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1º Ano / 1º Semestre
Tamara Martins da Fonseca
Bem: tudo aquilo que tenha utilidade/interesse para o indivíduo e que por isso possua
certo valor, Algo que, possuindo valor, seja susceptível de satisfazer necessidades humanas.
Recurso: Algo que não tenha um particular interesse em si próprio, mas que sirva e
seja indispensável à produção de bens.
Escolha: Decisão que faz surgir o problema a resolver pelo Agente ou pela Sociedade,
ou seja, que vai motivar o comportamento, que se alicerça, como já se referiu, em alternativas,
escassez e custo de oportunidade.
Escassez: As escolhas de que trata a Economia são aquelas que são ditadas pela
escassez de bens e recursos disponíveis para que a satisfação das necessidades possa ser
alcançada.
Colorários da escassez:
Custo de oportunidade: A mais valiosa das oportunidades que são prescindidas quando se
faz uma escolha. Aquilo que deixa de ser possível fazer-se e obter-se para que possa alcançar-
se aquilo por que se optou. É contudo apenas referente à segunda melhor escolha pela qual se
prescindiu. É por isso o valor da “segunda melhor escolha”.
Preço relativo: relação do preço entre dois bens, é aquele que nos dará o valor de quanto
se deixou de pagar por um bem por ter comprado outro. (Ex.: um kilo de bananas custa 4€
enquanto um kilo de maçãs custa apenas 2€. Para adquirir uma dose de bananas teria então
que prescindir de duas doses de maçãs, visto que custam metade./ um sumo custa 10 euros
um bolo apenas 5. O preço relativo era 2)
Marginalismo
Ex.: Estando com sede e tendo 5 copos de água para beber, o primeiro terá uma
utilidade elevada. O segundo copo também terá utilidade, contudo à medida que vamos
bebendo os copos de água, eles vão perdendo utilidade, até atingir uma utilidade negativa.
35
30
25
Dose 1
20
15 Dose 2
10 Dose 3
5 Dose 4
0
Utilidade Dose 5
-5
-10
-15
Jogo de soma zero: O benefício de uma das partes, corresponde à perda do outro.
Ex.: O produtor venderia o bem por 10 enquanto o consumidor compraria por 20. Contudo o
mercado determinaria o preço de 15. Existe portanto uma diferença positiva dado que tanto o
produtor lucrou 5 como o consumidor comprou mais barato.
Quanto menor for a utilidade marginal maior será a probabilidade daquela dose ser trocada
por uma nova dose que seria a primeira de um bem y. Pressupondo, claro, uma ambiente em
que imperam a liberdade, e por conseguinte, a racionalidade ao nível da susceptibilidade de
fazer escolhas, podendo aí, mas só assim, falar-se na melhor escolha que o agente efectue de
acordo com as necessidades (relativo e gradual).
Por outro lado, temos a justiça. Esta, atingida também através da intervenção do
Estado prende-se com a atribuição de subsídios e outros serviços essenciais à sociedade, aos
mais desfavorecidos, de forma a criar alguma equidade. Contudo, caso valorizemos demais a
eficiência, mais a justiça sofre e vice versa. (Ex.: o aumento dos subsídios conseguidos através
do pagamento de impostos do privado/empresas iria significar uma maior justiça mas em
oposição levaria à diminuição do poder de compra e à falência de algumas empresas e por isso
a eficiência diminuiria.)
Empresas
Procura Oferta
Existem agentes que se encontram à margem do mercado e por vezes aqueles que
participam no processo produtivo podem não conseguir atingir um nível de
dignidade humana.
Falhas de intervenção
A garantia de confiança, não podendo ser assegurada pelo Estado nem pelo mercado, é
contudo providenciada pelo Direito.
Produtividade
A produtividade pode se medir através da quantidade de bens e serviços que cada trabalhador
é capaz de produzir, em média, numa unidade de tempo. A produtividade pode aumentar
tendo em conta:
1. Especialização do trabalhador;
2. Disponibilidade tecnológica;
3. Estabilidade política e jurídica.
Tem também sido cada vez mais importante o conceito de produtividade sustentável – um
grau aceitável de prosperidade seja acessível à geração presente, sem que isso signifique o
esgotamento ou o declínio abrupto de recursos, ou a degradação das oportunidades que as
gerações seguintes tenham de acederem a um grau inferior de prosperidade.
A fronteira de possibilidades de produção
Esta fronteira representa as várias combinações de produção de dois bens ou serviços que são
alcançáveis pela aplicação máxima e óptima dos correspondentes factores de produção que
estão disponíveis. Todos os pontos sobre a FPP equivalem a um ponto de eficiência. Um ponto
acima da mesma não será sustentável ao longo do tempo, a menos que aumentemos os
factores de produção.
À medida que vamos adicionando trabalho e capital chega a um ponto em que o que
cresce é cada vez menos devido a diferentes limitações, nomeadamente o factor fixo que é a
terra.
Teoria desenvolvida por A. Smith visa que devemos produzir segundo as vantagens
que temos face aos outros. Cada país deve-se especializar nos produtos em que tem vantagem
absoluta em termos de custos, ou seja, em que o número de horas de trabalho requerido para
a produção é menor que os outros produtores/Estados. Deste modo, propõe que os países não
façam tudo: devem apenas produzir e, portanto exportar os produtos em que têm maior
produtividade e eficiência e comprar (importar) aqueles em que os outros são melhores.
Desta forma, explica-se a vantagem das trocas. Sendo que é vantajoso para cada
produtor de apenas um bem, vender o seu produto e comprar outro.
Esta questão levou a que David Ricardo formulasse a teoria das vantagens
comparativas. O mesmo afirmava então que cada produtor/Estado devesse concentrar-se nas
suas vantagens relativas. Esta questão está relacionada com a escassez. Uma vez que apesar
de um produtor/Estado ter vantagens absolutas em dois tipos de bens, apenas se poderá
dedicar parcialmente a cada um destes, perdendo em especialização. Desta forma, será
vantajoso que apenas nos dedicaremos àquela actividade, dentro daquelas em que temos
vantagem absoluta, em que comparativamente com aqueles que estamos dispostos a trocar,
sejamos melhor. Assim se explica o seguinte exemplo: Em Portugal, é possível produzir tanto
vinho quanto tecidos com menos trabalho do que na Inglaterra. Entretanto, o custo relativo de
se produzir tecido na Inglaterra é menor do que em Portugal. Ou seja, a Inglaterra tem um
custo relativamente maior para produzir vinho e apenas custo moderado para produzir
tecidos, sendo que Portugal tem facilidades para produzir os dois bens. Mesmo que seja mais
barato produzir tecidos em Portugal, ainda seria melhor para Portugal produzir vinho e gerar
excedente de produção e comprar tecidos fabricados pelos ingleses. A Inglaterra se beneficia
deste comércio, pois o seu custo de produzir tecidos permanece o mesmo, mas pode agora
obter vinho a custos menores do que antes. Portugal também se beneficiaria da especialização
em vinho e também teria ganhos de comércio.
