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Fichamento e Resenha Crítica

Aluno: Davi Henrique Xavier Branco Carioni Rodrigues

Data: 15/03/2016

Texto: O Capital

Autora: Karl Marx

Publicação: Livro 1: O Processo de produção do capital. 3ª Edição


CAPÍTULO 1: A MERCADORIA

1. OS DOIS FATORES DA MERCADORIA

A riqueza das cidades é uma imensa acumulação e mercadorias.

A mercadoria é um objeto externo, uma coisa, que satisfaz as necessidades humanas.

Cada coisa útil pode ser considerada sobre duplo aspecto, segundo qualidade e quantidade. As
coisas possuem valor intrínseco, e o aprendizado humano sobre como exercer domínio sobre
este valor constitui-se um fato histórico.

Assim como a invenção das medidas socialmente aceitas. A variedade dos padrões de medida
decorre da natureza diversa dos objetos.

Valor de uso corresponde a utilidade de uma coisa. Este só se realiza com a utilização ou o
consumo. Este independe da quantidade de trabalho e se constitui no conteúdo material da
riqueza. O valor de uso, na sociedade que vamos estudar, são, ao mesmo tempo, veículos
materiais do valor de troca.

O valor de troca não é intrínseco a mercadoria, pois pode variar no tempo e no espaço.
Constitui-se em uma relação quantitativa entre valores de uso de diferentes mercadorias. “O
valor de uma coisa é exatamente o que ela dá em troca”.

Os valores de troca da mesma mercadoria expressam, todos um significado igual e o valor de


troca só pode ser a maneira de expressar-se, a forma de manifestação de uma substância que
dele se pode distinguir.

Os valores de troca devem ser reduzidos a uma coisa comum, com a mesma grandeza. Não há
diferenças ou distinção em coisas com igual valor de troca. Portanto, quando se trata dos valores
de troca entre mercadorias, põem-se de lado os valores de uso, quando presentes em proporção
adequada.

Como valores de uso as mercadorias são de qualidade diferente. Como valores de troca, só
podem diferir na quantidade.

Se prescindirmos do valor de uso da mercadoria, só lhe resta uma propriedade, a de ser produto
do trabalho. Contudo, ao desaparecer, também desaparece o trabalho útil dos produtos dos
trabalhos neles corporificados. Assim, as não mais se distinguem uma das outras, e reduzem-se
a uma única espécie de trabalho: o trabalho humano abstrato.

Trabalho humano abstrato: constitui-se na força de trabalho humana gasta na produção de


mercadorias. Constitui-se no dispêndio da força de trabalho humana sem consideração pela
forma como foi despendida. Deriva do desaparecimento do caráter útil dos produtos do trabalho
e, por extensão, da homogeneização das diferentes formas de trabalho concreto.
O trabalho humano abstrato passa a ser a única forma de representar os produtos. Esta
substância social que lhes é comum (aos produtos), são valores-mercadoria. O trabalho
constitui-se, portanto na substância criadora de valor.

O trabalho que constitui a substância dos valores é o trabalho humano homogêneo, ou gasto
idêntico de força de trabalho. As forças de trabalho individuais se equiparam por uma força
média de trabalho social, estabelecido pelo tempo de trabalho socialmente necessário para a
produção de uma mercadoria (diretamente influenciado por transformações técnicas e
tecnológicas).

A grandeza do valor é determinada pela quantidade ou pelo tempo de trabalho socialmente


necessários para a produção de um valor de uso. Esta varia na razão direta da quantidade, e na
inversa da produtividade, do trabalho que nela se aplica (exemplo na página 47).

Tempo de trabalho necessário muda com qualquer variação na produtividade do trabalho, que
por sua vez é determinada pela: destreza média dos trabalhadores, o grau de desenvolvimento da
ciência e sua aplicação tecnológica, a organização social do processo de produção, o volume e a
eficácia dos meios de produção e as condições naturais.

Uma coisa pode ser valor de uso, sem ser valor. Isto decorre quando sua utilidade para o ser
humano não decorre do trabalho (ar, terra virgem, pastos naturais, florestas).

Uma coisa pode ser útil e produto do trabalho humano sem ser mercadoria. Isto decorre quando
a produção de valor de uso não é social, ou seja, é voltado apenas para a satisfação da própria
necessidade (subsistência?).

O produto, para se tornar mercadoria, tem que ser transferido a quem vai servir como valor de
uso por meio de troca (?? Ver nota). No exemplo do camponês medieval, não há troca, segundo
Marx e, portanto, o a produção de trigo do camponês destinada ao senhor feudal não era uma
mercadoria.

2. O DUPLO CARÁTER DO TRABALHO MATERIALIZADO NA MERCADORIA

O trabalho quando se expressa como valor não possui mais as mesmas características que lhe
pertencem como gerador de valores de uso.

Valores de uso idênticos não se trocam. Quando valores de uso são qualitativamente diversos,
os trabalhos que dão origem a estes valores de uso também são qualitativamente diversos, e por
isso trabalhos úteis qualitativamente diferentes.

Divisão social do trabalho: classificação dos trabalhos úteis diversos por ordem, gênero,
espécie, subespécie e variedade. É condição para que exista produção de mercadorias, contudo
não é condicionada pela produção de mercadorias (a recíproca não é verdadeira). Exemplo da
divisão social do trabalho na fábrica, onde trabalhadores não trocam seus produtos individuais.
Deste modo, apenas se contrapõem como mercadorias os produtos de trabalhos privados e
autônomos, independentes entre si.
O valor de uso de cada mercadoria representa determinada atividade produtiva subordinada a
um fim, a um trabalho útil particular. Valores de uso não podem se opor como mercadorias
quando neles não se encontram inseridos trabalhos úteis qualitativamente distintos. A divisão
social do trabalho é, portanto, a diferença qualitativa dos trabalhos úteis executados
independentemente uns dos outros.

O trabalho, como criador de valores de uso, como trabalho útil, é indispensável à existência do
homem, pois reflete o intercâmbio material entre homem e natureza voltado para a manutenção
da vida humana. O homem ao produzir só pode atuar como a própria natureza, isto é, mudando
as formas da matéria (pg. 50).

Os valores de uso, as mercadorias, são conjunções do trabalho e da matéria fornecida pela


natureza. O trabalho não é, portanto, a única fonte dos valores de uso que produz a riqueza
material.

Trabalho humano mede-se pelo dispêndio da força de trabalho simples, a qual todo homem
comum, sem educação, possui em seu organismo (cérebro, músculo, nervos, mãos). O trabalho
simples médio varia de acordo com o países e estágios de civilização. Trabalho
potencializado/qualificado corresponde a uma quantidade maior de trabalho simples. As
diferentes espécies de trabalho se reduzem a trabalho simples em um processo social que
percebe esta transformação como estabelecidas pelo costume.

Ao considerar os valores das mercadorias, estes só possuem substância quando são colocadas a
parte suas qualidades particulares, restando apenas uma única qualidade comum, a de serem
produto do trabalho humano. A grandeza dos valores é uma medida direta da quantidade de
trabalho humano contida na mercadoria. Neste sentido é relevante conhecer a quantidade e a
duração do tempo de trabalho (perspectiva quantitativa do trabalho). Saber como é e o que é o
trabalho é relevante apenas do ponto de vista do valor de uso (perspectiva qualitativa).

Uma quantidade maior de valor de uso cria maior riqueza material (dois casacos representam
maior riqueza que um). Contudo o acréscimo de massa de riqueza pode corresponder a uma
queda simultânea no seu valor. Este movimento oposto decorre do duplo caráter do trabalho.

