Você está na página 1de 50

Economia

1º Ano / 1º Semestre
Tamara Martins da Fonseca

“A economia corresponde ao estudo de como as pessoas e a sociedade escolhem o


emprego de recursos escassos que podem ter usos alternativos, de forma a produzir
vários bens e a distribuí-los para consumo, agora e no futuro, entre vários elementos e
grupos na sociedade.” Samuelson
Capítulo 1

Bem: tudo aquilo que tenha utilidade/interesse para o indivíduo e que por isso possua
certo valor, Algo que, possuindo valor, seja susceptível de satisfazer necessidades humanas.

Recurso: Algo que não tenha um particular interesse em si próprio, mas que sirva e
seja indispensável à produção de bens.

Escolha: Decisão que faz surgir o problema a resolver pelo Agente ou pela Sociedade,
ou seja, que vai motivar o comportamento, que se alicerça, como já se referiu, em alternativas,
escassez e custo de oportunidade.

Escassez: As escolhas de que trata a Economia são aquelas que são ditadas pela
escassez de bens e recursos disponíveis para que a satisfação das necessidades possa ser
alcançada.

Colorários da escassez:

1. Se não fosse a Economia, as escolhas de que trata a Economia seriam irrelevantes,


visto que uma opção errada quanto ao emprego dos bens e recursos disponíveis
poderia sempre ser remediada, lançando-se mão de alternativas ilimitadas (se
pudéssemos voltar atrás e recuperar o tempo perdido com livros de que não
gostámos, com filmes que nos desiludiram, os desgostos e as desilusões não seriam
puras perdas;
2. É virtualmente impossível atingirmos a saciedade de todas as necessidades que
experimentamos, sendo pois que, apesar de alguns exemplos particulares de
abundância ou de superabundância, a escassez se verifica globalmente, no sentido de
que o total dos meios disponíveis é insuficiente para o total das necessidades. A
procura potencial de meios que satisfazem necessidades excede sempre a oferta
potencial desses meios, visto que a quantidade de necessidades que suscitam o nosso
esforço se renova e aumenta incessantemente, mesmo quando multiplicamos os
meios nos quais apoiamos esse esforço;
3. Algumas necessidades básicas de sobrevivência são efectivamente recorrentes, sendo
que a sua plena satisfação num dado momento não impede o seu ressurgimento
posterior, de forma periódica e cíclica, pelo que, vistas do presente, essas
necessidades se afiguram como inesgotáveis, a reclamarem a administração judiciosa,
ao longo do tempo, dos meios que possam saciá-las;
4. A escassez é eminentemente graduável e relativa visto que a intensidade com que ela
se verifica depende da própria intensidade com que as necessidades são sentidas;
5. Não sendo possível uma utilização indiscriminada e universal dos recursos, o facto de
eles serem superabundantes para a satisfação de uma necessidade não significa que o
excedente desses recursos possa ser reorientado, com um mínimo de eficiência, para
as restantes necessidades que o reclamam – ex.: uma estrutura produtiva que está a
lançar no mercado canetas em excesso não pode reafectar, sem custos, parte dos seus
recursos à produção de cadernos, porque as matérias-primas e as máquinas que têm a
máxima eficiência na produção de canetas terão uma menor eficiência na produção de
cadernos – se é que são de todo reconvertíveis;
6. Mesmo que, em abstracto, cada um de nós dispusesse de todos os meios adequados à
satisfação completa de todas as suas necessidades, um meio continuará sempre a ser
escasso – o tempo – a impedir a satisfação simultânea daquelas necessidades, já que o
tempo empregue em cada uma não pode ser recobrado e reutilizado nas demais: o
homem mais rico do mundo não pode comprar o seu tempo, e tem que agir nas
mesmas 24horas diárias a que todos estão limitados (é contudo possível “comprar”
tempo alheio).

Racionalidade: A racionalidade está associada ou a uma optimização dos meios ou a uma


maximização dos fins. No entanto, a racionalidade que é pressuposta na análise económica
não é a ponderação minuciosa, escrupulosa, articulada, de todos os custos e benefícios
associados à totalidade de opções que o horizonte cognitivo possa abarcar – mas apenas uma
resposta diferenciada, e explicável a estímulos variáveis.

1. Optimização – Inclui a disponibilidade de diferentes alternativas, sendo que o agente


poderá escolher uma alternativa que pareça pior mas que seja mais acessível. Inclui
também “o melhor” uma vez que a definição do que seja melhor difere de agente para
agente.
2. Coerência – Se entre duas alternativas, o agente escolha uma, de todas as vezes que
estiver nas mesmas circunstâncias, deve manter a mesma escolha.

Ignorância Racional: O grau de ignorância poderá propiciar e justificar o agregar dos


agentes em estruturas sucedâneas de reciprocidade e governação, p ex.: Para colmatar os
défices de informação ou proceder à divisão do trabalho. A partilha de informação tenderia a
diminuir a margem de erro susceptível de ser associada à ignorância individual.

Custo de oportunidade: A mais valiosa das oportunidades que são prescindidas quando se
faz uma escolha. Aquilo que deixa de ser possível fazer-se e obter-se para que possa alcançar-
se aquilo por que se optou. É contudo apenas referente à segunda melhor escolha pela qual se
prescindiu. É por isso o valor da “segunda melhor escolha”.

O custo de oportunidade explica também a especialização. Optando por uma


actividade estamos a prescindir de outra, no entanto, estamo-nos a especializar na mesma, ao
contrário de que se estivéssemos a praticar as duas actividades a hora que ganharia num sítio
seria a que perdia no outro.

Preço relativo: relação do preço entre dois bens, é aquele que nos dará o valor de quanto
se deixou de pagar por um bem por ter comprado outro. (Ex.: um kilo de bananas custa 4€
enquanto um kilo de maçãs custa apenas 2€. Para adquirir uma dose de bananas teria então
que prescindir de duas doses de maçãs, visto que custam metade./ um sumo custa 10 euros
um bolo apenas 5. O preço relativo era 2)

Marginalismo

1ª Lei da Utilidade marginal decrescente – à medida que vamos tomando mais de


uma dose do mesmo bem, a utilidade decresce, chegando ao ponto de saciedade.
Utilidade: O juízo que determina a amplitude do bem-estar que a satisfação de uma
necessidade propicia

Ex.: Estando com sede e tendo 5 copos de água para beber, o primeiro terá uma
utilidade elevada. O segundo copo também terá utilidade, contudo à medida que vamos
bebendo os copos de água, eles vão perdendo utilidade, até atingir uma utilidade negativa.

35
30
25
Dose 1
20
15 Dose 2
10 Dose 3
5 Dose 4
0
Utilidade Dose 5
-5
-10
-15

A dose 4 representa a saciedade que raramente é atingida. A dose 5 representa a


utilidade negativa. Deixa de ser racional consumir quando a utilidade marginal é igual ao
preço.

• Utilidade marginal: Utilidade da última dose consumida.


• Utilidade total: Soma da utilidade de todas as doses (apesar do valor a acrescentar
ser sempre menor, a soma estará sempre a crescer).

A racionalidade está também relacionada com a ponderação de custos e benefícios


marginais.

• Custo marginal: Valor da mais valiosa das alternativas prescindidas para se


conseguir produzir ou obter mais uma unidade de um bem ou serviço.
• Benefício marginal: Valor dessa unidade suplementar do bem ou serviço por que
se optou.

Assim o raciocínio marginalista significa:

1. Optar por produzir ou adquirir mais de um bem ou serviço enquanto o benefício


marginal exceder o custo marginal;
2. Optar por produzir ou adquirir menos quando o custo marginal excede o benefício
marginal;
3. Optar por não produzir ou adquirir nem mais nem menos, produzindo ou adquirindo o
mesmo que anteriormente, quando os dois valores coincidem.
4. Vantagem de troca do consumidor: Diferença entre o valor do bem e o preço.
A vantagem das trocas

Jogo de soma positivo: Quando ambas as partes beneficiam.

Jogo de soma zero: O benefício de uma das partes, corresponde à perda do outro.

Valor do bem é Preço (determinado Valor/ utilidade é


determinado pelo custo pelo mercado) determinada pelo
de produção – consumidor/procura
produtor/oferta

Ex.: O produtor venderia o bem por 10 enquanto o consumidor compraria por 20. Contudo o
mercado determinaria o preço de 15. Existe portanto uma diferença positiva dado que tanto o
produtor lucrou 5 como o consumidor comprou mais barato.

Os 5 excedentes do produtor e os 5 excedente do consumidor dá um excedente total de 10.

Quanto menor for a utilidade marginal maior será a probabilidade daquela dose ser trocada
por uma nova dose que seria a primeira de um bem y. Pressupondo, claro, uma ambiente em
que imperam a liberdade, e por conseguinte, a racionalidade ao nível da susceptibilidade de
fazer escolhas, podendo aí, mas só assim, falar-se na melhor escolha que o agente efectue de
acordo com as necessidades (relativo e gradual).

A actividade económica responde a:

• O que produzir (necessidades) e para quem (consumidores)?


• Como produzir? Da forma mais eficiente utilizando todos os factores de
produção.
• Quem toma as decisões? Estando numa economia de mercado será o
mercado; numa economia dirigista será o Estado; numa economia mista
teríamos uma intervenção do estado no que toca a eficiência e justiça.

Falamos de uma eficiência perfeita quando todos os factores económicos (terra,


trabalho e capital) estão a ser utilizados, atingindo assim a fronteira de possibilidade de
produção. Desta forma não há insuficiências de prejuízos. As falhas de eficiência ocorrem
quando não se consegue manter a competência entre as diferentes empresas e algumas são
obrigadas a encerrar, podendo até levar à criação de monopólios. Nesta situação a intervenção
do Estado será fundamental para garantir a competitividade.

Por outro lado, temos a justiça. Esta, atingida também através da intervenção do
Estado prende-se com a atribuição de subsídios e outros serviços essenciais à sociedade, aos
mais desfavorecidos, de forma a criar alguma equidade. Contudo, caso valorizemos demais a
eficiência, mais a justiça sofre e vice versa. (Ex.: o aumento dos subsídios conseguidos através
do pagamento de impostos do privado/empresas iria significar uma maior justiça mas em
oposição levaria à diminuição do poder de compra e à falência de algumas empresas e por isso
a eficiência diminuiria.)
Empresas
Procura Oferta

Mercado dos factores (o


que é necessário para Mercado dos produtos (o
produzir bens – inputs) mercado onde se
consome bens)

Oferta Família Procura

Representa o fluxo monetário. O que as famílias compram reverte a favor das


empresas que por sua vez têm que pagar salários e outros gastos que reverte a favor das
famílias.

Representa o fluxo real.

A intervenção do Estado no mercado

(Segundo F. Araújo, a razão pela qual o Estado intervém no mercado é de ignorância


dado que não tem noção das consequências que daí decorrem.)

1. Razão de Justiça (equidade)

Existem agentes que se encontram à margem do mercado e por vezes aqueles que
participam no processo produtivo podem não conseguir atingir um nível de
dignidade humana.

2. Razões de eficiências – o livre funcionamento do mercado produz falhas de eficiência,


chamadas falhas de mercado.

a. Externalidades – efeito positivo ou negativo sobre terceiros gerados a partir de uma


conduta de um agente, efeitos que não estão incorporados em nenhum mercado.
Externalidade negativa: O beneficiado não paga e o terceiro não é
indemnizado. Por exemplo a poluição sonora causada pelos aviões. Caso
não haja uma intervenção estatal dá-se a sobreprodução, sendo esta
prejudicial a nível social.
Externalidade positiva: Quando a acção de um indivíduo acaba por
beneficiar terceiros. Por exemplo a vacinação em larga escala ou uma
descoberta de cura de cancro. No caso de inovações, dado que os
benefícios para terceiros seriam sempre superiores aos do inventor, tem
que existir uma protecção e incentivo por parte do Estado neste âmbito
para que não se assista a uma subprodução.
b. Assimetrias informativas – Por vezes acontece que um dos agentes da transacção
disponha de mais informação que o outro (não se trata de formação)
Ex.: Caso os seguros automóveis não fossem obrigatórios provavelmente
não haveria mercado. Caso um indivíduo chegue a uma companhia de
seguros e dissesse que não tinha acidentes, apesar de os ter, os
empregados da companhia não teriam meios para verificar se era verdade
pelo que se dava um benefício por parte de um dos agentes. Este tipo de
coisas pode levar a uma selecção adversa (fenómeno em que os bons
saem do mercado e os maus permanecem) ou ao risco moral (agente
adopta uma posição negligente porque sabe que não vai ter prejuízo).
c. Poder de mercado – Este traduz-se no poder excessivo por parte de um agente em
fixar preços.
i. Monopólio – Um agente do lado da oferta fixa os preços;
ii. Monopsónio – Um agente do lado da procura que dita os preços;
iii. Oligopólio – Grupo restrito na oferta (ex.: OPEP);
iv. Oligopsónio – Grupo restrito na procura

Falhas de intervenção

1. O facto de serem decisões tomadas por pessoas dotadas da possibilidade de errarem;


2. Falta de agilidade por parte da máquina do Estado;
3. As eleições são propícias aos interesses por diferentes agentes, tanto de quem está de
dentro para fora como dos agentes que estão de fora influenciam o governo.

A garantia de confiança, não podendo ser assegurada pelo Estado nem pelo mercado, é
contudo providenciada pelo Direito.

Produtividade

A produtividade pode se medir através da quantidade de bens e serviços que cada trabalhador
é capaz de produzir, em média, numa unidade de tempo. A produtividade pode aumentar
tendo em conta:

1. Especialização do trabalhador;
2. Disponibilidade tecnológica;
3. Estabilidade política e jurídica.

Tem também sido cada vez mais importante o conceito de produtividade sustentável – um
grau aceitável de prosperidade seja acessível à geração presente, sem que isso signifique o
esgotamento ou o declínio abrupto de recursos, ou a degradação das oportunidades que as
gerações seguintes tenham de acederem a um grau inferior de prosperidade.
A fronteira de possibilidades de produção

Esta fronteira representa as várias combinações de produção de dois bens ou serviços que são
alcançáveis pela aplicação máxima e óptima dos correspondentes factores de produção que
estão disponíveis. Todos os pontos sobre a FPP equivalem a um ponto de eficiência. Um ponto
acima da mesma não será sustentável ao longo do tempo, a menos que aumentemos os
factores de produção.

