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Políticas Macroeconômicas

Políticas Macroeconômicas

Política Monetária: Principais Instrumentos

Atribuições do COPOM
O Comitê de Política Monetária (Copom) foi instituído em 1996, tendo por objetivos o
estabelecimento das diretrizes da política monetária e a definição da taxa de juros.

Com a implantação do sistema de metas de inflação em 1999, as decisões do Copom


passaram a ter como objetivo cumprir as metas para a inflação definidas pelo CMN.

A taxa de juros fixada na reunião do Copom é a meta para a taxa Selic que vigorará por todo o
período entre as reuniões ordinárias.

O Copom é composto pelos diretores do BC, sendo presidido pelo presidente do BC, que tem o voto
de minerva em caso de empate.

A partir de 2006, as reuniões ordinárias do Copom deixaram de ser mensais


e passaram a ocorrer a cada seis semanas. Com isso, as reuniões, antes em
número de 12 por ano, passaram a ser de 8 por ano. As datas de cada reunião são
divulgadas previamente e cada reunião se divide em dois dias.

Política Monetária

A cada decisão sobre a meta da taxa Selic, o mercado passa a ter novo referencial para a cobrança de
novas taxas de juros junto aos créditos fornecidos aos clientes.

Os investimentos financeiros atrelados sofrem alterações nas taxas de juros. Por exemplo, a redução
da Selic reduz a rentabilidade dos fundos que a tem como parâmetro. Outro exemplo: as empresas
ou os consumidores podem ter empréstimos a taxas menores, proporcionando assim um estímulo
para novos investimentos ou consumo.

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A política monetária é a atuação das autoridades monetárias por meio de


instrumentos de efeito direto ou induzido, com os seguintes objetivos:

―― estabilidade de preços (controle da inflação) – lembrando que este é o principal objetivo


da política monetária;

―― promoção do crescimento ou do desenvolvimento econômico;

―― promoção do maior nível possível de emprego e manutenção de sua estabilidade;

―― realização do equilíbrio em transações econômicas com o exterior (isto é, equilíbrio do


balanço internacional de pagamentos);

―― promoção mais equitativa de distribuição da riqueza e das rendas.

Instrumentos de Política Monetária


O Banco Central controla a expansão (ou a contração) dos meios de pagamento por meio dos
seguintes instrumentos de política monetária:
1. operações de mercado aberto (open market);
2. alterações na taxa de depósitos compulsórios; e
3. redesconto.

As operações de mercado aberto constituem o principal instrumento de


política monetária em função da flexibilidade e da rapidez com que podem ser
implementadas.

Os principais objetivos são:

—— controlar o volume de reservas bancárias; e

—— influenciar a taxa de juros vigente no mercado.

Elas ocorrem por intermédio de compras e vendas de títulos públicos pelo BACEN
junto ao mercado financeiro.

Quando há compra de títulos pelo BACEN, há aumento das reservas livres dos bancos comerciais, o
que possibilita a expansão dos empréstimos ao público, da base monetária e do volume dos meios de
pagamento. De forma análoga, se houver a venda.

Além disso, ao se alterar o volume de títulos em poder do público, varia-se a composição da dívida
pública, influenciando as taxas de juros desses títulos e, indiretamente, as dos demais ativos
financeiros.

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Vale dizer que a redução da dívida mobiliária reduz a necessidade de financiamento do setor público
e reduz também a taxa de juros paga ao mercado.

O depósito compulsório é um mecanismo de controle da liquidez no


médio prazo, regulando o multiplicador bancário.

Os agentes que compõem o sistema bancário comercial são obrigados a depositar no BC uma parte
dos depósitos à vista, a prazo e poupança recebidos, alterando-se o volume global de reservas e,
consequentemente, o total de empréstimos e de meios de pagamento.

Quando há insuficiência de liquidez de curto prazo, adota-se uma política expansionista via liberação
imediata de parte do depósito compulsório em moeda.

Por outro lado, é preciso que decorra algum tempo entre os aumentos da taxa de depósitos
compulsórios ao se implementar uma política contracionista, pois os recolhimentos sofrem
defasagem de quase um mês e o sistema bancário precisa se adaptar ao novo nível de reservas
exigido.