Produtividade é sempre produtividade de trabalho concreto, útil. E trabalho útil torna-se uma
fonte de abundância de produtos na razão direta da elevação ou queda de produtividade.
Contudo, a qualquer mudança na produtividade, o mesmo trabalho, no mesmo espaço de tempo,
fornece sempre a mesma magnitude de valor.

Duplo caráter do trabalho: (1) trabalho fisiológico, igual e abstrato, produz o valor das
mercadorias; (2) trabalho útil e concreto, produz valores de uso.

3. A FORMA DO VALOR OU O VALOR DE TROCA

As mercadorias são ao mesmo tempo objetos úteis e veículos de valor. As mercadorias só


encarnam valor na medida em que são expressões de uma mesma substância social, o trabalho
humano. O valor é uma realidade apenas social, manifestando-se nas relações de troca de uma
mercadoria por outra. A forma comum de valor das mercadorias é o dinheiro do valor.
A relação de valor entre duas mercadorias é a expressão de valor mais simples de uma
mercadoria.

A) Forma simples, singular ou fortuita do valor

X da mercadoria A = Y da mercadoria B ou X da mercadoria A vale Y da mercadoria B

1. Os dois polos da expressão do valor: a forma relativa do valor e a forma


equivalente

Forma relativa de valor – que se expressa em outrem

Forma equivalente de valor – fornece material para a expressão do valor de outra mercadoria

As duas formas de determinam mutuamente, porém são extremos que se excluem e se opõe,
polos da mesma expressão de valor.

Para saber se uma mercadoria se encontra sob a forma relativa de valor ou sob a forma oposta, a
equivalente, basta reparar a posição que ocasionalmente ocupa na expressão do valor: se é a
mercadoria cujo o valor é expresso ou se é a mercadoria através da qual se expressa o valor.

2. Forma relativa do valor

a) O que significa?

A expressão do simples valor de uma mercadoria se contém na relação de valor de duas


mercadorias. O aspecto quantitativo deve ser dissociado para dar lugar uma comparação
qualitativa. Duas coisas diferentes só se tornam quantitativamente comparáveis depois de sua
conversão a uma mesma coisa.

Para afirmar que dada quantidade de uma mercadoria se equivale a uma quantidade de outra,
deve-se admitir que estas mercadorias são a mesma coisa enquanto grandeza de valor. A relação
de valor de uma mercadoria se revela na própria relação que estabelece com a outra. E quando
se equiparam quantidades diferentes de mercadorias distintas, assume-se que o trabalho contido
em cada uma das mercadorias é igual.

A força humana de trabalho em ação ou o trabalho humano cria valor, mas não é valor.

O valor de uma mercadoria pelo valor de uso da outra.

Por meio da relação de valor, a forma natural da mercadoria B torna-se a forma do valor da
mercadoria A, ou o corpo da mercadoria B transforma-se no espelho do valor da mercadoria A.
Ao relacionar-se com a mercadoria B como figura do valor, materialização de trabalho humano,
a mercadoria A faz do valor de uso B o material de sua própria expressão de valor. O valor da
mercadoria A, ao ser expresso pelo valor de uso da mercadoria B, assume a forma relativa.

b) Determinação quantitativa da forma relativa de valor


A forma do valor tem que exprimir não só o valor geral, mas valor quantitativamente
determinado ou magnitude de valor. A produtividade influencia a expressão da magnitude de
valor.

O valor relativo de uma mercadoria pode variar mesmo com a manutenção da magnitude de
valor desta mercadoria. Seu valor relativo pode permanecer constante apesar de variações
particulares (mesma proporção) na magnitude do valor das mercadorias relacionadas.
4. RESENHA CRÍTICA

MERCADORIA

Para Marx a acumulação de mercadorias está na base da riqueza das sociedades, assim como a
natureza (pg. 50). As mercadorias constituem-se em um tipo particular de objeto. Em sua
natureza intrínseca nota-se que cumpre a função de satisfazer as necessidades humanas. Em sua
condição social, constitui-se no veículo material de troca, revelando relações quantitativas que
permitem comparar objetos de naturezas distintas.

Esta natureza intrínseca da mercadoria é denominada por Marx como valor de uso, que só se
realiza mediante a utilização e o consumo. Trata-se também de um valor qualitativo da
mercadoria. Há objetos que possuem valor de uso e não são mercadorias. Isto decorre, por
exemplo, de situações onde o objeto em questão não decorrem do trabalho humano, porém lhe
são úteis: exemplos: ar, água e pastos naturais. Também não são mercadorias objetos
produzidos pelo trabalho humano que buscam atendem apenas as necessidades pessoais, ou
seja, seu valor de uso não é social.

Em seu tempo, a condição social da mercadoria é definida por Marx pelo conceito de valor de
troca. Importante destacar que o valor de troca expressa uma relação quantitativa entre
mercadorias cujas substâncias possam se distinguir entre si. Valor de troca muda
constantemente no tempo e no espaço, pois reflete os valores predominantes de dada sociedade.

A quantificação das mercadorias, ou seja, a definição de seu valor de troca, para Marx, deve
levar em consideração uma propriedade dos objetos que seja comum a todos eles
independentemente de seu valor de uso. Este elemento em comum consiste no trabalho humano.

O trabalho humano, portanto, para Marx, é a única propriedade de criar valor para mercadoria.
Porém não os trabalhos em seus aspectos singulares, considerando as variações de acordo com
cada tipo de função (minerador, siderúrgico ou ferreiro). As diferentes formas do trabalho
concreto reduzem-se a ideia de trabalho humano abstrato.

Segundo Marx “o trabalho que constitui a substância dos valores é o trabalho humano
homogêneo” (pg. 45), que é representado por “uma força média de trabalho social, ou o tempo
de trabalho em média necessário ou socialmente necessário para a produção de uma
mercadoria” (pgs. 45 e 46).

Marx chama a atenção para o fato de que o tempo em média necessário para produzir uma
mercadoria pode variar na medida em que se altera a produtividade do trabalho. Esta
produtividade se altera em virtude de inúmeros fatores, tais como a habilidade média dos
trabalhadores, o desenvolvimento técnico e tecnológico e a sua aplicação, a organização social
do processo de trabalho e as condições naturais.

A produtividade para Marx corresponde a uma modificação no trabalho concreto. As variações


produzidas pela mudança na produtividade não alteram o trabalho configurado no valor.
Portanto, considerando o mesmo espaço e o mesmo tempo qualquer mudança na produtividade
não fará o trabalho fornecer uma magnitude distinta de valor, mas, em contrapartida, irá
oferecer quantidades diferentes de valores de uso.

No que diz respeito a forma do valor, Marx ressalta que o valor das mercadorias é uma
realidade social se manifestando na relação de troca entre mercadorias diferentes. A forma
comum de valor é o dinheiro. Marx destaca que até o seu trabalho nunca havia sido realizado
um esforço intelectual para elucidar a gênese da forma dinheiro, considerada por ele como uma
forma esplendente da manifestação do valor das mercadorias. Marx inicia o processo de
elucidação através da demonstração da forma mais simples do valor, que consiste na relação de
valor entre duas mercadorias, tal como:

x da mercadoria A = y da mercadoria B, ou

x da mercadoria A vale y da mercadoria B

Nesta sentença da forma simples do valor há dois componentes na equação descrita por Marx: a
forma relativa e a forma equivalente. A forma relativa expressa o seu valor em outra mercadoria
e a forma equivalente fornece o material para a expressão do valor de outra mercadoria.

