Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Comportamento do Consumidor
4
5.1 Preferências do consumidor
Questão: Que se pode afirmar, quanto à relação de preferência, quando se compara uma
qualquer combinação na figura ao lado com a combinação A?
- Combinações de quantidades alternativas dos dois bens X e Y que são preferidas à
combinação A.
- Combinações face às quais A é preferida.
D B
B f A
A
A f C
C E
5
5.1 Preferências do consumidor
Uma combinação de dois bens significa: uma dada quantidade do bem X e uma dada
quantidade do bem Y.
Curva de indiferença: lugar geométrico das combinações de dois bens que proporcionam
ao consumidor uma dada utilidade total (i.e., uma utilidade total igual).
3. Quanto mais afastada da origem está uma CI, maior é o grau de satisfação que
representa.
Uma curva de indiferença mais afastada da origem significa que o consumidor tem mais
de um ou dos dois bens. De acordo com o postulado da monotonicidade, o consumidor
prefere sempre mais a menos. Consequentemente, quanto mais o consumidor tem de,
pelo menos um dos bens, maior a sua utilidade total.
Consideremos dois pontos sobre uma dada CI. Cada um desses pontos representa uma
combinação de bens X e Y. Assim, a TMS de Y por X quando calculada entre dois
pontos sobre uma curva de indiferença é a seguinte:
∆Y
TMS XY =
∆X
Com a distância entre as sucessivas combinações a tender para zero, vem:
dY
TMS XY =
dX
dY
A TMS XY = representa a inclinação, em valor absoluto, da curva de
dX indiferença nesse ponto.
9
5.1 Preferências do consumidor
Dito de outro modo, a inclinação, em valor absoluto, diminui ao longo de uma curva de
indiferença convexa relativamente à origem, da esquerda para a direita.
10
5.1 Preferências do consumidor
O consumidor está disposto a trocar sempre um bem pelo outro na mesma razão,
independentemente da combinação de partida de que ele dispõe. Assim, qualquer que
seja o ponto da CI que se considere, a TMS de Y por X é constante.
11
5.1 Preferências do consumidor
Não há qualquer grau de substituibilidade entre os dois bens. O consumidor não está
disposto a abdicar de Y para ter mais de X (porque assim a utilidade total reduzir-se-ia).
- TMS XY infinita :
no caso de combinações
no segmento vertical da CI.
X
12
5.1 Preferências do consumidor
Como consequência, neste caso, para um dado montante de dinheiro que se considere
(linha a tracejado), quanto maior a grandeza da poluição a que o consumidor está sujeito,
menor será a sua utilidade total.
.
13
5.1 Preferências do consumidor
X
.
14
5.1 Preferências do consumidor
espaço espaço
interior interior
CI 1
. CI 2
aceleração aceleração
15
5.1 Preferências do consumidor
Contudo: Pode ser muito difícil ao consumidor, senão mesmo impossível, atribuir uma
grandeza numérica (i.e., medir) à utilidade ou satisfação obtida no consumo de uma certa
quantidade de um bem, ou de um certo cabaz de bens. E, mesmo se se admitisse que a
utilidade seria mensurável pelo consumidor, essa medida não seria observável.
16
5.1 Preferências do consumidor
Considera-se, em alternativa, que a utilidade dos bens é atribuída de acordo com uma
classificação ou ordenação dessas utilidades. Suponha-se que o consumidor está
perante duas combinações alternativas de bens, em que cada uma dessas combinações
consiste em:
- uma certa quantidade do bem X mais uma certa quantidade do bem Y , ou
- um cabaz de bens, composto de certas quantidades de certos bens ( X, Y, Z, 1).
O que é importante para o consumidor saber, quando considera várias combinações
alternativas de bens no consumo, não é qual a medida da utilidade de cada uma dessas
combinações.
O que é importante para o consumidor, quando considera duas combinações alternativas
de bens, é qual a melhor combinação de bens no consumo, ou seja, é estabelecer entre
essas combinações alternativas de bens uma ordem de preferência.