2ª Lei de Gossen – Lei da equimarginalidade. A proporção entre a utilidade marginal e o preço


tem que ser igual em todos os bens. Equivalência entre o preço e a utilidade. Evita que certas
necessidades se sobreponham a outras sendo que a relação entre o preço e a utilidade tem
que ser igual para todos os bens. (Consumir de cada bem até que a utilidade da última unidade
gasto em cada bem seja igual)

Óptimo de Pareto: Situação de afectação de recursos ou factores produtivos em que é


impossível uma nova reafectação de forma a melhorar a situação de alguns consumidores sem
prejudicar simultaneamente qualquer outro. Não é possível aumentar a produção de um bem
sem diminuir a produção do outro. (3 eficiências – nas trocas, na produção e na criação de
combinação de produtos em função das preferências reveladas pelos consumidores)

1 1 – Equivale às encostas de custos crescentes

2 – Vale de eficiência, mais benéfico para a produção


2
Lei dos rendimentos marginais decrescentes –
Produzir mais de um bem, equivale a aumentar a
quantidade de factores produtivos sendo que, porque
alguns factores produtivos se mantêm iguais é normal
1 que, à medida que se aumenta a quantidade
produzida, seja mais caro produzir.

À medida que vamos adicionando trabalho e capital chega a um ponto em que o que
cresce é cada vez menos devido a diferentes limitações, nomeadamente o factor fixo que é a
terra.

Taxa Marginal de Transformação: Indica qual a quantidade de um bem x que é


necessário deixar de produzir para se alcançar a produção de mais uma unidade de outro bem
Y que é ponderado como alternativa.(oferta)

Taxa Marginal de Substituição: Taxa a que um consumidor está disposto a trocar


determinado bem por outro, de forma a manter o mesmo nível de utilidade.(procura)
(utilidade marginal do bem x/ utilidade marginal do bem y)
Capítulo 3

Vantagens absolutas/ Vantagens comparativas

Teoria desenvolvida por A. Smith visa que devemos produzir segundo as vantagens
que temos face aos outros. Cada país deve-se especializar nos produtos em que tem vantagem
absoluta em termos de custos, ou seja, em que o número de horas de trabalho requerido para
a produção é menor que os outros produtores/Estados. Deste modo, propõe que os países não
façam tudo: devem apenas produzir e, portanto exportar os produtos em que têm maior
produtividade e eficiência e comprar (importar) aqueles em que os outros são melhores.

Desta forma, explica-se a vantagem das trocas. Sendo que é vantajoso para cada
produtor de apenas um bem, vender o seu produto e comprar outro.

O problema ocorre quando um produtor ou um estado apresenta desvantagens


absolutas em todas as produções. Pode ainda assim ser admitido no comércio e evitar que seja
excluído das trocas?

Esta questão levou a que David Ricardo formulasse a teoria das vantagens
comparativas. O mesmo afirmava então que cada produtor/Estado devesse concentrar-se nas
suas vantagens relativas. Esta questão está relacionada com a escassez. Uma vez que apesar
de um produtor/Estado ter vantagens absolutas em dois tipos de bens, apenas se poderá
dedicar parcialmente a cada um destes, perdendo em especialização. Desta forma, será
vantajoso que apenas nos dedicaremos àquela actividade, dentro daquelas em que temos
vantagem absoluta, em que comparativamente com aqueles que estamos dispostos a trocar,
sejamos melhor. Assim se explica o seguinte exemplo: Em Portugal, é possível produzir tanto
vinho quanto tecidos com menos trabalho do que na Inglaterra. Entretanto, o custo relativo de
se produzir tecido na Inglaterra é menor do que em Portugal. Ou seja, a Inglaterra tem um
custo relativamente maior para produzir vinho e apenas custo moderado para produzir
tecidos, sendo que Portugal tem facilidades para produzir os dois bens. Mesmo que seja mais
barato produzir tecidos em Portugal, ainda seria melhor para Portugal produzir vinho e gerar
excedente de produção e comprar tecidos fabricados pelos ingleses. A Inglaterra se beneficia
deste comércio, pois o seu custo de produzir tecidos permanece o mesmo, mas pode agora
obter vinho a custos menores do que antes. Portugal também se beneficiaria da especialização
em vinho e também teria ganhos de comércio.

Teorema de Hecksher-Ohlin: os países vão trocar os bens que precisem de factores de


produção que eles têm em abundância (China tem factor trabalho, troca bens que precisem de
factor trabalho elevado). Contraposto a este teorema temos Wassily Leontieff que viu que os
EUA exportavam, sobretudo, factor trabalho em vez de factor capital. Daqui se retira, em
síntese destas duas constatações, que os factores de produção avaliam-se em qualidade e
quantidade. Nos EUA o factor qualidade é uma constante. Não é trabalho desqualificado que
este exporta, mas sim trabalho qualificado que faz valorizar muito mais os bens, enriquecendo
o país.

Teoria do Gap Tecnológico de Posner: o país que tem vantagens nas trocas é aquele
que tem tecnologia inovadora. Essa vantagem só existe enquanto a tecnologia não for copiada
ou melhorada. Quem conseguir inovar vai à frente na concorrência e que não consegue perde
na concorrência.

Capítulo 4 - As forças de mercado

Oferta – conjunto de atitudes típicas daquele que se dirige ao mercado para lá


entregar um bem ou prestar um serviço, que ele avalia essencialmente em função do custo.

Procura – Conjunto de atitudes típicas daquele que se dirige ao mercado para


satisfazer as suas necessidades, seja através da aquisição de um bem, seja pela utilização de
um serviço, sendo que o valor que atribui a um ou a outro é essencialmente determinado pela
utilidade que associa a eles.

Mercado – Interacção do conjunto de vendedores e compradores, actuais ou


potenciais, que se interessam pela transacção de determinado produto ou factor de produção.

A análise do mercado concorrencial será mais fácil quando analisando cada um dos
mercados isoladamente. Contudo, existem situações em que tal é impossível.

1. Bens de produção conjunta – A produção de um reclama a produção de outro. É


impossível produzir gasolina sem que daí resultem outros derivados do petróleo;
2. Bens complementares – A utilização ou o seu consumo fazem-se combinadamente;
3. Bens sucedâneos – Bens que concorrem para a mesma necessidade, em termos de
dever a carência de um ser compensada pelo aumento do consumo do outro.

Equilíbrio wlarasiano: Equilíbrio alcançado num mercado hipotético com um leiloeiro,


capaz de sem custos de busca de oportunidades e de parceiras de troca, sem externalidades
nem quaisquer imperfeições de mercado, ajustar todas as licitações a um preço único.

Necessidades para que se verifique um mercado concorrencial:

1. Atomicidade – Necessidade de um número elevado de consumidores e produtores de


modo a que ninguém consiga impor as suas preferências, ou as suas avaliações
relativamente ao que lhe é proposto nas trocas. Traduz-se por isso na não existência
de poder de mercado, sendo que o Preço poderá ser definido pela interacção da oferta
e da procura. São por isso “price takers” devido à ausência de individualmente
alterarem o preço.
2. Liberdade – Necessidade de inexistência de barreiras artificiais para participação num
mercado. São por exemplo as barreiras alfandegárias que impedem a participação de
determinados agentes nos mercados.
3. Fluidez – Existência de um nível de transparência entre as trocas isto é, de uma
predominância de informação e de racionalidade, evitando por isso as assimetrias
informativas.

A junção destas três características determinará o nível concorrencial.

• Concorrência perfeita – caso em que ninguém disporá de poder de mercado;


• Price maders – casos em que existe poder de mercado.
Factores de oferta num mercado concorrencial

1. Preços

Lei da Oferta – quanto mais elevados são os preços, maior é a oferta. Representa por isso
uma correlação directa. Produzir ou obter um bem para o oferecer no mercado envolve
custos, e por isso, quanto mais elevados são os preços, maior é a possibilidade de esses custos
serem cobertos pelo total da receita obtida com as vendas, e se de obter até um
remanescente de rendimento que premeia o esforço do vendedor.

Curva da oferta – Conjunto de pontos mínimos de disposição de vender. O preço mínimo a


que alguém julgará compensador produzir e vender mais uma unidade de um bem ou serviço.

Relação da Lei da Oferta com a Taxa dos Rendimentos Marginais decrescentes: Sendo
que os acréscimos de produção são cada vez menores à medida que se acrescentam
sucessivamente mais unidades dos factores produtivos; para conseguir novos acréscimos de
produção é necessário que os acréscimos de factores produtivos sejam cada vez maiores, pelo
que os custos para produzir mais unidades do bem também sejam maiores. Assim os preços
exigidos pelos produtores aumentam em detrimento de tal processo.

2. Custo dos factores

O aumento dos custos dos factores de produção faz com que o custo de produção
aumente, sendo que a oferta que antes ocorria a um determinado preço vai ser menor.
(Rendimento marginal decrescente)

3. Rendibilidade de produções alternativas

A oferta de um bem restringir-se-á drasticamente se aumentar a rendibilidade, a


susceptibilidade de lucro, de outras produções às quais possal ser afectados, sem grande
perda de eficiência, os factores já disponíveis; e expandir-se-á se essas produções alternativas
conhecerem quebras de rendibilidade, tornando-se, pois, menos atraentes. Relacionado com o
custo de oportunidade.

4. Tecnologia

O progresso tecnológico está ligado com os custos de produção, sendo que estes
diminuem assim que a tecnologia aumenta e permite uma maior produtividade. Desta forma,
tem o efeito contrário que o aumento dos factores de produção, sendo que aumentando a
tecnologia, geralmente a oferta que estava associada a um determinado preço, será agora
maior para o mesmo preço.
5. Dimensão do produtor

6. Objectivos do produtor

Uma subida de preços pode não corresponder a um aumento da oferta nos seguintes
casos:

• O produtor pode estar à espera de que os seus concorrentes acompanhem a


subida de preços para, resistindo a ela, alargar o seu “nicho” de clientela à custa
daqueles;
• Pode preferir não aumentar a oferta para não ficar refém da sua capacidade de
resposta, já que revelar a total amplitude dessa capacidade limitaria o futuro
recurso a uma restrição unilateral da oferta, destinada por exemplo a travar a
queda dos preços;
• Pode estar no limite da escala de eficiência, preferindo não arriscar um aumento
de produção que viesse a traduzir-se num agravamento progressivo dos custos.

7. Expectativas

Muitas vezes uma atitude especulativa pode fazer alterar a subida e descida de preços.
Aquele que prevê uma queda de preços tentará vender imediatamente o seu stock de
produtos, muitas vezes desencadeando, com essa atitude, a própria queda dos preços. Aquele
que prevê uma subida de preços procurará açambarcar os produtos, restringindo a oferta até
que os preços subam efectivamente. Normalmente chama-se à capacidade que as previsões
têm de desencadear os efeitos previstos o efeito de Édipo.

Factores da procura num mercado concorrencial

1. Preços

Dadas as limitações orçamentais quanto menor o preço, maior a quantidade


procurada/consumida e quanto maior for o preço a tendência para comprar será menor.
Chamamos a isto a Lei da Procura que traduz uma correlação inversa. Existe a procura
primária que é a procura de acordo com o consumo final e a procura derivada que é a procura
de bens intermédios utilizados para produzir bens finais.

Contudo esta Lei não é isenta de excepções. Estas ocorrem quando se associa a qualidade
do produto ao valor do mesmo ou quando o propósito é a ostentação com os chamados bens
de luxo.
Relação da lei da procura com a Lei da utilidade marginal decrescente: Quanto mais
tenho de um bem, menor utilidade vou retirando dele, por isso o preço a que estou disposto a
pagar maior quantidade será menor. O custo marginal ultrapassa o benefício marginal.

2. O rendimento disponível

A procura depende sempre da capacidade que exista para suportar o pagamento dos
respectivos preços. Podemos aqui fazer a distinção entre Rendimento líquido que é o
rendimento utilizado em obrigações e escolhas pessoais e o Rendimento real que é a parcela
do rendimento que ainda não está definida para que ser utilizado.

3. Existência de bens sucedâneos e complementares

A existência de bens sucedâneos faz com que a baixo do preço de um bem determine a
quebra da procura de outros bens ou o aumento do preço habitualmente determine o
aumento do volume de venda de outros, uma vez que concorrem entre si para a satisfação da
mesma necessidade.

Por oposição encontramos a existência de bens complementares. Nestes, a procura de um


bem equivale à procura do bem complementar.

4. Os gostos

A Lei da Procura pode também ser quebrada por diferentes indivíduos devido a gostos
subjectivos que apresentem. As preferências são importantes na determinação de escolhas
económicas.

5. Efeito da publicidade

As escolhas dos consumidores podem ser alteradas por factos externos.

6. As expectativas

Aquele que prevê uma diminuição do rendimento tenderá a poupar, evitando o declínio
futuro. Em oposição, aquele que prevê um aumento do rendimento, terá tendência a
antecipar o nível de consumo que esse rendimento lhe vai permitir.

Aquele que julga que os preços vão subir antecipará o consumo. O contrário acontece
quando se julga uma descida de preços, ai tender-se-á para um adiamento do consumo.

Deslocações das curvas

• As deslocações sobre a curva são exclusivamente provocadas pela variação do preço;


• As deslocações das próprias curvas estão relacionadas com todos os outros factores
antes vistos que fazem alterar a nossa disposição de consumir ou produzir.
A cruz marshaliana

O ponto de intersecção reflecte o ponto de equilíbrio que coincide entre o preço de


equilíbrio e a quantidade de equilíbrio. Satisfaz por isso toda a quantidade procurada àquele
preço sem deixar excedentes.

No caso de se estabelecer um preço superior ao do correspondente ao ponto de


equilíbrio, os vendedores estariam dispostos a transaccionar mais bens e serviços do que
aqueles que os compradores estariam dispostos a adquirir, havendo por isso excesso de
oferta.

A um preço inferior ao do estabelecido pelo ponto de equilíbrio, os compradores


manifestam uma disposição de transaccionar superior àquela que os vendedores manifestam,
havendo por isso excesso de procura, levando a uma situação de escassez mais preocupante.

Desta forma o ponto de equilíbrio é por isso também um ponto de estabilidade.

Deslocação do ponto de equilíbrio

A deslocação do ponto de equilíbrio ocorre sempre que as próprias curvas da oferta ou


da procura se alterem. Pode também acontecer em função da especulação que leva a comprar
mais a um preço elevado.