Para Marx:

“Só a expressão da equivalência de mercadorias distintas põe à mostra a condição específica do


trabalho criador de valor, porque ela realmente reduz à substância comum, o trabalho humano
simplesmente, os trabalhos diferentes incorporados em mercadorias diferentes”. (pg. 58)

Minhas questões:

A mercadoria existia antes do surgimento da sociedade capitalista, assim como o comércio e as


relações de troca mediadas por uma forma de valor? Para Marx, então, mercadoria, comércio e
as relações de troca assumem condições específicas na sociedade capitalista consolidada na
Inglaterra no século XIX?

As trocas, as relações comerciais estabelecidas na Europa e com a Índia e as mercadorias que


circulavam em momentos históricos que antecedem o surgimento do capitalismo apresentam
natureza diferente.

Assim como a cooperação define uma forma de trabalho capitalista, porém não é por ele
definido em sua totalidade, o mesmo não ocorre em relação a mercadoria? A mercadoria define
e está presente de forma fundamental na sociedade capitalista, contudo, por ela não é definida
em sua totalidade.
CAPÍTULO 1: CONCEITO DE MAIS VALIA RELATIVA

1. FICHAMENTO DO CAPÍTULO

Magnitude constante: parte do dia de trabalho que apenas produz o equivalente do valor que o
capital paga pela força de trabalho, também denominado por trabalho necessário.

Trabalho excedente constitui-se na jornada de trabalho realizada após o término do trabalho


necessário.

A prolongação do trabalho excedente corresponderá a redução do trabalho necessário, ou parte


do tempo que o trabalhador até agora utilizava realmente em seu benefício transforma-se em
tempo de trabalho para o capitalista.

A magnitude do trabalho excedente é determinada a partir da magnitude da jornada de trabalho


e o valor da força de trabalho.

Valor da força de trabalho consiste no tempo necessário para a produção desta força e determina
o tempo de trabalho necessário para reproduzir o valor dela.

Trabalho necessário corresponde ao tempo gasto pelo trabalhador para repor o valor pago pelo
capital à sua força de trabalho, ou para produzir um equivalente dos meios de subsistência
necessários à sua manutenção cotidiana. Com o valor destes meios de subsistência se tem o
valor de sua força de trabalho e dado o valor de sua força de trabalho se tem a duração do
trabalho necessário. Obtém-se a magnitude do trabalho excedente subtraindo-se da jornada de
trabalho o tempo de trabalho necessário.

Elevação da produtividade do trabalho corresponde à uma modificação no processo de trabalho


por meio do qual se encurta o tempo de trabalho socialmente necessário para a produção de uma
mercadoria, conseguindo-se produzir com a mesma quantidade de trabalho quantidade maior de
valor de uso.

A mais valia absoluta é produzida pelo prolongamento do dia de trabalho e de mais valia
relativa é decorrente da contração do tempo de trabalho necessário e da correspondente
alteração na relação quantitativa entre ambas as partes componentes da jornada de trabalho.

O valor de uma mercadoria não é determinado apenas pela quantidade de trabalho que lhe dá a
última forma, mas também pela quantidade de trabalho contida em seus meios de produção.
Ademais, o verdadeiro valor de uma mercadoria é o valor social (valor obtido considerando as
condições sociais médias), não o individual (que leva em conta o valor incutido pelas horas
trabalhadas para produzir cada mercadoria).

Existe para cada capitalista motivo para baratear a mercadoria aumentando a produtividade do
trabalho. Isto é obtido através da redução dos custos dos meios de produção ou aumento da
força produtiva (exemplo nas páginas 364 e 365).
A mais valia relativa ocorre quando dentro de um mesmo ramo um capitalista emprega um
modo de produção aperfeiçoado, apropriando-se de parte do dia de trabalho, constituída de
trabalho excedente, maior do que os seus concorrentes. Isto é possível na medida em que o
tempo de trabalho necessário para produzir uma quantidade constante de artigo se reduz. A mais
valia extra se desvanece quando se generaliza o novo modo de produção (valor individual e
valor social das mercadorias voltam a se tornar equivalentes). A mais valia relativa cresce na
razão direta do desenvolvimento da produtividade do trabalho.

O valor da fora de trabalho é determinado pelo valor das mercadorias. A máquina barateia as
coisas necessárias à vida, mas, além disso, barateia também o trabalhador (pg. 368).

Poupança do trabalho por meio do desenvolvimento da produtividade do trabalho não tem como
fim atingir, na produção capitalista, a redução da jornada de trabalho. Seu objetivo é apenas
reduzir o tempo de trabalho requerido para produzir determinada quantidade de mercadoria.

O desenvolvimento da produtividade do trabalho na produção capitalista tem por objetivo


reduzir a parte do dia de trabalho durante a qual o trabalhador tem de trabalhar para si mesmo,
justamente para ampliar a outra parte durante a qual pode trabalhar gratuitamente para o
capitalista.
2. RESENHA CRÍTICA

MAIS VALIA RELATIVA

Para compreender o conceito de mais valia relativa Marx qualifica a jornada de trabalho do
trabalhador em dois momentos distintos. No primeiro momento, denominado como trabalho
necessário, o trabalhador produz o equivalente de valor em mercadoria aquilo que o capital paga
pela força de trabalho. Neste caso, o trabalhador trabalha em seu benefício, para se sustentar,
considerando, sobretudo, o custo da reprodução de sua própria força de trabalho. No segundo
momento, denominado como trabalho excedente, todo valor criado pelo trabalhador é
apropriado pelo capitalista, gerando a mais valia, ou o lucro.

A relação entre trabalho necessário e trabalho excedente não é estável ao longo do tempo. Como
assinalado anteriormente pelo Marx, o processo de trabalho e outras condições para a produção
de mercadorias pode se modificar e, com isso, a produtividade da força de trabalho ser
modificada.

No caso de aumento de produtividade, Marx assinala que a otimização de processos implica na


redução do tempo do trabalhado necessário para produzir o equivalente de valor em mercadoria
daquilo que o capital o paga pela força de trabalho. Não se alterando a jornada de trabalho,
altera-se a relação entre trabalho necessário e trabalho excedente, sendo esta uma alteração
favorável ao capitalista.

Neste sentido, a mais valia relativa ocorre quando dentro de um mesmo ramo um capitalista
emprega um modo de produção aperfeiçoado, apropriando-se de parte do dia de trabalho,
constituída de trabalho excedente, maior do que os seus concorrentes. Isto é possível na medida
em que o tempo de trabalho necessário para produzir uma quantidade constante de artigo se
reduz. A mais valia extra se desvanece quando se generaliza o novo modo de produção (valor
individual e valor social das mercadorias voltam a se tornar equivalentes). A mais valia relativa
cresce na razão direta do desenvolvimento da produtividade do trabalho.

Neste capítulo Marx destaca que o aperfeiçoamento da produção, além de gerar mais valia,
torna-se importante para a redução do valor da força de trabalho (uma vez que o aumento da
quantidade de mercadorias disponível para comercialização diminui o seu valor, diminui-se o
custo da cesta básica necessária à reprodução da força de trabalho) e estimula a emulação entre
os capitalistas para primarem no aperfeiçoamento das técnicas e tecnologias, garantindo para si
maior alcance da mais valia relativa produzida:

“A máquina barateia as coisas necessárias à vida, mas, além disso, barateia também o
trabalhador” (pg 368).
CAPÍTULO 2: COOPERAÇÃO

1. FICHAMENTO DO CAPÍTULO

A atuação simultânea de grande número de trabalhadores, no mesmo local, ou no mesmo campo


de atividade, para produzir a mesma espécie de mercadoria sob o comando do mesmo capitalista
constitui, histórica e logicamente, o ponto de partida da produção capitalista.

Na produção de valor, qualquer conjunto de trabalhadores é apenas um múltiplo da unidade, um


trabalhador. Não faz a menor diferença que N trabalhadores trabalhem separados ou unidos sob
o comando do mesmo capital.

