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O Capital de Marx: Livro 1 – A Mercadoria. Fichamento.

Aula curso do canal Orientação Marxista e do livro 1 do Capital.

O capitulo um do capital possui quatro subdivisões internas, a saber:


1) Os dois fatores da mercadoria: valor de uso e valor (substância do valor,
grandeza doo valor).
2) Duplo caráter do trabalho representado nas mercadorias
3) A forma de valor ou o valor de troca
4) O caráter fetichista da mercadoria e seu segredo
OBS: todos esses elementos encontram-se entrelaçados.

Capitulo 1): Analise da Mercadoria

Os economistas que antecederam Marx, em especial Adam Smith e David


Ricardo, eles consideravam que existia uma forma universal da riqueza, ou
seja, tal qual as leis da física, existe um conjunto de leis e princípios que
são comuns a todas as formas sociais e que regem e regulam todas elas.
Esse conjunto de leis e princípios, seriam então, válidos em qualquer tipo
de sociedade.
Para Marx cada tipo de sociedade, cada forma de organização social,
possui as suas próprias leis, suas próprias características internas. Marx
não vai examinar no capital, a riqueza no geral, nem a história no geral, mas
sim, as características e determinações internas do modo de produção
capitalista. Essas características e determinações internas, não se aplicam
as formas de sociedade que o antecederam.
O capitalismo é uma forma da riqueza, que é histórica, e não aparente. Ela
está sujeita a transformações, ou seja, possui formas históricas típicas do
seu interior, que não são as mesmas de outras formas de sociedade, tanto
as que existiram no passado, quanto as possibilidades que poderão existir
no futuro.
Marx não tem uma metodologia prévia, que ele vai aplicar à vários casos
particulares. Os conceitos – representação teórica - não são para Marx
meras criações mentais, mas eles são categorias – conjunto de
determinações - da própria realidade. Sendo assim, Marx não parte nunca
dos conceitos, parte da forma social mais simples, em que se corporifica,
objetiva, o produto do trabalho na sociedade atual, que é a mercadoria.
A mercadoria não é algo natural, ou seja, não é dado pela corporeidade –
atributos sensíveis – daquilo que foi produzido historicamente. Ela possui
um conjunto de determinações que são especificas da sociedade
capitalista, portanto, postas, colocadas, por essa sociedade.
Método de Marx: Materialismo Histórico Dialético.
1) Compreender o núcleo: compreender a mercadoria, que é a
determinação mais singular do modo de produção capitalista, o que o
define enquanto tal.
2) A partir do núcleo, resinificar cada camada, de vários pontos de vista ou
ângulos de análise.
3) Remontar tudo, em um processo de síntese.

OBS: o mais essencial – a mercadoria – sobre determina o resto, ou


seja, o campo de possibilidades.

A maior ruptura do marxismo com a filosofia ocidental da época e


também de hoje, é a ruptura com a separação mecânica dentro da
filosofia burguesa entre empirismo e racionalismo, que separa/dissocia o
ser humano, como se de um lado estivesse os sentidos ou as
sensações, e de outro, estivesse a razão ou o pensamento. Sem
entender que todas as nossas sensações empíricas precisam ser
conceitualmente mediadas; e que todo pensamento tem a sensação e a
apreensão imediata da realidade como base.

Desvios do Materialismo – inflexão idealista.

Empiricismo: Apreender apenas as determinações mais imediatas da


realidade, sem compreender aquelas mais de fundo, também reais
(concretas), porém menos aparentes, e que as sobre determinam.

Essencialismo: apego tão forte a descoberta do mais essencial que


deixa de lado sua historicidade (sua concretude) como se estas
determinações mais essenciais existissem em si e se expressassem na
realidade.

