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ECONOMIA MARXISTA II

Objetivo do livro III


 Expor as formas concretas que brotam do processo de movimento do
capital considerado como um todo, no interior das quais o processo direto
de produção e o processo e circulação são apenas momentos
particulares.
 A análise se aproxima dos fenômenos que se apresentam na superfície
da sociedade: a concorrência e o senso comum dos próprios agentes

Cap.1 - PREÇO DE CUSTO E LUCRO

Livro III, O Capital

Ideia Central

 Na medida em que C = c+v se transforma em C’ = (c+v) + m, a mais-valia


parece ser fruto de todo o capital empregado e não da sua parte variável.
Como do ponto de vista de sua rotação o capital adiantado se diferencia
apenas enquanto fixo e circulante, o capital variável aparece como uma
modalidade de capital circulante lado a lado com elementos do capital
constante circulante. Com isso sua natureza de capital variável
desaparece para dar lugar à aparência de uma modalidade de custo ao
lado de outras.

 O custo capitalista da mercadoria se mede pelo dispêndio de capital, e o


custo real da mercadoria, pelo dispêndio de trabalho.
 Preço de custo:
 O agrupamento das diferentes partes de valor da mercadoria que só
repõem o valor de capital despendido em sua produção sob a
categoria do preço de custo expressa [...] o caráter específico da
produção capitalista. O custo capitalista da mercadoria mede-se no
dispêndio em capital, o verdadeiro custo da mercadoria no dispêndio
em trabalho. O preço de custo capitalista da mercadoria é, portanto,
quantitativamente diferente de seu valor ou de seu verdadeiro preço
de custo.

 Mais-Valia:
 Grau de exploração da força de trabalho.
 De forma básica, a mais-valia é a diferença entre o preço final da
mercadoria e o custo de produção.
 Trabalho não pago ao trabalhador.
 Representa a disparidade entre o salário e o valor produzido pelo
trabalhador.

 A mais-valia é gerada no processo de produção capitalista quando os


trabalhadores, por meio de seu trabalho, criam um valor maior do que o valor
de seus salários. Essa diferença entre o valor criado pelo trabalho e o valor
pago em salários é a mais-valia, que é a fonte do lucro capitalista.

 Por que o preço de custo é uma categoria da aparência?


 O preço de custo é considerado uma categoria da aparência porque
é uma forma de expressão monetária das relações sociais
subjacentes e das contradições inerentes ao modo de produção
capitalista.
Marx argumenta que o preço de custo é uma categoria da aparência, pois
oculta as verdadeiras relações sociais de exploração subjacentes à produção
capitalista. Ele argumenta que a mais-valia, que é a diferença entre o valor criado
pelo trabalho e o valor pago em salários, é a fonte do lucro capitalista. No
entanto, essa exploração dos trabalhadores pelo capitalista é mascarada pelo
preço de custo, que inclui uma taxa de lucro e é usado como base para a
determinação dos preços de venda das mercadorias.
Assim, o preço de custo é considerado uma categoria da aparência em Marx,
pois oculta as relações sociais de exploração inerentes ao modo de produção
capitalista, apresentando-se como uma mera soma de custos e lucros, enquanto
a verdadeira fonte do lucro, a mais-valia, é escondida por trás dessa categoria.

 Formação do preço de custo

De acordo com a teoria marxista, a formação do preço de custo envolve uma


distinção entre o capital fixo e o capital circulante. Marx faz essa diferenciação
na análise do processo de produção capitalista.

Marx argumenta que a diferença entre o capital fixo e o capital circulante tem
implicações na formação do preço de custo. Ele sugere que o valor dos meios
de produção fixos é transferido gradualmente ao produto final ao longo de vários
ciclos de produção, por meio do processo de depreciação. Portanto, apenas uma
parte do valor dos meios de produção fixos é considerada como parte do preço
de custo de um produto em um único ciclo de produção.

Essa distinção entre capital fixo e capital circulante na formação do preço de


custo é importante na análise marxista da exploração capitalista e da formação
do valor das mercadorias. Ela mostra como o valor dos meios de produção é
transferido ao produto final ao longo do tempo e como a depreciação do capital
fixo afeta a formação do preço de custo em um processo de produção capitalista.

 O capital fixo é composto pelos meios de produção duráveis, como


máquinas, equipamentos, instalações, entre outros, que são utilizados
repetidamente no processo de produção ao longo do tempo. Esses
elementos do capital fixo perdem seu valor gradualmente através do
desgaste e da depreciação ao longo do tempo. Isto é, a parte do capital
produtivo que, apesar de inteiramente incorporado a produção, transfere seu
valor para o produto não de uma vez, mas parceladamente, durante uma série
de períodos de produção.

