Você está na página 1de 50

AVL 4

Unidade 4 – Produção, concorrência e


custos
Nesta unidade você verá:

// onde, quando e quanto produzir

// a estrutura de mercado de concorrência perfeita

// custos não lineares

// curvas de custos totais e curvas unitárias

Course Outline
1.
Objetivos

2.
Onde, quando e quanto produzir

3.
A estrutura de mercado de concorrência perfeita

4.
Custos não lineares

5.
Curvas de custos totais e curvas unitárias

Objetivos
UNIDADE 4.
Produção, concorrência e custos
Rodrigo Vinícius Sartori
OBJETIVOS DA UNIDADE
 Assimilar os critérios objetivos que norteiam as decisões
inerentes aos sistemas de produção;
 Analisar os elementos que movem os sistemas de produção
de modelos de concorrência mais imperfeita, para uma
concorrência mais perfeita;
 Entender os conceitos e aplicações das estruturas não
lineares de preços;
 Relacionar as diferentes informações acerca das mais
variadas curvas de custo.

TÓPICOS DE ESTUDO
Onde, quando e quanto
produzir
A produção, a distribuição e a disposição de bens e serviços
são as atividades econômicas básicas do cotidiano.
Inevitavelmente, no curso dessas atividades, toda sociedade
precisa enfrentar o fato da escassez de recursos. E,
justamente por causa dessa escassez, toda sociedade precisa
decidir como melhor alocar os recursos escassos.
No modelo capitalista, os problemas centrais do que
produzir, quanto produzir, como produzir e para quem
produzir são determinados pelo mecanismo de preços livres.
O QUE E QUANTO PRODUZIR

Primeiramente, a questão essencial que se impõe é: afinal, quais


mercadorias devem ser produzidas e em que quantidades? A
premissa é que as mercadorias que não
refletem preços positivos no mercado não devem ser produzidas.
Por isso, somente mercadorias que apresentem expectativa
de viabilidade econômica devem ser produzidas, de maneira que
sejam absorvidas tão imediatamente quanto possível pelo mercado.
ASSISTA

Um cenário de inflação controlada aparentemente favorece

a viabilidade econômica dos sistemas de produção.

Contudo, conforme explica o economista Samy Dana, em

seu quadro na Jovem Pan News, deflações devem ser

pontuais, e não sistêmicas, sob risco de prejudicar

gravemente a equação de oferta e de demanda.

Por isso, a quantidade na qual uma mercadoria deve ser produzida


é estabelecida no nível em que a demanda é igual à oferta. Se a
quantidade produzida for maior ou menor, haverá desequilíbrio no
mercado e o preço flutuará. Portanto, para manter um preço de
equilíbrio estável, torna-se necessário procurar igualar a demanda e
a oferta. Esta regra se aplica a todo tipo de mercadoria e, dessa
maneira, o primeiro problema central é devidamente abordado.

COMO E PARA QUEM PRODUZIR


Nestes termos, tecnologia significa a proporção adequada na qual
os diferentes fatores de produção devem ser combinados e
empregados. Assim, essencialmente, existem dois tipos de técnicas:
o trabalho intensivo, caracterizado por empregar relativamente
mais labor humano e menos capital; e a técnica intensiva
em capital, que significa justamente o oposto: mais capital e menos
labor.
Evidentemente, a escolha da técnica depende dos preços dos
fatores de produção. Ou seja, se a mão de obra é barata e o capital
é caro, uma técnica de trabalho intensivo é a preferida, e vice-
versa. Devemos sempre levar em consideração que os preços do
trabalho e do capital são determinados pela demanda e oferta de
trabalho e de capital, respectivamente. Dessa forma, o segundo
problema pode ser sanado.
Uma mercadoria, seja na forma de bem físico manufaturado ou de
serviço prestado, só pode ser consumida por pessoas que têm o
devido poder de compra. O mecanismo de preços leva em
consideração a renda dos trabalhadores e, consequentemente, o
poder de compra do proprietário do capital. Portanto, o terceiro
problema é devidamente equalizado quando os preços de todas as
mercadorias e de todos os fatores de produção estiverem
devidamente determinados.

A estrutura de mercado de
concorrência perfeita
No campo das ciências econômicas, mais precisamente na teoria do
equilíbrio geral, existe o conceito de mercado perfeito (também
conhecido como mercado atomístico). Trata-se da concretização de
várias condições idealizadoras, que resultam na configuração de
competição perfeita ou competição atomística. Nos modelos
teóricos em que as tais condições são observadas, a teoria prevê
que o mercado alcance um equilíbrio, no qual a quantidade ofertada
para cada produto ou serviço, incluindo-se aí mão-de-obra, seja
igual à quantidade demandada pelo preço atual. Esse equilíbrio
equivale a um ótimo de Pareto.
EXPLICANDO

Eficiência de Pareto, ou ótimo de Pareto, é uma proposição

concebida pelo cientista e economista italiano Vilfredo

Pareto. Em sua definição de um estado de alocação de

recursos, se torna impossível realocá-los de tal forma que a

situação de uma parte qualquer seja melhorada sem piorar

a situação de outra parte. Dada sua amplitude conceitual,

suas aplicações se dão em variados campos, como a

informática, a economia, a engenharia e as ciências sociais.

Para Robert H. Frank (2014), a concorrência perfeita provê tanto


eficiência alocativa quanto eficiência produtiva. Primeiramente, é
necessário considerar que mercados com essa característica
são alocativamente eficientes, pois a produção sempre ocorrerá
no ponto em que o custo marginal (CMAR) coincida com a receita
média (RMED), ou seja, preço CMAR = RMED. Em concorrência
perfeita, qualquer produtor que maximiza o lucro enfrenta um
preço de mercado igual ao CMAR (P = CMAR).
Isso implica que o preço de um fator é igual ao produto de receita
marginal daquele fator. Isso ainda permite derivar
a curva de oferta na qual a abordagem neoclássica se baseia. Essa
também é a razão por trás da máxima de que “um monopólio não
possui uma curva de oferta”, afinal, o monopólio produz apenas no
ponto ótimo e, uma vez que inexiste função para apenas um
ponto, não dá para traçar uma “curva” de oferta. De tal modo, o
abandono da tomada de preços cria dificuldades consideráveis
para a demonstração de um equilíbrio geral, exceto sob outras
condições muito específicas, como a
da concorrência monopolista (Gráficos 1 e 2).

Gráfico 1. Equilíbrio de curto prazo da empresa sob concorrência monopolista. Fonte:


SAMUELSON; NORDHAUS, 2013, n.p. (Adaptado).

No Gráfico 1, a empresa maximiza seus lucros e produz uma


quantidade em que sua receita marginal (RMAR) é igual ao seu custo
marginal (CMAR). A empresa é capaz de adotar um preço com base
na curva de receita média (RMED). A diferença entre a receita média
da empresa e o custo médio, multiplicada pela quantidade vendida
(Q), determina o lucro total.
Gráfico 2. Equilíbrio de longo prazo da empresa sob concorrência monopolista. Fonte:
SAMUELSON; NORDHAUS, 2013, n.p. (Adaptado).
Por sua vez, o Gráfico 2 demonstra que a empresa ainda produz no
ponto em que custo marginal (CMAR) e receita marginal (RMAR) se
igualam. Contudo, a curva de demanda (RMAR e RMED) se desloca
à medida que outros concorrentes adentram o mercado, acirrando
a competição. A empresa, então, não vende mais seus bens e
serviços acima do custo médio e, assim, não consegue mais auferir
lucro.
As características de longo prazo de um mercado
monopolisticamente competitivo são quase as mesmas de um
mercado perfeitamente competitivo. Porém, duas diferenças entre
tais mercados são que a concorrência monopolista produz
produtos heterogêneos e envolve um alto nível de concorrência,
não relacionada aos preços, que se baseia na diferenciação sutil do
produto. Uma empresa que obtém lucros no curto prazo, no
entanto, conseguirá no máximo atingir
o ponto de equilíbrio (breakeven) no longo prazo, porque a
demanda diminuirá e o custo total médio aumentará.
Dito de outra forma, isso significa que, a longo prazo, uma empresa
monopolisticamente competitiva obterá lucro econômico zero.
Isso tem o poder de mostrar o nível de influência que a empresa
exerce sobre o mercado, afinal, por causa da lealdade à marca, a
empresa pode aumentar seus preços sem perder todos os seus
clientes. Isso significa que a curva de demanda de uma empresa
individual é inclinada para baixo, em contraste com a concorrência
perfeita, que possui um cronograma de demanda de
mercado perfeitamente elástico.

