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EXTRADIÇÃO

Caso prático de aplicação da Convenção de Extradição entre os Estados Membros da


Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP); Praia, 23.11.2005.

De acordo com o Aviso n.º 183/2011, de 11/08/2011, a Convenção já se encontra em vigor para
a República de Moçambique, para a República Democrática de São Tomé e Príncipe e para a
República Federativa do Brasil desde 1 de Junho de 2009, para a República de Angola desde 1
de Janeiro de 2011 e para a República Democrática de Timor-Leste desde 1 de Maio de 2011.

HIPÓTESE CORRIDA.

José, objecto de um pedido de detenção internacional do Estado A, parte na Convenção CPLP,


é localizado no seu Estado de nacionalidade. Os factos que lhe são imputados são puníveis,
em relação a um dos crimes, com pena de 12 anos de prisão, e em relação a outro, com pena
até 6 meses de prisão.

Detido, José é apresentado à autoridade judiciária competente para decidir sobre um eventual
pedido de extradição. Interrogado José concorda em ser extraditado. Que valor dar a este
consentimento.

Imagine que José não concorda com a sua extradição. Qual o procedimento a adoptar pelo
Estado requerido.

Sendo nacional do Estado requerido por razões de ordem constitucional é decidido não
conceder a extradição de José. Que consequências terá esta decisão no Estado requerido? E
no Estado requerente?

Imagine que a extradição de José, apesar de corresponder a uma causa de recusa facultativa,
é concedida (v.g. porque constitucionalmente é admitida a extradição de nacionais quando
sustentada pela prática de crimes graves, como terrorismo). Apure das consequências desta
extradição relativamente ao tempo de detenção sofrido no Estado requerido e à
eventualidade de novos processos serem identificados no Estado requerente.

HIPÓTESE COMENTADA:

José, objecto de um pedido de detenção internacional do Estado A, parte na Convenção CPLP,


é localizado no seu Estado de nacionalidade, também Membro da CPLP. Os factos que lhe são
imputados são puníveis, em relação a um dos crimes, com pena de 12 anos de prisão, e em
relação a outro com pena até 6 meses de prisão.

1ª Questão: é possível deter provisoriamente com vista à extradição um cidadão no seu Estado?
São efectuadas detenções com base nas red notices da Interpol? As detenções são efectuadas
prévia ou posteriormente à recepção de um pedido de extradição?

Nota: analisar aplicação do artigo 21º da Convenção; identificar Estados que detêm com base
em red notices.
Detido, José é apresentado à autoridade judiciária competente para decidir sobre um eventual
pedido de extradição. Interrogado José concorda em ser extraditado. Que valor dar a este
consentimento?

2ª Questão: identificar as autoridades competentes internamente e apurar os prazos até ao


termo dos quais os detidos devem ser apresentados para primeiro interrogatório; identificar
procedimentos internos de extradição simplificada com base no consentimento (artigo 40º Lei
144/99 de 31.08).

Nota: verificar a inexistência de procedimento simplificado na Convenção; concluir pela


impossibilidade de conceder extradição sob forma simplificada.

Imagine que José não concorda com a sua extradição. Qual o procedimento a adoptar pelo
Estado requerido.

3ª Questão: identificar procedimentos internos de extradição; identificar a causa de recusa


facultativa resultante da nacionalidade; identificar o procedimento amplo para as infracções
contraditórias.

Nota: analisar os artigos 4º al. a) e 2º nº3 da Convenção.

Sendo nacional do Estado requerido por razões de ordem constitucional este decide não
conceder a extradição de José. Que consequência terá esta decisão no Estado requerido? E no
Estado requerente?

4ª Questão: regulamentação interna do princípio aut dedere aut judicare; competência


originária ou necessidade de transmissão; como obter informação/cópias do procedimento
estrangeiro.

Nota: aplicar o disposto no artigo 5º nº1 da Convenção.

Imagine que a extradição de José, apesar de corresponder a uma causa de recusa facultativa,
é concedida (vg porque constitucionalmente é admitida a extradição de nacionais quando
sustentada pela prática de crimes graves, como terrorismo). Apure das consequências desta
extradição relativamente ao tempo de detenção sofrido no Estado requerido e à
eventualidade de novos processos serem identificados no Estado requerente.

5ª Questão: deduzir o tempo de detenção sofrido no Estado requerido; discorrer sobre a regra
ou princípio da especialidade.

Nota: identificar as normas dos artigos 14º e 6º da Convenção.

Questão final: qual o papel que poderá ser desempenhado por um ponto de contacto da Rede
da CPLP na resolução deste caso concreto?

Nota: prestar informação sobre direito convencional e direito estrangeiro; identificar


autoridades competentes; identificar canais de comunicação em situações de urgência;
identificar pontos de contacto nas diversas autoridades centrais.
AUXÍLIO JUDICIÁRIO MÚTUO

Caso prático de aplicação da Convenção de Auxílio Judiciário em matéria penal entre os Estados
Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP); Praia, 23.11.2005.

De acordo com o Aviso n.º 181/2011, de 10/08/2011, a Convenção já se encontra em vigor para
a República de Moçambique, para a República Democrática de São Tomé e Príncipe e para a
República Federativa do Brasil, desde 1 de Agosto de 2009, para a República de Angola, desde 1
de Janeiro de 2011, e para a República Democrática de Timor-Leste, desde 1 de Maio de 2011.

HIPÓTESE CORRIDA.

