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FACULDADE

FACULDADEDE
DECIÊNCIAS
CIÊNCIASSOCIAIS
SOCIAISE EHUMANIDADES
HUMANIDADES

CURSO DE CONTABILIDADE E GESTÃO

MICOECONOMIA II

Ano/2022
CAPÍTULO 3 : O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
Introdução

Todos os dias, como consumidores, tomamos inúmeras


decisões sobre como aplicar o nosso dinheiro e o nosso
tempo, recursos que nos são escassos e ao efetuarmos as
escolhas estamos a tomar as decisões que definem as
nossas vidas, e por consequência, ao tomarmos estas
decisões, estamos a contribuir para a definição das
diferentes curvas de procura nos diferentes mercados de
bens e serviços.
Para estudar o comportamento do consumidor, partimos do
princípio da racionalidade, assumimos que os consumidores
escolhem o melhor entre aqueles que lhe agrega valor.

A microeconomia estuda o comportamento económico


individual e particular de cada agente dentro de uma
economia. Esse tema ignora todos os agentes externos que
formam o conjunto geral da economia, focando apenas em
mercados específicos e estudando as ações de produtores e
consumidores.
Para as empresas, a análise microeconómica pode
subsidiar as seguintes decisões: Política de preços da
empresa, previsões de demanda e faturamento,
previsões de produção, decisões de custos de
produção, publicidade, localização da empresa,
diferenciação de mercados.
Restrição orçamental (RO)

A restrição orçamental representa as quantidades dos


bens que o consumidor pode comprar, combinadamente,
gastando toda a sua renda, dados os preços dos bens e a
renda disponível para consumo em determinado momento.

Para estudar a restrição orçamental, consideremos que um


determinado consumidor distribui o seu rendimento (m)
entre o consumo de dois bens: x e y. Suponhamos que
este consumidor dispõe de um rendimento fixo mensal de
m=100.000,00 Kz e que este é totalmente gasto numa
qualquer combinação de x e y. Vamos supor ainda que
Px=5.000,00 Kz e Py=10.000,00 Kz, sendo Px e Py os
preços dos bens x e y, respetivamente.

Importa ainda referir que, tanto o rendimento, como o


consumo, são variáveis, ou seja, unidades monetárias e
quantidades físicas por unidade de tempo,
respetivamente.
Perante a informação disponível, pode-se concluir que se o
consumidor gastar todo o seu rendimento em x, pode
comprar m/Px=100.000,00 Kz/5.000,00 kZ=20 unidades de x
e 0 unidades de y. Por outro lado, se o consumidor gastar
todo o seu rendimento em y, pode comprar
m/Py=100.000,00 Kz /10.000,00 Kz=10 unidades de y e 0
unidades de x. Seguindo este raciocínio, ceteris paribus,
consegue-se desenhar a reta da restrição orçamental para
este consumidor (figura 1).

Qual é o comportamento da linha orçamental de acordom a


restrição orçamental?
Figura 1: Restrição orçamental e linha orçamental
A restrição orçamental (RO) delimita o conjunto de todos os
cabazes acessíveis, dados o rendimento e os preços dos
bens x e y. O conjunto de pontos abaixo da RO, incluindo a
própria RO designa-se por conjunto de possibilidades de
consumo. Para além de poder comprar qualquer dos
cabazes que estão ao longo da restrição orçamental, o
consumidor também pode adquirir qualquer cabaz situado
dentro dos limites do triângulo orçamental, limitado pela
restrição e pelos dois eixos.
A análise da RO para o consumidor é semelhante à
análise da Fronteira de Possibilidades de Produção
(FPP) para um produtor ou para uma determinada
economia. A FPP descreve a afetação ou distribuição de
recursos entre dois tipos de produção, enquanto que a RO
descreve a afetação de um recurso (rendimento), entre
dois tipos de consumo.
Como poderemos então classificar o ponto A? E o
ponto B? À semelhança da análise realizada
aquando do estudo da Fronteira de Possibilidades
de Produção (FPP), o ponto A é considerado como
bens acessíveis, uma vez que o consumidor pode
aumentar o seu bem-estar consumindo uma maior
quantidade de um ou de ambos os bens
(relembramos a propriedade das preferências de
“quanto mais melhor”), dado que não está a utilizar
a totalidade de rendimento disponível.
O ponto B é considerado como inacessível, para o nível
de rendimento disponível. Os bens situados sobre ou
dentro do triângulo orçamental, constituem o conjunto
possível, ou conjunto acessível para o consumidor,
enquanto que os cabazes que ficam fora do triângulo
orçamental são designados de impossíveis ou
indisponíveis (inacessíveis).
3.2.2. Efeitos das modificações na renda e
nos preços

O declive e a posição da restrição orçamental são definidos


pelo rendimento do consumidor e pelo preço dos bens em
questão, num determinado momento. Se qualquer destas
variáveis se alterar, temos uma nova restrição orçamental.