O trabalho que se objetiva em valor é o trabalho de qualidade social média, exteriorização de


força de trabalho média.

Se um trabalhador utiliza mais tempo na produção de uma mercadoria do que o socialmente


exigido, se o tempo de trabalho para ele individualmente necessário se desvia bastante do tempo
de trabalho médio necessário, não poderá seu trabalho se aceito como trabalho médio
necessário, nem sua força de trabalho como força de trabalho média.

A lei da produção do valor só se realiza plenamente para o produtor individual quando produz
como capitalista, empregando, ao mesmo tempo, muitos trabalhadores, pondo em movimento,
desde o começo, trabalho social médio.

Mesmo não alterando o método de trabalho, o emprego de um grande número de trabalhadores


torna possível que parte dos meios de produção seja utilizado em comum no processo de
trabalho. O valor de troca das mercadorias e, portanto, dos meios de produção, não aumenta em
virtude da maior exploração de seu valor de uso.

Meios de produção utilizados em comum cedem porção menor de valor a cada produto isolado,
seja pelo seu valor ser repartido por quantidade maior de produtos ou por possuir maior eficácia
e valor relativo menor (comparado com os meios de produção isolados).

A economia dos meios de produção barateia as mercadorias e, portanto, reduz o valor da força
de trabalho e altera a relação entre mais valia e capital total adiantado.

Cooperação: forma de trabalho em que muitos trabalham juntos, de acordo com um plano, no
mesmo processo de produção ou em processos de produção diferentes, mas conexos.

O efeito do trabalho combinado não poderia ser reproduzido pelo trabalho individual. A força
produtiva individual não é elevada através da cooperação, todavia cria-se uma nova força
produtiva, a força coletiva. Ademais, o simples contato social, na maioria dos trabalhos
produtivos, provoca emulação entre os participantes, animando-os e estimulando-os, o que
aumenta a capacidade de realização de cada um (então, indiretamente se aumenta a força
produtiva individual?).
Os trabalhos individuais podem representar, como parte do trabalho total, diferentes fases do
processo de trabalho, percorridas mais rapidamente pelo objeto de trabalho em virtude da
cooperação.

Cooperação simples ocorre quando os trabalhadores se completam mutuamente fazendo a


mesma tarefa ou tarefas da mesma espécie. Trabalhos complicados podem ser realizados em
menor tempo, pois diferentes operações podem ser realizadas simultaneamente.

A cooperação permite ampliar o espaço no qual se realiza o trabalho em virtude da extensão do


espaço em que se executa. Ela possibilita que a produção, relativamente à sua escala, seja
levado a cabo num espaço menor (exemplo: intensificação da agricultura).

A produtividade específica da jornada de trabalho coletiva é a força produtiva social do trabalho


ou a força produtiva do trabalho social. Ela tem sua origem na própria cooperação. Ao cooperar
com outros de acordo com um plano, desfaz-se o trabalhador dos limites de sua individualidade
e desenvolve a capacidade de sua espécie.

Se os trabalhadores não podem cooperar diretamente sem estar juntos, se sua aglomeração em
determinado local é condição da sua cooperação, não podem os assalariados cooperar sem que o
mesmo capital, o mesmo capitalista empregue-os simultaneamente, compre ao mesmo tempo
suas forças de trabalho.

O valor e a quantidade do instrumental de trabalho utilizado em comum não aumentam na


mesma proporção do número de trabalhadores empregados (pois há uso comum), mas
aumentam consideravelmente. A concentração de grandes quantidades de meios de produção
em mãos de cada capitalista é, portanto, condição material para a cooperação dos assalariados, e
a extensão da cooperação ou a escala da produção depende da amplitude dessa concentração.

A cooperação de muitos assalariados produz a necessidade de domínio/comando do capital


sobre o trabalho como condição necessária para a produção. A direção exercida pelo capitalista
não é apenas uma função especial, derivada da natureza do processo de trabalho social e
peculiar a esse processo; além disso, ela se destina a explorar um processo de trabalho social, e,
por isso, tem por condição o antagonismo inevitável entre o explorador e a matéria prima de sua
exploração. A forma da direção capitalista é despótica.

O capitalista não é capitalista por ser dirigente industrial, mas ele tem o comando industrial por
ser capitalista.

Sendo pessoas independentes, os trabalhadores são indivíduos isolados que entram em relação
com o capital, mas não entre si. Sua cooperação só começa no processo de trabalho, mas depois
de entrar neste deixam de pertencer a si mesmos. Incorporam-se então ao capital. Quando
cooperam, ao serem membros de um organismo que trabalha, representam apenas uma forma
especial de existência do capital. Por isso, a força produtiva que o trabalhador desenvolve como
trabalhador social é a produtividade do capital. A força produtiva do trabalho coletivo
desenvolve-se gratuitamente quando os trabalhadores são colocados em determinadas
condições, e o capital coloca-os nessas condições. Nada custando ao capital a força produtiva do
trabalho coletivo, não sendo ela por outro lado desenvolvida pelo trabalhador antes de seu
trabalho pertencer ao capital, fica parecendo que ela é força produtiva natural e imanente do
capital.

A cooperação no processo de trabalho que encontramos no início da civilização humana, nos


povos caçadores ou, por exemplo, na agricultura de comunidades indianas, fundamenta-se na
propriedade comum dos meios de produção e na circunstância de o indivíduo estar preso à tribo
ou à comunidade como a abelha está presa à colmeia.

A cooperação capitalista, entretanto, pressupõe, de início, o assalariado livre que vende sua
força de trabalho ao capital. Desenvolve-se em oposição a economia camponesa, mesmo esta
possuindo a forma de trabalho coletivo.

A cooperação aparece como forma específica do processo de produção capitalista. Seu


pressuposto, emprego simultâneo de numerosos assalariados no mesmo processo de trabalho,
constitui o ponto de partida da produção capitalista. Esse ponto de partida marca a existência do
próprio capital. Se o modo de produção capitalista se apresenta como necessidade histórica de
transformar o processo de trabalho num processo social, essa forma social do processo de
trabalho revela um método empregado pelo capital para ampliar a força produtiva do trabalho e
daí tirar mais lucro.

A cooperação é a forma fundamental do modo de produção capitalista. Na sua feição simples


constitui o germe de espécies mais desenvolvidas de cooperação, e continua a existir ao lado
delas.
2. RESENHA CRÍTICA

Cooperação

A cooperação para Marx constitui-se em uma característica distintiva do modo de produção


capitalista quando comparado com o modo que prevalecia anteriormente, a saber, o artesanal.
Constitui-se, nas palavras do autor, em uma:

“atuação simultânea de grande número de trabalhadores, no mesmo local, ou no mesmo campo


de atividade, para produzir a mesma espécie de mercadoria sob o comando do mesmo capitalista
constitui, histórica e logicamente, o ponto de partida da produção capitalista” (pg370).

A importância da cooperação para o modo de produção capitalista está assinalada em Marx em


três sentidos principais:

(1) O trabalho realizado em cooperação produz uma nova força produtiva, a força coletiva.
Esta força, representada por um conjunto de trabalhadores trabalhando de forma
cooperada, produzirá maior valor do que a soma das forças individuais deste mesmo
conjunto de trabalhadores, porém atuando de forma individualizada. Os ganhos desta
sinergia da força coletiva são completamente apropriados pelo capitalista:

“a força produtiva que o trabalhador desenvolve como trabalhador social é a produtividade


do capital” (pg 382);

(2) Embora haja um aumento absoluto do custo dos meios de produção, a valor incutido por
eles em cada mercadoria é menor quando comparado com a produção artesanal. Isto
decorre do fato de que muitos meios de produção podem ser utilizados de forma
compartilhada nas fábricas:

“O valor e a quantidade do instrumental de trabalho utilizado em comum não aumentam na


mesma proporção do número de trabalhadores empregados, mas aumentam
consideravelmente”(pg 379);

(3) A cooperação de muitos assalariados produz a necessidade de domínio ou comando do


capital sobre o trabalho. Esta é a condição necessária para a produção capitalista. Esta
dominação visa, segundo Marx, explorar um processo de trabalho social:

“o capitalista não é capitalista por ser dirigente industrial, mas ele tem o comando industrial
porque é capitalista” (pg.381).

Dentre seus pressupostos, Marx destaca que, de início, a cooperação no modo de produção
capitalista depende do assalariado livre, que vende a sua força de trabalho ao capital.

Marx destaca que a cooperação aparece como forma específica do processo de produção
capitalista em oposição ao processo de produção baseando em produtores isolados ou em
pequenos patrões. Finalmente assinala que a cooperação está no cerne do modo de produção
capitalista.
CAPÍTULO 3: DIVISÃO DO TRABALHO E DA MANUFATURA

1. DUPLA ORIGEM DA MANUFATURA

A manufatura nasce quando são concentrados em uma oficina, sob o comando do capitalista,
trabalhadores de ofícios diversos e independentes, por cujas mãos tem de passar um produto até
seu acabamento final. Ou quando artífices de determinado ofício passam a cooperar,
decompondo seu ofício em operações particulares, isolando-as e individualizando-as para tornar
cada uma delas função exclusiva de um trabalhador especial.

Progressivamente, cada artífice perde a capacidade de exercer seu antigo ofício em toda a sua
extensão. Assim, a produção passa a constituir-se em uma combinação de operações
especializadas. A totalidade da produção da manufatura é executada pela união desses
trabalhadores parciais.

Qualquer que seja, entretanto, seu ponto de partida, seu resultado final e o mesmo: um
mecanismo de produção cujos órgãos são seres humanos.

A divisão manufatureira do trabalho é uma espécie particular de cooperação, e muitas de suas


vantagens decorrem não dessa forma particular, mas da natureza geral da cooperação.

2. O TRABALHADOR PARCIAL E SUA FERRAMENTA

Um trabalhador que executa uma única operação transforma todo o seu órgão automático
especializado dessa operação. Por isso, levará menos tempo para realizar uma operação que um
artesão que executa toda uma série de diferentes operações. Por isso eleva-se a força produtiva
do trabalho em comparação com ofícios independentes.

Ademais, a concentração da atenção do trabalhador na repetição de uma mesma ação limitada


ensina-o, conforme indica a experiência, a atingir o efeito útil desejado com um mínimo de
esforço. A manufatura produz realmente a virtuosidade do trabalhador mutilado (pg390).

O acréscimo da produtividade se deve então ao dispêndio crescente da força de trabalho num


dado espaço de tempo, isto é, à intensidade crescente do trabalho, ou a um decréscimo do
dispêndio improdutivo da força de trabalho.

Logo que diversas operações de um processo de trabalho se dissociam e cada operação parcial
assume nas mãos do trabalhador parcial a forma mais adequada possível e, portanto, exclusiva,
tornando-se necessárias modificações nos instrumentos anteriormente utilizados para múltiplos
fins.

A produtividade do trabalho depende da virtuosidade do trabalhador e da perfeição das suas


ferramentas. A manufatura se caracteriza pela diferenciação das ferramentas.
3. AS DUAS FORMAS FUNDAMENTAIS DA MANUFATURA: MANUFATURA
HETEROGÊNEA E MANUFATURA ORGÂNICA

A divisão manufatureira do trabalho simplifica e diversifica não só os órgãos qualitativamente


diversos do trabalhador coletivo social, mas também cria uma relação matemática fixa para o
tamanho desses órgãos, isto é, para o número relativo de trabalhadores ou para a magnitude
relativa do grupo de trabalhadores em cada função particular (pg397).

A manufatura, do mesmo modo que pode derivar da combinação de ofícios diferentes, pode
tornar-se uma combinação de diferentes manufaturas.

O mecanismo específico do período manufatureiro é o trabalhador coletivo, constituído de


muitos trabalhadores parciais.

O trabalhador coletivo passa a possuir então todas as qualidades produtivas no mesmo grau
elevado de virtuosidade e as despende ao mesmo tempo da maneira mais econômica,
individualizando todos os seus órgãos em trabalhadores especiais ou em grupos de trabalho
aplicados exclusivamente em suas funções específicas. A estreiteza e as deficiências do
trabalhador parcial tornam-se perfeiçoes quando ele é parte integrante do trabalhador coletivo
(pg.400).

A manufatura desenvolve uma hierarquia nas forças de trabalho, à qual corresponde uma escala
de salários.

A manufatura põe-se a transforma numa especialidade a ausência de qualquer formação. Ao


lado da graduação hierárquica, surge a classificação dos trabalhadores em hábeis e inábeis. Em
ambos os casos cai o valor da força de trabalho.

A desvalorização relativa da força de trabalho, decorrente da eliminação ou da redução dos


custos de aprendizagem, redunda para o capital em acréscimo de mais valia, pois tudo que reduz
o tempo de trabalho necessário para reproduzir a força de trabalho aumenta o domínio do
trabalho excedente. (pg 402)

4. DIVISÃO DO TRABALHO NA MANUFATURA E DIVISÃO DO TRABALHO


NA SOCIEDADE

Divisão do trabalho geral: divisão e grandes ramos (agricultura, indústria, comércio...).

Divisão do trabalho singularizada: espécies e variedades de trabalhos dentro de um grande


ramo.

Divisão natural do trabalho: puramente fisiológica, baseada na capacidade física.

A divisão natural se amplia na medida em que tribos/comunidades entram em contato entre si,
através da troca de produtos que traz diferentes meios de produção e diferentes meios de
subsistência em seus respectivos ambientes naturais.
A divisão social do trabalho surge da troca entre ramos de produção que são originariamente
diversos e independentes entre si.

O fundamento de toda divisão do trabalho desenvolvida e processada através da troca de


mercadorias é a separação entre a cidade e o campo.

A divisão do trabalho na manufatura depende do emprego de um certo número de trabalhadores


simultaneamente. A divisão do trabalho na sociedade depende da magnitude e densidade da
população.

A divisão manufatureira do trabalho pressupõe que a divisão do trabalho na sociedade tenha


atingido certo grau de desenvolvimento. Por sua vez, a divisão manufatureira do trabalho
desenvolve e multiplica a divisão social do trabalho.

Quando um artigo representa um ajustamento puramente mecânico de produtos parciais, os


trabalhos parciais podem desagregar-se e transformar-se de novo em ofícios independentes.

Divisão territorial do trabalho: confinamento de ramos particulares de produção em áreas


determinadas de um país. Esta foi intensificada durante o período manufatureiro.

Há uma diferença de grau e de substância entre a divisão social do trabalho e a divisão do


trabalho na manufatura.

A divisão do trabalho na sociedade se processo através da compra e venda dos produtos dos
diferentes ramos de trabalho, a conexão, dentro da manufatura, dos trabalhos parciais se realiza
através da venda de diferentes forças de trabalho ao mesmo capitalista que as emprega como
força de trabalho coletiva.

A divisão manufatureira do trabalho pressupõe concentração dos meios de produção nas mãos
de um capitalista. A divisão social do trabalho pressupõe a dispersão dos meios de produção
entre produtores de mercadorias, independentes entre si.

A divisão social do trabalho faz confrontar-se produtores independentes de mercadorias, os


quais não reconhecem outra autoridade além da concorrência...

O mesmo espírito burguês que louva, como fator de aumento da força produtiva, a divisão
manufatureira do trabalho, a condenação do trabalhador a executar perpetuamente uma operação
parcial e sua subordinação completa ao capitalista, coma mesma ênfase denuncia todo controle
e regulamentações sociais conscientes do processo de produção como um ataque aos invioláveis
direitos de propriedade, de liberdade e de iniciativa do gênio capitalista.

Enquanto da divisão social do trabalho, quer se processe ou não através da troca de mercadorias,
é inerente às mais diversas formações econômicas da sociedade (exemplo sociedade indiana
pg.410), a divisão do trabalho na manufatura é uma criação específica do modo de produção
capitalista.
5. CARÁTER CAPITALISTA DA MANUFATURA

A cooperação simples não modifica o modo de trabalhar do indivíduo. A manufatura deforma o


trabalhador monstruosamente, levando-o artificialmente a desenvolver uma habilidade parcial.

A manufatura propriamente (cooperação baseada na divisão do trabalho) dita não só submete ao


comando e à disciplina do capital o trabalhador antes independente, mas também cria uma
graduação hierárquica entre os próprios trabalhadores.

Originariamente o trabalhador vendia sua força de trabalho ao capital por lhe faltarem os meios
materiais para produzir uma mercadoria. O trabalhador da manufatura incapacitado... só
consegue desenvolver sua atividade produtiva como acessório da oficina do capitalista.

A divisão manufatureira do trabalho opõe-lhes as forças intelectuais do processo material de


produção como propriedade de outrem e como poder que os domina. Esse processo de
dissociação começa com a cooperação simples em que o capitalista representa diante do
trabalhador isolado a unidade e a vontade do trabalhador coletivo. Esse processo desenvolve-se
na manufatura, que mutila o trabalhador, reduzindo-o a uma fração de si mesmo, e completa-se
na indústria moderna, que faz da ciência uma força produtiva independente de trabalho,
recrutando-a para servir o capital.

A ignorância é a mãe da indústria e da superstição (W. Thompson).

Um homem que despende toda a sua vida na execução de algumas operações simples... não tem
oportunidade de exercitar sua inteligência... Geralmente ele se torna estúpido e ignorante quanto
se pode tornar uma criatura humana (A. Smith).

E em toda sociedade desenvolvida e civilizada, esta é a condição a que ficam necessariamente


reduzidos os pobres que trabalham, isto é, a grande massa do povo (A. Smith).

Para evitar a degeneração completa do povo em geral, oriunda da divisão do trabalho,


recomenta, A. Smith o ensino popular pelo Estado, embora em doses prudentemente
homeopáticas.

A maior ou menor aplicação do trabalho não depende da grandeza do gênio, mas da grandeza da
bolsa (do capitalista).

A divisão manufatureira do trabalho cria a subdivisão qualitativa e a proporcionalidade


quantitativa dos processos sociais de produção, cria assim determinada organização do trabalho
social e, com isso, desenvolve ao mesmo tempo nova força produtiva social do trabalho.

Revela-se de um lado progresso histórico e fator necessário do desenvolvimento econômico da


sociedade, e, do outro, meio civilizado e refinado de exploração.

Economia política acentua valor de troca (a quantidade e a acumulação de capital) como


benefício da divisão social do trabalho (do ponto de vista da divisão manufatureira do trabalho).
Na antiguidade clássica, a divisão social do trabalho era vista como relevante para acentuar o
valor de uso (a qualidade).

Uma vez que a habilidade manual constituía o fundamento da manufatura e que o mecanismo
coletivo que nela operava não possuía nenhuma estrutura material independente dos
trabalhadores, lutava o capital constantemente contra a insubordinação do trabalhador.

Faltava ordem na manufatura, baseada no dogma escolástico da divisão do trabalho.

A oficina, produto da divisão manufatureira do trabalho, produziu... máquinas. Estas eliminam o


ofício manual como princípio regulador da produção social. Assim caíram as barreiras que
aquele princípio opunha ao domínio do capital.
6. RESENHA CRÍTICA

Divisão do trabalho e da manufatura

Para Marx a divisão manufatureira do trabalho é uma espécie particular de cooperação. Sua
origem está relacionada com a especialização de operações na produção de um valor de uso.
Neste momento, diferentemente do que ocorria na cooperação simples, pois os trabalhadores
deixam de exercer seu antigo ofício em toda a sua extensão, tornando-se trabalhadores parciais e
independentes entre si.

Esta transformação ocasionada pela divisão manufatureira do trabalho teve como objetivo
aumentar a produtividade. Conforme assinala Marx:

a concentração da atenção do trabalhador na repetição de uma mesma ação limitada


ensina-o, conforme indica a experiência, a atingir o efeito útil desejado com um mínimo de
esforço. (pg390).

Para Marx, esta divisão do trabalho resulta na mutilação do trabalhador. Seu corpo e sua mente
padecem com a repetição exaustiva de uma única função. Esta também repete a tendência de
sociedades antigas de tornar hereditários os ofícios.

A cooperação simples não modifica o modo de trabalhar do indivíduo. A manufatura


deforma o trabalhador monstruosamente, levando-o artificialmente a desenvolver uma
habilidade parcial.

A especialização das atividades resultou em uma necessidade de se modificarem os


instrumentos de trabalho. Para Marx, está é uma característica da manufatura, que destaca que
as ferramentas foram adaptadas para servir a papeis particulares na produção, sendo
simplificados, aperfeiçoados e diversificados continuamente. Para Marx, a produtividade do
trabalho depende da virtuosidade do trabalhador e da perfeição das suas ferramentas.

A manufatura se apresenta de duas formas, de acordo com a natureza do artigo produzido. A


manufatura heterogênea consiste naquela produzida através do simples ajustamento mecânico
de produtos parciais e a manufatura orgânica é produzida através de uma sequência de
operações e manipulações conexas.

Quando as diferentes operações são executas por trabalhadores parciais, funda-se o mecanismo
específico do período manufatureiro: o trabalhador coletivo. De acordo com Marx, este possui
todas as qualidades produtivas no mesmo grau de qualidade e que são despendidas ao mesmo
tempo. Para Marx:

A estreiteza e as deficiências do trabalhador parcial tornam-se perfeiçoes quando ele é


parte integrante do trabalhador coletivo. O hábito de exercer uma função única limitada
transforma-o [o trabalhador parcial] naturalmente em órgão infalível dessa função...
(pg.400-401)
A especialização gerada pela manufatura, por um lado, é fundamentada em uma hierarquização
da força de trabalho, variando esta de acordo com os graus de formação necessários para
desempenhar uma operação. Por outro, transforma “numa especialidade a ausência de qualquer
formação”. Com isso, a capitalista consegue reduzir o valor da força de trabalho ao reduzir as
despesas necessárias para formar um trabalhador, gerando mais valia. Para Marx:

A desvalorização relativa da força de trabalho, decorrente da eliminação ou da redução


dos custos de aprendizagem, redunda para o capital em acréscimo de mais valia, pois tudo
que reduz o tempo de trabalho necessário para reproduzir a força de trabalho aumenta o
domínio do trabalho excedente. (pg 402)

Um aspecto abordado por Marx no Capítulo 12 com muita ênfase constitui-se na relação entre a
divisão do trabalho na manufatura e a divisão social do trabalho. Marx destaca que a divisão
social do trabalho surge a partir das trocas de produtos produzidos em diferentes ramos de
produção, independentes entre si. Distingue-se, portanto, da divisão do trabalho geral, do
trabalho singularizado e natural do trabalho, conforme definições apresentadas a seguir:

 Divisão do trabalho geral: divisão e grandes ramos (agricultura, indústria, comércio...).


 Divisão do trabalho singularizada: espécies e variedades de trabalhos dentro de um
grande ramo.
 Divisão natural do trabalho: puramente fisiológica, baseada na capacidade física.

A divisão manufatureira do trabalho depende de que a divisão social do trabalho em uma


sociedade esteja desenvolvida. Em contrapartida, a divisão manufatureira do trabalho
desenvolve e multiplica a divisão social do trabalho. Conforme assinala Marx:

A divisão do trabalho na manufatura depende do emprego de um certo número de


trabalhadores simultaneamente. A divisão do trabalho na sociedade depende da magnitude
e densidade da população.

Há uma diferença de grau e de substância entre a divisão social do trabalho e a divisão do


trabalho na manufatura. Enquanto a divisão do trabalho na sociedade se processo através da
compra e venda dos produtos dos diferentes ramos de trabalho, a divisão manufatureira
caracteriza-se pela compra de diferentes forças de trabalho dentro de uma manufatura pelo
mesmo capitalista, que as emprega como força de trabalho coletiva.

Ademais, a divisão manufatureira do trabalho pressupõe a concentração dos meios de produção


nas mãos de um capitalista. A divisão social do trabalho pressupõe a dispersão dos meios de
produção entre produtores de mercadorias, independentes entre si.

Finalmente, Marx destaca que:

enquanto da divisão social do trabalho, quer se processe ou não através da troca de


mercadorias, é inerente às mais diversas formações econômicas da sociedade, a divisão do
trabalho na manufatura é uma criação específica do modo de produção capitalista (pg.
411).
Marx acentua que a manufatura possui um caráter capitalista exatamente por acentuar a
exploração dos trabalhadores. Isto ocorre, sobretudo, pela transformação do trabalhador em
trabalhador parcial, como já mencionado anteriormente. Esta transformação foi proporcionada
pela divisão manufatureira do trabalho, que embora tenha relações com a divisão social do
trabalho, não a constitui.

Marx destaca que a divisão manufatureira do trabalho organiza o trabalho social desenvolvendo
uma nova força produtiva social do trabalho. Cria-se através deste processo uma subdivisão
qualitativa e uma proporcionalidade quantitativa dos processos sociais de produção.

Conforma assinala Marx, a manufatura, portanto, revela-se, de um lado, “progresso histórico e


fator necessário do desenvolvimento econômico da sociedade, e, do outro, meio civilizado e
refinado de exploração”.

Outro aspecto relevante do caráter capitalista da manufatura consiste na diminuição gradativa da


dependência do trabalho manual para a produção da manufatura, sobretudo através do
desenvolvimento das ferramentas e máquinas. Este fator, para Marx, eliminou o ofício manual
como princípio regulador da produção social, tornando o processo produtivo favorável à
dominação e controle do trabalhador pelo capitalista.
CAPÍTULO 4: A MAQUINARIA E A INDÚSTRIA MODERNA

1. DESENVOLVIMENTO DA MAQUINARIA

A maquinaria é feita para produzir mais valia, pois encurta o tempo de trabalho necessário e
barateia as mercadorias.

Passagem da manufatura para a indústria moderna representa uma passagem da força de


trabalho para o instrumental de trabalho como ponto de partida de transformações do modo de
produção.

Investigar como a ferramenta manual se transforma em máquina e qual é o efeito desta


transformação para a economia.

A máquina-ferramenta consiste na parte da máquina que substitui o que outrora era realizado
pelo trabalhador com o auxílio de ferramentas.

O número de ferramentas com que opera simultaneamente a máquina-ferramenta emancipa-se,


desde o início, da barreira orgânica que a ferramenta manual de um trabalhador não podia
ultrapassar (pg. 427).

A propulsão das máquinas utilizou inúmeros recursos naturais, como vento, água, força d’água
e carvão mineral. O aperfeiçoamento da máquina à vapor favoreceu a concentração das fábricas
nas cidades (ver pg. 430).

Cooperação de muitas máquinas da mesma espécie produzem um produto por inteiro. O


processo de trabalho global, que passava por operações sucessivas na manufatura, é de domínio
de uma única máquina-ferramenta.

O sistema de máquinas ocorre quando reaparece a divisão do trabalho, mas sob a forma de
combinação de máquinas-ferramentas parciais, complementares, que somente juntas produzem
o produto.

Um sistema é tanto mais perfeito quanto menos dispender de tempo para o trânsito do produto
parcial entre as diferentes operações necessárias para se tornar o produto final ou quanto menor
for a interferência humana.

A manufatura se constitui na base técnica imediata da indústria moderna (p. 435). A indústria ao
atingir certo grau de desenvolvimento remove esta base e estabelece um novo modo de
produção.

A revolução no modo de produção da indústria e da agricultura tornou sobretudo necessária


uma revolução nas condições gerais do processo social de produção, isto é, nos meios de
comunicação e de transporte (pg. 437).
A indústria moderna logo desenvolve as máquinas necessárias para produzir as máquinas-
ferramentas. Esta capacidade torna possível ampliar as ferramentas dos artesãos para o que
Marx chama de escala ciclópica.

Na manufatura a organização do processo de trabalho social é puramente subjetiva, uma


combinação de trabalhadores parciais. No sistema de máquinas, tem a indústria moderna o
organismo inteiramente objetivo que o trabalhador encontra pronto e acabado como condição
material da produção (pg. 440).

A maquinaria só funciona por meio de trabalho diretamente coletivizado ou comum. O caráter


cooperativo do processo de trabalho torna-se uma necessidade técnica imposta pela natureza do
próprio instrumental de trabalho (pg.440).

2. VALOR QUE A MAQUINARIA TRANSFERE AO PRODUTO

A indústria moderna deve aumentar extraordinariamente a produtividade do trabalho, porém se


consome mais trabalho para tanto?

As máquinas são capital constante. Não criam valor, porém transferem parte de seu valor para
os produtos. Ela encarece os produtos. As máquinas entram por inteiro no processo de trabalho
e apenas parcialmente na formação do valor. Quanto mais dure a máquina maior é a diferença
entre o seu valor e o valor que transfere aos produtos (não seria o contrário??).

As máquinas acrescentam valor aos produtos proporcionalmente ao seu desgaste médio. As


máquinas trabalham gratuitamente. O valor que as máquinas acrescentam é proporcional ao seu
tamanho e extensão. Quanto maior a máquina, menor será o valor por ela acrescentado em cada
produto.

Comparando os preços das mercadorias produzidas pela indústria e pelas manufaturas, nota-se
que o valor transferido pelo instrumental aumenta relativamente e diminui absolutamente (??).

Há mero deslocamento de trabalho quando a produção de uma máquina custa tanto trabalho
quanto o que ela economiza ao ser aplicada (pg 445).

A produtividade da máquina mede-se, por isso, pela proporção em que ela substitui força de
trabalho do homem (pg445).

Se a máquina custa tanto quanto a força de trabalho que substitui, o trabalho nela materializado
será sempre muito menor que o trabalho vivo por ela substituído (p.447).

A relação entre o preço da máquina e o preço da força de trabalho pode variar em virtude das
variações do preço da força de trabalho conforme os países e os períodos do ano, por exemplo.
Por isso, para baratear um produto a aplicação da máquina é demandada quando o valor para
produzi-la é menor que o valor que sua aplicação irá substituir.
Quanto maior o período em que funciona, tanto maior a quantidade de produtos em que reparte
o valor transferido pela máquina, e tanto menor o valor que acrescenta em cada mercadoria em
particular (pg 460).

A queda do salário abaixo do valor da força de trabalho impede a aplicação das máquinas,
tornando-a muitas vezes impossível e supérflua (pg 448).

