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ANÁLISE ECONÓMICA

AULA 8
LUBANGO/2020
YNDIRA LOPES
TEORIA DO CONSUMIDOR

Como estudamos nas aulas passadas, o mecanismo do mercado está em função


da demanda e da oferta.

A função oferta depende do comportamento do produtor.

Já a função demanda se fundamenta no comportamento do consumidor.

O problema básico da Teoria do Comportamento Consumidor consiste em


entender como obter a maior satisfação possível com a aquisição de um
conjunto de bens e serviços sujeitos à limitação imposta pela renda
disponível.
A teoria do comportamento do consumidor parte do principio
de que o valor depende da utilidade, isto é, da avaliação
subjetiva que o consumidor atribui às diversas mercadorias.

Ela se divide em dois: a teoria da utilidade cardinal, a teoria


da utilidade ordinal.

Elas serão abordadas seguindo a história do pensamento


económico.
TEORIA DA UTILIDADE CARDINAL
A teoria da utilidade cardinal conceitua a utilidade como a capacidade
de um determinado bem de satisfazer desejos e necessidades
humanas.

Parte das seguintes hipóteses neoclássicas:

1. O consumidor é racional e tem conhecimento perfeito de suas


preferências e condições do mercado; busca a maximização de sua
utilidade tendo como limitação o nível de renda.

Isso equivale a dizer que o consumidor está sempre buscando o máximo


benefício com o mínimo de esforço. Esse é um princípio inerente ao ser
humano.
Isso é um reducionismo. Sabemos que muitas de nossas decisões como
consumidores são espontâneas e se fundamentam em rotina o
procedimentos irracionais.

Não avaliamos sistematicamente todas as opções possíveis de


consumo e temos informações e conhecimentos limitados que
dificultam a otimização da utilidade.

Porém, sempre pagamos caro por esse comportamento irracional.

A permanência do consumidor no mercado implica a aceitação da


hipótese.
2. A satisfação obtida ao consumir um conjunto de bens e serviços
pode ser medida e expressa por uma função de utilidade.
O consumidor pode dar valores para medir a satisfação, a utilidade
auferida pelo consumo de determinada quantidade de um produto,
partindo do princípio que ele valoriza mais aquilo que lhe traz mais
prazer e estaria disposto a pagar mais por algo que tenha maior
utilidade.
O Consumidor pode mensurar a utilidade total somando as utilidades
associadas a cada produto consumido.
Isto é: U=U1(X1)+U2(X2) + .....+Un(Xn).
3. Acréscimos no consumo de um determinado produto geram,
coeteris paribus, aumentos decrescentes na utilidade total.
Isso implica matematicamente que a utilidade marginal (taxa de
variação instantânea = derivada da Utilidade total) é decrescente
e pode chegar a zero.
EXEMPLO

Se, num dia, damos uma barra de chocolate a uma criança


provavelmente a barra lhe trará uma satisfação, um prazer muito
grande, gerando uma grande utilidade.
Se, em seguida, damos uma segunda barra de chocolate, a
utilidade total será maior. A utilidade total representa a soma da
utilidade proporcionada pela primeira mais a utilidade
adicionada pela segunda. Porém, essa segunda unidade será
recebida provavelmente com menos entusiasmo com que foi
recebida a primeira barra.
A terceira barra tornará a satisfação total ainda maior, mas a
utilidade acrescentada por esta última possivelmente será menor
que a anterior.
Se formos aumentando o número de barras de chocolate
chegaremos ao ponto em que uma unidade adicional de
chocolate representará para a criança um beneficio tão
pequeno que para ele será quase indiferente receber ou não
essa barra adicional.
Isso acontece porque ao consumir chocolate até a saciedade,
este deixa de ser para a criança um produto escasso,
desejado.
A TEORIA DA UTILIDADE CARDINAL

A Figura 1 ilustra o expresso.


