípio da legalidade tributária (art. 150, I, da CF/88).
STF. Plenário. RE 662113/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/2/2014 (Info 735).
15. IOF
15.1. IOF e transmissão de ações de companhias abertas – (Info 813)
É constitucional o art. 1º, IV, da Lei nº 8.033/90, uma vez que a incidência de IOF sobre o
negócio jurídico de transmissão de títulos e valores mobiliários, tais como ações de
companhias abertas e respectivas bonificações, encontra respaldo no art. 153, V, da CF, sem
ofender os princípios tributários da anterioridade e da irretroatividade, nem demandar a
reserva de lei complementar.
Art. 1º São instituídas as seguintes incidências do imposto sobre operações de crédito, câmbio
e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários:
IV - transmissão de ações de companhias abertas e das consequentes bonificações emitidas.
STF. Plenário. RE 583712/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 4/2/2016 (repercussão
geral) (Info 813).
16. PIS/COFINS
16.1. O valor pago a título de ICMS não deve ser incluído na base de cálculo do PIS/PASEP
e COFINS – (Info 857) – ATUALIZAR INFO 594 DO STJ!!!
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não compõe a base de cálculo
para a incidência da contribuição para o PIS e da COFINS.
STF. Plenário. RE 574706/PR, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 15/3/2017 (repercussão geral) (Info
857).
Obs: o STJ possui entendimento em sentido contrário: STJ. 1ª Seção. REsp 1.144.469-PR, Rel.
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 10/8/2016 (recurso repetitivo) (Info 594).
17. PIS/PASEP
17.1. É válida a cobrança da contribuição para o PASEP das empresas estatais, ao passo que
as empresas privadas recolhem para o PIS, tributo patrimonialmente menos gravoso – (Info
927)
Não ofende o art. 173, § 1º, II, da CF/88 a escolha legislativa de reputar não equivalente a
situação das empresas privadas com relação às sociedades de economia mista, às empresas
públicas e suas respectivas subsidiárias exploradoras de atividade econômica, para fins de
submissão ao regime tributário das contribuições para o Programa de Integração Social
(PIS) e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), à luz dos
princípios da igualdade tributária e da seletividade no financiamento da Seguridade Social.
STF. Plenário. RE 577494/PR, Rel. Min. Edson Fachin, j. 13/12/2018 (repercussão geral) (Info
927).
OBS:
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será
permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços, dispondo sobre: (...)
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas,
inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,
trabalhistas e tributários;
17.2. Incide PIS/PASEP sobre negócios jurídicos praticados por cooperativa com terceiros –
(Info 835)
A receita auferida pelas cooperativas de trabalho decorrentes dos atos (negócios jurídicos)
firmados com terceiros se insere na materialidade da contribuição ao PIS/PASEP.
STF. Plenário. RE 599362/RJ ED, Rel. Min. Dias Toffoli j. 18/08/16 (repercussão geral) (Info
835).
17.3. Incide PIS/PASEP sobre negócios jurídicos praticados por cooperativa com tomadores
de serviço – (Info 766)
18. IR / IPI
18.1. União pode conceder incentivos relacionados com o IR e o IPI mesmo que isso diminua
os repasses destinados ao FPM – (Info 847)
Atenção: são 22,5% distribuídos ao longo do ano + 1% até o dia 10 do mês de julho de cada ano
+ 1% até o dia 10 do mês de dezembro de cada ano. Logo, o total é 24,5%.
Obs: o Fundo de Participação dos Municípios é um instrumento contábil utilizado para facilitar
o repasse, permitindo uma melhor organização dos valores para que depois eles sejam
repartidos entre os Municípios. Para fins didáticos, você pode imaginar o FPM como sendo
uma conta bancária onde o dinheiro é depositado para depois ser dividido entre os Municípios,
segundo critérios previstos na legislação.
Isenções fiscais e impacto na arrecadação dos Municípios: Algumas vezes a União, a fim de
fomentar determinados setores da economia, concede incentivos, benefícios ou isenções fiscais
relacionados com o IR ou o IPI. Em outras palavras, são conferidos "descontos" desses
impostos. Ocorre que, com esses incentivos, o valor da arrecadação diminuiu e,
consequentemente, o repasse que é destinado aos Municípios também fica menor. Diante
disso, alguns Municípios começaram a ingressar com ações judiciais questionando todas as
vezes que a União concede tais benefícios afirmando que eles são diretamente prejudicados.
Foi o caso do Município de Itabi (SE). A União concedeu isenção de IR e IPI para determinado
setor econômico e este Município ajuizou ação pedindo que a desoneração concedida pelo
Governo Federal não fosse computada na cota do FPM destinado a ele (Itabi). Em outros
termos, requereu que, mesmo havendo a isenção, o valor repassado a ele não diminuísse.
A questão chegou até o STF. O pedido do Município de Itabi foi acolhido? NÃO. O poder de
arrecadar atribuído à União implica também o poder de isentar. Assim, quando a CF/88
determina que o FPM será composto pelo produto dos dois impostos (IR e IPI), isso inclui o
resultado das desonerações. De acordo com o inciso I do art. 159 da CF/88, a União deve
entregar um percentual sobre o “produto da arrecadação” do IR e do IPI ao Fundo de
Participação dos Municípios. De fato, essas transferências efetuadas pela União são de suma
importância para as finanças municipais e para a manutenção de sua autonomia financeira.
Entretanto, aceitar o pedido do Município iria contra o modelo de repartição de receitas
previsto na Constituição Federal.
Tese fixada: Como o recurso extraordinário do Município foi julgado sob o rito da repercussão
geral e havia inúmeros outros processos sobrestados, o STF definiu uma tese sobre o tema que
valerá para os casos semelhantes:
É constitucional a concessão regular de incentivos, benefícios e
isenções fiscais relativos ao Imposto de Renda e Imposto sobre
Produtos Industrializados por parte da União em relação ao Fundo
de Participação de Municípios e respectivas quotas devidas às
Municipalidades. STF. Plenário. RE 705423/SE, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 17/11/2016 (repercussão geral) (Info 847).
19. COFINS
19.1. Instituições financeiras e majoração de alíquota da COFINS – (Info 905) – Concursos
Federais!!!
