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Universidade Católica de Moçambique

Teoria do Consumidor

Mancha Santos

Curso: licenciatura em Administração Pública


Disciplina: Microeconomia
Ano de Frequência: 1º Ano
Docente: Dr. Inácio

Quelimane, Dezembro de 2021


Índice
Capítulo I: Introdução..................................................................................................................1

1.1. Contextualização...............................................................................................................1

1.2. Objectivos.........................................................................................................................1

1.2.1. Objectivo Geral.............................................................................................................1

1.2.2. Objectivos Específicos..................................................................................................1

Capítulo II: Revisão de Literatura................................................................................................2

2. Teoria do consumidor...........................................................................................................2

2.1. Conceitos Iniciais..............................................................................................................2

2.2. Preferências e gostos.........................................................................................................2

2.2.1. Princípio da Utilidade....................................................................................................2

2.2.2. Princípio da Comparabilidade.......................................................................................2

2.2.3. Princípio da Transitividade da Comparação.................................................................3

2.3. Curva de indiferença.........................................................................................................3

2.4. Função de utilidade...........................................................................................................3

Referencias Bibliográficas.........................................................................................................11
Capítulo I: Introdução
1.1. Contextualização
No contexto da sociedade industrial, o progresso econômico é acompanhado de mudanças na
estrutura e nos padrões culturais da sociedade. Com o ritmo acelerado de produção, os
consumidores são também produzidos, a mídia e o marketing possuem papéis importantes em
impulsionar vontades e necessidades antes inexistentes nos indivíduos e popularizar produtos,
moldando a mentalidade do consumidor. Segundo Lipovetsky (2007), “a economia do consumo
é inseparável do marketing: a busca do lucro pelo volume e pela prática dos preços baixos. Por
os produtos ao alcance das massas: a era moderna do consumo é condutora de um projeto de
democratização do acesso aos bens mercantis” (LIPOVETSKY, 2007, p.28). Segundo
Baudrillard, a publicidade se vê por toda parte a conquistar os modos de comunicação
subsequentes, intimistas e pessoais.

1.2. Objectivos
1.2.1. Objectivo Geral
 Analisar a Teoria do Consumidor
1.2.2. Objectivos Específicos
 Demostrar a Curva de oferta de trabalho Efeito Total; Efeito Renda; e Efeito
Substituição;
 Utilidade total e marginal.

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Capítulo II: Revisão de Literatura
2. Teoria do consumidor
2.1. Conceitos Iniciais
O núcleo conceptual da Teoria do Consumidor é o princípio de que a decisão dos agentes
económicos resulta de uma comparação entre o benefício da sua acção (i.e., o ganho de bem-
estar que origina) com o custo de a implementar (i.e., o dispêndio de recursos escassos
disponíveis)

Na teoria do consumidor assumimos que o indivíduo escolhe um cabaz formado com uma certa
quantidade de dois bens ou serviços estando sujeito ao rendimento que tem disponível. Os
indivíduos possuem informação e raciocínio perfeitos (o que é público).

2.2. Preferências e gostos


2.2.1. Princípio da Utilidade
Cada indivíduo tem necessidades que, quando satisfeitas, lhe permitem viver numa situação de

maior conforto, de maior bem-estar. Em termos económicos, as necessidades humanas são

satisfeitas com a apropriação e fruição de bens e serviços.

A utilidade (i.e., o valor económico) dos bens e serviços resulta da sua capacidade em satisfazer
as necessidades humanas. Se um objecto não satisfaz nenhuma necessidade humana, então não
tem utilidade de entre as coisas com utilidade, a afectação das que estão disponíveis em
quantidades ilimitadas não são um problema porque o indivíduo consegue sempre apropriar a
quantidade suficiente para satisfazer as suas necessidades.

As utilidades das coisas (i.e., o seu valor económico) é subjectiva pois depende dos gostos e
preferências da pessoa que as vai consumir/fruir. A aceitação deste princípio moral inviabiliza a
existência de uma economia centralizada eficiente.