Alterações no rendimento
O efeito de uma alteração no rendimento é exatamente o
mesmo que o efeito de uma alteração proporcionalmente
igual em todos os preços.
Por exemplo, a redução do rendimento para metade,
equivale a um aumento dos preços para o dobro. Perante
uma diminuição do rendimento para metade (m’=50.000.00
Kz), ou seja, (sem alteração nos preços, Px=5.000,00 Kz e
Py =10.000,00 kz).
Figura 2: Alteração da RO perante uma diminuição
do rendimento.
Variações nos preços

Quando varia o preço de apenas um dos bens, altera-se


obrigatoriamente o declive da restrição orçamental. A figura 2
ilustra a alteração da RO da figura 1, decorrente de uma
alteração no Px (𝑃𝑥=10), mantendo-se tudo o resto constante
(ceteris paribus).

Com alteração do bem y para 10 em unidade, o declive


também se altera, mantendo o bem x de acordo ao exercício
anterior. Como se comporta o linha orçamental na figura 3?
Figura 3: Alteração da RO com um novo Px, ceteris
paribus
Alterações no rendimento e nos preços tem impacto nas
escolhas do consumidor

O rendimento do consumidor e os preços não são


constantes ao longo do tempo, pelo que importa realizar
uma análise de sensibilidade das escolhas do consumidor
perante alterações das variáveis rendimento e preço.
3.2.3. Escolha por parte do consumidor (cabaz Optimo)

O comportamento do consumidor é estudado através das


suas preferências e a utilidade é encarada como uma
“construção científica” que permite descrever (ordenar)
estas preferências.

De facto, a utilidade (satisfação/ felicidade) como variável


cardinal é fácil de quantificar, ou seja, para o consumidor
saber dizer qual o valor de utilidade que retira do
consumo das diferentes quantidades de cada cabaz.
A utilidade cardinal traduz o conceito de que a
intensidade da utilidade ou do prazer é passível de ser
mensurada, pelo que as funções de utilidade individuais
poderiam evidenciar o prazer ou utilidade que se extrair
do consumo ou utilização de um bem.
Deste modo, com a utilidade cardinal pode ser avaliada
em unidades mensuráveis, as quais podem ser
somadas, subtraídas, multiplicadas ou divididas, tal
como acontece com os números cardinais em
matemática. Uma medida cardinal é a que permite
comparações absolutas.
A utilidade ordinal não se considera mensurável em
termos de unidades, mas representa apenas uma
ordenação dos bens em termos das preferências dos
indivíduos, ou seja, é pressuposto que os indivíduos
podem apenas ordenar os pares de conjuntos de bens
em termos do que preferem ou se são indiferentes
entre os dois conjuntos.
De acordo com a teoria da utilidade ordinal não se
podem colocar ponderações nas diferenças absolutas
quanto à utilidade de um conjunto de bens associado
com outro conjunto, mas apenas é possível fazer
comparações relativas.
Uma representação ordinal das preferências é qualquer
função de utilidade, U, tal que U ( L1) > U ( L2 ), e se, L1
é estritamente preferível a L2, ou seja, se L1 > L2. Esta
posição é hoje predominante na teoria do consumidor.
Mas é fácil estabelecer uma ordenação das suas
preferências pelos diferentes cabazes em função da
economia.

Nesta abordagem estuda-se as preferências dos


consumidores, as quais podem ser descritas por uma
função utilidade U=(x, y), onde x e y representam as
quantidades consumidas de dois cabazes, mas o que
importa é a sua ordenação.
Segundo a teoria convencional o objectivo do indivíduo
racional é maximizar esta função utilidade, sujeita à
restrição orçamental.
A ordem de preferências de um consumidor
designa um esquema pelo qual o consumidor
consegue classificar todos os cabazes possíveis
de consumir, por ordem de preferência. Diz-se
que uma ordem de preferências é completa se a
mesma permite ao consumidor ordenar todas as
combinações possíveis de cabazes.
Exercício nº 4.