19.3. O valor retido em razão do ICMS não pode ser incluído na base de cálculo da COFINS
– (Info 762) – Tema polêmico!
O valor retido em razão do ICMS não pode ser incluído na base de cálculo da COFINS, sob
pena de violar o art. 195, I, “b”, da CF/88.
Obs: nesse julgado participaram vários Ministros que já se aposentaram. Assim, o tema
poderá ser alterado no futuro. Por enquanto, vale o que foi decidido.
STF. Plenário. RE 240785/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 8/10/14 (Info 762).
20.2. A contribuição social do empregador rural sobre a receita bruta, prevista no art. 25 da
Lei 8.212/91, com redação dada pela Lei 10.256/2001, é constitucional – (Info 859)
20.3. Mesmo antes da EC 20/98, a contribuição social a cargo do empregador incidia sobre
quaisquer ganhos habituais do empregado – (Info 859) – IMPORTANTE!!!
A contribuição social a cargo do empregador incide sobre ganhos habituais do empregado,
quer anteriores ou posteriores à Emenda Constitucional 20/1998.
STF. Plenário. RE 565160/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 29/3/17 (repercussão geral) (Info
859).
OBS:
Julgado em harmonia com a jurisprudência do STJ: Sobre o tema, talvez você já tenha estudado
o seguinte julgado:
Incide contribuição previdenciária sobre prêmios e gratificações
pagos com habitualidade.
Não incide contribuição previdenciária sobre prêmios e gratificações
de caráter eventual.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.275.695-ES, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 20/8/2015 (Info 568).
EC 20/98: Vale ressaltar que a redação atual do inciso I do art. 195 da CF/88 foi dada pela EC
20/98. Veja:
Lei 8.212/91: Esta Lei trata sobre o custeio da Previdência Social e, no seu art. 22, regulamenta
o art. 195, I, da CF/88:
Valor adicional para o caso de instituições financeiras: Ocorre que a Lei 8.212/91 decidiu
cobrar das instituições financeiras, além da contribuição de 22% prevista no art. 22, I, um
"extra", um adicional de mais 2,5% incidente sobre a folha de salários, na forma do § 1º do art.
22, cuja redação é a seguinte:
Atenção: Não compete ao Poder Judiciário substituir o legislador na escolha das atividades
que terão alíquotas diferenciadas relativamente à contribuição social. Em outros termos, a
CF/88 autorizou que as alíquotas pudessem ser diferenciadas e a escolha de quais empresas
se enquadram nesta situação cabe ao legislador, que o fez na Lei 8.212/91. A escolha legislativa
em onerar as instituições financeiras e entidades equiparáveis, com alíquota diferenciada para
fins de custeio da seguridade social, é compatível com a Constituição.
21. CONTRIBUIÇÕES
21.1. CSLL: A CSLL é constitucional – (Info 916) – Apenas alguns concursos federais!
É constitucional a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), instituída pela Lei nº
7.689/88, sendo também constitucionais as majorações de alíquotas efetivadas pela Lei nº
7.856/89, por obedecerem à anterioridade nonagesimal.
Por sua vez, a ampliação da base de cálculo, conforme o art. 1º, II, da Lei nº 7.988/89, a fim
de se compatibilizar com a anterioridade nonagesimal, só pode ser efetivada a partir do ano
base de 1990.
STF. Plenário. RE 211446 ED-ED/GO, Rel. Min. Luiz Fux, j. 20/9/18 (Info 916).
OBS:
CSLL: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) é um tributo federal instituído pela
Lei 7.689/88. A Lei 7.689/88 foi fruto da MP 22/88. Veja o que diz o art. 1º da Lei:
Art. 1º Fica instituída contribuição social sobre o lucro das pessoas
jurídicas, destinada ao financiamento da seguridade social.
Fundamento constitucional:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade,
de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na
forma da lei, incidentes sobre:
(...)
c) o lucro;
Tão logo foi instituída a CSLL, iniciou-se uma discussão a respeito de sua
constitucionalidade. Vários argumentos eram invocados, dentre eles, o de que tal contribuição
somente poderia ter sido instituída por meio de lei complementar. Pergunta: o que decidiu o
STF? A CSLL é constitucional? SIM. O STF, ainda em 1992, decidiu que a CSLL é
constitucional. O Tribunal, contudo, fez uma ressalva e afirmou que o art. 8º da Lei 7.689/88
era inconstitucional. Isso porque a Lei 7.689/88 entrou em vigor em 16/12/1988 e o art. 8º dizia
que seria possível cobrar o CSLL já no ano de 1989 com base no que a pessoa jurídica lucrou
em 1988:
Art. 8º A contribuição social será devida a partir do resultado
apurado no período-base a ser encerrado em 31 de dezembro de
1988.
Assim, esse art. 8º violou o princípio da irretroatividade, contido no art. 150, III, “a”, da
CF/88, “que proíbe que a lei que institui tributo tenha, como fato gerador deste, fato ocorrido
antes do início da vigência dela” (STF. Plenário. RE 146733, Rel. Min. Moreira Alves, julgado
em 29/06/1992).
Isso porque entre 22/09/1989 até 01/01/1990 passaram-se mais que 90 dias. Veja:
Tratando-se de lei de conversão da MP nº 86, de 25 de setembro de
1989, da data da edição desta é que flui o prazo de noventa dias
previsto no art. 195, § 6º, da CF, o qual, no caso, teve por termo final
o dia 24 de dezembro do mesmo ano, possibilitando o cálculo do
tributo, pela nova alíquota, sobre o lucro da recorrente, apurado no
balanço do próprio exercício de 1989. STF. Plenário. RE 197790, Rel.
Min. Ilmar Galvão, j. 19/2/97.
Lei 7.988/89: Outra discussão envolvendo a CSLL foi decorrente da Lei 7.988/89. O art. 1º, II,
da Lei 7.988/89 ampliou a base de cálculo da CSLL. O problema foi que a Lei 7.988/89 entrou
em vigor em 29/12/89 e disse que esse aumento já levaria em consideração o período-base de
1989. O STF, então, decidiu que isso era inconstitucional porque violava a anterioridade
nonagesimal anterioridade mitigada) consagrada no art. 195, § 6º, da CF/88. Nesse sentido:
STF. Plenário. RE 183119, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgado em 20/11/1996.
