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Nessa aula vamos tratar de um interessante assunto referente


ao mundo do trabalho: o valor do trabalho. Perceberemos que
quando tratamos da palavra “valor”, podemos nos direcionar a duas
possibilidades. A primeira refere se ao valor material, quantitativo do
trabalho, que se expressa pelo sistema de assalariamento. A segunda
possibilidade reflete a questão dos valores sociais que percebemos
através das atitudes dos trabalhadores, com especial ênfase na ética
presente nas relações humanas dentro do trabalho. Nessa
perspectiva, os estudos de Richard Sennett, sociólogo norte
americano, serão fundamentais para a compreensão dos valores e
das atitudes do trabalho num mundo globalizado e com relações
trabalhistas flexíveis.
Ainda na aula 4 vamos focar na ação sindical, analisando desde
seu surgimento na Inglaterra até o atual momento vivido. Trataremos
das origens do sindicalismo no Brasil e estudaremos as primeiras
lutas operárias (como o anarcossindicalismo), o antigo e o novo
sindicalismo até chegarmos à crise do sindicalismo na década de 90.
Nesse ínterim, veremos paralelamente as greves e os conflitos
trabalhistas.
Como podem ver, temos um amplo estudo pela frente. Vamos
lá?

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Para compreendermos mais claramente o conceito de salário, é


preciso contextualizar historicamente seu surgimento.
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O termo “salário” tem origem no latim , "pagamento


em sal", que era a forma primária de pagamento oferecida aos
soldados romanos. O sal era um produto bastante valorizado, pois
era usado na conservação dos alimentos.
Percebemos, no entanto, que apesar de registros na
antiguidade, o trabalho assalariado não possuía força na economia da
sociedade (e assim permaneceu até o fim da idade média), pois a
maioria dos trabalhadores era autônoma e não recebia salários.
Somente na transição do Feudalismo para o Capitalismo é que o
trabalho assalariado se expande. Nesse momento de
desenvolvimento do modo de produção capitalista, os camponeses,
artesãos e trabalhadores autônomos perdem o controle dos meios de
produção: os camponeses são expulsos da terra, os artesãos perdem
o acesso às máquinas ou a possibilidade de sobreviver a partir do
trabalho com elas, e os trabalhadores autônomos perdem a
capacidade de se sustentar com seus talentos e ferramentas de
trabalho, conforme já estudamos na aula 1. Portanto, o capitalismo
se desenvolve na medida em que as pessoas tornam se incapazes de
subsistir através de formas não capitalistas de produção.
Assim, privado do acesso a seu meio de sustento pelo processo
de cercamento das terras produtivas e sua transformação em
propriedade, o trabalhador tem que vender o que lhe resta: sua força
de trabalho1, e por ela recebe um salário. O sistema de
assalariamento, portanto, nasceu com o capitalismo.
Na perspectiva capitalista, ao perder os meios de produção, a
capacidade de trabalho dos empregados, ou seja, a sua força de
trabalho tornou se uma mercadoria, pois pode ser comprada/vendida
através de uma relação salarial. Sendo a força de trabalho uma

1 É importante distinguir a força de trabalho e o trabalho. A força de


trabalho é o potencial de produzir alguma coisa (um valor de uso específico),
enquanto o trabalho é o uso desse potencial, ou seja, é o ato de transformar as
condições naturais e sociais em um produto preconcebido, conforme estudamos na
aula 1.
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mercadoria como outra qualquer, ela terá as mesmas propriedades


que as mercadorias possuem: um valor de uso e um valor de troca2.
Assim como a mercadoria possui um valor de uso (utilidade) e
um valor de troca (seu valor enquanto mercadoria), a força de
trabalho também possuirá essas duas propriedades. O valor de uso
da força de trabalho caracteriza se pela capacidade do trabalhador
em produzir outros valores de uso. O valor de troca caracteriza se
pelo salário que é pago pelo empregador ao trabalhador.

Podemos concluir, portanto, que nas sociedades capitalistas,


salário é o preço oferecido pelo capitalista ao empregado pela sua
força de trabalho por um período determinado (geralmente uma
semana ou um mês). Os salários são comumente estipulados no
contrato de trabalho, podendo ser pagos em dinheiro ou em
benefícios.

Verificamos que quando o trabalho humano passou a ter um


valor de troca, deu se início a uma transformação de toda a
sociedade, pois o modo de produzir as coisas havia se modificado. O
trabalho tornou se um valor para a sociedade, atendendo ao modo de
produção capitalista, e não simplesmente às necessidades de
subsistência individuais.
2
Marx analisa a mercadoria como uma coisa que, pelas suas propriedades,
satisfaz as necessidades humanas. Assim cada mercadoria tem uma certa utilidade
o que faz dela um valor de uso. Este valor de uso só é realizado com a utilização ou
consumo. Os valores de uso são, ao mesmo tempo, os veículos materiais do valor
de troca.
Valor de troca é a capacidade da mercadoria ser trocada, em determinadas
proporções, por outras mercadorias. O valor de troca expressa se no fato de todas
as mercadorias serem produto da força de trabalho. Esta é a propriedade comum a
todas as mercadorias. Na base da igualdade de duas mercadorias, que se trocam,
está o trabalho social gasto na sua produção.
Valor de uso da mercadoria caracteriza o seu aspecto material e é produto
do trabalho concreto. Valor de troca da mercadoria caracteriza o seu aspecto social
e é produto do trabalho abstrato. O valor das mercadorias é o trabalho social dos
produtores mercantis materializado na mercadoria. Um valor de uso só possui valor
porque está corporificado, materializado trabalho humano abstrato.
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A importância do salário para o trabalhador passou a ser


imensa, pois refere se à sua fonte de renda, possibilitando lhe a
subsistência pessoal e familiar e um determinado padrão de vida.
Também passou a constituir se em um símbolo de sua posição social
e de seu valor como trabalhador.
Na sociedade, o trabalho assalariado reflete se no preço dos
produtos e serviços e no poder de consumo. Desse modo, quando o
trabalho se torna assalariado, modifica todas as relações sociais, pois
elas se transformam em relações de troca. O salário, como já dito,
toma a forma de mercadoria, pois pode ser trocado por força de
trabalho, sob o contrato de trabalho. O trabalhador submete se ao
mercado de trabalho, com suas leis próprias, sujeitas às flutuações e
a influências do desemprego e ao desempenho da economia.
A definição de salário, como vista no quadro acima, enfatiza o
contrato de trabalho como forma de negociação entre patrão e
empregado. Freqüentemente ouve se o argumento de que o contrato
de trabalho é justo porque ele resulta de um acordo entre dois
agentes livres e independentes: o capitalista que busca trabalhadores
e o empregado que busca um salário. Esse argumento, oriundo de
determinados economistas clássicos, é considerado por sociólogos
como Marx como sendo parcial e enganoso, pois apesar de os
trabalhadores assalariados serem formalmente livres para assinar ou
não um contrato de trabalho, procurando outro emprego melhor, ou é
até mesmo livre para decidir trabalhar ou não, sua relação com o
empregador está longe de ser igual.
Quase sempre os trabalhadores estão em situação frágil frente
aos seus empregadores potenciais. Os trabalhadores, geralmente,
precisam de dinheiro a curto prazo para satisfazer as necessidades
imediatas de suas famílias, inclusive o pagamento das despesas de
moradia, alimentação, vestuário, saúde, educação, além de se
prevenirem das incertezas do futuro. Esses são alguns dos meios
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coercitivos que obrigam os trabalhadores a assinarem o contrato de


trabalho conforme as condições impostas pelo empregador e,
portanto, sem negociações e/ou acordos.
A característica essencial do regime capitalista de produção,
portanto, é que os produtores diretos não possuem os meios de
produção e são obrigados a vender sua força de trabalho para poder
sobreviver. Então podemos afirmar que o trabalho assalariado é uma
premissa do capitalismo, até mesmo porque, conforme estudamos na
aula 1, a mais valia tão desejada pelo empregador é alcançada pela
diminuição dos salários dos trabalhadores.
Sobre essa questão, Marx em sua obra “Salário, Preço e Lucro”
refuta os pontos de vista dos que crêem na liberdade do contrato de
trabalho. Para tanto estabeleceu quatro objetivos principais:

1. Rebater a opinião de que "os preços das mercadorias são


determinados ou regulados pelos salários";

2. Demonstrar que a variação geral dos salários para cima ou


para baixo leva à variação da taxa geral de lucro em sentido
inverso e, portanto, para aumentarem seus lucros os patrões
tendem a reduzir os salários dos trabalhadores;

3. Demonstrar que as tentativas periódicas dos trabalhadores


para conseguir um aumento de salários são ditadas pelo próprio
fato de o trabalho se achar equiparado às mercadorias, por
conseguinte submetido às leis que regulam o movimento geral
dos preços;

4. Apontar que havia possibilidades de vitórias na luta pela


elevação dos salários, vitórias sempre limitadas pela ação do
capital, donde se impunha a necessidade de os trabalhadores
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lutarem, ao mesmo tempo, politicamente, contra o próprio


sistema, a fim de aboli lo.

