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Introdução à microeconomia
Prof.ª Mariana Stussi Neves
Descrição
Propósito
A escolha do consumidor e as decisões de produção da firma são problemas básicos da ciência econômica.
Entender essas decisões é fundamental para o estudo de mercados e situações mais complexas que são
estudadas em tópicos de economia mais avançados.
Objetivos
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Módulo 1
Escolha do consumidor
Módulo 2
Curvas de indiferença
Módulo 3
Tipos de custo
Módulo 4
Lucro do produtor
meeting_room
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Introdução
Pessoas se deparam todos os dias com escolhas sobre o gasto da sua renda em bens e serviços. Quando vão
a uma pizzaria, por exemplo, elas devem decidir quantos pedaços querem comer e o quanto estão dispostas a
pagar por uma fatia de pizza ou por toda a iguaria. Mesmo num rodízio, em que o preço é fixo e uma fatia
extra não tem custo, os fregueses precisam escolher se vale a pena comer mais um pedaço ou se estão
satisfeitos. Depois de certa quantidade ingerida, comer mais pode despertar náuseas ou enjoo; nestes casos,
a satisfação com a comida diminui ao invés de aumentar.
Podemos então afirmar que um cliente quer tirar o máximo de satisfação de sua refeição dada a sua
disposição de pagar por ela. Mas como se mede o nível máximo de satisfação dos consumidores? Não é tudo
uma questão pessoal de gosto?
Sim, é uma questão de gosto — e talvez seja o papel da psicologia (e não da economia) tentar compreender
como ele surge. No entanto, os economistas podem dizer muito sobre como um indivíduo racional se
comporta para satisfazer esses gostos pessoais e como os produtores ofertam bens e serviços para atender
os consumidores e suas preferências. Nosso conteúdo gira em torno desses tópicos.
1 - Escolha do consumidor
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Ao final deste módulo, você será capaz de identificar a escolha ótima de um consumidor
racional a partir de suas preferências e renda.
Utilidade e consumo
Quando se fala sobre o comportamento do consumidor, não é uma tarefa trivial medir o sentimento subjetivo
de satisfação gerado ao consumir uma pizza ou um refrigerante. Muito menos trivial se mostra a comparação
da sua satisfação com a de outros indivíduos. Felizmente, isso não é necessário.
Para analisarmos esse comportamento, só precisamos supor que cada pessoa busca maximizar alguma
medida própria de satisfação obtida por meio do consumo de bens e serviços. A essa medida damos o nome
de utilidade do consumidor. Trata-se de um conceito utilizado pelos economistas para compreender o
comportamento de escolha, cujo valor, na prática, sequer precisa ser medido. A utilidade do consumidor
depende de tudo aquilo que um indivíduo consome. O conjunto de bens e serviços consumidos é chamado de
cesta de consumo.
Exemplo
Duas fatias de pizza e um refrigerante podem constituir uma cesta de consumo, enquanto três fatias e
nenhum refrigerante podem ser outra.
Existe uma relação entre as cestas de consumo individuais possíveis e o montante total de utilidade gerado
por elas. Essa relação é conhecida como função utilidade. Ela varia em cada indivíduo, pois trata-se de uma
questão pessoal e subjetiva.
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Evidentemente, as pessoas não possuem calculadoras em suas cabeças para medir exatamente o quanto de
utilidade suas escolhas de consumo irão gerar. Porém, ainda que de forma grosseira, elas tomam decisões
partindo do princípio de qual escolha irá lhes trazer mais satisfação. Por exemplo, o que te faz mais feliz:
viajar no feriado ou comprar um videogame novo?
Para medir essa utilidade, podemos supor — a fim de simplificar o processo — que ela possa ser mensurada
com uma unidade hipotética denominada util. Ilustrando um exemplo de função utilidade, o gráfico (a) que
segue mostra a utilidade total que Júlia obtém ao comer (sem nenhum custo) salgadinhos numa festa:
A função utilidade de Júlia indica uma inclinação positiva em sua maior parte, mas, à medida que o número
de salgadinhos consumidos aumenta, ela se torna mais achatada. Isso significa que uma iguaria a mais traz
mais utilidade até certo ponto, ou seja, o valor dela diminui quando mais unidades são consumidas.
A partir do décimo salgadinho, adicionar um a mais demonstra ser algo ruim para Júlia, piorando a sua
situação. Se for racional, ela perceberá isso e não consumirá o décimo primeiro. Desse modo, quando Júlia
for decidir sobre o número de iguarias a ser consumido, ela tomará essa decisão considerando a mudança na
sua utilidade total proveniente do consumo de mais um salgadinho.
Resumindo
Isso revela a seguinte ideia geral: para maximizar sua utilidade total, o consumidor precisa se concentrar na
utilidade marginal, ou seja, a utilidade de se consumir um pouco a mais, como, por exemplo, um salgadinho
adicional.
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A curva de utilidade marginal, por sua vez, tem inclinação negativa: cada salgadinho a mais acrescenta menos
valor em utilidade que o anterior. O próprio gráfico informa isto: enquanto o primeiro salgadinho rende 15 utils,
o décimo primeiro oferece -1,5 utils. Trata-se, portanto, do primeiro salgadinho a ter utilidade marginal
negativa: o seu consumo diminui a utilidade total, ou seja, o excesso de salgadinhos começa a cair mal!
Atenção!
Isso não é uma verdade imutável para todos os bens e serviços. Afinal, o consumo de algo em excesso não
vai necessariamente render uma utilidade marginal negativa no final da curva.
Apesar desse alerta, a suposição de que as curvas de utilidade marginal sejam negativamente inclinadas é
bastante aceita pelos economistas. O princípio da utilidade marginal decrescente atesta que a primeira
unidade traz mais valor que a segunda; a segunda, por sua vez, possui mais valor que a terceira unidade; e
assim por diante. A intuição por trás desse princípio é a seguinte:
Quanto mais consumimos algo, mais próximos ficamos do estágio de satisfação até finalmente atingirmos a
saciedade, ponto em que uma unidade a mais do bem não nos acrescenta em nada em termos de utilidade.
Comentário
Embora o princípio da utilidade marginal decrescente nem sempre seja verdadeiro (você consegue pensar em
um exemplo?), ele vale na maior parte dos casos, sendo o suficiente para embasar a teoria do
comportamento do consumidor.
Orçamento e restrição
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Até aqui trabalhamos com a ideia de que uma pessoa pararia de consumir um bem ao atingir um certo nível
de saciedade em que uma unidade a mais dele não traria satisfação extra ou até mesmo diminuiria sua
utilidade total. Um exemplo disso foi o caso dos salgadinhos. Temos, então, os seguintes pressupostos
implícitos na análise que fizemos até aqui:
paid
Não há custo adicional para o consumo de uma unidade a mais do bem.
add
paid
Existe dinheiro infinito; logo, o indivíduo não precisa se preocupar com isso.
A realidade, no entanto, é diferente: consumir mais de um bem requer, em geral, recursos adicionais — e o
consumidor precisa levar em conta esse fator ao fazer suas escolhas.
O que são esses recursos adicionais? Para simplificar, serão chamados de custo. O que levamos em
consideração é o denominado custo de oportunidade, isto é, o ganho potencial ao qual se renuncia quando se
opta por uma alternativa. Em outras palavras, trata-se do benefício de que abrimos mão quando fazemos uma
escolha.
Exemplo
O custo de oportunidade de jogar uma partida de futebol é o prazer que você teria ao dar um mergulho na
praia no mesmo período.
Um dos pressupostos básicos da economia é que os recursos são escassos. O custo de oportunidade faz a
ponte entre a escassez de recursos e a escolha. O recurso escasso, neste caso, é o dinheiro, pois o
consumidor tem um orçamento limitado. Vejamos o exemplo a seguir.
Gabriel está fazendo uma dieta especial para treinos, alimentando-se exclusivamente de frango e batata-doce.
Ele recebe em salário, semanalmente, 30 reais. Dado o seu apetite, a satisfação dele aumenta ao consumir
mais de cada bem; por conta disso, ele gasta toda sua renda nas duas iguarias. O quilo da batata custa R$3 e
o do frango, R$6. Quais são as possibilidades de escolha para Gabriel? Qualquer que seja a cesta de consumo
escolhida por ele, sabemos que seu custo não pode ser maior que o seu salário, ou seja, o montante total de
dinheiro que ele possui para gastar.
