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Aula 7 -Teoria do Comércio

Internacional
O MODELO GERAL (MUNDIAL) DE
COMÉRCIO – ITEM 5 DO PROGRAMA
(REFERÊNCIA PRINCIPAL: KRUGMAN,
OBSTFELD E MELITZ (2015, cap. 5))

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5. APRESENTANDO O MODELO
➢ Até agora os modelos estudados enfatizavam aspectos mais
particulares da teoria do comércio internacional,
especialmente relacionados à oferta, como diferença de
tecnologia (modelo ricardiano), dotação e intensidade do
uso de fatores (modelo H-O) e natureza dos fatores
(modelo de fatores específicos).
➢ Agora trata-se de ter uma visão mais abrangente, levando-
se em conta a economia mundial, e não somente a
economia de cada país. Esse modelo procura descrever
uma economia mundial com comércio, visando questões
como: efeitos de mudanças na oferta mundial resultantes
de crescimento econômico.
➢ O modelo determina/estuda a oferta global e a demanda
global de bens, juntando aspectos de todos os modelos
anteriores, sem entrar em detalhes relacionados à oferta.

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5.1 PRINCIPAIS RELAÇÕES QUE FUNDAMENTAM O MODELO

➢Relação entre a fronteira de possibilidade


produção e a curva de oferta relativa;
➢A relação entre preços relativos e demanda
relativa;
➢A determinação do equilíbrio mundial pela oferta
relativa mundial e demanda relativa mundial;
➢ efeitos dos termos de intercâmbio (preço
exportações/preço de suas importações) sobre o
bem-estar de um país.

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5.2 FRONTEIRA DE POSSIBILIDADE PRODUÇÃO (FPP) E OFERTA RELATIVA
➢ Uma economia eficiente produz a quantidade máxima (sem ociosidade). Na verdade, busca-se maximizar o valor
da produção. Será escolhida a quantidade máxima (física) que maximize o valor da produção (Q). Isto depende
dos preços. Há a igualação da TMT (custo de oportunidade), referente à inclinação da FPP, com o preço relativo
(em $), referente à inclinação do isovalor (figura 5.2.1 abaixo). Os preços definem a inclinação da curva de isovalor
(igual valor da produção para cada uma delas). O negativo do preço relativo do tecido (eixo X) corresponde à
declividade da linha de isovalor. A partir da equação do valor da produção VP = PA.QA + PT.QT → VP - PT.QT = PA.QA
→ QA = VP/PA – (PT/PA).QT . O preço relativo do tecido PT/PA é o coeficiente angular da reta. Não confundir com o
conceito de custo de oportunidade do tecido que seria (ΔQA/ ΔQT) ou TMT (taxa marginal de transformação). No
ponto Q, a economia está em equilíbrio maximizador: TMT = preço relativo, ou seja, PT/PA = ΔQA/ΔQT . Maximiza-
se a quantidade e o valor (considerar valor e quantidade da produção aqui é bem importante).
➢ Figura 5.2.1a

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5.3 FRONTEIRA DE POSSIBILIDADE PRODUÇÃO (FPP) E OFERTA RELATIVA
➢ A Figura 5.2.1b abaixo representa uma elevação do preço relativo
do tecido, fazendo o equilíbrio maximizador passar de Q para Q’, o
que representa uma maior quantidade produzida de tecido e uma
menor de alimentos.

