O presente trabalho, surge no âmbito da disciplina de Filosofia leccionada na 11a classe e tem
como tema: a pessoa como sujeita moral. A palavra “pessoa” tem a sua origem no termo latino
para uma máscara usada por um actor no teatro clássico. Às porém máscaras, os actores
pretendiam mostrar que desempenhavam uma personagem. Mais tarde “pessoa” passou a
designar aquele que desempenha um papel na vida, que é um agente. De acordo com o Oxford
Dictionary, um dos sentidos actuais do termo é “ser autoconsciente ou racional”. Este sentido
tem precedentes filosóficos irrepreensíveis. John Locke define a pessoa como “um ser inteligente
e pensante dotado de razão e reflexão e que pode considerar-se a si mesmo como aquilo que é, a
mesma coisa pensante, em diferentes momentos e lugares.”
Essa disposição diz respeito ao homem “como ente racional e ao mesmo tempo responsável”.
Moral é o conjunto de regras, normas de uma sociedade ou região que visa a dirigir as acções do
homem, segundo a justiça e equidade natural (igualdade de direitos). A ética é a dignidade
humana, (valores morais, verdade). A moral é conduta, comportamento, parte de uma cultura,
bons costumes.
Noções básicas
Falar de assuntos relativos ao Homem (na sua qualidade de pessoa), é um tema muito importante
porque é um desafio na medida em que é urna das forraras de medir a nossa humanidade
enquanto pessoas sujeitas normas, não só sociais e culturais, mas também morais. Dizia o velho
Sócrates, “uma oportunidade de nos conhecermos a nós mesmo”.
Para melhor percepção do tema, Geque (2010) convida-nos a distinguir dois conceitos muito
importantes em relação ao tema em questão (Ética e Moral).
Do grego “ethos”, a Ética tem haver com os comportamentos habituais, aos costumes, aquilo que
é habitual aos seres humanos, aquilo fazem referindo-se a sua interioridade. Do latim “mores”, a
Moral designa também aquilo que é habituais os seres humanos fazerem, com a particularidade
de indicar o que deve ou não ser feito.
Como já anunciamos, a palavra moral vem do latim mores, que significa costume. Podemos
descrever então que moral são as normas de conduta de uma sociedade, para permitir um
equilíbrio entre os anseios individuais e os interesses da sociedade. Por isso do termo conduta
moral, que é a orientação para os actos segundo os valores descritos pela sociedade.
A ética tem um significado muito próximo ao da moral. Ética vem do grego ethos, que também
significa conduta, modo de agir, mas o que diferencia moral da ética é o sentido etimológico, no
qual a moral tem como propósito estabelecer um convívio social de acordo com o que é bem
quisto pela sociedade, já a ética é identificada como uma filosofia moral, onde se busca entender
os sentidos dos valores morais.
A ética busca avaliar os princípios em seu individual, onde cada grupo possuem seus próprios
valores, culturas e crenças. Ela constitui um sistema de argumentos dos quais os grupos ou as
pessoas justificam suas acções. A configuração principal da ética é solucionar conflitos de
interesses, baseando em argumentos universais. A ética tem seu impasse, pois o que é
considerado ético para um grupo, pode não ser para outro.
Enquanto a Moral se encontra ligada a, aplicação correcta de certas regras orais e a situações do
dia-a-dia perante as quais somos obrigados a decidir, a Ética preocupa-se com a fundamentação
racional das normas e, de uma forma mais vasta, com o agir humano. A Moral está ligada a
dimensão convencional e comunitária da vida dos homens. A Moral está, assim, ligada
obrigação, à acção em conformidade com o dever. Para Séneca, “não nos devemos preocupar
com viver muitos anos, mais com o vive-los satisfatoriamente; porque viver muito tempo
depende do destino, viver satisfatoriamente depende da tua alma.
Conceito de pessoa
Pessoa advém da palavra persona do latim. Gramaticalmente falando, a pessoa é a que antecede
o verbo, personificando a pessoa que está agindo, podendo ser também um pronome, que faz a
relação entre quem fala e o discurso.
4- Características da Pessoa
Cada espécie (objectos, series vivos), apresentam algumas particularidades que fazem deles
series semelhantes. A Pessoa é, acima de tudo caracterizada pelos seguintes aspectos.