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Assim:
A seguir, é possível ver as possibilidades de consumo de Gabriel. O montante de batatas no seu pacote está
representado no eixo horizontal; o de frango, no vertical.
Conectando os pontos de A a F, a linha inclinada para baixo divide os pacotes de consumo entre quais se
pode comprar e aqueles em que não é possível. Os pacotes factíveis ficam abaixo dessa linha (cuja divisória
também deve ser incluída na lista), enquanto os de cima pertecem ao grupo dos que não são.
No ponto D, há 6kg de batatas e 2kg de frango. Multiplicando-os pelos preços, temos 6 × R$3 + 2 × R$6 =
R$30. Logo, a cesta D satisfaz a restrição orçamentária, custando exatamente a renda de Gabriel.
Verifique que os demais pontos sobre a linha negativamente inclinada são as cestas nas quais Gabriel
gastaria exatamente o total de sua renda. Mostrando todas as cestas de consumo disponíveis quando ele
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gasta inteiramente sua renda, tal linha recebe o nome de reta orçamentária.
Como vimos acima, Gabriel precisa escolher um número de batatas (o que vamos denominar xb ) e outro de
frango (xf ), multiplicando-os por seus preços respectivos: pb e pf . A soma das duas multiplicações deve ser
menor ou igual ao total de sua renda m.
Vejamos agora um caso extremo: Gabriel consome apenas frango (isto é, xb = 0 ): substituindo os valores na
equação (3), temos 0 × 3 +xf × 6 = 30 . Assim, o máximo de frango xf que pode ser consumido é igual a
5kg , pois 30 ÷ 6 = 5 . Desse modo, o intercepto do eixo vertical da reta orçamentária fica no ponto A quando
toda a renda dele é consumida nessa iguaria. Fazendo o exercício análogo para o ponto F , no qual sua renda
agora é dedicada inteiramente à batata-doce, ficamos com uma cesta de 10kg dela.
Dica
Podemos repetir este exercício para todos os pontos da reta orçamentária.
Os demais pontos sobre a linha orçamentária podem ser analisados à luz da relação de perdas e ganhos com
a qual Gabriel se depara ao gastar todo o seu salário. Essa relação é tipicamente chamada pelo seu nome em
inglês: trade-off.
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Gabriel quer sair do ponto A e consumir 2kg de batata-doce ao mesmo tempo em que deseja comer a maior
quantia possível de frango. Para ingerir 2kg de batatas, ele precisa renunciar ao equivalente de R$6 em frango,
medida que corresponde exatamente ao valor do quilo dessa iguaria. Ou seja, para consumir 2kg de batata,
Gabriel precisa renunciar a 1kg de frango, o que o coloca na posição da cesta B de sua reta orçamentária,
ficando com 4kg de frango e 2kg de batata-doce.
Se repetirmos este exercício para os pontos C, D, E e F, isto é, deslizando sobre a sua reta orçamentária,
veremos que Gabriel está sempre trocando mais batata por menos frango e vice-versa.
A mudança de cestas de consumo sobre essa reta (tanto para cima quanto para baixo) expressa o custo de
oportunidade de um bem em termos do outro.
A inclinação da reta orçamentária de Gabriel é −1/2. Trata-se da variação no eixo vertical (a mudança na
quantidade de frango denotada por Δxf ) dividida pela variação no horizontal (modificação na quantidade de
batata denotada por Δxb). Ou seja, a razão (Δxf /Δxb) é igual 1/2 (meio), o que significa o seguinte: 0,5kg
de frango tem de ser sacrificado para ele conseguir 1kg a mais de batata.
O número de quilos de frango ao qual é preciso renunciar para obter 1kg a mais de batata é chamado pelos
economistas de preço relativo da batata em termos do frango.
Dica
É possível calcular o mesmo tipo de preço do frango em termos da batata. Basta fazer a conta inversa: para
obter 1kg a mais de frango, é preciso renunciar a 2kg de batata. Sendo assim, 2 é o preço relativo do frango
em termos da batata.
Desse modo, a inclinação da reta orçamentária não depende da renda do indivíduo, e sim dos preços de cada
bem. Perceba que -1/2 = -R$3/R$6 = -pb/pf. No entanto, isso não é verdade para a posição da reta
orçamentária: o quanto essa reta está afastada da origem depende da renda do consumidor.
Exemplo: se a renda de Gabriel aumentasse para R$42 por semana, então ele poderia comprar um montante
maior dessas duas iguarias, totalizando um máximo de 7kg de frango, ou 14kg de batata, ou qualquer outra
cesta de consumo intermediária. Como indica esta figura, a reta orçamentária se desloca para direita ou para
fora.
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Se, por outro lado, seu salário diminuísse para R$18 por semana, a reta dele se deslocaria para a esquerda (ou
para dentro); neste caso, o máximo que Gabriel poderia adquirir agora seria o seguinte: 3kg de frango, ou 6kg
de batata-doce, ou novamente uma cesta intermediária. Nos dois casos, a inclinação da reta orçamentária
dele é a mesma da sua situação inicial, pois os preços relativos dos bens não mudaram.
video_library
Reta orçamentária e preços relativos
Entenda a reta orçamentária e aprenda a interpretar a sua inclinação.
Relembrando
Os consumidores querem escolher cestas de consumo que maximizem a sua utilidade total dada uma
determinada restrição orçamentária.
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Este tipo recebe o nome de cesta de consumo ótima. Para descobrirmos a cesta que satisfaz essa condição
para Gabriel, precisamos analisar, entre as cestas de consumo factíveis, qual delas conta com a combinação
de bens (frango e batata-doce) que lhe rende mais utilidade.
A tabela a seguir aponta o grau de utilidade que os diferentes consumos de frango e batata-doce geram para
ele. De acordo com ela, quanto mais Gabriel consumir de cada um dos bens, maior será a sua utilidade. Para
maximizar sua utilidade, ele deve escolher a combinação dos dois bens que gera maior utilidade total, isto é, a
soma das utilidades geradas pelo consumo de cada bem. Contudo, Gabriel tem uma restrição orçamentária e
deve enfrentar um trade-off entre frango e batata: para obter mais de um, ele deve consumir menos de outro.
0 0 0 0
1 20 1 15
2 30 2 27
3 35 3 37
4 37 4 45
5 38 5 52
6 57
7 61
8 63
9 64
10 64.5
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A cesta de consumo ótima de Gabriel recai sobre a sua reta orçamentária, pois ela tem as combinações
máximas de consumo dos dois bens, gastando, assim, toda a renda dele.
Já a próxima tabela indica as cestas sobre a reta orçamentária de Gabriel conforme ele desliza para baixo
nessa reta. Suas colunas apontam as combinações de quantidade de cada bem em cada cesta e as
respectivas utilidades, além da utilidade total de cada cesta na última coluna:
A 5 38 0 0
B 4 37 2 27
C 3 35 4 45
D 2 30 6 57
E 1 20 8 63
F 0 0 10 64
Conforme observamos na tabela, a cesta de consumo que maximiza a utilidade total dele é a D, com 2kg de
frango e 6kg de batata-doce. Com ela, Gabriel obtém a utilidade total de 87 utils, índice maior que o de
qualquer outra cesta.
Perceba que, nas combinações das cestas à esquerda de D, ou seja, com menos batata-doce e mais frango, a
utilidade cresce à medida que Gabriel prescinde de frango por mais batata. A partir da cesta D, no entanto, a
utilidade total começa a cair. Assim, podemos dizer que a cesta de consumo D é a que melhor resolve o trade-
off entre o consumo de frango e o de batata. O pacote D é, portanto, a cesta ótima dele, maximizando sua
utilidade total.
Este gráfico ilustra a relação entre as cestas da reta orçamentária de Gabriel e a sua utilidade total:
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Análise marginal
No exemplo anterior, descobrimos o topo da curva de utilidade total de Gabriel usando a observação direta.
