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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Centro de Tecnologia
Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia para o Desenvolvimento Social
Teoria Crítica da Tecnologia Social

Fichamento

MARCUSE, Herbert. A ideologia da sociedade industrial: o homem unidimensional. Tradução


de Giasone Rebuá. 1973. [Do pensamento Negativo para o Positivo: Racionalidade
Tecnológica e a Lógica da Dominação, pp. 142-162].

Substituição na base da dominação da dependência do pessoal para a ordem objetiva das


coisas. “Ordem objetiva das coisas” torna-se a base da dominação do homem pelo homem na
sociedade governada pela razão tecnológica. Seu efeito produz uma escravização progressiva
do homem por um aparato produtor que perpetua a luta pela existência.

Dominação gera mais racionalidade. A racionalidade estabelecida, correspondendo à realidade


em questão, tornam o pensamento e comportamento expressam uma falsa consciência. E esta
consciência se corporificou no aparato técnico.

A lógica da racionalidade mostra que a desumanização está na humanização, que a


escravização na libertação. Contudo, está é uma dinâmica da realidade, não da mente, mas
que a mente científica contribuiu ao unir razão teórica e razão prática.

Papel decisivo do pensamento científico ao unir razão teórica e razão prática. A luta pela
existência e a exploração do homem e da natureza se tornaram cada vez mais racionais.

Ao mesmo tempo que a ciência contribuiu para o aumento da produtividade e da elevação do


padrão de vida, também contribui para justificar a absolver as maiores injustiças deste sistema
produtivo.

A racionalidade e a manipulação técnico-científica estão fundidas em novas formas de controle


social.

Isto decorre da concepção do pensamento científico como algo objetivo e neutro, desprovido
de valores morais e da ética. O verdadeiro conhecimento e a verdadeira razão exigem o
domínio sobre os sentidos, se não mesmo a libertação deste.

Ruptura, desde período clássico, entre Logos e Eros, com supremacia do primeiro pelo
segundo. Valores são tratados como aspectos subjetivos da realidade e por isso menos
importantes os assuntos reais da vida. O bem e o belo, a paz e a justiça, uma vez que não são
extraídos de uma base científica-racional, não podem ser universalizados.

Porém, cada vez mais a objetificação do mudo depende do sujeito. A natureza matematizada, a
realidade científica parece ser cada vez mais ideacional. Não que a realidade seja posta em
dúvida, todavia trata-se para a filosofia da física uma questão sem importância e sem resposta.
A separação entre sujeito e objeto torna-se gradativamente enfraquecida a partir da realidade
da Razão.

O a priori tecnológico (?): predeterminação da experiência. É um a priori político. A


transformação da natureza é a do homem e as criações de autoria do homem, partem de um
conjunto social e reingressam nele. A apreensão da natureza como como instrumento de
controle e organização precede o desenvolvimento de toda organização técnica particular
(Diferença para Marx??).

Marx, o modo de produção é o fator histórico básico, para Marcuse, a técnica, ao se tornar
forma universal de produção material, circunscreve toda uma cultura, projeta uma totalidade
histórica.

Marcuse discorda de que haja uma distinção entre ciência pura e ciência aplicada. A ciência
pura não conserva sua validez independentemente de sua utilização e a neutralidade essencial
da ciência não é extensível a técnica. A máquina não é indiferente aos usos sociais que lhe são
dados. Há uma relação mais estreita entre a ciência e a sua aplicação.

Rodrigues, Davi 1
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia para o Desenvolvimento Social
Teoria Crítica da Tecnologia Social

Tecnologia como forma de controle e dominação social. O método científico levou a dominação
do homem pelo homem através da dominação da natureza. A dominação se perpetua não
apenas através da tecnologia, mas como tecnologia.

A racionalidade científica favorece uma organização social específica, pois projeta mera forma
e pode ser utilizada com qualquer finalidade.

A racionalidade científica possui um caráter instrumentalista interno em virtude da qual ela é o


a priori de uma tecnologia específica, a tecnologia como forma de controle de dominação
social. Os princípios da ciência moderna serviram como instrumentos conceituais para um
universo produtor automotor.

A ciência tem uma função estabilizadora, estática e conservadora. A revolução de suas


hipóteses está contida em seu método e por isso reproduz a mesma experiência básica. O
método científico está carregado de uma subjetividade histórica. Em virtude de seu próprio
método e de seus conceitos a ciência projetou um universo no qual a dominação da natureza
permanece ligada a dominação do homem.

Nesse universo a tecnologia também garante a grande racionalização da não-liberdade do


homem. A força libertadora da tecnologia se torna o grilhão da libertação, a instrumentalização
do homem. Este conteúdo político do logos da técnica liga o projeto científico com um projeto
social específico, mas, segundo Marcuse (1973) não é suficiente para estabelecer a validez
sócio-lógica do projeto científico. O autor apresenta os argumentos biológicos-psicológico de
Piaget, que fundamenta o método científico em uma condição biológica/hereditária e de
Husserl, que argumenta por uma ciência baseada em um processo sócio-histórico no qual a
ciência matemática constitui-se em um véu de símbolos que representaria e esconde o mundo
da prática.

A ciência, em virtude de seu método, promoveu um universo no qual a dominação da natureza


permaneceu ligada à do homem. A natureza, cientificamente compreendida e dominada,
reaparece no aparato técnico da produção e destruição que mantém e aprimora a vida dos
indivíduos enquanto os subordina aos senhores do aparato. A hierarquia racional se funde com
a social.

A mudança em direção ao progresso representaria uma mudança na estrutura do projeto


científico. A sociedade racional subverte a ideia de razão.

Rodrigues, Davi 2

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