EXPLICANDO

O cronograma de demanda de mercado perfeitamente

elástico se dá quando a demanda pode variar de zero até o

máximo, com pequenas oscilações de preço. Se refere a um

comportamento que ocorre, na prática, para a demanda de

uma empresa atuando em um mercado perfeitamente

competitivo, em que o preço é determinado exclusivamente

pelo mercado.

No que tange a eficiência produtiva, no curto prazo, mercados


perfeitamente competitivos não são necessariamente eficientes
em produção, pois nem sempre ela ocorre com o custo marginal
igual ao custo médio (CMAR = CMED). No entanto, a longo prazo, a
eficiência produtiva ocorre quando novas empresas entram no
setor. Isto se explica pelo fato de que a concorrência reduz o preço
e o custo ao mínimo dos custos médios de longo prazo. Nesse
ponto, o preço é igual ao custo marginal e ao custo total médio de
cada bem (P = CMAR = CMED).
A teoria da concorrência perfeita remonta ao pensamento
econômico do final do século XIX. O matemático e economista
francês Léon Walras é reconhecido por ser o vanguardista de uma
definição científica mais rigorosa de concorrência perfeita e seus
efeitos associados. Décadas depois, já nos anos 1950, a teoria foi
formalmente enunciada pelo norte-americano Kenneth Arrow e
pelo francês Gérard Debreu – ambos matemáticos e economistas
ganhadores de prêmios Nobel de Economia.
Concorrência perfeita, como bem lembram Samuelson e Nordhaus
(2013), é uma abstração conceitual: mercados reais nunca são
perfeitos. Os economistas que se fundamentam na concorrência
perfeita como uma aproximação útil dos mercados reais
usualmente recorrem a classificações comparativas, variando do
quase perfeito ao muito imperfeito. Na prática, é dito que os
mercados de ações e de câmbio são os que mais se aproximam de
um comportamento de mercado perfeito.
Por sua vez, o mercado imobiliário é um exemplo notório de
mercado muito imperfeito. Em tais mercados,
a teoria do segundo melhor (fruto dos estudos do economista
canadense Richard Lipsey e do economista australiano Kelvin
Lancaster) sustenta que, se uma condição de otimização em um
modelo econômico não puder ser satisfeita, é possível que a
próxima melhor solução envolva mudar outras variáveis dos
valores que, de outra forma, seriam ótimos (decorrendo então a
situação em que uma ou mais condições de otimização não podem
ser satisfeitas).

CONDIÇÕES IDEALIZADORAS DE
CONCORRÊNCIA PERFEITA
Há um conjunto de diferentes condições de mercado que se
apresenta como requisito para a configuração de concorrência
perfeita, conforme descrito por Frank (2014) e O'Hara (2015). Entre
elas:
LUCRO NORMAL
Em um mercado perfeito, os vendedores
operam com superávit econômico zero,
porque eles obtêm um nível de retorno do
investimento conhecido como lucro
normal. Isso se trata de um componente
dos custos implícitos, e não um
componente do lucro comercial. Afinal,
ele engloba também o custo de
oportunidade, pois o tempo que o
proprietário gasta administrando sua
empresa poderia muito bem ser
empregado na administração de um
empreendimento diferente.
O parâmetro do lucro normal é, portanto, o lucro que o
proprietário de uma empresa considera necessário para fazer com
que a empresa valha a pena, ou seja, é comparável ao próximo
melhor valor que o empresário poderia auferir ao desempenhar
algum outro trabalho. Particularmente, se o empreendimento não
é contabilizado como um fator de produção, ainda pode ser
considerado o retorno sobre o capital de investidores, incluindo o
empreendedor, equivalente então ao retorno que o proprietário do
capital poderia esperar (comparando com a alternativa de aplicar
em um investimento seguro), além de uma compensação pelo risco
assumido.
Em suma, o custo do lucro normal varia dentro de um setor e entre
os setores, e é proporcional ao risco associado a cada tipo de
investimento, conforme o espectro risco-retorno. Somente os
lucros normais surgem em circunstâncias de concorrência perfeita,
quando o equilíbrio econômico de longo prazo é alcançado, em tal
configuração que não há incentivo para que as empresas entrem
ou saiam do setor.

MERCADOS COMPETITIVOS E
DISPUTADOS
Conforme ilustra o Gráfico 3, é somente no curto prazo que uma
empresa, que opera em um mercado perfeitamente competitivo,
pode obter lucro econômico.

Gráfico 3. Lucro econômico condicionado ao curto prazo. Fonte: SAMUELSON;


NORDHAUS, 2013, n.p. (Adaptado).

Com efeito, como comenta Robert H. Frank (2014), o lucro


econômico não ocorre em concorrência perfeita, em equilíbrio de
longo prazo. Se assim o fosse, haveria incentivo para que novas
empresas entrassem no setor, auxiliadas pela falta de barreiras à
entrada, até que não houvesse mais lucro econômico. Na medida
em que novas empresas adentram o setor, elas aumentam a oferta
do produto disponível no mercado, e essas novas empresas são,
assim, forçadas a cobrar um preço mais baixo para atrair os
consumidores a comprar a oferta adicional disponibilizada no
mercado, uma vez que todas as empresas competem por clientes.
As empresas existentes no setor são compelidas a enfrentar a
perda de seus clientes para as novas empresas, que entram no
setor e, portanto, são forçadas a baixar seus preços para
corresponder aos preços mais baixos. Novas empresas tendem a
continuar entrando no setor, até que o preço do produto seja
reduzido ao ponto de ser o mesmo que o custo médio de
produção, de tal forma que todo o lucro econômico se esvai.
Quando isso acontece, agentes econômicos fora do setor não
encontram vantagem em formar novas firmas para o setor, a
oferta do produto para de aumentar e o preço cobrado pelo
produto se estabiliza, chegando em um equilíbrio.
O mesmo se aplica aos equilíbrios de longo prazo das indústrias
monopolisticamente competitivas e, de modo mais geral, a
qualquer mercado que seja considerado disputado. Normalmente,
uma empresa que introduz um produto diferenciado pode
garantir, inicialmente, um poder de mercado por uma curta
duração. Nessa fase, o preço inicial que o consumidor deve pagar é
alto, e a demanda e disponibilidade do produto no mercado são
limitados.