17
5.1 Preferências do consumidor
Função de utilidade, U(A), atribui um valor numérico à satisfação ou utilidade total obtida
no consumo de cada uma das combinações de bens, tal que:
A f B ⇔ U(A) > U(B)
A ~ B ⇔ U(A) = U(B).
18
5.1 Preferências do consumidor
À medida que se consome uma quantidade maior de um bem, a utilidade de cada unidade
adicional consumida desse bem diminui - Lei da Utilidade Marginal Decrescente.
Exemplo: U (X,Y) U Mg X
U ( X ,Y ) = XY
X 19
X
5.1 Preferências do consumidor
Consideremos uma dada CI. Então, ao longo desta CI, quanto mais se tem do bem X e
menos do bem Y, menor é a UMgX e maior a UMgY.
Questão: Qual a relação entre as grandezas da utilidade marginal dos dois bens X e Y,
ao longo de uma certa CI ? Vejamos:
∆U = ∆X UMg X + ∆Y UMgY
0 = ∆ X UMg X + ∆ Y UMg Y
∆Y UmgX
=
∆X UmgY
.
20
5.1 Preferências do consumidor
À medida que nos deslocamos ao longo de uma curva de indiferença, da esquerda para
a direita:
- a quantidade consumida do bem X aumenta e a do bem Y diminui,
- a UMgX diminui e a UMgY aumenta.
dY UmgX
TMS XY = =
dX UmgY
a TMS Y pode ser interpretada como um rácio de utilidades marginais de dois bens, à
X
medida que o consumidor escolhe combinações alternativas ao longo de uma dada curva
de indiferença.
Y
a TMS X diminui à medida que nos deslocamos ao longo de uma dada curva de
indiferença, da esquerda para a direita, como já tínhamos concluído anteriormente.
21
5.2 Restrição orçamental
Nota: Estes elementos são aqui considerados como informação que este consumidor
obtém do mercado; como vimos no capítulo 2, é na articulação entre os vários mercados
descentralizados que se vai produzir um sistema de preços; e é também através da
participação do consumidor nos mercados que se vai gerar o valor do seu rendimento.
R ≥ PX X + PY Y R/PY
Despesa total: PX X + PY Y
PX X: despesa no bem X
PY Y: despesa no bem Y
X
R/Px
Conjunto das possibilidades de consumo, dados Px , Py e R 22
5.2 Restrição orçamental
R ≥ PX X + PY Y ⇔ Y ≤
R − PX X
PY PY
Traduz a quantidade máxima de Y que é possível consumir para cada quantidade
consumida do bem X, dados: - o rendimento do consumidor: R
- o preço relativo dos dois bens X e Y : PX / PY .
Admite-se que todo o rendimento é utilizado no consumo dos dois bens considerados.
Pela propriedade da monotonicidade, o consumidor racional vai usar o rendimento todo na
aquisição de bens. Explicação: Esta análise é estática e considera somente o período
atual. Estamos a construir instrumentos analíticos e para isso fazem-se simplificações. O
estudo de decisões de aplicação de recursos entre hoje e datas futuras será realizado
noutras disciplinas.
Vamos então considerar a restrição orçamental do consumidor, para efeito da sua tomada
de decisão de consumo atual. Supondo, então, que todo o rendimento é utilizado no
consumo de bens, admitimos também que, na sua escolha de consumo, o consumidor
não desperdiça os bens adquiridos, ou seja, utiliza-os no consumo.
R PX
R = PX X + PY Y Y = − X
PY PY
A reta orçamental é o lugar geométrico das combinações dos dois bens que igualam a
despesa total ao rendimento do consumidor, dados os preços de mercado dos bens.
dY PX
O valor absoluto do declive é: =
dX PY
Na expressão analítica da reta orçamental, temos que o valor absoluto do declive tem o
significado de preço relativo do bem X em termos do bem Y.
Y
R/PY
.
R/Px 24
X
5.2 Restrição orçamental
dY PX
= = preço relativo do bem X expresso em termos do bemY
dX PY
Esta expressão representa a razão de troca em termos de quantidades, em concreto, a
quantidade do bem Y que o consumidor tem de dar na troca no mercado para adquirir
uma unidade adicional do bem X, mantendo-se constante a despesa total gasta nos
dois bens.
dY PX
Dito de outro modo, = representa o custo de oportunidade marginal
dX PY do bem X expresso em unidades do bem Y.
