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Fichamento: Riqueza das Nações - Adam Smith

Livro I, Capítulo 2 - O Princípio que Dá Origem à Divisão do Trabalho


- Essa divisão do trabalho é a conseqüência necessária, embora muito lenta e gradual, de
uma certa tendência ou propensão existente na natureza humana que não tem em vista
essa utilidade extensa. Essa propensão (muito provavelmente natural) encontra-se em
todos e exclusivamente nos humanos, e apenas estes conhecem o contrato.

- O homem, entretanto, tem necessidade quase constante da ajuda dos semelhantes, e é


inútil esperar esta ajuda simplesmente da benevolência alheia. Ele terá maior
probabilidade de obter o que quer, se conseguir interessar a seu favor a auto-estima dos
outros, mostrando-lhes que é vantajoso para eles fazer-lhe ou dar-lhe aquilo de que ele
precisa. Dirigimo-nos não à sua humanidade, mas à sua auto-estima, e nunca lhes
falamos das nossas próprias necessidades, mas das vantagens que advirão para eles.

- Assim como é por negociação, por escambo ou por compra que conseguimos uns dos
outros a maior parte dos serviços recíprocos de que necessitamos, da mesma forma é
essa mesma propensão ou tendência a permutar que originalmente gera a divisão do
trabalho. {Exemplo de como numa tribo o trabalho é dividido por habilidade e seus
membros trocam entre si o excedente produzido}. Dessa forma, a certeza de poder
permutar toda a parte excedente da produção de seu próprio trabalho que ultrapasse seu
consumo pessoal estimula cada pessoa a dedicar-se a uma ocupação específica, e a
cultivar e aperfeiçoar todo e qualquer talento ou inclinação que possa ter por aquele tipo
de ocupação ou negócio.

- A grande diferença de habilidade que distingue entre si pessoas de diferentes


profissões, quando chegam à maturidade, em muitos casos não é tanto a causa, mas
antes o efeito da divisão do trabalho, mas sim do costume, da educação ou formação.

- Sem a propensão à barganha, ao escambo e à troca, cada pessoa precisa ter conseguido
para si mesma tudo o que lhe era necessário ou conveniente para a vida que desejava.
Todos devem ter tido as mesmas obrigações a cumprir, e o mesmo trabalho a executar, e
não pode ter havido uma tal diferença de ocupações que por si fosse suficiente para
produzir uma diferença tão grande de talentos. Assim como é essa propensão que gera
essa diferença de talentos, tão notável entre pessoas de profissões diferentes, da mesma
forma, é essa mesma propensão que faz com que a diferença seja útil. Entre os homens,
os caracteres e as habilidades mais diferentes são úteis uns aos outros; as produções
diferentes e dos respectivos talentos e habilidades, em virtude da capacidade e
propensão geral ao intercâmbio, ao escambo e à troca, são como que somados em um
cabedal comum, no qual cada um pode comprar qualquer parcela da produção dos
talentos dos outros, de acordo com suas necessidades. (Pois a diferença entre os animais
por falta da faculdade ou propensão à troca, não são capazes de formar um patrimônio
comum, e não contribuem o mínimo para o melhor atendimento das necessidades da
espécie)
Capítulo 6 - Fatores que Compõem o Preço das Mercadorias.
- No estágio antigo e primitivo que precede ao acúmulo de patrimônio ou capital e à
apropriação da terra, a proporção entre as quantidades de trabalho necessárias para
adquirir os diversos objetos parece ser a única circunstância capaz de fornecer alguma
norma ou padrão para trocar esses objetos uns pelos outros (2 castores por 1
cervo/Dureza/grande talento)

- Nessa situação, todo o produto do trabalho pertence ao trabalhador; e a quantidade de


trabalho normalmente empregada em adquirir ou produzir uma mercadoria é a única
circunstância capaz de regular ou determinar a quantidade de trabalho que ela
normalmente deve comprar, comandar ou pela qual deve ser trocada.

-O lucro cabe ao empresário, pois foi este que tomou o risco de empreender, uma vez
que o empresário não poderia ter interesse algum em empenhar esses bens, se não
esperasse da venda do trabalho de seus operários algo mais do que seria o suficiente
para restituir-lhe o estoque, patrimônio ou capital investido; por outro lado, o
empresário não poderia ter interesse algum em empregar um patrimônio maior, em
lugar de um menor, caso seus lucros não tivessem alguma proporção com a extensão do
patrimônio investido.