 Por outro lado, o capital circulante é composto pelos meios de produção


não duráveis, como matérias-primas, peças de reposição, produtos
intermediários, entre outros, que são consumidos ou incorporados ao
produto final em um único ciclo de produção. Isto é, aquela parte do capital
produtivo cujo valor retorna integralmente ao capitalista durante um período de
produção, sob a forma de dinheiro, com a realização da mercadoria.

Conceito de Lucro:

 Marx define o lucro como a diferença entre o valor total produzido pelos
trabalhadores e o valor total pago a eles em forma de salários. Ele
argumenta que o capitalista obtém lucro através da exploração dos
trabalhadores, uma vez que os trabalhadores criam um valor maior do que
o valor dos salários que recebem, ou seja, criam mais-valia.

O lucro, tal como ele se apresenta aqui, é, então, o mesmo que o mais-valia,
apenas numa forma mistificada, que, no entanto, tem origem necessariamente
no modo de produção capitalista. Pelo fato de que na formação aparente do
preço de custo não se percebe qualquer diferença entre capital constante e
capital variável, a origem da alteração de valor que ocorre durante o processo
de produção precisa ser deslocada da parte variável do capital para o capital
total. Uma vez que num polo o preço da força de trabalho aparece na forma
transformada do salário, no polo oposto o mais-valor aparece na forma
transformada do lucro.

 Por que o lucro é o mesmo que mais-valia?


 Porque ele oculta sua verdadeira origem.

Premissas:

1 – Se o preço de mercado é igual ao valor, o lucro é igual a mais-valia.

2 – Se o preço de mercado é inferior ao valor, a mais-valia é inferior ao lucro.


INFORMACÕES:

C = 500

c = 400

v = 100

m’ = 100%

Cálculo mais-valia (m): Cálculo valor (M):

m = m’ v M=c+v+m

m = 100% (100) M = 400 + 100 + 100

m = 100 M = 600

Cálculo preço de custo (pc): Cálculo valor novo (vn):

pc = c + v vn = v + m

pc = 400 + 100 vn = 100 + 100

pc = 500 vn = 200
Capital Constante e Capital Variável

Marx define o capital constante e o capital variável como duas componentes


fundamentais do capital no processo de produção capitalista.

 Capital Constante: O capital constante, também conhecido como capital fixo,


consiste nos meios de produção que são utilizados na produção de mercadorias,
como máquinas, equipamentos, matéria-prima, fábricas, entre outros. Esses
meios de produção são considerados constantes porque não sofrem alteração
em seu valor durante o processo de produção. O capital constante é adiantado
pelos capitalistas na forma de investimentos iniciais para adquirir os meios de
produção necessários para a produção de mercadorias.

 Capital Variável: O capital variável, também conhecido como capital circulante,


é a parte do capital investido pelos capitalistas na contratação da força de trabalho
dos trabalhadores. A força de trabalho é a capacidade dos trabalhadores de
transformar os meios de produção em mercadorias por meio de seu trabalho. A
característica fundamental do capital variável é que seu valor é determinado pelo
valor do trabalho excedente que os trabalhadores realizam além do tempo
necessário para reproduzir o valor de sua própria força de trabalho, ou seja, o
valor de seus salários.
Cap.2 – A TAXA DE LUCRO

Livro III, O Capital

 Marx conceitua a taxa de lucro como a relação entre o lucro obtido pelos
capitalistas e o capital total investido na produção de mercadorias. Em
que, O capitalista adianta o capital total sem levar em consideração os
diferentes papéis que seus componentes desempenham na produção da
mais-valia. Ele adianta todos esses componentes em igual medida, não
só para reproduzir o capital adiantado, mas para produzir um excedente
de valor sobre esse capital.

 A taxa de lucro é apenas uma outra forma de medir a mais-valia. Neste


caso a medida relativa da mais valia é com respeito ao capital aplicado na
sua obtenção ao invés de sê-lo com relação à parcela do capital (variável)
do qual ela realmente se origina.

Taxa de lucro e taxa de mais-valia

Taxa de lucro expressa a mais valia relativamente ao capital total.

𝒎 𝒎
𝓵′ = =
𝑪 𝒄+𝒗
A taxa de mais-valia expressa a mais-valia relativamente ao capital variável.