21.2. É constitucional a lei que extinguiu a contribuição sindical obrigatória – (Info 908) –
IMPORTANTE!!!
Desse modo, apesar de a redação do inciso ser um pouco truncada, é possível perceber que ele
fala em duas espécies de contribuição:
1) Contribuição fixada pela assembleia geral (destacada na primeira parte);
2) Contribuição prevista em lei (destacada na segunda parte).
O que fez a Lei 13.467/17? A Lei 13.467/17, conhecida como “Reforma Trabalhista”, alterou os
dispositivos da CLT que tratavam sobre a contribuição sindical com o objetivo de fazer com
que ela deixasse de ser compulsória e passasse a ser FACULTATIVA. Vamos comparar os
principais dispositivos sobre o tema que foram alterados:
CLT
Antes da Lei 13.467/2017 Depois da Lei 13.467/2017
Art. 578. As contribuições devidas Art. 578. As contribuições devidas
aos Sindicatos pelos que aos sindicatos pelos participantes
participem das categorias das categorias econômicas ou
econômicas ou profissionais ou das profissionais ou das profissões
profissões liberais representadas liberais representadas pelas
pelas referidas entidades serão, sob referidas entidades serão, sob a
a denominação do "imposto denominação de contribuição
sindical", pagas, recolhidas e sindical, pagas, recolhidas e
aplicadas na forma estabelecida aplicadas na forma estabelecida
neste Capítulo. neste Capítulo, desde que prévia e
expressamente autorizadas.
Art. 579. A contribuição sindical é Art. 579. O desconto da
devida por todos aqueles que contribuição sindical está
participarem de uma determinada condicionado à autorização prévia
categoria econômica ou e expressa dos que participarem de
profissional, ou de uma profissão uma determinada categoria
liberal, em favor do sindicato econômica ou profissional, ou de
representativo da mesma categoria uma profissão liberal, em favor do
ou profissão ou, inexistindo este, sindicato representativo da mesma
na conformidade do disposto no categoria ou profissão ou,
art. 591. inexistindo este, na conformidade
do disposto no art. 591 desta
Consolidação.
Art. 582. Os empregadores são Art. 582. Os empregadores são
obrigados a descontar da folha de obrigados a descontar da folha de
pagamento de seus empregados, pagamento de seus empregados
relativa ao mês de março de cada relativa ao mês de março de cada
ano, o imposto sindical por estes ano a contribuição sindical dos
devido aos respectivos sindicatos. empregados que autorizaram
(...) prévia e expressamente o seu
recolhimento aos respectivos
sindicatos.
(...)
Art. 587. O recolhimento da Art. 587. Os empregadores que
contribuição sindical dos optarem pelo recolhimento da
empregadores efetuar-se-á no mês contribuição sindical deverão fazê-
de janeiro de cada ano, ou, para os lo no mês de janeiro de cada ano,
que venham a estabelecer-se após ou, para os que venham a se
aquele mês, na ocasião em que estabelecer após o referido mês, na
requeiram às repartições o registro ocasião em que requererem às
ou a licença para o exercício da repartições o registro ou a licença
respectiva atividade. para o exercício da respectiva
atividade.
Veja, portanto, que o legislador alterou todos os dispositivos que dispunham sobre a
contribuição sindical como sendo algo obrigatório, passando a ser tratada como um
pagamento facultativo.
ADI: Algumas entidades sindicais ingressam com ADIs contra essas alterações. Nas ações, as
entidades alegaram, dentre outros argumentos, que:
A contribuição sindical foi recepcionada pela Constituição de 1988 como sendo uma
contribuição parafiscal (art. 149 da CF/88), ou seja, um tributo;
O art. 146, III, “a”, da CF/88 prevê que a instituição de tributos parafiscais e suas
definições, espécies, bases de cálculo, fatos geradores e contribuintes devem ser feitas
por meio de lei complementar. Ocorre que a Lei 13.467/17 é uma lei ordinária, de
modo que teria havido uma inconstitucionalidade formal;
Além disso, o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical foi promovida pela Lei
13.467/17 que tratou sobre vários outros assuntos. Para as entidades, isso não seria
possível porque o art. 150, § 6º, da CF/88 exige explicitamente que a matéria seja
regulada por meio de lei tributária específica:
Art. 150 (...)
§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo,
concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a
impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante
lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule
exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente
tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º,
XII, g.
O que o STF decidiu? A ADI foi julgada procedente? O fim da obrigatoriedade da contribuição
sindical viola a Constituição Federal? NÃO. A ADI foi julgada improcedente e o STF decidiu
que:
São compatíveis com a Constituição Federal os dispositivos da Lei
13.467/17 (Reforma Trabalhista) que extinguiram a
obrigatoriedade da contribuição sindical e condicionaram o seu
pagamento à prévia e expressa autorização dos filiados. STF.
Plenário. ADI 5794/DF, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Luiz
Fux, julgado em 29/6/2018(Info 908).
Dispor sobre o fim da obrigatoriedade sindical não significa tratar sobre normas gerais de
tributário: No âmbito formal, o STF entendeu que o assunto tratado pela Lei 13.467/17 (fim
da obrigatoriedade da contribuição sindical) não pode ser considerado como norma geral de
direito tributário. Logo, o fim da obrigatoriedade sindical não precisava ter sido veiculado
por meio de lei complementar por não se enquadrar na exigência do art. 146, III, “a”, da
CF/88, como argumentavam as entidades sindicais:
Art. 146. Cabe à lei complementar:
(...)
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos
impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos
geradores, bases de cálculo e contribuintes;
Acabar com a obrigatoriedade da contribuição sindical não exige lei específicas: O § 6º do art.
150 da CF/88 exige lei específica para conceder subsídio, isenção, reduzir base de cálculo e
conceder outros “benefícios fiscais”. A Lei 13.467/17 não disciplinou nenhum desses
benefícios fiscais. Logo, não se exigia a edição de uma lei específica.
