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Mestrado Profissional – ProfEPT

Disciplina de Bases conceituais da


Educação Profissional e Tecnológica

Professor Edilberto F Syryczyk


Porto Velho - RO
1. O que é Ciência? Como defini-la?
 Toda a gama de conhecimentos produzidos ao longo da história da humanidade através
de experiências remotas até a atualidade nos âmbitos da cultura, da linguagem, da
economia (o trato com a natureza) e da sociedade.

 Ciência é algo extremamente instável e que nos provoca a todo instante a mudança de
paradigmas. Num contexto lato sensu percebemos sua ligação a métodos de
experimentação/observação entre outros com análises quantitativas e qualitativas e
que após sua sistematização e considerações finais (sujeitas a revisões) poderão
colaborar para o progresso tanto das relações sociais quanto para a interação destes
homens com o meio.

 Ciência é uma das formas de conhecimentos produzidas pelo ser humano(homem), ao


longo da história , uma tentativa de entender e explicar racionalmente a natureza e
seus fenômenos.

 Produção de conhecimento para a satisfação de alguma necessidade. Para responder


aos questionamentos e inquietações, através de metodologia que aproxime o
conhecimento adquirido ao máximo daquilo que realmente é, o que não assegura que
aquela "verdade" adquirida não possa se transformar com o decorrer do tempo ou com
mudança de ambiente. Pode partir de uma idéia, um pensamento ou da observação de
uma realidade
Syryczyk, E. F. 2
2. O que podemos entender por Pesquisa?
 A utilização de conhecimentos específicos e estruturados é mais comum quando
realizamos pesquisas científicas, mas podem ser utilizados também no
cotidiano. Grande parte das pesquisas realizadas no dia-a-dia são realizadas de
forma tão espontânea que não obedecem a orientação de conhecimentos
específicos e estruturados.

 Pesquisa por levar ao conhecimento científico esteja intrinsecamente relacionada


com a ideia de progresso.

 Pesquisar é buscar o novo, o intangível, o inalcançável. Isso pode ser feito pelo
caminho do método cientifico ou não. Pesquisar é dar vazão à curiosidade
humana inata, a ânsia por respostas.

 Reunir informações, fatos ou fazer experimentos sobre um assunto/objeto para


depois analisá-los e chegarmos a uma conclusão. Reunião de informações ou
experimentação, isso não é pesquisa? Somente podemos chamar de pesquisa o
processo formal de investigação?

 Pensem no processo de acreditação do conhecimento...


Syryczyk, E. F. 3
3. E a Epistemologia ...?
 Significa ciência, conhecimento, podemos
conceituar como estudo científico que trata de
questões que possuem relação com a crença e
o conhecimento, no próprio conhecimento, a
natureza do conhecimento e suas limitações.

 Surgiu a partir de Platão quando diz que


conhecimento é o conjunto de todas as
informações que descrevem e explicam o
mundo natural e social ao redor.

Syryczyk, E. F. 4
3. E a Epistemologia ...?
 É conhecida como teoria do conhecimento, envolve a possibilidade do
conhecimento, se é possível o ser humano alcançar o conhecimento
pleno, puro.

 Ela provoca duas posições:


a) Uma empirista que diz que o conhecimento deve ser baseado
nas experiências vividas, e...
b) Uma racionalista que defende que a fonte do conhecimento está
na psique, na razão.

 Busca estudar os meios de validação do conhecimento científico...?

 Teorias do conhecimento.

 (Perguntas para moodle).

Syryczyk, E. F. 5
4. Principais correntes epistemológicas
voltadas ao estudo e organização social
 Positivismo: Corrente de pensamento que entende que o conhecimento
verdadeiro só é possível de se obter por meio da observação e da aferição
empírica do mundo.

 Fenomenologia: Na visão de mundo fenomenológica, são privilegiados


conceitos como intencionalidade do sujeito na apreensão do objeto, vivência, e
redução à essência; a ideia de que a consciência não existe separada dos
objetos, posto que é sempre consciência de alguma coisa (que lhe dá
significado), e que o objeto deve ser compreendido pelo desvelamento de
sucessivos perfis, de variadas perspectivas.

