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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

GEOGRAFIA - NOTURNO

LUCAS MARTINS ROMÃO

Resenha crítica acerca dos capítulos VI e VII do Riqueza das


Nações do Adam Smith.

São Paulo - SP
2022
Adam Smith no capítulo 6 do seu livro “A Riqueza das Nações”, que se intitula
“Das partes componentes do preço das mercadorias”, o autor inicia-se o texto
expondo o tema de que na sociedade primitiva (para Adam, uma sociedade que
precede o acúmulo de capital e apropriação de terra) o fator que é capaz de
regulamentar a troca entre objetos diferentes é a proporção de trabalho necessárias
para a aquisição dos objetos, ou de uma forma mais direta, a quantidade de trabalho
gasto em um objeto é o que define o valor dele para sua troca por um objeto
equivalente ao valor deste.
Contudo, ao decorrer do capítulo, Smith aborda esse tema em uma sociedade
que ele considera desenvolvida, estabelecendo a tese que nesta sociedade, essa
proporção pelo maior investimento de tempo em um objeto é compensada pelos
salários pagos aos trabalhadores. Além disso, após ter apresentado esse tema de
equivalência, o autor já se presta a explicar outra tese de que lucro nessas
sociedades desenvolvidas, segundo ele, cabe ao trabalhador gerar pelo meio do seu
trabalho, o valor suficiente para pagar o seu salário, os custos de produção do
produto (matérias primas) e ainda sobrar um excedente que seria o lucro do capital.
Vale ressaltar que nesse ponto, um dos maiores nomes da economia liberal já
admite que o trabalhador acaba produzindo um valor maior do que ele recebe,
estabelecendo um conceito desigual na idealização de Smith (um começo da
formulação da mais-valia). Entretanto, ainda sobre o lucro, é importante dizer que
para o autor, o valor que os trabalhadores adicionam aos materiais se desdobra em
dois componentes: a primeira responsável por pagar os salários dos trabalhadores,
enquanto é responsável pelos lucros e por todo o capital do empregador.
Além do mais, fazendo jus ao nome, Adam apresenta a principal tese do
capítulo: segundo ele, utilizando o cereal de exemplo, as partes componentes do
preço das mercadorias seriam a renda da terra, o trabalho e os lucros (esses três
estabelecem o preço das mercadorias nas sociedades evoluídas). Além disso,
segundo o autor, o valor real dos componentes do preço é medido pela quantidade
de trabalho que cada uma delas podem comprar ou ordenar. Utilizando ainda o
cereal, Adam expõe que uma parte paga a renda devida à dona da terra, a partir do
ponto em que a terra se tornou mercadoria e virou propriedade privada, outra paga
os salários dos trabalhadores e a última paga o lucro do capital do empregador que
se responsabilizava pela exploração da terra. Entretanto, o próprio autor defende
que uma quarta parte seria possível, visando substituir o capital do responsável ou
para compensar o desgaste de equipamentos.
Concluindo este capítulo, o autor estabelece 3 conceitos fundamentais para
sua teoria como um todo: a renda auferida ao trabalhador pelo trabalho é o salário,
enquanto a renda auferida ao capital pelo empregador se denomina lucro. Além
disso, ele estabelece o terceiro conceito que é: a renda auferida por uma pessoa
que não utiliza de seu capital para empregar, porém o empresta a outro empregador,
é o que se denomina juros.
Adentrando-se agora no capítulo 7, denominado “O preço natural e do preço de
mercado das mercadorias”, Adam inicia-se mais uma vez apresentando o tema: em
toda sociedade, existe uma cotação média dos salários e lucro em cada emprego de
trabalho e estoque a qual seria regulada naturalmente. Essas cotações são
chamadas de cotações naturais dos salários, lucros e rendas, no local e tempo em
que prevalecem.
A partir desta conclusão, o autor explica que na situação onde o preço da
mercadoria não se mantém maior nem menor do que para pagar os componentes da
mercadoria: renda da terra, salários do trabalho e lucros do capital ( ou seja, o
necessário para cobrir essas despesas), considerando suas taxas naturais, a
mercadoria têm-se então o seu preço natural, ou seja, o preço que ela vale
naturalmente. Enquanto o preço que a mercadoria é vendida normalmente e
efetivamente é denominado de preço de mercado, que pode ser maior ou menor do
que o preço natural, além de poder ser igual também.
Além disso, o autor expõe a tese que o preço de mercado de um produto é
estabelecido pela proporção entre a quantidade que é efetivamente posto no
mercado e a demanda pelos compradores que se dispõem a pagar o preço natural
da mercadoria (o começo do estabelecimento da lei da oferta e demanda). Além
disso, o autor difere-se dois tipos diferentes de demanda: a efetiva, que é a qual os
comerciantes estabelecem para suas mercadorias no mercado, sendo induzidos a
esse preço. Além desta, existe a demanda absoluta que se refere ao próprio
interesse, logo não pode se estabelecer no mercado.
Adam, neste ponto, explica a principal tese do capítulo VII: que quando uma
quantidade de mercadoria ultrapassa a sua demanda efetiva, não existe como de
ser toda vendida para os trabalhadores que desejam pagar o valor integral dos
salários, lucros e rendas, que devem ser pagos para essa mercadoria estar no
mercado, assim acaba se gerando uma diminuição do preço em relação ao preço
natural. Entretanto, quando a quantidade da mercadoria coincide com o necessário
para a demanda efetiva, o preço de mercado será igual ou muito próximo do preço
natural, e não seria possível vende-las por um preço mais alto, pois a concorrência
do mercado entre os comerciantes fundamenta-se o preço natural das mercadorias,
sendo este agindo como um preço central.
Logo, elaborando diretamente a tese: o preço da mercadoria pode variar de
acordo com a sua quantidade disponível e sua demanda, determinando a cotação
dos salários e lucros. O autor, graças a esta tese, defende que as elevações do
preço são então causas naturais que podem buscar que a demanda efetiva não seja
atingida em nenhum momento. Além desta tese, Smith formula mais uma tese: que
os Monopolistas, por manterem sempre a demanda efetiva sem ser suprimida,
conseguem vender suas mercadorias por um preço muito maior do que o preço
natural, aumentando em salários ou lucros de capital muito acima da cotação natural
(entretanto, se sabe que na verdade são os lucros de capital que se estabelecem
muito acima). Logo, o preço de monopólio seria o mais alto que se pode conseguir,
enquanto o preço natural é o mais baixo que se possa aceitar para o autor.
Analisando esses dois capítulos, Adam Smith utiliza de exemplos sempre
voltados para agricultura (compreensível para o contexto da época) que se possam
ser aplicados em meios industriais, além de estabelecer sempre os temas centrais
dos seus capítulos nos primeiros parágrafos, enquanto vai os destrinchando e
aplicando de uma sociedade primitiva para uma sociedade desenvolvida, assim
elaborando suas teses e teorias.

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