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TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

A teoria microeconómica parte das teorias da utilidade marginal, pelo que a sua tese de
valor é a apreciação subjectiva que o sujeito faz das qualidades objectivas do sujeito.1 É
comum entre os economistas empregar o conceito de utilidade para descrever as
preferências dos consumidores, sendo o importante se uma cesta é mais útil do que outra
e não o grau em que uma utilidade é superior a outra.

De uma perspectiva microeconómica, utilidade é o grau de satisfação ou


benefício que um consumidor obtém ao adquirir um bem ou serviço.

Economistas para medir a satisfação ou benefício que o indivíduo obtém do consumo de


um bem ou serviço normalmente classificam esse benefício em utilidade total e marginal.

UTILIDADE TOTAL E MARGINAL

Segundo Varian, na época vitoriana, filósofos e economistas falavam alegremente de


"utilidade" como um indicador do bem-estar geral das pessoas. Foi considerada uma
medida numérica da felicidade de um indivíduo. Dada esta ideia, era natural imaginar que
os consumidores tomassem as suas decisões com o objectivo de maximizar a sua
utilidade, ou seja, de serem o mais felizes possível.

Ele acrescenta que o problema é que esses economistas clássicos nunca descreveram
realmente como a utilidade era medida. Como podemos quantificar a "quantidade" de
utilidade das diferentes escolhas? A utilidade é a mesma para uma pessoa e para outra?
O que quer dizer com uma barra de chocolate é duas vezes mais útil que uma cenoura? O
conceito de utilidade tem algum significado independente que não seja o de ser o que os
indivíduos maximizam?
Varian argumenta ainda que, devido a esses problemas conceituais, os economistas
abandonaram a idéia antiquada de utilidade como medida de felicidade e reformularam
completamente a teoria do comportamento do consumidor com base nas preferências do
consumidor. A utilidade é considerada como apenas uma forma de descrevê-los. Os
economistas têm gradualmente percebido que a única coisa importante na utilidade, no
que diz respeito à escolha, é se uma cesta é mais útil que outra e não o grau em que uma
utilidade é maior que outra. Anteriormente, as preferências eram definidas em termos de
utilidade: dizer que a cesta (x1, x2) era preferível a (y1, y2) significava que X tinha uma
utilidade maior do que Y. No entanto, hoje temos a tendência de ver as coisas de forma
diferente. As preferências do consumidor são a descrição fundamental para analisar a
escolha, e a utilidade é apenas uma forma de descrevê-las.

Como expresso acima, a utilidade de um consumidor é uma função de suas preferências,


ou seja, do que ele ou ela gosta e não gosta. Quanto mais unidades o consumidor comprar
por unidade de tempo, maior será a utilidade total que ele receberá. Entretanto, mesmo
que a utilidade total aumente, a utilidade marginal que o consumidor recebe por cada
unidade adicional adquirida do bem ou serviço, como tendência, diminui.
A utilidade total depende do nível de consumo; muitas vezes, quanto maior o consumo,
maior a utilidade total.
A utilidade total é a satisfação total que um indivíduo obtém com o consumo de
bens e serviços.

De acordo com Bernard Guerrien, para além da diversidade de gostos individuais, existe
uma lei psicológica, segundo a qual a satisfação alcançada através do consumo de um
bem aumenta com o aumento do consumo, mas tal aumento da satisfação ocorre a um
ritmo cada vez mais fraco, de modo que há uma progressiva, mas nunca total, saturação.

Guerrien aponta também que tal "lei psicológica", que para alguns como Jevons é
explicada por razões puramente psicológicas, tem sido chamada a lei da utilidade
marginal decrescente; neste caso a palavra "utilidade" designa a satisfação ou o prazer
alcançado, enquanto o adjetivo "marginal" sublinha o fato de que a utilidade da última
unidade consumida diminui à medida que o consumo aumenta.

Esta mesma fonte também expressa que esta lei não é expressa por uma fórmula clara, ao
contrário do que acontece na física, por exemplo; de tal forma não se especifica a que
ritmo a utilidade marginal diminui enquanto o consumo aumenta, uma vez que este varia
de um indivíduo para outro; contenta-se em dar o sentido de tal variação, que é suposto
ser o mesmo para todos. Ora, o fato de afirmar hipóteses qualitativas - significado da
variação, forma da curva - ao invés de quantitativas expressas em números, é típico da
microeconomia, onde a diversidade e a complexidade tornam problemática qualquer
medida quantitativa.

