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- Assim como é por negociação, por escambo ou por compra que conseguimos uns dos
outros a maior parte dos serviços recíprocos de que necessitamos, da mesma forma é
essa mesma propensão ou tendência a permutar que originalmente gera a divisão do
trabalho. {Exemplo de como numa tribo o trabalho é dividido por habilidade e seus
membros trocam entre si o excedente produzido}. Dessa forma, a certeza de poder
permutar toda a parte excedente da produção de seu próprio trabalho que ultrapasse seu
consumo pessoal estimula cada pessoa a dedicar-se a uma ocupação específica, e a
cultivar e aperfeiçoar todo e qualquer talento ou inclinação que possa ter por aquele tipo
de ocupação ou negócio.
- Sem a propensão à barganha, ao escambo e à troca, cada pessoa precisa ter conseguido
para si mesma tudo o que lhe era necessário ou conveniente para a vida que desejava.
Todos devem ter tido as mesmas obrigações a cumprir, e o mesmo trabalho a executar, e
não pode ter havido uma tal diferença de ocupações que por si fosse suficiente para
produzir uma diferença tão grande de talentos. Assim como é essa propensão que gera
essa diferença de talentos, tão notável entre pessoas de profissões diferentes, da mesma
forma, é essa mesma propensão que faz com que a diferença seja útil. Entre os homens,
os caracteres e as habilidades mais diferentes são úteis uns aos outros; as produções
diferentes e dos respectivos talentos e habilidades, em virtude da capacidade e
propensão geral ao intercâmbio, ao escambo e à troca, são como que somados em um
cabedal comum, no qual cada um pode comprar qualquer parcela da produção dos
talentos dos outros, de acordo com suas necessidades. (Pois a diferença entre os animais
por falta da faculdade ou propensão à troca, não são capazes de formar um patrimônio
comum, e não contribuem o mínimo para o melhor atendimento das necessidades da
espécie)
Capítulo 6 - Fatores que Compõem o Preço das Mercadorias.
- No estágio antigo e primitivo que precede ao acúmulo de patrimônio ou capital e à
apropriação da terra, a proporção entre as quantidades de trabalho necessárias para
adquirir os diversos objetos parece ser a única circunstância capaz de fornecer alguma
norma ou padrão para trocar esses objetos uns pelos outros (2 castores por 1
cervo/Dureza/grande talento)
-O lucro cabe ao empresário, pois foi este que tomou o risco de empreender, uma vez
que o empresário não poderia ter interesse algum em empenhar esses bens, se não
esperasse da venda do trabalho de seus operários algo mais do que seria o suficiente
para restituir-lhe o estoque, patrimônio ou capital investido; por outro lado, o
empresário não poderia ter interesse algum em empregar um patrimônio maior, em
lugar de um menor, caso seus lucros não tivessem alguma proporção com a extensão do
patrimônio investido.
-O lucro não funciona como salário por gerir a empresa, o lucro é regulado por
princípios totalmente distintos, não tendo nenhuma proporção com a quantidade, a
dureza ou o engenho desse suposto trabalho de inspecionar e dirigir. É totalmente
regulado pelo valor do capital ou patrimônio empregado, sendo o lucro maior ou menor
em proporção com a extensão desse patrimônio, ou seja, gerir uma empresa média dá
tanto trabalho quanto uma pequena, mas o lucro da média é maior. O produto total do
trabalho nem sempre pertence ao trabalhador. Na maioria dos casos, este deve reparti-lo
com o dono do capital que lhe dá emprego. Também já não se pode dizer que a
quantidade de trabalho normalmente empregada para adquirir ou produzir uma
mercadoria seja a única circunstância a determinar a quantidade que ele normalmente
pode comprar, comandar ou pela qual pode ser trocada.
-Preço Natural = Mercadoria é vendida exatamente pelo que vale. Isso é uma perda nos
negócios, pois poderia ter gasto melhor seu dinheiro, além de ter tomado o reisco e
gastado tempo. Uma vez que o lucro é amaneira de sua subsistência, a perda seria maior
do que realmente aparenta. O preço natural é como que o preço central ao redor do qual
continuamente estão gravitando os preços de todas as mercadorias. Contingências
diversas podem, às vezes, mantê-los bastante acima dele, e noutras vezes, forçá-los para
baixo desse nível. (Lei da oferta e da demanda)
- Entretanto, o erro capital desse sistema parece residir no fato de ele apresentar a classe
dos artífices, manufatores e comerciantes como totalmente estéril e improdutiva.
Primeiramente, esta classe, como se reconhece, reproduz anualmente o valor de seu
próprio consumo anual, e no mínimo prolonga a existência do estoque ou capital que a
sustenta e lhe dá emprego.
- Em segundo lugar, por essa razão, parece totalmente impróprio considerar os artífices,
manufatores e comerciantes à mesma luz que criados domésticos. Ao contrário, o
trabalho dos artífices, manufatores e comerciantes naturalmente se fixa e se realiza em
alguma mercadoria vendável. Em terceiro lugar, em qualquer suposição, parece
impróprio afirmar que o trabalho dos artífices, manufatores e comerciantes não aumenta
a renda real da sociedade.
-Exemplo: um artífice que, nos seis primeiros meses depois da colheita, executa um
serviço no valor de 10 libras, ainda que no mesmo período consuma um valor de 10
libras em cereais e outros artigos indispensáveis, não deixa por isso de acrescentar
realmente o valor de 10 libras à produção anual da terra e do trabalho do país.
- Em quinto e último lugar, mesmo na hipótese de que, como parece supor esse sistema,
a renda dos habitantes de cada país consiste inteiramente da quantidade de gêneros para
a subsistência que sua atividade poderia proporcionar-lhes, a renda de um país
comercial ou manufator deve sempre, sendo iguais outros fatores, ser muito maior de
que a de um país sem comércio ou manufaturas. Pode-se importar anualmente em
determinado país uma quantidade maior de gêneros de subsistência do que aquilo que
poderiam proporcionar suas próprias terras.
- Por isso, os sistemas que, preferindo a agricultura a todas as demais ocupações e, para
promovê-la, impõem restrições às manufaturas e ao comércio externo, agem contra o
objetivo preciso que se propõem e indiretamente acabam desestimulando exatamente
aquele tipo de atividade que pretendem fomentar.
- No sistema da liberdade natural, ao soberano cabem apenas três deveres; três deveres,
por certo, de grande relevância, mas simples e inteligíveis ao entendimento comum:
primeiro, o dever de proteger a sociedade contra a violência e a invasão de outros países
independentes; segundo, o dever de proteger, na medida do possível, cada membro da
sociedade contra a injustiça e a opressão de qualquer outro membro da mesma, ou seja,
o dever de implantar uma administração judicial exata; e, terceiro, o dever de criar e
manter certas obras e instituições públicas que jamais algum indivíduo ou um pequeno
contingente de indivíduos poderão ter interesse em criar e manter, já que o lucro jamais
poderia compensar o gasto de um indivíduo ou de um pequeno contingente de
indivíduos, embora muitas vezes ele possa até compensar em maior grau o gasto de uma
grande sociedade