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Economia política: aula da Maria da Conceição Tavares.

A civilização capitalista da acumulação de capital, sobre a forma mercantil,


industrial e financeira, se dá originariamente no mediterrâneo e vai se
expandindo. Tem uma continuidade no tempo que o espaço vai ampliando –
ideia de uma economia mundo. Civilização traz a ideia do capitalismo como
processo civilizatório, cuja origem é a mercadoria e a acumulação mercantil.

Tese dos liberais:

Todos os liberais são da tradição da continuidade, mais aceitam a ruptura


contra o antigo regime (em que efetivamente foi proclamado que não era o
estado, nem a oligarquia, eram os cidadãos comuns, burgueses, que em busca
dos seus interesses e da sua liberdade – os homens de bem, diga-se ‘de bens’
– se viam livre do monopólio da corte, do antigo regime etc....) E buscavam,
acreditavam e acreditam até hoje que: MERCADO, PROPRIEDADE PRIVADA,
COMÉRCIO E ORDEM SOCIAL - Andam juntas. É o indivíduo lutando pelos
seus interesses individuais utilitários, o que recai em uma moral onde o
egoísmo é perfeitamente compatível.

Os moralistas ingleses prezavam pelo caráter autorregulado e permanente do


capitalismo.

Para eles existe uma ordem natural – não se dizia mais divina, mas natural – a
qual esses pensadores morais do começo do século ----- na Inglaterra, afirmam
ao mundo e até hoje afirmam, que: MERCADO, PROPRIEDADE, COMÉRCIO
E ORDEM SOCIAL, andam juntos...

E a chamada PAX vai ser então universal, segundo eles. A PAX Britânica deles
durou 100 anos, foi até 1914.

Isso retorna por meados do século XX, na chamada PAX Americana, império
que tem 50 anos. Eles invocam a mesma coisa, mas com um nível de
criticidade maior, que: o estado deve se limitar a fazer o que deve se limitar a
fazer, embora seja mentira.

Tese dos Heréticos – Marxistas ou não:


Esses acreditam no caráter contraditório do capitalismo – há continuidades é
fato, mas são as rupturas que explicam.

O sistema tem inerentemente caráter autodestruidor. Possui contradições que


geram crises, guerras, declínios, e que se deslocam no espaço os efeitos
dessas contradições.

O capitalismo é efetivamente a generalização completa da mercadoria, e a


conversão do trabalho, da terra, e do dinheiro em mercadorias. Nesse sentido o
capitalismo é a coisa mais antinatural do possível. Esse sistema é um sistema
altamente contraditório, cuja expansão ilimitada provoca desordem,
desestrutura a vida nas cidades, arrebenta com todas as formas possíveis do
viver e que se expande sem limites.

Esses não discutem liberdade e interesse, discutem liberdade e necessidade,


sempre.

Problemas do romantismo alemão: querem todas as vantagens do capitalismo,


mas sem as desvantagens. As utopias são várias = a meta – história,
transcendência, desaparecer a sociedade de classes...

Hegel = tem –se a utopia do estado razão, Idealismo.

Marx = sociedade sem classes.

Essas patologias movem a racionalização, ou seja, movem a moral e o direito –


plano dos valores – superestrutura.

PARTE 2

ESCOLA JUSNATURALISTA (DIREITO NATURAL) SMITH E RICARDO.

Na moral utilitarista = o ‘BEM’ é correspondente ao interesse privado do


indivíduo. Nessa moral a razão é uma razão utilitária, ou seja, baseada no
cálculo utilitário – instrumental.

Sociedade fundada na base do direito dos indivíduos. Os homens como


indivíduos e a sociedade como soma de indivíduos.
ESCOLA DO HISTORICISMO ALEMÃO (FILOSOFIA DA HISTÓRIA) MARX E
HEGEL.

HEGEL = intersubjetividade. O indivíduo não vive sozinho, vive em sociedade.

QUESTÃO DE MARX E HEGEL = se voltam contra a “ordem natural”, dado


que não precisavam mais se vira contra a ordem divina, por que os jus
naturalista já tinham se voltado contra.

São a favor de uma ordem social nova na qual a intersubjetividade humana, ou


seja: do homem como sujeito autônomo capaz de realizar plenamente as suas
potencialidades na sociedade.

O homem como sujeito histórico e social. O homem de posse de sua RAZÃO


CRÍTICA, isto é, da capacidade de desvelar, através do conhecimento, da
ideia, do processo de racionalização, ou seja, de negar o real aparente para
desvela-lo e ver as estruturas subjacentes a essas realidades, para então
nega-las, aperfeiçoa-las, faze-las avançar.

