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Estrutura do Mercado

Estrutura do Mercado

Competição Perfeita
O mercado pode se apresentar em quatro tipos de estrutura:

—— mercado perfeitamente competitivo ou de competição perfeita;

—— monopólio;

—— competição monopolística;

—— oligopólio.

O mercado perfeitamente competitivo é uma estrutura de competição perfeita, sendo uma


concepção bastante teórica, porque os mercados altamente concorrenciais são apenas aproximações
desse modelo, uma vez que, em condições normais, sempre parece existir algum grau de imperfeição
que distorce o seu funcionamento.

Em contrapartida ao mercado de competição perfeita, o monopólio, a competição monopolística e


o oligopólio são exemplos de estruturas de competição ou de mercado imperfeito.

Em termos conceituais, veja uma das principais diferenças entre a competição imperfeita e a chamada
competição perfeita.

Mercado Imperfeito Mercado Perfeito

O vendedor individual possui, de alguma Não existe nenhuma possibilidade de


forma, um controle sobre o preço de sua o vendedor fixar o preço de seu produto.
produção.

Curto prazo e longo prazo

A teoria econômica define o curto e o longo prazo de acordo com o período de


tempo decorrido.

O curto prazo compreende um curto período de tempo em que determinados


recursos são fixos.

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Uma firma, por exemplo, possui restrições no curto prazo. De um lado, a tecnologia adotada na
produção, o tamanho da planta e os equipamentos utilizados são fatores fixos para esta firma e
não podem ser alterados em um curto espaço de tempo. Por outro lado, esta mesma firma pode, já
no curto prazo, ajustar o número de trabalhadores e adequar a quantidade de matéria-prima para
aumentar a produção.

O período considerado como de longo prazo é definido como o período de tempo em que todos os
recursos são variáveis. Não há recursos fixos para a firma como no curto prazo. O produtor pode
ajustar os métodos de produção, os equipamentos, o tamanho da planta, além de outros fatores,
para aumentar a produção.

Custos

No curto prazo, alguns fatores são fixos, qualquer que seja o nível de produção.

Normalmente, considera-se como fator fixo a planta de uma firma e os equipamentos


utilizados na produção. Outros fatores, como a mão-de-obra empregada pela firma, é
considerada variável. Assim, os fatores fixos geram custos fixos, enquanto os fatores
variáveis geram custos variáveis.

As somas de todos os custos fixos e de todos os custos variáveis resultam no custo


total da produção.

Outro ponto importante é o conceito de custo total médio (CTMe).

Cada um dos componentes do custo total de produção quando divididos pela


quantidade produzida resultam no custo médio, sejam eles custos fixos médios,
custos variáveis médios ou custos totais médios.

Então:

Custo Total (CT) = Custo Fixo Total (CFT) + Custo Variável Total (CVT)

CT = CFT + CVT =

Quantidade Quantidade Quantidade

CTMe = CFMe + CVMe

Em que:

• CFT – é a parcela do custo que se mantem fixa, quando a produção varia. Exemplo: aluguéis,
depreciação.

• CVT – é a parcela do custo que varia, quando a produção varia. Exemplo: folha de pagamentos,
despesas com matérias-primas.

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Custo marginal

O custo marginal refere-se à variação de custo total, quando se altera a produção


em uma unidade.

Representa o custo de se produzir uma unidade adicional do produto. Assim, tem-se:

CMg = variação do CT = ΔCT

variação em Q ΔQ

Receita

Consiste no total de recursos auferidos pela venda de um bem ou serviço.

Assim, o total de receita é dado pela multiplicação do preço P do bem ou serviço


pela quantidade produzida Q.

RT = P x Q

Receita marginal

A receita marginal compreende a variação de receita total, quando se incrementa


a produção em uma unidade, ou seja, é a receita auferida como decorrência da
venda de uma unidade adicional do produto.

RMg = variação do RT = ΔRT

variação em Q ΔQ

Mercados perfeitamente competitivos


Conhecido também como mercado de competição perfeita, é um mercado composto por um
grande número de firmas.

