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INTRODUÇÃO

A formação dos juros no Brasil é um tema que sempre gera discussões e


controvérsias. Desde a década de 1990, o país passou por diversas mudanças econômicas
e políticas que influenciaram a estrutura do mercado financeiro e, consequentemente, a
formação das taxas de juros praticadas no país. Embora os juros sejam um importante
mecanismo econômico para controlar a inflação, incentivar ou desestimular o consumo e
gerenciar a oferta e demanda de crédito, as taxas de juros no Brasil estão entre as mais
elevadas do mundo, prejudicando o acesso ao crédito e o crescimento econômico.
O spread bancário, diferença entre a taxa de juros que os bancos pagam para captar
recursos e a taxa de juros que eles cobram para conceder empréstimos, é um dos principais
fatores que influenciam a formação dos juros no país. O spread bancário no Brasil é alto, e
isso tem gerado preocupações entre consumidores, empresários e especialistas em
finanças. A inadimplência também tem impacto direto na formação do spread bancário, uma
vez que a não quitação de dívidas pelos devedores aumenta o risco de crédito para os
bancos, podendo refletir no aumento do spread bancário.
Nesse sentido, este artigo tem como objetivo analisar a relação entre a formação de
juros no Brasil e a inadimplência como fator de aumento do spread bancário. Serão
abordados conceitos sobre a formação dos juros e do spread bancário, bem como os
fatores que influenciam a sua formação. Será discutido o conceito de inadimplência, sua
relação com o risco de crédito e o impacto na formação do spread bancário.
A partir da análise de dados e estatísticas sobre a inadimplência no Brasil, bem
como sobre as taxas de juros e spread bancário, serão apresentadas possíveis soluções
para a redução do spread bancário, como políticas públicas e regulação, educação
financeira e alternativas de crédito. Com este artigo, espera-se contribuir para o debate
sobre a formação dos juros no Brasil e suas consequências para a economia do país. A
compreensão dos fatores que influenciam a formação dos juros e do spread bancário, bem
como a relação com a inadimplência, é fundamental para a implementação de políticas
públicas e regulatórias que possam contribuir para a redução das taxas de juros e para o
acesso ao crédito para a população brasileira.

FORMAÇÃO DE JUROS NO BRASIL

O CONCEITO DE JUROS

Os juros são um dos conceitos mais importantes na economia e nas finanças.


Segundo Vasconcellos e Garcia (2018), os juros são a remuneração pelo uso de dinheiro
emprestado, ou seja, é uma forma de compensar quem empresta dinheiro pelo tempo que o
dinheiro fica emprestado.
Os juros podem ser calculados de diversas formas, mas a mais comum é a taxa de
juros ao ano. Essa taxa representa a remuneração que será paga ao credor pelo uso do
dinheiro emprestado, e pode ser expressa de forma nominal ou real. A taxa nominal é a
taxa de juros sem ajuste pela inflação, enquanto a taxa real é a taxa nominal ajustada pela
inflação (Vasconcellos e Garcia, 2018).
Além disso, os juros podem ser simples ou compostos. No caso dos juros simples, a
taxa de juros é aplicada apenas ao valor inicial do empréstimo, enquanto no caso dos juros
compostos, a taxa de juros é aplicada ao valor inicial mais os juros acumulados em
períodos anteriores (Borges e Bagnoli, 2015).
Vale ressaltar que os juros podem ser cobrados em diversas operações financeiras,
tais como empréstimos, financiamentos, cartão de crédito, entre outras. Cada tipo de
operação financeira tem sua própria taxa de juros, que é definida de acordo com os riscos
envolvidos na operação, a expectativa de lucro do credor e as condições do mercado
financeiro (Borges e Bagnoli, 2015).
No Brasil, a taxa de juros é definida pelo Banco Central, que utiliza a taxa básica de
juros (Selic) como referência para as demais taxas de juros praticadas no mercado. A Selic
é uma taxa de juros que o Banco Central utiliza para controlar a inflação e as oscilações da
economia (Borges e Bagnoli, 2015).
Em resumo, os juros são a remuneração pelo uso do dinheiro emprestado e podem
ser calculados de diversas formas, sendo a taxa de juros ao ano a mais comum. É
importante entender as diferenças entre taxa nominal e real, juros simples e compostos,
além de conhecer os fatores que influenciam a formação das taxas de juros no Brasil.

FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS NO BRASIL E FATORES QUE A INFLUENCIAM

