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AULA 1

ANÁLISE DO MERCADO FINANCEIRO


NACIONAL E INTERNACIONAL

Prof. César Fernandes


INTRODUÇÃO

Ao iniciarmos nosso estudo, vamos trilhar uma área do conhecimento em


que a compreensão dos diversos temas que iremos abordar é de suma
importância para o entendimento do todo. É importante que você, caro(a)
parceiro nesta jornada, entenda fundamentalmente a necessidade de se
compreender este Mercado e sua relevância dentro de um contexto macro das
ações estabelecidas na condução da Política Macroeconômica do País. É a
Política Econômica, por meio da Política Monetária, que dá um norte a ser
seguido e tem no Mercado Financeiro o espaço adequado para implantar suas
diretrizes, dada a relevância e abrangência do sistema. Em um curso de
especialização em Finanças e Vendas, não entender o mercado financeiro, suas
nuances, as ações de Estado e sua finalidade no processo de gestão da liquidez
do mercado é não saber interpretar os cenários visando uma eficiente
administração do futuro das Empresas.
Vamos ver nesta aula os seguintes temas:

• Tema 1: Macroeconomia;
• Tema 2: Política Monetária;
• Tema 3: Política Fiscal;
• Tema 4: Política Cambial;
• Tema 5: Política Creditícia e de Rendas.

Desejamos a você nesta jornada do conhecimento um excelente


aproveitamento. Sucesso!

Aula 1 – teoria monetária

A Teoria Monetária tem na moeda o seu foco principal, já que é por meio
dela no seu ambiente natural que podemos desenvolver os estudos necessários
para entendermos seu comportamento no que tange a sua abundância ou
escassez, fatores esses que provocam redução ou aumento das taxas de juros.
Porém, para melhor entender esse processo, há necessidade de você conhecer
os aspectos macroeconômicos da economia e suas políticas, o que faremos em
seguida.

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TEMA 1 – A MACROECONOMIA

A Macroeconomia aborda de forma abrangente os agentes econômicos


em seu conjunto. Procura determinar os fatores que podem interferir na renda
total e no produto de uma economia. Deter o conhecimento sobre o ambiente
macroeconômico é de grande relevância para todo cidadão, independentemente
de seu ramo de atividade, pois os acontecimentos que ocorrem na
macroeconomia afetam a vida de todos. Ao estudar a evolução da economia
como um todo, a macroeconomia analisa o comportamento dos grandes
agregados macroeconômicos, como a renda, os produtos nacionais, os
investimentos, a poupança, os preços, o emprego, as taxas de juros, o balanço
de pagamentos etc. “Diz-se que o estudo é macroeconômico quando estudamos
a floresta como um todo, e nas várias inter-relações entre os animais e as
plantas da floresta” (Cleto, 2002).

Figura 1 – Macroeconomia

Crédito: B Positive/Shutterstock.

As metas da Política Macroeconômica são:

a) Alto nível de emprego;


b) Estabilidade de preços;
c) Distribuição de renda justa;
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d) Crescimento econômico.

Para alcançar esses macro-objetivos, utiliza-se a Macroeconomia de


instrumentos de Políticas Econômicas, buscando, assim, atingir as quatro metas
acima especificadas.
Em síntese, podemos afirmar que o principal objetivo deste estudo é
determinar os fatores que interferem na renda total e no produto de uma
economia.

TEMA 2 – A POLÍTICA MONETÁRIA

O governo é considerado o agente de peso no Sistema Financeiro


Nacional, e, portanto, o responsável direto em estruturar políticas visando
alcançar a Macroeconomia, criando, assim, mecanismos para defender os
interesses dos mais necessitados. É a Política Monetária o instrumento por meio
do qual o governo estabelece as ações visando controlar a quantidade de
moeda em circulação e o custo do dinheiro, influenciando a taxa de juros
praticada pelo mercado e, consequentemente, o acesso ao crédito,
estabelecendo, assim, o controle sobre a liquidez da economia e, por tabela, a
quantidade de dinheiro no nosso bolso. É por meio da Política Monetária que o
Banco Central persegue um de seus objetivos principais, manter a inflação sob
controle. Para tanto, vale-se de seu principal instrumento, que é a taxa Selic, já
que tem influência sobre as taxas praticadas pelo mercado financeiro. As outras
ferramentas disponíveis para tanto são:

a) Emissões de títulos públicos;


b) Reservas compulsórias;
c) Open market;
d) Redesconto;
e) Regulamentação sobre crédito e taxa de juros.

