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18/04/2020 APX1: Revisão da tentativa

Painel / Minhas Disciplinas / Análise Microeconômica / APX1 / APX1

Iniciado em sábado, 18 abr 2020, 11:00


Estado Finalizada
Concluída em sábado, 18 abr 2020, 12:21
Tempo 1 hora 21 minutos
empregado

Questão 1
Uma função de produção, q = f (L,K), de curto é descrita pelo uso de apenas dois fatores,trabalho, L, e máquinas. K,
Completo
utilizando-se os mesmos termos da aula 8 do nosso livro didático.
Vale 0,50
ponto(s). Se q = 10 L K, com o emprego fixo de 5 unidades de máquinas, calcule o número da produtividade marginal do trabalho
no ponto de L=2.

Resposta: q=100

Questão 2 Em microeconomia, um bem inferior caracteriza-se pela observância de seu nível de consumo variar-se inversamente
Completo proporcional à variação de preço.
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma opção:
Verdadeiro

Falso

Questão 3 Responda quantas das assertivas a seguir são corretas. Obs: responda em palavras (zero, um, dois, três, quatro)
Completo
a) Dois bens perfeitamente substituíveis ao consumo resultam em uma Curva de Indiferença de formato convexo em
Vale 0,50 relação à origem.
ponto(s).
b) Dois bens complementares ao consumo resultam em Curva de Indiferença em forma de reta.
c) A Restrição Orçamentária, RO, não desloca-se paralelamente para cima, se a renda do consumidor aumentar em x% e
os preços de todos os bens também aumentarem nessa mesma proporção;
d) Em um mapa de Curvas de Indiferenças se duas delas se tocarem, o consumidor terá alcançado o ponto de máxima
satisfação dada a sua renda monetária.

Resposta: Dois

Questão 4 Quantas das afirmativas abaixo estão corretas? obs: responda escrevendo em palavras (zero, um, dois, três, quatro)
Completo

Vale 0,50 a. Uma empresa pode apresentar a produtividade média de um fator de produção com valor negativo.
ponto(s).
b. Em termos de números discretos, a produtividade marginal do capital representa a variação da produção alcançada
mediante a incorporação na empresa de mais uma unidade de capital, considerando todos os demais fatores
constantes.
c. Em teoria, podemos admitir a produtividade marginal do trabalho com valor negativo, na função de produção de curto
prazo.
d. Em uma função de produção o ponto o qual a produção é máxima, será o ponto a ser produzido pela empresa, caso
ela tenha consumidores que até possam comprar essa quantidade.

Resposta: dois

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Questão 5 No gráfico representativo de curvas de oferta e demanda com um preço de equilíbrio, qual a única alternativa correta
Completo acerca de os consumidores suporem que os preços aumentarão no futuro (futuro próximo), e na oferta os produtores
Vale 0,50 experimentarem uma queda no preço da matéria prima (insumo) envolvida na fabricação do produto que leva ao
ponto(s). mercado?

Escolha uma:
a. A curva de demanda desloca-se para baixo, a curva de oferta também se desloca para baixo.

b. Apenas ocorrem variações ao longo das curvas de oferta e demanda, não há deslocamentos nas curvas.

c. Mudanças na expectativa de preços nao afetam a curva de demanda, mas a curva de oferta desloca-se para baixo
(direita) de sua posicao incial.

d. Provavelmente diminuirão o preço e a quantidade de equilibrio

e. A curva de oferta desloca-se para baixo (direita) e a curva de demanda para cima (direita) em relação as suas
posições iniciais.

Questão 6 Se o preço de mercado de um produto permanecer abaixo do nível de preço de equilíbrio, entendemos que:
Não respondido

Vale 0,50 Escolha uma:


ponto(s).
a. A curva de oferta irá deslocar-se para à direita dado o preço de mercado menor do que o de equilíbrio.

b. Haverá uma escassez de mercado quantificada pela diferença entre a quantidade demanda e quantidade ofertada
na situação de o preço de equilíbrio

c. A curva de demanda irá deslocar-se à direita, porque o preço de mercado é menor do que o preço de equilíbrio.

d. Haverá um excedente de produtos no mercado, possivelmente pela expansão da oferta que ira produzir mais para
garantir o mesmo nível de lucro anterior.

e. Haverá uma escassez de mercado quantificada pela diferença entre a quantidade demandada e a quantidade
ofertada ao nivel do preço de mercado.

Questão 7
Suponha um tabelamento de preços para o álcool 70 graus INPM, produto muito demandado para a não contaminação
Completo
por covid19.
Vale 0,50
ponto(s). Assinale a assertiva consistente com os conceitos e nossos estudos em microeconomia.

Escolha uma:
a. o tabelamento de preços é eficaz para regular as condições de preços estáveis.

b. Se ao preço tabelado constatar-se que este está acima do preço de equilíbrio haverá escassez desse produto.

c. havendo ágio, em algum momento o preço tabelado restou determinado abaixo do valor do preço de equilíbrio.

d. Se por qualquer razão a curva de demanda deslocar-se para cima ( para a direita) , o preço tabelado poderá
apresentar redução na escassez de produtos, caso a escassez já ocorra.

e. O ágio é o preço tabelado abaixo do preço de mercado.

Questão 8 Em determinado instante, a população reconhece a importância de um bem ao combate de uma letal e preocupante
Completo doença sanitária. Assim, para esse bem:
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma:
a. A demanda de mercado será horizontal no gráfico.

b. a demanda por ele passa a ser mais elástica.

c. a demanda por ele passa a ser mais inelástica.

d. a demanda terá uma inclinação positiva no gráfico de demanda de mercado.

e. terá demanda de elasticidade unitária.

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Questão 9 Se a renda da população sofreu uma diminuição por conta da queda do emprego e das atividades econômicas, o
Não respondido resultado sobre a demanda por produtos denominados como bens inferiores, normais ou superiores (conceito
Vale 0,50 microeconômico) é consistente com:
ponto(s).

Escolha uma:
a. diminuição na demanda por bens inferiores, mas aumento na demanda pelos bens normais ou superiores.

b. A demanda por bens inferiores e a demanda por bens normais ou superiores, não são fortemente afetados por
variação da renda.

c. Aumento na demanda por bens inferiores e aumento na demanda por bens normais ou superiores.

d. a demanda por bens inferiores pode aumentar ou diminuir.

e. aumento na demanda por bens inferiores, mas diminuição na demanda por bens normais ou superiores.

Questão 10 A curva de oferta de mercado na forma atípica de uma reta vertical no gráfico de preços e quantidades, nos informa que:
Completo

Vale 0,50 Escolha uma:


ponto(s).
a. a elasticidade preço da oferta é de valor maior que 1.

b. não se admite uma curva de oferta na modalidade reta vertical, em um gráfico de preços versus quantidades
ofertadas.

c. produtos industrializados, exemplo os automóveis, são exemplos de curva de oferta na forma de uma reta vertical.

d. os produtores (vendedores) estão dispostos a vender por qualquer preço, o que produziu e levou ao mercado
(exemplo, vendedores de alface em feiras livre).

Questão 11 Diz-se ocorrer Rendimento CRESCENTE de Escala quando:


Completo

Vale 0,50 Escolha uma:


ponto(s).
a. houver uma variação em todos os insumos na mesma taxa de 10% e a produção aumentar em mais de 10%.

b. a variação da produção for de 10%, por conta do aumento de um insumo de 5%.

c. houver uma variação da produtividade média de 10% e a produção aumentar em mais de 10%.

d. a produção variar em 10%, mediante um aumento de 10% em todos os insumos.

e. a variação de uso de um insumo em 10 % causar uma variação na produção maior de 10%.

Questão 12 A pandemia do novo coronavírus obrigou uma intervenção do poder público estadual, no sentido de coibir a circulação
Completo de pessoas em locais públicos, bem como em lojas que não sejam de alimentos, medicamentos, produtos essenciais à
Vale 0,50 população. Considerando um gráfico de oferta e demanda para um produto não essencial, ex. sorvetes, qual o efeito
ponto(s). dessa intervenção na posição da curva de demanda no gráfico? (Desloca para cima ou para a direita); (desloca para baixo
ou para esquerda); não se desloca?

Resposta: desloca para baixo ou para a esquerda

Questão 13 Assinale a(s) sentença(s) verdadeira(s)


Completo
No ponto de equilíbrio do consumidor que maximiza sua satisfação condicionado a sua Restrição Orçamentária, temos:
Vale 0,50
ponto(s).
Escolha uma ou mais:
a. Na Curva de Indiferença que ocorre a máxima satisfação, há um único ponto de interseção entre ela e a linha da
Restrição Orçamentária.

b. Se a Curva de Indiferença for na forma de L, não haverá ponto de máxima satisfação.

c. A Restrição Orçamentária cruza a Curva de Indiferença no ponto de equilíbrio

d. A Curva de Indiferença tangencia a Restrição Orçamentária no ponto em que se consome mais dos produtos mais
baratos.

e. No ponto de Equilíbrio , o nível de consumo de dois produtos dados em uma Restrição Orçamentária é o mesmo.

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Questão 14 Assinale a melhor resposta.


Não respondido
De uma função de produção de curto prazo, podemos extrair:
Vale 0,50
ponto(s).

Escolha uma:
a. A produtividade média do fator fixo e do fator variável de produção.

b. A produtividade marginal de um fator de produção.

c. a relação entre produtividades média e marginal.

d. O valor máximo da produtividade média

e. Quatro alternativas/itens que estão acima (ou abaixo) estão corretas.

f. há apenas três afirmativas corretas;

Questão 15 Assinale a alternativa correta.


Completo Com a pandemia do coronavírus ocorreu uma corrida às compras para aquisição de álcool em gel. Provavelmente, a curva
Vale 0,50 de demanda para esse bem:
ponto(s).

Escolha uma ou mais:


a. tornou-se mais elástica.

b. tornou-se mais inelástica.

c. Atingiu elasticidade preço com valor acima de 1 (valor em módulo).

d. não sofreu variação no grau de sua elasticidade preço.

e. apresentou uma forma horizontal no gráfico de preços e quantidades.

Questão 16 A Taxa Marginal de Substituição Técnica, TMST, conceito e definição bastante relacionados com a isoquanta, apresenta
Completo como correta apenas uma das seguintes sentenças.
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma:
a. Ao longo de uma isoquanta a TMST é zero.

b. A TMST representa a taxa marginal de troca de produtos para uma empresa que produz dois produtos.

c. Ao longo da Isoquanta, em que o ponto inicial seja o de um ponto alto em direção a um ponto mais baixo da
mesma, a TMST vai aumentando em valor absoluto (módulo).

d. A TMST é decrescente na hipótese de uma Isoquanta representativa de dois fatores perfeitamente substituíveis.

e. A TMST reflete a taxa de troca de um insumo por outro ao longo de uma isoquanta.

Questão 17 Responda curtamente escolhendo uma das alternativas abaixo :


Completo
Se ocorrer um progresso tecnológico que incida na função de produção,fdp, de curto prazo, o efeito sobre a fdp:
Vale 0,50
ponto(s). - (alternativa) desloca a fdp para uma posição acima da fdp inicial;

-(alternativa) desloca a fdp para uma posição abaixo da fdp inicial;


- (alternativa) não desloca a fdp;

- (alternativa) apenas aumenta a produção, podendo não deslocar a fdp inicial, a depender do tipo de tecnologia sobre
a fdp .

Resposta: desloca a fdp para uma posição acima da fdp inicial

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18/04/2020 APX1: Revisão da tentativa

Questão 18 Para o sucesso de um lojista que queira aumentar o faturamento bruto da empresa ao implementar uma liquidação de
Completo preços (promoção), ele deve torcer para:
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma:
a. que o grau de elasticidade preço da demanda não interfira no faturamento do lojista.

b. que seus clientes tenham demanda com elasticidade unitária para seus produtos.

c. que seus clientes tenham demanda inelástica para seus produtos.

d. que a curva de demanda de seus clientes seja uma reta vertical

e. que seus clientes tenham demanda elástica para seus produtos.

Questão 19 Uma empresa só consegue alterar todos os seus insumos em um mínimo de 8 anos. Então em quatro anos, ela está no
Completo período de curto, médio ou longo prazo, segundo o conceito de função de produção na microeconomia?
Vale 0,50
ponto(s).
Resposta: curto

Questão 20 Se um bem for do tipo bem superior, uma elevação na renda dos consumidores que adquirem esse produto irá deslocar a
Completo curva de oferta para a direita (ou para cima)
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma opção:
Verdadeiro

Falso

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Resumos de aps

Avaliação Presencial – AP1

Período - 2011/1º

Disciplina: Análise Microeconômica

Coordenador: Cleber Barbosa


Questões:

1) Um consumidor recebe mensalmente $16. Seus gastos são apenas com os bens x e y.
Os preços de x e y são $1 e $2, respectivamente. Pede-se:
a) A expressão algébrica (equação) da restrição orçamentária;
16 = x + 2y
b) A forma da restrição orçamentária em um gráfico de x e y ( não esqueça de atribuir
pelo menos dois pares ordenados em valores);
Desenho de uma reta tocando os eixos x e y. No ponto do eixo y o par ordenado é
(16,0); no ponto do eixo x o par ordenado é (0, 8). Outros possíveis pontos são
(2,7) e (4,6).
c) Se o consumidor quer comprar o máximo de x, quanto poderá comprar?
X=16.
d) Se o consumidor quer comprar o máximo de y, quanto poderá comprar?
Y= 8
e) Se o consumidor passar a receber $ 20, qual o valor da nova inclinação da restrição
orçamentária?
Será – 0,5.
f) Suponha que o preço de x aumente para $2 e nada ocorra com o preço de y. A
renda continua sendo $20. Desenhe a nova restrição orçamentária e determine a
sua inclinação. (valor da questão: três pontos)

A nova restrição orçamentária será uma reta com os pontos de pares que tocam os eixos
sendo ( 0,10) e (10, 0). A inclinação será -1.

2) As pessoas mais ricas adquirem mais ternos de fibra natural e neles gastam uma parte
maior de sua renda do que o resto da população. Os ternos a base de poliéster são
pouco comprados pelas pessoas mais ricas.
a)O que se pode dizer sobre a elasticidade renda dos ternos de fibra natural e os de
poliéster?
A elasticidade renda para ternos de fibra natural é maior do que a para ternos a base
de poliéster.
b) De acordo com o conceito microeconômico, defina bem inferior e bem superior;
pelo enunciado dessa questão, esses tipos de ternos são exemplos de bem inferior ou
superior? (valor da questão: dois pontos)
Bem inferior é o bem cujo aumento de renda implica uma queda em seu consumo. Já
no bem superior ocorre o contrário, um aumento da renda gera uma elevação em seu
consumo. O terno de fibra natural é um bem superior. O terno a base de poliéster é
um bem inferior se o aumento da renda levar a queda do consumo tanto para ricos
como para pobres.
3) A satisfação ou utilidade que um consumidor tem ao consumir uma unidade adicional
de um certo bem, será sempre maior que a satisfação obtida do consumo da unidade
anterior. Explique (objetivamente) se essa afirmativa é falsa ou verdadeira. (valor da
questão: dois pontos)
È uma afirmativa falsa, pois o consumo adicional de um bem é de menor satisfação
que a da unidade anterior. A cada unidade a mais, um menor ganho de satisfação
estará sendo gerado em relação ao ganho anterior,conforme o principio da utilidade
marginal decrescente.

4) Assinale, corretamente, como Verdadeira (V) ou Falsa (F), as sentenças a seguir:

(F ) Na função de produção, a “lei” dos Rendimentos Marginais Decrescentes ocorre quando o


empresário está com prejuízo.

(F) A curva de indiferença de proporção fixa entre dois bens estabelece que a aquisição
contínua de apenas um deles, confere mais satisfação ao consumidor.

(V) A produtividade média nunca assume valor negativo.

(F) Segundo a microeconomia, a definição de bem superior é a de bens dotados de boa


qualidade ou de boas vendas no mercado.

(V) Se o consumo de bens está abaixo da reta da restrição orçamentária, pode-se dizer que a
renda não está sendo totalmente gasta.

(V) Uma demanda preço elástica estimula uma redução de preços, caso o objetivo da empresa
seja aumentar o faturamento. (valor da questão: três pontos)

Avaliação Presencial – AP1

Período - 2012/2º

Disciplina: Análise Microeconômica

1. Uma empresa pode auferir um lucro econômico negativo ao mesmo tempo que
tenha um lucro contábil positivo? Justifique.
Sim. Lucro contábil é a simples diferença entre Receitas e custos contábeis de
produção. O lucro econômico incorpora o custo de oportunidade, isto é, aquele
que considera o rendimento que poderia obter na possível produção alternativa
da empresa.
2. Se há uma variação no preço do produto, a curva de demanda por ele se desloca
ou apenas muda a quantidade demandada?
Apenas ocorre a mudança na quantidade demandada, pois houve uma variação
no preço, variável do gráfico de preços e quantidades (variável endógena).
3. Suponha que o preço de mercado esteja abaixo do preço de equilíbrio. O governo
sem se dar conta do que está acontecendo, tabela o preço desse produto em um
nível menor ainda. Qual o efeito desse tabelamento? A sociedade apoiará esse
tabelamento? Responda objetivamente.
Haverá uma situação mais grave de falta de produto no mercado. O preço estará
mais baixo, porém muitos consumidores estarão insatisfeitos pela
impossibilidade de achá-los.
4. Em determinado momento a quantidade vendida é de 250 unidades quando o
preço é R$28. Para vender mais, o comerciante diminui o preço para R$24. Por
conta disso, a demanda passa para 320. Nessa situação, a demanda se mostrou
elástica ou inelástica? Calcule o valor da elasticidade.
Pelo cálculo da elasticidade preço média (arco) = - 1,64.
Elasticidade ponto: 1,31 ou 1,96.
Portanto, a situação é demanda elástica.
5. A função utilidade é dada por U = 4 x y3. Calcule o valor da utilidade marginal de y
no ponto em que o consumidor adquire 3 e 2 unidades de x e y, respectivamente.
Umgy= 12xy2, como x=3 e y = 2;
Umgy = 144
6. A função de produção de curto prazo é dada por: q = 2LK, onde L e K são
respectivamente os fatores mão de obra e trabalho. Dada a quantidade fixa de k,
ao se utilizar 10 trabalhadores, a produtividade média de L é 12. Nessa situação
qual é a produtividade média de K?
Q= 120; K= 6; Pmek= 20.
7. Uma isoquanta A está acima de outra isoquanta (B) em um mapa de isoquantas.
Qual a razão que leva a isoquanta A estar acima da B?
A isoquanta A deve conter mais quantidade de bens.
8. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) conforme seu entendimento:
a(V) a função de proporção fixa de fatores apresenta a situação em que a
empresa não altera a sua produção se apenas aumentar o uso de um fator de
produção.
b( V) O efeito substituição, um dos elementos do efeito preço, representa a
tendência do consumidor substituir o produto cujo preço aumentou, por um
outro, mesmo que esse último não tenha reduzido seu preço.
c(F) Se o bem é classificado como bem inferior um aumento no preço fará com que
o efeito substituição seja positivo.
d(F) Se a demanda não se altera com a variação do preço a elasticidade é infinita.
e(F) a produtividade marginal do trabalho indica quanto cada trabalhador produz
em média.
f(F) O preço real do produto é o preço observado depois de colocado os impostos
que incidem na mercadoria.

GABARITO

Avaliação Presencial – AP1

Período - 2013/1º

Questões

9. Em 2005, o preço de x era $12. Em 2012, tal produto valia $ 16. Sabe-se que o
índice de preços em 2005 e em 2012, apontou, respectivamente, os valores 132,2
e 143,1. Pede-se:

a. A taxa de aumento nominal de preços entre os dois períodos.

Calculando a taxa de aumento do índice de preços, tem-se: (143,1-132,2/


132,2) = 0,825 , o que equivale a 8,25%.
b. Em termos reais, em qual dos dois anos, x estava mais barato?

Obs: Apresente os seus cálculos (como chegou a sua resposta).


Basta comparar os preços reais de cada período (preço nominal/IP):
Preço real em 2005 = 0,0908; Preço real em 2012 = 0,1118. Logo, x esteve mais
barato em 2005.

10. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto. Suponha o equilíbrio de


mercado. Nesse mesmo gráfico, mostre o efeito que nele terá se a renda dos
consumidores aumentar e o produto em questão for um bem inferior.

Em sendo um bem inferior, se a renda aumenta, o consumidor irá comprar menos


desse produto. Assim, a curva de demanda desloca-se para baixo (à direita da
posição em que se encontrava). O efeito final será de uma queda no volume
negociado no mercado e diminuição do preço (cai o preço de equilíbrio, cai a
quantidade de equilíbrio).

11. Se a elasticidade preço da demanda de um bem for de elasticidade unitária (ε= -


1), vale a pena para o comerciante fazer a promoção de preços (reduzir preço)
para aumentar seu faturamento? Obs: não há pontuação se responder apenas SIM
ou Não. Uma justificativa mínima (em uma ou duas linhas) já pontua.

Não vale, pois se a elasticidade é unitária, o faturamento da empresa não varia com
a queda de preços. Valeria se a elasticidade de demanda fosse maior que um
(demanda elástica)
12. Suponha um gráfico que ilustre a restrição orçamentária de um indivíduo. Qual o
efeito nessa restrição orçamentária se os preços e renda (desse indivíduo)
aumentarem em 10%?
Nenhum efeito. A posição da RO fica a mesma. O aumento nominal de preços
fica compensado pelo aumento da renda nominal. Logo a renda real fica a
mesma, não há deslocamento ou mudança no ângulo da RO.

13. . A função de produção é dada por q = 10LK. A empresa produz com dez
trabalhadores e cinco máquinas. Calcule o valor das produtividades média e
marginal do trabalho nesse nível de produção.
Obs: q, representa a variável produção, L, o número de trabalhadores, k, o número
de máquinas.

As produtividades médias e marginais serão iguais a PMe= Pmg= 10k. Como utiliza-se 5
máquinas, então os valores de ambas serão= 50.

14. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) conforme seu entendimento:

a(V) a função de proporção fixa de fatores pode ser exemplificada como o caso em
que o empresário pode comprar mais de um fator, mas que sua produção só
aumentará se tiver uma determinada combinação ótima entre seus fatores.

b(V) A soma do efeito substituição mais o efeito renda compõe o chamado efeito
preço. Assim, se o bem for do tipo bem normal, uma elevação do preço causará
uma redução no consumo.

c(V) Se a demanda não se altera com a variação do preço a elasticidade preço é


zero.

d(F) a produtividade marginal do trabalho indica quanto cada trabalhador produz


em média.

e(V) O preço de equilíbrio de mercado é aquele em que a escassez do produto no


mercado é zero.

Avaliação Presencial – AP1

Período - 2013/2º

Disciplina: Análise Microeconômica

Questões

1. Qual informação fundamental precisamos obter para calcular se o preço real de


um produto tem aumentado ou diminuído ao longo de um determinado período?
R: o índice de preços ou da taxa de inflação do período.
2. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto. Suponha o equilíbrio de
mercado. Nesse mesmo gráfico, mostre o efeito sobre o preço e quantidades
negociadas caso ocorra um aumento no preço de um bem de uso complementar a
esse produto.
R. deslocamento para baixo (esquerda) da curva de demanda.
3. Se a elasticidade preço da demanda de um bem for zero (ε= 0), vale a pena para o
comerciante fazer a promoção de preços (reduzir preço) para aumentar seu
faturamento? Obs: não há pontuação se responder apenas SIM ou Não. Uma
justificativa mínima (em uma ou duas linhas) já pontua.
R: Não. A quantidade demandada será a mesma com a redução de preços.
4. Suponha um gráfico que ilustre a restrição orçamentária de um indivíduo. Qual o
efeito nessa restrição orçamentária se os preços e renda (desse indivíduo)
aumentarem em 100%?
R: nenhuma. A variação da renda e a variação dos preços terão efeitos
proporcionamente inversos. Tecnicamente, a restrição orçamentária é homogênea
de grau zero nos preços e renda.

5. . A função de produção é dada por q = 2LK. A empresa produz com dez


trabalhadores e cinco máquinas. Calcule o valor das produtividades médias do
trabalho e capital.
Obs: q, representa a variável produção, L, o número de trabalhadores, k, o número
de máquinas.
R: PMe L = 10; PMe k=20
6. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) conforme seu entendimento:
a(F) A soma do efeito substituição mais o efeito renda compõe o chamado efeito
preço. Assim, se o bem for do tipo bem inferior, uma elevação do preço causará
uma redução no consumo.

b(F) Se a demanda não se altera com a variação do preço a elasticidade preço é


unitária.

c(F) a produtividade média pode ser tão baixa a ponto de se tornar negativa.
d(F) O preço de equilíbrio de mercado é aquele em que os produtores estão
produzindo em sua plena capacidade produtiva.
GABARITO

Avaliação Presencial – AP1

Período - 2014/2º

Disciplina: Análise Microeconômica

Questões

15. Em 2010, o preço de x era $12. Em 2012, tal produto valia $ 18. Sabe-se que o
índice de preços em 2010 e em 2012, apontou, respectivamente, os valores 132,2
e 143,1. Pede-se:
c. A variação proporcional nominal de preços entre os dois períodos.
Entre os dois períodos o preço nominal de x aumentou em 50% (18/12).
Aceitou-se a variação nominal do índice de preços para quem fez os cálculos e
respondeu o percentual corretamente (143,1/132.2 = 8,25%).
Obs. Por pertencer a aula 1, quem teve a resposta errada ou deixou a resposta em
branco; a pontuação de 1 ponto foi transferida para a questão 3.
d. Em termos reais, em qual dos dois anos, x estava mais barato?
O preço em 2010 era mais barato em termos reais. Em 2010 o preço real de x
foi (12/132,2 = 0,09) e em 2012, ( 18/143.1 = 0.1258).
Obs.Quem teve a resposta errada ou deixou a resposta em branco; a pontuação de 1
ponto foi transferida para a questão 4.

Obs: Apresente os seus cálculos ( deixe um mínimo de seus cálculos na folha de


respostas).

16. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto. Suponha o equilíbrio de


mercado. Nesse mesmo gráfico, mostre o efeito que nele terá se a renda dos
consumidores aumentar e o produto em questão for um bem normal ou superior.
Desenhar um gráfico como o da figura 3.2 da aula 3.
17. Se a elasticidade preço da demanda de um bem for zero (ε= 0), vale a pena para o
comerciante fazer a promoção de preços (reduzir preço) para aumentar seu
faturamento? Obs: não há pontuação se responder apenas SIM ou Não. Uma
justificativa mínima (em uma ou duas linhas) já pontua.
Não, se a elasticidade é zero, não há variação da demanda com a redução de preços.
18. Suponha um gráfico que ilustre a restrição orçamentária de um indivíduo. Qual o
efeito nessa restrição orçamentária se apenas os preços aumentarem em 10%?
A restrição orçamentária tem deslocamento paralelo em direção a origem do
gráfico.

19. . A função de produção é dada por q = 10LK. A empresa produz com dez
trabalhadores e cinco máquinas. Calcule o valor das produtividades média e
marginal do capital nesse nível de produção.
Obs: q, representa a variável produção, L, o número de trabalhadores, k, o número
de máquinas.
Pmg= 100 Pme = 100
20. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) conforme seu entendimento:
a(V) a função de proporção fixa de fatores pode ser exemplificada como o caso em
que o empresário pode comprar mais de um fator, mas que sua produção só
aumentará se tiver uma determinada combinação ótima entre seus fatores.

b(V) A soma do efeito substituição mais o efeito renda compõe o chamado efeito
preço. Assim, se o bem for do tipo bem normal, uma elevação do preço causará
uma redução no consumo.

c(V) Se a demanda não se altera com a variação do preço a elasticidade preço é


zero.

d(F) a produtividade marginal do trabalho indica quanto cada trabalhador produz


em média.

e(V) O preço de equilíbrio de mercado é aquele em que a escassez do produto no


mercado é zero.

GABARITO

Avaliação Presencial – AP1

Período - 2015/1º

Disciplina: Análise Microeconômica

Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa

Questões

1. Silvio Santos, consagrado apresentador de programa da tv, em seu quadro “Quem


quer dinheiro” dobrando papel-moeda em forma de aviãozinho lança-o ao seu auditório
feminino. Sua irmã (prima ou namorada), esteve em duas ocasiões assistindo tal programa. Na
primeira vez, ano de 2002, ela conseguiu apanhar um aviãozinho de R$ 10. Na segunda vez,
em 2012, sortuda, agarrou pra si um aviãozinho de R$ 20. Os índices de preços daqueles anos
apontavam níveis de 115 e 242 em referência aos anos 2002 e 2012,respectivamente.

a) Qual o valor real de cada aviãozinho?

Preal em 2002 = 10/115= 0,087; Preal em 2012= 20/242 = 0,082

b) Em qual dos dois programas o Silvio estava efetivamente mais generoso? Justifique sua
resposta em termos do item a.
Pelo observado no item anterior, o valor real do aviãozinho foi maior em 2002. Logo naquele
ano o SS foi mais generoso, posto ter maior poder aquisitivo a cédula de 10 reais em 2002.
2. No estudo sobre o mercado consumidor classifica-se os bens como inferiores, normais
ou superiores. Nesse contexto, pode-se unicamente afirmar:

() os bens normais são aqueles de uso comum a todos, como os bens de alimentação,
vestuário e moradia.

() bens inferiores são os bens de qualidade inferior, de baixa produção técnica, sendo esse o
seu fator preponderante. Se o bem for de boa qualidade, não será bem inferior.

() um aumento na renda não implica aumento no consumo do bem normal, apenas eleva o
consumo de bem superior.

(X) para faixas muito baixas de renda, um aumento da renda pode gerar um aumento no bem
inferior; a partir de certo ponto da renda, a medida que a faixa de renda for aumentando o
consumo do bem inferior acabará por diminuir.

3. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto para o período de um


determinado mês. Suponha o equilíbrio de mercado. Nesse mesmo gráfico, mostre o efeito
que nele resultará caso, em dado instante, os consumidores assumam uma expectativa de que
os preços irão aumentar no mês seguinte.

Resposta: gráfico com a curva de oferta e demanda com o ponto de equilíbrio sendo aquele de
interseção entre tais curvas. Com a expectativa de aumento de preços, a curva de demanda
desloca-se para cima (a direita) levando a um aumento no novo preço de equilíbrio.
Obs. Só o desenho do gráfico, condição necessária e suficiente, pontua integralmente a
resposta à questão. Quem deslocou a curva de oferta, não foi pontuado. Quem deixou de
designar as variáveis designativas do gráfico (eixo vertical, preço; eixo horizontal quantidades)
perdeu parcialmente a pontuação máxima.

4. A demanda pelo produto apresenta elasticidade preço da demanda do tipo inelástica.


Sabendo dessa informação o empresário deve aumentar ou diminuir o preço se quiser
aumentar seu faturamento? Obs: com até duas linhas responde-se a questão.

R> Deve aumentar o preço, pois em demanda inelástica a variação proporcional da demanda é
menor do que a respectiva variação proporcional no preço. Assim, um aumento de preços
implica um aumento de receita.

Obs. Quem respondeu que a demanda não se altera com o aumento de preços, não foi
pontuado.

5. Suponha um gráfico que ilustre a restrição orçamentária de um indivíduo em razão de


dois bens por ele demandado.

a. Há apenas duas situações as quais a restrição orçamentária irá deslocar paralelamente para
cima. Quais são? OBS. Seja preciso em sua resposta!
Aumento de renda; diminuição na MESMA PROPORÇAO dos preços do produtos.

b. Ilustre graficamente sua resposta em a.

Deslocamento paralelo da RO , apresentando as variáveis de cada eixo (a quantidade de cada


produto) e cada RO sendo uma reta cujo extremos são cada um dos dois eixos do gráfico.

6. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para o que está dito a seguir:

a(V) Admitindo apenas dois insumos, a função de produção (fdp) pode apresentar a produção
resultante da alteração de um fator, permanecendo o outro fixo. Essa é, portanto, uma fdp de
curto prazo.

b(F) A hipótese da ocorrência de progresso técnico implica alteração para a mais na


quantidade ilustrada no gráfico da função de produção, mas não há deslocamento da mesma.

C(F) Para maximizar a satisfação com o consumo de bens, consumidor hedonista, a restrição
orçamentária deve tocar a curva de indiferença em qualquer ponto dela.

GABARITO COMENTADO pós correção

Avaliação Presencial – AP1 2015-2

Disciplina: Análise Microeconômica

Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa

ALUNO: MATR:

Orientações para prova:


 Só serão aceitas respostas feitas à caneta esferográfica azul ou preta.
 ATENÇÃO: as respostas (TODAS) só serão pontuadas se estiverem na
Folha de Respostas.
 Permite-se o uso de calculadoras, exceto as acopladas a telefones celulares.
 Pontuação: 2 (dois) pontos.
 Solicitamos caligrafia legível!

Questões

COMENTÀRIO GERAL. Não obstante o que está determinado acima, em letras com caixa alta e
 não obstante informação de alerta na plataforma, semana da AP1, algumas poucas
negrito;
pessoas (suponho 3 alunos entre o total de 214) não procederam como as orientações, não
ocorrendo, pois, a pontuação das respostas não contidas na folha de respostas. Uma prova é
um documento que deve ser lido e seguido nas orientações nelas constantes, sob pena de o
autor assumir as responsabilidades por tais violações.

Há também que responda com lápis, o que impede a correção/pontuação.

Questões

1. Em 2002, o índice de preços (IP) marcava 115. Dez anos depois, 2012, o mesmo
índice de preços foi 262.
Assinale na FOLHA DE RESPOSTAS, V (verdadeiro) ou F (falso):
(V* ou F*)Dez reais (R$ 10) em 2010 apresentou valor real maior do que vinte reais
(R$20) em 2012.
(F) Preço real é o preço nominal multiplicado pelo índice de Preços.
(V) As variáveis nominais são expressas em moeda corrente.
(V) A inflação afeta o valor real das variáveis nominais.
* aceitou-se qualquer resposta para este item.

2. No estudo sobre o mercado consumidor classificam-se os bens como


inferiores, normais ou superiores. Nesse contexto, pode-se unicamente
afirmar:
() os bens normais são aqueles de uso comum a todos, como os bens de
alimentação, vestuário e moradia.
() bens inferiores são os bens de qualidade inferior, de baixa produção técnica, sendo
esse o seu fator preponderante. Se o bem for de boa qualidade, não será bem
inferior.
() um aumento na renda não implica aumento no consumo do bem normal, apenas
eleva o consumo de bem superior.
(X) para faixas muito baixas de renda, um aumento da renda pode gerar um aumento
no bem inferior; a partir de certo ponto da renda, a medida que a faixa de renda for
aumentando o consumo do bem inferior acabará por diminuir.

3. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto para o período de um


determinado mês. Suponha o equilíbrio de mercado. Nesse mesmo gráfico, mostre
o efeito que nele resultará caso, em dado instante, os consumidores assumam uma
expectativa de que os preços irão diminuir no mês seguinte.

GABARITO. A curva de demanda desloca-se para a esquerda(para baixo). O preço de


equilíbrio e a quantidade de mercado diminuem.

Padrão de pontuação:

- quem deslocou a curva de demanda, mas não indicou no gráfico o efeito sobre o
preço e quantidade de equilíbrio recebeu 1 ponto;

- quem deslocou a curva de oferta, ainda que tenha deslocado a demanda: zero ponto;

- quem desenhou gráfico sem especificar as variáveis que determinam os eixos: zero
ponto.
- Quem não fez o gráfico: zero ponto.

4. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para o que está dito a seguir:

a( F) Se a demanda tem elasticidade preço zero, o gráfico da demanda por esse bem é
horizontal.

b( V) Geralmente, remédio tem elasticidade-preço (em módulo) da demanda menor do


que um; enquanto a demanda por passagens aéreas do Brasil para a China é elástica.

C(F) Para maximizar a satisfação com o consumo de bens, consumidor hedonista, a


restrição orçamentária deve tocar a curva de indiferença em qualquer ponto dela.

D(V) Se a elasticidade-renda de um bem é zero e o consumidor recebe um aumento


salarial o consumo desse bem permanecerá o mesmo.

5. Foram calculadas as funções oferta e demanda de um bem:


Q = 300 – 8p
Q= 48 + 10p
Onde q representa a variável quantidade e p, a variável preço.
A. Qual das duas equações seria a curva de oferta?
Q = 48 + 10p
B. Qual é o preço e a quantidade de equilíbrio?
P=14; q= 188
C. Se o preço for 10, qual seria a quantidade de escassez nesse mercado?
Escassez : Q= 72
OBs: item b = 1 ponto

GABARITO COMENTADO

Avaliação Presencial – AP1 Período - 2016/1º

Disciplina: Análise Microeconômica Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa

AP1 Análise Microeconômica

Orientações para prova:


 Só serão aceitas respostas feitas à caneta esferográfica azul ou preta;
ATENÇÃO: as respostas só serão pontuadas se estiverem na Folha de Respostas.
 Pontuação: Dois pontos para cada questão.
Questão 1

O Valor real do dinheiro é diretamente proporcional ao nível de preço. Então, quando os


preços de todas as mercadorias sobem, normalmente, os consumidores tornam-se propensos
a reduzir a demanda por elas. Certamente, um dos motivos dessa propensão à queda da
demanda é a de os consumidores preferirem reter o dinheiro, dado o aumento no valor real
do dinheiro.

De acordo com o que estudou, a interpretação do parágrafo nos leva a concluir:

Letra a : A primeira frase está correta. A segunda frase está correta. A segunda frase é um
exemplo de economia positiva. A terceira frase está correta.

Letra b: A primeira frase está incorreta. A segunda frase está correta. A segunda frase é um
exemplo de economia normativa. A terceira frase está correta.

Letra c: A primeira frase está incorreta. A segunda frase está correta. A segunda frase é um
exemplo de economia positiva. A terceira frase está incorreta.

Letra d: A primeira frase está correta. A segunda frase está incorreta. A segunda frase é um
exemplo de economia normativa. A terceira frase está incorreta.

Letra e: A primeira frase está incorreta. A segunda frase está incorreta. A segunda frase é um
exemplo de economia normativa. A terceira frase está correta.

Resposta: Letra C

Questão 2

O preço nominal dos bens não se alterou. Todavia, a renda dos consumidores diminuiu
reflexamente diante da prolongada recessão ( queda da produção do país). Nesse caso,
responda (folha de respostas, não esqueça), qual (quais) das sentenças seguintes são corretas.

A. Se a demanda por um determinado produto reduziu, trata-se de um bem conceituado na


microeconomia como bem inferior.

B. Se a demanda por um tal produto aumentou, trata-se de um bem conceituado na


microeconomia como bem normal ou superior.

C. Em geral, os bens inferiores têm expansão nas vendas quando a renda da população
diminui.

D. Para faixa muito baixa de renda, um bem inferior pode assumir características de um bem
superior.
E. Bem superior na microeconomia é aquele em que a qualidade é superior, enquanto o bem
inferior é caracterizado pela baixa qualidade do produto.

Resposta: Letras C e D.

Questão 3

No mercado de bens e serviços, em dado momento, um bem sofreu um aumento de 20% em


seu preço. Consumidores revoltados, a demanda total reduziu em 10% em relação a situação
anterior. Se com essas informações a elasticidade- preço da demanda possa ser calculada,
explicite o valor dela respondendo , também, se a demanda é elástica, inelástica ou
elasticidade constante. Informe também se a receita total com a venda desse bem deve
aumentar ou reduzir.

Resposta: A elasticidade é a variação percentual da quantidade demandada pela variação


percentual do preço. Portanto, da divisão dessas variações, a elasticidade é – 0,5. Valor 1
ponto.

Como é um valor absoluto menor do que 1, a demanda está inelástica. (ponto = 0,5)

A receita aumenta. ( ponto = 0,5)

Questão 4

O preço da energia elétrica tem aumentado nesses últimos anos, bem mais do que a variação
dos salários. Suponha, pois, que a tarifa da energia tenha aumentado em 40% , em
determinado ano. O salário de um trabalhador, em termos nominais, subiu apenas 10%.
Considere que esse trabalhador apenas utilize luz e alimentos em sua cesta de consumo. Os
alimentos permaneceram com os mesmos preços ao longo do ano. Se em um gráfico da
restrição orçamentária (RO) a energia elétrica está no eixo horizontal, enquanto os alimentos
(como um todo) estão no eixo vertical, desenhe a RO desse consumidor, antes e depois desse
aumento na energia.

Resposta Comentada:

A RO trata-se de uma reta que une dois pontos entre o eixo vertical e horizontal. Se a renda
aumentou a RO vai se deslocar em seus dois pontos extremos. No eixo vertical , alimentos, a
variação da renda foi maior do que o aumento de preços, portanto, o ponto no eixo estará
acima do anterior.
No eixo horizontal, energia elétrica, o ponto que toca o eixo estará aquém do ponto anterior,
posto o aumento da energia ter sido maior do que o aumento da renda.

Pontuação: quem apenas errou o eixo vertical, no caso, não alterando em relação ao ponto
inicial, tem 1,5 ponto.

Quem alterou o ponto do eixo vertical colocando-o abaixo do ponto original, acertando o
ponto horizontal, tem 1,0 ponto.
A questão solicitou a resposta em um único gráfico. Assim, pode-se comparar o efeito
resultante das proposições.

Questão 5. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) conforme as sentenças a seguir

(V) A curva de oferta é uma curva constante ou crescente em um gráfico que utiliza as
variáveis preços e quantidades.

(F) Se a empresa produz 100 unidades com 20 unidades de um insumo, a produtividade


marginal desse insumo é cinco.

(V) Na produção de curto prazo, entende-se que pelo menos um fator de produção está com
severas limitações para ser alterado.

(V) Se a demanda é perfeitamente inelástica, a empresa tem como aumentar o preço e


aumentar o faturamento.

Ultimo Comentário: as perguntas objetivas não exigem respostas comentadas. Apenas a


resposta simples e objetiva. Alguns escrevem mais do que o necessário. Outros com letras
ilegíveis.
Gabarito COMENTADO
AP1 do 2 sem 2019 Microeconomia

GABARITO COMENTADO

I. Comentários gerais da Prova


A prova foi de nível leve de profundidade dos assuntos, buscando reconhecer se o
estudante compreendeu os conceitos básicos das aulas, e leitura gráfica, o que é
importante para apresentação profissional de um administrador.

Bruno Goulart Braga, polo Rocinha, obteve nota DEZ. Outros dos mais diversos polos
bateram na trave do 10: nota 9,5. Parabéns !

Reparei que alguns estudantes, respondem com muita pressa, ansiedade ou mesmo
com aparência de desleixo às questões. Não indicam onde está a resposta, não deixam
claro onde está a resposta, no meio a tantas contas. Importante destacar a resposta,
com a designação de RESPOSTA, ou sublinhado, círculos ... Alguns deixam com letras e
números de difícil leitura. Isso em nada ajuda à pontuação, em alguns casos, não se
concede ponto por conta dessa dificuldade.

Importante também responder conforme o enunciado. Se a questão foi formulada


com variáveis A e B, não se deve responder com variáveis X e Y.

Algumas curvas de uma rodovia, a Administração Pública informa que são trechos com
alto índice de acidentes. A intenção é o chamar atenção para o cuidado adicional: o
usuário da estrada deve ter uma atenção redobrada.
Nessa nossa disciplina, infelizmente, há um número significativo de baixas notas.
Portanto, vale o empenho adicional na leitura constante e a tempo para passar por ela
da melhor e mais rápida forma possível. O coordenador quer ver os estudantes com
notas elevadas, pelas respostas corretas que produzem. Ele fica feliz, acredite.

II. Gabarito da AP1, com comentários das pontuações consideradas.


Avaliação Presencial – AP 1 Período - 2019/2º
Disciplina: Análise Microeconômica Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa

Orientações para a prova:


 Só serão aceitas respostas feitas à caneta esferográfica azul ou preta;
 ATENÇÃO: as respostas só serão pontuadas se estiverem na Folha de
Respostas.
O  Questões 1 e 3 valem 2 pontos. A questão 6, 3 pontos.As demais, 1 ponto, cada.

FOLHA DEORIENTAÇÕES
QUESTÕES PARA OS APLICADORES DA PROVA
FOLHA DESr.QUESTÕES
Tutor Aplicador da PROVA: solicito não grampear a folha de questões com a
folha de Respostas.
Na entrega da prova do examinando, solicito não receber apenas a FOLHA DE
QUESTÕES como FOLHA DE RESPOSTAS, conforme orientação acima. Grato por
recolher as Provas em ordem alfabética.
Questões

1. Uma empresa constata que ao preço de R$100,00, por unidade, vende


diariamente 90 produtos. Ao aumentar em 10% o preço daquele produto, as
vendas diárias são reduzidas para 67 unidades. Qual o valor da Elasticidade
preço da demanda dessa mudança de preços? Nesse trecho a demanda é
elástica, inelástica ou apresenta elasticidade unitária?

R: Elasticidade= -2,55 (ou 2,55 em módulo), trecho de demanda elástica.

Obs: aceitou-se o valor de - 3,1 ou próximos , pelo método de elasticidade arco.


Em hipótese alguma permitiu-se responder como demanda inelástica apresentando valores
maiores do que 1, e vice-versa.
Quem fez cálculos razoáveis de elasticidades errando os valores, porém acertando como
elástico ou inelástico, pelos valores encontrados, recebeu 0,5 ponto. Por exemplo: 1)
respondeu que a elasticidade foi 0,3 e assim a demanda é inelástica, ganhou meio ponto. 2)
respondeu que a elasticidade foi 2,55, sendo demanda inelástica, recebeu zero ponto.

2. A utilidade do consumidor com dois produtos (x e y) é dada pela expressão U


(x, y) = 2x y2. Se o consumidor está consumindo 2 unidades de y e 1 unidade de
x, qual o valor da utilidade marginal de x?
R: umg de x = 8

3. O consumidor consume apenas dois produtos: produto A e produto B. O preço


de A é R$ 2. O preço de B é R$ 5 reais. A renda desse consumidor é R$100.
Pede-se: a equação da Restrição Orçamentária (RO) explicitando a variável B,
que designe essa situação; b) o gráfico que representa essa RO, com os valores
das variáveis nos interceptos da RO com o gráfico.
R: equação da RO : b = 20 – 0,5 a
b) gráfico da RO : uma reta que toca o eixo vertical com valor 20 (eixo b); toca
o eixo horizontal (eixo a) no valor 50.

