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1.

Introdução

Ao fazer estudo deste tema a qual visa analisar as dimensões científicas das abordagens da
ordem social, a necessidade destas e as constelações compreensivas que influenciaram na
formatação da cultura jurídica que marcam a historicidade actual.

A ideia de modernidade, na sua forma mais ambiciosa, foi a afirmação de que o homem é
o que ele faz, e que, portanto, deve existir uma correspondência cada vez mais estreita
entre a produção, tornada mais eficaz pela ciência, a tecnologia ou a administração, a
organização da sociedade, regulada pela lei e a vida pessoal, animada pelo interesse, mas
também pela vontade de se libertar de todas as opressões.

Ao pesquisar empiricamente as acções características de grupos sociais, a Sociologia foi


consolidando métodos que contribuíram para que a própria Ciência Jurídica fosse se
tornando um estudo sistematizado e autónomo.

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Capitulo II: Judicialização das relações sociais

2. Judicialização Das Relações Sociais Na Cultura Jurídica Moderna.

A sociedade moderna consiste na crescente submissão das mais diversas esferas da vida
pública e privada à calculabilidade, à impessoalidade e à uniformidade características do
formalismo burocrático sob o regime de dominação tipicamente racional-legal, como
afirma Max Weber (1999a).

A modernidade se definiu a partir de dois componentes:

O primeiro princípio é a crença na razão e na acção racional

Na qual traduz-se que a ciência e a tecnologia, o cálculo e a precisão, a aplicação dos


resultados da ciência a campos cada vez mais diversos de nossa vida e da sociedade,
passam ser componentes necessários, e quase evidentes, da civilização moderna.

O segundo princípio fundador da modernidade que é o reconhecimento dos direitos do


indivíduo, isto é, a afirmação de um universalismo que dá a todos os indivíduos os mesmos
direitos. A acção racional e o reconhecimento de direitos universais a todos os indivíduos.

À formação das ideias modernas acerca do Estado e do Direito é o legado clássico do


pensamento greco-romano e às transformações trazidas pela Igreja Romana Ocidental. A
Filosofia grega, a República, o Direito Romano e Direito Canónico são raízes históricas
mais antigas que deram origem aos valores político-jurídicos e às instituições modernas
dos séculos 14 e 16. Juntos (e misturados) também provocaram os fenómenos de
dissolução das instituições até então hegemónicas (Igreja Romana), o aumento do poder
real com o surgimento das monarquias nacionais (França, Inglaterra), o enfraquecimento
do papado, a emergência do reformismo filosófico, o aparecimento cultural do humanismo
renascentista e a secularização da política... Reproduzindo as condições para o
desenvolvimento de uma cultura jurídica no interior das relações histórico-sociais da
sociedade moderna europeia.

Segundo Wolkmer (2005), muitos pensadores conseguiram captar a dinâmica


destas mudanças estruturais e mostrar que elas desencadearam, conjuntamente com o
complexo e plural sistema herdado de legalidade (Direito Romano, Canónico, Germânico,
Feudal e Mercantil), as bases fundantes da moderna cultura jurídica europeia. Em verdade,
nesse horizonte de continuidades e de rupturas em que se forja os pensamentos políticos e

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jurídicos modernos, é que se destacam, com muita força e criatividade, os movimentos do
Humanismo Jurídico e da Reforma Protestante.

No âmbito da economia agrário-senhoril, o Direito serviu para a instituição da


produtividade económica de mercado livre, pela sistematização do comércio por meio das
trocas monetárias e pela força de trabalho assalariado, constituindo-se no capitalismo
como um conjunto de práticas comerciais, ao empreendimento individualista e
competitivo, bem como ao afã de lucro ilimitado, ao cálculo previsível e ao procedi- mento
administrativo racionalizado (Weber, 1999a).

Sendo assim um grupo social diferente do clero e da nobreza vai se apropriando dos meios
produtivos, impondo uma hegemonia de valores e ideias ao controlar os instrumentos
políticos: a burguesia. Com a riqueza acumulada e concentrada nos meios urbanos passam
a dar as coordenadas para a vida prática e profissional os prestigiados que começa a
aparecer: médicos, advogados, contadores, administradores.

O Estado, o Direito, a burocracia, a escola passaram a ser redimensionados para garantir


esta nova ordenação.

Segundo o sociólogo Max Weber, o Estado moderno materializou uma associação


humana institucionalizada, detendo o “monopólio da coacção física legítima”, fundado na
economia capitalista mercantil, na burocracia de agentes profissionais e na construção de
uma legalidade formal e racionalizada. O poder agora passa a estar centralizado no Estado
Nacional, liberal e representativo, que gerência as leis do livre mercado e das relações
privadas competitivas. Esta nova organização é fortalecida pelas descobertas científicas
(racionalismo), pelas explorações nas novas terras descobertas (colonialismo) e pelo
envolvimento das pes- soas nas novas actividades produtivas (industrialismo), tudo
necessitando ser garantido por uma cultura jurídica.

O ápice teórico de convergência entre a unicidade do poder político e a nova


ordenação do Direito pode ser encontrado na filosofia política de pensadores da época,
como Thomas Hobbes. Certamente, assinala-se que Hobbes não é apenas um dos
construtores do moderno Estado absolutista, mas igualmente um dos primeiros intérpretes
a identificar o Direito como manifestação do Direito do soberano. Tratava-se da tendência,
que acabará sendo predominante, do Direito identificado com a legislação posta pela
autoridade revestida do poder máximo e, ainda mais, o Direito como criação do Estado.

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Assim, um dos traços marcantes do Direito Moderno emergente entre os séculos XVI e
XVII está na íntima relação do Direito com o poder estatal e na sua identificação com a lei
escrita. Trata-se da instrumentalização do jurídico como significação dos interesses da
burguesia e da dinâmica produtiva capitalista (Wolkmer, 2005).

Destes fenómenos emergiram de modo acelerado outras necessidades, tais como: o


processo de secularização de atitudes e dos modos de compreender a natureza humana, a
origem e o funcionamento das instituições sociais e os motivos do comportamento
humano; o processo de racionalização que projectou, na esfera da acção colectiva, a
ambição de conhecer, explicar e dirigir o curso dos acontecimentos, das relações dos
homens com o universo às condições de existência social.

Assim a ampliação da judicialização das relações sociais no período histórico da


Modernidade se justificava para:

 Regular as práticas económicas em franca expansão;


 Garantia da paridade nos negócios; afirmar a nação como espaço de produção e
distribuição;
 Prever e prover acções planejadas; garantir a impessoalidade no tracto com as
questões colectivas e nas relações sociais;
 Uniformidade nos tratamentos pessoais (burocracia);
 Garantir o direito da pessoa, da propriedade, do lucro e da acumulação; enfraquecer
o controlo da Igreja e admitir necessidade de outra centralidade social;
 Garantir a secularização da política; regular as concorrências;
 Fortalecer o mercado como lugar de trocas;
 Garantir a organização empresarial e industrial;
 Controlar as imigrações e migrações populacionais;
 Fortalecer as profissões e divisão do trabalho social, garantir o comércio
internacional.

A base para a realização dos objectivos do projecto da modernidade seria garantido, no


plano histórico, pelo equilíbrio entre os vectores societários de regulação e emancipação.
As forças regulatórias englobariam as instâncias de controlo e heteronomia.

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O conceito de modernidade indica uma formação social que multiplicava sua capacidade
produtiva, pelo aproveitamento mais eficaz dos recursos humanos e materiais, graças ao
desenvolvimento técnico e científico, de modo que as necessidades sociais pudessem ser
respondidas com o uso mais rigoroso e sistemático da razão

Neste sentido, discorre Boaventura de Sousa Santos (2004):

O projecto sociocultural da modernidade é um projecto muito rico, capaz de


infinitas possibilidades e, como tal, muito complexo e sujeito a desenvolvimentos
contraditórios. Assenta em dois pilares fundamentais, o pilar da regulação e o pilar da
emancipação. São pilares, eles próprios, complexos, cada um constituído por três
princípios. O pilar da regulação é constituído pelo princípio do Estado, cuja articulação se
deve principalmente a Hobbes; pelo princípio do mercado, dominante sobretudo na obra de
Locke; pelo princípio da comunidade, cuja formulação domina toda a filosofia política de
Rousseau. Por sua vez, o pilar da emancipação é constituído por três lógicas de
racionalidade: a racionalidade estético-expressiva da arte e da literatura; a racionalidade
moral-prática da ética e do direito; e a racionalidade cognitivo-instrumental da ciência e da
técnica.