Elasticidade Preço da Procura

A elasticidade preço da procura mede a variação da quantidade procurada de um bem


quando o seu preço varia. (Variação percentual da quantidade procurada dividida pela
variação percentual do preço)

Existem vários factores que podem alterar esta elasticidade:

1. O tempo – a perspectiva do tempo faz aumentar a elasticidade, porque dá ao


consumidor mais oportunidades de reacção, permitindo-lhe explorar várias “vias de
fuga”;
2. A essencialidade das necessidades – A elasticidade é reduzida quanto àqueles bens e
serviços que satisfazem necessidades primárias;
3. Efeito de substituição – a quantidade de um bem x diminui porque o preço sobe e o
comprador opta por outro idêntico mais económico, embora a utilidade seja menor –
bens sucedâneos;
4. Efeito de rendimento – Quando o preço dos bens aumenta sem ser acompanhado por
um crescimento do rendimento nominal, o consumo de alguns bens será menor pelo
que a elasticidade se torna mais elástica. O contrário acontece quando o aumento do
preço dos bens é acompanhado por uma subida do rendimento nominal, aí a
elasticidade seria tanto mais rígida.
a. Rendimento líquido – Utilizado em obrigações e escolhas pessoais
b. Rendimento real – Parcela do rendimento que ainda não está definido para o
que ser utilizado.
As elasticidades preço tendem a ser maiores quando os bens são de luxo, quando há
substitutos e quando os consumidores têm mais tempo para ajustar o seu comportamento.
Pelo contrário, as elasticidades são menores para os bens de primeira necessidade, para bens
com poucos substitutos e no curto prazo.

 çã      


 ç   =
 çã    ç

Categorias de elasticidades preço

Inelasticidade absoluta A quantidade procurada não varia com os preços


(inelasticidade Valor =
total/rigidez total) 0

Inelasticidade Valor = O aumento de preço leva a uma diminuição menos do


(elasticidade rígida) entre que proporcional das quantidades procuradas, ou a
Bens de necessidade/ 0e1 diminuição de preço leva a um aumento menos do que
alimentares proporcional das quantidades procuradas.
Elasticidade unitária Valor = O aumento do preço leva a uma diminuição proporcional
1 das quantidades procuradas, ou a diminuição de preço
leva a um aumento proporcional das quantidades
procuradas.
Elasticidade O aumento do preço leva a uma diminuição mais do que
(muito elástica) Valor proporcional das quantidades procuradas, ou a
Bens de luxo =entre diminuição de preço leva a um aumento mais que
1 e o proporcional das quantidades procuradas.
infinit
o
Elasticidade perfeita Valor = O aumento de preço leva ao desaparecimento da
infinit procura, ou a diminuição de preço leva a um surgimento,
o ou expansão infinita, da procura
Teste do Rendimento total:

1. Se um aumento dos preços faz subir o rendimento total do produtor-vendedor a


elasticidade é rígida;
2. Se um aumento dos preços equivaler a um diminuição do rendimento total do
produtor vendedor a elasticidade é elevada;
3. Se não houver alteração no rendimento total do produtor em função da oscilação dos
preços é uma elasticidade unitária.

Teste da Despesa total:

1. Quando a procura é elástica, uma subida de preços equivale a uma quebra da despesa
total, se não há consumo a despesa diminui;
2. Quando a procura é inelástica, a despesa total movimenta-se na mesma direcção das
variações dos preços.
Elasticidade rendimento

A elasticidade rendimento mede a sensibilidade dos padrões de consumo em relação à


variação do rendimento disponível do consumidor.

 çã      


   =
 çã   

Bens superiores Valor = O aumento da procura é mais do que


(bens de luxo) superior a 1 proporcional ao aumento do rendimento, ou a
quebra da procura é mais do que proporcional
à diminuição do rendimento.
Bens normais Valor = O aumento da procura é menos do que
(bens alimentares) entre 0 e 1 proporcional ao aumento do rendimento, ou a
quebra na procura é menos do que
proporcional à diminuição do rendimento.
Bens inferiores Valor = O aumento da procura resulta de uma
(bens de fraca qualidade – abaixo de 0 diminuição do rendimento, ou a quebra na
assim que o rendimento procura decorre de um aumento de
aumenta, optar-se-á por bens rendimento.
de melhor qualidade)
Elasticidade cruzada

Esta mede a variação da quantidade procurada de um bem em relação à variação percentual


de outro bem.

Bens complementares Valor = abaixo de A quantidade procurada de um bem


(-Q/+P) 0 diminui se o preço do outro aumenta,
ou aumenta se o preço do outro diminui
Bens independentes Valor = 0 A quantidade procurada de um bem não
varia em função das variações de preços
do outro.
Bens sucedâneos Valor = entre 0 e A quantidade procurada de um bem
(+Q/+P) infinito aumenta se o preço do outro aumento,
ou reduz-se se o preço do outro diminui.
Substitutos perfeitos Valor = infinito A diminuição do preço de um bem leva
ao desaparecimento da procura do
outro, ou o aumento de preço de um
bem leva ao surgimento, ou expansão
infinita, da procura do outro.
Elasticidade preço da oferta

A elasticidade preço da oferta é a variação percentual da quantidade oferecida dividida


pela variação percentual do preço de um bem.

Inelasticidade absoluta Valor = 0 A quantidade oferecida não varia com os preços


Oferta inelástica - Valor = O aumento de preço leva a um aumento menos
bens raros/ casos em que os entre 0 e 1 do que proporcional das quantidades
recursos são fixos ou não oferecidas, ou a diminuição de preço leva a uma
renováveis /limitação da diminuição menos do que proporcional das
capacidade de uma empresa quantidades oferecidas.
Elasticidade unitária Valor = 1 O aumento/diminuição do preço leva a um
aumento/diminuição proporcional das
quantidades oferecidas.
Oferta elástica Valor = O aumento/diminuição do preço leva a um
entre 1 e aumento/diminuição mais do que proporcional
infinito das quantidades oferecidas.
Elasticidade perfeita Valor = A diminuição de preço leva ao desaparecimento
infinito da oferta ou o aumento do preço leva a um
surgimento, ou expansão infinita da oferta.

Capítulo 5

Interferência na lei da oferta e da procura

A mão invisível que Adam Smith referia, reporta-se para a geração de um equilíbrio de forma
espontânea. Uma intervenção paternalista iria alterar o equilíbrio formado em plena
liberdade.

Consequências da intervenção estatal:

• Quando o preço mínimo é estabelecido abaixo do preço de equilíbrio


A curto prazo as alterações não serão significativas, contudo, pode não permitir as
liquidações ou promoções.
• Quando o preço mínimo é estabelecido acima do preço de equilíbrio
Este preço iria à partida favorecer os produtores, pois conseguem vender superior ao
que o mercado havia formado. Ainda assim, o rendimento das pessoas não é
acompanhado por este aumento de preço. Como estas não têm disposição para
comprar tanto material ao preço fixado, os produtores irão ter um stock elevado não
conseguindo escoar no mercado o seu produto. Acaba por isso, ser desvantajoso para
ambos.
• Quando o preço máximo é estabelecido abaixo do preço de equilíbrio
Este preço vai igualmente desfavorecer ambas as partes. Por um lado os produtores
são forçados a produzir menos, pois os custos de produção não permitem que o preço
seja tão baixo em comparação com a procura que irão ter. Do lado da procura, como
referido, sendo o preço mais baixo as pessoas terão mais disponibilidade para comprar
maiores quantidades de bens que não podem ser produzidos e oferecidos. Geram-se
por isso filas de espera e uma carência de bens. (a menos que o Estado concedesse a
atribuição de subsídios aos produtores)
→ Propicia-se também a existência de mercados negros: Não havendo, ao preço
estabelecido, quem consiga produzir maior quantidade de forma a responder à procura,
gera-se um mercado negro que vendendo a preços mais altos conseguem satisfazer as
necessidades dos consumidores. O objectivo de manter os preços baixos para garantir o
acesso aos bens por parte dos mais pobres não se concretiza.
→ Congelamento e controlo das rendas em Portugal – a longo prazo leva a que as pessoas
deixem de investir na aquisição de casas para revenda. As consequências são o
desaparecimento da oferta de arrendamentos e o aparecimento de arrendamentos sem
cobertura legal.
Sendo que se trata de uma questão de longo prazo, seria ponderável a existência de um
congelamento temporário para fazer face a um aumento repentino dos preços.
Quem ganha: Aqueles que já habitam nas casas arrendadas com contractos pré-
estabelecidos e por isso pagam rendas muito baixas.
Quem perde: Os senhorios que não podem subir as rendas porque está preso a um
contrato e quem gostaria de arrendar uma casa mas não podem.
→ Agricultura:

O sector agrícola tem o problema de ser muito volátil em função dos rendimentos que tiram
de um bom ou mau ano agrícola. Para estes tanto pode ser mau um ano com muita
abundância em que os preços baixam muito mas dada a procura inelástica a procura não sobe
ou um ano em que a produção foi muito fraca.

Para resolver este problema, a solução a adoptar seria a de estabelecer preços que variassem
proporcionalmente em função da quantidade produzida.

Este sector dispõe também de baixos rendimentos médios. Para conseguir evitar este
problema uma das soluções é o estabelecimento por quotas em que cada produtor apenas
pode produzir aquela determinada quantidade, assim não haveria excesso nem escassez de
procura, subindo os rendimentos médios.

→ A perda de qualidade dos produtos para se conseguir manter as quantidades necessárias


aos preços estabelecidos.
→ A procura por bens sucedâneos, para satisfazer as necessidades.
• Quando o preço máximo é estabelecido acima do preço de equilíbrio
A curto prazo não se irão verificar alterações, contudo a tendência será produzir mais
e aumentar o preço até ao preço máximo não havendo mais uma vez procura
suficiente levando a um aumento de stock.

A questão dos salários mínimos:

Quando se estabelece um salário mínimo acima do preço de equilíbrio, a consequência será o


desemprego uma vez que os empregadores não conseguem ser sustentável pagando aquele
preço aos seus trabalhadores.
Quando o preço é estabelecido abaixo do preço de equilíbrio, criam-se situações de
degradação das condições de trabalho.

Os efeitos dos impostos

Os impostos que mais influenciam o comportamento das pessoas são os impostos indirectos.
Os mesmos são aqueles que incidem sobre cada uma das trocas (IVA).

→ Se o imposto indirecto for suportado pelos consumidores, registar-se-á um


deslocamento da curva da procura no sentido da contracção. Se ao preço passa a
acrescentar um imposto, os consumidores estarão agora dispostos a comprar menos
quantidade por um preço que anteriormente não tinha o imposto indirecto.
→ Se o imposto indirecto for suportado pelos produtores, registar-se-á uma contracção
da escala da oferta, sendo que a quantidade oferecida é menor em cada nível de
preços. Como tem que ser descontado o valor à receita de venda, existe um menor
incentivo para a venda em cada nível de preços.

Os impostos nunca serão suportados por uma ou por outra parte. No caso dos impostos
incidirem sobre a procura, a mesma irá se contrair e por isso a oferta ver-se-á forçada a
diminuir os preços para não perder a clientela. Assim, apesar do imposto incidir sobre o
consumidor, um abaixamento dos preços fará com que parte do imposto seja pago pela oferta.
Este efeito é denominado por repercussão. Tal só não acontece quando a elasticidade da
procura tem uma rigidez perfeita.

No caso dos impostos serem imputados aos vendedores, os mesmo teriam a tendência para
aumentar o preço em função de uma retracção da escala da oferta. O inverso se verificaria.

A proporção tributária que recai sobre ambas as partes depende da elasticidade.

1. Se a procura é inelástica a retracção geral do mercado terá maior impacto do lado da


procura – sendo que um aumento dos preços não implica uma redução ampla da
quantidade consumida, a oferta não terá necessidade de baixar os preços;
2. Se a procura é elástica, quem pagará a maior parte será a oferta. Isto porque a procura
tenderá a diminuir caso não haja uma descida de preços por parte da oferta, sendo
esta a suportar a maior parte do imposto;

Capítulo 6 - A procura em mercados concorrenciais

Disposição de pagar: montante em que se pode determinar qual seria o limite do sacrifício
monetário presente na obtenção de um bem e não de outro. limitações:

• A necessidade de saber se este conceito engloba o processo psicológico da escolha;


• A preocupação em saber se o consumidor já tem preferências bem definidas de que é
capaz de optar instantaneamente entre conjuntos de produtos;
• A inexistência de informação perfeita
A curva da procura e a disposição de pagar

O que move o comprador é a representação de que a compra o colocará numa situação de


bem-estar acrescido.

Excedente do consumidor – a diferença entre a disposição de pagar, o valor atribuído pelo


consumidor a um bem, e aquilo que efectivamente é pago. É por isso o montante líquido que
representa o acréscimo de bem-estar.

A curva descendente da procura significa que o consumidor retirou uma satisfação superior
das doses anteriores do que aquela que retira da dose marginal, pelo que estaria disposto a
pagar mais por aquelas doses do que por esta.

A curva da procura reflecte também o custo marginal que o consumidor está disposto a pagar
pelo facto de prescindir de outros bens para comprar mais unidades deste.

Quando o preço desce, dá-se um aumento do bem-estar. Tanto daqueles que já tinham
excedente do consumidor como para aqueles que agora passam a tê-lo.

Quando o benefício marginal é inferior ao custo marginal deixa de ser racional haver
disposição de pagar para mais uma unidade desse produto, e passará a haver disposição de
pagar por mais uma unidade de um outro produto.

(ver benefício marginal e leis de gossen)

A curva da oferta e o excedente do produtor

Excedente do produtor – diferença entre o preço mínimo a partir do qual a venda já ocorreria
e o preço de mercado.

A curva da oferta é exactamente o preço mínimo que os produtores aceitam para cada volume
de produção. Desta forma, toda área acima da curva da oferta significa um excedente do
consumidor.

Eficiência e bem-estar total

Bem-estar total – é o excedente total, ou seja, o excedente do consumidor com o excedente


do produtor.

Um mercado é eficiente quando maximiza esse “excedente total”. É o igualmente quando


permite que a venda dos produtos se concentre no grupo de vendedores no qual se manifesta
uma maior disposição de vender, e que a compra seja levada a cabo por aqueles que
manifestarem uma maior disposição para comprar – uma situação em que o ponto de
equilíbrio é o mais alto possível permitindo um aumento de bem-estar toral, pelo facto de os
vendedores venderem ao preço mais alto possível e os compradores, consumam maior
quantidade pelo menor preço possível.

Na fixação de um preço máximo abaixo do ponto de equilíbrio a perda de bem-estar será tanto
para o produtor como para o comprador, ou seja, dá-se uma perda de bem-estar geral. Um
preço máximo abaixo do equilíbrio provocará uma perda do excedente do consumidor e com a
falta de produtos suficientes, não haverá possibilidade de alguns consumidores chegarem a
atingir seja qual for o bem-estar.

Uma alteração da quantidade de equilíbrio trará também uma perda de bem-estar geral. No
aumento da quantidade de equilíbrio haveria quantidades que não eram possíveis ser
escoadas no mercado e por isso o produtor perdia. No caso da fixação de quantidades abaixo
da quantidade de equilíbrio, o produtor não vai poder vender tanto quando quer nem o
consumidor comprar tanto quanto quer uma vez que há menos e mais caro. Isto permite nos
concluir que o mercado livre é o mais eficiente.

O bem-estar social tem também inerente os conceitos de externalidades positivas e negativas.

