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Descrição
Propósito
Os conceitos de curva de demanda, curva de oferta e equilíbrio de mercado são fundamentais para o estudo
da microeconomia e ajudam a compreender como funciona o mecanismo de mercado.
Objetivos
Módulo 1
Módulo 2
Módulo 3
Módulo 4
Firma monopolista
Descrever o comportamento de uma firma monopolista.
meeting_room
Introdução
Vamos começar analisando uma estrutura de mercado específica, os mercados competitivos. Em um
mercado competitivo, há muitos compradores e vendedores, de forma que ações individuais não afetam o
preço da venda do bem e nem a quantidade total que será vendida. Quando um indivíduo não tem
capacidade de afetar individualmente os resultados do mercado, dizemos que ele não possui poder de
mercado e é tomador de preços.
Você deve estar se perguntando por que estudar mercados competitivos e que outros tipos de estrutura
existem. A escolha para começarmos apresentando os mercados competitivos deve-se ao fato de ser a
estrutura mais fácil de modelar. A partir dela, temos uma base de comparação para as demais.
Veremos também como obter as curvas de oferta e demanda agregadas. A partir dessas curvas, veremos
como são definidos o preço e a quantidade no equilíbrio de mercado, e como se alteram com mudanças na
economia. Além disso, apresentaremos os conceitos de excedente do consumidor e do produtor, que serão
usados em análises de bem-estar. Por fim, estudaremos o comportamento de mercado da firma
monopolista, que é capaz de afetar preços.
Supondo que em uma certa economia existam N indivíduos. A curva de demanda agregada pelo bem X será
o somatório de todas as curvas de demanda individuais por aquele bem:
Q = q1 + q2 + … + qn
Exemplo
Suponha que o preço da maçã seja R$1,00 e João e Maria desejem comprar, respectivamente, 5 e 4
unidades. Então, a demanda total desse preço é Q ( p ma çã = R$1) = 5 + 4 = 9. Se o preço aumenta para
R$2, 00, talvez cada um passe a comprar apenas 3 maçãs, e teremos: Q ( p ma çã = R$2) = 3 + 3 = 6.
A demanda de cada indivíduo para cada bem depende dos preços e da renda individual. Assim, a demanda
agregada depende dos preços e também da distribuição de renda. Para simplificarmos, costumamos olhar
para a demanda agregada como a demanda de um consumidor representativo, que tem sua renda igual à
soma de todas as rendas individuais.
A imagem, a seguir, ilustra a curva de demanda agregada para um dado bem, mantendo a renda fixa:
Gráfico: Curva de demanda de um bem
Podemos notar que a curva de demanda agregada tem inclinação negativa, ou seja, quanto maior o preço,
menor a quantidade demandada pelos consumidores, tudo o mais sendo constante. No geral, as curvas de
demanda possuem inclinação negativa, com algumas exceções. Temos, então, a proposição de que, ceteris
paribus, um preço mais alto de um bem faz com que as pessoas queiram uma quantidade menor deste
bem.
eteris paribus
É uma expressão latina que significa “todo o mais constante”. Ou seja, estamos analisando um elemento de
cada vez.
Elasticidade-preço da demanda
É interessante ter uma medida da sensibilidade da demanda a mudanças no preço e na renda, que também
é conhecida como elasticidade. A primeira delas é a elasticidade-preço da demanda (denotada por ϵ ): é
apenas a mudança percentual da quantidade dividida pela mudança percentual no preço. Representamos a
variação da quantidade por Δ Q e, portanto, a variação percentual é a razão Δ Q/ Q (análoga para o preço).
O motivo para multiplicamos a inclinação da curva pela razão de preço e quantidade é ter uma medida que
independa da unidade de medida utilizada: a elasticidade não tem unidade de medida, ao contrário do preço
(medido em reais, dólares etc.) e da quantidade (medido em quilos, pacotes etc.).
No exemplo das maçãs, temos: Δ p = 1 (o preço aumentou de R$1,00 para R$2,00), Δ Q a quantidade
demandada total diminuiu de 9 para 6 maçãs), para valores iniciais p = 1 e Q = 9.
Substituindo na fórmula acima, obtemos uma elasticidade igual a 1/3 (interprete esse número a partir da
definição de elasticidade).
O sinal da elasticidade da demanda é, em geral, negativo, e por isso nos referimos comumente ao seu valor
absoluto, de forma a permitir comparações mais simples - ou seja, ignoramos o sinal, supostamente
negativo, salvo menção explícita em contrário.
O gráfico, a seguir, apresenta a elasticidade da curva de demanda linear. Como podemos observar, em uma
curva de demanda linear, a elasticidade da demanda varia conforme a quantidade e o preço.
Seja a curva de demanda linear igual a q = a - bp, em que a e b são parâmetros quaisquer. A inclinação
dessa curva é, portanto, -b. Utilizando a fórmula da elasticidade apresentada, temos:
Fórmula da elasticidade
− bp
ϵ= −1= , ent ão
a − bp
a
2bp = a, logo p =
2b
Elástico
Quando sua elasticidade-preço for maior do que 1 em módulo.
Um bem elástico é bastante sensível a variações no preço, e um aumento de 1% faz a quantidade reduzir em
mais do que 1% (são bens dos quais os consumidores têm facilidade para abrir mão).
Inelástico
Quando sua elasticidade for menor do que 1 em valor absoluto.
Uma curva de demanda inelástica é pouco sensível a variações no preço, e um aumento de 1% ocasionará
uma redução de menos de 1% na quantidade.
Elasticidade unitária
Quando sua elasticidade for igual a |1|.
Uma curva de demanda com elasticidade unitária é aquela em que a variação de 1% no preço leva a uma
variação de 1% na quantidade demandada.
Exemplo
Suponha que pão e tapioca sejam considerados substitutos perfeitos. Se o preço do pão aumenta, a
demanda de pão iria para zero, de forma que todos os consumidores prefeririam consumir tapioca, afinal,
para os consumidores, eles são perfeitamente equivalentes.
Caso um bem tenha muitos substitutos próximos, ele será extremamente sensível a variações nos preços, e
sua demanda será bastante elástica. O oposto também vale: se um bem possui poucos substitutos
próximos, ele será pouco sensível a qualquer variação de preço e, portanto, inelástico.