4. Diz-se que um consumidor está em equilíbrio quando maximiza sua satisfação


(ou utilidade) dada a renda monetária adquirida. Desenhe o gráfico da
microeconomia que expresse uma situação assim.
Obs. Não esqueça de expressar as variáveis do gráfico.
R: gráfico com eixo vertical com bem y e eixo horizontal com bem x. A curva
convexa que representa a curva de indiferença toca um único ponto
(tangencia) a Restrição orçamentária. Ver o gráfico no capítulo referente a esse
tema no livro didático. Aceitou-se colocar curva de indiferença em forma de L,
caso de bens complementares em proporção fixa.
5. A função de produção de uma atividade econômica é dada por q = 2 L K2. Ao
empregar dez trabalhadores (L=10), utilizando duas máquinas (K=2): a) qual o
valor da produtividade média do trabalho? B) qual o valor da função de
produção no ponto do item anterior?
R: a) Pmel do trabalho= 8; b) q = 80

6. Assinale (Folha de Respostas) V (verdadeiro) ou F (Falso), para as proposições:


(F) Apesar de raro na prática, a produtividade média do trabalho pode ser
negativa.
(F) Se o ponto alcançado na produção aponta ser o de maior valor da
produtividade média, então a produção correspondente é a maior possível.
(V) a ocorrência de progresso tecnológico desloca a posição da função de
produção no gráfico.
(F) teoricamente não se admite produtividade marginal negativa.
(F) se um produto concorre com muitos substitutos, sua elasticidade preço da
demanda tende a ser inelástica.
(V) se sua empresa tem elasticidade preço da demanda com valor absoluto
menor do que 1, não é vantagem realizar uma liquidação de preços.
18/04/2020 APX1: Revisão da tentativa

Painel / Minhas Disciplinas / Análise Microeconômica / APX1 / APX1

Iniciado em sábado, 18 abr 2020, 11:00


Estado Finalizada
Concluída em sábado, 18 abr 2020, 12:21
Tempo 1 hora 21 minutos
empregado

Questão 1
Uma função de produção, q = f (L,K), de curto é descrita pelo uso de apenas dois fatores,trabalho, L, e máquinas. K,
Completo
utilizando-se os mesmos termos da aula 8 do nosso livro didático.
Vale 0,50
ponto(s). Se q = 10 L K, com o emprego fixo de 5 unidades de máquinas, calcule o número da produtividade marginal do trabalho
no ponto de L=2.

Resposta: q=100

Questão 2 Em microeconomia, um bem inferior caracteriza-se pela observância de seu nível de consumo variar-se inversamente
Completo proporcional à variação de preço.
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma opção:
Verdadeiro

Falso

Questão 3 Responda quantas das assertivas a seguir são corretas. Obs: responda em palavras (zero, um, dois, três, quatro)
Completo
a) Dois bens perfeitamente substituíveis ao consumo resultam em uma Curva de Indiferença de formato convexo em
Vale 0,50 relação à origem.
ponto(s).
b) Dois bens complementares ao consumo resultam em Curva de Indiferença em forma de reta.
c) A Restrição Orçamentária, RO, não desloca-se paralelamente para cima, se a renda do consumidor aumentar em x% e
os preços de todos os bens também aumentarem nessa mesma proporção;
d) Em um mapa de Curvas de Indiferenças se duas delas se tocarem, o consumidor terá alcançado o ponto de máxima
satisfação dada a sua renda monetária.

Resposta: Dois

Questão 4 Quantas das afirmativas abaixo estão corretas? obs: responda escrevendo em palavras (zero, um, dois, três, quatro)
Completo

Vale 0,50 a. Uma empresa pode apresentar a produtividade média de um fator de produção com valor negativo.
ponto(s).
b. Em termos de números discretos, a produtividade marginal do capital representa a variação da produção alcançada
mediante a incorporação na empresa de mais uma unidade de capital, considerando todos os demais fatores
constantes.
c. Em teoria, podemos admitir a produtividade marginal do trabalho com valor negativo, na função de produção de curto
prazo.
d. Em uma função de produção o ponto o qual a produção é máxima, será o ponto a ser produzido pela empresa, caso
ela tenha consumidores que até possam comprar essa quantidade.

Resposta: dois

https://graduacao.cederj.edu.br/ava/mod/quiz/review.php?attempt=103328&cmid=319064 1/5
18/04/2020 APX1: Revisão da tentativa

Questão 5 No gráfico representativo de curvas de oferta e demanda com um preço de equilíbrio, qual a única alternativa correta
Completo acerca de os consumidores suporem que os preços aumentarão no futuro (futuro próximo), e na oferta os produtores
Vale 0,50 experimentarem uma queda no preço da matéria prima (insumo) envolvida na fabricação do produto que leva ao
ponto(s). mercado?

Escolha uma:
a. A curva de demanda desloca-se para baixo, a curva de oferta também se desloca para baixo.

b. Apenas ocorrem variações ao longo das curvas de oferta e demanda, não há deslocamentos nas curvas.

c. Mudanças na expectativa de preços nao afetam a curva de demanda, mas a curva de oferta desloca-se para baixo
(direita) de sua posicao incial.

d. Provavelmente diminuirão o preço e a quantidade de equilibrio

e. A curva de oferta desloca-se para baixo (direita) e a curva de demanda para cima (direita) em relação as suas
posições iniciais.

Questão 6 Se o preço de mercado de um produto permanecer abaixo do nível de preço de equilíbrio, entendemos que:
Não respondido

Vale 0,50 Escolha uma:


ponto(s).
a. A curva de oferta irá deslocar-se para à direita dado o preço de mercado menor do que o de equilíbrio.

b. Haverá uma escassez de mercado quantificada pela diferença entre a quantidade demanda e quantidade ofertada
na situação de o preço de equilíbrio

c. A curva de demanda irá deslocar-se à direita, porque o preço de mercado é menor do que o preço de equilíbrio.

d. Haverá um excedente de produtos no mercado, possivelmente pela expansão da oferta que ira produzir mais para
garantir o mesmo nível de lucro anterior.

e. Haverá uma escassez de mercado quantificada pela diferença entre a quantidade demandada e a quantidade
ofertada ao nivel do preço de mercado.

Questão 7
Suponha um tabelamento de preços para o álcool 70 graus INPM, produto muito demandado para a não contaminação
Completo
por covid19.
Vale 0,50
ponto(s). Assinale a assertiva consistente com os conceitos e nossos estudos em microeconomia.

Escolha uma:
a. o tabelamento de preços é eficaz para regular as condições de preços estáveis.

b. Se ao preço tabelado constatar-se que este está acima do preço de equilíbrio haverá escassez desse produto.

c. havendo ágio, em algum momento o preço tabelado restou determinado abaixo do valor do preço de equilíbrio.

d. Se por qualquer razão a curva de demanda deslocar-se para cima ( para a direita) , o preço tabelado poderá
apresentar redução na escassez de produtos, caso a escassez já ocorra.

e. O ágio é o preço tabelado abaixo do preço de mercado.

Questão 8 Em determinado instante, a população reconhece a importância de um bem ao combate de uma letal e preocupante
Completo doença sanitária. Assim, para esse bem:
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma:
a. A demanda de mercado será horizontal no gráfico.

b. a demanda por ele passa a ser mais elástica.

c. a demanda por ele passa a ser mais inelástica.

d. a demanda terá uma inclinação positiva no gráfico de demanda de mercado.

e. terá demanda de elasticidade unitária.

https://graduacao.cederj.edu.br/ava/mod/quiz/review.php?attempt=103328&cmid=319064 2/5
18/04/2020 APX1: Revisão da tentativa

Questão 9 Se a renda da população sofreu uma diminuição por conta da queda do emprego e das atividades econômicas, o
Não respondido resultado sobre a demanda por produtos denominados como bens inferiores, normais ou superiores (conceito
Vale 0,50 microeconômico) é consistente com:
ponto(s).

Escolha uma:
a. diminuição na demanda por bens inferiores, mas aumento na demanda pelos bens normais ou superiores.

b. A demanda por bens inferiores e a demanda por bens normais ou superiores, não são fortemente afetados por
variação da renda.

c. Aumento na demanda por bens inferiores e aumento na demanda por bens normais ou superiores.

d. a demanda por bens inferiores pode aumentar ou diminuir.

e. aumento na demanda por bens inferiores, mas diminuição na demanda por bens normais ou superiores.

Questão 10 A curva de oferta de mercado na forma atípica de uma reta vertical no gráfico de preços e quantidades, nos informa que:
Completo

Vale 0,50 Escolha uma:


ponto(s).
a. a elasticidade preço da oferta é de valor maior que 1.

b. não se admite uma curva de oferta na modalidade reta vertical, em um gráfico de preços versus quantidades
ofertadas.

c. produtos industrializados, exemplo os automóveis, são exemplos de curva de oferta na forma de uma reta vertical.

d. os produtores (vendedores) estão dispostos a vender por qualquer preço, o que produziu e levou ao mercado
(exemplo, vendedores de alface em feiras livre).

Questão 11 Diz-se ocorrer Rendimento CRESCENTE de Escala quando:


Completo

Vale 0,50 Escolha uma:


ponto(s).
a. houver uma variação em todos os insumos na mesma taxa de 10% e a produção aumentar em mais de 10%.

b. a variação da produção for de 10%, por conta do aumento de um insumo de 5%.

c. houver uma variação da produtividade média de 10% e a produção aumentar em mais de 10%.

d. a produção variar em 10%, mediante um aumento de 10% em todos os insumos.

e. a variação de uso de um insumo em 10 % causar uma variação na produção maior de 10%.

Questão 12 A pandemia do novo coronavírus obrigou uma intervenção do poder público estadual, no sentido de coibir a circulação
Completo de pessoas em locais públicos, bem como em lojas que não sejam de alimentos, medicamentos, produtos essenciais à
Vale 0,50 população. Considerando um gráfico de oferta e demanda para um produto não essencial, ex. sorvetes, qual o efeito
ponto(s). dessa intervenção na posição da curva de demanda no gráfico? (Desloca para cima ou para a direita); (desloca para baixo
ou para esquerda); não se desloca?

Resposta: desloca para baixo ou para a esquerda

Questão 13 Assinale a(s) sentença(s) verdadeira(s)


Completo
No ponto de equilíbrio do consumidor que maximiza sua satisfação condicionado a sua Restrição Orçamentária, temos:
Vale 0,50
ponto(s).
Escolha uma ou mais:
a. Na Curva de Indiferença que ocorre a máxima satisfação, há um único ponto de interseção entre ela e a linha da
Restrição Orçamentária.

b. Se a Curva de Indiferença for na forma de L, não haverá ponto de máxima satisfação.

c. A Restrição Orçamentária cruza a Curva de Indiferença no ponto de equilíbrio

d. A Curva de Indiferença tangencia a Restrição Orçamentária no ponto em que se consome mais dos produtos mais
baratos.

e. No ponto de Equilíbrio , o nível de consumo de dois produtos dados em uma Restrição Orçamentária é o mesmo.

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18/04/2020 APX1: Revisão da tentativa

Questão 14 Assinale a melhor resposta.


Não respondido
De uma função de produção de curto prazo, podemos extrair:
Vale 0,50
ponto(s).

Escolha uma:
a. A produtividade média do fator fixo e do fator variável de produção.

b. A produtividade marginal de um fator de produção.

c. a relação entre produtividades média e marginal.

d. O valor máximo da produtividade média

e. Quatro alternativas/itens que estão acima (ou abaixo) estão corretas.

f. há apenas três afirmativas corretas;

Questão 15 Assinale a alternativa correta.


Completo Com a pandemia do coronavírus ocorreu uma corrida às compras para aquisição de álcool em gel. Provavelmente, a curva
Vale 0,50 de demanda para esse bem:
ponto(s).

Escolha uma ou mais:


a. tornou-se mais elástica.

b. tornou-se mais inelástica.

c. Atingiu elasticidade preço com valor acima de 1 (valor em módulo).

d. não sofreu variação no grau de sua elasticidade preço.

e. apresentou uma forma horizontal no gráfico de preços e quantidades.

Questão 16 A Taxa Marginal de Substituição Técnica, TMST, conceito e definição bastante relacionados com a isoquanta, apresenta
Completo como correta apenas uma das seguintes sentenças.
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma:
a. Ao longo de uma isoquanta a TMST é zero.

b. A TMST representa a taxa marginal de troca de produtos para uma empresa que produz dois produtos.

c. Ao longo da Isoquanta, em que o ponto inicial seja o de um ponto alto em direção a um ponto mais baixo da
mesma, a TMST vai aumentando em valor absoluto (módulo).

d. A TMST é decrescente na hipótese de uma Isoquanta representativa de dois fatores perfeitamente substituíveis.

e. A TMST reflete a taxa de troca de um insumo por outro ao longo de uma isoquanta.

Questão 17 Responda curtamente escolhendo uma das alternativas abaixo :


Completo
Se ocorrer um progresso tecnológico que incida na função de produção,fdp, de curto prazo, o efeito sobre a fdp:
Vale 0,50
ponto(s). - (alternativa) desloca a fdp para uma posição acima da fdp inicial;

-(alternativa) desloca a fdp para uma posição abaixo da fdp inicial;


- (alternativa) não desloca a fdp;

- (alternativa) apenas aumenta a produção, podendo não deslocar a fdp inicial, a depender do tipo de tecnologia sobre
a fdp .

Resposta: desloca a fdp para uma posição acima da fdp inicial

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18/04/2020 APX1: Revisão da tentativa

Questão 18 Para o sucesso de um lojista que queira aumentar o faturamento bruto da empresa ao implementar uma liquidação de
Completo preços (promoção), ele deve torcer para:
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma:
a. que o grau de elasticidade preço da demanda não interfira no faturamento do lojista.

b. que seus clientes tenham demanda com elasticidade unitária para seus produtos.

c. que seus clientes tenham demanda inelástica para seus produtos.

d. que a curva de demanda de seus clientes seja uma reta vertical

e. que seus clientes tenham demanda elástica para seus produtos.

Questão 19 Uma empresa só consegue alterar todos os seus insumos em um mínimo de 8 anos. Então em quatro anos, ela está no
Completo período de curto, médio ou longo prazo, segundo o conceito de função de produção na microeconomia?
Vale 0,50
ponto(s).
Resposta: curto

Questão 20 Se um bem for do tipo bem superior, uma elevação na renda dos consumidores que adquirem esse produto irá deslocar a
Completo curva de oferta para a direita (ou para cima)
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma opção:
Verdadeiro

Falso

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ANÁLISE MICROECONÔMICA – COMPILADO DE APS

Avaliação Presencial – AP1


Período - 2011/1º
Disciplina: Análise Microeconômica
Coordenador: Cleber Barbosa
Questões:

1) Um consumidor recebe mensalmente $16. Seus gastos são apenas com os bens x e y. Os preços de x e y
são $1 e $2, respectivamente. Pede-se:
a) A expressão algébrica (equação) da restrição orçamentária;
16 = x + 2y
b) A forma da restrição orçamentária em um gráfico de x e y ( não esqueça de atribuir pelo menos dois
pares ordenados em valores);
Desenho de uma reta tocando os eixos x e y. No ponto do eixo y o par ordenado é (16,0); no ponto do
eixo x o par ordenado é (0, 8). Outros possíveis pontos são (2,7) e (4,6).
c) Se o consumidor quer comprar o máximo de x, quanto poderá comprar?
X=16.
d) Se o consumidor quer comprar o máximo de y, quanto poderá comprar?
Y= 8
e) Se o consumidor passar a receber $ 20, qual o valor da nova inclinação da restrição orçamentária?
Será – 0,5.
f) Suponha que o preço de x aumente para $2 e nada ocorra com o preço de y. A renda continua sendo
$20. Desenhe a nova restrição orçamentária e determine a sua inclinação. (valor da questão: três
pontos)

A nova restrição orçamentária será uma reta com os pontos de pares que tocam os eixos sendo ( 0,10) e (10, 0). A
inclinação será -1.

2) As pessoas mais ricas adquirem mais ternos de fibra natural e neles gastam uma parte maior de sua renda
do que o resto da população. Os ternos a base de poliéster são pouco comprados pelas pessoas mais
ricas.
a)O que se pode dizer sobre a elasticidade renda dos ternos de fibra natural e os de poliéster?
A elasticidade renda para ternos de fibra natural é maior do que a para ternos a base de poliéster.
b) De acordo com o conceito microeconômico, defina bem inferior e bem superior; pelo enunciado dessa
questão, esses tipos de ternos são exemplos de bem inferior ou superior? (valor da questão: dois pontos)
Bem inferior é o bem cujo aumento de renda implica uma queda em seu consumo. Já no bem superior
ocorre o contrário, um aumento da renda gera uma elevação em seu consumo. O terno de fibra natural é
um bem superior. O terno a base de poliéster é um bem inferior se o aumento da renda levar a queda do
consumo tanto para ricos como para pobres.
3) A satisfação ou utilidade que um consumidor tem ao consumir uma unidade adicional de um certo bem,
será sempre maior que a satisfação obtida do consumo da unidade anterior. Explique (objetivamente) se
essa afirmativa é falsa ou verdadeira. (valor da questão: dois pontos)
È uma afirmativa falsa, pois o consumo adicional de um bem é de menor satisfação que a da unidade
anterior. A cada unidade a mais, um menor ganho de satisfação estará sendo gerado em relação ao
ganho anterior,conforme o principio da utilidade marginal decrescente.

4) Assinale, corretamente, como Verdadeira (V) ou Falsa (F), as sentenças a seguir:


(F ) Na função de produção, a “lei” dos Rendimentos Marginais Decrescentes ocorre quando o empresário está
com prejuízo.

(F) A curva de indiferença de proporção fixa entre dois bens estabelece que a aquisição contínua de apenas um
deles, confere mais satisfação ao consumidor.

(V) A produtividade média nunca assume valor negativo.

(F) Segundo a microeconomia, a definição de bem superior é a de bens dotados de boa qualidade ou de boas
vendas no mercado.

(V) Se o consumo de bens está abaixo da reta da restrição orçamentária, pode-se dizer que a renda não está
sendo totalmente gasta.

(V) Uma demanda preço elástica estimula uma redução de preços, caso o objetivo da empresa seja aumentar o
faturamento. (valor da questão: três pontos)

GABARITO
Avaliação Presencial – AP1
Período - 2012/1º
Disciplina: Análise Microeconômica
Coordenador: Cleber Barbosa
Orientações para prova:
• Só serão aceitas respostas feitas à caneta esferográfica azul ou preta;
• ATENÇÃO: as respostas só serão pontuadas se estiverem na Folha de
Respostas.

Boa Prova!!!

Questão 1. Imagine uma curva de demanda. Cite uma situação de mercado (exemplo) que acarrete uma variação
ao longo da curva de demanda e outra que provoque um deslocamento da mesma.

Obs: obviamente, não se esqueça de discriminar qual situação é a da variação e qual é a de deslocamento da
demanda. (1 ponto)

Resposta: uma simples mudança do preço de mercado como a alteração fortuita do empresário em
precificar seu produto faz com que o consumidor altere a sua quantidade demandada, isso é uma mudança
ao longo da curva de demanda.

Qualquer variação na condição de ceterius paribus na curva de demanda, como por exemplo, a mudança de
renda do consumidor implica em deslocamento da curva.

Questão 2. Uma empresa tem 50 funcionários e 10 máquinas. Sua produção mensal é de 5000 unidades. Observa-
se que com o mesmo número de máquinas, ao contratar mais um funcionário a produção mensal cai para 4980
unidades. Por sua vez, se com os mesmos 50 funcionários, a empresa adquirir mais uma máquina, a produção
atinge a escala de 6000 unidades. Por fim, com 51 funcionários e 11 máquinas, a produção totalizaria 6320
unidades.
Com base nessas informações, responda:

a) Quais seriam os valores da produtividade média do trabalho ao nível de 50 funcionários e ao nível de 51


funcionários?
Pmel (l=50,k=10)=100; Pme(l=51,k=10)= 97,64; Pme(l=50, k=11) = 120; Pme (l=51,k=11) = 123,9
b) Quais seriam os valores da produtividade média da máquina ao nível de 10 máquinas e ao nível de 11
máquinas?
Pme (l=50,k=10) = 500 ; Pme(l=51,k=10)= 498; Pme(l=50, k=11) = 545,4; Pme (l=51,k=11) = 574,54
c) Qual seria a produtividade marginal do trabalho possível de ser calculada?
A da passagem de l de 50 para 51. Valor Pmg = - 20
d) Qual seria a produtividade marginal da máquina possível de ser calculada? ( 2 pontos)
A da passagem de K de 10 para 11, com valor de Pmg = 1000.
Questão 3. Um exemplo de bens substitutos perfeitos para a construção de uma curva de indiferença é o que
considera canetas de cor azul e as de cor preta para um estudante de volta às aulas. Nesse caso:

a) A taxa marginal de substituição seria zero, negativa, positiva ou constante? Obs: basta responder.
Constante.
Obs. Quem respondeu como negativa também recebeu a pontuação.
b) ilustre graficamente o mapa de curvas de indiferença para esse caso com duas curvas de indiferença. (2
pontos)
ver figura 2.11 da aula 2 do livro antigo.

Questão 4. Distinga produção de curto prazo da de longo prazo, isto é, que fator(es) as diferencia(m)? (2 pontos)

No curto prazo um fdp é fixo; no longo prazo todos os fatores podem variar.

Questão 5 . Assinale V para verdadeiro ou F para falso :

(F) A isoquanta de uma função de produção de proporção fixa, apresenta a taxa marginal de substituição técnica
como uma função decrescente.

(V) em microeconomia, em apenas um mês a empresa pode estar em seu período de longo prazo.

(F) a Restrição Orçamentária do consumidor tem sua inclinação alterada se os todos os preços dos produtos
consumidos aumentarem em uma mesma taxa.

(F) no ponto de equilíbrio de mercado, o preço produz um determinado nível de excedente de produção.

(F) Se o bem tem demanda inelástica (elasticidade preço menor do que 1) quase sempre o bem é supérfluo.

(V) Um aumento de preço para um bem com demanda elástica reduz a receita total do vendedor. (3pontos)

Avaliação Presencial – AP1


Período - 2012/2º
Disciplina: Análise Microeconômica
1. Uma empresa pode auferir um lucro econômico negativo ao mesmo tempo que tenha um lucro
contábil positivo? Justifique.
Sim. Lucro contábil é a simples diferença entre Receitas e custos contábeis de produção. O lucro
econômico incorpora o custo de oportunidade, isto é, aquele que considera o rendimento que
poderia obter na possível produção alternativa da empresa.
2. Se há uma variação no preço do produto, a curva de demanda por ele se desloca ou apenas muda a
quantidade demandada?
Apenas ocorre a mudança na quantidade demandada, pois houve uma variação no preço, variável
do gráfico de preços e quantidades (variável endógena).
3. Suponha que o preço de mercado esteja abaixo do preço de equilíbrio. O governo sem se dar conta
do que está acontecendo, tabela o preço desse produto em um nível menor ainda. Qual o efeito
desse tabelamento? A sociedade apoiará esse tabelamento? Responda objetivamente.
Haverá uma situação mais grave de falta de produto no mercado. O preço estará mais baixo, porém
muitos consumidores estarão insatisfeitos pela impossibilidade de achá-los.
4. Em determinado momento a quantidade vendida é de 250 unidades quando o preço é R$28. Para
vender mais, o comerciante diminui o preço para R$24. Por conta disso, a demanda passa para 320.
Nessa situação, a demanda se mostrou elástica ou inelástica? Calcule o valor da elasticidade.
Pelo cálculo da elasticidade preço média (arco) = - 1,64.
Elasticidade ponto: 1,31 ou 1,96.
Portanto, a situação é demanda elástica.
5. A função utilidade é dada por U = 4 x y3. Calcule o valor da utilidade marginal de y no ponto em que o
consumidor adquire 3 e 2 unidades de x e y, respectivamente.
Umgy= 12xy2, como x=3 e y = 2;
Umgy = 144
6. A função de produção de curto prazo é dada por: q = 2LK, onde L e K são respectivamente os fatores
mão de obra e trabalho. Dada a quantidade fixa de k, ao se utilizar 10 trabalhadores, a produtividade
média de L é 12. Nessa situação qual é a produtividade média de K?
Q= 120; K= 6; Pmek= 20.
7. Uma isoquanta A está acima de outra isoquanta (B) em um mapa de isoquantas. Qual a razão que
leva a isoquanta A estar acima da B?
A isoquanta A deve conter mais quantidade de bens.
8. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) conforme seu entendimento:
a(V) a função de proporção fixa de fatores apresenta a situação em que a empresa não altera a sua
produção se apenas aumentar o uso de um fator de produção.
b( V) O efeito substituição, um dos elementos do efeito preço, representa a tendência do
consumidor substituir o produto cujo preço aumentou, por um outro, mesmo que esse último não
tenha reduzido seu preço.
c(F) Se o bem é classificado como bem inferior um aumento no preço fará com que o efeito
substituição seja positivo.
d(F) Se a demanda não se altera com a variação do preço a elasticidade é infinita.
e(F) a produtividade marginal do trabalho indica quanto cada trabalhador produz em média.
f(F) O preço real do produto é o preço observado depois de colocado os impostos que incidem na
mercadoria.

GABARITO
Avaliação Presencial – AP1
Período - 2013/1º
Questões
9. Em 2005, o preço de x era $12. Em 2012, tal produto valia $ 16. Sabe-se que o índice de preços em
2005 e em 2012, apontou, respectivamente, os valores 132,2 e 143,1. Pede-se:
a. A taxa de aumento nominal de preços entre os dois períodos.
Calculando a taxa de aumento do índice de preços, tem-se: (143,1-132,2/ 132,2) = 0,825 , o que
equivale a 8,25%.
b. Em termos reais, em qual dos dois anos, x estava mais barato?
Obs: Apresente os seus cálculos (como chegou a sua resposta).
Basta comparar os preços reais de cada período (preço nominal/IP):
Preço real em 2005 = 0,0908; Preço real em 2012 = 0,1118. Logo, x esteve mais barato em 2005.
10. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto. Suponha o equilíbrio de mercado. Nesse
mesmo gráfico, mostre o efeito que nele terá se a renda dos consumidores aumentar e o produto em
questão for um bem inferior.

Em sendo um bem inferior, se a renda aumenta, o consumidor irá comprar menos desse produto.
Assim, a curva de demanda desloca-se para baixo (à direita da posição em que se encontrava). O
efeito final será de uma queda no volume negociado no mercado e diminuição do preço (cai o preço
de equilíbrio, cai a quantidade de equilíbrio).

11. Se a elasticidade preço da demanda de um bem for de elasticidade unitária (ε= -1), vale a pena para o
comerciante fazer a promoção de preços (reduzir preço) para aumentar seu faturamento? Obs: não
há pontuação se responder apenas SIM ou Não. Uma justificativa mínima (em uma ou duas linhas) já
pontua.

Não vale, pois se a elasticidade é unitária, o faturamento da empresa não varia com a queda de preços.
Valeria se a elasticidade de demanda fosse maior que um (demanda elástica)
12. Suponha um gráfico que ilustre a restrição orçamentária de um indivíduo. Qual o efeito nessa
restrição orçamentária se os preços e renda (desse indivíduo) aumentarem em 10%?
Nenhum efeito. A posição da RO fica a mesma. O aumento nominal de preços fica compensado
pelo aumento da renda nominal. Logo a renda real fica a mesma, não há deslocamento ou mudança
no ângulo da RO.

13. . A função de produção é dada por q = 10LK. A empresa produz com dez trabalhadores e cinco
máquinas. Calcule o valor das produtividades média e marginal do trabalho nesse nível de produção.
Obs: q, representa a variável produção, L, o número de trabalhadores, k, o número de máquinas.

As produtividades médias e marginais serão iguais a PMe= Pmg= 10k. Como utiliza-se 5 máquinas, então
os valores de ambas serão= 50.

14. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) conforme seu entendimento:


a(V) a função de proporção fixa de fatores pode ser exemplificada como o caso em que o empresário pode
comprar mais de um fator, mas que sua produção só aumentará se tiver uma determinada combinação ótima
entre seus fatores.
b(V) A soma do efeito substituição mais o efeito renda compõe o chamado efeito preço. Assim, se o bem for do
tipo bem normal, uma elevação do preço causará uma redução no consumo.
c(V) Se a demanda não se altera com a variação do preço a elasticidade preço é zero.
d(F) a produtividade marginal do trabalho indica quanto cada trabalhador produz em média.
e(V) O preço de equilíbrio de mercado é aquele em que a escassez do produto no mercado é zero.

Avaliação Presencial – AP1


Período - 2013/2º
Disciplina: Análise Microeconômica
Questões
Qual informação fundamental precisamos obter para calcular se o preço real de um produto tem
aumentado ou diminuído ao longo de um determinado período?
R: o índice de preços ou da taxa de inflação do período.
1. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto. Suponha o equilíbrio de mercado. Nesse
mesmo gráfico, mostre o efeito sobre o preço e quantidades negociadas caso ocorra um aumento no
preço de um bem de uso complementar a esse produto.
R. deslocamento para baixo (esquerda) da curva de demanda.
2. Se a elasticidade preço da demanda de um bem for zero (ε= 0), vale a pena para o comerciante fazer
a promoção de preços (reduzir preço) para aumentar seu faturamento? Obs: não há pontuação se
responder apenas SIM ou Não. Uma justificativa mínima (em uma ou duas linhas) já pontua.
R: Não. A quantidade demandada será a mesma com a redução de preços.
3. Suponha um gráfico que ilustre a restrição orçamentária de um indivíduo. Qual o efeito nessa
restrição orçamentária se os preços e renda (desse indivíduo) aumentarem em 100%?
R: nenhuma. A variação da renda e a variação dos preços terão efeitos proporcionamente inversos.
Tecnicamente, a restrição orçamentária é homogênea de grau zero nos preços e renda.

4. . A função de produção é dada por q = 2LK. A empresa produz com dez trabalhadores e cinco
máquinas. Calcule o valor das produtividades médias do trabalho e capital.
Obs: q, representa a variável produção, L, o número de trabalhadores, k, o número de máquinas.
R: PMe L = 10; PMe k=20

5. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) conforme seu entendimento:


a(F) A soma do efeito substituição mais o efeito renda compõe o chamado efeito preço. Assim, se o
bem for do tipo bem inferior, uma elevação do preço causará uma redução no consumo.
b(F) Se a demanda não se altera com a variação do preço a elasticidade preço é unitária.

c(F) a produtividade média pode ser tão baixa a ponto de se tornar negativa.
d(F) O preço de equilíbrio de mercado é aquele em que os produtores estão produzindo em sua plena
capacidade produtiva.
GABARITO
Avaliação Presencial – AP1
Período - 2014/2º
Disciplina: Análise Microeconômica
Questões

15. Em 2010, o preço de x era $12. Em 2012, tal produto valia $ 18. Sabe-se que o índice de preços em
2010 e em 2012, apontou, respectivamente, os valores 132,2 e 143,1. Pede-se:
c. A variação proporcional nominal de preços entre os dois períodos.
Entre os dois períodos o preço nominal de x aumentou em 50% (18/12). Aceitou-se a variação
nominal do índice de preços para quem fez os cálculos e respondeu o percentual corretamente
(143,1/132.2 = 8,25%).
Obs. Por pertencer a aula 1, quem teve a resposta errada ou deixou a resposta em branco; a pontuação de 1
ponto foi transferida para a questão 3.
d. Em termos reais, em qual dos dois anos, x estava mais barato?
O preço em 2010 era mais barato em termos reais. Em 2010 o preço real de x foi (12/132,2 =
0,09) e em 2012, ( 18/143.1 = 0.1258).
Obs.Quem teve a resposta errada ou deixou a resposta em branco; a pontuação de 1 ponto foi transferida
para a questão 4.

Obs: Apresente os seus cálculos ( deixe um mínimo de seus cálculos na folha de respostas).

16. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto. Suponha o equilíbrio de mercado. Nesse
mesmo gráfico, mostre o efeito que nele terá se a renda dos consumidores aumentar e o produto em
questão for um bem normal ou superior.
Desenhar um gráfico como o da figura 3.2 da aula 3.
17. Se a elasticidade preço da demanda de um bem for zero (ε= 0), vale a pena para o comerciante fazer
a promoção de preços (reduzir preço) para aumentar seu faturamento? Obs: não há pontuação se
responder apenas SIM ou Não. Uma justificativa mínima (em uma ou duas linhas) já pontua.
Não, se a elasticidade é zero, não há variação da demanda com a redução de preços.
18. Suponha um gráfico que ilustre a restrição orçamentária de um indivíduo. Qual o efeito nessa
restrição orçamentária se apenas os preços aumentarem em 10%?
A restrição orçamentária tem deslocamento paralelo em direção a origem do gráfico.

19. . A função de produção é dada por q = 10LK. A empresa produz com dez trabalhadores e cinco
máquinas. Calcule o valor das produtividades média e marginal do capital nesse nível de produção.
Obs: q, representa a variável produção, L, o número de trabalhadores, k, o número de máquinas.
Pmg= 100 Pme = 100
20. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) conforme seu entendimento:
a(V) a função de proporção fixa de fatores pode ser exemplificada como o caso em que o empresário
pode comprar mais de um fator, mas que sua produção só aumentará se tiver uma determinada
combinação ótima entre seus fatores.
b(V) A soma do efeito substituição mais o efeito renda compõe o chamado efeito preço. Assim, se o
bem for do tipo bem normal, uma elevação do preço causará uma redução no consumo.
c(V) Se a demanda não se altera com a variação do preço a elasticidade preço é zero.
d(F) a produtividade marginal do trabalho indica quanto cada trabalhador produz em média.
e(V) O preço de equilíbrio de mercado é aquele em que a escassez do produto no mercado é zero.
GABARITO
Avaliação Presencial – AP1
Período - 2015/1º
Disciplina: Análise Microeconômica
Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa
Questões

1. Silvio Santos, consagrado apresentador de programa da tv, em seu quadro “Quem quer dinheiro”
dobrando papel-moeda em forma de aviãozinho lança-o ao seu auditório feminino. Sua irmã (prima ou
namorada), esteve em duas ocasiões assistindo tal programa. Na primeira vez, ano de 2002, ela conseguiu
apanhar um aviãozinho de R$ 10. Na segunda vez, em 2012, sortuda, agarrou pra si um aviãozinho de R$ 20. Os
índices de preços daqueles anos apontavam níveis de 115 e 242 em referência aos anos 2002 e
2012,respectivamente.

a) Qual o valor real de cada aviãozinho?

Preal em 2002 = 10/115= 0,087; Preal em 2012= 20/242 = 0,082

b) Em qual dos dois programas o Silvio estava efetivamente mais generoso? Justifique sua resposta em
termos do item a.
Pelo observado no item anterior, o valor real do aviãozinho foi maior em 2002. Logo naquele ano o SS foi mais
generoso, posto ter maior poder aquisitivo a cédula de 10 reais em 2002.

2. No estudo sobre o mercado consumidor classifica-se os bens como inferiores, normais ou superiores.
Nesse contexto, pode-se unicamente afirmar:

() os bens normais são aqueles de uso comum a todos, como os bens de alimentação, vestuário e moradia.

() bens inferiores são os bens de qualidade inferior, de baixa produção técnica, sendo esse o seu fator
preponderante. Se o bem for de boa qualidade, não será bem inferior.

() um aumento na renda não implica aumento no consumo do bem normal, apenas eleva o consumo de bem
superior.

(X) para faixas muito baixas de renda, um aumento da renda pode gerar um aumento no bem inferior; a partir de
certo ponto da renda, a medida que a faixa de renda for aumentando o consumo do bem inferior acabará por
diminuir.

3. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto para o período de um determinado mês. Suponha
o equilíbrio de mercado. Nesse mesmo gráfico, mostre o efeito que nele resultará caso, em dado instante, os
consumidores assumam uma expectativa de que os preços irão aumentar no mês seguinte.

Resposta: gráfico com a curva de oferta e demanda com o ponto de equilíbrio sendo aquele de interseção entre
tais curvas. Com a expectativa de aumento de preços, a curva de demanda desloca-se para cima (a direita)
levando a um aumento no novo preço de equilíbrio.
Obs. Só o desenho do gráfico, condição necessária e suficiente, pontua integralmente a resposta à questão. Quem
deslocou a curva de oferta, não foi pontuado. Quem deixou de designar as variáveis designativas do gráfico (eixo
vertical, preço; eixo horizontal quantidades) perdeu parcialmente a pontuação máxima.
4. A demanda pelo produto apresenta elasticidade preço da demanda do tipo inelástica. Sabendo dessa
informação o empresário deve aumentar ou diminuir o preço se quiser aumentar seu faturamento? Obs: com até
duas linhas responde-se a questão.

R> Deve aumentar o preço, pois em demanda inelástica a variação proporcional da demanda é menor do que a
respectiva variação proporcional no preço. Assim, um aumento de preços implica um aumento de receita.

Obs. Quem respondeu que a demanda não se altera com o aumento de preços, não foi pontuado.

5. Suponha um gráfico que ilustre a restrição orçamentária de um indivíduo em razão de dois bens por ele
demandado.

a. Há apenas duas situações as quais a restrição orçamentária irá deslocar paralelamente para cima. Quais são?
OBS. Seja preciso em sua resposta!

Aumento de renda; diminuição na MESMA PROPORÇAO dos preços do produtos.

b. Ilustre graficamente sua resposta em a.

Deslocamento paralelo da RO , apresentando as variáveis de cada eixo (a quantidade de cada produto) e cada RO
sendo uma reta cujo extremos são cada um dos dois eixos do gráfico.

6. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para o que está dito a seguir:

a(V) Admitindo apenas dois insumos, a função de produção (fdp) pode apresentar a produção resultante da
alteração de um fator, permanecendo o outro fixo. Essa é, portanto, uma fdp de curto prazo.

b(F) A hipótese da ocorrência de progresso técnico implica alteração para a mais na quantidade ilustrada no
gráfico da função de produção, mas não há deslocamento da mesma.

C(F) Para maximizar a satisfação com o consumo de bens, consumidor hedonista, a restrição orçamentária deve
tocar a curva de indiferença em qualquer ponto dela.

GABARITO COMENTADO pós correção


Avaliação Presencial – AP1 2015.2
Disciplina: Análise Microeconômica
Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa
ALUNO: MATR:

Orientações para prova:


• Só serão aceitas respostas feitas à caneta esferográfica azul ou preta.
• ATENÇÃO: as respostas (TODAS) só serão pontuadas se estiverem na Folha de
Respostas.
• Permite-se o uso de calculadoras, exceto as acopladas a telefones celulares.
• Pontuação: 2 (dois) pontos.
• Solicitamos caligrafia legível!
COMENTÀRIO GERAL. Não obstante o que está determinado acima, em letras com caixa alta e negrito; não
obstante informação de alerta na plataforma, semana da AP1, algumas poucas pessoas (suponho 3 alunos entre
o total de 214) não procederam como as orientações, não ocorrendo, pois, a pontuação das respostas não
contidas na folha de respostas. Uma prova é um documento que deve ser lido e seguido nas orientações nelas

constantes, sob pena de o autor assumir as responsabilidades por tais violações. Há também que responda com
lápis, o que impede a correção/pontuação.
Questões

1. Em 2002, o índice de preços (IP) marcava 115. Dez anos depois, 2012, o mesmo índice de preços foi
262.
Assinale na FOLHA DE RESPOSTAS, V (verdadeiro) ou F (falso):
(V* ou F*)Dez reais (R$ 10) em 2010 apresentou valor real maior do que vinte reais (R$20) em 2012.
(F) Preço real é o preço nominal multiplicado pelo índice de Preços.
(V) As variáveis nominais são expressas em moeda corrente.
(V) A inflação afeta o valor real das variáveis nominais.
* aceitou-se qualquer resposta para este item.

2. No estudo sobre o mercado consumidor classificam-se os bens como inferiores, normais ou superiores.
Nesse contexto, pode-se unicamente afirmar:
( ) os bens normais são aqueles de uso comum a todos, como os bens de alimentação, vestuário e
moradia.
( ) bens inferiores são os bens de qualidade inferior, de baixa produção técnica, sendo esse o seu fator
preponderante. Se o bem for de boa qualidade, não será bem inferior.
( ) um aumento na renda não implica aumento no consumo do bem normal, apenas eleva o consumo de
bem superior.
(X) para faixas muito baixas de renda, um aumento da renda pode gerar um aumento no bem inferior; a
partir de certo ponto da renda, a medida que a faixa de renda for aumentando o consumo do bem
inferior acabará por diminuir.

3. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto para o período de um determinado mês.


Suponha o equilíbrio de mercado. Nesse mesmo gráfico, mostre o efeito que nele resultará caso, em
dado instante, os consumidores assumam uma expectativa de que os preços irão diminuir no mês
seguinte.

GABARITO. A curva de demanda desloca-se para a esquerda(para baixo). O preço de equilíbrio e a


quantidade de mercado diminuem.
Padrão de pontuação:
- quem deslocou a curva de demanda, mas não indicou no gráfico o efeito sobre o preço e quantidade
de equilíbrio recebeu 1 ponto;
- quem deslocou a curva de oferta, ainda que tenha deslocado a demanda: zero ponto;
- quem desenhou gráfico sem especificar as variáveis que determinam os eixos: zero ponto.
- Quem não fez o gráfico: zero ponto.

4. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para o que está dito a seguir:

A ( F) Se a demanda tem elasticidade preço zero, o gráfico da demanda por esse bem é horizontal.

B ( V) Geralmente, remédio tem elasticidade-preço (em módulo) da demanda menor do que um; enquanto
a demanda por passagens aéreas do Brasil para a China é elástica.

C (F) Para maximizar a satisfação com o consumo de bens, consumidor hedonista, a restrição orçamentária
deve tocar a curva de indiferença em qualquer ponto dela.

D (V) Se a elasticidade-renda de um bem é zero e o consumidor recebe um aumento salarial o consumo


desse bem permanecerá o mesmo.
5. Foram calculadas as funções oferta e demanda de um bem:
Q = 300 – 8p
Q= 48 + 10p
Onde q representa a variável quantidade e p, a variável preço.
A. Qual das duas equações seria a curva de oferta?
Q = 48 + 10p
B. Qual é o preço e a quantidade de equilíbrio?
P=14; q= 188
C. Se o preço for 10, qual seria a quantidade de escassez nesse mercado?
Escassez : Q= 72
OBs: item b = 1 ponto

GABARITO COMENTADO
Avaliação Presencial – AP1 Período - 2016/1º
Disciplina: Análise Microeconômica Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa
AP1 Análise Microeconômica

Orientações para prova:


• Só serão aceitas respostas feitas à caneta esferográfica azul ou preta;
ATENÇÃO: as respostas só serão pontuadas se estiverem na Folha de Respostas.
• Pontuação: Dois pontos para cada questão.

Questão 1

O Valor real do dinheiro é diretamente proporcional ao nível de preço. Então, quando os preços de todas as
mercadorias sobem, normalmente, os consumidores tornam-se propensos a reduzir a demanda por elas.
Certamente, um dos motivos dessa propensão à queda da demanda é a de os consumidores preferirem reter o
dinheiro, dado o aumento no valor real do dinheiro.

De acordo com o que estudou, a interpretação do parágrafo nos leva a concluir:

Letra a : A primeira frase está correta. A segunda frase está correta. A segunda frase é um exemplo de economia
positiva. A terceira frase está correta.

Letra b: A primeira frase está incorreta. A segunda frase está correta. A segunda frase é um exemplo de
economia normativa. A terceira frase está correta.

Letra c: A primeira frase está incorreta. A segunda frase está correta. A segunda frase é um exemplo de
economia positiva. A terceira frase está incorreta.

Letra d: A primeira frase está correta. A segunda frase está incorreta. A segunda frase é um exemplo de
economia normativa. A terceira frase está incorreta.

Letra e: A primeira frase está incorreta. A segunda frase está incorreta. A segunda frase é um exemplo de
economia normativa. A terceira frase está correta.

Resposta: Letra C
Questão 2

O preço nominal dos bens não se alterou. Todavia, a renda dos consumidores diminuiu reflexamente diante da
prolongada recessão ( queda da produção do país). Nesse caso, responda (folha de respostas, não esqueça), qual
(quais) das sentenças seguintes são corretas.

A. Se a demanda por um determinado produto reduziu, trata-se de um bem conceituado na microeconomia


como bem inferior.

B. Se a demanda por um tal produto aumentou, trata-se de um bem conceituado na microeconomia como bem
normal ou superior.

C. Em geral, os bens inferiores têm expansão nas vendas quando a renda da população diminui.

D. Para faixa muito baixa de renda, um bem inferior pode assumir características de um bem superior.

E. Bem superior na microeconomia é aquele em que a qualidade é superior, enquanto o bem inferior é
caracterizado pela baixa qualidade do produto.

Resposta: Letras C e D.

Questão 3

No mercado de bens e serviços, em dado momento, um bem sofreu um aumento de 20% em seu preço.
Consumidores revoltados, a demanda total reduziu em 10% em relação a situação anterior. Se com essas
informações a elasticidade- preço da demanda possa ser calculada, explicite o valor dela respondendo , também,
se a demanda é elástica, inelástica ou elasticidade constante. Informe também se a receita total com a venda
desse bem deve aumentar ou reduzir.

Resposta: A elasticidade é a variação percentual da quantidade demandada pela variação percentual do preço.
Portanto, da divisão dessas variações, a elasticidade é – 0,5. Valor 1 ponto.

Como é um valor absoluto menor do que 1, a demanda está inelástica. (ponto = 0,5)

A receita aumenta. ( ponto = 0,5)

Questão 4

O preço da energia elétrica tem aumentado nesses últimos anos, bem mais do que a variação dos salários.
Suponha, pois, que a tarifa da energia tenha aumentado em 40% , em determinado ano. O salário de um
trabalhador, em termos nominais, subiu apenas 10%. Considere que esse trabalhador apenas utilize luz e
alimentos em sua cesta de consumo. Os alimentos permaneceram com os mesmos preços ao longo do ano. Se em
um gráfico da restrição orçamentária (RO) a energia elétrica está no eixo horizontal, enquanto os alimentos
(como um todo) estão no eixo vertical, desenhe a RO desse consumidor, antes e depois desse aumento na
energia.

Resposta Comentada:

A RO trata-se de uma reta que une dois pontos entre o eixo vertical e horizontal. Se a renda aumentou a RO vai se
deslocar em seus dois pontos extremos. No eixo vertical , alimentos, a variação da renda foi maior do que o
aumento de preços, portanto, o ponto no eixo estará acima do anterior.
No eixo horizontal, energia elétrica, o ponto que toca o eixo estará aquém do ponto anterior, posto o aumento da
energia ter sido maior do que o aumento da renda.

Pontuação: quem apenas errou o eixo vertical, no caso, não alterando em relação ao ponto inicial, tem 1,5 ponto.
Quem alterou o ponto do eixo vertical colocando-o abaixo do ponto original, acertando o ponto horizontal, tem
1,0 ponto.

A questão solicitou a resposta em um único gráfico. Assim, pode-se comparar o efeito resultante das proposições.

Questão 5.

Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) conforme as sentenças a seguir

(V) A curva de oferta é uma curva constante ou crescente em um gráfico que utiliza as variáveis preços e
quantidades.

(F) Se a empresa produz 100 unidades com 20 unidades de um insumo, a produtividade marginal desse insumo é
cinco.

(V) Na produção de curto prazo, entende-se que pelo menos um fator de produção está com severas limitações
para ser alterado.

(V) Se a demanda é perfeitamente inelástica, a empresa tem como aumentar o preço e aumentar o faturamento.