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5.4 PREÇO RELATIVOS E DEMANDA
➢ Determinada a quantidade que maximiza o valor da Produção (Q), vamos agora ver qual
quantidade maximiza a satisfação dos consumidores. A satisfação (preferência) dos
consumidores é representada pelas curvas de indiferença. Como agora há comércio
internacional, a satisfação dos consumidores (o consumo) de um país não está limitada
à quantidade da FPP de sua economia (quantidade Q), pois há a possibilidade de
exportar e importar. Assim respeitado o valor da sua produção (limita sua capacidade de
importar), os consumidores do país poderão escolher quantidades diferentes do que seu
país produz. Assim a economia consumirá sobre a linha de isovalor máxima possível
que gere o maior bem-estar (isovalor que tangencia a curva de indiferença mais longe da
origem), ou seja, o ponto de demanda D da Figura 5.3 a. A figura também revela que
com a exportação de tecido (com o valor da produção de tecido) se consegue importar o
alimento necessário para suprir a quantidade que não é atendida pela oferta interna
(FPP).
➢ A figura 5.3b mostra uma situação de elevação do preço relativo do tecido para uma
economia exportadora de tecido. Nota-se que o bem-estar aumentou (D’ mais longe da
origem do que D). Houve aumento da produção interna de tecido e também aumento
das exportações de tecido, que irão permitir o crescimento das importações de
alimentos. O país especializou-se mais na produção de tecido e aumentou tanto o seu
consumo de alimentos quanto o de tecido. Com o aumento do preço do seu produto de
exportação, o país aumentou o seu bem-estar com o comércio, sem que houvesse
alteração de suas possibilidades internas de oferta (FPP).

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5.4 PREÇO RELATIVOS E DEMANDA

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5.4 PREÇO RELATIVOS E DEMANDA

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5.5 OFERTA RELATIVA MUNDIAL E DEMANA RELATIVA MUNDIAL
• A figura 5.3b também pode ilustrar um situação em que PT/PA declina e o país sai
perdendo (D´para D). Se o país exportasse alimentos, a situação seria inversa
(lembrar que aumento de PT/PA significa redução de PA/PT ).
• Para abranger todas essas situações, definimos os termos de troca como a divisão
do preço do que exporta pelo preço do que importa. Assim tem-se: aumento
dos termos de troca aumenta o bem-estar do país, um declínio desses termos
representa uma redução do bem-estar.
• Vamos supor que uma economia mundial seja composta por dois países: um Local
(exporta tecido) e um Estrangeiro (exporta alimentos). Os termos de troca do
local são PT/PA , o do estrangeiro são PA/PT . QLT e QLA são as quantidades de
tecido e alimento produzidas pelo Local, QET e QEA são as quantidade de tecido e
alimento produzidas pelo estrangeiro.
• Na figura 5.5, há uma oferta relativa mundial de tecido (total mundial de
tecido em relação a total mundial de alimento) positivamente inclinada
(aumenta o preço relativo de tecido aumenta a quantidade relativa de
tecido) e uma demanda relativa mundial de tecido (eleva preço relativo
tecido cai o consumo relativo de tecido) negativamente inclinada.
• O equilíbrio entre oferta relativa e demanda relativa determina o preço
relativo mundial de tecido, preço de equilíbrio PT/PA * .

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5.5 OFERTA RELATIVA MUNDIAL E DEMANA RELATIVA MUNDIAL

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5.6 APLICAÇÃO DO MODELO: EFEITOS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO,
CRESCIMENTO VIESADO E CRESCIMENTO EMPOBRECEDOR
• Questões a responder: a) o crescimento econômico nos outros países é bom
para o país local? b) O crescimento do país local é bom ou ruim para esse
país?
• Senso comum responde: a) pode ampliar o mercado para nossas
exportações; pode aumentar a concorrência para nossas exportações; b)
aumento da sua capacidade produtiva pode significar mais produtos para
vender, por outro lado, pode significar preços mais baixos para exportação.
• Vamos usar o modelo em estudo para responder de forma mais precisa e não
ambígua essas duas questões.
• Crescimento econômico pode ser definido como um deslocamento para
fora da fronteira de possibilidade de produção de um país (no dos dois
eixos, como na figura 5.6.1). O crescimento econômico viesado ocorre
quando a FPP se desloca mais para fora em um eixo do que no outro (ver
figura 5.6.1). Isto pode ocorrer por progresso tecnológico mais intenso em
um setor do que em outro (modelo ricardiano) e/ou estoque de um fator de
produção aumentar mais do que outro (aumenta estoque de capital
específico em um setor mais do que em outro, por exemplo).