Uma família de classe social média, a sua economia lhe


permite consumir os dois tipos de cabazes, de acordo a
tabela abaixo.
Preferências Cabaz X Cabaz Y
(unidade) (unidade)
A 0 1 250
B 50 1 100
C 100 900
D 150 650
E 200 350
F 250 0
Calcule.

a) Se a família optar por consumir apenas o cabaz X, qual o


número máximo de unidades que poderá obter?
b) Trace a curva de possibilidades da família em função a
sua economia.
c) Será possível com a economia da família, no curto prazo,
atingir um nível de combinação no consumo de 230
unidades de X e 1 300 unidades de Y? E a longo Prazo?
Resolução

a) Se a família optar por consumir apenas o cabaz X e


nada do cabaz Y chegará na opção F em função a sua
economia. Neste caso conseguirá um máximo de 250
unidades do cabaz X.
c) Não é possível no curto prazo alcançar o consumo
indicado pois isso requer uma quantidade de recursos que
a economia da família não dispõe. Esta combinação só
será viável, a longo prazo, após um aumento na
disponibilidade de recursos de forma a garantir que a
curva de possibilidades de consumo se desloca para a
direita.
3.2.3.1. Método do Multiplicador de
Lagrange

O método do Multiplicador de Lagrange é aplicado para


determinar pontos de máximos e mínimos de funções
sujeitas a restrições.
Neste caso é avaliada a eficiência deste método
quando aplicado a problemas de optimização com
restrições de igualdade.
O objetivo do método é mostrar a aplicação do
Multiplicador de Lagrange para resolver problemas de
optimização em economia, devido ao facto de que
estas questões geram importantes sugestões e
conclusões sobre o comportamento económico do
consumidor.
O interesse económico é a optimização em algumas
questões típicas na formulação, que são as seguintes:
i. As funções nem sempre são dadas explicitamente,
então se considera que elas tenham propriedades
qualitativas com características mais teórica;
ii. Normalmente, o economista não está interessado em
encontrar o mínimo, mas assumindo que o mínimo é
alcançado, quais consequências podem ser deduzidas?;
iii. O Multiplicador de Lagrange λ, geralmente, pode ser
interpretado como a taxa de variação do valor óptimo em
relação a algum parâmetro;
iv. No estudo do Multiplicador de Lagrange a análise
requer a solução de um sistema de equações lineares
para as variáveis endógenas (dependentes) em relação
as variáveis exógenas (independentes).
O problema da escolha do consumidor é maximizar a sua
função utilidade, que é a função objectivo:
U = U(X1, X2),
sujeita à sua restrição ou constrangimento orçamental:
m = P1 X1+ P2 X2
Onde:
 m representa o orçamento do consumidor, que
constitui um constrangimento;
 P1 e P2 são os respectivamente preços dos bens X1 e
X2.
Podemos resolver este problema da maximização da
utilidade do consumidor, sujeita à sua restrição orçamental,
utilizando o método dos multiplicadores de Lagrange,
formando a função Lagrangeana, que é uma função
compósita.
Neste caso, a função de Lagrange é função de três
variáveis: as duas variáveis escolhidas (que representam
os bens x1 e x2) e o denominado multiplicador de Lagrange
λ.
Podemos observar que a função de Lagrange é uma
função compósita, formada aditivamente, pela função
objectiva, que é a função utilidade U(X1, X2) e pela
função de constrangimento orçamental λ(P1 X1 + P2
X2- m) com o multiplicador de Lagrange, λ.
A função de Lagrange pode ser expressa:
L (X1, X2, λ) = U(X1, X2) + λ(P1 X1 + P2 X2- m).
O objectivo é obter o “valor” mais elevado da função de
utilidade, com os bens X1 e X2 que são as variáveis (bens)
escolhidas no problema de optimização, tendo em
consideração o constrangimento que o consumidor
enfrenta. Estas são as únicas variáveis que podem ser
escolhidas pelo consumidor dado que os preços dos bens
são determinados no mercado, ou seja, o consumidor é
um tomador de preços.
A teoria microeconómica explica de forma sistemática, de
que maneira o consumidor racional executa o seu plano
de consumo. Para tal, utiliza-se da teoria ordinal do
comportamento do consumidor e de conceitos como
Curva de Indiferença, Taxa Marginal de Substituição e
Restrição Orçamentária.
A teoria ordinal segue a ordem de preferência,
estruturada com base na comparação das utilidades dos
bens declaradas pelo consumidor.
A utilização do método de Lagrange em problema
económico é um pressuposto essencial que se considera
que o consumidor pretende maximizar a sua utilidade. A
maximização da utilidade do consumidor é atingida com
referência a dois principais conceitos:
a) O constrangimento orçamental que demarca as
possibilidades disponíveis para o consumidor;
b) A função de utilidade do consumidor é constituída por
um conjunto de curvas de indiferença.
 O constrangimento orçamental permite sintetizar o
orçamento do consumidor e mostra as combinações de
bens que o consumidor pode comprar com a sua renda
atual.
 A curva de indiferença permite o consumidor racional
trocar bens que oferecem a mesma utilidade marginal,
ou seja, existe uma relação estável entre as utilidades e
preços para que o consumidor possa realizar sua
escolha.
Curvas de indiferença informam a combinação de bens
em relação às quais o indivíduo é indiferente ou que lhe
proporcionam o mesmo nível de utilidade; às vezes, são
chamadas Curvas de Utilidade.
Podem ser usadas para gerar a curva de demanda, bem
como para separar as mudanças no consumo devido ao
efeito-renda decorrente do efeito substituição.
As curvas de indiferença são a representação gráfica de
uma tabela de indiferença. Ou seja, o lugar geométrico
dos pontos das combinações possíveis entre dois bens,
igualmente desejáveis ao consumidor. Todas propiciam a
mesma satisfação, de forma que o consumidor seja
indiferente a escolha de qualquer utilidade.
Por definição, as curvas de indiferença não se cruzam
nem se tocam. Representa níveis de satisfação de um
consumidor racional, é inadmissível atingir satisfações
mais altas e mais baixas ao mesmo tempo.
As quantidades e as combinações dos bens X e Y estão
dispostas pelo consumidor, de tal forma que ele não
manifesta preferência por nenhuma delas; todas são
igualmente desejáveis e qualquer das combinações é
satisfatória.
Apesar de indiferentes ao consumidor, a participação de X e
Y em cada combinação é diferente; seu nível de satisfação
não muda, apesar de seu património se modificar em termos
de quantidades possuídas de cada um dos bens.
Exemplo:
Combinação Bem X Bem Y
A 0 10
B 1 7
C 2 5
D 4 4

