Você está na página 1de 2

Fichamento/Falas – Apresentação

Obra: O Capital; capítulo I – A Mercadoria

Assim como em qualquer análise científica, o ponto central de estudo é objeto


e em Marx não poderia ser diferente. Pachukanis, autor que seguiu o legado deixado
pelo economista, nos mostra que, realizar a análise de fenômenos sociais envolve
subsumir aspectos simples aos mais amplos – como no caso dele, a relação jurídica –
dos abstratos aos concretos e assim sucessivamente como uma espécie de Química,
onde o átomo das reações é o ponto de partida para conhecer o restante. Essa herança
analítica, porém, não é mérito desse autor, mas sim, do próprio Marx. Para entender,
então, o sistema capitalista e as sociedades1 que nele se desenvolveram e se
enquadraram, devemo-nos ater ao que ele considera como mais simples dentro da
estrutura sistemática desse modo de produção: a mercadoria, tema esse tratado no
primeiro capítulo de sua obra.

A mercadoria, antes de tudo, pode ser definida como qualquer objeto externo,
dotado ou não de corporeidade, ou seja, tanto objetos físicos quanto ideias, conceitos
podem ser considerados mercadoria, que se propõe a satisfazer interesses humanos,
interesses esses “da alma e do estômago”. Para tanto, considera-se ela por 2 aspectos: o
de qualidade e o de quantidade. Ambos esses aspectos conduzem à duas espécies de
valor distintas que o autor denomina, respectivamente, valor de uso e valor de troca.
Pela primeira espécie, o que se entende é o conjunto material dos objetos, a sua
corporeidade e concretude que vinculam, com base nas necessidades humanas, algum
aspecto valorativo. Um alimento, por exemplo, é dotado de valor de uso a medida que
suas qualidades e aspectos tem utilidade ao ser humano por lhe proporcionar a
satisfação da fome.

1
Faz-se, no entanto, uma ressalva: a análise marxiana não se preocupa em fundamentar um
plano específico no espaço e tempo para projetar seu estudo. Ao analisar sociedades capitalistas, não se
seleciona estritamente uma única sociedade, mas, sim, cria-se um “ponto médio” do que se entende pela
expressão do capitalismo nas mais diversas sociedades. Não é um estudo de um sistema capitalista único,
de uma mercadoria específica, de uma sociedade isolada, é, assim, a compreensão, por via de regra, de
como esse sistema econômico se comporta na média das sociedades consideradas em dado tempo
histórico

Você também pode gostar