 Materialismo histórico dialético: Defende que as mudanças sociais que se


passam no decorrer da história de uma sociedade não são determinadas por
ideias ou valores. Mas, são influenciadas pela realidade material, isto é, a
situação econômica dos atores da sociedade em questão. No materialismo
histórico, as respostas para os fenômenos sociais estão inseridas nos meios
materiais dos sujeitos, diferentes situações materiais, moldam diferentes
sujeitos.

Syryczyk, E. F. 6
5. Materialismo Histórico e Marx
A gênese do pensamento de Marx, ou
embrião do materialismo
a) Modo-de-produção: é o conjunto das forças produtivas e das
relações de produção que definem a organização econômica,
social e política de uma época.
b) Relações de produção: são, essencialmente, as relações de
propriedade e a forma com que a renda é distribuída entre os
membros da sociedade.
c) Infra-estrutura: é a base material da sociedade (relações de
produção e as forças produtivas)
d) Superestrutura: é o conjunto das instituições políticas,
jurídicas e ideológicas, dentre as quais se inclui o ESTADO

Syryczyk, E. F. 7
5. A origem do Materialismo Histórico
1) Materialismo Histórico

 A base material da sociedade determina, em última instância, a


superestrutura (Política, Direito, Ideologia)
 Obs: Até mesmo Marx e Engels relativizaram o conceito.

 Para ele, o estado é entendido como instrumento da classe


dominante, onde a função é coordenar seus interesses, e o
define como: conjunto de instituições políticas que concentram o
máximo da força impositiva e disponível em uma sociedade.

Syryczyk, E. F. 8
5. Como se dá no Materialismo Histórico

 a) produção :
Pode ser visto como um ato histórico, já que por meio atividade produtiva
cria-se a ordem social, reproduzida e continuamente recriada

 b) As necessidades humanas:
Não são exclusivamente biológicas, não são fixas, admitem subjetividade,
sensibilidade, homem as satisfaz, cria e recria.
Relações H versus N e H versus H se aprimoram por meio da Praxis social.

 c) A consciência humana:
Se orienta pela praxis social: não é a consciência do homem que define o
que ele é, e sim, o seu ser social que define a sua consciência.
Em outras palavras, a consciência humana é governada pela atividade
humana: na sociedade e em interação com a sociedade
Syryczyk, E. F. 9
5. O conceito de classes sociais para Materialismo
 c) A sociedade: Tem como base de sustentação a infra estrutura.
(forças e relações de produção)

 d) A partir dessa base desenvolve se a superestrutura:


Sistema de relações sociais que formada por relações jurídica, política,
filosófica, religiosa, e outras.
Para que faz parte da superestrutura idéias dominantes são idéias da classe
dominante, que é capaz de se apropriar tanto dos meios de produção
material (econômica) quanto dos meios de produção intelectual

 e) Infra estrutura e superestrutura: se relacionam por mecanismos de


mediação da estrutura de classes sociais, instrumento que formaliza o
sistema de dominação de classes da nossa sociedade hoje.

Syryczyk, E. F. 10
Marx: A luta de classes é o motor
da história

 A dominação de classes imposta pelo


estado não se limita à coerção mas
também por consentimento, quando isso
ocorre surge o conceito de hegemonia.

Syryczyk, E. F. 11
6. Hegemonia segundo Antonio
Gramsci
 Hegemonia significa que a dominação de classe se baseia não
apenas na coerção, mas também na imposição cultural e
ideológica de uma classe sobre outra. O caso da política junta
força e consenso.

 Gramsci propõe que a luta de classes acontece em nível


ideológico, político e cultural e que a revolução deve ser
buscada gradualmente, explorando todos esses níveis para que
se forme um consenso e uma hegemonia da classe
trabalhadora.

Syryczyk, E. F. 12
6. Instrumentação das classes para
conseguir hegemonia

Instrumentos da Instrumentos do
burguesia capitalista proletariado

Parlamentarismo, partidos conselhos operários,


liberal-democráticos, sindicatos, partido
opinião pública com os revolucionário.
grandes órgãos de
informação, apoio estrutural
do mercado e da
organização fabril.

