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Curvas de indiferença
As preferências do consumidor podem ser representadas por curvas – as curvas de indiferença.
Uma curva de indiferença representa todas as combinações de cestas de mercado1 que o
consumidor considera indiferentes entre si, dado que lhe dão o mesmo nível de satisfação.
, , , ,
Esta característica é resultado das premissas da transitividade e da insaciabilidade (mais é
melhor que menos). Se se cruzassem as cestas e teriam todas
de serem indiferentes umas às outras e, assim, deveriam estas todas situadas na mesma
curva de indiferença e não em curvas distintas (fig.2).
1
Conjunto de bens e serviços que um consumidor considera para fins de compra.
APONTAMENTOS MICROECONOMIA COMPILADOS POR A. BUGUDADE 2
Fig. 2. As curvas de indiferença não se cruzam. Fonte: www.iscapp.pt/~asaraiva
,
Todas as cestas situadas na região 1 são preferíveis a qualquer cesta situada na curva da
,
indiferença (p. exe. e estas a todas situadas na região 3. Por exclusão, as cestas
,
que o consumidor considera indiferentes a estão nas regiões 2 e 4. Por isso, a
curva que contém apresenta uma inclinação negativa. O mesmo pressuposto
também implica que as curvas de indiferença não têm inclinação positiva porque equivalia
,
o consumidor estar indiferente às cestas situadas nas regiões 1 e 3, o que não pode ser
porquanto todas as cestas da região 1 são preferíveis a , e esta preferível a todas
da região 3 (contrariando o pressuposto de que mais é melhor que menos).
3. As curvas de indiferença são convexas em relação à origem.
O termo convexo quer dizer que a curva de indiferença aumenta, isto é, torna-se menos
negativa à medida que nos movimentamos para baixo ao longo da curva. Equivale dizer
Mapa de indiferença
Um mapa de indiferença é um conjunto de curvas de indiferença que descrevem as preferências
de um consumidor.
Quanto mais afastada da origem uma curva de indiferença estiver maior é o grau de satisfação do
consumidor (a cesta A é preferível à B e esta à C).
2
Índice numérico que representa a satisfação que um consumidor obtém com uma cesta de mercado.
APONTAMENTOS MICROECONOMIA COMPILADOS POR A. BUGUDADE 6
A renda do consumidor e a restrição orçamental
Os bens e os serviços que o mercado oferece ao consumidor não são gratuitos. Por outro lado, a
renda que o consumidor possui é limitada impondo-lhe, desta forma, a necessidade de fazer
escolhas. Portanto, as suas decisões não dependerem apenas da utilidade que ele retira de cada
bem, mas também das variáveis preço do bem/serviço e renda disponível do consumidor.
Na análise que será feita, supondo que a cesta do consumidor é constituída por apenas dois bens,
vamos considerar as seguintes condições:
Os preços dos bens são fixos
O consumidor dispõe apenas renda fixa para gastar
O consumidor usa toda a renda (não faz poupança) e não pede emprestado.
Para incorporar os preços e a renda no modelo, utiliza-se a restrição orçamental que demonstra as
opções do consumidor. A restrição orçamental descreve o conjunto de cestas de consumo que
consumidor pode adquirir despendendo a totalidade da sua renda.
Matematicamente representa-se por:
= +
aquisição do bem . A restrição orçamental indica que o montante gasto não exceda a renda do
respectiva quantidade. é o montante em dinheiro gasto para aquisição do bem e para
≥ +
< +
As que o consumidor pode adquirir
E as que não pode adquirir .
= " − "%
! "
# #
Reescrevendo a linha do orçamento na forma , podemos constatar que o declive é
=" eo
!
negativo e é representado pelo rácio dos preços3; intercepta o eixo das ordenadas em
#
% #
Problema do consumidor
O problema do consumidor é um problema de maximização da sua utilidade. Em termos
matemáticos o problema pode ser colocado da seguinte forma:
+∆ + ' +∆ (= + = , temos: ∆ + ∆ = 0; = − %.
∆,# "
∆,% "#
3
Subtraindo de
∆ e∆ são aumentos no consumo dos bens e respectivamente.
APONTAMENTOS MICROECONOMIA COMPILADOS POR A. BUGUDADE 7
- . ,
/012 34 = +
ou
- . +
/012 34 ' , (=
Para encontra a escolha óptima do consumidor vamos escrever o problema na forma de Lagrange:
5= ' , (−6 + −
75 7 , 7 ,
= −6 = 0; 6 = /
7 7 7
75 7 , 7 ,
= −6 = 0; 6 = /
7 7 7
75
=− − + = 0; = +
76
Dado que 6 = 6, tem-se
7 ' , ( 7 ' , (
/ = / ;
7 7
= ; ' , (; = ; ,
9: ,% ,,# 9: ,% ,,#
9,% 9,#
como , podemos escrever:
; ' , ( ; ' , (
=
e , temos:
7 , 7 ,
= ? <A =
; = @ < =A
7 7
Usando a condição de optimização,
podemos escrever:
= = ; =
B<,% CDE ,# F B=,% C ,# FDE ,# F "% = ,% C "% =,%
"% "# ,# FDE "# < ,% CDE "# <
;
=
"% =,%
"# <
A expressão representa a curva consumo rendimento (CCR) que passa pela origem
As expressões:
⎧ ?