DESVELAMENTO = usar o conhecimento não como uma razão instrumental,


calculadora, utilitária, mas como uma razão crítica. (Escola alemã).

O PROBLEMA DA LEGITIMIDADE DO POLÍTICO

Como é possível, ou não, realizando os interesses privados dos indivíduos,


chegar, ou não, ao bem comum?

Há acordo entre todos eles de que a sociabilidade burguesa – baseada na


riqueza – e, portanto, a felicidade do homem, tem um par de categorias
problemáticas, que são o da liberdade e o da propriedade.

Com relação a propriedade todos da escola da economia clássica e do jus


naturalismo é fundada no direito natural como apropriação do fruto do trabalho,
sendo a propriedade transformada em mercadoria. A dúvida deles é em
relação ao conceito de LIBERDADE, BEM PÚBLICO E DE SUBMISSÃO.

Para Smith o mercado tem como virtude ter conciliado os interesses através da
“mão invisível”, aparentemente, naquele momento histórico.
Crítica de Hegel: dizer que a propriedade é fundada no direito natural, e,
portanto, é na verdade, apropriação do fruto do trabalho, é um fundamento
muito precário.

Crítica de Marx: vai criticar o fundamento da propriedade com base na


apropriação do fruto do trabalho com as categorias de – trabalho abstrato;
trabalho convertido em mercadoria; o trabalho alienado, etc....

1= todos assumem que as relações entre economia e sociedade são relações


de interesses, interesses legítimos.

2= o problema posto pelos filósofos políticos – da legitimidade do bem público


– é para discutir a questão da obrigação política com o estado liberal. O
problema central do bem público é, portanto, o contrato social como
fundamento do estado de direito. E os direitos fundamentais são os direitos
naturais: VIDA e PROPRIEDADE.

DIREITO A VIDA = significa que o estado tem o monopólio da violência, capaz


de garantir que o homem não seja o lobo do homem.

O ESTADO DE NATUREZA NÃO GARANTE A VIDA NEM A PROPRIEDADE:


tem que se submeter se ao ESTADO CIVIL, por razoes de: medo; prudência;
bom senso; razão; interesse...

A obrigação política com o estado soberano é para garantir a paz e o bem


comum. DE QUEM? “Dos homens de bem, diga-se de bens”. Isto é, a
passagem para o ESTADO CÍVIL, DE DIREITO E DOS CONTRATOS. Logo a
coerção do estado de direito não está fundada nem no direito divino, nem nos
privilégios da coroa ou dos nobres – a esses pode-se deixar o privilégio de
continuarem como classe dirigente, desde que, submetidos a moral burguesa
de preservar os interesses privados. Sendo a única forma legítima de derrubar
o estado é quando esse estado civil e de direito não garante os dois direitos
naturais fundamentais, que são a vida e a propriedade.

A violência exercida contra o ‘povo’ é para preservar a ordem e a paz. E como


tal é uma violência legal. Deve-se obedecer às leis – mesmo quando elas
sejam injustas – por que estão fundadas em um pacto fundante que confere
legitimidade e soberania ao estado, nesse caso de desobedecer, a violência
pode ser tolerada. Por que se o povo não preserva a ordem e a paz, ele está
violando os direitos naturais dos homens de bem, nesse caso ele pode ser
devidamente morto.

Em resumo: é em nome do direito a vida e da propriedade que se pode tirar a


vida. O povo tem obrigação de cumprir as leis, mesmo que sejam injustas, e os
indivíduos não tem direitos objetivos, sociais, políticos ou econômicos.

OBS: há um direito que é da essência do homem, isso todos dizem, que é o


direito a pensar e a criticar.

Segundo Kant, o Iluminismo não precisa senão dessa liberdade que é a de


fazer uso público desse direito. Só que acontece que “o homem privado”
falando em público, não se refere ao “homem público”, mas sim, em se fazer
publicamente, enquanto homem privado – uno, indivisível e do direito natural, a
crítica.

OBS: o direito a desobediência civil, isto é, ao não cumprimento das leis por
serem injustas, ainda não é reconhecido.

PARTE 3

Os demais direitos e liberdades, so começaram a ser objeto de aplicação ao


estado racional, quando o conceito da razão social ou de estado é questionado
pelo pensamento crítico, no qual Hegel e Marx se incluem.

QUESTÃO: como na pratica histórica, concreta – uma coisa é afirmar que a


razão histórica vai evoluindo até se aproximar ou não, da razão substantiva – a
razão social ou de estado vai se enfrentar à razão privada e instrumental?