Ultimo Comentário: as perguntas objetivas não exigem respostas comentadas. Apenas a resposta simples e
objetiva. Alguns escrevem mais do que o necessário. Outros com letras ilegíveis.
Outras pessoas escrevem sem nenhuma correspondência com o que poderia ser uma resposta consistente.

Avaliação Presencial – AP 1
Período - 2016/2º
Disciplina: Análise Microeconômica
Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa
ALUNO: MATR:
Orientações para prova:
• Só serão aceitas respostas feitas à caneta esferográfica azul ou preta;
• ATENÇÃO: as respostas só serão pontuadas se estiverem na Folha de Respostas.
• Cada questão vale 2 pontos

Questão 1
Marque V (verdadeiro) ou F (falso):
(F) Ocorre um deslocamento da curva de demanda quando o preço do produto aumenta ou diminui no gráfico.
(V) se o preço de um bem substituto aumentar, a curva de demanda deve deslocar para cima ou à direita da
posição inicial.
(V) preço de equilíbrio é o preço em que a quantidade ofertada iguala-se a quantidade demandada.
(F) A renda do consumidor quando aumenta, sempre implicará um deslocamento para cima da curva de
demanda por determinado produto.

Questão 2

Um mercado de um determinado produto é caracterizado pelas seguintes equações, onde p representa o preço e
Q a quantidade do produto:
Q= 10 + 2p
Q= 40 – p.
Diante disso, responda:
1) qual das duas equações representa a oferta?;
Q = 10+2p

2) qual a quantidade de equilíbrio?;


Q=30

3)exemplifique um preço de mercado que causaria escassez de produto;


R: qualquer preço abaixo de 10, o preço de equilibrio,digamos p= 8.

4) exemplifique um preço que causaria excedente de produtos no mercado.


R: qualquer preço acima de 10, digamos 12.

Questão 3

As sentenças abaixo referem-se ao conceito de elasticidade. Identifique se elas estão corretas. Se sim, diga qual
ou quais?

a. Se o preço de um produto aumentar 20% e a demanda cair mais do que 30% , a elasticidade preço
demanda será menor que 1, em valor absoluto.
b. Os camelôs que se postaram perto das arenas dos jogos olímpicos aumentaram os seus preços em 50%.
Ficaram felizes com o faturamento que aumentou. Nesse caso a elasticidade renda dos consumidores era
do tipo inelástica.
c. Se em um gráfico ( p versus q), a curva de demanda é vertical, então a elasticidade preço é infinita.
d. Se a elasticidade preço é unitária, qualquer aumento de preço do produto não altera o faturamento da
empresa.
R: apenas a letra D está correta.

Questão 4

Suponha que como administradores de empresas queremos mostrar aos nossos clientes que a linha de nossos
produtos são de bens complementares. Nossos clientes são economistas. Portanto, em nossa apresentação,
utilizaremos gráfico de bens complementares perfeitos. Desenhe um gráfico que representa curvas de
indiferenças para bens complementares perfeitos. OBS: não esqueça de designar as variáveis que estão nos eixos
do gráfico.

R: Grafico em forma de L, com os eixos desigando os bens complementares.


Obs: quem fez o gráfico em forma de L, mas com os eixos p e q , errou totalmente a questão.

Questão 5
Marque V (verdadeiro) ou F ( falso).
(V) Se a renda do consumidor aumenta, a RO (restrição orçamentária) do consumidor desloca-se para cima.
(F) Duas curvas de indiferença que se cruzam representam uma situação rara, mas possível do ponto de vista da
lógica do comportamento do consumidor.
(F) a produtividade média do trabalho negativa significa que a empresa deve reduzir o número de trabalhadores
ou baixar seus salários.
(V) Se a produtividade média do trabalho é maior que a produtividade marginal então o produto médio não é
máximo.
Avaliação Presencial – AP 1 Período - 2017/1º

Disciplina: Análise Microeconômica

Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa

Orientações para prova:


• Só serão aceitas respostas feitas à caneta esferográfica azul ou preta;
• ATENÇÃO: as respostas só serão pontuadas se estiverem na Folha de
Respostas.
• Cada questão vale 2 pontos

FOLHA DE QUESTÕES
1. Suponha que o nível de utilidade de um indivíduo possa ser representada por U (x 1,x2) =
2(x1)0,5(x2), sendo x1 e x2 os dois bens de consumo, tais como no livro de estudo. Diante disso,
pergunta-se :
a) qual seria o nível de utilidade alcançado por esse indivíduo quando consumisse 4 unidades de
ambos os bens?
R: U = 2 (2) 4 = 16
b) Se no nível de consumo do item anterior, esse indivíduo adquirisse apenas mais uma unidade do
bem x2, qual seria o valor da respectiva utilidade marginal?
R: UMG= 20-16/1 = 4
OBS: para receber os pontos da questão deve-se deixar na Folha de Respostas um mínimo de
demonstração de como chegou ao resultado, isso é, não pode apenas deixar o valor da resposta.

2. A respeito do mapa de curvas de indiferenças do consumidor:


a. Em um único gráfico desenhe duas ‘curvas’ de indiferença de bens que sejam bens substitutos
perfeitos entre si.
R: GRAFICO COM duas retas que toquem os dois eixos, conforme livro conceito e gráfico do livro
didático.
b. Em um único gráfico desenhe duas ‘curvas’ de indiferença de bens que sejam bens
complementares perfeitos entre si.
R: Grafico cujo formato sejam duas retas (uma vertical e a outra horizontal) com a mesma forma
que seja o 1º quadrante do gráfico cartesiano, conforme livro didático. Como a questão pediu
duas curvas de indiferença, são portanto, duas formas como a descrita.

3. Dois bens (x, y) possuem os seus respectivos preços de mercados (px, py) são R$ 2 e R$6. O
consumidor tem renda semanal de R$ 100.
a. Construa a equação da Restrição Orçamentária (RO) nesse caso.
RO : 100= 2 x + 6 y
b. Faça o gráfico da RO para esse caso, evidenciando pelo menos dois pares de pontos (x,y).
R:Grafico com uma reta decrescente que toca os dois eixos, sem ultrapassa-los, conforme livro
didático. Dois dados podem ser qualquer quantidade de x e y , conforme a equação RO. Dois
exemplos são os eixos ( 0; 16,7) e ( 50, 0)
c. Repita o gráfico construído no item anterior e mostre a alteração que teria caso o preço de x (p x)
aumente para R$4.
R: o gráfico agora seria uma reta que fosse a metade do valor no ponto que toca o eixo x,
portanto, o par (25,0), com nada alterando no eixo do y.

d. Utilizando o gráfico gerado pelo item c, destaque um par de consumo inalcançável pelo
consumidor, pelo fato da alteração do preço x.
R: qualquer ponto acima da nova RO, cujo valores de x e y na em 4x + 6y > 100. Como exemplo :
x= 50, y= 0.

4. Supondo que a especificação de uma função de produção seja dada por f( x, y) = 10 xy, sendo x e
y, os dois únicos insumos utilizados na produção, responda:
a. O emprego de seis unidades de cada um dos insumos levaria a produção para qual quantidade?
R: 360
b. De acordo com a situação do item anterior, qual é o valor da produtividade média de x?
R: PMe= (360 / 6 )= 60

5. Assinale verdadeiro ou falso, isso é, V ou F (também na Folha de Respostas), nas seguintes


afirmações
(F) Em um mesmo gráfico duas curvas de indiferenças podem ter o mesmo par de pontos.

(V) uma curva de demanda pode ser elaborada a partir de gráficos de equilíbrio do consumidor
dados pelas curvas de indiferença e restrição orçamentária.

(F) bens de Giffen são os que bens que conferem status. Um exemplo são os luxuosos casacos de
pele comprados por pessoas bastante ricas, que os compram ainda mais quando aumentam os
preços daqueles.

(F) No puro conceito da microeconomia, o curto prazo é o período de até um ano; passados dez
anos, certamente, atinge-se o longo prazo.
Avaliação Presencial – AP 1 Período - 2017/2º

Disciplina: Análise Microeconômica Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa

FOLHA DE QUESTÕES

1. Houve época em que vigorou o tabelamento de preços no Brasil. Suponha a seguinte tabela de preços
(P) e quantidades ofertadas (Q) e demandadas (Q)de um dado bem:
P 0 5 10 15 20 25
Q 0 10 15 18 22 24
Q 5500 32 25 20 10 02

Depois de várias reclamações de que o preço estava muito elevado, o governo resolve tabelar o preço
no valor de R$ 5, isto é, determinação do governo exige que no mercado o preço máximo não
ultrapasse tal valor. Pelo dito, pede-se:
a) Informar a situação de mercado (se equilíbrio, excedente ou escassez de produtos) em que
provavelmente vigorará, e em quantidades;
RESPOSTA: escassez de 22 unidades. Comentário: a resposta precisava explicitar a quantidade da
escassez. Quem não respondeu 22, mesmo dizendo que era 32 de demanda e 10 de oferta,
recebeu metade da pontuação.
b) Supondo que empresários estejam dispostos, clandestinamente, cobrar ágios, qual o maior valor
de ágio que poderia ser cobrado?
RESPOSTA: O VALOR DE ÁGIO é R$ 15. Observe que o preço com ágio não poderia ser 25, pois
nesse caso a demanda seria de 2 unidades, gerando sobra de 8 unidades.

2. Em uma loja de anéis de prata, o administrador registra que ao preço de R$100,00 por unidade, vende
diariamente, em média, 90 anéis. Ao aumentar em 10% o preço do anel de prata, as vendas diárias
são reduzidas para 67 unidades. Qual o valor da Elasticidade preço da demanda no trecho dessa
mudança de preços? Nesse trecho a demanda é elástica, inelástica ou apresenta elasticidade unitária?
RESPOSTA: a ELASTICIDADE É - 2.3. A situação é demanda elástica. Recebeu 0,5 ponto quem apenas
respondeu ELASTICO.
3. Juquinha é um adolescente de 16 anos, e um exímio conhecedor dos recursos da informática.
Desenvolve, pois, um aplicativo para celular , utilidroapp, cuja função é de, através de um sensor,
atribuir pontos para cada produto consumidor por qualquer indivíduo, conforme sua escala pessoal de
preferências. Cada ponto equivale a uma unidade de medida, a que ele denominou utis. Quanto mais
o bem conferir unidades, mais utis apontará o aplicativo. Versões mais atualizadas do utilidroroapp já
fornecem fórmulas de cálculos da Utilidade Total ou satisfação de vários produtos para cada
consumidor, isso é, utilidade para consumo de várias cestas de bens. Uma pessoa que baixou tal
aplicativo observou que sua função utilidade , U, para dois produtos (x,y) apresentou a seguinte
especificação:
U (x, y) = 2x0,5y.
Sendo assim, responda:
a) Supondo que a pessoa adquiriu (consumiu) 4 unidades de y, qual a utilidade total gerada se ela
também adquirir 4 unidades de x? Resposta: 16
b) Qual o valor em utis da utilidade marginal de x quando antes ela nada consumia de x , mas agora
venha a adquirir (consumir) uma unidade de x, ao mesmo tempo que
também consuma 4 unidades de y? Resposta: 4 (resolvendo por derivada), 8 (resolvendo por
variação discreta). Aceitou-se qualquer uma dessas duas respostas.
c) Regra geral, você espera que a utilidade marginal seja crescente, decrescente ou constante?
Resposta: decrescente
d) Observando a formula da utilidade para a cesta de x e y desse consumidor, para ele tais bens são
do tipo bens superiores, substitutos, complementares, inferiores, ou neutros? Obs: apenas
responda, sem precisar justificar.
Resposta: complementares. Comentário: superiores e inferiores não têm sentido pois são bens que
precisam da variação da renda para identificá-los; não há classificação para bens neutros na
microeconomia. Bens substitutos são bens que conferem utilidades equiparáveis em termos de
intensidade ou valores, o que não se verifica na especificada função da questão; bens complementares
são bens cuja utilidade de um está associada a outra, o que sugere a função utilidade apresentada.

4. Uma função de produção (q) onde há apenas mão de obra (L) e capital (K) como fatores, a expressão
matemática é dada por q = 3k2L.
A) Expresse a expressão matemática (função) da produtividade marginal da mão de obra associada a
essa função de produção. R: 3k2
B) Se houver o emprego de duas máquinas e um trabalhador, qual a estimativa da produtividade
média da mão de obra? R: 12
C) Se houver o emprego de duas máquinas e um trabalhador, qual a estimativa da produtividade
marginal da mão de obra? R: 12
D) Utilizando-se duas máquinas e dois trabalhadores, a empresa resolve contratar mais um
trabalhador. Qual o valor da produtividade marginal nesse caso? R:12

5. Assinale na Folha de Respostas V (Verdadeiro) ou F (falso) sobre as sentenças que seguem:


(F) Uma variação do preço, sentido de aumento, causa um deslocamento da curva de oferta ou da
curva de demanda ou em ambas simultaneamente , em um gráfico p x q.
(V) a utilização de uma eficiente propaganda tem o efeito de deslocar a curva de demanda para cima
ou para à direita de sua posição original.
(V) se a curva de demanda é vertical, o consumidor está disposto a comprar a quantidade que
necessita, mesmo que haja elevação do preço.
(F) A elasticidade renda evidencia que alterações na renda afetam os preços na mesma direção em
que a renda foi alterada.

Comentários Gerais. A nota máxima foi de grau 9, obtidos pelos estudantes Hiago Faria (POLO Magé); Thayanne Souza (POLO
Piraí); Leonaide Uzeda (POLO Rocinha); Waldir Nunes ( POLO Rocinha). Parabéns !
Observei no ato de pontuar as provas que alguns deixaram de receber notas mais elevadas possivelmente por, digamos, uma
dose de preguiça ou ansiedade no momento de estarem em prova. Por exemplo, na primeira questão, requereu-se que
respondesse a quantidade de escassez ou excedente gerada com o tabelamento de preços. Pois, alguns responderam que a
situação gerada era de escassez ( correto) e que a oferta seria 10 e a demanda 32, sem informar (explicitar) que a escassez
seria de 22 unidades. Isso é, simplesmente não respondeu, não foi completo na resposta, quando facilmente poderia. Esse
item valia 1 ponto, no caso recebeu apenas 0,5 ponto.
Quero dar parabéns a todos que compareceram, em especial aqueles que fizeram uma prova com
organização nas respostas, caligrafia legível, e demonstraram ter lido as Orientações para a Prova. A
feitura de provas com essas boas características proporciona uma correção mais célere e causa uma
boa impressão.
Muitas respostas mostraram grande capacidade de compreensão e também que leram o material de
leitura. Isso também dá satisfação ao professor.

Convite. No dia da visita técnica desse semestre aos Polos , dia 28 de outubro, estaremos (eu e a
tutora a distância Cristiane ) no Polo Angra dos Reis. Nessa oportunidade, farei uma palestra cujo
tema é “Crimes Empresariais”. Portanto, se houver interesse no assunto e/ou em estar com a gente
para qualquer outra questão, diálogos etc., é só comparecer para nos proporcionar grande estima,
honra e prazer.
Cleber Ferrer Barbosa
AP 1 Período - 2018/1º Análise Microeconômica

1. Suponha o mercado de um produto representado pelo gráfico de variáveis preços e quantidades por
período de tempo. Há as curvas de oferta e demanda, sendo que a demanda por esse produto é
totalmente inelástica.Pede-se:
a.Desenhe o gráfico desse mercado destacando(ilustrando) o preço de equilíbrio e a quantidade de
equilíbrio.

Gráfico de variáveis p x q ,onde a curva de demanda é vertical e a curva de oferta apresenta inclinação
positiva (crescente).O preço de equilíbrio é o ponto de cruzamento entre as duas curvas.

b. Suponha a situação de redução salarial dos funcionários que trabalham na produção do produto
desse mercado. Repita o gráfico do item a, incorporando o efeito dessa alteração salarial.

Repetindo o gráfico do item anterior, inserir a curva de oferta em posição abaixo da oferta do item a. O
preço de equilíbrio é o da interseção da curva de demanda com a nova oferta.
Comentário: Pontuação. Para ser pontuado, não pode esquecer de deixar escrito as variáveis de cada eixo
do gráfico. Não há sentido em inserir números à questão. A menos que o enunciado solicite exemplificar,
em nenhuma prova o respondente pode inserir números.Tem que se ater estritamente ao enunciado da
questão.

2. O mercado de um bem pode ser representado por equações de oferta e demanda.


Suponha que em um mercado elas sejam:
Q = 300 – 20p

Q = - 100 + 30p

Sendo assim, ilustre esse mercado, determine a quantidade e o preço de equilíbrio.

Obs: não esqueça de designar as variáveis que representam os eixos vertical e horizontal .
O preço de equilíbrio é 8. A quantidade de equilíbrio é 140. O gráfico correto vale 0,5 ponto .

3. Após ver no noticiário que a economia do País apresenta sinais de recuperação, o lojista resolveu
aumentar o preço do que vende.Quando o preço era R$100,00 por unidade, vendia diariamente, em média,
90 unidades. Ao aumentar o preço em R$10, as vendas diárias são reduzidas para 67 unidades.
Qual o valor da Elasticidade preço da demanda no trecho dessa mudança de preços?
Nesse trecho a demanda é elástica, inelástica ou apresenta elasticidade unitária?
Resposta
Três valores de respostas são aceitos, conforme tenha- se utilizado a elasticidade ponto (preço inicial,
preço final) e elasticidade arco ou ponto médio. São as equações 8 e 10 da aula 4 do livro texto. O
desenvolvimento da resposta pode ser visto no corpo da aula 4.

As respostas aceitas são: Elasticidades: e 1 = 2, 55; e 2= 3,74; e 3= 3,07 que são respectivamente a
elasticidade ponto com preço =100, preço 110 e elasticidade preço médio.

Todas apresentam a demanda no trecho ELASTICO.

Padrão de pontuação: quem respondeu inelástico, porém demonstrou o desenvolvimento de contas de


forma similar como o correto, isso é ,errou a execução das contas, recebeu 0,5 ponto;
Quem respondeu elástico, apresentando valores diferentes ,porém próximos da resposta, apresentando
também desenvolvimento de contas compatíveis com o cálculo da elasticidade ,recebeu 1 ponto.
Que m respondeu o valor correto, mas afirmou ser demanda inelástica,recebeu 0,5 ponto, a depende r de
ter apresentado os cálculos demonstrando domínio sobre o cálculo.

4. Teoricamente a satisfação de um consumidor com dois produtos (x , y) é dada pela função utilidade
( U) : U( x , y) = 4 x y.

a.Se x e y têm preços iguais, o consumo de x será maior, igual ou menor do que de y?
R: nível de consumo é o mesmo entre x e y.(pela vista da equação de utilidade os dois bens têm o mesmo
peso)

b.Se o consumidor apenas compra 3 unidades de x , qual o valor da utilidade marginal de y?


R:A utilidade marginal de y é 4x . Portanto, a utilidade marginal é 12.

5. Uma função de produção (q) apenas com os insumos mão de obra (L) e capital(K)
possui expressão matemática dada por q = 5LK.
A)Determine a função da produtividade marginal da mão de obra associada a essa função de produção.
PmgL =5k

B)Se houver o emprego de duas máquinas e um trabalhador, qual o valor da produtividade média da mão
de obra?
Resposta: 10

C)Se houve r o emprego de duas máquinas e um trabalhador, qual o valor da produtividade marginal da
mão de obra?
Resposta: 10

D)Utilizando-se duas máquinas e dois trabalhadores, a empresa resolve contratar mais um trabalhador.
Qual o valor da produtividade marginal nesse caso?
Resposta: 10

6. Assinale ( Folha de Respostas) V (Verdadeiro)ou F(falso)dadas as sentenças que seguem:

( F) Uma variação da quantidade ofertada de um produto implica deslocamento da curva de oferta.

( F) o aumento no preço de um bem complementar tem o efeito de deslocar a curva de demanda para cima
ou para à direita de sua posição original.

( F )se a curva de demanda é horizontal, o consumidor está disposto a comprar a quantidade que necessita,
mesmo que haja elevação do preço.

( F) A elasticidade renda evidencia que alterações na renda impactam os preços pelo fato de alterar a
demanda dos consumidores no mercado.
GABARITO ESPECIALMENTE COMENTADO AP1 Microeconomia 2019

Período - 2019/1º
Disciplina: Análise Microeconômica Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa

Questões

1. A loja de departamentos que você administra emprega dois estudantes de mestrado em


economia. Em virtude de prepararem um trabalho na disciplina microeconomia, os mesmos
estimaram que os produtos do departamento de vestuário apresentam elasticidade preço 2.1.
Por sua vez, o departamento de alimentos apresentou elasticidade igual a 1. Confiando nesse
resultado, você deve escolher uma ou mais das opções abaixo para o melhor resultado da loja.
a) Aumentar os preços do departamento de vestuário e reduzir os do departamento de
alimentos.
b) Aumentar os preços do departamento de alimentos, porem manter os preços do
departamento de vestuário.
c) Aumentar os preços dos dois departamentos
d) Diminuir os preços do departamento de vestuário caso queira aumentar o faturamento, e
nada mexer nos preços do departamento de alimentos.
e) Aumentar os preços do departamento de alimentos, porém diminuir os preços do
departamento de vestuário.
f) Só aumentar os preços do departamento de alimentos.
g) Só diminuir os preços do departamento de alimentos
Obs. Apenas responda colocando na folha de respostas a(s) letra(s) correspondente(s) ao que
entendeu como correto.
GABARITO: LETRAS D e E.
2. Assinale a correta: Quanto mais substitutos um produto da sua empresa enfrentar no mercado:
a.( ) maior será o grau da elasticidade renda do consumidor.
b.(X) maior será o grau da elasticidade preço da demanda.
c.( ) maior será a necessidade de alcançar o preço de equilíbrio.
d.( )maior será a necessidade de propaganda do produto.
e.( ) maior será a necessidade de maximizar o lucro.

3. Suponha a utilidade do consumidor com dois produtos (x e y) dadas pela expressão U (x, y) = 2x
y3. Se o consumidor está consumindo 2 unidades de y e 1 unidade de x, qual o valor da utilidade
marginal de x?
GABARITO: utilidade marginal de x = 16.

4. Restrição Orçamentária (RO) representa o conjunto de bens que podem ser adquiridos pelo
consumidor, considerando os preços dos bens e a renda. Podemos dizer:
a.( ) no gráfico da RO , uma cesta de produtos abaixo da reta RO, representa uma situação inalcançável ,
tendo em vista a renda auferida pelo consumidor dessa RO.
b.( ) A expressão da RO considerando dois bens complementares terá uma forma de L.
c. (X) Todos os pontos da RO implicam dizer que a poupança do consumidor é zero.
d. O consumidor deve procurar consumir a cesta de produto que esteja no ponto médio da RO, em vez
dos pontos próximos ao extremo.
e.( ) Se a renda aumenta e os preços não, a RO fica mais inclinada.
5. Qual a diferença entre curto e longo prazo em microeconomia? Obs. Seja breve. Se você precisar
de mais de duas linhas para responder, provavelmente você não sabe a resposta.
GABARITO: No curto prazo, pelo menos um fator de produção é fixo; no longo prazo, todos os
fatores podem variar.

6. Um individuo comprava dois bens. O preço de um deles aumentou. Na empresa em que


trabalha, o diretor aumentou a renda desse equilíbrio no valor exato para o individuo continuar a
adquirir a mesma cesta de produtos. Todavia, o individuo acabou por comprar menos desse
bem, mesmo com a renda compensada. Pelo que estudamos em nossas aulas, isso é racional?
Qual teoria ou conceito aborda essa questão de forma mais precisa?
GABARITO: SIM, trata-se do Efeito Preço e dentro dele o Efeito Substituição. O consumidor
mesmo tendo a renda acrescida para comprar a mesma cesta de antes, acaba por preferir
comprar menos do outro produto, por conta de todos os outros bens que compram se
tornarem relativamente mais baratos (independentes de serem substitutos, bens inferiores ou
superiores).

7. A função de produção de uma atividade econômica é dada por q = 2 L K2. Ao empregar cinco
trabalhadores (L=5), utilizando duas maquinas (K=2), qual o valor da produtividade média do
trabalho?
GABARITO: produtividade média do trabalho= 8

8. Assinale (Folha de Respostas) V (verdadeiro) ou F (Falso), para as proposições:


(F) Apesar de raro na prática, a Produtividade média do trabalho pode ser negativa.
(F) Se o ponto alcançado na produção aponta ser o de maior valor da produtividade média,
então a produção correspondente é a maior possível.
(V) progresso tecnológico desloca a posição da função de produção no gráfico.
(V) teoricamente não se admite produtividade marginal negativa.

Obrigado por comparecerem à prova. Observem que todas as questões são facilmente
encontradas nos nossos livros de aula.

Estamos visitando os Polos uma semana antes da AP para uma aula presencial e/ou
conversarmos sobre nossa matéria e demais questões. Caso queiram nossa visita, avise ao
coordenador do Polo para agendarmos nossa ida.
Avaliação Presencial – AP 1 Período - 2019/2º
Disciplina: Análise Microeconômica Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa
Gabarito COMENTADO
AP1 do 2 sem 2019 Microeconomia

GABARITO COMENTADO

Comentários gerais da Prova


A prova foi de nível leve de profundidade dos assuntos, buscando reconhecer se o estudante
compreendeu os conceitos básicos das aulas, e leitura gráfica, o que é importante para apresentação
profissional de um administrador.

Importante também responder conforme o enunciado. Se a questão foi formulada com variáveis A e B,
não se deve responder com variáveis X e Y.

Algumas curvas de uma rodovia, a Administração Pública informa que são trechos com alto índice de
acidentes. A intenção é o chamar atenção para o cuidado adicional: o usuário da estrada deve ter uma
atenção redobrada.
Nessa nossa disciplina, infelizmente, há um número significativo de baixas notas. Portanto, vale o
empenho adicional na leitura constante e a tempo para passar por ela da melhor e mais rápida forma
possível. O coordenador quer ver os estudantes com notas elevadas, pelas respostas corretas que
produzem. Ele fica feliz, acredite.

Questões
1. Uma empresa constata que ao preço de R$100,00, por unidade, vende diariamente 90 produtos.
Ao aumentar em 10% o preço daquele produto, as vendas diárias são reduzidas para 67 unidades.
Qual o valor da Elasticidade preço da demanda dessa mudança de preços? Nesse trecho a
demanda é elástica, inelástica ou apresenta elasticidade unitária?

R: Elasticidade= -2,55 (ou 2,55 em módulo), trecho de demanda elástica.

Obs: aceitou-se o valor de - 3,1 ou próximos , pelo método de elasticidade arco.


Em hipótese alguma permitiu-se responder como demanda inelástica apresentando valores maiores do que 1, e vice-
versa.
Quem fez cálculos razoáveis de elasticidades errando os valores, porém acertando como elástico ou inelástico, pelos
valores encontrados, recebeu 0,5 ponto. Por exemplo: 1) respondeu que a elasticidade foi 0,3 e assim a demanda é
inelástica, ganhou meio ponto. 2) respondeu que a elasticidade foi 2,55, sendo demanda inelástica, recebeu zero
ponto.

2. A utilidade do consumidor com dois produtos (x e y) é dada pela expressão U (x, y) = 2x y2. Se o
consumidor está consumindo 2 unidades de y e 1 unidade de x, qual o valor da utilidade marginal
de x?
R: umg de x = 8

3. O consumidor consume apenas dois produtos: produto A e produto B. O preço de A é R$ 2. O


preço de B é R$ 5 reais. A renda desse consumidor é R$100. Pede-se: a equação da Restrição
Orçamentária (RO) explicitando a variável B, que designe essa situação; b) o gráfico que
representa essa RO, com os valores das variáveis nos interceptos da RO com o gráfico.
R: equação da RO : b = 20 – 0,5 a
b) gráfico da RO : uma reta que toca o eixo vertical com valor 20 (eixo b); toca o eixo horizontal
(eixo a) no valor 50.
4. Diz-se que um consumidor está em equilíbrio quando maximiza sua satisfação (ou utilidade) dada
a renda monetária adquirida. Desenhe o gráfico da microeconomia que expresse uma situação
assim.
Obs. Não esqueça de expressar as variáveis do gráfico.
R: gráfico com eixo vertical com bem y e eixo horizontal com bem x. A curva convexa que
representa a curva de indiferença toca um único ponto (tangencia) a Restrição orçamentária. Ver
o gráfico no capítulo referente a esse tema no livro didático. Aceitou-se colocar curva de
indiferença em forma de L, caso de bens complementares em proporção fixa.

5. A função de produção de uma atividade econômica é dada por q = 2 L K2. Ao empregar dez
trabalhadores (L=10), utilizando duas máquinas (K=2): a) qual o valor da produtividade média do
trabalho? B) qual o valor da função de produção no ponto do item anterior?
R: a) Pmel do trabalho= 8; b) q = 80

6. Assinale (Folha de Respostas) V (verdadeiro) ou F (Falso), para as proposições:


(F) Apesar de raro na prática, a produtividade média do trabalho pode ser negativa.
(F) Se o ponto alcançado na produção aponta ser o de maior valor da produtividade média, então
a produção correspondente é a maior possível.
(V) a ocorrência de progresso tecnológico desloca a posição da função de produção no gráfico.
(F) teoricamente não se admite produtividade marginal negativa.
(F) se um produto concorre com muitos substitutos, sua elasticidade preço da demanda tende a
ser inelástica.
(V) se sua empresa tem elasticidade preço da demanda com valor absoluto menor do que 1, não é
vantagem realizar uma liquidação de preços.
ANÁLISE MICROECONÔMICA – COMPILADO DE APS

Avaliação Presencial – AP1


Período - 2011/1º
Disciplina: Análise Microeconômica
Coordenador: Cleber Barbosa
Questões:

1) Um consumidor recebe mensalmente $16. Seus gastos são apenas com os bens x e y. Os preços de x e y
são $1 e $2, respectivamente. Pede-se:
a) A expressão algébrica (equação) da restrição orçamentária;
16 = x + 2y
b) A forma da restrição orçamentária em um gráfico de x e y ( não esqueça de atribuir pelo menos dois
pares ordenados em valores);
Desenho de uma reta tocando os eixos x e y. No ponto do eixo y o par ordenado é (16,0); no ponto do
eixo x o par ordenado é (0, 8). Outros possíveis pontos são (2,7) e (4,6).
c) Se o consumidor quer comprar o máximo de x, quanto poderá comprar?
X=16.
d) Se o consumidor quer comprar o máximo de y, quanto poderá comprar?
Y= 8
e) Se o consumidor passar a receber $ 20, qual o valor da nova inclinação da restrição orçamentária?
Será – 0,5.
f) Suponha que o preço de x aumente para $2 e nada ocorra com o preço de y. A renda continua sendo
$20. Desenhe a nova restrição orçamentária e determine a sua inclinação. (valor da questão: três
pontos)

A nova restrição orçamentária será uma reta com os pontos de pares que tocam os eixos sendo ( 0,10) e (10, 0). A
inclinação será -1.

2) As pessoas mais ricas adquirem mais ternos de fibra natural e neles gastam uma parte maior de sua renda
do que o resto da população. Os ternos a base de poliéster são pouco comprados pelas pessoas mais
ricas.
a)O que se pode dizer sobre a elasticidade renda dos ternos de fibra natural e os de poliéster?
A elasticidade renda para ternos de fibra natural é maior do que a para ternos a base de poliéster.
b) De acordo com o conceito microeconômico, defina bem inferior e bem superior; pelo enunciado dessa
questão, esses tipos de ternos são exemplos de bem inferior ou superior? (valor da questão: dois pontos)
Bem inferior é o bem cujo aumento de renda implica uma queda em seu consumo. Já no bem superior
ocorre o contrário, um aumento da renda gera uma elevação em seu consumo. O terno de fibra natural é
um bem superior. O terno a base de poliéster é um bem inferior se o aumento da renda levar a queda do
consumo tanto para ricos como para pobres.
3) A satisfação ou utilidade que um consumidor tem ao consumir uma unidade adicional de um certo bem,
será sempre maior que a satisfação obtida do consumo da unidade anterior. Explique (objetivamente) se
essa afirmativa é falsa ou verdadeira. (valor da questão: dois pontos)
È uma afirmativa falsa, pois o consumo adicional de um bem é de menor satisfação que a da unidade
anterior. A cada unidade a mais, um menor ganho de satisfação estará sendo gerado em relação ao
ganho anterior,conforme o principio da utilidade marginal decrescente.

4) Assinale, corretamente, como Verdadeira (V) ou Falsa (F), as sentenças a seguir:


(F ) Na função de produção, a “lei” dos Rendimentos Marginais Decrescentes ocorre quando o empresário está
com prejuízo.

(F) A curva de indiferença de proporção fixa entre dois bens estabelece que a aquisição contínua de apenas um
deles, confere mais satisfação ao consumidor.

(V) A produtividade média nunca assume valor negativo.

(F) Segundo a microeconomia, a definição de bem superior é a de bens dotados de boa qualidade ou de boas
vendas no mercado.

(V) Se o consumo de bens está abaixo da reta da restrição orçamentária, pode-se dizer que a renda não está
sendo totalmente gasta.

(V) Uma demanda preço elástica estimula uma redução de preços, caso o objetivo da empresa seja aumentar o
faturamento. (valor da questão: três pontos)

GABARITO
Avaliação Presencial – AP1
Período - 2012/1º
Disciplina: Análise Microeconômica
Coordenador: Cleber Barbosa
Orientações para prova:
• Só serão aceitas respostas feitas à caneta esferográfica azul ou preta;
• ATENÇÃO: as respostas só serão pontuadas se estiverem na Folha de
Respostas.

Boa Prova!!!

Questão 1. Imagine uma curva de demanda. Cite uma situação de mercado (exemplo) que acarrete uma variação
ao longo da curva de demanda e outra que provoque um deslocamento da mesma.

Obs: obviamente, não se esqueça de discriminar qual situação é a da variação e qual é a de deslocamento da
demanda. (1 ponto)

Resposta: uma simples mudança do preço de mercado como a alteração fortuita do empresário em
precificar seu produto faz com que o consumidor altere a sua quantidade demandada, isso é uma mudança
ao longo da curva de demanda.

Qualquer variação na condição de ceterius paribus na curva de demanda, como por exemplo, a mudança de
renda do consumidor implica em deslocamento da curva.

Questão 2. Uma empresa tem 50 funcionários e 10 máquinas. Sua produção mensal é de 5000 unidades. Observa-
se que com o mesmo número de máquinas, ao contratar mais um funcionário a produção mensal cai para 4980
unidades. Por sua vez, se com os mesmos 50 funcionários, a empresa adquirir mais uma máquina, a produção
atinge a escala de 6000 unidades. Por fim, com 51 funcionários e 11 máquinas, a produção totalizaria 6320
unidades.
Com base nessas informações, responda:

a) Quais seriam os valores da produtividade média do trabalho ao nível de 50 funcionários e ao nível de 51


funcionários?
Pmel (l=50,k=10)=100; Pme(l=51,k=10)= 97,64; Pme(l=50, k=11) = 120; Pme (l=51,k=11) = 123,9
b) Quais seriam os valores da produtividade média da máquina ao nível de 10 máquinas e ao nível de 11
máquinas?
Pme (l=50,k=10) = 500 ; Pme(l=51,k=10)= 498; Pme(l=50, k=11) = 545,4; Pme (l=51,k=11) = 574,54
c) Qual seria a produtividade marginal do trabalho possível de ser calculada?
A da passagem de l de 50 para 51. Valor Pmg = - 20
d) Qual seria a produtividade marginal da máquina possível de ser calculada? ( 2 pontos)
A da passagem de K de 10 para 11, com valor de Pmg = 1000.
Questão 3. Um exemplo de bens substitutos perfeitos para a construção de uma curva de indiferença é o que
considera canetas de cor azul e as de cor preta para um estudante de volta às aulas. Nesse caso:

a) A taxa marginal de substituição seria zero, negativa, positiva ou constante? Obs: basta responder.
Constante.
Obs. Quem respondeu como negativa também recebeu a pontuação.
b) ilustre graficamente o mapa de curvas de indiferença para esse caso com duas curvas de indiferença. (2
pontos)
ver figura 2.11 da aula 2 do livro antigo.

Questão 4. Distinga produção de curto prazo da de longo prazo, isto é, que fator(es) as diferencia(m)? (2 pontos)

No curto prazo um fdp é fixo; no longo prazo todos os fatores podem variar.

Questão 5 . Assinale V para verdadeiro ou F para falso :

(F) A isoquanta de uma função de produção de proporção fixa, apresenta a taxa marginal de substituição técnica
como uma função decrescente.

(V) em microeconomia, em apenas um mês a empresa pode estar em seu período de longo prazo.

(F) a Restrição Orçamentária do consumidor tem sua inclinação alterada se os todos os preços dos produtos
consumidos aumentarem em uma mesma taxa.

(F) no ponto de equilíbrio de mercado, o preço produz um determinado nível de excedente de produção.

(F) Se o bem tem demanda inelástica (elasticidade preço menor do que 1) quase sempre o bem é supérfluo.

(V) Um aumento de preço para um bem com demanda elástica reduz a receita total do vendedor. (3pontos)

Avaliação Presencial – AP1


Período - 2012/2º
Disciplina: Análise Microeconômica
1. Uma empresa pode auferir um lucro econômico negativo ao mesmo tempo que tenha um lucro
contábil positivo? Justifique.
Sim. Lucro contábil é a simples diferença entre Receitas e custos contábeis de produção. O lucro
econômico incorpora o custo de oportunidade, isto é, aquele que considera o rendimento que
poderia obter na possível produção alternativa da empresa.
2. Se há uma variação no preço do produto, a curva de demanda por ele se desloca ou apenas muda a
quantidade demandada?
Apenas ocorre a mudança na quantidade demandada, pois houve uma variação no preço, variável
do gráfico de preços e quantidades (variável endógena).
3. Suponha que o preço de mercado esteja abaixo do preço de equilíbrio. O governo sem se dar conta
do que está acontecendo, tabela o preço desse produto em um nível menor ainda. Qual o efeito
desse tabelamento? A sociedade apoiará esse tabelamento? Responda objetivamente.
Haverá uma situação mais grave de falta de produto no mercado. O preço estará mais baixo, porém
muitos consumidores estarão insatisfeitos pela impossibilidade de achá-los.
4. Em determinado momento a quantidade vendida é de 250 unidades quando o preço é R$28. Para
vender mais, o comerciante diminui o preço para R$24. Por conta disso, a demanda passa para 320.
Nessa situação, a demanda se mostrou elástica ou inelástica? Calcule o valor da elasticidade.
Pelo cálculo da elasticidade preço média (arco) = - 1,64.
Elasticidade ponto: 1,31 ou 1,96.
Portanto, a situação é demanda elástica.
5. A função utilidade é dada por U = 4 x y3. Calcule o valor da utilidade marginal de y no ponto em que o
consumidor adquire 3 e 2 unidades de x e y, respectivamente.
Umgy= 12xy2, como x=3 e y = 2;
Umgy = 144
6. A função de produção de curto prazo é dada por: q = 2LK, onde L e K são respectivamente os fatores
mão de obra e trabalho. Dada a quantidade fixa de k, ao se utilizar 10 trabalhadores, a produtividade
média de L é 12. Nessa situação qual é a produtividade média de K?
Q= 120; K= 6; Pmek= 20.
7. Uma isoquanta A está acima de outra isoquanta (B) em um mapa de isoquantas. Qual a razão que
leva a isoquanta A estar acima da B?
A isoquanta A deve conter mais quantidade de bens.
8. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) conforme seu entendimento:
a(V) a função de proporção fixa de fatores apresenta a situação em que a empresa não altera a sua
produção se apenas aumentar o uso de um fator de produção.
b( V) O efeito substituição, um dos elementos do efeito preço, representa a tendência do
consumidor substituir o produto cujo preço aumentou, por um outro, mesmo que esse último não
tenha reduzido seu preço.
c(F) Se o bem é classificado como bem inferior um aumento no preço fará com que o efeito
substituição seja positivo.
d(F) Se a demanda não se altera com a variação do preço a elasticidade é infinita.
e(F) a produtividade marginal do trabalho indica quanto cada trabalhador produz em média.
f(F) O preço real do produto é o preço observado depois de colocado os impostos que incidem na
mercadoria.

GABARITO
Avaliação Presencial – AP1
Período - 2013/1º
Questões
9. Em 2005, o preço de x era $12. Em 2012, tal produto valia $ 16. Sabe-se que o índice de preços em
2005 e em 2012, apontou, respectivamente, os valores 132,2 e 143,1. Pede-se:
a. A taxa de aumento nominal de preços entre os dois períodos.
Calculando a taxa de aumento do índice de preços, tem-se: (143,1-132,2/ 132,2) = 0,825 , o que
equivale a 8,25%.
b. Em termos reais, em qual dos dois anos, x estava mais barato?
Obs: Apresente os seus cálculos (como chegou a sua resposta).
Basta comparar os preços reais de cada período (preço nominal/IP):
Preço real em 2005 = 0,0908; Preço real em 2012 = 0,1118. Logo, x esteve mais barato em 2005.
10. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto. Suponha o equilíbrio de mercado. Nesse
mesmo gráfico, mostre o efeito que nele terá se a renda dos consumidores aumentar e o produto em
questão for um bem inferior.

Em sendo um bem inferior, se a renda aumenta, o consumidor irá comprar menos desse produto.
Assim, a curva de demanda desloca-se para baixo (à direita da posição em que se encontrava). O
efeito final será de uma queda no volume negociado no mercado e diminuição do preço (cai o preço
de equilíbrio, cai a quantidade de equilíbrio).

11. Se a elasticidade preço da demanda de um bem for de elasticidade unitária (ε= -1), vale a pena para o
comerciante fazer a promoção de preços (reduzir preço) para aumentar seu faturamento? Obs: não
há pontuação se responder apenas SIM ou Não. Uma justificativa mínima (em uma ou duas linhas) já
pontua.

Não vale, pois se a elasticidade é unitária, o faturamento da empresa não varia com a queda de preços.
Valeria se a elasticidade de demanda fosse maior que um (demanda elástica)
12. Suponha um gráfico que ilustre a restrição orçamentária de um indivíduo. Qual o efeito nessa
restrição orçamentária se os preços e renda (desse indivíduo) aumentarem em 10%?
Nenhum efeito. A posição da RO fica a mesma. O aumento nominal de preços fica compensado
pelo aumento da renda nominal. Logo a renda real fica a mesma, não há deslocamento ou mudança
no ângulo da RO.

13. . A função de produção é dada por q = 10LK. A empresa produz com dez trabalhadores e cinco
máquinas. Calcule o valor das produtividades média e marginal do trabalho nesse nível de produção.
Obs: q, representa a variável produção, L, o número de trabalhadores, k, o número de máquinas.

As produtividades médias e marginais serão iguais a PMe= Pmg= 10k. Como utiliza-se 5 máquinas, então
os valores de ambas serão= 50.

14. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) conforme seu entendimento:


a(V) a função de proporção fixa de fatores pode ser exemplificada como o caso em que o empresário pode
comprar mais de um fator, mas que sua produção só aumentará se tiver uma determinada combinação ótima
entre seus fatores.
b(V) A soma do efeito substituição mais o efeito renda compõe o chamado efeito preço. Assim, se o bem for do
tipo bem normal, uma elevação do preço causará uma redução no consumo.
c(V) Se a demanda não se altera com a variação do preço a elasticidade preço é zero.
d(F) a produtividade marginal do trabalho indica quanto cada trabalhador produz em média.
e(V) O preço de equilíbrio de mercado é aquele em que a escassez do produto no mercado é zero.

Avaliação Presencial – AP1


Período - 2013/2º
Disciplina: Análise Microeconômica
Questões
Qual informação fundamental precisamos obter para calcular se o preço real de um produto tem
aumentado ou diminuído ao longo de um determinado período?
R: o índice de preços ou da taxa de inflação do período.
1. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto. Suponha o equilíbrio de mercado. Nesse
mesmo gráfico, mostre o efeito sobre o preço e quantidades negociadas caso ocorra um aumento no
preço de um bem de uso complementar a esse produto.
R. deslocamento para baixo (esquerda) da curva de demanda.
2. Se a elasticidade preço da demanda de um bem for zero (ε= 0), vale a pena para o comerciante fazer
a promoção de preços (reduzir preço) para aumentar seu faturamento? Obs: não há pontuação se
responder apenas SIM ou Não. Uma justificativa mínima (em uma ou duas linhas) já pontua.
R: Não. A quantidade demandada será a mesma com a redução de preços.
3. Suponha um gráfico que ilustre a restrição orçamentária de um indivíduo. Qual o efeito nessa
restrição orçamentária se os preços e renda (desse indivíduo) aumentarem em 100%?
R: nenhuma. A variação da renda e a variação dos preços terão efeitos proporcionamente inversos.
Tecnicamente, a restrição orçamentária é homogênea de grau zero nos preços e renda.

4. . A função de produção é dada por q = 2LK. A empresa produz com dez trabalhadores e cinco
máquinas. Calcule o valor das produtividades médias do trabalho e capital.
Obs: q, representa a variável produção, L, o número de trabalhadores, k, o número de máquinas.
R: PMe L = 10; PMe k=20

5. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) conforme seu entendimento:


a(F) A soma do efeito substituição mais o efeito renda compõe o chamado efeito preço. Assim, se o
bem for do tipo bem inferior, uma elevação do preço causará uma redução no consumo.
b(F) Se a demanda não se altera com a variação do preço a elasticidade preço é unitária.

c(F) a produtividade média pode ser tão baixa a ponto de se tornar negativa.
d(F) O preço de equilíbrio de mercado é aquele em que os produtores estão produzindo em sua plena
capacidade produtiva.
GABARITO
Avaliação Presencial – AP1
Período - 2014/2º
Disciplina: Análise Microeconômica
Questões

15. Em 2010, o preço de x era $12. Em 2012, tal produto valia $ 18. Sabe-se que o índice de preços em
2010 e em 2012, apontou, respectivamente, os valores 132,2 e 143,1. Pede-se:
c. A variação proporcional nominal de preços entre os dois períodos.
Entre os dois períodos o preço nominal de x aumentou em 50% (18/12). Aceitou-se a variação
nominal do índice de preços para quem fez os cálculos e respondeu o percentual corretamente
(143,1/132.2 = 8,25%).
Obs. Por pertencer a aula 1, quem teve a resposta errada ou deixou a resposta em branco; a pontuação de 1
ponto foi transferida para a questão 3.
d. Em termos reais, em qual dos dois anos, x estava mais barato?
O preço em 2010 era mais barato em termos reais. Em 2010 o preço real de x foi (12/132,2 =
0,09) e em 2012, ( 18/143.1 = 0.1258).
Obs.Quem teve a resposta errada ou deixou a resposta em branco; a pontuação de 1 ponto foi transferida
para a questão 4.

Obs: Apresente os seus cálculos ( deixe um mínimo de seus cálculos na folha de respostas).

16. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto. Suponha o equilíbrio de mercado. Nesse
mesmo gráfico, mostre o efeito que nele terá se a renda dos consumidores aumentar e o produto em
questão for um bem normal ou superior.
Desenhar um gráfico como o da figura 3.2 da aula 3.
17. Se a elasticidade preço da demanda de um bem for zero (ε= 0), vale a pena para o comerciante fazer
a promoção de preços (reduzir preço) para aumentar seu faturamento? Obs: não há pontuação se
responder apenas SIM ou Não. Uma justificativa mínima (em uma ou duas linhas) já pontua.
Não, se a elasticidade é zero, não há variação da demanda com a redução de preços.
18. Suponha um gráfico que ilustre a restrição orçamentária de um indivíduo. Qual o efeito nessa
restrição orçamentária se apenas os preços aumentarem em 10%?
A restrição orçamentária tem deslocamento paralelo em direção a origem do gráfico.

19. . A função de produção é dada por q = 10LK. A empresa produz com dez trabalhadores e cinco
máquinas. Calcule o valor das produtividades média e marginal do capital nesse nível de produção.
Obs: q, representa a variável produção, L, o número de trabalhadores, k, o número de máquinas.
Pmg= 100 Pme = 100
20. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) conforme seu entendimento:
a(V) a função de proporção fixa de fatores pode ser exemplificada como o caso em que o empresário
pode comprar mais de um fator, mas que sua produção só aumentará se tiver uma determinada
combinação ótima entre seus fatores.
b(V) A soma do efeito substituição mais o efeito renda compõe o chamado efeito preço. Assim, se o
bem for do tipo bem normal, uma elevação do preço causará uma redução no consumo.
c(V) Se a demanda não se altera com a variação do preço a elasticidade preço é zero.
d(F) a produtividade marginal do trabalho indica quanto cada trabalhador produz em média.
e(V) O preço de equilíbrio de mercado é aquele em que a escassez do produto no mercado é zero.
GABARITO
Avaliação Presencial – AP1
Período - 2015/1º
Disciplina: Análise Microeconômica
Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa
Questões

1. Silvio Santos, consagrado apresentador de programa da tv, em seu quadro “Quem quer dinheiro”
dobrando papel-moeda em forma de aviãozinho lança-o ao seu auditório feminino. Sua irmã (prima ou
namorada), esteve em duas ocasiões assistindo tal programa. Na primeira vez, ano de 2002, ela conseguiu
apanhar um aviãozinho de R$ 10. Na segunda vez, em 2012, sortuda, agarrou pra si um aviãozinho de R$ 20. Os
índices de preços daqueles anos apontavam níveis de 115 e 242 em referência aos anos 2002 e
2012,respectivamente.

a) Qual o valor real de cada aviãozinho?

Preal em 2002 = 10/115= 0,087; Preal em 2012= 20/242 = 0,082

b) Em qual dos dois programas o Silvio estava efetivamente mais generoso? Justifique sua resposta em
termos do item a.
Pelo observado no item anterior, o valor real do aviãozinho foi maior em 2002. Logo naquele ano o SS foi mais
generoso, posto ter maior poder aquisitivo a cédula de 10 reais em 2002.

2. No estudo sobre o mercado consumidor classifica-se os bens como inferiores, normais ou superiores.
Nesse contexto, pode-se unicamente afirmar:

() os bens normais são aqueles de uso comum a todos, como os bens de alimentação, vestuário e moradia.

() bens inferiores são os bens de qualidade inferior, de baixa produção técnica, sendo esse o seu fator
preponderante. Se o bem for de boa qualidade, não será bem inferior.

() um aumento na renda não implica aumento no consumo do bem normal, apenas eleva o consumo de bem
superior.

(X) para faixas muito baixas de renda, um aumento da renda pode gerar um aumento no bem inferior; a partir de
certo ponto da renda, a medida que a faixa de renda for aumentando o consumo do bem inferior acabará por
diminuir.

3. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto para o período de um determinado mês. Suponha
o equilíbrio de mercado. Nesse mesmo gráfico, mostre o efeito que nele resultará caso, em dado instante, os
consumidores assumam uma expectativa de que os preços irão aumentar no mês seguinte.

Resposta: gráfico com a curva de oferta e demanda com o ponto de equilíbrio sendo aquele de interseção entre
tais curvas. Com a expectativa de aumento de preços, a curva de demanda desloca-se para cima (a direita)
levando a um aumento no novo preço de equilíbrio.
Obs. Só o desenho do gráfico, condição necessária e suficiente, pontua integralmente a resposta à questão. Quem
deslocou a curva de oferta, não foi pontuado. Quem deixou de designar as variáveis designativas do gráfico (eixo
vertical, preço; eixo horizontal quantidades) perdeu parcialmente a pontuação máxima.
4. A demanda pelo produto apresenta elasticidade preço da demanda do tipo inelástica. Sabendo dessa
informação o empresário deve aumentar ou diminuir o preço se quiser aumentar seu faturamento? Obs: com até
duas linhas responde-se a questão.

R> Deve aumentar o preço, pois em demanda inelástica a variação proporcional da demanda é menor do que a
respectiva variação proporcional no preço. Assim, um aumento de preços implica um aumento de receita.

Obs. Quem respondeu que a demanda não se altera com o aumento de preços, não foi pontuado.

5. Suponha um gráfico que ilustre a restrição orçamentária de um indivíduo em razão de dois bens por ele
demandado.

a. Há apenas duas situações as quais a restrição orçamentária irá deslocar paralelamente para cima. Quais são?
OBS. Seja preciso em sua resposta!

Aumento de renda; diminuição na MESMA PROPORÇAO dos preços do produtos.

b. Ilustre graficamente sua resposta em a.

Deslocamento paralelo da RO , apresentando as variáveis de cada eixo (a quantidade de cada produto) e cada RO
sendo uma reta cujo extremos são cada um dos dois eixos do gráfico.

6. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para o que está dito a seguir:

a(V) Admitindo apenas dois insumos, a função de produção (fdp) pode apresentar a produção resultante da
alteração de um fator, permanecendo o outro fixo. Essa é, portanto, uma fdp de curto prazo.

b(F) A hipótese da ocorrência de progresso técnico implica alteração para a mais na quantidade ilustrada no
gráfico da função de produção, mas não há deslocamento da mesma.

C(F) Para maximizar a satisfação com o consumo de bens, consumidor hedonista, a restrição orçamentária deve
tocar a curva de indiferença em qualquer ponto dela.

GABARITO COMENTADO pós correção


Avaliação Presencial – AP1 2015.2
Disciplina: Análise Microeconômica
Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa
ALUNO: MATR:

Orientações para prova:


• Só serão aceitas respostas feitas à caneta esferográfica azul ou preta.
• ATENÇÃO: as respostas (TODAS) só serão pontuadas se estiverem na Folha de
Respostas.
• Permite-se o uso de calculadoras, exceto as acopladas a telefones celulares.
• Pontuação: 2 (dois) pontos.
• Solicitamos caligrafia legível!
COMENTÀRIO GERAL. Não obstante o que está determinado acima, em letras com caixa alta e negrito; não
obstante informação de alerta na plataforma, semana da AP1, algumas poucas pessoas (suponho 3 alunos entre
o total de 214) não procederam como as orientações, não ocorrendo, pois, a pontuação das respostas não
contidas na folha de respostas. Uma prova é um documento que deve ser lido e seguido nas orientações nelas

constantes, sob pena de o autor assumir as responsabilidades por tais violações. Há também que responda com
lápis, o que impede a correção/pontuação.
Questões

1. Em 2002, o índice de preços (IP) marcava 115. Dez anos depois, 2012, o mesmo índice de preços foi
262.
Assinale na FOLHA DE RESPOSTAS, V (verdadeiro) ou F (falso):
(V* ou F*)Dez reais (R$ 10) em 2010 apresentou valor real maior do que vinte reais (R$20) em 2012.
(F) Preço real é o preço nominal multiplicado pelo índice de Preços.
(V) As variáveis nominais são expressas em moeda corrente.
(V) A inflação afeta o valor real das variáveis nominais.
* aceitou-se qualquer resposta para este item.

2. No estudo sobre o mercado consumidor classificam-se os bens como inferiores, normais ou superiores.
Nesse contexto, pode-se unicamente afirmar:
( ) os bens normais são aqueles de uso comum a todos, como os bens de alimentação, vestuário e
moradia.
( ) bens inferiores são os bens de qualidade inferior, de baixa produção técnica, sendo esse o seu fator
preponderante. Se o bem for de boa qualidade, não será bem inferior.
( ) um aumento na renda não implica aumento no consumo do bem normal, apenas eleva o consumo de
bem superior.
(X) para faixas muito baixas de renda, um aumento da renda pode gerar um aumento no bem inferior; a
partir de certo ponto da renda, a medida que a faixa de renda for aumentando o consumo do bem
inferior acabará por diminuir.

3. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto para o período de um determinado mês.


Suponha o equilíbrio de mercado. Nesse mesmo gráfico, mostre o efeito que nele resultará caso, em
dado instante, os consumidores assumam uma expectativa de que os preços irão diminuir no mês
seguinte.

GABARITO. A curva de demanda desloca-se para a esquerda(para baixo). O preço de equilíbrio e a


quantidade de mercado diminuem.
Padrão de pontuação:
- quem deslocou a curva de demanda, mas não indicou no gráfico o efeito sobre o preço e quantidade
de equilíbrio recebeu 1 ponto;
- quem deslocou a curva de oferta, ainda que tenha deslocado a demanda: zero ponto;
- quem desenhou gráfico sem especificar as variáveis que determinam os eixos: zero ponto.
- Quem não fez o gráfico: zero ponto.

4. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para o que está dito a seguir:

A ( F) Se a demanda tem elasticidade preço zero, o gráfico da demanda por esse bem é horizontal.

B ( V) Geralmente, remédio tem elasticidade-preço (em módulo) da demanda menor do que um; enquanto
a demanda por passagens aéreas do Brasil para a China é elástica.

C (F) Para maximizar a satisfação com o consumo de bens, consumidor hedonista, a restrição orçamentária
deve tocar a curva de indiferença em qualquer ponto dela.

D (V) Se a elasticidade-renda de um bem é zero e o consumidor recebe um aumento salarial o consumo


desse bem permanecerá o mesmo.
5. Foram calculadas as funções oferta e demanda de um bem:
Q = 300 – 8p
Q= 48 + 10p
Onde q representa a variável quantidade e p, a variável preço.
A. Qual das duas equações seria a curva de oferta?
Q = 48 + 10p
B. Qual é o preço e a quantidade de equilíbrio?
P=14; q= 188
C. Se o preço for 10, qual seria a quantidade de escassez nesse mercado?
Escassez : Q= 72
OBs: item b = 1 ponto

GABARITO COMENTADO
Avaliação Presencial – AP1 Período - 2016/1º
Disciplina: Análise Microeconômica Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa
AP1 Análise Microeconômica

Orientações para prova:


• Só serão aceitas respostas feitas à caneta esferográfica azul ou preta;
ATENÇÃO: as respostas só serão pontuadas se estiverem na Folha de Respostas.
• Pontuação: Dois pontos para cada questão.

Questão 1

O Valor real do dinheiro é diretamente proporcional ao nível de preço. Então, quando os preços de todas as
mercadorias sobem, normalmente, os consumidores tornam-se propensos a reduzir a demanda por elas.
Certamente, um dos motivos dessa propensão à queda da demanda é a de os consumidores preferirem reter o
dinheiro, dado o aumento no valor real do dinheiro.

De acordo com o que estudou, a interpretação do parágrafo nos leva a concluir:

Letra a : A primeira frase está correta. A segunda frase está correta. A segunda frase é um exemplo de economia
positiva. A terceira frase está correta.

Letra b: A primeira frase está incorreta. A segunda frase está correta. A segunda frase é um exemplo de
economia normativa. A terceira frase está correta.

Letra c: A primeira frase está incorreta. A segunda frase está correta. A segunda frase é um exemplo de
economia positiva. A terceira frase está incorreta.

Letra d: A primeira frase está correta. A segunda frase está incorreta. A segunda frase é um exemplo de
economia normativa. A terceira frase está incorreta.

Letra e: A primeira frase está incorreta. A segunda frase está incorreta. A segunda frase é um exemplo de
economia normativa. A terceira frase está correta.

Resposta: Letra C
Questão 2

O preço nominal dos bens não se alterou. Todavia, a renda dos consumidores diminuiu reflexamente diante da
prolongada recessão ( queda da produção do país). Nesse caso, responda (folha de respostas, não esqueça), qual
(quais) das sentenças seguintes são corretas.

A. Se a demanda por um determinado produto reduziu, trata-se de um bem conceituado na microeconomia


como bem inferior.

B. Se a demanda por um tal produto aumentou, trata-se de um bem conceituado na microeconomia como bem
normal ou superior.

C. Em geral, os bens inferiores têm expansão nas vendas quando a renda da população diminui.

D. Para faixa muito baixa de renda, um bem inferior pode assumir características de um bem superior.

E. Bem superior na microeconomia é aquele em que a qualidade é superior, enquanto o bem inferior é
caracterizado pela baixa qualidade do produto.

Resposta: Letras C e D.

Questão 3

No mercado de bens e serviços, em dado momento, um bem sofreu um aumento de 20% em seu preço.
Consumidores revoltados, a demanda total reduziu em 10% em relação a situação anterior. Se com essas
informações a elasticidade- preço da demanda possa ser calculada, explicite o valor dela respondendo , também,
se a demanda é elástica, inelástica ou elasticidade constante. Informe também se a receita total com a venda
desse bem deve aumentar ou reduzir.

Resposta: A elasticidade é a variação percentual da quantidade demandada pela variação percentual do preço.
Portanto, da divisão dessas variações, a elasticidade é – 0,5. Valor 1 ponto.

Como é um valor absoluto menor do que 1, a demanda está inelástica. (ponto = 0,5)

A receita aumenta. ( ponto = 0,5)

Questão 4

O preço da energia elétrica tem aumentado nesses últimos anos, bem mais do que a variação dos salários.
Suponha, pois, que a tarifa da energia tenha aumentado em 40% , em determinado ano. O salário de um
trabalhador, em termos nominais, subiu apenas 10%. Considere que esse trabalhador apenas utilize luz e
alimentos em sua cesta de consumo. Os alimentos permaneceram com os mesmos preços ao longo do ano. Se em
um gráfico da restrição orçamentária (RO) a energia elétrica está no eixo horizontal, enquanto os alimentos
(como um todo) estão no eixo vertical, desenhe a RO desse consumidor, antes e depois desse aumento na
energia.

Resposta Comentada:

A RO trata-se de uma reta que une dois pontos entre o eixo vertical e horizontal. Se a renda aumentou a RO vai se
deslocar em seus dois pontos extremos. No eixo vertical , alimentos, a variação da renda foi maior do que o
aumento de preços, portanto, o ponto no eixo estará acima do anterior.
No eixo horizontal, energia elétrica, o ponto que toca o eixo estará aquém do ponto anterior, posto o aumento da
energia ter sido maior do que o aumento da renda.

Pontuação: quem apenas errou o eixo vertical, no caso, não alterando em relação ao ponto inicial, tem 1,5 ponto.
Quem alterou o ponto do eixo vertical colocando-o abaixo do ponto original, acertando o ponto horizontal, tem
1,0 ponto.

A questão solicitou a resposta em um único gráfico. Assim, pode-se comparar o efeito resultante das proposições.

Questão 5.

Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) conforme as sentenças a seguir

(V) A curva de oferta é uma curva constante ou crescente em um gráfico que utiliza as variáveis preços e
quantidades.

(F) Se a empresa produz 100 unidades com 20 unidades de um insumo, a produtividade marginal desse insumo é
cinco.

(V) Na produção de curto prazo, entende-se que pelo menos um fator de produção está com severas limitações
para ser alterado.

(V) Se a demanda é perfeitamente inelástica, a empresa tem como aumentar o preço e aumentar o faturamento.

Ultimo Comentário: as perguntas objetivas não exigem respostas comentadas. Apenas a resposta simples e
objetiva. Alguns escrevem mais do que o necessário. Outros com letras ilegíveis.
Outras pessoas escrevem sem nenhuma correspondência com o que poderia ser uma resposta consistente.

Avaliação Presencial – AP 1
Período - 2016/2º
Disciplina: Análise Microeconômica
Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa
ALUNO: MATR:
Orientações para prova:
• Só serão aceitas respostas feitas à caneta esferográfica azul ou preta;
• ATENÇÃO: as respostas só serão pontuadas se estiverem na Folha de Respostas.
• Cada questão vale 2 pontos

Questão 1
Marque V (verdadeiro) ou F (falso):
(F) Ocorre um deslocamento da curva de demanda quando o preço do produto aumenta ou diminui no gráfico.
(V) se o preço de um bem substituto aumentar, a curva de demanda deve deslocar para cima ou à direita da
posição inicial.
(V) preço de equilíbrio é o preço em que a quantidade ofertada iguala-se a quantidade demandada.
(F) A renda do consumidor quando aumenta, sempre implicará um deslocamento para cima da curva de
demanda por determinado produto.

Questão 2

Um mercado de um determinado produto é caracterizado pelas seguintes equações, onde p representa o preço e
Q a quantidade do produto:
Q= 10 + 2p
Q= 40 – p.
Diante disso, responda:
1) qual das duas equações representa a oferta?;
Q = 10+2p

2) qual a quantidade de equilíbrio?;


Q=30

3)exemplifique um preço de mercado que causaria escassez de produto;


R: qualquer preço abaixo de 10, o preço de equilibrio,digamos p= 8.

4) exemplifique um preço que causaria excedente de produtos no mercado.


R: qualquer preço acima de 10, digamos 12.

Questão 3

As sentenças abaixo referem-se ao conceito de elasticidade. Identifique se elas estão corretas. Se sim, diga qual
ou quais?

a. Se o preço de um produto aumentar 20% e a demanda cair mais do que 30% , a elasticidade preço
demanda será menor que 1, em valor absoluto.
b. Os camelôs que se postaram perto das arenas dos jogos olímpicos aumentaram os seus preços em 50%.
Ficaram felizes com o faturamento que aumentou. Nesse caso a elasticidade renda dos consumidores era
do tipo inelástica.
c. Se em um gráfico ( p versus q), a curva de demanda é vertical, então a elasticidade preço é infinita.
d. Se a elasticidade preço é unitária, qualquer aumento de preço do produto não altera o faturamento da
empresa.
R: apenas a letra D está correta.

Questão 4

Suponha que como administradores de empresas queremos mostrar aos nossos clientes que a linha de nossos
produtos são de bens complementares. Nossos clientes são economistas. Portanto, em nossa apresentação,
utilizaremos gráfico de bens complementares perfeitos. Desenhe um gráfico que representa curvas de
indiferenças para bens complementares perfeitos. OBS: não esqueça de designar as variáveis que estão nos eixos
do gráfico.

R: Grafico em forma de L, com os eixos desigando os bens complementares.


Obs: quem fez o gráfico em forma de L, mas com os eixos p e q , errou totalmente a questão.

Questão 5
Marque V (verdadeiro) ou F ( falso).
(V) Se a renda do consumidor aumenta, a RO (restrição orçamentária) do consumidor desloca-se para cima.
(F) Duas curvas de indiferença que se cruzam representam uma situação rara, mas possível do ponto de vista da
lógica do comportamento do consumidor.
(F) a produtividade média do trabalho negativa significa que a empresa deve reduzir o número de trabalhadores
ou baixar seus salários.
(V) Se a produtividade média do trabalho é maior que a produtividade marginal então o produto médio não é
máximo.
Avaliação Presencial – AP 1 Período - 2017/1º

Disciplina: Análise Microeconômica

Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa

Orientações para prova:


• Só serão aceitas respostas feitas à caneta esferográfica azul ou preta;
• ATENÇÃO: as respostas só serão pontuadas se estiverem na Folha de
Respostas.
• Cada questão vale 2 pontos

FOLHA DE QUESTÕES
1. Suponha que o nível de utilidade de um indivíduo possa ser representada por U (x 1,x2) =
2(x1)0,5(x2), sendo x1 e x2 os dois bens de consumo, tais como no livro de estudo. Diante disso,
pergunta-se :
a) qual seria o nível de utilidade alcançado por esse indivíduo quando consumisse 4 unidades de
ambos os bens?
R: U = 2 (2) 4 = 16
b) Se no nível de consumo do item anterior, esse indivíduo adquirisse apenas mais uma unidade do
bem x2, qual seria o valor da respectiva utilidade marginal?
R: UMG= 20-16/1 = 4
OBS: para receber os pontos da questão deve-se deixar na Folha de Respostas um mínimo de
demonstração de como chegou ao resultado, isso é, não pode apenas deixar o valor da resposta.

2. A respeito do mapa de curvas de indiferenças do consumidor:


a. Em um único gráfico desenhe duas ‘curvas’ de indiferença de bens que sejam bens substitutos
perfeitos entre si.
R: GRAFICO COM duas retas que toquem os dois eixos, conforme livro conceito e gráfico do livro
didático.
b. Em um único gráfico desenhe duas ‘curvas’ de indiferença de bens que sejam bens
complementares perfeitos entre si.
R: Grafico cujo formato sejam duas retas (uma vertical e a outra horizontal) com a mesma forma
que seja o 1º quadrante do gráfico cartesiano, conforme livro didático. Como a questão pediu
duas curvas de indiferença, são portanto, duas formas como a descrita.

3. Dois bens (x, y) possuem os seus respectivos preços de mercados (px, py) são R$ 2 e R$6. O
consumidor tem renda semanal de R$ 100.
a. Construa a equação da Restrição Orçamentária (RO) nesse caso.
RO : 100= 2 x + 6 y
b. Faça o gráfico da RO para esse caso, evidenciando pelo menos dois pares de pontos (x,y).
R:Grafico com uma reta decrescente que toca os dois eixos, sem ultrapassa-los, conforme livro
didático. Dois dados podem ser qualquer quantidade de x e y , conforme a equação RO. Dois
exemplos são os eixos ( 0; 16,7) e ( 50, 0)
c. Repita o gráfico construído no item anterior e mostre a alteração que teria caso o preço de x (p x)
aumente para R$4.
R: o gráfico agora seria uma reta que fosse a metade do valor no ponto que toca o eixo x,
portanto, o par (25,0), com nada alterando no eixo do y.

d. Utilizando o gráfico gerado pelo item c, destaque um par de consumo inalcançável pelo
consumidor, pelo fato da alteração do preço x.
R: qualquer ponto acima da nova RO, cujo valores de x e y na em 4x + 6y > 100. Como exemplo :
x= 50, y= 0.

4. Supondo que a especificação de uma função de produção seja dada por f( x, y) = 10 xy, sendo x e
y, os dois únicos insumos utilizados na produção, responda:
a. O emprego de seis unidades de cada um dos insumos levaria a produção para qual quantidade?
R: 360
b. De acordo com a situação do item anterior, qual é o valor da produtividade média de x?
R: PMe= (360 / 6 )= 60

5. Assinale verdadeiro ou falso, isso é, V ou F (também na Folha de Respostas), nas seguintes


afirmações
(F) Em um mesmo gráfico duas curvas de indiferenças podem ter o mesmo par de pontos.

(V) uma curva de demanda pode ser elaborada a partir de gráficos de equilíbrio do consumidor
dados pelas curvas de indiferença e restrição orçamentária.

(F) bens de Giffen são os que bens que conferem status. Um exemplo são os luxuosos casacos de
pele comprados por pessoas bastante ricas, que os compram ainda mais quando aumentam os
preços daqueles.

(F) No puro conceito da microeconomia, o curto prazo é o período de até um ano; passados dez
anos, certamente, atinge-se o longo prazo.
Avaliação Presencial – AP 1 Período - 2017/2º

Disciplina: Análise Microeconômica Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa

FOLHA DE QUESTÕES

1. Houve época em que vigorou o tabelamento de preços no Brasil. Suponha a seguinte tabela de preços
(P) e quantidades ofertadas (Q) e demandadas (Q)de um dado bem:
P 0 5 10 15 20 25
Q 0 10 15 18 22 24
Q 5500 32 25 20 10 02

Depois de várias reclamações de que o preço estava muito elevado, o governo resolve tabelar o preço
no valor de R$ 5, isto é, determinação do governo exige que no mercado o preço máximo não
ultrapasse tal valor. Pelo dito, pede-se:
a) Informar a situação de mercado (se equilíbrio, excedente ou escassez de produtos) em que
provavelmente vigorará, e em quantidades;
RESPOSTA: escassez de 22 unidades. Comentário: a resposta precisava explicitar a quantidade da
escassez. Quem não respondeu 22, mesmo dizendo que era 32 de demanda e 10 de oferta,
recebeu metade da pontuação.
b) Supondo que empresários estejam dispostos, clandestinamente, cobrar ágios, qual o maior valor
de ágio que poderia ser cobrado?
RESPOSTA: O VALOR DE ÁGIO é R$ 15. Observe que o preço com ágio não poderia ser 25, pois
nesse caso a demanda seria de 2 unidades, gerando sobra de 8 unidades.

2. Em uma loja de anéis de prata, o administrador registra que ao preço de R$100,00 por unidade, vende
diariamente, em média, 90 anéis. Ao aumentar em 10% o preço do anel de prata, as vendas diárias
são reduzidas para 67 unidades. Qual o valor da Elasticidade preço da demanda no trecho dessa
mudança de preços? Nesse trecho a demanda é elástica, inelástica ou apresenta elasticidade unitária?
RESPOSTA: a ELASTICIDADE É - 2.3. A situação é demanda elástica. Recebeu 0,5 ponto quem apenas
respondeu ELASTICO.
3. Juquinha é um adolescente de 16 anos, e um exímio conhecedor dos recursos da informática.
Desenvolve, pois, um aplicativo para celular , utilidroapp, cuja função é de, através de um sensor,
atribuir pontos para cada produto consumidor por qualquer indivíduo, conforme sua escala pessoal de
preferências. Cada ponto equivale a uma unidade de medida, a que ele denominou utis. Quanto mais
o bem conferir unidades, mais utis apontará o aplicativo. Versões mais atualizadas do utilidroroapp já
fornecem fórmulas de cálculos da Utilidade Total ou satisfação de vários produtos para cada
consumidor, isso é, utilidade para consumo de várias cestas de bens. Uma pessoa que baixou tal
aplicativo observou que sua função utilidade , U, para dois produtos (x,y) apresentou a seguinte
especificação:
U (x, y) = 2x0,5y.
Sendo assim, responda:
a) Supondo que a pessoa adquiriu (consumiu) 4 unidades de y, qual a utilidade total gerada se ela
também adquirir 4 unidades de x? Resposta: 16
b) Qual o valor em utis da utilidade marginal de x quando antes ela nada consumia de x , mas agora
venha a adquirir (consumir) uma unidade de x, ao mesmo tempo que
também consuma 4 unidades de y? Resposta: 4 (resolvendo por derivada), 8 (resolvendo por
variação discreta). Aceitou-se qualquer uma dessas duas respostas.
c) Regra geral, você espera que a utilidade marginal seja crescente, decrescente ou constante?
Resposta: decrescente
d) Observando a formula da utilidade para a cesta de x e y desse consumidor, para ele tais bens são
do tipo bens superiores, substitutos, complementares, inferiores, ou neutros? Obs: apenas
responda, sem precisar justificar.
Resposta: complementares. Comentário: superiores e inferiores não têm sentido pois são bens que
precisam da variação da renda para identificá-los; não há classificação para bens neutros na
microeconomia. Bens substitutos são bens que conferem utilidades equiparáveis em termos de
intensidade ou valores, o que não se verifica na especificada função da questão; bens complementares
são bens cuja utilidade de um está associada a outra, o que sugere a função utilidade apresentada.

4. Uma função de produção (q) onde há apenas mão de obra (L) e capital (K) como fatores, a expressão
matemática é dada por q = 3k2L.
A) Expresse a expressão matemática (função) da produtividade marginal da mão de obra associada a
essa função de produção. R: 3k2
B) Se houver o emprego de duas máquinas e um trabalhador, qual a estimativa da produtividade
média da mão de obra? R: 12
C) Se houver o emprego de duas máquinas e um trabalhador, qual a estimativa da produtividade
marginal da mão de obra? R: 12
D) Utilizando-se duas máquinas e dois trabalhadores, a empresa resolve contratar mais um
trabalhador. Qual o valor da produtividade marginal nesse caso? R:12

5. Assinale na Folha de Respostas V (Verdadeiro) ou F (falso) sobre as sentenças que seguem:


(F) Uma variação do preço, sentido de aumento, causa um deslocamento da curva de oferta ou da
curva de demanda ou em ambas simultaneamente , em um gráfico p x q.
(V) a utilização de uma eficiente propaganda tem o efeito de deslocar a curva de demanda para cima
ou para à direita de sua posição original.
(V) se a curva de demanda é vertical, o consumidor está disposto a comprar a quantidade que
necessita, mesmo que haja elevação do preço.
(F) A elasticidade renda evidencia que alterações na renda afetam os preços na mesma direção em
que a renda foi alterada.

Comentários Gerais. A nota máxima foi de grau 9, obtidos pelos estudantes Hiago Faria (POLO Magé); Thayanne Souza (POLO
Piraí); Leonaide Uzeda (POLO Rocinha); Waldir Nunes ( POLO Rocinha). Parabéns !
Observei no ato de pontuar as provas que alguns deixaram de receber notas mais elevadas possivelmente por, digamos, uma
dose de preguiça ou ansiedade no momento de estarem em prova. Por exemplo, na primeira questão, requereu-se que
respondesse a quantidade de escassez ou excedente gerada com o tabelamento de preços. Pois, alguns responderam que a
situação gerada era de escassez ( correto) e que a oferta seria 10 e a demanda 32, sem informar (explicitar) que a escassez
seria de 22 unidades. Isso é, simplesmente não respondeu, não foi completo na resposta, quando facilmente poderia. Esse
item valia 1 ponto, no caso recebeu apenas 0,5 ponto.
Quero dar parabéns a todos que compareceram, em especial aqueles que fizeram uma prova com
organização nas respostas, caligrafia legível, e demonstraram ter lido as Orientações para a Prova. A
feitura de provas com essas boas características proporciona uma correção mais célere e causa uma
boa impressão.
Muitas respostas mostraram grande capacidade de compreensão e também que leram o material de
leitura. Isso também dá satisfação ao professor.

Convite. No dia da visita técnica desse semestre aos Polos , dia 28 de outubro, estaremos (eu e a
tutora a distância Cristiane ) no Polo Angra dos Reis. Nessa oportunidade, farei uma palestra cujo
tema é “Crimes Empresariais”. Portanto, se houver interesse no assunto e/ou em estar com a gente
para qualquer outra questão, diálogos etc., é só comparecer para nos proporcionar grande estima,
honra e prazer.
Cleber Ferrer Barbosa
AP 1 Período - 2018/1º Análise Microeconômica

1. Suponha o mercado de um produto representado pelo gráfico de variáveis preços e quantidades por
período de tempo. Há as curvas de oferta e demanda, sendo que a demanda por esse produto é
totalmente inelástica.Pede-se:
a.Desenhe o gráfico desse mercado destacando(ilustrando) o preço de equilíbrio e a quantidade de
equilíbrio.

Gráfico de variáveis p x q ,onde a curva de demanda é vertical e a curva de oferta apresenta inclinação
positiva (crescente).O preço de equilíbrio é o ponto de cruzamento entre as duas curvas.

b. Suponha a situação de redução salarial dos funcionários que trabalham na produção do produto
desse mercado. Repita o gráfico do item a, incorporando o efeito dessa alteração salarial.

Repetindo o gráfico do item anterior, inserir a curva de oferta em posição abaixo da oferta do item a. O
preço de equilíbrio é o da interseção da curva de demanda com a nova oferta.
Comentário: Pontuação. Para ser pontuado, não pode esquecer de deixar escrito as variáveis de cada eixo
do gráfico. Não há sentido em inserir números à questão. A menos que o enunciado solicite exemplificar,
em nenhuma prova o respondente pode inserir números.Tem que se ater estritamente ao enunciado da
questão.

2. O mercado de um bem pode ser representado por equações de oferta e demanda.


Suponha que em um mercado elas sejam:
Q = 300 – 20p

Q = - 100 + 30p

Sendo assim, ilustre esse mercado, determine a quantidade e o preço de equilíbrio.

Obs: não esqueça de designar as variáveis que representam os eixos vertical e horizontal .
O preço de equilíbrio é 8. A quantidade de equilíbrio é 140. O gráfico correto vale 0,5 ponto .

3. Após ver no noticiário que a economia do País apresenta sinais de recuperação, o lojista resolveu
aumentar o preço do que vende.Quando o preço era R$100,00 por unidade, vendia diariamente, em média,
90 unidades. Ao aumentar o preço em R$10, as vendas diárias são reduzidas para 67 unidades.
Qual o valor da Elasticidade preço da demanda no trecho dessa mudança de preços?
Nesse trecho a demanda é elástica, inelástica ou apresenta elasticidade unitária?
Resposta
Três valores de respostas são aceitos, conforme tenha- se utilizado a elasticidade ponto (preço inicial,
preço final) e elasticidade arco ou ponto médio. São as equações 8 e 10 da aula 4 do livro texto. O
desenvolvimento da resposta pode ser visto no corpo da aula 4.

As respostas aceitas são: Elasticidades: e 1 = 2, 55; e 2= 3,74; e 3= 3,07 que são respectivamente a
elasticidade ponto com preço =100, preço 110 e elasticidade preço médio.

Todas apresentam a demanda no trecho ELASTICO.

Padrão de pontuação: quem respondeu inelástico, porém demonstrou o desenvolvimento de contas de


forma similar como o correto, isso é ,errou a execução das contas, recebeu 0,5 ponto;
Quem respondeu elástico, apresentando valores diferentes ,porém próximos da resposta, apresentando
também desenvolvimento de contas compatíveis com o cálculo da elasticidade ,recebeu 1 ponto.
Que m respondeu o valor correto, mas afirmou ser demanda inelástica,recebeu 0,5 ponto, a depende r de
ter apresentado os cálculos demonstrando domínio sobre o cálculo.

4. Teoricamente a satisfação de um consumidor com dois produtos (x , y) é dada pela função utilidade
( U) : U( x , y) = 4 x y.

a.Se x e y têm preços iguais, o consumo de x será maior, igual ou menor do que de y?
R: nível de consumo é o mesmo entre x e y.(pela vista da equação de utilidade os dois bens têm o mesmo
peso)

b.Se o consumidor apenas compra 3 unidades de x , qual o valor da utilidade marginal de y?


R:A utilidade marginal de y é 4x . Portanto, a utilidade marginal é 12.

5. Uma função de produção (q) apenas com os insumos mão de obra (L) e capital(K)
possui expressão matemática dada por q = 5LK.
A)Determine a função da produtividade marginal da mão de obra associada a essa função de produção.
PmgL =5k

B)Se houver o emprego de duas máquinas e um trabalhador, qual o valor da produtividade média da mão
de obra?
Resposta: 10

C)Se houve r o emprego de duas máquinas e um trabalhador, qual o valor da produtividade marginal da
mão de obra?
Resposta: 10

D)Utilizando-se duas máquinas e dois trabalhadores, a empresa resolve contratar mais um trabalhador.
Qual o valor da produtividade marginal nesse caso?
Resposta: 10

6. Assinale ( Folha de Respostas) V (Verdadeiro)ou F(falso)dadas as sentenças que seguem:

( F) Uma variação da quantidade ofertada de um produto implica deslocamento da curva de oferta.

( F) o aumento no preço de um bem complementar tem o efeito de deslocar a curva de demanda para cima
ou para à direita de sua posição original.

( F )se a curva de demanda é horizontal, o consumidor está disposto a comprar a quantidade que necessita,
mesmo que haja elevação do preço.

( F) A elasticidade renda evidencia que alterações na renda impactam os preços pelo fato de alterar a
demanda dos consumidores no mercado.
GABARITO ESPECIALMENTE COMENTADO AP1 Microeconomia 2019

Período - 2019/1º
Disciplina: Análise Microeconômica Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa

Questões

1. A loja de departamentos que você administra emprega dois estudantes de mestrado em


economia. Em virtude de prepararem um trabalho na disciplina microeconomia, os mesmos
estimaram que os produtos do departamento de vestuário apresentam elasticidade preço 2.1.
Por sua vez, o departamento de alimentos apresentou elasticidade igual a 1. Confiando nesse
resultado, você deve escolher uma ou mais das opções abaixo para o melhor resultado da loja.
a) Aumentar os preços do departamento de vestuário e reduzir os do departamento de
alimentos.
b) Aumentar os preços do departamento de alimentos, porem manter os preços do
departamento de vestuário.
c) Aumentar os preços dos dois departamentos
d) Diminuir os preços do departamento de vestuário caso queira aumentar o faturamento, e
nada mexer nos preços do departamento de alimentos.
e) Aumentar os preços do departamento de alimentos, porém diminuir os preços do
departamento de vestuário.
f) Só aumentar os preços do departamento de alimentos.
g) Só diminuir os preços do departamento de alimentos
Obs. Apenas responda colocando na folha de respostas a(s) letra(s) correspondente(s) ao que
entendeu como correto.
GABARITO: LETRAS D e E.
2. Assinale a correta: Quanto mais substitutos um produto da sua empresa enfrentar no mercado:
a.( ) maior será o grau da elasticidade renda do consumidor.
b.(X) maior será o grau da elasticidade preço da demanda.
c.( ) maior será a necessidade de alcançar o preço de equilíbrio.
d.( )maior será a necessidade de propaganda do produto.
e.( ) maior será a necessidade de maximizar o lucro.

3. Suponha a utilidade do consumidor com dois produtos (x e y) dadas pela expressão U (x, y) = 2x
y3. Se o consumidor está consumindo 2 unidades de y e 1 unidade de x, qual o valor da utilidade
marginal de x?
GABARITO: utilidade marginal de x = 16.

4. Restrição Orçamentária (RO) representa o conjunto de bens que podem ser adquiridos pelo
consumidor, considerando os preços dos bens e a renda. Podemos dizer:
a.( ) no gráfico da RO , uma cesta de produtos abaixo da reta RO, representa uma situação inalcançável ,
tendo em vista a renda auferida pelo consumidor dessa RO.
b.( ) A expressão da RO considerando dois bens complementares terá uma forma de L.
c. (X) Todos os pontos da RO implicam dizer que a poupança do consumidor é zero.
d. O consumidor deve procurar consumir a cesta de produto que esteja no ponto médio da RO, em vez
dos pontos próximos ao extremo.
e.( ) Se a renda aumenta e os preços não, a RO fica mais inclinada.
5. Qual a diferença entre curto e longo prazo em microeconomia? Obs. Seja breve. Se você precisar
de mais de duas linhas para responder, provavelmente você não sabe a resposta.
GABARITO: No curto prazo, pelo menos um fator de produção é fixo; no longo prazo, todos os
fatores podem variar.

6. Um individuo comprava dois bens. O preço de um deles aumentou. Na empresa em que


trabalha, o diretor aumentou a renda desse equilíbrio no valor exato para o individuo continuar a
adquirir a mesma cesta de produtos. Todavia, o individuo acabou por comprar menos desse
bem, mesmo com a renda compensada. Pelo que estudamos em nossas aulas, isso é racional?
Qual teoria ou conceito aborda essa questão de forma mais precisa?
GABARITO: SIM, trata-se do Efeito Preço e dentro dele o Efeito Substituição. O consumidor
mesmo tendo a renda acrescida para comprar a mesma cesta de antes, acaba por preferir
comprar menos do outro produto, por conta de todos os outros bens que compram se
tornarem relativamente mais baratos (independentes de serem substitutos, bens inferiores ou
superiores).

7. A função de produção de uma atividade econômica é dada por q = 2 L K2. Ao empregar cinco
trabalhadores (L=5), utilizando duas maquinas (K=2), qual o valor da produtividade média do
trabalho?
GABARITO: produtividade média do trabalho= 8

8. Assinale (Folha de Respostas) V (verdadeiro) ou F (Falso), para as proposições:


(F) Apesar de raro na prática, a Produtividade média do trabalho pode ser negativa.
(F) Se o ponto alcançado na produção aponta ser o de maior valor da produtividade média,
então a produção correspondente é a maior possível.
(V) progresso tecnológico desloca a posição da função de produção no gráfico.
(V) teoricamente não se admite produtividade marginal negativa.

Obrigado por comparecerem à prova. Observem que todas as questões são facilmente
encontradas nos nossos livros de aula.

Estamos visitando os Polos uma semana antes da AP para uma aula presencial e/ou
conversarmos sobre nossa matéria e demais questões. Caso queiram nossa visita, avise ao
coordenador do Polo para agendarmos nossa ida.
Avaliação Presencial – AP 1 Período - 2019/2º
Disciplina: Análise Microeconômica Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa
Gabarito COMENTADO
AP1 do 2 sem 2019 Microeconomia

GABARITO COMENTADO

Comentários gerais da Prova


A prova foi de nível leve de profundidade dos assuntos, buscando reconhecer se o estudante
compreendeu os conceitos básicos das aulas, e leitura gráfica, o que é importante para apresentação
profissional de um administrador.

Importante também responder conforme o enunciado. Se a questão foi formulada com variáveis A e B,
não se deve responder com variáveis X e Y.

Algumas curvas de uma rodovia, a Administração Pública informa que são trechos com alto índice de
acidentes. A intenção é o chamar atenção para o cuidado adicional: o usuário da estrada deve ter uma
atenção redobrada.
Nessa nossa disciplina, infelizmente, há um número significativo de baixas notas. Portanto, vale o
empenho adicional na leitura constante e a tempo para passar por ela da melhor e mais rápida forma
possível. O coordenador quer ver os estudantes com notas elevadas, pelas respostas corretas que
produzem. Ele fica feliz, acredite.

Questões
1. Uma empresa constata que ao preço de R$100,00, por unidade, vende diariamente 90 produtos.
Ao aumentar em 10% o preço daquele produto, as vendas diárias são reduzidas para 67 unidades.
Qual o valor da Elasticidade preço da demanda dessa mudança de preços? Nesse trecho a
demanda é elástica, inelástica ou apresenta elasticidade unitária?

R: Elasticidade= -2,55 (ou 2,55 em módulo), trecho de demanda elástica.

Obs: aceitou-se o valor de - 3,1 ou próximos , pelo método de elasticidade arco.


Em hipótese alguma permitiu-se responder como demanda inelástica apresentando valores maiores do que 1, e vice-
versa.
Quem fez cálculos razoáveis de elasticidades errando os valores, porém acertando como elástico ou inelástico, pelos
valores encontrados, recebeu 0,5 ponto. Por exemplo: 1) respondeu que a elasticidade foi 0,3 e assim a demanda é
inelástica, ganhou meio ponto. 2) respondeu que a elasticidade foi 2,55, sendo demanda inelástica, recebeu zero
ponto.

2. A utilidade do consumidor com dois produtos (x e y) é dada pela expressão U (x, y) = 2x y2. Se o
consumidor está consumindo 2 unidades de y e 1 unidade de x, qual o valor da utilidade marginal
de x?
R: umg de x = 8

3. O consumidor consume apenas dois produtos: produto A e produto B. O preço de A é R$ 2. O


preço de B é R$ 5 reais. A renda desse consumidor é R$100. Pede-se: a equação da Restrição
Orçamentária (RO) explicitando a variável B, que designe essa situação; b) o gráfico que
representa essa RO, com os valores das variáveis nos interceptos da RO com o gráfico.
R: equação da RO : b = 20 – 0,5 a
b) gráfico da RO : uma reta que toca o eixo vertical com valor 20 (eixo b); toca o eixo horizontal
(eixo a) no valor 50.
4. Diz-se que um consumidor está em equilíbrio quando maximiza sua satisfação (ou utilidade) dada
a renda monetária adquirida. Desenhe o gráfico da microeconomia que expresse uma situação
assim.
Obs. Não esqueça de expressar as variáveis do gráfico.
R: gráfico com eixo vertical com bem y e eixo horizontal com bem x. A curva convexa que
representa a curva de indiferença toca um único ponto (tangencia) a Restrição orçamentária. Ver
o gráfico no capítulo referente a esse tema no livro didático. Aceitou-se colocar curva de
indiferença em forma de L, caso de bens complementares em proporção fixa.

5. A função de produção de uma atividade econômica é dada por q = 2 L K2. Ao empregar dez
trabalhadores (L=10), utilizando duas máquinas (K=2): a) qual o valor da produtividade média do
trabalho? B) qual o valor da função de produção no ponto do item anterior?
R: a) Pmel do trabalho= 8; b) q = 80

6. Assinale (Folha de Respostas) V (verdadeiro) ou F (Falso), para as proposições:


(F) Apesar de raro na prática, a produtividade média do trabalho pode ser negativa.
(F) Se o ponto alcançado na produção aponta ser o de maior valor da produtividade média, então
a produção correspondente é a maior possível.
(V) a ocorrência de progresso tecnológico desloca a posição da função de produção no gráfico.
(F) teoricamente não se admite produtividade marginal negativa.
(F) se um produto concorre com muitos substitutos, sua elasticidade preço da demanda tende a
ser inelástica.
(V) se sua empresa tem elasticidade preço da demanda com valor absoluto menor do que 1, não é
vantagem realizar uma liquidação de preços.
Avaliação Presencial – AP 1

Período - 2016/2º

Disciplina: Análise Microeconômica

Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa

Questão 1

Marque V (verdadeiro) ou F (falso):

(F) Ocorre um deslocamento da curva de demanda quando o preço do produto aumenta ou


diminui no gráfico.

(V) se o preço de um bem substituto aumentar, a curva de demanda deve deslocar para cima
ou à direita da posição inicial.

(V) preço de equilíbrio é o preço em que a quantidade ofertada iguala-se a quantidade


demandada.

(F) A renda do consumidor quando aumenta, sempre implicará um deslocamento para cima
da curva de demanda por determinado produto.

Questão 2

Um mercado de um determinado produto é caracterizado pelas seguintes equações, onde p


representa o preço e Q a quantidade do produto:

Q= 10 + 2p

Q= 40 – p.

Diante disso, responda:

1) qual das duas equações representa a oferta?;

Resposta: Q = 10+2p

2) qual a quantidade de equilíbrio?;

Resposta: Q=30

3) exemplifique um preço de mercado que causaria escassez de produto;

Resposta: qualquer preço abaixo de 10, o preço de equilíbrio, digamos p= 8.

4) exemplifique um preço que causaria excedente de produtos no mercado.

Resposta: qualquer preço acima de 10, digamos 12.


Questão 3

As sentenças abaixo referem-se ao conceito de elasticidade. Identifique se elas estão corretas.


Se sim, diga qual ou quais?

a. Se o preço de um produto aumentar 20% e a demanda cair mais do que 30%, a


elasticidade preço demanda será menor que 1, em valor absoluto.
b. Os camelôs que se postaram perto das arenas dos jogos olímpicos aumentaram os
seus preços em 50%. Ficaram felizes com o faturamento que aumentou. Nesse caso a
elasticidade renda dos consumidores era do tipo inelástica.
c. Se em um gráfico (p versus q), a curva de demanda é vertical, então a elasticidade
preço é infinita.
d. Se a elasticidade preço é unitária, qualquer aumento de preço do produto não altera o
faturamento da empresa.
Resposta: apenas a letra D está correta.

