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lidade!

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Com carinho,

Equipe Ceisc. ♥

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Prof. Douglas Azevedo

Sumário

1. O trabalho como categoria estruturante na sociedade capitalista ......................................... 4


1.1 O trabalho no pensamento clássico. ...................................................................................... 6
1.2 A teoria do valor-trabalho. ...................................................................................................... 7
1.3 Divisão social do trabalho. ..................................................................................................... 8
1.4 Divisão sociossexual e racial do trabalho .............................................................................. 9

Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
concursos e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, recomenda-
se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.

Bons estudos, Equipe Ceisc.


Atualizado em fevereiro de 2024.

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1. O trabalho como categoria estruturante na sociedade


capitalista

Prof. Douglas Azevedo


@prof.douglasazevedo

Trabalho é um pilar estruturante da sociedade capitalista, moldando a economia, as


relações sociais, a distribuição de poder e a própria identidade dos trabalhadores. Para autores
como Hegel, o trabalho consiste em uma mediação entre o homem e a natureza. O ser humano
utiliza a natureza como um instrumento, a controlando para atingir os seus fins mediante o
trabalho. Esta ação precisa ser intencional, consciente e reflexiva - o que diferencia os homens
dos animais. Outros autores ainda apontam o trabalho como essencial para a humanização do
homem. Cuida-se da relação social de transformação dos bens necessários para a existência.
Um ponto importante para entender o trabalho é a divisão da sociedade em classe, o que
traz elementos nocivos para o trabalho. Assim, uma classe passa a comandar (atividade
intelectual) e a outra a trabalhar (atividade manual).
No capitalismo, contudo, há uma transformação de retomada da categoria do trabalho,
que passa a ser defendido, vista como algo enobrecedor - a classe dominante, contudo,
trabalhava “supervisionando”. O trabalhador é expropriado dos seus meios de produção e agora
precisa do trabalho assalariado para sobreviver.
Avançando, temos que o trabalho não é apenas uma atividade econômica, mas também
uma fonte de identidade social. Isto porque o indivíduo se define conforme o seu papel dentro do
mercado de trabalho, o que pode afetar sua autoestima, percepção da realidade e de seu “lugar”
na sociedade. Para além da percepção individual, no momento em que o trabalho assalariado
passa a ser a principal forma de geração de riquezas dentro da sociedade capitalista, passa a
ser também elemento chave para a compreensão da própria sociedade e suas dinâmicas. Em
suma, o trabalho vai além da simples produção para fins econômicos, mas estrutura uma série
de relações sociais e a identidade dos sujeitos.
Como exemplo, podemos citar a desigualdade social gerada pelas dinâmicas de trabalho
pós-revolução industrial. Uma pequena parcela da população era detentora dos meios de
produção, ao passo que uma grande parcela era submetida aos empregos disponíveis em

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condições precárias. Aqui temos o surgimento de duas classes sociais com interesses políticos
distintos.
Dentro desse contexto, passam a surgir graus de hierarquia dentro do mundo laboral, de
modo que alguns sujeitos exercem atividades braçais em piores condições e outros passam a
ocupar cargos administrativos ou de gestão. Aqueles que exercem cargos mais intelectuais
trabalham em melhores condições e recebem melhores salários, logo, se “entendem” como mais
importantes que os outros trabalhadores. Essa percepção vai além do âmbito individual, de modo
que a própria sociedade passa a aplicar essa lógica, e começam a surgir os espaços para
trabalhadores mais pobres e espaços para aqueles com melhores salários. Aqui a desigualdade
deixa de ser salarial, sendo também de acesso à cultura, lazer, espaços etc.
O trabalhador privado destes elementos, inserido em contextos de pessoas como ele,
acaba construindo sua identidade baseada nestas experiências que, novamente, são
determinadas pelo trabalho realizado.
Novamente, as dinâmicas de trabalho no capitalismo influenciam muito mais do que a
produção econômica, mas sim todas as camadas sociais. Naturalmente tais dinâmicas vão se
transformando com o tempo, pois o cenário do fordismo e mesmo o do toyotismo cedem espaço
para as novas dinâmicas, potencializadas pela tecnologia, gerando o chamado proletariado de
serviços (que estudamos nas aulas do item 2 do nosso edital de sociologia).
Por exemplo, hoje temos o chamado desemprego estrutural, em virtude dos trabalhadores
não terem conhecimento técnico acerca das novas tecnologias produtivas. Isso coloca muitas
pessoas em práticas laborais precarizadas (trabalhos temporários, em plataformas, freelancer,
etc.) sem quaisquer direitos, ampliando a desigualdade. Essa nova realidade enfraquece os
sindicatos, que não conseguem mais acompanhar os fluxos da flexibilização.
Assim, em síntese, temos que o modo de produção capitalista está conectado com as
relações sociais, políticas, intelectuais, etc. O mundo em que vivemos é um produto histórico
mediado pelo trabalho.
Crise no capitalismo?
Apenas a título de contraponto, alguns autores vêm questionando a centralidade do
trabalho nas sociedade contemporâneas, em razão das mudanças tecnológicas que impactam
as dinâmicas sociais e econômicas. Tais transformações perpassam o surgimento de novos
setores produtivos baseados nas tecnologias informacionais, novas formas de automação e um
modelo baseado na prestação de serviços.