Livre associação profissional ou sindical: Sob o ângulo material, o STF lembrou que a
Constituição assegura a livre associação profissional ou sindical, de modo que ninguém é
obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato (art. 8º, V). O princípio constitucional
da liberdade sindical garante tanto ao trabalhador quanto ao empregador a liberdade de se
associar a uma organização sindical, passando a contribuir voluntariamente com essa
representação. Não se pode admitir que o texto constitucional, de um lado, consagre a
liberdade de associação, sindicalização e expressão e, de outro, imponha uma contribuição
compulsória a todos os integrantes das categorias econômicas e profissionais.
CF/88 não impõe que a contribuição sindical seja obrigatória: “A contribuição sindical não
foi constitucionalizada no texto magno”. O que o STF quis dizer com essa frase: não há
qualquer comando na Constituição dizendo que deverá ser instituída uma contribuição
sindical compulsória, com natureza de tributo, em favor dos sindicatos. O inciso IV do art. 8º
da CF/88 prevê que a lei poderá instituir uma contribuição sindical, mas sem mencionar que
deva ser obrigatória.
Modelo de gestão sindical é uma decisão política: A discussão a respeito do modelo de gestão
sindical a ser adotado no Brasil é eminentemente política, cujo protagonista é o Congresso
Nacional. O STF deve ser autocontido, de forma a respeitar as escolhas políticas do Legislativo.
Sistema sindical moderno: Ademais, a reforma trabalhista buscou a evolução de um sistema
sindical centralizador, arcaico e paternalista para um modelo mais moderno, baseado na
liberdade. O modelo de contribuição compulsória não estimulava a competitividade e a
representatividade, levando a um verdadeiro negócio privado, bom apenas para sindicalistas.
A sistemática anterior criou um associativismo com enorme distorção representativa. No
Brasil, são quase 17 mil sindicatos, enquanto em outros países apenas algumas centenas. A
contribuição compulsória vinha gerando oferta excessiva e artificial de associações
sindicais, o que configura perda social em detrimento dos trabalhadores. Esse número
estratosférico de sindicatos não se revertia em aumento do bem-estar de nenhuma categoria.
Nesse contexto, as entidades sindicais frequentemente se engajam em atividades políticas,
lançando e apoiando candidatos, conclamando protestos e mantendo estreitos laços com
partidos políticos. Ocorre que o discurso político é o núcleo por excelência da liberdade de
expressão. Ao exigir que indivíduos financiem atividades políticas com as quais não
concordam, por meio de contribuições compulsórias a sindicatos, o regime anterior certamente
vulnerava a garantia fundamental da liberdade de expressão, protegida pelo art. 5º, IV, da
Constituição. Por sua vez, a nova sistemática leva a um novo pensar da sociedade sobre como
lidar com as categorias econômicas e trabalhistas e com as formas de atuação na sociedade,
sem depender necessariamente do Estado. Os sindicatos passarão a ser sustentados por
contribuições voluntárias, do mesmo modo que as demais associações.
Votos vencidos: Ficaram vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber e Dias Toffoli, para
quem as alterações legislativas são inconstitucionais formal e materialmente.
É constitucional a contribuição adicional de 2,5% (dois e meio por cento) sobre a folha de
salários instituída para as instituições financeiras e assemelhadas pelo art. 3º, § 2º, da Lei
nº 7.787/89, ainda que considerado o período anterior à EC 20/98.
STF. Plenário. RE 599309/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 6/6/18 (repercussão geral)
(Info 905).
Se uma empresa se autoqualifica como prestadora de serviços, a ela deverá ser aplicada a
majoração de alíquota estabelecida para o cálculo da contribuição ao Finsocial.
STF. Plenário. RE 193924 ED-EDv/DF, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, j. 16/5/18 (Info 902).
21.5. É inconstitucional o art. 2º da Lei 11.000/04 quando delega aos conselhos profissionais
a competência para definir as anuidades sem parâmetro legal – (Info 844) – (Analista
Judiciário/TRERJ-2017)
É inconstitucional, por ofensa ao princípio da legalidade tributária, lei que delega aos
conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas a competência de fixar ou majorar,
sem parâmetro legal, o valor das contribuições de interesse das categorias profissionais e
econômicas, usualmente cobradas sob o título de anuidades, vedada, ademais, a atualização
desse valor pelos conselhos em percentual superior aos índices legalmente previstos.
STF. Plenário. RE 704292/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 19/10/16 (repercussão geral) (Info 844).
OBS:
NOÇÕES GERAIS SOBRE AS ANUIDADES COBRADAS PELOS CONSELHOS
PROFISSIONAIS
Qual é a natureza jurídica dos Conselhos Profissionais (exs.: CREA, CRM, COREN, CRO
etc.)? Os Conselhos Profissionais possuem natureza jurídica de autarquias federais.
Exceção: a OAB que, segundo a concepção majoritária, é um serviço público independente,
categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro.
Anuidades: Os Conselhos podem cobrar um valor todos os anos dos profissionais que integram
a sua categoria. A isso se dá o nome de anuidade (art. 4º, II, da Lei nº 12.514/2011).
Qual é a natureza jurídica dessas anuidades? Tais contribuições são consideradas tributo,
sendo classificadas como “contribuições profissionais ou corporativas”.
Fato gerador: O fato gerador das anuidades é a existência de inscrição no conselho, ainda que
por tempo limitado, ao longo do exercício (art. 5º da Lei nº 12.514/2011).
Competência: A execução fiscal, nesse caso, é de competência da Justiça Federal, tendo em vista
que os Conselhos são autarquias federais (Súmula 66 do STJ).
Essa previsão é constitucional? NÃO. O STF entendeu que o art. 2º, caput e o § 1º da Lei nº
11.000/2004 são inconstitucionais. Vamos entender os motivos.
Critérios para se respeitar o princípio da legalidade tributária? Dessa forma, é possível que
uma lei tributária autorize que um ato infralegal defina alguns aspectos relacionados com o
tributo que está sendo tratado. A isso o Min. Dias Toffoli chama de "diálogo com o
regulamento". Vale ressaltar, contudo, que este diálogo com o regulamento deve ocorrer
respeitando-se três parâmetros: subordinação, desenvolvimento e complementariedade.
