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quarta-feira, 5 de outubro de 2022 16:00

1) Expliquem a chamada lei do valor, da crítica da economia política marxista. Em


sua resposta, deem centralidade ao processo de compra e venda da força de
trabalho e utilizem os conceitos de valor de uso, valor e mais-valor.

Para compreender a lei do valor de Marx, primeiro é preciso absorver o conceito de


mercadoria. Esse conceito é, inicialmente, tido como um objeto externo que contém,
em seu corpo, propriedades úteis para a satisfação de necessidades humanas. Essas
propriedades determinam o valor de uso da mercadoria, ou seja, sua adequação para
saciar as demandas da vida. Sendo assim, diferentes mercadorias possuem diferentes
valores de uso, uma vez que tem utilidades diferentes. Para que a troca de mercadorias
pudesse ocorrer de forma equivalente, surge o valor de troca, através do qual valores
de uso diferentes podem ser equiparados quantitativamente.

Entretanto, se é possível equiparar mercadorias que são qualitativamente e


quantitativamente diferentes, é preciso determinar o que há de comum entre elas que
possibilite essa equivalência proporcional. A partir dessa premissa, observa-se que o
que há de comum entre todas as mercadorias que possuem um valor de troca é uma
determinada quantidade de trabalho humano indiferenciado medida no tempo. Ou seja,
mercadorias de valores equivalentes são aquelas que exigiram a mesma quantidade de
tempo de trabalho humano abstrato na sua produção. Essa noção do conceito de valor,
por sua vez, é fundamental para compreender a lei do valor.

A lei do valor é aquela através da qual é descrito o movimento em que, a partir de um


valor, obtêm-se um valor ainda maior (V’ = V + ΔV). Esse movimento representa a
manifestação da lógica do capital, no qual, por exemplo, o dinheiro pode ser utilizado
para a compra de uma mercadoria a um valor V com o único objetiva de vendê-la pelo
valor de V acrescido de um mais valor ΔV. Essa lógica inova ao inserir uma nova
finalidade na circulação de mercadorias, que não mais envolve a apropriação dos
valores de uso nelas contidos. A incessante obtenção de mais valor é o objetivo do
capitalista.

Surge, portanto, a necessidade de compreender de onde vem o incremento de valor na


mercadoria vendida por último. Uma vez que no simples movimento de compra e
venda descrito não é possível identificar a origem do mais valor, partindo da definição,
já apresentada, de valor, é possível identificar o aumento deste na inserção de trabalho
humano abstrato na mercadoria comprada inicialmente. Para o capitalista, então, é
necessário que a força de trabalho também esteja disponível no mercado como
mercadoria para integrar sua lógica de produção.

Dessa forma, a compra de tal nova mercadoria permitiria a acumulação de capital a


partir do próprio capital. Tal produto, nitidamente, também tem um valor. O valor da
força de trabalho é igual ao dos meios de subsistência necessários à sua própria
manutenção, ou seja, à manutenção plena das capacidades físicas e mentais que
permitem a produção de valores de uso. Entretanto, se a mercadoria força de trabalho
fosse comprada pelo capitalista pelo seu valor exato, ele despenderia da mesma
quantidade de valor que agregaria à mercadoria que pretende vender para obter essa
força, tornando toda a operação ilógica. Sendo assim, surge o mecanismo de
exploração contido na lei do valor.

As contingências da realidade ocasionam o encontro de alguém que detém os meios de


produzir valores de uso com pessoas que não tem mercadoria alguma para vender além
da própria força de trabalho, e não dispõem dos meios para executar o trabalho. Sendo
assim, satisfazendo a lógica da produção de capital a partir do capital, o detentor dos

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assim, satisfazendo a lógica da produção de capital a partir do capital, o detentor dos
meios de produção, então, compra a força de por um valor abaixo do natural, de tal
forma que os trabalhadores trabalham além do necessário para sua subsistência (mais-
trabalho), recebendo apenas o suficiente mantê-la. Dessa forma, a diferença do valor
produzido pelo trabalho e o recebido pelos trabalhadores é mantido pelo capitalista na
forma de lucro, representando, agora, uma parcela daquele mais valor (ΔV) que pode
ser reinvestido na própria acumulação.

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