Perdas de bem-estar resultantes dos impostos:

Com a fixação de impostos indirectos, para além das repercussões que já foram analisadas,
levam a uma transferência de bem-estar, daqueles que transaccionam para os credores do
imposto. A questão é que o imposto leva a uma retracção do mercado e por essa razão, o
número de transacções é menor do que o que ocorreria sem imposto.

Quando a transacções deixa de ser efectuada, há uma simples perda absoluta de bem-estar.
Isto porque, não ocorrendo a transacção, não há imposto a receber.

Um Estado que queira minimizar o impacto dos impostos no bem-estar total deverá procurar
concentrar a carga tributária naqueles mercados em que a procura e a oferta sejam menos
susceptíveis de se retrair, e onde por isso, menos possível se torna a ocorrência de uma quebra
no volume da transacção. Coloca-se no entanto a questão de se tributar o consumo básico,
aqui, os contribuintes mais pobres costumam dispensar uma percentagem mais elevada do
seu rendimento pessoal do que os contribuintes mais ricos, o que acaba por ser pior que o
próprio problema suscitado.

Ponto de equilíbrio na modulação de um imposto – um ponto aquém iria levar a uma pura
perda de bem estar e um ponto além iria levar a uma retracção do mercado tal que não se
justificaria.

Curva de Laffer: a taxa de imposto pode condicionar negativamente a receita tributária, a


ponto de poder afirmar-se que a redução do peso económico dos tributos pode resultar até
num incremento da receita do imposto.

A teoria do consumidor

O horizonte de oportunidade é definido pelas possibilidade de aquisição de bens e serviços


que lhe são facultadas pelo seu rendimento disponível, dado um determinado nível de preços.

É possível incrementar o rendimento disponível através de: poupança, investimento, créditos,


intensificação no mercado de factores.

Restrição orçamental – combinação total daquilo que pode comprar-se com um determinado
rendimento disponível, dado um conjunto de preços relativos que indicam quanto deve
sacrificar-se do consumo de um bem ou serviço para que outros possam ser consumidos. É a
fronteira entre aquilo que é compatível e aquilo que é incomportável para o consumidor, o
limite absoluto da sua disposição de pagar – fronteira de possibilidades do consumidor.

Curvas de indiferenças – representam aquilo que o consumidor deseja fazer, o modo como as
suas preferências efectivamente se distribuem pelos produtos. Representa um conjunto de
situações em que o consumidor se encontrará igualmente satisfeito.

A taxa marginal de substituição, ou seja, a maior ou menor disposição do consumidor para ir


trocando uma unidade de um dos bens por uma ou mais unidades do outro bem sem sair da
mesma curva de indiferença.

Aceita-se a taxa marginal de substituição decrescente sendo que a taxa marginal de


substituição diminui à medida que nos vamos deslocando ao longo de uma curva de
indiferença, aumentando o consumo de um bem e diminuindo o consumo de outro bem. À
medida que vamos abdicando de um bem em função de outro, a disposição para trocar será
decrescente porque o primeiro bem começa a ficar escasso e a utilidade que irei retirar do
segundo bem já não é satisfatória o suficiente, não esquecendo da utilidade marginal
decrescente.

Características da curva de indiferença:

• O consumidor prefere as curvas mais elevadas, que unem combinações mais


volumosas de bens e lhe proporcionam maior utilidade;
• As curvas de indiferença têm uma inclinação negativa, o que reflecte uma taxa
marginal de substituição, e através dela a correlação inversa entre quantidades e bens.
Se compro mais de um bem não posso comprar o outro bem, devido às disposições
monetárias que tenho;
• Quanto mais os bens forem sucedâneos perfeitos uns dos outros, menos a taxa
marginal de substituição variará e menos acentuada será a curva; quanto mais os bens
forem complementares, mais a curva será acentuada.

A intercepção da recta do rendimento com as curvas de indiferença dará aquilo a que se


chama a escolha óptima. Isto visto que junta o rendimento disponível com aquilo que se
desejaria de consumir. É considerada aquela curva que apresente o valor mais alto que é
consentido pela limitação orçamental.

Efeitos de rendimento e de substituição

Quando se trata de bens superiores ou normais, a um aumento do rendimento corresponde


uma expansão da curva de indiferença.

Quando se tratam de bens inferiores, dá-se uma contracção da curva pelos motivos que
explicam que a um aumento do preço corresponde uma diminuição do consumo desses bens.

Em relação ao efeito de substituição, a preferência de um bem foi substituída pela preferência


de outro em função da variação do preço.
Desta forma o efeito de substituição permite que quando o preço desça, ocorra um aumento
mais do que proporcional do consumo do bem em causa face ao aumento do consumo do
outro. O efeito de rendimento contribui para o aumento de consumo de ambos os bens.

A escolha do nível de trabalho

Aquilo que cada um dispõe para consumir depende de duas decisões pessoais: a da poupança
(mercado de capitais) ou do nível de trabalho e de remuneração (mercado de trabalho).

Recta de rendimento – conjunto de combinações possíveis de consumo e de lazer que são


permitidas pelas horas de trabalho e pela remuneração à hora.

Quando a remuneração à hora aumenta, o trabalhador terá tendência a trabalhar mais


dispensando das horas de lazer, verificando-se o efeito de substituição, sendo que as horas de
lazer apresentavam um custo de oportunidade elevado. Contudo, para outros, tenderão a
trabalhar menos porque, como as horas que trabalha aumentam a remuneração, poderá
trabalhar um pouco menos e ainda assim consumir mais.

A escolha do nível de poupança

Taxa de Juro+Efeito Substituição: Se a Taxa de Juro for muito alta, os potenciais mutuantes
(aqueles que emprestam) poderão até abdicar de consumir de acordo com as suas
preferências, e somente consumir depois, por forma a obter o máximo de rendimento
derivado do mesmo mútuo (empréstimo), mormente a título de juros. Ou seja, abdicando de
consumir de acordo com as suas preferências, poderão exactamente incorrer numa hipótese
de Efeito-Substituição. Numa palavra, quanto mais alta for a Taxa de Juro, maior é a
probabilidade de tal efeito ocorrer do lado dos potenciais mutuantes.

Taxa de Juro+Efeito de rendimento: Quanto maior for o rendimento actual, menor será a
consideração pela poupança sendo que as vantagens actuais se apresentam mais favoráveis.

Taxa de Desconto, cuja repercussão se tem no conceito de valor descontado, associa-se à dita
"miopia do consumidor pelo consumo imediato", ou seja, esse valor descontado será tanto
menor (exactamente porque associado à tendência/apetência de cada sujeito para um
consumo tanto mais imediato quanto possível) quanto maior for a dilação temporal entre o
momento presente e um momento futuro em que o agente volte a ter acesso a determinado
montante que, por ex, emprestou, e que exactamente por isso não lhe permitiu adquirir no
imediato determinado bem. Daí que, se o prazo de reembolso de determinado montante
mutuado (emprestado) for apenas de 1 ano, o valor descontado (logo Taxa de Desconto) será
mais alto porque tanto mais rapidamente, ou tanto mais imediatamente poderá aceder ao
consumo de determinado bem, enquanto Bem Presente.

Capítulo 7

O objectivo do produtor será sempre a obtenção de lucro. (excedente do consumidor)

Rendimento total – A multiplicação de todas as unidades vendidas pelo preço de venda de


cada unidade;
Custo total – é o somatório de todas as despesas que o vendedor incorreu para produzir os
bens vendidos. Por isso, é a multiplicação das unidades vendidas pelo custo de produção de
cada unidade.

A definição de custo total engloba contudo, apenas os custos explícitos (custo contabilístico),
aqueles que monetariamente foram necessários para a produção de determinados bens.
Temos contudo que ter em conta também os custos implícitos. Estes já se prendem com uma
análise comparativa em que é necessário apurar, aquilo que efectivamente se deixou, para ter
uma determinada produção, portanto, todo um raciocínio lógico subjacente.

Em primeiro lugar prende-se com os bens que o agente já dispõe e que os usa de uma
determinada forma, não podendo esses bens serem empregues noutra coisa. São exemplo
disso os lucros, juros e rendas que se deixam de obter em função de utilizar esses bens para o
próprio proveito. Entendemos mais latamente como custo de oportunidade.

Custo económico – é o custo de oportunidade, aquilo que o agente económico deixou


directamente de obter, os benefícios que para ele adviriam da segunda melhor opção, ou seja,
daquela que deixou de tomar para escolher aquela que, por revelar maiores vantagens, tornou
efectiva.

Lucro económico – este é a subtracção entre o lucro contabilístico da primeira opção e o custo
contabilístico da segunda. Assim sendo é o lucro contabilístico da primeira opção mais o custo
de oportunidade.

É por isso que ainda que haja lucro contabilístico se deixe de produzir em função do lucro
económico poder ser negativo quando a segunda melhor opção se torna mais vantajosa.

Lucro contabilístico – comporta apenas o lucro que advém dos custos explícitos, não tendo
por base um carácter comparativo.

Função de produção – relação quantitativa entre aquilo que é empregue na produção e aquilo
que dela resulta.

Produto marginal – a quantidade produzida a mais em função de uma alteração de um factor


produtivo.

Apesar de, até a um certo ponto compensa a introdução de mais factores de produção porque
o produto marginal aumenta, existe contudo a tendência para um decréscimo do produto
marginal em função da saturação dos consequentes aumentos de factores de produção
enquanto alguns permanecem fixos. Há por isso também um aumento dos custos marginais e
com isso, um aumento dos custos totais. (LEI DOS RENDIMENTOS MARGINAIS DECRESCENTES)

Custo fixo – associado aos factores cuja quantidade não varia em função do nível de produção.
(uma máquina que custou 50mil euros irá custar o mesmo ainda que produza apenas 10 ou
1000 unidades produtivas).

O custo fixo médio é calculado pela divisão entre os custos fixos totais a dividir pelas unidades
produzidas.
Estes custos fixos médios vão decrescendo à medida que vamos aumentando a produção, em
função do preço se distribuir pelas diferentes unidades produzidas.

Custo variável – Prende-se com o facto de para produzir mais, necessita-se de mais factores de
produção, são por isso variáveis em função do nível de produção. (produzir 10 ou 1000
unidades exigirá um número diferente de trabalhadores. Por isso, é um número
marginalmente crescente, no sentido em que um aumento de produção implica até certo
limite o recrutamento de um número cada vez maior de trabalhadores)

O custo variável médio é a divisão entre os custos variáveis totais a dividir pelas unidades
produzidas. São crescentes o que confirma a produtividade marginal decrescente.

Custo total é então a soma entre os custos fixos e os custos variáveis, dendo que como os
custos variáveis são crescentes, os custos totais também os serão.

Custo médio – quanto custa produzir cada unidade. São por isso os custos totais a dividir pelas
unidades produzidas.

Custo médio total - pode também ser a soma entre custos fixos médios e custos variáveis
médios.

O custo médio total tende a ser representado na forma de u. Isto deve-se ao facto dos custos
fixos médios (importantes a curto prazo) sejam descendentes em função de um aumento de
produção, enquanto que a longo prazo os custos variáveis vão aumentando quanto mais se
produzir.

O ponto até onde os custos médios são decrescentes, é designado por escala de eficiência ou
dimensão óptima.

Custo marginal – quanto é que custa produzir cada novo relógio. Será racional continuar a
produzir mais uma unidade enquanto essa unidade tiver um custo inferior à do preço do
mercado.

Estes custos terão propensão para crescer como já referido através do produto marginal. O
custo marginal começa no entanto por ser menor que o custo médio e continuam a ser
inferiores enquanto os custos médios totais descem. Quando estes começam a subir, os custos
marginais também começam a subir de uma forma mais significativa. Por isso numa
representação gráfica, a intercepção entre o custo médio total e o custo marginal é o ponto
ideal para o produtor permanecer e obter maior lucro.

(um estudante que tira uma nota inferior à media dele contribui para que a média desça,
enquanto que, quando o estudante tira uma nota mais alta que a média, contribui para que a
mesma suba)

O curto e longo prazo

A curto prazo, um dos factores permanece fixo sendo que os custos inerentes a esse factor são
também fixos.
Na tentativa em aumentar a produção a longo prazo, está subjacente o período em que é
necessário para tornar todos os custos fixos em custos variáveis. Em princípio não há custos
fixos a longo prazo, a perspectiva de custos a longo prazo é a de reafectação economicamente
eficiente de todos os recursos. A tentativa em tornar os custos fixos em variáveis explica-se
pela lei dos rendimentos marginais decrescentes. A curto prazo existe um limite ao
rendimento marginal que se obtém da intensificação do uso de factores de produção.

Porém, existem os chamados “overhead costs” como é o exemplo de uma assinatura


telefónica ou de serviços de vigilância que permanecem sempre fixos. São também exemplo os
custos de funcionamento.

• Lei dos rendimentos marginais decrescentes faz com que o rendimento marginal dos
factores variáveis tende a diminuir e por isso seja mais caro produzir. (explica a
tendência para que quando aumenta o preço de venda a produção também aumente,
lei da oferta)

Rendimentos de escala

1. Rendimentos constantes à escala – aumento da produção proporcionalmente ao


aumento da escala de produção;
2. Rendimentos decrescentes à escala ou perdas de escala – Produção aumenta menos
do que proporcional;
3. Rendimentos crescentes à Escala ou Economias de escala – Produção aumenta mais do
que proporcionalmente.
Estes economias caracterizam-se pelo abaixamento dos preços médios a longo prazo e
por isso de uma inversão da lei dos rendimentos marginais decrescentes e por isso de
um rendimento a longo prazo crescente.

Dois tipos de economias de escala:

1. Internas:
• Eficiência técnica – a capacidade de se empregar intensivamente maquinaria
muito eficiente mas muito dispendiosa como custo fixo inicial;
• Eficiência empresarial – maior espaço para especialização nas tarefas de
gestão e de coordenação;
• Vantagens financeiras – permite acesso ao crédito bancário mais
favoravelmente;
• Possibilidade de descontos de quantidade na compra de publicidade ou de
recursos e de matérias primas;
• Maior investigação e desenvolvimento.
2. Externas:
• Presença local de uma vasta mão-de-obra especializada;
• Existência de uma rede instalada de assistência ou de distribuição;
• Eficiência e dimensão nas infra-estruturas disponíveis.

Contudo, há uma altura SEMPRE que a expansão começa a ser travada por perdas de escala,
por rendimentos decrescentes à escala, isto é, de uma subida de custos médios.
Problemas que levam à perda de escala:

A nível interno:

• Crescente manifestação dos factores de ineficiência na divisão de trabalho (rotina,


desumanização);
• Saturação dos locais ou instrumentos de trabalho;
• Crescente dificuldade da supervisão e da coordenação;
• A perda tanto do espírito de grupo dos trabalhadores como da comunicação interna.

