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Introdução
Ao fazer estudo deste tema a qual visa analisar as dimensões científicas das abordagens da
ordem social, a necessidade destas e as constelações compreensivas que influenciaram na
formatação da cultura jurídica que marcam a historicidade actual.
A ideia de modernidade, na sua forma mais ambiciosa, foi a afirmação de que o homem é
o que ele faz, e que, portanto, deve existir uma correspondência cada vez mais estreita
entre a produção, tornada mais eficaz pela ciência, a tecnologia ou a administração, a
organização da sociedade, regulada pela lei e a vida pessoal, animada pelo interesse, mas
também pela vontade de se libertar de todas as opressões.
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Capitulo II: Judicialização das relações sociais
A sociedade moderna consiste na crescente submissão das mais diversas esferas da vida
pública e privada à calculabilidade, à impessoalidade e à uniformidade características do
formalismo burocrático sob o regime de dominação tipicamente racional-legal, como
afirma Max Weber (1999a).
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jurídicos modernos, é que se destacam, com muita força e criatividade, os movimentos do
Humanismo Jurídico e da Reforma Protestante.
Sendo assim um grupo social diferente do clero e da nobreza vai se apropriando dos meios
produtivos, impondo uma hegemonia de valores e ideias ao controlar os instrumentos
políticos: a burguesia. Com a riqueza acumulada e concentrada nos meios urbanos passam
a dar as coordenadas para a vida prática e profissional os prestigiados que começa a
aparecer: médicos, advogados, contadores, administradores.
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Assim, um dos traços marcantes do Direito Moderno emergente entre os séculos XVI e
XVII está na íntima relação do Direito com o poder estatal e na sua identificação com a lei
escrita. Trata-se da instrumentalização do jurídico como significação dos interesses da
burguesia e da dinâmica produtiva capitalista (Wolkmer, 2005).
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O conceito de modernidade indica uma formação social que multiplicava sua capacidade
produtiva, pelo aproveitamento mais eficaz dos recursos humanos e materiais, graças ao
desenvolvimento técnico e científico, de modo que as necessidades sociais pudessem ser
respondidas com o uso mais rigoroso e sistemático da razão
Portanto a dinâmica da Sociologia está ligada ao contexto seu surgimento na qual emergiu
do interior do pensamento social da modernidade chamado de muitas formas tais como:
racionalismo, iluminismo, jus naturalismo, evolucionismo, contratualismo,
constitucionalismo, idealismo, etc., que partia do pressuposto de que o homem é o centro
de todas as coisas; de que o homem é o principal ser natural capaz de pensar, falar, agir e
usar seu corpo do modo que mais lhe convier. Assim, para esta compreensão, bastava
criarmos forças capazes de ordenar estas potências naturais para criar outra potência
artificial – positivar o existente que o submeteria (o social submeteria o natural).
Esta compreensão levou à recuperação de outra potência histórica necessária para ordenar
o mundo: a quarta potência se tornou imprescindível, a potência da escrita, ou seja, não
basta saber pensar, saber falar ou saber agir ordenadamente (racionalmente), era preciso
colocar tudo isso por escrito no papel, para que todos possam seguir as melhores
orientações (afirmavam os contratualistas, os constitucionalistas, os jusnaturalistas).
Assim, para preparar as ideias e escrever o melhor delas era preciso institucionalizar a
educação, que também era uma herança da cultura ocidental, ou melhor, já havia muitas
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experiências de educação escolarizada, mas agora ela faz parte do mundo social e vai se
tornar universal, atingir a todos os sujeitos, pois precisam ser preparados para viverem o
social, sair do natural. Para assegurar que estas potências sejam desenvolvidas foram
redimensionadas e fortalecidas mais duas potências sociais, o Estado e o Direito (Sousa
Santos, 2004), além das que já existiam.
Este novo “espírito” consistia em procurar o conjunto de relações que as leis podem ter
com as condições climáticas e geográficas, os tipos de vida, a religião, o comércio e os
costumes, e não só tratar de desvendar as relações que as leis podem ter entre si e com a
intenção do legislador. Relacionava o Direito com todos os elementos do contexto político,
social, económico e cultural, assim como com o entorno físico e geográfico.
O impacto destes estudos deveu-se às situações de dilema que se via na época na qual
rejeitava-se uma ordem social, mas não se sabia qual ordem iria-lhe substituí-la. A
intelectualidade mostra-se preocupada com a situação de desordem e entrega-se à missão
de restabelecer a “ordem e a paz”. Para isso, sente a necessidade de conhecer as leis que
regem o funcionamento da sociedade, sua organização, as relações dos grupos, etc. Intui,
portanto, uma “ciência da sociedade” que pudesse dar respostas àquilo que passou a
denominar de “crise moral”.
A nova ciência adopta uma postura reformista, buscando legitimar intelectualmente a nova
ordem estabelecida, encontrar uma solução para os problemas que se apresentavam.
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dos industriais com os cientistas para formar uma elite esclarecida capaz de conduzir os
rumos da sociedade.
O positivismo refere-se a toda a construção humana que se impõe sobre o mundo natural.