𝒎
𝒎′ =
𝒗
 A taxa de lucro expresssa o grau de expansão do capital total. Isto é,
mede a rentabilidade do capital; ou “expressa o grau de valorização de
todo o capital adiantado.

 A mais valia expressa o grau de expansão do capital variável. Isto é, mede


o grau de exploração da força de trabalho.

São magnitudes diferentes exceto no caso raro de capitais que não utilizem capital constante.
 Embora o excedente do valor da mercadoria sobre seu preço de custo
tenha origem no processo direto de produção, ele se realiza apenas no
processo de circulação e assume tão mais facilmente a aparência de
derivar do processo de circulação quanto, na realidade, no interior da
concorrência, no terreno efetivo do mercado, são as relações de mercado
que decidem se é em que medida esse excedente é realizado.

 Embora a taxa de lucro seja numericamente distinta da taxa de mais-valia,


ao mesmo tempo que a mais-valia e o lucro são, na verdade, a mesma
coisa, e também numericamente iguais, o lucro é uma forma transformada
da mais-valia, uma forma em que sua origem e o segredo de sua
existência são encobertos e apagados.

 Na verdade, o lucro é a forma de manifestação da mais-valia, tendo este


de ser revelado mediante a análise daquele. Na mais-valia está revelada
a relação entre capital e trabalho.

Transformação da mais-valia em lucro

 É da transformação da taxa de mais-valia em taxa de lucro que obtemos


a transformação da mais-valia em lucro.

 Lucro é a forma mistificada da mais-valia no sentido de que esta perde a


conexão com a parte do capital que a gerou: a taxa de lucro realiza essa
mistificação na medida em que o excedente gerado pelo trabalho aparece
como fruto de todas as partes do capital.
Leis da taxa de lucro e taxa de mais valia são diferentes

• Não se pode identificar as leis que regem a taxa de mais-valia com as


leis que regem a taxa de lucro:


𝒎′ ∙ 𝒗 𝒗
𝓵 = = 𝒎′ ∙
𝒄+𝒗 𝑪

• A magnitude do capital total não tem conexão intrínseca com a magnitude


da mais valia. C pode crescer mais rapidamente do que m’∙v.

• Taxa de lucro e taxa de mais-valia podem apresentar tendências opostas:


aumentos da taxa de mais valia podem se expressar em decréscimo da
taxa de lucro.

• Essa é uma crítica velada ao procedimento de David Ricardo que


identificava taxa de lucro e taxa de mais-valia como a relação do
excedente depois de pagos os salários dividido pelo valor dos salários.

• É também sugestiva de elementos que reaparecerão na análise da lei


tendencial de redução da taxa de lucro.

Determinantes da taxa de lucro

1. Taxa de mais-valia: A taxa de mais-valia é a proporção entre a mais-valia


produzida pelo trabalho e o capital variável investido (salários). É uma
determinante chave da taxa de lucro, uma vez que afeta diretamente a
quantidade de valor excedente apropriado pelos capitalistas.

2. Composição de valor do capital: Refere-se à relação entre o capital constante


(meios de produção) e o capital variável (trabalho) em um dado processo de
produção. Marx argumenta que a taxa de lucro tende a cair ao longo do tempo
devido ao aumento da composição orgânica do capital, ou seja, ao aumento dos
investimentos em meios de produção em relação aos gastos com trabalho vivo.
Cap.4 - EFEITO DA ROTAÇÃO SOBRE A TAXA DE LUCRO

Livro III, O Capital

 Conceito de rotação:
 Para o capitalista, o tempo de rotação de seu capital é o
tempo durante o qual tem de adiantar seu capital para
valorizá-lo e recuperá-lo em sua figura original.
 O tempo de rotação do capital refere-se ao tempo necessário
para que um determinado montante de capital seja investido em
um processo produtivo e se transforme em mercadorias
vendáveis, que são posteriormente vendidas para gerar lucro.
Quanto mais curto for o tempo de rotação do capital, mais
rapidamente o capital é reinvestido e mais rapidamente o lucro
é obtido.

 Marx argumenta que o tempo de rotação do capital tem um impacto direto


na taxa de lucro. Quanto mais rápido o capital é rotacionado, maior é a taxa
de lucro, pois o capital é reinvestido mais rapidamente e a acumulação de
lucro ocorre de forma mais acelerada. Por outro lado, se o tempo de rotação
do capital for mais lento, a taxa de lucro pode ser reduzida, pois o capital é
retido por um período mais longo antes de ser reinvestido, diminuindo a taxa
de acumulação de lucro.