Sua equação é análoga à de elasticidade preço da demanda, sendo nada mais do que a razão entre as
variações percentuais da quantidade (Q) e da renda (m):
Δ Q/ Q
ϵ=
Δ m/ m
Normais
Cuja demanda cresce devido ao aumento da renda, e cuja elasticidade-renda é positiva.
Exemplos comuns de bens normais são produtos de qualidade (como carne de primeira), que o consumidor
quer adquirir em maior quantidade quando sua renda aumenta.
Inferiores
Cuja demanda diminui devido ao aumento da renda, e cuja elasticidade-renda é negativa.
Bens de baixa qualidade (como carne de segunda), por sua vez, são frequentemente inferiores, porque os
consumidores os abandonam à medida que a renda aumenta.
Também classificamos bens cuja elasticidade-renda é maior do que 1, como os de luxo, isto é, cuja
demanda aumenta em mais de 1% quando a renda aumenta em 1%. Quando a elasticidade-renda fica entre
0 (zero) e 1, falamos em bens de necessidade (pense, por exemplo, em remédios: você compraria o dobro
se sua renda duplicasse?). É frequente que a elasticidade-renda seja próxima de 1.
Receita e elasticidade
Receita é o quanto se ganha com a venda do bem, ou seja, é a quantidade vendida multiplicada pelo preço
do bem. Quando o preço do bem varia, a quantidade também variará, ocasionando mudanças na receita.
R = pq
Δ R = R ′ − R = qΔ p + pΔ q + Δ pΔ q
ΔR Δq
= q+ p
Δp Δp
ΔR Δq p Δq
= q+ p > 0=> ( ) ∗( ) => −1
Δp Δp q Δp
É intuitivo: se um aumento de 10% no preço gera uma queda de menos de 10% da demanda (porque a
demanda é inelástica), a receita aumenta. De maneira análoga, se |ϵ| > 1, a demanda será elástica, e um
aumento do preço reduz a receita.
A receita é a área da caixa correspondente à multiplicação do preço pela quantidade, mostrada no painel
A.
O aumento do preço em Δ p faz com que a nova quantidade seja q + Δ q. Quando o preço se eleva,
acrescentamos uma área qΔ p, o retângulo azul menor no gráfico, e tiramos uma área equivalente a pΔ q,
o retângulo maior em azul. Quando a variação é pequena, isso será exatamente igual à razão entre as
variações da receita e do preço. A parte que resta, em laranja, é normalmente muito pequena em
comparação às outras áreas, e é ignorada. Assim, para calcular a variação na receita podemos somar os
dois quadriláteros azuis do painel B.
Considere novamente a expressão da variação na receita:
Δ R = pΔ q + qΔ p
Assim:
1
RM g = p ( 1 + )
ϵ
1
RM g = p ( 1 − )
|ϵ|
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Elasticidade
Entenda melhor os conceitos de elasticidade-preço da demanda, elasticidade-renda da demanda e receita e
elasticidade.
Se a elasticidade for igual a -1, a receita marginal terá valor de zero, indicando que a receita não varia
quando aumenta a venda.
Se a demanda for inelástica, ou seja, | ∈ | < 1, a fração dentro do parêntese será maior do que 1, e a receita
diminuirá quando a venda aumentar. Esse fato ilustra que, caso a demanda seja inelástica, para que sejam
vendidas mais unidades, será preciso diminuir muito o preço, provocando uma queda de receita.
A resposta para essa pergunta reside no “todo o mais constante” da lei da demanda. Como pode o preço da
cerveja ter aumentado e, mesmo assim, o consumo ter aumentado nos últimos anos? Certamente, todo o
resto não foi mantido constante. A população cresceu, os hábitos se modificaram, logo, a curva de demanda
agregada também se modificou, ela se deslocou para a direita.
Existem cinco principais motivos pelos quais a demanda agregada se desloca: mudança na renda, mudança
nas preferências, mudança na quantidade de consumidores, mudança no preço de bens relacionados e
mudança de expectativas.
O gráfico a seguir mostra a diferença entre o deslocamento da curva e o movimento ao longo dela:
Os movimentos ao longo de uma curva de demanda ocorrem quando há mudança no preço do bem em
questão. Observando a figura ao lado, suponha que, inicialmente, estejamos na curva D1, no ponto a, que
tem preço p1 e quantidade demandada q1.
Se o preço do bem cai para p2, a quantidade demandada será q2, e então nos moveremos para o ponto b.
Por outro lado, se estamos no ponto a, e há, por exemplo, um aumento da renda, nos deslocamos para D2. O
aumento da renda não aumenta o preço, portanto, estaremos no ponto c, cujo preço é p1 e a quantidade
demandada é q3.
Agora que já compreendemos a diferença entre movimentos ao longo da curva e deslocamento, podemos
avançar e falar um pouco mais de cada um dos motivos que fazem uma curva se deslocar.
Vamos começar pela mudança de renda, ilustrada na gráfico anterior.
Como vimos na parte de elasticidade-renda, um aumento de renda eleva a quantidade demandada de bens
normais e reduz a quantidade demandada de bens inferiores.
Para entendermos como a mudança no preço relativo de bens relacionados desloca a curva de demanda
agregada, vamos a um exemplo.
Exemplo
Suponha que pão e tapioca sejam substitutos: um aumento no preço da tapioca fará com que os
consumidores substituam o consumo de tapioca por pão, elevando a quantidade demandada de pão. Esse
aumento leva a um deslocamento da curva de demanda agregada.
Agora, suponha que café e pão sejam complementares, afinal, nada como um pão na chapa com cafezinho.
Uma queda no preço do café fará com que mais pessoas consumam café, mas como o consumo do café é
acompanhado do pão, ocorrerá um aumento na demanda por pão, e a curva de demanda agregada do pão
se deslocará.
Note que a redução do preço do café leva a um deslocamento ao longo da curva de demanda agregada de
café e um deslocamento para direita da curva de demanda agregada de pão, de forma que o preço do pão
se mantém, mas a quantidade demandada aumenta.
A variação no número de consumidores desloca a curva de demanda agregada pois, como vimos, ela é a
soma das demandas individuais (para cada preço). Já uma mudança nas preferências pode fazer com que
os consumidores demandem mais a cada preço (deslocando a curva para a direita) ou menos (deslocando
para a esquerda). Isso pode ocorrer por questões culturais, por exemplo quando um ator famoso usa uma
determinada roupa, é comum que a demanda por essa roupa aumente.