2.2.2. Princípio da Comparabilidade


Sendo o cabaz A = (a1, a2) que contém as quantidades a1 e a2 de dois b&s o ser humano é
capaz de o comparar com qualquer outro cabaz B = (b1, b2) formado por quantidade
diferentes dos mesmos b&s.

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2.2.3. Princípio da Transitividade da Comparação
Traduz que as escolhas do consumidor são consistentes. e.g, se A é melhor que B e B é melhor
que C, então A é melhor que C. Vamos codificar “melhor que” por >; “análogo a” por =; e “pior
que” por <;

2.3. Curva de indiferença


Delimitação dos melhores/piores Pensando em termos de dois bens ou serviços, a
insaciabilidade vai-nos permitir começar a comparar os cabazes Sendo o cabaz A = (a1, a2) e o
cabaz genérico B = (b1, b2), posso delimitar os subdomínios em que B é melhor que A e em que é
pior que A.

No local dos “melhores”, tenho mais de ambos os bens na fronteira tenho igual quantidade de um
bem e maior quantidade de outro bem A > B se (a1 = b1 e a2 > b2) ou (a1 > b1 e a2 = b2) ou (a1 >
b1 e a2 > b2)

2.4. Função de utilidade


Na microeconomia é possível medir a utilidade do bem, que é vista como um “modo de
descrever as preferências” (VARIAN, 2012, p.58). E para Pindyck e Rubinfeld (2002), seria um
índice numérico que estaria representando a satisfação de um consumidor consegue com uma
dada cesta de mercado. Para os economistas, as preferências do consumidor são essenciais 24
para examinar a escolha e a utilidade seria mais um mecanismo para descrever as preferências. A
utilidade então teria a finalidade de atribuir uma preferência a cada cesta de consumo, sendo que
as que têm maior utilidade são as mais preferidas. Para Pindyck e Rubinfeld importante
classificar as relativas cestas de mercado, por isso atribui a utilidade valores numéricos a cada
cesta.

Segundo os autores “as pessoas obtêm ‘utilidade’ apropriando-se de coisas que lhe dão prazer e
evitando coisas que lhe trazem insatisfação. ” (PINDYCK; RUBINFELD, 2002, p. 72). As cestas
são hierarquizadas e ordenar conforme sua grandeza. Essa, classificada de maior para menor, é
chamada de utilidade cardinal. A suposição em cima dessa teoria, utilidade cardinal, é de que o
tamanho da cesta de bens tem relevância e que, para descobrir qual o consumidor irá escolher, é
necessário que seja oferecido as cestas e observar sua escolha.

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Posso caracterizar as preferências do indivíduo por um conjunto de curvas de indiferença.
Comparando duas curvas de indiferença, as que estão à direita e acima contêm cabazes que são
preferíveis aos que se encontram nas curvas de indiferenças à esquerda e abaixo:

O rendimento disponível das famílias tem origem principalmente nos salários, sendo também
importantes os rendimentos do capital (e.g., dividendos e juros) e as transferências do estado
(e.g., rendimento de inserção social).

Tal como consideramos para as curvas de indiferença, tomemos o exemplo de um cabaz genérico
com dois bens ou serviços, A = (a1, a2).

A restrição orçamental virá dada por p1.a1 + p2.a2 ≤ r

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Recta orçamental, RO

A linha fronteira entre a zona dos cabazes que o indivíduo pode adquirir e a zona dos cabazes
que o indivíduo não pode adquirir p1.a1 + p2.a2 = r.

Motivado pela insaciabilidade, o indivíduo esgota o rendimento, adquirindo apenas os cabazes


sobre a RO.

Podemos explicitar a RO, a2 = r/p2 – a1.p1/p2 a intersecção com o eixo vertical é r/p2,

Traduz o máximo que eu posso comprar do bem 2 a intersecção com o eixo horizontal é r/p1,
Traduz o máximo que eu posso comprar do bem 1

A inclinação da RO vale – p1/p2.