Fiquem atentos, pois, nos capítulos seguintes, trataremos sobre esses


instrumentos e sobre o que acarreta a economia. Os governos podem adotar
dois tipos de Política Monetária, são elas: a Política Restritiva ou Contracionista
e a Política Expansionista.
A Política Restritiva ou Contracionista reduz a oferta de moeda e,
consequentemente, aumenta a taxa de juros. É uma lógica de simples
entendimento.

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Quando dispomos de menos produto para comprar, com certeza o preço
praticado pelo vendedor é alto, dada a pouca oferta para a demanda existente.
Quando dispomos de muitos produtos na prateleira para vender, o preço
praticado pelo vendedor será baixo, já que a demanda não irá provocar
escassez. Assim é com o dinheiro em circulação. Muito dinheiro na economia,
juros baixos, pois o juro nada mais é do que o preço pago para se dispor de
dinheiro. Menos dinheiro na economia, juros mais altos, pois teremos uma oferta
menor que a demanda. O mercado age partindo do seguinte raciocínio: se tenho
R$ 100,00 reais para emprestar mas a procura é por R$ 200,00, emprestarei os
R$ 100,00 como se fosse R$ 200,00, e para que meu ganho seja dentro dessa
expectativa, aumento a taxa de juros. Pouco dinheiro em circulação também
inibe os investimentos, podendo acarretar uma estagnação econômica, portanto,
é fundamental que a dose aplicada pela autoridade monetária seja analisada
com bastante critério.

Saiba mais
Juro nada mais é do que o preço pago para se dispor do dinheiro.

Crédito: Nito/Shutterstock.

A Política Expansiva se fundamenta no aumento da oferta de moeda.


Com mais dinheiro no mercado, ocorre também a queda da taxa de juros e a

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elevação dos investimentos. Quando se tem uma economia recessiva, ou seja,
com baixo consumo, o que termina por provocar uma estagnação do setor
produtivo, a autoridade econômica, valendo-se do sistema financeiro, injeta
dinheiro no mercado, utilizando para tanto as ferramentas de que dispõe, como
redução de compulsório e resgate de títulos públicos.
O Governo tem na taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação em
Custódia) a arma para regular a taxa de juros praticada pelo mercado e a
inflação. Vamos entender uma coisa: não é a taxa SELIC que vai estabelecer os
juros cobrados no seu crédito pessoal, até porque nunca vemos um banco
cobrar juros no crédito direto do consumidor, a taxa de 5,25% a.a., que é a taxa
SELIC praticada atualmente (reunião do COPOM de 10/08/2021). A finalidade
básica da SELIC é rentabilizar os títulos públicos e servir de referência para os
Bancos Privados, quando estes recorrem a outros Bancos e contraem
empréstimos visando zerar sua conta reserva no Banco Central. Por que então
se alardeia que é a Taxa Básica da economia? Acompanhe o raciocínio e irá
entender.
Todos os dias após o movimento de compensação de cheques e outros
papéis, os Bancos são obrigados a fechar no positivo a conta que mantêm junto
ao Banco Central do Brasil, evitando, assim, o chamado risco sistêmico, ou seja,
risco de um deles quebrar. Como essa conta pode ficar no vermelho? Se um
banco recebe mais cheques contra si, refletindo em pessoas sacando suas
economias daquele banco, em vez de enviar cheques contra os demais, terá
mais saques do que depósitos e, consequentemente, um resultado negativo.
Para modificar esse quadro de insolvência, terá duas maneiras: vender títulos
públicos ou tomar empréstimo de outro banco que tenha dinheiro sobrando na
sua reserva.
É aí que entra a taxa SELIC como referência de Taxa Básica. Ao contrair
o empréstimo, o banco emite um título chamado de CDI (Certificado de Depósito
Interbancário ou Interfinanceiro), sendo a SELIC o juro que irá rentabilizar o
credor, ou seja, quem concedeu o empréstimo. Ora, como o dinheiro do banco
tem sua origem em captação de recursos junto ao público, ou seja, exerce o
papel de intermediação financeira, ele precisa repassar o que capta para quem
precisa de capital. Se para tomar emprestado de outro banco está pagando taxa
alta, ele naturalmente repassa esse custo na taxa do empréstimo que concede
ao público em geral. Obviamente que outros fatores irão pesar nos juros