Por fim, a expectativa futura do preço do bem pode afetar a demanda no presente. Como exemplo, temos as
liquidações de ovos de Páscoa. Muitas pessoas, sabendo que o preço se reduzirá após a Páscoa, irão
aguardar para consumir depois. Da mesma forma, expectativas sobre a renda também afetam a demanda
presente: se um indivíduo tem uma expectativa de aumento de renda no futuro, ele pode aumentar sua
demanda por bens no presente, pagando parcelado.
Oferta agregada
Assim como a demanda agregada, estudamos também as curvas de oferta das firmas. Estas curvas são
individuais, assim com as curvas de demanda dos consumidores.
Suponha que tenhamos N firmas que produzam um determinado bem. Para obtermos a curva de oferta
agregada, ou curva de oferta da indústria, devemos somar a curva de oferta individual das N firmas:
S = S1 + S1 + … + Sn
oma horizontal
Significa que fixamos um preço e somamos as quantidades, exatamente como fizemos para a curva de
demanda agregada.
A curva de oferta mede o quanto um produtor está disposto a ofertar a cada preço.
Portanto, a curva de oferta agregada define, a cada preço P, a quantidade do bem que será ofertada naquela
indústria.
Nos gráficos, a seguir, temos nos painéis A e B a curva de oferta individual desses produtores. Para
chegarmos à oferta agregada desse mercado, somemos a quantidade ofertada pelos dois produtores a
cada preço, de modo que a R$1,00 são ofertados 5 pães e a R$3,00 são ofertados 12 pães. A curva de
oferta agregada está ilustrada no painel C da figura a seguir:
A curva de oferta da indústria tem inclinação positiva, refletindo a proposição de que preços mais altos
levam a uma quantidade ofertada maior. Assim como a demanda agregada, existem acontecimentos que
deslocam a curva de oferta. A entrada de novos produtores no mercado, por exemplo, desloca a oferta para
a direita, fazendo com que, ao mesmo preço, seja ofertada uma quantidade maior do bem em questão. Para
que haja um movimento ao longo da curva de oferta, é preciso que seja ocasionado por variações no preço
do bem cuja oferta agregada esteja em análise.
A mudança do preço esperado no futuro pode levar um produtor a fornecer mais ou menos quantidade
daquele bem no presente. Uma expectativa do aumento de preços futuro faz com que a oferta no presente
se reduza, deslocando a curva de oferta para a esquerda. Já uma expectativa de queda dos preços no futuro
leva ao aumento da oferta no presente e desloca a curva de oferta para a direita.
Considere agora os insumos, ou seja, bens e serviços utilizados no processo produtivo. Um aumento no
preço dos insumos deixará o preço do bem final mais alto.
Exemplo
Para produzir pão é preciso de trigo. Gabriel precisa de 10kg de farinha de trigo por mês para produzir 100
pães, e paga R$2,00 no quilo de farinha de trigo. Gabriel gasta R$20,00, e cobra R$0,50 por pão produzido.
Assim, sua receita da venda de pães é de R$50,00. Se por algum motivo, o preço do trigo sobe para R$3,00,
para produzir 100 pães, Gabriel gastará R$30,00. Sua receita de vendas continuará no valor de R$50,00,
contudo, seu lucro se reduzirá.
Dessa forma, é bem provável que Gabriel repasse parte da alta dos preços dos insumos para o consumidor,
e o preço do pão aumente como consequência.
Tecnologia é o termo usado por economistas para descrever a relação entre insumos e produto em um dado
processo produtivo. Uma melhora tecnológica geralmente reduz o custo de produção. Essa redução de
custo permite que o produtor gaste uma quantidade menor de insumo para produzir o mesmo bem, de
modo que a quantidade ofertada aumenta e a curva de oferta se desloque para a direita. Podemos observar
isso no próximo gráfico:
Quando há um aumento no número de produtores naquele mercado, a oferta se desloca para a direita, afinal,
a oferta agregada nada mais é do que a soma das ofertas individuais.
Há situações em que produtores produzem diversos bens e não apenas um, como
uma refinaria produz gasolina e diesel, entre outros combustíveis, por exemplo.
Quando um produtor oferta bens diferentes, a quantidade que ele está disposto a ofertar dependerá
conjuntamente dos preços dos bens que ele produz.
Um aumento de preço do diesel faz com que uma refinaria produza menos gasolina e mais diesel,
deslocando para a direita a curva de oferta do diesel e para a esquerda a oferta da gasolina. Isso acontece
porque, em termos produtivos, a gasolina e o diesel são substitutos. Pode ser que também haja bens
complementares na produção.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Questão 1
A partir dos conhecimentos apresentados sobre demanda agregada, considere as afirmativas a seguir:
I. A curva de demanda agregada possui inclinação positiva, pois, em geral, um maior preço reduz a
quantidade demandada.
II. A elasticidade-preço é uma medida de sensibilidade da demanda agregada de um bem em relação ao
preço, e quanto mais substitutos um bem possui, menos elástica é a demanda.
III. Bernardo considera laranja e tangerina igualmente gostosas, e as consome como se fossem
substitutas. Uma geada acabou com a safra de laranjas, mas não afetou a safra de tangerinas devido à
distância geográfica. Como resultado da geada, o preço da laranja aumentou. Bernardo, quando foi à
feira, se deparou com preços mais altos da laranja. Ele comprará tangerinas em vez de laranjas.
IV. Uma redução do número de consumidores em um determinado mercado faz com que a demanda
agregada por um bem se reduza.
V. Batata frita e hambúrguer são considerados bens complementares. Um aumento no preço do
hambúrguer leva a uma redução da quantidade demandada de batata frita.
A lei da demanda diz que quanto maior o preço, menor a quantidade demandada. A inclinação da curva
de demanda ilustra essa proposição. Já a elasticidade-preço da demanda é uma medida de
sensibilidade da demanda em relação às mudanças no preço. Quanto mais substitutos um bem possui,
maior é a redução da demanda quando um preço aumenta, pois se dois bens são indiferentes entre si, o
consumidor optará por obter aquele que é mais barato.
Como laranja e tangerina são indiferentes para Bernardo, ou seja, são igualmente satisfatórias, elas são
substitutas. Quando dois bens são substitutos perfeitos, o consumidor demandará o bem cujo preço é
menor, neste caso, a tangerina.
