Você está na página 1de 27

Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

CONTEÚDOS DA UNIDADE 05: A TEORIA DE DEMANDA E A UTILIDADE DO


CONSUMIDOR.

 Introdução;

 A Teoria do Consumidor;

 Importância da Teoria do Consumidor;

 A Utilidade e a Função Utilidade;

 Utilidade Total e Utilidade Marginal;

 Lei de Utilidade Marginal Decrescente;

 Taxa Marginal de Substituição;

INTRODUÇÃO

Nas duas unidades anteriores, vimos que a curva de demanda de mercado por uma
mercadoria é derivada pela adição das curvas de demanda dos indivíduos. Também dissemos que
a curva de demanda de cada indivíduo e, portanto, a de mercado, tem inclinação descendente em
consequência dos efeitos substituição e renda.

O efeito substituição refere-se ao facto de que à medida que o preço de uma mercadoria
baixa, substituímo-la por mercadorias similares em consumo.

O efeito renda, refere-se ao facto de que à medida que o preço de uma mercadoria
baixa, uma dada renda monetária permite ao consumidor adquirir mais desta e de outras
mercadorias, porque seu poder aquisitivo aumentou.

Exemplo:

Quando o preço do café baixa, pode-se substituir o consumo do chá por este. Além
disso, quando o preço do café baixa, um consumidor pode comprar mais café e outras
mercadorias, com dada renda monetária. Por isso, a curva de demanda do consumidor e do
mercado, é de inclinação decrescente por causa desses efeitos substituição e renda. Quanto
melhor e maior é o número de substitutos disponíveis para uma mercadoria, tanto mais elástica é

Autor: Rosângelo Paúnde Página 1


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

a sua curva de demanda. Uma explicação complementar da lei de demanda de inclinação


decrescente, baseia-se na Lei de Utilidade Marginal Decrescente.

Mas antes de aprofundarmos sobre a Lei de Utilidade Marginal, é importante


debruçarmos sobre a Teoria do Consumidor, o conceito de utilidade, o comportamento do
consumidor, as preferências do consumidor, as curvas de indiferença e sobre a função utilidade,
para melhor compreendermos esta lei.

A TEORIA DO CONSUMIDOR E O CONCEITO DE UTILIDADE

A teoria do consumidor estuda as preferências do consumidor, analisando o seu


comportamento, as suas escolhas, as restrições quanto a valores e a demanda de mercado.
Por isso mesmo, esta Teoria do Consumidor, ou simplesmente, Teoria da Escolha, é
uma teoria microeconômica, que busca descrever como os consumidores tomam decisões de
compra e como eles enfrentam os trade off,s1 e as mudanças em seu ambiente. Os factores que
influenciam as escolhas dos consumidores estão basicamente ligados à sua restrição
orçamentária e preferências.

Portanto, os principais instrumentos para a análise e determinação de consumo são a


curva de indiferença e a restrição orçamentária. Assim sendo, para esta teoria, as pessoas
escolhem obter um bem em detrimento do outro em virtude da utilidade que ele lhe proporciona.

Assim, para descrever a forma como os consumidores escolhem entre as diferentes


possibilidades, os economistas desenvolveram o conceito de utilidade.

Nesta senda, a utilidade procura explorar os desejos que formam a demanda pelos
produtores e serviços disponíveis ao consumidor. Assim, compreende-se que a satisfação no
consumo dos produtos é cada vez menor conforme consumimos mais e mais produtos.

Em jeito de conceito, a utilidade refere-se ao modo como os consumidores estabelecem a


hierarquia dos diferentes bens e serviços. Numa única palavra, utilidade significa satisfação.

1
Trade Off’s é uma expressão que define uma situação em que há conflito de escolha e, isto ocorre quando se abre
mão de algum bem ou serviço distinto para se obter outro bem ou serviço distinto.

Autor: Rosângelo Paúnde Página 2


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

Em suma, pode se afirmar que, a teoria do consumidor explica como um indivíduo gasta
a sua renda. Ela estuda o comportamento do consumidor no processo de utilização de bens ou
serviços, na busca de satisfação das necessidades.

IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA TEORIA DO CONSUMIDOR

A teoria do consumidor tem extrema importância pois permite explicar a demanda do


consumidor e do mercado. Esta teoria ajuda a estabelecer a relação entre o preço, as
quantidades procuradas e o rendimento do indivíduo num determinado período de tempo.