Teoria do Gap Tecnológico de Posner: o país que tem vantagens nas trocas é aquele
que tem tecnologia inovadora. Essa vantagem só existe enquanto a tecnologia não for copiada
ou melhorada. Quem conseguir inovar vai à frente na concorrência e que não consegue perde
na concorrência.
A análise do mercado concorrencial será mais fácil quando analisando cada um dos
mercados isoladamente. Contudo, existem situações em que tal é impossível.
1. Preços
Lei da Oferta – quanto mais elevados são os preços, maior é a oferta. Representa por isso
uma correlação directa. Produzir ou obter um bem para o oferecer no mercado envolve
custos, e por isso, quanto mais elevados são os preços, maior é a possibilidade de esses custos
serem cobertos pelo total da receita obtida com as vendas, e se de obter até um
remanescente de rendimento que premeia o esforço do vendedor.
Relação da Lei da Oferta com a Taxa dos Rendimentos Marginais decrescentes: Sendo
que os acréscimos de produção são cada vez menores à medida que se acrescentam
sucessivamente mais unidades dos factores produtivos; para conseguir novos acréscimos de
produção é necessário que os acréscimos de factores produtivos sejam cada vez maiores, pelo
que os custos para produzir mais unidades do bem também sejam maiores. Assim os preços
exigidos pelos produtores aumentam em detrimento de tal processo.
O aumento dos custos dos factores de produção faz com que o custo de produção
aumente, sendo que a oferta que antes ocorria a um determinado preço vai ser menor.
(Rendimento marginal decrescente)
4. Tecnologia
O progresso tecnológico está ligado com os custos de produção, sendo que estes
diminuem assim que a tecnologia aumenta e permite uma maior produtividade. Desta forma,
tem o efeito contrário que o aumento dos factores de produção, sendo que aumentando a
tecnologia, geralmente a oferta que estava associada a um determinado preço, será agora
maior para o mesmo preço.
5. Dimensão do produtor
6. Objectivos do produtor
Uma subida de preços pode não corresponder a um aumento da oferta nos seguintes
casos:
7. Expectativas
Muitas vezes uma atitude especulativa pode fazer alterar a subida e descida de preços.
Aquele que prevê uma queda de preços tentará vender imediatamente o seu stock de
produtos, muitas vezes desencadeando, com essa atitude, a própria queda dos preços. Aquele
que prevê uma subida de preços procurará açambarcar os produtos, restringindo a oferta até
que os preços subam efectivamente. Normalmente chama-se à capacidade que as previsões
têm de desencadear os efeitos previstos o efeito de Édipo.
1. Preços
Contudo esta Lei não é isenta de excepções. Estas ocorrem quando se associa a qualidade
do produto ao valor do mesmo ou quando o propósito é a ostentação com os chamados bens
de luxo.
Relação da lei da procura com a Lei da utilidade marginal decrescente: Quanto mais
tenho de um bem, menor utilidade vou retirando dele, por isso o preço a que estou disposto a
pagar maior quantidade será menor. O custo marginal ultrapassa o benefício marginal.
2. O rendimento disponível
A procura depende sempre da capacidade que exista para suportar o pagamento dos
respectivos preços. Podemos aqui fazer a distinção entre Rendimento líquido que é o
rendimento utilizado em obrigações e escolhas pessoais e o Rendimento real que é a parcela
do rendimento que ainda não está definida para que ser utilizado.
A existência de bens sucedâneos faz com que a baixo do preço de um bem determine a
quebra da procura de outros bens ou o aumento do preço habitualmente determine o
aumento do volume de venda de outros, uma vez que concorrem entre si para a satisfação da
mesma necessidade.
4. Os gostos
A Lei da Procura pode também ser quebrada por diferentes indivíduos devido a gostos
subjectivos que apresentem. As preferências são importantes na determinação de escolhas
económicas.
5. Efeito da publicidade
6. As expectativas
Aquele que prevê uma diminuição do rendimento tenderá a poupar, evitando o declínio
futuro. Em oposição, aquele que prevê um aumento do rendimento, terá tendência a
antecipar o nível de consumo que esse rendimento lhe vai permitir.
Aquele que julga que os preços vão subir antecipará o consumo. O contrário acontece
quando se julga uma descida de preços, ai tender-se-á para um adiamento do consumo.
1. Quando a procura é elástica, uma subida de preços equivale a uma quebra da despesa
total, se não há consumo a despesa diminui;
2. Quando a procura é inelástica, a despesa total movimenta-se na mesma direcção das
variações dos preços.
Elasticidade rendimento
Capítulo 5
A mão invisível que Adam Smith referia, reporta-se para a geração de um equilíbrio de forma
espontânea. Uma intervenção paternalista iria alterar o equilíbrio formado em plena
liberdade.
O sector agrícola tem o problema de ser muito volátil em função dos rendimentos que tiram
de um bom ou mau ano agrícola. Para estes tanto pode ser mau um ano com muita
abundância em que os preços baixam muito mas dada a procura inelástica a procura não sobe
ou um ano em que a produção foi muito fraca.
Para resolver este problema, a solução a adoptar seria a de estabelecer preços que variassem
proporcionalmente em função da quantidade produzida.
Este sector dispõe também de baixos rendimentos médios. Para conseguir evitar este
problema uma das soluções é o estabelecimento por quotas em que cada produtor apenas
pode produzir aquela determinada quantidade, assim não haveria excesso nem escassez de
procura, subindo os rendimentos médios.
Os impostos que mais influenciam o comportamento das pessoas são os impostos indirectos.
Os mesmos são aqueles que incidem sobre cada uma das trocas (IVA).
Os impostos nunca serão suportados por uma ou por outra parte. No caso dos impostos
incidirem sobre a procura, a mesma irá se contrair e por isso a oferta ver-se-á forçada a
diminuir os preços para não perder a clientela. Assim, apesar do imposto incidir sobre o
consumidor, um abaixamento dos preços fará com que parte do imposto seja pago pela oferta.
Este efeito é denominado por repercussão. Tal só não acontece quando a elasticidade da
procura tem uma rigidez perfeita.
No caso dos impostos serem imputados aos vendedores, os mesmo teriam a tendência para
aumentar o preço em função de uma retracção da escala da oferta. O inverso se verificaria.
Disposição de pagar: montante em que se pode determinar qual seria o limite do sacrifício
monetário presente na obtenção de um bem e não de outro. limitações:
A curva descendente da procura significa que o consumidor retirou uma satisfação superior
das doses anteriores do que aquela que retira da dose marginal, pelo que estaria disposto a
pagar mais por aquelas doses do que por esta.
A curva da procura reflecte também o custo marginal que o consumidor está disposto a pagar
pelo facto de prescindir de outros bens para comprar mais unidades deste.
Quando o preço desce, dá-se um aumento do bem-estar. Tanto daqueles que já tinham
excedente do consumidor como para aqueles que agora passam a tê-lo.