Além disso, a demanda agregada corresponde à soma das curvas de demanda individuais. Quanto
menos indivíduos, menor é a demanda agregada.
Quando bens são complementares, o aumento no preço de um bem X reduz a quantidade demandada,
tanto dele quanto do seu complemento Y. Neste caso, um aumento do preço do hambúrguer faz com
que a quantidade demandada diminua, assim como a de batata frita.
Questão 2
A curva de oferta agregada é igual à soma horizontal das curvas de ofertas individuais e é única para
cada mercado, ou seja, para o de livros, que, por sua vez, é diferente da curva de oferta agregada de
alface.
Uma variação no preço de um bem leva a um movimento ao longo da curva de oferta deste mesmo
bem. No caso do aumento do preço, há um movimento ao longo da curva, que resulta em maior
quantidade ofertada. Os casos de deslocamento da curva de oferta são: mudança na quantidade de
produtores no mercado, mudança tecnológica, mudança no preço dos insumos, mudança no preço de
bens relacionados e mudança de expectativas.
A expectativa que o preço do petróleo aumente faz com que a oferta de petróleo se reduza no presente
e aumente no futuro. No presente, há um deslocamento para a esquerda da curva de oferta, e no futuro,
há um deslocamento para a direita na curva de oferta.
2 - Formação de preços e quantidades de equilíbrio
Ao final deste módulo, você será capaz de descrever a formação de preços e quantidades de
equilíbrio em um mercado competitivo.
Quando já estivermos familiarizados com o equilíbrio, veremos um pouco sobre excedente do consumidor e
do produtor, medidas úteis de bem-estar econômico.
Em Economia, dizemos que há equilíbrio em uma determinada situação quando não há incentivos para que
qualquer agente econômico (consumidor ou firma) altere seu comportamento individual, dado o que os
demais agentes estão fazendo.
Segundo a definição de equilíbrio em Varian:
Isso significa que ninguém ficaria melhor caso decidisse agir individualmente de forma diferente.
Sabemos que, em um mercado competitivo, nenhum agente tem capacidade de afetar o mercado, o preço e
a quantidade total. Contudo, o que determina o preço e a quantidade de equilíbrio é a interação conjunta de
todos os indivíduos nesse mercado.
O preço de equilíbrio é aquele em que oferta e demanda são iguais. A esse preço
nenhum consumidor poderia melhorar sua situação ao propor a compra por um
preço diferente, assim como nenhum produtor poderia ficar melhor propondo
vender o bem por outro preço.
Como curvas de oferta e demanda representam as melhores escolhas dos agentes envolvidos, quando elas
se igualam em um preço de equilíbrio denotado por p ∗ , temos que o comportamento dos consumidores e
dos produtores são compatíveis. Em qualquer outro preço, essa condição não seria satisfeita.
O preço de equilíbrio é o preço que ajusta o mercado, garantindo que cada indivíduo
que demande um bem encontre um ofertante disposto a vendê-lo pelo mesmo
preço.
Geometricamente, podemos encontrar o equilíbrio ao colocar as curvas de oferta e demanda no mesmo
diagrama, como no gráfico a seguir.
Gráfico: Equilíbrio
O ponto E é o ponto em que as curvas se cruzam, e oferta e demanda são iguais; p ∗ representa o preço de
equilíbrio e q ∗ é a quantidade de equilíbrio.
Existe um princípio básico de que os mercados, com frequência, se movem para o equilíbrio. Para melhor
ilustrar esse princípio, observe o seguinte gráfico:
Suponha que o preço de mercado, isto é, o preço pelo qual o bem é transacionado, seja igual a p', acima do
equilíbrio.
Como a quantidade ofertada é maior do que a demandada, temos um excedente, ilustrado pela diferença
entre q s e q d .
Existem alguns produtores que não encontram consumidores para comprar seus produtos. O excesso de
oferta fornece incentivos para que os produtores ofereçam um preço mais baixo, buscando atrair outros
consumidores. O preço vai sendo gradativamente reduzido, até chegar no preço de equilíbrio. Portanto,
sempre que o preço está acima do equilíbrio, há um excesso de oferta, que faz o preço baixar até o
equilíbrio.
Agora, suponha que o preço esteja abaixo do preço de equilibrio, em p ". Observe o próximo gráfico:
Gráfico: Preço abaixo do equilíbrio
Com o preço em p ", a quantidade demandada é maior do que a quantidade ofertada, e, portanto, há excesso
de demanda ou escassez. Nessa situação, existem consumidores que gostariam de comprar, mas não
conseguem, e então passam a oferecer preços mais altos. É possível que os produtores notem que também
podem cobrar um preço maior. Em qualquer mecanismo, o resultado é o mesmo. O preço vai aumentando
gradualmente, atraindo novos produtores e expulsando consumidores que não estão dispostos a pagar um
preço mais alto. Esse movimento acontece até o preço de equilíbrio, em que as quantidades ofertada e
demandada se igualam.
Quando um novo estudo médico divulgado credita benefícios ao chocolate, a curva de demanda se desloca,
como nesse gráfico:
Gráfico: Deslocamento positivo da demanda e novo equilíbrio
Você pode observar que o ponto E 1 mostra o equilíbrio correspondente à curva de demanda original, D 1 ,
cujo preço de equilíbrio é p ∗1 , e a quantidade de equilíbrio é q1∗ .
O relatório médico divulgado faz com que a curva de demanda se desloque positivamente, para a direita, de
D 1 para D 2 . Ao preço original, p 1 ∗ , o mercado não está mais em equilíbrio. Há um excesso de demanda,
uma escassez. O preço do chocolate aumenta, gerando um aumento da quantidade ofertada. Esse aumento
da quantidade ofertada é um movimento ao longo da curva de oferta. Um novo equilibrio, E 2 , se estabelece.
Nesse ponto, oferta e demanda voltam a se cruzar. O equilíbrio E 2 ocorre com um preço mais alto e uma
quantidade maior. Isso reflete um princípio geral: quando a demanda de um bem aumenta, seu preço e sua
quantidade de equilíbrio também aumentam.