Questão 4

Suponha que como administradores de empresas queremos mostrar aos nossos clientes que a
linha de nossos produtos é de bens complementares. Nossos clientes são economistas.
Portanto, em nossa apresentação, utilizaremos gráfico de bens complementares perfeitos.
Desenhe um gráfico que representa curvas de indiferenças para bens complementares
perfeitos. OBS: não esqueça de designar as variáveis que estão nos eixos do gráfico.

Resposta: Gráfico em forma de L, com os eixos designado os bens complementares.


Obs: quem fez o gráfico em forma de L, mas com os eixos p e q, errou totalmente a questão.

Questão 5

Marque V (verdadeiro) ou F (falso).

(V) Se a renda do consumidor aumenta, a RO (restrição orçamentária) do consumidor desloca-


se para cima.

(F) Duas curvas de indiferença que se cruzam representam uma situação rara, mas possível do
ponto de vista da lógica do comportamento do consumidor.

(F) a produtividade média do trabalho negativa significa que a empresa deve reduzir o número
de trabalhadores ou baixar seus salários.

(V) Se a produtividade média do trabalho é maior que a produtividade marginal então o


produto médio não é máximo.
27/06/2020 APX3- microeconomia: Revisão da tentativa

Painel / Minhas Disciplinas / Análise Microeconômica / APX3 / APX3- microeconomia

Iniciado em sábado, 27 jun 2020, 14:21


Estado Finalizada
Concluída em sábado, 27 jun 2020, 17:04
Tempo 2 horas 43 minutos
empregado

Questão 1 Apenas uma das afirmativas abaixo está correta. Qual?


Completo

Vale 0,50 Escolha uma:


ponto(s).
a. Se a receita marginal é igual ao custo marginal , temos o ponto de maximização de lucro.

b. Maximizar o lucro significa tentar produzir e vender o máximo que se pode produzir em uma empresa

c. Maximizar lucro é produzir ao mínimo custo com a máxima produção.

d. Quase sempre maximizar o lucro é o mesmo nível de produção de maximizar produção.

e. Ao ponto de máximo lucro a receita marginal é igual ao custo marginal

Questão 2 No mercado caracterizado por Concorrência Monopolística, diz-se que, uma empresa, com um produto de qualidade
Completo levemente superior ao de seus concorrentes, poderá gozar de um preço diferenciado em relação aos concorrentes, ainda
Vale 0,50 mais se os consumidores reconhecerem essa qualidade.
ponto(s).

Escolha uma opção:


Verdadeiro

Falso

Questão 3 Se o governo quer, efetivamente, garantir um numero máximo, X, de automóveis chineses importados, o melhor
Completo mecanismo de proteção à importação é a Cota, comparados com o instrumento da denominada Tarifa.
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma opção:
Verdadeiro

Falso

Questão 4 A leve diferenciação de produtos e o lucro de longo prazo de valor zero são características ou resultados do mercado de
Completo concorrência monopolistica.
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma opção:
Verdadeiro

Falso

https://graduacao.cederj.edu.br/ava/mod/quiz/review.php?attempt=216612&cmid=330949 1/5
27/06/2020 APX3- microeconomia: Revisão da tentativa

Questão 5 Se a renda da população aumentou, o resultado sobre a demanda por produtos denominados bens normais ou
Completo superiores ou inferiores (conceito microeconômico) implica em:
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma:
a. aumento na demanda pelos bens normais ou superiores.

b. Aumento na demanda por bens inferiores e aumento na demanda por bens normais ou superiores.

c. aumento na demanda por bens inferiores, mas diminuição na demanda por bens normais ou superiores.

d. A demanda por bens inferiores e a demanda por bens normais ou superiores, não são fortemente afetados por
variação da renda.

e. a demanda por bens inferiores pode aumentar ou diminuir.

Questão 6 Em microeconomia, um bem inferior caracteriza-se pela observância de seu nível de consumo variar-se inversamente
Completo proporcional à variação de preço.
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma opção:
Verdadeiro

Falso

Questão 7 Das afirmativas abaixo, apenas uma está correta. Qual?


Completo

Vale 0,50 Escolha uma:


ponto(s).
a. Firma e industria são a mesma coisa em microeconomia.

b. Se a empresa enfrenta um mercado em que os preços são constantes a forma da receita total no gráfico é de uma
reta que passa pela origem.

c. O custo total, parte integrante da equação lucro, pode ser decrescente em relação ao volume produzido.

d. Se, curto prazo, a empresa está tentando maximizar o lucro, mas seu lucro é negativo, então ela sairá do mercado.

e. Se o preço de mercado é afetado pelo volume de vendas, o gráfico da receita total é uma reta crescente.

Questão 8 Cartéis, a maioria, são temporários. O cartel pode ser criticado a sua formação se constitui de uma prática ilegal, porém
Completo ajuda a expandir a expansão da indústria.
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma opção:
Verdadeiro

Falso

Questão 9 Se o preço de mercado de um produto permanecer acima do nível de preço de equilíbrio, entendemos que:
Completo

Vale 0,50 Escolha uma:


ponto(s).
a. Haverá uma escassez de mercado quantificada pela diferença entre a quantidade demandada e a quantidade
ofertada ao nivel do preço de mercado.

b. O governo poderá propor tabelamento de preço, dado o preço mais alto do que o de equilíbrio.

c. Haverá uma excedente de mercado quantificada pela diferença entre a quantidade demandada e quantidade
ofertada na situação de o preço de equilíbrio

d. A curva de oferta irá deslocar-se para à direita dado o preço de mercado maior do que o de equilíbrio.

e. Haverá um excedente de produtos no mercado, possivelmente pela expansão da oferta que irá produzir mais para
garantir o mesmo nível de lucro anterior.

https://graduacao.cederj.edu.br/ava/mod/quiz/review.php?attempt=216612&cmid=330949 2/5
27/06/2020 APX3- microeconomia: Revisão da tentativa

Questão 10 A diferenciação de produtos, o elevado poder de mercado e o lucro de longo prazo de valor zero ou positivo são
Completo características ou resultados do mercado de concorrência monopolística.
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma opção:
Verdadeiro

Falso

Questão 11 Suponha mercado onde hã um preço de equilíbrio. Qual a única alternativa correta acerca de os consumidores suporem
Completo que os preços aumentarão no futuro (futuro próximo), e na oferta os produtores experimentarem uma queda no preço da
Vale 0,50 matéria prima (insumo) envolvida na fabricação do produto que leva ao mercado?
ponto(s).

Escolha uma:
a. Apenas ocorrem variações ao longo das curvas de oferta e demanda, não há deslocamentos nas curvas.

b. Mudanças na expectativa de preços nao afetam a curva de demanda, mas a curva de oferta desloca-se para baixo
(direita) de sua posicao incial.

c. Provavelmente diminuirão o preço e a quantidade de equilibrio

d. A curva de demanda desloca-se para baixo, a curva de oferta também se desloca para baixo.

e. A curva de oferta desloca-se para baixo (direita) e a curva de demanda para cima (direita) em relação as suas
posições iniciais.

Questão 12
Suponha um tabelamento de preços para máscaras cirúrgicas , produto muito demandado para a não contaminação por
Completo
covid19.
Vale 0,50
ponto(s). Assinale a assertiva consistente com os conceitos e nossos estudos em microeconomia.

Escolha uma:
a. havendo deságio, em algum momento o preço tabelado restou determinado abaixo do valor do preço de
equilíbrio.

b. o tabelamento de preços é eficaz para regular as condições de preços estáveis.

c. O ágio pode ocorrer quando o preço tabelado fica acima do preço de mercado.

d. Se ao preço tabelado constatar-se que este está acima do preço de equilíbrio haverá escassez desse produto e
ocorrencia de ágio.

e. Se por qualquer razão a curva de demanda deslocar-se para cima ( para a direita) , o preço tabelado poderá
apresentar aumento na escassez de produtos, caso a escassez já ocorra.

Questão 13 Assinale a(s) sentença(s) verdadeira(s)


Completo
No ponto de equilíbrio do consumidor que maximiza sua satisfação condicionado a sua Restrição Orçamentária, temos:
Vale 0,50
ponto(s).
Escolha uma ou mais:
a. No ponto de Equilíbrio , o nível de consumo de dois produtos dados em uma Restrição Orçamentária é o mesmo.

b. Na Curva de Indiferença que ocorre a máxima satisfação, há um único ponto de interseção entre ela e a linha da
Restrição Orçamentária.

c. A Curva de Indiferença tangencia a Restrição Orçamentária no ponto em que se consome mais dos produtos mais
baratos.

d. Se a Curva de Indiferença for na forma de L, não haverá ponto de máxima satisfação.

e. A Restrição Orçamentária cruza a Curva de Indiferença no ponto de equilíbrio

https://graduacao.cederj.edu.br/ava/mod/quiz/review.php?attempt=216612&cmid=330949 3/5
27/06/2020 APX3- microeconomia: Revisão da tentativa

Questão 14
LEIA TODO O ENUNCIADO e as OBSERVAÇÕES
Completo
Uma função de produção, q = f (L,K), de curto é descrita pelo uso de apenas dois fatores,trabalho, L, e máquinas. K,
Vale 0,50
ponto(s). utilizando-se os mesmos termos das variáveis conforme o material da disciplina.

Se q = 20 L K, com o emprego fixo de 2 unidades de máquinas, Responda a quantidade da produtividade média do


trabalho no ponto de L=2.
Observação IMPORTANTE1: responda colocando apenas o numero da produtividade média encontrada. Por exemplo, se
a resposta for produtividade média igual a 3. APENAS coloque: 3

Observação 2: o não cumprimento da observação acima, descaracterizará atendimento de revisao de nota.

Resposta: nao sei

Questão 15 Das afirmativas abaixo, apenas uma está correta. Qual?


Completo

Vale 0,50 Escolha uma:


ponto(s).
a. Se a empresa enfrenta um mercado em que os preços são constantes, a forma da receita total no gráfico é de uma
curva que passa pela origem.

b. A Industria em concorrência perfeita produz bens homogêneos ou idênticos, característica ou hipótese teórica
dessa estrutura de mercado da microeconomia clássica.

c. ocorre a maximização do lucro quando a empresa vende o máximo do que produziu.

d. Se, curto prazo, a empresa está tentando maximizar as vendas, o seu lucro será positivo e bastante elevado.

e. O custo médio pode ser negativo dependendo da situação de mercado.

Questão 16 Se um bem for do tipo bem superior, uma elevação na renda dos consumidores que adquirem esse produto irá deslocar a
Completo curva de oferta para a direita (ou para cima)
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma opção:
Verdadeiro

Falso

Questão 17 Se uma empresa vende ao preço de R$ 10, a quantidade de 10 unidades, com o custo total de R$ 300, então o lucro
Completo unitário é negativo e a receita média é 5.
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma opção:
Verdadeiro

Falso

Questão 18 Responda quantas das assertivas a seguir são corretas. Obs: responda em palavras (zero, um, dois, três, quatro)
Completo
a) Dois bens perfeitamente substituíveis ao consumo resultam em uma Curva de Indiferença de formato convexo em
Vale 0,50 relação à origem.
ponto(s).
b) Dois bens complementares ao consumo resultam em Curva de Indiferença em forma de reta.

c) A Restrição Orçamentária, RO, não desloca-se paralelamente para cima, se a renda do consumidor aumentar em x% e
os preços de todos os bens também aumentarem nessa mesma proporção;
d) Em um mapa de Curvas de Indiferenças se duas delas se tocarem, o consumidor terá alcançado o ponto de máxima
satisfação dada a sua renda monetária.

Resposta: dois

https://graduacao.cederj.edu.br/ava/mod/quiz/review.php?attempt=216612&cmid=330949 4/5
27/06/2020 APX3- microeconomia: Revisão da tentativa

Questão 19 A Taxa Marginal de Substituição Técnica, TMST, conceito e definição bastante relacionados com a isoquanta, apresenta
Completo como correta apenas uma das seguintes sentenças.
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma:
a. Ao longo de uma isoquanta a TMST é zero.

b. A TMST reflete a taxa de troca de um insumo por outro ao longo de uma isoquanta.

c. Ao longo da Isoquanta, em que o ponto inicial seja o de um ponto alto em direção a um ponto mais baixo da
mesma, a TMST vai aumentando em valor absoluto (módulo).

d. A TMST representa a taxa marginal de troca de produtos para uma empresa que produz dois produtos.

e. A TMST é decrescente na hipótese de uma Isoquanta representativa de dois fatores perfeitamente substituíveis.

Questão 20 Assinale a alternativa correta.


Completo De um momento para o outro, ocorre uma baixa procura por um produto especifico de um mercado. Então:
Vale 0,50
ponto(s). Escolha uma ou mais:
a. a elasticidade preço da demanda deve alterar-se conforme o tamanho da queda de demanda sofrida.

b. Esse bem tem baixa qualidade e por isso mais elasticidade renda.

c. não sofreu variação no grau de sua elasticidade preço.

d. a demanda e a oferta por esse bem tornaram-se mais inelástica.

e. A elasticidade preço ficou maior que a elasticidade preço cruzada, com valor acima de 1 (valor em módulo).

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Economia

https://graduacao.cederj.edu.br/ava/mod/quiz/review.php?attempt=216612&cmid=330949 5/5
GABARITO

Avaliação Presencial – AP1

Período - 2015/1º

Disciplina: Análise Microeconômica

Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa

Questão 1

Em 2002, o índice de preços (IP) marcava 115. Dez anos depois, 2012, o mesmo índice de
preços foi 262.

Assinale na FOLHA DE RESPOSTAS, V (verdadeiro) ou F (falso):

(V* ou F*) Dez reais (R$ 10) em 2010 apresentou valor real maior do que vinte reais (R$20) em
2012.

(F) Preço real é o preço nominal multiplicado pelo índice de Preços.

(V) As variáveis nominais são expressas em moeda corrente.

(V) A inflação afeta o valor real das variáveis nominais.

* aceitou-se qualquer resposta para este item.

Questão 2

No estudo sobre o mercado consumidor classificam-se os bens como inferiores, normais ou


superiores. Nesse contexto, pode-se unicamente afirmar:

() os bens normais são aqueles de uso comum a todos, como os bens de alimentação,
vestuário e moradia.

() bens inferiores são os bens de qualidade inferior, de baixa produção técnica, sendo esse o
seu fator preponderante. Se o bem for de boa qualidade, não será bem inferior.
() um aumento na renda não implica aumento no consumo do bem normal, apenas eleva o
consumo de bem superior.
(X) para faixas muito baixas de renda, um aumento da renda pode gerar um aumento no bem
inferior; a partir de certo ponto da renda, a medida que a faixa de renda for aumentando o
consumo do bem inferior acabará por diminuir.
Questão 3

Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto para o período de um determinado


mês. Suponha o equilíbrio de mercado. Nesse mesmo gráfico, mostre o efeito que nele
resultará caso, em dado instante, os consumidores assumam uma expectativa de que os
preços irão diminuir no mês seguinte.

Resposta: A curva de demanda desloca-se para a esquerda (para baixo). O preço de


equilíbrio e a quantidade de mercado diminuem.

Questão 4

Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para o que está dito a seguir:

(F) Se a demanda tem elasticidade preço zero, o gráfico da demanda por esse bem é
horizontal.

(V) Geralmente, remédio tem elasticidade-preço (em módulo) da demanda menor do que um;
enquanto a demanda por passagens aéreas do Brasil para a China é elástica.

(F) Para maximizar a satisfação com o consumo de bens, consumidor hedonista, a restrição
orçamentária deve tocar a curva de indiferença em qualquer ponto dela.

(V) Se a elasticidade-renda de um bem é zero e o consumidor recebe um aumento salarial o


consumo desse bem permanecerá o mesmo.

Questão 5

Foram calculadas as funções oferta e demanda de um bem:

Q = 300 – 8p
Q= 48 + 10p

Onde q representa a variável quantidade e p, a variável preço.

a) Qual das duas equações seria a curva de oferta?


Q = 48 + 10p

b) Qual é o preço e a quantidade de equilíbrio?


P=14; q= 188

c) Se o preço for 10, qual seria a quantidade de escassez nesse mercado?


Escassez: Q= 72
Avaliação Presencial – AP1
Período - 2014/1º
Disciplina: Análise Microeconômica
Cleber Ferrer Barbosa

Questões

1. A empresa se vê obrigada a reduzir o preço do produto que vende no mercado.


Nesse caso, no gráfico da oferta e demanda, a curva de oferta se desloca para a
direita, para a esquerda ou apenas muda de um ponto a outro na própria curva?
Ilustre graficamente.
Resposta: A variação será ao longo da curva de oferta. De um ponto a outro na
curva de oferta.

2. Suponha que o preço de mercado seja exatamente o preço de equilíbrio. O


governo sem se dar conta do que está acontecendo, tabela o preço desse produto
em um nível menor do que o vigente. Qual o efeito desse tabelamento? Responda
objetivamente.
Resposta: Ocorrerá a escassez desse produto no Mercado.
Obs. Não necessariamente haverá o ágio. Quem apenas respondeu sobre o ágio
sem mencionar a escassez ou sobre o desabastecimento, não ganhou o ponto.

3. Em determinado momento, a quantidade vendida é de 100 unidades quando o


preço é R$ 30. Para vender mais, o comerciante diminui o preço para R$29. Por
conta disso, a demanda passa para 105. Nessa situação, a demanda se mostrou
elástica ou inelástica? Calcule o valor da elasticidade.
Resposta: Aplicando a formula dada no livro tem-se a elasticidade de -1,51,
portanto, elástica. Cálculos um pouco diferentes que chegaram ao resultado de -
1,38, desde que os cálculos estivessem devidamente explicitados, foram
pontuados.

4. A função utilidade é dada por U = 4 x y. Calcule o valor da utilidade marginal de y


no ponto em que o consumidor adquire 3, mas passa a comprar mais uma
unidade. CONSIDERE o consumo de 2 unidades de y. Anulada porque
considerando os dados fornecidos, a pergunta deveria ser sobre o valor da
utilidade marginal de x. Todos receberam o ponto.

5. A função de produção de curto prazo é dada por: q = 2L2K, onde L e K são


respectivamente, os fatores mão de obra e capital. A empresa está operando com
10 trabalhadores e 3 máquinas (capital). Nessa situação:

a) qual é a produtividade média de K?


Pmek= 600/3 = 200

a) qual é a produtividade média de L?


Pmel= 600/10 = 60

6. Uma isoquanta (A) está acima de outra isoquanta (B) em um mapa de isoquantas.
Qual a razão ou característica que leva a isoquanta A estar acima da B?
Anulada porque realmente a questão não estava no espaço de aulas para a AP1.
Portanto, todos ganharam o ponto.

7. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) [na folha de respostas], conforme seu


entendimento:

(F) a função de proporção fixa de fatores é aquela em que os fatores são fixos, mas
podem ser substituídos entre si em qualquer proporção sem alterar a produção.

(V) O efeito substituição, um dos elementos do efeito preço, representa a


tendência do consumidor substituir o produto cujo preço aumentou, por um
outro, mesmo que esse último não tenha reduzido seu preço.

(V) Se o bem é classificado como bem inferior um aumento na renda diminuirá o


consumo por esse bem.

(F) Se a demanda não se altera com a variação do preço a elasticidade é de valor 1


(um).

(F) a produtividade marginal do trabalho indica quanto cada trabalhador produz


em média.

(F) O preço real do produto é o preço observado depois de colocado os impostos


que incidem na mercadoria.
GABARITO ESPECIALMENTE COMENTADO AP1 Microeconomia 2019

Período - 2019/1º
Disciplina: Análise Microeconômica Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa

1. Comentários Gerais da Correção de Prova

- Ainda que as Orientações para a prova vedasse, há quem tenha respondido


uma ou outra questão totalmente com lápis. Perdeu o ponto da questão.

- Nas questões cujas respostas sejam marcar a letra correta, deve-se fazê-las
com o uso de letra maiúscula e em forma ( A;B;C;D;E;F;G). Se a letra parecer
com duas, ambiguidade, (ex. e com c), não se pontua a questão.

- Algumas pessoas respondem com letras garrafais que dão margem a


dificuldade em identificar a letra. Isso não ajuda à nota !

_ que a caligrafia seja LEGÌVEL ! ! !. Letras bem pequenas também atrapalham


à leitura.

- a resposta final da questão que envolvam desenvolvimentos deve ser


indicada. Alguns apresentam vários campos de equações e sequer deixam
uma sinalização de onde está a resposta final. Pouco custa assinalar
“Resposta: ...” ou envolvê-la em retângulo, quadrado ou circunferência.

- Na questão de V ou F, com quatro itens, pessoas deixaram 5 respostas de V


ou F. Pode isso?

2. Parabéns para a aluna de São Gonçalo, Rafaela Campos, que obteve grau 10
(dez).
3. Por favor, quem possa transmitir MEU AGRADECIMENTO aos que tutores que
aplicaram a prova, pelo cortesia de arrumarem as provas em ordem
alfabética. Isso ajuda a rapidez para corrigir e lançar a nota.

4. Foram 226 provas corrigidas. A questão com menor índice de acertos foi a 6.
As demais tiveram índices de acertos próximos umas das outras.

5. Vejam na sequência os comentários de algumas questões, após o gabarito.

Gabarito das Questões


Orientações para a prova:
 Só serão aceitas respostas feitas à caneta esferográfica azul ou preta;
 ATENÇÃO: as respostas só serão pontuadas se estiverem na Folha de
Respostas.
 Questões 1 e 8 valem 2 pontos. As demais, 1 ponto, cada.

ORIENTAÇÕES PARA OS APLICADORES DA PROVA


Sr. Tutor Aplicador da PROVA: solicito não grampear a folha de questões com a
Questões

1. A loja de departamentos que você administra emprega dois estudantes de


mestrado em economia. Em virtude de prepararem um trabalho na disciplina
microeconomia, os mesmos estimaram que os produtos do departamento de
vestuário apresentam elasticidade preço 2.1. Por sua vez, o departamento de
alimentos apresentou elasticidade igual a 1. Confiando nesse resultado, você
deve escolher uma ou mais das opções abaixo para o melhor resultado da
loja.
a) Aumentar os preços do departamento de vestuário e reduzir os do
departamento de alimentos.
b) Aumentar os preços do departamento de alimentos, porem manter os
preços do departamento de vestuário.
c) Aumentar os preços dos dois departamentos
d) Diminuir os preços do departamento de vestuário caso queira aumentar o
faturamento, e nada mexer nos preços do departamento de alimentos.
e) Aumentar os preços do departamento de alimentos, porém diminuir os
preços do departamento de vestuário.
f) Só aumentar os preços do departamento de alimentos.
g) Só diminuir os preços do departamento de alimentos
Obs. Apenas responda colocando na folha de respostas a(s) letra(s)
correspondente(s) ao que entendeu como correto.
GABARITO: LETRAS D e E.
2. Assinale a correta: Quanto mais substitutos um produto da sua empresa
enfrentar no mercado:
a.() maior será o grau da elasticidade renda do consumidor.
b.(X) maior será o grau da elasticidade preço da demanda.
c.() maior será a necessidade de alcançar o preço de equilíbrio.
d.()maior será a necessidade de propaganda do produto.
e. () maior será a necessidade de maximizar o lucro.

3. Suponha a utilidade do consumidor com dois produtos (x e y) dadas pela


expressão U (x, y) = 2x y3. Se o consumidor está consumindo 2 unidades de y e
1 unidade de x, qual o valor da utilidade marginal de x?
GABARITO: utilidade marginal de x = 16.

4. Restrição Orçamentária (RO) representa o conjunto de bens que podem ser


adquiridos pelo consumidor, considerando os preços dos bens e a renda.
Podemos dizer:
a.() no gráfico da RO , uma cesta de produtos abaixo da reta RO, representa uma
situação inalcançável , tendo em vista a renda auferida pelo consumidor dessa RO.
b.() A expressão da RO considerando dois bens complementares terá uma forma de L.
c. (X) Todos os pontos da RO implicam dizer que a poupança do consumidor é zero.
d. O consumidor deve procurar consumir a cesta de produto que esteja no ponto
médio da RO, em vez dos pontos próximos ao extremo.
e.() Se a renda aumenta e os preços não, a RO fica mais inclinada.

5. Qual a diferença entre curto e longo prazo em microeconomia? Obs. Seja


breve. Se você precisar de mais de duas linhas para responder, provavelmente
você não sabe a resposta.
GABARITO: No curto prazo, pelo menos um fator de produção é fixo; no longo
prazo, todos os fatores podem variar.

6. Um individuo comprava dois bens. O preço de um deles aumentou. Na


empresa em que trabalha, o diretor aumentou a renda desse equilíbrio no
valor exato para o individuo continuar a adquirir a mesma cesta de produtos.
Todavia, o individuo acabou por comprar menos desse bem, mesmo com a
renda compensada. Pelo que estudamos em nossas aulas, isso é racional? Qual
teoria ou conceito aborda essa questão de forma mais precisa?
GABARITO: SIM, trata-se do Efeito Preço e dentro dele o Efeito Substituição.
O consumidor mesmo tendo a renda acrescida para comprar a mesma cesta
de antes, acaba por preferir comprar menos do outro produto, por conta de
todos os outros bens que compram se tornarem relativamente mais baratos
(independentes de serem substitutos, bens inferiores ou superiores).

7. A função de produção de uma atividade econômica é dada por q = 2 L K2. Ao


empregar cinco trabalhadores (L=5), utilizando duas maquinas (K=2), qual o
valor da produtividade média do trabalho?
GABARITO: produtividade média do trabalho= 8

8. Assinale (Folha de Respostas) V (verdadeiro) ou F (Falso), para as proposições:


(F) Apesar de raro na prática, a Produtividade média do trabalho pode ser
negativa.
(F) Se o ponto alcançado na produção aponta ser o de maior valor da
produtividade média, então a produção correspondente é a maior possível.
(V) progresso tecnológico desloca a posição da função de produção no gráfico.
(V) teoricamente não se admite produtividade marginal negativa.

Obrigado por comparecerem à prova. Observem que todas as questões são


facilmente encontradas nos nossos livros de aula.

Estamos visitando os Polos uma semana antes da AP para uma aula presencial
e/ou conversarmos sobre nossa matéria e demais questões. Caso queiram
nossa visita, avise ao coordenador do Polo para agendarmos nossa ida.
GABARITO COMENTADO

Avaliação Presencial – AP 1 Período - 2017/2º

Disciplina: Análise Microeconômica Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa

Orientações para a prova:


 Só serão aceitas respostas feitas à caneta esferográfica azul ou preta;
 ATENÇÃO: as respostas só serão pontuadas se estiverem na Folha de
Respostas.xplici
 Cada questão vale 2 pontos

ORIENTAÇÕES PARA OS APLICADORES DA PROVA


O Sr. Tutor Aplicador da PROVA: solicito não grampear a folha de questões com a folha de
Respostas.
Na entrega da prova do examinando, solicito não receber apenas a FOLHA DE QUESTÕES
como FOLHA DE RESPOSTAS, conforme orientação acima.
FOLHA DE QUESTÕES

FOLHA DE QUESTÕES

1. Houve época em que vigorou o tabelamento de preços no Brasil. Suponha a seguinte


tabela de preços (P) e quantidades ofertadas (Q) e demandadas (Q)de um dado bem:
P 0 5 10 15 20 25
Q 0 10 15 18 22 24
Q 5500 32 25 20 10 02

Depois de várias reclamações de que o preço estava muito elevado, o governo resolve
tabelar o preço no valor de R$ 5, isto é, determinação do governo exige que no
mercado o preço máximo não ultrapasse tal valor. Pelo dito, pede-se:
a) Informar a situação de mercado (se equilíbrio, excedente ou escassez de produtos)
em que provavelmente vigorará, e em quantidades;
RESPOSTA: escassez de 22 unidades. Comentário: a resposta precisava explicitar a
quantidade da escassez. Quem não respondeu 22, mesmo dizendo que era 32 de
demanda e 10 de oferta, recebeu metade da pontuação.
b) Supondo que empresários estejam dispostos, clandestinamente, cobrar ágios, qual
o maior valor de ágio que poderia ser cobrado?
RESPOSTA: O VALOR DE ÁGIO é R$ 15. Observe que o preço com ágio não poderia
ser 25, pois nesse caso a demanda seria de 2 unidades, gerando sobra de 8
unidades.

2. Em uma loja de anéis de prata, o administrador registra que ao preço de R$100,00 por
unidade, vende diariamente, em média, 90 anéis. Ao aumentar em 10% o preço do
anel de prata, as vendas diárias são reduzidas para 67 unidades. Qual o valor da
Elasticidade preço da demanda no trecho dessa mudança de preços? Nesse trecho a
demanda é elástica, inelástica ou apresenta elasticidade unitária?
RESPOSTA: a ELASTICIDADE É - 2.3. A situação é demanda elástica. Recebeu 0,5 ponto
quem apenas respondeu ELASTICO.
3. Juquinha é um adolescente de 16 anos, e um exímio conhecedor dos recursos da
informática. Desenvolve, pois, um aplicativo para celular , utilidroapp, cuja função é
de, através de um sensor, atribuir pontos para cada produto consumidor por qualquer
indivíduo, conforme sua escala pessoal de preferências. Cada ponto equivale a uma
unidade de medida, a que ele denominou utis. Quanto mais o bem conferir unidades,
mais utis apontará o aplicativo. Versões mais atualizadas do utilidroroapp já fornecem
fórmulas de cálculos da Utilidade Total ou satisfação de vários produtos para cada
consumidor, isso é, utilidade para consumo de várias cestas de bens. Uma pessoa que
baixou tal aplicativo observou que sua função utilidade , U, para dois produtos (x,y)
apresentou a seguinte especificação:
U (x, y) = 2x0,5y.
Sendo assim, responda:
a) Supondo que a pessoa adquiriu (consumiu) 4 unidades de y, qual a utilidade total
gerada se ela também adquirir 4 unidades de x? Resposta: 16
b) Qual o valor em utis da utilidade marginal de x quando antes ela nada consumia de
x , mas agora venha a adquirir (consumir) uma unidade de x, ao mesmo tempo que
também consuma 4 unidades de y? Resposta: 4 (resolvendo por derivada), 8
(resolvendo por variação discreta). Aceitou-se qualquer uma dessas duas
respostas.
c) Regra geral, você espera que a utilidade marginal seja crescente, decrescente ou
constante?
Resposta: decrescente
d) Observando a formula da utilidade para a cesta de x e y desse consumidor, para
ele tais bens são do tipo bens superiores, substitutos, complementares, inferiores,
ou neutros? Obs: apenas responda, sem precisar justificar.
Resposta: complementares. Comentário: superiores e inferiores não têm sentido pois
são bens que precisam da variação da renda para identificá-los; não há classificação
para bens neutros na microeconomia. Bens substitutos são bens que conferem
utilidades equiparáveis em termos de intensidade ou valores, o que não se verifica na
especificada função da questão; bens complementares são bens cuja utilidade de um
está associada a outra, o que sugere a função utilidade apresentada.

4. Uma função de produção (q) onde há apenas mão de obra (L) e capital (K) como
fatores, a expressão matemática é dada por q = 3k2L.
A) Expresse a expressão matemática (função) da produtividade marginal da mão de
obra associada a essa função de produção. R: 3k2
B) Se houver o emprego de duas máquinas e um trabalhador, qual a estimativa da
produtividade média da mão de obra? R: 12
C) Se houver o emprego de duas máquinas e um trabalhador, qual a estimativa da
produtividade marginal da mão de obra? R: 12
D) Utilizando-se duas máquinas e dois trabalhadores, a empresa resolve contratar
mais um trabalhador. Qual o valor da produtividade marginal nesse caso? R:12

5. Assinale na Folha de Respostas V (Verdadeiro) ou F (falso) sobre as sentenças que


seguem:
(F) Uma variação do preço, sentido de aumento, causa um deslocamento da curva de
oferta ou da curva de demanda ou em ambas simultaneamente , em um gráfico p x q.
(V) a utilização de uma eficiente propaganda tem o efeito de deslocar a curva de
demanda para cima ou para à direita de sua posição original.
(V) se a curva de demanda é vertical, o consumidor está disposto a comprar a
quantidade que necessita, mesmo que haja elevação do preço.
(F) A elasticidade renda evidencia que alterações na renda afetam os preços na
mesma direção em que a renda foi alterada.

Comentários Gerais. A nota máxima foi de grau 9, obtidos pelos estudantes Hiago Faria (POLO Magé);
Thayanne Souza (POLO Piraí); Leonaide Uzeda (POLO Rocinha); Waldir Nunes ( POLO Rocinha). Parabéns !
Observei no ato de pontuar as provas que alguns deixaram de receber notas mais elevadas possivelmente
por, digamos, uma dose de preguiça ou ansiedade no momento de estarem em prova. Por exemplo, na
primeira questão, requereu-se que respondesse a quantidade de escassez ou excedente gerada com o
tabelamento de preços. Pois, alguns responderam que a situação gerada era de escassez ( correto) e que
a oferta seria 10 e a demanda 32, sem informar (explicitar) que a escassez seria de 22 unidades. Isso é,
simplesmente não respondeu, não foi completo na resposta, quando facilmente poderia. Esse item valia 1
ponto, no caso recebeu apenas 0,5 ponto.
Quero dar parabéns a todos que compareceram, em especial aqueles que fizeram uma
prova com organização nas respostas, caligrafia legível, e demonstraram ter lido as
Orientações para a Prova. A feitura de provas com essas boas características
proporciona uma correção mais célere e causa uma boa impressão.
Muitas respostas mostraram grande capacidade de compreensão e também que
leram o material de leitura. Isso também dá satisfação ao professor.

Convite. No dia da visita técnica desse semestre aos Polos , dia 28 de outubro,
estaremos (eu e a tutora a distância Cristiane ) no Polo Angra dos Reis. Nessa
oportunidade, farei uma palestra cujo tema é “Crimes Empresariais”. Portanto, se
houver interesse no assunto e/ou em estar com a gente para qualquer outra questão,
diálogos etc., é só comparecer para nos proporcionar grande estima, honra e prazer.
Cleber Ferrer Barbosa
GABARITO

Avaliação Presencial – AP 1

Período - 2017/1º

Disciplina: Análise Microeconômica

Coordenador: Cleber Ferrer Barbosa

Questão 1

Suponha que o nível de utilidade de um indivíduo possa ser representada por U (x1,x2)
0,5
= 2(x1) (x2), sendo x1 e x2 os dois bens de consumo, tais como no livro de estudo. Diante disso,
pergunta-se :

a) Qual seria o nível de utilidade alcançado por esse indivíduo quando consumisse 4
unidades de ambos os bens?
R: U = 2 (2) 4 = 16

b) Se no nível de consumo do item anterior, esse indivíduo adquirisse apenas mais


uma unidade do bem x2, qual seria o valor da respectiva utilidade marginal?
R: UMG= 20-16/1 = 4
OBS: para receber os pontos da questão deve-se deixar na Folha de Respostas um
mínimo de demonstração de como chegou ao resultado, isso é, não pode apenas
deixar o valor da resposta.

Questão 2

A respeito do mapa de curvas de indiferenças do consumidor:

a. Em um único gráfico desenhe duas ‘curvas’ de indiferença de bens que sejam bens
substitutos perfeitos entre si.
R: GRAFICO COM duas retas que toquem os dois eixos, conforme livro conceito e
gráfico do livro didático.

b. Em um único gráfico desenhe duas ‘curvas’ de indiferença de bens que sejam bens
complementares perfeitos entre si.
R: Gráfico cujo formato sejam duas retas (uma vertical e a outra horizontal) com a
mesma forma que seja o 1º quadrante do gráfico cartesiano, conforme livro
didático. Como a questão pediu duas curvas de indiferença, são portanto, duas
formas como a descrita.

Questão 3

Dois bens (x, y) possuem os seus respectivos preços de mercados (px, py) são R$ 2 e R$6. O
consumidor tem renda semanal de R$ 100.
a. Construa a equação da Restrição Orçamentária (RO) nesse caso.
RO: 100= 2 x + 6 y
b. Faça o gráfico da RO para esse caso, evidenciando pelo menos dois pares de pontos
(x,y).
R: Gráfico com uma reta decrescente que toca os dois eixos, sem ultrapassa-los,
conforme livro didático. Dois dados podem ser qualquer quantidade de x e y,
conforme a equação RO. Dois exemplos são os eixos ( 0; 16,7) e ( 50, 0)

c. Repita o gráfico construído no item anterior e mostre a alteração que teria caso o
preço de x (px) aumente para R$4.
R: o gráfico agora seria uma reta que fosse a metade do valor no ponto que toca o eixo
x, portanto, o par (25,0), com nada alterando no eixo do y.

d. Utilizando o gráfico gerado pelo item c, destaque um par de consumo inalcançável


pelo consumidor, pelo fato da alteração do preço x.
R: qualquer ponto acima da nova RO, cujo valores de x e y na em 4x + 6y > 100. Como
exemplo: x= 50, y= 0.

Questão 4

Supondo que a especificação de uma função de produção seja dada por f( x, y) = 10 xy,
sendo x e y, os dois únicos insumos utilizados na produção, responda:

a. O emprego de seis unidades de cada um dos insumos levaria a produção para qual
quantidade?
R: 360
b. De acordo com a situação do item anterior, qual é o valor da produtividade média
de x?
R: PMe= (360 / 6)= 60

Questão 5

Assinale verdadeiro ou falso, isso é, V ou F (também na Folha de Respostas), nas


seguintes afirmações

(F) Em um mesmo gráfico duas curvas de indiferenças podem ter o mesmo par de pontos.

(V) uma curva de demanda pode ser elaborada a partir de gráficos de equilíbrio do consumidor
dados pelas curvas de indiferença e restrição orçamentária.

(F) bens de Giffen são os que bens que conferem status. Um exemplo são os luxuosos casacos
de pele comprados por pessoas bastante ricas, que os compram ainda mais quando aumentam
os preços daqueles.

(F) No puro conceito da microeconomia, o curto prazo é o período de até um ano; passados
dez anos, certamente, atinge-se o longo prazo.
GABARITO

Avaliação Presencial – AP1

Período - 2012/1º

Disciplina: Análise Microeconômica

Coordenador: Cleber Barbosa

Questão 1. Imagine uma curva de demanda. Cite uma situação de mercado (exemplo) que
acarrete uma variação ao longo da curva de demanda e outra que provoque um deslocamento da
mesma.

Obs: obviamente, não se esqueça de discriminar qual situação é a da variação e qual é a de


deslocamento da demanda.

Resposta: uma simples mudança do preço de mercado como a alteração fortuita do empresário
em precificar seu produto faz com que o consumidor altere a sua quantidade demandada, isso é
uma mudança ao longo da curva de demanda.

Qualquer variação na condição de ceterius paribus na curva de demanda, como por exemplo, a
mudança de renda do consumidor implica em deslocamento da curva.

Questão 2. Uma empresa tem 50 funcionários e 10 máquinas. Sua produção mensal é de 5000
unidades. Observa-se que com o mesmo número de máquinas, ao contratar mais um
funcionário a produção mensal cai para 4980 unidades. Por sua vez, se com os mesmos 50
funcionários, a empresa adquirir mais uma máquina, a produção atinge a escala de 6000
unidades. Por fim, com 51 funcionários e 11 máquinas, a produção totalizaria 6320 unidades.

Com base nessas informações, responda:

a) Quais seriam os valores da produtividade média do trabalho ao nível de 50 funcionários


e ao nível de 51 funcionários?
Pmel (l=50,k=10)=100; Pme(l=51,k=10)= 97,64; Pme(l=50, k=11) = 120; Pme
(l=51,k=11) = 123,9

b) Quais seriam os valores da produtividade média da máquina ao nível de 10 máquinas e


ao nível de 11 máquinas?
Pme (l=50,k=10) = 500 ; Pme(l=51,k=10)= 498; Pme(l=50, k=11) = 545,4; Pme
(l=51,k=11) = 574,54

c) Qual seria a produtividade marginal do trabalho possível de ser calculada?


A da passagem de l de 50 para 51. Valor Pmg = - 20
d) Qual seria a produtividade marginal da máquina possível de ser calculada? A da
passagem de K de 10 para 11, com valor de Pmg = 1000.

Questão 3. Um exemplo de bens substitutos perfeitos para a construção de uma curva de


indiferença é o que considera canetas de cor azul e as de cor preta para um estudante de volta
às aulas. Nesse caso:

a) A taxa marginal de substituição seria zero, negativa, positiva ou constante? Obs: basta
responder.
Constante.
Obs. Quem respondeu como negativa também recebeu a pontuação.
b) Ilustre graficamente o mapa de curvas de indiferença para esse caso com duas curvas
de indiferença.
ver figura 2.11 da aula 2 do livro antigo.

Questão 4. Distinga produção de curto prazo da de longo prazo, isto é, que fator (es) as
diferencia(m)?

Resposta: No curto prazo um fdp é fixo; no longo prazo todos os fatores podem variar.

Questão 5. Assinale V para verdadeiro ou F para falso:

(F) A isoquanta de uma função de produção de proporção fixa, apresenta a taxa marginal de
substituição técnica como uma função decrescente.

(V) Em microeconomia, em apenas um mês a empresa pode estar em seu período de longo
prazo.

(F) A Restrição Orçamentária do consumidor tem sua inclinação alterada se os todos os preços
dos produtos consumidos aumentarem em uma mesma taxa.

(F) no ponto de equilíbrio de mercado, o preço produz um determinado nível de excedente de


produção.

(F) Se o bem tem demanda inelástica (elasticidade preço menor do que 1) quase sempre o
bem é supérfluo.

(V) Um aumento de preço para um bem com demanda elástica reduz a receita total do
vendedor.
Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro

Avaliação Presencial – AP1

Período - 2013/2º

Disciplina: Análise Microeconômica

Coordenador: Cleber Barbosa

ALUNO: MATR:

Orientações para prova:


 Só serão aceitas respostas feitas à caneta esferográfica azul ou preta.
 ATENÇÃO: as respostas só serão pontuadas se estiverem na Folha de
Respostas.
 Permite-se o uso de calculadoras, exceto as acopladas a telefones celulares.
 Pontuação:1 ponto para as questões 1 e 3, individualmente; as demais, dois pontos
 Solicitamos caligrafia legível!

Questões

 1. Qual informação fundamental precisamos obter para calcular se o preço real de


um produto tem aumentado ou diminuído ao longo de um determinado período?
R: o índice de preços ou da taxa de inflação do período.
2. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto. Suponha o equilíbrio de
mercado. Nesse mesmo gráfico, mostre o efeito sobre o preço e quantidades
negociadas caso ocorra um aumento no preço de um bem de uso complementar a
esse produto.
R. deslocamento para baixo (esquerda) da curva de demanda.
3. Se a elasticidade preço da demanda de um bem for zero (ε= 0), vale a pena para o
comerciante fazer a promoção de preços (reduzir preço) para aumentar seu
faturamento? Obs: não há pontuação se responder apenas SIM ou Não. Uma
justificativa mínima (em uma ou duas linhas) já pontua.
R: Não. A quantidade demandada será a mesma com a redução de preços.
4. Suponha um gráfico que ilustre a restrição orçamentária de um indivíduo. Qual o
efeito nessa restrição orçamentária se os preços e renda (desse indivíduo)
aumentarem em 100%?
R: nenhuma. A variação da renda e a variação dos preços terão efeitos
proporcionalmente inversos. Tecnicamente, a restrição orçamentária é
homogênea de grau zero nos preços e renda.

5. . A função de produção é dada por q = 2LK. A empresa produz com dez


trabalhadores e cinco máquinas. Calcule o valor das produtividades médias do
trabalho e capital.
Obs: q, representa a variável produção, L, o número de trabalhadores, k, o número
de máquinas.
R: PMe L = 10; PMe k=20
6. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) conforme seu entendimento:
a(F) A soma do efeito substituição mais o efeito renda compõe o chamado efeito
preço. Assim, se o bem for do tipo bem inferior, uma elevação do preço causará
uma redução no consumo.

b(F) Se a demanda não se altera com a variação do preço a elasticidade preço é


unitária.

c(F) a produtividade média pode ser tão baixa a ponto de se tornar negativa.
d(F) O preço de equilíbrio de mercado é aquele em que os produtores estão
produzindo em sua plena capacidade produtiva.
GABARITO

Avaliação Presencial – AP1

Período - 2014/2º

Disciplina: Análise Microeconômica

Questões

1. Em 2010, o preço de x era $12. Em 2012, tal produto valia $ 18. Sabe-se que o
índice de preços em 2010 e em 2012, apontou, respectivamente, os valores 132,2
e 143,1. Pede-se:

a. A variação proporcional nominal de preços entre os dois períodos.


Entre os dois períodos o preço nominal de x aumentou em 50% (18/12).
Aceitou-se a variação nominal do índice de preços para quem fez os cálculos e
respondeu o percentual corretamente (143,1/132.2 = 8,25%).
Obs. Por pertencer a aula 1, quem teve a resposta errada ou deixou a resposta em
branco; a pontuação de 1 ponto foi transferida para a questão 3.

b. Em termos reais, em qual dos dois anos, x estava mais barato?


O preço em 2010 era mais barato em termos reais. Em 2010 o preço real de x
foi (12/132,2 = 0,09) e em 2012, (18/143.1 = 0.1258).
Obs.Quem teve a resposta errada ou deixou a resposta em branco; a pontuação de 1
ponto foi transferida para a questão 4.

2. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto. Suponha o equilíbrio de


mercado. Nesse mesmo gráfico, mostre o efeito que nele terá se a renda dos
consumidores aumentar e o produto em questão for um bem normal ou superior.
Desenhar um gráfico como o da figura 3.2 da aula 3.

3. Se a elasticidade preço da demanda de um bem for zero (ε= 0), vale a pena para o
comerciante fazer a promoção de preços (reduzir preço) para aumentar seu
faturamento? Obs: não há pontuação se responder apenas SIM ou Não. Uma
justificativa mínima (em uma ou duas linhas) já pontua.
Não, se a elasticidade é zero, não há variação da demanda com a redução de
preços.

4. Suponha um gráfico que ilustre a restrição orçamentária de um indivíduo. Qual o


efeito nessa restrição orçamentária se apenas os preços aumentarem em 10%?
A restrição orçamentária tem deslocamento paralelo em direção a origem do
gráfico.
5. A função de produção é dada por q = 10LK. A empresa produz com dez
trabalhadores e cinco máquinas. Calcule o valor das produtividades média e
marginal do capital nesse nível de produção.
Obs: q, representa a variável produção, L, o número de trabalhadores, k, o número
de máquinas.
Pmg= 100 Pme = 100

6. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) conforme seu entendimento:

(V) a função de proporção fixa de fatores pode ser exemplificada como o caso em
que o empresário pode comprar mais de um fator, mas que sua produção só
aumentará se tiver uma determinada combinação ótima entre seus fatores.

(V) A soma do efeito substituição mais o efeito renda compõe o chamado efeito
preço. Assim, se o bem for do tipo bem normal, uma elevação do preço causará
uma redução no consumo.

(V) Se a demanda não se altera com a variação do preço a elasticidade preço é


zero.

(F) a produtividade marginal do trabalho indica quanto cada trabalhador produz


em média.