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Como um consumidor de renda limitada decide que bens e serviços deve adquirir? Para
responder a esta questão e, compreender o comportamento do consumidor, deve o consumidor
ser examinado em três etapas distintas: preferências do consumidor, restrições orçamentárias e
escolhas do consumidor.

ETAPA 1: PREFERÊNCIAS DO CONSUMIDOR

A primeira etapa consiste em encontrar uma forma prática de descrever por que as
pessoas poderiam preferir uma mercadoria em relação à outra. Assim, considerando a imensa
variedade de bens e serviços disponíveis no mercado e a diversidade de gostos pessoais, como
poderemos descrever as preferências do consumidor de forma coerente?

Para tal, vamos começar pensando em como um consumidor pode comprar diferentes
conjuntos de itens disponíveis para a compra. Um dado conjunto de itens será preferido em
relação ao outro, ou os consumidores serão indiferentes a esses dois conjuntos?

Diante disso, através do conceito de cesta de mercado2, anteriormente visto, os


consumidores podem selecionar essas cestas de mercado da seguinte forma: atente ao exemplo
abaixo.

2
Lista com quantidades especificas de um ou mais bens.

Autor: Rosângelo Paúnde Página 3


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

EXEMPLO:

A Tabela abaixo apresenta várias cestas de mercado, que consistem em diversas


quantidades de Alimento e Vestuário adquiridas mensalmente. O número de itens alimentícios
pode ser medido de muitas maneiras: pelo número total de embalagens, pelo número de pacotes
de cada produto (por exemplo, leite, carne etc.) ou pelo peso. Do mesmo modo, o vestuário pode
ser contado pelo número total de peças, pelo número de peças de cada tipo de roupa, pelo peso
total ou pelo volume.

Como o método de medição é basicamente arbitrário, neste texto indicaremos cada item
em uma cesta de consumo simplesmente pelo número total de unidades de cada mercadoria ali
contida. A cesta de mercado A, por exemplo, compõe-se de 20 unidades de alimento e 30 de
vestuário; a B consiste em 10 unidades de alimento e 50 de vestuário e assim por diante.

Cestas de Mercado Unidades de Alimento Unidades de Vestuário

A 20 30

B 10 50

D 40 20

E 30 40

G 10 20

H 10 40

Para explicarmos a teoria do comportamento do consumidor, perguntaremos se os


consumidores preferem uma cesta em relação à outra. Note que a teoria supõe que as
preferências dos consumidores são consistentes e têm sentido.

Autor: Rosângelo Paúnde Página 4


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

Assim, devemos considerar três premissas básicas sobre preferências, a saber:

1. Integralidade (plenitude): assume-se que as preferências são completas. Isso


significa, em outras palavras, que os consumidores podem comparar e ordenar todas as cestas de
mercado. Assim, para quaisquer duas cestas A e B, um consumidor pode preferir A em relação à
B, ou preferir B em relação à A ou ser indiferente a qualquer uma das duas. Com indiferente
queremos dizer que qualquer uma das cestas deixaria o indivíduo igualmente satisfeito.

Observe que essas predileções não levam em conta os preços. Um consumidor poderia
preferir bife a hambúrguer, porém compraria o segundo por ser mais barato.

2. Transitividade: as preferências são transitivas. Transitividade significa que, se um


consumidor prefere a cesta de mercado A em relação à B e prefere B em relação à C, então ele
também prefere A em relação à C. Por exemplo, quando se prefere um Porsche a um Cadillac e
um Cadillac a um Chevrolet, então também se prefere o Porsche ao Chevrolet. Em geral, a
transitividade é encarada como necessária para a consistência das escolhas do consumidor.

3. Mais é melhor do que menos: presumimos que todas as mercadorias são desejáveis,
isto é, são benéficas. Em consequência, os consumidores sempre preferem quantidades maiores
de qualquer mercadoria. Assim, eles nunca ficam completamente satisfeitos ou saciados; mais é
sempre melhor, mesmo que seja só um pouquinho melhor. Essa premissa é adoptada por motivos
didácticos: ela simplifica a análise gráfica.

Essas três premissas constituem a base da teoria do consumidor. Elas não explicam as
preferências do consumidor, mas lhe conferem certo grau de racionalidade e razoabilidade.