O facto de a utilidade marginal diminuir à medida que aumenta a quantidade de um bem


consumido é conhecido como a lei da diminuição da utilidade marginal ou simplesmente
a diminuição da utilidade marginal.

Os economistas deram outras classificações à utilidade, entre as quais a utilidade ordinal


e a utilidade cardinal.

A utilidade é considerada ordinal quando as preferências do consumidor têm uma ordem


lógica (hierárquica), e pode ser expressa da seguinte forma: Se X é preferido a Y e Y é
preferido a Z, então X é preferido a Z.

Nota: a afirmação de que X é preferido a Y não requer que você saiba quanto X é preferido
a Y, o mesmo vale para Y e Z ou Z e X.

Mas as preferências humanas nem sempre têm uma ordem lógica, ou seja, seguem uma
lógica não-ordinária e às vezes acontece isso: X é preferido a Y e Y é preferido a Z, no
entanto Z é preferido a X.
A microeconomia baseia-se em modelos para explicar o comportamento a nível
individual, tanto do consumidor como do produtor, e a partir daí para explicar a teoria da
procura e da oferta e com ela o princípio da teoria do mercado. Estes modelos são
baseados na utilidade ordinal sob o pressuposto do consumidor racional que dará uma
ordem lógica às suas preferências. Para os casos em que o consumidor não segue uma
ordem lógica, ou seja, quando a sua escolha se baseia na utilidade cardinal, não existem
modelos económicos que possam ajudar no seu estudo.

O objectivo do consumidor é maximizar o bem-estar ou o prazer que advém do consumo


de um conjunto de bens, dado o seu nível de rendimento e os preços dos diferentes bens
no mercado.

PREFERÊNCIA DO CONSUMIDOR

A teoria económica da escolha do consumidor estabeleceu pressupostos que podem


parecer simplistas; mas que são sem dúvida úteis para assegurar uma acção racional para
prever o comportamento do comprador e, por conseguinte, para representar as suas
preferências.

O comportamento do consumidor é baseado em preferências e oportunidades:


 Que bens ou serviços você quer comprar? (preferências)
 Que bens ou serviços você pode comprar? (oportunidades)

O quadro 2.3 apresenta os pressupostos sobre as preferências dos consumidores em que


se baseia a teoria económica.
O consumidor escolherá a cesta que maximiza a sua utilidade com base nas suas
preferências, rendimentos e preços de bens e serviços.

Realizando uma análise da figura 2.4, que representa no eixo vertical o consumo semanal
de quilos de cordeiro e no eixo horizontal o consumo semanal de quilos de frango. O
cesto A consiste em 6 kg de cordeiro e 7 kg de frango por semana.
Pela hipótese ou propriedade de insaciabilidade sabemos que qualquer cesta localizada
na zona azul sombreada é preferível a A. Por exemplo, a cesta G contendo 7 quilos de
cordeiro e 11 quilos de frango, é preferível a A, pois tem mais de ambos os produtos. Em
contraste, os cestos B e H localizados na área sombreada amarela são menos atraentes
porque contêm menos de ambas as mercadorias do que o cesto A.

Da mesma forma, pela propriedade da transitividade sabemos que se o cesto G é preferível


ao cesto A e o cesto A é preferível ao cesto B e H, então o cesto G é preferível ao cesto
B e H. Entre estes cestos é possível escolher um número infinito de cestos, e uma vez que
a encomenda está completa, ou seja, a encomenda está completa, o comprador pode
decidir qual prefere ou perante o qual é indiferente. Vamos supor que a cesta R, que
contém 5,5 quilos de cordeiro e 8 quilos de frango por semana, é preferida igualmente,
ou seja, é indiferente à cesta A.
O nosso consumidor sente-se compensado se ao tirar meio quilo de cordeiro recebe mais
um quilo de frango, o seu nível de satisfação é o mesmo que ao consumir a cesta A. Desta
forma, podemos encontrar outras cestas, que também são igualmente preferidas à cesta
A. Tomando todas as cestas entre as quais o consumidor é indiferente, podemos construir
a curva de indiferença representada na figura 2.5.