O conceito de salário, no entanto, não é imutável. Ele sofre


modificações entre os próprios trabalhadores e a sociedade.
Perceberemos que os salários tornaram se tão importantes para a
sociedade que criaram uma hierarquização nos trabalhos, na medida
em que os salários passaram a ser considerados como referência do
valor do trabalho.
Os trabalhos mais bem pagos passaram a ser mais procurados,
criando uma competição entre os trabalhadores. Patrões e
empregadores também criaram mais exigências para o ingresso no
mercado de trabalho e uma maior cobrança em relação ao
desempenho do trabalho, quando criaram os escalonamentos de
salários. Surgiram várias formas de comparação de cargos e salários.
Em vez de serem pagos com base no tempo, os salários se tornaram
atrelados às exigências, passando a incluir a descrição do trabalho,
grau de instrução, tempo de aprendizagem, habilidades necessárias.
Especializaram se os trabalhos e os trabalhadores, assim como seus
salários.
O Estado viu nos salários uma fonte de impostos. Criando
impostos sobre os salários, fez crescer as oportunidades para o
surgimento de inúmeras instituições ligadas ao trabalho, desde o
treinamento e educação da mão de obra, recrutamento, proteção,
assistência e benefícios, fiscalização, etc.
No entanto, devido a esses impostos sempre crescentes e aos
encargos sociais, os empregadores se viram com o problema dos
elevados custos dos salários. Este fato fez surgir outras formas de
remuneração (veja abaixo a definição do termo “remuneração”), para
reduzir estes custos. Benefícios assistenciais e pagamentos indiretos
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transporte, alimentação, planos privados de aposentadoria surgiram


como formas de reduzir os encargos sociais.
Atualmente, a remuneração de um trabalhador pode incluir
salários, benefícios, participação nos resultados da empresa e
participação societária. A remuneração constitui tudo quanto o
trabalhador recebe direta ou indiretamente. Outras formas de
redução dos custos de salários e das folhas de pagamentos incluem o
trabalho em tempo parcial e temporário ou a terceirização de mão
de obra, eliminando se os custos dos encargos trabalhistas.
Várias pesquisas sobre os salários mostram que há grande
desigualdade salarial: salários mais altos na indústria e mais baixos
nos serviços; mais altos entre os homens que entre as mulheres;
mais altos entre os que têm empregos estáveis, com carteira; mais
baixos entre os que têm empregos instáveis, temporários e de meio
expediente.
Como já dissemos, o trabalho vem sofrendo mudanças através
dos tempos. A forma de se estabelecer o salário, por exemplo, sobre
transformações. Analisaremos abaixo que existem várias formas de
salários (salários fixos, variáveis, diretos, indiretos, salários base,
piso salarial, entre outros), mas para melhor compreendê los será
importante, inicialmente, estabelecer a diferença existente entre os
termos salário e remuneração.

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Alguns teóricos classificam separadamente o salário da


remuneração; sendo a remuneração genérica e o salário específico.
Embora o salário possa se apresentar de várias formas, conforme
veremos abaixo, ele se distingue da remuneração pela diversidade
que esta se apresenta. Embora os dois termos sejam utilizados
indistintamente, a diferença é a seguinte: o salário é a importância
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paga diretamente pelo empregador, enquanto remuneração é o


conjunto dos valores que o empregado recebe, direta ou
indiretamente (caso de gorjeta, comissões, percentagens, por
exemplo) pelo trabalho realizado e os benefícios (como alimentação,
transporte, etc.).
Assim, podemos concluir que a remuneração é formada por dois
grupos de salários, o salário fixo (ou direto) e o salário variável (ou
indireto).
A CLT art. 457 preceitua: “compreendem se na remuneração do
empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e
pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do
serviço, as gorjetas que receber”.
O esquema abaixo melhor exemplifica o conceito de
remuneração.

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É o valor devido pelo empregador, já definido em contrato de


trabalho, não dependendo de circunstâncias alheias, vinculado
apenas à presença do empregado no trabalho, podendo se apresentar
através de diversas figuras:

Salário base: Também chamado de salário contratual, é pago


diretamente pelo empregador e utilizado normalmente como base
para os cálculos dos encargos, por exemplo.
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Salário mínimo: Alguns países fixam um valor mínimo a ser


pago para a mão de obra registrada, o chamado salário mínimo, ou
seja, é a menor remuneração mensal permitida por lei federal, para
os trabalhadores de um país. Esse valor deve garantir as condições
mínimas de sobrevivência da pessoa.

Piso salarial: Valor determinado pela categoria do empregado


ou atividade econômica da empresa; previsto em dissídio, norma ou
acordo coletivo (sindicato).

Salário normativo: Valor determinado pela categoria do


empregado ou atividade econômica da empresa; previsto em dissídio,
norma ou acordo coletivo (sindicato).

Salário bruto: Valor que se apresenta nos cálculos legais antes


da redução dos encargos e descontos devidos.

Salário líquido: Valor a ser recebido pelo empregado após os


cálculos legais das verbas trabalhistas devidas como rescisão, férias,
décimo terceiro; e os respectivos descontos como contribuição
previdenciária, imposto de renda, contribuição sindical, vale refeição,
vale transporte, etc.

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É uma retribuição fornecida pelo empregador, em dinheiro ou


, podendo ocorrer em previsão contratual ou pela prática

Salário in natura é aquele pago em utilidades, tais como transporte, alimentos, ou


habitação, e não em dinheiro.
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habitualmente adotada, podendo ser em porcentagem, meta, prêmio,


comissão, etc.
O salário variável também é conhecido como salário indireto.
São as compensações, em dinheiro ou não, dadas ao trabalhador,
seja pela empresa ou pelo governo. Por exemplo: se uma empresa
fornece refeição grátis ou vale refeição, ao seu empregado, ela estará
pagando um salário indireto. Se o governo transporte fornece
gratuito ou a baixo custo (vale transporte subsidiado através do
imposto de renda) ele estará pagando um salário indireto. É uma
forma de melhorar o padrão de vida do trabalhador não implicando
no pagamento de maiores salários.
A Constituição Federal garante àqueles que recebem
exclusivamente o salário variável, remuneração nunca inferior ao
salário mínimo (art. 7º, inciso VII).

*Outras denominações para o pagamento de trabalho podem


incluir honorários (usada para profissões liberais) e soldo (para
soldados e militares).

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O salário geralmente envolve uma relação de tempo entre o


empregado e o empregador. O salário pode ser estabelecido por
unidade de tempo (mensal, semanal, diário, por hora), por unidade
de produção (ou de obra), por tarefa e por comissão sobre venda.

Salário estabelecido por unidade de tempo

Refere se a uma importância fixa, paga segundo a duração do


trabalho, que é paga em razão do tempo que o empregado esteve à
disposição do empregador e não só por seu tempo trabalhado. Sendo
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assim, o rendimento do empregado e o resultado obtido pelo


empregador não influenciam em nada no pagamento da importância
estipulada. Para base de cálculo temos: a hora, o dia, a semana, a
quinzena, o mês, e até mesmo, em casos excepcionais, o ano.
É a forma de estipulação mais comum nos dias de hoje, já que
a maior parte dos empregados remunerados recebe salários mensais.

Salário estabelecido por unidade de produção:

Têm por base de cálculo o serviço realizado, ou seja, a


quantidade do resultado. E por assim ser, calcula se um preço ou
tarifa por cada unidade produzida. Pode se citar de exemplo, o
operador de telemarketing, que na maioria das vezes, recebe a
importância de seu salário, conforme as vendas efetuadas em
determinado período.

Salário estabelecido por tarefa

É também conhecido por salário misto, por combinar no seu


conteúdo o salário por unidade de tempo e o salário por unidade de
produção. Esse salário considera o tempo e a obrigação de produzir,
dentro dele, um resultado estimado mínimo. Assim como o salário
por unidade de produção, o salário misto pressupõe a tarifa/preço do
produto. Entende se ser essa forma de estipulação menos prejudicial
ao empregado que a anterior, uma vez que, recebe também pelo
tempo de serviço realizado.

Salário estabelecido por comissão sobre venda

Refere se a uma importância paga sobre uma porcentagem


pré estabelecida entre empregado e empregador sobre o total do
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valor de mercadoria vendidas. Um exemplo de salário estabelecido


por comissão refere se àqueles recebidos por vendedores de lojas,
que tem seus salários de acordo com o total de vendas num
determinado período de tempo.

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O sistema de assalariamento nasceu junto com o capitalismo,


quando o trabalhador perdeu os meios de produção.

A força de trabalho, vista como mercadoria no capitalismo,


possui um valor de uso e um valor troca.

O salário pode ser compreendido como o valor de troca pela


força de trabalho do empregado.

Em geral não encontramos negociação no momento do


contrato de trabalho, uma vez que os trabalhadores não
possuem os meios de produção e são obrigados a vender sua
força de trabalho pelo valor estabelecido pelo empregador
para poder sobreviver.

Devido aos altos encargos sociais que incidem sobre o


salário, vimos surgir diferentes formas de remuneração,
como os benefícios.

A remuneração não é sinônimo de salário, pois inclui salários


e outros proventos:

Remuneração É um conceito mais amplo e corresponde a


totalidade de bens fornecidos (utilidades) ou devidos aos
empregados pelo serviço prestado, inclusive parcela a cargo
de terceiros (gorjetas). Inclui o salário fixo e o variável.

Salário É a retribuição pelo trabalho prestado paga


diretamente pelo empregador.

O salário pode ser estabelecido por diversas maneiras: por


unidade de tempo, por unidade de produção, por tarefa, por
comissão sobre as vendas, entre outros.
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No tópico anterior estudamos os valores do trabalho numa


perspectiva econômica. Aqui focaremos nos valores do trabalho sob
outro aspecto: a dos valores morais e atitudinais.
Ao longo de todas nossas aulas foi possível perceber que as
mudanças ocorridas no mundo do trabalho são históricas e
temporais, ou seja, de acordo com determinada época, temos
determinados “modelos”. No que tange aos valores sociais e às
atitudes isso não é diferente.
Nessa perspectiva, veremos em Richard Sennett, sociólogo
norte americano que tem estudado o impacto das mudanças no
trabalho sobre os valores sociais, a flexibilização do trabalho e a
consequente flexibilização nos valores do trabalho, conforme veremos
adiante.
Antes, porém, analisaremos os estudos de Stephen Robbins
sobre comportamento organizacional, que irão nos ajudar a definir o
que são os valores e as atitudes no mundo do trabalho e a relação
existente entre os dois conceitos.