Traduz que para comprar mais uma unidade do bem 1 eu tenho que abdicar de comprar – p1/p2
unidades do bem 2:

É idêntico à TMSxy mas aqui pretendo manter a despesa constante, enquanto na TMS pretendo
manter o nível de utilidade constante.

Efeito na RO da alteração do rendimento

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Quando o rendimento aumenta (e os preços se mantêm), o indivíduo pode consumir cabazes
mais recheados.

Em termos gráficos, este acontecimento traduz-se por um deslocamento da RO para a direita e


para cima. O declive (dado por –p1/p2), não se altera.

TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃQ (TMS)

O declive de uma curva de indiferença é importante a fim de se determinar o que se denomina


por TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃO (TMS). O declive de uma curva, num ponto
particular, é medido pela inclinação da recta tangente à curva nesse ponto. Como, normalmente,
a curva de indiferença é convexa relativamente à origem, o seu declive vai diminuindo à medida
que nos movemos sobre a curva da esquerda para a direita. Ao traçarem-se várias tangentes à
curva de indiferença, em diferentes pontos, podem observar-se as várias inclinações destas
tangentes, traduzindo a inclinação dos vários pontos da curva de indiferença.

TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃO - DESENVOLVIMENTO MATEMÁTICO

A taxa marginal de substituição (TMS) é a taxa que expressa a relação de substituição entre os
bens x1 e x2.

Considere-se a seguinte função utilidade de um consumidor: U = u(x1, x2) .

As derivadas parciais desta função ∂U/∂x1 e ∂U/∂x2, denominadas como utilidade marginal de
x1,e x2, respectivamente, têm interpretações quantitativas bem definidas. Relembre-se que uma
curva de indiferença representa um nível de utilidade constante em todos os seus pontos. Assim,
podemos representar uma curva de indiferença pela seguinte equação:

U = u(x1, x2) = C ., com C constante.

Resoluções de Exercícios

1. Um indivíduo tem como curva de indiferença y = 100/x. Qual é, em A = (x, y) = (5, 20), a
taxa marginal de substituição do bem X pelo bem Y? E no cabaz B = (20, 5)?

Solução

TMSxy = y’ = –100/x2  TMSA = –4

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Quando tenho 5 unidades do bem X, para compensar a perda de uma unidade do bem X,
necessito de adquirir 4 unidades do bem Y

TMSB = – 0.25

Quando tenho 20 unidades do bem X, para compensar a perda de uma unidade do bem X, apenas
necessito de adquirir 0.25 unidades do bem Y.

2. Conhecem-se duas curvas de indiferença de um individuo, CI1: a2 = 100/a12 e CI2: a2 = 10/a12.

i) Verifique que estas duas curvas não se intersectam.

ii) Qual das duas curvas contêm cabazes preferíveis?

iii) Calcule e interprete a taxa marginal de substituição em A = (5, 4) e em B = (2.5, 1.6)


e verifique se estão de acordo com a teoria.

Soluções

i) Teria que haver um ponto em que as duas curvas coincidissem:

a2 = 100/a12 e a2 = 10/a12

 100/a12 = 10/a12

 100 a12 = 10 a12

 a1 = 0 e a2 = +∞, mas este ponto não faz parte de IR2.

ii) Pegando num cabaz de CI1, A = (10, 1), existe em CI2 o cabaz B = (10, 0.1) que é pior
que A

Pelo princípio da insaciabilidade, então qualquer cabaz da CI1 é preferíveis a qualquer outro
cabaz da CI2.

iii) A pertence à CI1: TMSA = –200/a13 = – 1.6

– preciso de 1.6 unidades do bem 2 para compensar a perda de uma unidade do bem
1.

B pertence à CI2: TMSA = –20/a13 = –1.28

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– preciso de 1.28 unidades do bem 2 para compensar a perda de uma unidade do
bem 1.

Apesar de eu ter menor quantidade do bem 1, como estou em curvas de indiferença diferentes,
não se aplica o princípio de que a TMS diminui quando a quantidade do bem 1 aumenta. No
exemplo, também varia a quantidade do bem 2.