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5.6 APLICAÇÃO DO MODELO: EFEITOS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO,
CRESCIMENTO VIESADO E CRESCIMENTO EMPOBRECEDOR
• A figura 5.6.1 mostra que para um mesmo nível de preço, há um aumento
relativo na produção de tecidos para o crescimento viesado para tecidos
(figura 5.6.1 a) e um aumento relativo da produção de alimentos no caso do
crescimento viesado para alimentos (figura 5.6.1b).

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5.6 APLICAÇÃO DO MODELO: EFEITOS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO,
CRESCIMENTO VIESADO E CRESCIMENTO EMPOBRECEDOR
• Suponhamos (figura 5.6.2) que o país local tenha um crescimento viesado
para tecido (aumenta a produção relativa, em relação a alimentos, de
tecido). O efeito mundial disso é o deslocamento para a direita da oferta
relativa mundial de tecido (aumento da oferta para um mesmo nível de
preço inicial), movimento de OR1 para OR2, ou seja, aumento da oferta
relativa mundial de tecido. Com esse movimento, haverá um novo e menor
preço relativo mundial de equilíbrio do tecido, ou seja, mudança de (PT/PA
)1 para (PT/PA)2 . Haverá perda para o país Local que é exportador de tecido,
já que os termos de intercâmbio diminuirão.
• Se o crescimento viesado para tecido ocorresse no país Estrangeiro, o efeito
seria o mesmo.
• O IMPOTANTE É PERCEBER QUE O PROBLEMA NÃO É O CRESCIMENTO EM
SI, MAS O VIÉS DE CRESCIMENTO.
• Quando há crescimento viesado para alimentos, a curva OR se desloca para
a esquerda (OR1 para OR2 na figura 5.6.2b), havendo uma redução da
oferta relativa de tecido e portanto uma elevação do seu preço em um
segundo momento.

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5.6 APLICAÇÃO DO MODELO: EFEITOS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO,
CRESCIMENTO VIESADO E CRESCIMENTO EMPOBRECEDOR
• A figura 5.6.2

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5.6 APLICAÇÃO DO MODELO: EFEITOS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO,
CRESCIMENTO VIESADO E CRESCIMENTO EMPOBRECEDOR
• Quando o crescimento econômico de um país expande as fronteiras de produção
desproporcionalmente em direção ao produto que o país exporta, teremos um
crescimento viesado para exportação. Quando isso ocorre para o produto que o
país importa, teremos um crescimento viesado para a importação.
• Crescimento viesado para a exportação tende a piorar o termos de troca de um
país em que houve crescimento, e beneficiar o resto do mundo. O crescimento
viesado para importações tende a melhorar os termos de intercâmbio do país
em que houve crescimento, e prejudicar o resto do mundo.
• RESPONDE AS DUAS QUESTÕES INICIAIS:
o a) o crescimento viesado para exportações no resto do mundo é bom para nós
(país Local), melhorando nos termos de troca ( o que importamos ficará
relativamente mais barato). O crescimento viesado para importações no
estrangeiro piora os nossos termos de troca (fica mais barato relativamente
aquilo que exportamos).
o b) o crescimento viesado para exportações no em nosso país é ruim para nós
(país Local), piorando os termos de troca ( o que exportamos ficará relativamente
mais barato), reduzindo os benefícios do crescimento. O crescimento viesado
para importações em nosso país melhora os nossos termos de troca (fica mais
barato relativamente aquilo que importamos), um benefício adicional do
crescimento.

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5.6 APLICAÇÃO DO MODELO: EFEITOS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO,
CRESCIMENTO VIESADO E CRESCIMENTO EMPOBRECEDOR

• O CRESCIMENTO EMPOBRECEDOR:
o A CEPAL apontou que o crescimento do mundo industrializado
seria viesado para importações (ex. substituição de matérias-
primas naturais por sintéticas), enquanto o mundo em
desenvolvimento seria viesado para as exportações.
o O crescimento nos países pobres seria assim um tanto
autodestrutivo, pois faria cair nossos termos de intercâmbio (X
mais baratas, M mais caras).
o Talvez acha algum exagero em achar que a queda dos termos de
intercâmbio anularia todo o benefício do aumento da
capacidade produtiva de um país.
o Mas o conceito alerta para os país exportadores de matérias-
primas que podem ser facilmente substituídas.
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