Quando o benefício marginal é inferior ao custo marginal deixa de ser racional haver
disposição de pagar para mais uma unidade desse produto, e passará a haver disposição de
pagar por mais uma unidade de um outro produto.
Excedente do produtor – diferença entre o preço mínimo a partir do qual a venda já ocorreria
e o preço de mercado.
A curva da oferta é exactamente o preço mínimo que os produtores aceitam para cada volume
de produção. Desta forma, toda área acima da curva da oferta significa um excedente do
consumidor.
Na fixação de um preço máximo abaixo do ponto de equilíbrio a perda de bem-estar será tanto
para o produtor como para o comprador, ou seja, dá-se uma perda de bem-estar geral. Um
preço máximo abaixo do equilíbrio provocará uma perda do excedente do consumidor e com a
falta de produtos suficientes, não haverá possibilidade de alguns consumidores chegarem a
atingir seja qual for o bem-estar.
Uma alteração da quantidade de equilíbrio trará também uma perda de bem-estar geral. No
aumento da quantidade de equilíbrio haveria quantidades que não eram possíveis ser
escoadas no mercado e por isso o produtor perdia. No caso da fixação de quantidades abaixo
da quantidade de equilíbrio, o produtor não vai poder vender tanto quando quer nem o
consumidor comprar tanto quanto quer uma vez que há menos e mais caro. Isto permite nos
concluir que o mercado livre é o mais eficiente.
Com a fixação de impostos indirectos, para além das repercussões que já foram analisadas,
levam a uma transferência de bem-estar, daqueles que transaccionam para os credores do
imposto. A questão é que o imposto leva a uma retracção do mercado e por essa razão, o
número de transacções é menor do que o que ocorreria sem imposto.
Quando a transacções deixa de ser efectuada, há uma simples perda absoluta de bem-estar.
Isto porque, não ocorrendo a transacção, não há imposto a receber.
Um Estado que queira minimizar o impacto dos impostos no bem-estar total deverá procurar
concentrar a carga tributária naqueles mercados em que a procura e a oferta sejam menos
susceptíveis de se retrair, e onde por isso, menos possível se torna a ocorrência de uma quebra
no volume da transacção. Coloca-se no entanto a questão de se tributar o consumo básico,
aqui, os contribuintes mais pobres costumam dispensar uma percentagem mais elevada do
seu rendimento pessoal do que os contribuintes mais ricos, o que acaba por ser pior que o
próprio problema suscitado.
Ponto de equilíbrio na modulação de um imposto – um ponto aquém iria levar a uma pura
perda de bem estar e um ponto além iria levar a uma retracção do mercado tal que não se
justificaria.
A teoria do consumidor
Restrição orçamental – combinação total daquilo que pode comprar-se com um determinado
rendimento disponível, dado um conjunto de preços relativos que indicam quanto deve
sacrificar-se do consumo de um bem ou serviço para que outros possam ser consumidos. É a
fronteira entre aquilo que é compatível e aquilo que é incomportável para o consumidor, o
limite absoluto da sua disposição de pagar – fronteira de possibilidades do consumidor.
Curvas de indiferenças – representam aquilo que o consumidor deseja fazer, o modo como as
suas preferências efectivamente se distribuem pelos produtos. Representa um conjunto de
situações em que o consumidor se encontrará igualmente satisfeito.
Quando se tratam de bens inferiores, dá-se uma contracção da curva pelos motivos que
explicam que a um aumento do preço corresponde uma diminuição do consumo desses bens.
Aquilo que cada um dispõe para consumir depende de duas decisões pessoais: a da poupança
(mercado de capitais) ou do nível de trabalho e de remuneração (mercado de trabalho).
Taxa de Juro+Efeito Substituição: Se a Taxa de Juro for muito alta, os potenciais mutuantes
(aqueles que emprestam) poderão até abdicar de consumir de acordo com as suas
preferências, e somente consumir depois, por forma a obter o máximo de rendimento
derivado do mesmo mútuo (empréstimo), mormente a título de juros. Ou seja, abdicando de
consumir de acordo com as suas preferências, poderão exactamente incorrer numa hipótese
de Efeito-Substituição. Numa palavra, quanto mais alta for a Taxa de Juro, maior é a
probabilidade de tal efeito ocorrer do lado dos potenciais mutuantes.
Taxa de Juro+Efeito de rendimento: Quanto maior for o rendimento actual, menor será a
consideração pela poupança sendo que as vantagens actuais se apresentam mais favoráveis.
Taxa de Desconto, cuja repercussão se tem no conceito de valor descontado, associa-se à dita
"miopia do consumidor pelo consumo imediato", ou seja, esse valor descontado será tanto
menor (exactamente porque associado à tendência/apetência de cada sujeito para um
consumo tanto mais imediato quanto possível) quanto maior for a dilação temporal entre o
momento presente e um momento futuro em que o agente volte a ter acesso a determinado
montante que, por ex, emprestou, e que exactamente por isso não lhe permitiu adquirir no
imediato determinado bem. Daí que, se o prazo de reembolso de determinado montante
mutuado (emprestado) for apenas de 1 ano, o valor descontado (logo Taxa de Desconto) será
mais alto porque tanto mais rapidamente, ou tanto mais imediatamente poderá aceder ao
consumo de determinado bem, enquanto Bem Presente.
Capítulo 7
A definição de custo total engloba contudo, apenas os custos explícitos (custo contabilístico),
aqueles que monetariamente foram necessários para a produção de determinados bens.
Temos contudo que ter em conta também os custos implícitos. Estes já se prendem com uma
análise comparativa em que é necessário apurar, aquilo que efectivamente se deixou, para ter
uma determinada produção, portanto, todo um raciocínio lógico subjacente.
Em primeiro lugar prende-se com os bens que o agente já dispõe e que os usa de uma
determinada forma, não podendo esses bens serem empregues noutra coisa. São exemplo
disso os lucros, juros e rendas que se deixam de obter em função de utilizar esses bens para o
próprio proveito. Entendemos mais latamente como custo de oportunidade.
Lucro económico – este é a subtracção entre o lucro contabilístico da primeira opção e o custo
contabilístico da segunda. Assim sendo é o lucro contabilístico da primeira opção mais o custo
de oportunidade.
É por isso que ainda que haja lucro contabilístico se deixe de produzir em função do lucro
económico poder ser negativo quando a segunda melhor opção se torna mais vantajosa.
Lucro contabilístico – comporta apenas o lucro que advém dos custos explícitos, não tendo
por base um carácter comparativo.
Função de produção – relação quantitativa entre aquilo que é empregue na produção e aquilo
que dela resulta.
Apesar de, até a um certo ponto compensa a introdução de mais factores de produção porque
o produto marginal aumenta, existe contudo a tendência para um decréscimo do produto
marginal em função da saturação dos consequentes aumentos de factores de produção
enquanto alguns permanecem fixos. Há por isso também um aumento dos custos marginais e
com isso, um aumento dos custos totais. (LEI DOS RENDIMENTOS MARGINAIS DECRESCENTES)
Custo fixo – associado aos factores cuja quantidade não varia em função do nível de produção.
