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➔ Appleyard, capítulos 2, 3 e 4
Agenda
2. Teorias Clássicas
2.1. Introdução: Teorias Explicativas
2.2. Mercantilismo
2.3. Teoria Clássica - Vantagens Absolutas
2.4. Teoria Clássica - Vantagens Comparativas
2.1 Introdução: Teorias Explicativas
• Teoria Pura do Comércio Internacional – lida com
fatores “reais” da economia, que determinam os
fluxos de comércio internacional no longo prazo;
busca responder as seguintes questões:
1. Existem e quais são os ganhos do comércio
internacional?
2. Qual o padrão dos fluxos de comércio internacional
(quem exporta e importa o quê) ?
3. Qual a quantidade de produtos exportados e
importados?
Introdução: Teorias Explicativas
• Teoria Pura: países comercializam porque têm:
1. Diferentes tecnologias ➔ diferentes produtividades do
trabalho (modelos clássicos: Adam Smith e David Ricardo) =
vantagens absolutas e vantagens comparativas
2. Diferentes dotações de fatores ➔ diferentes quantidades
de recursos naturais (modelos neoclássicos: Heckscher-Ohlin
e modelo de fatores específicos) = dotação de recursos
3. Economias de escala: economias internas, externas e
internacionais de escala permitem especialização e troca de
produtos quando os países têm recursos semelhantes
(modelos modernos: Modelo de Krugman e Modelo do Ciclo
do Produto) = economias de escala
2.2 Mercantilismo
• Predomínio da visão mercantilista no comércio
internacional (século 16 até a metade do século 18)
➔ Visão sobre a atividade econômica e o papel do
comércio internacional (“Estado em construção”):
1. Riqueza nacional e crescimento econômico e do bem-
estar se dão pela aquisição de metais preciosos e terras
2. Financiamento do Estado vem do excedente de metais e
do monopólio do comércio dado a companhias comerciais
3. Mercadorias valem pelo conteúdo de trabalho nelas
embutido (Teoria do valor-trabalho)
4. Comércio internacional é fonte de riqueza, pois permite
a acumulação de metais (terras ➔ através de guerras)
Mercantilismo
• Predomínio da visão mercantilista no comércio
internacional (século 16 até a metade do século 18):
5. Porém, o ganho de um país se dá às expensas dos outros
(jogo de soma zero): é preciso exportar (ganho de metais)
e evitar importar (perda de metais) ➔ ganhos vêm dos
superávits comerciais); abordagem mercantilista:
exportações são boas e importações são ruins !!
6. Papel do governo: promover exportações (subsídios
para produtos manufaturados) e inibir importações (cotas e
tarifas altas sobre produtos de consumo mas não para
matérias primas) ➔ comércio não pode beneficiar as duas
partes: visão protecionista
Mercantilismo
• Visão clássica: critica a visão mercantilista –
➔ Nova visão sobre a atividade econômica e o papel do
comércio internacional (“Estado consolidado”):
1. A motivação dos indivíduos não é a acumulação simples
de metais e terras mas sim a satisfação de suas
necessidades básicas
2. Assim, o foco de análise não é o poder ou objetivos dos
Estados mas sim a motivação dos agentes econômicos) ➔
visão liberal
3. Duas nações podem ambas ganhar com o comércio
internacional
Mercantilismo
• Críticas clássicas à visão mercantilsta –
1. Nação que só acumula metais compromete a sua posição
competitiva (David Hume)
2. Duas nações podem ambas ganhar com o comércio
internacional em termos absolutos (Adam Smith)
3. Duas nações podem ambas ganhar com o comércio
internacional em termos relativos (David Ricardo)
Preço-fluxo-espécie
• Modelo de David Hume – mecanismo preço-fluxo-
espécie:
1. Aumento nas exportações faz com que aumentem o
fluxo de metais (espécie)
2. Porém, este aumento faz com que aumente a oferta de
dinheiro (moeda)
3. O aumento na oferta de dinheiro faz com que aumentem
os preços e as remunerações (salários)
4. O aumento nos preços faz com que as exportações
fiquem menos competitivas e as importações, competitivas
5. Assim, as exportações diminuem as importações