Syryczyk, E. F. 13
6. Gramsci... e a hegemonia.
 Podemos dizer que este era o projeto revolucionário de
Gramsci como um todo, é possível dizer que todo ele se
coloca na dimensão cultural e ideológica. Como Gramsci
é um pensador Marxista, ele vai partir do princípio que
esta revolução mesmo sendo cultural, irá acontecer a
partir de elementos concretos da realidade. Assim, este
projeto de revolução cultural no qual a classe
trabalhadora assumiria o controle da sociedade ocorre
apoiado em dois suportes:

 1) A escola unitária.
 2) O intelectual orgânico;

Syryczyk, E. F. 14
6. A Escola Unitária– de Gramsci
 Gramsci entendia que a educação,
especialmente a educação escolar tinha um
papel fundamental na construção dos
consensos de opiniões, formas de pensar e de
agir presentes nas culturas ocidentais.

 Devido a isto, propõe que a escola seja um


instrumento de transformação social que possa
conduzir as massas à revolução cultural por ele
pretendida.

Syryczyk, E. F. 15
6. A Escola Unitária– de Gramsci
 Na escola unitária ocorreria um processo
educativo diferente daquele observado nas
escolas de sua época. Neste sentido cabe
indicar que Gramsci propunha que a escola
trabalhasse os conteúdos nela presentes em
duas direções:

a) Eliminando a separação entre trabalho


intelectual e trabalho manual
b) Trabalhando a dimensão política da sociedade

Syryczyk, E. F. 16
6. A Escola Unitária: Eliminando a separação
entre trabalho intelectual e trabalho manual

 Seria possível caso existisse um


currículo que privilegiasse tanto as
matérias escolares "clássicas"
(matemática, ciências, história...)
quanto conteúdos ligados à preparação
para o trabalho, reduzindo assim
(segundo ele) as distâncias culturais
entre a valorização do trabalho
intelectual e a valorização do trabalho
manual.
Syryczyk, E. F. 17
6. A Escola Unitária: Trabalhando a
dimensão política da sociedade
 Um dos objetivos desta escola seria o de que todos
tivessem uma mesma cultura, independentemente de
sua origem social (neste sentido deve-se destacar que o
autor propunha uma escola estatal, pública e gratuita,
porém obrigatória a todos).

 Com isto, tendo a escola conteúdos políticos ligados à


ideia de revolução cultural, por intermédio dela as
massas iriam transformando sua cultura, assim como na
própria escola seriam formados os intelectuais orgânicos
responsáveis por conduzir o processo revolucionário.

Syryczyk, E. F. 18
6. A Escola Unitária: Trabalhando a
dimensão política da sociedade
 Devido a estes fatores, é possível afirmar que
a proposta de escola de Gramsci é
simultaneamente única e unitária.
 Ela é única do ponto de vista das pessoas que
a frequentariam, as quais seriam de todas as
classes sociais, e ...
 ...é unitária do ponto de vista do
conhecimento nela transmitido, o qual não faz
mais uma separação entre a formação para o
trabalho e a formação intelectual clássica.

Syryczyk, E. F. 19
6. O intelectual orgânico – de Gramsci

 Com base no contexto da escola unitária


é possível dizer que ao formar
intelectuais orgânicos e ao eliminar a
ideia de uma diferença de valor entre as
classes trabalhadoras (intelectuais e
trabalhadores manuais) a escola unitária
seria o elemento central na Teoria Social
Revolucionária de Antonio Gramsci.

Syryczyk, E. F. 20
6. Quando a hegemonia entra em crise

 Ocorre quando...
a) as classes sociais se separam de seus
partidos políticos em razão de atos
impopulares das classes dirigentes ou ...
b) do intensificado ativismo político de massas
anteriormente passivas.
c) Crise de autoridade por perda de consenso
em torno da classe dirigente

Syryczyk, E. F. 21
6.1. Ideologia
 Só existe prática através e sob uma ideologia.
 Só existe ideologia através do sujeito e para sujeitos.

 A categoria sujeito só é constitutiva de toda a ideologia, na


medida em que toda ideologia, tem por função (que a define)
constituir os indivíduos concretos em sujeitos.

 O conjunto de fatores, idéias e argumentos usados para


defender a supremacia de quem é dominante, de quem faz uso
do poder econômico dizemos que esta é uma ideologia de
burguês.

 Enquanto o conjunto de fatores, idéias e argumentos usados


para defender a necessidade de revoluções para melhor
equalização social e distribuição de renda de quem é
dominado, dizemos que esta é uma ideologia de proletário ou
ideologia socialista. Syryczyk, E. F. 22
 Os AIE representam a forma na qual a
ideologia da classe dominante deve
necessariamente realizar-se, e a forma com
a qual a ideologia da classe dominada deve
necessariamente medir-se e afrontar-se, as
ideologias não nascem nos AIE, mas das
classes sociais envolvidas na luta de
classes: das suas condições de existência,
das suas práticas, das suas experiências de
luta, etc.