3. As preferências de um consumidor condensam-se na função de utilidade U(x,y) = x.y. Calcule


a TMSxy de U(x,y) em A = (10, 5).

U 'x y 5
TMSxy=− =− =− =−0 .5
U'y x 10

No cabaz A, é necessário aumentar o consumo de y em 0.5 unidades para compensar a


diminuição do consumo de x em 1 unidade

Considere a função de utilidade

U(a1,a2) = a1.a2.

i) Determine a curva de indiferença que passa pelo cabaz A = (5,10).

ii) Verifique que as funções

V(a1,a2) = ln(a1) + ln(a2) e

Z(a1,a2) = a14. a24 . condensam as mesmas preferências que U(a1,a2).

U(5, 10) = 50  a2 = 50/a1.

V(5, 10) = ln(5) + ln(10) = 3.912

 ln(a2) = 3.912 – ln(a1)

 a2 = 50/a1

Z(5, 10) = 6.25E6  a24 = 6.25E6/a14

 a2 = 50/a1

Como as curvas de indiferença são iguais, então U, V e Z codificam as mesmas preferências.

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4. Um aluno tem 600 mzn /mês de rendimento que pode gastar em alimentação cujo preço é
5mzn/u., vestuário cujo preço é 10mzn/u. e habitação cujo preço é 100mzn/u. Qual será o cabaz
que o aluno pode consumir em cada mês?

O cabaz terá a forma X = (a, v, h)

Qualquer cabaz X = (a, v, h) que custe menos que o rendimento disponível,

(a, v, h) : 5a + 10v + 100h ≤ 600.

5.Um indivíduo tem de rendimento disponível 1000€/mês que gasta em alimentação e habitação,
(a, h), cujos preços unitários são 2.5€/u. e 5€/u., respectivamente.

i) Qual a quantidade máxima de alimentação e de habitação que o individuo pode


adquirir?

ii) Sobre a RO, quantas unidade de alimentação tem que abdicar para adquirir mais uma
unidade de habitação?

iii) o indivíduo poderá adquirir (a, h) = (200, 150)?

Soluções

i) amax = 1000/2.5 = 400u.

hmax = 1000/5 = 200u.

ii) Para manter a despesa sobre a RO, tem que abdicar de 2 unidades de a por cada
unidade a mais de h: –ph/pa = –5/2.5 = –2.

iii) Não pode adquirir pois a despesa, 200*2.5+150*5 = 1250mzn, seria maior que os
1000mzn de rendimento disponível.

6. Sendo que um indivíduo tem de rendimento disponível 500mzn/mês que gasta em dois bens,
(x, y), cujos preços unitários são 2mzn/u. e 5mzn/u., respectivamente.

i) Represente graficamente a RO

ii) Represente graficamente um aumento no rendimento de 100mzn/mês.

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Soluções

2x + 5y = 500  y = 100 – 0.4x

 Posso localizar os pontos extremos (0;100) e (250;0) e uni-los por uma recta (linha azul) ;

ii) 2x + 5y = 600  y = 120 – 0.4x

 Posso localizar os pontos extremos (0;120) e (300,0) e uni-los por uma recta (linha rosa).

120

100

80

60
y
40

20

0
0 50 100 x 150 200 250 300

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Referencias Bibliográficas
DOUGLAS, M.; ISHERWOOD B. O mundo dos bens - Para uma antropologia do consumo.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004.

HAUG, F, W. Crítica da Estética da Mercadoria. Editora Unesp, São Paulo, 1997.

LIPOVETSKY, G. A felicidade paradoxal: ensaios sobre a sociedade de hiperconsumo. São


Paulo: Companhia das Letras, 2007.

PINDYCK, S, R; RUBINFELD, L, D. Microeconomia. São Paulo: Pearson Education do Brasil,


2002.

ROCHA, E. Representações do consumo - Estudos sobre a narrativa publicitária. Pontifícia


Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2006.

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