Singularidade – a pessoa é uno, original, verídico, não se repete e insubstituível ou seja, ninguém
é cópia de ninguém, não há duas pessoas iguais, há sempre diferença entre duas ou mais pessoas.
Unidade – a pessoa é constituída por partes diversificadas (é corpo físico, razão, emoção, acção
etc.) que complementam a sua totalidade, isto é, as deferentes partes que as constituem foram um
todo coeso, uma unidade biológica.
Projecto – a pessoa é um ser dinâmico, que está sempre em construção, aprendendo novas coisas.
Valor em si – o valor (preço) de uma pessoa é imensurável, a pessoa é um valor absoluto razão
pelo qual não pode ser usada como um meio ao serviço de outrem.
Noção e caracterização
A consciência moral é capacidade de um sujeito reconhecer que há formas de vida, valores que
são melhores do que outros e que portanto permitem humanizar-se, em termos práticos podemos
dizer que a consciência moral manifesta-se como espécie de voz interior o juiz que nos alerta,
censura, sanciona, reprime e diz não, se agirmos de acordo com ela, sentimos uma certa paz e
tranquilidade. A consciência moral é a capacidade que o sujeito tem de avaliar os princípios
básicos dos seus actos atitude valorativa que se verifica na aplicação das normas morais aos
nossos actos.
6- Formação e desenvolvimento da consciência moral
Nível 1
Moralidade pré-convencional:
Estádio 1 Orientação para obediência e para a punição. As regras são obedecidas para evitar
punição e aborrecimento.
Nível 2
Moralidade convencional:
Estádio 3 As regras são obedecidas para agradar aos outros e evitar desaprovação,
valorizando-se assim a gratidão e a lealdade.
Estádio 4 Orientação para a autoridade e para a manutenção da ordem social. As regras são
obedecidas para mostrar respeito pelas autoridades e manter a ordem social.
Nível 3
Moralidade pós-convencional:
Estádio 5 Orientação para o contrato social. As regras são obedecidas porque elas
representam a vontade da maioria e para evitar a violação dos direitos dos outros
Estádio 6 Princípios éticos universais. As regras são obcecadas tendo em conta os princípios
éticos da pessoa.
Num conflito entre a lei e esses princípios, é correcto seguir a própria consciência, que é m
agente diretor, justamente com o respeito e a confiança mútuos.
O Homem no seu quotidiano de uma forma consciente ou inconsciente prática dois tipos de
acções: as que são comuns a outros animais e os que só ele próprio realiza.
Primeiro – as que são comuns a outros animais ou actos instintivos. Konrad Lorenz aponta a
existência de quatro instintos comuns aos homens e, aos animais (nutrição, reprodução, fuga e
Agraço).
Segundo – as que ele próprio realiza ou instintiva: consiste nas actividades reflexivas, especifica
dos seres humanos. Agir, no caso do Homem, implica pensar antes de executaras acções.
Moralmente, os homens praticam também acções que, embora sejam conscientes e intencionais,
não deixam de ser considerados inumanos. A razão é que os mesmos não se enquadram no
âmbito daqueles que consideramos dignos de seres humanos.
O homem define-se pelo modo como escolhe, decide e executa as diferentes acções. É através
das acções que o homem transforma a realidade e torna-se um agente de mudanças. O homem
pratica 2 (dois) tipos de actos ou acções: as que são comuns a outros animais e as que só ele
realiza.
Os primeiros são os chamados actos instintivos, que permitem dar uma resposta perfeita ao mio,
facto que constitui condição indispensável a sua sobrevivência. No segundo os actos instintivos,
são secundarizados dando lugar a actividade reflectiva, especifica dos seres humanos, agir
significa pensar antes de executar a acção.
São acções que não implicam qualquer intenção da parte do sujeito; são acontecimentos que nos
limitamos a ser imensos receptores de efeitos que realizamos por um mero reflexo intuitivo;
Ø Motivo – o que nos leva a agir ou a fazer algo, a razão que justifica o acto;
Ø Elemento intenção – aquilo que o sujeito pretende fazer ou ser feito com a sua a acção e
responde a pergunta, que fazer? Aquilo que o agente quer realizar;
Ø Fim – o fim da acção e o objectivo daquilo para que se quer da acção voluntária.