(uma máquina que custou 50mil euros irá custar o mesmo ainda que produza apenas 10 ou
1000 unidades produtivas).
O custo fixo médio é calculado pela divisão entre os custos fixos totais a dividir pelas unidades
produzidas.
Estes custos fixos médios vão decrescendo à medida que vamos aumentando a produção, em
função do preço se distribuir pelas diferentes unidades produzidas.
Custo variável – Prende-se com o facto de para produzir mais, necessita-se de mais factores de
produção, são por isso variáveis em função do nível de produção. (produzir 10 ou 1000
unidades exigirá um número diferente de trabalhadores. Por isso, é um número
marginalmente crescente, no sentido em que um aumento de produção implica até certo
limite o recrutamento de um número cada vez maior de trabalhadores)
O custo variável médio é a divisão entre os custos variáveis totais a dividir pelas unidades
produzidas. São crescentes o que confirma a produtividade marginal decrescente.
Custo total é então a soma entre os custos fixos e os custos variáveis, dendo que como os
custos variáveis são crescentes, os custos totais também os serão.
Custo médio – quanto custa produzir cada unidade. São por isso os custos totais a dividir pelas
unidades produzidas.
Custo médio total - pode também ser a soma entre custos fixos médios e custos variáveis
médios.
O custo médio total tende a ser representado na forma de u. Isto deve-se ao facto dos custos
fixos médios (importantes a curto prazo) sejam descendentes em função de um aumento de
produção, enquanto que a longo prazo os custos variáveis vão aumentando quanto mais se
produzir.
O ponto até onde os custos médios são decrescentes, é designado por escala de eficiência ou
dimensão óptima.
Custo marginal – quanto é que custa produzir cada novo relógio. Será racional continuar a
produzir mais uma unidade enquanto essa unidade tiver um custo inferior à do preço do
mercado.
Estes custos terão propensão para crescer como já referido através do produto marginal. O
custo marginal começa no entanto por ser menor que o custo médio e continuam a ser
inferiores enquanto os custos médios totais descem. Quando estes começam a subir, os custos
marginais também começam a subir de uma forma mais significativa. Por isso numa
representação gráfica, a intercepção entre o custo médio total e o custo marginal é o ponto
ideal para o produtor permanecer e obter maior lucro.
(um estudante que tira uma nota inferior à media dele contribui para que a média desça,
enquanto que, quando o estudante tira uma nota mais alta que a média, contribui para que a
mesma suba)
A curto prazo, um dos factores permanece fixo sendo que os custos inerentes a esse factor são
também fixos.
Na tentativa em aumentar a produção a longo prazo, está subjacente o período em que é
necessário para tornar todos os custos fixos em custos variáveis. Em princípio não há custos
fixos a longo prazo, a perspectiva de custos a longo prazo é a de reafectação economicamente
eficiente de todos os recursos. A tentativa em tornar os custos fixos em variáveis explica-se
pela lei dos rendimentos marginais decrescentes. A curto prazo existe um limite ao
rendimento marginal que se obtém da intensificação do uso de factores de produção.
• Lei dos rendimentos marginais decrescentes faz com que o rendimento marginal dos
factores variáveis tende a diminuir e por isso seja mais caro produzir. (explica a
tendência para que quando aumenta o preço de venda a produção também aumente,
lei da oferta)
Rendimentos de escala
1. Internas:
• Eficiência técnica – a capacidade de se empregar intensivamente maquinaria
muito eficiente mas muito dispendiosa como custo fixo inicial;
• Eficiência empresarial – maior espaço para especialização nas tarefas de
gestão e de coordenação;
• Vantagens financeiras – permite acesso ao crédito bancário mais
favoravelmente;
• Possibilidade de descontos de quantidade na compra de publicidade ou de
recursos e de matérias primas;
• Maior investigação e desenvolvimento.
2. Externas:
• Presença local de uma vasta mão-de-obra especializada;
• Existência de uma rede instalada de assistência ou de distribuição;
• Eficiência e dimensão nas infra-estruturas disponíveis.
Contudo, há uma altura SEMPRE que a expansão começa a ser travada por perdas de escala,
por rendimentos decrescentes à escala, isto é, de uma subida de custos médios.
Problemas que levam à perda de escala:
A nível interno:
A nível externo:
A única forma de uma curva de custos médios a longo prazo é a dos rendimentos constantes à
escala.
• Economias de Gama – pressupõe uma produção combinada de dois ou mais bens cuja
produção separada implicaria duplicação de custos, as que resultam exactamente do
uso polivalente de recursos especializados.
Opções de investimento
Um investimento pode ser real se consiste directamente na aquisição de bens de capital que
sejam empregues seguidamente num processo produtivo, e pode ser financeiro, se se limitar
ao mútuo ou ao depósito de fundos junto de mercados ou de instituições especializadas. Estes
por sua vez vão encaminhar esses fundos para o investimentos reais.
Aqueles que maior aversão tenham ao risco podem minimizá-lo fazendo depósitos bancários. É
a forma de garantir quando necessário o levantamento do capital e da entrada de juros a
custos baixos. Só haveria risco no caso dos bancos falirem, coisa que os Estados modernos têm
evitado.
2. Obrigações
As subidas das taxas de juro no mercado são más notícias para os subscritores de obrigações,
sendo que, ao invés, as descidas das taxas de juro desbloqueiam a liquidez dos títulos.
3. Acções
Um dos corolários desta noção de mercado eficiente é a ideia de que não é possível
adoptar uma estratégia racional para “vencer o mercado”. Isto pela razão de que todo o
conhecimento relevante já se encontra no preço. Ora se todos os investidores do mercado têm
igualmente acesso ao preço, será de prever que reajam todos da mesma forma obrigando a um
equilíbrio entre eles, não conseguindo nenhum deles vencer, já que tem de contar com reacção
análoga dos seus concorrentes.
É claro que o mercado eficiente não passa de uma hipótese, cuja comprovação é difícil – e
daí os chamados “event studies”. Estes são análises das variações de preços dos títulos
bolsistas em função de episódios de divulgação de informações relevantes. Procura-se, de
seguida, detectar aqueles pontos nos quais se manifestem oportunidades de ganho advindas
da exploração de informação privilegiada e não espelhada nos preços dos títulos (fenómeno
especulativo).
Dado a definição do que seja um mercado eficiente, haveria uma única forma de “vencer”
nele, e essa seria a de apostar em variações inesperadas dos preços. Só que o que é inesperado
não é, por definição, racional ou estratégico por não se tratar de conhecimento: não é sequer
probabilidade porque esta prevê todas as hipóteses previsíveis. Apostar no inesperado, no
desconhecido, é apostar no acaso, é esperar ter sorte.
E por isso, no longo prazo os ganhos médios de “vitórias no mercado”, vitórias puramente
casuais, não dependem de qualquer estratégia melhor do que a do simples “passeio aleatório”,
ou seja, a “não-estratégia” de compras e vendas de bens de investimento arbitrariamente
decididas, gravitando em torno do preço de mercado.