-O lucro não funciona como salário por gerir a empresa, o lucro é regulado por
princípios totalmente distintos, não tendo nenhuma proporção com a quantidade, a
dureza ou o engenho desse suposto trabalho de inspecionar e dirigir. É totalmente
regulado pelo valor do capital ou patrimônio empregado, sendo o lucro maior ou menor
em proporção com a extensão desse patrimônio, ou seja, gerir uma empresa média dá
tanto trabalho quanto uma pequena, mas o lucro da média é maior. O produto total do
trabalho nem sempre pertence ao trabalhador. Na maioria dos casos, este deve reparti-lo
com o dono do capital que lhe dá emprego. Também já não se pode dizer que a
quantidade de trabalho normalmente empregada para adquirir ou produzir uma
mercadoria seja a única circunstância a determinar a quantidade que ele normalmente
pode comprar, comandar ou pela qual pode ser trocada.

-Preço se desdobra majoritariamente de valor de trabalho empregado/ Renda da terra


(gastos com terra equipamentos e etc.)/ Lucro do empresário. Nem sempre vai ter renda
da terra como um fator.

- Quanto mais determinada mercadoria sofre uma transformação manufatureira, a parte


do preço representada pelos salários e pelo lucro se torna maior em comparação com a
que consiste na renda da terra. Com o progresso da manufatura, não somente cresce o
volume de lucros, mas também cada lucro subseqüente é maior do que o anterior, pois o
capital do qual provém o lucro deve ser sempre maior.

- A renda auferida do trabalho denomina-se salário. A renda auferida do patrimônio ou


capital, pela pessoa que o administra ou o emprega, chama-se lucro. A renda auferida
por uma pessoa que não emprega ela mesma seu capital, mas o empresta a outra,
denomina-se juros ou uso do dinheiro. Os juros do dinheiro são sempre uma renda
derivativa, a qual, se não for paga do lucro auferido do uso do dinheiro, deve ser paga
de alguma outra fonte de renda.

Capítulo 7 - O Preço Natural e o Preço de Mercado das Mercadorias.


- Em cada sociedade ou nas suas proximidades, existe uma taxa comum ou média para
salários e para o lucro, assim como média de renda da terra. Essas taxas são reguladas
naturalmente em parte pelas circunstâncias gerais da sociedade (sua riqueza ou pobreza,
sua condição de progresso, estagnação ou declínio) e em parte pela natureza específica
de cada emprego ou setor de ocupação (ou fertilidade natural da terra ou pela fertilidade
conseguida artificialmente no caso da renda da terra).

-Preço Natural = Mercadoria é vendida exatamente pelo que vale. Isso é uma perda nos
negócios, pois poderia ter gasto melhor seu dinheiro, além de ter tomado o reisco e
gastado tempo. Uma vez que o lucro é amaneira de sua subsistência, a perda seria maior
do que realmente aparenta. O preço natural é como que o preço central ao redor do qual
continuamente estão gravitando os preços de todas as mercadorias. Contingências
diversas podem, às vezes, mantê-los bastante acima dele, e noutras vezes, forçá-los para
baixo desse nível. (Lei da oferta e da demanda)

- O preço de mercado de uma mercadoria específica é regulado pela proporção entre a


quantidade que é efetivamente colocada no mercado e a demanda daqueles que estão
dispostos a pagar o preço natural da mercadoria, logo, pode ser maior ou menor que o
preço natural. Demanda Efetiva é o desejo de uma mercadoria que o indviduo tem
capacidade de comprar, já absoluta é o puro desejo de possuir, mas sem ter os meios
para tal.

- Um monopólio, outorgado a um indivíduo ou a uma companhia de comércio, tem o


mesmo efeito que um segredo comercial/industrial ou uma especificidade encarecedora.
Os monopolistas, por manterem o mercado sempre em falta, por nunca suprirem
plenamente a demanda efetiva, vendem suas mercadorias muito acima do preço natural
delas, o preço de monopólio é em qualquer ocasião o mais alto que se possa conseguir.
Os privilégios exclusivos detidos por corporações, estatutos de aprendizagem e todas as
leis que limitam, em ocupações específicas, a concorrência a um número inferior ao dos
que de outra forma concorreriam, têm a mesma tendência, embora em grau menor.

- O preço de mercado de qualquer mercadoria específica pode, por muito tempo,


continuar acima do preço natural da referida mercadoria, mas raramente pode manter-se
muito tempo abaixo dele. Qualquer que fosse o componente do preço pago abaixo da
taxa natural, as pessoas cujos interesses fossem afetados imediatamente perceberiam a
perda e de imediato deixariam de aplicar na referida mercadoria um trato tal de terra ou
tanto ou quanto de trabalho, ou de capital, e assim a quantidade colocada no mercado
logo se reduziria ao estritamente suficiente para atender à demanda efetiva.
Livro 4, Capítulo 9 - Os Sistemas Agrícolas ou os Sistemas de Economia
Política que Representam a Produção da Terra como a Fonte Única ou a
Fonte Principal da Renda e da Riqueza de cada País
-As primeiras 10 páginas do capítulo são dedicadas a explicação do sistema agrícola de
Colbert. Adam Smith concorda em grande parte com o que ele diz, sua principal
discordância seria sobre as classes manufatureiras e comerciais, pois Colbert as coloca
como improdutivas e etc, além de priorizar sempre o aspecto agrícola.