aumentam até que Exportações = Importações
Preço-fluxo-espécie
• Exemplo:
➔ Pressupostos do modelo:
1. Emprego total na economia é fixo
2. Velocidade moeda é fixa (tradição e acordos institucionais)
3. Moeda e preços são ligados pela teoria da quantidade de
dinheiro: MV = PY
M = oferta moeda, V = velocidade moeda, P = nível de preços,
Y = produtividade real; se V e Y são fixos ➔ ∆M = ∆P
4. Demanda por produtos comercializáveis é elástica
5. Competição perfeita
6. Existe um padrão ouro (moedas são fixadas em ouro e
livremente convertidas em ouro)
2.3 Vantagens Absolutas
• Modelo de Adam Smith – Vantagens Absolutas
(final do séc. 18); extensão do modelo clássico:
1. A riqueza da nação está em sua capacidade produtiva
(habilidade de produzir produtos)
2. Esta é mais bem sustentada em um ambiente em que as
pessoas buscam seus interesses livremente (laissez-faire)
3. Pelo interesse próprio as pessoas se especializam em
alguns produtos, e os trocam de acordo com suas habilidades
4. A competição regula de maneira automática os preços e as
quantidades produzidas (“Riqueza das Nações”)
5. Papel do governo: permitir que as pessoas buscassem suas
atividades nos limites da lei e da ordem e do respeito aos
direitos de propriedade
Vantagens Absolutas
• Modelo de Adam Smith – Vantagens Absolutas
(final do século 18):
6. Papel do governo: fazer com que o mercado fique livre
para funcionar, removendo barreiras para a operação da
“mão livre” do mercado (“laissez-faire”)
7. Ganhos se dão para ambas as partes no comércio
internacional (jogo de soma positiva): situação ganha-
ganha
8. Países se especializam na produção de mercadorias em
que o custo de trabalho por unidade de produto é menor
9. Vantagens absolutas nos custos de trabalho determinam
padrão do comércio internacional (exporta/importa o quê)
Vantagens Absolutas
• Exemplo:
➔ Pressupostos do modelo:
1. Economia de um fator só (trabalho) que é imóvel entre países
2. Dois produtos são produzidos (dois setores)
3. Dois países
4. Diferentes tecnologias = produtividade do trabalho no setor,
medida pelo número de horas necessárias para produzir uma
unidade de um produto
5. Recurso total da economia = L = total de trabalho ofertado,
totalmente empregado na produção (não há desemprego)
6. Não há comércio internacional (autarquia) ➔ os dois países
produzem os dois produtos e consomem a produção local
Vantagens Absolutas
• Exemplo:
➔ Dois países, Brasil (B) e EUA (E), dois produtos, café
(C) e máquinas (M)
➔ Número de horas de trabalho por unidade de
produto custo unitário da produção para cada país
(produtividade do trabalho):
Café Máquinas
Brasil 2 6
EUA 6 2
Brasil 2 6
EUA 1 1
M
M
aMB M a ME
C (Brasil) =
C B
= 6/2 = 3 C (EUA) =
C E
= 1/1 = 1
C aC aC
a CB C a CE
C MC (Brasil) = = 2/6 = 1/3 C (EUA) =
M
a ME
= 1/1 = 1
a MB
Vantagens Comparativas
• Vantagens Comparativas e Custo de
Oportunidade:
Vantagem Comparativa: um país tem uma
vantagem comparativa em um certo produto se ele
tem um custo de oportunidade menor (ou uma
eficiência maior) naquele produto em relação a um
outro país
Vantagens Comparativas
• Exemplo anterior:
➔ EUA: os EUA tem uma vantagem comparativa em M,
pois CCM (EUA) < CCM(Brasil), ou
a ME aMB
E
< B ➔ 1/1 < 6/2 ➔ 1 < 3
aC aC
B
< a C ➔ 2/6 < 1/1 ➔ 1/3 < 1
aM a ME
Vantagens Comparativas
• Ganhos do Comércio Internacional:
o comércio entre dois países pode beneficiar ambos
países se os custos de oportunidade nos dois
países forem diferentes, e se cada um produzir os
bens nos quais possui vantagens comparativas:
aMB a ME
CCM (Brasil) = aCB
> CCM(EUA) =
a CE
C
a CB C a CE
C (Brasil) =
M a MB < C (EUA) =
M a ME
Vantagens Comparativas
• Princípio da vantagem comparativa:
➔ Se custos de oportunidade em autarquia são
diferentes, então sob o livre comércio o padrão
de comércio internacional é o seguinte: os países
irão exportar o produto que é relativamente mais
barato em autarquia, e irão importar o produto
que é relativamente mais caro em autarquia.