A altura de cada coluna indica o valor
dado à utilidade total do consumo das
barras de chocolate.
O trecho mais escuro das colunas indica
quanto foi acrescendo a utilidade total
pela última barra consumida.
Esse acréscimo à utilidade total decorrente
de um aumento de uma unidade no
consumo do bem é chamado utilidade
marginal, e algebricamente numa
função contínua é representada como,
A utilidade marginal é decrescente
ΔU U
UMgi    ou seja, a inclinação à medida que aumenta a
Δqi q i
quantidade consumida.
da tangente da curva contínua Utilidade Total.
A TEORIA DA UTILIDADE CARDINAL

Comportamentos semelhantes devem ser


esperados para a utilidade total e
utilidade marginal de outros produtos.
Pode surgir um ponto de saturação - ou
seja, uma quantidade X a partir da qual
uma unidade adicional não representa
benefícios adicionais - não aumenta o
prazer, a utilidade total.
Neste ponto, a inclinação da curva
utilidade e, portanto, o valor da utilidade
marginal será zero.
A TEORIA DA UTILIDADE CARDINAL

É fácil notar que a utilidade total do


consumo de uma barra de chocolate é
igual à utilidade marginal da primeira
barra; que a utilidade total do consumo
de duas barras de chocolate é igual à
soma da utilidade marginal da primeira
barra mais a utilidade marginal da
segunda; e assim por diante.
Portanto, a relação entre a utilidade
marginal e a utilidade total pode ser
expressa:
n
U(n)= UMg (i)
1
A TEORIA DA UTILIDADE CARDINAL

Se quisermos saber qual será a utilidade


total do consumo de três barras de
chocolate, por exemplo, basta somar
o valor das três primeiras barras da 1ª
Figura.
Analogamente, representando a
utilidade marginal em um gráfico de
linha suaves e contínua, a utilidade
total do consumo de uma quantidade
q0 será dada pela área sob a curva
de utilidade marginal até a
quantidade q0, conforme vemos na 2ª
Figura.
A TEORIA DA UTILIDADE CARDINAL

Imaginemos agora que a satisfação ou a utilidade percebida


pelo consumidor, ao adquirir uma mercadoria, possa ser
avaliada monetariamente.
Partamos do princípio que as pessoas valorizam mais aquilo
que lhe traz mais utilidade e estariam dispostas a pagar
mais por algo que tenha maior utilidade.
A TEORIA DA UTILIDADE CARDINAL

 Se a primeira barra de chocolate acrescenta mais


utilidade que todas as outras, a criança estará disposta a
pagar um preço maior por essa barra, digamos R$ 4,00.
 Como a segunda barra é a que acrescenta, depois da
primeira, a maior utilidade à utilidade total, então, o preço
máximo que a criança estará disposta a pagar pela
segunda barra deve ser menor que o preço máximo da
primeira e maior que o preço máximo que estaria disposta
a pagar pela terceira unidade adicional. Suponhamos que
o preço máximo que está disposto a pagar pela segunda
barra de chocolate seja R$ 3,00.
 Do mesmo modo, o preço máximo que a criança está
disposta a pagar pela terceira barra é menor que pela
segunda e maior que o preço máximo que estará disposta
a pagar pela quarta barra adicional, e assim por diante.
PREÇO MARGINAL DE RESERVA
Esse preço máximo que o consumidor está disposto a pagar por uma unidade adicional
da mercadoria é chamado de Preço marginal de reserva.
Ele é tanto maior quanto maior for a utilidade acrescentada por uma unidade adicional,
ou seja, quando maior for a utilidade marginal.
Em outras palavras, o preço marginal de reservas é a expressão monetária da utilidade
marginal.
A Figura ilustra os níveis de preços marginais de reserva em função da quantidade
consumida de chocolate.
5
Preço marginal de

4
reserva

3
2
1
0
1 2 3 4
Quantidade
PREÇO MARGINAL DE RESERVA

Imaginemos agora que a barra de chocolate seja vendida no


mercado pelo preço de R$ 1,50.
Com esse preço, nossa criança, tendo dinheiro, provavelmente
comprará a primeira barra, pois o preço máximo que ela está
disposta a pagar por essa barra (R$ 4,00) é superior.
Por uma segunda e por uma terceira, a criança pagaria até R$
3,00 e R$ 2,00, respectivamente.
Portanto, ela compraria também essas duas barras.
Por uma quarta barra, entretanto, a criança só pagaria R$ 1,00.
Como esse preço é inferior ao preço de mercado, ela não
compraria a quarta barra.
A TEORIA DA UTILIDADE CARDINAL

Semelhantemente, deve ser esperado que qualquer consumidor


comprará apenas as quantidades de mercadoria que tiverem
seu preço marginal de reserva superior ou igual a seu preço
de mercado:
PMg de reserva ≥ P de mercado
Portanto, a quantidade adquirida pelo consumidor será aquela
que iguala o preço marginal de reserva ao preço praticado
pelo mercado.
A TEORIA DA UTILIDADE CARDINAL