CURVAS DE INDIFERENÇA

Podemos apresentar graficamente as preferências do consumidor por meio do uso das


curvas de indiferença. Uma curva de indiferença representa todas as combinações de cestas de
mercado que fornecem o mesmo nível de satisfação para um consumidor. Para ele, portanto, são
indiferentes as cestas de mercado representadas pelos pontos ao longo da curva.

Admitindo-se nossas três premissas relativas a preferências (Integralidade/plenitude,


Transitividade e Mais é melhor do que menos), sabemos que o consumidor poderá sempre
Autor: Rosângelo Paúnde Página 5
Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

manifestar sua predileção por determinada cesta em relação a outra, ou ainda sua indiferença
entre as duas. Essa informação poderá então ser utilizada para ordenar todas as possíveis
alternativas de consumo. Para visualizarmos esse facto graficamente, vamos supor que existam
apenas dois tipos de mercadorias disponíveis para consumo: Alimentos (A) e Vestuário (V).
Nesse caso, as cestas de mercado descrevem as diferentes combinações desses dois bens que
uma pessoa poderia querer adquirir.

Para que possamos desenhar a curva de indiferença do consumidor, é importante, antes,


indicar suas preferências particulares.

O eixo horizontal mede o número de unidades de alimento adquiridas


semanalmente e o eixo vertical mede o número de unidades de vestuário. Com base no
exemplo anterior, a cesta de mercado A, com 20 unidades de alimento e 30 de vestuário, é
preferível à cesta G, pois A contém mais unidades de ambos os bens (lembre-se de nossa
terceira premissa: maior quantidade é melhor do que menor quantidade). De modo similar, a
cesta de mercado E, que contém ainda mais unidades de alimento e de vestuário, é preferível em
relação a cesta de mercado A. Assim, não são possíveis comparações entre a cesta de mercado A
e as cestas B, D e H sem que haja mais informações a respeito da ordenação feita pelo
consumidor.

Autor: Rosângelo Paúnde Página 6


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

A curva de indiferença U1 que passa pela cesta de mercado A mostra todas as cestas que
dão ao consumidor o mesmo nível de satisfação da cesta A; isso inclui as cestas B, H e D. O
consumidor prefere a cesta E, que está acima de U1, em relação a cesta A, mas prefere a cesta de
mercado A em relação a G, que está abaixo de U1.

A curva de indiferença acima apresenta inclinação negativa da esquerda para a direita.


Para compreender por que isso ocorre, suponhamos que a curva de indiferença apresentasse
inclinação ascendente de A para E. Isso iria contra a premissa de que uma quantidade maior de
qualquer bem é sempre melhor do que uma quantidade menor. Uma vez que a cesta de mercado
E tem mais unidades de alimento e de vestuário do que a cesta A, ela deverá ser preferível em
relação a cesta de mercado A e, portanto, não poderá estar sobre a mesma curva de indiferença
em que se encontra a cesta A. Na realidade, qualquer cesta de mercado que se encontre acima e à
direita da curva de indiferença U1 acima é preferível a qualquer cesta que se encontre na curva
U1.

EM SUMA:

As curvas de indiferença, são inclinadas para baixo. Em nosso exemplo do alimento e do


vestuário, quando a quantidade de alimento aumenta ao longo de uma curva de indiferença, a
quantidade de vestuário diminui. O facto de as curvas de indiferença serem inclinadas para baixo

Autor: Rosângelo Paúnde Página 7


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

deriva directamente da suposição de que mais de um bem é melhor do que menos. Se houvesse
uma curva de indiferença inclinada para cima, o consumidor seria indiferente entre duas cestas
de mercado, mesmo que uma delas tivesse mais dos dois bens, ou seja, de alimento e vestuário,
do que a outra.

ETAPA 2: Restrições Orçamentais: obviamente, os consumidores devem também considerar


os preços. Por isso mesmo, na segunda etapa, deve se levar em conta que os consumidores têm
uma renda limitada, o que restringe a quantidade de bens que podem ser adquiridos.

ETAPA 3: Escolhas do Consumidor: dadas suas preferências e a limitação da renda, os


consumidores escolhem comprar as combinações de bens que maximizam sua satisfação. Essas
combinações, dependerão dos preços dos vários bens disponíveis. Assim, entender as escolhas,
ajuda a compreender a demanda, isto é, como a quantidade de bens que os consumidores
escolhem para comprar depende de seus preços.