A nível externo:

• A crescente escassez de mão-de-obra especializada próxima do local de produção;


• Raridade das instalações disponíveis;
• A crescente saturação das infra-estruturas e o agravamento dos tempos de acesso e
de transporte.

A única forma de uma curva de custos médios a longo prazo é a dos rendimentos constantes à
escala.

• Economias de Gama – pressupõe uma produção combinada de dois ou mais bens cuja
produção separada implicaria duplicação de custos, as que resultam exactamente do
uso polivalente de recursos especializados.

Opções de investimento

Um investimento pode ser real se consiste directamente na aquisição de bens de capital que
sejam empregues seguidamente num processo produtivo, e pode ser financeiro, se se limitar
ao mútuo ou ao depósito de fundos junto de mercados ou de instituições especializadas. Estes
por sua vez vão encaminhar esses fundos para o investimentos reais.

1. Depósito e investimento directo em bens

Aqueles que maior aversão tenham ao risco podem minimizá-lo fazendo depósitos bancários. É
a forma de garantir quando necessário o levantamento do capital e da entrada de juros a
custos baixos. Só haveria risco no caso dos bancos falirem, coisa que os Estados modernos têm
evitado.

O investimento em compra de bens com fins de obtenção de rendimento ou de especulação,


podem parecer tão seguros. No entanto, apesar de talvez mais rentável, não há uma garantia
directa da recuperação do capital investido sendo que uma circunstância imprevista pode
determinar a perda do valor de mercado do bem ou não haver comprador que esteja disposto
a oferecer o valor inicial do bem. Isto poder-se-á evitar com a constituição de um fundo de
investidores.

2. Obrigações

A subscrição de títulos obrigacionistas é o empréstimo de capital financeiro a uma empresa


por um prazo determinado. O investidor fica então na posição de credor da empresa. Suscita-
se aqui o problema da inflação por exemplo, na qual a remuneração, por ser em termos
nominais, não seja destituída na sua integra.

As subidas das taxas de juro no mercado são más notícias para os subscritores de obrigações,
sendo que, ao invés, as descidas das taxas de juro desbloqueiam a liquidez dos títulos.

3. Acções

A compra de partes do capital da empresa traz consigo algumas prerrogativas, em princípio,


quanto à empresa. Associa-se à compra de acções um risco elevado já que nada garante o
retorno do investimento uma vez que indo à falência, não há restituição do dinheiro.

Em contrapartida, a remuneração do investimento em acções não tem limites máximos,


passando por valores mais elevados e menos elevados consoante o lucro da empresa. Pode
também ter mais benefícios pela distribuição dos dividendos os accionistas.

As transacções de acções no mercado bolsista estão expostas a efeitos de contágio


especulativo. Quando a liquidez dos títulos começa a ser problemática e um investidor começa
a temer a impossibilidade de vender os títulos, o mesmo se passa com a maioria ou a
totalidade dos investidores, o que pode resultar numa expansão súbdita da oferta e numa
drástica retracção da procura e consequentemente uma queda das cotações das acções e a
impossibilidade de vender a um preço que corresponda a uma remuneração adequada do
investimento inicial.

Também em relação às acções e aos títulos obrigacionistas, um fundo de investimento comum


permite:

• Uma diversificação na compra de títulos que dissipa os riscos de cada investimento em


particular;
• Permite uma gestão profissional de títulos;
• Alcançada uma determinada dimensão, a entrada ou saída de um membro não afecta
os restantes, conferindo uma quase liquidez perfeita.

4. Mercado eficiente e passeio aleatório

Num mercado eficiente, o preço reflectiria perfeitamente as características dos bens de


investimento. Aquele que quisesse investimentos com mais elevada esperança de ganhos teria
que pagar um preço mais elevado ou, em alternativa, assumir maiores riscos.

Um dos corolários desta noção de mercado eficiente é a ideia de que não é possível
adoptar uma estratégia racional para “vencer o mercado”. Isto pela razão de que todo o
conhecimento relevante já se encontra no preço. Ora se todos os investidores do mercado têm
igualmente acesso ao preço, será de prever que reajam todos da mesma forma obrigando a um
equilíbrio entre eles, não conseguindo nenhum deles vencer, já que tem de contar com reacção
análoga dos seus concorrentes.
É claro que o mercado eficiente não passa de uma hipótese, cuja comprovação é difícil – e
daí os chamados “event studies”. Estes são análises das variações de preços dos títulos
bolsistas em função de episódios de divulgação de informações relevantes. Procura-se, de
seguida, detectar aqueles pontos nos quais se manifestem oportunidades de ganho advindas
da exploração de informação privilegiada e não espelhada nos preços dos títulos (fenómeno
especulativo).

Dado a definição do que seja um mercado eficiente, haveria uma única forma de “vencer”
nele, e essa seria a de apostar em variações inesperadas dos preços. Só que o que é inesperado
não é, por definição, racional ou estratégico por não se tratar de conhecimento: não é sequer
probabilidade porque esta prevê todas as hipóteses previsíveis. Apostar no inesperado, no
desconhecido, é apostar no acaso, é esperar ter sorte.

E por isso, no longo prazo os ganhos médios de “vitórias no mercado”, vitórias puramente
casuais, não dependem de qualquer estratégia melhor do que a do simples “passeio aleatório”,
ou seja, a “não-estratégia” de compras e vendas de bens de investimento arbitrariamente
decididas, gravitando em torno do preço de mercado.

Os ganhos médios de uma atitude de não-jogo, uma mera atitude passiva de investimento
de longo prazo sem especulação, tendem a aproximar-se dos do próprio passeio aleatório –
definindo-se “aleatória” como a característica de toda a variável que não é totalmente
predeterminada pelas demais variáveis disponíveis, que não é “determinística”.

Note-se, porém, que tudo isto vale apenas da aproximação do mercado dos bens de
investimento ao paradigma do mercado eficiente que, como se sabe, não funciona assim
devido ao fenómeno especulativo que altera sempre as regras de mercado ao contrário do
mercado eficiente em que os movimentos de preços dependem quase exclusivamente da
oferta e da procura e da sua racionalidade.

Capítulo 8

Preço relativo em termos dos bens presentes: o sacrifício do consumo imediato que está
implicado no investimento em recurso de que emergirão os bens futuros.

O valor dos bens futuros é menor que o valor dos mesmos bens quando a sua disponibilidade
seja imediata. Mediante uma atribuição possível no presente do valor do bem no futuro
chamar-se-á valor descontado. É por isso que, quanto mais longe for o prazo entre o momento
presente e o momento futuro, menor será o valor descontado.

Esta preferência pelo presente desaconselharia um investimento no futuro, contudo, a


necessidade do juro é necessário aqui. Quem toma o sacrifício deve ser premiado.

Juro: Montante que fez vencer a preferência pelo presente, pelo que a taxa de juro tem que
ser superior à taxa de desconto que, individual ou colectivamente, é aplicada às transacções
inter-temporais; é o preço de equilíbrio do mercado dos fundo monetários mutuáveis.
A inexistência dos Juros levaria a:

1. Excesso de procura de fundos;


2. Falta de incentivo para concederem empréstimos.

Interferem na formação da taxa de juro:

1. Presença de intermediários financeiros (bancos);


2. Presença de inflação – a inflação poderá levar a que, caso não haja um “prémio de
inflação”, o poder de compra real seja destruído e não haja realmente uma
remuneração acrescida.

Juro nominal – Somatório do juro real e do prémio de inflação que coincide com a taxa de
inflação.

O motivo-especulação

A revenda especulativa consiste na aquisição de bens presentes com a expectativa de que


podem ser vendidos futuramente a um preço superior.

Estas expectativas são racionais quando comportam todo o conhecimento disponível e que são
irracionais quando se limitam a extrapolar o presente, ou do passado recente, para o futuro,
jogando na antecipação do acaso.

As respostas do risco e o problema do seguro

Aversão ao risco – indisponibilidade para assumir a margem de probabilidade de desfechos


negativos que se prende com todas as nossas decisões projectadas para o futuro.

As economias modernas tendem a multiplicar as forma de dissipação, distribuição e


transferência de riscos. Formas:

1. Investir em diferentes sectores de actividade de forma a distribuir os riscos de impacto


negativo;
2. A existência de seguradora – esta cobra um preço correspondente ao dano coberto,
multiplicado pela probabilidade do dano e acrescido de um prémio que remunera a
seguradora pela absorção do risco.

Capítulo 9

O mercado concorrencial

1. As condições da concorrência
a. Atomicidade

Pressupõe a existência de um número elevado de compradores e de produtores, de forma a


que nenhum destes, seja possível uma interferência nos preços.

Quando a escala mínima de eficiência é reduzida em toda a oferta, por oposição ao nível de
procura, significa que os produtores podem ter um nível de concorrência uma vez que
conseguem manter o nível de produção, dando aos consumidores oferta nas mesmas
condições. Permite a entrada de mais produtores no mercado, dado que a tecnologia
disponível não permite aos restantes produtores, num nível de eficiência, produzir o suficiente
para toda a procura.

b. Fluidez

A fluidez prende-se com a informação e a racionalidade dos consumidores no acto da


compra/escolha. Pressupõe-se um determinado grau de homogeneidade nos produtos, de
forma a que a escolha seja apenas feita tendo em conta o preço dos produtos e por isso a
competitividade se estabeleça apenas nesse âmbito.

Contudo, esta homogeneidade apenas produz os efeitos desejados se os compradores tenham


noção da mesma. É necessário que não se deixem influenciar pelas aparências e que
disponham por isso das informações necessárias. Desta forma não seria racional que os
compradores fossem induzidos a comprar o mais caro de dois detergentes, apenas tendo em
conta as marcas que de um foi mais publicitada.

Não deve haver diferenciações qualitativas que qualifiquem um produto como único e
incomparável, de forma a que por isso deixe de ser legítimo uma comparação de preços.
Pressupõe-se pois que os produtos da mesma classe sejam sucedâneos e substitutos perfeitos
uns dos outros não devem por isso ocorrer as seguintes situações:

• Diferenciação sensorialmente perceptível;


• Diferenciação geográfica que permite distinguir os produtos em termos de
acessibilidade;
• Diferenciação assente na reputação ou estigmatização de marcas ou de produtores;
• Assimetrias informativas.

c. Liberdade de entrada e saída

Pressupõe-se que, principalmente do lado da oferta, não hajam barreiras à entrada e à saída.
São exemplo disso os entraves corporativos que deixam a entrada de concorrentes à mercê de
uma decisão dos vendedores já estabelecidos no mercado, ou que imponham investimentos
iniciais tão elevados que os recém-chegados fiquem reféns deles e tenham dificuldade em
abandonar o mercado quando as condições económicas possam aconselhá-lo.

As barreiras que impedem o produtor de entrar no mercado são, à partida barreiras de


entrada também.

Muitos destes entraves à liberdade de entrada e saída são artificiais, no sentido de serem
barreiras político-jurídicas. Podem ser no sentido de não permitirem fluidez ou atomicidade e
por isso impedirem a formação de uma concorrência a nível de preços. Também no âmbito da
interferência do Estado podemos dar alguns exemplos que impedem a entrada e saída no
mercado:
• Incentivos à investigação e à inovação;
• Invocação da tutela do interesse público e da segurança dos consumidores – exigem-se
formas de licenciamentos e de certificação que condicionam o acesso de novos
produtores.

2. A teoria do produtor

Num mercado de concorrência perfeita, o produtor não poderá alterar o preço em função de
um aumento de quantidades produzidas. Assim sendo, o seu rendimento total variará
directamente em função dessas quantidades produzidas: se o preço não variar, o nível de
rendimento dependerá exclusivamente do nível de vendas, do volume de produção.

É uma condição do mercado atomístico que os vendedores recebam sempre o mesmo preço,
independentemente do volume de vendas e por isso esperam sempre o mesmo preço por
cada unidade adicional que vendam.

Para o “price taker” a procura é infinitamente elástica porque os produtos oferecidos pelos
seus concorrentes são perfeitos substitutos dos seus, existindo para o comprador a
possibilidade de comprar à concorrência sem qualquer perda de utilidade.

No vendedor atomístico, o rendimento médio corresponderá ao preço unitário dos bens


vendidos, já que o preço dos bens é sempre o mesmo. (rendimento total = quantidade x preço
de unidade) e (Rendimento médio = rendimento total/ quantidade)

O valor do rendimento médio é também igual ao rendimento marginal. O rendimento marginal


há-de ser aquilo que o vendedor recebe por cada nova unidade vendida, como ele recebe
sempre o mesmo valor/preço, o rendimento médio teria que ser igual ao rendimento
marginal.

Neste caso, será vantajoso incrementar a produção enquanto o custo marginal for inferior ao
rendimento marginal porque isso provoca uma subida de lucro (ver tabela do manual). O
ponto óptimo para o vendedor atomístico que pretende uma maximização de lucros é onde o
custo marginal e o rendimento marginal coincidem.

3. A oferta no curto prazo

Sendo que o ponto maximizador é a convergência entre custo marginal e rendimento


marginal, esse ponto deslocar-se-á ao longo da curva ascendente dos custos marginais, à
medida que o rendimento marginal (o nível de preços) se altere também. Assim sendo, a curva
da oferta é a curva dos custos marginais, respondendo às variações de preços em função dessa
curva de custos marginais, que é afinal o principal condicionamento da sua conduta no
mercado concorrencial.

4. A suspensão de actividade no curto prazo

A saída temporária de curto prazo distingue-se pela circunstância de no curto prazo existirem
custos fixos que são irrecuperáveis, no sentido de que já estão pagos e de que não há
alternativa para suportá-los, enquanto que no longo prazo também esses custos se tornam
variáveis, podendo ponderar-se uma decisão em que todo o género de custos seja levado em
conta.

Custo irrecuperável/histórico (sunk cost) – um custo que o produtor não se livra mesmo que
deixe de produzir. Exemplo disso são os anúncios publicitários já pagos.

Custos recuperáveis – custos fixos relativos à aquisição de bens que sejam utilizáveis noutras
linhas de produção. São o também os custos de funcionamento (overhead costs) que
desaparecem assim que o produtor tome a decisão de suspender a actividade.

Já que o produtor, a curto prazo não se consegue livrar dos custos fixos, tudo se opera no
âmbito dos custos variáveis. Assim só será racional sair do mercado temporariamente quando
os custos variáveis forem superiores ao rendimento total. Quando por isso os rendimentos
totais não cobrem os custos variáveis, corresponde a dizer que as perdas totais são superiores
aos custos fixos totais.

Pode também justificar-se de outra forma, dizendo que a decisão de curto prazo de suspensão
da produção há-de justificar-se em todos os casos em que os custos variáveis médios são
superiores ao preço que corresponde ao rendimento médio.

5. Encerramento no longo prazo

A decisão agora será de sair definitivamente do mercado ou não e no caso de não abandono
decidir qual a escala de produção.