A longo prazo, no entanto, quando a lucratividade do produto


estiver bem estabelecida, havendo poucas barreiras à entrada, o
número de empresas que produzem esse produto aumentará, até
que a oferta disponível do produto acaba se tornando
relativamente grande. Consequentemente, o preço do produto
diminui até o nível do seu custo médio de produção. Quando isso
finalmente ocorre, todo o lucro do monopólio, associado à
produção e venda do produto, desaparece e, assim, aquilo que era
inicialmente monopólio se transforma em
um setor competitivo convencional.
No caso de mercados disputados, o ciclo geralmente termina com
a saída dos ex-participantes do mercado, retornando à indústria ao
seu estado anterior, apenas com um preço mais baixo e sem lucro
econômico para as empresas estabelecidas. No entanto, o lucro
pode ocorrer em mercados competitivos e disputados a curto
prazo, à medida que as empresas disputam posição de mercado.
Assim que o risco é contabilizado, o lucro econômico duradouro
em um mercado competitivo é visto como resultado de
constantes cortes de custos e melhoria de desempenho, à frente
dos concorrentes do setor, permitindo que os custos fiquem
abaixo do preço definido pelo mercado.

MERCADOS NÃO COMPETITIVOS


Conforme ilustra o Gráfico 4, um monopolista encontra condições
para fixar um preço acima dos custos, obtendo lucro econômico.
Observa-se, então, que um oligopólio geralmente também tem
lucro econômico. Nesse caso, a operação se dá em um mercado
com mais de uma empresa (configuração em que os competidores
compartilham a demanda disponível pelo preço de mercado).

Gráfico 4. Lucro econômico de um monopolista. Fonte: SAMUELSON; NORDHAUS,


2013, n.p. (Adaptado).
De fato, o lucro econômico é muito mais prevalente em mercados
não competitivos, como ocorre diante de uma situação perfeita de
monopólio ou oligopólio. Nesses cenários, as empresas individuais
têm algum elemento de poder de mercado: embora os
monopolistas sejam limitados pela demanda do consumidor, eles
não são tomadores de preço, mas sim “fazedores de preços” ou
determinadores de quantidades. Isso permite que a empresa defina
um preço mais alto do que o encontrado em um setor semelhante,
mas mais competitivo, permitindo o lucro econômico tanto no
longo, quanto no curto prazo.

EXPLICANDO

No jargão da Economia, existem os price-makers (fazedores

de preço, em tradução livre) e os price-takers (tomadores de

preço, em tradução livre). Usualmente, o que os distingue é

o volume de operações comerciais: como os primeiros giram

maiores valores, é dito que o mercado se direciona

conforme seus movimentos. Os segundos, por outro lado,

tendo um volume bem mais inexpressivo, apenas operam


conforme as condições de mercado impostas pelos

primeiros.

A existência de lucros econômicos depende da prevalência de


barreiras à entrada: elas impedem que outras empresas entrem no
setor e comprometam a lucratividade geral, como fariam em um
mercado mais competitivo. Nos casos em que existem barreiras,
mas mais de uma empresa, as empresas podem entrar
em conluio para limitar a produção, restringindo a oferta e
garantindo que o preço do produto permaneça alto o suficiente
para garantir que todas as empresas daquele setor alcancem um
lucro econômico.
No entanto, alguns economistas argumentam que mesmo uma
quantidade muito pequena de poder de mercado pode permitir
que uma empresa produza lucro, e que a ausência de lucro
econômico em um setor, ou mesmo meramente o fato de que
alguma produção ocorra sob prejuízo, por si só constitui
uma barreira à entrada. No caso de produtores de bens únicos, o
lucro econômico positivo ocorre quando o custo médio da
empresa é menor que o preço do produto ou serviço na produção
que maximiza o lucro, uma vez que o lucro econômico é igual à
quantidade de produto, multiplicada pela diferença entre o custo
médio e o preço.

INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL
Conforme ilustra o Gráfico 5, em um setor econômico
regulamentado, o governo examina a estrutura de custos
marginais das empresas e restringe os preços a um patamar que
não seja maior que esse custo marginal. Isso não implica
necessariamente em um lucro econômico zero para a empresa,
mas elimina um lucro do tipo “puro monopólio”, naquele sistema
de produção.
Gráfico 5. Comportamento de mercado regulado. Fonte: SAMUELSON; NORDHAUS,
2013, n.p. (Adaptado).

É bastante comum que governos tentem intervir em mercados não


(tão) competitivos, para torná-los mais
competitivos. Leis antitruste, de fomento à concorrência,
costumam ser criadas para impedir que empresas poderosas usem
sua força econômica para criar artificialmente barreiras à entrada,
a fim de resguardar seus lucros econômicos. Isso inclui, por
exemplo, valer-se da estratégia do uso de preços predatórios para
intimidar concorrentes menores.
Por exemplo, um caso famoso ocorreu nos Estados Unidos,
quando a Microsoft foi condenada por violar a lei antitruste local e
se envolver em comportamento anticoncorrencial, com vistas à
formação de umas dessas barreiras. Após a devida negociação
judicial, a Microsoft firmou acordo com o Departamento de Justiça
daquele país, passando a ser submetida periodicamente a
procedimentos rigorosos de supervisão e de atendimento de
requisitos para coibir a repetição desse comportamento
predatório. A partir de então, com barreiras mais baixas, novas
empresas puderam entrar no mercado novamente, tornando o
equilíbrio de longo prazo muito mais parecido com o de uma
indústria competitiva, sem lucro econômico para as empresas
participantes.
Se um governo considera impraticável ter um mercado
competitivo, como ocorre no caso de um monopólio natural, às
vezes tentará regular o mercado não competitivo existente,
controlando o preço que as empresas cobram pelo seu produto.
Na prática, há de se observar que, embora uma empresa
regulamentada não tenha lucro econômico tão alto quanto em um
enquadramento não regulamentado, ainda pode obter lucros bem
acima de uma empresa competitiva em um mercado
verdadeiramente competitivo.

RESULTADOS

É possível para uma empresa individual obter lucro econômico


no curto prazo. Afinal, conforme indicado no Gráfico 6, o preço ou a
receita média, indicada por P, está em um patamar acima do custo
médio indicado por C.
Gráfico 6. Lucro econômico no curto prazo. Fonte: SAMUELSON; NORDHAUS, 2013, n.p.
(Adaptado).

Por sua vez, o lucro econômico não pode ser sustentado


no longo prazo (Gráfico 7). Afinal, a chegada de novas empresas ou
a expansão de empresas existentes no mercado (se o retorno da
escala for constante) faz com que a curva de demanda de cada
empresa individual mude para baixo, diminuindo ao mesmo tempo
o preço, a receita média e a receita marginal. O resultado final é
que, no horizonte de longo prazo, a empresa obterá apenas lucro
normal (lucro econômico zero) e sua curva de demanda horizontal
tocará sua curva de custo total médio no ponto mais baixo.
Gráfico 7. Lucro econômico no longo prazo. Fonte: SAMUELSON; NORDHAUS, 2013,
n.p. (Adaptado).

Com efeito, em um mercado perfeitamente competitivo, a curva de


demanda de uma empresa é perfeitamente elástica. O modelo de
concorrência perfeita, se interpretado como aplicável também a
comportamentos de curto ou muito curto período, é aproximado
apenas por mercados de produtos homogêneos, produzidos e
comprados por muitos vendedores e compradores, geralmente
mercados organizados para produtos agrícolas ou matérias-primas
(commodities).
Nos mercados do mundo real, suposições
como informações perfeitas não podem ser assumidas e são
aproximadas apenas em mercados organizados de leilão duplo,
nos quais a maioria dos agentes envolvidos espera e observa o
comportamento dos preços, antes de definir negócio. De todo
modo, na interpretação de longo prazo, informações perfeitas não
são necessárias, pois a análise visa apenas determinar a média em
torno da qual os preços de mercado gravitam e, para que a mera
gravitação opere, não é estritamente necessária a informação
perfeita.
Na ausência de externalidades e bens públicos, os equilíbrios
perfeitamente competitivos são ótimos de Pareto, implicando,
assim, que nenhuma melhoria na utilidade para um consumidor é
possível sem uma piora na utilidade junto a outro consumidor. Tal
efeito corresponde à enunciação do primeiro teorema
da economia do bem-estar.