 Assim, o efeito da rotação sobre a taxa de lucro em Marx está relacionado


com a velocidade com que o capital é reinvestido e como isso afeta a
acumulação de lucro. É importante notar que o tempo de rotação do capital
é influenciado por vários fatores, como a natureza do processo produtivo, a
duração do processo de circulação, a velocidade de venda das mercadorias
produzidas, entre outros, e pode ter um papel significativo na determinação
da taxa de lucro em uma economia capitalista.
 Tempo de rotação = tempo de produção + tempo de circulação

 O principal meio do encurtamento do tempo de produção:


 É o aumento da produtividade do trabalho, que se costuma
chamar de progresso da indústria.
 O principal meio para o encurtamento do tempo de circulação
 É a melhoria das comunicações.

O número de rotações efetuadas por um capital ao longo de um


ano é dado por:

𝑹
𝒏=
𝒓

R = O ano como unidade de medida do tempo de rotação.


r = Tempo de rotação de um capital determinado.

Ex.: Seja r = 6 meses Seja r = 3 meses Seja r = 24 meses

𝟏𝟐 𝟏𝟐 𝟏𝟐
𝒏= =𝟐 𝒏= =𝟒 𝒏= = 𝟎, 𝟓
𝟔 𝟑 𝟐𝟒

 Em capitais de igual composição percentual, taxa igual de mais-valia e igual


jornada de trabalho, a relação entre as taxas de lucro de dois capitais é
inversa à relação entre seus tempos de rotação.
Cap.8 – COMPOSIÇÃO DIFERENTE DOS CAPITAIS E
DIFERENÇA RESULTANTE NAS TAXAS DE LUCRO

Livro III, O Capital

 Como o salário é dado, o capital variável serve aqui como índice da


quantidade de força de trabalho posta em movimento por um capital
determinado.

As três composições do capital:

1. Composição de valor do capital: Refere-se à relação entre o capital constante


(meios de produção, como máquinas e matérias-primas) e o capital variável
(trabalho, como gastos com mão de obra) em termos de valor. A composição de
valor do capital indica a proporção do capital total investido em meios de produção
em relação ao capital investido em mão de obra.
A composição de valor do capital é determinada pela proporção em que se
reparte em capital constante ou valor dos meios de produção e capital variável
ou valor da força de trabalho, soma global dos salários.

2. Composição técnica do capital: Refere-se à relação entre o capital constante


e o capital variável em termos de quantidade e qualidade dos meios de produção.
Envolve a análise das tecnologias, técnicas de produção e organização do
processo produtivo. A composição técnica do capital pode afetar a produtividade
e a eficiência da produção.
A composição técnica do capital é determinada pela proporção entre a massa
dos meios de produção utilizados e o montante de trabalho exigido para seu
emprego.

3. Composição orgânica do capital: É a relação entre o capital constante e o


capital variável em termos tanto de valor quanto de quantidade e qualidade dos
meios de produção. A composição orgânica do capital combina elementos da
composição de valor e da composição técnica, e é considerada um indicador
importante para a determinação da taxa de lucro.
A composição orgânica do capital é especialmente relevante para a teoria de Marx, pois
ele argumenta que as mudanças na composição orgânica do capital ao longo do tempo
têm implicações para a dinâmica do sistema capitalista, incluindo as tendências à
concentração e centralização do capital, a exploração da classe trabalhadora e as crises
econômicas.

Fórmula de expressão dos três conceitos da composição do capital:

𝒄 𝑲 𝟏 𝝀𝟏 CVC = Composição de valor do capital.


𝑪𝑽𝑪 = = CTC = Composição técnica do capital.
𝒗 𝑵 𝒘𝒗𝟎 𝝀𝟐 COC = Composição orgânica do capital.
𝒄 = Capital constante.
𝒗 = Capital variável.
K = Quantidade de meios de produção (em valores de um ano
𝑪𝑻𝑪 𝟏 𝝀𝟏 base).
𝑪𝑽𝑪 = =
𝒗𝟎 𝒘 𝝀𝟐 N = Número de trabalhadores empregados.
w = Índice do salário real.
𝒗𝟎 = Uma constante representando o valor unitário da FT no ano
base.
𝟏 𝝀𝟏 𝝀𝟏 = Índice dos valores unitários dos meios de produção.
𝑪𝑽𝑪 = 𝑪𝑶𝑪
𝒘 𝝀𝟐 𝝀𝟐 = Índice dos valores unitários dos meios de subsistência.