1. Com base aos dados acima descritos, represente


graficamente a combinação dos bens X e Y e demostre
as curvas de indiferença.
3.2.3.2. Solução de canto

Uma solução de canto ocorre quando a quantidade


consumida de um dos bens é nula, de forma que o
consumidor gaste toda a sua renda no outro bem
(óptimo situado sobre um dos eixos). Quando temos
uma solução de canto, a curva de indiferença e a reta
orçamentária não é válida.
Solução de canto, a demanda pelo bem depende da
renda.
A figura a seguir representa duas possibilidades: no
gráfico da esquerda, quando a curva de indiferença é
menos inclinada que a reta orçamentária, o consumidor
gasta toda a sua renda no consumo do bem 2 (dado que
esse bem fornece um ganho marginal por unidade
monetária mais alto); já no gráfico do lado direito, quando
a curva de indiferença é mais inclinada que a reta
orçamentária, o indivíduo consome apenas o bem 1.
Em geral, preferências que representam bens substitutos
perfeitos geram solução de canto.
Isso acontece porque normalmente as pessoas escolhem
consumir os bens relativamente mais baratos. Mas se as
inclinações da curva de indiferença e da reta orçamentária
forem iguais, qualquer bem sobre a reta orçamentária é
um ponto de óptimo para esse consumidor.
2ª PROVA

DIA 23/05/2022
CAP.IV - DEMANDA DO CONSUMIDOR
4.1. Demanda individual

Demanda refere a quantidade de determinado bem ou


serviço que os consumidores desejam e não representa a
compra efetiva. Escala de demanda indica quanto o
consumidor pode adquirir, mediante alternativas de
preços.
A lei da demanda determina que existe uma relação
inversa entre preço e quantidade demandada.
A demanda é afetada pela riqueza, renda, preço do bem e
de outros factores sazonais, hábitos, expectativas,
facilidades de crédito etc.
A Demanda Individual depende de como vai ser a
variação no preço dos bens, se o preço subir o
consumo sobe e se baixar o consumo baixa. A curva
de demanda individual relaciona a quantidade de um
bem que um único consumidor adquirirá com o preço
desse bem.
Demanda individual pode ser apresentada pela:
Valor utilidade: com uma renda e preços, o consumidor
demanda um bem ou serviço, o qual consumindo-o
maximiza a satisfação (utilidade) atribuída ao bem.
Utilidade total: aumenta quanto maior a quantidade
consumida do bem.
Utilidade marginal: satisfação adicional obtida pelo
consumo de mais uma unidade do bem.
U marg =

Equação geral da demanda pode ser apresentada :


= f (,

Onde:
: quantidade demandada do bem i
: preço do bem i
: preço dos substitutos (concorrentes)
: preço dos complementares
R : renda
G : gostos.
Função convencional é: = f ()
0

Relação entre quantidade demandada e


preços de bens substitutos.
Ao aumentarmos o preço do bem substituto,
estaremos aumentando a quantidade demandada
do outro bem.
Onde: = f ()
0
Relação entre quantidade demandada e preços de bens
complementares.