Uma vez que os agentes financeiros não mantenham reservas iguais ao total de depósitos à vista,
pode haver problemas de liquidez temporários, isto é, dificuldades para entregar moeda corrente ao
portador de um depósito à vista por insuficiência de recursos em caixa.

Nesta situação, as instituições financeiras envolvidas podem recorrer ao mercado


interbancário (via CDI, por exemplo) ou às operações de redesconto (assistência
financeira de liquidez) junto ao BC, o emprestador de última instância.

Diferente dos depósitos compulsórios, o redesconto é um instrumento passivo, não agindo sobre
o sistema como um todo, pois a iniciativa de sua utilização é apenas dos bancos comerciais que
estiverem com insuficiência de liquidez e não do BC.

Política Monetária Expansionista vs. Política Monetária Contracionista

A Política Monetária representa a atuação das autoridades monetárias por meio


de instrumentos de efeito direto ou induzido, com o propósito de se controlar a
liquidez global do sistema econômico.

Política Monetária Expansionista (ou Expansiva): é formada por medidas que


tendem a acelerar a quantidade de moeda e a baratear os empréstimos (baixar as
taxas de juros). Incidirá positivamente sobre a demanda agregada. Instrumentos:

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—— Diminuição do recolhimento compulsório: o Banco Central diminui


os valores que toma em custódia dos bancos comerciais, possibilitando um
aumento do efeito multiplicador e da liquidez da economia como um todo.

—— Diminuição da taxa de redesconto: o Banco Central, ao emprestar


dinheiro aos bancos comerciais, aumenta o prazo do pagamento e diminui a
taxa de juros. Essas medidas ajudam a diminuir a taxa de juros da economia
e a aumentar a liquidez.

—— Compra de títulos públicos: quando o Banco Central compra títulos


públicos, há uma expansão dos meios de pagamento, que é a moeda dada
em troca dos títulos. Com isso, ocorre uma redução na taxa de juros e um
aumento da liquidez.

Política Monetária Contracionista (ou Restritiva): engloba um conjunto de


medidas que tendem a reduzir o crescimento da quantidade de moeda e a
encarecer os empréstimos. Instrumentos:

—— Aumento do recolhimento compulsório: consiste na custódia, pelo


Banco Central, de parcela dos depósitos recebidos do público pelos bancos
comerciais. Esse instrumento é ativo, pois atua diretamente sobre o nível de
reservas bancárias, reduzindo o efeito multiplicador e, consequentemente, a
liquidez da economia.

—— Aumento da taxa de redesconto: o Banco Central empresta dinheiro


aos bancos comerciais, sob determinado prazo e determinada taxa de
pagamento. Quando esse prazo é reduzido e a taxa de juros do empréstimo
é aumentada, a taxa de juros da própria economia aumenta, causando uma
diminuição na liquidez.

—— Venda de títulos públicos: quando o Banco Central vende títulos


públicos, ele retira moeda da economia, que é trocada pelos títulos.
Dessa forma, há uma contração dos meios de pagamento e da liquidez
da economia.

Relação Juros e Atividade Econômica

Numa política monetária expansionista, o BC aumenta a oferta monetária. A economia passa a


ter mais moeda que a demandada pelas pessoas. A taxa de juros reduz, de modo que a demanda
monetária aumente e se iguale à nova oferta monetária.

Com uma taxa de juros menor, os investimentos são estimulados e aumenta a demanda agregada
pelo processo do multiplicador. Poderemos observar um raciocínio inverso se as autoridades
monetárias pretenderem fazer uma política monetária contracionista.

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BC aumenta
Redução de juros Mais investimentos
oferta monetária

Para estimular a economia, a redução na taxa de juros é um fator para elevar o nível de atividade. O
efeito da taxa de juros pode ser observado não apenas sobre os investimentos. As famílias também
podem ser influenciadas a consumir mais devido à melhora no custo do crédito concedido.

A política monetária tem um papel fundamental sobre a atividade econômica. Todas


as decisões, no entanto, têm uma defasagem de tempo para o surgimento dos
primeiros resultados sobre a economia como um todo.

Contas Externas: Balança Comercial,


Transações Correntes, Conta de Capital

As contas externas medem todos os valores de todas as transações financeiras e comerciais entre
residentes e não residentes em um determinado período.