3. CONSEQUÊNCIAS IMEDIATAS DO PRODUÇÃO MECANIZADA SOBRE O


TRABALHADOR

A) Apropriação pelo capital das forças de trabalho suplementares. O trabalho das


mulheres e das crianças

Assim, do poderoso meio de substituir trabalho e trabalhadores, a maquinaria transformou-se


imediatamente em meio de aumentar o número de assalariados, colocando todos os membros da
família do trabalhador... sob o domínio do capital (pg. 450).

A máquina ao aumentar o campo específico de exploração do capital, o material humano,


amplia, ao mesmo tempo, o grau de exploração (pg 450-451).

Os custos de manutenção da família do trabalhador aumentam até se contrabalancearem com a


receita suplementar (nota pg. 451).

Antes o trabalhador vendia sua própria força de trabalho. Agora vende mulher e filhos (pg
451).

Apesar da legislação, 2.000 garotos pelo menos são vendidos pelos pais, na Grã Bretanha, como
máquinas vivas de limpar chaminés, embora existam máquinas para substituí-los (pg. 453).

A indústria na cidade e no campo acarretam em grandes problemas sociais, sobretudo pela falta
de cuidado parental aos filhos, uma vez que homens e mulheres passam a ser incorporados
como força produtiva pelo capital.

Visão machista??

Leis elaboradas sem oferecer condições claras a sua consecução, como a lei de instrução que só
permitiria o emprego de jovens menores de 14 anos que frequentassem uma escola diariamente
por três horas. Professores analfabetos, condições de infraestrutura precárias.

Ainda assim, os fabricantes procuravam excluir de suas fábricas os meninos obrigados a


frequentar a escola.

B) Prolongamento da jornada de trabalho

A máquina experimenta desgaste material e moral. O desgaste moral constitui-se em mudanças


tecnológicas ocasionadas pela introdução de novas máquinas. Por mais forte que seja a
máquina, seu valor não é determinado pelo tempo de trabalho que nela realmente se
materializou, mas pelo tempo de trabalho necessário para reproduzir ela mesma ou uma
máquina melhor. Quanto mais curto for o período em que se reproduz seu valor global, tanto
menor o perigo de desgaste moral, e quanto maior for a jornada de trabalho, tanto mais curto
aquele período.

A máquina põe abaixo todos os limites morais e naturais da jornada de trabalho (pg 465).

Ao recrutar camadas de trabalhadores que antes estavam inacessíveis ao capital e dispensar


trabalhadores substituídos pelas máquinas, produz-se uma população de trabalhadores
excedentes, compelida a submeterem-se à lei do capital (pg. 465).

C) Intensificação do trabalho

Quando se tornou impossível aumentar a jornada de trabalho, quando, portanto, se tornou


impossível aumentar a produção de mais valia prolongando o dia de trabalho, lançou-se ao
capital, com plena consciência e com todas as suas forças, à produção da mais valia relativa,
acelerando o desenvolvimento do sistema de máquinas.

Em termos genéricos, o método de produção da mais valia relativa consiste em capacitar o


trabalhador para produzir mais com o mesmo dispêndio de trabalho no mesmo tempo. “Essa
compressão de massa maior de trabalho num período dado significa, então, o que realmente é:
maior quantidade de trabalho (pg. 467).

O tempo de trabalho é medido segundo sua duração e seu grau de condensação, sua intensidade.

Elemento moral foi importante para garantir a intensificação do trabalho, assim como a
vigilância e o aperfeiçoamento das máquinas (aumento da velocidade).

A intensificação do trabalho aumentou problemas de saúde dos trabalhadores devido à exaustão.

4. A FÁBRICA

A máquina aumenta o material humano explorável pelo capital (pg. 477).

Conceitos de fábrica para Ure, segundo Marx:

1) Trabalhador coletivo ou organismo de trabalho coletivo aparece como o sujeito que


intervém e o autômato mecânico como objeto;
2) O próprio autômato é o sujeito e os trabalhadores são apenas órgãos conscientes.

Na fábrica, a ferramenta do trabalhador se transfere à máquina e sua eficácia emancipa-se dos


limites pessoais da força humana. Estabelece-se a tendência nas fábricas de igualar ou nivelar os
trabalhos e as diferenças artificiais dos trabalhadores parciais é substituída pelas diferenças
naturais de idade e sexo.

A divisão do trabalho, quando surge na fábrica, caracteriza-se por um sistema de cooperação


simples.
Na manufatura e no artesanato o trabalhador se serve da ferramenta, na fábrica serve à máquina.

A maquinaria é trabalho morto que domina a força de trabalho viva, a suga e exaure.

A subordinação técnica do trabalhador ao instrumental e a composição do organismo de


trabalho criam uma disciplina de caserna na fábrica, desenvolvendo-se plenamente o trabalho de
supervisão na fábrica.

O capital usurpar através das fábricas o espaço, o ar, a luz e os meios de proteção contra
condições perigosas ou insalubres do processo de trabalho.

5. LUTA ENTRE O TRABALHADOR E A MÁQUINA

O trabalhador combate o próprio instrumental de trabalho apenas a partir da maquinaria.

Era necessário tempo e experiência para que o trabalhador aprender a distinguir a maquinaria de
sua aplicação capitalista e atacar não os meios materiais de produção, mas a forma social em
que são explorados (pg 490).

O instrumento de trabalho, ao tomar a forma de máquina, logo se torna concorrente do


trabalhador. O valor de troca da força de trabalho desaparece ao desvanecer de seu valor de uso.
O trabalhador posto fora do mercado...ou sucumbe na luta desigual dos velhos ofícios ou inunda
o mercado de trabalho.

A introdução do instrumental elevou o desemprego.

A máquina não é apenas concorrente do assalariado. O capital, proclama-a o poder inimigo do


trabalhador. Ela se torna a arma mais poderosa para reprimir as revoltas periódicas e as greves
dos trabalhadores.

Ure: “por fim procuravam os capitalistas libertar-se dessa escravatura insuportável” (isto é, das
condições do contrato de trabalho, que consideravam onerosas), “apelando para os recursos da
ciência, e logo se reintegraram em seus direitos legítimos, os da cabeça sobre as demais partes
do corpo”.

Marx sinaliza em Ure a visão de que as revoltas dos trabalhadores motivaram o


desenvolvimento tecnológico.

6. A TEORIA DA COMPENSAÇÃO PARA OS TRABALHADORES


DESEMPREGADOS PELA MÁQUINA

Marx contesta esta tese sustentando que não há liberação de capital com o emprego da
maquinaria, pois ocorre uma transformação do capital variável (força de trabalho) em capital
constante.
A maquinaria como instrumental que é, encurta o tempo de trabalho, facilita o trabalho, é uma
vitória do homem sobre as forças naturais... mas sua aplicação capitalista, gera resultados
opostos (pg. 506).

7. REPULSÃO E ATRAÇÃO DOS TRABALHADORES PELA FÁBRICA.


CRISES DA INDÚSTRIA TEXTIL

A vida da indústria se converte numa sequência de períodos de atividade moderada,


prosperidade, superprodução, crise e estagnação.

Mudanças qualitativas na produção mecanizada afasta constantemente os trabalhadores da


fábrica ou fecha portas a novos candidatos a emprego, enquanto a simples expansão quantitativa
das fábricas absorve, com os despedidos, novos contingentes.

8. REVOLUÇÃO QUE A INDÚSTRIA MODERNA REALIZA NA MANUFATURA,


NO ARTESANATO E NO TRABALHO DOMICÍLIO

A) Eliminação da cooperação baseada no ofício e na divisão do trabalho

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9. RESENHA CRÍTICA

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