A formação dos juros no Brasil é um tema complexo e influenciado por diversos


fatores. Em linhas gerais, a taxa de juros é definida pelo mercado financeiro a partir da
oferta e da demanda por crédito e pela política monetária do Banco Central. Entretanto, a
realidade é mais complexa e existem outros fatores que influenciam diretamente a formação
dos juros no país.
Um dos principais fatores que influenciam a formação dos juros no Brasil é a
inflação. De acordo com a teoria econômica, quanto maior a inflação, maior tende a ser a
taxa de juros, já que os credores precisam se proteger da perda de valor da moeda ao
longo do tempo. Por isso, o controle da inflação é fundamental para a manutenção de juros
baixos e estáveis.
Além da inflação, outros fatores que influenciam a formação dos juros no Brasil são
a taxa básica de juros (Selic), as condições macroeconômicas do país, as expectativas do
mercado e a concorrência entre os bancos. A Selic é a taxa utilizada pelo Banco Central
para controlar a inflação e, por isso, tem um impacto direto na formação dos juros
praticados pelos bancos. Quanto maior a Selic, maior tende a ser a taxa de juros cobrada
pelos bancos.
As condições macroeconômicas do país também influenciam diretamente a
formação dos juros. Em momentos de crise econômica, por exemplo, é comum que as
taxas de juros subam, já que os bancos tendem a reduzir a oferta de crédito e a aumentar a
rentabilidade das suas operações. Por outro lado, em momentos de crescimento
econômico, as taxas de juros tendem a cair, já que os bancos competem por uma fatia
maior do mercado de crédito.
As expectativas do mercado também têm um papel importante na formação dos
juros no Brasil. Se os agentes econômicos acreditam que a inflação vai subir no futuro, por
exemplo, é comum que as taxas de juros também subam, já que os bancos precisam se
proteger da perda de valor da moeda no longo prazo. Por outro lado, se as expectativas de
inflação são baixas, as taxas de juros tendem a cair.
Por fim, a concorrência entre os bancos também influencia a formação dos juros no
Brasil. Em um mercado mais competitivo, é comum que as taxas de juros sejam mais
baixas, já que os bancos precisam oferecer melhores condições para atrair clientes. Por
outro lado, em um mercado mais concentrado, os bancos têm mais poder de mercado e
podem cobrar taxas de juros mais elevadas.
A formação das taxas de juros no Brasil é complexa e influenciada por diversos
fatores econômicos, políticos e sociais. Segundo o livro "Juros Mais Baixos Já: Entenda o
porquê e o que fazer", publicado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a taxa de
juros no país é definida pela taxa Selic, estabelecida pelo Comitê de Política Monetária
(Copom) do Banco Central do Brasil (BCB).
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, que serve como referência
para as demais taxas praticadas no mercado financeiro. Ela é definida pelo Copom a cada
45 dias, com base em análises das condições econômicas do país, incluindo a inflação, a
atividade econômica, o cenário internacional, entre outros fatores.
Além da Selic, a formação dos juros no Brasil também é influenciada pelas taxas de
juros de longo prazo, como a taxa de juros de mercado (TJM), que é a média ponderada
das taxas de juros praticadas pelos bancos em empréstimos de longo prazo, e a taxa de
juros de longo prazo do mercado externo.
Outro fator importante na formação dos juros no Brasil é a estrutura de mercado. De
acordo com o Banco Central do Brasil, o mercado financeiro brasileiro é caracterizado por
uma alta concentração bancária, o que limita a concorrência entre as instituições financeiras
e, consequentemente, pode influenciar o comportamento das taxas de juros.
O mercado financeiro também é influenciado pelo comportamento dos agentes
econômicos, como empresas, famílias e governo. Por exemplo, a oferta e a demanda por
crédito podem influenciar as taxas de juros, assim como o grau de risco percebido pelos
agentes econômicos.
Diante desse contexto, a formação dos juros no Brasil é um tema de grande
relevância e que tem impacto direto na economia e na vida das pessoas. É importante
entender os fatores que influenciam as taxas de juros para compreender a dinâmica do
mercado financeiro e tomar decisões financeiras mais conscientes e informadas.
Dentre os diversos fatores que influenciam a formação dos juros no Brasil, a
inadimplência é um dos mais relevantes. A inadimplência representa o risco de crédito para
as instituições financeiras, pois, quando um cliente deixa de pagar suas dívidas, o banco
arca com o prejuízo. Como resultado, as instituições financeiras precisam estabelecer taxas
de juros que reflitam esse risco.
Segundo o Banco Central do Brasil (BCB), "o risco de crédito é o risco de o tomador
do empréstimo não pagar uma obrigação financeira no seu vencimento, decorrente da
possibilidade de insolvência, mora ou inadimplência do tomador ou de eventos externos,
como variações cambiais, de preços e de taxas de juros" (BCB, 2021, p. 176).
Dessa forma, quando o risco de crédito aumenta, as instituições financeiras
aumentam as taxas de juros cobradas para compensar o risco. Consequentemente, a
inadimplência é um fator que pode aumentar os juros praticados no mercado.
Além da inadimplência, outros fatores que influenciam a formação dos juros incluem
a taxa básica de juros, a inflação, a oferta e demanda por crédito, a política fiscal e
monetária do governo, entre outros. Esses fatores interagem de forma complexa, e a
formação dos juros no Brasil é influenciada tanto por fatores internos como externos.
De acordo com o estudo realizado por Fábio Gallo Garcia e Edson Daniel Lopes
Gonçalves (2015), a inadimplência tem um impacto significativo nos juros cobrados no
mercado brasileiro. Os autores afirmam que "a inadimplência eleva o risco e, portanto, a
taxa de juros. (...) O spread bancário é uma importante fonte de receita dos bancos, mas é
fortemente afetado pela inadimplência" (Garcia e Gonçalves, 2015, p. 15).
Outros estudos, como o realizado por Pires e Silva (2017), também destacam o
papel da inadimplência na formação dos juros. Os autores afirmam que "a taxa de juros
cobrada pelos bancos é influenciada, em grande medida, pelo risco de crédito, que se
intensifica em virtude da inadimplência" (Pires e Silva, 2017, p. 1).
Portanto, é possível concluir que a inadimplência é um fator importante que influencia a
formação dos juros no Brasil. As instituições financeiras precisam cobrar taxas de juros que
refletem o risco de crédito, e a inadimplência é um fator que pode aumentar esse risco