Syryczyk, E. F. 23
Ideologia

Escola
Família

Igreja
Sindicato

Syryczyk, E. F. 24
7. IDEOLOGIA E APARELHOS
IDEOLÓGICOS DO ESTADO

Louis Althusser

Syryczyk, E. F. 25
LOUIS ALTHUSSER

Nascimento: 1918, Biermandrais, Argélia


Falecimento: 22/10/1990, Paris, França

Filósofo e escritor teórico marxista,passa a 2ª guerra


mundial num campo de concentração alemão;
influência explosiva no movimento estudantil (1968);
maníaco-depressivo, estrangula a mulher (1980),
sendo internado.

Syryczyk, E. F. 26
O que é uma sociedade
 Superestrutura ou instâncias jurídico-
políticas e a ideologia

 Infraestrutura ou base econômica

Syryczyk, E. F. 27
 É a partir da reprodução que é
possível pensar o que caracteriza
o essencial da existência e
natureza da superestrutura.

Syryczyk, E. F. 28
TEORIA DO ESTADO
 Poder de Estado (conservação e tomada do
poder de Estado)

 Aparelho de Estado (pode manter-se inalterado


mesmo com a tomada de poder do Estado)

 O Estado se insere nas e se define pelas relações


de classe, ao mesmo tempo em que é um fator de
coesão e regulamentação do sistema social no qual
funciona (CARNOY, p.129)

Syryczyk, E. F. 29
Aparelhos de Estado

 Aparelho Repressivo de Estado (ARE) –


Funciona prevalentemente pela violência,
embora possa se revestir de formas não físicas.
Compreende: o governo, a administração, o
exército, a polícia, os tribunais, as prisões, etc.

 É unificado e pertence ao domínio do público.

Syryczyk, E. F. 30
Aparelho Ideológico do Estado

 Aparelho Ideológico do Estado (AIE)


Funcionam prevalentemente pela
ideologia. (religioso, escolar, familiar,
jurídico, político, sindical, de
informação, cultural).

 Existe uma pluralidade de AIE e


pertence ao domínio privado.
Syryczyk, E. F. 31
Aparelhos de Estado
 Há uma atuação prevalente e outra secundária
tanto no Aparelho Repressivo de Estado,
quanto no Aparelho Ideológico do Estado.

 Nenhuma classe pode duravelmente deter o


poder de Estado sem exercer
simultaneamente a sua hegemonia sobre os
Aparelhos Ideológicos do Estado.

Syryczyk, E. F. 32
Como é assegurada a reprodução
das relações de produção?
 Pela superestrutura jurídico-política e
ideológica ou pelos AE e os AIE.

 É por intermédio da ideologia dominante que é


assegurada a harmonia (por vezes precária)
entre o aparelho repressivo de Estado e os
Aparelhos Ideológicos de Estado.

 Os AIE podem ser não só o alvo mas também o


local da luta de classes.

Syryczyk, E. F. 33
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
 Para existir, toda a formação social
deve, ao mesmo tempo que produz, e
para poder produzir, reproduzir as
condições de sua produção. Deve pois
reproduzir:

 As forças produtivas
 As relações de produção existentes

Syryczyk, E. F. 34
 Não é ao nível da empresa que a reprodução
das condições materiais da produção pode ser
pensada, porque não é na empresa que ela
existe nas suas condições reais.

 O que se passa ao nível da empresa é um


efeito, que dá apenas a ideia da necessidade
da reprodução, mas não permite de modo
algum pensar-lhe as condições e os
mecanismos.

Syryczyk, E. F. 35
Como é assegurada a reprodução da força de
trabalho?

 É assegurada dando à força de trabalho o meio


material de se reproduzir: o salário.

 A força de trabalho deve ser (diversamente)


qualificada e portanto reproduzida como tal.
Diversamente: segundo as exigências da
divisão social-técnica do trabalho, nos seus
diferentes postos e empregos.

Syryczyk, E. F. 36
Como a reprodução da qualificação (diversificada)
da força de trabalho é assegurada no regime
capitalista?

 Fora da produção: através do


sistema escolar capitalista e outras
instâncias e instituições.