Cada empresa é tão pequena em relação ao seu mercado que não consegue afetar o preço de
mercado e simplesmente aceita o preço dado.

Assim, os preços de mercado se formam perfeitamente segundo a relação entre


oferta e demanda, sem interferência de compradores ou vendedores isolados.

Em mercados perfeitamente competitivos, os capitais circulam livremente entre os vários ramos e


setores, podendo ser transferidos dos setores menos rentáveis para aqueles mais lucrativos.

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Principais características da competição perfeita:

—— Mercado atomizado. Existe um grande número de produtores do bem ou do


serviço. Este número infinito de vendedores implica que o agente isolado não
tem condições de afetar o preço de mercado.

—— Produtos homogêneos. Não existe diferenciação entre os bens oferecidos


pelas empresas concorrentes, ou seja, um produto é semelhante ao outro
oferecido por outros na indústria. Não há diferenças de embalagem e de
qualidade nesse mercado.

—— Inexistem barreiras de entrada e de saída no mercado (livre entrada e


saída de firmas). Por isso, existe a circulação livre de capitais na qual se busca
o setor sempre mais lucrativo.

—— Transparência de mercado. As informações sobre preços, custos, receitas e


lucros, dentre outras, são conhecidas por todos os participantes do mercado.

—— Livre mercado. Não existe intervenção do Estado no mercado, deixando o


mercado regular-se através da “mão invisível”. Os preços estabelecem-se pelo
preço de equilíbrio entre a oferta e a demanda.

Maximização de lucros
A receita marginal (RMg) representa o acréscimo de receita resultando da venda de uma unidade
adicional de um bem ou serviço.

Para uma firma tomadora de preço, a receita marginal é igual ao preço P*, porque
todas as unidades adicionais são vendidas ao mesmo preço que é o preço de
mercado P*.

A receita marginal também é


idêntica a curva de demanda D.

Em um mercado de competição
perfeita uma empresa expande
sua produção até o ponto em que P*
a receita marginal (RMg) é igual ao
custo marginal (CMg).

No ponto em que RMg = CMg, a


quantidade Q* é a quantidade
produzida que maximiza o lucro da
firma.

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Tomadores de preços
A firma, isoladamente, não exerce influência sobre o preço de sua produção. O preço é definido pelo
próprio mercado e a firma não possui a capacidade de determinar o preço do seu bem.

A oferta e a demanda são responsáveis pela determinação do preço de


equilíbrio, ou seja, o preço de mercado, sendo cada uma das empresas apenas
tomadores de preços.

Atuar como tomadora de preços é uma das principais características de uma firma que atua neste
tipo de mercado.

Nesta estrutura, a curva de demanda é horizontal, ou seja, perfeitamente elástica.

As firmas podem escoar toda a sua produção ao preço de mercado. Se elas definissem o preço de
venda acima do preço de mercado, não venderiam nada.

As empresas são tomadoras de preço porque não conseguem exercer influência


sobre o preço de seu bem.

Podem tomar o preço de mercado como dado e não precisam dedicar recursos para descobrir o
melhor preço de venda de seu produto.

Um mercado tomador de preços é sinônimo de um mercado perfeitamente competitivo. O preço do


bem é dado, conforme ilustrado na figura a seguir.

P*

Note que a firma recebe a informação sobre o preço P* que é definido pelo próprio mercado e, neste
nível de preços P*, a procura é dada pela demanda D.

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Lucros e perdas econômicas


Como vimos, em um mercado de competição perfeita existe um grande número de vendedores e de
compradores, de forma que uma firma, isoladamente, não afeta os níveis de oferta do mercado e,
consequentemente, o preço de equilíbrio.

Nesta estrutura de mercado, no curto prazo, o nível de produção que maximiza o lucro econômico é
dado pela quantidade em que a receita marginal se iguala ao custo marginal que é igual ao preço P.