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cobrados, ou no seu spread, já que o Banco irá levar em consideração o custo
de captação, inadimplência, custo operacional etc. Entendeu por que a
denominação da Taxa Básica?
Como o Brasil adotou em 1999 o sistema de metas de Inflação para fazer
cumprir a faixa preestabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), o
Banco Central procura encarecer ou baratear o dinheiro que circula na economia
conforme já detalhamos anteriormente.
O COPOM (Comitê de Política Monetária), órgão formado pelos membros
da Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil, reúne-se a cada 45 (quarenta
e cinco) dias para estabelecer a taxa básica SELIC, visando, assim, cumprir as
metas para a inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional. O
comportamento da economia fundamentada em diversos indicadores é que irá
dizer se a taxa para os próximos quarenta e cinco (45) dias permanecerá a
mesma, se será reduzida ou corrigida. Veremos este tema de forma mais
detalhada na sequência.

Saiba mais
Confira no link a seguir um vídeo que mostra as ações do Banco Central
por meio da Política Monetária para combater a inflação. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=LiUOk90e710>. Acesso em: 7 dez. 2021.

TEMA 3 – A POLÍTICA FISCAL

Quando nos referimos à Política Fiscal, estamos nos concentrando nas


origens dos recursos e, consequentemente, no Orçamento do Governo. São os
meios por meio dos quais o governo arrecada receita e realiza despesas,
visando cumprir três funções básicas: a estabilização macroeconômica, cujo
foco é conter a inflação; a redistribuição de renda, que visa corrigir a
desigualdade social e econômica, já que o Brasil da atualidade é um dos Países
recordistas em desigualdade; e alocação de recursos, que busca atender à
demanda da população por saúde, educação, habitação etc. Devemos entender
que a principal fonte de receita do governo são os impostos, que são
classificados como diretos e indiretos. Os tributos diretos são aqueles que
incidem diretamente sobre a renda, no caso o IRPF e IRPJ. Por sua vez, o
indireto incide sobre o consumidor, portanto, tem que ocorrer o consumo para
existir a arrecadação. É o caso do ISS, ICMS, PIS e Confins.

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De acordo com o art. 164 da Constituição Federal, não pode o Banco
Central financiar o tesouro com recursos próprios, então, busca capitalizar o
governo negociando títulos públicos federais no mercado financeiro.
Assim, o governo consegue arrecadar recursos, bem como enxugar ou
irrigar o mercado de dinheiro. Ao vender títulos públicos, naturalmente, o Banco
Central retira dinheiro de circulação, pois dá o título ao investidor ficando com o
dinheiro, reduzindo, assim, o montante circulante. Ao comprar o título de volta,
coloca dinheiro em circulação no mercado financeiro, reduzindo a dívida pública.
O governo vive um eterno dilema de arrecadar mais do que gasta, porém, não
pode deixar de gastar, já que precisa estimular a economia. Quando a
arrecadação via impostos não é suficiente, o governo se endivida emitindo títulos
públicos e ofertando-os no mercado financeiro.
Dentro da política macroeconômica, se o foco for a redução da inflação,
as ações de política fiscal são a diminuição do gasto público ou o aumento da
carga tributária, inibindo o consumo e o investimento. Por outro lado, se o foco
for maior crescimento e geração de emprego, a política fiscal seria a de
estimular a demanda agregada, e, para tanto, as medidas seriam de redução da
carga tributária, da taxa de juros e maior volume de dinheiro circulando na
economia. O Brasil tem a segunda maior carga tributária da América Latina,
correspondendo a 32% do PIB.
Observamos o resultado das contas do Governo quando olhamos para
seu orçamento e deduzimos a receita primária das despesas primárias. Esta
conta demonstrará se temos um Orçamento Equilibrado, Superavitário ou
Deficitário. Esse caixa pode se apresentar com Superávit ou Déficit primário ou
fiscal, resultado alcançado quando a receita do governo é superior ou inferior
aos seus gastos, independentemente dos juros e da correção da dívida passada.
Déficit operacional é o resultado do cálculo primário acrescido do pagamento
dos juros da dívida passada. As ações no contexto da política fiscal estarão
voltadas para esse resultado, já que o orçamento é o raio x da situação do caixa
do governo.
Vamos entender melhor esse tal de Déficit Fiscal.
O cálculo é simples: o governo arrecada dinheiro por meio dos impostos.
Com o saldo em caixa resultante dessa arrecadação, ele deduz suas despesas
primárias, como as despesas com funcionários, água, energia, comunicação,
propaganda e demais infraestruturas necessárias para fazer a máquina