SPREAD BANCÁRIO

O spread bancário é um conceito muito importante no mundo financeiro, mas que


pode ser pouco conhecido pelo público em geral. De forma simples, o spread bancário pode
ser definido como a diferença entre a taxa de juros que os bancos pagam para captar
recursos e a taxa de juros que eles cobram para emprestar esses recursos aos clientes. É
importante ressaltar que essa diferença é fundamental para a lucratividade dos bancos, já
que é a principal fonte de receita dessas instituições.
Por exemplo, se um banco captar recursos a uma taxa de 5% ao ano e emprestar
esses recursos a uma taxa de 10% ao ano, o spread bancário nesse caso seria de 5% ao
ano. Ou seja, o banco estaria ganhando uma margem de 5% ao ano em cima dos recursos
que captou.
O spread bancário é importante porque ele afeta diretamente o custo do crédito para
os consumidores e empresas. Quanto maior for o spread bancário, maiores serão as taxas
de juros que os bancos cobrarão pelos empréstimos, o que pode tornar o crédito mais caro
e inacessível para algumas pessoas.
É importante ressaltar que o spread bancário não é fixo e pode variar de acordo com
uma série de fatores, como a oferta e demanda por crédito, a política monetária do país, a
inadimplência dos clientes e a concorrência entre os bancos.
Em resumo, o spread bancário é a diferença entre a taxa de juros que os bancos
pagam para captar recursos e a taxa de juros que eles cobram para emprestar esses
recursos. É um importante indicador da lucratividade dos bancos e afeta diretamente o
custo do crédito para os consumidores e empresas.
O spread bancário é uma das principais fontes de receita dos bancos, que é
composto por diversos elementos que variam de acordo com a instituição financeira. De
maneira geral, o spread bancário é a diferença entre o custo de captação dos recursos
pelos bancos e o valor que eles cobram pelos empréstimos realizados aos clientes. O
spread pode ser definido como a margem de lucro das instituições financeiras, e é um dos
fatores que influenciam os juros praticados no mercado.
A composição do spread bancário é complexa e depende de diversos fatores, tais
como os custos de captação, inadimplência, risco de crédito, margem de lucro, tributos e
outras despesas. De acordo com o livro “Juros Mais Baixos Já: Entenda o porquê e o que
fazer” da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a composição do spread bancário
pode ser dividida em quatro grandes componentes: custo de captação, custo administrativo,
provisão para inadimplência e margem de lucro.
O custo de captação é o custo que o banco tem para captar recursos no mercado,
seja por meio de depósitos, emissão de títulos ou outras fontes. Esse custo é influenciado
pela taxa básica de juros, pela demanda por crédito e por outros fatores econômicos. O
custo administrativo inclui todas as despesas que o banco tem para operar, como salários,
aluguéis, energia elétrica e outros custos fixos.
A provisão para inadimplência é um componente importante na composição do
spread bancário. Trata-se de um valor que os bancos reservam para cobrir eventuais
perdas decorrentes de inadimplência. Segundo o livro da Febraban, a inadimplência é um
fator que influencia diretamente no aumento dos juros, pois quanto maior o risco de não
pagamento, maior a provisão para inadimplência e, consequentemente, maior o spread
bancário.
Por fim, a margem de lucro é a diferença entre o valor que os bancos cobram pelos
empréstimos e o seu custo total, incluindo custos de captação, administrativos e provisão
para inadimplência. Essa margem de lucro é a remuneração do banco pelo risco de
conceder crédito e pelo trabalho de intermediar o processo de empréstimo.
Em resumo, a composição do spread bancário é formada por diversos elementos que
variam de acordo com a instituição financeira. Os principais componentes do spread
bancário incluem o custo de captação, custo administrativo, provisão para inadimplência e
margem de lucro. A inadimplência é um dos fatores que mais influenciam na composição do
spread bancário, pois a provisão para inadimplência é um valor que os bancos reservam
para cobrir eventuais perdas decorrentes de inadimplência e pode impactar diretamente no
aumento dos juros.
O ICC (Indicador de Custo de Crédito) é um importante indicador econômico
utilizado para medir a taxa de juros cobrada pelos bancos para conceder crédito aos seus
clientes. Ele é composto por diversas variáveis que influenciam o custo do crédito no
mercado financeiro.
Uma das variáveis que compõem o ICC é o Custo de Captação dos Recursos, que é
o valor que os bancos pagam para captar dinheiro no mercado. Esse custo é influenciado
por fatores como a taxa básica de juros (Selic), a inflação e a oferta e demanda de recursos.
Outra variável importante é o Custo Administrativo, que inclui os custos fixos e variáveis dos
bancos, como despesas com pessoal, aluguel, luz, água, telefone, entre outros. Esses
custos podem variar de acordo com a estrutura de cada instituição financeira e a região em
que está localizada.
O risco de crédito é outra variável que compõe o ICC, e representa o risco de
inadimplência dos clientes. Quanto maior o risco de um cliente não pagar o empréstimo,
maior será o custo do crédito para o banco. Por isso, as instituições financeiras costumam
avaliar a capacidade de pagamento do cliente antes de conceder um empréstimo ou
financiamento.
Por fim, temos o lucro dos bancos, que é a margem de lucro que as instituições
financeiras desejam obter na concessão de crédito. Esse lucro é calculado com base nas
demais variáveis do ICC, e pode variar de acordo com a política de cada banco e a
concorrência do mercado.
Para ilustrar a composição do ICC, podemos citar um exemplo: suponha que um
banco deseja conceder um empréstimo pessoal de R$ 10.000,00 para um cliente. Para isso,
ele precisará captar recursos no mercado financeiro, o que terá um custo de 8% ao ano.
Além disso, o banco terá custos administrativos de R$ 500,00 e considera um risco de
crédito de 5%. Se a instituição financeira deseja obter uma margem de lucro de 10% nessa
operação, o custo do crédito para o cliente seria de 23,5% ao ano.
É importante ressaltar que o ICC é um indicador utilizado pelos bancos para definir a
taxa de juros cobrada pelos empréstimos e financiamentos, e não é uma taxa fixa ou
regulamentada pelo governo. Por isso, é fundamental que o cliente pesquise e compare as
taxas de juros cobradas por diversas instituições financeiras antes de contratar um crédito,
para garantir as melhores condições.
INADIMPLÊNCIA COMO FATOR DE AUMENTO DO SPREAD BANCÁRIO