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1.1 O trabalho no pensamento clássico.


Neste tópico, vamos analisar as contribuições acerca do trabalho para os pensadores
clássicos.
Karl Marx
O autor apresenta uma perspectiva crítica do trabalho na sociedade capitalista.
Através do trabalho, o homem se apropria da natureza visando satisfazer suas
necessidades. Tal atividade deve ser previamente idealizada (se busca a concretização de algo
antes idealizado na cabeça do executor). Contudo, dentro do sistema capitalista este processo
se transforma: agora não é mais um processo individual entre homem e natureza, mas sim um
processo social de produção.
Marx aponta que em outros momentos da história, sobretudo antes da existência das
classes sociais, a divisão do trabalho ocorria conforme idade e sexo dos membros de uma
comunidade, com uma produção voltada a satisfação das necessidades da comunidade.
Contudo, no capitalismo, a própria divisão passa a ser social, de modo que todos passam a ser
vistos como um todo homogêneo, inclusive crianças, e o objetivo passa a ser a produção,
reprodução e aumento do capital.
Para que o capital se desenvolva, é necessário que o trabalhador venda sua força de
trabalho por dinheiro, ou seja, a força de trabalho vira uma mercadoria. O trabalhador, estando
separado dos meios de produção, é obrigado a buscar trabalho assalariado para viver (sem os
meios, não consegue trabalhar), e com isso, expande o capital e poder político da classe
capitalista.
Outro aspecto trabalhado por Marx é de que nas sociedades escravistas e feudais, muito
embora o trabalho já fosse social, os trabalhadores sabiam que estavam sendo explorados por
outros e que a maioria do que produziam iria para outrem, já no capitalismo tal aspecto não é
transparente, pois o trabalhador assalariado não tem noção do quanto produz e o quanto é
apropriado pelo empregador.
Outro elemento importante na visão de Marx é o conceito de alienação ou estranhamento.
O trabalhador está alienado em relação ao produto que ele mesmo produz e que pertence ao
seu empregador - quanto mais ele trabalha, mais rico outra pessoa fica. De igual forma, por agora
exercer uma pequena parte do todo, o trabalhador não mais entende o valor daquilo que produz.
A alienação também pode ser vista como a produção não mais voltada para a satisfação
de necessidades pessoais, mas para a satisfação das demandas do mercado.

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Max Weber
Um dos aspectos mais cobrados de Weber em provas refere-se à ética protestante e seu
papel no desenvolvimento do capitalismo. O trabalho ao longo da história nem sempre foi algo
bem visto, tido inclusive como atividade inferior àquelas intelectuais e políticas. Contudo, a
mentalidade oriunda da reforma protestante transformou tal lógica.
Os protestantes agiam sob a lógica de que o trabalho era uma forma de louvar a Deus.
Assim, o trabalho braçal não era mais visto como algo indigno como em outras épocas,
assumindo um papel importante na sociedade.
O estudo de Weber, portanto, foi muito além de uma análise econômica, abordando
aspectos culturais (como a religião) na formação da visão do novo mundo industrial, o que foi de
grande importância para o capitalismo em seus estágios iniciais.

1.2. A teoria do valor-trabalho.


A teoria do valor-trabalho abordada por Adam Smith, David Ricardo e por Marx, embora
apresentem algumas diferenças entre sim, possuem alguns pontos em comum, em especial, o
trabalho como elemento a agregar valor a um produto.
Marx, por sua vez, busca analisar o valor dos bens e dos serviços numa lógica além
daquela da oferta e da demanda. Assim, o valor de uma mercadoria não é determinado pela
quantidade de trabalho realizado por um indivíduo, mas sim do tempo socialmente necessário
para sua produção, ou seja, a atividade econômica é essencialmente coletivo. O trabalho é o
único elemento que realmente deve gerar valor em um produto.
O tradicional exemplo apresentado pelos autores é o do copo d’água e do diamante. Por
qual motivo um vale mais do que outro? Ora, a água é mais importante para o homem do que
um diamante, contudo, o diamante precisa ser encontrado e extraído, o que dá muito mais
trabalho que conseguir um copo d’água. Assim, Marx adota critérios quantitativos e qualitativos
para saber qual o valor-trabalho, ao passo que no capitalismo esse aspecto qualitativo é
abandonado.
O modelo capitalista, como já vimos, promove a separação entre o trabalhador e os meios
de produção, ao passo que o primeiro precisa vender sua força de trabalho em troca de um
salário. Essa força de trabalho comprada pelo capitalista é incorporada no processo de
produção, gerando a chamada mais-valia - um dos pontos centrais da teoria de Marx. Trata-se,
em suma, do lucro obtido pelo capitalista: soma-se os custos da mão de obra e insumos e este

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valor é reduzido do valor final do produto, sendo a mais-valia a diferença. É, portanto, a base da
exploração do capitalismo, pois o lucro obtido é muito maior do que o salário oferecido.

1.3. Divisão social do trabalho.


Ao falarmos de divisão social do trabalho temos as atribuições dos sujeitos nas estruturas
socioeconômicas, ou seja, todos possuem uma função a qual cria uma espécie de
interdependência econômica. Historicamente, as funções eram divididas por critérios etários,
sexuais e até culturais. Com o tempo, a divisão passa a ser entre produção rural e produção de
artesãos (criando ferramentas para o trabalho rural). Com o tempo e a ascensão das cidades e
do comércio, também ocorrem novas divisões como trabalho urbano e trabalho rural.
Fala-se também de uma divisão intelectual e manual, o que fica muito acentuado na
própria ideia da divisão da sociedade em classes sociais (conforme estudamos nos tópicos
anteriores), e de uma divisão sexual / racial, que veremos nos próximos tópicos.
Dentro de uma lógica econômica capitalista, contudo, temos a divisão do trabalho como
fenômeno responsável pelo aumento da produção, ao se dividir as funções da etapa produtiva
em pequenas tarefas e especializando os trabalhadores em cada uma delas. Assim, temos o
aumento da eficiência e redução de custos.
Passemos a analisar o conceito sobre a ótica de alguns autores.

Émile Durkheim
A abordagem de Durkheim é mais voltada para o aspecto social do que econômico, pois
consistem nos fatores que geram a união e coesão dos indivíduos que vivem em sociedade,
diferindo de outros autores que entendiam a divisão do trabalho no capitalismo como algo nocivo.
Assim, a divisão seria responsável pelo sentimento de solidariedade, a qual o autor separa em
dois tipos:
• Solidariedade mecânica: presente nas sociedades pré-capitalismo. Aqui as interações
entre indivíduos operavam sobre bases mais simples como costumes, família, religião,
noções estas que são compartilhadas pelo grupo gerando a coesão social. Aqui a divisão
social do trabalho é pequena ou inexistente, pois todos exercem as mesmas tarefas.
• Solidariedade orgânica - resultante da divisão social do trabalho das sociedades
capitalistas. Nestas sociedades mais complexas, os indivíduos não compartilham mais
crenças e costumes, e dada ao surgimento de tarefas altamente especializadas, cada um

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indivíduo exerce uma função específica. Como a tarefa de um depende da tarefa do outro,
cria-se uma dependência mútua e portanto coesão social.

Karl Marx
Já em Marx a divisão do trabalho oriunda da separação em especialidades é algo nocivo,
pois gera uma hierarquia social em que a classe burguesa subjuga e explora a classe dos
proletariados. Nos modelos de produção anterior, muito embora o trabalhador fosse explorado,
não era tolhido de seu saber produtivo, gerando a alienação.
Marx aponta também o surgimento de uma hierarquia entre os trabalhadores: aqueles que
exercem atividade manual e aqueles que exercem atividades técnico-científicas (intelectuais) e
são responsáveis por organizar o processo de trabalho. Estes últimos reproduzem a lógica do
capital no processo de trabalho.

1.4. Divisão sociossexual e racial do trabalho


O mercado de trabalho é o mesmo para homens e mulheres? E para brancos e negros?
Diversos estudos apontam que existem desigualdades estruturais nas relações de trabalho
perpassando a lógica do gênero e da raça. Os principais aspectos que contribuem para esta
desigualdade são de fácil identificação, muito embora os seus resultados sejam complexos: o
patriarcado e o racismo. Vamos analisar primeiro a questão da mulher e do patriarcado.
Patriarcado - ao longo da história da humanidade se criou culturalmente a imagem de
que o homem é o provedor e a mulher a responsável pelo lar e pelos filhos. Cabe destacar que
tal divisão não é biológica, mas sim construída socialmente.
As mulheres passam a ingressar no mercado de trabalho logo após a revolução industrial,
pois passam a surgir setores em que estas se destacam em virtude das atividades domésticas,
como o têxtil, alimentos, etc. Muito embora este movimento tenha inserido a mulher no mundo
laboral externo ao lar, estas recebiam salários inferiores aos dos homens. Tais “oportunidades”
duravam pouco, pois ao casar e ter filhos a mulher voltava para o lar e os afazeres domésticos,
em posição de dependência do salário do homem - isto quando não precisavam exercer ambas
as funções de trabalho industrial e doméstico.
De qualquer sorte, o ponto a ser concluído aqui é que a inserção das mulheres no trabalho
assalariado não alterou a organização da divisão sexual do trabalho. Pelo contrário, ressaltou

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ainda mais a existência de papéis sociais diferentes para homens e mulheres - cabendo aos
homens, é claro, os papéis de maior valor na sociedade.

A divisão sexual do trabalho é a forma de divisão do trabalho social decorrente das


relações sociais entre os sexos; mais do que isso, é um fator prioritário para a
sobrevivência da relação social entre os sexos. Essa forma é modulada histórica e
socialmente. Tem como características a designação prioritária dos homens à esfera
produtiva e das mulheres à esfera reprodutiva e, simultaneamente, a apropriação pelos
homens das funções com maior valor social adicionado (políticos, religiosos, militares etc.).
(HIRATA; KERGOAT, 2007, p. 599)

Para além da separação de funções, surge também uma lógica de hierarquização


segundo a qual o trabalho do homem vale mais que o trabalho da mulher.
No século XX se verifica um aumento exponencial no tocante à participação feminina no
mercado de trabalho, mas novamente não se verificou uma mudança na divisão sexual do
trabalho - o que se nota inclusive pelos setores aos quais as mulheres eram direcionadas. A elas
ainda cabiam as funções domésticas para além das funções assalariadas (dupla jornada de
trabalho) e a remuneração continuava menor, ou funções voltadas para o cuidado de
crianças/idosos, etc.
No tocante à divisão racial, os problemas de desigualdade tem como principal origem o
racismo, sobretudo o estrutural (aquele incorporado nas próprias instituições). No Brasil, após
séculos de escravidão, a população negra era liberta no final do século XIX sem receber qualquer
tipo de compensação e ante a ausência de qualquer espécie de política pública de inserção
social.
Essas pessoas se viam obrigadas a ir para as cidades em busca de sustento , sendo
relegadas as localidades mais periféricas dos centros urbanos e tendo de se submeter aos
trabalhos mais precários para sobreviver. Paralelo a isso surge o racismo - num primeiro
momento claro e direto, mas num segundo momento velado, criando-se a falsa ideia de que no
Brasil existia uma espécie de “democracia racial”.
Diferente de outros países, nos quais existiam leis separando brancos e negros, no Brasil
as leis eram, em tese, iguais para todos. Contudo, o racismo se manifestava nos pequenos
espaços: na rejeição de candidatos negros a vagas; na ausência de políticas públicas eficientes;
na criação de uma imagem estereotipada destas pessoas. Naturalmente, a condição é muito pior
para a mulher negra, que além de enfrentar as questões raciais ainda está submetida às mesmas
lógicas do patriarcado.

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Referencias:

HIRATA, Helena; KERGOAT, Daniele. Novas configurações da divisão sexual do trabalho.


Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 37, n. 132, 2007.

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