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governamental andando. Após essas contabilizações, se faltar dinheiro, tem-se
um Déficit Fiscal, e para cobrir esse déficit, dispõe-se de algumas alternativas:
aumentar impostos, emitir moeda ou se endividar emitindo títulos públicos.
Já o Déficit Secundário, também conhecido como resultado fiscal nominal,
é quando após contabilizar receitas primárias e despesas primárias, apura-se o
resultado e se faz o acréscimo dos juros que o governo deve pagar, juros esses
relativos aos títulos públicos nas mãos de terceiros. Se faltar dinheiro, teremos
então um Déficit Secundário. Para o financiamento do Déficit Público, dispõe o
governo de duas ferramentas para se autofinanciar, que é: por meio da emissão
de moeda ou colocação de títulos públicos no mercado. Não podemos afirmar
que exista uma regra padrão que estabeleça qual é o remédio mais apropriado,
pois tudo irá depender de como se apresenta a economia, em que pese as duas
situações apresentarem vantagens e desvantagens.
O financiamento visa à gestão responsável da Política Fiscal e a redução
da nossa dívida pública em relação ao percentual do PIB (Produto Interno
Bruto,) que reflete toda a riqueza produzida dentro do território nacional em
determinado período de tempo. Ele tem por finalidade a Política Fiscal, a
geração de emprego, o aumento dos investimentos públicos e a ampliação da
seguridade social, visando à redução da pobreza e da desigualdade social.

Saiba mais
No vídeo a seguir você poderá extrair mais informações sobre o tema.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=UV8BLoiZrHI>. Acesso em:
7 dez. 2021.

TEMA 4 – A POLÍTICA CAMBIAL

Para melhor entendermos a Política Cambial, é importante conhecermos


dois conceitos importantes. O primeiro deles é o que denominamos de taxa de
câmbio, que é a medida de conversão de uma moeda em outra moeda ou o
custo de uma moeda em relação à outra = R$/US$. Quanto de reais eu preciso
para adquirir um dólar, por exemplo? A taxa de câmbio tem uma importância
relevante na economia de um País, pois afeta as transações de comércio
externo, a inflação, a produção etc. O segundo é que quando nos referimos à
Política de Comércio Exterior de um País, nos referimos às decisões do
Governo que normatizam as entradas e saídas de divisas (moeda) do País no

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que tange às transações comerciais, tarifas de importação, exportação,
incentivos etc.
Em síntese, a Política Cambial trata do controle do Governo sobre a taxa
de câmbio. A Política Comercial se concentra nos instrumentos de incentivo às
exportações ou estímulo ou desestimulo às importações.
As transações de um País com os demais países do mundo refletem o
resultado da sua balança de pagamentos e a política cambial, trabalhando para
manter em equilíbrio os dois componentes básicos da balança, que são: a conta
corrente e a conta capital financeiro. Na conta corrente, são contabilizadas as
entradas e saídas relativas ao comércio de bens e serviços, além dos
pagamentos e transferências. Já na conta capital financeiro se contabiliza os
empréstimos do FMI e contas atrasadas de débitos vencidos no exterior. Temos,
ainda, dentro da balança de pagamentos a Balança Comercial, que reflete as
importações e exportações brasileiras. A taxa de câmbio de um País pode ser
fixa, flutuante ou híbrida. Nos regimes flutuantes, o preço é determinado pela
lei da oferta e da procura, não ocorrendo interferências dos Bancos Centrais. No
regime de câmbio fixo, muito comum nos países socialistas, o Banco Central
realiza a compra e a venda de toda oferta ou demanda, evitando, assim,
variações. No regime híbrido, temos uma mistura de câmbio fixo e flutuante e
observamos uma atuação do Banco Central, porém, não tão efetiva como ocorre
com a política de câmbio fixo.
No Brasil, adotou-se o modelo de câmbio flutuante, ou seja, o preço é
estabelecido pelo mercado. Por adotar este modelo, o governo não pode intervir
de forma direta na taxa de câmbio. Quando o volume de moeda estrangeira
estiver menor dentro do Brasil, o governo estimula as exportações e desestimula
as importações. Quando ocorre um aumento relativo de moeda estrangeira
gerando sua desvalorização, o governo procura estimular as importações,
estabelecendo, assim, um equilíbrio. Você poderia perguntar: qual o interesse
que tem o Brasil em valorizar uma moeda estrangeira dentro do país? A
resposta é simples: atrair investidores, tornar o ambiente mais propício para os
exportadores que são os geradores de empregos e riquezas dentro do Brasil,
aumentar suas reservas em moeda estrangeira para fazer frente aos
compromissos internacionais etc.