A longo prazo o produtor deve abandonar o mercado quando o rendimento total não chega
para encobrir os custos totais, se o seu custo médio é superior ao preço.

Na entrada no mercado, deve-se igualmente ter em conta os seus custos médios com o nível
de preços que é praticado no mercado, tendo ainda em conta que a entrada de novos
produtores faz descer o nível de preços.

Assim, a existência de preços elevados e de lucros extraordinários (lucros) atrai novos


concorrentes ao mercado, porque a disparidade verificada entre preços e custos sugere a
novos candidatos a possibilidade de que mesmo a sua escala de eficiência, por
comparativamente mais elevada que seja em relação a produtores mais eficientes, ainda
conseguirá situar-se num ponto inferior ao preço de mercado.

A elasticidade-preço da oferta, tende a aumentar com o tempo e atingir o seu máximo no


longo prazo devido a estas decisões de entrada e saída. Um aumento de preços não apenas faz
os produtores existentes adaptarem a sua escala de produção, como também faz com que
novos produtores se juntem ao mercado.

Quando o preço de venda se situar num ponto intermédio entre a curva dos custos médios e
dos custos variáveis médios, vale a pena ao produtor manter-se em actividade, ainda que
registar perdas, pois que uma saída poderia trazer perdas ainda maiores já que não tem como
recuperar os custos fixos e custos irrecuperáveis.
6. A transição do curto para o longo prazo

Os produtores entram no mercado quando se apercebem que outros, já instalados no


mercado e com estruturas de custos similares, estão a obter lucros; mas essa entrada,
aumentando o número de vendedores concorrentes e portanto aumentando a oferta, tende a
provocar o efeito (não atomístico) da quebra de lucros, seja para os produtores já
estabelecidos, seja para os recém-chegados. O volume total possível de vendas vai ter que ser
dividido por um número maior de vendedores, fazendo isso com que a quantidade que caberá
a cada um seja, em princípio, menor do que aquela que garantia, aos produtores já instalados,
obterem um determinado nível de lucros.

Caso os produtores não reduzirem as quantidades produzidas devido ao aumento de


produtores, teremos uma situação de excesso de oferta.

Assim sendo, os novos produtores provocam a sua própria saída pois que aquilo que os aliciou
foi destruído pela sua própria entrada (efeito de miragem). A saída destes produtores fará
aumentar o lucro daqueles que subsistiram e com isso irá atrair novamente mais produtores,
acontecendo o mesmo processo e assim sucessivamente.

Existe contudo um ponto de equilíbrio em que isto deixa de acontecer. Trata-se do ponto no
qual convergem preço e custo médio, um ponto no qual o lucro tende a desaparecer.

Um mercado concorrencial sem barreiras de entrada e de saída tende, no longo prazo, tende
para um equilíbrio que coloca os produtores na sua escala de eficiência. Sendo que o ponto
óptimo é quando o custo médio coincide com o preço, é normal que o preço coincida com a
escala mínima de eficiência.

Num mercado atomístico, os lucros extraordinários tendem a desaparecer, pois que não há
nenhuma opção melhor nem opção pior, está na única possível.

Renda económica – o rendimento dos recursos empregues ultrapassam o custo de


oportunidade.

O lucro normal

Apesar de não haver lucro económico, não quer dizer que não haja lucro contabilístico.

O lucro normal será então o ponto mínimo aceitável de lucro, sem o qual o sector é
abandonado pelos empresários, pois corresponde ao rendimento médio que a actividade
empresarial é capaz de gerar em qualquer sector.

Assim, justifica-se que, ainda que não haja lucro económico, o produtor opte pela não saída
pois sabe que os lucros contabilísticos seriam em qualquer actividade menores.

O ponto que é atingido quando o rendimento total aos custos totais, incluindo o lucro normal,
chama-se de ponto de break-even. Este é aquele que o produtor está a atingir o rendimento
que atingiria na melhor das hipóteses.
A concentração do mercado

A intensidade da concorrência depende, em termos de eficiência, da estrutura de custos


dominante, e esta depende, por sua vez, da tecnologia disponível. O nível óptimo de
concorrência dar-se-á quando a densidade de concorrentes não impedir nenhum deles de
chegar à sua escala de eficiência.

Tendo uma procura nacional de 10 milhões de esferográficas:

• Se a escala de eficiência se atingir com a produção de 100 mil unidades, então há lugar
para 100 produtores;
• Se a escala de eficiência só puder atingir-se com a produção de 20 milhões de
unidades, só há lugar no mercado para um “monopólio natural”.

Neste último caso não é possível haver concorrência nem seria eficiente. Ao adicionar um novo
produtor, a produção do monopolista irá diminuir e por isso os seus custos irão ser maiores do
que eram com mais produção porque tem que recuar na curva dos custos médios, havendo
perdas de eficiência e aumentando os preços para os consumidores.

O que faz com que a escala de eficiência corresponda a maiores ou menores volumes de
produção são os custos fixos, os custos irrecuperáveis e os custos fixos de funcionamento.

Quando estes custos são menores, há lugar para muitos concorrentes; quando o inverso
acontece e só a elevadíssimos volumes de produção se atinge a escala de eficiência, a
concorrência está comprometida como solução óptima.

Os custos fixos são por isso uma barreira natural à entrada e à saída de concorrentes.

Quando a escala mínima de eficiência é elevada, é de esperar que a concentração (não há


espaço para mais produtores) seja igualmente elevada. Uma das formas de medir essa
concentração é através de uma indicação sobre a percentagem de mercado coberto pelas
vendas dos quatro maiores produtos do sector. Quando o valor está próximo de 0%, então há
concorrência e quando está perto do 100% estamos perante um monopólio.

Quanto maior for a concentração mais provável se torna que o preço se afaste do seu nível
concorrencial e se aproxime dos máximos que poderão vigorar numa situação de monopólio.

A interdependência dos mercados competitivos

Equilíbrio parcial – isola os fenómenos verificados num mercado em relação às suas conexões
com o funcionamento de outros mercados.

Equilíbrio geral – pretende abarcar numa síntese o funcionamento de todos os mercados,


assentando na ideia básica de que, a haver um equilíbrio geral no todo da economia, ele se
traduziria não apenas na ideia de que todos os mercados parciais equilibrariam em sintonia,
mas também no facto de a qualquer investimento em qualquer ponto da economia dever
corresponder um mesmo rendimento, uma mesma escala de salários, os mesmos preços e
taxas de juro.
O equilíbrio geral permite englobarmos no fluxo circular as economias estrangeiras e o Estado.

As razões para que o equilíbrio não é estável são:

• As incertezas provocadas pela variação dos gostos;


• O progresso tecnológico que altera o preço de mercado.

Capítulo 10

Monopólio

Monopólio puro – um único vendedor

Poder de monopólio – preponderância de um vendedor sobre os demais

Deparando-se com a situação de “lucro zero” de que há pouco se falou, os produtores terão
dois objectivos dominantes:

• Coexistir com produtores cujos custos são mais elevados e assim assegurar ganhos
extraordinários de longo prazo – é difícil pois pressupõe que o próprio consiga manter-
se sempre um passo à frente da concorrência em matéria de progresso tecnológico ou
organizativo, em matéria de redução de custos;
• Excluir todos os outros concorrentes para que possa manipular os preços e com isso
maximizar os lucros.

O poder de mercado, no sentido de aumentar os preços, limitando o bem-estar dos


consumidores, está sempre dependente da elasticidade-preço desses consumidores.

O facto de só haver um único produtor, deriva normalmente de uma barreira à entrada no


mercado que resultam das seguintes circunstâncias:

• O produtor tem o exclusivo de certas matérias-primas, factores de produção, recursos em


geral;
• O produtor dispõe de um exclusivo de informação, permanente ou temporário – os
consumidores podem também não disporem de informação sobre novos produtos, o que
causa aos novos produtores que queiram entrar elevados custos publicitários (custos
fixos);
• A questão do “monopólio natural” – a estrutura do mercado torna mais eficiente a
existência de um único produtor do que a existência de vários. Isto pode-se dever a
economias de escala que consegue a qualquer nível de produção custos médios mais
baixos do que outros produtores (exemplo de uma rede de distribuição de água);
• A de o Estado ter concedido a um agente económico direitos exclusivos de produção ou
ter estabelecido barreiras intransponíveis aos potenciais concorrentes (licenças, requisitos
corporativos) / concedido em atenção a genuínos interesses públicos como o interesse da
investigação científica ou da criação artística que justifiquem a formação de um monopólio
temporário que impulsione essas actividades para níveis de produção mais próximos do
óptimo de bem-estar-colectivo;
• A do produtor adoptar estratégias de mercado que fazem desaparecer a concorrência:
o Prática de preços predatórios (proibido na maior parte dos sistemas jurídicos)
– consiste em baixar os preços de modo a intimidar um potencial concorrente,
podendo até chegar a ter prejuízo, repondo esse prejuízo com o preço alto
quando estiver numa situação de segurança e de monopólio (pressupõe uma
situação em que alguém pretende adquirir poder de mercado);
o Mostrar ao concorrente o seu poder de mercado, através da ostentação do
seu capital físico, capaz de vencer uma guerra de preços;
o Aplicação de preços limitados – Trata-se também de fixar preços baixos mas
agora tratando-se já de uma situação em que o produtor tem poder de
mercado e por isso pretende excluir os potenciais do mercado.

O monopolista que afasta a concorrência através do abaixamento de preços próximos do custo


ou até abaixo dele, incorre em graves prejuízos, provavelmente até maiores do que se
dispusesse a dividir o mercado com os concorrentes recém-chegados.

Situações em que seria desvantajoso a prática de preços predatórios:

• Havendo espaço para dois produtores à escala mínima de eficiência. A prática de


preços predatórios seria desnecessárias pois que estes esgotariam o mercado, mesmo
sem que um deles persuadisse os restantes a não entrar no mercado.
• Contudo, a prática de preços predatórios, ainda que haja lugar para mais que um
produtor, pode levar a que os produtores tenham medo de ingressar no mercado,
esperando que outro faça o primeiro passo em ingressar.

Aqueles que não se encontram num monopólio natural haverão de temer obviamente que a
qualquer hora ingresse um novo produtor, o que não acontece com os monopólios naturais
pois que estes esgotam sozinhos a possível produção necessária. A preocupação de um
monopólio natural será apenas quando exista um aumento da procura de tal forma que, já não
corresponda à sua escala mínima de eficiência.

O poder de mercado do monopolista

Enquanto para o produtor atomístico, que produz numa escala de eficiência, consoante a sua
produção aumenta ou desce, o rendimento marginal e o rendimento médio corresponderão
sempre ao preço, o mesmo não acontece com o monopolista.

Tendo em conta a curva descendente da procura, o monopolista, ao aumentar a sua produção,


terá que diminuir o preço da mesma, para que possa escoar toda a produção no mercado. Não
havendo concorrência, o monopolista terá que encontrar o ponto máximo no qual consegue
praticar preços de forma a maximizar o seu lucro, o que não corresponde na maioria das vezes
à escala mínima de eficiência.

O rendimento marginal é sempre inferior ao preço que equivale ao rendimento médio,


fazendo com que este seja também decrescente. Isto tem que ver com a lei dos rendimentos
marginais decrescentes associado aos custos fixos. À medida que vamos aumentando a
produção, os custos vão aumentando, sendo que os custos médios correspondem à curva da
oferta.
Pelo facto de os custos médios serem equivalente à curva da oferta, e os rendimentos médios
serem o equivalente à curva da procura se explica que o produtor atomístico se encontre no
ponto em que estes dois valores sejam os mais idênticos ou até iguais.

Para o monopolista, o que importa é que o custo marginal nunca seja superior ao rendimento
marginal e por isso, enquanto o custo marginal não for superior ao rendimento marginal, será
vantajoso para o mesmo aumentar a produção. O ponto óptimo será então onde o custo
marginal iguale o rendimento marginal.

O impacto do monopólio na eficiência e no bem-estar

Apesar de o facto dos preços praticados a um nível superior ao que aconteceria num mercado
de concorrência perfeita e isso levar a uma perda de bem-estar para os consumidores, é
também certo que leva a um aumento do bem-estar do produtor.

Por isso, o monopólio tanto pode diminuir o bem-estar total, como aumentá-lo quando o
excedente do produtor supera as perdas do bem estar do consumidor.

O monopolista que se concentrasse no aumento do bem-estar total iria coincidir o preço com
o custo marginal já que isso equivaleria a um ponto de equilíbrio entre a curva da oferta e a
curva da procura.

Contudo o que acontece é que o monopolista produz menos e vende mais caro.(Isto porque,
como o ponto máximo é aquele em que se intersectam custo marginal com rendimento
marginal, este ponto será sempre inferior ao preço do mercado pois que o rendimento
marginal é sempre inferior ao preço.)

É este o ponto no qual o monopolista é capaz de gerar uma renda monopolista, uma renda
económica que justifica a inexistência de uma vontade no sentido de aumentar a produção.

Podemos então concluir que não assegura a maximização do bem-estar social pois que
produzindo a um nível de preços superiores ao que socialmente eficiente também não irá
produzir a quantidade necessária, podendo levar a que determinados consumidores, devido ao
preço do produto, fiquem sem acesso a ele.

As leis anti-trust

Os regimes de controlo de fusões são adoptados para evitar consequências de concentrações


que sejam nocivas para a competência. Trata-se de mecanismos de “comprar” a concorrência
ou juntar as forças com a mesma, ao invés da prática de preços predatórios que acaba por ser
desvantajoso para o próprio monopólio.

• Concentração vertical – Abarca-se todo o processo produtivo, desde o início da sua


produção, até à venda;
• Concentração horizontal – Abarca-se empresas que tenham que ver com o mesmo
momento do processo produtivo.
A concentração horizontal pode ter benefícios sociais e incrementos de eficiência como:

• Elimina a duplicação de recursos – a fusão de duas empresas pode diminuir os custos


de cadeias de distribuição;
• Elimina os custos de concorrência – aqueles que existem no sentido de valorizar a
marca como é o caso da publicidade;
• Permite a criação de economias de escala.

A integração vertical pode aumentar a eficiência na produção já que diminui os custos de


transacção, sendo que no caso dos processos produtivos estarem separados, os produtores
dos bens instrumentais ocorrem em custos até a obtenção do produto final.

Por isso, nem todas as concentrações de mercado são proibidas e mesmo aqueles que têm
uma avaliação negativa no índica Herfindal-Hirschman podem subsistir através da invocação
de um motivo razoável (rule of reason) que justifique com a eficiência a restrição da
concorrência, como é o caso dos monopólios naturais.

A obtenção de nova tecnologia pode justificar a existência de monopólios. O caso da


investigação levada a cabo pela indústria farmacêutica por exemplo pode justificar o
monopólio no sentido em que contribui para o aumento do bem-estar social.