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A maneira como vemos a vida, as pessoas e o mundo depende


dos nossos valores. Eles são componentes dos nossos modelos
mentais. Se temos modelos de boa qualidade, teremos uma melhor
representação da realidade; se estes são de má qualidade, teremos
uma visão mutilada e deturpada do mundo. Por exemplo: para uma
pessoa que valoriza a integridade e competência, suas escolhas,
decisões e implementações serão sustentadas por esses valores.
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Desse modo, como as pessoas têm seus valores e são o ponto


de partida para uma relação saudável ou não, as organizações se
constroem sobre seus valores.
Valores virtuosos como disciplina, lealdade, honestidade,
perseverança e respeito encontram se presentes na missão de
organizações e têm sido responsáveis pela longevidade e
credibilidade de algumas, por longas décadas.
Para Robbins os valores são convicções básicas de que um
modo específico de conduta é individual ou socialmente preferível a
um modo oposto.
Os valores são importantes no estudo do comportamento
organizacional porque estabelecem a base para a compreensão das
atitudes e da motivação, além de influenciarem nossas percepções. A
partir da concepção individual de que determinados resultados são
mais importantes do que outros, os valores podem eventualmente
comprometer a racionalidade e a objetividade do trabalho.
Vejamos o que Robbins diz sobre a questão:

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Os valores geralmente influenciam as atitudes e


comportamentos. Ex.: Indivíduo que tem a convicção de que a
remuneração com base no desempenho é uma coisa correta. Ao
ingressar numa organização percebe que esta remunera mais pelo
tempo de casa do que pelo desempenho do trabalhador. Qual seria a
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reação desse indivíduo? Provavelmente ficaria desapontado, podendo,


inclusive, levar à insatisfação com o trabalho e a decisão de não se
esforçar muito. Certamente se houvesse convergência entre os
valores dessa pessoa e a política da empresa suas atitudes e seu
comportamento seriam diferentes.
Nesse sentido, é importante destacar que a convergência entre
os valores da empresa e os dos funcionários influencia grandemente
a satisfação com o trabalho.

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Para Robbins as atitudes são afirmações avaliadoras (favoráveis


ou desfavoráveis) em relação a objetos, pessoas ou eventos e
refletem como o indivíduo se sente em relação a alguma coisa. As
atitudes não são o mesmo que valores, mas estão ambos inter
relacionados. Ao contrário dos valores, as atitudes são menos
estáveis e podem ser influenciadas e alteradas.
Dentro das empresas, as atitudes são importantes porque
afetam o comportamento no trabalho. Se os trabalhadores acreditam,
por exemplo, que os chefes e engenheiros de produção estão
conspirando para fazê los trabalhar mais pelo mesmo salário ou
menor, é importante tentar compreender como essa atitude surgiu,
sua relação com o comportamento real dos trabalhadores e como isso
pode ser modificado.
De acordo com Robbins, existem três componentes da atitude:
cognição, afeto e comportamento. A cognição é a base para a parte
mais crítica de uma atitude, ou seja, a constatação de valor que diz o
que é certo e errado. O afeto é o segmento da atitude que se refere
ao sentimento e às emoções. O comportamento refere se à intenção
de comportar se de uma determinada maneira em relação a alguém
ou alguma coisa.
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Por exemplo: uma pessoa crê na igualdade entre as pessoas


(cognitivo); naturalmente, poderá não gostar de alguém que
demonstre preconceitos (afetivo), e provavelmente evitará
relacionar se com esta pessoa (comportamental).
Uma pessoa pode ter diversas atitudes, mas o estudo do
comportamento organizacional volta sua atenção para apenas
algumas delas, relacionadas com o trabalho. Eis as mais importantes:

Satisfação com o trabalho – se refere à atitude geral de uma


pessoa em relação ao trabalho que realiza. Uma pessoa que
tem alto nível de satisfação com o trabalho apresenta atitudes
positivas. O contrário ocorre com a insatisfação;

Envolvimento com o trabalho – é um termo novo e embora não


exista consenso sobre o significado desse termo, uma definição
viável seria o grau em que uma pessoa se identifica
psicologicamente com o seu trabalho e considera seu
desempenho nele como algo valioso para si;

Comprometimento organizacional – definido como o grau em


que um empregado se identifica com uma determinada
empresa e seus objetivos, desejando manter se como parte da
organização.

Organizações com funcionários mais satisfeitos tendem a ser


mais eficazes do que aquelas com funcionários menos satisfeitos. No
sentido oposto, pessoas insatisfeitas tendem a faltar mais ao trabalho
como também buscam oportunidades de mudarem de emprego,
apresentando maior rotatividade.
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Conforme já apontamos acima, Sennett analisa as relações de


trabalho, o caráter pessoal e as suas transformações no trabalho
flexível (por ele chamado de novo capitalismo) e passa a questionar
as relações de trabalho contemporâneo e suas implicações nos
valores pessoais como a lealdade e os compromissos mútuos.
Nesse sentido, ele compara e contrasta os valores do trabalho
no velho capitalismo (típico do modelo fordista) e o novo capitalismo
(próprio de modelos mais flexíveis). Nessa análise, Sennett pondera
sobre os diferentes estilos de vida de cada trabalhador em seu
tempo. Primeiro analisa o trabalhador fordista, burocratizado e
rotinizado, que poderia planejar sua vida e suas metas se baseando
em um tempo linear, cumulativo e disciplinado, construindo sua
história e expectativas a partir de uma progressão de longo prazo.
Em seguida aponta para o trabalhador flexibilizado do capitalismo
mais recente, que muda de emprego constantemente, não estabelece
laços duráveis de afinidade com os vizinhos, não planeja suas metas
a partir de expectativas de longo prazo, ou seja, vive uma vida de
incertezas.
Assim, Sennett afirma que a flexibilização no trabalho produz,
consequentemente, uma flexibilização nos valores, onde tudo se
torna possível e não se há mais certeza de nada. A identidade pessoal
se enfraquece, as emoções se tornam menos intensas e mais
superficiais, os traços de lealdade e amizade diminuem e a relação
com a autoridade é transformada de tal modo que não é capaz de
fornecer orientação positiva. Também se modifica a relação com a
família, distanciando se afetivamente. Todas essas mudanças
transformam o caráter disciplinado e compromissado, próprio do
empregado leal a uma instituição estável e industrial (como no
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capitalismo fordista), possibilitando ao trabalhador uma “corrosão do


caráter” – nome de um de seus livros.
Percebemos, assim que não é possível construir um caráter em
um capitalismo flexível, onde não há metas a longo prazo, pois a
construção deste depende de valores duradouros, relações
duradouras, de longo prazo, isto não é possível em uma sociedade
onde as instituições vivem se desfazendo ou sendo continuamente
reprojetadas.
A rotina era o grande mal do velho capitalismo, segundo Adam
Smith ela embrutecia o espírito. Na tentativa de se livrar deste mal a
nova sociedade buscou flexibilizar o tempo, de forma a não ficar
presa a uma rotina ou a uma programação. O grande problema é que
esta rotina baseada no tempo linear foi substituída por novas formas
de domínio e controle. No velho capitalismo fordista, o poder e o
controle eram visíveis, o patrão no alto do escritório controlava e
supervisionava o trabalho dos operários, regulava o tempo. O novo
capitalismo flexibilizou o tempo, os produtos são cada vez menos
duráveis, seguindo a dinâmica de curto prazo, os empregos são
temporários. Contudo, esta lógica de desburocratização concentrou o
poder ainda mais nas mãos dos capitalistas que, agora, são invisíveis
dentro das empresas. A aparente liberdade dada ao trabalhador
através do trabalho em equipe, onde ele decide o que fazer sem o
patrão lhe dar comandos, na verdade colocou o trabalhador ainda
mais sob o comando do capitalista.
A nova ética do trabalho se estabelece no trabalho em equipe
onde se destaca a solidariedade no grupo, a sensibilidade aos outros
com capacidade de ouvir e de se adaptar as diversas circunstâncias
exigidas no ambiente interno e externo, sendo necessário maior
cooperativismo. Mas evitam se as questões difíceis, pessoais e
partilhadas, onde os grupos tendem a manter se juntos na superfície
das coisas. Nas palavras de Sennett, "o trabalho em equipe deixa o
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reino da tragédia para encenar as relações humanas como uma


farsa".
Nessa ótica da flexibilidade, as pessoas mais velhas ou mais
experientes são vistas como decadentes e/ou fracassadas, pois
flexibilidade e risco, não combinam com acumulação de experiência
nem de tempo de vida. O novo capitalismo se tornou desnorteante e
deprimente, criou éticas contrárias à autodisciplina e à auto
modelação da ética de trabalho como a descrita em “A ética
protestante e o espírito de capitalismo” de Max Weber, que
estudamos na aula 1. Assim, podemos afirmar que o poder está
presente, mas a autoridade está ausente.
O repúdio da autoridade e da responsabilidade permite a fuga
das greves e das crises, já que não há laços fortes o suficiente para
haver uma coesão. Não há nenhuma autoridade para reconhecer o
valor dos trabalhadores. O pronome % é temido pelos capitalistas,
temem o ressurgimento dos sindicatos, assim no capitalismo
moderno não dá motivos para as pessoas se unirem, “há história,
mas não narrativa partilhada de dificuldade e, portanto, tampouco
destino partilhado”.
Concluímos que há uma forte crítica de Sennett ao ambiente de
trabalho do capitalismo moderno, tido como mais humano do que as
insalubres e monótonas fábricas do velho capitalismo. Para o autor, a
aparente melhoria das condições de trabalho – tão elogiadas – não
passam de pura ilusão, uma vez que o caráter humano foi
profundamente corrompido. A lealdade e os compromissos pessoais
são impraticáveis, é a desumanização total do ser humano. Sennett
conclui afirmando que "
&
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Valores são convicções básicas de que um modo específico


de conduta é individual ou socialmente preferível a um modo
oposto.