A composição orgânica do capital e a taxa de lucro

 A diferente composição orgânica dos capitais é, pois, independentemente de


sua grandeza absoluta. A única coisa que importa é quanto de cada 100
representa capital variável e quanto representa capital constante.

 Capitais de diferente grandeza, percentualmente considerados – ou, o que


aqui resulta no mesmo, capitais de igual grandeza – rendem, com uma
jornada de trabalho igual e mesmo grau de exploração do trabalho,
quantidades muito diferentes de lucro, na medida em que produzem
quantidades muito diferentes de mais-valor, e isso porque, conforme muda a
composição orgânica do capital em diferentes esferas da produção, sua parte
variável é distinta, ou seja, as quantidades do trabalho vivo que esses capitais
põem em movimento são outras – por conseguinte, também as quantidades
do mais-valor por eles apropriadas, da substância do mais-valor e, com isso,
do lucro.

Significado da diversidade das taxas de lucro

 Capitais de igual grandeza investidos em distintas esferas da produção,


geram lucros desiguais devido a sua diferente composição orgânica.

 Isso quer dizer que os lucros de capitais desiguais em distintas


esferas da produção não podem achar-se em proporção com suas
respectivas grandezas, ou seja, que os lucros obtidos em distintas
esferas da produção não são proporcionais às grandezas dos
capitais respectivamente investidos nessas esferas.

 Pois esse aumento do lucro proporcionalmente à magnitude do


capital empregado teria de pressupor a igualdade dos lucros em
termos percentuais, ou seja, que capitais de mesma grandeza em
diferentes esferas da produção têm iguais taxas de lucro, apesar
da diferença em sua composição orgânica.

 Isso tem lugar sob o pressuposto de que as mercadorias são vendidas


por seus valores.
 Quando a mercadoria é vendida pelo seu valor, significa taxa de
lucros desiguais.

 Em diferentes ramos industriais, em função da diferente composição


orgânica dos capitais e, dentro dos limites indicados, também em função
de seus diferentes períodos de rotação, reinam taxas de lucro desiguais.
 Portanto, também com igual taxa de mais-valia, apenas para capitais com
composição orgânica igual - pressupostos períodos de rotação iguais -,
vale a lei (como tendência geral) de que os lucros variam de acordo com
as grandezas dos capitais, e, portanto, capitais de igual grandeza, em
períodos de tempo iguais, proporcionam lucros de igual grandeza.
CAP.9 – FORMAÇÃO DE UMA TAXA GERAL DE LUCRO E
TRANSFORMAÇÃO DOS VALORES EM PREÇOS DE
PRODUÇÃO

Livro III, O Capital

A composição orgânica do capital depende, em cada momento, de dois fatores:


primeiro, da relação técnica entre a força de trabalho empregada e a massa dos
meios de produção empregados; segundo, do preço desses meios de produção.

 Conceito da Taxa Geral de Lucro


 Marx define a taxa média de lucro como a relação entre a mais-
valia produzida pelo trabalho excedente não pago aos
trabalhadores e o capital total investido, que é a soma do capital
constante (meios de produção) e do capital variável (salários).
 Constitui-se pela média das diferentes taxas de lucro para cada
100 de capital adiantado em determinado intervalo de tempo.

̅)
 Fórmula Taxa Média de Lucro (𝒍′

̅= ∑𝒎
𝒍′
∑(𝒄 − 𝒗)
 Fórmula Taxa de Lucro (𝒍′ )

𝒎 𝒎
𝒍′ = =
𝑪 𝒄+𝒗

 Conceito de Lucro Médio


 O lucro que, em conformidade com essa taxa geral de lucro,
corresponde a um capital de dada grandeza, seja qual for sua
composição orgânica, chama-se lucro médio.

 Fórmula Lucro Médio (𝒍𝒎):

̅ (𝒄 + 𝒗)
𝒍𝒎 = 𝒍′
 Conceito de Preço de produção
 O preço de uma mercadoria, o qual equivale a seu preço de custo
mais a parte do lucro médio anual, na proporção de suas
condições de rotação, corresponde ao capital empregado para
produzi-la (e não meramente ao capital consumido em sua
produção), é seu preço de produção.
 A categoria "preço de produção" se refere ao preço de mercado
de uma mercadoria que leva em consideração todos os custos de
produção, incluindo os custos de capital fixo e variável, bem como
uma taxa média de lucro sobre o capital investido. Em outras
palavras, é o preço necessário para cobrir todos os custos e gerar
um lucro médio para o produtor.