Syryczyk, E. F. 37
O que se aprende na escola?
 Aprende-se a ler, a escrever, a contar, -
portanto algumas técnicas, e ainda muito mais
coisas, inclusive elementos (que podem ser
rudimentares ou aprofundados) de cultura
científica ou literária diretamente utilizáveis
nos diferentes lugares da produção (uma
instrução para operários, outra para os
técnicos, uma terceira para os engenheiros,
uma outra para os quadros superiores, etc.).
Aprendem-se portanto saberes práticos.

Syryczyk, E. F. 38
 Ao mesmo tempo que ensina estas técnicas e
estes conhecimentos, a Escola ensina também
as regras dos bons costumes, isto é, o
comportamento que todo o agente da divisão
do trabalho deve observar, segundo o lugar
que está destinado a ocupar: regras da moral,
da consciência cívica e profissional, o que
significa exatamente, regras de respeito pela
divisão social-técnica do trabalho, pelas regras
da ordem estabelecida pela dominação de
classe.

Syryczyk, E. F. 39
 Ensina também a bem falar, a redigir
bem, o que significa exatamente
(para os futuros capitalistas e para os
seus servidores) a mandar bem, isto
é, (solução ideal) a falar bem aos
operários.

Syryczyk, E. F. 40
 A reprodução da força de trabalho exige
não só uma reprodução da qualificação
desta, mas, ao mesmo tempo, uma
reprodução da submissão desta à ideologia
dominante para os operários e uma
reprodução da capacidade para manejar
bem a ideologia dominante para os agentes
da exploração e da repressão, a fim de que
possam assegurar também, pela palavra, a
dominação de classe dominante.

Syryczyk, E. F. 41
8. A relação Trabalho e Educação:
tendências e concepções
Abordagem da Economia da
Educação
 A área de educação e trabalho surge no Brasil, a partir da
crítica a esse campo, difundido a partir da Teoria do capital
Humano;
 Essa teoria se desenvolve no Brasil nos anos 60, cuja palavra
de ordem era a ‘racionalização’ do sistema produtivo e dos
demais setores da vida social, através do desenvolvimento
tecnológico e da administração científica;
 Era preciso disseminar uma ideologia que mostrasse que o
sacrifício era temporário e que assim que se obtivesse maiores
taxas de crescimento econômico, a sua distribuição favoreceria
a todos. Simultaneamente, ela deveria apontar caminhos
individuais, para o atingimento de níveis mais altos de renda -
a qualificação profissional - que aumentando a produtividade,
causaria elevação do salário.

Syryczyk, E. F. 43
9. A Teoria do Capital Humano

O valor econômico da educação


T. Shultz
9. A Teoria do Capital Humano
 Ao longo de vários anos de pesquisa, Schutz começa a
constatar que quanto maior a riqueza de um país, maior
o nível de instrução de sua população, e melhor
conseqüentemente a sua situação de ensino.
Observando sistematicamente este dado em todos os
países investigados. (década de 50)

 Schutz acaba por perceber que a Educação era o fator


que fazia a diferença no que diz respeito à riqueza de um
país, pois alguns dos países mais pobres possuíam
grande volume de recursos e riquezas naturais (por
exemplo: a África do Sul era o País com maior produção
mundial de diamantes e sua renda per capita era muito
inferior à da Suíça que não produz um diamante sequer).
Syryczyk, E. F. 45
9. A Teoria do Capital Humano
 Com base nestas constatações, Schutz afirma que há
efetivamente uma relação entre escolarização e riqueza.

 A partir destes estudos, alguns anos mais tarde ele (e alguns


outros continuadores desta linha de pesquisas) decide
investigar também a relação entre escolarização e riquezas
e acaba por descobrir igualmente que, em muitos países do
mundo, quanto mais anos de estudo maior a tendência para
que o sujeito acumule um patrimônio individual, de forma que,
...

 ... por analogia ao capital econômico (podemos conceituar


como algum elemento produtor de riqueza que rende lucros
periódicos para quem o possui) haveria um outro tipo de
capital: o capital humano.
Syryczyk, E. F. 46
9. Como se define este Capital Humano

 O Capital Humano é assim a soma dos investimentos do


indivíduo em aquisição de conhecimentos (capital este
adquirido em sua quase totalidade nas escolas e
universidades) e que a qualquer momento reverte em
benefícios econômicos para o próprio indivíduo (por exemplo,
na posse de melhores empregos e vantagens na aquisição de
novas aprendizagens para o mercado de trabalho).