UTILIDADE E A FUNÇÃO UTILIDADE

Uma característica importante da teoria do comportamento do consumidor, tal como foi


apresentada até agora é que: não foi necessário associar a cada cesta de mercado consumida um
valor numérico indicador de satisfação. As curvas de indiferença permitem simplesmente
descrever as preferências do consumidor graficamente, com base na suposição de que os
consumidores são capazes de classificar as alternativas.

Podemos ver que a teoria do consumidor depende da suposição de que os consumidores


podem fornecer as classificações relativas das cestas de mercado. Entretanto, em geral é útil
atribuir valores numéricos às cestas individuais. Empregando essa abordagem numérica,
podemos apresentar as preferências do consumidor atribuindo valores para os níveis de
satisfação associados a cada curva de indiferença. Tal conceito é conhecido como utilidade.

Nesta senda, a utilidade procura explorar os desejos que formam a demanda pelos
produtores e serviços disponíveis ao consumidor. Assim, compreende-se que a satisfação no
consumo dos produtos é cada vez menor conforme consumimos mais e mais produtos.

Autor: Rosângelo Paúnde Página 8


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

Em jeito de conceito, a utilidade refere-se ao modo como os consumidores estabelecem a


hierarquia dos diferentes bens e serviços. Numa única palavra, utilidade significa satisfação.

Outrossim, na linguagem do quotidiano, a palavra utilidade igualmente tem um conjunto


de conotações muito mais amplo, significando, grosso modo, “benefício” ou “bem-estar”. Na
verdade, as pessoas obtêm “utilidade” apropriando-se de coisas que lhes dão prazer e evitando as
que lhes trazem sofrimento.

Não obstante, na linguagem económica, o conceito de utilidade se refere ao valor


numérico que representa a satisfação que um consumidor obtém de uma dada cesta de mercado,
Pindyck e Rubinfeld, 2005, p. 77.

Na mesma ordem de ideias, os mesmos autores afirmam que, cesta de mercado é um


termo que é empregue em economia para se referir a um conjunto com quantidades
determinadas de uma ou mais mercadorias, ou seja, é um conjunto de itens. Portanto, ela pode
conter, por exemplo, vários itens alimentícios, ou então uma combinação de artigos alimentícios,
de vestuário e produtos para casa que um consumidor compra por mês, p. 67.

Em outras palavras, utilidade é um recurso usado para simplificar a classificação das


cestas de mercado. Se a compra de três exemplares de um livro de Microeconomia o deixa mais
feliz do que a compra de uma camisa, então dizemos que três livros dessa disciplina
proporcionam mais utilidade para você do que a camisa.

FUNÇÃO UTILIDADE

A função utilidade é uma fórmula que atribui um nível de utilidade a cada cesta de
mercado, ou seja, é uma formula que atribui níveis de utilidade a cestas de mercado individuais,
Pindyck e Rubinfeld, 2013, p. 77.

Suponhamos, por exemplo, que a função utilidade de Rungo por Alimento (A) e
Vestuário (V) seja: U(A;V) = A + 2V.

Nesse caso, uma cesta de mercado que tenha 8 unidades de alimento e 3 unidades de
vestuário gerará uma utilidade de 8 + (2)*(3) = 14.

Autor: Rosângelo Paúnde Página 9


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

Para Rungo, portanto, é indiferente essa cesta de mercado ou outra cesta que contenha 6
unidades de alimento e 4 unidades de vestuário, pois [6 + (2)*(4) = 14].

Por outro lado, qualquer uma dessas cestas é preferível a uma terceira que contenha 4
unidades de alimento e 4 unidades de vestuário. Porquê? Porque essa última cesta proporciona
um nível de utilidade de apenas 4 + (4)*(2) = 12.

NOTA:

Atribuímos níveis de utilidade a cestas de mercado de tal modo que, se a cesta A é


preferível à B, o valor de A tem de ser maior que o de B.

RESTRIÇÕES ORÇAMENTÁRIAS

Anteriormente vimos como as curvas de indiferença (ou, como alternativa, as funções


utilidade) podem ser usadas para descrever como os consumidores avaliam as diversas
combinações de cestas de bens.

Agora, vamos desenvolver a segunda parte da teoria do consumidor: as restrições


orçamentárias3 que os consumidores enfrentam por dispor de renda limitada.

LINHA DE ORÇAMENTO

Para analisarmos de que forma a restrição orçamentária limita as escolhas de um


consumidor, consideremos uma situação em que ele disponha de uma renda fixa (I), que pode ser
gasta com alimento e vestuário.

