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Marx era contra os direitos humanos? Explique.


Na verdade, não. Existem certas contradições no que diz respeito à
interpretação de Marx sobre os Direitos Humanos. Diferente do que certos
autores mais liberais, ou até mesmo alguns marxistas creem, Marx não é
contra os Direitos Humanos, mas, sim, apresenta em sua análise uma crítica
aos limites desse, sem, portanto, desconsiderar a importância que esses
direitos tiveram no desenvolvimento social. Pode-se dizer ainda que, grande
parte dessa visão distorcida que cria um “Marx anti-humanista” é fruto de um
mal entendimento de suas obras, bem como algumas deturpações que o
próprio estalinismo e outros fizeram ao decorrer do tempo.
Explique a influência de Feuerbach no pensamento de Marx
Sendo inicialmente um adepto da filosofia hegeliana – essa de cunho idealista
e dualista – Marx, conforme entra em contato com movimentos socialistas e
operários na França e outras vivências em sua trajetória, acaba se deparando
com o materialismo filosófico, o qual tem como grande expoente Ludwig
Feuerbach. Esse momento de ruptura com Hegel levou Marx à tempos depois
escrever severas críticas ao filósofo idealista, mas como se deu a ruptura e
adesão à Feuerbach? Alguns preferem resumir a adesão ao materialismo como
uma simples virada do hegelianismo de cabeça pra baixo (“não mais o ideal
produz o material, mas, sim o material produz o real”), mas a influência de
Feuerbach vai além disso. Marx não só adere ao pensamento materialista
feuerbachiano, mas, também, utiliza desse para romper com os dualismos de
Hegel (Estado/Soc. Civil; Racional/Irracional) e, encontra também no autor
materialista, importantes conceitos no que tange alguns pontos teológicos
presentes na obra “A essência do cristianismo” do próprio Feuerbach. É ai que
Marx vai encontrar aspectos importantes sobre a própria essência humana que
seriam utilizados para realizar sua crítica aos Direitos humanos, por exemplo,
os conceito de falibilidade humana, carência e outros.
Como Marx analisa os "direitos do homem" afirmados na
Revolução Francesa?
Influenciado pelos conceitos de Feuerbach, especialmente no que tange os
efeitos da religião em sustentar a alienação do homem que, em si, é falho, finito
e carente, Marx vai dizer que os direitos dos homens e do cidadão,
especialmente esses direitos do homem, são direitos do campo privado e que
dizem respeito à segurana, liberdade e propriedade, os quais refletem o
egoísmo hobbesniano do individuo. São os direitos dos homens burgueses. É
ai nesses direitos que Marx dirá que o fechamento do homem em seu egoísmo
lhe relembra falibilidade e carência, o que pode, posteriormente, influenciar os
indivíduos à buscar a religião para sustentar tais pontos, haja vista que o
homem é finito

Qual é o papel dos "direitos do cidadão" em relação aos


"direitos do homem" segundo Marx?
De acordo com Marx, os direitos do cidadão dizem respeito as relações do
homem com o todo. São direitos públicos, do homem não egoísta. Esses, por
sua vez, são direitos que protegem os Direitos do homem, ou seja, defendem
os outros direitos individuais/egoístas. Nesse sentido, Marx dirá que, se o papel
desses direitos é o de garantir os demais direitos do homem, o primeiro
(Direitos do cidadão) só existe em função do segundo (Direitos do Homem),
não podendo se falar em direitos do cidadão sem que existe os direitos egoísta
do homem (liberdade, segurança e propriedade). Assim, marx faz uma crítica
ao afirmar que os direitos políticos/públicos se rebaixam para conservar os
direitos tidos como egoístas
Explique a diferença entre "emancipação política" e
"emancipação humana" na concepção de Marx

Ao analisar os produtos da Revolução Francesa, especialmente na questão


dos Direitos Humanos, Marx vai dizer que, apesar dos benefícios que esses
trouxeram, o efeito da revolução não significou nada mais do que uma
emancipação política, não uma emancipação humana: permaneceu-se a
dicotomia entre sociedade civil (o homem) e o Estado; concretizou a figura do
homem como egoísta, de modo que só importa a vida comunitária, na visão
desse indivíduo, quando em função de sua propriedade, liberdade e segurança.

Desse modo, para Marx, a emancipação não pode se limitar à politica: a


emancipação deve também ser humana. Essa emancipação humana é a
apropriação dos meios produtivos, é a superação do homem egoísta para o
homem comunitário. É nessa superação que se desfaz o dualismo
homem/estado (Soc.Civil/Estado), e, finalmente, se unificam ambos. A
emancipação humana é o que permite o homem atingir sua essência como
gênero humano universal e abstrato.

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