 Este capital, diferentemente do capital econômico, não pode


ser roubado ou transferido, vindo a constituir um bem pessoal
que acompanha o sujeito durante toda a vida e que de alguma
forma influencia em sua trajetória social e econômica.

Syryczyk, E. F. 47
Alguns conceitos fundamentais
 O conceito de capital humano se constitui no construtor básico da
economia da educação e encontra campo próprio para o seu
desenvolvimento no bojo das discussões sobre o crescimento
econômico. A preocupação básica ao nível macroeconômico é a análise
dos nexos entre os avanços educacionais e o desenvolvimento
econômico de um país;

 Shultz, (1973) um dos pioneiros da divulgação da teoria, ganha o


Prêmio Nobel de economia em 1979. O conceito de capital humano,
complementa os fatores explicativos do desenvolvimento econômico,
explicando a alta de salários do fator trabalho nos países desenvolvidos
e explicar, a nível individual, os diferenciais de renda. A educação é o
principal capital humano enquanto concebida como produtora de
capacidade de trabalho, potencializadora do fator trabalho. Nesse
sentido, é um investimento como qualquer outro.

Syryczyk, E. F. 48
Alguns elementos de crítica:
 A Teoria do capital humano - indica ser a escola um dos fatores
mais importantes para a determinação da renda e da ocupação
futuras e até mesmo do acesso a estudos posteriores. A
ideologia da associação da mobilidade social à maior
escolaridade parece fundamentada na realidade empírica,
entretanto, os jovens adquirem muitas habilidades e
competências cognitivas também fora da escola e isto está
relacionado à classe social da criança.(Carnoy);
 Representa a forma como a visão burguesa reduz a prática
educacional a ‘um fator de produção’, a uma questão técnica, o
que é determinante passa por uma metamorfose e se constitui
em determinado (Frigotto);
 No campo da educação o desenvolvimento com segurança
exigia o aumento da produtividade do sistema de ensino, pela
via da racionalização, como resposta à sua ineficácia.(Kuenzer)

Syryczyk, E. F. 49
Abordagem Crítico-Reprodutivista
 A partir de meados da década de 70, começam as críticas às
teorias de educação predominantes: teoria do capital humano
e a tecnologia educacional, mostrando que esta abordagem ao
subordinar a educação ao desenvolvimento econômico, era
funcional ao desenvolvimento do sistema capitalista, uma vez
que através da qualificação da força de trabalho, a escola
concorria para a sua maior exploração mediante o incremento
da produção da mais-valia;
 Essa teoria é fortemente influenciada pelos estudos de L.
Althusser ‘Ideologia e aparelho ideológicos do Estado’ e da
obra ‘A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de
ensino’ de P. Bourdieu & J.C. Passeron.

Syryczyk, E. F. 50
10. O modelo da competência
 A discussão internacional sobre o conceito de
competência surgiu junto às mudanças do paradigma de
produção nos anos oitenta. Teve suas origens em um
discurso empresarial e foi ampliada, criticada,
concretizada por economistas e sociólogos.

 Hoje existem pesquisas empíricas na sociologia do


trabalho que analisam as mudanças ocorridas nos
processos de produção à luz dos interesses dos
trabalhadores e seus sindicatos, objetivando conhecer
melhor o sistema de "produção flexível".

Syryczyk, E. F. 51
10. O modelo da competência
 Zarifian discute as mudanças nas novas competências
profissionais; em sua análise sobre as mudanças no
trabalho, ele enfatiza a necessidade de combinar
futuramente as áreas de produção e de serviço.

 O profissional do futuro precisa de um conhecimento


integral da totalidade da produção, das unidades da
empresa até o atendimento ao cliente.

 Nesse lógica o trabalho tem que ser organizado em


equipes que interagem em redes e tenham maior
autonomia que na produção taylorista.

Syryczyk, E. F. 52
10. O modelo da competência
 Na classe burguesa estas competências se desenvolvam
desde as relações sociais e familiares que viabilizam o
desenvolvimento das linguagens, do raciocínio e o
acesso à produção cultural (formação dominante),
mesmo assim, não isenta da educação escolar.