CURVAS DE INDIFERENÇA

Segundo Mochon e Beker, uma abordagem alternativa à teoria das decisões do


consumidor, que não requer uma medida cardinal da utilidade ou exige que a utilidade
marginal seja decrescente, é a que usa "curvas de indiferença".

Estes autores argumentam que esta abordagem pode racionalizar e explicar o


comportamento do consumidor com pressupostos menos rígidos. Só requer que o
consumidor possa encomendar as combinações de bens de forma consistente (o que inclui
a possibilidade de ele ou ela ficar indiferente a várias alternativas). Nesta perspectiva,
explica-se a inclinação decrescente da curva da procura, bem como os factores que fazem
com que a elasticidade ou sensibilidade da quantidade procurada às variações de preço
sejam grandes ou pequenas.

Uma curva de indiferença é o conjunto de todas as combinações ou cestas de


bens que lhes são indiferentes (reportar o mesmo nível de satisfação) a um
consumidor.

Qualquer cesto colocado acima de uma curva de indiferença (suposição de


insaciabilidade), proporciona maior satisfação ao indivíduo. Fazendo o mesmo raciocínio
é possível encontrar outra curva de indiferença que passa pelo cesto P na figura 2.5, e
assim por diante, o que permite formar um mapa de curvas de indiferença como o
representado na figura 2.6. Portanto, cada curva corresponde a um nível de utilidade (U)
ou satisfação para o consumidor e à medida que nos afastamos da origem, isto aumenta.

Um mapa de curvas de indiferença é o conjunto de curvas de indiferença que


resumem a ordenação das preferências de um consumidor.
A Figura 2.6 representando o mapa de curvas de indiferença mostra três curvas para
simplificar a análise. As três curvas de indiferença representadas apresentam uma ordem
ordinal, que segundo Pindyck e Rubinfeld coloca os cestos do mercado em ordem,
começando com os mais preferidos e terminando com os menos preferidos, mas não
indica o quanto um prefere o outro.

Para explicar o anterior, sabe-se que o consumo de qualquer cesta localizada na curva U3
é preferível a qualquer cesta localizada em U2 e qualquer cesta localizada na curva U2 é
preferível a qualquer cesta localizada em U1. Se em cada curva for selecionado um cesto,
na curva U1 o cesto A, na curva U2 o cesto B e na curva U3 o cesto C, não será possível
saber o quanto o cesto C é preferido ao B ou o B ao A, já que o mapa da curva de
indiferença não revela essa informação.

Uma característica importante das curvas de indiferença é a sua inclinação. A inclinação


mede a mudança da variável representada no eixo vertical (variável dependente) à
mudança da variável representada no eixo horizontal (variável independente). A Figura
2.7 mostra a inclinação das diferentes cestas, que é comumente assumida como negativa.
Se a inclinação fosse positiva, à medida que nos afastássemos da origem as cestas teriam
mais de ambas e, tendo em conta o pressuposto da insaciabilidade do consumidor, o
consumidor preferiria as mesmas. Em tal situação, a definição da curva de indiferença,
que implicava que as cestas que lhe pertenciam eram indiferentes, não seria cumprida. A
inclinação da curva de indiferença é normalmente chamada de relação de substituição
marginal.

A Substituição Marginal (RMS) mede a razão na qual o consumidor está disposto


a substituir um bem por outro. RMS é o valor absoluto da inclinação de uma curva
de indiferença.

Do ponto de vista económico, a razão de substituição marginal é o custo de oportunidade


de um bem, pois mostra o quanto de um bem o consumidor tem de desistir para aumentar
o consumo do outro. É determinado pela equação 2.2:

Como pode ser visto na figura 2.7, a razão de substituição marginal diminui à medida que
nos movemos ao longo da curva de indiferença, ou seja, de uma forma decrescente.
A RESTRIÇÃO ORÇAMENTAL

Qualquer indivíduo que deseje adquirir qualquer bem ou serviço enfrenta a dificuldade
de ter um rendimento reduzido em comparação com tudo o que gostaria de ter. Este
problema reflecte-se no preço dos bens ou serviços, que impõe um limite à realidade dos
desejos, consequentemente, a primeira coisa que um potencial consumidor terá em conta
para adquirir um bem ou serviço, será o seu preço.