Onde: = f ()
0
Relação entre demanda e renda do consumidor

= f (R)
Neste caso, há três situações distintas:
- Bem normal: um aumento na renda provoca um aumento na
demanda pelo bem. 0
4.1.1. Curvas de renda consumo e de preço consumo.

A curva de renda-consumo ou trajetória de expansão da renda


é o conjunto de combinações óptimas de consumo, que são
obtidas variando os níveis de renda e mantendo os preços dos
bens constantes. Ou seja, como a escolha do consumidor
muda quando sua renda muda e os preços são mantidos
constantes.
Curva de renda-consumo – curva que apresenta as combinações
maximizadoras de utilidade de dois bens, conforme muda a renda do
consumidor.

Curva de preço-consumo – curva que apresenta as combinações de


dois bens que são maximizadoras de utilidade conforme o preço de
como um deles se modifica.
O impacto de uma mudança na renda pode ser ilustrado por
meio de curvas de indiferença. A medida em que a linha
orçamentária se modifica, são alcançadas utilidades maiores.

Demostre a curva de renda – consumo e da curva de preço –consumo.


Renda
(m)

35.000,00

25.000,00
Curva da renda –consumo
10.000,00

Qde
A curva do preço-consumo relaciona a quantidade de um bem
que um consumidor adquirirá de acordo ao preço definido pelo
mercado.
Preço

800,00

500,00
Curva do preço - consumo

200,00

Qde
Um aumento da renda, mantidos constantes os preços dos
bens, faz com que os consumidores alterem suas escolhas. O
bens que maximizam a satisfação do consumidor para os
vários níveis de renda.
Uma redução no preço de um bem tem dois efeitos:
1. Os consumidores tenderão a comprar mais do bem que se
tornou mais barato e menos do bem que se torna
relativamente mais caro.
2. Como um dos bens se torna mais barato, há um aumento
no poder de compra dos consumidores.
Esses dois efeitos em geral ocorrem ao mesmo tempo.
Bens inferiores versus bens normais

1. Modificações na renda, quando a curva de renda-consumo


apresenta uma inclinação positiva:
 A quantidade demandada aumenta com a renda.
 A elasticidade de renda da demanda é positiva.
 O bem é normal.
Um bem normal é aquele cuja demanda aumenta conforme a renda
das pessoas aumenta. Ou seja, há uma relação diretamente
proporcional entre a renda e o consumo deste bem.
2. Modificações na renda, quando a curva de renda-consumo
apresenta uma inclinação negativa:
 A quantidade demandada diminui com a renda.
 A elasticidade de renda da demanda é negativa.
 O bem é inferior.
O bem inferior, é aquele cuja demanda diminui quando a renda
do consumidor cresce. Estes são mais raros em uma economia
do que os bens normais, porém também estão presente no dia a
dia população. Um exemplo de bem inferior são os bilhetes de
passagem de taxi.
A renda e o preço nos permite ainda identificar bens
supérfluos.
O bem supérfluo é considerado como o excedente, o que
é desnecessário. Justamente por não serem essenciais, os
gastos supérfluos são os primeiros a serem atacados quando
se pretende reduzir gastos e aumentar os activos financeiros.
Os gastos supérfuos variam de pessoa para pessoa.
4.1.2. Curva de Engel

A curva de Engel nos mostra como a demanda por um bem varia


diante de uma variação na receita, visto que os preços dos bens
permanecem constantes. Por meio da curva renda-consumo, as
curvas de Engel podem ser extraídas para cada um dos bens:
 Se o bem for um normal, a inclinação da curva de Engel é
ascendente;
 Se o bem for um bem inferior, a inclinação da curva de Engel
é descendente.
Curva de Engel para o bem Normal

Renda
(m)

Inclinação da curva
de Engel é
ascendente para o
bem nornal

Qde
Curva de Engel para o bem inferior

Renda

A curva de Engel é
descendente, inclinada para
bens inferiores

Qde
Exercício
Para a relação renda quantidade da tabela abaixo.