 Fórmula Preço de Produção (𝒑𝒑)

𝒑𝒑 = 𝒑𝒄 + 𝒍𝒎

Observações:

1. O cálculo dos preços de produção pressupõe o conhecimento da taxa


média de lucro. Portanto, a sequência adotada por Marx é:
Valores → taxa média de lucro → preços de produção
2. A taxa média de lucro pressupõe que as taxas de lucro em cada esfera
particular da produção já estejam reduzidas a taxas médias.
3. As taxas de lucro das diferentes esferas da produção são calculadas
com base no valor da mercadoria.

Síntese do procedimento para a transformação:

 Em virtude da distinta composição orgânica dos capitais investidos em


diversas esferas da produção, [...] capitais de igual grandeza põem em
movimento quantidades muito diferentes de trabalho, quantidades
também muito diferentes de mais-trabalho são apropriadas por eles ou
massas muito diferentes de mais-valia são produzidas por eles.
Consequentemente, as taxas de lucro que prevalecem nos diversos
ramos da produção são originalmente muito diferentes. Essas diferentes
taxas de lucro são igualadas pela concorrência numa taxa geral de lucro,
que é a média de todas essas diferentes taxas de lucro.

As duas identidades fundamentais:

1. Igualdade entre o preço de produção total e o valor total: A primeira


identidade fundamental afirma que, após a transformação do valor em
preço de produção, a soma total de valor de todas as mercadorias
produzidas deve ser igual à soma total de seus preços de produção. Isso
significa que, embora o valor individual de cada mercadoria possa mudar
após a transformação em preço de produção, o valor total do conjunto de
mercadorias produzidas permanece o mesmo. A igualdade entre a soma
do valor total e a soma do preço total é mantida devido à transferência de
valor entre as mercadorias produzidas nos diferentes setores da
economia.

2. Igualdade entre o lucro total e a mais-valia total: A segunda identidade


fundamental afirma que, após a transformação do valor em preço de
produção, a soma total do lucro gerado em todas as esferas da produção
deve ser igual à soma total da mais-valia gerada em toda a economia.
Isso significa que todo o lucro gerado na economia é simplesmente uma
expressão monetária da mais-valia produzida pelos trabalhadores. A
igualdade entre a soma do lucro total e a soma da mais-valia total é
mantida porque, em última análise, todo o lucro é derivado do trabalho
excedente realizado pelos trabalhadores.

Essas duas identidades são fundamentais porque mostram que a


transformação do valor em preço de produção não afeta a quantidade total
de valor e de mais-valia gerados na economia. A transformação dos valores
em preços de produção apenas afeta a distribuição do valor e da mais-valia
entre as diferentes mercadorias e setores da economia.
Influência da grandeza dos capitais sobre a taxa geral de lucro

 Na formação da taxa geral de lucro não importa apenas a diferença entre


as taxas de lucro nas diversas esferas da produção, cuja simples média
caberia extrair, mas o peso relativo com que essas diversas taxas de lucro
entram na formação da média. E isso depende da grandeza relativa do
capital investido em cada esfera particular ou de qual alíquota do capital
social total constitui o capital investido em cada esfera particular da
produção.

A taxa geral de lucro é determinada por dois fatores:

1. Pela composição orgânica dos capitais nas diferentes esferas da


produção, ou seja, pelas diversas taxas de lucro nas distintas esferas.
2. Pela distribuição do capital social total nessas diferentes esferas, quer
dizer, pela grandeza relativa do capital investido em cada esfera e, por
conseguinte, investido a uma taxa particular de lucro; isto é, pela parcela
proporcional do capital social total que é absorvida em cada esfera da
produção.

Composição do capital e diferença entre preço de produção e valor

 Capitais de composição superior: contêm mais capital constante do


que o capital social médio.

 Capitais de composição inferior: contêm menos capital constante do


que o capital social médio.

 Capitais de composição média: sua composição coincide com a do


capital social médio.

Fórmula Capital Social Médio:


𝒄𝒕 = Capital Constante Total
𝒄𝒕 𝒗𝒕
𝑪𝑺𝑴 = 𝑪𝑺𝑴 = 𝒗𝒕 = Capital Variável Total
𝑪 𝑪
 Nas esferas da produção em que a COC é superior à do capital social
médio, o preço de produção é superior ao valor.
 Assim, chamamos de capitais de alta composição aqueles que
contêm percentualmente mais capital constante, ou seja, menos
capital variável que o capital social médio.