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A balança de pagamentos de um país pode apresentar déficit ou
superávit. Um resultado deficitário reflete a entrada de divisas inferior à saída, e,
nesse caso, temos a exportação de bens e serviços menor que a importação.
Outra situação resulta do desequilíbrio financeiro, em que o país não
consegue atrair dólares na quantidade necessária para pagar suas contas em
moeda estrangeira.

Crédito: Nopadol Jitnarin/Shutterstock.

Quando ocorre o aumento do preço do dólar motivado por demanda,


podemos afirmar que houve uma desvalorização do Real. Por outro lado, se a
cotação cai motivada pela oferta de dólares, ocorre uma valorização do Real e,
consequentemente, você precisará de menos Reais para comprar a mesma
quantidade de dólares.
O segundo fator é o superávit, que pode ocorrer pelo aumento das
exportações em relação às importações, sendo causado pelo lado financeiro,
quando se consegue atrair recursos externos suficientes para pagar as contas
em dólar.
É importante destacar que além da taxa de câmbio corriqueira, que reflete
o preço da moeda estrangeira em relação à moeda local, temos a Taxa de
Câmbio PTAX, que é a informação oficial sobre a cotação das moedas
estrangeiras no Brasil, sendo o Sisbacen (Sistema de Informação do Banco

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Central) o sistema por meio do qual as Instituições Financeiras conversam com
o Banco Central e podem consultar o PTAX de todas as moedas. Por ser o dólar
a moeda mais negociada no país, quando falamos de PTAX, logo o
relacionamos à moeda americana. O PTAX é definido por meio da média
ponderada das negociações ocorridas com a moeda estrangeira no decorrer do
dia.
Exemplo: vamos supor que, no decorrer do dia, é fechada uma operação
de câmbio entre duas instituições no valor de US$ 12 milhões de dólares à
cotação de R$ 5,00 reais. No mesmo dia, é fechado outro negócio de US$ 18
milhões de dólares a R$ 5,20 reais. A taxa PTAX será a média ponderada das
duas transações, ou seja, R$ 5,120.
Acompanhe o cálculo.

(US$ 12 milhões x R$ 5,00) + (US$ 18 Milhões x R$ 5,20)


PTAX = = R$ 5,120
US$ 12 Milhões + US$ 18 Milhões
É importante destacar que a taxa PTAX irá refletir a média das taxas de
compra e venda da moeda estrangeira praticada pelas Instituições Financeiras.
Como manter as contas externas equilibradas e combater a inflação? Este
dilema tem provocado um grande debate em torno de se saber qual é a taxa de
câmbio adequada. A busca do equilíbrio não é fácil e irá depender muito do
objetivo que foi traçado pela Política Econômica.
Em síntese, ratificamos a importância de uma Política Cambial
responsável, dada a sua relevância no contexto macroeconômico de um país,
exercendo forte influência sobre a inflação, já que não devemos ter uma moeda
estrangeira muito valorizada e nem muito desvalorizada, tendo em vista seu
peso nas exportações, importações e nas reservas cambiais do país.

Saiba mais
Veja o mercado do dólar e suas variáveis no link a seguir. Disponível em:
<https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/12/17/dolar-comercial-e-
turismo-onde-comprar-vender-precos-cotacao-dicas-iof.htm>. Acesso em: 7 dez.
2021.