No entanto, a construção dessa curva pode ser muito trabalhosa. Em geral, a análise marginal é uma
ferramenta mais rápida e eficiente para resolver o problema da escolha ótima. Sabemos que Gabriel toma
uma decisão sobre o montante de batata a ser consumido levando em conta o seguinte:
Aplicando a análise marginal, podemos verificar que sua decisão passa a ser em torno do gasto de um real
marginal, ou seja, a maneira de alocar uma unidade adicional de moeda entre as duas iguarias. Para isso,
primeiramente devemos nos perguntar:
Quanto de utilidade adicional ele irá ganhar ao gastar um real a mais em frango ou batata? Ou melhor, quanto
de utilidade marginal por real a mais isso rende?
Esta tabela indica o cálculo da utilidade marginal (Umg) por real gasto em frango ou batata:
0 0 - -
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1 20 20 3.3
2 30 10 1.7
3 35 5 0.8
4 37 2 0.3
5 38 1 0.2
0 0 - -
1 15 15 5
2 27 12 4.0
3 37 10 3.3
4 45 8 2.7
5 52 7 2.3
6 57 5 1.7
7 61 4 1.3
8 63 2 0.7
9 64 1 0.3
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A tabela está dividida em dois painéis, um para cada bem. Observemos as colunas de cada painel:
1ª e 2ª colunas
São idênticas às colunas da tabela apresentadas anteriormente.
3ª coluna
Mostra a utilidade marginal de cada bem, ou seja, o aumento de utilidade que Gabriel tem ao consumir uma
unidade a mais de um dos bens.
4ª coluna
Exibe a utilidade marginal por real para cada bem.
O valor de Umg é obtido dividindo a utilidade marginal pelo preço de cada unidade de bem: R$6 por quilo de
frango e R$3 pelo de batata. Como podemos observar, assim como a utilidade marginal de ambos diminui à
medida que ele aumenta o montante consumido de cada bem, a utilidade marginal por real também decresce.
Isso significa que, em virtude da utilidade marginal decrescente de Gabriel, cada real a mais gasto lhe rende
menos utilidade extra que o anterior.
Denotando respectivamente por UmgF e UmgB a utilidade marginal por quilo de batata-doce e de frango, a
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Já observamos em outra tabela que D (a cesta ótima de consumo de Gabriel) é composta por 2kg de frango e
6kg de batata, correspondendo aos pontos DF e DB em cada painel. Repare que, neste ponto, a utilidade
marginal por real gasto para cada bem é igual:
Na cesta C, a utilidade marginal de cada bem por real está representada na figura pelos pontos CF e CB.
Além disso, a Umg de Gabriel por real gasto em frango é 0.8; já em batata-doce, ela é 2.7. Esse dado revela
que ele está consumindo muito frango e pouca batata.
Se a Umg por real gasto em batata é maior que a de frango, é um indício de que ele pode melhorar sua
situação respeitando o próprio orçamento. Basta gastar 1 real a menos em frango e 1 a mais em batata,
adicionando 2.7 utils com esta em sua utilidade total e perdendo 0.8 utils com aquele. Ao todo, Gabriel terá
ganhado 1.9 em utilidade fazendo essa “troca”. Ele procederá dessa maneira até que a utilidade marginal dos
dois bens se iguale. Neste ponto, não será mais vantajoso trocar um real a mais de um bem pelo outro. Assim,
quando Gabriel escolher seu pacote de consumo ótimo, sua utilidade marginal por real gasto em frango e
batata será igual.
Essa regra constitui um princípio básico da teoria da escolha do consumidor conhecido como regra de
consumo ótimo. Quando um consumidor maximiza a sua utilidade total segundo a restrição orçamentária
dele, a utilidade marginal por unidade de moeda gasta em cada bem ou serviço que faz parte da sua cesta de
consumo é igual.
De forma matemática, para qualquer um dos bens b e f, a regra do consumo ótimo frisa que, na cesta ótima
de consumo, ocorre o seguinte cálculo:
U mgb U mgf
=
pb pf
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Questão 1
A função utilidade mostra a relação entre a cesta de consumo e a utilidade total gerada
A
por ela.
O princípio da utilidade marginal decrescente aponta que a inclinação da função utilidade diminui à
medida que a quantidade de bens aumenta, mas não que essa inclinação é negativa. A curva de utilidade
marginal possui uma inclinação negativa, pois cada unidade a mais de bem rende uma utilidade menor
que a anterior. A razão por trás dessa inclinação é o princípio da utilidade marginal decrescente.
Questão 2
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A cesta ótima do consumidor racional é a que maximiza sua utilidade marginal para cada
B
bem.
Na cesta ótima do consumidor racional, as utilidades marginais por real gasto em cada
D
um dos bens são iguais.
A cesta ótima do consumidor racional é formada apenas pelo bem cujo consumo gera
E
mais utilidade.
A alternativa A é falsa pelo fato de a cesta ótima recair sobre a sua reta orçamentária para que o
consumidor gaste toda a sua renda disponível. A alternativa B é falsa, já que a cesta ótima maximiza a
sua utilidade total, e não a marginal. A alternativa C não é verdadeira, pois a definição de cesta ótima de
consumo diz que a cesta é ótima dada uma restrição orçamentária. Para os consumidores, consumir
mais de um bem aumenta a sua utilidade; portanto, a alternativa E está incorreta.
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2 - Curvas de indiferença
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer as curvas de indiferença e suas
propriedades.
border_color
Atividade discursiva
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Exibir soluçãoexpand_more
Vejamos agora o caso de Ana, que consome apenas cerveja e drinks (coquetéis) quando vai ao bar. Como
seria a função utilidade dela para esses dois bens? Uma possibilidade (complicada!) é fazer um gráfico similar
ao de Júlia acrescido de um terceiro eixo para o segundo bem.
Horizontal
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Vertical
Número de latinhas de cerveja que ela consome.
Já a altura do morro, indicada por uma linha de contorno constante por ponto, mede a quantidade de utilidade
gerada por combinações de consumo ao longo de cada linha de contorno. Todos os pontos ao longo de uma
linha do tipo geram o mesmo retorno em utilidade para Ana.
Com 4 latinhas de cerveja e 2 drinks, o ponto A gera 20 utils para Ana, enquanto B, com 1 latinha e 6 drinks,
consegue a mesma quantia. No entanto, não existe apenas uma forma de representar a relação entre utilidade
total e consumo de dois bens. Como na geografia com mapas topográficos, é possível fazer a representação
da superfície tridimensional em curvas de nível em apenas duas dimensões.
Trata-se do gráfico (b) acima. Nele, as linhas de contorno que mapeiam as cestas de consumo do gráfico (a)
estão representadas como curvas achatadas num plano cartesiano. Os economistas definem como curvas de
indiferença as que geram a mesma quantidade de utilidade total para diferentes combinações de bens.
Um indivíduo é indiferente em relação a duas cestas que estão sobre a mesma curva de
indiferença, já que elas lhe rendem a mesma utilidade.
Dadas as preferências de um consumidor, existe uma curva de indiferença para cada nível de utilidade total. A
curva de indiferença I2 destacada no gráfico (b) mostra as cestas que geram 20 utils; as outras duas curvas
(I1 e I3), respectivamente, 10 e 40 utils. Existem ainda outras infinitas curvas de indiferenças de Ana que não
estão representadas nos gráficos.
Observe com atenção o gráfico (b) e verifique por que o consumidor é indiferente entre as cestas de consumo
A e B: elas estão na mesma curva de indiferença, gerando, portanto, o mesmo nível de utilidade!
Observaremos agora as propriedades dessas curvas. Embora diferentes indivíduos tenham preferências
únicas e nunca apresentem o mesmo conjunto de curvas de indiferença, os economistas acreditam que elas
apresentem algumas propriedades gerais. Essas curvas estão ilustradas a seguir:
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Se duas curvas de indiferença com diferentes níveis de utilidade se cruzassem, qual seria o nível de
utilidade da cesta de consumo em que elas se cruzam? Seria diferente pelas curvas serem díspares?
Ou seria igual por uma cesta de consumo ter um só nível de utilidade total? Essa inconsistência indica
que curvas de indiferença diferentes não podem de cruzar.
Partimos do princípio de que mais é melhor; assim, quanto maior a quantidade dos dois bens, mais
para “fora" está situada a curva de indiferença.