Suponha agora uma situação diferente. Pão e tapioca são substitutos. Se o preço do pão cai, a demanda por
tapioca diminui. O gráfico, a seguir, ilustra esse evento:
Observando a figura acima, vemos que a queda do preço do pão faz a demanda por tapioca se deslocar,
negativamente, para a esquerda. Ao preço inicial p 1 ∗ , há um excesso de oferta, uma vez que a quantidade
ofertada é maior do que a quantidade demandada. O preço cai até que a nova curva de demanda, D 2 ,
encontre a curva de oferta S . Isso é ilustrado no ponto E 2 , o novo equilíbrio. Nesse ponto, o preço e a
quantidade de equilibrio são menores. Assim, quando a demanda de um bem se reduz, sua quantidade e
preço de equilíbrio também se reduzem.
Inicialmente, o mercado estava em equilíbrio, no ponto E 1 , em que as curvas de oferta e demanda eram S 1
e D , respectivamente. No ponto E 1 , o preço de equilíbrio é p 1 ∗ , e a quantidade de equilíbrio é q1 ∗ .
A entrada de novos produtores no mercado de cacau desloca a curva de oferta para a direita. Assim, a nova
curva de oferta é S 2 . Ao preço inicial p 1 ∗ , há um excesso de oferta, que faz com que o preço se reduza, até
que a nova curva de oferta cruze com a curva de demanda. Esse ponto é ilustrado por E 2 , o novo ponto de
equilíbrio. Em E 2 , o novo preço de equilíbrio é p 2 ∗ , e a nova quantidade de equilíbrio é q2 ∗ . Portanto, quando
a oferta aumenta, o preço de equilíbrio diminui e a quantidade de equilíbrio aumenta.
Nova Friburgo é uma cidade no estado do Rio de Janeiro que produz hortaliças. Suponha que, em 2012, a
cidade teve um verão atípico, com altas temperaturas e pouca chuva. Esse fenômeno fez com que as
hortaliças morressem, ocasionado um deslocamento para a esquerda da curva de oferta. O seguinte gráfico
ilustra essa situação:
A curva de oferta passa, então, a ser S 2 . Ao preço inicial p 1 ∗ há um excesso de demanda, que pressiona os
preços para cima, que vão subindo, gradualmente, até que a nova curva de oferta cruze com a demanda.
Isso é ilustrado pelo ponto E 2 , o novo equilíbrio. Nesse ponto, o preço de equilíbrio é p 2 ∗ , e a quantidade de
equilíbrio é q2 ∗ . Portanto, quando há uma redução da oferta, o preço de equilíbrio é mais alto e a quantidade
de equilíbrio é menor.
Por fim, veremos o que acontece quando há deslocamentos simultâneos de oferta e demanda. No gráfico
do painel A, temos um grande deslocamento da demanda para a direita, e um pequeno deslocamento da
oferta para a esquerda, enquanto no gráfico do painel B, a oferta se desloca bastante para a esquerda, e a
demanda sofre um pequeno deslocamento para a direita:
Esses deslocamentos podem ser imaginados como uma mudança nas preferências por milho, junto com
uma quebra de safra. A diferença entre os dois painéis é a magnitude de deslocamento e é descrito da
seguinte forma:
Painel A
Painel B
Nos dois painéis, o preço se move de p 1 ∗ para p 2 ∗ , conforme o equilíbrio se move de E 1 para E 2 . Como no
painel A a queda de oferta é menor do que o aumento da demanda, a quantidade de equilíbrio aumenta de
q1 ∗ para q2 ∗ . Já no painel B, com retração da oferta maior do que a expansão da demanda, a quantidade de
equilíbrio é reduzida de q1 ∗ para q2 ∗ .
Esse exemplo nos permite constatar que, quando a oferta se reduz e a demanda aumenta, o preço de
equilíbrio aumenta, mas o que de fato ocorre com a quantidade de equilíbrio dependerá de qual efeito é
maior, ou seja, qual deslocamento tem maior magnitude.
Quando oferta e demanda se deslocam em direções opostas, no geral, podemos fazer algumas previsões,
como:
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Se a demanda aumenta e a oferta cai, o preço de equilíbrio sobe, mas a quantidade dependerá de qual dos
deslocamentos teve maior magnitude.
zoom_in
Quando a demanda cai e a oferta aumenta, o preço de equilíbrio é menor, mas o efeito sobre a quantidade
de equilíbrio é ambíguo.
Se as duas curvas se deslocam no mesmo sentido, ou seja, oferta e demanda se deslocam ambas para a
esquerda ou para a direita, podemos saber o efeito sobre a quantidade, mas não sobre o preço de equilíbrio.
Se oferta e demanda aumentam, a quantidade de equilíbrio é maior, mas nada podemos dizer sobre o preço.
Quando oferta e demanda diminuem, a quantidade de equilíbrio é reduzida, mas, mais uma vez, nada
podemos afirmar sobre o preço de equilíbrio. Em ambos os casos, o preço de equilíbrio dependerá de qual
efeito prevalecerá.
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Estática comparativa no modelo de oferta e demanda
Confira os conceitos abordados neste conteúdo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Questão 1
(Adaptado de Krugman, 2011) As afirmativas abaixo representam situações em que o mercado estava
inicialmente em equilíbrio. Depois de cada evento descrito haverá um excedente ou escassez. Assinale
a alternativa correta.
Após uma nevasca, muitas pessoas querem comprar removedores de neve de segunda
A
mão nas lojas de ferragens, gerando um excedente.
2005 foi um ano excelente para os vinhedos da Califórnia, que produziram uma colheita
B
recorde. Esta colheita gerou uma escassez de vinho.
Depois de uma tempestade, o rio que fornece água a uma cidade norte-americana
apresentou diversas algas, o que impactou a distribuição de água potável pela
D
companhia local. Com medo de tomarem a água com cheiro, gosto e cor diferentes, os
moradores passaram a comprar água mineral. Esta situação gerou um excedente.
Após uma guerra no Oriente Médio, diversos poços de produção de petróleo são
E
destruídos, gerando um excedente de gasolina no resto do mundo.
Um furacão reduz a demanda por quartos de hotéis, deslocando a demanda agregada para a esquerda.
Com a oferta inalterada, há um excedente de quartos de hotéis no novo equilíbrio.
Questão 2
De fato, o preço será menor no novo equilíbrio, devido ao deslocamento da oferta para a direita e da
demanda para a esquerda. Contudo, a nova quantidade de equilíbrio dependerá de qual curva tem maior
deslocamento. Se a demanda se desloca mais do que a oferta, a quantidade de equilíbrio diminui. Caso
contrário, a quantidade de equilíbrio aumenta. Logo, não podemos afirmar com certeza que, no novo
equilíbrio, o preço será maior e a quantidade menor.