-Teoria do Livre comércio exemplificada: Essa liberdade completa de comércio seria


até mesmo o meio mais eficaz para os países mercantis fornecerem aos agrícolas, no
momento oportuno, todos os artífices, manufatores e comerciantes de que necessitam
em seu país, e para preencher, da maneira mais apropriada e mais vantajosa, esse vazio
tão sério de que esses países se ressentem. O aumento contínuo do excedente de
produção da terra dos países agrícolas criaria, no momento devido, um capital superior
àquele que se poderia aplicar, com a taxa normal de lucro, no aprimoramento e no
cultivo da terra: e a parcela excedente desse capital serviria naturalmente para dar
emprego a artífices e manufatores no país. Mas esses artífices e manufatores,
encontrando no país tanto os materiais para seu trabalho, como o fundo necessário para
sua subsistência, imediatamente, mesmo com menos perícia e habilidade, poderiam ser
capazes de trabalhar a preço tão baixo quanto os mesmos artífices e manufatores dos
países mercantis, mão-de-obra essa que teriam que trazer de grande distância. Mesmo
que, por falta de habilidade e perícia por algum tempo, os artífices e manufatores
nacionais não fossem capazes de produzir tão barato, ainda assim, por encontrar um
mercado no próprio país, poderiam ter condições de vender seu produto ali tão barato
como o dos artífices e manufatores dos países mercantis, que só poderiam ser trazidos a
esse mercado de uma grande distância; e, à medida que aumentassem sua perícia e
habilidade, logo teriam condições de vender seu produto mais barato. Por conseguinte,
os artífices e manufatores desses países mercantis encontrariam imediatamente rivais no
mercado dessas nações possuidoras de terra e logo depois suas mercadorias seriam ali
mais caras que as produzidas no país agrícola, sendo então, pouco depois, excluídos do
comércio. O baixo preço dos manufaturados dessas nações agrícolas, em decorrência do
aprimoramento gradual da perícia e habilidade no devido tempo, ampliaria a venda das
mercadorias nacionais para além do mercado interno e faria com que esses
manufaturados fossem transportados a muitos mercados estrangeiros, dos quais, da
mesma forma, gradativamente eliminariam muitos dos manufaturados de nações
mercantis.

- Entretanto, o erro capital desse sistema parece residir no fato de ele apresentar a classe
dos artífices, manufatores e comerciantes como totalmente estéril e improdutiva.
Primeiramente, esta classe, como se reconhece, reproduz anualmente o valor de seu
próprio consumo anual, e no mínimo prolonga a existência do estoque ou capital que a
sustenta e lhe dá emprego.
- Em segundo lugar, por essa razão, parece totalmente impróprio considerar os artífices,
manufatores e comerciantes à mesma luz que criados domésticos. Ao contrário, o
trabalho dos artífices, manufatores e comerciantes naturalmente se fixa e se realiza em
alguma mercadoria vendável. Em terceiro lugar, em qualquer suposição, parece
impróprio afirmar que o trabalho dos artífices, manufatores e comerciantes não aumenta
a renda real da sociedade.

-Exemplo: um artífice que, nos seis primeiros meses depois da colheita, executa um
serviço no valor de 10 libras, ainda que no mesmo período consuma um valor de 10
libras em cereais e outros artigos indispensáveis, não deixa por isso de acrescentar
realmente o valor de 10 libras à produção anual da terra e do trabalho do país.

- Em quarto lugar, os arrendatários e os trabalhadores do campo não têm condições de


aumentar mais, sem parcimônia, a renda real, a produção anual da terra e do trabalho de
seu país, do que o podem os artífices, manufatores e comerciantes. Como o trabalho dos
artífices e dos manufatores pode ser mais subdividido e o trabalho de cada operário
reduzido a uma operação mais simples do que no caso dos arrendatários e dos
trabalhadores do campo, da mesma forma ele é passível desses dois tipos de
aprimoramento, em grau muito maior.8 Sob este aspecto, pois, a classe dos cultivadores
não pode oferecer nenhuma vantagem sobre a dos artífices e dos manufatores. Se, como
parece supor esse sistema, os comerciantes, os artífices e manufatores são, por natureza,
mais inclinados à parcimônia e à poupança do que os proprietários e cultivadores de
terra, sob esse aspecto têm mais probabilidade de aumentar a quantidade de trabalho útil
empregado em seu país e, conseqüentemente, tornar maior a renda real do referido país.