A razão básica é que nenhum fator produtivo, com um produto


marginal diferente de zero, é deixado sem uso e as unidades de
cada fator são alocadas de modo a produzir a
mesma utilidade marginal indireta em todos os usos, uma
condição básica de eficiência. Afinal, se essa utilidade marginal
indireta fosse mais alta em um uso do que em outro, uma melhoria
de Pareto poderia ser alcançada, transferindo uma pequena
quantidade do fator para o uso em que ele produz uma maior
utilidade marginal.

Na prática, o monopólio viola a condição de alocação ideal, porque


em um mercado monopolizado o preço de mercado está acima do
custo marginal, e isso significa que os fatores são subutilizados no
setor, possuindo uma utilidade marginal indireta mais alta do que
em seus usos em setores competitivos. O que se observa é que esse
teorema é considerado irrelevante por economistas, que não
acreditam que a teoria do equilíbrio geral prediga corretamente o
funcionamento das economias de mercado. Por outro lado, é dada
suma importância aos economistas neoclássicos, tendo sido dada
por eles a fundamentação teórica para combater os monopólios e
para o estabelecimento de uma legislação antitruste.

LUCRATIVIDADE

Diante da constatação de que, ao contrário de um


monopólio ou oligopólio, na concorrência perfeita
se torna impossível para uma empresa obter lucro
econômico a longo prazo (ou seja, uma empresa
não pode ganhar mais dinheiro do que o
necessário para cobrir seus custos econômicos), é
importante esclarecer conceitualmente o que se
toma por lucro. Afinal, para não interpretar
equivocadamente essa tese de lucro zero a longo
prazo, adverte-se que o termo lucro é empregado
de distintas maneiras nas ciências econômicas
(O’HARA, 2015).

Por um lado, a teoria neoclássica define lucro como o que resta


da receita, após todos os custos terem sido subtraídos. Inclui-se
nessa conta juros normais sobre o capital, mais o adicional normal,
exigido para cobrir o risco, e o salário normal para a atividade
gerencial. Isso significa que o lucro é calculado depois que todos os
atores são compensados por seus custos de oportunidade.
Contudo, por outro lado, os economistas clássicos definem lucro
como o que resta depois de subtrair os custos, com a exceção da
cobertura de juros e riscos. Em suma, a abordagem clássica não
leva em consideração os custos de oportunidade.
Assim, deixando de lado a cobertura do risco por uma questão de
simplicidade, a tese neoclássica de lucro zero no longo prazo seria
expressa, na linguagem clássica, como lucros coincidindo com os
juros no longo período. Isto implica coincidir a taxa de lucro com a
taxa de juros. Frisemos aqui que os lucros na abordagem clássica
não desaparecem, necessariamente, no longo período, mas
tendem ao patamar de lucro normal. Diante desse quadro, se uma
empresa estiver obtendo lucro anormal no curto prazo, isso atuará
como um gatilho motivacional para que outras empresas entrem
no mercado. Mas na medida em que outras empresas entram para
competir, a curva de oferta do mercado muda, fazendo com que os
preços inevitavelmente caiam.
Consequentemente, as empresas tradicionais do mercado reagirão
a esse preço mais baixo, ajustando seu capital social para baixo.
Esse ajuste faz com que seu custo marginal se desloque para a
esquerda e, assim, a curva de oferta do mercado se desloca para
dentro. No entanto, o efeito da entrada de novas empresas e do
ajuste por empresas existentes será mudar a curva de oferta para
fora. O preço de mercado será reduzido até que todas as empresas
obtenham apenas lucro normal.

É importante observar que a concorrência perfeita é uma condição


suficiente para a eficiência alocativa e produtiva, mas não é uma
condição necessária: experiências de laboratório, nas quais os
participantes têm um poder significativo de fixação de preços e
pouca ou nenhuma informação sobre suas contrapartes,
produzem resultados consistentes, dadas as instituições comerciais
apropriadas.

PONTO DE DESLIGAMENTO
No horizonte de curto prazo, uma empresa que opera
com prejuízo (receita menor que o custo total, ou preço menor
que o custo unitário) precisa decidir se continua operando ou se
encerra ou suspende operações – mesmo que temporariamente. A
regra de desligamento enuncia o critério de que, no curto prazo,
uma empresa deve continuar operando se o preço exceder os
custos variáveis médios. Isto posto, para uma empresa continuar
produzindo no curto prazo, ela deve obter receita suficiente para
cobrir seus custos variáveis (FRANK, 2014).
A lógica da regra é bastante direta: ao fechar uma empresa, deixam
de existir custos variáveis – todos eles. No entanto, a empresa
ainda deve pagar seus custos fixos. Contudo, como tais custos
precisam ser pagos, independentemente de uma empresa operar
ou não, na prática isso implica que custos fixos não devem ser
considerados na decisão de continuar ou encerrar operações.
Por isso, para a tomada da decisão gerencial sobre a continuidade
do empreendimento, deve-se comparar a receita total com o custo
variável total, em vez do custo total (soma de todos os custos fixos
e variáveis). Se a receita que a empresa está produzindo for maior
que seu custo variável total, a empresa está cobrindo todos os
custos variáveis e ainda há uma receita adicional (a
chamada margem de contribuição), que pode ser aplicada para
cobrir custos fixos.
É interessante observar que o tamanho dos custos fixos (por
maiores que sejam) é irrelevante, pois se trata de um custo
irrecuperável. O critério para um custo fixo de poucos reais a
milhões de reais é estritamente o mesmo. Por outro lado, se os
custos variáveis excedem a receita, a empresa não está
conseguindo cobrir seus custos de produção e, portanto, a decisão
mais assertiva é a interrupção imediata das atividades.
Por convenção, a regra é usualmente trabalhada em termos de
preço (receita média) e custos variáveis médios. As regras são
equivalentes: ao se dividir os dois fatores pela quantidade
produzida, o que continua se obtendo é que o preço precisa ser
maior que os custos variáveis médios. Sendo assim, se a empresa
vê condições de continuar operando, ela continuará produzindo,
sendo regulado ao ponto em que a receita marginal é igual aos
custos marginais, porque essas condições garantem não apenas
a maximização do lucro (portanto, minimização de perdas), mas
também a contribuição máxima.
Outra maneira de aplicar a regra é que uma empresa deve
comparar os lucros que aufere quando opera, com o que obtém
quando parada, optando pela alternativa que produz maior lucro.
Naturalmente, uma empresa que está fechada está gerando
receita zero e não incorre em custos variáveis. No entanto, a
empresa ainda tem que pagar um custo fixo. Portanto, o lucro da
empresa é igual a custos fixos.
Uma empresa operacional está gerando receita, incorrendo em
custos variáveis e pagando custos fixos. O lucro da empresa
operacional é a receita (R), menos os custos variáveis (CV) e menos
os custos fixos (CF). A empresa deve continuar operando se R - CV -
CF ≥ −CF, que, de forma simplificada, impõe que R ≥ CV. A diferença
entre R e CV é a contribuição para os custos fixos – e
qualquer contribuição é melhor que nenhuma. Portanto, se R ≥
CV, a empresa deve operar. Mas se R < CV, o empreendimento deve
ser interrompido.