Art. 2º da Lei 11.000/04 não atendeu a esses parâmetros: O art. 2º da Lei 11.000/04 estabeleceu
a possibilidade de os Conselhos de fiscalização fixarem livremente o valor das anuidades
pagas. Houve, portanto, um diálogo com o regulamento com o objetivo de otimizar os
princípios da capacidade contributiva e da isonomia, permitindo que os próprios Conselhos
defina, no caso concreto, o valor das anuidades de acordo com os níveis superior, técnico e
auxiliar.
Porém, o que se observa é que a Lei conferiu uma autorização muito ampla e genérica, não
impondo limites de "subordinação" e de "complementariedade" para o regulamento. Com isso,
a Lei 11.000/04 criou situação de instabilidade institucional, deixando ao puro arbítrio do
administrador o valor da exação. Não há previsão legal de qualquer limite máximo para a
fixação do valor da anuidade.
Percebe-se que a definição do valor do tributo, um poder outorgado pelo povo para o
Parlamento, foi inteiramente delegada, sem critérios, para os conselhos de fiscalização que são
entidades autárquicas eminentemente administrativas e destituídas de poder político
(legitimação democrática).
Para o contribuinte, surge uma situação de intranquilidade e incerteza por não saber o quanto
lhe poderá ser cobrado; para o fisco, significa uma atuação ilimitada e carente de controle.
Desse modo, o grau de indeterminação do art. 2º da Lei 11.000/04 foi tão grande que violou a
reserva legal, consagrada pelo art. 150, I, da CF/88. Isso porque a remessa ao ato infralegal não
pode resultar em desapoderamento do legislador para tratar de elementos tributários
essenciais. O legislador não pode abrir mão de todos os critérios em prol do regulamento.
Para que o art. 2º da Lei 11.000/04 respeitasse o princípio da legalidade seria indispensável
que ele previsse o limite máximo do valor da exação, ou os critérios para calculá-lo, o que não
ocorreu na espécie.
Majoração das anuidades em patamar superior ao teto fixado em lei: Da mesma forma que é
vedado aos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas fixar em abstrato as
contribuições anuais, também é proibido que eles, a pretexto de atualização monetária,
aumentem as anuidades em patamar superior ao teto fixado em lei. Entendimento contrário
possibilitaria a efetiva majoração do tributo por ato infralegal, em nítida ofensa ao art. 150, I,
da CF/88.
Obs: em razão de não possuir natureza jurídica de autarquia, a OAB não está vinculada a esses
valores, podendo fixar anuidade em patamares superiores.
O STF já decidiu que a Lei 12.514/11 é constitucional e que respeita os princípios da capacidade
contributiva, da vedação ao confisco e da legalidade. Para maiores informações, veja: STF.
Plenário. ADI 4697/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 06/10/16 (Info 842).
22. PRESCRIÇÃO
22.1. Prazo prescricional e tributo declarado inconstitucional – (Info (906)
Caso concreto: STF decidiu que determinada contribuição tributária era inconstitucional.
Não houve modulação dos efeitos.
Contribuinte ajuizou ação pedindo a repetição do indébito, ou seja, a restituição dos valores
pagos.
O debate envolve o prazo prescricional para essa pretensão.
No momento em que o contribuinte ajuizou a ação, o entendimento do STJ era no sentido
de que o prazo prescricional tinha início a partir da data da declaração de
inconstitucionalidade da exação pelo STF no controle concentrado, ou de resolução do
Senado Federal, no controle difuso.
Ocorre que, durante o curso da ação, o STJ promoveu revisão abrupta de sua jurisprudência
para considerar que, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o transcurso do
prazo prescricional ocorre a partir do recolhimento indevido, independentemente da data
da decisão do STF ou da Resolução do SF (REsp 435.835/SC).
Com a aplicação do novo entendimento do STJ, o contribuinte – que já estava com a sua
ação em curso – teria seu pedido rejeitado por força da prescrição.
O STF, contudo, não concordou com a aplicação imediata do novo entendimento do STJ aos
processos em curso. Para o Supremo, isso representa retroação da regra de contagem do
prazo prescricional às pretensões já ajuizadas, em afronta ao princípio da segurança jurídica
e aos postulados da lealdade, da boa-fé e da confiança legítima, sobre os quais se assenta o
próprio Estado Democrático de Direito.
A modificação na jurisprudência em matéria de prescrição não pode retroagir para
considerar prescrita pretensão que não o era à época do ajuizamento da ação, em respeito ao
posicionamento anteriormente consolidado.
Toda inflexão jurisprudencial que importe restrição a direitos dos cidadãos deve observar
certa regra de transição para produção de seus efeitos, levando em consideração os
comportamentos então tidos como legítimos, porquanto praticados em conformidade com
a orientação prevalecente, em homenagem aos valores e princípios constitucionais.
STF. 2ª Turma. ARE 951533/ES, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. acórdão o Min. Dias
Toffoli, j. 12/6/18 (Info 906).
O protesto das certidões de dívida ativa constitui mecanismo constitucional e legítimo por
não restringir de forma desproporcional quaisquer direitos fundamentais garantidos aos
contribuintes e, assim, não constituir sanção política.
STF. Plenário. ADI 5135/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 3 e 9/11/16 (Info 846).
OBS:
O que é um protesto de título? Protesto de título é o ato público, formal e solene, realizado pelo
tabelião, com a finalidade de provar a inadimplência e o descumprimento de obrigação
constante de título de crédito ou de outros documentos de dívida.
Quais são as vantagens do credor realizar o protesto? Existem inúmeros efeitos que decorrem
do protesto, no entanto, as duas principais vantagens para o credor são as seguintes:
a) Serve como meio de provar que o devedor está inadimplente;
b) Funciona como uma forma de coerção para que o devedor cumpra sua
obrigação sem que seja necessária uma ação judicial (como o protesto
lavrado gera um abalo no crédito do devedor, que é inscrito nos cadastros
de inadimplentes, a doutrina afirma que o receio de ter um título
protestado serve como um meio de cobrança extrajudicial do débito; ao ser
intimado do protesto, o devedor encontra uma forma de quitar seu débito).
Qual é o objeto do protesto? O que pode ser protestado? Segundo o art. 1º da Lei nº 9.492/97:
Art. 1º Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a
inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em
títulos e outros documentos de dívida.
O que é um documento de dívida? É todo e qualquer meio de prova escrita que comprove a
existência de uma obrigação líquida, certa e exigível.
Protesto extrajudicial de certidão de dívida ativa (CDA) e posição inicial do STJ: Como a Lei
9.492/97 inovou o tratamento jurídico sobre o tema e permitiu, em seu art. 1º, que o protesto
fosse realizado não apenas sobre títulos, como também com relação a outros documentos de
dívida, iniciou-se uma intensa discussão acerca da possibilidade e conveniência do protesto da
certidão de dívida ativa da Fazenda Pública.
Lei 12.767/2012: A fim de espancar quaisquer dúvidas, foi publicada a Lei 12.767/12 incluindo
um parágrafo único ao art. 1º da Lei 9.492/97 e permitindo, expressamente, o protesto de
certidões da dívida ativa. Confira:
Art. 1º (...)
Parágrafo único. Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto as
certidões de dívida ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Municípios e das respectivas autarquias e fundações públicas.
(Incluído pela Lei nº 12.767/2012)
Desse modo, foi incluída expressa previsão do protesto de CDA na Lei nº 9.492/97.
A ADI foi acolhida? A previsão do protesto de CDA viola a Constituição Federal? NÃO. É o
que foi decidido no Info 846.
Ocorre que o STF, ao julgar esta ADI 5127/DF acima, decidiu modular os efeitos da decisão.
Assim, a Corte afirmou que esse entendimento só deverá valer para as medidas provisórias
que forem convertidas em lei depois da decisão da ADI 5127/DF. As medidas provisórias que
foram aprovadas antes da ADI 5127/DF, mesmo que nelas tenha havido contrabando
legislativo, não serão julgadas inconstitucionais (por razões de segurança jurídica).
É como se o STF tivesse dado uma chance ao Congresso Nacional e, ao mesmo tempo, feito um
alerta: o que já foi aprovado não será declarado inconstitucional, porém não faça mais isso.
Dessa forma, a decisão do STF contrária ao “contrabando legislativo” (ADI 5127/DF) teve
eficácia prospectiva. A MP 577/2012, que resultou na Lei 12.767/2012 permitindo o protesto
de CDA, foi aprovada antes do mencionado precedente, motivo pelo qual não padece de vício
de inconstitucionalidade formal.
Sanção política (cobrança do tributo por vias oblíquas): Antes de enfrentar o argumento da
autora, é preciso relembrar em que consiste a chamada "sanção política". A Fazenda Pública
deverá cobrar os tributos em débito mediante os meios judiciais (execução fiscal) ou
extrajudiciais (lançamento tributário) legalmente previstos. O Fisco possui instrumentos legais
para satisfazer seus créditos. Justamente por isso, a jurisprudência entende que a
Administração Pública não pode proceder à cobrança do tributo por "meios indiretos",
impedindo, cerceando ou dificultando a atividade econômica desenvolvida pelo contribuinte
devedor. Quando isso ocorre, os Tribunais afirmam que o Poder Público aplicou “sanções
políticas”, ou seja, formas “enviesadas de constranger o contribuinte, por vias oblíquas, ao
recolhimento do crédito tributário” (STF ADI 173). Exs.: apreensão de mercadorias, não
liberação de documentos, interdição de estabelecimentos.
Desse modo, sanções políticas, em matéria tributária, são restrições e impedimentos impostos
pelo Fisco às atividades desenvolvidas pelos contribuintes com a finalidade de, indiretamente,
forçá-los ao pagamento do tributo. Existem quatro exemplos de sanções políticas reconhecidas
em súmulas do STF e STJ:
Súmula 70-STF: É inadmissível a interdição de estabelecimento
como meio coercitivo para cobrança de tributo.
Para que seja considerada sanção política, a medida deverá ser desproporcional/irrazoável:
A tese central defendida pela autora da ADI foi a de que o protesto da CDA pelo fisco constitui
“sanção política” – pois seria uma medida extrajudicial que restringe de forma
desproporcional os direitos fundamentais dos contribuintes ao devido processo legal, à livre
iniciativa e ao livre exercício profissional – imposta, de forma indireta, para pressioná-los a
quitar seus débitos tributários. O STF não concordou com o argumento. Para Min. Barroso, o
simples fato de o Poder Público adotar medidas coercitivas ou que restrinjam direitos dos
contribuintes como forma de cobrar o tributo não significa que isso seja considerado como uma
sanção política. Exige-se, além disso, que tais restrições sejam desproporcionais, irrazoáveis.
No caso do protesto de CDA, apesar de ele acabar impondo uma restrição ao contribuinte (o
devedor ficará com nome "negativado", terá mais dificuldades para conseguir obter
empréstimos etc.), esta medida não foi considerada desproporcional ou irrazoável.
Ademais, não configura uma “sanção política”, já que não constitui medida coercitiva indireta
que restrinja, de modo irrazoável ou desproporcional, direitos fundamentais dos contribuintes,
com o objetivo de forçá-los a quitar seus débitos tributários. Tal instrumento de cobrança é,
portanto, constitucional.
Abusos poderão ser corrigidos pelo Poder Judiciário: Ressalta-se, por fim, que nas hipóteses
de má utilização do protesto de CDA, permanecem os juízes de 1º grau e os demais tribunais
do País com a prerrogativa de promoverem a revisão de eventuais atos de protesto que, à luz
do caso concreto, estejam em desacordo com a CF/88 e com a legislação tributária, sem
prejuízo do arbitramento de uma indenização compatível com o dano sofrido pelo
administrado. Desse modo, o protesto de CDA é uma prática compatível com a Constituição
Federal, mas os abusos poderão ser corrigidos pelo Poder Judiciário.
Posição do STJ sobre o tema: Atualmente, é pacífico também no STJ que é válido o protesto de
CDA. Veja trechos da ementa do julgado que foi o leading case naquele Tribunal:
Assim, apesar de a Súmula 411 do STJ não falar expressamente em "demora" (mora), este
enunciado é aplicado por analogia também para os casos em que o Fisco aceita prontamente o
pedido de aproveitamento ou restituição, mas demora injustificadamente para efetivar na
prática.
Segundo entendimento do STJ, a correção monetária deve ser feita pela taxa SELIC.
Vale ressaltar, ainda, que o STF fixou uma tese geral sobre o tema, de forma que não abrange
apenas a situação do IPI, mas também de outros tributos sujeitos à mesma sistemática de
restituição, como é o caso do ICMS e da COFINS.
É INCONSTITUCIONAL a lei que exija que a empresa em débito com a Fazenda Pública
tenha que oferecer uma garantia (ex: fiança) para que possa emitir notas fiscais. Tal previsão
configura “sanção política” (cobrança do tributo por vias oblíquas), o que viola as garantias
do livre exercício do trabalho, ofício ou profissão (art. 5º, XIII), da atividade econômica (art.
170, parágrafo único) e do devido processo legal (art. 5º, LIV).
STF. Plenário. RE 565048/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/5/2014 (Info 748)
Este dever fundamental de pagar tributos existe porque o Estado possui obrigações para com
as pessoas e estas somente podem ser atendidas se houver arrecadação. Assim, o Poder Público
precisa fornecer saúde, educação, segurança, direitos sociais e isso é custeado, em sua grande
parte, pelos recursos arrecadados com os tributos.
O dever fundamental de pagar tributos está previsto na CF/88? SIM. Esta é a opinião do
Ministro Gilmar Mendes. Em seu voto, ele afirma que tal dever está previsto no art. 145, § 1º,
que tem a seguinte redação:
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte,
facultado à administração tributária, especialmente para conferir
efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos
individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as
atividades econômicas do contribuinte.
Isso tem grande importância para o debate acadêmico sobre o tema e poderá também ser
cobrado na sua prova. Por essa razão, fique atento. Confira o trecho do Informativo que
transcreve as palavras do Ministro:
"É cediço que há o dever fundamental de pagar tributos, entretanto
os meios escolhidos pelo Poder Público devem estar jungidos à
necessidade da medida, à adequação e à proporcionalidade, em
sentido estrito, de restringir os meios de adimplemento em caso de
cobrança judicial, as quais não estão presentes na apreciação da
legislação ora questionada.
O Estado brasileiro baseia-se em receitas tributárias. Um texto
constitucional como o nosso, pródigo na concessão de direitos
sociais e na promessa de prestações estatais aos cidadãos, deve
oferecer instrumentos suficientes para que possa fazer frente às
inevitáveis despesas que a efetivação dos direitos sociais requer. O
tributo é esse instrumento. Considera-se, portanto, a existência de
um dever fundamental de pagar impostos. No caso da Constituição,
esse dever está expresso no § 1º do art. 145."
Diversos Estados editaram leis estaduais prevendo que o Poder Executivo pode utilizar os
valores constantes dos depósitos judiciais não apenas relacionados com processos em que
os Estados sejam parte, mas também oriundos de outros feitos em que estejam litigando
somente particulares. Tais leis estão sendo questionadas por meio de ADIs. É o caso, por
exemplo, da Lei 21.720/15, do Estado de Minas Gerais.
O STF tem entendido, ainda em um juízo sumário e provisório, que tais leis estaduais são
inconstitucionais por violarem:
1) O princípio da separação dos poderes.
2) A iniciativa privativa legislativa da União (art. 22, I, da CF/88).
3) A LC federal 151/15 apenas autoriza o levantamento de 70% dos valores que sejam objeto
de depósitos vinculados a processos em que os entes federados sejam parte.
STF. Plenário. ADI 5353 MC-Ref/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 28/09/16 (Info 841).
OBS:
Depósitos judiciais: Todos os valores em dinheiro que ficam à disposição da Justiça enquanto
o processo não se encerra são depositados em uma conta bancária em nome do Poder
Judiciário. A isso chama-se de depósito judicial. Exs: João ingressa com ação de consignação
em pagamento em face de Pedro, depositando em juízo R$ 100 mil reais. Maria ajuíza execução
contra Antônio e consegue a penhora on line de R$ 200 mil. Tais valores ficarão em depósito
judicial e, quando o juiz autorizar, eles poderão ser levantados pela parte vencedora,
devidamente atualizados.
Lei complementar federal 151/15: Como se sabe, o Brasil vem passando por uma crise
econômica e os Estados e Municípios têm enfrentado enormes dificuldades para pagar suas
despesas, especialmente com precatórios. Diante disso, uma das medidas encontradas pelo
Governo para contornar esse problema foi o de permitir que o Poder Executivo estadual utilize
parte dos valores que estão nos depósitos judiciais. Para tanto, foi editada a LC 151/2015, que
prevê, resumidamente, o seguinte:
Dos valores que estão na conta do Poder Judiciário como depósito judicial, deve-se
identificar aqueles que sejam oriundos de processos nos quais os Estados, o DF e os
Municípios sejam parte.
Desses valores, 70% poderá ser transferido para a conta única do Tesouro do Estado,
do Distrito Federal ou do Município.
Os 30% restantes ficarão como um fundo de reserva, a fim de serem utilizados para o
pagamento dos valores devidos à outra parte, caso o Estado, o DF ou o Município
perca a causa.
Obs: poderá o Estado, o Distrito Federal ou o Município utilizar até 10% da parcela que lhe for
transferida para constituição de Fundo Garantidor de PPPs ou de outros mecanismos de
garantia previstos em lei, dedicados exclusivamente a investimentos de infraestrutura.
Leis estaduais: Ocorre que, antes da LC 151/15, diversos Estados já haviam editado leis
estaduais prevendo que o Poder Executivo poderia utilizar os valores constantes dos depósitos
judiciais não apenas relacionados com processos em que o Estado fosse parte, mas também
oriundos de outros feitos em que estivessem litigando somente particulares. Em outras
palavras, os Estados poderiam utilizar indistintamente os valores dos depósitos judiciais. Tais
leis estão sendo questionadas por meio de ADIs propostas pelo Procurador Geral da República.
É o caso, por exemplo, da Lei 21.720/2015, do Estado de Minas Gerais.
O que o STF vem decidindo? O STF tem entendido, ainda em um juízo sumário e provisório,
que tais leis estaduais são inconstitucionais pelos seguintes motivos:
1) Violam o princípio da separação dos poderes. Segundo já decidiu
o STF, cumpre ao Poder Judiciário a administração e os rendimentos
referentes à conta única de depósitos judiciais e extrajudiciais.