A inadimplência é um conceito financeiro que se refere ao atraso no pagamento de


uma dívida. Segundo o Banco Central do Brasil, a inadimplência ocorre quando uma pessoa
física ou jurídica não efetua o pagamento total ou parcial de uma dívida nos prazos
estabelecidos. Essa falta de cumprimento das obrigações financeiras pode ocorrer em
qualquer tipo de contrato, seja ele de crédito, financiamento, empréstimo ou parcelamento
de compras.
A inadimplência pode ser classificada em três tipos, de acordo com o período de
atraso no pagamento da dívida. A primeira é a inadimplência recente, que se caracteriza
pelo atraso de até 90 dias no pagamento. A segunda é a inadimplência recorrente, que
ocorre quando o cliente tem um histórico de atraso no pagamento de suas dívidas. E, por
fim, a inadimplência crônica, que ocorre quando o devedor não tem condições financeiras
de quitar suas dívidas.
A inadimplência é um problema que afeta tanto os devedores quanto os credores.
Para os devedores, os problemas mais comuns são a restrição do crédito, a inclusão em
cadastros de proteção ao crédito, como SPC e Serasa, e a possibilidade de ter seus bens
penhorados. Já para os credores, a inadimplência representa a redução da receita, o
aumento do risco de crédito e a necessidade de provisionar recursos para cobrir possíveis
perdas.
É importante ressaltar que a inadimplência não é um fenômeno exclusivo do Brasil.
Em todo o mundo, empresas e pessoas físicas enfrentam dificuldades para honrar seus
compromissos financeiros, principalmente em períodos de crise econômica.
Portanto, entender o conceito de inadimplência é fundamental para compreender como ela
afeta os mercados financeiros e como pode influenciar na formação dos juros e do spread
bancário. É preciso levar em consideração que o aumento da inadimplência pode levar os
bancos a aumentar suas taxas de juros, como forma de mitigar os riscos e compensar as
perdas com os devedores.

RISCO DE CRÉDITO

O risco de crédito é a possibilidade de uma instituição financeira ou credor sofrer


perdas financeiras devido ao não cumprimento das obrigações financeiras por parte dos
tomadores de empréstimos ou devedores. A inadimplência é um indicador de risco de
crédito e representa o não cumprimento de uma obrigação financeira, como o não
pagamento de uma dívida em sua data de vencimento.
A relação entre a inadimplência e o risco de crédito é direta, pois quanto maior a
taxa de inadimplência, maior é o risco de crédito. Isso ocorre porque a inadimplência afeta a
rentabilidade dos bancos e pode resultar em perdas financeiras significativas.
De acordo com o livro "Juros Mais Baixos Já: Entenda o porquê e o que fazer", publicado
pela Febraban, "a inadimplência afeta diretamente o spread bancário, já que a taxa de
inadimplência é um dos componentes que influenciam a formação do spread" (p. 39). Além
disso, o livro afirma que "a taxa de juros cobrada pelos bancos está diretamente relacionada
ao risco de crédito da operação, ou seja, quanto maior o risco de inadimplência, maior a
taxa de juros cobrada" (p. 39).
O Banco Central do Brasil (BCB) em seu artigo intitulado "Juros e Spread Bancário
no Brasil", afirma que a inadimplência é um dos principais fatores que influenciam o risco de
crédito e, consequentemente, a formação do spread bancário. O artigo destaca que "a alta
taxa de inadimplência no Brasil pode ser explicada pela falta de informação e análise de
crédito, que resulta em uma seleção inadequada de clientes, e pela falta de mecanismos
eficazes de cobrança de dívidas" (p. 2).
É importante destacar que a inadimplência não é o único fator que influencia o risco
de crédito e a formação do spread bancário. Outros fatores, como a taxa básica de juros, a
inflação, a competição no mercado bancário, a concentração bancária, a regulação
governamental, entre outros, também são relevantes.
Em resumo, a inadimplência é um indicador de risco de crédito e afeta diretamente a
rentabilidade das instituições financeiras, incluindo o spread bancário. Portanto, a análise e
gerenciamento da inadimplência é fundamental para a gestão do risco de crédito e para a
formação do spread bancário.

IMPACTO DA INADIMPLÊNCIA A FORMAÇÃO DO SPREAD BANCÁRIO

O spread bancário é um dos principais fatores que afetam a tomada de crédito no


Brasil. Este spread, que representa a diferença entre a taxa de captação dos bancos e a
taxa cobrada pelos empréstimos, é influenciado por diversos fatores, sendo a inadimplência
um dos mais relevantes. Isso ocorre porque a inadimplência representa o risco de crédito
que o banco está exposto ao emprestar dinheiro, e essa exposição ao risco é precificada no
spread bancário. Dessa forma, quanto maior o risco de crédito, maior é a taxa de juros
cobrada. A inadimplência é um risco inerente ao mercado de crédito, já que os bancos
emprestam recursos a seus clientes, assumindo o risco de que esses recursos possam não
ser devolvidos.
O estudo do Banco Central intitulado "Spread bancário no Brasil: evolução e
determinantes", destaca que a inadimplência é um dos principais fatores que influenciam na
variação do spread bancário. Segundo o estudo, em momentos de aumento da
inadimplência, os bancos tendem a aumentar suas taxas de juros para compensar o risco
adicional, o que leva a um aumento do spread bancário.
Dados do Banco Central do Brasil indicam que, em março de 2022, a taxa de
inadimplência do crédito total no país foi de 2,9%. Esse percentual, embora tenha
apresentado uma queda em relação ao mesmo período do ano anterior, ainda é
considerado alto. A alta inadimplência é um dos fatores que contribuem para manter o
spread bancário em patamares elevados.
O aumento da inadimplência gera uma demanda maior por recursos para cobrir os
prejuízos, o que pode impactar no spread bancário. Conforme o relatório "O Mercado de
Crédito no Brasil", divulgado pelo Banco Central em 2021, "os bancos, ao formarem suas
taxas de juros, devem considerar os custos e riscos envolvidos, como, por exemplo, a
inadimplência e o risco de crédito, que podem ter impacto direto no spread bancário".
Dados estatísticos do Banco Central do Brasil confirmam essa relação. Em dezembro de
2021, o spread médio de crédito para pessoas físicas era de 31,8 pontos percentuais,
enquanto o índice de inadimplência (atrasos superiores a 90 dias) no mesmo mês era de
2,7%. Já para empresas, o spread médio era de 15,4 pontos percentuais e o índice de
inadimplência era de 1,4%.
Portanto, é fundamental que as instituições financeiras adotem políticas de crédito
responsáveis e eficientes na gestão do risco de inadimplência, visando a reduzir os custos
dos empréstimos para os consumidores e empresas. A criação de sistemas de avaliação de
risco, com análises detalhadas de cada cliente e do histórico de crédito, é uma das formas
de minimizar os riscos de inadimplência e reduzir o spread bancário. A educação financeira
dos clientes, com a divulgação de informações claras e transparentes sobre as condições
do empréstimo e suas implicações financeiras, também é importante para evitar o
endividamento excessivo e a inadimplência. Além disso, é necessário que as instituições
financeiras ofereçam opções de renegociação de dívidas para os clientes que estejam
passando por dificuldades financeiras, evitando assim que essas dívidas sejam incluídas
em cadastros de inadimplentes e comprometam a situação financeira dos clientes no longo
prazo.

ANÁLISE DE DADOS E ESTATÍSTICAS

De acordo com dados do Banco Central do Brasil (BCB), a inadimplência de


pessoas físicas e jurídicas vem apresentando uma tendência de alta nos últimos anos. Em
dezembro de 2021, a taxa de inadimplência total, que inclui operações de crédito vencidas
há mais de 90 dias, atingiu 3,6% no país, o que representa um aumento em relação a
dezembro de 2020, quando era de 2,7%.
No segmento de financiamento de veículos, a inadimplência também tem se
mostrado preocupante. Em dezembro de 2021, a taxa de inadimplência nesse tipo de
operação era de 4,7%, um aumento em relação a dezembro de 2020, quando era de 4,2%.
O livro "Juros Mais Baixos Já: Entenda o porquê e o que fazer", publicado pela
Federação Brasileira de Bancos (Febraban), ressalta que o aumento da inadimplência pode
ser influenciado por fatores como a recessão econômica, o desemprego e a queda da renda
das famílias. Além disso, o livro destaca que a inadimplência em financiamento de veículos
é afetada pela desvalorização do bem, que pode levar o consumidor a abandonar o veículo
e a não honrar o pagamento das parcelas.
Segundo o BCB, os financiamentos de veículos novos e seminovos apresentaram
taxas de inadimplência de 3,3% e 5,5%, respectivamente, em dezembro de 2021. Esses
números também representam um aumento em relação a dezembro de 2020, quando as
taxas eram de 2,7% e 4,6%, respectivamente.
Os dados evidenciam a importância de as instituições financeiras avaliarem
cuidadosamente o risco de crédito ao concederem empréstimos para a compra de veículos.
Uma análise adequada do perfil do tomador do crédito pode minimizar a probabilidade de
inadimplência.
A inadimplência é um fator que impacta diretamente na formação do spread
bancário no Brasil. Dados e estatísticas apontam que quanto maior a inadimplência, maior é
o spread bancário praticado pelos bancos.
De acordo com o Relatório de Economia Bancária e Crédito divulgado pelo Banco
Central do Brasil em 2020, a taxa de inadimplência no crédito livre para pessoa física
chegou a 4,9% em dezembro de 2019, enquanto a taxa para pessoa jurídica foi de 3,3%.
Isso significa que, de cada 100 operações de crédito, cerca de 5 estavam em atraso. Essa
inadimplência pode levar à elevação do spread bancário, conforme explica o economista
Ricardo José de Almeida Pereira em seu livro "Spread bancário no Brasil: conceitos,
determinantes e relação com a política monetária". Segundo ele, "os bancos podem elevar
o spread para compensar a elevada taxa de inadimplência e, assim, mitigar seus riscos de
crédito".
A relação entre inadimplência e spread bancário também pode ser observada em
setores específicos, como no financiamento de veículos. De acordo com a Federação
Nacional das Associações de Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), a taxa de
inadimplência nesse setor atingiu 4,4% em dezembro de 2020. Esse número é preocupante,
pois, como aponta o relatório "Juros Mais Baixos 2", produzido pela Federação Brasileira de
Bancos (Febraban), o financiamento de veículos é um dos setores que mais contribuem
para o aumento do spread bancário. Segundo o relatório, "o spread médio dos empréstimos
para financiamento de veículos é de cerca de 22%, valor considerado elevado se
comparado a outros países".
A elevada inadimplência nesse setor pode justificar em parte essa taxa de spread
elevada. Como aponta o economista Fábio Kanczuk em seu artigo "The Brazilian Credit
Channel: Separating the Supply and Demand Effects", a "elevada inadimplência em
algumas carteiras de crédito pode levar a um aumento no spread bancário para compensar
os custos de recuperação do crédito inadimplente".
Os dados e estatísticas apresentados confirmam a relação direta entre
inadimplência e spread bancário no Brasil. A elevada taxa de inadimplência em setores
específicos, como o financiamento de veículos, pode contribuir para a manutenção de
spreads elevados pelos bancos, já que esses setores possuem maior risco de crédito.
A inadimplência é um dos principais fatores que influenciam o spread bancário, pois
quanto maior a taxa de inadimplência, maior será o risco de crédito e, consequentemente, o
spread bancário. De acordo com dados do Banco Central do Brasil, em 2021, a taxa de
inadimplência do crédito livre para pessoas físicas chegou a 5,9%, enquanto a taxa de
inadimplência para empresas ficou em 3,3%. Esses números mostram que a inadimplência
ainda é um problema significativo no país.
Além disso, estudos mostram que a inadimplência tem um impacto maior no spread
bancário do que a taxa básica de juros da economia. Segundo pesquisa realizada pela
Febraban, em parceria com a consultoria Economatica, o spread bancário no Brasil é
influenciado em 75% pela inadimplência, enquanto apenas 25% são afetados pela taxa
básica de juros da economia. Ou seja, a inadimplência é responsável pela maior parte da
diferença entre a taxa de captação dos bancos e a taxa de juros cobrada nos empréstimos.
Outro estudo, realizado pelo Banco Central do Brasil, apontou que a relação entre
inadimplência e spread bancário é mais intensa em períodos de crise econômica. Durante a
crise financeira de 2008, por exemplo, o spread bancário no Brasil chegou a atingir 40%,
enquanto a taxa básica de juros estava em torno de 13%. Esse aumento se deu, em grande
parte, devido ao aumento da inadimplência, que elevou o risco de crédito e,
consequentemente, o spread bancário.
Dessa forma, é possível concluir que a inadimplência tem um impacto significativo
no spread bancário no Brasil. Por isso, é importante que as instituições financeiras adotem
medidas para reduzir a taxa de inadimplência, como análise de crédito mais rigorosa,
cobrança mais eficiente e oferta de produtos que se adequem ao perfil dos clientes.
Segundo dados do Banco Central do Brasil, em janeiro de 2023, o spread médio
para pessoas físicas no país era de 44,8%, enquanto para pessoas jurídicas era de 25,9%.
Em comparação, o spread médio dos países da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) era de 2,6% para pessoas físicas e 1,8% para
pessoas jurídicas em dezembro de 2021.
Em um estudo publicado em 2019, o economista Armando Castelar Pinheiro
comparou o comportamento do spread bancário no Brasil com outros países emergentes,
como Chile, Colômbia, México, Peru, Rússia, África do Sul e Turquia. De acordo com o
estudo, o spread bancário no Brasil é mais alto do que a média desses países em todos os
segmentos, incluindo empréstimos para empresas pequenas e médias e financiamento
imobiliário.
Entre os fatores que contribuem para o alto spread bancário no Brasil, estão as
elevadas taxas de inadimplência, a alta concentração bancária e os elevados custos
operacionais dos bancos. Em um estudo publicado em 2019, o Banco Central do Brasil
destaca que "a inadimplência tem um impacto maior no spread bancário do que a taxa
básica de juros, uma vez que ela aumenta a percepção de risco por parte dos bancos e,
consequentemente, a taxa de juros cobrada nos empréstimos".
O spread bancário elevado pode ter consequências negativas para a economia,
como a dificuldade de acesso ao crédito para empresas e consumidores, o que pode afetar
o crescimento econômico. Por essa razão, o tema tem sido objeto de discussão e medidas
por parte das autoridades brasileiras, como a criação do Cadastro Positivo, a redução da
concentração bancária e a melhora da regulação do setor.
O spread bancário no Brasil tem sido alvo de discussões e debates por muitos anos.
No entanto, nos últimos anos, tem havido uma tendência de queda nos valores do spread
bancário no país. Esse movimento é reflexo de diversas medidas adotadas pelo governo e
pelos próprios bancos para reduzir as taxas de juros e aumentar a concorrência no mercado
financeiro.
De acordo com dados do Banco Central do Brasil, o spread médio no país era de
22,7 pontos percentuais em janeiro de 2016. Em janeiro de 2022, esse valor caiu para 12,1
pontos percentuais. Essa queda significativa é resultado de diversas medidas adotadas pelo
governo, como a redução da taxa básica de juros e a criação de novos instrumentos de
crédito, além da maior concorrência entre os bancos.
Segundo o Banco Central do Brasil, as medidas adotadas pelo governo e pelos
bancos para reduzir o spread bancário no país incluem "o incentivo à entrada de novos
participantes no mercado de crédito, a redução das exigências de garantias, a simplificação
dos procedimentos de concessão de crédito e a melhoria das informações aos clientes".
Além disso, o aumento da oferta de crédito em algumas áreas específicas, como o crédito
imobiliário, também tem contribuído para a redução do spread bancário. Em 2021, por
exemplo, o Banco do Brasil anunciou a redução das taxas de juros para financiamento
imobiliário, o que teve um impacto significativo no mercado e ajudou a reduzir o spread
bancário.
Outro fator que tem contribuído para a queda do spread bancário no Brasil é a
utilização de novas tecnologias no setor financeiro. Com o surgimento das fintechs e outras
empresas de tecnologia financeira, os bancos tradicionais tiveram que se adaptar e oferecer
serviços mais acessíveis e com taxas mais competitivas, o que tem ajudado a reduzir o
spread bancário.
Em resumo, a queda do spread bancário no Brasil nos últimos anos é resultado de
diversas medidas adotadas pelo governo e pelos próprios bancos, incluindo a redução da
taxa básica de juros, o aumento da concorrência no mercado financeiro, o incentivo à
entrada de novos participantes e a utilização de novas tecnologias.
Ao longo deste capítulo, foram apresentados dados e estatísticas relevantes sobre a
inadimplência e o spread bancário no Brasil, bem como a comparação desses dados com
outros países e a tendência de queda do spread bancário nos últimos anos.
Inicialmente, foi destacado que a inadimplência é um fator que afeta diretamente o spread
bancário, uma vez que as instituições financeiras precisam precificar o risco de não
receberem os empréstimos concedidos aos seus clientes. Segundo dados do Banco Central
do Brasil, em dezembro de 2021, a taxa de inadimplência total no crédito livre para pessoas
físicas era de 2,8%, enquanto que no segmento de veículos novos e usados, essa taxa era
de 3,9% e 6,9%, respectivamente.
Além disso, foi apresentado que a inadimplência tem um impacto maior no spread
bancário do que a taxa básica de juros da economia. Isso se deve ao fato de que as
instituições financeiras utilizam diversas outras variáveis para determinar o spread, como o
risco de crédito, a estrutura de custos e a concorrência. Portanto, mesmo que a taxa básica
de juros caia, o spread pode não acompanhar essa redução.
A comparação do spread bancário no Brasil com outros países também foi
abordada, destacando-se que o país apresenta uma das taxas mais elevadas do mundo.
Segundo dados do Banco Mundial, em 2019, o spread bancário no Brasil era de 22,3%,
enquanto que a média nos países da OCDE era de 2,6%. A elevada carga tributária, a
regulação e a concentração bancária são alguns dos fatores que contribuem para essa
diferença.
Por fim, foi destacado que o spread bancário no Brasil apresentou uma tendência de
queda nos últimos anos. Segundo dados do Banco Central do Brasil, o spread médio no
crédito livre para pessoas físicas caiu de 47,3% em dezembro de 2016 para 22,9% em
dezembro de 2021. Essa queda pode ser atribuída a diversas medidas adotadas pelo
governo e pelo próprio mercado, como a redução da taxa básica de juros, a concorrência
entre as instituições financeiras e a maior transparência nas informações aos clientes.
Em suma, os dados e estatísticas apresentados neste capítulo evidenciam a
importância da inadimplência e do spread bancário na economia brasileira, bem como a
necessidade de se adotar medidas para reduzir essa diferença em relação a outros países
e garantir maior acesso ao crédito para a população.

POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA REDUÇÃO DOS JUROS E DO SPREAD BANCARIO NO


BRASIL

A inadimplência é um problema que afeta tanto os consumidores quanto as instituições


financeiras, e é necessário buscar soluções para reduzir esse problema e,
consequentemente, as taxas de juros e o spread bancário no Brasil. Algumas possíveis
soluções incluem:
1 - Educação financeira
A educação financeira é uma das soluções mais eficazes para reduzir a inadimplência no
Brasil. Segundo o indicador de Educação Financeira do Serviço de Proteção ao Crédito
(SPC Brasil), cerca de 60% dos brasileiros não fazem nenhum tipo de planejamento
financeiro. A falta de conhecimento sobre finanças básicas, como orçamento, poupança e
investimentos, pode levar a um endividamento excessivo e inadimplência.
Diversos estudos têm apontado a importância da educação financeira na redução da
inadimplência. Segundo uma pesquisa do Banco Central do Brasil, os indivíduos que
participam de programas de educação financeira tendem a apresentar uma redução no
atraso de pagamentos e uma melhora no perfil de crédito. Além disso, uma pesquisa
realizada pela Serasa Experian em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV)
demonstrou que o endividamento das famílias brasileiras é maior em regiões com menor
acesso a programas de educação financeira.
Dessa forma, investir em programas de educação financeira pode trazer resultados
significativos na redução da inadimplência e, consequentemente, na diminuição das taxas
de juros e spread bancário no país.
2 -Aumento da concorrência
O aumento da concorrência no mercado bancário pode ser uma solução para reduzir as
altas taxas de juros e o spread bancário no Brasil. Segundo o Banco Central do Brasil, em
dezembro de 2021, o país possuía 10 bancos considerados sistemicamente importantes,
mas essas instituições controlavam mais de 80% dos ativos do sistema bancário brasileiro.
Essa concentração de poder pode gerar um cenário onde os bancos possuem um grande
poder de mercado, permitindo que eles aumentem suas taxas de juros e margens de lucro,
prejudicando os consumidores.
No entanto, a entrada de novos bancos e fintechs no mercado pode forçar a redução das
taxas de juros e do spread bancário. Em um estudo realizado pelo Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), em 2019, foi constatado que a entrada de novos bancos no
mercado brasileiro levou a uma queda de 5,5% no spread bancário entre 2001 e 2016.
Além disso, a competição pode levar os bancos a adotarem estratégias para reter e atrair
clientes, como a oferta de produtos com juros mais baixos e melhores condições de
pagamento. Isso pode beneficiar os consumidores, especialmente aqueles que possuem
menor poder aquisitivo e têm dificuldade em acessar crédito no mercado.
Em suma, o aumento da concorrência no mercado bancário pode ser uma solução para
reduzir as altas taxas de juros e o spread bancário no Brasil. No entanto, é importante que
haja uma regulação efetiva do mercado para evitar práticas abusivas por parte das
instituições financeiras.

3 - Criação de mecanismos de renegociação de dívidas


A criação de mecanismos de renegociação de dívidas pode ser uma solução eficaz para
reduzir a inadimplência no Brasil. Esses mecanismos oferecem aos devedores a
oportunidade de negociar novas condições de pagamento com as instituições financeiras, o
que pode ajudar a evitar a inadimplência e reduzir o número de registros de inadimplência.
De acordo com um estudo do Banco Central, a renegociação de dívidas tem sido uma
ferramenta importante para reduzir a inadimplência no país. Em 2020, por exemplo, as
renegociações de dívidas cresceram 15,4% em relação a 2019, alcançando um total de
19,2 milhões de operações. O montante renegociado também cresceu, passando de R$
82,9 bilhões em 2019 para R$ 123,8 bilhões em 2020.
Outra pesquisa realizada pelo Serasa Experian mostra que a renegociação de dívidas é
uma solução viável tanto para os devedores quanto para as instituições financeiras. De
acordo com a pesquisa, 72% das pessoas que renegociam suas dívidas conseguem pagar
as parcelas em dia após a renegociação. Além disso, a pesquisa mostrou que a
renegociação é uma forma eficaz de recuperar o crédito perdido, com 68% dos devedores
conseguindo limpar o nome após a renegociação.
A criação de mecanismos de renegociação de dívidas também pode ajudar a reduzir as
taxas de juros e o spread bancário, uma vez que a redução da inadimplência pode diminuir
o risco das instituições financeiras e, consequentemente, reduzir os custos das operações
de crédito.

4 - Melhoria do ambiente econômico


Com a redução do desemprego e o aumento da renda média, há uma tendência de
melhoria do cenário de crédito, o que pode contribuir para a redução da inadimplência.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a taxa de
desemprego no Brasil, que chegou a atingir 14,4% no primeiro trimestre de 2021, vem
apresentando queda nos últimos meses, chegando a 13,3% no terceiro trimestre de 2021. A
renda média também vem apresentando uma recuperação gradual, com aumento de 2,2%
em relação ao ano anterior.
Esses dados indicam uma tendência positiva para o ambiente econômico brasileiro, o que
pode resultar em uma redução na inadimplência. Quando as pessoas possuem emprego e
renda estável, é mais fácil honrar com os compromissos financeiros e manter as dívidas em
dia.
No entanto, é importante ressaltar que a melhoria do ambiente econômico por si só não é
suficiente para eliminar a inadimplência. É necessário que as instituições financeiras
também adotem medidas que incentivem a redução do endividamento excessivo e
ofereçam melhores condições de renegociação de dívidas.

5 - Regulação do mercado financeiro:


O objetivo da regulação é equilibrar os interesses das instituições financeiras e dos
consumidores, garantindo que o mercado seja justo e eficiente.
Uma das medidas que o governo pode adotar para regular o mercado financeiro é aumentar
a transparência nas operações financeiras. Isso pode ser feito, por exemplo, através da
obrigatoriedade de divulgação de informações claras e precisas sobre as taxas de juros e
as condições de crédito oferecidas pelas instituições financeiras. Dessa forma, os
consumidores podem comparar as diferentes opções disponíveis e escolher aquela que
melhor atenda às suas necessidades.
Além disso, o governo pode implementar políticas que promovam a concorrência no
mercado financeiro, como a concessão de licenças para novas instituições financeiras e a
redução de barreiras à entrada de novos concorrentes. Com a ampliação da oferta de
crédito, as instituições financeiras são forçadas a reduzir as suas taxas de juros e o spread
bancário para se manterem competitivas.
Segundo dados do Banco Central do Brasil, em dezembro de 2020, o spread bancário
médio no Brasil era de 19,7%. Esse número é muito superior ao observado em outros
países da América Latina, como Chile (2,6%), Colômbia (5,7%) e México (5,6%). A
regulação do mercado financeiro pelo governo é fundamental para que o spread bancário
no Brasil possa ser reduzido a níveis mais próximos dos praticados em outros países.
Apresentamos algumas possíveis soluções para reduzir a inadimplência e,
consequentemente, reduzir as taxas de juros e o spread bancário no Brasil. A educação
financeira foi destacada como uma das soluções mais eficazes para reduzir a
inadimplência. Dados do Banco Central do Brasil mostram que o percentual de
inadimplência caiu em cerca de 2,2% nos últimos anos, o que é um resultado significativo,
mas ainda há muito a ser feito.
Outra solução importante é o aumento da concorrência no mercado bancário no Brasil.
Dados do Banco Mundial mostram que a concentração bancária no Brasil é muito alta em
comparação com outros países, o que pode permitir que as instituições financeiras
mantenham altas taxas de juros e spreads bancários. A criação de novas fintechs e a
entrada de novos players no mercado podem ajudar a reduzir o poder de mercado das
instituições financeiras tradicionais e forçá-las a reduzir suas taxas.
A renegociação de dívidas é outra solução importante que pode ajudar a reduzir a
inadimplência. O governo pode trabalhar em conjunto com as instituições financeiras para
criar mecanismos de renegociação de dívidas mais flexíveis e acessíveis aos
consumidores, o que pode ajudá-los a sair da inadimplência e reduzir o número de
empréstimos inadimplentes.
Além disso, melhorias no ambiente econômico também podem contribuir para a redução da
inadimplência. A redução da taxa de desemprego e o aumento da renda média são dois
fatores que podem contribuir para reduzir a inadimplência. Dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a taxa de desemprego no Brasil caiu em cerca
de 2% nos últimos anos, o que é um bom sinal para a redução da inadimplência.
Por fim, o governo pode regular o mercado financeiro para reduzir o poder de mercado das
instituições financeiras e aumentar a transparência nas operações financeiras. O Banco
Central do Brasil já implementou algumas medidas para aumentar a transparência nas
operações financeiras, como a implantação do PIX, mas ainda há espaço para melhorias
nesse sentido.
Em resumo, a redução da inadimplência é um desafio importante para o mercado financeiro
no Brasil. A educação financeira, o aumento da concorrência, a renegociação de dívidas,
melhorias no ambiente econômico e a regulação governamental são algumas das soluções
que podem contribuir para reduzir a inadimplência e, consequentemente, reduzir as taxas
de juros e o spread bancário no país.

CONCLUSÃO

Em conclusão, o spread bancário no Brasil é uma das maiores taxas do mundo, sendo um
dos fatores que contribuem para a alta inadimplência do país. O alto custo do crédito
dificulta o acesso ao mercado financeiro para a população mais carente, além de
comprometer a competitividade e o crescimento econômico.
Após analisar as possíveis soluções para a redução da inadimplência e consequentemente
do spread bancário, fica evidente que a implementação de políticas públicas e a criação de
mecanismos de regulação são fundamentais para o fortalecimento do mercado financeiro e
a garantia de uma economia mais saudável.
A educação financeira é uma das soluções mais importantes para a redução da
inadimplência. Através dela, é possível conscientizar a população sobre a importância do
controle financeiro, da negociação de dívidas e do acesso ao crédito consciente. Segundo
dados do Banco Central, a taxa de inadimplência de clientes que passaram por programas
de educação financeira reduziu em até 40%.
Além disso, a criação de mecanismos de renegociação de dívidas é uma alternativa
importante para reduzir a inadimplência. A Lei do Superendividamento, que está em
tramitação no Congresso Nacional, prevê a criação de um sistema de renegociação de
dívidas mais acessível e justo para o consumidor.
Outra solução importante para a redução do spread bancário é o aumento da concorrência
no mercado financeiro. Com mais opções de instituições financeiras, o poder de mercado
dos bancos é reduzido, o que força a redução das taxas de juros e do spread bancário.
Segundo dados do Banco Mundial, o Brasil tem uma das menores concentrações bancárias
do mundo, com os cinco maiores bancos detendo cerca de 80% do mercado.
Além disso, melhorias no ambiente econômico, como a redução da taxa de desemprego e o
aumento da renda média, também contribuem para a redução da inadimplência. Dados do
IBGE mostram que a taxa de desemprego no Brasil caiu de 14,7% em março de 2021 para
13,9% em abril do mesmo ano. Essa melhoria no mercado de trabalho pode refletir
diretamente na redução da inadimplência.
Por fim, o governo pode regular o mercado financeiro para reduzir o poder de mercado das
instituições financeiras e aumentar a transparência nas operações financeiras. A
implementação de medidas como a criação de um cadastro positivo obrigatório e a limitação
do spread bancário são exemplos de medidas que podem ser tomadas pelo governo para
fortalecer o mercado financeiro e garantir uma economia mais justa e equilibrada.
Portanto, é fundamental que a sociedade e o governo se unam em prol da redução da
inadimplência e do spread bancário no Brasil, através da implementação de políticas
públicas e mecanismos de regulação que visem o fortalecimento do mercado financeiro e a
garantia de uma economia mais saudável e justa para todos.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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