 Naquelas em que a COC é inferior à do capital social médio, o preço


de produção é inferior ao valor.
 Inversamente, chamamos de capitais de baixa composição
aqueles em que o capital constante ocupa um espaço
relativamente menor e o capital variável um espaço
relativamente maior que no capital social médio.

 Naquelas em que a COC é igual à do capital social médio, o preço de


produção é igual ao valor.
 Por último, denominamos capitais de composição média
aqueles cuja composição coincide com a do capital social
médio.

Mais-valia produzida e lucro apropriado

Na seção I do livro III, mais-valia e lucro eram idênticos quanto à sua massa.
Apenas as taxas de lucro e de mais-valia eram diferentes. A partir do
estabelecimento de uma taxa geral de lucro, lucro e mais-valia raramente
coincidem.

Fórmula Composição Orgânica do Capital (𝑪𝑶𝑪):

𝒄
𝑪𝑶𝑪 =
𝒗
Fórmula Composição Orgânica Percentual:

𝒄 𝒗
𝑪𝑶𝑪 = +
𝑪 𝑪
Cap.10 – EQUALIZAÇÃO DA TAXA GERAL DE LUCRO PELA
CONCORRÊNCIA. PREÇOS DE MERCADO E VALORES DE
MERCADO

Livro III, O Capital

Equalização da taxa geral de lucro pela concorrência

 A equalização da taxa geral de lucro pela concorrência refere-se ao


processo pelo qual as empresas em um sistema capitalista ajustam suas
taxas de lucro para um nível médio, devido à pressão competitiva do
mercado. Isso ocorre porque, em um sistema capitalista, as empresas
competem entre si para obter uma fatia maior do mercado e maximizar
seus lucros.

 No entanto, Marx argumenta que, em uma economia capitalista, a


concorrência entre as empresas tende a equalizar essas taxas de lucro,
à medida que as empresas buscam oportunidades de investimento mais
lucrativas e evitam setores menos lucrativos. Isso leva a um processo de
ajuste das taxas de lucro para um nível médio, em que as empresas em
setores menos lucrativos são pressionadas a melhorar sua eficiência ou
sair do mercado, enquanto as empresas em setores mais lucrativos
enfrentam uma maior concorrência e pressão sobre seus lucros.

A tendência ao nivelamento das taxas de lucro

 A soma dos lucros de todas as diversas esferas da produção deve ser


igual à soma das mais-valias, e a soma dos preços de produção do
produto social global igual à soma de seus valores.
 Domina necessariamente, portanto, a tendência de fazer dos preços de
produção formas meramente transmutadas do valor ou de transformar os
lucros em meras partes da mais-valia.
 A tendência ao nivelamento das taxas de lucro refere-se à ideia de que,
em uma economia capitalista, as taxas de lucro tendem a se igualar
entre diferentes setores da economia ao longo do tempo, devido à
competição entre as empresas.

Como a tendência ao nivelamento das taxas de lucro se impõe

 A questão propriamente difícil que aqui se coloca é saber como se opera


essa compensação dos lucros para formar a taxa geral de lucro, já que
esta é evidentemente um resultado, e não pode ser um ponto de partida.
 De imediato, está claro que uma valoração dos valores-mercadorias, por
exemplo, em dinheiro, pode ser apenas resultado de seu intercâmbio, e
se, portanto, pressupomos tal valoração, temos de considerá-la
necessariamente como o resultado das trocas reais de valor-mercadoria
por valor-mercadoria. Mas como se pôde realizar esse intercâmbio de
mercadorias com base em seus valores reais?
 Dito isso, se impõe por meio do processo de concorrência entre as
empresas em uma economia capitalista.

A concorrência intrarramo: a formação do valor de mercado

 Valor individual e valor de mercado


 Valor individual → tempo de trabalho individual → empresa.
 Valor de mercado → tempo de trabalho socialmente necessário →
ramo.