Nesta situação de curto prazo, o preço do bem é superior ao seu custo total médio (CTMe) de
produção. Neste cenário, a firma obtém um lucro econômico por um prazo determinado.

O montante do lucro econômico é dado pela área retangular, conforme ilustra a figura abaixo.

Considerando a existência de lucro econômico, a atratividade do setor e a inexistência


de barreiras de entrada, novos concorrentes entram no mercado e ampliam a oferta
do bem, promovendo, por diversas vezes, a sua redução de preço, movimento que
iguala o preço da mercadoria ao custo total médio (CTMe) da firma.

Neste cenário, não há lucro econômico e cada firma produz no ponto em que o custo total médio
(CTMe) é mínimo (a quantidade em que CTMe = CMg), conforme ilustrado a seguir.

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Ocorre um prejuízo econômico quando o preço P* estiver abaixo do custo total médio (P* < CTMe).

Neste caso, a firma deve decidir se continuará operando. A firma irá minimizar suas perdas no curto
prazo se continuar operando quando P* < CTMe, mas P* > CVMe.

Agora, se a firma estiver cobrindo os custos variáveis (P* = CVMe), estará operando exatamente no
ponto que deveria encerrar as atividades. Se não estiver cobrindo sequer estes custos variáveis (P*
< CVMe), o prejuízo da firma será maior que os custos fixos e a mesma deve encerrar as atividades
e demitir seus funcionários.

Este procedimento limitaria o prejuízo aos custos fixos. Se a firma não acreditar que o preço de
mercado P* excederá o custo total médio no futuro, deverá sair do negócio, eliminando os custos
fixos.

Curva de demanda de mercado e curva de demanda vista pela firma


Tomadores de preços devem produzir bens onde o preço é igual ao custo marginal.

De acordo com a figura a seguir (a), a empresa encerraria as atividades caso vendesse a um preço
inferior a P1, pois não estaria sequer cobrindo seu custo fixo.

(a) Oferta da Firma (b) Oferta de Mercado

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Entre P1 e P2 a firma continuaria a operar no curto prazo. Em P2 a empresa auferia um lucro econômico
igual a zero.

Nos preços acima de P2, a empresa estaria gerando lucros econômicos e expandiria a sua produção
ao longo da linha de custo marginal (CMg).

Assim, a curva de oferta de curto prazo para uma empresa é dada pela curva de custo marginal (CMg)
acima da curva de custo variável médio (CVMe).

A curva de oferta apresentada na figura (b) é a curva de oferta de curto prazo do mercado que
representa a soma horizontal (soma das quantidades de todas as empresas em cada preço) das
curvas de custo marginal (CMg), para todas as empresas num determinado setor.

Dado que as empresas devem fornecer mais unidades a preços mais elevados, a curva de oferta de
curto prazo do mercado inclina-se para cima à direita.

Na figura (a) se observa que a curva de custo marginal se sobrepõe as curvas de custo total médio e
de custo variável médio no ponto mínimo das mesmas.

Monopólio

Características, origem e estratégias de preço


Monopólio (do grego mono, “um” e polens, “vendedor”) é uma estrutura de mercado de concorrência
imperfeita, em que uma empresa detém o mercado de um determinado produto ou serviço, impondo
preços que o comercializam.

Esta estrutura possui as seguintes características:

—— Uma única empresa produtora do bem ou serviço.

—— Não há produtos substitutos próximos: um produto é único e não pode ser


substituído por outro pelo consumidor.

—— Existem barreiras à entrada de firmas concorrentes: são barreiras que não


permitem o acesso dos concorrentes ao mercado.

Existem dois tipos de barreiras de entrada que podem resultar em um monopólio: barreiras legais
e barreiras naturais.

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Barreiras legais

São exemplos de barreiras legais:

—— O direito autoral e a patente garantem ao detentor a exclusividade no mercado.


As leis de patentes nos Estados Unidos permitem a um inventor o direito de
usar a invenção por um longo período de tempo na qual o dono da patente
está protegido de qualquer concorrência.