25
5.2 Restrição orçamental
R = PX X + PY Y ⇔ 80 = X + 2 Y ⇔ Y = 40 − 0,5 X
│ dY │ = PX
dX PY
ou seja: │ − 0,5 │ = 1u .m .
2 u .m .
Para obter uma unidade adicional de X, o consumidor tem que dar na troca o equivalente
a 0,5 unidades de Y, mantendo constante a despesa total.
Ou seja, o custo de oportunidade de obter uma unidade adicional de X é igual a 0,5
unidades de Y.
Porquê? Uma unidade de X custa 1 u.m. e uma unidade de Y custa 2 u.m.
26
5.2 Restrição orçamental
A restrição orçamental depende do rendimento e dos preços dos dois bens. Se algum ou
alguns destes fatores se alterar, de que forma isso afeta a restrição orçamental?
27
5.2 Restrição orçamental
# Px ’ = t Px
Py ’ = t Py t>0.
No caso de os preços monetários dos dois bens se alterarem na mesma proporção, a reta
orçamental sofre uma deslocação paralela:
- para a direita se se tratar de uma diminuição (aumento do poder de compra do
consumidor),
- para a esquerda se se tratar de um aumento (diminuição do poder de compra do
consumidor).
# Px ’ = t Px
Py ’ = t Py
R’ =tR t>0.
No caso de, quer os preços monetários dos dois bens, quer o rendimento monetário se
alterarem na mesma proporção, a reta orçamental não se altera.
Ou seja, o poder de compra do consumidor não se altera neste caso, quer na aquisição do
bem X, quer na aquisição do bem Y, quer na aquisição de qualquer combinação sobre a
reta orçamental.
28
5.3 Decisão ótima do consumidor
Max U (X,Y) s. a. R = Px X + Py Y
(X,Y)
. 29
5.3 Decisão ótima do consumidor
TMS XY
PX
= B
PY
R PX
Y = − X A
PY PY D
C
O problema é representado
na Figura ao lado:
X
Geometricamente, observa-se que a combinação de bens (X,Y), representada no ponto A,
é o ótimo do consumidor, dados as preferências do consumidor, o rendimento do
consumidor e o preço relativo dos bens no mercado.
TMS XY =
P X
PY
30
5.3 Decisão ótima do consumidor
Em resumo:
Vimos que, por definição de curva de indiferença, ao longo de uma curva de indiferença
∆U = 0. Donde resulta:
dY UmgX
TMS XY = | | =
dX UmgY
dY PX
Vimos que, sobre a restrição orçamental, temos por definição que: | | =
dX PY
Vimos ainda que, no ótimo do consumidor, se verifica a seguinte condição:
Y PX
TMS X =
PY
Conclui-se então que, no ótimo do consumidor, se observa a seguinte equivalência:
Nota: No caso de indivisibilidade de um ou mais bens, é possível que esta regra não
possa ser aplicada na igualdade; neste caso, a regra deverá ser aproximada, tanto quanto
possível.
32
5.3 Decisão ótima do consumidor
Questão: Relativamente aos pontos B, C, e D, explique por que é que o consumidor não
está a otimizar a utilidade no consumo.
PX
No ponto B, temos: TMS YX (B) >
PY
Neste ponto, a satisfação proporcionada pela última u.m. gasta em X é superior à
satisfação proporcionada pela última u.m. gasta no bem Y.
Um consumidor racional deve escolher uma combinação de bens com uma quantidade
maior de X e uma quantidade menor de Y.
Y
PX
No ponto C, temos: TMS (C) <
X PY
Neste ponto, a satisfação proporcionada pela última u.m. gasta em X é inferior à
satisfação proporcionada pela última u.m. gasta no bem Y.
Um consumidor racional deve escolher uma combinação de bens com uma quantidade
maior de Y e uma quantidade menor de X.