O balanço de pagamentos (BP) reflete o resultado entre remessas e entradas. Como o BP é um


fluxo variável, se ele for positivo, haverá um aumento nas reservas internacionais e vice-versa. O valor
das transações geralmente é medido em dólares norte-americanos.

O balanço de pagamentos é composto pelas seguintes contas:


―― Transações Correntes (TC);
―― Conta Capital e Conta Financeira (CA);
―― Erros e Omissões (EO).

Como o objetivo é manter o balanço de pagamentos em equilíbrio, o déficit em transações correntes,


por exemplo, é compensado por um superávit na conta de capital e financeiro.

Pode ser um sinal de que há excesso de investimento sobre a poupança doméstica. Nesse caso, o
país está “importando” poupança externa. Da mesma forma, se há superávit em transações correntes,
o país está “exportando” poupança doméstica.

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Transações Correntes

As transações correntes (TC) medem as transações comerciais em bens, serviços e as transferências


unilaterais (sem contrapartida).

Esta conta é composta pela balança comercial (BC), pelo balanço de serviços e renda (BS) e pelas
transferências unilaterais (TU):

TC = BC + BS + TU

A balança comercial é o saldo entre as exportações (X) e as importações (M) de


bens sem os valores dos fretes e seguros. Um saldo superavitário significa que o
país exporta mais que importa bens.

O balanço de serviços e renda mensura as transações de dois componentes:

―― Serviços: transportes, viagens internacionais, serviços governamentais, pagamento de


royalties, serviços de informática etc.

―― Renda: juros, lucros e dividendos.

Conta Capital e Conta Financeira (CA)

Esta conta é composta por Conta Capital e Conta Financeira. A primeira mede o saldo da transferência
de patrimônio entre migrantes. Por exemplo, a aquisição de marcas e patentes.

Já a conta financeira é o resultado de:

―― Investimento direto: venda e aquisição de participação duradoura no capital das


empresas.

―― Investimento em carteira: transações em títulos mobiliários adquiridos no mercado


secundário.

―― Derivativos: valores negociados no mercado de derivativos.

―― Empréstimos/financiamento: transação de empresas e/ou do governo brasileiro com


empresas/investidores no exterior.

―― Outros investimentos: créditos de comércio.

Erros e Omissões (EO):

Por fim, a conta Erros e Omissões representa a diferença entre o saldo do Balanço de Pagamentos e a
soma das demais rubricas.

É resultante da dificuldade de se compatibilizar transações físicas e financeiras e a partir de várias


fontes de informações.

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Política Fiscal: Necessidade de Financiamento do


Setor Público, Implicações sobre a Dívida Pública

Dívida Pública
A dívida pública é a soma de tudo aquilo que todos os órgãos do Estado brasileiro devem, incluindo o
Governo Federal e os estados, municípios e empresas estatais. É formada por:

―― dívida interna, que pode ser paga em moeda nacional; e

―― dívida externa, que deve ser paga em moeda estrangeira.

O governo pode influenciar a demanda agregada de três maneiras básicas:

I. Diretamente para a demanda por meio do seu próprio consumo de bens e serviços.

II. Política de transferências de renda, como previdência social, salários-desemprego,


outros programas assistenciais etc.

III. Tributação sobre a renda das famílias e das empresas.

A política fiscal está justamente relacionada com o gerenciamento das receitas e das despesas
do governo. Ela pode ser um instrumento de política econômica para compensar os efeitos da
política monetária.

Política Fiscal Expansionista vs. Política Fiscal Contracionista

Política fiscal é a manipulação dos tributos e dos gastos do governo para regular
a atividade econômica. Ela é usada para neutralizar as tendências à depressão e à
inflação.

Política Fiscal Expansionista (ou Expansiva): é usada quando há uma


insuficiência de demanda agregada em relação à produção de pleno emprego.

As medidas nesse caso seriam:

―― aumento dos gastos públicos;

―― diminuição da carga tributária, estimulando despesas de consumo e


investimentos;

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―― aumento das transferências de renda (ex.: Bolsa Família);

―― aumento na renda nacional e possível aumento nas importações,


contribuindo assim para um déficit de balança comercial.