- Em quinto e último lugar, mesmo na hipótese de que, como parece supor esse sistema,
a renda dos habitantes de cada país consiste inteiramente da quantidade de gêneros para
a subsistência que sua atividade poderia proporcionar-lhes, a renda de um país
comercial ou manufator deve sempre, sendo iguais outros fatores, ser muito maior de
que a de um país sem comércio ou manufaturas. Pode-se importar anualmente em
determinado país uma quantidade maior de gêneros de subsistência do que aquilo que
poderiam proporcionar suas próprias terras.

- Uma pequena quantidade de produto manufaturado compra uma quantidade grande de


produção natural ou bruta. Por isso, um país comercial e manufator naturalmente
compra, com pequena parte de sua produção manufaturada, grande parte da produção
bruta de outros países; ao contrário, um país sem comércio e manufaturas geralmente é
obrigado a comprar, às expensas de sua produção bruta, um volume muito pequeno da
produção manufaturada de outros países.

- o Marquês de Mirabeau elencou três grandes invenções que foram as principais


responsáveis pela estabilidade das sociedades políticas: A primeira é a escrita, a única
que dá à natureza humana o poder de transmitir, sem alteração, suas leis, seus contratos,
seus anais e suas descobertas. A segunda, a do dinheiro, que une entre si todas as
relações entre as sociedades civilizadas. A terceira é a Tabela Econômica, conseqüência
das outras duas e que as completa, por aperfeiçoar seu objetivo; essa é a grande
descoberta de nossa época, mas cujo benefício será colhido pela posteridade.

- Os manufaturados exigem um mercado muito mais amplo do que os itens mais


importantes da produção natural ou bruta da terra. Um único sapateiro fará mais de
trezentos pares de sapatos por ano, e sua própria família talvez não chegue a gastar seis.
Por essa razão o mercado externo é tão importante, estando é clarro, sobre a lei do livre
mercado. A agricultura pode manter-se, com o desestímulo de um mercado restrito,
muito melhor do que as manufaturas.

- Se um escravo propusesse um aperfeiçoamento desse gênero, seu patrão, muito


provavelmente, estaria propenso a considerar a proposta como uma sugestão
proveniente da preguiça e do desejo de poupar seu próprio esforço às custas do patrão.
O pobre escravo, em lugar de recompensa, provavelmente receberia vitupérios, talvez
até alguma punição. Por isso, nos manufaturados feitos por escravos geralmente deve ter
sido aplicado mais trabalho para executar o mesmo volume de produção do que nas
manufaturas em que trabalham pessoas livres. Por essa razão, o produto do trabalho de
escravos geralmente deve ter sido mais caro do que o de pessoas livres.

- O comércio efetuado entre cidade e campo, em última análise, no intercâmbio de


determinada quantidade de produção bruta por certa quantidade de produção
manufaturada. Portanto, quanto mais cara esta última, tanto mais barata a primeira; e
tudo o que em um país tende a elevar o preço do produto manufaturado, tende a baixar o
preço da produção natural da terra e, com isso, desestimular a agricultura.

- Por isso, os sistemas que, preferindo a agricultura a todas as demais ocupações e, para
promovê-la, impõem restrições às manufaturas e ao comércio externo, agem contra o
objetivo preciso que se propõem e indiretamente acabam desestimulando exatamente
aquele tipo de atividade que pretendem fomentar.

- Conseqüentemente, uma vez eliminados inteiramente todos os sistemas, sejam eles


preferenciais ou de restrições, impõe-se por si mesmo o sistema óbvio e simples da
liberdade natural. Deixa-se a cada qual, enquanto não violar as leis da justiça, perfeita
liberdade de ir em busca de seu próprio interesse, a seu próprio modo, e faça com que
tanto seu trabalho como seu capital concorram com os de qualquer outra pessoa ou
categoria de pessoas. O soberano fica totalmente desonerado de um dever que, se ele
tentar cumprir, sempre o deverá expor a inúmeras decepções.

- No sistema da liberdade natural, ao soberano cabem apenas três deveres; três deveres,
por certo, de grande relevância, mas simples e inteligíveis ao entendimento comum:
primeiro, o dever de proteger a sociedade contra a violência e a invasão de outros países
independentes; segundo, o dever de proteger, na medida do possível, cada membro da
sociedade contra a injustiça e a opressão de qualquer outro membro da mesma, ou seja,
o dever de implantar uma administração judicial exata; e, terceiro, o dever de criar e
manter certas obras e instituições públicas que jamais algum indivíduo ou um pequeno
contingente de indivíduos poderão ter interesse em criar e manter, já que o lucro jamais
poderia compensar o gasto de um indivíduo ou de um pequeno contingente de
indivíduos, embora muitas vezes ele possa até compensar em maior grau o gasto de uma
grande sociedade

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