Os ganhos médios de uma atitude de não-jogo, uma mera atitude passiva de investimento
de longo prazo sem especulação, tendem a aproximar-se dos do próprio passeio aleatório –
definindo-se “aleatória” como a característica de toda a variável que não é totalmente
predeterminada pelas demais variáveis disponíveis, que não é “determinística”.
Note-se, porém, que tudo isto vale apenas da aproximação do mercado dos bens de
investimento ao paradigma do mercado eficiente que, como se sabe, não funciona assim
devido ao fenómeno especulativo que altera sempre as regras de mercado ao contrário do
mercado eficiente em que os movimentos de preços dependem quase exclusivamente da
oferta e da procura e da sua racionalidade.
Capítulo 8
Preço relativo em termos dos bens presentes: o sacrifício do consumo imediato que está
implicado no investimento em recurso de que emergirão os bens futuros.
O valor dos bens futuros é menor que o valor dos mesmos bens quando a sua disponibilidade
seja imediata. Mediante uma atribuição possível no presente do valor do bem no futuro
chamar-se-á valor descontado. É por isso que, quanto mais longe for o prazo entre o momento
presente e o momento futuro, menor será o valor descontado.
Juro: Montante que fez vencer a preferência pelo presente, pelo que a taxa de juro tem que
ser superior à taxa de desconto que, individual ou colectivamente, é aplicada às transacções
inter-temporais; é o preço de equilíbrio do mercado dos fundo monetários mutuáveis.
A inexistência dos Juros levaria a:
Juro nominal – Somatório do juro real e do prémio de inflação que coincide com a taxa de
inflação.
O motivo-especulação
Estas expectativas são racionais quando comportam todo o conhecimento disponível e que são
irracionais quando se limitam a extrapolar o presente, ou do passado recente, para o futuro,
jogando na antecipação do acaso.
Capítulo 9
O mercado concorrencial
1. As condições da concorrência
a. Atomicidade
Quando a escala mínima de eficiência é reduzida em toda a oferta, por oposição ao nível de
procura, significa que os produtores podem ter um nível de concorrência uma vez que
conseguem manter o nível de produção, dando aos consumidores oferta nas mesmas
condições. Permite a entrada de mais produtores no mercado, dado que a tecnologia
disponível não permite aos restantes produtores, num nível de eficiência, produzir o suficiente
para toda a procura.
b. Fluidez
Não deve haver diferenciações qualitativas que qualifiquem um produto como único e
incomparável, de forma a que por isso deixe de ser legítimo uma comparação de preços.
Pressupõe-se pois que os produtos da mesma classe sejam sucedâneos e substitutos perfeitos
uns dos outros não devem por isso ocorrer as seguintes situações:
Pressupõe-se que, principalmente do lado da oferta, não hajam barreiras à entrada e à saída.
São exemplo disso os entraves corporativos que deixam a entrada de concorrentes à mercê de
uma decisão dos vendedores já estabelecidos no mercado, ou que imponham investimentos
iniciais tão elevados que os recém-chegados fiquem reféns deles e tenham dificuldade em
abandonar o mercado quando as condições económicas possam aconselhá-lo.
Muitos destes entraves à liberdade de entrada e saída são artificiais, no sentido de serem
barreiras político-jurídicas. Podem ser no sentido de não permitirem fluidez ou atomicidade e
por isso impedirem a formação de uma concorrência a nível de preços. Também no âmbito da
interferência do Estado podemos dar alguns exemplos que impedem a entrada e saída no
mercado:
• Incentivos à investigação e à inovação;
• Invocação da tutela do interesse público e da segurança dos consumidores – exigem-se
formas de licenciamentos e de certificação que condicionam o acesso de novos
produtores.
2. A teoria do produtor
Num mercado de concorrência perfeita, o produtor não poderá alterar o preço em função de
um aumento de quantidades produzidas. Assim sendo, o seu rendimento total variará
directamente em função dessas quantidades produzidas: se o preço não variar, o nível de
rendimento dependerá exclusivamente do nível de vendas, do volume de produção.
É uma condição do mercado atomístico que os vendedores recebam sempre o mesmo preço,
independentemente do volume de vendas e por isso esperam sempre o mesmo preço por
cada unidade adicional que vendam.
Para o “price taker” a procura é infinitamente elástica porque os produtos oferecidos pelos
seus concorrentes são perfeitos substitutos dos seus, existindo para o comprador a
possibilidade de comprar à concorrência sem qualquer perda de utilidade.
Neste caso, será vantajoso incrementar a produção enquanto o custo marginal for inferior ao
rendimento marginal porque isso provoca uma subida de lucro (ver tabela do manual). O
ponto óptimo para o vendedor atomístico que pretende uma maximização de lucros é onde o
custo marginal e o rendimento marginal coincidem.
A saída temporária de curto prazo distingue-se pela circunstância de no curto prazo existirem
custos fixos que são irrecuperáveis, no sentido de que já estão pagos e de que não há
alternativa para suportá-los, enquanto que no longo prazo também esses custos se tornam
variáveis, podendo ponderar-se uma decisão em que todo o género de custos seja levado em
conta.
Custo irrecuperável/histórico (sunk cost) – um custo que o produtor não se livra mesmo que
deixe de produzir. Exemplo disso são os anúncios publicitários já pagos.
Custos recuperáveis – custos fixos relativos à aquisição de bens que sejam utilizáveis noutras
linhas de produção. São o também os custos de funcionamento (overhead costs) que
desaparecem assim que o produtor tome a decisão de suspender a actividade.
Já que o produtor, a curto prazo não se consegue livrar dos custos fixos, tudo se opera no
âmbito dos custos variáveis. Assim só será racional sair do mercado temporariamente quando
os custos variáveis forem superiores ao rendimento total. Quando por isso os rendimentos
totais não cobrem os custos variáveis, corresponde a dizer que as perdas totais são superiores
aos custos fixos totais.
Pode também justificar-se de outra forma, dizendo que a decisão de curto prazo de suspensão
da produção há-de justificar-se em todos os casos em que os custos variáveis médios são
superiores ao preço que corresponde ao rendimento médio.
A decisão agora será de sair definitivamente do mercado ou não e no caso de não abandono
decidir qual a escala de produção.
A longo prazo o produtor deve abandonar o mercado quando o rendimento total não chega
para encobrir os custos totais, se o seu custo médio é superior ao preço.
Na entrada no mercado, deve-se igualmente ter em conta os seus custos médios com o nível
de preços que é praticado no mercado, tendo ainda em conta que a entrada de novos
produtores faz descer o nível de preços.
Quando o preço de venda se situar num ponto intermédio entre a curva dos custos médios e
dos custos variáveis médios, vale a pena ao produtor manter-se em actividade, ainda que
registar perdas, pois que uma saída poderia trazer perdas ainda maiores já que não tem como
recuperar os custos fixos e custos irrecuperáveis.