Política Fiscal Contracionista (ou Restritiva): é usada quando a demanda


agregada supera a capacidade produtiva da economia, em que os estoques
desaparecem e os preços sobem.

As medidas seriam:

―― diminuição dos gastos públicos;

―― elevação da carga tributária sobre os bens de consumo, desencorajando


esses gastos;

―― extinção de transferências de renda (ex.: Leve Leite);

―― redução na renda nacional e possível aumento nas exportações, contribuindo


assim para um superávit de balança comercial.

O orçamento público pode se tornar deficitário, ou seja, despesas maiores que receitas, havendo
a necessidade de o governo recorrer a empréstimos junto ao setor privado via emissão de títulos
pela Secretaria do Tesouro Nacional ou emissão de moeda. Nesse último caso, a emissão monetária
poderá elevar os preços na economia (inflação).

A necessidade de financiamento do setor público (NFSP) é o resultado final


da soma do superávit primário (S) e o pagamento dos juros (J). O superávit
primário, que mede o saldo das receitas menos despesas, entra na NFSP com sinal
contrário, ou seja, num superávit positivo, ele é computado com sinal negativo.

NFSP = - S + J

O superávit primário é o resultado contábil usado pelo governo para o pagamento de juros sobre
a dívida pública e reduzir o financiamento quando o pagamento de juros superar o superávit.
Recentemente, no Brasil, o superávit primário como porcentagem do PIB é uma medida importante
para a “saúde” das finanças públicas e um fator para reduzir o endividamento público e o pagamento
de juros exigido pelo mercado.

A Dívida Mobiliária Federal compõe a maior parte da dívida pública e é composta por diferentes
títulos emitidos com diferentes características de formação de taxa, remuneração aos investidores e
prazos de vencimento.

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O aumento do volume da dívida aumenta os pagamentos de juros no orçamento


do governo. Se o desequilíbrio orçamentário persistir, o governo deverá empreender
novos financiamentos, agravando esta situação ao implicar pior percepção de risco
por parte dos agentes econômicos, o que se traduzirá em maiores taxas de juros
e menores prazos de vencimento dos títulos.

Ainda assim, um superávit nominal (superávit primário mais correção monetária e despesas com
juros, câmbio e outros) ou melhora nas contas públicas só será alcançado quando houver uma
redução significativa das taxas de juros e um choque de gestão.

Política Cambial: Regimes de Taxa de Câmbio,


Reservas Internacionais, Cupom Cambial

Taxas de Câmbio Nominal e Real

Taxa de câmbio é o preço de uma moeda estrangeira, medido em unidades ou frações (centavos)
da moeda nacional. A taxa de câmbio reflete, assim, o custo de uma moeda em relação a outra,
dividindo-se em taxa de venda e taxa de compra. Pensando sempre do ponto de vista do banco
(ou outro agente autorizado a operar pelo Banco Central), a taxa de venda é o preço que o banco
cobra para vender a moeda estrangeira (a um importador, por exemplo), enquanto a taxa de
compra reflete o preço que o banco aceita pagar pela moeda estrangeira que lhe é ofertada (por um
exportador, por exemplo).

A taxa de câmbio nominal (l) é o valor em moeda nacional para adquirir uma unidade de moeda
estrangeira. Cada país possui uma paridade diferente com cada uma das moedas dos países que
possuem comércio.

O câmbio nominal afeta diretamente o preço de um produto nacional em moeda estrangeira ou afeta
a rentabilidade das exportações. Por exemplo, a desvalorização reduz o preço dos bens nacionais em
moeda estrangeira, aumentando a demanda. De forma análoga as importações.

Outro conceito muito analisado é a taxa de câmbio real (e). É um valor corrigido da taxa de câmbio
nominal pelo preço estrangeiro (P*) e o doméstico (P).

e = Câmbio real
e = l.P*/P l = Real/dólar (câmbio nominal)
P* = Inflação internacional de preços ao consumidor
P = Inflação doméstica de preços ao consumidor

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O câmbio real mede a paridade em termos de bens dos dois países. Um câmbio real mais valorizado
significa que um bem nacional pode adquirir maior quantidade que o similar estrangeiro. A mudança
no câmbio nominal pode compensar a inflação doméstica e, assim, manter a paridade do câmbio
real. O câmbio real pode ser considerado uma medida de competitividade para um país.

A taxa de câmbio real efetiva é uma medida da taxa de câmbio nominal efetiva corrigida pelo preço
doméstico e os preços vigentes em cada país.

A intervenção do BC, via dealers, pode ser feita sobre o estoque de moeda da seguinte forma:

- Se a taxa de câmbio cai, ficando muito abaixo do nível desejado pelo governo, o que indica que a
oferta de moeda estrangeira é maior do que a procura, o BC entra no mercado e compra o excesso
de divisas, o que implica gradual elevação de taxa (a intervenção continua até que a taxa retorne ao
nível desejado);

- Se a taxa de câmbio sobe, ficando acima das expectativas oficiais, o que indica que a oferta
de moeda é menor do que a procura, o BC lança mão de seus estoques de divisas das reservas
internacionais e vende, no mercado, um determinado montante, aumentando assim a oferta de
moeda estrangeira e fazendo cair a taxa, voltando ao nível desejado.

Relações de Paridade entre as Moedas

Paridade é a relação de preço que se verifica entre duas moedas estrangeiras.

A paridade cambial é o resultado de uma equação que leva em conta o diferencial de


taxas de juros interna e externa, a desvalorização das outras moedas de países com
os quais o Brasil mantém relações comerciais e as necessidades de pagamentos por
parte do governo brasileiro aos credores.

Com isso, qualquer alteração nas taxas de juros ou nas taxas de câmbio internacionais provoca
instabilidade e opiniões divergentes sobre os rumos da economia.

Sendo o valor da moeda representado pelo poder aquisitivo, a compra de moeda


estrangeira nada mais seria, então, do que a troca de poder aquisitivo nacional por
poder aquisitivo estrangeiro. Desse modo, o novo tipo de câmbio deve refletir as
modificações relativas dos preços em dois países considerados.

Segundo a teoria da Paridade do Poder de Compra (Purchasing Power Parity ou PPP), os níveis de
preços nacionais seriam iguais quando mensurados em uma mesma moeda.

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Isso ocorreria devido à arbitragem internacional de bens, sob as hipóteses de ausência de custos
de transação e de barreiras ao comércio internacional, e considerando-se informação perfeita e
homogeneidade de bens.

Essa teoria pode ser expressa com a seguinte fórmula:

Pt = St x Pt*

Em que:

Pt = nível doméstico de preços

Pt*= nível externo de preços

St = taxa nominal de câmbio definida como o preço doméstico da moeda externa.

Todas as variáveis expressas na data t.

Expressando esta relação em logaritmo natural, temos:

St = Pt - Pt*

A paridade entre moedas pode variar de país para país. Atualmente, o dólar e o euro são as duas
moedas que podemos ter como referência cambial. Não significa que um país cuja moeda não seja
uma dessas duas não possa ter uma paridade diferente. Dois países com um fluxo de comércio
intenso podem ter uma paridade cambial entre suas moedas.

Taxas de Câmbio Spot e Forward

A taxa de câmbio spot é aquela que mostra a relação entre duas moedas para troca imediata, atual.
Já a taxa forward mostra a taxa de câmbio para troca de duas moedas a uma data futura, pré-
estabelecida.

Se uma taxa spot está em BRL/USD 2,20 e a taxa forward está em BRL/USD 2,40, dizemos que ela está
tradando a um prêmio em relação à spot. Se estivesse mais baixa, diríamos que está tradando a um
desconto.

Taxa de Câmbio Cruzada

A taxa de câmbio cruzada simplesmente mostra a relação entre três moedas. Por exemplo,
podemos dizer que BRL/USD = 2,20 e que USD/GBP = 1,4. Para calcular o câmbio entre BRL e GBP,
pode-se multiplicar as duas cotações, cancelando USD do numerador com denominador. Acharemos
2,20 x 1,4 = 3,08. Para achar GBP/BRL, basta calcular o recíproco de 3,08 que é 1/3,08 = 0,3247.

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Regimes Cambiais

Existem basicamente três regimes cambiais:

―― Regime com taxa de câmbio fixa: por meio de uma política monetária passiva, o BC se
compromete a ofertar moeda estrangeira para ajustar automaticamente um nível que
assegure que a taxa de câmbio de equilíbrio se iguale à taxa de câmbio anunciada. Em
outras palavras, o BC compra e vende moeda estrangeira de forma a manter a taxa de
câmbio no nível anunciado.

―― Regime com taxa de câmbio flutuante: a taxa de câmbio flutua livremente em função
de mudanças das condições econômicas de oferta e demanda de divisas estrangeiras.
Em períodos de grande entrada de recursos externos, a tendência da taxa de câmbio é a
valorização e vice-versa.

―― Regime cambial de flutuações sujas (dirty floating): o BC, mesmo dentro de um regime
de câmbio flutuante, intervém no mercado cambial quando a taxa de câmbio se afasta em
demasia do valor considerado adequado, o que poderia acarretar sérias instabilidades na
economia. Apesar de oficialmente o governo brasileiro admitir que adota o regime com
taxa de câmbio flutuante, é utilizado, na prática, um regime de flutuações sujas, pois o BC
intervém no mercado quando julga necessário.

A taxa de câmbio real entre dois países é equiparada durante um período no qual a
inflação doméstica do país foi mais alta que a estrangeira.

Nesse caso, podemos afirmar que a taxa de câmbio está:

a. apreciada e as importações são favorecidas.

b. depreciada e as importações são favorecidas.

c. apreciada e as exportações são favorecidas.

d. depreciada e as exportações são favorecidas.

Resposta D) depreciada e as exportações são favorecidas.

Vamos supor que a taxa de câmbio está equiparada em BRL 1,00/USD. Caso haja
uma inflação maior no Brasil (doméstica) que nos E.U.A (estrangeira), essa taxa de
câmbio será depreciada, ou seja, irá para BRL 1,50/USD, BRL 2,00/USD, etc.

E isso faz com que as exportações sejam mais rentáveis para os brasileiros e as
importações, mais caras.

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Define-se política cambial como a atuação da autoridade monetária na administração


dos ativos em moedas estrangeiras, além do ouro, visando dar estabilidade à
paridade da moeda e induzir desempenhos das transações internacionais de acordo
com as diretrizes da política econômica.

A política cambial é fortemente associada à política monetária.

Por exemplo, se há um forte ingresso de divisas em função do bom desempenho das exportações,
crescimento do volume de recursos captados pela emissão de títulos no exterior ou significativo fluxo
para aplicações em bolsas de valores, o governo é obrigado a aumentar a dívida pública mobiliária,
emitindo títulos para enxugar a moeda que entra em circulação pela troca de dólares por reais.

Com isso, a política monetária enfrenta dificuldades para controlar os juros, dado que o custo do
governo aumenta.

Reservas Internacionais

Assim como as pessoas ou as empresas necessitam de reservas para atender às suas obrigações
financeiras, os países também têm necessidade de manter reservas monetárias para atendimento de
seus compromissos internacionais. É o que se denomina “liquidez internacional”.

As reservas monetárias internacionais, também chamadas reservas cambiais


ou simplesmente reservas internacionais, compreendem moedas livremente
conversíveis, bem como o ouro.

Além de permitir aos países financiar déficits temporários em seus balanços de pagamentos, exercem
papel importante na defesa da estabilidade de suas taxas cambiais.

As reservas internacionais aumentam quando há um superávit no balanço de pagamentos (BP), ou


seja, todas as transações comerciais e financeiras do país com outros países são positivas.

Suponha que um exportador busque vender um bem no exterior e que, com


a venda realizada, tal agente vá receber dólares do comprador estrangeiro.
O exportador vende esses dólares e o Banco Central, por sua vez, compra
tais dólares, pagando o exportador em reais. Isso significa que as reservas
internacionais aumentarão, uma vez que o Banco Central comprou dólares, e
o efeito disso consiste na elevação da oferta monetária na economia. O Banco
Central injeta reais na economia via pagamento em moeda local ao exportador
(expansionista).

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Ainda pensando na balança comercial, pensemos na importação. O importador


compra um bem no exterior e, para isso, tem que ter dólares em mãos. A
importação tem um efeito de reduzir as reservas internacionais, uma vez que o
Banco Central venderá os dólares ao importador, enxugando a oferta monetária
na economia. O Banco Central retira reais da economia por meio desse pagamento
pelo importador em moeda local (contracionista).

O BC classifica nossas reservas de duas maneiras:

―― Reservas de caixa: representadas por haveres prontamente disponíveis.

―― Reservas de liquidez: são as reservas de caixa mais os valores representativos de títulos


de exportação e outros haveres de médio e longo prazos.

Como a remuneração no exterior é menor que o custo do carregamento interno da correspondente


dívida em títulos, o BC monitora constantemente a relação entre essa perda quantitativa e os ganhos
qualitativos e de credibilidade no exterior.

Cupom Cambial

O cupom cambial foi o elemento fundamental na política cambial de taxas administradas vigente até
1999, passando a desempenhar um papel coadjuvante na atual política cambial de taxas flutuantes.

O cupom cambial é a remuneração efetiva dos dólares convertidos em reais


e aplicados no mercado financeiro brasileiro. Seu valor expressa o interesse do
investidor estrangeiro em aplicar seus recursos no Brasil, levando em consideração
o risco de crédito soberano que passa a assumir e o retorno que teria em seu país.

O cupom é dito limpo (clean) quando incorpora a cotação corrente da taxa de câmbio. Mas é
considerado sujo (dirty) quando a referência inicial é a taxa de câmbio de venda (PTAX800) do dia
anterior ao da compra do título.

A taxa do cupom cambial varia conforme a oferta e a demanda por dólar ou proteção cambial.

Se houver uma pressão vendedora de papéis lastreados em dólar, a tendência do cupom é subir, pois
o vendedor dará um prêmio ou juros maiores para atrair o comprador.

Se houver uma pressão compradora, a tendência é baixar o prêmio, pois os compradores estarão à
procura de papel e proteção cambial a ponto de aceitarem até um cupom cambial negativo.

O cálculo do cupom cambial pode ser feito por meio da seguinte fórmula:

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Qual o cupom cambial de um título com 90 dias corridos (63 dias úteis com base
252), a taxa livre de risco é 12,5% a.a. (base 252), a taxa spot é R$ 2,05/U$ e o
forward para 3 meses é R$ 2,07/ U$?

Taxa em real efetiva do papel: (12,50/100+1)^(63/252) = 1,029884

Variação cambial do período = 2,07/2,05 = 1,009756

O cupom cambial é o juros em dolar que falta para que a soma deste com a
variação cambial do período seja igual à taxa de juros em real efetiva do período.
Ou seja:

Taxa em real efetiva do papel = (Variação cambial do período) * (1 + cupom cambial efetivo)

1,029884 = 1,009756 * ( 1 + cupom cambial efetivo)

(1 + Cupom cambial efetivo) = (1,01993)

Cupom cambial efetivo = 0,01993.

Para anualizar o cupom cambial basta multiplicar por: (360 / número de dias
corridos)
0,01993 * (360 / 90 ) = 7,97%

Swap Cambial

A crescente demanda por proteção cambial levou o BC a oferecer o chamado swap cambial como
forma de evitar a aceleração da desvalorização cambial.

O swap nada mais é do que uma operação de troca, na qual dois agentes
que possuem ativos diferentes podem trocar o rendimento dos mesmos
numa data futura previamente acordada.

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No caso do swap cambial reverso, o governo paga, numa data futura, uma taxa de juros (o
certificado de depósito interbancário – CDI) e recebe em troca a variação do câmbio, no caso de uma
desvalorização do real. Caso haja valorização, o Banco Central pagará o CDI e a apreciação da taxa de
câmbio.

Essas operações de swaps cambiais reversos são puramente financeiras, não envolvendo troca
efetiva de moeda. Nelas, o BC assume posição compradora de dólares e fica beneficiário da variação
cambial positiva enquanto os bancos assumem posição vendedora de dólares e ficam beneficiários
da remuneração com juro.

Todavia, ocorrendo variação cambial negativa, isso resultará em ônus para o BC e ganho adicional aos
bancos. A queda do preço da moeda americana nessas circunstâncias agrega uma segunda fonte de
renda, a mais expressiva, para os bancos na operação.

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