—— As concessões governamentais como os serviços de utilidade pública tais como


água, esgoto, energia elétrica, dentre outros.

Barreiras naturais

São exemplos de barreiras naturais:

—— A economia de escala é o principal elemento que gera a barreira de entrada e o


monopólio. A empresa monopolista já está estabelecida em grandes dimensões
e tem condições de operar com baixos custos em função de economias de
escala na produção. O custo médio do monopolista decresce com o aumento
no volume de produção, enquanto que o custo médio empresa nova é mais
alto, inviabilizando eventual concorrência.

—— A economia de escopo também pode levar ao monopólio, especialmente


em uma indústria em que existe economia de escala. A economia de escopo
ocorre quando uma firma expande a variedade dos bens produzidos de tal
forma que o custo total médio é reduzido. A empresa Boeing, por exemplo,
utiliza equipamentos bastante especializados e avançados programas para
preparar vários componentes que integram uma aeronave. Ela pode produzir
tais componentes com um custo total médio mais baixo que fornecedores
individuais poderiam oferecer.

O monopólio é considerado o caso mais extremo de imperfeição de mercado, uma vez que um
único vendedor possui completo controle sobre o bem ou sobre o serviço de um setor. É uma única
empresa que produz em seu setor, e nenhuma outra produz um substituto próximo.

Tal como no caso de competição perfeita, os exemplos de monopólio na sua forma pura são raros,
mas a teoria do monopólio elucida o comportamento de empresas se aproximam de condições de
monopólio puro.

Monopólio vs. Competição Perfeita


O monopólio é um exemplo de competição imperfeita, em que uma firma detém o mercado de um
determinado produto ou serviço, impondo preços no mercado.

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Neste mercado, o monopolista se depara com uma curva de


demanda negativamente inclinada para o produto.

Assim, se o monopolista quiser vender mais, o preço do bem se reduzirá e se produzir menos, o
preço subirá. O monopolista tem, portanto, o controle de preço de mercado, que depende de quanto
ele resolve produzir.

Como consequência, esta firma deve encontrar uma combinação entre preço e quantidade produzida
que maximize seu lucro. Como se trata de uma única firma, a demanda total do mercado = demanda
para a empresa.

Comparado a um mercado de competição perfeita, o monopolista produzirá uma menor quantidade


de bens e a um preço mais elevado.

No mercado de competição perfeita a quantidade eficiente é aquela em que o


excedente do consumidor e o excedente do produtor são maximizados.

Na figura abaixo, esta quantidade é encontrada pela intersecção de O e D (O = D), ou seja, CMg =
BMg. A mesma figura mostra que o excedente no mercado monopolista é menor que no mercado
perfeitamente competitivo.

Existe uma ineficiência na alocação dos recursos, resultando em um peso morto na


economia.

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Dito de outra forma, a empresa em monopólio pode aumentar o preço de seu produto acima de seu
custo marginal.

Os consumidores compram menos de tais produtos do que normalmente comprariam sob uma
situação competitiva (equilíbrio de mercado), e a satisfação do consumidor é reduzida.

Esse tipo de redução no bem-estar é típico das ineficiências criadas pela competição imperfeita.

Vale notar que da mesma forma que na competição perfeita, a quantidade produzida é dada pela
quantidade em que RMg = CMg.

Discriminação de preços
Existem duas estratégias de preço passíveis de serem implantadas em um monopólio: um único
preço (avaliado acima) ou a discriminação de preços.

Neste processo de formação dos preços, um dos pontos importantes a entender é a elasticidade, ao
mostrar diferenças de preços relativos para um mesmo produto ou serviço.

Essa diferenciação de preço é o que se chama de discriminação de preços, ou seja,


cobra-se um preço diferenciado para um mesmo produto ou serviço de acordo com
o público-alvo.

A passagem aérea é um exemplo de produto com diferenciação de preços baseada em consumidores


que estão viajando a negócios ou a lazer.

