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TPS Economia

Em um mercado em que há muitos produtores e muito


consumidores de tal modo que um produtor
isoladamente não pode fixar o preço de seu produto, é a
igualdade entre receita e custo marginais que
determinará a quantidade que o produtor deverá
produzir para maximizar o lucro.
Para maximizar lucros, a empresa opta pelo nível de produção
para o qual a diferença entre receita e custo seja máxima.
A curva da receita é uma linha curva que reflete o fato de que a
empresa só consegue vender um nível maior de produto
reduzindo o preço. A inclinação dessa curva é a receita marginal,
que mostra em quanto varia a receita quando o nível de produção
aumenta em uma unidade.
A inclinação da curva de custo total mede o custo adicional da
produção de uma unidade a mais de produto, ou seja, o custo
marginal.

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O lucro é negativo em níveis baixos de produção, pois a receita
é insuficiente para cobrir os custo fixos e variáveis. À medida
que o nível de produção aumenta, a receita aumenta mais
rapidamente do que o custo, e o lucro inevitavelmente se torna
positivo.
O lucro continua a crescer até que o nível de produção em que
a receita marginal e o custo marginal são iguais, e a distância
vertical entre a receita e o custo atinge seu comprimento
máximo.

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Para níveis de produto acima desse ponto, o custo cresce mais
rapidamente do que a receita, isto e, a receita marginal torna-se
menor do que o custo marginal. Assim, o lucro torna-se menor do
que o máximo possível.

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Entre as condições que contribuem para impedir a
entrada de produtores concorrentes em um mercado
monopolista, inclui-se a capacidade do produtor de
diferenciar seu produto, criando e mantendo, por
exemplo, uma imagem de tradição e estabilidade, ou
mesmo, inversamente, de renovação e inovação.
As economias de escala podem tornar o mercado não lucrativo,
a não ser para algumas empresas; as patentes ou o acesso à
tecnologia podem servir para excluir potenciais concorrentes; e a
necessidade de despender dinheiro para tornar uma marca
conhecida e obter reputação pode obstruir a entrada de novas
empresas. Essas são barreiras ‘naturais’ à entrada – elas são
básicas para a estrutura de cada mercado em particular.

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Mercados com poucos atores, em que a
interdependência de ações é uma característica
marcante, podem ser representados como um jogo, cujo
resultado, associado a uma estratégia, é denominado
payoff.
Jogo é uma situação em que os jogadores tomam decisões
estratégicas, ou seja, decisões que levam em consideração as
atitudes e as respostas dos outros. Exemplo de jogo inclui
empresas que competem ao estabelecer preços.
Decisões estratégicas resultam em payoffs para os jogadores:
resultados que acarretam recompensas ou benefícios. Para as
empresas que estabelecem preços, os payoffs são os lucros.
Um objetivo crucial da teoria dos jogos é determinar a
estratégia ótima para cada jogador. Estratégia é uma regra ou um
plano de ação para o jogo. A estratégia ótima para um jogador é
aquela que maximiza seu payoff esperado.
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Uma das características de um mercado competitivo ou
de concorrência perfeita é a homogeneidade do produto.
O modelo de competição perfeita baseia-se em três suposições
básicas: (1) aceitação de preços, (2) homogeneidade de produto,
e (3) livre entrada e saída de empresas.
(1) Aceitação de preços: como muitas empresas competem no
mercado, cada uma enfrenta um numero significativo de
concorrentes diretos. Como cada empresa vende uma parte
suficientemente pequena do total da produção que vai para o
mercado, as suas decisões não influenciam o preço de mercado.
Assim, cada empresa segue o preço de mercado. Em outras
palavras, as empresas em mercados perfeitamente competitivos
são aceitadoras de preços.
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(2) Homogeneidade de produtos: a aceitação de preços
usualmente ocorre em mercados nos quais as empresas produzem
produtos idênticos ou quase idênticos. Quando os produtos de
todas as empresas em um mercado são substitutos perfeitos entre
si, isto é, quando eles são homogêneos, nenhuma delas pode
elevar o preço de seu próprio produto acima do preço praticado
pelas outras empresas, porque, nesse caso, perderia todas ou a
maior parte dos negócios. Produtos caracterizados pela
homogeneidade são referidos como commodities.

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(3) Livre entrada e saída: não há custos especiais que tornam
difícil para uma nova empresa entrar em um setor e produzir ou
sair dele se não conseguir obter lucros. Como resultado, em
ramos com essa característica, os compradores podem facilmente
mudar de um fornecedor para outro, e os fornecedores podem
entrar ou sair livremente do mercado.