Novamente, a razão para isso é a hipótese de que mais é melhor. O diagrama no painel (c) anterior
ilustra o que aconteceria se uma curva de indiferença tivesse inclinação para cima: à medida que
aumentássemos as quantidades dos dois bens, permaneceríamos nessa mesma curva. Isso é
incompatível com nosso pressuposto de que mais é melhor.
Geometricamente, isso significa que um segmento de reta ligando dois pontos da curva de indiferença
fica inteiramente em uma região de utilidade maior. O diagrama (d) atesta que a inclinação dela
diminui à medida que deslizamos para baixo e para a direita. Desse modo, o arco da curva vai em
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direção à origem; além disso, a inclinação dela é maior em cima do que embaixo. Esse atributo se deve
ao princípio da utilidade marginal decrescente: na prática, indivíduos preferem médias (cestas com um
pouco dos dois bens) a extremos.
Desse modo, o arco da curva vai em direção à origem; além disso, a inclinação dela é maior em cima do que
embaixo. Esse atributo se deve ao princípio da utilidade marginal decrescente: na prática, indivíduos preferem
médias (cestas com um pouco dos dois bens) a extremos.
Na curva I1, se Ana se move da cesta A para a B, ela precisa renunciar a 2 unidades de cerveja por 1 drink
adicional para manter a utilidade total. Porém, estando mais à direita da curva (no ponto C), se renunciar a
apenas 1 cerveja, ela terá de tomar mais 4 drinks para manter a utilidade total.
Isso ilustra que, quando se move para baixo e para a direita da curva de indiferença, ocorre o seguinte:
Os termos desse trade-off, ou seja, a razão entre drinks adicionais consumidos e cervejas renunciadas, são
escolhidos para manter a sua utilidade total constante.
indiferença, portanto, diminui à medida que deslizamos para a direita e que a curva vai se tornando mais
achatada.
Isso se deve ao ponto inicial de Ana e ao princípio da utilidade marginal decrescente. Analisando o caso
intuitivamente, no ponto A ela tem muita cerveja e poucos drinks. Quanto à sua utilidade marginal, verifica-se
que:
check_circle
A utilidade das últimas unidades de cerveja é relativamente pequena se comparada às primeiras unidades
dela.
check_circle
A utilidade de uma unidade adicional de drinks é relativamente alta, já que Ana só consome uma unidade
deles na cesta A, ou seja, ainda está nas unidades iniciais de consumo de drinks.
check_circle
Ao deslizar para a direita da curva, Ana está perdendo em consumo de cerveja e ganhando no de drinks – e
esses dois efeitos precisam se anular entre si.
Reformulando esse raciocínio, temos que, ao longo da curva de indiferença: Mudança na utilidade total por
causa de menos consumo de cerveja + Mudança na utilidade total por mais consumo de drinks = Zero (nível
de utilidade estável).
À medida que Ana se move para a direita da curva de indiferença, assim como o faz sua posição inicial, o
trade-off dos dois bens vai mudar, uma vez que a utilidade marginal do consumo de um bem adicional
também é modificada. No exemplo da mudança do ponto C para o D, a situação inicial de Ana é inversa à da
mudança de A para B: ela já consome alguns drinks e pouca cerveja. Desse modo, a utilidade marginal que ela
perde renunciando uma unidade de cerveja é relativamente alta, enquanto a de consumir um drink a mais é
relativamente baixa, já que Ana:
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close
Utilizando as notações UmgC e UmgD para denotar respectivamente as utilidades marginais de cerveja e
drinks e representar as mudanças no consumo de ambos, podemos formalizar esse mecanismo com o
emprego de equações. De forma geral, a mudança na utilidade total gerada pela variação no consumo de um
bem é igual a essa variação multiplicada pela utilidade marginal dele. Assim:
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Devemos entender a relação dessas mudanças com a inclinação da curva de indiferença. Dividindo os dois
lados da equação 2 por ΔQD e por U mgC , encontramos isto:
Lado esquerdo
Menos a inclinação da curva de indiferença é a taxa pela qual Ana está disposta a trocar uma quantidade
de cerveja por outra de drinks.
close
Lado direito
Razão entre a utilidade marginal de drinks e a de cerveja — ou seja, a razão entre o que Ana ganha a mais
de utilidade com aqueles e com esta.
A razão entre as utilidades marginais do lado direito da equação acima é conhecida como taxa marginal de
substituição (TMS). Substituição, no caso específico, refere-se aos drinks no lugar das cervejas. Juntando
tudo isso, vemos que a inclinação da curva de indiferença de Ana é exatamente igual à razão entre a
utilidade marginal de um drink e a de uma cerveja — ou à sua TMS.
Relembrando
A inclinação das curvas de indiferença diminui quando que nos movemos para baixo e para a direita,
tornando-se mais achatadas. Logo, se o lado esquerdo da equação está diminuindo, essa diminuição deve
acontecer no direito para satisfazer a igualdade. Quando deslizamos para a direita, o que acontece na prática
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é o seguinte: a razão entre a UmgD e a UmgC diminui. Verificamos isso na análise intuitiva da utilidade
marginal decrescente dos bens.
O achatamento das curvas de indiferança a refletir a lógica da utilidade marginal decrescente é denominado
taxa marginal de substiuição decrescente. Em termos gerais, ela informa que um indivíduo que consome
poucas unidades do bem C e muitas de D está disposto a trocar uma quantidade grande do bem D por uma
unidade a mais do C — e vice versa.
A condição de tangência
De que forma os conceitos de curva de indiferença e TMS se relacionam com o que vimos de restrição
orçamentária e cesta ótima no módulo 1? Para ilustrarmos essa relação, indicamos a figura a seguir. Seu
diagrama contém algumas curvas de indiferença de Ana e sua restrição orçamentária:
border_color
Atividade discursiva
Ana só pode gastar R$40 quando sai. O preço da latinha de cerveja é de R$5 e o de um drink, R$8.
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Exibir soluçãoexpand_more
Para responder a essa pergunta, devemos analisar as curvas de indiferença representadas por I1, I2 e I3
no diagrama.
A representada por I3 é a utilidade máxima que Ana gostaria de ter. No entanto, não é possível alcançá-
la, uma vez que todas as cestas de consumo dessa curva de indiferença estão acima de sua reta
orçamentária. Ela está limitada por sua renda.
Ana tampouco deveria escolher as cestas da curva de indiferença I1, pois, embora as cestas entre os
pontos B e C ao longo dessa curva sejam factíveis, há outras cestas de consumo que lhe geram mais
utilidade e que cabem na sua renda.
Veja o caso da cesta A: assim como B e C, ela está sobre a sua reta orçamentária, porém gera mais
utilidade que ambas por estar na curva de indiferença I2, ou seja, mais afastada da origem que a curva
I1 .
De fato, a cesta de consumo A é a escolha ótima de Ana, com 3 latinhas de cerveja e 3 drinks. Ela está
na curva de indiferença mais afastada que Ana pode alcançar dada a sua renda.
Na cesta ótima, a reta orçamentária apenas toca a curva de indiferença mais afastada, sendo tangente
em relação a ela. Essa é a chamada condição de tangência, sendo aplicada quando as curvas de
indiferença são convexas.
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No ponto de tangência entre a curva de indiferença e a reta orçamentária, ou seja, a cesta ótima, a curva de
indiferença tem a mesma inclinação da reta orçamentária.
U mgD pD
= , na cesta ótima de consumo.
U mgC pC
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A condição de tangência
Confira esta análise da condição de tangência entre a reta orçamentária e a curva de indiferença do
consumidor.
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Com o aumento dos preços dos drinks, ela vai consumir menos unidades do que antes, mas, como o preço da
cerveja se manteve, Ana ainda pode consumir a mesma quantidade máxima dessa bebida. O painel (a) desta
figura destaca a nova reta orçamentária de Ana (RO2) e a inicial (RO1):
A inclinação da reta orçamentária de Ana mudou. Isso ocorre porque o preço relativo dos drinks em termos de
cervejas subiu, isto é, a razão pd/pc aumentou em seu valor absoluto.
A RO de Ana agora intercepta o eixo horizontal em 2, que é o número máximo de drinks que ela pode
consumir. Sua cesta ótima de consumo inicial consistia em 3 cervejas e 3 drinks, o que agora deixou de ser
factível, já que está acima de sua reta orçamentária.