A motivação do monopolista é o de capturar o máximo de excedente do consumidor de acordo com


o perfil do cliente, identificando a elasticidade-preço da demanda e definindo, como decorrência,
preços diferenciados de modo a maximizar seu lucro.

Para que a discriminação de preços funcione, o vendedor deve:

—— Defrontar-se com uma curva de demanda negativamente inclinada;

—— Possuir ao menos dois grupos de clientes identificáveis com diferentes elasticidades


de demanda para o bem ou serviço;

—— Estar apto a evitar que os clientes paguem menos e revendam o produto para clientes
que pagam um preço maior.

Regulamentação de um monopólio natural


A teoria econômica denomina a situação em que o custo médio de produção de uma firma individual
se reduz de acordo com o nível da demanda como monopólio natural.

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O ingresso de mais uma firma na indústria dividiria a produção entre as duas firmas e aumentaria o
custo médio de produção.

No monopólio natural a necessidade de investimento é muito elevada e os custos marginais são


muito baixos.

Os ganhos de escala na produção são tão elevados que o custo total médio de
produção é minimizado quando existe apenas uma firma na indústria.

Esses mercados possuem uma elevada barreira de entrada, são geralmente regulamentados pelo
governo, possuem prazo de retorno muito longos e, por isso, funcionam melhor quando bem
protegidos.

A distribuição de energia elétrica e o sistema de fornecimento de água são exemplos clássicos de


monopólios naturais.

Competição Monopolística e Oligopólio

Características de competição monopolística


Competição monopolística é outra estrutura de mercado imperfeito, podendo ser considerada uma
forma intermediária entre o mercado perfeitamente competitivo e o monopólio, mas que não se
confunde com o oligopólio, uma vez que possui as seguintes características:

—— Elevado número de vendedores independentes. Cada firma possui uma pequena


participação de mercado de tal forma que a firma individual não possui força
significativa para influenciar o preço.

As firmas precisam se preocupar apenas com o preço médio de mercado e não com
o preço dos concorrentes.

—— Diferenciação nos bens. Cada produtor possui um produto que, de certo modo, é
diferente do produto de seus concorrentes (pelo menos é percebido como tal pelos
consumidores). Os bens são substitutos próximos uns dos outros.

—— Concorrência em termos de preço, qualidade e marketing como resultado da


diferenciação do bem. A qualidade é uma característica importante de diferenciação.

O preço e a produção podem ser fixados pelas firmas, mas normalmente existe
uma correlação elevada entre qualidade e o preço que as firmas podem cobrar. O
marketing é essencial para informar as características que diferenciam o produto ao
mercado.

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—— Baixas barreiras de entrada de tal forma que as firmas são livres para acessar ou
sair do mercado. Se as empresas estão ganhando lucros econômicos, espera-se que
novas firmas ingressem na indústria.

Produção de curto prazo e de longo prazo no mercado


de competição monopolística
A figura a seguir (a) ilustra as características da competição monopolística para uma firma individual
no curto prazo.

Neste caso, a quantidade produzida Q que maximiza o lucro ocorre onde a receita marginal iguala o
custo marginal ao preço P*.

Note que P* > CTMe*. Em função das baixas barreiras de entrada, novos concorrentes ingressam no
mercado em busca de lucros econômicos.

A figura (b) mostra que com a entrada de novas empresas o equilíbrio de longo prazo faz com que o
preço iguale o custo total médio (P* = CTMe), de modo que não existe lucro econômico.

A firma em competição monopolística permanece produzindo no ponto em que RMg = CMg, mas sem
ganhar lucros econômicos.

Eficiência da competição monopolística


A eficiência da competição monopolística não é clara. De um lado, os consumidores se beneficiam da
promoção de marcas, propagandas e publicidade, uma vez que recebem mais informações sobre o
produto, permitindo-os tomar melhores decisões de compra.