A ideia moderna de que os homens encontravam-se aptos a delimitar um projecto racional
informa as definições clássicas de lei e Constituição. As normas legais afiguram-se como
instrumentos capaz de originar a codificação do ordenamento jurídico e a regulamentação
pormenorizada dos problemas sociais. A Constituição, produto de uma razão imanente e
universal que organiza o mundo, cristaliza, em última análise, o pacto fundador de toda a
sociedade civil. O apego excessivo à norma legal reflectia a postura conservadora de uma
classe ascendente. A burguesia, ao encampar o poder político, passou a utilizar a
aparelhagem jurídica em conformidade com seus interesses. Os estudos da Sociologia
Jurídica ampliaram-se no século 20. Na- quele período havia aumentado a quantidade de
actores do Estado e no controle social: Judiciário, polícia, prisões, burocracia, escolas e
mesmo assim a desordem se ampliava. Então, a Sociologia procurou entender
A Sociologia do Direito vai criando sua identidade diante da importância crescente dos
marcos não nacionais e das redes regionais e internacionais, do desenvolvimento das
instituições que asseguram a produção (e a reprodução) do Direito: os tribunais, as
profissões jurídicas, a polícia, etc. Em segundo lugar as pesquisas que se referem à
efectividade e aos efeitos do Direito: estes concernem às vezes a domínios particulares (a
família, a empresa, a protecção do meio ambiente, etc.), focalizam-se nos fenómenos de
ineficácia (marginalidade e divergência), ou avaliam ainda a eficácia dos instrumentos
jurídicos na prevenção ou resolução dos conflitos ou das demandas renovadas (políticas e
sociais) de uma instância simbólica que deve agir seguindo formas adjudicatórias e que
deveriam dizer o que é justo.
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Auguste Comte (1798-1857) reposicionou a ideia de se criar um sistema social, lógico e
controlado que fosse expressão das necessidades colectivas e das estruturas lógicas
naturais dos indivíduos. Comte defende, com sua teoria, as necessidades de uma orientação
prática para a vida moderna organizada juridicamente. Defendeu uma ciência síntese, forte
tanto quanto as verdades da Física ou da Biologia. Essa ciência síntese foi inicialmente
chamada de física social e mais tarde Sociologia e traçou os contornos para que ela fosse
uma ciência autónoma. Ele tratou a Sociologia como uma ciência positiva que construía
conhecimentos por meio da interdependência entre teorias e observações empíricas. Se não
é possível fazer observações sem ter uma teoria que selecciona os fatos a observar e uma
definição do problema científico ao qual vamos resolver, também seria uma insensatez
considerar que as teorias surgiram isoladas dos fatos sociais históricos em que os teóricos
estavam inseridos. Esta é a grande contribuição de Comte para separar o modo de pensar
da tradição filosófica, que acreditava ser possível formular hipóteses especulativas a partir
de outra hipótese, de operação mental à operação mental, sem serem confrontadas com os
fatos.
Comte mostra que é possível entender as vivências humanas com base em critérios
científicos, partindo do pressuposto de que era possível conhecer o homem, suas acções e
seu pensamento de modo exacto e, inclusive, prever as consequências do pensar e do agir.
Essa concepção estava impregnada em todos os pensadores sociais a partir de 1500, que
desvinculavam o conhecimento do mundo dos preceitos religiosos e percebiam a natureza,
a vida e a sociedade como algo possível de ser conhecido, controlado e planejado. Para
este autor, o homem não é criação de Deus e sim um ser natural sujeito à lei de causa e
efeito. Bastaria conhecer essas leis e, a partir delas, fundar a sociedade humana e agir
sobre ela.
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sociedade industrial, especialmente a crescente divisão do trabalho e o colapso das formas
de solidariedade. Suas criações foram chamadas, inclusive, de escola durkheimiana na
França, pois de suas teorias emergiram muitas teses formadoras de sociólogos.
Testemunhou fatos relevantes da história francesa e euro- peia, ao mesmo tempo que
sentia a presença dos ideais da Revolução Francesa de 1789 ainda ecoarem como
postulado de um ideal ainda em formação e que tinha tendências de se afirmar como
individualismo e não como uma consciência colectiva de todos pela igualdade,
fraternidade e liberdade. A Revolução tinha sido bem-sucedida, pois elementos
conservadores mantinham fortes influências sobre governo e sociedade (como a Igreja
Católica e nos campesinatos). A ordem social que estava em transição exigia a realização
ou instituição concreta dos ideais da Revolução Francesa.
Émile Durkheim outorgava uma importância muito grande ao Direito na sua teoria da
consciência colectiva e das solidariedades sociais. Em sua opinião, é segundo o tipo de
Direito que se pode distinguir em- piricamente a solidariedade mecânica da solidariedade
orgânica, pois a primeira está dominada pelo Direito repressivo, assim como a segunda se
caracteriza pelo Direito restitutivo. O Direito repressivo é a expressão de uma consciência
colectiva forte, enquanto o Direito restitutivo progride nas sociedades nas quais a
consciência individual se desenvolve, ao passo que retrocede o império da consciência
colectiva (Durkheim, 1986).
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3. Conclusão
Para entendermos porque somos hoje tão dependentes das determinações jurídicas
presentes na sociedade precisamos reconstituir as fontes que deram bases a essas
necessidades de judicialização das relações sociais na cultura jurídica moderna. Ela tem
bases no mundo da produção e arrastaram o desenvolvimento da vida urbana, do tráfego
comercial nacional e internacional, da produção manufactureira, da actividade bancária,
etc. Nos centros europeus aparece cada vez mais o saber económico, que passa de uma
técnica de gerir patrimónios de famílias ou encher cofres de reinos para as ciências
complexas que medem, provêem e prevêem os actos de produção, circulação e consumo
em espaços territoriais agora chamados de nação, a economia política.
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4. Referencias Bibliográficas
WEBER, Max. A ética protestante e o “espírito” do capitalismo. São Paulo:
Companhia das Letras, 1999a.
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WEBER, Max. Metodologia das ciências sociais. São Paulo: Cortez, 1974b. Vol. I.
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WOLKMER, António Cultura jurídica moderna, humanismo renas- cientista e
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DURKHEIM, Émile. A divisão do trabalho social – I. Lisboa: Editora Presença,
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AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de. Informatização da Justiça e controle social,
estudo sociológico da implantação dos juizados especiais criminais em Porto
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