Portanto a dinâmica da Sociologia está ligada ao contexto seu surgimento na qual emergiu
do interior do pensamento social da modernidade chamado de muitas formas tais como:
racionalismo, iluminismo, jus naturalismo, evolucionismo, contratualismo,
constitucionalismo, idealismo, etc., que partia do pressuposto de que o homem é o centro
de todas as coisas; de que o homem é o principal ser natural capaz de pensar, falar, agir e
usar seu corpo do modo que mais lhe convier. Assim, para esta compreensão, bastava
criarmos forças capazes de ordenar estas potências naturais para criar outra potência
artificial – positivar o existente que o submeteria (o social submeteria o natural).

Esta compreensão levou à recuperação de outra potência histórica necessária para ordenar
o mundo: a quarta potência se tornou imprescindível, a potência da escrita, ou seja, não
basta saber pensar, saber falar ou saber agir ordenadamente (racionalmente), era preciso
colocar tudo isso por escrito no papel, para que todos possam seguir as melhores
orientações (afirmavam os contratualistas, os constitucionalistas, os jusnaturalistas).
Assim, para preparar as ideias e escrever o melhor delas era preciso institucionalizar a
educação, que também era uma herança da cultura ocidental, ou melhor, já havia muitas

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experiências de educação escolarizada, mas agora ela faz parte do mundo social e vai se
tornar universal, atingir a todos os sujeitos, pois precisam ser preparados para viverem o
social, sair do natural. Para assegurar que estas potências sejam desenvolvidas foram
redimensionadas e fortalecidas mais duas potências sociais, o Estado e o Direito (Sousa
Santos, 2004), além das que já existiam.

Do desenvolvimento de temas destas filosofias sociais depreendem-se concepções


significativas acerca das funções que o Direito assumiria em decorrência do contracto
social. As principais conclusões giravam em torno da garantia dos direitos naturais de
liberdade, vida e propriedade. Montesquieu, por outro lado, usa a estratégia de aplicar o
princípio da causalidade física à sociedade. O autor afasta as concepções normativas do
fato jurídico, explicando o Direito enquanto fenómeno social inserido em um contexto
histórico social particular, adoptando uma visão empírica e relativista do Direito.

Este novo “espírito” consistia em procurar o conjunto de relações que as leis podem ter
com as condições climáticas e geográficas, os tipos de vida, a religião, o comércio e os
costumes, e não só tratar de desvendar as relações que as leis podem ter entre si e com a
intenção do legislador. Relacionava o Direito com todos os elementos do contexto político,
social, económico e cultural, assim como com o entorno físico e geográfico.

O impacto destes estudos deveu-se às situações de dilema que se via na época na qual
rejeitava-se uma ordem social, mas não se sabia qual ordem iria-lhe substituí-la. A
intelectualidade mostra-se preocupada com a situação de desordem e entrega-se à missão
de restabelecer a “ordem e a paz”. Para isso, sente a necessidade de conhecer as leis que
regem o funcionamento da sociedade, sua organização, as relações dos grupos, etc. Intui,
portanto, uma “ciência da sociedade” que pudesse dar respostas àquilo que passou a
denominar de “crise moral”.

A nova ciência adopta uma postura reformista, buscando legitimar intelectualmente a nova
ordem estabelecida, encontrar uma solução para os problemas que se apresentavam.

Contra os que pregavam a volta ao passado, queriam a volta da monarquia (os


“restauradores”), estavam os “positivistas”, que propunham restabelecer a ordem como
condição para a continuidade do progresso desencadeado pela revolução económica,
política, social e cultural por que passava a sociedade europeia. Portanto propunha a união

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dos industriais com os cientistas para formar uma elite esclarecida capaz de conduzir os
rumos da sociedade.

Assim estaria restabelecida a normalidade social e criadas as condições para o progresso.


Na sequência dos positivistas (dedicado a fundamentar uma moral social), os
funcionalistas (dedicados a entender a sociedade a partir das funções exercidas pelos
indivíduos) reafirmavam a ideia de que a nova realidade surgida havia alterado o equilíbrio
social em função da falta de regulamentação jurídica das novas profissões surgidas com a
revolução industrial.