Importância dos valores nas organizações estabelecimento


da base para a compreensão das atitudes e da motivação,
além de influenciarem as percepções dos trabalhadores.

Atitudes são afirmações avaliadoras (favoráveis ou


desfavoráveis) em relação a objetos, pessoas ou eventos e
refletem como o indivíduo se sente em relação a alguma
coisa.

As atitudes não são o mesmo que valores, mas estão ambos


inter relacionados. Ao contrário dos valores, as atitudes são
menos estáveis e podem ser influenciadas e alteradas.

Os componentes da atitude cognição, afeto e


comportamento.

Atitudes presentes no comportamento organizacional:


Satisfação com o trabalho
Envolvimento com o trabalho
Comprometimento organizacional

Transformações nos valores do trabalho:


flexibilização do trabalho (novo capitalismo) leva a
uma flexibilização também dos valores;
Enfraquecimento:
da identidade pessoal;
da lealdade;
das relações duradouras;
do caráter disciplinado e compromissado do
trabalho.
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-.! "/& /2 "% (/ ! !5/ 6 ' " 2!&3 /(!" ( ) */"( "

! /5 , ! "/& /2 /",!

A evolução do trabalho nas organizações provocou mudanças


de comportamento e pensamento político e ideológico nos indivíduos.
Essas mudanças foram responsáveis para que os trabalhadores se
reunissem e reivindicassem melhores condições de trabalho.
Contudo, esse foi um processo de longo prazo, pois nem sempre os
trabalhadores agiram organizados. Sabe se que ao longo do tempo, o
“papel” dos sindicatos também foi modificado, até pelas
transformações ocorridas nas estruturas das empresas e do seu
ambiente (mercado).
Veremos que a matriz histórica da organização sindical atual
surgiu sintonizada com o desenvolvimento industrial, que tem por
base a Revolução Industrial na Inglaterra no final do século XVIII e
começo do século XIX. Ali nascia o capitalismo atual e também ali
nasceu o sindicalismo. Mas se o berço do sindicalismo é industrial,
isso não foi limitação a sua expansão para outros setores da
economia como o rural e o de serviços.
Conforme já estudamos nas aulas anteriores, estimulados pela
concorrência, cada capitalista tem que aumentar seu lucro,
rebaixando os salários dos operários. Cada um se esforça por vender
menos caro que o outro, a fim de colocar o seu rival em dificuldades,
e, se não quiser sacrificar o seu lucro, deve tentar baixar os salários.
Deste modo, a concorrência entre os capitalistas aumenta
consideravelmente a pressão sobre o salário médio. O que antes era
uma simples questão de lucro mais ou menos elevado se torna,
nessas condições, uma questão de necessidade imperativa.
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Então, sob o fogo cruzado da concorrência, os capitalistas


exercem uma pressão constante para que os salários se aproximem
cada vez mais do mínimo absoluto, até mesmo abaixo das condições
necessárias para se viver e reproduzir se.
Além dos baixos salários, percebemos que no início da produção
industrial os operários enfrentavam péssimas condições de jornada
de trabalho, ultrapassando 15 horas por dia, sem horários de
descanso e férias, e com mulheres e crianças sem tratamento
diferenciado.
Sem ter nada mais o que dispor a não ser sua força de
trabalho, os operários encontram se atados a uma relação
completamente desigual perante o capital. A princípio, não dispõem
de nenhum meio de resistência eficaz a essa pressão. No entanto, a
grande força social que possuem é, em contrapartida, o número. Mas
essa força numérica é anulada pela desunião, que tem sua origem e é
mantida pela concorrência dos operários entre si na busca pelo
emprego e por melhores salários. Os capitalistas, por sua vez,
embora em número reduzido, encontram se sempre unidos e coesos
na defesa da propriedade privada e dos lucros.
Os operários serão forçados a encontrar um meio de resistência
eficaz contra essa pressão constante pela baixa de salários e
péssimas condições de trabalho. Assim, inicialmente fizeram
manifestações e depredaram instalações de fábricas, mas em
seguida, por volta de 1824, já foram buscando a formação de
associações de ajuda mútua e formação profissional, que aos poucos
foi assumindo um caráter reivindicatório.
Então nascem os sindicatos, através de esforços da classe
operária na sua luta para impedir que os níveis salariais coloquem se
abaixo do mínimo necessário para a manutenção e sobrevivência do
trabalhador e de sua família. Os operários unidos em seu sindicato
passam a se colocar de alguma maneira em pé de igualdade com os
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capitalistas no momento da venda de sua força de trabalho, evitando


que o mesmo trate com ele de forma isolada.
Os sindicatos surgem, portanto, como associações criadas pelos
operários para a sua própria segurança, para a defesa contra a
exploração incessante do capitalista e representaram, nos primeiros
tempos do desenvolvimento do capitalismo, um progresso gigantesco
da classe operária, pois propiciaram a passagem da dispersão e da
impotência dos operários aos rudimentos da união de classe.
Marx, ao dar uma dimensão histórica ao papel dos sindicatos,
explica que eles constituíram se em centros organizadores da classe
operária, da mesma forma que as comunas e as municipalidades da
Idade Média o tinham sido para a burguesia.
Para melhor entendimento, cabe esclarecer que o movimento
comunal ou das municipalidades foi o primeiro estágio percorrido pela
burguesia para constituir se como classe. Tratou se de um
movimento de independência dos burgos – cidades medievais que
desenvolviam atividades de comércio e artesanato – que se situavam
em áreas pertencentes aos feudos. Submetiam se, portanto, à
autoridade dos senhores feudais que cobravam dos burgueses
pesados impostos. Esse movimento estendeu se do século XI ao
século XIII, sendo ao final vitorioso. No estágio seguinte, já
constituída como classe, a burguesia derrubou o feudalismo e a
monarquia.
Então Marx traça um paralelo: se o desenvolvimento das
municipalidades oportunizou o surgimento de uma nova forma de
produção, a capitalista, também é possível que o desenvolvimento
dos sindicatos proporcione o surgimento de outro modo de produção,
o Socialismo. Marx complementa: se os sindicatos são indispensáveis
na guerra entre trabalho e capital, são também importantes como
meio organizado para a abolição do próprio sistema do trabalho
assalariado.
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Pode se dizer que sindicato é uma espécie do gênero


associação. Sinteticamente podemos conceituar o sindicato como
uma associação livre de empregados, de empregadores ou de
trabalhadores autônomos para defesa dos interesses profissionais
respectivos, enunciando, apenas, a situação profissional dos
indivíduos e o fim de defesa de seus interesses.
De forma mais complexa, podemos definir o sindicato como
sendo um o agrupamento estável de várias pessoas de uma
profissão, que convencionam colocar, por meio de uma organização
interna, suas atividades e parte de seus recursos em comum, para
assegurar a defesa e a representação da respectiva profissão, com
vistas a melhorar suas condições de vida e trabalho.
A palavra sindicato tem origem no latim e no grego. No latim,
“sindicus” significa o “procurador escolhido para defender os direitos
de uma corporação” e no grego, “syn dicos” é aquele que defende a
justiça. Pode se associar o sindicato à noção de justiça e de defesa de
um grupo. É uma associação estável e permanente de profissionais
que se unem a partir da constatação de problemas e necessidades
em comum.

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Os conflitos trabalhistas são desacordos ou divergências entre


os patrões e os empregados, envolvendo interesses econômicos e
relacionados às condições de trabalho. Normalmente, estes conflitos
são resolvidos por representação sindical os sindicatos de
trabalhadores e os sindicatos patronais representam seus patrões.
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Na maioria das vezes, os conflitos giram em torno de condições


econômicas, como salários e reajuste ou em torno de condições
contratuais, como jornada, hora de repouso, descanso, pagamento de
horas extras, aviso prévio.
Quando a intermediação feita pelos sindicatos, através de
negociações com os empregadores, não resolve o conflito nas
relações de trabalho e não apresenta resultados, os trabalhadores
procuram romper o impasse com a greve, o meio mais eficaz a seu
dispor, consagrado internacionalmente.
Podemos entender a greve como uma paralisação coletiva do
trabalho, geral ou parcial, bem como a mudança do ritmo normal do
trabalho dos trabalhadores, visando a modificação das condições de
trabalho.
As greves são meios utilizados pelos trabalhadores para gerar
soluções aos conflitos trabalhistas e representam um instrumento de
força útil e necessário de que dispõe o trabalhador para compensar o
poder do capital, para fazer o empregador pensar e negociar as
reivindicações colocadas na mesa pelos sindicatos dos empregados.
No Brasil, legalmente, as primeiras referências ao direito de
greve apareceram na Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT, no
início da década de 1940, durante o primeiro governo de Getúlio
Vargas. Em seguida, o próprio Vargas baixaria um decreto, o 9.070,
estabelecendo todo um rito a que os sindicatos deviam obedecer para
decretar uma greve. Tratava se de uma regulamentação para evitar
abusos, conforme foi dito na época; na verdade, uma limitação do
direito de greve que quase a inviabilizava. Após a Constituição de
1988 que está em vigor, essa forma de luta é plenamente
reconhecida para todas as categorias de trabalhadores dos setores
privado e público.
O Brasil já viveu momentos de intensa mobilização dos
trabalhadores e grandes movimentos grevistas. Atualmente, nota se
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certo declínio dos movimentos grevistas, que pode ser atrelado ao


aumento do desemprego, à diminuição da oferta de postos de
trabalho formais e à flexibilidade dos contratos de trabalho.
Estudaremos tal questão com mais ênfase no tópico “a crise sindical
brasileira”.
O papel dos conflitos trabalhistas é crucial ao desenvolvimento
das conquistas dos trabalhadores. Nenhuma conquista de um direito
foi feita sem luta e conflito, conforme veremos a seguir.
Adiante, analisaremos o histórico do sindicalismo no Brasil e,
nesse ínterim, vamos ponderar sobre as principais greves ocorridas
em nossa história.

