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Data: 05/04/2023
Tema:
“O caráter misterioso da forma-mercadoria consiste, portanto,
simplesmente no fato de que ela reflete aos homens os caracteres sociais de
seu próprio trabalho como caracteres objetivos dos próprios produtos do
trabalho, como propriedades sociais que são naturais a essas coisas e, por
isso, reflete também a relação social dos produtores com o trabalho total
como uma relação social entre os objetos, existente à margem dos
produtores. É por meio desse quiproquó que os produtos do trabalho se
tornam mercadorias, coisas sensíveis-suprassensíveis ou sociais. A
impressão luminosa de uma coisa sobre o nervo óptico não se apresenta,
pois, como um estímulo subjetivo do próprio nervo óptico, mas como forma
objetiva de uma coisa que está fora do olho. No ato de ver, porém, a luz de
uma coisa, de um objeto externo, é efetivamente lançada sobre outra coisa, o
olho. Trata-se de uma relação física entre coisas físicas. Já a forma-
mercadoria e a relação de valor dos produtos do trabalho em que ela se
representa não tem, ao contrário, absolutamente nada a ver com sua natureza
física e com as relações materiais [dinglichen] que dela resultam. É apenas
uma relação social determinada entre os próprios homens que aqui assume,
para eles, a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas. Desse modo,
para encontrarmos uma analogia, temos de nos refugiar na região nebulosa
do mundo religioso. Aqui, os produtos do cérebro humano parecem dotados
de vida própria, como figuras independentes que travam relação 206/1493
umas com as outras e com os homens. Assim se apresentam, no mundo das
mercadorias, os produtos da mão humana. A isso eu chamo de fetichismo,
que se cola aos produtos do trabalho tão logo eles são produzidos como
mercadorias e que, por isso, é inseparável da produção de mercadorias.”
O Capital, livro 1, Seção 1, cap.1, pp.147-8 (ed. Boitempo)
A FORMA-MERCADORIA E SUA RELAÇÃO COM O FETICHISMO NO
CAPITAL
Resumo
A partir da publicação do Capital, Marx é responsável pela fundação
de uma nova ciência que não mais separa a história dos homens da história
da natureza, revolucionando o pensamento econômico e político da época
com um novo sistema interconectado. Assim, permitindo que sua teoria
econômica levasse como base não apenas a produção, mas também as
relações sociais que caracterizavam a sociedade capitalista, visa revelar a lei
econômica que movimentava a sociedade moderna. Essa estrutura que
sustenta a sociedade capitalista é caracterizada pelo seu modo de produção
único, o qual busca a valorização do capital através da exploração do
trabalho. Portanto, é necessário entender a maneira por qual esse sistema se
articula, de forma que adquira um caráter abstrato real por qual a relação
entre as mercadorias receba uma autonomia sobre os homens, revestindo a
relação social desses através do fetichismo.
A autonomia do fetichismo
Conclusão
COHN, Gabriel. Sociologia para ler os clássicos. Rio de Janeiro: Azougue, 2005.
FAUSTO, Ruy. Marx: lógica e política. 2ª edição. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987
LUKÁCS, Georg. História e Consciência de Classe: estudos sobre a dialética
materialista. Trad. Rodnei Nascimento. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Livro I. Trad. Reginaldo
Sant’Anna. São Paulo: Boitempo, 2013.