Para lidar com a nova situação, ela terá de escolher uma nova cesta de consumo ótima ao eleger um ponto na
RO2 que toque a curva de indeferença mais afastada possível. É o que mostra o painel (b) da figura: sua nova
cesta ótima será de B, com 4 cervejas e 1 drink.
Resta uma dúvida: se o preço dos drinks permanecer constante, mudando, em vez disso, a
renda direta de Ana, o que acontecerá?
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Suponhamos que ela recebeu um aumento de salário, podendo agora gastar R$80 no bar. A inclinação de sua
reta orçamentária não muda, pois os preços dos bens permaneceram iguais. No entanto, Ana agora terá mais
dinheiro para gastar tanto em cerveja como em drinks.
Os dois interceptos de sua reta orçamentária mudam, pois ela tem mais poder aquisitivo. Assim, sua reta
orçamentária inteira se desloca para fora, se afastando da origem. Ana pode escolher outra cesta de
consumo, ou seja, uma que toque sua nova reta orçamentária RO2. Isso consequentemente aumentará o seu
consumo.
Ela, portanto, consome mais os dois bens quando sua renda aumenta: o consumo de drinks sobe de 3 (cesta
A) para 6 (B); o de cerveja, de 3 para 6 latinhas. Isso é possível porque, em sua função utilidade, ambos
constituem bens normais, isto é, aqueles cuja demanda varia positivamente de acordo com a variação na
renda.
Exemplo
Se Pedro toma exclusivamente café com açúcar e, a cada xícara da bebida, coloca duas colheres de açúcar,
existe uma relação complementar entre os dois bens. Por outro lado, se gosta tanto de mate quanto de
guaraná, ele pode substituir um pelo outro. Isso resulta em formatos diferentes da curva de indiferença.
No primeiro caso, quando um consumidor quer consumir dois bens na mesma proporção, eles são chamados
de complementos perfeitos. Como dissemos, Pedro só gosta de tomar uma xícara de café acompanhada de
duas colheres de açúcar. Uma xícara extra sem açúcar não lhe oferece utilidade adicional, tampouco uma
colher extra sem café. O gráfico (a) desta figura indica as curvas de indiferença de Pedro para xícaras de café
e colheres de açúcar:
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Essas curvas formam ângulos retos, pois uma unidade adicional de cada bem fora da proporção 1:2 não lhe
dá mais utilidade, o que significa que ele permanece na mesma curva de indiferença. Somente um aumento
dos dois bens na proporção de sua preferência faria Pedro dar “um salto” nas suas curvas de indiferença. O
diagrama (a) ainda evidencia:
Note que a inclinação da reta orçamentária aqui não afeta seu consumo relativo de café e açúcar. Ele
consome ambos sempre na mesma proporção independentemente de seu preço. Repare ainda que, no ponto
A, as curvas de indiferença sofrem uma mudança abrupta de inclinação: da esquerda para a direita, a curva
deixa de ser vertical, passando a ser horizontal.
No caso de complementos perfeitos, essa taxa é indefinida, pois o consumidor não está disposto a fazer
qualquer substituição entre os dois bens.
Já o diagrama (b) da figura acima aponta as curvas de indiferença de Pedro para o segundo caso: gostar
tanto de mate quanto de guaraná, ou seja, os dois bens lhe conferem a mesma utilidade. Como está sempre
disposto a substituir a mesma quantidade de um item pela de outro, suas curvas de indiferença são linhas
retas e sua taxa marginal de substituição, constante (afinal, a TMS é a inclinação da CI, que é uma reta. Logo,
trata-se de uma constante).
O painel (b) também destaca a reta orçamentária de Pedro: quando ela tem inclinação diferente das curvas de
indiferença, como é o caso, essa curva vai encostar na reta em um dos eixos. Desse modo, ele consumirá
apenas o bem:
Mais barato;
O que ele puder comprar a maior quantidade possível, como o mate (indicado pela cesta b).
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Composta apenas por um dos bens, esse tipo de cesta ótima é chamada pelos economistas de solução de
canto. O que aconteceria se a inclinação da reta orçamentária de Pedro fosse igual à da própria reta? Uma de
suas curvas de indiferença a tocaria em todos os seus pontos, de modo que qualquer cesta sobre a reta de
Pedro seria uma cesta ótima.
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Questão 1
As curvas de indiferença do consumidor racional são convexas. A inclinação de uma curva de indiferença
diminui à medida que deslizamos para baixo e para a direita. Isso se deve ao princípio da utilidade
marginal decrescente.
Questão 2
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Quando dois bens têm uma utilidade marginal decrescente, a taxa marginal de
D
substituição é crescente.
A taxa marginal de substituição será decrescente se os dois bens tiverem uma utilidade marginal
também decrescente. Isso se dá pelo fato de o trade-off entre ambos mudar ao longo da curva; assim, um
consumidor vai exigir cada vez mais do bem 2 para compensar cada unidade do 1 ao qual ele renuncia à
medida que a quantidade daquele aumenta em relação à consumida deste.
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3 - Tipos de custo
Ao final deste módulo, você será capaz de distinguir os tipos de custo da firma e suas
aplicações.
Custos e insumos
Já verificamos como o consumidor racional toma decisões de consumo. Agora veremos como a firma realiza
as suas decisões de produção. Primeiramente, precisamos definir o que é firma.
É a organização que produz bens e serviços com o objetivo de vendê-los. Para produzi-los,
ela precisa de insumos que envolvem custos.
Já a função de produção da firma é a relação entre a quantidade de produto feita por ela e seu montante de
insumos. Um exemplo de insumo é o número de trabalhadores da firma. O custo seria o salário deles.
Para uma compreensão melhor desses conceitos, tomaremos a fábrica de Vitória como exemplo. Por questão
de simplicidade, vamos supor que ela:
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Conta com trabalhadores da mesma qualidade, isto é, com as mesmas capacidades para executar o seu
trabalho.
Vitória paga o aluguel de 20 máquinas em sua fábrica; no momento, não tem capacidade de alugar mais
máquinas nem menos, pois já assinou contrato com o locatário delas. Isso é conhecido como insumo fixo,
pois sua quantidade é fixa e não pode variar — ao menos, não no curto prazo.
No entanto, ela pode escolher quantos trabalhadores irá contratar. Esse outro tipo de insumo é denominado
insumo variável; com ele, uma firma pode variar a sua quantidade a qualquer momento. A rigidez do montante
dos insumos — isto é, se eles são fixos ou variáveis — depende, na verdade, do horizonte de tempo: no longo
prazo, passado um tempo suficientemente grande, as firmas podem ajustar a quantidade de qualquer insumo.
Exemplo
Após alguns anos ou o tempo do contrato de aluguel de Vitória, ela poderia negociar outro contrato com o
locatário de máquinas e ajustar sua quantidade de capital fixo.
Desse modo, não existem insumos fixos no longo, mas apenas no curto prazo. O número de carros produzido
por ela depende de quantos trabalhadores foram contratados. Cada um — mesmo sem ser muito eficiente —
pode operar as 20 máquinas adquiridas por Vitória.
person
Quando um trabalhador adicional é contratado, as máquinas são divididas igualmente entre os funcionários.
group
Quando há dois trabalhadores, cada um opera dez máquinas.
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24/05/2023, 20:10 Introdução à microeconomia
group_add
Se forem três, cada um mexe em 6 e se reveza nas 2 restantes.
E assim por diante. Se Vitória empregar um número maior de trabalhadores, as máquinas serão operadas de
forma mais intensiva; assim, mais carros estarão sendo produzidos. A função de produção da firma é a
relação entre a quantidade de trabalho e a de produto (carros) para um dado montante de insumo fixo
(máquinas). A figura a seguir informa a função de produção da fábrica de Vitória em dois formatos (gráfico e
tabela):
Denominada curva de produto total da fábrica, essa função de produção revela como uma quantidade de
produto depende do montante de insumo variável para uma dada quantidade de insumo fixo. O eixo vertical
exibe o número de carros produzidos (Y); o eixo horizontal, por sua vez, o montante de insumo variável, ou
seja, o número de trabalhadores empregados (L).
