Poucas vezes um livro foi gerado em condições tão adversas para seu
autor. Além da miséria material, Marx também fora acometido por uma série
de doenças, entre elas terríveis furúnculos, que o levaram certa vez a afirmar:
“em qualquer caso, espero que a burguesia se lembre de meus furúnculos até
que chegue a hora dela. Maldita seja!”
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relações entre pessoas só podem se expressar através de coisas. Em “O
Capital” acompanhamos a trama fantasmagórica da Mercadoria, do Dinheiro e
do Capital.
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Conversão aqui tem claramente uma conotação religiosa.
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dinheiro é a negação do trabalho concreto, em favor do trabalho abstrato, o
dinheiro é a negação do trabalho útil, em favor do trabalho genérico. O dinheiro
é o sensível-suprassensível da riqueza e mesmo que imprestável do ponto de
vista da satisfação das necessidades humanas, ele é objeto de culto e
adoração, ele é o verdadeiro Cristo encarnado.
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[…] aqui ele se apresenta, de repente, como uma substância
em processo, que move a si mesma e para a qual mercadorias
e dinheiro não são mais do que meras formas. E mais ainda:
em vez de representar relações de mercadorias, ele agora
entra, por assim dizer, numa relação privada consigo mesmo.
Como valor original, ele se diferencia de si mesmo como mais-
valor, […]. O valor se torna, assim, valor em processo, dinheiro
em processo e, como tal, capital. (MARX, 2013, p. 230-231).
Referências
MARX, Karl. Grundrisse. Tradução: Mário Duayer; Nélio Schneider. São Paulo:
Boitempo; Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2011.