Vamos supor que Marian é uma consumidora que tem uma renda (I), que ela gasta
inteiramente com frango e cordeiro, não economiza, e não se endivida. Se Qp, Qc
representam as quantidades de carne de frango e de cordeiro, respectivamente, e Pp, Pc,
representam os preços correspondentes, é possível expressar a despesa (G) de Mariana,
tendo em conta que é igual à receita, como mostra a equação 2.2.

Esta equação mostra todas as combinações possíveis de galinha e cordeiro que podem ser
compradas com essa renda e é muitas vezes chamada de restrição ou linha de orçamento.

A restrição orçamental é o conjunto de bens entre os quais um consumidor pode


escolher, dado um rendimento monetário e os preços desses bens.

Se Marian tem um rendimento de 500 euros por semana e decide gastar o rendimento
desta semana com frango e cordeiro e se sabe que um quilo de frango vale 5 euros e um
quilo de cordeiro custa 10 euros, poderíamos traçar a linha de restrição orçamental a partir
da equação 2.2 e chegar à seguinte equação:

Portanto, I/Pc é o encomendado na origem e mostra o quanto Mariana poderia comprar


se gastasse toda sua renda em cordeiro. A fonte abscissa, I/Pp, mostra as quantidades de
frango que você poderia comprar se gastasse todo o seu dinheiro neste tipo de carne. A
inclinação é -Pp/Pc, ou seja, a razão negativa do preço. Esta informação é suficiente para
traçar a linha reta representando a restrição orçamentária (Figura 2.8). Dado o pressuposto
de que Mariana não poupa nem se endivida, só pode aceder às combinações de cordeiro
e frango que estão na linha orçamental (5Qp + 10Qc = 500 ?).

A inclinação da linha orçamental de Mariana para os dois produtos no cenário é de 0,5,


dado que o preço do frango é de 5 euros e o do cordeiro de 10 euros Pp/Pc = 5/10 = 0,5.

A quantidade máxima de carne de cordeiro (Qc) que a Marian pode comprar é de 50


quilos e a quantidade máxima de carne de frango Qp é de 100 quilos.
A inclinação da restrição orçamental é tomada em valores absolutos e mostra a
razão pela qual o consumidor pode substituir um bem por outro.

No exemplo Pp/PC= 0,5, desta forma diríamos que para comprar mais um quilograma de
frango a Marian deve desistir de meio quilograma de carne de cordeiro. Caso contrário,
se Marian quiser comprar um quilograma extra de cordeiro, terá de prescindir de dois
quilos de frango.

Se os preços da carne de cordeiro e de frango duplicarem, a proporção permanece


inalterada e, portanto, a inclinação não muda. Se o rendimento do consumidor também
duplicasse, a nova restrição orçamental seria a seguinte:

Se fossemos representar graficamente a nova restrição orçamental, veríamos que ela é


idêntica à original. É natural que, se os preços e os rendimentos aumentam na mesma
proporção, o seu comportamento não seja alterado. Estes aumentos proporcionais não são
frequentes na vida real.

Embora as receitas pudessem aumentar numa proporção maior do que os preços, como
regra geral ocorre o contrário, numa proporção menor do que os preços, também o poderia
fazer na mesma proporção, mas não ao mesmo tempo, de modo que as magnitudes
relativas seriam alteradas, provocando alterações na restrição orçamental.
As alterações na restrição orçamental são causadas por alterações na renda dos
consumidores e/ou nos preços dos produtos ou serviços.

Em outras palavras, para que ocorram mudanças na restrição orçamentária, a renda, os


preços ou ambos devem mudar, mas em proporções diferentes. Vejamos, por exemplo, o
que acontece com a rubrica orçamental se esta duplicar o preço da carne de frango e o
resto da informação se mantiver inalterado.