A determinação se um monopólio é ou não prejudicial para o bem-estar social estabelece-se


através da relação custo-benefício entre a perda de concorrência e os ganhos ou perdas de
bem-estar social.

A regulamentação

Em vez de impedir a existência de monopólios, proíbe-se o exercício desse poder de mercado,


no sentido de estabelecer preços máximos que o monopolista pode cobrar.

Esta situação é essencialmente vantajosa pois que permite a existência de monopólios


naturais, já que a dimensão do monopólio não interessa, apenas que o mesmo não abuse do
poder de mercado que disponha.

Acredita-se muitas vezes que a alegação de que o Estado é detentor de monopólios naturais
não é correcta pois que em vários casos existiria lugar para mais concorrentes. Exemplo disso é
a rede eléctrica ou a rede ferroviária.

Problemas da fixação de preços:

• Preço acima do custo marginal (acima da curva da oferta) – não evita o abuso do poder
e faz com que o excedente total diminua pelo facto do excedente do consumidor
diminuir – é como se não houvesse regulação;
• No caso de se tratar de economias de escala, o facto do preço ser estabelecido em
função dos custos marginais pode fazer com que a mesma saia do mercado – as
economias de escala tem custos marginais sempre inferiores aos custos médios, pelo
que a fixação de preços de acordo com os custos marginais faz com que o monopolista
venda sempre abaixo do seu custo médio, fazendo com que registe perdas
significativas;
O Estado pode também permitir que os monopolistas pratiquem o preço que quiserem mas
estabelecer:

• Tarifas diferentes em função do volume de consumo;


• Tarifas com uma parte fixa para cobrir custos fixos e uma parte variável em função do
consumo;
• Consentir a cobrança de um preço ajustado ao custo médio – não evitaria a
disparidade entre custos marginais e preço.

A fixação de preços em função dos custos pode levar a que as empresas inflacionem o mesmo.
Pode ocorrer que com isso o vendedor não se sinta motivado em diminuir os custos de
produção, visto que qualquer diminuição dos custos corresponderia a uma diminuição do
preço.

Nacionalização dos monopólios

Geralmente as nacionalizações ocorrem quando se trata de monopólios naturais. Contudo,


colocasse o problema de evitar que a conduta dos gestores públicos não seja no sentido de
maximização de lucros, mas sim de obtenção de bem estar social.

Ocorre muitas vezes o risco de incorrermos no clientelismo, privilégios para políticos e desvios
de lucros extraordinários.

Como já referido anteriormente, muitas vezes, com a “desculpa” de se tratar de um monopólio


natural, são mantidas nas mãos do Estado sectores que têm capacidade para uma
concorrência a nível privado. Por isso, para vários economistas a nacionalização dos
monopólios e a intervenção do Estado constitui parte do problema da inexistência de
concorrência.

A teoria dos mercados contestáveis (na ocorrência de possível concorrência, há uma auto-
disciplina por parte do monopolista, no sentido de simular os efeitos de bem-estar de um
mercado efectivamente competitivo)

O monopolista, numa situação em que se depara com a possível entrada de outros produtores
no mercado, tomará a iniciativa de baixar os preços na direcção da escala de eficiência por
opção própria.

Para além de garantir a sua subsistência no mercado, o monopolista está também a tornar
menos atractiva a entrada no mercado, pelo facto de já não registar elevado lucro. Com esta
actuação está também, ainda que involuntariamente, a devolver aos consumidores o seu
excedente e com isso aumenta o bem-estar total que estará próximo de uma situação de
mercado concorrencial.

O mercado contestável é por isso o mercado no qual um nível concorrencial de preços é


atingido através da mera concorrência potencial. A única excepção é quando existem elevados
custos à entrada que formam uma barreira à entrada (custos irrecuperáveis associados a uma
escala mínima de eficiência elevada).
Equilíbrio de Nash – calcula que a subida em direcção ao preço do monopolista o deixa
exposto à entrada de concorrentes que, praticando preços inferiores aos seus, lhe captariam
toda a sua quota de mercado, sujeitando-o a perdas máxima, perdas decerto superiores
àquelas que ele registou, ou registaria com o abaixamento voluntário dos preços.

A prática monopolista da discriminação de preços

O monopolista tem também o poder de cobrar preços diferentes consoante as pessoas que se
trate. A discriminação de preços permite minimizar a perda absoluta de bem-estar, e ampliar
os rendimentos e lucros que a “deadweight loss” lhe nega.

Necessita contudo de duas condições:

• Conseguir identificar e separar diversas classes de consumidores;


• Conseguir vender um produto que não possa ser facilmente revendido entre essas
classes de consumidores (caso contrário, aqueles que estão numa classe inferior
podem comprar mais e revender a um preço mais barato mas ainda assim fazendo
lucro a classes mais altas).

A discriminação de preços pode assumir várias formas: estabelecimento de tarifas por escalões
de consumo, de classes de passageiros nos transportes, de descontos de quantidade, de
diferenciações de épocas altas e baixas etc.

A discriminação de preços é uma estratégia maximizadora de lucro, ultrapassando


amplamente, em potencialidades de maximização, a opção por um preço único, visto que ela
adequa mais estreitamente a oferta à disposição de pagar de cada consumidor.

Esta estratégia é só eficaz quanto mais rígido for possível segmentar o universo dos
consumidores. Um consumidor que está disposto a pagar 7 euros não deverá ter acesso ao
bem quando ele é vendido por 4 euros.

Esta demarcação de mercado pode ser:

1. Geográfica – os relógios custam 7 euros na Suíça e 4 em Portugal. Não será vantajoso


para o suíço deslocar-se para Portugal, mas já será vantajoso para um português
comprar quantidades elevadas de relógios e revendê-los na suíça por 6,50.
2. Temporal – a série cujo preço é de 4 euros apenas sai quando forem vendidas a série
de 7 euros, associando a este momento o lançamento de um novo modelo de relógios
a um preço de 9.5 que tornam os antigos menos apetecíveis e fora de moda.

Contudo, apesar de aparentemente se considerar que há um aumento do bem-estar face à


situação de preço único, o bem-estar é totalmente transferido para o produtor.

Agora, o preço coincide exactamente com a disposição de pagar, fazendo com que do lado do
consumidor não exista excedente do consumidor mas que pelo contrário este é absorvido pelo
produtor, sendo por isso o excedente total o excedente do produtor.
Oligopólio

Quando o nível de concentração é pouco, isto quer dizer que cada um dos vendedores disporá
de um poder de mercado que lhe permitirá, não apenas influenciar o nível de preços, mas
também através dessa influência, interferir no rendimento, nas receitas e portanto nas
perspectivas de lucro, dos seus concorrentes. Podemos pois falar de uma interdependência.

Neste tipo de situação pode tanto ocorrer que o oligopolista exerça as suas forças
competitivas ou que os diversos produtores reconstituam uma situação de monopólio,
beneficiando do lucro extraordinário do mesmo.

A cooperação do oligopolista

Uma coligação entre oligopolistas, quando dotada de um mínimo de estabilidade, podendo ser
analisado como sendo um monopólio dá-se o nome de cartel. A coligação pode resultar de:

• Acordo explícito entre os oligopolistas;


• O hábito dos oligopolistas seguirem os preços de uma “empresa líder” (a situação de
oligopólio não reclama a igual dimensão dos produtores)
• Um equilíbrio estratégico.

Contudo, nem sempre há um agrupamento/cartel, pois que por vezes os ganhos individuais
parecem mais apetecíveis que os ganhos colectivos. Uma situação de cartel significa que os
lucros extraordinários sejam divididos por todos, consoante a sua produção e quanto maior for
o peso do oligopolista dentro daquele grupo. Isto faz com que muitas vezes um oligopolista
comece a pensar primeiro nos lucros que sozinho poderia fazer, sem que os ter de partilhar,
principalmente aqueles com maior poder dentro de um determinado grupo.

Existem proibições jurídicas para evitar este tipo de situações. Fazem também com que
sucedâneas formas de acordos se vejam destabilizadas:

• “cartel tácito” – acordo espontâneo entre os oligopolistas em diversas regras de


convivência que caso não sejam respeitadas, podem correr o risco de não terem
acesso a recursos partilhados;
• O “líder de mercado” fixa preços para todo o sector com atenção à evolução
tecnológica e as tendências de consumo, de forma a que estes preços possam ser
adoptados por todos os oligopolistas;
• Técnicas de vendas – “o melhor preço da concorrência” oferecido vai fazer com que os
restantes oligopolistas fixem o preço em função deste.

A necessidade de estabelecer este tipo de acordos é tanto maior quanto maior for o número
de oligopolistas. Isto porque a quota que caberá a cada um é menor e por isso o risco de que
um dos oligopolistas quebre o acordo é tanto maior.
A concorrência oligopolista

Ainda que havendo acordo, isso não quer dizer que todos os respeitem, podendo também
ocorrer a situação de que nenhum o respeite ou que apenas alguns o respeite.

Não havendo acordos, os oligopolistas têm que ter em atenção ao que os restantes produzem,
já que, o preço de mercado será o mesmo. Se o preço de mercado é de 7 euros e a quantidade
produzida é de 200’000 unidades, seria compreensível que, no caso de serem dois
oligopolistas, cada um produzisse 100’000 unidades e ficasse com os respectivos lucros.

Contudo, a estratégia muitas vezes adoptada é a de subir a quantidade produzida, ainda que
isso determine a descida do preço. Quando o outro se apercebe de que foram aumentadas as
quantidades produzidas por um, a consequência será provavelmente que o segundo aumente
a quantidade produzida também (pois que em caso contrário registará uma perda de lucros
pelo facto de o outro ter aumentado a produção).

Podíamos partir do pressuposto que ao aumentarem a produção, chegariam a um ponto de


equilíbrio que se conseguiria com um mercado concorrencial, contudo tal não se verifica
porque:

• Sabendo da situação de que, ao aumentarem a sua produção, terem consciência de


que o outro também o irá fazer e com isso, diminuir o preço de mercado, a suposta
vantagem que este obteria ao aumentar a sua produção, é atenuada pela
possibilidade de o outro também o fazer e diminuindo o preço de mercado,
diminuindo também os lucros tanto do primeiro como do segundo.

Assim, estabilizam num ponto sub-óptimo que é um equilíbrio de Nash. Este equilíbrio dá-se
porque um dos oligopolistas agiu em função da estratégia adoptada pelo outro. Trata-se de
um ponto sub-óptimo, pois que este está aquém da escala mínima de eficiência, ou seja, do
“lucro zero”.

A estratégia dominada pode ser sobre:

• O volume de produção – produzir mais tende a aumentar os lucros, dado que o preço
se encontra acima do custo marginal;
• O preço – produzir mais tende a diminuir os lucros se levar a quebras mais do que
proporcionais dos preços.

Estes dois efeitos serão tidos em conta pelo oligopolista, comparativamente ao volume de
produção do outro oligopolista.

Como o oligopolista tem sempre em atenção qual seria a reacção imediata dos restantes face
às suas atitudes, podem ter as seguintes hipóteses:

1. Concorrência de Cournot – parte do pressuposto de que os restantes não aumentarão


o seu volume de produção e de vendas, em função de um aumento da produção por
parte do oligopolista. Os concorrentes reagirão com um corte de preços até
conseguirem recobrar o seu volume de vendas;
2. Concorrência de Bertrand – parte do princípio que os concorrentes não alterarão os
seus preços. Assim, tende a aumentar o seu volume de vendas através de uma quebra
de preços que os outros não acompanharão. Contudo, os produtos têm que ser
perfeitos substitutos e tem que haver fluidez, caso contrário, corre o risco de o
aumento do volume seja em demasia, não conseguindo escoar no mercado toda a
produção.
3. Procura quebrada – sabe que os concorrentes acompanharão as quebras de preços
mas não reagirão face a uma subida de preços pois que quando os preços baixam dá-
se pequenos aumentos de vendas e quando o preço sobe registam-se grandes quebras
de vendas.

A estratégia de não-cooperação

Teoria dos jogos – estudo das atitudes estratégicas de articulação de interesses entre agentes,
no espaço intermédio dos extremos da cooperação. Esta verifica-se quando a
interdependência é tão grande que as decisões de um podem influenciar decisivamente a
esfera de interesses alheios, suscitando reacções preventivas.

A estratégia a delinear será então em função das reacções do outro produtor.

A tragédia dos baldios – Trata-se do aproveitamento de recursos comuns que por isso não
estão sujeitos a apropriação individual. A tendência será então de haver uma maior exploração
por parte de cada um, levando por isso a um esgotamento dos recursos, havendo um nível de
eficiência menor do que aquele que existiria se fosse de propriedade individual.

Quando os oligopolistas se apercebem que estão num equilíbrio de Nash e que por isso
tiveram perdas de lucro, pelo que preferem agora a cooperação.

Qualquer dos oligopolistas obtém uma vantagem adicional se for o único a romper
unilateralmente o cartel, e nenhum dos oligopolistas quererá ficar na posição, maximamente
desvantajosa, de ser vítima inocente de um ataque de surpresa.

Aqueles que aceitam um acordo de cartel, poupam nos custos de rivalidade, nomeadamente a
publicidade. Contudo, nenhum oligopolista se arrisca a retirar completamente a sua
publicidade.

O mesmo se pode dizer das despesas com investigação e desenvolvimento tecnológico para
conseguirem uma vantagem comparativa. Geralmente, há um sub-investimento em
investigação e desenvolvimento tecnológico pois que ninguém quer ser surpreendido por uma
situação de vantagem competitiva por parte de um concorrente.

Apesar de a situação do equilíbrio de Nash que geralmente ocorre trazer algum excedente do
consumidor de volta, a não cooperação pode também ser nociva para o bem estar geral.
Exemplo disso é o caso dos recursos comum/ tragédia dos baldios.

A política anti-oligopolista

A intervenção jurídica vai no sentido de eliminar qualquer tipo de cooperação oligopolista e


com isso evitar a inexistência de concorrência. Exemplos:
• Repressão de acordos de preços e de quantidades;
• Impedimento de impor preços de venda fixos aos retalhistas ou a imposição de venda
de bens conjuntos que impede a concorrência entre retalhistas.

Estas políticas podem ser contornadas através de práticas restritivas (no sentido vertical, feitas
aos vendedores dos seus produtos):

• Tabelamento de preços de revenda – impede que os vendedores dos produtos do


oligopolista entrarem em concorrência de preços;
• Acordos de concessão exclusiva – os retalhistas ficam impedidos de distribuírem
produtos de outra marca que não a do produtor;
• Acordos exclusivos de distribuição territorial – o vendedor obtém o monopólio de
venda de produtos do oligopolista dentro de uma região geográfica;
• Imposição de venda de bens em conjunto – aquele que vende um bem impõe ao
consumidor a compra de outro bem ou serviço produzido pelo oligopolista que não
tenha uma procura tão intensa.