Indicaremos por “A” a quantidade adquirida de Alimento e por “V” a quantidade


adquirida de Vestuário. Os Preços das duas mercadorias serão indicados por PA e por PV.

3
Restrições Orçamentais sãos as restrições que os consumidores enfrentam como resultado do facto de suas rendas
serem limitadas.

Autor: Rosângelo Paúnde Página 10


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

Então, PA*A (isto é, o preço do alimento multiplicado por sua quantidade)


corresponde à quantidade de dinheiro gasto com Alimentação, e PV*V refere-se à quantidade de
dinheiro gasto com Vestuário.

A linha de orçamento4 indica todas as combinações de Alimento (A) e Vestuário (V)


para as quais o total de dinheiro gasto seja igual à renda disponível. Uma vez que estamos
considerando apenas duas mercadorias (e ignorando a possibilidade de poupança, por exemplo),
nosso consumidor hipotético despenderá a totalidade de sua renda com alimento e vestuário.

Como resultado, as combinações desses dois bens que ele pode adquirir estão dispostas
sobre essa linha e são dadas pela expressão:

PA*A + PV*V = I

Fórmulas rápidas para o cálculo dos pontos de intersecção da recta de restrição orçamental

EXEMPLO:

Suponhamos que determinado consumidor possua uma renda semanal de $80,00, que o
preço do alimento seja $1,00 por unidade e que o preço do vestuário seja $2,00 por unidade. A
tabela abaixo, apresenta as diversas combinações de alimento e vestuário que ele pode adquirir
semanalmente com $80,00.

4
São todas as combinações de bens para as quais o total de dinheiro gasto é igual à renda.

Autor: Rosângelo Paúnde Página 11


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

Cesta de Mercado Alimento (A) Vestuário (V) Renda Total (I)

A 40 $80,00

$80,00
B 20

$80,00
D 20

$80,00
E 60

$80,00
G 0

a) Preenche a tabela, tendo em conta os dados acima e os dados constantes da tabela.

b) Se todo o orçamento fosse dirigido ao vestuário, qual é a quantidade máxima que ele
poderia adquirir ao preço de $2,00 por unidade?

c) E se ele gastasse todo o seu orçamento com alimento, qual é a quantidade máxima que
ele poderia adquirir ao preço de $2,00 por unidade?

d) Trace a linha de orçamento do consumidor que descreve as combinações dos dois bens
que podem ser adquiridas de acordo com a renda do consumidor e os preços dos dois
bens (vestuário e alimento).

RESPOSTA:

Sendo:

Autor: Rosângelo Paúnde Página 12


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

a) Assim sendo, preenchendo o quadro, teremos:

Cesta de Mercado Alimento (A) Vestuário (V) Renda Total (I)

A 0 40 (Máximo a Adquirir) $80,00

$80,00
B 20 30

$80,00
D 40 20

$80,00
E 60 10

$80,00
G 80 (Máximo a Adquirir) 0

b) Se todo o orçamento fosse dirigido ao vestuário, o máximo que ele poderia adquirir
seria 40 unidades (ao preço de $2,00 por unidade), conforme representado pela cesta de
mercado A.

c) Caso ele gastasse todo o seu orçamento com alimento, poderia adquirir um total de 80
unidades (a $1,00 por unidade), conforme representado pela cesta de mercado G.

Autor: Rosângelo Paúnde Página 13


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

d) A Linha de Orçamento ficará do seguinte modo:

Interpretação:

A interseção da linha de orçamento é representada pela cesta de mercado A. À medida


que se move ao longo da linha, desde a cesta A até a cesta G, um consumidor gasta menos com
vestuário e mais com alimentação.

A LEI DE UTILIDADE MARGINAL DECRESCENTE

Um individuo demanda uma determinada mercadoria pela satisfação ou utilidade, que


tem com seu consumo. Quanto mais unidades de uma mercadoria um individuo consumir por
unidade de tempo, maior será a Utilidade Total (UT)5 que terá.

Embora a Utilidade Total (UT) aumente, a Utilidade Marginal ou Extra (UMg) que
terá no consumo de cada unidade adicional da mercadoria diminuirá. A isto, se dá o nome de Lei
da Utilidade Marginal Decrescente.