6. A transição do curto para o longo prazo
Assim sendo, os novos produtores provocam a sua própria saída pois que aquilo que os aliciou
foi destruído pela sua própria entrada (efeito de miragem). A saída destes produtores fará
aumentar o lucro daqueles que subsistiram e com isso irá atrair novamente mais produtores,
acontecendo o mesmo processo e assim sucessivamente.
Existe contudo um ponto de equilíbrio em que isto deixa de acontecer. Trata-se do ponto no
qual convergem preço e custo médio, um ponto no qual o lucro tende a desaparecer.
Um mercado concorrencial sem barreiras de entrada e de saída tende, no longo prazo, tende
para um equilíbrio que coloca os produtores na sua escala de eficiência. Sendo que o ponto
óptimo é quando o custo médio coincide com o preço, é normal que o preço coincida com a
escala mínima de eficiência.
Num mercado atomístico, os lucros extraordinários tendem a desaparecer, pois que não há
nenhuma opção melhor nem opção pior, está na única possível.
O lucro normal
Apesar de não haver lucro económico, não quer dizer que não haja lucro contabilístico.
O lucro normal será então o ponto mínimo aceitável de lucro, sem o qual o sector é
abandonado pelos empresários, pois corresponde ao rendimento médio que a actividade
empresarial é capaz de gerar em qualquer sector.
Assim, justifica-se que, ainda que não haja lucro económico, o produtor opte pela não saída
pois sabe que os lucros contabilísticos seriam em qualquer actividade menores.
O ponto que é atingido quando o rendimento total aos custos totais, incluindo o lucro normal,
chama-se de ponto de break-even. Este é aquele que o produtor está a atingir o rendimento
que atingiria na melhor das hipóteses.
A concentração do mercado
• Se a escala de eficiência se atingir com a produção de 100 mil unidades, então há lugar
para 100 produtores;
• Se a escala de eficiência só puder atingir-se com a produção de 20 milhões de
unidades, só há lugar no mercado para um “monopólio natural”.
Neste último caso não é possível haver concorrência nem seria eficiente. Ao adicionar um novo
produtor, a produção do monopolista irá diminuir e por isso os seus custos irão ser maiores do
que eram com mais produção porque tem que recuar na curva dos custos médios, havendo
perdas de eficiência e aumentando os preços para os consumidores.
O que faz com que a escala de eficiência corresponda a maiores ou menores volumes de
produção são os custos fixos, os custos irrecuperáveis e os custos fixos de funcionamento.
Quando estes custos são menores, há lugar para muitos concorrentes; quando o inverso
acontece e só a elevadíssimos volumes de produção se atinge a escala de eficiência, a
concorrência está comprometida como solução óptima.
Os custos fixos são por isso uma barreira natural à entrada e à saída de concorrentes.
Quanto maior for a concentração mais provável se torna que o preço se afaste do seu nível
concorrencial e se aproxime dos máximos que poderão vigorar numa situação de monopólio.
Equilíbrio parcial – isola os fenómenos verificados num mercado em relação às suas conexões
com o funcionamento de outros mercados.
Capítulo 10
Monopólio
Deparando-se com a situação de “lucro zero” de que há pouco se falou, os produtores terão
dois objectivos dominantes:
• Coexistir com produtores cujos custos são mais elevados e assim assegurar ganhos
extraordinários de longo prazo – é difícil pois pressupõe que o próprio consiga manter-
se sempre um passo à frente da concorrência em matéria de progresso tecnológico ou
organizativo, em matéria de redução de custos;
• Excluir todos os outros concorrentes para que possa manipular os preços e com isso
maximizar os lucros.
Aqueles que não se encontram num monopólio natural haverão de temer obviamente que a
qualquer hora ingresse um novo produtor, o que não acontece com os monopólios naturais
pois que estes esgotam sozinhos a possível produção necessária. A preocupação de um
monopólio natural será apenas quando exista um aumento da procura de tal forma que, já não
corresponda à sua escala mínima de eficiência.
Enquanto para o produtor atomístico, que produz numa escala de eficiência, consoante a sua
produção aumenta ou desce, o rendimento marginal e o rendimento médio corresponderão
sempre ao preço, o mesmo não acontece com o monopolista.
Para o monopolista, o que importa é que o custo marginal nunca seja superior ao rendimento
marginal e por isso, enquanto o custo marginal não for superior ao rendimento marginal, será
vantajoso para o mesmo aumentar a produção. O ponto óptimo será então onde o custo
marginal iguale o rendimento marginal.
Apesar de o facto dos preços praticados a um nível superior ao que aconteceria num mercado
de concorrência perfeita e isso levar a uma perda de bem-estar para os consumidores, é
também certo que leva a um aumento do bem-estar do produtor.
Por isso, o monopólio tanto pode diminuir o bem-estar total, como aumentá-lo quando o
excedente do produtor supera as perdas do bem estar do consumidor.
O monopolista que se concentrasse no aumento do bem-estar total iria coincidir o preço com
o custo marginal já que isso equivaleria a um ponto de equilíbrio entre a curva da oferta e a
curva da procura.
Contudo o que acontece é que o monopolista produz menos e vende mais caro.(Isto porque,
como o ponto máximo é aquele em que se intersectam custo marginal com rendimento
marginal, este ponto será sempre inferior ao preço do mercado pois que o rendimento
marginal é sempre inferior ao preço.)
É este o ponto no qual o monopolista é capaz de gerar uma renda monopolista, uma renda
económica que justifica a inexistência de uma vontade no sentido de aumentar a produção.
Podemos então concluir que não assegura a maximização do bem-estar social pois que
produzindo a um nível de preços superiores ao que socialmente eficiente também não irá
produzir a quantidade necessária, podendo levar a que determinados consumidores, devido ao
preço do produto, fiquem sem acesso a ele.
As leis anti-trust
Por isso, nem todas as concentrações de mercado são proibidas e mesmo aqueles que têm
uma avaliação negativa no índica Herfindal-Hirschman podem subsistir através da invocação
de um motivo razoável (rule of reason) que justifique com a eficiência a restrição da
concorrência, como é o caso dos monopólios naturais.
A regulamentação
Acredita-se muitas vezes que a alegação de que o Estado é detentor de monopólios naturais
não é correcta pois que em vários casos existiria lugar para mais concorrentes. Exemplo disso é
a rede eléctrica ou a rede ferroviária.
• Preço acima do custo marginal (acima da curva da oferta) – não evita o abuso do poder
e faz com que o excedente total diminua pelo facto do excedente do consumidor
diminuir – é como se não houvesse regulação;
• No caso de se tratar de economias de escala, o facto do preço ser estabelecido em
função dos custos marginais pode fazer com que a mesma saia do mercado – as
economias de escala tem custos marginais sempre inferiores aos custos médios, pelo
que a fixação de preços de acordo com os custos marginais faz com que o monopolista
venda sempre abaixo do seu custo médio, fazendo com que registe perdas
significativas;
O Estado pode também permitir que os monopolistas pratiquem o preço que quiserem mas
estabelecer:
A fixação de preços em função dos custos pode levar a que as empresas inflacionem o mesmo.