(V) O preço de equilíbrio de mercado é aquele em que a escassez do produto no


mercado é zero.
GABARITO

Avaliação Presencial – AP1

Período - 2013/1º

Disciplina: Análise Microeconômica

Questões

1. Em 2010, o preço de x era $12. Em 2012, tal produto valia $ 16. Sabe-se que o
índice de preços em 2005 e em 2012, apontou, respectivamente, os valores 132,2
e 143,1. Pede-se:

a. A taxa de aumento nominal de preços entre os dois períodos.


Resposta: Calculando a taxa de aumento do índice de preços, tem-se : (143,1 -
132,2/132,2) = 0,825, o que equivale a 8,25%.

b. Em termos reais, em qual dos dois anos, x estava mais barato?


Resposta: Basta comparar os preços reais de cada período (preço nominal/IP):
Preço real em 2005 = 0,0908; Preço real em 2012 = 0,1118. Logo, x esteve mais
barato em 2005.

2. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto. Suponha o equilíbrio de


mercado. Nesse mesmo gráfico, mostre o efeito que nele terá se a renda dos
consumidores aumentar e o produto em questão for um bem inferior.
Resposta: Em sendo um bem inferior, se a renda aumenta, o consumidor irá
comprar menos desse produto. Assim, a curva de demanda desloca-se para baixo
(à direita da posição em que se encontrava (O efeito final será de uma queda no
volume negociado no mercado e diminuição do preço (cai o preço de equilíbrio,
cai a quantidade de equilíbrio)

3. Se a elasticidade preço da demanda de um bem for de elasticidade unitária (ε= -


1), vale a pena para o comerciante fazer a promoção de preços (reduzir preço)
para aumentar seu faturamento? Obs: não há pontuação se responder apenas SIM
ou Não. Uma justificativa mínima (em uma ou duas linhas) já pontua.
Resposta: Não vale, pois se a elasticidade é unitária, o faturamento da empresa
não varia com a queda de preços. Valeria se a elasticidade de demanda fosse
maior que um (demanda elástica).
4. Suponha um gráfico que ilustre a restrição orçamentária de um indivíduo. Qual o
efeito nessa restrição orçamentária se os preços e renda (desse indivíduo)
aumentarem em 10%?
Resposta: Nenhum efeito. A posição da RO fica a mesma. O aumento nominal de
preços fica compensado pelo aumento da renda nominal. Logo a renda real fica a
mesma, não há deslocamento ou mudança no ângulo da RO.

5. A função de produção é dada por q = 10LK. A empresa produz com dez


trabalhadores e cinco máquinas. Calcule o valor das produtividades média e
marginal do capital nesse nível de produção.
Obs: q, representa a variável produção, L, o número de trabalhadores, k, o número
de máquinas.
Resposta: as produtividades média e marginais serão iguais a PMe = Pmg = 10k.
Como utiliza-se 5 máquinas, então os valores de ambas serão = 50.

6. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) conforme seu entendimento:

a) (V) a função de proporção fixa de fatores pode ser exemplificada como o caso
em que o empresário pode comprar mais de um fator, mas que sua produção
só aumentará se tiver uma determinada combinação ótima entre seus fatores.

b) (V) A soma do efeito substituição mais o efeito renda compõe o chamado


efeito preço. Assim, se o bem for do tipo bem normal, uma elevação do preço
causará uma redução no consumo.

c) (V) Se a demanda não se altera com a variação do preço a elasticidade preço é


zero.

d) (F) A produtividade marginal do trabalho indica quanto cada trabalhador


produz em média.

e) (V) O preço de equilíbrio de mercado é aquele em que a escassez do produto


no mercado é zero.
GABARITO

Avaliação Presencial – AP1

Período - 2013/1º

Disciplina: Análise Microeconômica

Questões

1. Em 2010, o preço de x era $12. Em 2012, tal produto valia $ 16. Sabe-se que o
índice de preços em 2005 e em 2012, apontou, respectivamente, os valores 132,2
e 143,1. Pede-se:

a. A taxa de aumento nominal de preços entre os dois períodos.


Resposta: Calculando a taxa de aumento do índice de preços, tem-se : (143,1 -
132,2/132,2) = 0,825, o que equivale a 8,25%.

b. Em termos reais, em qual dos dois anos, x estava mais barato?


Resposta: Basta comparar os preços reais de cada período (preço nominal/IP):
Preço real em 2005 = 0,0908; Preço real em 2012 = 0,1118. Logo, x esteve mais
barato em 2005.

2. Desenhe o gráfico de oferta e demanda de um produto. Suponha o equilíbrio de


mercado. Nesse mesmo gráfico, mostre o efeito que nele terá se a renda dos
consumidores aumentar e o produto em questão for um bem inferior.
Resposta: Em sendo um bem inferior, se a renda aumenta, o consumidor irá
comprar menos desse produto. Assim, a curva de demanda desloca-se para baixo
(à direita da posição em que se encontrava (O efeito final será de uma queda no
volume negociado no mercado e diminuição do preço (cai o preço de equilíbrio,
cai a quantidade de equilíbrio)

3. Se a elasticidade preço da demanda de um bem for de elasticidade unitária (ε= -


1), vale a pena para o comerciante fazer a promoção de preços (reduzir preço)
para aumentar seu faturamento? Obs: não há pontuação se responder apenas SIM
ou Não. Uma justificativa mínima (em uma ou duas linhas) já pontua.
Resposta: Não vale, pois se a elasticidade é unitária, o faturamento da empresa
não varia com a queda de preços. Valeria se a elasticidade de demanda fosse
maior que um (demanda elástica).
4. Suponha um gráfico que ilustre a restrição orçamentária de um indivíduo. Qual o
efeito nessa restrição orçamentária se os preços e renda (desse indivíduo)
aumentarem em 10%?
Resposta: Nenhum efeito. A posição da RO fica a mesma. O aumento nominal de
preços fica compensado pelo aumento da renda nominal. Logo a renda real fica a
mesma, não há deslocamento ou mudança no ângulo da RO.

5. A função de produção é dada por q = 10LK. A empresa produz com dez


trabalhadores e cinco máquinas. Calcule o valor das produtividades média e
marginal do capital nesse nível de produção.
Obs: q, representa a variável produção, L, o número de trabalhadores, k, o número
de máquinas.
Resposta: as produtividades média e marginais serão iguais a PMe = Pmg = 10k.
Como utiliza-se 5 máquinas, então os valores de ambas serão = 50.

6. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) conforme seu entendimento:

a) (V) a função de proporção fixa de fatores pode ser exemplificada como o caso
em que o empresário pode comprar mais de um fator, mas que sua produção
só aumentará se tiver uma determinada combinação ótima entre seus fatores.

b) (V) A soma do efeito substituição mais o efeito renda compõe o chamado


efeito preço. Assim, se o bem for do tipo bem normal, uma elevação do preço
causará uma redução no consumo.

c) (V) Se a demanda não se altera com a variação do preço a elasticidade preço é


zero.

d) (F) A produtividade marginal do trabalho indica quanto cada trabalhador


produz em média.

e) (V) O preço de equilíbrio de mercado é aquele em que a escassez do produto


no mercado é zero.
1
AULA
A temática da microeconomia
Cleber Ferrer Barbosa

Meta da aula
Apresentar os conceitos básicos, a abrangência e a
fundamentação lógica da microeconomia, destacando a
sua importância para um estudante de
Administração de Empresas.
objetivos

Esperamos que ao final desta aula, você seja


capaz de:

1 distinguir o campo de ação e de


estudo entre a microeconomia e a
macroeconomia;

2 identificar o enfoque da economia


positiva e o da economia normativa;
3 diferenciar variáveis reais das nominais;

4 verificar o preço real de um produto ao


longo de diferentes períodos;
5 compreender o conceito de custo de
oportunidade.
Análise Microeconômica | A temática da microeconomia

OS PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM A CIÊNCIA ECONÔMICA


TÊM MUDADO COM AS NOVAS ATIVIDADES ECONÔMICAS
COMO O MUNDO DIGITAL?

O progresso da eletrônica, a internet e tantas outras transforma-


ções tecnológicas têm gerado rápidas e profundas alterações na vida
econômica de indivíduos e nações. Cada vez mais, a oferta de muitos
produtos multiplica-se em menor período tempo. Produtos como
televisores, telefones móveis e eletrônicos, além de serem objeto de
muita inovação, têm tido preços declinantes. Nesse contexto, os prin-
cípios econômicos normalmente voltados para a questão da escassez
modificaram-se? As leis econômicas de outrora já não são mais válidas
diante de um mundo tão dinâmico? Essa questão é levantada no livro
do prêmio Nobel de Economia (2001), Joseph Stiglitz. Citando Carl
Shapiro e Hal Varian quando afirmaram que “a tecnologia muda. Leis
econômicas não mudam’’, Stiglitz afirma que os princípios econômicos
que ajudaram a entender a economia no século XIX possuem a mesma
importância no século atual.
A economia, uma ciência social, é formulada com base nos pilares
do funcionamento de uma sociedade. Esses pilares têm como base o
comportamento dos indivíduos. Assim, podemos acrescentar a brilhante
reflexão dos renomados economistas da Universidade da Califórnia, cita-
dos anteriormente, a qual preceitua que “enquanto a natureza humana
permanecer imutável ainda que a tecnologia mude, as leis econômicas
não mudam”. Em consequência, os economistas produzem estudos sobre
a complexidade das relações econômicas em um mundo cada vez mais
dinâmico, porém continuam válidos os princípios econômicos ditados
há séculos.

A microeconomia

Em termos gerais, a teoria econômica é abrangida pela microeco-


nomia e pela macroeconomia. A macroeconomia é o estudo da economia
enfocando questões econômicas nacionais, como nível de emprego,
inflação, produção, renda, juros de um país como um todo. Ela estuda
o crescimento e o desenvolvimento econômico do país, a conexão com
outras metas como a distribuição mais justa de renda entre seus habi-
tantes, a queda ou manutenção de baixos índices inflacionários.

8 CEDERJ
Por sua vez, a ótica da microeconomia visa compreender o com-

1
AGENTE ECONÔMICO
portamento das empresas, dos consumidores e os mercados de uma

AULA
É todo aquele (pes-
forma segmentada e interativa. Estuda a competição entre as empresas, soa física ou jurídi-
ca) que através de
os fatores que podem alterar a produção, os preços e os salários dentro suas ações interage
no mundo econô-
de uma empresa ou indústria. É fácil entender que a microeconomia e a
mico. O governo,
macroeconomia se interrelacionam. Uma distinção entre elas é o enfo- os consumidores,
empresários, inves-
que. A macroeconomia trabalha com as variáveis agregadas em termos tidores, importado-
res entre outros são
nacionais, como o PIB, a inflação, a dívida externa. A microeconomia, exemplos de agen-
como ramo da teoria econômica, procura estudar o comportamento tes econômicos.

individual dos AGENTES ECONÔMICOS, os resultados decorrentes de suas ações


de consumo, lucro e bem-estar econômico tanto no setor das famílias
como no das empresas.

?
Adam Smith (1723-1790) – um dos pioneiros da
teoria econômica

Um dos economistas clássicos de maior reconhecimento mundial,


Adam Smith, escreveu sua principal obra, Uma investigação sobre
a natureza e a causa da riqueza das nações, a qual ainda exerce gran-
de influência no mundo acadêmico atual. Uma das suas irreverências mais
conhecidas é a seguinte:
"...n
"...não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu
espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu auto-
interesse”. Para Smith, o mercado deveria funcionar praticamente sem qualquer
intervenção governamental. A pura competição entre os empresários conduziria à
redução de preço dos produtos. Além disso, estimularia a busca por inovações tecno-
lógicas, visando diminuir o custo de produção e vencer os competidores.
Uma de suas frases mais célebres é:
(...) o mercador ou comerciante, movido apenas pelo seu próprio interesse
egoísta, é levado por uma mão invisível a promover algo que nunca fez
parte do interesse dele: o bem-estar da sociedade.” Como resultado da
atuação dessa “mão invisível”, o preço das mercadorias deveria des-
cer e os salários deveriam subir.

Assim, o mercado alcança sua plena eficiência sem que haja a


necessidade da intervenção estatal.
Adaptado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Adam_
Smith, disponível em 21 de agosto de 2009.

CEDERJ 9
Análise Microeconômica | A temática da microeconomia

Economia positiva e economia normativa

Vale entender, inicialmente, a distinção de análise científica entre


a economia positiva e a normativa. Quando se diz que uma elevação
do imposto de renda diminui o poder de compra do consumidor, pois
reduz a sua renda disponível, estamos exemplificando uma questão de
análise positiva. Um economista, ao afirmar que o governo deve adotar
uma política de aumento de impostos, está pondo em prática a economia
normativa. De forma geral, a economia positiva trata de examinar o
efeito de uma variável econômica sobre outras variáveis, trabalhando,
portanto, sob a relação de causa e efeito, ou seja, “isso deve causar
aquilo’’. Por outro lado, a economia normativa distingue-se pelo caráter
de avaliar um cenário de possíveis resultados, intuindo sobre o que seria
mais adequado. Dessa forma, está intimamente afetada por juízos de
valor, isto é, pontos de vista.
A teoria microeconômica é tratada à base da análise positiva,
mas também dela podem-se extrair questões normativas. Ao elevar-se
o imposto de renda, o consumidor terá menos renda disponível para
compras, um enfoque positivo (lembre-se de que se trata de uma relação
de causa e efeito). Por sua vez, o governo arrecadará mais, podendo
fornecer subsídios para produtos de primeira necessidade, barateando-
os. Assim, dadas as duas questões de análises positivas (imposto mais
elevado reduz poder aquisitivo e aumenta arrecadação do governo), a
decisão de aumentar o imposto é objeto da análise normativa.

Atividade 1
Assinale ao lado das assertivas as letras P ou N para respectivamente designar 2

questão de economia positiva ou normativa.


1) O governo, ao reduzir o IPI dos automóveis, estará beneficiando as empresas mon-
tadoras de automóveis, como também os postos de combustíveis. ( )
2) A alíquota do IPVA deve ser a mesma para todos os estados brasileiros. ( )
3) O empresário de uma pequena empresa deve assumir como objetivo maximizar o
lucro. ( )
4) A empresa, ao maximizar o lucro, acaba tendo um nível de produção menor. ( )
5) O imposto sobre os combustíveis deve ser de 10%. ( )

10 CEDERJ
1
Respostas Comentadas

AULA
1) Economia positiva, pois a redução do imposto irá diminuir os preços
aumentando, portanto, as vendas de automóveis e de combustíveis.
2) Economia normativa, visto que se utiliza de um critério de igualdade, sem
que se tenha explicitamente identificado qual análise científica está sendo
utilizada.
3) Economia normativa, pois trata-se de um juízo de valor.
4) Economia positiva, pois ao maximizar o lucro o empresário acaba tecnicamente
reduzindo a sua produção.
5) Economia normativa, pois a escolha por um percentual de imposto envolve
várias considerações de natureza subjetiva ou de razoável imprevisibilidade.

Cinco importantes conceitos da microeconomia

Na opinião deste que aqui escreve, a teoria microeconômica é


revestida por cinco grandes conceitos ou áreas temáticas. São eles: preços
reais/nominais (ou, mais geralmente, variáveis reais/nominais); custo de
oportunidade; curto e longo prazo; elasticidade; e a questão da concor-
rência. Nesta nossa primeira aula, estudamos os dois primeiros conceitos.
Os demais serão contemplados no decorrer das aulas seguintes. Assim,
teremos uma base sobre o alcance e a importância da microeconomia,
principalmente no que diz respeito à natureza das atividades econômicas
empresariais.

Preços reais e nominais

Da Matemática Financeira, aprendemos que o dinheiro cresce ao


longo do tempo, dada a existência de uma taxa de juros no mercado.
Por exemplo, $100,00 colocados a uma taxa de juros de 10% propor-
cionarão um montante de $110,00 no final do período de aplicação.
Portanto, considerando a taxa de juros, é indiferente receber de alguém
$100,00 no início ou $110,00 no fim do período. Assim, a Matemática
Financeira interpreta o valor do dinheiro ao longo do tempo com base

CEDERJ 11
Análise Microeconômica | A temática da microeconomia

em uma dada taxa de juros, constituindo, portanto, todo fundamento


para questões interligadas a juros compostos ou simples, valor presente
líquido e demais conceitos.
Em microeconomia, queremos identificar outras questões sobre o
valor do dinheiro. Como tratamos de bens e serviços, queremos entender
sobre seus preços ao longo do tempo. Sabemos que habitualmente os
preços se alteram de um ano para o outro. Seria importante comparar
os preços em determinados momentos diferentes. O preço do açúcar, por
exemplo, hoje é mais alto do que há dez anos? Claro, em termos abso-
lutos (ou nominais), o preço é mais elevado. Todavia, mais relevante é
investigar sobre o preço real, ou seja, se hoje é mais caro ou mais barato
comprar o açúcar. A questão é o preço em termos de poder aquisitivo.
Há de se distinguir dois tipos de preços: preços nominais e preços reais.
O primeiro nada mais é do que o preço monetário vigente no momento,
quantas unidades monetárias se pagam pelo produto. Preços nominais
também são chamados de preço em moeda corrente. Quando você vai a
um supermercado e observa o preço da mercadoria na prateleira, esse é o
preço nominal. Simples, não? Por sua vez, os preços reais levam em conta
um índice de preços: quanto vale aquele preço em relação ao nível de
um conjunto de preços de determinados produtos (um índice de preços).
Se há inflação, o preço real de uma mercadoria diminui. Isso ocorre em
duas ocasiões: a primeira, caso seu preço nominal tenha continuado o
mesmo; a segunda, ainda que tenha subido, mas em um patamar menor
do que o da alta do nível geral de preços.
Como se observa na Equação 1, o preço real de um produto
A em um determinado momento (t) é, portanto, uma relação entre o
preço nominal e o índice de preços (IP) de uma cesta determinada de
produtos.

Pn (1)
Pr  IP

Onde:
Pr representa o preço real da mercadoria A no momento t;
Pn representa o preço nominal de A no momento t;
IP representa determinado índice de preços no momento t.

12 CEDERJ
O que representa o índice de preços?

1
AULA
Como sabemos, a inflação é medida através de um índice de preços,
que é a medida agregada dos preços de uma cesta de mercadorias. No
Brasil, vários institutos, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE) e a Fundação Getulio Vargas, calculam índices de preços.
O IPC, por exemplo, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas (Fipe), mede o custo de uma cesta de mercadorias típica
para consumidores de padrão de renda de um a vinte salários mínimos.
Veremos agora como obter os preços reais dos produtos a partir
de informações dos preços e índices de preços.
Dados os preços do açúcar, café, leite tipo B, e também o IPC em
vários anos apresentados na Tabela 1.1, vamos verificar os preços reais
desses produtos.

Tabela 1.1: Preços nominais de açúcar, café, leite e o IPC (anos selecionados)
Dez 1995 Dez 2000 Dez 2005 Jul 2009
Preços nominais

Açúcar kg 0,69 0,66 1,21 1,49


Café 500g 2,89 3,39 4,94 5,76
Leite tipo B litro 0,75 1,25 1,65 2,35
Índices de preços
IPC 145,00 187,17 265,55 308,51

Fonte: IPEA-SP e Banco Central.

Suponha que tenhamos o interesse em identificar se o açúcar em


julho de 2009 era mais caro do que em dezembro de 1995. Como houve
inflação ao longo desses anos, certamente os preços de todos os produtos
aumentaram, na média, pela taxa inflacionária. Desse modo, devemos
retirar o efeito da alta geral de preços para que tenhamos uma ideia da
variação real do preço do açúcar. Se o preço real aumentou, entenderemos
que com o poder aquisitivo do dinheiro com que se comprava o açúcar
em 1995 não se poderia adquirir a mesma quantidade desse produto
em 2009. Em outros termos, o açúcar era mais caro em julho de 2009
do que em dezembro de 1995.

CEDERJ 13
Análise Microeconômica | A temática da microeconomia

Utilizando o IPC, vamos extrair os preços reais do leite nesses


dois períodos de tempo e compará-los.
a) preço real do leite em 1995:

95
P r
= 0,75/145 = 0,0052.

b) preço real do leite em 2009:

09
P r
= 2,35/308,51 = 0,0076.

Portanto, em termos reais, em 2009, o litro do leite esteve


 0,0076  0,0052 
46%  0,0052 
mais caro do que em 1995. A taxa de inflação
no período (medida pelo IPC da Fipe) foi de aproximadamente
113%.

? d
Esse
aumento real de preços
deve ser explicado por fenôme-
nos de ordem de mercado (oferta e
demanda), matéria das próximas
de
aulas.

Você pode, com um método alternativo, identificar o preço


de 2009 em termos do valor aquisitivo da moeda em 1995. Isso se
faz multiplicando o preço de 2009 pela relação dos índices em tais
períodos (preço real de 2009 em relação a 1995), ou seja:

14 CEDERJ
Preço real do leite de 2009 em poder aquisitivo de 1995:

1
AULA
P  $1995
2009
 P 2009 IPC 1995 (PL2009$1995) =
IPC 2009

= 2,35 . (145 / 308,52) = 1,104.

Logo, vemos que em 2009 o preço real do leite é maior do que


o preço de $0,75 de 1995. Vale observar que a variação entre os pre-
ços foi de cerca de 46%, resultado semelhante ao obtido pelo método
anterior.
Se fizermos a mesma pergunta em relação ao açúcar, isto é, se o
açúcar em termos reais estaria mais caro entre os dois períodos, verifica-
remos que o preço real de 2009 aproxima-se bastante do preço nominal
de dezembro de 1995. Logo, deduz-se que a diferença de preços nominais
deve-se praticamente apenas à inflação decorrida no período.
Preço real do açúcar de 2009 em poder aquisitivo de 1995:

P  $1995
2009
 P 2009
IPC
IPC
1995

2009
=

= 1,49 (145 / 308,52) = 0,70.

Só para complementar, vemos o aumento do preço nominal do


açúcar como de 115% (1,49 / 0,69). O crescimento da inflação medido
pelo IPC (308,52 / 145), 113%. Assim, você pode entender que o preço
do açúcar apenas acompanhou a inflação, sem aumento real de preços
de forma significativa.

CEDERJ 15
Análise Microeconômica | A temática da microeconomia

Atividade 2
Verificando se o preço real do café aumentou. 3

Em dezembro de 1995, meio quilo de café custava $2,89. Verifique se em termos


reais o café aumentou de preço em comparação com dezembro de 2005. Utilize cada
um dos métodos apresentados e as informações úteis dispostas na Tabela 1.1.

Resposta Comentada
1º método: calculando os preços reais em cada período.
Preço real em 1995:
2,89 / 145 = 0,019931.
Preço real em 2005:
4,94 / 2,89 = 0,018603.
Assim, o preço real é menor em 2005, cuja queda foi de aproximadamente
7%.
2º método: vamos verificar o preço real em dezembro de 2005 em comparação
com dezembro de 1995.

Preço real do café, 2005 P 


$1995
2005
= P 2005
x IPC
IPC
1995

2005
=

= 4,94 . (145 / 265,55) = $2,69.


Portanto, em termos reais, o preço do café de $2,69 indica ser mais baixo do que
em 2005. Assim, o cidadão brasileiro tomava café mais barato em dezembro
de 2005 do que no mesmo mês de 1995. A queda do preço real foi de
aproximadamente 7%.

16 CEDERJ
1
AULA
Alguns Índices de
Preços em detalhes
Vários são os índices de preços utiliza-
dos no Brasil. Eles são indicadores da variação
de preços da economia. A verificação entre dois
períodos na variação de um índice de preços permite

?
uma indicação da inflação ocorrida. Os índices diferem
principalmente em sua metodologia de cálculo. São questões
que normalmente os diferenciam: o período de coleta dos pre-
ços, os produtos que terão seus preços aferidos, a região geográ-
fica utilizada. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas (Fipe), da Universidade de São Paulo, são as organizações
que calculam os índices de preços mais utilizados pelo governo e pela ini-
ciativa privada. Vejamos alguns desses índices e suas características:
1) O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-Fipe). O IPC mede a variação de pre-
ço
ços para o consumidor na cidade de São Paulo com base nos gastos de quem
ganha de um a vinte salários mínimos. A estrutura de ponderação dos preços
pode ser verificada no portal da Fipe (http://www.fipe.com.br). O período de
pesquisa do IPC ocorre do primeiro ao último dia de cada mês. A divulgação ofi-
cial do índice ocorre normalmente no período de dez a vinte do mês subsequen-
te. A Fipe divulga o IPC desde fevereiro de 1939.
2) O Índice Geral de Preços (IGP) é calculado pela FGV desde 1947. IGP-M/FGV é
calculado mensalmente pela FGV e é divulgado no final de cada mês de refe-
rência. Há três versões para o IGP, a saber, IGP-10, IGP-M e IGP-DI. A diferença
entre eles se dá principalmente pelos períodos de coleta. O IGP-10 a coleta de
preços realiza-se entre os dias 11 do mês anterior e 10 do mês de divulgação
do índice; o IGP-M a coleta se dá entre o dias 21 do mês anterior e 20 do mês
de referência do índice; o IGP-DI, entre os dias 1º e 30 do mês de referência
do índice.
A cada dez dias, a FGV divulga as variações prévias que comporão o índi-
ce referente ao período completo analisado.
3) O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) tem como
unidade de coleta estabelecimentos comerciais e de prestação de
serviços, concessionária de serviços públicos e domicílios (para
levantamento de aluguel e condomínio). A área de coleta
abrange as regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza,
Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São
Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Brasília e o município
de Goiânia. O período de coleta compreende
os dias 1º a 30 de cada mês.
Fonte:http://www.portalbrasil.net/ipc.
htm

CEDERJ 17
Análise Microeconômica | A temática da microeconomia

Preço real e o poder aquisitivo

Você acabou de aprender como se calcula o preço real de um pro-


duto. Tecnicamente falando, ele representa o quanto se gasta em unidades
monetárias, deflacionado por um determinado índice de preços. Se, em
um período mais adiante, o volume de unidades monetárias necessárias
para comprar a mesma mercadoria dobra, então o poder aquisitivo do
dinheiro reduz-se à metade, isto é, qualquer aumento de preços implica
um menor valor para a unidade monetária. O valor real do dinheiro é
inversamente proporcional ao valor do preço:

1,
M (2)
P

ou seja, se os preços dobrarem, cada real (moeda brasileira) terá o seu


valor reduzido a cinquenta por cento. Já que o índice de preços indica
como se deu a variação de preços dos produtos, o poder aquisitivo de uma
moeda em um dado momento do tempo pode ser estimado se tivermos
informações sobre um índice de preços. O que dá:

1
M . (3)
IP
O valor da moeda é estimado pela sua relação inversamente pro-
porcional a um índice de preços.
Vamos examinar a Tabela 1.2. Ela apresenta o IGP-DI entre os
meses de agosto de 1994 e janeiro de 1996. O período base é agosto de
1994, o que quer dizer que o índice está construído com o poder aquisiti-
vo de 1 real referente a agosto de 1994, cujo valor da moeda corresponde
a 100. Então, poderemos estimar o poder aquisitivo de cada real (R$
1,00) de agosto de 1994, mês a mês, até janeiro de 1996. Isso se faz pelo
inverso do IGP (multiplicado por 100), como na equação.
Por exemplo, em setembro de 1994, o poder aquisitivo de um
real em agosto equivalia:
1 real em agosto de 1994 =  
1
x 100 = 98,5 centavos de
 101,549 
real em setembro do mesmo ano.

18 CEDERJ
!

1
AULA
Uma
interpretação disso é:
quem, por acaso, tenha deixado
guardado em casa um real de agos-
to a setembro, ao gastá-lo teria apenas
o que valeria 98,5 centavos em agosto.
Como se tivesse sido roubado ou perdido
quase dois centavos por ter deixado
o dinheiro em casa.

Tabela 1.2. O índice de preços IGP-DI


IGP-DI
Data Índice
08/1994 100,00
09/1994 101,549
10/1994 104,143
11/1994 106,720
12/1994 107,325
01/1995 108,785
02/1995 110,039
03/1995 112,035
04/1995 114,614
05/1995 115,071
06/1995 118,090
07/1995 120,733
08/1995 122,289
09/1995 120,967
10/1995 121,241
11/1995 122,850
12/1995 123,187
01/1996 125,397

Fonte: http://fgvdados.fgv.br/dsp_frs_pai_ferramentas.asp

CEDERJ 19
Análise Microeconômica | A temática da microeconomia

Como exemplo de fixação, a Tabela 1.3 ilustra o poder aquisitivo


de um real em agosto de 1994 entre os meses de setembro de 1994 e
maio de 1995. Mostra, portanto, que o valor aquisitivo da moeda ao
longo do tempo cai. O aumento dos preços, ou seja, a inflação reduz o
poder de compra da moeda.

? dos

preços
pre
O que é preço?
Preço é muito mais do que rapi-
damente poderíamos supor. Os preços
do produtos postos no mercado são preços,
mas
ma há muito mais exemplos. Os salários são
da mão de obra paga pelo empresário
para tê-la na fábrica; os juros são o preço que se
pagará quando você conseguir um emprésti-
mo; a taxa de câmbio é o preço de se adqui-
rir uma moeda estrangeira. Esses e todos
os preços podem ser expressos em
termos nominais e reais.

20 CEDERJ
Preço nominal e preço real

1
AULA
Preço nominal é o preço absoluto determinado pelo seu valor em
moeda corrente; o valor expresso e visto normalmente. Se o preço de um
refrigerante em um determinado estabelecimento e período for $2,00,
esse é o preço nominal.
Preço real é o preço do produto, mas também considerando outros
preços; um preço relativo a outros preços. A sua determinação se dá
pela divisão do preço nominal pelo preço médio de uma gama de outros
preços, uma cesta de preços, com base na qual, mediante um método de
seleção de coleta e medição de preços, surge um índice de preços.

Tabela 1.3: Valor verdadeiro do real

Mês e ano Valor do real de agosto de 1994


Setembro 1994 0,98
Outubro 1994 0,96
Dezembro 1994 0,93
Janeiro 1995 0,91
Fevereiro 1995 0,90
Março 1995 0,89
Abril 1995 0,87
Maio 1995 0,87

VARIÁVEIS REAIS E VARIÁVEIS NOMINAIS

Em economia, as variáveis nominais são aquelas expressas em


moeda corrente. Simplesmente, a variável quantificada em valor mone-
tário. Por sua vez, a variável real é a variável nominal deflacionada por
um índice de preços. Esclarecemos com o exemplo dos salários. Eles
são variáveis do tipo nominal ou real. O salário nominal é o quanto se
recebe por período (mensal, quinzenal etc.). Se um operário ganha todo
mês 1000 reais, esse é o seu salário nominal. O salário real é o valor do
seu salário nominal, relacionando-se aos preços dos produtos, ou seja,
o poder aquisitivo do seu salário nominal.
Isto é:

W
W r
 . (4)
IP

CEDERJ 21
Análise Microeconômica | A temática da microeconomia

Onde:
Wr representa o salário real;
W representa o salário nominal;
IP é o índice de preços.
É fácil entender que os trabalhadores estão muito mais interessados
nos salários reais do que em salários nominais. O salário nominal apenas
fornece o dinheiro recebido pelo trabalhador. O poder de compra desse
dinheiro é visto quando se estuda o salário real. Em outras palavras,
o salário real indica o que se pode comprar com o que se ganha em
termos nominais. Como sabemos que as unidades monetárias têm seus
valores alterados pela variação de preços, o importante seria observar
tanto o valor nominal dos salários como os preços dos produtos, isto é,
o conceito de salário real.
Você deve observar que algumas vezes (em realidade, muitas
vezes) somos iludidos por ganhos no salário nominal. Pensamos que
um aumento no salário nominal implicará um aumento no nosso poder
aquisitivo. Isso ocorre porque desconhecemos como realmente está o
crescimento dos preços dos produtos que consumimos. Se não soubermos
"a quantas anda" o custo de vida, podemos nos deixar levar pela ilusão
de que o ganho no salário nominal tenha aumentado o poder aquisitivo
dos nossos salários, isto é, confundir salários nominais com salários
reais. A Atividade 3 ilustra essa questão.

22 CEDERJ
Atividade 3

1
AULA
O sindicato dos trabalhadores acaba de conseguir no Acordo Coletivo de sua cate- 3
goria um reajuste salarial de 65% para o ano seguinte. Um especialista alerta que
a inflação no período em que vigorará o aumento salarial será de 70% (admita como
certa essa previsão). Alfredo e Pedro são trabalhadores. O primeiro ouviu o especialista
e acredita que a inflação será tal como prevista. João desconhece totalmente qualquer
previsão de inflação. Como cada um irá interpretar o reajuste salarial?

Resposta Comentada
Estamos tratando da questão de variações no salário nominal e real. O salário
real, como indicador do poder aquisitivo do emprego, se altera pela relação
entre a variação do salário nominal vis-à-vis a variação de preços. Se o salário
nominal aumenta em 65% e um ambiente de inflação, em 70%, então, em
índices, as variações são respectivamente de 1,65 e 1,70.
Ou seja: salário nominal aumenta 65%, significa que o novo salário será o salário
integral (100%), acrescido de 65%.
W + W% = 100% + 65% = 1,65.

Onde: W representa o salário nominal, e , a variação.


Na mesma lógica, para os preços:
IP + IP = 100% + 1,75% = 1,75.

Portanto, como o índice de preços subiu mais do que o salário nominal, o salário
real será menor:
W real = 1,60 / 1,75 = 0,914.

Esse resultado expressa que no final do período, o salário real será de aproxima-
damente 91,4% do que se podia comprar com o salário no início do período, ou
seja, se o empregado recebesse 100 unidades monetárias no início do período,
estaria perdendo 8,6 unidades monetárias do que se poderia adquirir no início
do período, ainda que seu salário de face (nominal) fosse $160.
Nesses termos, Alfredo estaria propenso a entender que não foi uma grande
negociação salarial. Por outro lado, Pedro se sentiria mais agraciado com
o ganho nominal dos salários.

CEDERJ 23
Análise Microeconômica | A temática da microeconomia

O estudo em microeconomia, em geral, enfoca os preços e tantas


outras variáveis em termos reais. Enquanto não se falar o contrário, os
preços serão expressos como preços reais. Assim, poderemos examinar
com mais facilidade e objetividade as questões centrais que o estudo da
microeconomia pode nos proporcionar.

CUSTO DE OPORTUNIDADE

Deixar de ganhar é perder? Para um economista, sim!


Sabemos que, ao terminar o seu curso universitário, você pode-
rá se habilitar a diversos tipos de emprego. Desde administrador de
empresas até motorista de táxi (supondo que você tenha carteira de
motorista profissional) são algumas das oportunidades capazes de lhe
proporcionar rendimentos. A Tabela 1.4 apresenta, de forma fictícia, os
rendimentos líquidos de cinco opções de emprego. Sendo assim, quanto
você ganhará caso abrace, por exemplo, a profissão de professor? Uma
rápida verificação da Tabela 1.4 conduz à resposta de $6.000,00 men-
sais. Para um economista com o conceito de Custo de Oportunidade, a
resposta seria completamente diferente! Vamos para uma outra situação
hipotética. Imagine uma empresa em reunião de fim de ano. O contador
sênior da organização anuncia que o lucro anual da empresa foi de $1
milhão. Em seguida, o economista, que também participava da reunião,
informa que a empresa, na verdade, tivera um prejuízo de $200 milhões.
Considerando que são dois excelentes profissionais, onde estaria a razão
de tal confusão?
O entendimento para ambas as questões está no importante concei-
to de Custo de Oportunidade. Vamos tratar do primeiro caso. Considere
suas habilidades como um fator de produção. Como tal, pode exercer
atividades alternativas com suas respectivas remunerações. Assim, se
tivermos um fator que pode auferir um rendimento em uma atividade
e, por alguma razão, estiver em outra que proporcione um rendimento
menor, então economicamente este fator está sendo mal empregado,
posto que poderia estar recebendo a mais alta remuneração. Portanto,
utilizando a Tabela 1.4, observamos que ao trabalhar como professor
você estaria tendo um prejuízo de $4.000. Se há condições para ganhar

24 CEDERJ
$10.000 e apenas se recebe $6.000, então o emprego escolhido está lhe

1
impedindo de ganhar mais. Se você entendeu, certamente vai compreen-

AULA
der com facilidade o conceito e a importância do custo de oportunidade.
Vamos agora à definição!

! Custo de oportunidade
representa o valor máximo do uso
alternativo dos fatores em utilização na
empresa ou em qualquer atividade
em geral.

Desse modo, o lucro ou a remuneração líquida de qualquer


atividade é a dedução entre os rendimentos a ele associados e os seus
respectivos custos.
Ou seja,
Lucro (L) = Rendimentos (R) – Custos (C),
L = R – C.
Os custos são compostos pelos os CUSTOS EXPLÍCITOS (Ce) e os custos CUSTOS EXPLÍCITOS

de oportunidades (Co). São aqueles que


pagamos para pro-
C = Ce + Co. duzir algo. São o
custo com a mão de
Portanto,
obra, compra
L = R – CD – Co. (4) de insumos etc.

Vamos aplicar a formalização (4) para determinar o lucro eco-


nômico de se optar por ser professor. Observe que a segunda linha da
tabela representa o rendimento líquido (RL), ou seja, o rendimento já
deduzido dos custos diretos (R – CD).
Lucro de exercer a docência:
L = RL – Co = $6.000 – $10.000 = $ – 4.000.

CEDERJ 25
Análise Microeconômica | A temática da microeconomia

Assim, o lucro é negativo, ou seja, do ponto de vista estritamente


econômico, ao exercer a função de professor, o administrador, como
está deixando de receber $4 mil, deve incorporar isso como uma perda
mensal.

Tabela 1.4: Alternativas hipotéticas de trabalho de um estudante formado em


Administração

Adminis-
Desempre-
Atividades tração de Professor Bancário Taxista
gado
empresas
Rendi-
mentos 10.000,00 6.000,00 3.000,00 2.500,00 0,00
líquidos $

Atividade 4
Imagine uma empresa em reunião de fim de ano. O contador sênior da orga- 5
nização anuncia que o lucro anual da empresa foi de $1 milhão. Em seguida, o
economista, que também participava da reunião, informa que a empresa na verdade
tivera um prejuízo de $200 milhões.
Identifique o motivo dessa celeuma entre o respeitável contador e o capacitado eco-
nomista.

Resposta Comentada
Notadamente, o contador está utilizando o critério contábil de lucro como o resultado
direto entre receitas e custos. Assim, a empresa deve ter apresentado em suas contas
um total de receitas (faturamento) superior em $1 milhão ao de custos. Por sua vez,
provavelmente, o economista está querendo enfatizar a possibilidade perdida de a
empresa ter direcionado seus recursos para um outro tipo de atividade ou outra linha
negocial, a qual auferiria um lucro de $1,2 milhão. Como o lucro foi de $1 milhão, esse
resultado deve ser interpretado como um prejuízo na razão do que deixou de ganhar:
$1,2 milhão, que seria o custo de oportunidade. Portanto, o critério do contador foi o
de lucro contábil, onde se contabilizam as receitas e custos das operações realizadas,
enquanto o economista advertiu sobre o lucro econômico. Esse, como o lucro que
também considera as melhores alternativas econômicas que a empresa pode
realizar.

26 CEDERJ
1
AULA
Deu no jornal O

?
Fictício!
Muitas vezes, quando o tema Custo de
Oportunidade é dado em aulas, alguns alu-
nos não se convencem de que “deixar de ganhar
é perder”. Vamos a um exemplo fictício.
Estudante esgana sua empregada doméstica, mas é
inocentado na Justiça!
Um estudante do curso de Administração estudou, mas
não concordou que “deixar de ganhar é perder”. Para ele, o

importante é não perder o que se tem. Se deixou de ganhar,
im
mas se não despendeu recursos ou dinheiro, então não perdeu.
Veja o que a vida lhe pregou.
Uma determinada noite, o estudante sonha com os números da
loteria da Mega-Sena de final de ano. O sonho foi tão intenso que
ele acordou convencido de que deveria jogar. Era o último dia de
aposta, e ele tinha que chegar cedo à faculdade para estudar com
um grupo de colegas para a prova que faria no período da tarde.
Por não dispor de tempo, pediu a sua empregada que fosse a uma
casa lotérica e fizesse o jogo. Anotou os números em um pedaço
de papel, deu o dinheiro da aposta, R$2,00. Foi à faculdade,
fez as provas e depois foi comer pizza em uma lanchonete à
noite. Na hora do sorteio, a lanchonete transmitiu o resulta-
do, em que, um a um, o aluno foi verificando os números
que jogara. Pálido e suando frio, ainda ouviu o comen-
tário de um especialista prevendo apenas um ganha-
dor. Voltou rapidamente pra casa. Acordou sua
empregada aos berros e beijos: “Maria, estou
rico! Rico, rico, rico! Pegue o cartão da
aposta que te dei pra fazer, pega
logo!”

CEDERJ 27
Análise Microeconômica | A temática da microeconomia

Eis
que Maria res-
pondeu: “Sabe o que é? Eu

?
fui à loja jogar, tava uma fila que
não acabava mais, deu uma vontade de
fumar; como eu não tinha dinheiro, usei os
seus R$2,00 pra comprar uns 'varejões'. Se pre-
ocupa não. Eu sei que o senhor não acha que dei-
xar de ganhar é perder, então toma de volta os seus
R$2,00; o senhor, assim, apenas deixou de ganhar.”
O estudante cai em cima da pobre mulher, esgana-a quase
levando-a
l a óbito. Levado a júri popular, foi absolvido por
unanimidade,
un pois seu estado foi considerado como passível
de qualquer um nessa situação. Ele deixou de ganhar R$50
d
milhões por um erro de sua assistente, o que provocou-lhe em
mi
estado de loucura!

28 CEDERJ
Atividade Final

1
AULA
1) A tabela a seguir é reprodução da Tabela 1.1 ampliada com as lacunas para 3 4 5
preços reais de cada um dos três produtos em cada um dos quatro anos.
a) Preencha as lacunas acerca dos preços reais para cada produto e ano.
b) Interprete os preços reais do café ao longo dos quatro períodos.
c) Identifique o preço real do açúcar em dezembro de 2000 em relação aos preços de julho
de 2009.
d) Identifique o preço do leite em dezembro de 2005 em relação aos preços de dezembro
de 1995.
e) Determine para cada um dos quatro períodos o preço do leite em relação aos preços de
dezembro de 2005.
f) Interprete os resultados do item e.

Tabela 1.5: Preços nominais de açúcar, café, leite e o IPC em anos selecionados

Dez 1995 Dez 2000 Dez 2005 Jul 2009


Preços Nominais $
Açúcar kg 0,69 0,66 1,21 1,49
Café 500g 2,89 3,39 4,94 5,76
Leite tipo B 0,75 1,25 1,65 2,35
litro
Índice de Preços
IPC 145,00 187,17 265,55 308,51
Preços reais $
Açúcar ? ? ? ?
Café ? ? ? ?
Leite tipo B ? ? ? ?
litro

Fonte: IPEA-SP e Banco Central.

2) Com os dados do exercício anterior, responda:


a) Qual é a taxa de inflação medida pelo IPC entre dezembro de 1995 e julho de 2009?
b) De quanto foi o aumento do preço nominal do leite entre dezembro de 1995 e julho de
2009?
c) De quanto foi o aumento do preço real do leite entre dezembro de 1995 e julho de
2009?
3) Em 2000, o produto A custava $1,95, enquanto o preço de B era $18. Em 2008, os preços
subiram, respectivamente, para $4,21 e $48,4. O índice de preços era de 81,4 em
2000; no ano de 2008, apontou 195,36. Em termos reais, os produtos A e
B estavam mais caros em 2008 ou em 2000?

CEDERJ 29
Análise Microeconômica | A temática da microeconomia

4) A microeconomia é uma área da Teoria Econômica em que se estuda os preços absolutos ou


os preços relativos? Justifique utilizando um dos vários conceitos desenvolvidos em aula.
5) Um indivíduo depois de formado pode escolher entre 4 opções (A, B , C, D) de trabalho
com os seguintes rendimentos líquidos mensais:
A = $ 500
B = $ 500
C = $300
D = $200
Responda:
a) Qual o lucro econômico de escolher a opção C?
b) Qual o lucro econômico de escolher a opção B?
c) Qual o custo de oportunidade da opção D?

Respostas Comentadas
1)
a) De acordo com o primeiro método aplicado nesta aula para determinação dos
preços reais, temos:

Dez 1995 Dez 2000 Dez 2005 Jul 2009


Preços reais $
Açúcar 0,0048 0,0035 0,0045 0,0048
Café 0,0199 0,0181 0,0186 0,0187
Leite tipo B
0,0052 0,0067 0,0062 0,0076
litro

b) O preço real do café é maior em dezembro de 1995. Isso indica que era mais caro
tomar café naquele período do que em qualquer dos outros três meses informados.
Em dezembro de 2000, o preço real do café foi o menor de todos. Observe que, para
que tenhamos uma indicação mais precisa sobre a queda ou não do preço real desse
produto, seria importante dispor de dados mensais.
c) O preço real do açúcar de dezembro de 2000 em relação aos preços de julho de
2009 é:

P  $2009
2000
= P 2000
x IPC
IPC
2009

2000
= 0 ,66 x
308 ,51
187 ,17
 1,0879.

d) O preço real do leite de dezembro de 2005 em relação aos preços de dezembro


de 1995 é:

P  = P
$1995
2005 2005
x IPC
IPC
1995

2005
= 1,65 x
145
265 ,55
 0 ,901.

30 CEDERJ
1
e) O preço do leite em relação ao preço base de dezembro de 2005.

AULA
Em dezembro de 1995:

P  $2005
1995
= P 1995
x IPC
IPC
2005

1995
= 0 ,75 x
265 ,55
145
 1,3735.

Em dezembro de 2000:

P  $2005
2000
= P 2000
x IPC
IPC
2005

2000
= 1,7735.

Dezembro de 2005:

P  $2005
2005
= P 2005
x IPC
IPC
2005

2005
= 1,65.

Em julho de 2009:

P  $2005
2009
= P 2009
x IPC
IPC
2005

2009
= 2,0228.

f) Considerando como base os preços de dezembro de 2005, o preço real do leite


alcançou seu valor mais baixo em dezembro de 1995. Por sua vez, beber leite em
julho de 2005 era mais caro do que em qualquer dos outros três meses.

2)
a) Inflação:

IPC  IPC 1995


Inflação = 2009
.100 = 112,77%.
IPC 1995

b) Crescimento dos preços nominais (Pn ):

Pn  Pn1995
Taxa de Variação 2009
= .100 = 213,33%.
Pn 1995

c) Crescimento de preços reais (Pr):

Pr 2009
 Pr 1995
Taxa de Variação = .100.
Pr 1995

Utilizando os preços reais com base nos preços de 2005:

 2 ,0228 
 1,3735  1 .100  47 , 26%.