 Já para os que vivem das diferentes formas de trabalho,


onde a precarização econômica dificulta o acesso à
produção cultural dominante, a escola passa a ser
espaço fundamental para a aquisição dos conhecimentos
que permitam o desenvolvimento das competências
requeridas para a inclusão na vida social e produtiva.

Syryczyk, E. F. 53
10. O modelo da competência
 A partir das mudanças ocorridas no mundo do trabalho,
ao se pretender a inclusão: o domínio do conhecimento
articulado ao desenvolvimento das capacidades
cognitivas complexas, Zarifian registra uma nova
dimensão que confere um novo significado ao conceito
de competência, o sujeito conseguia apreender as
competências relativas ao domínio teórico.

 E é por esta razão que as grandes centrais sindicais têm


chamado a si esta discussão, incluindo em seus
programas a certificação por competências, como uma
forma de reconhecimento e validação dos saberes
desenvolvidos ao longo das trajetórias laborais.

Syryczyk, E. F. 54
10. O modelo da competência na educação

 No âmbito da educação, a escola é o lugar de aprender a


interpretar o mundo para poder transformá-lo, a partir do
domínio das categorias de método e de conteúdo que inspirem
e que se transformem em práticas de emancipação humana
em uma sociedade cada vez mais medida pelo conhecimento.

 Já o lugar de desenvolver competências, que por sua vez


mobilizam conhecimentos, mas que com eles não se
confundem, é a prática social e produtiva.

 Confundir estes dois espaços, proclamando a escola como


responsável pelo desenvolvimento de competências, resulta
em mais uma forma, sutil, mas extremamente perversa, de
exclusão dos que vivem do trabalho.

Syryczyk, E. F. 55
10. O modelo da competência na educação

 Cabem as escolas, portanto, desempenharem com


qualidade seu papel na criação de situações de
aprendizagem que permitam ao aluno desenvolver as
capacidades cognitivas, afetivas e psicomotoras relativas
ao trabalho intelectual.

 Atribuir à escola a função de desenvolver competências é


desconhecer sua natureza e especificidade enquanto
espaço de apropriação do conhecimento socialmente
produzido, e, de trabalho intelectual com referencia a
prática social, com particular prejuízo para os que vivem
do trabalho.

Syryczyk, E. F. 56
10. História da Rede Federal de
Educação Profissional

Syryczyk, E. F. 57
Syryczyk, E. F. 58
11. Trabalho como princípio educativo
 Considerar o trabalho como princípio educativo
equivale dizer que o ser humano é produtor de
sua realidade e, se apropria dela e pode
transformá-la.

 Equivale dizerque nós somos sujeitos de nossa


história e de nossa realidade. Em síntese, o
trabalho é a primeira mediação entre o homem
e a realidade material e social.

Syryczyk, E. F. 59
11. Trabalho como princípio educativo
 A educação profissional não é meramente
ensinar a fazer e preparar para o mercado de
trabalho, mas é proporcionar a compreensão
das dinâmicas sócio-produtivas das sociedades
modernas, com as suas conquistas e os seus
revezes, e também habilitar as pessoas para o
exercício autônomo e crítico de profissões, sem
nunca se esgotar a elas.

Syryczyk, E. F. 60
11. Trabalho como princípio educativo
 O trabalho é princípio educativo à medida que
proporciona a compreensão do processo
histórico de produção científica e tecnológica,
como conhecimentos desenvolvidos e
apropriados socialmente para a transformação
das condições naturais da vida e a ampliação
das capacidades, das potencialidades e dos
sentidos humanos. O trabalho, nesse sentido
contribui para organizar a base unitária.

Syryczyk, E. F. 61
11. Trabalho como princípio educativo
 Noutro sentido, o trabalho é princípio educativo na
medida em que coloca exigências específicas para o
processo educacional, visando à participação direta dos
membros da sociedade no trabalho socialmente
produtivo.
 Com este sentido, conquanto também organize a base
unitária do ensino médio, fundamenta e justifica a
formação específica para o exercício de profissões, essas
entendidas como uma forma contratual socialmente
reconhecida, do processo de compra e venda da força de
trabalho. Como razão da formação específica, o trabalho
aqui se configura também como contexto formativo.

Syryczyk, E. F. 62
11. A formação omnilateral
 A formação omnilateral se propõe a romper com a
formação do homem limitado e se opõe à formação
unilateral, comprometida como trabalho alienado, com a
divisão social do trabalho, e a manutenção das relações
de dominação.