5
é a satisfação total que um indivíduo obtém pelo consumo de certa quantidade de bem ou serviço. Por conseguinte,
será o somatório das utilidades marginais.

Autor: Rosângelo Paúnde Página 14


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

UTILIDADE MARGINAL

O que aconteceria caso continuasse a beber copos adicionais de água? Em vez de


aumentar a sua utilidade, você poderia ficar doente devido ao consumo excessivo de água. Esta
observação conduz-nos ao conceito de utilidade marginal e lei da utilidade marginal decrescente.

Utilidade Marginal (UMg) corresponde a utilidade adicional que deriva do consumo de


uma unidade adicional de um bem ou serviço.

No mesmo diapasão, Pindyck e Rubinfeld (2005, p. 93), referem que Utilidade Marginal
(UMg), mede a satisfação adicional obtida pelo consumo de uma unidade adicional de
determinado bem.

Por exemplo, a utilidade marginal associada a um aumento do consumo de 0 para 1


unidade poderia ser 9; de 1 para 2 poderia ser 7 e, de 2 para 3 poderia ser 5.

Em suma, pode se afirmar que a utilidade Marginal, é a variação na satisfação (utilidade)


que resulta do consumo adicional e pequeno do produto em causa, a partir de um dado nível de
utilidade. Isto é, mostra a utilidade adicional da última unidade consumida.

Esses números são coerentes com o princípio da utilidade marginal decrescente; à


medida que se consome mais de determinada mercadoria, quantidades adicionais que forem
consumidas vão gerar cada vez menos utilidade.

Imagine, por exemplo, o caso de programas de televisão: sua utilidade marginal poderia
cair após a segunda ou terceira hora e até se tornar muito pequena após a quarta ou quinta.

LEI DA UTILIDADE MARGINAL DECRESCENTE.

No final do século 19, alguns economistas elaboraram o conceito de utilidade marginal, e


dele derivaram a curva da demanda e suas propriedades. Tem- se que a Utilidade Total tende a
aumentar quanto maior a quantidade consumida do bem ou serviço. Entretanto, a Utilidade
Marginal, que é a satisfação adicional (na margem) obtida pelo consumo de mais uma unidade
do bem, é decrescente, porque o consumidor vai saturando-se desse bem, quanto mais o
consome. É a chamada Lei da Utilidade Marginal Decrescente.

Utilidade marginal significa satisfação incremental (adicional) e calcula-se pela fórmula:

Autor: Rosângelo Paúnde Página 15


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

Exemplo:

No quadro abaixo, as duas primeiras colunas dão a Utilidade Total (UTx) hipotética de
um indivíduo em uma escala de consumo de várias quantidades da mercadoria “X” (digamos
laranjas) por unidade de tempo.

Quantidade da Mercadoria “X” Utilidade Total (UTx)

0 0

1 10

2 18

3 24

4 28

5 30

a) Determine a Utilidade Marginal (UMg);

b) Trace as curvas da Utilidade Total (UTx) da mercadoria “X” e da Utilidade Marginal


(UMg) da mesma mercadoria.

RESOLUÇÃO:

a)

Autor: Rosângelo Paúnde Página 16


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

Autor: Rosângelo Paúnde Página 17


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

Quantidade da Mercadoria “X” Utilidade Total (UTx) Utilidade Marginal (UMG)

0 0 10

1 10

2 18

3 24

4 28

5 30

b)

Autor: Rosângelo Paúnde Página 18


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

NOTA:

As escalas de Utilidade Total (UTx) e da Utilidade Marginal (UMg) acima, dão as curvas
de Utilidade Total e Utilidade Marginal igualmente acima. Já que a utilidade marginal foi
definida como a mudança na utilidade total resultante da mudança em uma unidade de consumo,
cada valor de Utilidade Marginal, foi registado no ponto intermédio dos dois níveis de consumo.
Assim sendo, a curva da Utilidade Marginal (UMg), ilustra a lei dos rendimentos decrescentes.

Autor: Rosângelo Paúnde Página 19


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃO

Para medir a quantidade de determinada mercadoria da qual um consumidor estaria


disposto a abrir mão para obter maior número de outra, fazemos uso de uma medida denominada
Taxa Marginal de Substituição (TMS)6. A TMS de alimento (A) por vestuário (V) corresponde
à quantidade máxima de unidades de vestuário das quais uma pessoa estaria disposta a desistir
para poder obter uma unidade adicional de alimento.