Note-se que uma decisão de desligamento significa que a


empresa está suspendendo temporariamente a produção. Isso não
significa necessariamente que a empresa está saindo do negócio
(deixando definitivamente de competir naquele setor).
Evidentemente, se as condições do mercado melhorarem e os
preços aumentarem, a empresa poderá retomar a produção.
Desligar é uma decisão de curto prazo. Uma empresa desligada
não está produzindo. A empresa ainda mantém seus ativos de
capital; no entanto, a empresa não abandonou o setor de atuação,
nem evita arcar com custos fixos no curto prazo. Por sua vez,
a saída (definitiva) é uma decisão de longo prazo. Uma empresa
que se retirou definitivamente de um setor acaba com todos os
compromissos, liberando todo o capital até então empregado para
uso em empreendimentos mais rentáveis.
Sob uma perspectiva mais ampla (que considera os riscos
inerentes do negócio), o fato é que prejuízos pontuais são
aceitáveis, contudo, uma empresa não pode continuar a sofrer
perdas indefinidamente. A longo prazo, a empresa terá que obter
receita suficiente para cobrir todas as suas despesas e deve decidir
se continuará nos negócios ou deixará o setor, buscando outras
iniciativas de empreendimento.
Por isso, a decisão baseia-se na relação do preço e dos custos
médios de longo prazo. Se o preço é maior ou igual aos custos
médios neste horizonte de análise temporal, a empresa não tem
motivos para sair do setor. Mas, se o preço é menor que os custos
médios a longo prazo, a empresa se vê forçada a sair do setor. Na
prática, essas comparações são feitas depois que a empresa fizer
os ajustes necessários e viáveis a longo prazo (como, por exemplo,
de projetos de infraestrutura). Afinal, no longo prazo, uma empresa
opera com uma receita marginal igual aos custos marginais de
longo prazo.

CURVA DE OFERTA DE CURTO


PRAZO
A curva de oferta de curto prazo para uma empresa perfeitamente
competitiva é a curva de custo marginal no, e acima do, ponto de
desligamento.

Partes da curva de custo marginal abaixo do ponto de


desligamento não integram a curva de oferta de curto prazo,
porque a empresa não está produzindo nenhuma quantidade
positiva nesse intervalo. Tecnicamente, a curva de oferta de curso
prazo é uma função descontínua composta pelo segmento da
curva de custo marginal no mínimo e acima do mínimo da curva de
custo variável médio e um segmento que corre no eixo vertical,
desde a origem até, mas sem incluir, um ponto na altura do custo
variável médio mínimo.
Como lembra O’Hara (2015), embora não exista um mercado
perfeitamente competitivo no mundo real, existem várias
aproximações ao conceito. Um exemplo é o de uma instância de
mercadorias idênticas com todos os potenciais compradores e
vendedores presentes. Por definição, uma bolsa de valores se
assemelha a isso, não com uma adesão completa (pois nenhum
mercado pode atender a todos os requisitos do modelo), mas
como uma boa aproximação.
Por outro lado, a falha em considerar a bolsa de valores como um
exemplo de concorrência perfeita é o fato de que grandes
investidores institucionais (por exemplo, bancos de investimento)
podem, com alguma facilidade, influenciar o preço de mercado
(por exemplo, uma grande aquisição de lotes de dólares fazendo
com que a cotação da moeda dispare). Isso é uma evidente
violação da condição hipotética de que nenhum vendedor pode
influenciar o preço de mercado.
As apostas em cavalos também são uma situação muito próxima.
Ao fazerem apostas, os consumidores podem verificar
circunstancialmente quem está oferecendo as melhores chances e,
assim, nenhum agenciador de apostas pode oferecer
probabilidades piores do que as oferecidas pelo mercado como um
todo, já que, nesse caso, os consumidores facilmente optariam por
outra alternativa. Isso torna os agenciadores de apostas
“tomadores de preço”. Além disso, o produto oferecido é muito
homogêneo, sendo a recompensa e o cavalo as únicas diferenças
entre as apostas individuais. Obviamente, não há uma quantidade
infinita de apostadores, e existem algumas barreiras à entrada,
como uma licença e o capital necessário para as instalações.

CRÍTICAS
O uso da suposição de concorrência perfeita como fundamento da
teoria dos preços para os mercados de produtos é frequentemente
criticado por representar todos os agentes como passivos,
desconsiderando assim as iniciativas de aumentar o bem-estar ou
os lucros de uma pessoa por fatores como precificação predatória,
design de produtos, publicidade e inovação, atividades que (de
acordo com os críticos) caracterizam a maioria das indústrias e
mercados.

Essas críticas apontam para a frequente falta de realismo dos


pressupostos de homogeneidade do produto e a impossibilidade
de diferenciá-los. No entanto, além disso, a acusação de
passividade parece justa apenas para análises de curto ou muito
curto período. Em análises de longo período, a incapacidade de o
preço divergir do preço natural ou a longo prazo deve-se a reações
ativas da entrada ou saída de competidores (FRANK, 2014).
Alguns economistas têm um tipo diferente de crítica a respeito do
modelo de concorrência perfeita, não criticando a suposição do
tomador de preço por tornar os agentes econômicos demasiado
passivos, mas sim levantando a questão acerca de quem define os
preços. De fato, se todos são tomadores de preços, há a
necessidade de um planejador benevolente, que dê e defina os
preços. Em outras palavras, é necessário um formador de preços.
Portanto, torna-se apropriado o modelo de concorrência perfeito,
não para descrever uma economia descentralizada de mercado,
mas uma economia centralizada. Isso, por sua vez, significa que
esse tipo de modelo tem mais a ver com a economia planejada
pelo Estado do modelo comunista, do que com o livre mercado do
modelo capitalista.
Outra crítica frequente é que, muitas vezes, não é verdade que, a
curto prazo, as diferenças entre oferta e demanda causem
mudanças de preço. Especialmente na manufatura, observa-se que
o comportamento mais comum é a alteração da produção, sem
quase nenhuma alteração no preço.

Os críticos da suposição de uma concorrência perfeita, nos


mercados de produtos, raramente questionam a visão neoclássica
básica do funcionamento das economias de mercado.
A Escola Austríaca insiste fortemente nessas críticas, mas, ao
mesmo tempo defende a visão neoclássica do funcionamento das
economias de mercado como fundamentalmente eficiente,
refletindo as escolhas dos consumidores e atribuindo a cada
agente sua contribuição para o bem-estar social.
Algumas escolas não neoclássicas, como os pós-keynesianos,
rejeitam a abordagem neoclássica de valor e distribuição, mas não
devido à rejeição da concorrência perfeita como uma aproximação
razoável ao funcionamento da maioria dos mercados de produtos.
As razões para a rejeição da visão neoclássica são perspectivas
diferentes dos determinantes da distribuição de renda e da
demanda agregada.
Em particular, a rejeição da concorrência perfeita geralmente não
implica a rejeição da livre concorrência, como característica da
maioria dos mercados de produtos. De fato, argumenta-se que a
concorrência é mais forte nos dias atuais do que no capitalismo do
século XIX, devido à crescente capacidade das grandes empresas
conglomeradas de entrar virtualmente em qualquer setor.
Portanto, prevalece a ideia clássica de uma tendência a uma taxa
uniforme de retorno do investimento em todos os setores.
Por exemplo, a razão pela qual a Google e a Apple não entram nas
indústrias de automóveis e farmacêuticos não é por supostas
barreiras intransponíveis à entrada, mas pelo fato de que a taxa
de retorno nesses setores produtivos já está suficientemente
alinhada com a taxa média de retorno em outros lugares, para não
justificar a entrada. Poucos economistas, mesmo entre os
neoclássicos, parecem discordar nesse ponto. Assim, em um
quadro de normalidade de competição, ou a longo prazo, aceitar
ou não a premissa de concorrência perfeita não parece implicar
diferenças importantes na existência ou não de uma tendência das
taxas de retorno à uniformidade.