TEMA 5 – A POLÍTICA CREDITÍCIA E DE RENDAS

Quando nos referimos à política creditícia, estamos dando foco às


diversas ferramentas existentes no âmbito do Governo ou da iniciativa privada
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(Bancos), visando ao acesso ao crédito, fator de suma importância para girar a
economia, quer seja no campo empresarial, quer seja nas condições
estabelecidas para que pessoas possam adquirir bens de consumo.
Paralelamente, o crédito está intrinsecamente relacionado à política de rendas,
enquadrado em categoria própria de políticas econômicas.
Sem uma eficiente política de rendas que prestigie e remunere
condignamente o trabalho, há de se convir que nenhuma política creditícia
poderá obter o êxito almejado, posto que a indústria só produz, o comércio só
vende e, consequentemente, só existirá mercado de trabalho quando existir
remuneração e políticas que prestigiem o consumo e o endividamento
responsável. Dentro desse embate por políticas efetivas que prestigiem as
melhores condições de crédito e o seu incremento, terão pela frente os gestores
da política econômica a inflação como a grande vilã das medidas implantadas.
Sem uma produção que procure atingir a demanda e, consequentemente, evite a
escassez de produtos, as políticas terão pouca ou nenhuma serventia em um
comércio estagnado. A redução do volume de dinheiro em circulação e o
aumento da taxa básica de juros são inibidores do consumo por elevarem o
custo ao se contrair um empréstimo, quer seja na ponta da produção, quer seja
no consumo. Compulsório alto (iremos falar em capítulo específico) retém nos
cofres do Banco Central o dinheiro que estaria circulando na economia por um
custo menor.
Na Política Creditícia, observamos o governo de um lado com seus
instrumentos e, do outro lado, os Bancos com suas regras buscando repassar
com o menor risco possível a captação feita junto a clientela, com spreads que
refletem na maioria das vezes a conjuntura da economia e as oportunidades que
se apresentam.
Durante a pandemia do Covid-19, foi possível verificar por parte do
governo diversas ações visando manter a capacidade de crédito das empresas e
pessoas físicas:

a) Transferência de recursos via auxílio para as pessoas mais pobres;


b) Crédito de capital de giro com taxas subsidiadas para manutenção do
caixa das empresas;
c) Redução de jornada de trabalho sem perda salarial;
d) Condição especial no pagamento de impostos e renegociação de
atrasados sem juros e prazos dilatados;

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e) Ampliação do sistema de saúde;
f) Ajuda a estados e municípios visando à melhor gestão etc.

Na Política de Rendas, a figura do governo é no sentido de estabelecer e


garantir um salário mínimo, sinalizando para o mercado sua expectativa em
relação a um salário digno que deve remunerar o trabalhador pela sua mão de
obra. É importante destacar que como a palavra sugere, é o “mínimo”, portanto,
é um ponto de referência, podendo, no entanto, cada estado da federação
estabelecer o seu mínimo regional, dentro da realidade de cada um.
Não é de interesse dos governos interferir em preços ou salário, sendo,
portanto, uma função de mercado. Além do salário mínimo, enquadra-se na
Política de Rendas o bolsa família, moradia popular etc. Salientamos que o
salário real é extremamente dependente do comportamento da inflação e do
crescimento da economia comparativamente às políticas salariais propriamente
ditas.
A inter-relação entre as políticas no âmbito econômico nos obriga a refletir
sobre ações envolvendo, por exemplo, a política fiscal, que se não for muito bem
analisada, trará consequências danosas à política monetária, cambial, creditícia
de rendas etc. Portanto, não dá para analisar uma sem levar em consideração a
análise do todo. A importância do conhecimento sobre esses temas que se
propõem a atuar no mercado, quer seja financeiro ou empresarial, dará o
embasamento necessário quando da análise de cenários, direcionando, assim,
suas ações para a melhor decisão em um mundo dinâmico em que diariamente
os gestores são desafiados a colocarem em prática os conhecimentos
adquiridos em prol dos negócios para os quais são remunerados.

Saiba mais
Veja no link a explicação do Presidente do Banco Central sobre ajuste
fiscal e reformas. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/noticias/557685-
investidor-privado-ainda-espera-ajuste-fiscal-e-reformas-avalia-presidente-do-
banco-central/>. Acesso em: 7 dez. 2021.

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REFERÊNCIAS

CLETO, C. Coleção Gestão Empresarial FAE Business School. Curitiba:


Editora Gazeta do Povo, 2002.

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