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A alta taxa básica de juros brasileira e sua relação com a inflação.

Andrey Lopes Costa e Paulo Roberto Gaspar de Sousa Santos

Bacharelandos em Direito pela Universidade Federal do Ceará

Resumo:

Neste presente artigo, é feita um breve resgate das definições de taxa básica de
juros e de inflação é relacionado de forma técnica afim de buscar compreender e lançar luz
sobre um problema antigo no Brasil que é a alaga taxa de juros. Desde o Plano Real que o
Brasil convive com altas taxas da Selic, mas que no passado, logo após o Plano Real, fazia
sentido, mas contemporaneamente já não se justifica mais. O Brasil prática taxas muito
superiores aos seus pares internacionais e sempre uma das justificativas apresentadas é a o
risco da inflação, o aumento da inflação. Neste artigo, buscou-se mostrar de forma sucinta é
clara porque não faz sentido se apoiar em tal narrativa de que a inflação clama por uma taxa
de juros maior.

Palavras-chaves: alta, juros, Brasil, economia.

Introdução:

Desde o início dos anos 2000 para os dias atuais o Brasil pratica altas taxas de
juros que possuem impacto direto na população, pois uma vez que a taxa selic (outro nome
para taxa básica de juros) aumenta as instituições financeiras aumentam, também, a taxa de
juros praticada com seus clientes. A taxa Selic é nesse sentido uma ferramenta usada pelo
Banco Central para controlar a inflação e além disso também é um mecanismo usado para
outros problemas brasileiros, tais como atrair capital estrangeiro, aumentar a poupança
pública, reduzir déficit em conta corrente. No entanto, as taxas que o Brasil pratica não são
reproduzidas em nenhum outro lugar do mundo, isso significa dizer que para além de
controlar a inflação existe um outro fator que influencia a Selic e este fator não é técnico, isto
é: o rentismo. Desde o começo da década de 1990, o Banco Central tem sido “capturado” por
aqueles que vivem de aplicação financeira, os rentistas, que são os únicos que de fato ganham
com juros tão altos, pois veem suas aplicações valerem mais. Nesse sentido, é fundamental
que a produção de conteúdo que trate de elucidar essas questões econômicas que são tão
caras ao país e que impactam diretamente na vida cotidiana da população.

Neste presente artigo, buscou-se fazer uma análise da principal justificativa usada
por alguns economistas e pelo próprio banco central para justificar a alta taxa de juros
praticada no Brasil que é a inflação, além de, elucidar qual o verdadeiro impacto das elevadas
taxas de juros no Brasil e o porquê de não surtirem o efeito esperado.

1. O que é a taxa básica de juros ?

A Selic é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de


política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. Ela influencia
todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e
das aplicações financeiras.¹ Criada em 1979 pelo Banco Central em parceria com a Andima(
Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto) a Selic, Sistema Especial de
Liquidação e Custódia, surge com o propósito de torna mais seguro e transparente a
negociação de títulos públicos, anos mais tarde em 1999 a selic passa a ser a única taxa a
indicar todos os juros da economia, passa assim a ser conhecida como taxa referencial selic,
nesse aspecto, a taxa selic atual como um teto/limite para os bancos no pagamento de juros
nos depósitos a prazo.

Dessa forma, a Selic é uma infraestrutura do mercado financeiro, gerido pelo


Banco Central, de compra e venda de títulos públicos federais com compromisso de um dia
útil. Em tempo real o Selic transfere transfere o título para o comprador e determina o crédito
na conta do vendedor, o BC (Banco Central) atual nesse sentido como um gestor de forma a
garantir que as operações feitas entre instituições financeiras com prazo de um dia útil (IF’s)
mantenha uma média de taxa próxima a definida pelo Copom (Comitê de Política
Monetária); o Copom por sua vez estabelece a meta da taxa selic de forma a assegurar a
estabilidade dos preços.

A alteração da taxa básica de juros dar-se-á sempre que o Copom julgar, por meio
de critérios técnicos, ser necessário, o grupo, que é composto pelos presidentes e diretores do
Banco Central, além de agentes ligados ao departamento de economia direta ou
indiretamente. O comitê reúne-se oito vezes ao ano, cada encontro dura dois dias e ocorre
com um intervalo de quarenta e cinco dias de um encontro para o outro. Nesses encontros a
equipe delibera sobre a alteração ou não da taxa de juros e emite sempre um ata das reuniões,
este é um dos momentos mais aguardados pelos investidores brasileiros, pois influencia
significativamente as perspectivas futuras.

2. Correlação entre inflação e taxa básica de juros.

Por inflação, entende-se o aumento do preço de bens e serviços. Ela implica


diminuição do poder de compra da moeda. A inflação é medida pelos índices de
preços. O Brasil tem vários índices de preços.² Nesse aspecto, a inflação representa
um risco significativo para a economia de um país, por isso é importante ter
mecanismos de combate a esse aumento significativo dos preços.

O remédio mais usado para combater a inflação no Brasil é o aumento da taxa básica
de juros (Selic) pelo Banco Central. De acordo, com o economista Henrique Meirelles
o aumento da taxa de juros por parte do Banco Central é medida necessária para
combater a inflação, uma vez que ela continua acima da meta. A decisão de aumentar
a taxa básica de juros se dá pelo fato de que uma vez aumentando a Selic isso geraria
de imediato um aumento em todos os outros tipos de juros e desestimularia o
consumo, pois as pessoas passam a ser desestimuladas a comprar bens de consumo
duráveis, por exemplo, e isso faz com que não haja uma pressão para que os preços
subam, mas mantenham-se os mesmos. Um outro argumento é de que o aumento da
Selic atrairia investimento financeiro estrangeiro a fim de diminuir a cotação do dólar.
Embora esse seja o argumento mais usado pelos ditos “economistas do mercado", que
seriam aqueles economistas que atuam em grandes bancos e financeiras e que,
portanto, estariam sendo porta-vozes do mercado financeiro, não é válido na medida
em que não se aplica ao atual cenário brasileiro. Pois taxas de juros nominais mais
altas, no longo prazo, resultam em inflação mais alta (Cochrane, 2016, p. 117). Ou
seja, inverte-se a relação clássica entre juros e inflação, pois se o Banco Central
aumenta a taxa de juros a inflação aumenta e, de forma contrária, se o Banco Central
diminui a taxa de juros a inflação também diminui.

Acontece que, quando o BC determina que a taxa de juros ficará fixada em


determinado nível por um longo período de tempo a taxa de inflação de equilíbrio é
igual à taxa nominal determinada pelo BC menos a taxa de retorno real da economia,
dessa maneira ocorre aquilo que foi supracitado a inflação acompanhará a taxa de
juros se ela subir ou descer.

Cochrane chegou a conclusão de que o modelo de macroeconomia de referência unido


a Teoria de Fiscal do Nível de preços de Christopher Sims permite explicar
logicamente que o aumento da taxa de juros no curto prazo diminui a inflação, mas no
longo prazo o efeito seja o contrário

De acordo com Resende (2017, p. 68),


O resultado é surpreendente e paradoxal, pois a taxa de juros tem efetivamente uma
relação inversa com a demanda agregada. Juros mais altos reduzem a demanda e
devem moderar a inflação. Aceitando-se o modelo de referência e a hipótese de
expectativas racionais, não há como escapar da conclusão: a inflação de equilíbrio
acompanha o nível da taxa nominal de juros fixado pelo Banco Central. Quanto
mais alta a taxa de juros, mais alta a inflação.

Nessa ótica, fica evidente que o Brasil não precisa de taxa de juros altas, pois seus
efeitos são deletérios à economia e só beneficia aqueles que vivem de renda, os
rentistas; não os investidores, mas os rentistas, pois eles não aplicam seu dinheiro na
indústria ou em negócios para o desenvolvimento do país, mas são homens e mulheres
muito ricos que vivem da renda de suas aplicações.

Considerações finais

Ao longo de todo trabalho ficou claro e simples de perceber por qual razão o aumento
da taxa de juros no Brasil não é uma decisão acertada, isso tudo com base em estudos
recentes e em resultados práticos que destoam daquilo que foi durante décadas
ensinado nas escolas de economia como verdade absoluta, mas não verdade só se
sustentam no plano teórico das ideias.

Dessa maneira, vê-se que o Brasil não precisa ter sua economia desaquecida com
juros tão altos enquanto seus pares ao redor do mundo não praticam tais taxas, além
de um dos pés de seu tripé ter perdido sustentação teórica e não encontrar respaldo na
prática o brasileiro vê seu poder de compra cair, percebe-se confuso com o
emaranhado de informações infundadas de “especialistas” e grande parte da mídia
camuflar a realidade dos fatos.

REFERÊNCIAS

1. Taxa Selic. Bcb.gov.br. Disponível em:


https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/taxaselic Acesso em: 06/05/2023
2. O que é inflação. Bcb.gov.br. Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/oqueinflacao Acesso em: 06/05/2023
RESENDE, André Lara; Juros, moeda e ortodoxia: Teoria monetária e
controvérsias políticas. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2017.
Cochrane; Michelson-Morley, Occam and Fisher: The Radical
Implications of Stable Inflation at Near-Zero Interest Rates (Hoover Institution,
Universidade de Stanford, 2016).

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