Assim, a TMS mede o valor que um indivíduo atribui a uma unidade extra de um bem em
termos de outro.

Note que o vestuário aparece no eixo vertical e o alimento aparece no eixo horizontal.
Quando descrevemos a TMS, devemos estar claro de qual dos bens estamos desistindo e de qual
estamos obtendo maior quantidade. Para sermos coerentes ao longo de todo o texto, definiremos
a TMS em termos da quantidade de mercadoria representada no eixo vertical que o indivíduo
deseja abrir mão para obter uma unidade extra da mercadoria representada no eixo horizontal.

Dessa forma, no exemplo abaixo, a TMS se refere à quantidade de vestuário da qual o


consumidor está disposto a desistir para obter uma unidade adicional de alimento. Se indicarmos
a variação em unidades de vestuário por ΔV e a variação em unidades de alimento por ΔA,
a TMS poderá ser expressa por –ΔV/ΔA. O sinal negativo foi incluído para tornar a Taxa
Marginal de Substituição um número positivo. (Lembre-se de que ΔV é sempre negativo, uma
vez que o consumidor desiste do vestuário para obter mais alimento). Como fórmula geral,
teremos:

6
A Taxa Marginal de Substituição (TMS) é a quantidade máxima de um bem que um consumidor está disposto a
deixar de consumir para obter uma unidade adicional de um outro bem.

Autor: Rosângelo Paúnde Página 20


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

EXEMPLO:

Com base nos dados da tabela abaixo, determine a TMS e, trace a curva de indiferença e
faça a análise das unidades de vestuário que se devem desistir para se produzir mais unidades de
alimentos.

Cestas de Mercado Unidades de Alimento Unidades de Vestuário

A 1 16

B 2 10

D 3 6

E 4 4

G 5 3

RESOLUÇÃO:

Cestas de Mercado Unidades de Unidades de Vestuário Taxa Marginal de


Alimento Substituição (TMS)

A 1 16 6

B 2 10

D 3 6

E 4 4

Autor: Rosângelo Paúnde Página 21


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

G 5 3

Autor: Rosângelo Paúnde Página 22


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

NOTA:

As pessoas têm de fazer escolhas. A forma de uma curva de indiferença mostra como o
consumidor deseja substituir um bem pelo outro. Veja, por exemplo, a curva de indiferença do
exemplo acima, mostra-nos que, partindo da cesta de mercado A e indo para a cesta B, vemos
que o consumidor está disposto a abrir mão de 6 unidades de vestuário para obter 1 unidade extra
de alimento. Entretanto, movimentando-se de B para D, ele se dispõe a desistir de apenas 4
unidades de vestuário para obter 1 unidade adicional de alimento e, ao se movimentar de D para
E, ele se dispõe a desistir de 2 unidades de vestuário para obter 1 unidade de alimento e,
finalmente, ao se movimentar de E para G, ele se dispõe a desistir de 1 unidades de vestuário
para obter 1 unidade de alimento. Quanto mais vestuário e menos alimento uma pessoa possuir,
maior será a quantidade de vestuário que ela estará disposta a desistir para poder obter mais
alimento. Da mesma forma, quanto maior a quantidade de alimento que ela possuir, menor será a
quantidade de vestuário que ela estará disposta a abrir mão para obter mais alimento.

EM SUMA:

A magnitude da inclinação de uma curva de indiferença traçada para um consumidor é a


medida de sua taxa marginal de substituição (TMS) entre dois bens. No gráfico acima, a taxa
marginal de substituição entre vestuário (V) e alimento (A) cai de 6 (entre A e B), para 4 (entre

Autor: Rosângelo Paúnde Página 23


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

B e D), para 2 (entre D e E), ate 1 (entre E e G). Portanto, quando a TMS diminui ao longo da
curva de indiferença, a curva e convexa.

Em geral, as curvas de indiferença são convexas, isto é, arqueadas para dentro. O termo
convexo significa que a inclinação da curva de indiferença aumenta (isto é, torna-se menos
negativa) à medida que nos movimentamos para baixo ao longo da curva. Em outras palavras,
uma curva de indiferença é convexa quando a TMS diminui ao longo dessa curva.