Pode ocorrer que com isso o vendedor não se sinta motivado em diminuir os custos de
produção, visto que qualquer diminuição dos custos corresponderia a uma diminuição do
preço.
Ocorre muitas vezes o risco de incorrermos no clientelismo, privilégios para políticos e desvios
de lucros extraordinários.
A teoria dos mercados contestáveis (na ocorrência de possível concorrência, há uma auto-
disciplina por parte do monopolista, no sentido de simular os efeitos de bem-estar de um
mercado efectivamente competitivo)
O monopolista, numa situação em que se depara com a possível entrada de outros produtores
no mercado, tomará a iniciativa de baixar os preços na direcção da escala de eficiência por
opção própria.
Para além de garantir a sua subsistência no mercado, o monopolista está também a tornar
menos atractiva a entrada no mercado, pelo facto de já não registar elevado lucro. Com esta
actuação está também, ainda que involuntariamente, a devolver aos consumidores o seu
excedente e com isso aumenta o bem-estar total que estará próximo de uma situação de
mercado concorrencial.
O monopolista tem também o poder de cobrar preços diferentes consoante as pessoas que se
trate. A discriminação de preços permite minimizar a perda absoluta de bem-estar, e ampliar
os rendimentos e lucros que a “deadweight loss” lhe nega.
A discriminação de preços pode assumir várias formas: estabelecimento de tarifas por escalões
de consumo, de classes de passageiros nos transportes, de descontos de quantidade, de
diferenciações de épocas altas e baixas etc.
Esta estratégia é só eficaz quanto mais rígido for possível segmentar o universo dos
consumidores. Um consumidor que está disposto a pagar 7 euros não deverá ter acesso ao
bem quando ele é vendido por 4 euros.
Agora, o preço coincide exactamente com a disposição de pagar, fazendo com que do lado do
consumidor não exista excedente do consumidor mas que pelo contrário este é absorvido pelo
produtor, sendo por isso o excedente total o excedente do produtor.
Oligopólio
Quando o nível de concentração é pouco, isto quer dizer que cada um dos vendedores disporá
de um poder de mercado que lhe permitirá, não apenas influenciar o nível de preços, mas
também através dessa influência, interferir no rendimento, nas receitas e portanto nas
perspectivas de lucro, dos seus concorrentes. Podemos pois falar de uma interdependência.
Neste tipo de situação pode tanto ocorrer que o oligopolista exerça as suas forças
competitivas ou que os diversos produtores reconstituam uma situação de monopólio,
beneficiando do lucro extraordinário do mesmo.
A cooperação do oligopolista
Uma coligação entre oligopolistas, quando dotada de um mínimo de estabilidade, podendo ser
analisado como sendo um monopólio dá-se o nome de cartel. A coligação pode resultar de:
Contudo, nem sempre há um agrupamento/cartel, pois que por vezes os ganhos individuais
parecem mais apetecíveis que os ganhos colectivos. Uma situação de cartel significa que os
lucros extraordinários sejam divididos por todos, consoante a sua produção e quanto maior for
o peso do oligopolista dentro daquele grupo. Isto faz com que muitas vezes um oligopolista
comece a pensar primeiro nos lucros que sozinho poderia fazer, sem que os ter de partilhar,
principalmente aqueles com maior poder dentro de um determinado grupo.
Existem proibições jurídicas para evitar este tipo de situações. Fazem também com que
sucedâneas formas de acordos se vejam destabilizadas:
A necessidade de estabelecer este tipo de acordos é tanto maior quanto maior for o número
de oligopolistas. Isto porque a quota que caberá a cada um é menor e por isso o risco de que
um dos oligopolistas quebre o acordo é tanto maior.
A concorrência oligopolista
Ainda que havendo acordo, isso não quer dizer que todos os respeitem, podendo também
ocorrer a situação de que nenhum o respeite ou que apenas alguns o respeite.
Não havendo acordos, os oligopolistas têm que ter em atenção ao que os restantes produzem,
já que, o preço de mercado será o mesmo. Se o preço de mercado é de 7 euros e a quantidade
produzida é de 200’000 unidades, seria compreensível que, no caso de serem dois
oligopolistas, cada um produzisse 100’000 unidades e ficasse com os respectivos lucros.
Contudo, a estratégia muitas vezes adoptada é a de subir a quantidade produzida, ainda que
isso determine a descida do preço. Quando o outro se apercebe de que foram aumentadas as
quantidades produzidas por um, a consequência será provavelmente que o segundo aumente
a quantidade produzida também (pois que em caso contrário registará uma perda de lucros
pelo facto de o outro ter aumentado a produção).
Assim, estabilizam num ponto sub-óptimo que é um equilíbrio de Nash. Este equilíbrio dá-se
porque um dos oligopolistas agiu em função da estratégia adoptada pelo outro. Trata-se de
um ponto sub-óptimo, pois que este está aquém da escala mínima de eficiência, ou seja, do
“lucro zero”.
• O volume de produção – produzir mais tende a aumentar os lucros, dado que o preço
se encontra acima do custo marginal;
• O preço – produzir mais tende a diminuir os lucros se levar a quebras mais do que
proporcionais dos preços.
Estes dois efeitos serão tidos em conta pelo oligopolista, comparativamente ao volume de
produção do outro oligopolista.
Como o oligopolista tem sempre em atenção qual seria a reacção imediata dos restantes face
às suas atitudes, podem ter as seguintes hipóteses:
A estratégia de não-cooperação
Teoria dos jogos – estudo das atitudes estratégicas de articulação de interesses entre agentes,
no espaço intermédio dos extremos da cooperação. Esta verifica-se quando a
interdependência é tão grande que as decisões de um podem influenciar decisivamente a
esfera de interesses alheios, suscitando reacções preventivas.
A tragédia dos baldios – Trata-se do aproveitamento de recursos comuns que por isso não
estão sujeitos a apropriação individual. A tendência será então de haver uma maior exploração
por parte de cada um, levando por isso a um esgotamento dos recursos, havendo um nível de
eficiência menor do que aquele que existiria se fosse de propriedade individual.
Quando os oligopolistas se apercebem que estão num equilíbrio de Nash e que por isso
tiveram perdas de lucro, pelo que preferem agora a cooperação.
Qualquer dos oligopolistas obtém uma vantagem adicional se for o único a romper
unilateralmente o cartel, e nenhum dos oligopolistas quererá ficar na posição, maximamente
desvantajosa, de ser vítima inocente de um ataque de surpresa.
Aqueles que aceitam um acordo de cartel, poupam nos custos de rivalidade, nomeadamente a
publicidade. Contudo, nenhum oligopolista se arrisca a retirar completamente a sua
publicidade.
O mesmo se pode dizer das despesas com investigação e desenvolvimento tecnológico para
conseguirem uma vantagem comparativa. Geralmente, há um sub-investimento em
investigação e desenvolvimento tecnológico pois que ninguém quer ser surpreendido por uma
situação de vantagem competitiva por parte de um concorrente.