Custos não lineares


Por definição, um preço é considerado não linear quando o valor
que se paga não corresponde à proporcionalidade da quantidade
adquirida. Exemplos incluem pagamentos em diversas prestações
(com valores iguais ou não), a tarifa em blocos e os descontos
concedidos em função de quantidade.
O Gráfico 8 ilustra o comportamento de diferentes tipos de tarifa,
incluindo a função de custos não lineares, permitindo verificar que
um custo não linear, também denominado de custo curvilíneo, é
uma despesa que aumenta a uma taxa inconsistente, à medida
que o volume de produção aumenta. Em outras palavras, o custo
irregular aumenta por meio de uma sucessão de taxas diferentes
(produzindo efeito de não proporcionalidade direta, portanto, não
linearidade) à medida que a produção total aumenta.

Gráfico 8. Tipos de tarifa. Fonte: REISS; WHITE, 2013 (Adaptado). Acesso em:
27/0/2020.

APLICAÇÃO
Tipicamente, mercados que fazem uso de estruturas de
precificação não linear são as concessionárias de energia elétrica,
as prestadoras de serviços de telecomunicações, as companhias
aéreas, as agências publicitárias e os locadores de maquinário
produtivo e de infraestrutura fabril.

Entre as motivações que justificam a adoção desse modelo de


precificação, é possível destacar que isso responde
à heterogeneidade de consumidores: afinal, há inúmeras
atribuições de utilidade para incrementos marginais (por exemplo,
comprar de dia ou à noite; pela internet ou presencialmente;
receber em casa ou ter que se deslocar até o fornecedor). Com
efeito, isso implica em discriminação de preços e estratégia de
poder de mercado.
Outra justificativa de sua adoção é em função da eficiência do
negócio, uma vez que a estrutura de custos da empresa baliza o
preço pelo custo marginal. Como estratégia de recuperação de
custos, ele pode ser adotado, por uma firma monopolista regulada,
para que consiga atingir seu patamar de lucro operacional.
Em mercados competitivos, recorre-se comumente à política de
descontos em função de volume: quanto maior a quantidade
adquirida, melhor é o preço unitário estabelecido. Observa-se,
então, que o aumento dos lucros é originado do poder de mercado
que determinada empresa detém, valendo-se, entre outros, de
aspectos como inovação e marketing, envolvendo uma melhor
discriminação entre os consumidores.
Portanto, enuncia-se, como condição fundamental para a prática
de preços não lineares, existir poder de mercado. Isso não significa
necessariamente a imposição de configuração de monopólio, mas
qualquer conjunto de medidas que implique garantir preço maior
que o custo. Para Reiss & White
(2006), preços não lineares podem ser aplicados para políticas de
precificação distintas, de acordo com a linha ou o portfólio de
produtos da empresa. Isso pode considerar diferenças acessórias
ou centrais da linha de produtos, desde aspectos como tamanhos
de embalagem até quesitos funcionais (como durabilidade,
velocidade, precisão etc.).

Nos processos logísticos, a precificação não linear é atrativa para


diferenciar condições de entrega e distâncias envolvidas, ajudando
a definir alternativas melhores, como preço FOB (cliente
responsável por frete, custos e riscos logísticos) e CIF (fornecedor
responsável por frete, custos e riscos logísticos). Usualmente,
entende-se como condição mais ideal a absorção parcial dos
custos de transporte pela empresa.
Do mesmo modo, o prazo de entrega também pode figurar como
apreçamento não linear: afinal, em muitas situações (como para
delivery de refeições prontas), o tempo de entrega é um
importante atributo de qualidade e pode ser considerado para fins
de esquemas não lineares de preços.
Como curiosidade, o conceito pode até mesmo se estender à
relação entre cidadãos e o poder público: afinal, não há como
excluir uma instância como imposto de renda progressivo como
uma forma de estabelecimento de “preço” não linear. Neste caso, o
“produto” adquirido é o direito do cidadão aos serviços públicos
custeados pelos impostos.

Curvas de custos totais e


curvas unitárias
No campo da Economia, uma das mais difundidas e importantes
ferramentas gráficas de análise é a curva de custo, que, em suma,
é um gráfico da evolução dos custos de produção em função da
quantidade total produzida. Em uma economia de livre mercado,
empresas produtivas eficientes otimizam seu processo de
produção, minimizando os custos consistentes com cada nível
possível e observando o resultado como uma curva de custos.
Na prática, as empresas recorrem à análise das curvas de custo,
visando maximizar lucros e decidindo a quantidade de produção a
ser adotada para determinada situação. Existem vários tipos de
curvas de custo, e todas, de algum modo, guardam relação entre si,
incluindo curvas de custo total e custo médio; curvas de custo
marginal (ou seja, decorrido para produzir cada unidade adicional),
que são matematicamente iguais ao diferencial das curvas de custo
total; e curvas de custo variável. Algumas dessas curvas são
aplicáveis a curto prazo, outras, a longo prazo.

NOTAÇÃO
A literatura da área econômica costuma adotar siglas, de forma
razoavelmente padronizada, para expressar cada conceito de
custo, resultando nos seguintes principais descritores:
Acerca das convenções para o terceiro grupo, observa-se que, na
língua inglesa (idioma de produção da mais vasta obra na área de
Economia, incluindo os livros e artigos originais das teorias centrais
deste campo do conhecimento), “média” e “marginal” costumam
ser simplesmente abreviados por A e M, uma vez que tais iniciais
correspondem respectivamente às palavras correspondentes
naquele idioma (“average” e “marginal”). Em Português, a
diferenciação torna-se um pouco mais desafiadora na sigla, porque
tanto “média” quanto “marginal” iniciam com a letra M, justificando,
portanto, uma maior diversidade de siglas de diferenciação.
Esses descritores podem ser combinados de várias maneiras, para
expressar diferentes conceitos de custo. Na prática, os termos CP
e LP (e mesmo o T) são comumente omitidos quando o contexto de
análise é suficientemente claro. A combinação usual então é
formar uma sigla, composta por esta sequência de quatro termos
ou quatro componentes:

 C, como primeiro termo;


 Um ou nenhum item do segundo grupo (F, V ou T), como
segundo termo;
 Um ou nenhum item do terceiro grupo (MED ou MAR), como
terceiro termo;
 Um ou nenhum item do quarto grupo (CP ou LP), como
quarto e último termo.

Das várias combinações, resulta-se a codificação das seguintes


curvas de custo de curto prazo:
 Custo fixo médio de curto prazo (CFMED ou CFMEDCP);
 Custo total médio de curto prazo (CTMED ou CTMEDCP);
 Custo variável médio de curto prazo (CVMED ou CVMEDCP);
 Custo fixo de curto prazo (CF ou CFCP);
 Custo marginal de curto prazo (CMAR ou CMARCP);
 Custo total de curto prazo (CT ou CTCP);
 Custo variável de curto prazo (CV ou CVCP).

E as seguintes curvas de custo de longo prazo:

 Custo total médio de longo prazo (CMEDLP ou CTMEDLP);


 Custo marginal de longo prazo (CMARLP);
 Custo total de longo prazo (CTLP).