3 - Excedente do produtor e do consumidor
Ao final deste módulo, você será capaz de definir excedente do produtor e do consumidor
para aplicá-lo como medida de bem-estar.
Considere, por exemplo, o mercado de roupas usadas. Uma calça jeans usada pode não ser tão boa quanto
uma nova, pois pode estar gasta, manchada etc. O quanto isso incomoda alguém dependerá das
preferências de cada um.
Vitória pode valorizar uma roupa de brechó mais do que Fernando, que só compraria uma roupa usada se
fosse muito barata.
Um indivíduo não pagará mais do que este valor por um bem. Se o preço é igual à disposição a pagar, o
consumidor estará indiferente entre comprar ou não.
O gráfico, a seguir, ilustra a disposição a pagar de três consumidores, Júlia, Manuel e Beatriz, com preços de
reserva de R$50,00, R$35,00 e R$22,00, respectivamente:
Seus preços de reserva estão acima do preço pelo qual o bem é vendido, que é de R$10,00. O preço de
reserva deles está acima do preço de mercado e, portanto, eles irão realizar a transação. Há também
aqueles consumidores com preço de reserva abaixo do preço de mercado. Esses indivíduos não irão
comprar o bem.
Nesse exemplo, podemos notar que cada comprador de um bem alcança algum excedente individual. Ao
somarmos os excedentes individuais, chegamos ao excedente total do consumidor. Supondo que no
exemplo acima só haja três consumidores no mercado, o excedente total do consumidor é de: R$40,00 +
R$25,00 + R$ 22,00 = R$87,00.
A próximo gráfico representa graficamente o excedente total do consumidor para um grande mercado:
xcedente do consumidor
É a diferença entre o preço de reserva do consumidor e o preço de mercado. Voltando à figura 16, o excedente
de Júlia é igual a R$50,00 - R$10,00 = R$ 40,00. Já o de Manuel é de R$35,00 - R$10,00 = R$25,00, enquanto o
de Beatriz é de R$22,00 - R$10,00 = R$12,00.
Esse mercado possui tantos consumidores que a curva de demanda é contínua. O excedente total do
consumidor é a área abaixo da curva de demanda e acima do preço, sendo igual a R$20,00.
Quando o preço muda, o excedente do consumidor também varia. O seguinte gráfico ilustra o que acontece
quando o preço aumenta.
Robson
Só aceita vender por, pelo menos, R$15,00.
Joaquim
Vende por R$22,00.
Assim, podemos definir o custo do vendedor como o menor preço pelo qual o produtor está disposto a
vender seu produto.
A diferença entre o preço que o produtor, de fato, vende o produto e seu custo é o
excedente do produtor.
Da mesma forma que a curva de demanda foi derivada a partir da disposição a pagar dos consumidores,
podemos derivar a curva de oferta do custo do produtor.
A gráfico, a seguir, ilustra a curva para um mercado de discos com três produtores:
O excedente de Afonso equivale à área do polígono mais escuro da esquerda, o de Robson, à área do
retângulo do meio, e o de Joaquim, ao do polígono mais claro da direita.
Como no caso do excedente do consumidor, podemos somar os excedentes individuais para chegarmos ao
excedente total do produtor. Com um grande mercado e uma curva de oferta contínua, como no próximo
gráfico, o excedente total do produtor é a área acima da curva de oferta e abaixo do preço, sendo igual a
R$20,00:
Gráfico: Excedente total do produtor
Assim como para o excedente do consumidor, mudanças de preço afetam o excedente total. O gráfico, a
seguir, ilustra o que ocorre quando o preço aumenta:
Bem-estar e excedente
Um dos princípios fundamentais da Economia é que os mercados são, frequentemente, uma maneira
eficiente de alocar recursos. De forma geral, a alocação de recursos pelo mercado torna a situação da
sociedade a melhor possível (não é sempre assim - você verá ao final deste tema um caso em que isso não
acontece). Por meio do excedente, podemos entender o motivo disso ocorrer.
O equilíbrio do mercado de livros encontra-se no ponto E, com o preço de R$45,00 e a quantidade de 100
unidades.
A área em azul mais claro é igual ao excedente do consumidor, e a área em azul mais escuro é igual ao
excedente do produtor.
Podemos calcular o excedente total da sociedade ao somarmos as duas áreas. O exemplo do mercado de
livros deixa claro que há ganhos tanto para os produtores quanto para os consumidores. Isso indica que
produtores e consumidores estão melhores, pois o mercado existe, refletindo o princípio econômico sobre
ganhos de troca, em que ocorrem ganhos no comércio.
Esses ganhos são a razão pela qual todos, quando fazem parte de uma economia de mercado, estão em
uma situação melhor do que se fossem autossuficientes.
Um critério útil para compararmos diferentes situações econômicas é o de eficiência de Pareto. Para
começar a defini-lo, primeiro vamos delinear outro conceito, o de melhora de Pareto: se há uma forma
alternativa de melhorar a situação de um indivíduo sem piorar a situação de outro, temos uma melhora de
Pareto.
Exemplo
Se João está disposto a vender um produto por R$10,00, e Maria, a comprá-lo por R$ 20, então, a venda a
R$15,00 (ou a qualquer valor entre R$10,00 e R$20,00) é uma melhora de Pareto, pois nenhum dos dois
perde e ao menos um fica em situação estritamente melhor.
Se uma situação admite uma melhora de Pareto, dizemos que a alocação de recursos é Pareto ineficiente,
ou seja, existem ações (ou transações) que podem melhorar a situação de alguém sem prejudicar ninguém.
Se existe essa possibilidade, devemos exercê-la, ou estaremos desperdiçando recursos.
Caso seja impossível melhorar a situação de alguém sem piorar a de outra pessoa (ou seja, se não houver
melhorias de Pareto disponíveis), dizemos que estamos em uma situação Pareto eficiente, ou,
simplesmente, que a alocação de recursos é eficiente no sentido de Pareto, ou ainda ótima de Pareto. Há
diferentes alocações eficientes de Pareto, correspondendo a distribuições de recursos mais benéficas a um
ou outro agente econômico.