Apesar de a situação do equilíbrio de Nash que geralmente ocorre trazer algum excedente do
consumidor de volta, a não cooperação pode também ser nociva para o bem estar geral.
Exemplo disso é o caso dos recursos comum/ tragédia dos baldios.
A política anti-oligopolista
Estas políticas podem ser contornadas através de práticas restritivas (no sentido vertical, feitas
aos vendedores dos seus produtos):
A concorrência monopolística
O sacrifício da fluidez
A concorrência monopolística caracteriza-se pelo facto de a compra não ser feita com o
fundamento da comparação de preços, mas sim em função da diferenciação do produto, que
se consegue através da publicidade ou outros meios. Não deixa por isso de existir
concorrência, não há também limites à entrada e à saída no mercado.
Como já dito, o que se pretende neste tipo de mercado é a diferenciação qualitativa (tornando
os produtos substitutos imperfeitos) dos produtos, de forma a que as opções não sejam
tomadas em função do factor preço, impedindo a existência da concorrência de preços que
destrói os lucros dos produtores atomísticos. Pretende-se pois criar a convicção no cliente de
que está a obter um excedente de bem-estar superior àquele que resultaria da mera
comparação do preço com a sua inicial disposição de pagar.
Dentro do nicho de mercado que cada concorrente monopolístico consegue criar o poder de
mercado ressurge em termos similares àqueles que se verificam para um monopolista.
Quando inversamente, a longo prazo o preço estabiliza acima do custo marginal, isto quer
dizer que ainda há incentivo para um aumento de vendas, recuperando ainda mais lucros
através do roubo de clientela.
Devido à disparidade entre peço e custo marginal podemos desde já constatar que existe uma
perda de bem-estar absoluta. A intervenção neste sentido traz problemas como:
• Significa prejuízo económico para concorrentes que no longo prazo já não alcançam
lucros;
• Será que a ineficiência do mercado não é compensada pela eficiência acrescida que
este proporciona no mercado da informação que permitem externalidades positivas
advindas da diferenciação e a amplitude das escolhas oferecidas aos consumidores.
Em situações em que a homogeneidade é tal, não se justifica a publicidade pois que nada têm
que os diferencie e que seja vantajoso por isso ser chamado à atenção.
Quanto mais informação dispuser o consumidor, tanto mais ele será imune à imposição de
condições por um única vendedor, o qual, por seu lado, se verá forçado a acompanhar as
condições oferecidas pela concorrência. Tem-se com isto demonstrado que a publicidade
permitem a descida dos preços.
Num investimento vultuoso em publicidade, o consumidor terá a ideia que a publicidade será
realmente verídica pois que o produtor não iria incorrer neste custo irrecuperável caso não
tivesse a certeza da qualidade do seu produto e com isso a fidelidade dos consumidores.
O desaparecimento a longo prazo dos lucros extraordinários torna difícil a existência de meios
para financiar a investigação. E por sua vez, este conhecimento adquirido pode gerar
externalidades positivas de fácil difusão e reprodução, sem tirar com isso o proveito
concorrencial que se pretendia.
Uma limitação muito evidente no cânone analítico da microeconomia foi, por muito tempo, o
pressuposto da informação perfeita, que seria, em parte, um bem de consumo susceptível de
trazer benefícios directos e, em parte também, um bem instrumental capaz de aumentar a
produtividade e de, por essa via, contribuir também para o benefício marginal do seu
detentor, e até de terceiros. Esse pressuposto era abertamente assumido como um dos
requisitos da concorrência perfeita, o requisito da fluidez.
O mercado da informação
A aquisição de informação, está sempre condicionada por custos de busca, mais não seja pelo
custo de oportunidade envolvido no tempo requerido.
A prática de preços mais elevados ou mais baixos não se justifica no sentido de uma
concorrência monopolística, mas sim porque sabem que os custos de busca do preço mais
baixo dissuadirão a maioria dos consumidores de procederem a comparações exaustivas,
aquelas comparações que, favorecendo o produtor que pratica o preço mais baixo,
desencadeariam a guerra de preços.
“Regra de busca óptima” para o consumidor – vale a pena buscar-se preços mais baixos
enquanto o benefício marginal esperado dessa busca for superior ao custo marginal da
mesma. É também comum que o consumidor estabeleça um “preço alvo” que representa a
sua mais elevada disposição de pagar, interrompendo ali a busca de um preço mais baixo.
A selecção adversa
A imperfeição informativa gera o fenómeno da selecção adversa que impede que, com
qualquer grau de informação se consiga superar a assimetria informativa.
Isto leva a que muitas vezes os consumidores (aversão ao risco) ofereçam um preço mediano,
de modo a que haja equiprobabilidade de aquisição de bens de boa e de má qualidade. Esta
ideia impede contudo o mercado dos vendedores de produtos com qualidade superior à
mediana. Por selecção adversa apenas subsistem no mercado os vendedores de produtos com
qualidade inferior à mediana, já que a sua disposição de vender arranca a um nível inferior do
preço oferecido e portanto ainda tenham lucros.
Perante esta situação, os vendedores de produtos com qualidade superior à mediana, têm
interesse em transmitir informação gratuita e credível ao comprador. Assim, uma situação de
assimetria informativa que poderia favorecer o vendedor, é agora combatido por ele. (quem
celebra contractos de seguros tem vantagem em informar credivelmente a seguradora dos seu
possível nível de risco, evitando pagar quantias elevadas)
A sinalização
• O gasto elevado com campanhas publicitárias pode ser justificativo para criar a
convicção no consumidor quanto à qualidade do produto;
• O vendedor de carros usados que oferece garantias de assistência pós-venda aumenta
a convicção no consumidor, relativamente à qualidade do carro vendido.
O risco moral emerge do decurso de uma relação contratual duradoura, durante a qual uma
das partes, abusando da sua vantagem informativa, não cumpre, ou cumpre deficientemente,
as obrigações assumidas para com a outra, ficando-se na impossibilidade ou na dificuldade,
geradas pela assimetria informativa, de detecção do seu incumprimento.
Para além dos meios legais disponíveis, o risco moral pode ainda ser combatido através da
estipulação de contractos que permitam algum poder de supervisão de uma das partes sobre a
conduta da outra (permitindo em caso de abuso doloso da assimetria informativa o
estabelecimento de consequências) Surgem contudo algumas dificuldades:
A questão da reputação pode trazer mais uma vez os efeitos da selecção adversa, já que em
contextos de mercado nos quais a reputação jogue um papel relevante não existe incentivo à
concorrência de preços. O que vai contribuir para um mercado de concorrência imperfeita já
que aqueles que dispõem de reputação, terão também poder de mercado, impedindo a
entrada de novos produtores.
A publicidade como veículo informativo pode, como já vimos, ter o papel inverso. Isto porque
a publicidade visa o duplo objectivo de informar e de condicionar a identificação de marcas e
de produtos, mas ao mesmo tempo o de motivar os destinatários por forma a suscitar neles a
geração de novas necessidades secundárias.