⎪ =
?+@
⎨ @
⎪ =
⎩ ?+@
podem ter diferentes significados de acordo com o caracter endógeno ou exógeno das variáveis
contidas nelas. Por exemplo, supondo , e fixos, isto é,
= ; =
<!Q =!Q
<R= "Q% <R= "Q#
A primeira expressão designa curva consumo preço de bem e a segunda curva consumo preço
de bem , respectivamnte.
= ; =
<!Q =!Q
<R= "% <R= "#
4
Na nossa exposição temos vindo a usar e no lugar das variáveis e , para representar as quantidades
desses bens.
APONTAMENTOS MICROECONOMIA COMPILADOS POR A. BUGUDADE 10
= ; =
<! =!
<R= "Q% <R= "Q#
5
Diferentemente da curva consumo rendimento onde são tratados três valores (dois bens e a renda), mas
apresentados em duas dimensões, a curva de Engel compara o consumo de um único bem com a renda do
consumidor; mostra, portanto, a relação entre a quantidade óptima de um bem consumido e o nível renda do
consumidor.q
APONTAMENTOS MICROECONOMIA COMPILADOS POR A. BUGUDADE 11
Unirovuma
Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais
Aula prática
Tema: Teoria do consumidor
1. Considere um consumidor que enfrenta os preços e e com uma renda .
a) Determine, analiticamente, o conjunto de possibilidades de consumo e restrição
orçamental.
R: o conjunto de possibilidades de consumo (CPC) é o conjunto formado pelas cestas de
mercado (cabazes) que um consumidor pode adquirir num dado momento, gastando total
+ ≤
ou parcialmente a sua renda monetária. Analiticamente, é representado por:
A restrição orçamental (RO) é o lugar geométrico dos cabazes que o consumidor pode
adquirir gastando toda a sua renda monetária (cabazes situados ao longo da recta
+ =
orçamental). De forma analítica
R: 10 = 2 + 4
a) Deduza a restrição orçamental do consumidor.
para fora (para direita) e mantem 4 na origem das ordenadas e, por isso mesmo,
"
menos inclinada que a RO inicial. O declive da recta de restrição orçamental (que em
termos absolutos é igual a % , indica a taxa marginal de substituição de
"#
por ,
isto é, para cada unidade adicional de , quantas unidades de deve desistir.
#
disposto entre os dois bens. Neste caso troca uma unidade de por cinco de , isto é
aceita renunciar 5 unidades de para ter acréscimo de 1 unidade de .
Se o consumidor optar pelas referidas quantidades, ele esgotará a renda 2 × 10 +
10 × 8 = 100 , mas não estará numa situação de equilíbrio, já que com elas não
maximiza a sua utilidade. As quantidades óptimas para o consumidor são ab = cd e
ae = d.
; ' , ( ; ' , (
Escolha óptima pelo método das igualdades marginais:
= ; = 0.2
2 10
= 0.5 − − − ae = 5
f H100 = 2 + 10 × 0.2 H100 = 4 H = 25 fab = 25
100 = 2 + 10
ab = h
;,% 2 4 ;,%
perfeitos. Sendo assim teremos uma solução de canto.
= = 2; = = 4; < ⇒G l nh
;,# 1 1 ;,# ae = = = nh
me o
b) O seu nível de satisfação.
g h; nh = c × h + o × nh = nh
R:
ae = h
;,% 5 3 ;,%
perfeitos.
= = 5; = = 3; > ⇒G l od
;,# 1 1 ;,# ab = = =d
mb r
g d; h = d × d + o × h = cd
b) A sua satisfação.