Vantagens Comparativas
• Exemplo anterior:
➔ Brasil: como o Brasil tem uma vantagem comparativa
em C, ele vai se especializar na produção de café e exportar
para os EUA, trocando-o por máquinas
➔ EUA: como os EUA têm uma vantagem comparativa
em M, ele vai se especializar na produção de máquinas e
exportar para o Brasil, trocando-as por café
Vantagens Comparativas
• Vantagens comparativas com vários produtos:
➔ Temos dois países (Local e Estrangeiro), N produtos
que podem ser produzidos (N setores), e uma economia
com um só fator (trabalho), com salários wL e wE , taxa de
câmbio e = 1, e custos unitários para produzir o produto 1
igual a aL1e aE1
➔ Salário relativo: salário dos trabalhadores de um país
recebem por hora comparado com o salário no outro país
por hora, isto é, wL / wE
➔ Custo oportunidade: aL1 . wL . e = aL1 . wL
Há vantagem comparativa para o país Local em um
produto quando o custo oportunidade é menor naquele
produto, isto é, quando
aL1 . wL < aE1 . wE
Vantagens Comparativas
• Vantagens comparativas com vários
produtos:
a1E
a1L
a) Calcule o salário relativo wL / wE ;
a) Calcule a produtividade relativa de cada produto Local em relação ao
Estrangeiro, e ordene:
aE1 / aL1 > aE2 / aL2 > ... > aEi / aLi > ... > aEN / aLN
b) O país Local se especializa nos produtos em que aEi / aLi > wL / wE ;
o país Estrangeiro se especializa nos produtos em que aEi / aLi < wL / wE ;
se aEi / aLi = wL / wE , ambos países produzem o produto i
Vantagens Comparativas
• Índice de especialização no comércio
internacional:
Índice de Vantagem Comparativa Revelada (IVCR, ou
RCA, em inglês)
Exp. do Setor do País i p/ País j
IVCR = Exp. de Todos Setores do País i p/ País j
Exp. do Setor do País i p/ Todos Países
Exp. de Todos Setores do País i p/ Todos Países
onde o numerador representa a participação das exportações de um setor do país i
para um país j nas exportações totais para o país j, e o denominador representa a
participação das exportações de um setor do país i nas exportações totais do país i
➔ Quando IVCR > 1, o país i se especializa naquele setor em relação ao país j, isto é,
o país j revela uma vantagem comparativa no setor em relação ao país j; compara
a estrutura de um setor em um país com a estrutura deste setor no mundo
Vantagens Comparativas
• Índice de especialização no comércio
internacional:
Índice de Vantagem Comparativa Revelada (RCA):
modelo alternativo
➔ O índice RCA varia entre –100 e +100. Quando RCA> 0, o país j se especializa
no setor i, isto é, o país j revela uma vantagem comparativa no setor i em
relação a outro país
Exercícios –Tópico 2
Exercício 1 - Comtrade: Calcular o IVCR da Suécia com
relação à Noruega em Veículos (SH=87), ano 2018
Exportações: Veículos (SH = 87), da Suécia para a
Noruega, e para todos os países do mundo; todos os
produtos, da Suécia para a Noruega, e para todos os países
do mundo; ano 2018
a C
LBM LBM
MB = a MB = 6 ➔ 6MB= LBM
E
83
H Brasil
Consumo
D
66
C F
50 U=15
U=10
A
Produção Café
50 100 150 300 (tons)
Vantagens Comparativas
• Preço e salário - análise de equilíbrio geral ➔
equilíbrio nos dois mercados em autarquia
Exemplo anterior: café e máquinas
➔Custo por unidade de produção = (custo unitário da
produção) x (salário)
➔ Lucro por unidade de produção = (Preço) – (Custo por
unidade de produção); em equilíbrio, lucro = zero
TCB
H Brasil
Consumo
D
66
C F
50 U=15
U=10
A
Produção Café
50 100 150 300 (tons)
➔ País consome além de sua FPP !!
Vantagens Comparativas
• Princípio da vantagem comparativa:
➔ Se os preços relativos em autarquia são
diferentes, então sob o livre comércio o padrão de
comércio internacional é o seguinte: os países irão
exportar o produto que é relativamente mais
barato em autarquia, e irão importar o produto
que é relativamente mais caro em autarquia. Se os
os preços relativos em autarquia forem os
mesmos, não há base para ganhos do livre comércio
Conclusões
• Considerações Finais
• Modelo Ricardiano - 1) Resultados:
1. Países se beneficiam do comércio
internacional
2. Países tendem a exportar os produtos cuja
produtividade relativa do trabalho (aEi /aLi) é alta
3. Há uma tendência a uma especialização
quando os países comercializam entre si
Conclusões
• Modelo Ricardiano - 2) Implicações:
1. Diferenças de produtividade do trabalho
desempenham um papel importante no
comércio internacional
2. Vantagens comparativas é que são
importantes, não as vantagens absolutas
Conclusões
• Modelo Ricardiano - 3) Problemas:
1. Prevê um grau de especialização extremo por não levar em
conta os outros fatores de produção, as práticas de
proteção (política comercial) e a presença de custos de
transporte
2. Assume que o comércio internacional não tem efeito sobre
a distribuição de renda dos países
3. Não leva em conta o papel da diferença de recursos entre
os países
4. Ignora o papel da economia de escala como uma causa do
comércio internacional
4. As vantagens comparativas de um país não são constantes
no tempo (estáticas), e sim variam no tempo (dinâmicas) ➔
é possível construir “vantagens competitivas” (Michael Porter)
Conclusões
• Modelo Ricardiano - 4) Evidência empírica:
➔ Há uma forte correlação entre as
exportações de um país em um produto e sua
produtividade do trabalho naquele setor; a
produtividade deve ser alta naquele setor e
deve ser alta em relação à produtividade
relativa dos outros setores
Conclusões
• Teorias Clássicas vs. Mercantilismo:
1. Teorias Clássicas: abordagem inicial (histórica) das
teorias do comércio internacional (vantagens absolutas e
vantagens comparativas)
2. Críticas à abordagem mercantilista
3. Comércio internacional pode beneficiar as duas partes
4. Certas atitudes protecionistas no mundo de hoje
(contemporâneo) são ainda permeadas por uma visão
mercantilista