O positivismo refere-se a toda a construção humana que se impõe sobre o mundo natural.
A ideia moderna de que os homens encontravam-se aptos a delimitar um projecto racional
informa as definições clássicas de lei e Constituição. As normas legais afiguram-se como
instrumentos capaz de originar a codificação do ordenamento jurídico e a regulamentação
pormenorizada dos problemas sociais. A Constituição, produto de uma razão imanente e
universal que organiza o mundo, cristaliza, em última análise, o pacto fundador de toda a
sociedade civil. O apego excessivo à norma legal reflectia a postura conservadora de uma
classe ascendente. A burguesia, ao encampar o poder político, passou a utilizar a
aparelhagem jurídica em conformidade com seus interesses. Os estudos da Sociologia
Jurídica ampliaram-se no século 20. Na- quele período havia aumentado a quantidade de
actores do Estado e no controle social: Judiciário, polícia, prisões, burocracia, escolas e
mesmo assim a desordem se ampliava. Então, a Sociologia procurou entender

A Sociologia do Direito vai criando sua identidade diante da importância crescente dos
marcos não nacionais e das redes regionais e internacionais, do desenvolvimento das
instituições que asseguram a produção (e a reprodução) do Direito: os tribunais, as
profissões jurídicas, a polícia, etc. Em segundo lugar as pesquisas que se referem à
efectividade e aos efeitos do Direito: estes concernem às vezes a domínios particulares (a
família, a empresa, a protecção do meio ambiente, etc.), focalizam-se nos fenómenos de
ineficácia (marginalidade e divergência), ou avaliam ainda a eficácia dos instrumentos
jurídicos na prevenção ou resolução dos conflitos ou das demandas renovadas (políticas e
sociais) de uma instância simbólica que deve agir seguindo formas adjudicatórias e que
deveriam dizer o que é justo.

2.1. Razão Positivista e Sistema Social

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Auguste Comte (1798-1857) reposicionou a ideia de se criar um sistema social, lógico e
controlado que fosse expressão das necessidades colectivas e das estruturas lógicas
naturais dos indivíduos. Comte defende, com sua teoria, as necessidades de uma orientação
prática para a vida moderna organizada juridicamente. Defendeu uma ciência síntese, forte
tanto quanto as verdades da Física ou da Biologia. Essa ciência síntese foi inicialmente
chamada de física social e mais tarde Sociologia e traçou os contornos para que ela fosse
uma ciência autónoma. Ele tratou a Sociologia como uma ciência positiva que construía
conhecimentos por meio da interdependência entre teorias e observações empíricas. Se não
é possível fazer observações sem ter uma teoria que selecciona os fatos a observar e uma
definição do problema científico ao qual vamos resolver, também seria uma insensatez
considerar que as teorias surgiram isoladas dos fatos sociais históricos em que os teóricos
estavam inseridos. Esta é a grande contribuição de Comte para separar o modo de pensar
da tradição filosófica, que acreditava ser possível formular hipóteses especulativas a partir
de outra hipótese, de operação mental à operação mental, sem serem confrontadas com os
fatos.

Comte mostra que é possível entender as vivências humanas com base em critérios
científicos, partindo do pressuposto de que era possível conhecer o homem, suas acções e
seu pensamento de modo exacto e, inclusive, prever as consequências do pensar e do agir.
Essa concepção estava impregnada em todos os pensadores sociais a partir de 1500, que
desvinculavam o conhecimento do mundo dos preceitos religiosos e percebiam a natureza,
a vida e a sociedade como algo possível de ser conhecido, controlado e planejado. Para
este autor, o homem não é criação de Deus e sim um ser natural sujeito à lei de causa e
efeito. Bastaria conhecer essas leis e, a partir delas, fundar a sociedade humana e agir
sobre ela.

2.2. A Direito Funcionalista e moral Social

Émile Durkheim (1858-1917) reposicionou a Sociologia como método na sua condição de


ciência da sociedade, embora tenha proposto também uma forma ordena- da de sociedade.
Seus estudos influenciaram muito no desenvolvimento do pensamento social do século 20
e a produção de pesquisa em Ciências Sociais como a Sociologia, Antropologia, a Ciência
Política, a Arqueologia, a História, a Geografia, a Etnografia, e Economia, o Direito e
outras. A influência dos problemas sociais da época – 1860-1920 – é sentido em toda sua
obra, pois mostrava-se preocupado com as mudanças que estavam acontecendo na