Como pode ser visto na Figura 2.9, as quantidades de carne de cordeiro permanecem
inalteradas, uma vez que não houve alteração na renda de Marian, nem no preço da carne
de cordeiro, se Marian gastasse todo o seu dinheiro em carne de cordeiro ela poderia
comprar a mesma quantidade (50 quilos por semana). No entanto, a carne de frango
diminuiu à medida que o preço duplicou, o que significa que se Marian gastasse toda a
sua renda em carne de frango, já não poderia consumir 100 quilos por semana, mas apenas
metade (50 quilos) do que consumia anteriormente. A inclinação, por outro lado, aumenta
Pp/Pc = 10/10=1, pois o custo de oportunidade de um bem aumenta em relação ao outro.

O mercado indica que Marian deve abrir mão de um quilograma de carne de frango, se
ela quiser consumir um quilograma adicional de carne de cordeiro.
Se a renda aumenta e os preços permanecem constantes, o movimento da restrição
orçamentária é como mostrado na Figura 2.10. Se o consumidor gastasse toda a sua renda
em carne de cordeiro ou frango poderia comprar uma quantia maior, então a restrição
orçamentária se desloca para a direita. Uma vez que os preços relativos não foram
alterados, esta mudança é paralela, pelo que se mantém a mesma inclinação, ou seja, uma
variação na renda altera a ordenada na origem da rubrica orçamental, mas não altera a
inclinação, uma vez que os preços do frango e do cordeiro permanecem inalterados.

A ESCOLHA DO CONSUMIDOR

Depois de analisar o que o consumidor quer, através das curvas de indiferença, e o que
ele pode através da restrição orçamental, você está em condições de descobrir como o
consumidor decide a quantia que vai comprar de cada bem.

Continuando com o exemplo, na figura 2.11 o mapa da curva de indiferença e a linha reta
ou restrição orçamentária são sobrepostos. Agora é necessário encontrar a combinação de
cordeiro e galinha para a qual Marian tem a maior preferência.
Primeiro, você tem a combinação representada pelo ponto A. Como mostrado na Figura
2.11, esta cesta pertence à curva de indiferença U1, mas estar abaixo da restrição
orçamentária implicaria que Marian não gasta toda a sua renda e nós assumimos que
Marian gasta toda a sua renda em cordeiro e galinha.

Portanto, Marian pode consumir as combinações E, F, C, G e H, e gastaria toda a sua


renda. As cestas E e H pertencem à curva de indiferença U1, as cestas G e H pertencem
à curva de indiferença U2 e a cesta C pertence à curva de indiferença superior (U3), que
é mais útil para Marian (nosso consumidor).

Como pode ser visto na Figura 2.11, a cesta D, que corresponde à curva de indiferença
U4, representa um maior nível de satisfação, mas não pode ser comprada com renda
disponível, pois está acima de sua restrição orçamentária.

Consequentemente, a cesta C é a combinação ideal de cordeiro e frango para Marian,


porque com ela obtém a máxima satisfação que ela pode pagar.

Como mostrado na Figura 2.11, a curva de indiferença U3 e a linha orçamental são


tangentes no ponto C, por isso têm a mesma inclinação nesse ponto.

ELASTICIDADES
As curvas de demanda fornecem informações muito relevantes sobre o comportamento
do consumidor. Geralmente são obtidos indicadores que procuram refletir a resposta do
indivíduo às variações do ambiente econômico. As principais variações analisadas são as
do preço do próprio bem, do preço dos outros bens e dos rendimentos. Para cada um deles,
podemos definir uma elasticidade. Elasticidade é um conceito econômico introduzido por
Marshall, originado na física, para medir a variação experimentada por uma variável ao
mudar outra. Para raciocinar o conceito econômico de elasticidade é necessário partir da
presença de duas variáveis, entre as quais existe uma certa dependência, por exemplo o
número de casas vendidas e o preço das casas. Neste exemplo, a elasticidade mede a
sensibilidade do número de casas vendidas à variação de preços.

É por isso que a elasticidade pode ser definida como a variação percentual de uma variável
X em relação a uma variável Y. Se a variação percentual da variável dependente Y for
maior que a da variável independente X, diz-se que a relação é elástica, já que a variável
dependente Y varia em maior quantidade que a da variável X. Pelo contrário, se a variação
percentual da variável X for maior que a da variável Y, a relação é inelástica.