No Estado B encontra-se agendada a audiência de julgamento de um crime de homicídio. A


principal testemunha ocular do crime afastou-se deste Estado, passando a residir no Estado C.
Ambos os Estados pertencem à CPLP.

Os Magistrados do Estado B pretendem garantir a inquirição desta testemunha em juízo.


Enviam-lhe directamente, por via postal, uma notificação para comparecer em audiência, da
mesma fazendo constar que, se não comparecer nem justificar a sua falta será condenada em
multa e serão emitidos mandados de detenção para garantir a sua comparência em juízo.
Como deve a testemunha reagir?

Imagine que o Código de Processo Penal do Estado B não permite a obtenção de convocatória
por via postal. Que outro meio deve ser utilizado? De que forma?

Para que a formalidade do processo penal do Estado B seja assegurada é preciso que a
inquirição da testemunha seja realizada por um Magistrado judicial, com presença do
Ministério Público e de advogado defesa. Como deve o Magistrado do Estado B fazer a sua
solicitação?

Caso o Estado C não possa executar o pedido à luz da lei do Estado B dispõe a Convenção de
meios que permitam suprir a presença física de uma testemunha em Juízo?

Se a testemunha se encontrar presa no Estado C existe uma forma de cooperação que permita
assegurar a sua presença no Estado B?

HIPÓTESE COMENTADA.

No Estado B encontra-se agendada a audiência de julgamento de um crime de homicídio. A


principal testemunha ocular do crime afastou-se deste Estado passando a residir no Estado C.
Ambos os Estados pertencem à CPLP.

Os Magistrados do Estado B pretendem garantir a inquirição desta testemunha em juízo.


Enviam-lhe directamente, por via postal, uma notificação para comparecer em juízo, da
mesma fazendo constar que, se não comparecer nem justificar a sua falta será condenada em
multa e serão emitidos mandados de detenção para garantir a sua comparência em juízo.
Como deve a testemunha reagir?
Questão: É possível realizar a convocação desta maneira? É legal introduzir cominações nas
convocatórias internacionais?

Nota: identificar a base do artigo 11º nº2 da Convenção; afastar as cominações com base no
artigo 12º nº3 da Convenção.

Imagine que o Código de Processo Penal do Estado B não permite a obtenção de convocatória
por via postal. Que outro meio deve ser utilizado? De que forma?

Questão: identificar a forma carta rogatória e os requisitos estabelecidos pelo artigo 9º da


Convenção. Identificar a necessidade de garantir o pagamento de indemnizações e custear
despesas com a deslocação da testemunha.

Nota: identificar a base do artigo 9º da Convenção e as especificidades do artigo 12º.

Para que a formalidade do processo penal do Estado B seja assegurada é preciso que a
inquirição da testemunha seja realizada por um Magistrado judicial, com presença do
Ministério Público e de advogado defesa. Como deve o Magistrado do Estado B fazer a sua
solicitação?

Questão: Pode o Estado B solicitar que o pedido seja executado de acordo com as formalidades
estabelecidas pela sua lei interna?

Nota: diferenciar os regimes dos números 1 e 2 do artigo 4º da Convenção.

Caso o Estado C não possa executar o pedido à luz da lei do Estado B dispõe a Convenção de
meios que permitam suprir a presença física de uma testemunha em Juízo?

Questão: problemática das videoconferências: dispõem as respectivas autoridades judiciárias


de equipamentos para realizar videoconferências?

Nota: identificar a base concedida pelo artigo 1º nº3 da Convenção.

Se a testemunha se encontrar presa no Estado C existe uma forma de cooperação que permita
assegurar a sua presença no Estado B?

Questão: identificar a forma de cooperação entrega temporária; identificar as especificidades


desta forma de auxílio em particular, nomeadamente imputação do tempo de detenção sofrido
durante a entrega no Estado que entregou.

Nota: identificar a base resultante da aplicação do artigo 13º nº1 da Convenção.

Questão final: qual o papel que poderá ser desempenhado por um ponto de contacto da Rede
da CPLP na resolução deste caso concreto?

Nota: prestar informação sobre direito convencional e direito estrangeiro; identificar


autoridades competentes; identificar canais de comunicação em situações de urgência;
identificar pontos de contacto nas diversas autoridades centrais.
Cooperação Judiciária em Matéria Civil
Casos Práticos

Caso 1
A propõe acção em Angola contra B, cidadão português, residente em Portugal.
O Tribunal angolano pede a citação de B, através de carta rogatória.
Decorridos dois meses sem que a carta rogatória tivesse sido cumprida, o tribunal
angolano pede ao Ponto Focal angolano as suas diligências.
Que diligências poderão ser feitas pelo Ponto Focal angolano?

Caso 2
C propõe acção em Portugal contra D, cidadão moçambicano, residente em
Moçambique.
Três meses após a remessa da carta rogatória para citação do réu, e sem que esta tivesse
sido devolvida, o Ponto Focal português solicita a intervenção do Ponto Focal
moçambicano.
Que intervenção poderá ser feita pelo Ponto Focal moçambicano?

Caso 3
Proposta acção em Portugal, o tribunal português previamente à remessa para Timor,
Cabo Verde, Brasil e São Tomé e Príncipe de carta rogatória para inquirição de
testemunhas, solicita a intervenção do Ponto Focal no sentido de apurar se as
testemunhas poderão ser ouvidas por videoconferência.
Que diligências poderão ser feitas pelo Ponto Focal português?

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