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De acordo com a classificação oficialmente adotada, as
exportações brasileiras são classificadas por setor de
atividade econômica – Agropecuária, Indústria
Extrativa, Indústria de Transformação –, detalhadas
pelas subposições da Classificação Uniforme para o
Comércio Internacional (CUCI).
A Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia
(Secex/ME) adotou uma nova metodologia o comércio exterior
de bens. O modelo adota a nova classificação de produtos quanto
ao setor de atividade econômica – Agropecuária, Indústria
Extrativa, Indústria de Transformação. Essas classificações são
internacionais e recomendadas pela ONU.
Com as novas classificações, a Secex busca se alinhar ao
International Merchandise Trade Statistics (IMTS), um manual
de referência do comércio exterior. Os novos métodos também
proporcionam maior coerência e possibilidade de comparação.

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Essas classificações foram adotadas em substituição ao Fator
Agregado – que se subdivide em básicos, semimanufaturados e
manufaturados – e suas aberturas de produtos.
As classificações de atividades econômicas servem para
classificar as unidades de produção de acordo com a atividade
que desenvolvem, em categorias definidas como segmentos
homogêneos quanto à similaridade de funções produtivas
(insumos, tecnologia, processos), características dos bens e
serviços, finalidade de uso, etc.
A Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE)
tem como principal propósito ser uma classificação
estandardizada das atividades econômicas produtivas.
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O escopo da CNAE é definido de acordo com o conceito de
produção econômica do Sistema de Contas Nacionais (SNA): “a
produção econômica é uma atividade levada sob o controle e
responsabilidade de uma unidade institucional, usando insumos
de trabalho, capital e bens e serviços, para produzir novos bens e
serviços”.
No Sistema Estatístico, a CNAE serve à produção de
estatísticas dos fenômenos derivados da participação das
unidades de produção no processo econômico.
Na Administração Pública, a CNAE é usada para a
identificação da atividade econômica dos agentes produtivos nos
cadastros e registros de pessoa jurídica.
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A CNAE é uma classificação por tipo de atividade econômica e
não uma classificação de produtos – bens e serviços. São
distintos os enfoques dessas classificações, ainda que
relacionados, estando referidos às duas dimensões de
representação do processo produtivo:
- atividades econômicas, sob o foco das unidades de produção;
- produtos, evidenciando os fluxos de entradas (bens e serviços
usados como insumos) e saídas (bens e serviços produzidos),
bem como o uso como consumo final ou intermediário, para a
formação de capital ou para o mercado externo.

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A classificação de atividades econômicas se relaciona às
unidades de produção.
As classificações de produtos se relacionam às transações de
consumo intermediário, consumo final, formação de capital e os
fluxos de importação e exportação de mercadorias e serviços.
A CNAE não faz distinção entre tipo de propriedade, natureza
jurídica, tamanho do negócio e modo de operação, uma vez que
tais critérios não interferem na caracterização da atividade em si.

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O IBGE desenvolveu uma nomenclatura de produtos
denominada Lista de Produtos – PRODLIST. A PRODLIST
articula-se com a Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM e
ordena suas categorias segundo a classe CNAE de origem
predominante e está, portanto, intrinsecamente articulada à
CNAE.

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O Brasil apresentou superávit primário em 2022, o
primeiro desde 2013.
As contas do governo central evoluíram de forma positiva ao
longo de 2022, fechando o ano com superávit primário de R$
57,1 bilhões correspondente a cerca de 0,5% do PIB. Esse
resultado representou o primeiro superávit primário desde 2013.
A melhora gradual do resultado primário observada a partir de
2017 originou-se tanto da contenção da razão despesa/PIB
quanto de certa recuperação da razão receita líquida/PIB.
Após 2020, esses movimentos se intensificaram em 2021 e
2022, sob o impacto de uma combinação de fatores que
impulsionaram as receitas e/ou limitaram o crescimento real das
despesas – em particular, a recuperação da pandemia, a expansão
de receitas não administradas e a inflação elevada.
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A melhora do resultado primário no nível federal em 2022
propiciou o aumento do superávit primário do setor público
consolidado. Contudo, a elevação da despesa líquida do setor
público acabou determinando leve acréscimo do déficit nominal
no período.
Os resultados positivos das contas públicas em 2022, aliados ao
crescimento do PIB, propiciaram significativa redução da razão
dívida bruta do governo geral (DBGG)/PIB, que fechou o ano em
73,5%, o que representa o menor valor dessa variável desde julho
de 2017. A dívida líquida do setor público (DLSP), por sua vez,
apresentou leve alta, fechando em 57,5% do PIB.
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Apesar da melhora observada nas contas do governo central
nos anos recentes, a expectativa é que o resultado primário volte
a ser deficitário em 2023. Isso se deve a uma série de fatores:
- O crescimento da arrecadação tende a diminuir em 2023, diante
da desaceleração esperada da economia e da acomodação do
preço do petróleo.

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- Com a dificuldade para acomodar a pressão por aumentos de
despesas públicas, notadamente transferências sociais, dentro do
teto de gastos primários da União, o Congresso aprovou a EC n°
126, que aumentou esse limite constitucional e definiu novas
categorias de despesas não sujeitas ao teto – o que, em conjunto,
ampliou o espaço para novas despesas em cerca de R$ 169
bilhões, relativamente ao Projeto de Lei Orçamentária Anual
(PLOA) original para 2023.
Por conta desses fatores, a Lei Orçamentária Anual (LOA)
2023 prevê um déficit primário para o governo central da ordem
de R$ 231,6 bilhões, ou 2,2% do PIB.
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Após o autógrafo da LOA 2023, o Ministério da Fazenda
anunciou um conjunto de medidas de recuperação fiscal, com
impacto esperado no resultado primário do governo central já em
2023.
Caso se efetivassem os impactos esperados de todas as
ampliações de receitas e reduções de despesas anunciadas, o
resultado primário do governo central em 2023 melhoraria,
atingindo um superávit de 0,1% do PIB. Contudo, o próprio
Ministério da Fazenda prevê a efetivação de apenas uma parte
dos impactos potenciais das medidas anunciadas, esperando um
déficit primário entre 0,5% e 1% do PIB.
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Ao se examinar a atual pauta de exportações brasileiras
por blocos econômicos, constata-se que os países do
MERCOSUL são grandes importadores do Brasil,
somente superados pela Ásia, União Europeia e Estados
Unidos.
Os principais países e blocos destino das exportações
brasileiras, em termos de valor são: China, União Europeia, e
Argentina. Conjuntamente, esses parceiros comerciais
representaram 57,1% de todo o valor exportado no terceiro
trimestre de 2022.
Exportações brasileiras por destino (2022):
(1) Ásia (exclusive Oriente Médio) (46,4%)
China, Hong Kong e Macau (32%)
ASEAN (Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia,
Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia e Vietnã) (6,9%)
Japão (2%)
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(2) Europa (17,2%)
União Europeia – UE (Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária,
República Tcheca, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia,
Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia,
Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo,
Malta, Países Baixos, Polônia, Portugal, Roménia, Suécia)
(13%)
(3) América do Norte (14,8%)
Estados Unidos (11,1%)
Canadá (1,8%)
México (2%)
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(4) América do Sul (12,1%)
Mercosul (6,1%)
Argentina (4,2%)
(5) Oriente Médio (4,3%)
(6) África (3,4%)
(7) América Central e Caribe (1,4%)

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As importações brasileiras são constituídas por
numerosos grupos de produtos, destacando-se óleos
brutos de petróleo.
As exportações de 2022 alcançaram o total de US$ 335 bilhões,
maior valor da série histórica, crescimento de 19,3% na média
diária exportada em relação a 2021. O preço dos bens exportados
se expandiu em 13,6% e o volume embarcado aumentou 5,5%.
O Setor da Atividade Econômica com maior crescimento no
ano de 2022 em relação a 2021 foi o Agropecuário, que
apresentou aumento em valor das exportações, de 36,1%. Este é
explicado principalmente pelo aumento no nível preços, de
31,5%, enquanto houve aumento de 1,8% em quantidades.

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A Indústria de Transformação apresentou aumento do valor
exportado de 26,2%. Esse comportamento foi influenciado pelo
crescimento do nível de preços, de 15,7% e pelo aumento do
quantum exportado, de 9,8%.
A Indústria Extrativa teve redução no valor exportado, de 4,6%,
com redução no nível de preços de -2,5%, e quantum exportado,
de -0,5% frente ao ano de 2021.

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Três setores se destacam nas exportações brasileiras em 2022:
- Agropecuária: trigo e centeio não moídos, pescado, frutas e
nozes e milho não moído.
- Indústria da transformação: adubos e fertilizantes e
combustíveis;
- Indústria extrativa: gás natural, petróleo bruto e carvão;
- Outros: energia elétrica, resíduos de metais de base não ferrosos
e de sucata, material impresso e demais produtos.

As principais mercadorias enviadas para exterior em 2022:


- Soja (14%)
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- Óleos brutos de petróleo ou minerais betuminosos, crus (13%)
- Minério de ferro e seus concentrados (8,7%)
- Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos
(exceto óleos brutos) (3,9%)
- Milho não moído US$ 12,2bilhões (3,6%)
- Carne Bovina fresca, refrigerada ou congelada (3,5%)
- Açúcares e melaços (3,3%)
- Farelos de soja e outros alimentos para animais (excluídos
cereais não moídos), farinhas de carnes e outros animais (3,3%)

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- Demais produtos - Indústria de transformação (2,7%)
- Carnes de aves e suas miudezas comestíveis, frescas,
refrigeradas ou congeladas (2,7%)

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Um dos objetivos da Rodada de Desenvolvimento de
Doha é assegurar tratamento especial e diferenciado aos
países emergentes e aos países menos desenvolvidos.
A Rodada de Doha ou Rodada do Desenvolvimento, que se
estende há quase 10 anos, iniciou-se no Qatar, em 2001, durante
a IV Conferência Ministerial da OMC.
Inicialmente previstas para serem concluídas em 3 anos, as
negociações, supervisionadas pelo Comitê de Negociações
Comerciais subordinado ao Conselho Geral da OMC almejaram
uma agenda negociadora que superasse a cobertura de temas da
Rodada Uruguai, a mais complexa negociação da história do
GATT.

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A Rodada tem como motivação inicial a abertura de mercados
agrícolas e industriais com regras que favoreçam a ampliação dos
fluxos de comércio dos países em desenvolvimento. Surge do
desbalanceamento entre os interesses dos países em
desenvolvimento e os países desenvolvidos durante a Rodada
Uruguai, onde novas disciplinas sobre Propriedade Intelectual e
Serviços foram propostas pelos países desenvolvidos.
As discussões são norteadas pelo princípio de compromisso
único, “single undertaking”, tendo em vista um tratamento
especial e diferenciado para países em desenvolvimento e países
menos desenvolvidos.
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Assim, a Rodada de Doha tem como principais objetivos:
i) redução dos picos tarifários, altas tarifas, escalada tarifária e
barreiras não-tarifárias em bens não-agrícolas – Non-
Agricultural Market Access – NAMA;
ii) discutir temas relacionados à agricultura – subsídios, apoio
interno, redução de tarifas e crédito à exportação;
iii) negociar a liberalização progressiva em serviços, conforme
estabelecido nas discussões do Acordo Geral sobre o
Comércio de Serviços – GATS;

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iv) ampliar o Acordo TRIMs – Trade Related Investment
Measures, cujo alcance está relacionado aos investimentos em
bens, abrangendo temas como escopo e definição,
transparência, não-discriminação, disposições sobre exceções
e salvaguardas do balanço de pagamentos, mecanismos de
consultas e solução de controvérsias entre os membros;
v) discutir a interação entre comércio e política de
concorrência – princípios gerais de concorrência, de
transparência, não-discriminação, formação de cartéis,
modalidades de cooperação voluntária e instituições de
concorrência para os países em desenvolvimento;
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vi) negociar maior transparência em compras governamentais;
vii) melhorar o arcabouço institucional ao comércio
eletrônico;
viii) aprimorar os dispositivos do Acordo de Solução de
Controvérsias, considerando os interesses e necessidades
especiais dos países em desenvolvimento;
ix) conduzir negociações que aprimorem as disciplinas dos
Acordos sobre antidumping, subsídios e medidas
compensatórias, preservando seus conceitos básicos.

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A Rodada Uruguai produziu o primeiro acordo
multilateral voltado para o comércio internacional de
produtos agrícolas.
O Acordo Geral sobre Comércio e Tarifas (GATT) se aplicava
ao comércio de produtos agrícolas, mas não em sua totalidade.
Por exemplo, permitia aos países usarem algumas medidas não
tarifárias tais como cotas de importação (não cotas tarifárias),
além de permitir uma série de subsídios.
O comércio agrícola se tornou altamente distorcido,
especialmente com o uso de subsídios à exportação, o que não é
normalmente aceito no caso de produtos industriais.
A Rodada Uruguai produziu o primeiro acordo multilateral
dedicado ao setor. Isto foi um significativo passo na direção da
ordem, da competição justa e de um setor menos distorcido.
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O Acordo sobre Agricultura ou Acordo Agrícola também
incluiu o comprometimento em dar prosseguimento ao processo
de reforma através de novas negociações. O objetivo deste
acordo é reformar o comércio de produtos agrícolas e tornar as
políticas mais orientadas ao mercado. Isso resulta em maior
previsibilidade e segurança, tanto para países importadores,
quanto para países exportadores.
As novas regras e compromissos assumidos se aplicam ao:
- Acesso aos mercados: várias restrições comerciais que
impeçam as importações;

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- Apoio doméstico: subsídios e outros programas, incluindo
aqueles que elevam ou garantem preço e renda aos produtores
rurais;
- Subsídios à exportação e outros métodos usados para fazer as
exportações artificialmente competitivas.
O acordo permite que os governos apoiem seu setor rural, mas
preferencialmente através de políticas que causam menos
distorções ao comércio. Também permite alguma flexibilidade na
maneira como os compromissos são implementados.

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Países em desenvolvimento – PED não têm que cortar os seus
subsídios e suas tarifas tanto quanto os países desenvolvidos, e a
eles é dado um tempo extra para a implementação dos seus
compromissos.
Os países de menor desenvolvimento relativo – PMDR de fato
não têm que assumir nenhum compromisso. Provisões especiais
também são dadas aos PMDR.
A regra de acesso a mercados para produtos agrícolas era
“apenas tarifa”, algumas importações de produtos agrícolas eram
restringidas por cotas e outras medidas não tarifárias.

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Tudo isso foi substituído por tarifas que dão, aproximadamente,
uma medida equivalente de proteção – se a política anterior
significava que os preços domésticos eram 75% mais altos que os
preços mundiais, então a nova tarifa deveria estar em torno de
75%.
Esta maneira de conversão das cotas e de outros tipos de
medidas em tarifas foi chamada de “tarificação”. O pacote de
tarificação continha a garantia de que a quantidade importada
antes do acordo ser implementado poderia continuar a ser
importada.

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Garantia também que quantidades adicionais seriam providas
através de tarifas que não implicariam em restrição a este tipo de
comércio controlado. Isto foi alcançado através do sistema de
cotas tarifárias (TRQ) – tarifas mais baixas para quantidades
específicas e tarifas mais altas para as quantidades que excedam
esta cota.
Os novos compromissos em relação às tarifas e às cotas
tarifárias, cobrindo todos os produtos agrícolas, foram
implementados em 1995. Os participantes da Rodada Uruguai
concordaram que países desenvolvidos cortariam 36% em média
as suas tarifas em seis parcelas anuais. Países em
desenvolvimento fariam cortes de 24% em dez anos.
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Muitos países, como foi o caso do Brasil, também optaram por
oferecer tetos tarifários para o caso de tarifas que ainda não se
encontravam consolidadas antes da Rodada Uruguai, isto é, não
haviam sido negociadas na época do GATT. Os países de menor
desenvolvimento relativo não tiveram que fazer cortes tarifários.
Para os produtos nas quais restrições não tarifárias foram
convertidas em tarifas, isto é, foram sujeitos ao processo de
tarificação, foi permitido o uso de medidas especiais de
emergência (salvaguardas especiais), com a finalidade de
proteger seus produtores locais de quedas de preço súbitas ou
surtos de importações.
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Quatro países se valeram do tratamento especial de restringir as
suas importações de produtos particularmente sensíveis durante o
período de implementação (até 2000 para países desenvolvidos, e
até 2004 para países em desenvolvimento), mas sujeito a
condições estritas definidas, inclusive inclusão de acesso mínimo
para outros fornecedores. Os quatro foram Japão, Coréia do Sul e
Filipinas para arroz; e Israel para carne caprina, leite integral em
pó e alguns queijos. Japão e Israel abriram mão desse direito,
mas um novo membro, Taipei, se juntou à Coréia do Sul e
Filipinas ao tratamento especial ao arroz.

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A principal reclamação sobre políticas na qual medidas de
suporte de preços, ou produções subsidiadas de alguma forma, é
que elas estimulam a super produção. Isso reduz as importações
ou leva a exportações com subsídios e deprimem os preços
internacionais. O Acordo sobre Agricultura definiu dois tipos de
medidas de apoio: as que estimulam diretamente a produção e as
que não tem efeito direto sobre a produção. As políticas que tem
efeitos diretos sobre a produção têm que ser reduzidas. Os
membros da OMC calcularam quanto de suporte desse tipo de
política eles gastaram por ano para o setor agrícola, entre 1986 a
1988, usando a medida conhecida como Medida Geral de Apoio,
ou MGA total (AMS, sigla em inglês).
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