Elasticidade é um dos conceitos mais importantes utilizados na teoria econômica. É


utilizado no estudo da procura e dos diferentes tipos de bens que existem na teoria do
consumo. É também importante na análise da distribuição do bem-estar, em particular, o
excedente do consumidor e o excedente do produtor.

Elasticidade é uma relação que expressa a variação percentual de uma variável, que
colocamos no numerador, em relação a outra (denominador). Ou seja, mede a intensidade
da dependência entre as duas variáveis mencionadas.

Há numerosas medidas de elasticidade na teoria econômica, embora a mais conhecida


delas seja a elasticidade do preço da demanda (também chamada de elasticidade da
demanda, Ed). É uma medida da intensidade com que os compradores respondem às
mudanças de preços.

A Elasticidade da Demanda (Ed) é definida como a variação percentual da quantidade


demandada em face de uma variação percentual no preço.

Esta elasticidade mede a variação na quantidade demandada diante de uma mudança no


preço. É calculado dividindo a variação percentual da quantidade exigida pela variação
percentual do preço.

Diz-se que sim:

 Se Ed > 1, a demanda é elástica. O consumidor reage fortemente às mudanças de


preço.
 Se Ed < 1, a procura é inelástica. O preço não é decisivo na quantidade consumida
ou procurada.
 Se Ed = 1, a demanda tem elasticidade unitária. A quantidade demandada
diminuirá na mesma proporção que os aumentos de preço.

A procura de um bem é inelástica se a quantidade procurada responder muito ligeiramente


a uma variação de preço e elástica se a quantidade procurada variar significativamente a
uma variação de preço.
Dada a inclinação negativa da curva da demanda, um aumento dos preços provocará
diminuições na quantidade procurada e vice-versa. Portanto, o valor que a elasticidade do
preço da procura assume será sempre negativo. Neste caso, o sinal não é relevante para a
análise do comportamento do consumidor, mas apenas o valor é relevante (quanto mais
alto, mais elástica será a demanda em relação ao preço). Portanto, o resultado do
quociente é sempre tomado no seu valor absoluto.

EXEMPLO:
A procura de bolas de futebol é considerada. A um preço de 900,00 kz, 12.000 bolas
estão em demanda. Se o preço subir para 1150,00 kz, a quantidade procurada cai para
10 000 unidades.

A variação percentual do preço foi de 27,78%, enquanto a variação percentual da


quantidade demandada foi de -16,67%. A elasticidade do preço da procura de bolas de
futebol é de 0,6 (-16,67% / 27,78%; a elasticidade é expressa como um sinal positivo
mesmo que o resultado da operação aritmética seja negativo).

Fatores que determinam se uma demanda é elástica ou inelástica:

1. Bens necessários versus bens de luxo: os bens necessários são frequentemente


inelásticos na procura. Sua demanda flutua pouco diante das variações de preço (as
pessoas continuarão a comprar esse bem porque precisam dele).

Por exemplo, o sal é um bem necessário e apresenta uma demanda muito inelástica.
Mesmo que o preço suba ou desça, a grande maioria das famílias continuará a comprar a
mesma quantidade de sal.
Pelo contrário, a procura de bens de luxo é normalmente muito elástica. Como os bens
não são necessários, o consumidor pode passar sem eles em qualquer momento. Isto
determina que a sua procura reage fortemente às alterações de preços.
Por exemplo, cruzeiros de lazer. Se o seu preço subir consideravelmente muitas pessoas
vão desistir e procurar um tipo alternativo de férias. Por outro lado, se o seu preço cair, a
procura dispara.

2. Existência ou não de substitutos próximos: se existirem substitutos próximos, a procura


tenderá a ser mais elástica face a uma mudança de preço, e muitos consumidores já
comprarão o substituto, face a uma subida ou descida dos preços.

Por exemplo, o azeite de oliva tem um substituto próximo que é o óleo de girassol. Se o
preço do azeite subir consideravelmente, muitos consumidores comprarão óleo de
girassol. Quando não há substitutos próximos, a procura é normalmente mais inelástica.

3. Horizonte temporal: os bens tendem a ter uma procura mais elástica quando um
horizonte temporal mais longo é analisado.