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sociedade industrial, especialmente a crescente divisão do trabalho e o colapso das formas
de solidariedade. Suas criações foram chamadas, inclusive, de escola durkheimiana na
França, pois de suas teorias emergiram muitas teses formadoras de sociólogos.
Testemunhou fatos relevantes da história francesa e euro- peia, ao mesmo tempo que
sentia a presença dos ideais da Revolução Francesa de 1789 ainda ecoarem como
postulado de um ideal ainda em formação e que tinha tendências de se afirmar como
individualismo e não como uma consciência colectiva de todos pela igualdade,
fraternidade e liberdade. A Revolução tinha sido bem-sucedida, pois elementos
conservadores mantinham fortes influências sobre governo e sociedade (como a Igreja
Católica e nos campesinatos). A ordem social que estava em transição exigia a realização
ou instituição concreta dos ideais da Revolução Francesa.

Émile Durkheim outorgava uma importância muito grande ao Direito na sua teoria da
consciência colectiva e das solidariedades sociais. Em sua opinião, é segundo o tipo de
Direito que se pode distinguir em- piricamente a solidariedade mecânica da solidariedade
orgânica, pois a primeira está dominada pelo Direito repressivo, assim como a segunda se
caracteriza pelo Direito restitutivo. O Direito repressivo é a expressão de uma consciência
colectiva forte, enquanto o Direito restitutivo progride nas sociedades nas quais a
consciência individual se desenvolve, ao passo que retrocede o império da consciência
colectiva (Durkheim, 1986).

Para Durkheim, o Direito não só permite distinguir os dois tipos fundamentais de


solidariedade social, mas também proporcionar seguir a evolução das sociedades. A
passagem do Direito repressivo para o Direito restitutivo é o índice da transição de um tipo
de sociedade arcaica para um tipo de sociedade na qual a divisão do trabalho se faz mais
elaborada e onde, por consequência, a solidariedade orgânica substitui a solidariedade
mecânica (Azevedo, 2005).

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3. Conclusão

A Modernidade Judicialização das Relações Sociais reconstrói os processos teóricos e


sociais de constituição das relações jurídicas a partir das relações sociais. Tendo como
pano de fundo o processo de constituição da Sociologia, avalia a própria relação entre
Direito e sociedade que se constitui como campo específico de investigação.

Para entendermos porque somos hoje tão dependentes das determinações jurídicas
presentes na sociedade precisamos reconstituir as fontes que deram bases a essas
necessidades de judicialização das relações sociais na cultura jurídica moderna. Ela tem
bases no mundo da produção e arrastaram o desenvolvimento da vida urbana, do tráfego
comercial nacional e internacional, da produção manufactureira, da actividade bancária,
etc. Nos centros europeus aparece cada vez mais o saber económico, que passa de uma
técnica de gerir patrimónios de famílias ou encher cofres de reinos para as ciências
complexas que medem, provêem e prevêem os actos de produção, circulação e consumo
em espaços territoriais agora chamados de nação, a economia política.

Destacam-se Comte e Durkheim como fundadores de uma corrente importante do


pensamento sociológico: o positivismo. Reafirma-se a grande e valiosa contribuição de
Durkheim para o entendimento do Direito como fato social.

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4. Referencias Bibliográficas
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Companhia das Letras, 1999a.
 WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Editora Martin Claret,
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2000a. Vol. II.
 WEBER, Max. História geral da economia – Colecção Os Pensadores, vol. XXVII.
Trad. Maurício Tragtenberg. São Paulo: Abril Cultural, 1974a.
 WEBER, Max. Metodologia das ciências sociais. São Paulo: Cortez, 1974b. Vol. I.
 WEBER, Max. Os fundamentos da organização burocrática: uma construção do
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 WOLKMER, António Cultura jurídica moderna, humanismo renas- cientista e
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 WOLKMER, António O direito nas sociedades primitivas. In: Funda- mentos de
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 SOUSA SANTOS, Boaventura (Org.). Conhecimento prudente para uma vida
decente “um discurso sobre as ciências revisitado”. São Paulo: Cortez, 2004.
 DURKHEIM, Émile. A divisão do trabalho social – I. Lisboa: Editora Presença,
1986.
 AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de. Informatização da Justiça e controle social,
estudo sociológico da implantação dos juizados especiais criminais em Porto
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