Atribuir ao Poder Executivo essas funções contraria o disposto no
art. 2º da CF/88, que afirma a interdependência - independência e
harmonia - entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. (STF.
Plenário. ADI 3458, Rel. Min. Eros Grau, j. 21/02/08).
2) Ofendem a iniciativa privativa da União. A Lei que versa sobre
depósitos judiciais é de competência legislativa privativa da União,
por tratar de matéria processual, nos termos do art. 22, I, da CF/88
(STF. Plenário. ADI 2909, Rel. Min. Ayres Britto, j. 12/05/10).
3) Contraria a LC federal 151/15. A lei federal apenas autoriza o
levantamento de 70% dos valores que sejam objeto de depósitos
vinculados a processos em que os entes federados sejam parte (art.
2º).
27.2. Inconstitucionalidade das leis estaduais que permitem que o Estado utilize tais verbas
– (Info 809)
Diversos Estados têm editado leis complementares estaduais prevendo que o Poder
Executivo pode utilizar os valores constantes dos depósitos judiciais não apenas
relacionados com processos em que os Estados fossem parte, mas também oriundos de
outros feitos em que estivessem litigando somente particulares. Tais leis estão sendo
questionadas por meio de ADIs propostas pelo Procurador Geral da República. É o caso,
por exemplo, da LC 42/15, do Estado da Bahia.
O STF tem entendido, ainda em um juízo sumário e provisório, que tais leis estaduais são
inconstitucionais por violarem:
1) O princípio da separação dos poderes.
2) A iniciativa privativa legislativa da União (art. 22, I, da CF/88).
3) A LC federal 151/15 apenas autoriza o levantamento de 70% dos valores que sejam objeto
de depósitos vinculados a processos em que os entes federados sejam parte.
STF. Plenário. ADI 5409 MC-Referendo/BA, Rel. Min. Edson Fachin, j. 25/11/15 (Info 809).
Limites de gastos com pessoal: A LRF estabelece valores máximos que a União, os Estados/DF
e os Municípios poderão gastar com despesas de pessoal (despesas com servidores públicos).
A Lei prevê esses limites por força de uma determinação contida no art. 169 da CF/88: “A
despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar”.
Quais são os limites previstos na LRF? Tais limites estão fixados nos arts. 19 e 20 da LRF e
podem ser assim resumidos:
Os Estados-membros/DF e os Municípios poderão editar leis alterando estes percentuais?
Depende:
Se a alteração for para tornar os limites mais rígidos: SIM.
Se a alteração for para tornar os limites mais flexíveis: NÃO.
“A expressão ‘não poderá exceder’, presente no artigo 169 da CF/88, conjugada com o caráter
nacional da lei complementar ali mencionada, assentam a noção de marco negativo, imposto a
todos os membros da Federação, no sentido de que os parâmetros de controle de gastos ali
estabelecidos não podem ser ultrapassados, sob pena de se atentar contra o intuito de
preservação do equilíbrio orçamentário (receita/despesa) consagrado na norma.
Com vistas ao atendimento dessa finalidade, eventual acréscimo normativo promovido pelo
Estado-membro, voltado ao enrijecimento do controle de despesas, não se mostra, a princípio,
incompatível com a Constituição Federal." (STF. Plenário. ADI 4426, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 09/02/2011).
Assim, nada impede que um Estado-membro edite uma lei estadual prevendo que o limite
total de gastos com pessoal naquela unidade da Federação será de 50% da receita corrente
líquida. Isso estará de acordo com o art. 169 da CF/88.
Desse modo, perceba que a lei estadual reduziu o percentual que o Executivo pode gastar com
pessoal, mas em compensação aumentou o limite do Legislativo (a LRF prevê um máximo de
3% e a lei estadual fixou 4,5%).
Diante disso, indaga-se: essa lei estadual é válida? NÃO. Ressalte-se que, no caso, não há um
mero conflito de legalidade (lei estadual x LRF). A lei estadual, ao afrontar os limites de gastos
com pessoal previstos na LRF, ofendeu diretamente o texto constitucional, qual seja, o art. 169
da CF/88.
O Estado do Rio de Janeiro vive uma grave crise econômica, estando em débito com o
pagamento de fornecedores e atraso até mesmo no pagamento da remuneração dos
servidores públicos. Os órgãos e entidades também estão sem dinheiro para custear os
serviços públicos.
Diante disso, diversas ações (individuais e coletivas) foram propostas, tanto na Justiça
comum estadual como também na Justiça do Trabalho, pedindo a realização desses
pagamentos. Os órgãos judiciais estavam acolhendo os pedidos e determinando a apreensão
de valores nas contas do Estado para a concretização dos pagamentos.
Neste cenário, o Governador do Estado ajuizou ADPF no STF com o objetivo de suspender
os efeitos de todas as decisões judiciais do TJRJ e do TRT da 1ª Região que tenham
determinado o arresto, o sequestro, o bloqueio, a penhora ou a liberação de valores das
contas administradas pelo Estado do Rio de Janeiro.
O STF afirmou que esse conjunto de decisões representa uma usurpação das competências
constitucionais reservadas ao Poder Executivo (a quem cabe exercer a direção da
administração) e ao Poder Legislativo (a quem compete autorizar a transposição,
remanejamento ou transferência de recursos de uma categoria de programação para outra,
ou de um órgão para outro). Logo, isso significa uma ofensa ao art. 2º, art. 84, II e art. 167,
VI e X, da Constituição Federal.
Diante desse cenário, o STF determinou a suspensão dos efeitos das decisões que tenham
determinado o arresto, o sequestro, o bloqueio, a penhora ou a liberação de valores das
contas administradas pelo Estado do Rio de Janeiro e que tenham recaído sobre recursos
escriturados, com vinculação orçamentária específica ou vinculados a convênios e operações
de crédito, valores de terceiros sob a administração do Poder Executivo e valores
constitucionalmente destinados a municípios, devendo, ainda, ser devolvidos os recursos
que ainda não tenham sido repassados aos beneficiários dessas decisões judiciais.
STF. Plenário. ADPF 405 MC/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, j. 14/6/17 (Info 869).