Por exemplo, se o preço da gasolina aumentar (dentro de certos limites) o consumidor


terá que continuar enchendo o tanque do seu veículo para que a quantidade exigida não
sofra uma grande variação no curto prazo.
A longo prazo, a situação vai mudar, pois muitos consumidores vão escolher um carro
com motor diesel ao renovar o seu carro, o que levará a uma queda na procura de gasolina.

EFEITO RENDIMENTO - EFEITO SUBSTITUIÇÃO

As pessoas tendem a redirecionar seus padrões de consumo de acordo com os preços e


substituir bens ou serviços que se tornaram mais caros por outros mais econômicos,
tentando obter o nível desejado de satisfação com o menor custo possível.

O efeito de substituição é o factor mais relevante para explicar a inclinação descendente


da curva da procura. Se, por exemplo, o preço da carne de frango for reduzido, enquanto
os preços de outros bens (cordeiro, peixe, entre outros) permanecerem inalterados, os
consumidores tenderão a exigir mais carne de frango. Esta situação é caracterizada por
um movimento ao longo da curva de indiferença. A Figura 2.16 mostra o movimento
através da curva do ponto A ao ponto B.

O efeito de substituição indica que quando o preço de um bem aumenta, os


consumidores tendem a substituí-lo por outros mais baratos, com o objectivo de
obter a satisfação desejada ao menor custo possível.

Se o rendimento do consumidor permanecer inalterado, então um aumento no preço de


qualquer bem ou serviço exigido pelo consumidor representa uma redução no seu
rendimento real, ou seja, uma diminuição dos bens e serviços que ele pode adquirir com
o rendimento que tem; portanto, é provável que ele adquira uma quantidade menor de
quase todos os bens, incluindo aquele cujo preço aumentou.

O efeito da renda indica o impacto que uma mudança no preço tem sobre a
quantidade demandada de um bem ou serviço, devido à variação na renda real do
consumidor.

O efeito rendimento refere-se à redução do rendimento real, causado pelo aumento dos
preços quando o rendimento monetário (o rendimento) do indivíduo permanece fixo.
Geralmente, a redução da renda real estimula a redução do consumo, de modo que o efeito
renda normalmente reforça o efeito substituição, fazendo a curva de demanda inclinar-se
para baixo.

Na figura 2.16 a rubrica orçamental inicial é RS e existem dois activos: borrego e frango.
Neste caso, o indivíduo maximiza o lucro escolhendo a cesta de mercado localizada em
A, onde ele atinge o nível de lucro correspondente à curva de indiferença U1. Se o preço
do frango cair, a linha orçamental irá rodar para a linha RT. Neste caso, o consumidor
escolhe a cesta de mercado localizada no ponto C da curva de indiferença U2. Sabe-se
pelas preferências reveladas que a cesta localizada em C é a preferida em relação à cesta
localizada em B. Portanto, a redução no preço do frango permite ao consumidor aumentar
o seu nível de satisfação: o seu poder de compra (rendimento real) aumentou.

Uma abordagem quantitativa do efeito renda é obtida a partir da elasticidade da renda.

A elasticidade da renda é o quociente entre a variação percentual da quantidade


demandada e a variação percentual da renda, no pressuposto de que as outras variáveis,
como os preços, permanecem constantes.

A elasticidade de renda da demanda mede a magnitude da variação da quantidade


demandada diante de uma variação na renda do consumidor.

A mercadoria é classificada em:

 Normal: têm elasticidade positiva de rendimento (um aumento do rendimento leva


a um aumento da procura do bem).

 Menor: eles têm elasticidade negativa de renda (um aumento na renda causa uma
diminuição na demanda pelo bem).
EXEMPLOS:
Um bem inferior pode ser um produto alimentar de má qualidade: quando a renda
aumenta, o consumidor o substitui por um bem de qualidade superior, em vez de
comprar mais dele.

Os bens necessários têm geralmente uma elasticidade de baixo rendimento. O


consumidor tende a comprar a quantia de que necessita, independentemente de o
seu rendimento subir ou descer.

Os bens de luxo tendem a ter uma elevada elasticidade de rendimento: a sua procura
varia consideravelmente quando confrontados com variações no rendimento dos
consumidores.

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