CURVAS CTCP E CTLP


As curvas de custo total de curto prazo (CTCP) e custo total de
longo prazo (CTLP) aumentam quanto maior for a quantidade de
produto realizado, porque produzir mais requer mais uso de mão
de obra, tanto no curto quanto no longo prazo, e porque, no longo
prazo, uma maior produção envolve o uso de mais capital físico,
além de que, o uso de mais insumos sempre implica em mais
custos.

Com apenas uma entrada variável no curto prazo, cada quantidade


possível de produção requer uma quantidade específica de uso de
mão de obra. Assim, o custo total de curto prazo, em função do
nível de produção, é essa quantidade única de trabalho
multiplicada pelo custo unitário da mão de obra.
Porém, no longo prazo, com a possibilidade de escolha das
quantidades de trabalho e de capital físico, o custo total de
produção de um determinado nível de produção é o resultado de
um problema de otimização: a soma das despesas com mão de
obra (a taxa salarial, multiplicada pela taxa escolhida do nível de
uso de mão de obra) com as despesas de capital (o custo unitário
do capital, multiplicado pelo nível escolhido de uso físico de capital)
é minimizada, com base no uso de mão de obra e uso de capital,
sendo sujeita à igualdade da função de produção que a relaciona
com os dois usos de entradas. Desse modo, resulta-se que o nível
(mínimo) do custo total é o custo total da produção da quantidade
pretendida.
CURVAS CVCP E CFCP OU CV E CF
Como o custo fixo de curto prazo (CF ou CFCP) não varia com o
nível de produção, sua curva corresponde a
uma linha horizontal (Gráfico 9). É interessante observar que, se a
curva de custo total é não linear, isso pode representar retornos
marginais crescentes e decrescentes. Os custos variáveis de curto
prazo (CV ou CVCP) aumentam com o nível de produção, uma vez
que, quanto mais produção é realizada, mais entradas variáveis
precisam ser usadas e, consequentemente, pagas.

Gráfico 9. Curva de custo total. Fonte: SAMUELSON; NORDHAUS, 2013, n.p.


(Adaptado).

CURVAS CVMED OU CVMEDCP


O custo variável médio (CVMED ou CVMEDCP) é um conceito de
curto prazo, que representa o custo variável (normalmente o custo
de mão de obra) expresso por unidade de produção.
Sua fórmula (CVMED = ST/Q) apresenta S como taxa
salarial, T como quantidade utilizada de trabalho e Q como a
quantidade produzida. A CVMED representa o comportamento do
custo variável médio de curto prazo em relação ao nível de
produção, e é tipicamente traçada com formato de U (Gráfico 10).

Gráfico 10. Curva em U CVMED. Fonte: SAMUELSON; NORDHAUS, 2013, n.p.


(Adaptado).

Observa-se que, como o custo fixo, por definição, não varia com a
produção, o custo fixo médio de curto prazo (CFMED) por unidade
de produção é menor quando a produção é maior, dando origem à
curva inclinada para baixo, apresentada no Gráfico 10.
Nota-se, ainda, que o custo médio de curto prazo (CMED ou
CMEDCP) é sempre igual aos custos fixos médios (CFMED) mais os
custos variáveis médios (CVMED). Em especial, o formato da curva
de CVMED é determinado diretamente pelo aumento e, em
seguida, pela diminuição dos retornos marginais do insumo
variável (labor convencional).
Por fim, a curva de custo médio de longo prazo (CMEDLP) é
graficamente semelhante à curva de curto prazo, mas a partir dela
permite-se variar o uso de capital físico. Afinal, quando se toma
um horizonte de variação de anos, e não de meses ou semanas, na
prática, a maioria dos custos torna-se variável. Por exemplo,
empregados podem ser desligados do quadro funcional, ou
mesmo não serem substituídos. Maquinário pode ser
eventualmente vendido ou deixar de ser reposto, em caso de
obsolescência ou dano funcional.

CURVAS CMARCP E CMARLP


Uma curva de custo marginal de curto prazo (CMARCP) representa
graficamente a relação entre o custo marginal (isto é, incremental),
incorrido por uma empresa na produção de curto prazo de um
bem ou serviço, e a quantidade de produto produzido.

Essa curva é construída para capturar a relação entre custo


marginal e nível de produção, mantendo constantes todas as
outras variáveis, como tecnologia e preços de recursos. A curva de
custo marginal é geralmente em forma de U (vide a curva dos
Gráficos 3 a 7 com a identificação CMAR).
Na prática, o custo marginal costuma se apresentar relativamente
alto, em pequenas quantidades de produção. Então, à medida que
a produção aumenta, o custo marginal diminui, atinge um valor
mínimo e depois torna a aumentar. O custo marginal é usualmente
comparado, nos gráficos de curvas de custo,
à receita marginal (RMED), que é a quantidade incremental de
receita de vendas que uma unidade adicional do produto ou
serviço traz para a empresa.
Esse formato da curva de CMARCP é diretamente atribuível ao
aumento (primeiramente) e à diminuição (logo depois) dos
retornos marginais (e à lei dos retornos marginais decrescentes).
Como fica evidenciado pelo Gráfico 10, a curva CMAR cruza as
curvas CVMED e CMED exatamente nos seus pontos mínimos.
Quando a curva CMAR está acima de uma curva de custo médio, a
curva média aumenta. Quando a curva CMAR está abaixo de uma
curva média, a curva média cai. É interessante observar que essa
relação se mantém independentemente da curva CMAR estar
subindo ou descendo.
Por sua vez, a curva de custo marginal de longo prazo (CMARLP)
mostra para cada unidade de produção o custo total adicionado
incorrido no longo prazo, ou seja, o período conceitual em que
todos os fatores de produção são variáveis. Dito de outra forma,
CMARLP é o aumento mínimo no custo total, associado a um
aumento de uma unidade de saída quando todas as entradas são
variáveis.

Uma diferença importante é que a curva CMARLP é modelada


por retornos de escala, que é um conceito de longo prazo, e não
pela lei de retornos marginais decrescentes, que é um conceito de
curto prazo. Consequentemente, a curva CMARLP tende a ser mais
plana que sua contraparte de curto prazo (CMARCP), devido ao
aumento da flexibilidade dos insumos. Mais uma vez, de forma
análoga ao que ocorre no curto prazo, a curva CMARLP cruza a
curva CMEDLP no ponto mínimo dessa última.
Por fim, quando o CMARLP está abaixo do CMEDLP, esse segundo
está caindo (à medida que unidades de produção adicionais são
consideradas), e quando o CMARLP está acima do CMEDLP, esse
segundo está aumentando.
RELAÇÃO ENTRE DIFERENTES
CURVAS

Custos total, fixo, variável, marginal e médio são conceitos distintos,


mas indiscutivelmente relacionados. Consequentemente, seus
gráficos (curvas) também apresentam relações conhecidas. Em
suma:
A partir disso, obtemos alguns resultados: em um nível de Q no qual
a curva CMAR está acima do CMED ou do CVMED, a última curva
está subindo; se CMAR estiver abaixo do CMED ou do CVMED, a
última curva está caindo. Consequentemente, se CMAR for igual ao
CMED, então CMED está no seu valor mínimo; e, se CMAR é igual ao
CVMED, então CVMED está no seu valor mínimo.