Ponto A B C D F G H L
Renda 4.000,00 6.000,00 8.000,00 10.000,00 12.000,00 14.000,00 16.000,00 18.000,00
/Ano

Qde 100 200 300 350 380 390 350 250


Kg/Ano

Pede-se
a) Trace a curva de Engel; e
b) Determine se o bem é necessásio, supérfuo, ou inferior nos
pontos A, B, D, H e L.
4.1.3. Efeito renda e efeito substituição

Uma queda no preço de um bem ou serviço tem dois efeitos:


Renda e Substituição
a) Efeito Renda
Os consumidores aproveitam o aumento de seu poder
aquisitivo real; eles estarão em melhores condições, pois
podem adquirir a mesma quantidade de mercadorias com um
menor valor monetário, tendo assim, um excedente de renda
para compras adicionais.
b) Efeito Substituição
Os consumidores tenderão a demandar uma maior quantidade
das mercadorias cujo preço foi reduzido e uma menor
quantidade daquelas que agora se tornaram mais caras
relativamente.
Os dois efeitos ocorrem, geralmente, ao mesmo tempo, porém,
será útil que façamos uma distinção entre eles em nossa
análise.
Um aumento no preço de x torna x mais caro em
relação aos outros bens, reduzindo sua demanda, 𝑄
𝑥
mesmo que a renda real permaneça constante. Isto é o
Efeito Substituição.

𝑃𝑥

Se x for um bem normal


Um aumento no preço ou superior a demanda 𝑄𝑥
de x reduz a renda real por x cairá.
do consumidor. Isto é
o Efeito Renda.
Se x for um bem inferior
a demanda por x 𝑄𝑥
aumentará.
Portanto, temos:
Efeito Renda: é a variação na quantidade demandada resultante,
exclusivamente, de uma variação na renda real, em que todos os
outros preços e a renda monetária nominal permanecem
constantes.
Efeito Substituição: é a variação na quantidade demandada
resultante de uma variação no preço relativo, depois de o
consumidor ter sido compensado pela variação em sua renda real.
Em outras palavras, o Efeito Substituição é a variação na
quantidade demandada resultante de uma variação no preço,
quando a variação se restringe a um movimento ao longo da curva
de indiferença inicial, permanecendo, portanto, a renda real
constante.
Um efeito renda positivo reforça um efeito substituição negativo.
Portanto, para um bem normal ou superior, a quantidade
demandada sempre varia inversamente com o preço. A lei da
demanda é aplicada a todos os bens normais ou superiores e
também aos bens inferiores em que o efeito substituição é maior
que o efeito renda.
CAPÍTULO V – TEORIA DO PRODUTOR

5.1. A teoria da produção- Conceitos básicos

A teoria da produção preocupa-se com a relação técnica ou


tecnológica entre a quantidade física de produtos (outputs) e de
factores de produção (inputs).
O método de produção é a escolha particular de combinação de
factores com a tecnologia conhecida e disponível.
A escolha do método ou processo de produção depende de sua
eficiênca.
A eficiência técnica requer que se utilize um processo de
produção que não use mais insumos do que o necessário para
determinado produto.
Eficiência é a relação entre os recursos que deveriam ser
consumidos e os que realmente são utilizados do ponto de vista
técnico, tecnológico ou económico.
A noção de eficiência económica assenta na comparação entre o
valor do produto e o valor dos insumos.
O uso do recurso é economicamente eficiente quando o produto
resultante maximiza a satisfação total, e agrega os desejos de
todos os indivíduos.
Produção é o processo de transformar insumos em produtos. O
processo de produção, junta capital, força de trabalho, matérias-
primas, equipamentos de toda a espécie, com o objectivo de criar
um bem ou serviço que é desejado pela comunidade
consumidora.
A teoria da produção descreve as condições que devem existir
para que os lucros sejam maximizados e os custos minimizados.
Os princípios da teoria da produção e a teoria dos custos de
produção são peças fundamentais para a análise dos preços e do
emprego dos factores na economia.
A teoria da produção e a teoria dos custos de produção
desempenham dois papeis extremamente importantes:
 Servem de base para a análise das relações existentes entre
produção e custos de produção, o seu relacionamento é muito
importante na análise da teoria da formação dos preços;
 Servem de apoio para a análise dos factores de produção que
utiliza.
No processo de produção, diferentes insumos ou factores de
produção são combinados de forma a produzir o bem ou
serviço. As formas como esses insumos são combinados
constituem os chamados métodos de produção, que podem ser
intensivos em mão-de-obra e capital.
Se, a partir da combinação de factores, for possível produzir
um único produto (ou output), teremos um processo de
produção simples, se for possível produzir mais de um
produto, teremos um processo de produção múltiplo, ou
produção múltipla.
A escolha do método ou processo de produção depende de sua
eficiência. O conceito de eficiência pode ser focado do ponto de
vista técnico ou económico.