Outra forma de descrever tal situação seria dizendo que os consumidores preferem em
geral uma cesta de mercado balanceada em relação a uma cesta cujo conteúdo total seja de
apenas um tipo de mercadoria. Observe o exemplo anterior, em que uma cesta de mercado
relativamente balanceada, contendo 3 unidades de alimento e 6 unidades de vestuário (cesta D),
satisfaz tanto quanto uma outra cesta contendo apenas 1 unidade de alimento e 16 de vestuário
(cesta A).

CONCEITOS IMPORTANTES PARA O ENTENDIMENTO DESTA TEMÁTICA

Efeito Renda: aumento na quantidade comprada de uma mercadoria com uma dada renda
monetária quando seu preço baixa;

Efeito Substituição: aumento na quantidade comprada de uma mercadoria quando o seu preço
baixa (como resultado da desistência de compra de outras mercadorias similares);

Equilíbrio do Consumidor: ponto em que o consumidor maximiza a utilidade total da


satisfação com o dispêndio de sua renda;

Excedente do Consumidor: diferença entre o que o consumidor estaria disposto a pagar por
uma dada quantidade de mercadoria e o que realmente paga;

Utilidade: a propriedade de uma mercadoria que lhe permite satisfazer a um desejo ou


necessidade;

Utilidade Marginal Decrescente: conceito segundo o qual, à medida que um indivíduo


consome mais unidades de uma mercadoria por unidade de tempo, sua utilidade total aumenta,
mas a utilidade marginal ou extra diminui.

Autor: Rosângelo Paúnde Página 24


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

EXERCÍCIOS DE CONSOLIDAÇÃO DA UNIDADE

1. A lei de demanda de inclinação descendente pode ser explicada em termos de:

a) Do efeito substituição;

b) Do efeito renda;

c) Dos efeitos substituição e renda;

d) Nem pelo efeito substituição e nem pelo efeito renda.

2. Uma explicação complementar da curva de demanda de inclinação descendente é dada:

a) Pelos rendimentos decrescentes;

b) Pela Utilidade Marginal Decrescente;

c) Pelos Custos Decrescentes;

d) Pelos rendimentos decrescentes de escala.

3. Quando a utilidade total aumenta, a utilidade marginal:

a) É negativa e crescente;

b) É negativa e decrescente;

c) É zero;

d) É positiva e decrescente.

4. Define-se excedente do consumidor como:

a) A diferença entre o que o consumidor realmente paga e o que está disposto a pagar;

b) A diferença entre o que o consumidor está disposto a pagar e o que ele realmente
paga;

c) A soma do que o consumidor paga e a que ele está disposto a pagar;

d) O que o consumidor está disposto a pagar dividido pelo que ele realmente paga.

5. Um indivíduo tem $300,00 para gastar com Alimento e Vestuário. Uma unidade de
Alimento custa $5,00 e a unidade de Vestuário custa $2,50.

Autor: Rosângelo Paúnde Página 25


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

a) Determine a expressão que representa a recta da restrição orçamentária do indivíduo


tendo em conta os dados acima;

b) Trace a curva/linha orçamentária, tendo em conta os dados acima.

6. Considere o preço de uma unidade de bem1 é de $ 20,00 e o preço do bem 2 é de $5,00.


Sabendo que a renda do consumidor é igual a $100,00.

a) Determine a expressão que representa a recta da restrição orçamentária do


consumidor;

b) Trace a curva/linha orçamentária, tendo em conta os dados acima.

c) Agora suponha que o preço do bem 1 caiu para $10,00. Qual o efeito na recta/linha
orçamentária?

d) Suponha ainda que o preço do bem 1 retornou para $20,00 e a renda do consumidor
caiu para $70,00. Qual é o efeito na recta/linha orçamentária?

7. Vide a escala de Utilidade Total abaixo:

Quantidade de “X” Utilidade Total de “X”

0 0

1 14

2 26

3 37

4 47

5 56

6 64

7 70

Autor: Rosângelo Paúnde Página 26


Apontamentos de Fundamentos de Economia: UniSave - Maxixe

8 74

9 77

10 78

a) Derive a escala de UMgx;

b) Trace o gráfico das duas escalas, em separado.

8. Com base nos dados da tabela abaixo, determine a TMS e, trace a curva de indiferença e
faça a análise das unidades de vestuário que se devem desistir para se produzir mais
unidades de alimentos.

Cestas de Mercado Unidades de Alimento Unidades de Vestuário

A 1 20

B 2 11

D 3 8

E 4 5

G 5 3

Autor: Rosângelo Paúnde Página 27

Você também pode gostar