Uma outra possibilidade é o estabelecimento de quotas de produção aos oligopolistas por


parte do estado, assegurando que a fixação destas quotas seria a quantidade transaccionada
num mercado concorrencial.

A concorrência monopolística

O sacrifício da fluidez

A concorrência monopolística caracteriza-se pelo facto de a compra não ser feita com o
fundamento da comparação de preços, mas sim em função da diferenciação do produto, que
se consegue através da publicidade ou outros meios. Não deixa por isso de existir
concorrência, não há também limites à entrada e à saída no mercado.

Contudo, o que acontece é que na concorrência monopolística, através da diferenciação dos


produtos se tente criar um “nicho” de mercado dentro do qual se consegue ter algum poder
de mercado e fixar preços de mercado acima do custo marginal, o que acaba por constituir
barreiras de entrada a novos produtores que não tenham ainda visibilidade e diferenciação de
produto.

Como já dito, o que se pretende neste tipo de mercado é a diferenciação qualitativa (tornando
os produtos substitutos imperfeitos) dos produtos, de forma a que as opções não sejam
tomadas em função do factor preço, impedindo a existência da concorrência de preços que
destrói os lucros dos produtores atomísticos. Pretende-se pois criar a convicção no cliente de
que está a obter um excedente de bem-estar superior àquele que resultaria da mera
comparação do preço com a sua inicial disposição de pagar.

Como não dispõem normalmente de poder de mercado, não há a preocupação de se gerarem


coligações ou a ameaça uns aos outros. Revela aqui importância a elasticidade cruzada.
A concorrência monopolística e a concorrência perfeita

Dentro do nicho de mercado que cada concorrente monopolístico consegue criar o poder de
mercado ressurge em termos similares àqueles que se verificam para um monopolista.

O concorrente monopolístico pode assim estabelecer preços acima do preço de mercado já


que a elasticidade da procura é, supostamente, inelástica. Contudo, como se trata de um
mercado concorrencial ainda, a curva da procura com que se depara o concorrente
monopolístico pode ser já tão baixa (dada a dispersão pelos restantes produtores) que o preço
correspondente à quantidade maximizadora de lucro monopolista se encontre abaixo do custo
médio de produção e que com isso o concorrente monopolístico se veja ainda assim a produzir
à sua escala de eficiência minimizando os custos de produção.

A longo prazo, devido à liberdade de entrada e de saída, a similitude entre monopólio e


concorrência monopolística tende a desaparecer. Isto uma vez que a existência de lucros
extraordinários atrai novos produtores ao mercado e com isso fragmenta os consumidores
ocorrendo a situação acima descrita, podendo até levar à saída de produtores que não
consigam suportar os prejuízos causados pela fragmentação dos consumidores.

No curto prazo contudo, a situação assemelha-se à do monopolista como já vimos e tendem a


produzir menos a um preço mais elevado não sendo por isso incentivados a chegarem à sua
escala de eficiência.

Quando inversamente, a longo prazo o preço estabiliza acima do custo marginal, isto quer
dizer que ainda há incentivo para um aumento de vendas, recuperando ainda mais lucros
através do roubo de clientela.

O impacto da concorrência monopolística na promoção do bem-estar

Devido à disparidade entre peço e custo marginal podemos desde já constatar que existe uma
perda de bem-estar absoluta. A intervenção neste sentido traz problemas como:

• Significa prejuízo económico para concorrentes que no longo prazo já não alcançam
lucros;
• Será que a ineficiência do mercado não é compensada pela eficiência acrescida que
este proporciona no mercado da informação que permitem externalidades positivas
advindas da diferenciação e a amplitude das escolhas oferecidas aos consumidores.

O papel da publicidade e das marcas

A publicidade serve de veículo à diferenciação e também de promoção de vendas, criando e


condicionando hábitos de consumo.

Em situações em que a homogeneidade é tal, não se justifica a publicidade pois que nada têm
que os diferencie e que seja vantajoso por isso ser chamado à atenção.

A questão que se coloca é então saber se a publicidade e a disponibilização de informação


imediata e gratuita aos potenciais consumidores justifica a perda de bem-estar gerada pela
concorrência monopolística.
Para uns esta compensação não ocorre sendo que consideram que a publicidade é um meio de
manipulação e de condicionamento que visa muito mais sugestionar e criar novas
necessidades do que informar o consumidor acerca dos dados de facto que poderiam apoiar a
decisão racional.

Para outros, as perturbações que se evidenciam nos propósitos manipuladores da publicidade,


não conseguem destruir a função informativa. As informações não podem de deixar de se
concentrar nas características essenciais do produto, à acessibilidade do mesmo, a eventuais
características inovadoras que objectivamente o diferenciam.

Estes alegam também que a publicidade permite ao consumidor aperceber-se de novas


entradas no mercado e com isso aumentar o raio de escolhas possíveis, evitando que com isso
o vendedor retire vantagens da falta de informação do consumidor.

Quanto mais informação dispuser o consumidor, tanto mais ele será imune à imposição de
condições por um única vendedor, o qual, por seu lado, se verá forçado a acompanhar as
condições oferecidas pela concorrência. Tem-se com isto demonstrado que a publicidade
permitem a descida dos preços.

• Função informativa da publicidade – refere-se a produtos cujas características podem


ser aferidas antes da compra;
• Função sugestiva ou persuasiva – refere-se a produtos que só pode ser devidamente
avaliados depois da compra (é nestas que ocorrem os efeitos da selecção adversa e do
risco moral).

Num investimento vultuoso em publicidade, o consumidor terá a ideia que a publicidade será
realmente verídica pois que o produtor não iria incorrer neste custo irrecuperável caso não
tivesse a certeza da qualidade do seu produto e com isso a fidelidade dos consumidores.

Efeitos da inovação tecnológica

A inovação tecnológica constitui um objectivo dos produtores num mercado competitivos,


visto que através dela é possível alcançar lucros extraordinário.

A vantagem duradoura que consegue destruir o equilíbrio de mercado de forma a obterem


lucros extraordinários é conseguida através das inovações tecnológicas, que sejam difíceis de
serem atingidas pelos concorrentes. Estes irão demorar tempo até chegarem ao nível do
anterior e por isso dará mais tempo ao primeiro inovador realizar outra inovação e assim
sucessivamente. Este tipo de concorrência é designada por concorrência schumpeteriana.

O desaparecimento a longo prazo dos lucros extraordinários torna difícil a existência de meios
para financiar a investigação. E por sua vez, este conhecimento adquirido pode gerar
externalidades positivas de fácil difusão e reprodução, sem tirar com isso o proveito
concorrencial que se pretendia.

As assimetrias e imperfeições concorrenciais podem ficar a dever-se a:

• Pela introdução de novos produtos inovatórios no mercado, este torna-se no


“standard” de mercado. Desta forma, qualquer produto análogo, até mesmo
sucedâneo perfeito, que venha a tentar substituí-lo, pela fidelização da clientela, que a
marca inovadora conseguiu, por ter sido ela a abrir o nicho de mercado, fará com que
o consumidor continue a preferir o modelo inicial da marca;
• As protecções legais no âmbito dos direitos de autor e da propriedade industrial
permitem ao autor de determinada patente, que só ele possa produzir determinado
produto (monopólio natural);
• A existência de custos fixos e irrecuperáveis com a inovação tecnológica que
constituem barreiras naturais de entrada e saída. Quando se criam então escalas
mínimas de eficiência elevadas pode surgir a situação de monopólio natural;
• A possibilidade de através da tecnologia diminuir os custos médios tornando menos
apetecível a entrada naquele mercado;
• Os riscos associados à entrada num mercado em que a inovação tecnológica é elevada,
revela um maior grau.

Efeitos da informação imperfeita

Uma limitação muito evidente no cânone analítico da microeconomia foi, por muito tempo, o
pressuposto da informação perfeita, que seria, em parte, um bem de consumo susceptível de
trazer benefícios directos e, em parte também, um bem instrumental capaz de aumentar a
produtividade e de, por essa via, contribuir também para o benefício marginal do seu
detentor, e até de terceiros. Esse pressuposto era abertamente assumido como um dos
requisitos da concorrência perfeita, o requisito da fluidez.

O mercado da informação

A descoberta de um mercado de informação tornou-se essencial para perceber escolhas,


aparentemente irracionais mas que resultaram de uma ponderação entra os ganhos advindos
do aumento de informação com os custos de aquisição de informação adicional.

Um grau incompleto de informação é o que justifica também os mercados de factores e de


produtos. A especialização faz com que o agente em causa prescinda do grau de informação
que necessitaria para os ramos de produção nos quais não se especializou. (vantagens
comparativas)

A aquisição de informação, corre muitas vezes o risco da fiabilidade. Quando se trata de


informação não divulgada, corre-se o risco da mesma ser irrelevante; quando a mesma é
revelada, já que passa a tornar-se um bem público, coloca-se a questão de que, se era tão
importante, porque é que o informador não a guardou para si, fazendo pois lucro, ao invés de
a disponibilizar.

A aquisição de informação, está sempre condicionada por custos de busca, mais não seja pelo
custo de oportunidade envolvido no tempo requerido.

A prática de preços mais elevados ou mais baixos não se justifica no sentido de uma
concorrência monopolística, mas sim porque sabem que os custos de busca do preço mais
baixo dissuadirão a maioria dos consumidores de procederem a comparações exaustivas,
aquelas comparações que, favorecendo o produtor que pratica o preço mais baixo,
desencadeariam a guerra de preços.
“Regra de busca óptima” para o consumidor – vale a pena buscar-se preços mais baixos
enquanto o benefício marginal esperado dessa busca for superior ao custo marginal da
mesma. É também comum que o consumidor estabeleça um “preço alvo” que representa a
sua mais elevada disposição de pagar, interrompendo ali a busca de um preço mais baixo.

A selecção adversa

A imperfeição informativa gera o fenómeno da selecção adversa que impede que, com
qualquer grau de informação se consiga superar a assimetria informativa.

A assimetria informativa favorece os vendedores e obrigam os consumidores a fazer uma


compra a qual só podem verificar a qualidade do produto, após a compra do bem, já não
sendo possível voltar atrás.

Isto leva a que muitas vezes os consumidores (aversão ao risco) ofereçam um preço mediano,
de modo a que haja equiprobabilidade de aquisição de bens de boa e de má qualidade. Esta
ideia impede contudo o mercado dos vendedores de produtos com qualidade superior à
mediana. Por selecção adversa apenas subsistem no mercado os vendedores de produtos com
qualidade inferior à mediana, já que a sua disposição de vender arranca a um nível inferior do
preço oferecido e portanto ainda tenham lucros.

Isto pode levar ao desaparecimento do mercado, subsistindo apenas um produtor, já que,


como apenas subsistem produtos de falta qualidade, os consumidores irão baixar o preço,
verificando-se sucessivamente a situação acima descrita.

Perante esta situação, os vendedores de produtos com qualidade superior à mediana, têm
interesse em transmitir informação gratuita e credível ao comprador. Assim, uma situação de
assimetria informativa que poderia favorecer o vendedor, é agora combatido por ele. (quem
celebra contractos de seguros tem vantagem em informar credivelmente a seguradora dos seu
possível nível de risco, evitando pagar quantias elevadas)

A sinalização

A fuga à selecção adversa é conseguida através da sinalização que é promovida pelos


vendedores. Os consumidores não terão contudo, a necessidade de ter uma informação
completa, satisfazendo-se apenas com a existência de uma convicção justificativa. Exemplos:

• O gasto elevado com campanhas publicitárias pode ser justificativo para criar a
convicção no consumidor quanto à qualidade do produto;
• O vendedor de carros usados que oferece garantias de assistência pós-venda aumenta
a convicção no consumidor, relativamente à qualidade do carro vendido.

Uma outra consequência da selecção adversa, é a da sinalização através de preços, ou seja, a


sugestão de que o preço elevado é indicador de qualidade elevada dos produtos, o que
constitui a subversão completa da função dos preços na concorrência. (altera a curva da
procura)
Risco moral

O risco moral emerge do decurso de uma relação contratual duradoura, durante a qual uma
das partes, abusando da sua vantagem informativa, não cumpre, ou cumpre deficientemente,
as obrigações assumidas para com a outra, ficando-se na impossibilidade ou na dificuldade,
geradas pela assimetria informativa, de detecção do seu incumprimento.

Para além dos meios legais disponíveis, o risco moral pode ainda ser combatido através da
estipulação de contractos que permitam algum poder de supervisão de uma das partes sobre a
conduta da outra (permitindo em caso de abuso doloso da assimetria informativa o
estabelecimento de consequências) Surgem contudo algumas dificuldades:

• Impossibilidade de detecção, dada precisamente a assimetria informativa que


privilegia o faltoso;
• O demorado e oneroso estabelecimento destes contracto designados completos,
podendo até ser impossível, devido à assimetria informativa, prever sequer o dano;
• Os custos implicados com a reparação judicial dos danos emergentes do risco moral.

Uma outra solução é o mecanismo da reputação. A reputação é um sinal crucial em termos de


credibilidade quanto à possibilidade de estabelecimento de vínculos contratuais futuros.

A questão da reputação pode trazer mais uma vez os efeitos da selecção adversa, já que em
contextos de mercado nos quais a reputação jogue um papel relevante não existe incentivo à
concorrência de preços. O que vai contribuir para um mercado de concorrência imperfeita já
que aqueles que dispõem de reputação, terão também poder de mercado, impedindo a
entrada de novos produtores.

Estas imperfeições são corrigidas através de:

• Associações de defesa do consumidor – boletins e revistas que procedem a testes de


qualidade e a comparações de preços;
• Instituições governamentais – supervisionam os mercados e impõem deveres de
informação ou de transparência publicitária;
• Intermédios comerciais – os grandes intermediários comerciais, ao comprarem em
venda a grosso, estão a comprar racionalmente uma vez que tiveram custos de busca
associados. Isto faz com que quando o produto chega ao consumidor final, já vêm
suprimidos os custos de busca, fazendo com que o consumidor possa escolher mais
facilmente através do preço e com menores custos.
• Publicidade – num mercado em que a transparência (fluidez) não está assegurada, não
ser visível equivale a não existir, ou a ser pura vítima de fenómenos de selecção
adversa e de colapso de mercado, pelo que os produtores terão necessidade de terem
eles também publicidade.

A publicidade como veículo informativo pode, como já vimos, ter o papel inverso. Isto porque
a publicidade visa o duplo objectivo de informar e de condicionar a identificação de marcas e
de produtos, mas ao mesmo tempo o de motivar os destinatários por forma a suscitar neles a
geração de novas necessidades secundárias.

Você também pode gostar