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Inglaterra

Os primeiros sindicatos ( ) surgem na Inglaterra,


em 1838, mas o direito sindical só é reconhecido por lei em 1871. Em
1868, os sindicatos se agrupam no ( ) * (TUC), uma
associação nacional de trabalhadores.
No inicio do século XX, o movimento sindical passa a agir de
forma política: os grandes sindicatos ingleses buscam pressionar o
Parlamento britânico para defender seus interesses e para tanto
criam o Partido Trabalhista.

Estados Unidos

Na metade do século XIX (mais precisamente em 1869), é


criada na Filadélfia a Ordem dos Cavaleiros do Trabalho, uma
associação de trabalhadores que defende a reforma geral da
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sociedade. Ela pode ser considerada a primeira manifestação de


organização da classe trabalhadora americana.
Já em 1886 aparece o + , (AFL), uma
entidade que agrupa sindicatos organizados por ofício.
Após a crise da bolsa de Nova York (1929), em 1935, é
formado o * - . (CIO), que organiza
os trabalhadores das grandes fábricas.

França

Os trabalhadores franceses sofreram muito para se


organizarem. Suas primeiras associações de trabalhadores receberam
severas repressões políticas após a Comuna de Paris4, em 1871.
Somente treze anos depois, em 1884, uma lei veio autorizar o
funcionamento do sindicalismo no país.
Uma característica curiosa: paralelamente aos sindicatos,
desenvolveram se também o que se chamava de "bolsas de
trabalho", uma espécie de centro de formação profissional e agência
de emprego.
Em 1895 surge a Confederação Geral do Trabalho (CGT), que
até a I Guerra Mundial adotou uma linha revolucionária inspirada no
anarquismo. Após a Guerra, a CGT mudou sua orientação, seguindo
uma linha mais moderada e próxima do Socialismo.

O movimento operário na Europa

Na primeira metade do século XIX houve um movimento


operário protagonizando as primeiras e sangrentas lutas pelo

4
Comuna de Paris é o nome dado à primeira experiência histórica de um governo
proletário, ocorrida entre março e maio de 1871, na França. O movimento levou à
formação da comuna e contou com a participação de outros extratos e segmentos
político sociais, como a pequena burguesia francesa, membros da Guarda Nacional
e partidários do regime republicano, proclamado em setembro de 1870.
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trabalho, pelo direito de ter um trabalho livre e salários, além de uma


jornada limitada.
Entre 1850 e 1914 veremos que a 1ª Guerra Mundial teve
grande impacto nesta luta. Com a redução da mão de obra
masculina, os trabalhadores puderam ter um poder de barganha e
pressão maiores e obter muitas conquistas para o conjunto dos
trabalhadores. O objetivo era manter viva a força de trabalho, o
corpo do trabalhador.
A 1ª Lei Fabril surgiu em 1883, na Inglaterra, limitando a
jornada de trabalho. Surgiram as primeiras leis sobre segurança e
saúde, proteção ao trabalho feminino, jornadas de trabalho de 8
horas (luta que ocorreu de 1894 a 1919), aposentadorias, salários
dignos, negociação, férias.
A indústria têxtil, que se desenvolvera primeiro, tornou se o
símbolo das conquistas operárias, sendo depois suplantada pela
indústria automobilística, com seus poderosos sindicatos.
Após 1968 houve um sentimento de perda de confiança na
sociedade industrial. O consumo e a alienação foram associados à
economia capitalista e industrial. Greves e movimentos operários se
juntaram a movimentos sociais, de estudantes e da população. As
reivindicações passaram a ser em torno de qualidade do trabalho,
pela melhor organização do trabalho e da vida social. Foi uma luta
em busca de consideração ao ser humano integral e não só ao seu
corpo.
Por volta de 1970, com o progresso tecnológico e as mudanças
advindas pelas formas de organização do trabalho, os trabalhadores
passaram a exigir mais. A luta por democracia dentro das empresas
nasceu nas fábricas européias. Eram reivindicações em torno de
eleições para compor conselhos de fábrica ou representantes
sindicais, de participação e co gestão, de operários poderem exercer
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o mesmo direito de se manifestar e expor seus pontos de vista e de


serem ouvidos.
Nos anos 80, o movimento operário havia se tornado uma força
em quase todos os países industrializados e os sindicatos respeitados.
A partir dos anos 90, surgiu uma crise no mundo do trabalho, já
estudada na aula passada, afetando o movimento operário e a
atuação sindical, devido à redução dos empregados sindicalizados e
ao enfraquecimento dos sindicatos das grandes indústrias.
Atualmente, o movimento operário luta por empregos, por ação
política, não só por conquistas no trabalho. Há maior luta para
influenciar nas decisões econômicas, não só como trabalhador, mas
também como participante da sociedade.

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As primeiras lutas operárias (até 1930)

No Brasil, tivemos o início do processo de industrialização


retardado pelas proibições impostas pelo governo colonial que
dominou o nosso país até 1822. Com a Independência, as restrições
antes existentes permaneceram, além da falta de capital que o
regime escravista cultivava para manter privilégios dos senhores
donos das terras e dos escravos.
Portanto, a classe operária operária surge somente após a
abolição da escravidão no final do Século XIX, sendo formada
majoritariamente por imigrante europeus e está vinculada ao
processo de transformação da economia, cujo principal produto é o
café. A substituição do trabalho escravo pelo trabalho assalariado dos
imigrantes que chegavam em terras brasileiras, a transferência do
lucro do café para a indústria e o favorecimento de se constituir um
mercado interno atrelado à economia exportadora criaram os pilares
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necessários para a constituição do capital industrial no Brasil,


correspondendo assim à implantação do sistema capitalista.
As primeiras indústrias, portanto, foram aparecer na década de
50 do século XIX. Só no início do século XX começaria uma maior
industrialização no eixo Rio São Paulo, depois da proclamação da
República.
Embora, no Império, o desenvolvimento industrial no Brasil
ainda não fosse tão expressivo a ponto de criar um ambiente propício
para o sindicalismo, pode se pontuar a existência de algumas
entidades como a , . ! (1870) e a ) . ! (1880),
que tinham como principal finalidade reunir e defender os
trabalhadores que as compunham.
No início do século XX foram criadas várias associações de
classe, tais como, a ) . ! em 1903; a
/ ) + , também em 1903; a )
. ! +! ( em 1917, entre outras, que embora
não possuíssem caráter sindical já demonstravam interesse quanto à
significação social do sindicalismo e a importância dos movimentos
operários.
Em 1906 aconteceu o I Congresso Operário Brasileiro, no qual
participaram as duas tendências da época: anarcossindicalista e o
socialismo. Neste congresso tentou se mobilizar a sociedade para as
péssimas condições de vida dos operários: jornadas de 14 ou 16
horas diárias, a exploração da força de trabalho de mulheres e
crianças, salários extremamente baixos e reduções salariais como
forma de punição e castigo. Todos eram explorados sem qualquer
direito ou proteção legal.
O movimento anarcossindicalista negava a luta política e não
exigia do Estado uma legislação trabalhista, pois eram contrários às
leis do Estado. Suas reivindicações eram exclusivamente econômicas.
Já os socialistas eram reformistas propunham a transformação
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gradativa da sociedade capitalista , defendiam a Organização


Partidária dos Trabalhadores e participavam das lutas parlamentares.
Além disso, a crise de produção gerada pela I Guerra Mundial e
a redução dos salários dos operários provocaram uma onda
irresistível de greves. Como exemplo, tem se a greve geral de 1917,
iniciada em uma fábrica de tecidos, a qual recebeu a adesão de todo
setor têxtil, seguindo se as demais categorias como comércio e
transporte. A greve de 1917 paralisou São Paulo e chegou a envolver
45 mil pessoas.
Neste particular, é preciso dizer que o movimento sindical
brasileiro sempre teve que enfrentar a repressão policial desde o seu
nascimento. Na Velha República, a questão social era considerada um
"caso de polícia".
Então, a fim de controlar o movimento grevista de 1917, o
governo convocou as tropas do interior e 7 mil milicianos ocuparam a
cidade. O ministro da Marinha enviou dois navios de guerra para o
porto de Santos e a repressão foi total sobre os trabalhadores. Num
dos choques com a polícia, foi assassinado o operário sapateiro
Antonio Martinez. Mais de 10 mil pessoas acompanharam o enterro.
Em 1919, Constantino Castelani, um dos líderes da União Operária,
foi morto por policiais quando discursava em frente a uma fábrica.
O movimento anarcossindicalista apresentou algumas
limitações em sua atuação (reivindicações exclusivamente
econômicas, não exigia do estado uma legislação trabalhista, não
admitiam a existência de um partido político operário...) e entrou
num isolamento, tornando se presa fácil do Estado e de sua força
policial repressora.
Influenciado pela Revolução Socialista na Rússia, um grupo de
militantes do movimento anarcossindicalista rompeu com este e
fundou o Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1922, atraindo um
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número expressivo de trabalhadores para o comunismo. O PCB


marcou o início de uma nova fase no movimento operário brasileiro.
O objetivo do PCB era dirigir a revolução no Brasil. Apesar da
ilegalidade imposta ao partido alguns meses após sua fundação, o
PCB passou a editar, como órgão do partido, a revista 0
* , ainda nesse ano. Publicou em seguida o 0
* e em 1925 iniciou a publicação do jornal *
. ! , com tiragem inicial de 5.000 exemplares, que logo foi
aumentada.
Em 1929 criou se a + 1 1 2 e no
mesmo ano foi realizado o * / 3 , que
congregou todos os sindicatos, influenciado pelos comunistas, quando
se originou a CGT * 4 ( & . Mesmo assim, o
Estado continuava tentando cooptar os sindicatos.

O Antigo Sindicalismo 1930 a 1970

Este período é caracterizado por um sindicalismo atrelado ao


Estado, devido à forte intervenção nas relações entre os sindicatos e
patrões e no qual, buscava se o pragmatismo com as reformas
trabalhistas.
Com a "Revolução de 1930", liderada por Getúlio Vargas, é
iniciado um processo de modernização e consolidação de um Estado
Nacional forte e atuante em todas as relações fundamentais da
sociedade. O Brasil passou a ser um país industrial e a classe operária
ganhou uma importância maior. O conflito entre capital e trabalho
passou a ser tratado como uma questão política.
Em 1930 Getúlio Vargas funda o Ministério do Trabalho e busca
uma política de conciliação entre capital e trabalho, que
perceberemos através da criação do salário mínimo, da carteira de
trabalho, do imposto sindical e, posteriormente, em 1943, da
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Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Ao mesmo tempo cria uma


estrutura sindical corporativista, dependente e atrelada ao Estado,
inspirada no Fascismo italiano.
Com a Lei Sindical de 1931 (Decreto 19.770) Vargas cria os
pilares do sindicalismo oficial no Brasil, com controle financeiro do
Ministério do Trabalho sobre os sindicatos e definição dos sindicatos
como órgãos de colaboração e cooperação com o Estado. Os
sindicatos passam, então, a estar diretamente ligados ao Ministério
do Trabalho, suprimindo a liberdade e autonomia política dos
sindicatos. É o chamado sindicalismo vertical.
A maioria dos sindicatos resistiu até meados da década de
1930. Somente alguns sindicatos (25%) do Rio de Janeiro, São Paulo,
Minas Gerais e Rio Grande do Sul aderiram a esta lei. Nesse período o
movimento grevista foi intenso, conseguindo algumas conquistas
como lei de férias, descanso semanal remunerado, jornada de 8
horas, regulamentação do trabalho da mulher e do menor, entre
outros. Algumas destas leis já existiam apenas para as categorias de
maior peso, como ferroviários e portuários. Nesse momento
estendeu se a todos os trabalhadores.
Em março de 1934 é fundada a ANL 3
, , dirigida pelo PCB, tendo a frente Luís Carlos Prestes. No
dia 4 de abril do mesmo ano, foi realizado o primeiro comício da ANL.
O governo reprimiu e decretou a Lei de Segurança Nacional,
proibindo o direito de greve e dissolvendo a Confederação Sindical
Unitária. Alguns meses depois a ANL é colocada na ilegalidade, que
opta pelo levante armado e é violentamente reprimida.
Entre 1940 e 1953, a classe trabalhadora dobra seu contingente
(já são 1,5 milhão de trabalhadores nas indústrias) e as greves
tornam se freqüentes. Em 1947, sob o governo do Marechal Dutra,
mais de 400 sindicatos sofreram intervenção. Em 1951, houve quase
200 paralisações; em 1952, 300. Em 1953, foram 800 greves, a
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maior delas com 300 mil trabalhadores de empresas têxteis,


metalúrgicos e gráficos. Participação intensa do PCB e reivindicações
que não eram apenas econômicas. Havia luta também por liberdade
sindical, campanha pela criação da Petrobrás, em defesa das riquezas
nacionais e contra a aprovação e aplicação do Acordo Militar Brasil
EUA.
Na década de 1960 as greves tomaram conta do país, no
entanto, com o golpe de 1964, foi imposta uma lei anti greve (a
greve era considerada subversão contra o regime e quem dela
participasse estava sujeito aos rigores da Lei de Segurança Nacional)
e repressão às lideranças sindicais. As direções dos sindicatos foram
cassadas, presas e exiladas.
Durante a ditadura militar, a ação sindical foi fortemente
reprimida, muitos sindicatos fechados e seus líderes perseguidos e
presos. Desse modo, o sindicalismo desenvolveu novas formas de
ação, associando se à sociedade civil em busca das eleições diretas,
anistia aos presos e passeatas. Nas indústrias, criaram se comissões
ou comitês de fábrica.
A desarticulação, repressão e controle do movimento sindical
foram acompanhados de uma nova política de arrocho de salários e
do fim do regime de estabilidade no emprego. No entanto, as greves
continuaram acontecendo como sinal de protesto a ideologia do
sindicalismo populista, ou seja, ao sindicalismo vertical, protestando
contra o controle político do governo e sua política salarial.
Em 1968 teremos movimentos grevistas contra o arrocho
salarial, como a greve de Osasco, iniciada em 16 de julho, com a
ocupação da Cobrasma. No dia seguinte, o Ministério do Trabalho
declarou a ilegalidade da greve e determinou a intervenção no
sindicato, terminando a greve. Em outubro de 1968 uma greve em
Contagem, também contra o arrocho salarial, igualmente foi
reprimida.
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O Novo Sindicalismo (após 1970)

Em 1978 ressurgem as primeiras manifestações estudantis e


operárias em São Paulo. No dia 12 de maio de 1978, os trabalhadores
da Saab Scania do Brasil, em São Bernardo do Campo (SP), entraram
na fábrica, bateram o cartão de ponto, vestiram seus macacões,
foram para os seus locais de trabalho diante das máquinas, mas não
as ligaram: cruzaram os braços. No momento, eles não poderiam
imaginar que com aquele gesto, aparentemente simples, estavam
abrindo o caminho de uma nova proposta sindical para o Brasil. A
greve desafiou o regime militar, iniciando uma luta política que se
estendeu por todo o país.
No contexto das mobilizações populares que se seguiram,
surgiram manifestações em defesa das liberdades democráticas e
contra a ditadura militar, entre elas, a luta pela anistia e pelas
Diretas Já. Assim, veremos em 1979, as primeiras greves e o
surgimento de um Novo Sindicalismo no ABC paulista, sob a liderança
de Luiz Inácio da Silva, o Lula, e Enilson Simões, o Alemão.
Esse Novo Sindicalismo retomou as comissões de fábrica e
propôs um modelo de sindicato livre da estrutura sindical atrelada ao
Estado, própria do Antigo Sindicalismo. Este fenômeno aparece com
maior nitidez no ABCD paulista (cidades de Santo André, São
Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema).
Os operários buscavam com esse novo sindicalismo, iniciado no
fim da década de 1970, uma contraposição ao “sindicalismo atrelado
ao Estado, do sindicato pelego”, onde o Estado controlava os
sindicatos e impedia toda e qualquer movimentação reivindicatória da
classe trabalhadora. Segundo os sindicalistas da época, “pelego” é a
omissão do movimento sindical brasileiro; o que serve mais ao patrão
do que ao operário.
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Perceberemos que o Novo Sindicalismo representou uma


ruptura com os sindicatos corporativistas e burocráticos anteriores,
que caracterizavam o Antigo Sindicalismo. Desta forma, esse
movimento no Brasil, foi uma resposta e uma oposição ao
sindicalismo populista e burocrático vigente na época. Assim, foi a
partir do final dos anos de 1970 que grande parte dos sindicatos
conseguiu recuperar seus espaços no cenário político nacional, sendo
que se verificou um crescimento na taxa de sindicalização, no número
de greves e na maior presença dos sindicatos na vida nacional até o
final da década de 1980.
Em 1980, sindicalistas, intelectuais e representantes do
movimento popular fundam o Partido dos Trabalhadores, com a
proposta de estabelecer um governo que represente os anseios da
classe trabalhadora.
Ainda nesse período teremos criação das centrais sindicais,
como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), fundada em 1983,
autônoma e independente do Estado, a CGT (Confederação geral dos
Trabalhadores) fundada em 1986 e também da Força Sindical,
fundada em 1991.
Em 1988 a Constituição Federal consolidou, contraditoriamente,
tanto avanços quanto um conservadorismo na estrutura sindical.
Houve um aumento da liberdade sindical, a intervenção do Estado foi
reduzida, foi dado ao funcionalismo público o direito de sindicalização,
o direito de greve foi assegurado (mas dependendo de lei específica)
e foram estendidos ao campo vários direitos sindicais antes restritos
somente para os trabalhadores urbanos. Contudo, os sindicatos
continuaram a ser organizados por categoria profissional, manteve se
o desconto obrigatório da contribuição sindical e a unicidade sindical,
proibindo se a criação de mais de um sindicato por categoria sob uma
mesma base territorial. Somada a isso, há uma ausência do direito
legal de organização nos locais de trabalho.
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Segundo Leôncio Martins Rodrigues a Constituição de 1988


representa uma vitória do trabalho sobre o capital, embora com a
manutenção da estrutura vertical do sindicalismo brasileiro (o que
favorece um modelo corporativista, ligado às corporações de ofício ou
categorias profissionais).
Ao longo dos anos de 1990 foi possível perceber uma grande
tendência à queda na taxa de sindicalização e diminuição dos
movimentos grevistas, representada através de uma crise sindical.

A crise sindical brasileira

Verificaremos a partir da década de 1990 profundas mudanças


na economia brasileira, que mudaram o perfil do próprio mercado de
trabalho e, consequentemente, levaram a uma queda nas ações
sindicais e nos movimentos grevistas, caracterizando uma crise
sindical brasileira.
No Brasil um processo de reestruturação produtiva ganhou
impulso, a partir dos anos de 1990, com as políticas neoliberais
implementadas pelo governo Collor e ratificadas pelos dois mandatos
do governo de Fernando Henrique Cardoso, de privatização, de
abertura econômica, de flexibilização e de ajuste fiscal.
Foi nesse período que se criou uma nova legislação favorecendo
formas alternativas de contrato de trabalho, como as leis que
possibilitam as cooperativas de trabalho, a lei dos estágios, de bancos
de horas (regime de compensação anual de horas trabalhadas) e lei
do contrato provisório do trabalho, que permitiram uma exclusão
social avassaladora. Tais leis permitem flexibilizar os direitos
trabalhistas, duramente conquistados, deixando sem garantias
inúmeros trabalhadores e dificultando a associação a sindicatos. Com
um número menor de trabalhadores formais, também perceberemos
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a diminuição do poder de barganha dos sindicatos e dos


trabalhadores.
Esse processo transformou o mercado de trabalho e o
sindicalismo brasileiro, sendo as raízes do franco processo de crise
em que se encontram, que pode ser observado pela queda do
assalariamento, pelo crescimento do desemprego, pela queda do
emprego formal na economia brasileira, o que, por conseqüência,
levou a aumentar a informalização do mercado de trabalho;
precarizando o, com os trabalhadores 5 , autônomos, por
conta própria e outros, que não possuem qualquer garantia do
cumprimento das leis trabalhistas.
Assim observamos que os sindicatos perderam parte de sua
capacidade de ação. Inúmeras foram as suas dificuldades: diminuição
do movimento grevista, ao longo dos anos de 1980, nos principais
países capitalistas do mundo, e, no Brasil, a partir dos anos de 1990;
a diminuição das taxas de sindicalização, o aparecimento de uma
visão de acordos mais individualizados na relação capital trabalho,
com queda das negociações coletivas; a dificuldade de uma ação
coletiva que atenda aos interesses da sociedade, graças aos novos
métodos organizacionais que levam a um individualismo dos
trabalhadores.
Além disso, os sindicatos muitas vezes não incorporam as
mudanças nos processos produtivos nas reivindicações sindicais,
ficando com uma agenda, especialmente na década de 1980,
centrada no emprego e no salário. Percebe se que de um lado o
sindicato não tem sido forte no plano político para negociações
centralizadas; de outro, não conseguiu inserir se nas empresas nos
locais de trabalho para negociar questões específicas de cada
situação de trabalho e emprego.
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Quanto à organização, os sindicatos podem ser classificados de


diferentes maneiras: verticais, horizontais ou pluralistas. Geralmente,
sua organização segue uma legislação ou costumes do país.

1. O sindicato vertical é baseado na divisão e na especialização


do trabalho. Ele é organizado por categorias profissionais ou ramos
de atividades ou empresas que guardam semelhanças entre si. Neste
caso, os trabalhadores percebem se como uma classe em si mesma,
buscando assegurar direitos que interessem às categorias
organizadas. Com isto, eles tendem a se organizar de forma
hierarquizada e a construir organizações poderosas.
Os sindicatos podem organizar se em sindicatos patronais (dos
empresários ou patrões) e em sindicatos dos trabalhadores. Eles
podem ainda se constituir por ramos de atividades (indústria
metalúrgica, gráfica, construção, etc.), por categorias profissionais
(metalúrgicos, alfaiates, jornalistas, médicos, etc.), por territórios
(por cidades e estados) e por empresas.
Eles podem ainda se constituir em federações agrupamento
de vários sindicatos, pelo menos cinco. Por exemplo: FIESP
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, que agrupa os
empresários de vários ramos da indústria paulista e em
confederações – agrupamento de pelo menos três federações (por
exemplo, a CNI Confederação Nacional da Indústria e a CNTI
Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria).

2 Os sindicatos horizontais constituem se com critérios mais


amplos que o de uma categoria profissional, podendo juntar
trabalhadores de vários tipos de ocupação ou empresas de vários
ramos industriais.
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A classe trabalhadora é formada por aqueles que trabalham e


isto vai além da especialização técnica e profissional. Este tipo de
sindicato é visto como uma classe para si, isto é, que luta pela classe
de trabalhadores, em geral, não em si mesma.
Por exemplo, a união de vários trabalhadores, em uma central
única, unindo vários sindicatos pode levar à maior horizontalização
(CUT, Força Sindical).

3 Sindicatos pluralistas constituem se de modelos europeus,


em que não só os objetivos dos sindicatos podem variar, como o tipo
de organizações, categorias, entidades e associações.
Os sindicatos podem se agrupar internacionalmente, o que
também foi proibido no Brasil. A primeira organização internacional
de trabalhadores foi organizada por Marx e Engels, em 1864,
juntando diversos sindicatos ingleses e representantes europeus de
vários países. Durou pouco tempo, devido à luta pelo tipo de filosofia
entre anarquistas e marxistas.

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São dois os tipos fundamentais de sindicatos no Brasil: o


sindicato por categoria econômica e o sindicato por categoria
profissional ou por profissão. Os primeiros são chamados sindicatos
de resposta ou patronais. Os segundos são designados sindicatos de
trabalhadores.
Assim o sindicato por categoria econômica é aquele que exerce
a representação dos que atuam num setor de atividade econômica
(sindicato de empregadores), indústria, comércio, agricultura,
transportes, etc. ou dos que se encontrem prestando serviços nesse
mesmo setor ou ramo de atividade como trabalhadores (sindicato de
trabalhadores).
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A regra geral é que a denominação dos sindicatos de


trabalhadores é determinada e depende do ramo de atividade
econômica do empregador. A profissão será de bancário se o trabalho
é em banco, comerciário se no comércio, industriário se na indústria
e, assim por diante. As especificações do ramo industrial acabam por
denominar também as profissões, assim, na indústria metalúrgica
temos o sindicato (patronal) da indústria metalúrgica e o sindicato
dos trabalhadores na indústria metalúrgica ou sindicato dos
metalúrgicos.
Essa regra não se aplica aos sindicatos das categorias
profissionais diferenciadas e aos dos profissionais liberais. Não
importa a atividade ou o setor econômico em que trabalham. Por
exemplo, tanto os engenheiros da indústria automobilística, quanto
os da indústria da alimentação, farão parte do sindicato dos
engenheiros. Da mesma forma, tanto os médicos de um hospital
público, quanto os de um hospital privado são representados pelo
sindicato dos médicos.
A Constituição Federal de 1988, art. 8º, III, manteve a
organização sindical por categoria, ao declarar que "ao sindicato cabe
a defesa dos interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive
em questões judiciais ou administrativas."

A base territorial dos sindicatos

A representação ou a defesa dos interesses da categoria pelo


sindicato exercita se num limite geográfico, no qual há a
exclusividade de atuação, segundo o princípio da unicidade.
Assim, o sindicato atua numa base territorial, espaço no qual
exerce seus direitos e deveres. A CLT, em seu artigo 517, prevê
sindicatos distritais, municipais, intermunicipais, estaduais e
interestaduais, e excepcionalmente, nacionais.
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A Constituição de 1988 dispõe que a base territorial dos


sindicatos será definida pelos trabalhadores ou empregadores
interessados, não podendo ser inferior à área de um município (art.
8º, II, CF).
O comando constitucional, mesmo respeitada a unicidade
sindical, inviabilizou a criação de sindicatos de base territorial menor
a área de um município, comprometendo, portanto, a organização de
sindicatos distritais e de sindicatos por empresa.
A Constituição de 1988 também prevê a unicidade sindical, ou
seja, a previsão constitucional e legal de que não pode haver mais de
um sindicato da mesma categoria, econômica ou profissional, no
mesmo limite geográfico ou unidade de atuação. Caso, não houvesse
impedimento constitucional, quanto ao limite geográfico, poderiam
ser criados sindicatos de trabalhadores por empresa, desde que
preservado o principio da unicidade sindical.
A pluralidade sindical é o princípio segundo o qual, na mesma
base territorial, pode haver mais de um sindicato representando
pessoas ou atividades que tenham um interesse coletivo. É o que
ocorre, por exemplo, na Espanha, na Itália, na França. Nesse caso,
pode haver até mais que um sindicato de trabalhadores por empresa.
No Brasil, as leis de 1903 e de 1907 facultavam a pluralidade
sindical, mantida pela Constituição de 1934. Em 1939, com o Decreto
Lei n. 1.402, foi adotada a unicidade sindical. A Consolidação das Leis
do Trabalho, no artigo 516, declara: "não será reconhecido mais de
um sindicato representativo da mesma categoria econômica ou
profissional, ou profissional liberal, em uma dada base territorial". A
Constituição Federal de 1988 mantém o princípio da unicidade
sindical.
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Origem dos sindicatos

Surgem a partir da Revolução Industrial na Inglaterra, no


final do século XVIII;
Os trabalhadores buscam melhorias em suas péssimas
condições de trabalho: baixos salários, grande jornadas de
trabalhos, sem horários de descanso e nem férias, etc.;
Os sindicatos surgem como associações criadas pelos
operários para a sua própria segurança e para a defesa e
representam passagem da dispersão e da impotência dos
operários aos rudimentos da união de classe.

Sindicato associação livre de empregados, de empregadores


ou de trabalhadores autônomos para defesa dos interesses
profissionais respectivos, enunciando, apenas, a situação
profissional dos indivíduos e o fim de defesa de seus interesses.

Greves e Conflitos Trabalhistas

As greves são meios utilizados pelos trabalhadores para


gerar soluções aos conflitos trabalhistas.

Greve paralisação coletiva do trabalho, geral ou parcial,


bem como a mudança do ritmo normal do trabalho dos
trabalhadores, visando a modificação das condições de
trabalho.

O papel dos conflitos trabalhistas é crucial ao


desenvolvimento das conquistas dos trabalhadores. Nenhuma
conquista de um direito foi feita sem luta e conflito.
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Histórico e tipologia do sindicalismo no Brasil

Primeiras lutas operárias (até 1930) Representadas por


duas principais tendências da época: anarcossindicalista e o
socialismo. Surgimento do PCB.

Antigo Sindicalismo (1930 a 1970) período é caracterizado


por um sindicalismo atrelado ao Estado, devido à forte
intervenção nas relações entre os sindicatos e patrões.

Durante a ditadura militar a ação sindical foi


fortemente reprimida, muitos sindicatos fechados e
seus líderes perseguidos e presos.

O Novo Sindicalismo (após 1970):

Ruptura com o passado;


Busca da autonomia em relação ao Estado e crítica à
junção do Estado;
Forte expansão e organização sindical;
Fundação do PT (Partido dos Trabalhadores, em 1980);
Criação das centrais sindicais, como a CUT, CGT e
Força Sindical;
Crescimento na taxa de sindicalização, no número de
greves e na maior presença dos sindicatos na vida
nacional.

A crise sindical brasileira:

Neoliberalismo;
Perda da capacidade de ação sindical;
Acordos mais individualizados;
Crescimento do desemprego e da precarização do
trabalho;
Queda do assalariamento e do emprego formal.
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A organização dos sindicatos

Sindicatos verticais são organizados por categorias


profissionais ou ramos de atividades ou empresas que
guardam semelhanças entre si (Ex.: FIESP).

Sindicatos horizontais constituem se com critérios mais


amplos que o de uma categoria profissional, podendo juntar
trabalhadores de vários tipos de ocupação ou empresas de
vários ramos industriais (Ex.: CUT)

Sindicatos pluralistas constituem se de modelos europeus,


em que não só os objetivos dos sindicatos podem variar,
como o tipo de organizações, categorias, entidades e
associações.

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(a) o conjunto dos trabalhadores de uma empresa.


(b) os acordos estabelecidos entre os patrões e os empregados.
(c) a disputa entre os trabalhadores por melhores condições no
mercado de trabalho.
(d) associações dos que, como empregadores ou empregados,
reúnem se para defesa de interesses mútuos.

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(a) europeus que aportam em terras brasileiras imbuídos do sonho da


terra própria e do enriquecimento.
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(b) ideais anárquicos.


(c) ex escravos perfeitamente incorporados às atividades industriais.
(d) forte presença de imigrantes na formação da classe operária
brasileira.

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(a) a criação do Ministério do trabalho.


(b) criação do salário mínimo.
(c) obrigatoriedade da carteira de trabalho
(d) todas estão corretas.

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(a) um forte sentimento de classe.


(b) o atrelamento dos sindicatos ao governo.
(c) a iniciativa dos governos, que consideravam o movimento
organizado dos trabalhadores uma força importante para o
desenvolvimento social.
(d) a necessidade de melhoria das condições do trabalho e do
emprego.

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(a) Revolucionária e reformista.


(b) Anarquista e reformista.
(c) Anarco sindicalista e socialista.
(d) Socialista e revolucionária.

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(a) a formação de sindicatos como órgãos de colaboração e


cooperação do Ministério do Trabalho.
(b) a formação do anarco sindicalismo no país.
(c) o aumento da participação sindical autêntica, desatrelada do
Estado e independente dos governos.
(d) a formação do chamado “Novo Sindicalismo”.

Gabarito: 1 – d; 2 – c; 3 – d; 4 – d; 5 – c; 6 – a

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1996?
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(a) O movimento grevista de 1978 se coloca no bojo de um conjunto


de movimentos sociais que eclodiram no Brasil durante aquela
década e fez, a partir de então, aparecer um ato renovado na cena
política do país.

(b) A partir do aparecimento do novo sindicalismo no Brasil, a política


salarial passou a ser definida levando em conta as variações no PIB,
terminando assim o arrocho salarial.

(c) A política econômica em vigor no país, a partir do momento em


que eclodem as greves do ABC paulista, passa a considerar as
propostas apresentadas durante o movimento, modificando assim
parte de suas prioridades.

(d) A cultura do dissídio coletivo que caracterizava a forma de


atuação sindical no período anterior aos anos 70 foi, de certa forma,
alterada pela ampla prática da negociação coletiva.

(e) Com o novo sindicalismo pode se afirmar que ocorreram


mudanças na articulação dos setores estatais, empresariais e
trabalhistas.

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Em países como o Brasil, as elites econômicas e políticas


conseguiram impor, ao movimento sindical, princípios organizativos e
de ação distanciados da natureza original do sindicalismo. A tutela
estatal representou o fracasso programado do movimento sindical,
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pois subordinou o às necessidades de controle da força de trabalho,


sem contrapartida duradoura no que tange a salários, condições de
trabalho e de promoção profissional, entre outros aspectos.

(a) O modelo corporativo de relações de trabalho, estratégia


implementada pelas elites que chegaram ao poder com a Revolução
de 30, colocou os sindicatos numa verdadeira camisa de força.

b) Na Consolidação das Leis do Trabalho (1943) ficou sistematizado


um complexo emaranhado de dispositivos legais, submetendo os
sindicatos à tutela do Estado em troca de vantagens corporativas.

c) Este sindicalismo de reivindicação e participação foi marcado pelo


pragmatismo reformista.

d) As centrais sindicais foram proibidas, bem como o intercâmbio


internacional. A tutela estatal esbarrou a entrada dos sindicatos nos
locais de trabalho e dificultou a prática da negociação direta.

e) A Constituição de 1988 aboliu a possibilidade de intervenção e de


controle das atividades sindicais por parte do Estado, mas manteve o
princípio organizativo do sindicato único por categoria e por base
territorial, o imposto sindical e o monopólio da representação.

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(Antunes, 1995):

(a) Na sociedade brasileira a presença de formas precárias de


trabalho é um fenômeno inquestionável. Isso vem provocando uma
enorme dificuldade na organização dos sindicatos no país,
provocando sérios limites à constituição de um sindicalismo
horizontalizado que consolida a identidade de classe dos
trabalhadores.

(b) Os trabalhadores a domicílio e os trabalhadores de pequena


empresa são marcados por formas de controle que misturam relações
familiares com relações de trabalho e reproduzem a situação clássica
de controle direto sobre os trabalhadores.

(c) A identidade operária na conjuntura atual tem se fortalecido


sobretudo pela expansão do sindicalismo horizontal, agregando o
coletivo de trabalhadores dos diferentes setores do país.

(d) Há uma dificuldade estrutural em se passar de um sindicalismo


vertical para outro horizontal, em função da fraca mobilização dos
trabalhadores do setor informal que encontram barreiras estruturais
em se transformarem em classe para si.

(e) Os sindicatos podem se organizar por ramos, categorias e


empresa e a estrutura sindical pode fundamentar se num sindicato
único (no caso do Brasil), ou no pluralismo sindical (modelo europeu).
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Neste novo mundo organizacional, caracterizado pelo trabalho


flexível, não existe tempo ou razão para relacionamentos duradouros.
O foco é o curto prazo. Também não há espaço para relações
desinteressadas. Tudo deve ter uma finalidade. Afinal, precisamos de
resultados rápidos. Se o velho sistema, que permeava as
organizações tradicionais, baseava se no controle rígido e
onipresente da supervisão, o novo baseia se na pressão e no controle
exercidos pelos pares (Sennett; 1999).

(a) A moderna ética do trabalho concentra se no trabalho de equipe.


Celebra sensibilidade aos outros, exige aptidões delicadas, como ser
bom ouvinte e cooperativo, acima de tudo, o trabalho em equipe
enfatiza a adaptabilidade às circunstâncias.

(b) As exigências de polivalência e flexibilidade, a duração cada vez


menor e o vínculo cada vez mais tênue das relações de trabalho
enfraquecem valores como o compromisso, a confiança e a lealdade,
todos fundamentais para a consolidação do caráter.

(c) Na moderna organização existe uma ficção: trabalhadores e


chefes não são antagonistas. O chefe administra o processo de grupo.
Ela ou ele é líder. O jogo do poder é jogado pela equipe contra
equipes de outras empresas.

(d) O desenvolvimento do caráter e da identidade depende dos


relacionamentos e das ligações que estabelecemos com outras
pessoas e com as instituições. O mundo do trabalho atual,
caracterizado pela flexibilidade, leva à corrosão do caráter.
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(e) A ética do trabalho afirma o uso autodisciplinado de nosso tempo


o valor da satisfação adiada. Essa disciplina depende, em parte, de
instituições suficientemente estáveis para a pessoa praticar o
adiamento.

!, &( /!"+

1. " !"( 2! ( #)$+ No fim da década de 70 o movimento sindical


ganha força, principalmente nas greves de 1978, gerando mudanças que
ajudarão o país a superar a ditadura militar. As negociações coletivas
ganham força e categorias menos fortes conseguem se beneficiar das
conquistas das representações sindicais.

2. " !"( 2! ( #2$+ O sindicalismo do passado era visto pelos


"novos sindicalistas" como sem bases, de cúpula, de gabinete, distante
da classe trabalhadora e orientado por interesses políticos. Em troca de
vantagens, seus representantes afastavam se cada vez mais dos
interesses que deveriam representar: da classe trabalhadora.

3. " !"( 2! ( #2$+ Há uma grande dificuldade em se construir o


sindicalismo horizontal nesse momento de crise sindical brasileira, devido
ao aumento do trabalhadores no setor informal, de forma precária, ao
mesmo tempo que reduz o sindicato vertical, pelo desemprego de grande
número de operários estáveis.

4. " !"( 2 ( # $+ Esta era a ética própria da produção industrial,


materializada em disciplina e uso correto do tempo (ideologia taylorista),
mas já não faz parte da produção atual, onde tudo é flexível e mutável:
você pode ser disciplinado agora e indisciplinado depois. Tudo depende
do tempo que você precisa agora.

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Espero que tenham compreendido claramente os principais


conceitos relacionados aos conteúdos dessa aula: valores no trabalho
e ação sindical.

Aproveito para comunicar que após nossa última aula, lançarei


um material extra com as provas comentadas (inclusive as opções
erradas) e exercícios de revisão, conforme o pedido de alguns alunos
através do fórum.

Bom estudo e sucesso!


Prof. Tatiana Claro

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