 A formação do sujeito omnilateral supõe a articulação


entre educação e trabalho, rompendo com os processos
associados à alienação. Alienação que se concretiza na
separação e na negação da dimensão educadora
existente no trabalho e que cria a dicotomia
escola/mundo do trabalho.

Syryczyk, E. F. 63
12. A Politecnia
 Para Kuenzer a politecnia supõe uma nova forma de integração
de vários conhecimentos, que quebra os bloqueios artificiais
que transformam as disciplinas em compartimentos
específicos, expressão da fragmentação da ciência. Nessa
concepção, evidencia-se que conhecer a totalidade não é
dominar todos os fatos, mas as relações entre eles, sempre
reconstruídas no movimento da história.

 Para Saviani, (1) politecnia significa o domínio dos


fundamentos científicos das diferentes técnicas. (2) a noção de
politecnia se encaminha na direção da superação da dicotomia
entre trabalho manual e trabalho intelectual, entre instrução
profissional e instrução geral.

Syryczyk, E. F. 64
13. O conceito de Ensino Médio Integrado
 Uma realidade conjunturalmente adversa historicamente
leva jovens a não concluir seus estudos, apenas geral na
Educação Básica. E ao concluírem por reflexo da estratificação
social não mais podem dedicar-se a formação técnica. O que
resulta em ...

 Para Maria Ciavatta integrar é tornar íntegro, tornar inteiro.


Neste sentido no ensino médio integrado ao ensino técnico: a
educação geral deve se tornar parte inseparável da educação
profissional.

 Para Marise Ramos o E.M.I. deve oferecer formação científica e


ético-política sólida e que proporcione a apropriação técnica e
tecnológica dos processos produtivos modernos.

Syryczyk, E. F. 65
14. Trabalho e Tempo livre
Já imaginou passar a vida fazendo só o que gosta? Mas e daí, viveria do quê?
Sonhos? Se a gente pensar no trabalho como um fardo, a situação realmente parece
impossível. Mas e se o trabalho, o lazer e o estudo começassem a se misturar em
nossas vidas de tal forma que não desse mais para diferenciar uma coisa da outra?
Essa é a proposta de Domenico De Masi, sociólogo italiano da Universidade La
Sapienza, de Roma. Ele ficou famoso por defender a idéia de que é hora de as
pessoas cultivarem o ócio criativo para uma nova era. Utopia? Não. Cada vez mais
gente e empresas aderem aos seus conceitos e se tornam mais felizes e produtivas.
De acordo com o sociólogo, o ócio criativo é uma arte que se aprende e se aperfeiçoa
com o tempo e com o exercício. É necessário reconhecer que o trabalho não é tudo
na vida e que existem outros grandes valores: o estudo para produzir saber; a
diversão para produzir alegria; o sexo para produzir prazer; a família para produzir
solidariedade etc. Nenhum progresso, porém, acontece automaticamente, é
necessário criar um movimento de opinião e depois um grupo de luta para colocar em
prática idéias inovadoras como essas. O caso é que, em todo o mundo, a economia
convencional se baseia na forma de trabalho como o que conhecemos hoje. Será que
seria preciso, primeiro, acontecer uma mudança no sistema econômico para criar o
ambiente propício à concretização de idéias como as de Domenico De Masi? Ele
acredita que as mudanças estruturais e culturais se influenciam entre si e espera que
a difusão de suas idéias consiga formar um grupo crítico de pessoas dispostas a
mudar realmente o seu modelo de vida e lutar para conquistar a felicidade.
Syryczyk, E. F. 66
15 Plano de avaliação
 1- Os dados relacionados em categorias após estudados devem gerar um
seminário sobre a importância de cada categoria para a EPT.

 2- O trabalho escrito é individual, embora ele seja resultante de um trabalho


coletivo a ser apresentado em Seminário em encontro futuro agendado. Versará
sobre a relação trabalho e educação num contexto determinado. Poderão ser
utilizados dados secundários e a análise deverá ser feita a partir da bibliografia
estudada no curso.

4- Orientações básicas para o artigo de divulgação científica:
- Utilizar MS Word, versão 2010 ou superior;
- No máximo até 10 páginas;
- Fonte Arial, 12; entrelinhas 1,5.

 5- Entrega dos trabalhos: A combinar.

Syryczyk, E. F. 67

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