É importante ressaltar que o conceito de produção não se refere


apenas aos bens físicos e materiais, mas também a serviços,
como transportes, actividades financeiras, comércio e outras
actividades.
5.2. Factores de produção (factores fixos e variáveis)

Os factores de produção também recebem a classificação, em


razão da sua relação com a produção e sua variabilidade. Isso,
posteriormente, facilitará a análise da teoria dos custos da
produção. Dividem-se em dois tipos:
 Factores de produção fixos são aqueles cujas quantidades
não variam quando o produto varia. As instalações da
empresa e a tecnologia são factores que são alterados
apenas no longo prazo.
 Factores de produção variáveis, aqueles cujas quantidades
utilizadas variam quando o volume de produção varia. Por
exemplo: quando aumenta a produção, são necessários mais
trabalhadores e maior quantidade de matérias-primas;
A função produção é a relação que mostra a quantidade física
obtida do produto a partir da quantidade física utilizada dos
factores de produção em determinado período de tempo.
A função produção é obtida com base em em alguns conceitos:
Custo Variável Total (CVT) – que será o custo que decorre
da exploração aplicado os factores de produção variáveis.
Depende apenas do preço do factor (Px) e da quantidade
aplicada de factor (X): CVT = X × P x
- Custo Fixo Total (CFT) – que será o custo que decorre
para a exploração de um conjunto de factores de produção
que são tidos como fixos. Uma vez que este custo é
independente da quantidade aplicada do factor variável,
poderemos dizer que o seu montante é uma constante:
CFT = K
- Custo Total (CT) – que obviamente, representa a soma dos dois
custos anteriores:
CT = CVT + CFT
- Rendibilidade Total (RT): Representa o valor (em dinheiro)
da totalidade da produção. Ela depende do preço de mercado
do produto (Py) e da quantidade produzida do mesmo (y):
RT = Y × Py
- Lucro (π): Será o Rendimento (ou rendibilidade) total depois
de pagos todos os custos, ou seja, o Custo Total:
∏ = RT− CT
Exercício Nº 6
A determinação do ponto óptimo de produção e do nível óptimo
de aplicação do factor variável (Px= 100; Py= 30; CFT = 1.000)
a) Cálcule os factores e complete a tabela.
b) Demostre os três níveis de aplicação dos factores que produz
mais alto lucro?
c) Identifique os níveis de lucro negativos obtidos na empresa e
justifique as razões.
a)
Níveis (1) (2) (3)
Por Input Output CT = RT=Y × Py Π = RT – CT
Ordem X Y CVT+CFT

1 0 0,0 1.000 0 (1000)


2 2 3,7 1.200 111 (1089)
3 4 13,9 1.400 417 (983)
4 6 28,8 1.600 864 (736)
5 8 46,9 1.800 1.407 (393)
6 10 66,7 2.000 2001 1
7 12 86,4 2.200 2592 392
8 14 104,5 2.400 3.135 735
9 16 119,5 2.600 3.585 985
10 18 129,6 2.800 3.888 1.088
11 20 133,3 3.000 3.999 999
12 22 129,1 3.200 3.873 673
b) Os três níveis de aplicação dos factores que produz mais alto
lucro são: 10, 11 e 9.
c) os níveis de lucro negativos obtidos na empresa são: 1, 2, 3, 4
e, 5, isso acontece quando os custos totais são superiores que a
rentabilidade total.
A Função Clássica de Produção

A função clássica de produção usada para demonstrar os


princípios gerais importantes na análise económica da produção.
A forma da função de produção descreve a variação do output Y
à medida que cresce quantidades de um input variável X são
acrescentadas a um conjunto de factores fixos. O output cresce a
uma taxa crescente à medida que as primeiras unidades de input
são acrescentadas.
A Produtividade Média

A Produtividade Média (PM) é obtida dividindo o montante


total do output Y pelo montante total de factor variável gasto,
X. Ela representa para cada ponto da curva de produção, o
produto obtido por unidade de factor empregue.

A equação para a PM pode ser obtida a partir da equação da


função de produção.

PM
A Produtividade Média mede a taxa média à qual um input é
transformado em produto. Uma das preocupações dos
economistas é o uso eficiente de recursos. A eficiência é
medida pelo Output dividido pelo Input. Então, a PM mede a
eficiência do factor variável usado no processo produtivo.