O capitalismo nos vende a ideia de que a liberdade humana pode ser


infinita, mas o que está aberto como possibilidade está condicionado, ou
seja, está determinado pelas condições históricas e sociais, ou seja,
pela própria existência. O que está aberto como possibilidades para um
sujeito, não é infinito!
O trabalho é a forma mais essencial da atividade humana, pelo trabalho
cria-se o novo, ou seja, novos meios que antes não existiam. Isso
confere muita liberdade, mas não abstrata, incondicional e ilimitada. A
liberdade sempre é condicionada à existência e as condições de
existência. No capitalismo isso é sobre determinado pela
mercantilização.
Ao transformar a realidade, sendo parte dela, o sujeito se transforma
também. Desenvolvimento das forças produtivas = relação metabólica
entre ser humano e realidade ao redor, que transforma a realidade para
a sobrevivência humana, e ao transformar a realidade, diminui-se as
limitações impostas pelas condições históricas. Afastamento das
barreiras naturais = é a capacidade – com base em meios que a gente
colocou na realidade, e que antes não existiam – pensar novos fins,
novos meios e seguir transformando a realidade.

Aquilo que é mais essencial tende a se universalizar – Mercadoria – por


que estamos a todo tempo produzindo...

Dimensão ética no valor: tudo que o sujeito assume como fins e meios –
consciente ou inconsciente – é algo que o sujeito ‘valora’ de alguma
maneira como sendo necessário. Aquilo que é mais necessário para a
reprodução da minha existência, acaba determinando o que eu posso
valora como necessário.

A mercadoria tem um duplo aspecto em uma mesma coisa, ela é ao


mesmo tempo, valor de uso, este, sempre historicamente determinado,
atende a necessidade social. E ela é também valor de troca, que é seu
aspecto quantitativo.

OBS: isso deve ser entendido como ‘ato histórico’. Nada disso está
determinado previamente, nem corresponde a uma determinação da
natureza apenas.

A base material do valor de troca é o trabalho abstrato, ou seja, um


dispêndio genérico de energia humana socialmente necessário.
O trabalho também, como na mercadoria, tem dois aspectos de uma
mesma coisa. A sua dimensão qualitativa, ou seja, o trabalho útil ou
concreto. São características particulares de cada processo de trabalho
e da mercadoria, que permitem produzir um valor de uso específico. E a
sua dimensão quantitativa, ou seja, o trabalho abstrato, este, não pode
ser dissociado da sua concretude, ou seja, do trabalho útil.

Trabalho enquanto dispêndio de energia humana genérico: trata-se de


verificar o quanto de energia foi dispendida, sem se importar com o
como. É preciso abstrair todas as características qualitativas, de todos
os processos de trabalho específicos. Ao abstrair as particularidades
especificas de cada processo, tem-se o valor de troca, ou seja, o
trabalho como simplesmente dispêndio de energia humana –
independente da forma que essa energia é dispendida – como não varia
a forma – noção abstrata de trabalho – é possível comparar só as
quantidades, e portanto, tem-se uma unidade de medida socialmente
reconhecida, ou seja, tem-se uma base para a determinação do valor de
troca na nossa sociedade.

Trabalho Útil (dimensão qualitativa. Útil – valorar/avaliar – valor de uso):


são as características particulares do processo de trabalho particular,
que permitem que, como produto dele, tenha-se um produto com
determinadas características particulares, que vão atender a
determinadas necessidades sociais particulares. Ou seja, são as
particularidades qualitativas de cada processo de trabalho especifico,
que permitem conferir valor de uso a uma mercadoria.

Existe uma base objetiva para o valor?

O valor – utilidade = toda a teoria econômica burguesa está centrada na


ideia de que o valor vem da utilidade, ou seja, é possível mensurar
quantitativamente a utilidade de uma mercadoria. A economia burguesa
vai se basear na noção de sociedade como somatória de indivíduos,
cada um deles com suas preferencias individuais/subjetivas, distintas
umas das outras. O VALOR PREÇO – se forma na somatória de todas
essas preferencias subjetivas. É como se fosse a média de todas as
preferencias subjetivas/individuais...PROBLEMA – como que se vai
saber se está caro ou barato em relação à média? R= a mão invisível do
mercado. Um mecanismo de mercado que é como se o tempo parasse
de repente, p.ex.: a sociedade está em movimento, só que a cada
segundo a sociedade está ao mesmo tempo parada, para que todos os
agentes individuais avaliem as informações que eles detém sobre os
preços em relação as suas suas preferencias individuais, modifiquem os
seus preços individuais no mercado de demanda e de oferta, e tudo isso
se confronte, se equilibre, num preço que a gente tem como noção de
base para compara se está caro ou barato.

OBS: mecanismo muito abstrato e idealizante pairando sobre a


sociedade.

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