3) O preço real do produto A em moeda-base de 2000 para o ano de 2008:

$2000 81,4
P 2008
 4 , 21.  1,7542.
195 ,36

CEDERJ 31
Análise Microeconômica | A temática da microeconomia

O preço real do produto B em moeda-base de 2000 para o ano de 2008:

$2000 81,4
P 2008
 48 ,4.  20 ,1667.
195 ,36

Ao comparar os preços reais, constata-se que o produto A esteve mais barato em


2008, pois o seu preço real de $1,75 naquele ano era inferior ao de 2000. De forma
oposta, o produto B esteve mais caro em 2008.
4) A microeconomia, algumas vezes entendida como a teoria dos preços relativos,
debruça-se sobre as causas e os efeitos de alteração de um preço mediante o com-
portamento de outros preços. O conceito de variável real é o de preço relativo. Por
exemplo, se houver um aumento no salário nominal proporcionalmente acompanhado
por um aumento nos preços, não haverá mudanças na economia, dado que o poder
aquisitivo do trabalhador, seu salário real, não se alterou. A microeconomia quase
sempre foca seus estudos sobre preços reais (variáveis relativas), uma vez que empre-
sas e consumidores tomam suas decisões comparando os preços. Observe que preço
real de um produto é um preço relativo, ou seja, é o preço de um produto relacionado
a uma cesta de preço de outros produtos, o índice de preços.
5)
a) O lucro econômico é a diferença entre as receitas e os custos explícitos com o custo
de oportunidade. O indivíduo está exercendo a atividade C. Assim, o maior valor alter-
nativo de rendimento líquido possível para ele seria escolher a opção A ou mesmo a
opção B. Estas lhe conferem o rendimento de $500. Observando que receita líquida
(Rl) é a diferença entre a receita e os custos explícitos, temos:
L = R – Ce – Co.
L = Rl – Co = 300 – 500 = -200.
Portanto, ao exercer a função C, o indivíduo tem um lucro econômico negativo de
$200. Ele deve entender que está perdendo $200, pois tem capacidade para trabalhar
em algo mais rentável, mas não o está fazendo. Vale comentar que o conceito de
lucro econômico é uma visão estrito econômica. Socialmente ou pessoalmente, ele
pode estar fazendo a melhor alternativa, ainda que esteja sob um lucro econômico
negativo. As ações humanas e mesmo empresariais não devem e não podem ser
guiadas apenas pelos resultados econômicos que podem gerar.
b)
Le = Rl – Co.
Le = 500 – 500 = 0.
Sendo o lucro econômico zero, o indivíduo está exercendo uma atividade cuja melhor
opção financeira seria igual ao rendimento líquido que está recebendo.
c) O custo de oportunidade da alternativa D, de acordo com a proposição de
a mais valiosa alternativa, é:
Co = 500.

32 CEDERJ
1
RESUMO

AULA
A microeconomia estuda o comportamento dos agentes econômicos,
consumidores e produtores de bens e serviços que interagem nos mercados.
As decisões dos agentes econômicos são tomadas com base nos seus
objetivos e recursos, utilizando-se da análise comparativa de preços. Assim,
a microeconomia trata das questões abrangidas pelos preços relativos.
Em grande parte, a microeconomia aplica em seus estudos os métodos de
análise positiva, que é a análise voltada para descrever as relações de causa
e efeito entre duas ou mais variáveis. Há também, no seu campo prático de
atuação, situações em que a microeconomia trata de questões de natureza
da análise normativa. Essa última envolve questões relacionadas a juízos de
valor, algo como o que seja mais vantajoso ou melhor.
A distinção entre as variáveis nominais e reais, e o Custo de Oportunidade
são conceitos importantes da microeconomia. Preços nominais são os
preços absolutos expressos em moeda corrente. Preços reais são os preços
relativos, pois estão relacionados a uma medida agregativa de uma cesta
de produtos, o índice de preços. A microeconomia procura examinar a
mudança de preços relativos.
Custo de Oportunidade é o entendimento de que devemos considerar como
custo o que se deixa de ganhar em alternativas possíveis do uso dos recursos
disponíveis. Do Custo de Oportunidade extrai-se o lucro econômico, o qual
é o resultado da diferença entre o faturamento e todos os custos envolvidos
diretamente na produção e no Custo de Oportunidade.

INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na aula seguinte, você estudará o conceito e exemplos de diversos


mercados que estruturam a atividade econômica. Você verá o tratamento
metodológico da microeconomia para identificar os elementos básicos do
mercado que determinam preços e quantidades negociadas nos mercados.
São questões simples e importantes, dada a sua aplicação nos diversos
mercados que conhecemos.

CEDERJ 33
2
AULA
O mercado e seus fundamentos
Cleber Ferrer Barbosa

Meta da aula
Descrever o funcionamento do mercado em hipótese
de concorrência perfeita e as forças de demanda e
oferta como elementos de determinação dos preços e
quantidades negociados no mercado.
objetivos

Esperamos que ao final desta aula, você seja


capaz de:

1 analisar as várias acepções do termo


"mercado", bem como sua descrição
gráfica;

2 identificar os principais fatores que


alteram a curva de demanda e oferta por
bens e serviços;

3 analisar as variações dos preços e as


quantidades negociadas mediante as
alterações no mercado;

4 reconhecer o efeito de expectativas de


preços sobre os preços e quantidades
transacionados no mercado;
5 distinguir, de acordo com a classificação
dada pelos economistas, bens normais de
bens inferiores.
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

INTRODUÇÃO Você pode perceber que o termo "mercado" é utilizado de várias maneiras e
em vários contextos. Uma mãe pode pedir ao filho: "Menino, vá ao mercado,
compre duas dúzias disso ou daquilo." Entre empresários ou investidores já
se ouviu: "O mercado de ações está em alta." Por outro lado, ao você levar o
carro usado à concessionária para trocar por um novo, o vendedor irá pagar
uma bagatela por seu veículo, certamente argumentando que o mercado não
paga mais do que aquele valor. Pois então, o que é, afinal, mercado? Qual o
significado de mercado para os estudos econômicos? Nesta aula, introduzimos
tal tema abordando seus conceitos e fundamentos, os quais permitirão uma
boa compreensão dos elementos comuns aos diversos tipos de mercado.

MERCADO

Em uma linguagem simples, podemos descrever o que é um merca-


do: “local” onde se negocia algum bem ou serviço pelo qual comparecem
ou expressam suas ações os chamados consumidores (mais abstratamente,
compradores) e vendedores (ou produtores). Dada a atual sofisticação
no mundo dos negócios, o conceito anteriormente descrito precisa ser
um pouco mais detalhado. Antes disso, observe que há vários tipos de
bens e serviços, vários tipos de consumidores e vendedores, pelos quais
são gerados vários tipos de mercado. Vamos exemplificar com o Quadro
2.1, o qual apresenta algumas das mais diversas espécies de mercado
com seus respectivos agentes e objetos de negociação:

Quadro 2.1: Tipos de mercado com seus agentes e produtos negociados

Mercado Bens Agentes Locais


Ações Ações Investidores em Bolsa de valores
ações
Agrícola Hortifrutigran- Produtores e com- Feiras livres, lojas
jeiros pradores varejistas etc.
Atacadistas Bens comerciali- Produtores e em- Ceasa, Ceagesp
zados em grandes presas varejistas
quantidades
Cambial Moeda estrangeira Exportadores e im- Bancos autoriza-
portadoes dos pelo Banco
Central
Imobiliário Imóveis Proprietários, in- Imobiliárias, classi-
quilinos ficados de jornais

36 CEDERJ
2
Industrial Bens industriais Empresas e com- Diversos locais
pradores

AULA
Internacional Bens exportados e Empresas e com- Locais nacionais e
importados pradores internacionais
Futuro Diversos bens, Investidores, pro- Bolsas de valores
moeda estrangei- dutores (BM&F)
ra, ouro etc.

MERCADO
Um mercado constitui-se de um conjunto de agentes
Esse quadro apresenta alguns dos vários econômicos, consumidores e vendedores que negociam
uma extensão de produtos e/ou serviços nos limites de
tipos de MERCADOS do país. O mercado atacadista
uma área geográfica para a qual a venda desses produ-
é aquele em que são negociados produtos em tos é economicamente viável e significativa.

grandes quantidades, no atacado; para produ-


tos alimentícios, são exemplos a Ceasa-RJ e a CEAGESP – Companhia de Entrepostos
e Armazéns Gerais de São Paulo
CEAGESP. O mercado internacional representa
Um dos maiores centros atacadistas de produtos
negociações envolvendo dois ou mais países alimentícios do mundo, localiza-se na cidade de
São Paulo e é vinculado ao Ministério da Agricul-
onde são os bens importados ou exportados tura, Pecuária e Abastecimento. Diariamente, são
comercializadas aproximadamente 10 mil toneladas
que relacionam as moedas dos países em comer- de frutas, verduras, legumes, pescados e flores vin-
cialização, que precisam ser trocadas umas dos de 1.500 municípios brasileiros e também de
outros países. Não obstante seu papel de mercado
pelas outras. Para tal, menciona-se o mercado atacadista, a Ceagesp atua no varejo através de seus
“varejões” nos quais são comercializados carnes,
cambial, em que são negociados os valores hortifrutigranjeiros e flores.
entre as moedas – a taxa de câmbio – oriundas Nas palavras dispostas em seu portal,
das transações surgidas nos diversos mercados a Ceagesp tem por missão disponibilizar infra-
estrutura de apoio ao sistema de abastecimento
internacionais. Quando se trata de mercado alimentar estadual e nacional, locando espaço nas
centrais de abastecimento para a comercialização
financeiro, pode-se pensar na compra e venda de hortifrutigranjeiros, bem como prestando
serviços de beneficiamento, guarda e conservação
de títulos financeiros, como os títulos públicos de produtos agropecuários e derivados, por meio
de armazéns gerais. Busca constantemente aper-
negociados no cotidiano das operações ditas feiçoar o seu modelo de gestão para que possa
tornar-se mais eficiente na administração e no uso
no open market (mercado aberto). O MERCADO
de seus recursos técnicos, materiais e econômicos.
FUTURO constitui-se de operações em que se nego- Fonte: http://www.ceagesp.gov.br/institucional/

ciam contratos de compra e venda de diversos


produtos cujos respectivos preços só serão MERCADO FUTURO

efetivamente conhecidos na data estipulada no É aquele onde se negociam contratos em que as partes
– compradora e vendedora – assumem o compromisso
contrato, uma data futura para a realização da de comprar ou vender determinada quantidade e quali-
dade de um ativo (financeiro ou físico). Os contratos são
compra ou venda do produto negociado; daí já padronizados para liquidação física ou financeira, em
se pode intuir que é um mercado de significativo uma data no futuro. Em outras palavras, o contrato do
mercado futuro é de natureza legal, em que as partes se
risco de alteração de preços. obrigam a entregar ou receber determinada quantidade
do ativo especificado no contrato, pelo preço do pregão
da bolsa de futuros do dia do vencimento do contrato
ou mesmo antes dele. Na maioria das vezes, ao invés da
entrega ou recebimento da mercadoria (ativo), a tran-
sação é feita em dinheiro pelo ajuste de preços entre o
preço do contrato e o preço que vigora na bolsa.

CEDERJ 37
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

Sabemos que, para qualquer mercadoria, pode-se designar um


mercado específico e em pelo menos três níveis de mercado. Quem nunca
ouviu a expressão o "mercado do café" ou o "mercado da laranja"?
Seriam, portanto, as relações de preços, quantidades ofertadas e deman-
dadas que ocorrem, respectivamente, com a negociação de café e laranja
em seus vários pontos de compra e venda. Os níveis de mercado poderiam
ser distinguidos em mercados do produtor, atacadista e varejista. No
primeiro, os negócios são entre os produtores e os que compram para
revender nos outros mercados, os intermediários. No mercado atacadista,
como já mencionamos, as mercadorias são transacionadas em grandes
volumes de unidades. No mercado varejista, por fim, encontram-se os
vendedores finais e consumidores finais.
Em dimensão geográfica, mercado é a extensão territorial em
que as forças de oferta e demanda por um ou mais produtos interagem,
proporcionando vários resultados, entre os quais, o volume de produção
negociado e o preço de mercado.
No nosso estudo, vamos enfocar os fundamentos que estruturam
e proporcionam alterações no mercado, isto é, os principais fatores
atuantes no funcionamento dos mercados. No mercado de um produto,
a produção vai depender dos fatores que afetam o seu custo e o lucro,
bem como a técnica de produção. Do lado das compras, de quanto custa
comprá-la, do preço de outros produtos, dos salários dos consumidores
etc. Em outras palavras, o mercado é o resultado de como funcionam a
demanda e a oferta do produto. Conhecendo a demanda e a oferta de
um produto em toda a sua extensão, estaremos praticamente conhecendo
como o mercado funciona. Tudo isso será examinado mais adiante de
maneira técnica e simples. Teremos uma boa compreensão do funcio-
namento dos mercados e, assim, uma boa base para extrairmos lições
importantes para um futuro administrador de empresas como você!
Vale observar que a determinação da gama de produtos que
fazem parte de um mercado não é tão precisa como se possa à primeira
vista imaginar. Vamos a um exemplo: o mercado de refrigerantes. Pelo
conceito até agora desenvolvido, o mercado de refrigerantes consiste na
interação de ações entre a oferta e a demanda pelo conjunto de produtos-
refrigerantes existentes. Se o preço da Coca-Cola aumentar, é possível
que parte dos seus consumidores passem a consumir outro refrigerante,

38 CEDERJ
como o guaraná. Assim, uma parcela da demanda por Coca-Cola pode

2
passar a demandar guaraná. Afinal, são produtos com elevados graus

AULA
de substituição nas preferências dos consumidores. Em tese, todos os
produtos que os consumidores admitam como substitutos pertencem
a um mesmo mercado. Uma alteração no preço de um afeta a deman-
da do outro; portanto, pertencem a um mesmo mercado. No caso do
mercado de refrigerantes, fácil fica identificar alguns produtos, como
Coca-Cola, guaraná etc. Mas será que os refrigerantes tipo Baré e os
isotônicos também não poderiam pertencer ao mercado de refrigerantes?
Esses últimos podem afetar ou serem afetados pelas forças de demanda
e de oferta por Coca-Cola e guaraná? Em outras palavras, uma queda
no preço dos isotônicos poderia fazer com que muitos consumidores
de guaraná passassem a preferir um pouco mais dos primeiros? Se sim,
então há algum grau de substitutibilidade em tais produtos, levando
a concluir, por assim dizer, como produtos pertencentes a um mesmo
mercado. Nesse caso, o nome de mercado de refrigerantes, talvez, não
seja o mais adequado. Quem sabe, um nome como mercado de bebidas
não alcoólicas ou algo do gênero seja mais realístico.
A importância de investigar a gama de produtos que pertencem a
um mesmo mercado é muitas vezes fundamental para uma empresa. Ela
precisa saber quem são os seus produtos concorrentes. Precisa saber a
quem ela afeta e por quem é afetada. Há produtos que claramente são
percebidos como concorrentes. Outros vão depender da subjetividade
da lista de preferência e gostos dos consumidores. Água de coco em
caixinha e água mineral são substitutos? A resposta vai depender do
comportamento do consumidor. Instituições que cuidam de examinar
os mercados utilizam técnicas para testar os produtos pertencentes em
um mercado. Em geral, são feitas pesquisas ou estimativas procurando
identificar se os consumidores consideram os produtos como substitutos
ou não. A Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da
Fazenda (SEAE-MF) é uma dessas instituições com tal tarefa, pois essa
Secretaria atua em processo de fusões empresariais em que a análise de
mercado é objeto de estudo.

CEDERJ 39
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

OS AGENTES ECONÔMICOS EM UM MERCADO

As empresas, em geral, antes mesmo de iniciarem suas atividades


defrontam-se com alguns questionamentos. O que irá produzir e de qual
maneira? Determinado o que será produzido, qual o grau de sofisticação
ou qualidade? Afinal, há uma relação de custos de produção na forma e
no conteúdo dos produtos fabricados. Qual o preço a ser praticado, ou
seja, como precificá-lo? São várias as perguntas, e para muitas delas, na
prática, não se tem uma resposta precisa ou única. Talvez a experiência
ou mesmo o feeling (visão ou intuição sobre o mercado) do empreen-
dedor seja o principal elemento de decisão. No entanto, essas questões
são estudadas na microeconomia, que tenta respondê-las através de suas
teorias sobre o mercado; entre elas, a conhecida teoria do equilíbrio de
mercado. Esta última é mais adequada no estudo de mercados cujas
empresas defrontam-se em regime de grande concorrência, fundamen-
DEMANDA tadas nas forças de DEMANDA e de oferta ou no que se denominam como
Em economia, base a lei de demanda e a Lei de oferta.
demanda é a mani-
festação exercida ou
não por um agente
econômico, em A DEMANDA POR UM PRODUTO
adquirir determina-
da soma de produ- O consumidor é o agente econômico com motivação a adquirir
tos em determinado
período de tempo produtos no mercado. O desejo em comprar os produtos é denomina-
em algum mercado.
do demanda ou procura do consumidor. Vale investigar quais fatores
econômicos podem contribuir para que a demanda por consumo seja
formada e alterada. Suponha uma pessoa dirigindo-se a um supermerca-
do na intenção de apenas comprar meio quilo de queijo minas. Quando
retorna a casa, seus familiares observam que ela comprou 200 gramas
de queijo, mas também trouxe um tablete de manteiga e duas cervejas.
Do ponto de vista dos fatores econômicos, o que pode ter acontecido,
de maneira a ter alterado a sua inicial intenção de consumo? Por que a
demanda mudou?
Não é difícil entender que a demanda por qualquer produto
seja determinada e afetada por vários fatores econômicos ou não. Por
exemplo, quem nunca ouviu falar nas compras por impulso? Em deter-
minado momento, por qualquer razão, a pessoa compra bem mais do
que pretendia, ou então, a jovem senhora ao ver seu casamento desfeito,
deságua toda a sua tristeza indo ao shopping. São, portanto, fatores de
natureza psicológica. A teoria microeconômica tende a não se aprofundar

40 CEDERJ
nos fatores que não sejam econômicos. Esses são tratados em disciplinas

2
como Marketing e/ou em disciplinas ligadas à Psicologia. Pois então,

AULA
como estudantes de Microeconomia, estamos interessados em investigar
os elementos econômicos capazes de influenciar o nível de consumo de
uma ou mais pessoas.
O primeiro deles, o mais importante, certamente, seria o próprio
preço da mercadoria. Uma elevação no preço tende a fazer com que
o consumidor, insatisfeito com tal aumento, reduza a quantidade que
se queria comprar. O contrário também ocorre: uma queda de preço
impulsiona o consumidor a adquirir mais produtos do que pretendia
anteriormente. Assim, podemos estabelecer a relação entre preços e
quantidades demandadas. Elas possuem entre si uma relação inversa
ou negativa, isto é, uma elevação na variável preço tende a reduzir a
demanda e vice-versa.
O que acabamos de dizer pode ser sintetizado da seguinte forma:
d
quantidades demandadas, q , dependem inversamente da variação do
nível do preço, p, de tal mercadoria. Há, portanto, uma relação fun-
cional de dependência entre essas variáveis expressa matematicamente
por uma função:
d
q  f(p)

VARIÁVEIS ECONÔMICAS QUE TAMBÉM AFETAM A DEMANDA

Além do preço do produto, há outras variáveis que podem contri-


buir para modificar o volume de compras dado pela demanda. Listamos
e comentamos a seguir, as principais:
a) A renda
É de se esperar de um indivíduo agraciado com um bom aumento
salarial um consumo mais elevado. Imagine você indo à padaria comprar
um pão. Ouvindo um radinho a pilha, enquanto chega ao balconista
escuta notícia sobre a loteria. Que notícia espetacular, você acertou a
Mega-Sena! É possível que naquele momento você compre não só mais
pães como também tudo o mais da padaria, isto é, quando você, um
consumidor típico, adquire mais renda, tende a desejar mais consumo.
De forma contrária, a redução na renda do consumidor tende a inibir
o consumo. Assim, está evidenciado um segundo fator econômico que

CEDERJ 41
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

pode afetar a demanda: a renda do consumidor! Os sentidos de variação


entre renda e consumo são diretos ou positivos. Uma elevação na renda
estimula o aumento no consumo, portanto variação no mesmo sentido,
ou seja, variação direta ou positiva. Por sua vez, uma diminuição na
renda, digamos, o indivíduo com menos dinheiro vê-se em situação de
comprar menos, como normalmente é de se esperar!
b) Os preços dos produtos substitutos
Uma pessoa está defronte a uma prateleira de vinhos. Há vários
deles das mais diversas procedências. Como ela deve escolher? Certamen-
te, ela irá comparar os preços e ponderar com o que acha ser o melhor,
isto é, um olho na qualidade, outro olho no preço! Se, para o consumidor,
os vinhos forem substitutos, os preços deles serão os maiores fatores de
decisão. Suponha que a pessoa esteja motivada a comprar o vinho da
região A, mas observa que o da região B está com preço em promoção;
qual seria a reação esperada? Em sendo substitutos, sua ação provável
seria a optar pela mais em conta. Quanto maior o grau de substituição
entre os bens, mais os preços precisam ser semelhantes, sob risco de o
consumidor preferir a marca de menor preço.
Em síntese, podemos afirmar: os preços dos produtos substitutos
afetam a demanda por uma mercadoria de maneira positiva (ou direta).
Exemplo: ao constatar um aumento no preço do leite integral da marca
Plin, ao passo que o preço do leite integral da marca Plon permanece o
mesmo, o consumidor em ação de adquirir o leite Plin deve se interessar
em levar o da marca Plon, caso eles sejam bastante substitutos.
c) Preço dos bens complementares
Dois bens são complementares, quando o uso de um está asso-
ciado ao consumo do outro. Observe que quem compra manteiga, o
faz para utilizar no pão, nunca para consumi-la pura. Se o uso de um
produto está associado ao consumo de outro, eles são complementares.
Assim, o preço é fator de consideração quando se consome outro. Se a
gasolina está muito cara, adquirir um carro de alta potência (consome
mais combustível) deve pesar mais no bolso, assim afetar a sua demanda.
Por essa razão, pode-se entender que o preço de um bem complementar
afeta negativa ou inversamente a demanda daquele outro principal, isto
é, uma significativa elevação no preço do açúcar pode fazer com que as
visitas nas casas dos amigos não sejam acompanhadas do tradicional
oferecimento de um cafezinho.

42 CEDERJ
!
2
Bens

AULA
substitutos e
bens complementares
Bens substitutos são os que
têm semelhantes níveis de utili-
dade para o consumidor. Se os bens
forem substitutos perfeitos, a utilidade
de cada um dos bens é a mesma. Quan-
do a utilidade de um bem é próxima do
outro, há de se entender como bens subs-
titutos imperfeitos. Observe-se que o grau
de substitutibilidade entre os bens também
é questão subjetiva. Um indivíduo pode
fazer distinção entre duas marcas de
refrigerantes, enquanto outro não!
Bens complementares são bens cuja
utilidade de um está diretamente
associada à utilidade do outro.
Exemplos: açúcar e café;
gasolina e automóvel
etc.

d) A expectativa do preço
Na década de 1980 e início dos anos 1990 do século passado, os
brasileiros tinham sonhos de consumo do tipo comprar freezers, realizar
cursos de comida congelada. Era uma "febre"! Proliferavam as técnicas
e receitas de comida congelada, venda de freezers etc. Nessa época, a
inflação no país era alta e constante. Os supermercados tinham suas fre-
quências aumentadas na primeira semana do mês, quando normalmente
se recebem os salários. Na segunda quinzena do mês, eles ficavam mais
vazios. Qual seria a explicação microeconômica para que os supermer-
cados estivessem muito movimentados no começo do mês? Por que se
vendiam tantos freezers? A resposta é simples. Havia inflação. As pessoas
queriam se livrar dos aumentos futuros dos preços. Logo, procuravam
como podiam, antecipar as compras. Ao receberem seus rendimentos,
os consumidores compravam o que podiam e tratavam de conservar em
freezers, congelando seus alimentos. A teoria econômica assim formula
a questão: uma expectativa de elevação de preços gera logo uma ação

CEDERJ 43
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

de aumento de compras para que não se precise comprar o produto no


futuro com o preço mais elevado. O consumidor antecipa-se ao aumento
futuro de preços, isto é, uma expectativa de elevação de preços tende a
aumentar o consumo antes da efetiva majoração de preços.
O mesmo raciocínio pode ser verificado se o consumidor esperar
uma futura queda de preço. Supondo um menor preço amanhã, a pessoa
procura retardar no que pode o consumo de hoje, para, dia seguinte,
comprá-lo mais barato.
Diante do exposto, concluímos que uma expectativa de alteração
de preços induz à rápida mudança no consumo. Se a expectativa for de
elevação de preços, procura-se antecipar as compras. De modo contrário,
havendo uma presunção de que o preço irá diminuir, a tendência é a de
postergar o consumo até o momento de o preço baixar. Em resumo, a
variável expectativa de preços, pe, tem uma relação direta (ou positiva)
com a variável preço.
Reunindo os fatores que aqui consideramos como determinantes do
nível de consumo, ou melhor, da quantidade demandada, temos a expressão
da função demanda em razão dos fatores que a determinam:
d e
q  f(p, R, p , p , p ,O)
s c

Onde:
As variáveis qd, p, R, ps, pc, pe, O, representam, respectivamente, as
variáveis quantidades demandadas, preço do produto em questão, renda do
consumidor, preço do produto substituto, preço do produto complementar,
expectativa de preços, e por fim, todos os outros fatores que influenciem
a demanda que a microeconomia considera como constante.

CURVA DE DEMANDA

A relação existente entre preço de um produto e a resposta do


consumidor no seu desejo de compra é o que se denomina por Lei da
Demanda. A curva de demanda é a verificação do princípio da Lei da
demanda, isto é, que preços e quantidades demandadas se relacionam de
forma inversa. A curva de demanda pode ser expressa em três formas:
por uma equação, expressando a função entre preços e quantidades
demandadas, por uma tabela ou um gráfico.

44 CEDERJ
Diante de uma curva de demanda, tudo se passa como se um

2
consumidor tivesse respondido a um questionário sobre quanto estaria

AULA
disposto a comprar a cada eventual preço de mercado. A tabela a seguir
ilustra uma hipotética curva de demanda.

Tabela 2.1: Curva de demanda de um consumidor

P Qd
0 10
1 8
2 6
3 4
4 2
5 0

Pela tabela, P é o preço que assume valores de zero a 5 unidades


monetárias. Por sua vez, Qd representa a quantidade desejada para
consumo para cada respectivo preço, isto é, o consumidor está dizendo
que, se o preço for de 2, ele estaria disposto a comprar 6 unidades. Se
for de 3, o consumo poderia ser de 4 unidades.
Eis, portanto, uma tabela que expressa a relação entre preços e
quantidades demandadas, a curva de demanda. Ela pode ser expressa
graficamente como na Figura 2.1.

Figura 2.1: Curva de demanda.

CEDERJ 45
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

Matematicamente a expressão funcional dessa curva de demanda


pode ser identificada. A expressão seria qd = 10 -2p.
Nesse exemplo, o gráfico da curva de demanda foi na verdade
uma reta, mas, normalmente, o formato gráfico é de uma curva, o que
portanto se generaliza denominar curva de demanda. Observe que uma
reta é um caso particular do conceito de curva; daí, não se ferir tanto o
bom-senso, quando estivermos falando de uma curva de demanda ainda
que uma reta esteja expressando-a!

A CURVA DE DEMANDA DE MERCADO

Anteriormente, estudamos a curva de demanda por um consu-


midor. Em um mercado, encontram-se vários consumidores. Precisa-
mos, portanto, estender o conceito de curva de demanda individual
para uma curva de demanda de mercado, isto é, todos os consumi-
dores que lá estão. Nada mais fácil! Basta ter a curva de demanda
de cada um dos consumidores e agregá-los em relação aos pares de
preços e quantidades demandadas. Vamos a um exemplo, conside-
rando um mercado com apenas três consumidores. Cada um desses
tem um desejo de consumo a cada um dos possíveis preços. Por essa
razão, a curva de demanda de mercado será a soma do que cada um
desses três consumidores compra a cada preço. A Tabela 2.2 mostra
cinco diferentes preços em que cada consumidor tem o seu desejo de
consumo. A coluna Qdi representa a quantidade de mercado que é o
resultado do que cada consumidor está disposto a consumir a cada
preço. Por fim, Qd é a curva de demanda de mercado.

Tabela 2.2: Curva de demanda individual e curva de demanda de mercado

P Qd1 Qd2 Qd3 Qd


0 10 8 12 30
1 8 7 9 24
2 6 5 7 18
3 4 3 6 13
4 2 0 2 4
5 0 0 1 1

46 CEDERJ
2
AULA
Figura 2.2: Curva de demanda de mercado a partir das curvas de demandas indi-
viduais.

?
Um pouco de
história...
Curiosamente, segundo his-
toriadores econômicos, a primei-
ra forma de se expressar a Lei da
de
demanda foi através de dados sobre
tr
trigo gerando uma tabela, no início,
den
denominada Lei de King, devido ao seu
autor, Gregory King, em 1699. O primei-
ro gráfico para expressar a curva de
demanda veio com A. Cournot, mais de
cem anos depois, em 1838. Olhando
agora, podemos ressaltar como
puderam levar tanto tempo
para evoluir o conceito para
uma versão gráfica!

CEDERJ 47
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

A CURVA DE DEMANDA – SUA VARIAÇÃO

Vimos anteriormente que a demanda por um produto é afetada


por diversos fatores além dos preços. Vale também repetir que alguns
desses fatores são não econômicos, como a vontade súbita de consu-
mir mais ou menos, a influência da simpatia de uma bela balconista, a
mudança de gostos pelos bens etc. Atinando-se aos fatores mais dire-
tamente econômicos, certamente os mais significativos e importantes à
análise econômica, especificamos cinco variáveis econômicas que afetam
a demanda, expressas como:

qa = f (pa, R, ps, pc, pea) (3)

Onde: qa representa a quantidade ofertada de um produto (por


um período de tempo);
Pa: preço do produto a;
R: a renda do consumidor;
Ps: os preços de possíveis bens substitutos ao produto a;
Pc: os preços de possíveis bens complementares ao produto a;
Pea: expectativa de variação de preços de a.
Vimos que para o preço do próprio bem, segue a Lei da demanda,
isto é, uma elevação do preço tende a reduzir a quantidade demandada.
Por outro lado, uma diminuição do preço estimula um aumento na
quantidade demandada. Para estarmos seguros disso, devemos considerar
como inalterados todos os demais fatores que também afetam a deman-
da, ou seja, a expressão latina, ceteris paribus. Dessa relação, tem-se a
demanda por um produto. Vamos agora examinar, tecnicamente, como
o gráfico da curva de demanda pode ou não se deslocar.

48 CEDERJ
?
2
AULA
Ceteris paribus
Antigamente, a ciência
econômica era escrita com o
uso de diversos termos em latim,
assim como até hoje ocorre com o
Direito. Hoje, restam poucas palavras
D
em latim nos textos econômicos. Um dos
mais usados, ainda que nem tanto assim, é
mai
ceteris paribus. O que significa? Vejamos
o ce
com um exemplo de nosso interesse.
Suponha a existência de apenas três variáveis,
x, y ,z, para afetar a variável t. Sabemos que
x e t se alteraram. Para estarmos seguros da
alteração de t como em razão de x, é preciso
a certeza de que y e z não se alteraram. Isso
pode ser dito da seguinte maneira: x terá sido
responsável pela mudança em y se todas
as demais variáveis que também podem
afetar t tenham permanecido constantes.
O termo em latim ceteris paribus quer
dizer "tudo o mais constante". Por-
tanto, ainda poder-se-ia escrever:
x terá sido o fator que afetou
t, dado o ceteris pari-
bus.

ALTERAÇÕES NA RENDA

Em grande parte dos produtos habitualmente adquiridos, é possível


esperar um aumento no consumo caso ocorra um aumento na renda do
consumidor. Digamos que um indivíduo compre duas unidades de um
produto dado um determinado salário. Se promovido em seu emprego e,
por isso, receber um aumento de salário, é razoável admitir que, dispondo
de mais recursos, possa a vir comprar mais do que duas unidades.
Em qualquer produto cujo aumento de renda implique elevação
de consumo, diz-se que tal produto é um bem normal ou superior. No
caso de uma diminuição de salário, se houver uma consequente queda no
consumo, o bem também é normal ou superior. Assim, bem normal ou
superior é aquele bem cujo consumo se altera na mesma direção em que
houver uma mudança na renda. A maioria dos bens tem esse comporta-
mento. Mais especificamente, bem normal é o bem cujo aumento da renda

CEDERJ 49
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

aumentou em uma proporção não maior do que o aumento da renda. O


bem superior retrata o aumento do consumo em proporção mais elevada
do que o aumento da renda. Se um aumento de 20% na renda implicar
um aumento de até 20% no consumo, o bem em questão é normal. No
entanto, se o consumo exceder os 20%, o bem, então, será superior.
Há casos, porém, em que uma diminuição na renda acarreta uma
queda no consumo do produto ou também o contrário, uma diminuição
na renda acarreta um aumento no consumo de produto. Nesses casos, os
bens são chamados de bens inferiores. Vamos aos exemplos? Em geral,
as mulheres gostam de sapatos. Fácil se convencer de que quanto mais
dinheiro uma bela e vaidosa menina tiver, mais sapatos ela terá em seus
armários. Assim, sapato é um bem normal ou superior, pelo menos para a
maioria das mulheres. Por sua vez, vamos supor a demanda por carne de
segunda. Quando a renda de um indivíduo que consome carne de segunda
começa a elevar de forma significativa, ele tende a diminuir as compras
de carne de segunda em razão de agora poder comprar carne de primeira.
Nesse caso, como se observa, o aumento de renda diminui o consumo do
produto, carne de segunda. É, portanto, esse produto classificado como
um bem inferior. Resumidamente, a determinação de um bem como bem
inferior ou um bem normal (ou superior) se dá pela observação de como
se correlacionam as variáveis renda e quantidades consumidas. Se a corre-
lação é positiva, o bem é normal ou superior. Ao contrário, se é negativa,
a mercadoria é classificada como um bem inferior.
No gráfico, como fica ilustrada a variação do consumo devido à
mudança da renda?
Se o bem é normal ou superior, um aumento na renda implica um
aumento no consumo. Isto é, para cada preço de mercado, o indivíduo
compra mais. A Tabela 2.3 aponta a curva de demanda de um indivíduo
construída com base em uma determinada renda, digamos $1.000. Assim,
ele teria o desejo de adquirir 7 unidades ao preço de $8; 3 unidades ao
preço de $12 . Caso sua renda aumente para $1.600, ele tenderia a comprar
11 unidades ao preço de $8 e 9 unidades ao preço de $12.

50 CEDERJ
Tabela 2.3: Deslocamento da curva de demanda dada alteração na renda

2
AULA
D em unidades D' em unidades
Preço
Renda = $1.000 Renda = $1.600
5 10 14
8 7 11
12 3 9

Figura 2.3: Deslocamento da curva de demanda dada por alterações


na renda.

Percebemos, portanto, que uma alteração na renda acarreta uma


nova curva de demanda, ou seja, um deslocamento na posição da curva
(D para D’ na Figura 2.3).
Em caso de o bem ter um comportamento de bem inferior, o
deslocamento terá sentido contrário. Com o crescimento da renda, o
indivíduo diminui o consumo pelo bem inferior, posto que ele está em
condições de adquirir um produto mais elaborado. Assim, a curva de
demanda para o bem inferior, no caso de uma elevação da renda, tem o
sentido de passar da curva de demanda D’ para a curva de demanda D.

CEDERJ 51
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

Atividade 1
Os bens normais representam a maioria dos casos: com um salário maior, o
5
consumidor tende a comprar mais dos produtos. Por sua vez, o bem inferior seria
o caso de, com o aumento da renda, ou consumir procurar produtos mais sofisticados,
ou de maior qualidade. Por exemplo, quando se ganha pouco compra-se leite tipo C.
Se a renda aumentar substancialmente, reduz-se ou deixa-se de consumir tal produto
por agora poder adquirir leite tipo B.
Pode-se atentar também que a distinção entre bem inferior e bem superior depende da
faixa da renda e do tipo de produto. Nesse sentido, você poderia responder: automóvel
é um bem superior ou inferior?

Resposta Comentada
Na maioria dos casos é um bem normal, mas não há de se negar a possibilidade
de o indivíduo, ao se tornar muito rico, andar bem menos com seu carro, por uti-
lizar mais helicópteros ou aviõezinhos para sua locomoção. Explicando com mais
detalhes: em sendo rico, o indivíduo tem oito carros só para ele. Megamilionário,
ele se desfaz de cinco carros e adquire dois helicópteros e um jatinho. Assim,
automóvel para esse consumidor seria um bem inferior, pelo menos na passagem
da faixa de renda de muito rico para megamilionário.

52 CEDERJ
Atividade 2

2
AULA
Considere a tabela a seguir como representando a demanda por um bem. Ela é 2

dada pela coluna P e Q1, onde se supõe um consumidor com renda mensal de
1.000 unidades monetárias. Ao se admitir um aumento de renda, digamos, 1.500,
demanda para esse consumidor passa a ser P e Q2.

P Q1 Q2
0 10 14
1 8 12
2 6 10
3 4 8
4 2 6
5 0 4

a. Construa o gráfico que ilustra essa situação.


b. O bem em questão é inferior ou normal?

Resposta Comentada
a. O gráfico pertinente é exatamente o da Figura 2.3.
b. O bem é normal ou superior, pois se observa que, com o aumento de renda,
a demanda aumentou para qualquer preço.

CEDERJ 53
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

?
O empreendedor e o con-
ceito de bem normal ou inferior
Um empreendedor planeja construir um res-
taurante cujas obras e outros pormenores deman-
darão cerca de dois anos até a sua inauguração. Em
leitura de jornais, conhece a opinião quase unânime dos
economistas (muito difícil encontrar unanimidade nessa classe)
ec
em acenar como estável o alto ritmo de crescimento econômico
gerador
ger de emprego e renda. A previsão é a da perda de ritmo da
atividade
ativ econômica. Em dois anos, certamente, o país voltará ao
ritmo dos anos 1980, ou seja, atravessará uma longa recessão. Tendo
a opção de montar um requintado restaurante ou um estabelecimento
mais popular, que tipo de restaurante o empresário construirá? Claro,
a previsão de queda na renda da população, dada a recessão, as pessoas
deverão optar por alimentação mais barata, o que, por sapiência econômi-
ca comum, estimulará o empreendedor a construir um restaurante popular.
Nos anos 1980, época em que o Brasil passou por uma prolongada reces-
são, houve uma proliferação de restaurantes e pizzarias em detrimento da
queda de restaurantes à la carte. Com a crise e os salários apertados, as
famílias substituíram os tradicionais jantares em restaurantes por pizza-
rias. Por renderem mais, as pizzas servidas à francesa eram as mais
pedidas. Na história econômica brasileira recente, observe-se que
no período de baixo crescimento econômico no país, surgiram e
prosperaram shoppings de roupas populares. A estrutura deles
era menos sofisticada, vendiam-se roupas mais simples com
preços mais baixos. São exemplos, portanto, da importân-
cia de distinguir bens inferiores e normais (ou supe-
riores) dada a expectativa de venda por conta da
mudança de renda da população.

AS DEMAIS VARIÁVEIS QUE DESLOCAM A DEMANDA

Todas as variáveis que afetam o consumo irão ocasionar o seu


deslocamento na curva de demanda. Utilizando como ilustração a Tabela
2.4, suponha que ali estejam os preços do pão e seus respectivos níveis
de consumo. Considere uma redução de 80% nos preços do queijo e da
manteiga. Esses dois últimos produtos são bens complementares ao pão,
pois, em geral, aprecia-se o pão com eles. Espera-se, portanto, que para
cada possível preço do pão, a demanda por ele aumente. Isso implicará
um deslocamento da curva, como ilustra a Figura 2.4.

54 CEDERJ
Tabela 2.4: Deslocamento da demanda devido à alteração no preço do bem com-

2
plementar

AULA
Preço D em unidades D' em unidades
5 10 14
8 7 11
12 3 9

Figura 2.4: Deslocamento da demanda devido à alteração


no preço do bem complementar.

O mesmo raciocínio se faz para um caso de bem substituto.


Suponha o biscoito de maisena como substituto ao pão. Se o preço do
biscoito diminuir, as pessoas tomarão o café da manhã com mais biscoito
e menos pão. Assim, a curva de demanda para o pão irá diminuir, como
num deslocamento para a esquerda da posição anterior (antes da queda
do preço do biscoito).

CEDERJ 55
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

Figura 2.5: Deslocamento da demanda devido à alteração


no preço do bem substituto.

Por fim, uma expectativa de que o preço de um produto irá


aumentar no futuro ocasiona um deslocamento para a direita da sua
curva de demanda. Ora, se imaginarmos preços mais altos, teremos o
desejo de antecipar as compras para evitar pagar mais no futuro. Por sua
vez, se a expectativa for de que o preço irá cair, aí tentaremos postergar
o consumo para aproveitar a época do preço mais baixo. Nesse caso, a
curva de demanda desloca-se para a esquerda.

Figura 2.6: Deslocamento da curva de demanda devido à alteração da expectativa


de preço do produto.

56 CEDERJ
Resumidamente:

2
Se ocorrer uma mudança numa variável que tenha o efeito de

AULA
expandir a demanda, a sua forma gráfica será a de um deslocamento à
direita da posição original; em caso contrário, o deslocamento da curva
de demanda será para a esquerda.
Podemos sintetizar esse entendimento com o quadro a seguir.

Quadro 2.2: Fatores selecionados que afetam a curva de demanda

Alteração no Efeito sobre a


Variável Xi Alteração de Xi consumo a cada curva de
preço demanda
Deslocamento
Aumento Elevação
Renda (bem para a direita
normal) Deslocamento
Diminuição Queda
para a esquerda
Deslocamento
Aumento Queda
Renda (bem para a esquerda
inferior) Deslocamento
Diminuição Elevação
para a direita
Deslocamento
Aumento Queda
Preço de bem para a esquerda
complementar Deslocamento
Diminuição Elevação
para a direita
Deslocamento
Aumento Elevação
Preço do bem para a direita
substituto Deslocamento
Diminuição Queda
para esquerda
Deslocamento
Aumento Elevação
Expectativa de para a direita
preço Deslocamento
Diminuição Queda
para a esquerda
Aumento
Alteração ao
Preço do produto
longo da curva
Diminuição

MUDANÇAS NA POSIÇÃO DA CURVA DE DEMANDA

Uma boa pergunta é a seguinte: sabemos que quando se altera


qualquer uma das variáveis que afetam a curva de demanda, exceto o
próprio preço, a curva de demanda sofre um deslocamento. Mas o que
aconteceria com ela se, por alguma razão, o seu próprio preço se alterar?
Haveria um deslocamento da demanda para a direita ou para a esquerda?
Caso ocorra tal situação, a resposta é demasiadamente simples. Há apenas
uma mudança de posição no par ordenado de preços e quantidades na

CEDERJ 57
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

mesma curva de demanda. Passa-se de um ponto na curva de demanda


para outro sem que se desloque. A isso chamamos alteração ao longo
da (curva de) demanda.
Em suma, deve-se distinguir um deslocamento da curva de deman-
da de uma variação ao longo da mesma. No primeiro caso, tratamos de
um caso de violação do ceteris paribus. No segundo, de uma variação
no preço do próprio produto que se está estudando como demanda.

A CURVA DE OFERTA

Numa empresa, o que poderia estimular um incremento na produ-


ção? Quais os fatores econômicos importantes para gerar um incentivo à
maior produção? As respostas a essas perguntas representam as variáveis
QUANTIDADE que geram a QUANTIDADE OFERTADA no mercado. Vamos descrever as mais
O F E R TA D A
costumeiramente conhecidas.
É a quantidade
que os vendedores A primeira, certamente a mais relevante, é o preço da mercadoria
estão dispostos a que se planeja produzir. Uma variação do preço indica uma alteração na
vender, em função
do nível de preços, lucratividade com o produto, logo, tende a afetar os planos de produção
por determinado
período de tempo. de qualquer empresa.Um mercado cujo preço majorou, ou seja, subiu de
A Lei da oferta
preço, tende a estimular a quantidade ofertada. Se ocorrer o contrário, a
afirma que a quan-
tidade ofertada oferta desse produto tende a diminuir. Os economistas entendem como
aumenta quando o
preço subir e dimi- Lei da oferta a observação de que a quantidade ofertada responde no
nui quando o preço
cair, mantendo-se
mesmo sentido da alteração de preços. Portanto, preço é o primeiro fator
as demais condições que afeta a oferta de produtos. A Lei da oferta ou curva de oferta pode
constantes.
ser ilustrada por intermédio de uma tabela, gráfico ou de uma equação
como mostramos na Figura 2.7.

58 CEDERJ
As representações da curva de oferta:

2
AULA
Figura 2.7: Gráfico de uma curva de oferta.

Tabela 2.5: Curva de oferta em forma de uma tabela

Preços em $ Quantidade ofertada (unidades)


1 6
2 7
3 8
4 9
5 10
6 11

Q = f(p) q= 5+p
Expressão matemática de uma curva de oferta por equação.
Observe a relação inversa entre a oferta e a demanda: quanto
maior for o preço, maior tende a ser a quantidade ofertada a ser colocada
no mercado. E quando o preço apresentar redução, a quantidade a ser
oferecida no mercado tende a sofrer uma queda. É o comportamento
inverso com a relação entre preço e quantidade demandada.

CEDERJ 59
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

OUTROS FATORES QUE AFETAM A OFERTA

Há, pelo menos, três outros fatores que podem afetar a oferta de
um produto. São o preço dos produtos afins, o custo de produção e o
progresso tecnológico.
a) Produtos afins:
Denominam-se produtos afins aqueles que também podem ser
produzidos pela empresa. Por exemplo, uma fábrica especializada em
produzir bolsas pode ter condições de produzir sacolas e chapéus. Esses
últimos, portanto, são produtos afins na produção de bolsa, dados os
recursos para também produzir tais produtos.
Ao considerar fixo o preço de mercado do produto X, a elevação
do preço de um produto afim, Y, estimula a produção desse último. Isso
pode fazer com que o empresário transfira parte de seus trabalhadores
e demais recursos que estavam sendo utilizados para produzir X à
produção de Y. O mesmo raciocínio se faz, porém, de maneira inversa
quando cai o preço do bem que o empresário também pode produzir,
o produto afim.
b) Custo de produção:
O custo de produção é a despesa com a produção e a colocação
do produto no mercado. Para nossos propósitos, podemos simplesmente
entendê-lo como o preço dos insumos que são utilizados na produção.
São exemplos os salários e os preços das matérias-primas. Um aumento
salarial (funcionários da empresa) é um aumento de custo. Em não sendo
possível repassar tal aumento para os preços, haverá uma tendência
a diminuir a produção. Talvez você possa pensar: com o aumento do
custo, o empresário desejará vender mais para receber o mesmo nível
de lucro anterior. Mas, reflita, como ele vai simplesmente vender mais?
O que ele pode fazer para vender mais, ele já o faria antes do aumento
nos custos! O que se deve atentar é que se o preço é o mesmo e o custo
aumentou, o lucro diminuiu. A tendência, portanto, é a de procurar
produzir algo mais vantajoso ou mesmo não se interessar tanto pelo
que produzia. Para consolidar o raciocínio, vamos analisar pelo caso
de uma queda de custos, até um pouco mais intuitivo. Suponha que por
algum motivo extravagante qualquer, os trabalhadores se proponham
a receber apenas 10% do que recebiam mensalmente. O que acontece-
ria com a produção nessa fábrica? O empresário, feliz da vida, estaria

60 CEDERJ
altamente estimulado a produzir mais, pois seus custos diminuíram e,

2
ao preço que está vigorando no mercado, sua taxa de lucro aumentaria.