A Produtividade Marginal

A Produtividade Marginal (Pmg) é a variação de output que


resulta de um incremento unitário ou de uma variação unitária
no uso do factor variável. Ela mede a quantidade que o PFT
(produto total) cresce ou decresce, à medida que o input cresce.
A Pmg média é calculada dividindo a variação no output pela
quantidade causal do input, isto é, pelo incremento ou variação
do input que causou a variação no output.

Algebricamente isto pode ser expresso da seguinte forma:

Pmg
A ΔY se lê “variação no montante de output” e ΔX se lê
“variação no montante de input”.
Exercício nº 7
De acordo a tabela 6 do execício anterior sesolva as seguites
questões:
1. Dados do input e output: X = 2; 10; 14 e Y = 3,7; 66,7; 104,5.
Calcule a produtividade média (PM).
2. Dados os montantes dos input X = 10; 12 e 20; 22. Calcule a
Produtividade Marginal (Pmg).
5.3 Análise de Curto prazo e de Longo prazo

Para decidir o que produzir, como e quanto produzir, com base nas
respostas do mercado o consumidor, procura variar a quantidade
utilizada dos factores para, com isso, variar a quantidade
produzida do produto.
A função produção é a relação que mostra a quantidade física
obtida do produto a partir da quantidade física utilizada pelos
factores de produção em determinado período de tempo.
A função produção admite que seja utilizado de maneira mais
eficiente a combinação de factores e, consequentemente, obter
a maior quantidade do bem produzido.
Os custos de produção estão associados aos insumos e, como
na teoria da produção, existe pelo menos um factor fixo
identificado, por exemplo, o tamanho ou dimensão da
empresa, e factores variáveis, como mão de obra e matérias-
primas.
Tal empresa apenas poderá aumentar ou diminuir sua produção
por meio da utilização dos factores mão de obra e matérias-
primas. Seu tamanho é constante, não podendo ser aumentado ou
diminuído em curto prazo.
Os custos associados ao tamanho da empresa (K) não mudam,
nem quando a empresa muda seu nível de produção, ou mesmo
produzindo em sua capacidade máxima. A empresa incorre nos
mesmos custos, ocorrendo os chamados custos fixos totais
(CFT), Também pode ser representado pela quantidade utilizada

do factor fixo, multiplicado pelo seu preço: CFT = PK x QK


No caso dos custos da mão de obra (L) e das matérias-primas
(MP), os custos mudam quando a produção varia dentro de
certos limites, dependendo da quantidade produzida. São
chamados de custos variáveis totais (CVT), representados por:

CVT = PL x QL + PMP x QMP

Havendo insumos fixos e variáveis e respectivos custos, ao se


associarem essas relações, pode-se formular a equação do custo
total de curto prazo (CTCP).

++
A partir do custo total de curto prazo, é possível definirem-se
outros custos de curto prazo fundamentais para a análise do
comportamento da produção. São eles:

Custo total médio (CTMe ou CMe), obtido por meio do


quociente entre o custo total e a quantidade produzida; ou seja, é
o custo por unidade produzida, também chamado de custo
unitário:
Ao passo que, o custo variável médio (CVMe), derivado do
quociente entre o custo variável total e a quantidade produzida
representado por:

Para o custo fixo médio (CFMe) é aquele obtido por meio do


quociente entre o custo fixo total e a quantidade produzida:
O custo marginal (CMg), resultante da variação do custo total,
em resposta a uma variação da quantidade produzida. É
definido ainda como o resultado da variação do custo variável
total em resposta a variações da quantidade produzida
representada por:

ou
O custo marginal é um tipo especial de custo. Relaciona-se
com o custo total de produção apenas em decorrência do
comportamento do custo variável total. Todos os demais custos
podem ser derivados dele.
Exercício Nº 8
Com base aos dados da tabela nº 7, da quantidade 0 á 11,
calcule:
a) Custo Total (CT);
b) Custo Fixo médio (CFMe);
c) Custo Variável médio (CVMe);
d) Custo médio (CMe);
e) Custo marginal (CMg)
f) Complete a tabela
Produção Custo Custos Custo Custo Custo Custo Custo
Total (Q) Fixo Variável Total Fixo Variável médio marginal
Total Total (CT) médio médio (CMe) (CMg)
(CFT) (CVT) (CFMe) (CVMe)

0 10,00 0,0
1 10,00 5,00
2 10,00 8,00
3 10,00 10,00
4 10,00 11,00
5 10,00 13,00
6 10,00 16,00
7 10,00 20,00
8 10,00 25,00
9 10,00 31,00
10 10,00 38,00
11 10,00 46,00

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