Supondo que em uma economia de mercado todas as trocas voluntárias sejam realizadas, de modo a
esgotar os ganhos de troca, obtemos um resultado conhecido como primeiro teorema do bem-estar: todo
equilíbrio em um mercado competitivo é ótimo de Pareto. Em equilíbrio, um mercado competitivo esgota a
possibilidade de ganhos com novas trocas.
O segundo teorema do bem-estar nos diz que qualquer alocação ótima de Pareto pode ser obtida como
equilíbrio de mercado, bastando, então, distribuir recursos e permitir que os agentes econômicos realizem
trocas voluntárias.
Para ilustrar esse teorema, suponhamos que exista um comitê que busca melhorar o equilíbrio de mercado.
A finalidade do comitê é aumentar o excedente total. Para isso, eles pensam em três planos:
Na tentativa de realocar o consumo entre os consumidores, o comitê realoca bananas entre Letícia e
Lucas, cujos preços de reserva são de R$1,00 e R$2,00, respectivamente. Com o preço de equilíbrio da
banana igual a R$1,50, Letícia compra o produto, mas Lucas não. Se o consumo é realocado entre Lucas e
Letícia, o excedente do consumidor cairá, de forma que só o equilíbrio de mercado gera o excedente de
consumidor mais alto possível, pois assegura que quem consome o bem é aquele que mais o valoriza.
De maneira análoga, o comitê decide realocar a produção entre Arlindo e Teresa, cujos custos de
produção de banana são, respectivamente, de R$2,50 e R$0,50. Como o preço de equilíbrio é de R$1,50,
Arlindo não irá ofertar nenhuma unidade neste mercado, mas Teresa o fará. Se o comitê reorganiza a
produção entre Teresa e Arlindo, impedindo a primeira de ofertar neste mercado e induzindo o segundo a
fazê-lo, o excedente também cairá. Assim, o equilíbrio do mercado competitivo gera o maior excedente do
produtor possível.
Esse resultado independe do par de consumidores e produtores escolhidos para exemplificar. Pode ser
qualquer produtor que tenha um custo de R$1,50 ou menos, e qualquer consumidor que tenha um preço de
reserva de R$1,50 ou mais. Portanto, impedir vendas reduz o excedente total. Da mesma forma, qualquer
um que não estivesse comprado banana estaria disposto a pagar menos de R$1,50, e qualquer um que não
tivesse vendido banana tem um custo maior que R$1,50.
A primeira delas é que o conceito de eficiência de Pareto nada diz sobre equidade, de forma que é possível
que um resultado no qual um indivíduo detenha toda a riqueza e os demais não tenham nada seja Pareto
eficiente.
A outra ressalva diz respeito ao funcionamento dos mercados competitivos. Em todos os exemplos, o
mercado funcionava perfeitamente. Quando existe alguma falha que impeça que o mercado funcione
corretamente, ele não maximiza mais o excedente total, e, portanto, os resultados do primeiro e do segundo
teoremas do bem-estar não são mais válidos. Por fim, mesmo que o equilíbrio de mercado maximize o
excedente total, isso não diz nada a respeito de maximização de excedente individual.
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Excedente do produtor e do consumidor
Confira agora a solução de um exemplo numérico de excedente do consumidor e um reforço sobre o
conceito de eficiência de Pareto.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Questão 1
(Adaptado de Krugman, 2011) Considere o mercado de pimentão recheado, no qual há dois produtores,
José e Márcia, e dois consumidores, Carolina e Mateus. A tabela a seguir apresenta o preço de reserva
dos consumidores. A partir da tabela, assinale a alternativa correta.
1 R$ 0,90 R$ 0,80
2 R$ 0,70 R$ 0,60
3 R$ 0,50 R$ 0,40
4 R$ 0,30 R$ 0,30
Somando o excedente de Carolina, R$0,90, com o de Mateus, R$0,60, temos o excedente total do
consumidor, igual a R$1,50.
Questão 2
(Adaptado de Krugman, 2011) Considere o mercado de pimentão recheado, no qual há dois produtores,
José e Márcia, e dois consumidores, Carolina e Mateus. A tabela a seguir apresenta o custo dos
produtores. A partir da tabela, assinale a alternativa correta:
1 R$ 0,10 R$ 0,30
2 R$ 0,10 R$ 0,50
Quantidade Preço reserva de José Preço reserva de Márcia
3 R$ 0,40 R$ 0,70
4 R$ 0,60 R$ 0,90
O excedente total é obtido a partir da soma dos excedentes individuais. Assim, o excedente total do
produtor é de R$2,20. O total de quantidade ofertada é dada pela soma das quantidades individuais
ofertadas, sendo igual a 7.
Tabela: Quantidade demandada.
4 - Firma monopolista
Ao final deste módulo, você será capaz de descrever o comportamento de uma firma
monopolista.
Monopólio
Monopólios são mercados em que há apenas um produtor ofertando um bem e, portanto, ao contrário de
um mercado em concorrência perfeita, não há competição alguma. Além disso, o bem ofertado não deve
possuir nenhum substituto próximo.
Para que seja possível existir apenas um produtor em um mercado monopolístico, é preciso existir razões
para dificultar a entrada de novos produtores. No geral, as barreiras de entrada que permitem a existência
de um monopólio são a regulamentação governamental (patentes, por exemplo); grandes custos iniciais,
diluídos apenas com uma grande produção (por exemplo, uma usina hidrelétrica); ou tecnologia e controle
de insumos; ou recursos necessários à produção.
No monopólio, o monopolista se move para cima ao longo da curva de demanda: ou seja, aumenta o preço e
diminui a quantidade produzida. Como só existe um produtor, a curva de demanda enfrentada pela firma é
exatamente igual à curva de demanda agregada.
Assim, a curva de demanda enfrentada pelo monopolista é negativamente inclinada. O gráfico, a seguir,
ilustra isso:
Gráfico: Monopólio.
Isso acontece porque a curva de demanda que um produtor enfrenta em concorrência perfeita é diferente da
enfrentada em monopólio.
Dessa forma, a receita marginal da firma competitiva é o preço de mercado: se ela vende uma unidade a
mais, sua receita adicional é o preço de mercado daquele bem.
Como o monopolista enfrenta uma curva de demanda negativamente inclinada, a receita marginal do
monopolista se altera conforme as quantidades vendidas:
Isso ocorre exatamente porque a demanda de mercado (igual à demanda do monopolista) é negativamente
inclinada: quanto maior a quantidade, menor o preço.