Noção de valor
Em toda a acção humana, o homem exprime o modo, como se relaciona com o mundo, os
valores dão ao sujeito motivo para agir. Exemplo: quando damos esmola está lá um valor muito
nobre ‟a solidariedade”, mas afinal:
Valores – são critérios segundo os quais damos ou não, valores a certos casos. Os valores são as
razões que justificam ou motivam as nossas acções, tornando as refervíeis como nossas.
Juízo de facto – é um juízo em que se descreve a realidade de uma forma objectiva, neutra e
impessoal, estes juízos podem ser verificáveis e podem ser verdadeiros ou falsos. Exemplo:
Maputo é capital de Moçambique.
Juízo de valor – é uma manifestação de preferência e apreciação sobre uma dada realidade e é
fruto de uma interpretação parcial e subjectiva feita com base em valores. Os juízos de valores
são relativos pós variam de pessoa para pessoa.
Os valores são conceitos que traduzem as nossas preferências, o valor tem sempre como
preferência a avaliação do sujeito que o enuncia, trata-se de qualidades e atributos que são
atribuídos pelo sujeito, algo, alguém ou acontecimento. Podemos agrupar os valores em 2 (dois)
grupos: espirituais e materiais.
Valores espirituais/religiosas
Valores materiais
Valor de utilidade ou económica – aqueles que se referem a habitação, capital (caro, dinheiro,
casa, viaturas).
Existem duas posições que surgem sobre os valores, para alguns autores os valores têm duas
vertentes que são: subjectiva e objectiva.
Para os defensores da vertente subjectiva, os valores não podem deixarem nunca de serem
subjectivas uma vez que designam o padrão comportamental que alguém dá. Podemos notar que
os valores ao longo dos tempos mudam, o que é belo hoje, amanha pode não ser.
Noção de liberdade
Mesmo com todos os condicionalismos, o Homem é um ser livre, pois em última instancia,
sempre ele é quem decide agir ou não. Tendo essa liberdade, pode decidir ajustar-se ou não às
regras sociais que encontra.
Conceito de liberdade
O termo “liberdade” diz respeito a capacidade que o homem possui de agir de acordo com a sua
própria decisão: É a capacidade de autodeterminação. A liberdade pressupõe:
a) Autonomia do sujeito face a suas condicionantes – para que uma acção possa ser considerada
livre, é necessário que ele seja a causa dos seus actos, isto é, que tenha uma conduta livre.
b) Consciência da acção – a acção humana diz respeito a manifestação de urna vontade livre e
consciente dos seus actos. Isso significa que o sujeito não ignora a intenção, os motivos e as
circunstâncias e as consequências da própria acção.
Os tipos de liberdade são uma consequência directa dos tipos de coação de que o homem é
vítima na sua relação com os outros (sociedade) e consigo mesmo. Por isso, a liberdade pode ser
interior ou exterior.
A liberdade interior compreende:
Liberdade psicológica capacidade que o Homem tem de fazer u não uma determinada COISA.É
a capacidade de decidir por si mesmo.
Liberdade moral ausência de qualquer constrangimento de ordem moral, coimo, por exemplo, o
medo de punições. É a liberdade de escolha que torna o Homem digno de si próprio (autónomo).
1- Conclusão
Fim do trabalho, concluiu se que, a ética é uma característica inerente a toda acção humana e, por
esta razão, é um elemento vital na produção da realidade social. Todo homem possui um senso
ético, uma espécie de “consciência moral”, estando constantemente avaliando e julgando suas
acções para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas.
Para Kant, o sujeito moral é o ser racional. Para seres humanos, o sujeito moral pode ser
qualificado como um ser racional sensível.
Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a óptica do certo e errado, do bem e
do mal. Embora relacionadas com o agir individual, essas classificações sempre têm relação com
as matrizes culturais que prevalecem em determinadas sociedades e contextos históricos. A ética
está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com os outros relações justas e
aceitáveis. Via de regra está fundamentada nas idéias de bem e virtude, enquanto valores
perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência plena e feliz.
Gametogénese e Ovogénese
2- Bibliografia