A curva de produto total está positivamente inclinada, mas sua inclinação não é constante: à medida que se
acrescentam trabalhadores empregados, o número de carros produzido aumenta, mas esse acréscimo na
produção é cada vez menor. Ou seja: ao deslizarmos para a direita da curva, ela se tornará mais achatada.
Para entendermos essa mudança na inclinação, observemos a tabela da figura acima: ela mostra o produto
marginal do trabalho (PMgL), isto é, a variação na quantidade de produto ao se acrescentar uma unidade de
trabalho. Já possuímos as informações sobre a quantidade dele para todas as unidades de trabalho, isto é,
para 1, 2, 3 trabalhadores — e assim por diante.
Dica
Nem sempre é necessário haver uma informação individualizada dessa maneira: muitas vezes, a quantidade
de produto para a variação do trabalho é conhecida em dezenas (para empresas com 10 ou 20 trabalhadores,
por exemplo) ou outros intervalos possíveis.
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P M gL = ΔY /ΔL
A razão para isso é simples: em geral, ocorrem retornos decrescentes de um insumo quando se registra um
aumento em sua quantidade. Mantido constante o montante dos demais insumos, reduz-se o produto
marginal dele.
Exemplo
Pense numa sorveteria: se só houver uma máquina de sorvete e um trabalhador operando, pode-se aumentar
bastante a produção ao contratar um empregado extra para eles se revezarem entre duas atividades: fazer
sorvete e atender os clientes. Mas não se ganha muito em produção contratando 10 empregados com apenas
uma máquina: não é possível que todos eles a operem ao mesmo tempo.
O mesmo ocorre com a fábrica de Vitória. Cada trabalhador adicional passa a dividir com mais trabalhadores
o insumo fixo de 20 máquinas. Isso faz com que ele não consiga produzir tanto quanto o anterior; portanto, o
produto marginal por trabalhador diminui.
Atenção!
A hipótese dos retornos decrescentes só é válida caso tudo mais seja mantido de maneira constante. Se os
demais insumos pudessem mudar também, as curvas de produto total e marginal se deslocariam.
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Veja as curvas de produto total (PT) e marginal por trabalhador (PMgL) na fábrica de Vitória na situação inicial
(20 máquinas) e na atual (10):
Gráfico (a)
A menos que sejam empregados 0 trabalhadores, PT10, que representa a produção com 10 máquinas, está
situada abaixo de PT20 (20 máquinas), pois, com menos unidades disponíveis, qualquer número de
trabalhadores produz menos carros.
Gráfico (b)
Mostra o exposto no gráfico anterior em termos de produto marginal. Embora as duas curvas tenham
inclinação para baixo, já que o número de máquinas em cada situação é fixo, PMgL20 fica acima de PMgL10
em todos os pontos, refletindo, assim, que o PMgL é mais alto quando há mais insumo fixo.
Curvas de custo
Mostramos que Vitória pode conhecer sua função de produção verificando a relação entre insumos de
trabalho e capital e produção de automóveis. Mas nada falamos sobre suas escolhas de produção. Em geral,
os produtores vão escolher uma produção que maximize seus lucros. A definição formal de lucro é: Lucro =
receita total - custo total
π = RT − CT
A receita total (RT) é o que um produtor obtém pela produção vendida, ou seja, o preço daquele bem
multiplicado pelo montante vendido dele. Se estamos falando do número de automóveis (qA) e do seu preço
RT = pA × qA
O CF não depende do montante produzido, uma vez que o produtor já incorre nele quando toma a decisão de
produzir, não podendo mudar sua quantidade — ao menos, não no curto prazo. Já o custo do insumo variável
é denominado custo variável (CV).
Exemplo
Os trabalhadores da fábrica de Vitória são um exemplo de custo variável.
O CV consiste no número de trabalhadores multiplicado pelo seu salário (que é o custo por unidades de
trabalho). Como a quantidade produzida depende desse número, o custo variável também depende dele. A
soma dos custos fixo e variável para um determinado montante de produto configura, portanto, o custo total
(CT) dela. Essa relação pode ser expressa pela equação:
OU
CT = CF + CV
A tabela a seguir indica como é calculado o custo total da fábrica de Vitória. Perceba que o CT sobe conforme
o número de unidades produzida aumenta. Isso ocorre por conta do CV: quanto maior for o montante
produzido, maior será o custo total da fábrica.
Quantidade de Quantidade de
Custo variável CV Custo fixo CF Cu
carros Y trabalho L
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Vamos analisar então a sorveteria de Mateus. A tabela a seguir detalha, na primeira coluna, a produção dela e
os seus custos. Ele possui um custo fixo: diariamente, são gastos R$125 com aluguel, máquina etc.
Mateus precisa pagar seus funcionários e os insumos para a feitura do produto, como açúcar, leite e outros
ingredientes. Eles representam o seu custo variável (expresso na coluna 3) e dependem de quantos sorvete
são produzidos. Já o custo total, ou seja, a soma dos custos fixo e variável, figura na coluna 4:
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Quantidade de
Custo fixo CF Custo variável CV Custo total CT Cu
sorvete Y
0 125 0 125
Já apresentamos esses conceitos neste módulo. Além dessas medidas de custo, existem ainda outras duas
muito usadas pelos economistas:
Assim como observamos no produto marginal, o custo marginal é a variação no custo total ao se acrescentar
uma unidade de trabalho (por exemplo, um trabalhador a mais ou um dia a mais de trabalho). Sua forma de
cálculo também é parecida com a que vimos antes:
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quantidade de produto
ou
CM e = CT /Y .
Mostra a curva de CT da sorveteria de Mateus, indicando o aumento dela com o número de unidades
produzida. A inclinação da curva de CT também não é constante, pois ela se torna cada vez mais
inclinada à medida que se desliza para a direita. Os retornos decrescentes do insumo variável são a
razão para isso.
No segundo gráfico, vemos a curva de custo marginal (CMg) da sorveteria. Como pudemos ver
anteriormente no caso da curva de produto marginal, que corresponde à inclinação da de produto total,
o custo marginal é igual à inclinação da curva de CT. Como ela é positivamente inclinada, a inclinação
da própria curva de custo total aumenta. Novamente, os retornos decrescentes de insumos justificam
a inclinação da CMg. Como o produto marginal do insumo declina, cada vez mais insumo variável será
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necessário para produzir qualquer unidade adicional de produto. Como cada unidade adicional de
insumo variável tem de ser paga, o custo por unidade adicional de produto também aumenta.
Indica o custo médio. Conforme apontamos, ele não tem inclinação constante: a curva de CM tem um
formato de “U”. Isso ocorre por dois efeitos acontecerem simultaneamente na curva de custo médio.
Atenção!
Lembre-se de que o produto marginal é decrescente.
Recordemos que o custo total é composto por dois tipos de custo: variável e fixo. Assim, o médio também
pode ser decomposto em dois componentes:
quantidade de produto
ou
CF M = CF /Y
á
custo vari vel
á é
Custo vari vel m dio (CF M ) = ou CV M = CV /Y
Quantidade de produto
O crescimento do custo médio depois do ponto de mínimo ocorre por conta do outro efeito: o do custo
variável. Se, por um lado, o CFM cai, o CVM sobe. Esse crescimento do custo variável se deve ao efeito dos
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retornos decrescentes dos insumos, fazendo com que, quanto maior for a quantidade de produto, mais
insumo variável será necessário para produzir unidades adicionais, aumentando, por sua vez, o custo variável.
Veja a seguir o gráfico com essa dinâmica dos custos, ilustrando, para tal, cada uma das curvas. Como se
pode observar, o CME e o CMg se cruzam no ponto mínimo de custo total médio. A partir deste ponto
(destacado pela letra M na figura), o CVM ultrapassa o CFM; dessa forma, o custo variável passa a ser maior
que o custo fixo. O ponto em que a curva de custo marginal intercepta a de custo médio é o ponto custo total
médio mínimo. A quantidade de produto desse ponto recebe o nome de produto de custo mínimo.
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Curvas de custo
Confira as diversas curvas de custo da firma e a relação entre elas.
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Questão 1
A É a relação entre a quantidade de produto que uma firma irá produzir e a de insumos.
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No curto prazo, os produtores não conseguem modificar o montante de alguns insumos. Trata-se dos
chamados insumos fixos. Eles só podem alterar a sua produção mudando a quantidade de insumos
variáveis. No longo prazo, não existem insumos fixos: todos eles são variáveis.
Questão 2
B O custo fixo médio é o custo fixo dividido pela quantidade total produzida.
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4 - Lucro do produtor
Ao final deste módulo, você será capaz de demonstrar a quantidade de produto para a
maximização do lucro do produtor.
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Se você já foi a uma feira, deve ter notado que, em geral, existe mais de um feirante vendendo batatas ou
tomates. Também já deve ter percebido que o preço desses produtos repetidos costuma ser muito parecido
ou igual entre as barracas. O barulho alto característico das feiras é um sintoma da competição que os
feirantes enfrentam entre si. Para vender produtos que não oferecem muitas diferenças entre uma barraca e
outra, competir é inevitável. Para isso, recorre-se à voz. Mas por que eles não usam outros recursos, como
alterar o preço e a quantidade ofertada, para tentar vender mais?
José e Sônia são dois feirantes que vendem batatas. Ambos comercializam o seu produto na mesma feira
aos domingos. Suponha também que suas batatas sejam da mesma qualidade. Na prática, eles competem
entre si ao disputarem potenciais compradores.
Será que um dos dois devia impedir o outro de vender batatas? Ou eles deveriam fazer um
acordo para aumentar o preço dela?
É provável que a resposta seja não. Há centenas de outros feirantes vendendo esse item, seja na mesma feira
ou em outra talvez não muito distante. Sônia e José definitivamente estão competindo com todos esses
vendedores de batata.
Se ambos tentassem aumentar o preço da batata, provavelmente não conseguiriam vender muito, pois os
consumidores encontrariam outra mais barata a apenas algumas barracas de distância. Desse modo,
podemos dizer que José e Sônia são produtores tomadores de preço.
Um produtor é chamado assim quando suas ações não afetam o preço de mercado do bem que ele vende. O
raciocínio análogo vale para os consumidores tomadores de preço: eles não podem influenciar esse preço por
meio de suas ações. Em um mercado perfeitamente competitivo, consumidores e produtores são tomadores
de preço. Com isso, decisões individuais, de quem quer que elas partam, não afetam o preço de mercado de
determinado bem. Além disso, há duas condições necessárias para a competição perfeita:
A indústria deve possuir um número relativamente grande de produtores e nenhum deles pode
ter grande participação no mercado.
A ti i ã d d d d t
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é f ã d d t t t l d i dú t i l l l 52/66
24/05/2023, 20:10 Introdução à microeconomia
A participação de mercado de um produtor é a fração do produto total da indústria pela qual ele
é responsável. Se possuir uma parcela muito grande dele, ele passará a influenciar o preço de
mercado do bem que produz. Por exemplo, na crise do petróleo da década de 1970, a
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) tinha quase um terço de fatia da
produção total de petróleo mundial. Ao diminuir a quantidade ofertada, ela influenciou
diretamente no preço do barril. Este não é o caso de José nem de Sônia.
Isso não seria verdade se os compradores acreditassem que as batatas de Sônia são de melhor
qualidade que as de José. Caso realmente fossem melhores, ainda que ela aumentasse um
pouco o seu preço, os consumidores continuariam comprando em virtude de sua melhor
qualidade.
Tampouco existem custos adicionais associados à saída do mercado, como tarifas associadas ao
fechamento de uma firma. Contudo, a livre entrada e saída não é uma condição necessária para a competição
perfeita, e sim uma característica comum na maioria dos mercados competitivos.
Exemplo
Acesso limitado a recursos, obstáculos legais e regulamentações governamentais.
-->
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24/05/2023, 20:10 Introdução à microeconomia
Quando um produtor aumenta o montante dele em uma unidade, sua receita cresce, mas, infelizmente,
acontece o mesmo com seu custo.
Também vimos que esse aumento no custo por unidade extra de produto é conhecido como custo marginal.
Analisemos agora outro conceito relativo a esse tópico: receita marginal (RMg). Analogamente, ela é a receita
adicional gerada com a venda ao se aumentar o produto em uma unidade. Formalmente, temos a seguinte
equação:
Para responder a essa pergunta, primeiramente examinaremos de que modo um produtor maximiza o seu
lucro individualmente em uma indústria perfeitamente competitiva. Em seguida, entenderemos o significado
de lucro econômico a partir da análise dos lucros e prejuízos de um negócio hipotético.
Imagine que João e Maria administrem um cultivo de café. Suponha que o preço de mercado da saca seja
R$40 e que eles sejam tomadores de preço, podendo, assim, vender o montante que quiserem com esse
preço. Quantas sacas eles devem produzir para maximizar seu lucro?
Já vimos que o lucro é igual à receita total menos o custo total, assim como a receita total é o preço de
mercado multiplicado pela quantidade de produto. Como fizemos no caso do consumidor, recorreremos agora
à análise marginal para encontrar a quantidade ótima de produto (que maximiza o lucro) a ser vendida.
Quando um produtor aumenta o montante dele em uma unidade, sua receita cresce, mas, infelizmente,
acontece o mesmo com seu custo.
Também vimos que esse aumento no custo por unidade extra de produto é conhecido como custo marginal.
Analisemos agora outro conceito relativo a esse tópico: receita marginal (RMg). Analogamente, ela é a receita
adicional gerada com a venda ao se aumentar o produto em uma unidade. Formalmente, temos a seguinte
equação:
Mas como isso ajuda a descobrir a quantidade ótima de sacas de café que João e Maria devem produzir para
maximizar os lucros de sua produção?
A tabela a seguir aponta a receita total, o custo total e o lucro total por unidade de saca de café do cultivo de
ambos, além dos cálculos de custo e receita marginais. A última coluna, por sua vez, exibe o ganho líquido
por saca, isto é, a receita marginal menos o custo marginal.
0 0 20.00 - -
Como vimos no módulo 3, esta tabela evidencia que o custo variável e o total crescem à medida que a
produção aumenta. O custo marginal também sobe a cada unidade de café por conta dos retornos
decrescentes dos insumos. A RMg, no entanto, permanece constante, uma vez que o preço do produto não
muda (afinal, João e Maria são tomadores de preço).
Examinemos agora a última coluna, a de ganho líquido por saca: até a quarta saca de café produzida, ambos
registram um ganho líquido positivo. Produzir, portanto, gera mais receita do que custos. Na quarta saca, o
ganho líquido já é zero; a partir da quinta, ele passa a ser negativo, pois o custo marginal é maior que a receita
marginal.
Podemos observar essas curvas graficamente para a melhor absorção desse conceito:
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A curva de custo marginal (CMg) apresenta uma inclinação positiva e permanece abaixo da de receita
marginal (RMg) até o ponto E, onde ela intercepta a RMg. Até E (ou até a quarta saca), João e Maria
contabilizam um ganho líquido positivo por saca.
A partir de E, a CMg ultrapassa a curva de receita marginal, enquanto o ganho líquido se torna negativo, ou
seja, eles passam a perder dinheiro com a produção de unidades adicionais de sacas de café.
Desse modo, o ponto que maximiza o lucro de ambos é o E, com uma produção de quatro sacas de café. Note
que, neste ponto, a receita marginal é exatamente igual ao custo marginal. Isso é chamado de regra de
produto ótimo do produtor. Na quantidade ótima de produto, RMg = CMg.
border_color
Atividade discursiva
Sabemos então que, no ponto indicado, João e Maria não encontram incentivos para produzir mais nem
menos, pois ele se trata da quantidade de produto ótima deles. Mas este é o único ponto no qual a produção
dele e sua manutenção no mercado fazem sentido?
Exibir soluçãoexpand_more
A resposta é não.
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A decisão de uma firma permanecer ou não em um mercado depende de seu lucro econômico, medida
que considera o custo de oportunidade dos recursos de um negócio além de suas despesas explícitas.
Se fôssemos pensar no lucro econômico de João e Maria, poderíamos incluir como custo de
oportunidade de investir na produção de café o quanto esse dinheiro renderia no banco. Lembremos que
custo de oportunidade é o que você deixa de obter (rendimento do banco) ao optar por outra atividade
(produção de café).
O que diferencia o lucro econômico do contábil é o custo implícito, isto é, os benefícios dos quais se abdica
no uso dos recursos da firma.
Vamos supor que todos os custos (implícitos e explícitos) estejam incluídos na tabela a seguir, mostrando,
portanto, o lucro econômico. Para saber se Maria e João operam em lucro ou prejuízo, devemos olhar para:
Esta tabela calcula o custo variável médio e o total médio para a produção de ambos. Consideramos o custo
fixo como dado; portanto, são valores de curto prazo:
0 0 20.00 - -
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Como se pode observar, o custo total médio é minimizado na terceira saca no valor de R$36,67, que
corresponde ao produto de custo mínimo.
No módulo anterior, frisamos que o lucro π é igual à receita total (RT) menos o custo total (CT).
Logo:
Se RT > CT
A firma é lucrativa.
Se RT < CT
A firma tem prejuízo.
Se RT = CT
A firma possui custo e receita iguais e lucro zero.
Também é possível manipular essas equações dividindo os dois lados pelo produto Y e expressar essa ideia
em termos de receita e custo por unidade de produto:
π/Y = RT /Y − CT /Y
Se P > CTM
A firma é lucrativa.
Se P < CTM
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Se P = CTM
A firma possui custo e receita iguais e lucro zero.
Também podemos observar essa relação graficamente. Esta figura apresenta dois gráficos com diferentes
preços de mercado de saca de café:
No gráfico (a), o preço de mercado da saca de café excede o custo total médio mínimo, em que p = 40, e a
firma opera em lucro. João e Maria possuem uma situação lucrativa, pois o preço de R$40 excede o custo
total médio a equilibrar receita e custo; afinal, o ponto de custo total médio mínimo é R$36,67.
O ponto E do gráfico é o caso já analisado no qual ambos produzem a quantidade maximizadora de lucro:
quatro sacas de café. Nesse montante, o custo total médio, indicado por B no gráfico, é de R$37,50. Como o
preço de mercado por saca é maior que o custo total médio por unidade, a produção de João e Maria mostra
ser lucrativa.
Esse lucro é indicado pela distância vertical entre a reta de receita marginal e o custo total médio dessa
quantidade de sacas ou pela distância entre os pontos E e B multiplicada pelo número de sacas. A área
sombreada (cinza) no gráfico ilustra o lucro de João e Maria.
π = RT − CT = (RT /Y − CT /Y )xY
ou
π = (p − CT M )xY
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Agora é negativa a distância entre a reta de receita marginal e o ponto de custo total médio associado à
quantidade W, que equivale a R$37,50. O custo total médio excede o preço de mercado. Com isso, a produção
de Maria e João opera em prejuízo.
Assim, para determinar se um produtor é lucrativo ou não, é necessário comparar o preço de mercado do bem
e o que iguala receita e custo para o produtor, ou seja, seu custo total médio mínimo.
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Escolha do produtor
Confira esta análise sobre a escolha do produtor.
A curva de oferta
Vimos até aqui como os produtores de um mercado perfeitamente competitivo decidem suas quantidades
ótimas de produção. Também apontamos neste módulo que, no curto prazo, o número de produtores ou
firmas desse tipo de indústria é fixo, não havendo entrada nem saída. Mas qual é a quantidade total de bens
ofertada em um determinado mercado?
Sabemos que cada produtor tomará o preço como dado e fará sua escolha individual sobre a quantidade
ótima de produto. Neste módulo, fizemos a suposição de que não haja diferença na qualidade dos bens dos
produtores. Vamos estender essa hipótese para supor também que todos os produtores sejam iguais, ou seja,
arquem com os mesmos custos e insumos.
Revisitemos o mercado de café analisado anteriormente. Vamos supor, que além de João e Maria, existam
outros 49 participantes idênticos, totalizando, assim, um grupo de 50. Sabendo que o número de produtores
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desse mercado é dado, cada um vai tomar sua decisão de produzir individualmente.
Desse modo, cada um igualará seu custo marginal à receita marginal, isto é, ao preço de mercado. Como os
produtores são iguais e têm os mesmos custos, todos eles decidirão produzir o mesmo número de sacas de
café: quatro (quantidade ótima de produto).
Se houver 50 produtores de café, a quantidade de oferta da indústria será 50 vezes 4 sacas, ou seja, 200
sacas de café. Já o preço dela será de R$40. O resultado disso é a curva de oferta da indústria de curto prazo
ilustrada no gráfico (a):
Neste diagrama, D representa a curva de demanda e E, o ponto de equilíbrio de mercado de curto prazo, no
qual a quantidade de oferta é igual à de demanda para um dado número de produtores.
No curto prazo, não há entrada nem saída de participantes, pois estamos olhando um período pequeno de
tempo. No longo prazo, no entanto, eles podem entrar e sair livremente do mercado, havendo, desse modo,
uma variação no número de produtores que altera tanto o montante ofertado quanto o equilíbrio.
Suponhamos agora que, além dos 50 produtores de café operando no mercado, haja muitos outros querendo
entrar nele que também são idênticos a João e Maria. Quantos participantes adicionais entrarão na indústria?
Em que situação o farão?
Enquanto a produção for lucrativa, haverá incentivos para novos produtores. Logo, quando o preço de
mercado for superior ao custo de produção total médio mínimo (R$36,67), isto é, o valor que iguala custo e
receita, mais pessoas estarão disputando uma fatia desse mercado.
Porém, à medida que novos produtores ingressam na indústria, a quantidade ofertada aumenta. Com esse
aumento, existe uma pressão para o preço de mercado cair, e é isso que acontece: a curva de oferta se
desloca para a direita até atingir o ponto em que o preço se iguala ao custo total médio mínimo. Quando a
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curva de oferta atingir esse ponto, os produtores vão parar de querer entrar no mercado, pois não haverá mais
lucro.
O painel (b) da figura acima demonstra essa dinâmica: a curva de oferta inicial S1 se desloca para a direita até
S2, onde encontra a curva de demanda D no novo ponto de equilíbrio E2. Neste ponto, o preço de mercado
equivalerá ao custo total médio mínimo; com isso, cada produtor irá produzir um total de três sacas. A nova
quantidade de equilíbrio do mercado de sacas de café será, portanto, a seguinte: 250 sacas ao preço de
R$36,67.
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Questão 1
Assinale a alternativa que não corresponde a uma condição de mercados perfeitamente competitivos:
A indústria deve possuir um número grande de produtores que não têm grande
E
praticipação no mercado.
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Questão 2
O lucro da firma é igual à receita total menos o custo total. Dividindo os dois lados da equação pelo
produto, vemos que o lucro médio é igual à receita média, que, por sua vez, equivale ao preço de mercado
menos o custo total médio. Assim, a firma será lucrativa quando a receita média ou o preço exceder o
custo total médio.
Considerações finais
Introduzimos neste material alguns dos conceitos básicos de microeconomia. Você deve ter notado que as
escolhas tanto do consumidor quanto da firma são determinadas por diversos fatores. Por isso,
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estabelecemos uma análise criteriosa de tais escolhas para entendermos sua dinâmica, mantendo
constantes os demais fatores e assumindo algumas hipóteses.
A realidade, no entanto, é muito mais complicada que os modelos adotados aqui. Afinal, eles nada mais são
que uma simplificação dela para facilitar a compreensão de seus principais mecanismos.
headset
Podcast
Neste podcast, serão abordados os principais pontos do conteúdo apresentado.
Referências
KRUGMAN, P.; WELLS, R. Introdução à economia. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
LEVITT, S.; DUBNER, S. J. Freakonomics: o lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta. 5. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2007.
VARIAN, H. Microeconomia: uma abordagem moderna. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
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24/05/2023, 20:10 Introdução à microeconomia
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Para entender melhor fatos do cotidiano com um olhar econômico, leia Freakonomics: o lado oculto e
inesperado de tudo que nos afeta. Esse livro de Steven Levitt e Stephen J. Dubner, publicado pela Elsevier (5.
ed., Rio de Janeiro, 2007) mostra como a microeconometria pode ajudar no entendimento dos incentivos e da
análise de benefícios por trás de decisões corriqueiras.
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