Como ilustra a Figura, se o preço


for P0, a quantidade consumida
será q0, pois o preço marginal de
reserva, (isto é, o preço máximo
que o consumidor está disposto
a pagar pela última unidade
consumida), é igual a p0 para
todas as unidades consumidas.
A TEORIA DA UTILIDADE CARDINAL

Se o preço marginal de reserva for


superior ao preço praticado no
mercado, o consumidor pode
comprar unidades adicionais da
mercadoria.
A TEORIA DA UTILIDADE CARDINAL

Se uma variação do preço torna o


preço marginal de reserva
inferior ao do mercado, então,
isso indicará que o consumidor
está pagando pelas últimas
unidades consumidas mais do
que o máximo que ele estaria
disposto a pagar por elas.
Portanto, o consumidor estará
sendo estimulado a reduzir o
consumo da mercadoria.
A TEORIA DA UTILIDADE CARDINAL

Quando o preço marginal de


reserva for exatamente igual ao
preço de mercado, o
consumidor não terá incentivo
nem para aumentar nem para
reduzir seu consumo, pois ele já
está comprando todas as
unidades por um preço menor
ou igual ao que estaria disposto
a pagar.
Por isso se diz que, nesse ponto, o
Portanto, a curva
consumidor atingiu o seu representada na Figura nada
equilíbrio mais é que a curva de
demanda do consumidor.
A TEORIA DA UTILIDADE CARDINAL
Na tabela, calcula-se o excedente do consumidor decorrente do
consumo das barras de chocolate.
Percebe-se que o excedente do consumidor total é 4,50, que
representa o benefício ou vantagem líquida que a criança obtém ao
consumiras três barras de chocolate.

Preço marginal de
Esses resultados são ilustrados 4

reserva
também na Figura. 3

A área escura acima do preço 2


1
representa o excedente do
consumidor gerado pelas barras de
0
1 2 3 4
chocolates consumidas.
Quantidade
A TEORIA DA UTILIDADE CARDINAL

Até aqui vimos a utilidade atribuída a uma mercadoria.


Agora passamos a ver como o consumidor, para maximizar sua
satisfação, dispondo de uma renda limitada e defrontando-se com
uma oferta variada de bens e serviços, escolhe e ordena suas
preferências.
Para entender melhor utilizemos um exemplos numéricos. Suponhamos
que o consumidor dispõe de uma renda de R$ 6,00 e que existem
apenas dois produtos no mercado: laranjas e maçãs, ambos a R$ 1,00.
Consequentemente, o consumidor tem as seguintes alternativas.
A TEORIA DA UTILIDADE CARDINAL

A escolha do consumidor racional seria a alternativa E, já que desta


forma seria alcançada a máxima utilidade. A satisfação total é 63.
Nesta alternativa o último real gasto com 4ª laranja proporciona a
mesma satisfação que o ultimo real gasto com 2ª maçã.
A utilidade marginal da 4ª laranja (Umg=5) é igual à utilidade
marginal da 2ª maçã (Umg=5).
Admita-se, por exemplo, que o consumidor tivesse escolhido a alternativa D.
Neste caso, verifica-se que o último real gasto com a 3ª laranja
acrescenta uma satisfação maior que o último real gasto com a 3ª maçã.
Como a utilidade marginal da última laranja é maior que a utilidade
marginal da última maçã compensa aumentar o número de laranja e
reduzir o de maçã, já que o ganho marginal da laranja de 5 é superior a
custo marginal de 3 (perda da utilidade marginal da 3ª maçã).
O consumidor tem um ganho líquido de 2=5-3 acrescentado à utilidade
total, passa de 61 para 63.
Admitamos, que o consumidor disponha de R$ 10,00 e se defronta com
opções entre alimentação e vestimenta, cujos preços unitários são de R$
1,00 e R$ 2,00 respectivamente. Os dados correspondentes das utilidades -
total e marginal- são registrados na Tabela.
Aqui a combinação que maximiza a utilidade total é a alternativa E: 4
unidades de alimento a um custo de R$ 4,00 e 3 unidades de vestimenta
a um custo de R$ 6,00.
Daí, um custo total de R$ 10,00 e uma utilidade de 210
RESTRIÇÃO ORÇAMENTAL

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