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Por outro lado, os gastos com propaganda contribuem para aumentar o custo total médio de produção,
podendo ocorrer um excesso. Ademais, existe um custo social de não se produzir onde preço P* =
CMg. A grande questão é saber se os recursos dedicados à publicidade, inovação e diferenciação
trazem benefícios que equivalem, ao menos, aos seus custos.

Competição Monopolística vs. Competição Perfeita


A figura a seguir ilustra a diferença de equilíbrio de longo prazo nos mercados em competição
monopolística e de competição perfeita.

Na competição monopolística P* > CMg e a quantidade Q produzida é menor do que a quantidade


eficiente. O custo médio total não é mínimo em Q, sugerindo excesso de capacidade ou ineficiência
na escala de produção. Além disso, o preço P* é mais elevado do que o preço de equilíbrio na
competição perfeita.

Características de um oligopólio e seus modelos tradicionais


Oligopólio (do grego oligos, “poucos” e polens, “vendedor”) é uma forma evoluída de monopólio no
qual um grupo de firmas promove o domínio de determinada oferta de bens ou serviços.

O oligopólio possui as seguintes características:

—— Reduzido número de vendedores, de tal forma que cada uma tem que
considerar os comportamentos e as reações dos outros quando toma decisões
de mercado. É a chamada interdependência de decisões entre os concorrentes.

—— Diferenciação ou não dos bens. Os produtos podem ser similares ou


diferenciados.

—— Significativas barreiras de entrada, envolvendo um elevado nível de economias


de escala.

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Diferente de um mercado perfeitamente competitivo, cada empresa individualmente pode afetar o


preço de mercado do bem ou serviço.

No setor de aviação, por exemplo, a decisão de uma única empresa de reduzir o preço das passagens
aéreas pode desencadear uma guerra que reduzirá os preços cobrados por todos os seus concorrentes.

Além do setor de aviação, as empresas que atuam nas indústrias de mineração, alumínio, aço,
construtores, automóveis, cimentos, laboratórios farmacêuticos, comunicação e bancos são exemplos
de firmas que atuam em uma estrutura de oligopolista de mercado.

Modelo de Firma Dominante


Outro modelo bastante tradicional, o da firma dominante, baseia-se na premissa de que uma das
firmas que atuam em um mercado oligopolista possui uma vantagem de custo sobre os concorrentes
e esta firma dominante detém a maioria da produção na indústria.

Neste modelo a firma dominante atua de forma parecida a um monopolista, com a curva de receita
marginal abaixo da curva de demanda.

A firma dominante produz o bem na quantidade em que a


receita marginal é igual ao custo marginal.

O restante das firmas da indústria é essencialmente tomador de preço, produzindo a quantidade na


qual o custo marginal é igual ao preço definido pela firma dominante.

Modelo de Curva de Demanda Quebrada


Este modelo está baseado na premissa de que uma estratégia de elevação no preço do bem
produzido por uma firma A não será seguido pelos seus concorrentes, diferente do que aconteceria,
caso ocorresse uma diminuição no preço do bem.

De acordo com este modelo, a firma A acredita


que a curva de demanda seja mais elástica acima
do preço PT e menos elástica abaixo do preço PT,
conforme a figura ao lado.

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Assim, se a firma A aumentar o preço do bem acima de PT, os concorrentes não mudarão o preço do
bem e manterão em PT, e como consequência, a firma A perderá participação de mercado.

Se a firma A diminuir o preço do bem abaixo de PT, os concorrentes reduzirão o preço do bem, mas
as vendas apresentarão apenas um pequeno incremento menos do que proporcional a redução de
preço.

Deste modo, QT é a quantidade que maximiza o lucro da firma A.

Medidas de concentração e seus limites de utilização

Oligopólio sem e com coalizão


As empresas num oligopólio podem fazer um acordo entre elas para evitar práticas competitivas,
sobretudo concorrência de preços.

A coalizão ocorre quando as firmas entram em acordo entre elas para evitar práticas
competitivas, particularmente concorrência de preços, de tal modo que formam um
cartel, atuando como um monopolista.

A figura a seguir ilustra uma situação com duas firmas em oligopólio com o potencial de coalizão.

A firma A e a firma B são as únicas empresas no mercado oligopolista e cada uma produz metade da
produção total da indústria.

A figura (a) mostra que cada firma produz Q/2 ao preço P, onde CMg = mínimo CTMe.

A figura (b) é a curva de demanda da indústria, em que Q é a quantidade demandada ao preço P.

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Assume-se que a firma A e a firma B tenham entrado em um acordo para reduzir a produção de
modo a auferir lucros econômicos.

Ambas as firmas possuem duas estratégias – respeitar ou trapacear – de modo que 4 cenários são
possíveis:

—— Cada firma respeita o acordo.

—— Ambas as firmas trapaceiam.

—— A firma A respeita o acordo enquanto que a firma B trapaceia.

—— A firma B respeita o acordo enquanto que a firma A trapaceia.

A figura ilustra o preço e a quantidade que maximizam o lucro se a firma A e a firma B entrarem em
acordo e realizarem uma coalizão, atuando como se fosse uma única firma monopolista.

Assim, firmas em oligopólio podem ganhar um lucro maior se cooperarem para fixar a produção do
setor na quantidade do monopólio (maximização de lucro) e compartilharem os lucros.

Conceitos básicos de Teoria dos Jogos


A teoria dos jogos apresenta ampla aplicação no estudo dos fenômenos econômicos.

Tem como objetivo a análise de problemas por meio da interação entre os agentes,
na qual as decisões de um indivíduo, firma ou governo afetam as decisões dos
demais agentes ou jogadores e vice-versa.

É o estudo das decisões em situação interativa, isto é, tomadas de decisões entre os agentes quando
o resultado de cada um depende das decisões dos demais em uma interdependência similar à de um
jogo.

A teoria dos jogos é adotada principalmente para examinar os comportamentos


estratégicos no oligopólio em que atos de uma empresa impactam as outras.

Assim, uma firma oligopolista, tal como em um jogo de xadrez, deve estar atenta às possíveis
estratégias de seus concorrentes, para não acabar em posição difícil ou “em xeque”.

Deve também decidir se adota uma estratégia mais agressiva ou se mantém um comportamento mais
moderado ou de espera em relação aos adversários, o que poderia ser comparado com a estratégia
defensiva de um time, esperando oportunidades para um contra-ataque.

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Dilema do Prisioneiro
Dentre os temas e jogos explorados, o chamado dilema do prisioneiro talvez seja o mais comum dos
exemplos em teoria dos jogos.

Trata de uma situação na qual dois indivíduos devem tomar uma decisão, e a consequência depende
da interação das duas decisões.

Neste jogo, dois indivíduos são aprisionados, suspeitos de terem cometido, conjuntamente, um crime.

Ambos são colocados em celas separadas sem possibilidade de comunicação entre eles. A cada um
é perguntado por policiais se cometeram ou não o crime.

Os policiais, para induzi-los a confessar, propõem as seguintes situações:

—— Se o prisioneiro silenciar, ou seja, não confessar e o seu parceiro confessar, a


pena será máxima para aquele que não confessou. Conforme indicado no quadro
abaixo, se o prisioneiro A silenciar enquanto que o prisioneiro B confessa, a pena do
prisioneiro A será de 10 anos enquanto que o prisioneiro B ficará livre da pena.

—— Se nenhum dos dois confessar, ambos continuarão presos por mais algum tempo.
Ambos os prisioneiros A e B silenciam e a pena de cada um será de apenas 6 meses.

—— Se ambos confessarem, a pena de ambos será reduzida. Cada prisioneiro receberá


2 anos de pena.

O dilema desse caso é que a melhor opção para um dos prisioneiros, confessar o crime, pode ter
consequências bem diferentes para os dois. Se o prisioneiro A confessar, poderá ficar livre da pena.

Todavia, não há como garantir que o prisioneiro B ficará em silêncio. Por outro lado, se o prisioneiro
A silenciar, não há como se garantir que o prisioneiro B também ficará em silêncio.

Prisioneiro B silencia Prisioneiro B confessa

A recebe 6 meses A recebe 10 anos


Prisioneiro A silencia
B recebe 6 meses B fica livre

A fica livre A recebe 2 anos


Prisioneiro A confessa
B recebe 10 anos B recebe 2 anos

Independentemente da decisão de confessar ou de silenciar do prisioneiro B, ambos os prisioneiros


confessarão, independentemente da decisão do outro prisioneiro, sendo, neste sentido, uma
estratégia dominante.

Independentemente do que cada um dos prisioneiros decidirem, o prisioneiro A e o prisioneiro B


sempre confessarão, pois ficarão em uma situação melhor do que se assumissem o risco de um
silenciar e do outro confessar.

Esta é a solução do dilema do prisioneiro que é a busca pela a melhor decisão, dada a ação tomada
pelo outro prisioneiro.

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Equilíbrio de Nash
O equilíbrio de Nash na teoria de jogos consiste nas decisões da firma A e da firma B de não honrarem
o acordo, ou seja, trapacearem. Cada empresa toma a melhor decisão, dada a ação da outra firma.

Firma B respeita Firma B trapaceia

A ganha lucro econômico A tem uma perda econômica


Firma A respeita
B ganha lucro econômico B ganha lucro econômico maior

A ganha lucro econômico maior A ganha nenhum lucro econômico


Firma A trapaceia
B tem uma perda econômica B ganha nenhum lucro econômico

No contexto da teoria dos jogos, o dilema dos prisioneiros é uma excelente analogia para as firmas
que atuam em oligopólio. Ambas as firmas A e B podem garantir um lucro maior se limitarem sua
produção, mas apenas se nenhuma delas quebrar o acordo.

Os oligopolistas maximizam seus lucros totais quando se unem através de uma


coalizão e operam como um único vendedor, ou seja, um monopolista. Ambas as
firmas A e B devem respeitar o acordo de modo a garantir o lucro econômico.

Em condições normais a firma A trapaceará, independente da atuação da firma B. Esta é a estratégia


dominante. Como no dilema dos prisioneiros, ambas, em condições normais, trapacearão.

Monopsônio e Oligopsônio
Assim como o monopólio há um único vendedor, o monopsônio há um único comprador.

Da mesma forma que o monopolista tenta maximizar seus ganhos ao cobrar a maior
receita possível, no monopsônio o comprador vai tentar maximizar seus ganhos ao
comprar pelo menor valor possível.

O que o monopolista chama de custo marginal, o monopsonista chama de valor marginal, aquilo que
ele vai pagar pelo que está comprando.

Seguindo a mesma lógica, assim como o monopolista tenta cobrar o preço máximo que a demanda
está disposta a pagar, o monopsonista vai pagar o preço mais baixo para que haja alguma oferta.

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Por exemplo, uma região na qual existem vários produtores de leite, mas uma única usina onde este
leite pode ser pasteurizado. A usina será única opção de venda para os produtores, de modo que ela
terá condições de impor preços para a compra do leite.

Se pudermos comparar o monopólio e o monopsônio, teremos o seguinte:

O oligopsônio é uma forma de mercado com poucos compradores, chamados de oligopsonistas, e


inúmeros vendedores.

Os oligopsonistas tem poder de mercado, devido ao fato de poderem influenciar os


preços de determinado bem, variando apenas a quantidade comprada.

Os seus ganhos dependem da elasticidade da oferta. Seria uma situação intermediária entre a de
monopsônio e a de mercado plenamente competitivo.

Um exemplo é a indústria automobilística: há algumas indústrias desse ramo e que esse pequeno
número de indústrias compra praticamente todas as peças das indústrias de autopeças.

Nesse caso podemos afirmar que a indústria automobilística é oligopsionista em relação de autopeças.

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