RELAÇÃO ENTRE CURVAS DE


CURTO E LONGO PRAZOS
Para cada quantidade de produto, existe
um nível de capital que minimiza os
custos, e uma curva CMEDCP única
associada à produção da quantidade
especificada.
As sínteses a seguir assumem que a empresa está usando o nível
ótimo de capital para a quantidade produzida. Caso contrário, a
curva CMEDCP ficaria totalmente acima do CMEDLP, sem ficar
tangente em nenhum momento.
Cada curva CTCP pode ser tangente à curva CTLP em apenas um
ponto, não podendo cruzar (interceptar) a curva CTLP. Contudo, a
curva CTCP pode estar totalmente acima da outra, sem ponto
algum de tangência. Assim, uma curva CTCP é tangente ao CTLP no
nível de produção que minimiza os custos a longo prazo. Fora isso,
no ponto de tangência, o CTCP é igual ao CTLP e, em todos os
outros níveis de produção, o CTCP excederá o CTLP.
As funções de CMED são a função de CT dividida pelo nível de
produção. Portanto, a curva CTMEDCP também é tangente à curva
CTMEDLP, no nível de produção que minimiza os custos. No ponto
de tangência, o CTMEDCP é igual ao CTMEDLP e, em todos os
outros níveis de produção, o CTMEDCP é maior do que o CTMEDLP.
À esquerda do ponto de tangência, a empresa está usando muito
capital e os CF são altos demais, enquanto à direita, a empresa está
usando muito pouco capital e retornos decrescentes do labor estão
causando um aumento nos custos.
A inclinação das curvas de CT é igual ao CMAR. Portanto, quando o
CTCP é tangente ao CTLP, o CMARCP é igual ao CMARLP. Desse
modo, no nível de longo prazo da minimização de custos, o CTCP é
igual ao CTLP, o CMEDCP é igual ao CMEDLP e o CMARCP é igual ao
CMARLP. O nível de produção que minimiza os custos em LP pode
ser diferente do CMEDCP mínimo:

 Com os custos unitários fixos de insumos, se a função de


produção tiver retornos constantes de escala, no nível
mínimo da curva CTMEDCP, tem-se CTMEDCP = CTMEDLP =
CMARCP = CMARLP;
 Com os custos unitários fixos de insumos, se a função de
produção tiver retornos crescentes de escala, o mínimo da
curva CTMEDCP está à direita do ponto de tangência entre as
curvas CMEDCP e CMEDLP;
 Com os custos unitários fixos de insumos e retornos
decrescentes, o mínimo da curva CMEDCP fica à esquerda do
ponto de tangência entre o CMEDCP e o CMEDLP;
 Com os custos fixos de insumos unitários, uma empresa que
está experimentando retornos crescentes (ou decrescentes) à
escala, e está produzindo seu CMEDCP mínimo, pode sempre
reduzir o custo médio a longo prazo, expandindo (reduzindo)
o uso dos insumos fixos.

O CMEDLP sempre será igual ou menor ao CMEDCP. Se o processo


de produção estiver exibindo retornos constantes de escala, o
CMEDCP mínimo será igual ao CMEDLP mínimo. O CMEDCP e o
CMEDLP se cruzam em seus valores mínimos comuns. Assim, sob
retornos constantes de escala, tem-se CMARCP = CMARLP =
CMEDCP = CMEDLP. Se o processo de produção estiver diminuindo
ou aumentando, o CMEDCP mínimo não será igual ao CMEDLP
mínimo. Se existirem retornos crescentes de escala, o CMEDLP
mínimo ocorrerá em um nível de produção inferior ao CMEDCP.
Isso ocorre porque existem economias de escala que não são
exploradas e, no longo prazo, uma empresa sempre pode produzir
uma quantidade a um preço menor que o CMEDCP mínimo,
simplesmente usando uma planta fabril maior. Com retornos
decrescentes, o CMEDCP mínimo ocorre em um nível de produção
mais baixo que o CMEDLP mínimo, porque uma empresa pode
reduzir os custos médios simplesmente diminuindo o tamanho da
estrutura ou reduzindo as operações.
O mínimo de um CMEDCP ocorre quando possui inclinação zero.
Assim, os pontos de tangência entre a curva CMEDLP em formato
de U e o mínimo da curva CMEDCP coincidem apenas com a porção
da curva CMEDLP, exibindo constantes economias de escala. Para
aumentar o retorno de escala, o ponto de tangência entre o
CMEDCP e o CMEDLP teria que ocorrer em um nível de produção
abaixo do nível associado ao mínimo da curva CMEDCP.

Agora é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nesta unidade. Vamos lá?!

SINTETIZANDO
O que se observa no modo de produção capitalista é que os
problemas centrais no tocante ao que produzir, quanto produzir,
como produzir e para quem produzir são regidos pelo mecanismo
de preços livres, apresentado como as engrenagens que
proporcionam o equilíbrio entre oferta e demanda, em busca de
viabilizar economicamente o sistema de produção. Ressalta-se que
equilíbrio, em uma perspectiva de concorrência perfeita, é o ponto
no qual as demandas do mercado se igualam à oferta do mercado.
E é nesse momento que se determina o preço praticado pela
empresa.
Em horizonte de curto prazo, a demanda afeta o equilíbrio.
Contudo, em longo prazo, a demanda e a oferta dos produtos
alteram o equilíbrio na condição de perfeita concorrência. Por
consequência, uma empresa consegue, no máximo, perceber lucro
normal no longo prazo, trabalhando no ponto de equilíbrio. Em
quadro típico, mercados que se prevalecem de estruturas de
precificação não linear são as companhias aéreas, as
concessionárias de energia elétrica, as prestadoras de serviços de
telecomunicações, as agências publicitárias e os locadores de
maquinário produtivo e de infraestrutura fabril.
Quanto à interpretação visual, uma curva de custo é definida como
o gráfico da evolução dos custos incorridos na produção, em
função da quantidade total que é produzida. Dentro de uma
economia de livre mercado, a situação corriqueira é que as
empresas produtivas eficientes otimizem seu processo de
produção. Ao fazê-lo, minimizam os custos consistentes com cada
nível possível de produção. A partir daí, resulta-se o
correspondente traçado da curva de custos.
Com efeito, a curva CMARLP é modelada não pela lei de retornos
marginais decrescentes (conceito de curto prazo), mas sim por
retornos de escala (conceito de longo prazo). Dessa forma, a curva
CMARLP apresenta a clara tendência de ser visualmente mais plana
que sua a correspondente de curto prazo (CMARCP), e isso se
explica dado o aumento da flexibilidade dos insumos. E,
novamente fazendo analogia ao que ocorre no curto prazo, a curva
CMARLP cruza a curva CMEDLP em seu ponto mínimo.
É importante sempre ter em mente que, para cada quantidade de
produto, existe um correspondente nível de capital que
proporciona a minimização dos custos de produção. Por isso,
sempre há uma curva de custos médios de curto prazo (CMEDCP)
que é única, em associação à produção da quantidade em questão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAYE, M.; PRINCE, J. Managerial economics and business
strategy. 9. ed. Nova York: McGraw-Hill, 2016.
FRANK, R. Microeconomics and behavior. 9. ed. Nova York:
McGraw-Hill, 2014.
KURZ, H.; SALVADORI, N. Theory of production: a long-period
analysis. Cambridge: Cambridge University Press, 1995.
O’HARA, F. Introduction to economics. Londres: Forgotten Books,
2015.
REISS, P. C.; WHITE, M. W. Evaluating welfare with nonlinear
prices. National bureau of economic research working papers,
2006. Disponível em: <https://www.nber.org/papers/w12370>.
Acesso em: 27/02/2020.
SAMUELSON, P.; NORDHAUS, W. Microeconomics. 19. ed. Nova
York: McGraw Hill Education, 2013.
SEXTON, R.; GRAVES, P.; LEE, D. The short-and long-run marginal
cost curve: a pedagogical note. The Journal of Economic
Education, v. 24, n. 1, 1993, p. 34-37.

Você também pode gostar