⎧ mb ; t > me ⎧ h; t > me
l s mb s mb
R: função procura:
l l
Se
> /4|0çã4 S2 > 34 ⇒ ae = h; ab = ;g = + ×0 =s
mb mb
l l
se
< /4|0çã4 S2 > 34 ⇒ ab = h; ae = ;g = ×0+ =s
me me
l
⎧b• zh;
Se
{
⎪ mb
= →
⎨e• €h; l •
⎪ me
⎩
= min…2 ; 5 †
I ,
/. . 80 = 10 + 2
2 =5 =Y − ae = d × ‰. no ≈ c. jŠ
c
⇒f G f = 40 × ‡ ≈ 7.41 I
Y
40 = 5 + 40 = 5 + ab ≈ ‰. no
Y
g ≈ d × c. jŠ = on. ‹
Utilidade
s l
⎧ae = s
⎪ t mb + me
t
⎨ a = l
⎪ b s
⎩ mb + me
t
Aqui não faz nenhum sentido o cálculo da Z[\, uma vez se tratar de complementos
l s l l
Utilidade
g = uŒ• Gs s ;t s ‘=s s
mb + me t mb + me mb + me
t t t
,% ,,# = 5
X.Y X.Y
R:
I →5=5 X.Y X.Y
−6 − −
/. . + =
⎪ 9’
= 2.5 X.Y AX.Y − 6=0→ = → =
.Y,%D”.• ,#”.• "% “ "%
− ⎧ae = l
= − ⎪ cme
G – + = ; H' + (= ; l
+ = ⎨
⎪ab = cm
⎩ b
= 100 a = ohh = d
b) A escolha óptima
=2 G
e
R: G c×oh
= 10 ab = c×c = cd
ohh
Z[\ , = "Q% = % 10 = −
" ,# "
Para bem
– ⇒– , X f H20 = 100
+ 10 = 100 10 + 10 = 100
# %
+ =
ae = d
– ⇒– f H
,
+ 2 = 100 4 = 100
,%
= 100 2
# #
+ = 2 +
ab = cd
6
Comparar o resultado final com as fórmulas na figura 9, página 10 (Aula teórica).
APONTAMENTOS MICROECONOMIA COMPILADOS POR A. BUGUDADE 16
? 0.5 0.5
b= = = = h. cdl
?+@ Q 0.5 + 0.5 2 2
@ 0.5 0.5
Para bem
e= = = = h. hdl
?+@ Q 0.5 + 0.5 10 10
⎪ ⎪
, = 5 +2
→ = x0; " y ; = " ; = x0; " y ; = "
! Y "% ! Y "%
f
/. . 12 = 3 + ⎨ % #
⎨ % #
b=h
R:
< % → Ie = ! = = oc ; g = 5 × 0 + 2 × 12 = cn
Y "
"# " #
É uma solução de canto uma vez que a Z[\ do consumidor não é igual a razão entre
os preços. Neste caso maximiza a sua utilidade adquirindo apenas um dos bens.
c) A curva consumo-rendimento
;
R:
> →b=h
;
d) A curva consumo-preço do bem
> "% → =0
Y "
#
se
<" → =0
Y "%
#
se
b=h
R:
e = = = oc
l oc
R:
me o
⎪ 0; < " ⎪ !
; <
"
⎩ ⎩ "# ™ "#
% %
™ "#
b) Escolha óptima
b ∈ ›h; cdœ
R:
Z[\ , = ⇒ f
e ∈ ›h; o‹. ‰dœ
c) Nível de satisfação
g = 3 × 25 = 4 × 18.75 = ‰d
R:
d) Curva consumo-rendimento
R:
É todo o espaço dos bens.
3
Para bem
= ; =6
8 4
Se < 6 ⇒ = 0
Se > 6 ⇒ = 0
Se = 6 ⇒ 6 + 8 = 150; ae = o‹. ‰d − h. ‰dab
3 4 4
Para bem
= ; = ; = ; =8
4 3 6 3
<8⇒ =0
>8⇒ =0
Se
, = …2 , 5 †
R:
I
/. . + =
2 =5 = 2.5 = 2.5 = 2.5
f ;f ;f ;–
+ = + = 2.5 + = ="
!
#R .Y"%
l
⎧ab =
⎪ me + h. nmb
⎨a = l
⎪ e m + c. dm
⎩ e b
‰c
=2
b) Escolha óptima
ab = = oc
– = 10 → • c + h. n × oh
‰c
= 72 ae = = n. ‹
oh + c. d × c
g = uŒ• c × oc; d × n. ‹ = cn
c) Nível de satisfação
2 = 5 ; ab = h. nae
d) Curva consumo-rendimento
2 = 5 ; ab = h. nae
e) Curva consumo-preço de bem
2 = 5 ; ab = h. nae
f) Curva consumo-preço de bem
l
g) Curva de Engel do bem e bem
= ;a = =
+ 0.4 2 + 0.4 × 10 Š
l
= ; ae = =
+ 2.5 10 + 2.5 × 2 od
3 = 3 = =3
= …3 , †
R:
I ,
f ;f ; –
+ = + = ="
!
/. . + =
%R "#
n‹
=6
b) Escolha óptima
ab = =n
– =2 →• Š + r × c
r × n‹
= 48 ae = = oc
Š+r×c
g = uŒ• r × n; oc = oc
c) Nível de satisfação
ae = rae
d) Curva consumo-rendimento
ae = rae
e) Curva consumo-preço de bem
ae = rae
l
g) Curva de Engel do bem e bem
= ;a = =
+3 6+3×2 oc
3 3
= ; ae = = h. cd l
+3 6+3×2
Leitura recomendada: