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Capítulo 1 e Capítulo 2
A totalidade, diz o autor, não deve ser pensa em ato, como uma totalidade movente,
mas pela articulação entre pensamento e ação. Ela é uma exigência prática da razão, na
medida em que pretende capturar o movimento processual da realidade histórica, em sua
sincronia e diacronia, inserindo os elementos particulares em processos históricos articulados.
Assim, é necessária uma articulação dos diversos campos de investigação, articulação não
apenas mecânica, mas pela reelaboração teórico-metodológica cuja totalidade adquire um
papel central.
Dessa maneira, totalidade não nos é apresentada como uma totalidade metafísica, mas
uma totalidade empírica, “uma reunião de fatos que conhecemos”, na medida em que cada
fato particular deve ser inserido como momento inscrito na história. Dito de outra maneira, a
totalidade é uma construção intelectiva – uma unidade entre pensamento e ação.
É a partir dessas relações objetivos que o trabalho adquire uma determinada forma
simbólico-cognitiva, constitui uma consciência invertida. O caráter social dos trabalhos é
apreendido subjetivamente apreendido como um produto útil para os outros, o caráter
socialmente igual dos trabalhos diferentes é apreendido como igualdade de valores entre os
produtos uteis, traduzido em sua intercambialidade. Dessa maneira, o fetiche é tanto a forma
de subjetividade da sociedade capitalista quanto a forma de objetividade, e caracterizada pela
autonomização e “socialização” dos produtos da atividade humana, nas relações produtivas,
dando origem a uma atitude contemplativa e exterior a ela mesma.
Assim, o processo de racionalização não vai das ciências para a realidade, mas dos
processos materiais para a consciência, o pensamento, e a ciência. Segundo Lukács, quando
mais as ciências se desenvolverem, mais elas virarão as costas para os problemas ontológicos
que as formaram, se configurando como um sistema fechado de leis parciais. A formalização,
a racionalidade instrumental – a racionalidade burguesa – torna-se, dessa forma, um problema
prático e teórico. Isto é, nas práticas, a racionalidade formalista ofusca os processos reais e
concretos da produção, ocultando, por exemplo, a exploração capitalista e adequando a atitude
dos trabalhadores à ordem burguesa. Teoricamente, as ciências e a filosofia burguesa nada
pode fazer para superar a fragmentação da realidade, pelo contrário, somente contribuir para
aumenta-la.