Determinação da grandeza do valor de mercado

O valor de mercado deverá ser considerado, por um lado, como o valor médio
das mercadorias produzidas numa esfera, e, por outro, como o valor individual
das mercadorias produzidas nas condições médias da esfera e que constituem
a grande massa dos produtos da mesma. É só em conjunturas extraordinárias
que as mercadorias produzidas nas piores condições, ou nas condições mais
favoráveis, regulam o valor de mercado, que, por sua vez, constitui o centro de
oscilações dos preços de mercado.
Preços de Mercado

 O preço de mercado, segundo Marx, é o preço real pelo qual uma


mercadoria é vendida no mercado em determinado momento e pode
variar em relação ao seu valor de mercado devido a várias influências,
como oferta e demanda, concorrência, flutuações na procura, entre outros
fatores. O preço de mercado pode ser mais alto ou mais baixo do que o
valor de mercado de uma mercadoria, dependendo das condições de
mercado.

Valores de Mercado

 Marx define o valor de mercado como o valor de uma mercadoria


expresso em sua forma monetária, ou seja, o valor que uma mercadoria
tem no mercado em termos de dinheiro. Ele argumenta que o valor de
mercado de uma mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho
socialmente necessário para sua produção, ou seja, pela quantidade
média de trabalho socialmente necessário incorporado nela.

Relação da oferta e da procura com o valor de mercado e o preço de


mercado:

 Se, portanto, procura e oferta regulam o preço de mercado, ou, antes, os


desvios dos preços de mercado em relação ao valor de mercado, então,
por outro lado, o valor de mercado regula a proporção entre procura e
oferta ou é o centro em torno do qual as flutuações da procura e da oferta
fazem oscilar os preços de mercado.
QUESTÕES FORMULADAS

1) Sobre as taxas de lucro em diferentes ramos da produção, assinale


as alternativas correspondentes à posição de Marx (há duas
alternativas válidas):
 As taxas de lucro de dois ramos de produção quaisquer serão
diferentes se, sendo iguais a taxa de mais-valia, a jornada de trabalho
e o salário, assim como o tempo de rotação do capital, for diferente a
composição orgânica do capital.
 A venda das mercadorias por seus valores, isto é, pela soma do capital
constante com o capital variável e a mais-valia produzida, resulta em
taxas de lucro diferentes nos diferentes ramos da produção, uma vez
que capitais de igual grandeza produzirão diferentes massas de mais-
valia em correspondência com sua composição orgânica.

2) Acerca da taxa de lucro, assinale a alternativa correspondente à


exposição de Marx:
 A taxa de lucro relaciona a massa de mais-valia com o capital total
adiantado, sendo distinta da taxa de mais-valia.

3) Assinale as alternativas correspondentes à exposição de Marx


acerca da transformação dos valores em preços de produção (há
duas alternativas válidas):
 A venda das mercadorias aos preços de produção significa que os
capitais investidos nos diferentes ramos obterão a mesma taxa de
lucro, independentemente de sua composição orgânica.
 Na totalidade dos ramos da produção, a soma dos preços de produção
das mercadorias produzidas é igual à soma de seus valores.

4) Sobre a relação entre o preço de produção e o valor, assinale a


alternativa correspondente à posição de Marx:
 Para os capitais de composição orgânica superior, o lucro apropriado
é maior do que a mais-valia por eles produzida e, portanto, o preço de
produção da mercadoria é superior ao seu valor.
5) Sobre a categoria preço de custo, assinale as alternativas
correspondentes à exposição de Marx (há duas alternativas válidas):
 O preço de custo corresponde à parte do valor da mercadoria que
repõe o preço dos elementos do capital despendidos na sua produção
(capital constante consumido e capital variável).
 A categoria preço de custo, ao apagar as diferenças entre capital
constante e capital variável, esconde a origem da alteração de valor
que ocorre durante o processo de produção da mercadoria.

6) Acerca das categorias valor de mercado e preço de mercado,


assinale a alternativa que não corresponde à posição de Marx:
 O valor de mercado é determinado pela relação entre oferta e
demanda, sendo independente do tempo de trabalho despendido na
produção da mercadoria.

7) Sobre as categorias lucro e mais-valia, assinale a alternativa


correspondente à exposição de Marx:
 O lucro é uma forma transmutada da mais-valia, uma forma na qual,
esta parece originar-se do capital total adiantado, tanto da parte
constante como da parte variável.

8) Acerca da formação da taxa média (geral) de lucro, assinale as


alternativas correspondentes à posição de Marx (há duas
alternativas válidas):
 Na formação da taxa média (geral) de lucro, levam-se em conta não
apenas as taxas de lucro dos ramos individuais, mas também a
grandeza relativa dos capitais investidos em cada um deles.
 A concorrência iguala as diferentes taxas de lucro dos diferentes
ramos numa taxa geral, levando ao estabelecimento dos preços de
produção.

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