A tabela, a seguir, apresenta esta relação para um confeiteiro, que é monopolista no mercado de sonhos:
10 0 10
9,5 1 19 9
8,5 2 25,5 7
8 3 32 7
Preço do sonho (em
Unidades Receita total Receita Marginal
R$)
7,5 4 37,5 6
6,5 5 39 2
6 6 42 3
5,5 7 44 2
5 8 45 1
4,5 9 45 0
4 10 44 -1
3,5 11 42 -2
3 12 39 -3
2,5 13 35 -4
2 14 30 -5
1,5 15 24 -6
1 16 17 -7
0,5 17 9 -8
0 18 0 -9
Podemos observar que a receita marginal do sonho é menor do que o preço pelo qual ele é vendido. Isso
acontece porque o aumento da oferta do monopolista tem dois efeitos sobre a receita, o efeito quantidade,
em que uma unidade a mais vendida aumenta a receita total, e o efeito preço, em que, para vender uma
unidade a mais, o monopolista deve reduzir o preço de mercado de todas as demais unidades, o que reduz a
receita. Assim, a curva de receita marginal do monopolista está sempre abaixo da curva de demanda,
devido ao efeito preço.
Para maximizar seu lucro, o monopolista irá, assim como um produtor em competição perfeita, olhar o
ponto em que custo marginal é igual à receita marginal, como ilustrado na gráfico adiante:
Para encontrar o preço ótimo de monopólio, contudo, é preciso subir verticalmente no ponto A até
encontramos a curva de demanda, no ponto B. Assim, a regra da quantidade ótima é válida para determinar
a quantidade escolhida pelo monopolista. O que muda é que, encontrada essa quantidade, devemos usar a
curva de demanda para encontrar o preço. O polígono azul mostra o lucro de monopólio.
Em competição perfeita, isso não ocorre: se uma firma tem lucro econômico positivo, outras podem entrar
no mercado cobrando um pouco menos. As barreiras à entrada em um mercado monopolista, porém,
permitem que essa situação seja sustentável.
Comentário
Observe que um monopolista não possui uma curva de oferta, uma vez que a curva de oferta mostra a
quantidade que os produtores estão dispostos a ofertar a qualquer preço de mercado dado. Como o
monopolista não toma o preço como dado, ele escolherá a quantidade que maximiza o lucro levando em
conta sua própria capacidade de influenciar o preço.
Como já sabemos algo sobre bem-estar, você deve estar se perguntando qual é o impacto do monopólio
sobre o excedente do produtor, do consumidor e total.
O próximo gráfico apresenta dois painéis com o excedente do consumidor, tanto para o mercado
competitivo quanto para o monopólio:
Gráfico: Painel A e B
Painel A
Mostra o que acontece em um mercado no qual há concorrência perfeita. O produto de equilíbrio é Qc,
e o preço Pc é igual ao custo marginal do bem. Cada firma tem receita igual ao custo, de forma que não
há excedente do produtor. O excedente do consumidor é igual à área do triângulo azul, que também é
igual ao excedente total.
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Painel B
O monopolista produz Qm e cobra Pm. Ele tem um lucro igual à área do polígono azul claro, que é igual
ao excedente do produtor. Podemos notar que este lucro foi capturado dos consumidores, uma vez que
o excedente do consumidor passa a ser igual à área do triângulo azul escuro. Assim, comparando o
excedente total do painel A com o do painel B, vemos que há uma redução do excedente e, portanto, do
bem-estar. A área do triângulo laranja é igual à perda de excedente, e é conhecida como peso morto,
que nada mais é do que a perda líquida para a sociedade.
Essa é a razão pela qual, com frequência, governos buscam impedir o surgimento de monopólios.
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Formação de preços em monopólio
Confira melhor os conceitos de monopólio, concorrência perfeita e bem-estar.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Questão 1
Considere as alternativas abaixo sobre monopólio e assinale a alternativa correta.
O monopolista não usa a regra de produção ótima em que a receita marginal é igual ao
C custo marginal, e por isso, há uma diferença entre a quantidade produzida de monopólio
e de concorrência perfeita.
No monopólio, a quantidade produzida é determinada pela regra CMg = Rmg. Como a curva de receita
marginal está sempre abaixo da curva de demanda, a quantidade em que a receita marginal é igual ao
custo marginal é menor do que em concorrência perfeita.
Questão 2
Uma firma monopolista tem custo dado por C(q) = 10 + q 2 , em que q é a quantidade produzida. O
custo marginal (ou seja, o custo para produzir uma unidade adicional) é dado por CM g(q) = 2q. O
preço de mercado é dado por (p(q)=20-q). A receita da firma monopolista é simplesmente o preço
multiplicado pela quantidade: R(q) = p × q = (20 − q)q = 20q − q 2 . A receita marginal é igual a
RM g(q) = 20 − 2q.
O monopolista faz receita marginal igual a custo marginal para maximizar seu lucro. Se RM g < CM g,
vale a pena diminuir a produção. Se RM g > CM g, vale a pena aumentar a produção.
Considerações finais
Ao longo deste conteúdo, desenvolvemos uma série de ferramentas teóricas para entender o
funcionamento dos mercados. Construímos as curvas de oferta e de demanda, estudamos a formação de
preços e a definição de quantidades transacionadas, e consideramos diferentes estruturas de mercado -
como competição perfeita e monopólio. Apresentamos ainda critérios para avaliar se uma alocação de
recursos é “boa” em um sentido específico: eficiência de Pareto.
Esses instrumentos estarão presentes em qualquer análise econômica, de estudos abstratos à prática
cotidiana. Observe como esses conceitos podem ser usados em debate sobre o possível investimento em
uma nova máquina ou sobre a definição de como distribuir tarefas entre os funcionários, ou sobre uma
política pública.
headset
Podcast
Ouça agora um resumo sobre os principais assuntos abordados.
Explore +
Para uma compreensão mais aprofundada dos tópicos desenvolvidos, sugerimos a leitura da obra a seguir:
ZINGALES, L; RAJAN, R. Salvando o capitalismo dos capitalistas. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
Referências
KRUGMAN, P.; WELLS, R. Introdução à Economia. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011
VARIAN, H. R. Microeconomia: uma abordagem moderna. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012
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