33
5.3 Decisão ótima do consumidor
Soluções de canto:
Y Y
X X 34
5.3 Decisão ótima do consumidor
PX
TMS Y
X
<
PY
Se o consumidor pudesse aumentar o seu nível de satisfação total no consumo dos dois
bens ao prescindir de certa quantidade do bem X para ter mais do bem Y, fá-lo-ia.
Contudo, partindo do ponto A, o consumidor não tem possibilidade de aumentar o seu
nível de utilidade, dada a restrição orçamental.
Por outro lado, partindo do ponto A, não é possível diminuir mais a quantidade de X.
35
5.4 Aplicações
Exercício 1.
Suponha que a função utilidade de um consumidor é dada por: U ( X ,Y ) = XY
Suponha que o rendimento do consumidor é igual a 10 u.m. e que os preços dos bens X
e Y são os seguintes: PX = 0,5 u.m.
PY = 1 u.m..
36
5.4 Aplicações
Resolução:
Suponha que a função utilidade de um consumidor é dada por: U ( X , Y ) = XY .
Suponha que o rendimento do consumidor é igual a 10 u.m. e que os preços dos bens X e Y são
os seguintes: PX = 0,5 u.m. e PY = 1 u.m..
R = PX X + PY Y ⇔ 10 = 0,5 X + Y ⇔ Y = 10 − 0,5 X
| −
P X | = 0,5
PY
Preço relativo do bem X: número de unidades do bem Y que o consumidor terá que
renunciar, para adquirir 1 unidade adicional do bem X, mantendo-se a despesa total
constante.
U = 18
1.3 Defina curva de indiferença e represente graficamente
U = 32
as curvas correspondentes aos seguintes níveis de utilidade:
U = 50
PX
TMS XY = P Y Y / X = 0,5 X = 10
R PX
Y = − X Y = 10 – 0,5 X Y = 5
PY PY
38
5.4 Aplicações
1.5 O que distingue esta combinação ótima no consumo de outras combinações possíveis?
10
7.5
2.5 U = 50
U = 32
U = 18
0
0 5 10 15 20
. x
39
5.4 Aplicações
Exercício 2:
Um consumidor gosta de café (C) e chá (T).
A sua função utilidade é dada por: U(C,T) = 3C + 4T
Suponha que os preços do café e do chá são iguais a 3 u.m. e o rendimento de que o
consumidor dispõe para gastar nestes dois bens é igual a 12 u.m..
T
2.1 Calcule a taxa marginal de substituição de chá por café, TMS C ? Interprete o valor obtido.
De acordo com estes dados, como classifica estes bens?
2.4 Identifique graficamente a combinação ótima de café e chá para este consumidor
2.5 Suponha que o preço do café diminui para 2 u.m. Qual é agora a combinação ótima de
café e chá para este consumidor?
40
5.4 Aplicações
Resolução:
2.1 Calcule a taxa marginal de substituição de chá por café e interprete o valor obtido. De acordo
com estes dados, como classifica estes bens?
T
Tomando por base a seguinte expressão, podemos calcular a TMS C
O consumidor está disposto a prescindir de 0,75 unidades de chá para consumir uma
unidade adicional de café, mantendo-se o nível de utilidade total constante.
41
5.4 Aplicações
12 − 3C
U (C,T) = 12 ⇔ 12 = 3 C + 4 T ⇔ T=
4
16 − 3C
U (C,T) = 16 ⇔ 16 = 3 C + 4 T ⇔ T= 4
18 − 3 C
U (C,T) = 18 ⇔ 18 = 3 C + 4 T ⇔ T=
4
42
5.4 Aplicações
2.4 Identifique graficamente a combinação ótima de café e chá para este consumidor.
C=0 e T =4
2.5 Suponha que o preço do café diminui para 2 u.m. Qual a combinação ótima de café e chá para
este consumidor?
12 − 2C 2
R = C PC’ + T PT ⇔ 12 = 2C + 3T ⇔ T= = 4− C
3 3
Conforme se pode observar graficamente, a combinação óptima é a seguinte:
C=6 e T=0
43