Em 1870/1880 aparece a primeira resposta da razão social ou da razão de


estado, ou seja, de defesa da sociedade contra a ordem burguesa – o modelo
autorregulado de mercado – para que seja aplicado “mecanismos defensivos
da sociedade” contra a ideia de liberdade – refere-se à revolução francesa – e
uma ideia de progresso – refere-se à revolução industrial.

OBS: todos os pensadores morais e da filosofia do direito estão mais


preocupados com a revolução francesa.
Engels e Marx preferem ficar com a coisa da revolução industrial, por acharem
ser de maior importância a transformação das forças produtivas.

LIMITES DA LIBERDADE E DO PROGRESSO

A resposta social e política histórico – concreta só ocorre depois de 1870/1880.

Em todos os países do mundo ocidental relevantes – Europa – estão sendo


aplicadas leis de segurança social, em todos eles estão sendo discutido: saúde
pública, utilidade pública, e está sendo também discutido, agora na prática e
não somente na teoria: o que quer dizer “bem público”.

A força da necessidade histórico-concreta de todo tipo de sociedades


Europeias, enfrentadas pelos efeitos arrasadores que a disseminação da
revolução industrial, da mercadoria, etc... colocaram diante dos seus povos.
Todos! Reacionários, progressistas, socialistas, liberais, conservadores, todos
eles, invocam o estado, para que o mesmo contemple nos seus direitos, o
direito público – agora não mais reflexo da propriedade e da vida – como um
direito de regular as coisas e os homens para que eles não sejam destruídos
pela mão invisível.

Todos, tendo de governar as suas sociedades nacionais, pedem a intervenção


do estado para proteger as suas sociedades nacionais.

OBS: Isso em 1870/1880 não é explicável pela força das ideias da revolução
francesa.

São obrigados a editar leis sobre o público, e não sobre um estado de direito
em que a obediência as leis e a separação dos três poderes da república à
Montesquieu supostamente garantiriam tudo.

RAZÃO CRÍTICA: COMO UMA RAZÃO HISTÓRICA E COLETIVA (HEGEL E


MARX).

Não se trata de uma conspiração “antiliberal”. Os fundamentos filosóficos são


comuns a ideia de que o indivíduo é um produto social.

Em Marx: das relações sociais de produção da mercadoria.


Em Hegel: das relações sociais relacionadas com o poder, as leis, os códigos,
a vontade política. É a razão na sua concretude, no sentido de ser o suporte
material do estado.

Não há a menor possibilidade de que a felicidade, nesses autores, sejam as


somas das felicidades e liberdades particulares a serem garantidas ou
defendidas. A ideia deles não é de garantir a ordem existente, é de propor uma
nova ordem: fundada na razão ou na sociedade sem classes.

No caso de Hegel = o conceito – a razão – o espirito, se objetivando na


história.

No caso de Marx, o contrário = a objetividade material, levando a mercadoria à


relações sociais que ocultam o problema da submissão – por força do chamado
“livre contrato/liberdade – desvinculando o ocultamento e a mesma movendo-
se por negação.

Sendo assim, o “bem público” não pode ser garantido pelos interesses
particulares dos “homens de bem”. Portanto a oposição não e entre o estado
de natureza e sociedade civil, baseada no direito natural. A oposição é em
ambos, entre a sociedade civil e estado.

Para nenhum dos dois, os interesses da sociedade civil dão lugar a um pacto
social fundante de direito público. O pacto fundante do direito público na
filosofia moral escocesa e do jus naturalismo, é na verdade, um pacto social
que legitima o estado, no caso de Marx e Hegel não é o caso!

OBS: para Hegel, a razão só pode ir além do seu tempo, quando ela é posta
como um universal.

1. É comum a ideia de que o homem é sujeito da história, em ambos os


autores. É um sujeito portador de vontade e de razão e na sua
existência social. E ambas – a vontade e a razão – negam o real.
2. Através de uma consciência do ser humano como ser inalienável,
produz-se não uma moral – no sentido moralitas – como é a moral
particular dos escoceses até Kant. Mas produz uma ética, que rompe
com os códigos anteriores do direito que corporifica as relações dos
homens, em busca da liberdade com o estado. Para Hegel, o homem,
na sua luta coletiva, e no seu negar o código anterior, consegue
corporificar os novos códigos do avanço, da racionalidade no estado.
3. Tese: produz-se uma ética que rompe com os códigos anteriores do
direito, os aperfeiçoa e os corporifica no estado. Por que para Hegel o
estado é uma estrutura de suporte do direito.

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