AULA
Podemos entender custo de produção como sinônimo de dificuldade de
produção. Se o custo aumenta, tudo se passa como se estivesse mais
difícil produzir, assim a oferta tende a diminuir. De modo contrário, se
o custo diminui, vale interpretar como se tivesse mais fácil produzir. Em
sendo fácil, produz-se mais.
c) O progresso tecnológico:
O progresso tecnológico incidente à empresa resulta em um
incremento no seu potencial de produção. Uma nova tecnologia significa
maior eficiência na produção. Em geral, ou produz-se mais ou melhor!
Em consequência, a empresa dispõe de condições para produzir mais.
Isso se traduz no entendimento de que a quantidade ofertada aumenta
a cada preço que possa ter existido antes da nova tecnologia.
Você deve perceber que mudanças na tecnologia reduzem os cus-
tos de produção e/ou inovam o produto. Não há como imaginar uma
tecnologia que venha simplesmente aumentar o custo de produzir, pois
nesse caso, qual empresário estaria interessado em adotá-la? No caso da
inovação de produto com resultados na melhoria do produto, é possível
que resulte em um custo mais elevado, pois se o produto foi beneficiado,
este, em tese, pode ser interpretado como um novo produto, ou seja, um
preço mais elevado pode ocorrer, mas não necessariamente contrariará
o consumidor. Se o produto está melhor, há mais satisfação ou utilidade
ao consumidor; em consequência, pode-se pagar mais.

DESLOCAMENTOS DA CURVA DE OFERTA

Tecnicamente falando, uma curva de oferta é a relação entre o


preço e a quantidade do produto oferecida em um mercado. Essa relação
é positiva, isto é, quanto maior o preço, a tendência será de oferecer cada
vez mais produtos. Por outro lado, uma queda de preço desestimula a
quantidade ofertada. Desse entendimento tem-se, portanto, a curva de
oferta. No gráfico contendo em seus eixos as variáveis preços e quanti-
dades ofertadas, a função é crescente. Isto vimos na Figura 2.7. Vamos
indagar agora, como a posição dessa curva pode se alterar, ou seja, o que
poderia causar um deslocamento da curva de oferta. Há duas maneiras
para o entendimento da resposta:

CEDERJ 61
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

1) O gráfico é uma relação entre quantidades ofertadas e preço.


Logo, as variáveis preços e quantidades são variáveis endógenas. Elas
informam que suas alterações são dadas por dentro do modelo. Os demais
fatores que também podem afetar a quantidade ofertada são variáveis
exógenas, a saber, preços dos bens afins, custo de produção, progresso
tecnológico. A origem da variação destas é dada por fora do modelo.
Isso é o argumento matemático da relação entre variáveis endógenas e
exógenas em um gráfico. Assim, qualquer alteração na variável exógena
altera a posição da curva; qualquer alteração na variável endógena causa
apenas a mudança ao longo da curva, sem alterar a posição da curva.
2) Uma curva de oferta diz que para cada preço há uma quantidade
oferecida no mercado. Isso pressupõe um “meio ambiente econômico”,
tal como um custo de produção, tecnologia, preços de outros produtos,
que acabe resultando naquele nível de oferta. Por exemplo, uma firma
tem um custo de x reais e com uma dada técnica de produção se interessa
em produzir 10 bens ao preço de y reais. Se, por qualquer razão, o custo
de produção diminuir, com o mesmo preço de venda de y, ela poderá
mudar sua quantidade produzida para 15. Isso porque está mais barata a
produção, o que deverá conduzir a um aumento de lucro. Graficamente,
vemos a mudança na posição da curva como ilustra a Figura 2.8.

Figura 2.8: Efeitos de um aumento na oferta.

62 CEDERJ
Suponha que o preço seja $10 e as quantidades, 90 unidades.

2
Considere que um fato exógeno, como a redução dos custos, tenha

AULA
estimulado o aumento da produção. A cada preço possível, o produtor
se dispõe a produzir mais. Ao preço de $10, a produção passa para
110, por exemplo.
Podemos, portanto, estabelecer a seguinte síntese:
Uma alteração na variável exógena que aumenta a oferta causa
um deslocamento da curva de oferta. Esse deslocamento será para fora
(ou para a direita), como se observa na Figura 2.8, do ponto A para
o ponto C. Por outro lado, se a alteração na variável exógena for no
sentido de reprimir a quantidade ofertada, o deslocamento da curva de
oferta será para dentro (ou para a esquerda).
Se houver apenas mudanças nos preços da mercadoria ofertada,
então o deslocamento da curva de oferta não ocorrerá. Será o caso,
sim, de uma mudança ao longo da curva de oferta, isto é, de um par
ordenado (preços e quantidades) da curva de oferta vai-se para um
outro dentro da mesma curva de oferta, como se observa na Figura
2.8 do ponto A para o ponto B.

A ESTABILIDADE DE PREÇOS NO MERCADO

Vimos que o preço é um importante fator tanto para a demanda


como para oferta. Ora, o consumidor gostaria de pagar o menor preço
e o vendedor de receber o maior preço possível. Na negociação entre
os consumidores e vendedores, pode-se determinar qual será o preço
cobrado por um produto. Muitas vezes, a negociação não é direta. Os
consumidores vão ao mercado e têm determinado comportamento (ou
reações) conforme as condições de compra. O mesmo ocorre com os ven-
dedores. Da interação entre esse dois agentes, diríamos uma negociação
indireta ou não explícita, surge o preço que deverá vigorar no mercado
por determinado período. Nos moldes ou modelo com que estamos for-
mulando os comportamentos do consumidor e do vendedor no mercado,
temos as duas funções que os representam respectivamente:

Q d  f(p, Y, ps , pc , pe ...) (3)

Q s  f(p,C, pa , T...) (4)

CEDERJ 63
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

Em um dado instante de tempo em que seja razoável supor que


todas as variáveis, exceto o preço, possam se manter inalteradas, as duas
equações anteriores são reescritas como:

Q d  f(p) (5)

Q s  f(p) (6)

Dadas as equações (5) e (6), façamos algumas suposições sobre


como atua o mercado. Estabelecemos o seguinte princípio:
a) Se o preço que estiver vigorando no mercado, chamado "preço
de mercado", for demasiadamente elevado, será razoável imaginar os
consumidores não querendo mais comprar tudo o que desejariam; ao
passo que os produtores, felizes da vida, estarão estimulados a produzir
bastante, como perspectiva de bons negócios. Nesse caso, portanto, é
de se esperar um mercado com oferta maior do que a procura. Como a
oferta está abundante, há um excesso de oferta. Para reduzir esse exces-
so, o produtor baixa um pouco o preço (por exemplo, uma liquidação).
Com isso, o excesso e o próprio preço caem.
b) Vigorando um preço de mercado relativamente muito baixo,
deve ocorrer o contrário. O consumidor está propenso a comprar muito
e/ou o vendedor desestimulado a oferecer seu produto naquele preço.
Assim, é razoável supor que há um excesso de demanda em relação à
oferta, podendo ocasionar uma falta de produto no mercado. A isso a
teoria chama de escassez de produtos no mercado. Tão intuitivo como
real, quando há uma escassez assim, os preços tendem a se elevar rapi-
damente. Isso porque até mesmo o comprador se propõe a pagar um
preço maior para obter a mercadoria logo.
c) Se por acaso o preço de mercado estiver num nível em que a
quantidade demandada seja exatamente a que os produtores querem
oferecer, então não haverá naquele mercado nem excedente de produtos,
nem escassez, isto é, não haverá razão para o preço diminuir (não há exce-
dente), tampouco para elevar-se (ausência de escassez). Por isso, diremos
que o preço está estável, o que se denomina preço de equilíbrio. Portanto,
dado o preço de mercado, quando a quantidade ofertada ao mercado é
idêntica ao que se quer comprar, temos o chamado preço de equilíbrio.

64 CEDERJ
?

2
AULA
Você sabia?
No plano de combate à
inflação instituído em 1986,
Plano Cruzado, os preços de
todos
todo os produtos foram tabelados.
Isso ocasionou a escassez de vários
produtos no mercado. Uma pesquisa
prod
realizada por consultorias de mercado
constatou que o maior fator de irri-
tação às donas de casa era a falta de
mercadorias nos estabelecimentos.
Para elas, pior do que verificar os
preços altos e crescentes nos códi-
gos de barras dos produtos,
era não encontrá-los nas
prateleiras dos super-
mercados.

A visualização de um gráfico resume facilmente o que acabamos


de entender. A Figura 2.9 apresenta o gráfico com a curva de deman-
da e oferta por um produto dados os possíveis preços. De imediato,
identifica-se o preço de equilíbrio com sendo $3; afinal, a quantidade
ofertada é a mesma que a demandada. Preços acima do preço de equi-
líbrio, digamos $5, implicarão um excedente de oferta. Esse excedente,
entendido como uma sobra de mercadoria, levará o empresário a dimi-
nuir o preço para vender o que sobrou. Assim, o preço e o excedente
de produtos vão diminuindo até que se atinja o preço de equilíbrio.
Agora, imagine o preço sendo $2. Haverá uma escassez de mercado-
ria no mercado. Estarão faltando produtos no mercado. Certamente,
o efeito subsequente será o de elevação no preço. Observe-se que a
escassez vai diminuindo conforme o preço for subindo. Isso por duas
forças: o consumidor, ao constatar o preço em elevação, irá reduzindo
sua intenção de compras; a do vendedor, que, por observar um preço
mais elevado, ficará tentado a ofertar mais.
Acabamos de estabelecer um comportamento para o mercado:
excedente e escassez de produtos movimentam os preços em direção ao

CEDERJ 65
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

que se denomina preço de equilíbrio. Temos, portanto, uma teoria que


prevê uma subida de preços em razão de escassez de produtos dados aos
preços muito baixos; e o contrário, quando houver oferta maior do que
a demanda por produtos no mercado. Será que essa teoria, ilustrada pelo
Quadro 2.3, é adequada para todos os mercados?

Quadro 2.3: Situação de mercado mediante o nível de preços


Preços Situação Problema Tendência Efeito Exemplo
Oferta > De- Oferta
Pm > Pe Excedente Pm Feira livre
manda Demanda
Oferta < De- Oferta
Pm < Pe Escassez Pm Automóveis
manda Demanda
Oferta = De-
Pm = Pe ― ― ― ―
manda

Diremos que, em alguns deles, essa teoria cai muito bem. Em


outros, nem tanto!
Vejamos!
Com sua experiência de consumidor e observador dos mercados
você entenderá facilmente essa questão. Quando um produto falta no
mercado, normalmente a oferta está insuficiente para atender a deman-
da. Nesse caso, o preço deve aumentar, qualquer que seja o mercado.
No mercado de automóveis, como no de eletrônicos, o preço terá uma
tendência a subir; assim, a escassez vai diminuindo, seja porque estimula
os produtores a "tocarem" mais a sua produção, seja porque alguns
consumidores já não estarão tão dispostos a comprarem o que queriam
comprar anteriormente. Isso já comentamos anteriormente. Portanto,
com segurança, você pode dizer que, em escassez de produtos, a tendência
mesmo é de elevação de preços para todos os mercados.
Agora, se o mercado estiver com sobras de produtos, ou seja,
excedente de produção, os preços caem em qualquer que seja o tipo de
mercado? Bem, sobrando alface na feira livre, espera-se que o feirante
baixe o preço; afinal, a mercadoria pode estragar de um dia para o outro
etc., mas se sobrarem automóveis nos pátios das concessionárias, será
que os preços cairão? De forma semelhante, os preços dos perfumes
importados devem cair, se em dado momento a oferta for maior do

66 CEDERJ
que a procura? Certamente não! Para que a oferta abundante resulte

2
em queda de preços, será preciso um grande período de tempo para

AULA
que tal fato ocorra. Os produtores podem estocar o produto com mais
facilidade e por mais tempo do que os produtores de alface e demais
produtos agrícolas. Então, dependendo do produto, nem sempre o
excedente de produtos leva a uma rápida queda de preços. Vai depender
das características do mercado. Questões como estocagem do produto,
perecibilidade, condições da concorrência, entre outros, são fatores que
darão ou não condições para que os preços sejam reduzidos. Portanto,
no mercado industrial, pelo menos, a teoria de que os preços de merca-
do vão em direção ao preço de equilíbrio não é bem verificada. Nesse
mercado, ainda que haja excedente, os preços têm rigidez para cair. Se
faltar produto, o preço tende a subir com facilidade, mas se sobrar, é
muito lenta a queda de preço.
Por outro lado, no mercado de produtos agrícolas, essa teoria
encaixa direitinho com o que observamos no dia a dia. Para se convencer
disso, vá a um grande ou médio supermercado. Observe as prateleiras
dos produtos industrializados e as dos produtos hortifrutigranjeiros.
Verifique, ao longo da semana, em qual dos dois a oscilação de preços
é maior. Sobrando produtos no setor hortifruti, você verificará que os
preços tendem a baixar com mais rapidez do que no dos enlatados.
O que dizer sobre o mercado de ações? E o mercado cambial?
Esses e outros, como o mercado financeiro, seguem o jogo da oferta e da
demanda para determinar os preços. Havendo muita procura, o preço
sobe. Se a posição ofertada for maior, o preço cai.
Nesses mercados, intuir sobre os fatores que podem impulsionar a
oferta e a demanda consiste em estimar as devidas oscilações de preço. Os
agentes desse mercado, como os especuladores, procuram se antecipar às
variações de preços. Procuram, portanto, prever os fatores que movimen-
taram a oferta e/ou a procura para atuarem antes da variação esperada
de preços. Que fatores são esses? Muitos desses são o que acabamos de
estudar: custo de produção, descobertas tecnológicas, concorrência, renda,
preços dos produtos complementares e substitutos. Você acabou de ver,
portanto, onde se aplica com mais frequência o modelo do livre jogo de
oferta e demanda que leva ao preço de equilíbrio. Muitos dos profissionais
desses mercados utilizam tais conceitos no seu dia a dia de trabalho.

CEDERJ 67
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

Preço

Oferta
Pm>Pe Excedente

Pm=Pe Ponto de equilíbrio

Escassez
Pm<Pe
Demanda

qe Quantidade

Figura 2.9: Preços e quantidades em equilíbrio.

Atividade 3
Suponha que o mercado de um determinado produto seja dado pelas seguintes 3

equações:
Q = 1 + 2p
Q = 10 – p
Pede-se:
a) identificar qual das duas equações deve representar a curva de demanda;
b) o preço de mercado que leva ao preço e quantidade de equilíbrio;
c) a situação do mercado, caso o preço de mercado seja $1;
d) a situação do mercado, caso o preço do mercado seja $5;
e) o gráfico que ilustra esse mercado.

68 CEDERJ
2
Respostas Comentadas

AULA
a) a equação q = 10 – p deve representar a demanda, posto que ela gera
uma função em que preços e quantidades se relacionam inversamente, o
que é típico de uma curva de demanda. Por sua vez, a outra equação é a de
oferta, pois nesta a relação é direta, isto é, se o preço aumenta, a quantidade
aumenta, como deve ser a resposta de uma oferta a variações de preços;
b) o preço de equilíbrio é aquele em que a quantidade ofertada é a mesma
que a quantidade demandada. Assim, basta igualar as duas equações, como
se segue:

Qs = Qd
1 + 2p = 10 – p
P=3

Então, p = 3 é o preço no qual a quantidade ofertada iguala-se à demanda-


da. Para achar a quantidade de equilíbrio, basta substituir o valor de 3 em
qualquer uma das duas equações, o que dará o mesmo resultado, dado que
a oferta é igual à demanda naquele preço. Assim sendo, a quantidade de
equilíbrio é 7;
c) substituindo o preço 1 nas duas equações, verifica-se que a oferta será de
3 unidades, enquanto a demanda será de 9 unidades. Assim, haverá uma
escassez de 6 mercadorias nesse mercado. Pela teoria, essa situação deverá
levar a uma elevação de preços até o ponto em que a demanda se igualar à
oferta, isto é , até se atingir o preço e a quantidade de equilíbrio;
d) com o mesmo procedimento anterior, verifica-se que o caso será de um
excedente de 6 unidades. Há, portanto, a tendência de uma queda de preços
para que haja a venda dos produtos que não foram vendidos ao preço de $5.
Essa queda de preços deve ocorrer até o preço de mercado chegar ao preço
que iguala a oferta com a demanda, o preço de equilíbrio;
e ) o gráfico a a seguir ilustra o mercado.

CEDERJ 69
Análise Microeconômica | O mercado e seus fundamentos

Atividade Final
a) Monte um gráfico que ilustre a situação de um mercado de carne bovina após 1 2 3
uma significativa queda no preço da carne de frango. O que deve acontecer
com a demanda por carne vermelha? Qual a alteração esperada sobre o preço e a quantidade
negociada nesse mercado?
b) Distinga um deslocamento da curva de demanda de uma variação ao longo da mesma.
c) No mercado industrial, há uma assimetria entre a velocidade das oscilações de preços nos
casos de excesso de oferta e excesso de demanda. Comente!

Resposta Comentada
a) Como a carne de frango é um bem substituto da carne vermelha, a queda de preço no
primeiro afetará o consumo do segundo. Assim, a curva de demanda de carne vermelha
irá deslocar-se para a esquerda, ou seja, qualquer que seja o preço da carne vermelha, o
fato de redução do preço da carne de frango irá diminuir a compra de carne vermelha por
força da substituição do consumidor em procurar adquirir mais frango, a carne que barateou.

70 CEDERJ
2
b) No caso do deslocamento, trata-se de um exemplo de violação do ceteris paribus. Um dos

AULA
fatores que afetam a demanda, que não seja o preço do próprio produto, ao se alterar, irá des-
locar a curva de demanda. Se houver apenas uma variação no preço do próprio produto que
se está estudando como demanda, a variação será ao longo da própria curva, não havendo o
que se falar de deslocamento da curva.
c) A assertiva quer enfatizar que, dadas as características do mercado industrial, como o alto poder
de estocagem, os preços não caem rapidamente se houver uma superprodução resultante de
excedentes de mercado. Sabemos que, se houver escassez, o preço tende a subir com facilidade,
pois até mesmo o comprador poderá propor pagar mais para obter o bem. Assim, a assimetria
seria a de que, para subir preços, é rápido, mas para baixá-los há uma certa lentidão; portanto,
a velocidade de aumento de preços em caso de escassez é maior do que em situação de
queda de preços, naquele mercado.

RESUMO

Oferta e demanda são as forças que movem as economias de mercado.


Elas determinam, na maior parte, as quantidades dos bens que são colocados
à disposição da população, assim como seu consumo.
Compradores (pelo lado da demanda) e produtores (pelo lado da oferta) reagem
de modo diferente em relação às variações dos preços. Em tese, a quantidade que
uma pessoa demandará de um determinado bem dependerá do seu preço. Isso
significa que, quanto maior o preço de um determinado bem, menor tenderá
a ser a quantidade que cada indivíduo estará disposto a comprar, e vice-versa.
É o que a teoria aborda como Lei da demanda ou curva de demanda.
Analogamente, a quantidade que uma empresa ofertará dependerá do seu
preço. Isso significa que quanto maior o preço de um determinado bem maior
tenderá a ser a quantidade que a empresa estará estimulada a produzir, e
vice-versa. É o que a teoria aborda como Lei da oferta ou curva de oferta.
O mercado é resultado das ações que envolvem seus agentes: os compradores
e produtores. O preço e quantidade negociados em um mercado são
resultados das interações entre os compradores e vendedores. Diversos fatores
também influenciam o mercado. São exemplos a renda do consumidor, os
preços substitutos e complementares existentes, as expectativas de preços,
os custos de produção, a tecnologia, entre outros.

CEDERJ 71
INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na próxima aula, você aprenderá como o preço de equilíbrio se altera em


um mercado. Verificará o efeito de tabelamento de preços em um mercado
que funcione com a oferta e a demanda em equilíbrio. Faremos uma leitura
da economia brasileira quando se instituiu o Plano Cruzado como plano
de combate à inflação através da imposição de tabelamentos de preços
em todos os produtos do mercado brasileiro. Estudaremos o que ocorreu
naquela época com o mercado de carne de boi.
Mudanças de preços no

3
AULA
sistema de mercado
Cleber Ferrer Barbosa

Meta da aula
Apresentar os fatores que podem alterar os preços
e as quantidades de equilíbrio, por intermédio dos
deslocamentos das curvas de oferta e demanda.
objetivos

Esperamos que ao final desta aula, você seja


capaz de:

1 construir e identificar, por meio dos


gráficos, alterações das curvas de oferta e
demanda que resultam em excedente ou
escassez de produtos, antes de o mercado
atingir um novo preço de equilíbrio;

2 identificar os efeitos sobre o preço e as


quantidades de equilíbrio decorrentes
de deslocamentos simultâneos entre as
curvas de oferta e demanda;

3 exemplificar, por meio do gráfico


de oferta e demanda, a hipótese de
tabelamento de preços;

4 identificar a incidência dos impostos nos


preços dos bens sobre os consumidores
e vendedores.
Pré-requisito
Para ter um bom aproveitamento desta aula, é
importante você relembrar a interação entre as for-
ças de oferta e demanda (Aula 2), as quais resul-
tam na determinação de um preço de equilíbrio.
Análise Microeconômica | Mudanças de preços no sistema de mercado

INTRODUÇÃO No noticiário do dia 25 de janeiro de 2010, obtivemos a informação de que


estavam entrando em vigor as mudanças na Lei do Inquilinato (mercado
de aluguéis residenciais e comerciais). A partir desse dia, os inquilinos
(locatários) que atrasassem seus compromissos financeiros junto ao locador
poderiam ser despejados em até 15 dias. Entre-
vistados, vários advogados especialistas no ramo
imobiliário apontaram como efeito da nova regra
uma futura queda no valor do aluguel.
Na Aula 2, observamos que havendo um excesso
de demanda, ou seja, uma escassez de produtos,
o preço vai aumentando até que esse excesso de
demanda seja eliminado. De forma contrária, se o

Figura 3.1: Aluguel de imóveis.


mercado observar um excesso de oferta de produ-
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1124724 /claudia veja tos, que é uma situação de excedente ou sobra de
produtos, o mercado tende a verificar uma queda de preços até o momento
que cesse qualquer situação de excesso. Nos dois casos, o fim do problema da
escassez ou do excedente se dá quando se alcança o preço de equilíbrio.
Na próxima seção, vamos examinar como o preço de equilíbrio modifica-se em
razão de deslocamentos da curva de oferta e demanda. Sabemos que o preço
é uma das variáveis que mais oscila no cotidiano das atividades empresariais;
portanto, vale a pena examinar em detalhe essa temática.

DESLOCAMENTOS DA CURVA DE DEMANDA OU DA OFERTA

Sabemos que vários fatores podem incidir em deslocamentos


das curvas de demanda e oferta. E também que o preço de equilíbrio se
dá no ponto de cruzamento entre essas duas curvas. Assim, qualquer
fator que desloque qualquer uma dessas curvas irá modificar o preço
de equilíbrio, posto que a interseção entre as curvas será alterada.
Vamos ver alguns exemplos:
Exemplo 1:
BEM NORMAL
Considere o mercado de um produto com o seu preço de equilíbrio no
É o bem em que a
variação no consu- ponto A da Figura 3.2. O preço de equilíbrio é R$ 1,00 e a respectiva quan-
mo é diretamente
relacionada com a tidade de equilíbrio, 50 unidades. No caso de não ocorrerem deslocamentos
variação da renda. das curvas, o preço e a quantidade negociados estão estáveis, não havendo
Se a renda aumenta,
o consumo aumen- qualquer razão para sair desses valores. Suponha uma elevação na renda
ta; se diminui, o
consumo reduz-se. dos consumidores. No caso do BEM NORMAL, o aumento de renda implicará

74 CEDERJ
MÓDULO 1
um aumento na quantidade demandada. Então, ao preço de R$ 1,00, a

3
demanda almeja alterar seu consumo de 50 para, digamos, 90 unidades,

AULA
que corresponde ao ponto Ao do gráfico da Figura 3.2, onde D é a curva
de demanda; O é a curva de oferta e D’ é a nova curva de demanda.

Figura 3.2: Efeitos de um deslocamento na curva de demanda.

Aprendendo mais…
Bem inferior é o bem em que a variação no consumo é inversamente relacio-
nada com a variação da renda. Se a renda aumenta, o consumo diminui; se a
renda diminui, o consumo aumenta.

Todavia, a oferta está levando ao mercado apenas 50 unidades,


o que ocasiona uma escassez momentânea de 40 unidades. Essa escas-
sez fará com que, pelo menos, alguns consumidores aceitem pagar um
preço mais elevado para obter o que querem a mais, ao mesmo tempo
em que a oferta tende a aumentar porque, com preço mais elevado, há
estímulo a um aumento na produção. Portanto, a escassez faz com que
o preço suba até o ponto da interseção entre as curvas de oferta e nova
demanda, obtendo-se o novo preço de equilíbrio. Você deve observar que
a quantidade negociada no mercado também aumentou, mas foi menor
do que seria, caso o preço não se alterasse. Isto porque o aumento do
preço de equilíbrio reduziu parte do desejo de mais consumo, porque,
afinal, o preço também subiu.

CEDERJ 75
Análise Microeconômica | Mudanças de preços no sistema de mercado

!
De modo
geral, qualquer altera-
ção de uma variável que leve ao
deslocamento da demanda, no sentido
de expansão do consumo, resulta numa eleva-
ção no preço e na quantidade de equilíbrio. Da
mesma forma que qualquer alteração de uma
variável que leve ao deslocamento da deman-
da, no sentido de redução do consumo,
resulta numa queda no preço e na
quantidade de equilíbrio.

Exemplo 2:
Para sermos justos com a oferta, vamos simular uma situação
exemplificativa de deslocamento da curva de oferta. Suponha, ini-
cialmente, o mercado em uma situação de equilíbrio, como ilustra
o gráfico da Figura 3.3 no ponto A. O preço de uma importante
matéria-prima (insumo) para a produção aumentou, ou seja, o custo
de produção aumentou. O mercado, antes do aumento do insumo,
experimentava o preço de equilíbrio com o par preço e quantidade
de equilíbrio (R$ 1,50; 40 unidades).
Com esse fato novo ao mercado, não mais interessa aos pro-
dutores produzirem 40 unidades ao preço de R$ 1,50. A esse preço,
eles passam a oferecer apenas 18 unidades (possivelmente, estão redi-
recionando parte de seus recursos produtivos para outros mercados).
Então, o mercado começa a observar uma escassez de 22 unidades (40
unidades demandadas, menos as 18 unidades postas à venda). Ora,
dada a escassez, como no exemplo anterior, o preço se elevará, até
atingir um ponto em que a oferta se iguale ao desejo de consumo, o
novo preço de equilíbrio. Esse preço de equilíbrio, R$ 1,60, é aquele
resultante do cruzamento entre a nova curva de oferta, O’, com a
demanda D, que é o ponto B.

76 CEDERJ
MÓDULO 1
3
AULA
Figura 3.3: Efeitos de um deslocamento na curva de oferta.

DESLOCAMENTOS DAS CURVAS DE DEMANDA E DE


OFERTA DE MERCADO

Estudamos para onde deve ir o preço de equilíbrio quando


ocorrer um deslocamento na curva de demanda ou quando ocorrer
um deslocamento na curva de oferta. A questão agora a saber é: o
que poderemos dizer sobre o preço e a quantidade de equilíbrio se
houver uma mudança simultânea (não mais isolada) com as duas
curvas? Nesse caso, será possível responder com a máxima: “Tudo
pode acontecer, inclusive, nada.”
A rigor, veremos que o preço pode
Svilen Milev

aumentar, abaixar ou permanecer o mesmo.


Com a quantidade de equilíbrio pode aconte-
cer o mesmo. Mais especificamente falando,
concluiremos que se um deles, o preço ou a
quantidade, não sofrer alteração, o outro terá
que variar de alguma maneira. O exemplo a
seguir ilustra o cenário econômico atual e nos
auxilia a entender essa questão.
Vamos ilustrar graficamente as razões Figura 3.4: Queda no valor do aluguel.
pelas quais os especialistas do ramo imobiliário Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1083586

afirmam que o valor do aluguel cairá.

CEDERJ 77
Análise Microeconômica | Mudanças de preços no sistema de mercado

Considerando-se que há demora em retirar da casa alugada o


inquilino mau pagador das suas obrigações, muitos proprietários prefe-
rem manter seus imóveis vazios. Com a nova redação da lei, pode haver
uma confiança de que o negócio de aluguel melhorou. Os proprietários e
outros agentes acabam investindo nesse mercado, aumentando a oferta
de casas para alugar. A curva de oferta de imóveis para alugar desloca
no sentido de uma expansão, o que resulta em uma queda de preço do
aluguel.

Figura 3.5: Deslocamento da curva de oferta de imóveis residenciais para locação.

Vamos estudar agora o que nos permitirá modelar essa previsão


e tantas outras que se fazem no dia a dia de mudança nas condições de
oferta e demanda de um mercado.

PROGRESSO TECNOLÓGICO E CRESCIMENTO POPULACIONAL

No Brasil, cada vez mais e em menor espaço de tempo, novas


tecnologias têm surgido para diversificar e ampliar a produção, ao passo
que a população também tem aumentado.
Para um determinado mercado, quais seriam os possíveis efeitos
resultantes desses dois fatores?
O preço e as quantidades negociadas têm aumentado ou diminuído
ao longo dos anos?
Para responder a essas perguntas, recorremos ao nosso "ferramental"
microeconômico: o modelo de equilíbrio de mercado.

78 CEDERJ
MÓDULO 1
Se há novas tecnologias, estaremos tratando de analisar mudanças na

3
curva de oferta, deslocamento para baixo (ou para a sua direita), uma vez

AULA
que mais tecnologia implica maior intensidade de produção e/ou menores
custos. Dizemos "menores custos", posto que muitas tecnologias são para
baratear os custos de produção. Quanto ao aumento no contingente popu-
lacional, a referência é a curva de demanda. Devemos observar que uma
população mais numerosa significa mais consumidores no mercado. Logo,
a análise gráfica é de um deslocamento para cima (ou para a sua direita) da
curva de demanda. Atente aqui para o fato de que tudo se passa como se
estivéssemos incorporando a variável População como elemento de impacto
à demanda, ou seja, a função de demanda seria representada por:

Qd = f (p, Y, ps, pc, Pop,…),


onde:
Qd => quantidade demandada;
p => preço do bem;
Y => renda dos consumidores;
ps => preço dos bens substitutos;
pc =>preço dos bens complementares;
Pop => população de consumidores.

Da tecnologia, presume-se que o produto vai baratear com o tempo,


pois a produção está aumentando, certamente, a custos decrescentes. Então,
tecnologia é indicação de preços baixos. O aumento do número de consumi-
dores constitui fator para elevar o preço, pois há mais pessoas comprando.
Do que ocorreu de novas tecnologias concomitantemente ao
aumento populacional, concluímos que no mercado ocorreram duas
forças que se confrontam: uma tendendo a baixar o preço e a outra
com efeito contrário, tendendo a aumentá-lo. Para onde, afinal, vai
o preço? Ele aumentará por conta do crescimento de consumidores
ou irá abaixar por conta da tecnologia?
Fácil deduzir: a resultante à direção de variação das variáveis preços
e quantidades será dada pelo fator de maior intensidade sobre elas.
Se a tecnologia adquirida for muito significativa, enquanto o cres-
cimento populacional apenas modesto, imagina-se que o preço deve cair.
Se, pelo contrário, a tecnologia adquirida não for muito significativa, o
preço deve aumentar. Por último, se as forças forem iguais, o preço deve

CEDERJ 79
Análise Microeconômica | Mudanças de preços no sistema de mercado

permanecer o mesmo. Vamos examinar graficamente as três possibilidades.


Representaremos o "tamanho" da força modificadora das curvas pela
distância de deslocamentos de cada uma delas. Vejamos os três casos:
Situação 1:
Grande mudança tecnológica com pouco crescimento populacional.

Figura 3.6: Maior deslocamento da curva de oferta.


Michal Ufniak

Inicialmente, o mercado apresentava o ponto A


(pe, Qe). Como a tecnologia foi bem mais forte no mer-
cado, o ponto de equilíbrio passou para o ponto B (pe’,
Qe’), ou seja, o preço de equilíbrio caiu, a quantidade
de equilíbrio aumentou. Certamente, poderíamos ima-
ginar no mercado de telefones celulares algo semelhante
a isso. Pelos anos 1990 do século passado, o celular era
vendido com preços “salgados”, restringindo, assim, a
demanda. Com o surgimento de novas tecnologias, o
mercado pôde observar um preço bem mais reduzido,
ao passo que os países tiveram uma elevação na renda,
dadas as estatísticas que apontam por um aumento no
Figura 3.7: Com o marcante progresso
tecnológico no setor de telefonia móvel, poder aquisitivo da população.
o preço do celular caiu.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1225931

80 CEDERJ
MÓDULO 1
Situação 2:

3
Crescimento populacional significativo com baixo progresso

AULA
tecnológico.
Dado o entendimento da Situação 1, fácil fica entender que,
neste caso, o deslocamento da curva de demanda deve ser mais
impactante ao mercado. O gráfico da Figura 3.8 a seguir evidencia o
resultado que é o de uma quantidade maior e também de um maior
preço de equilíbrio.

Figura 3.8: Maior deslocamento da curva de demanda.

Situação 3:
Mudança tecnológica e crescimento populacional com desloca-
mentos equiproporcionais nas curvas de oferta e demanda.

Os efeitos de igual magnitude, ainda que sejam menos frequen-


tes de ocorrer, não podem ser descartados, resultando em nenhuma
alteração do preço. Basta, para isso, que as respectivas curvas tenham
deslocamentos de mesma magnitude, nos quais, os efeitos contrários de
cada uma delas sejam igualmente proporcional, de forma que não alte-
rem o preço de equilíbrio. O gráfico na Figura 3.9 ilustra a situação.

CEDERJ 81
Análise Microeconômica | Mudanças de preços no sistema de mercado

Figura 3.9: Deslocamentos igualmente proporcionais entre as curvas de oferta e


demanda.

Atividade 1
1

Construa um gráfico de oferta e demanda em equilíbrio. Admita a realização de um


progresso tecnológico favorável à produção do bem pertencente a esse mercado, ao
mesmo tempo de um aumento na renda da população. É possível que o mercado
continue negociando o mesmo volume de produção, isto é, que não haja alteração na
nova quantidade de equilíbrio? Mostre sua resposta com o auxílio gráfico.

82 CEDERJ
MÓDULO 1
3
Resposta Comentada

AULA
Sim, é possível que o mercado continue negociando o mesmo volume de
produção. Para tal, os deslocamentos das curvas devem ser tais que haja uma
alteração no preço de equilíbrio com o mesmo nível de vendas, conforme
ilustração gráfica a seguir:

Atividade 2
2

Em uma pequena cidade, 80% de seus moradores em atividade trabalham na única


empresa que produz e vende biscoitos para a região. Por determinação legal, os salá-
rios de todos os trabalhadores da cidade foram aumentados. Ilustre graficamente um
resultado possível dessa situação no mercado de biscoitos.

CEDERJ 83
Análise Microeconômica | Mudanças de preços no sistema de mercado

Resposta Comentada
Nesse caso, o aumento dos salários tem um duplo efeito. De um lado, indicará
aumento de renda da população. Por outro lado, representará um aumento
nos custos de produção. Assim, as forças são no sentido de deslocamento
para cima da curva de demanda (aumento de renda), e deslocamento da
curva de oferta para cima (aumento dos custos salariais). Para sermos precisos
na resposta, teríamos que advertir acerca de três respostas possíveis sobre a
variação na quantidade de equilíbrio.
Sobre o preço de equilíbrio, a resposta é única: ele subirá. Isto porque os
deslocamentos da oferta e procura são no sentido de aumento de preços. A
questão a ser investigada recai sobre o que acontece com o volume de vendas.
Aumento de renda é elemento para expandir as vendas, mas o aumento de
custos restringe a produção. Portanto, precisaríamos saber onde o aumento do
salário foi mais impactante. A seguir, ilustramos as três situações.

a) O maior impacto do aumento de salários para a renda da população;

De A para B, a mudança do preço e das quantidades de equilíbrio.

84 CEDERJ
MÓDULO 1
3
b) O aumento de salários como maior efeito para os custos de produção;

AULA
De A para B, a mudança do preço e das quantidades de equilíbrio.
c) Impactos semelhantes sobre as curvas de oferta e demanda no que tange
ao efeito nas vendas.

De A para B, a mudança do reço e das quantidades de equilíbrio.

INTERVENÇÃO DO GOVERNO NO MERCADO

Intervenção é o ato em que se impõe algo, sem o qual nenhum dos


agentes envolvidos o faria por ação livre e própria. Assim, a intervenção
governamental no mercado é a situação em que o governo impõe uma
medida no mercado quando os agentes, por si só, não a executariam.
Vamos estudar, a seguir, o efeito de duas intervenções no mercado: o
tabelamento de preços e a instituição de impostos.

CEDERJ 85
Análise Microeconômica | Mudanças de preços no sistema de mercado

?
Formas de
intervenção econômica
O governo intervém na economia de
várias formas. Vejamos algumas delas:
O governo lança mão de impostos e subsídios para, a par-
tir dos efeitos que causam nos preços, incentivar ou reprimir a
demanda. Por exemplo, ao elevar os impostos incidentes sobre bebi-
d
das alcoólicas, tende a reduzir seu consumo, pois imposto mais elevado
tende a aumentar preços.
Ou
Outra forma de intervir é quando o governo compra produtos nos próprios
merc
mercados. Exemplo: Na década de 1930, em que houve grande depressão eco-
nôm
nômica, o governo de Getúlio Vargas comprou café dos produtores nacionais
para evitar o aprofundamento da crise instalada na época.
As agências reguladoras de mercado, como a Agência Nacional de Telecomu-
nicações (Anatel), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Agência Nacional de Águas
(ANA) e outras, são uma outra forma de intervenção governamental.
A Anatel regulamenta o período de reajuste de tarifas da telefonia;
a Aneel regula o setor de energia elétrica; a Anvisa cuida do
setor de saúde, como planos de saúde, remédios etc.; a
ANA é a Agência Nacional de Águas, cuidan-
do da regulação nesse setor.

Todas essas agências federais reguladoras possuem portais eletrônicos bem estruturados,
com muitas informações. Vale a pena visitá-los e conhecê-los:
Agência e endereço Lei e ano de criação Mercados
Antaq – Agência Nacional de Transpor-
te Aquaviário 10.233/01 Portuário
www.antaq.gov.br
ANTT – Agência Nacional para Trans-
porte Terrestre 10.233/01 Ferroviário e rodoviário
www.antt.gov.br
ANA – Agência Nacional de Águas
9.984/00 Meio ambiente
www.ana.gov.br/
ANS – Agência Nacional de Saúde
Suplementar 9.961/00 Saúde
www.ans.gov.br
Anvisa – Agência Nacional de Vigilân-
cia Sanitária 9.782/99 Saúde
www.anvisa.gov.br
ANP – Agência Nacional de Petróleo
9.478/97 Petróleo e gás natural
www.anp.gov.br
Anatel – Agência Nacional de Teleco-
municações 9.472/97 Telecomunicações
www.anatel.gov.br
Aneel – Agência Nacional de Energia
Elétrica 9.427/96 Energia
www.aneel.gov.br

86 CEDERJ
MÓDULO 1
Outro tipo de intervenção é a Defesa da Concorrência. É a inter-

3
venção do governo contra a prática de exploração abusiva de grandes

AULA
empresas contra o mercado. A prática de CARTEL, a prática de venda CARTEL
casada (a vinculação da venda de um produto com a venda de outro) e É a conduta ilícita
entre empresas de
a análise de casos em que uma grande empresa venha a comprar outra um mesmo ramo de
negócios de combi-
concorrente (fusões) são objetos de investigação por agências do gover- nar ações visando
no, a saber, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), à dominação de
mercados, preferen-
a Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) e a Secretaria de cialmente através de
acordo sobre preços
Direito Econômico (SDE). ou divisão de mer-
cados. Desta forma,
o consumidor fica
O TABELAMENTO DE PREÇOS sem alternativa de
escolha de menor
preço. Na legislação
Até o passado recente, uma boa parte dos economistas defendia brasileira, a Lei
8.884/94, denomi-
a política de tabelamento de preços como instrumento de combate à nada Lei Antitruste,
inflação. O raciocínio era simples. O governo impunha um preço para prevê punições às
empresas carteli-
o produto, o qual seria o valor máximo legal a ser pago. zadas.

A intenção do tabelamento passava por um raciocínio básico,


do tipo: “se inflação é aumento contínuo de preços, se todos os preços
fossem tabelados, não haveria como os preços subirem”.
Apesar de, teoricamente, isso ser verdadeiro, na prática o tabe-
lamento não funciona. E não funciona porque existem preços que não
podem ser tabeláveis.
Por exemplo, se o preço de uma dúzia de laranjas for tabelado em
R$ 2,00, todos os tipos de laranjas, pequenas, graúdas, das mais variadas
espécies e sabores, não poderão ser vendidas acima deste valor. Com o
passar do tempo, alguns problemas certamente ocorrerão. As diferenças
de qualidade e aparência tornariam injusto nivelá-las por um mesmo
preço. Além disso, em período de entressafra, isto é, nos meses em que
a colheita é bastante baixa por conta das condições climáticas, a oferta
de laranja diminui. Se durante o preço tabelado ocorrer uma escassez de
laranja, o preço tenderá a subir, até mesmo por ação do comprador.
Outro ponto a considerar recai sobre produtos cuja possibilidade
de adulteração é alta. Dado um tabelamento sobre o suco de laranja,
quando o comerciante se sentir prejudicado com o que recebe, pode
colocar um pouco mais de água no suco.
Observe que uma dada quantidade de suco, diluída em mais água,
pode proporcionar o mesmo lucro de um suco com preço mais elevado.

CEDERJ 87
Análise Microeconômica | Mudanças de preços no sistema de mercado

Agata Urbaniak
Como os fiscais do tabelamento irão identificar o suco com
mais água? Produtos industriais também podem ser objeto
de burla ao tabelamento. Um sapato de couro pode passar
a ter um pouco menos de couro ou o couro utilizado pode
ser substituído por outro de uma qualidade inferior.
O empresário almejando um preço maior, mas
não impedido por força do tabelamento, pode recorrer a
esses e outros artifícios pouco recomendados do ponto de
vista ético.
Por conseguinte, podemos listar produtos que seriam
difíceis para o controle de preços, como os produtos agríco-
Figura 3.10: O tabelamento gera difi- las, assim como boa parte de produtos industriais. Serviços
culdades na fiscalização dos tipos e
tamanhos de certos produtos, como
como condomínios, consultas médicas e bens importados
suco de laranja, por exemplo. são exemplos de produtos cujo tabelamento está fadado
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1222123
ao fracasso.
No momento, nosso interesse é o de compreender os efeitos do
tabelamento de preços à luz do modelo de mercado com preços de equi-
líbrio. Para tal, vamos nos remeter a um período recente da economia
brasileira, o Plano Cruzado. Esse foi um dos planos de maior repercussão
para os brasileiros. Tendo como objetivo eliminar a inflação, o Plano
Cruzado, instituído em 1986, utilizou a ousada política de tabelamento
de preços em todos os produtos. A proposta era a de que tabelando-se
todos os produtos, não haveria como seus preços subirem. Todavia, por
mais que tenha gerado grande apelo e aceitação popular, já nos primeiros
meses de sua implantação, a população enfrentou crescentes problemas
de desabastecimento de produtos, perda de qualidade nos bens etc.
O produto de maior destaque na mídia como fruto da insatisfa-
ção dos consumidores com o tabelamento foi a carne bovina. Vamos,
portanto, retratar o caso da carne bovina com a política de tabelamento
de preços realizada com o Plano Cruzado.
Os problemas evidenciados foram a falta da carne no mercado, a
demanda crescente pelo produto, a consequente importação de carne e
O Á G I O é o valor preços com Á G I O . Para fins de ilustração, é importante assinalar o sucesso
que se paga a mais
do que o preço que do Plano Cruzado nos seus primeiros meses de implantação. Antes do
está estipulado. plano, a inflação alcançava taxas mensais superiores a 10%, o que era
muito elevado. Com o tabelamento, em um só instante, a inflação baixou
para algo em torno de zero.

88 CEDERJ
MÓDULO 1
No primeiro mês, apontou-se leve deflação, isto é, taxa de

3
crescimento negativo de preços. Alguns preços diminuíram depois do

AULA
tabelamento. Assim, as pessoas ficaram satisfeitas com a economia do
país, pois poderiam planejar os seus gastos com maior exatidão com os
preços praticamente constantes. Isso levou a uma euforia no consumo.
As pessoas sentiram o poder de compra da moeda em um ambiente
de estabilidade de preços. Aumentou-se a frequência em restaurantes,
shoppings etc. Todavia, já nos três primeiros meses, começou-se a per-
ceber a falta de algumas mercadorias na prateleira dos supermercados.
De que adiantavam os preços estáveis, sem que se pudessem comprar os
produtos por não encontrá-los? As donas de casa começaram a reclamar
cada vez mais. Entre os produtos de grande queixa, a carne bovina.
Os pecuaristas diminuíram a entrega de carne

Fred Fokkelman
aos frigoríficos, argumentando que os preços
tabelados estavam muito abaixo do que seria
razoável para que houvesse lucratividade no
setor. Talvez o tabelamento tivesse sido mesmo
executado com o preço da carne muito baixo. As
empresas tinham seu período de reajustamento
de preços, conforme iam observando a evolu-
ção de seus custos e lucros. Na época, algumas
podiam reajustar seus preços quinzenalmente, Figura 3.11: Carne bovina foi um dos itens mais afe-
tados no tabelamento de preços do Plano Cruzado,
outras, semanalmente etc. Vale dizer, o tabela- em 1986.
mento de preços foi uma medida-surpresa. Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1251894

No dia 28 de fevereiro de 1986 após as 18h, o governo foi à tele-


visão anunciar o tabelamento para todos os bens. Todos os vendedores
e produtores deveriam respeitar dali em diante os preços praticados
naquele dia. Com efeito, o tabelamento atingiu alguns produtores que
haviam acabado de remarcar seus preços e outros que os remarcariam
nos dias seguintes. Os que haviam acabado de remarcar, em tese, não
teriam problema agora e aqueles que estavam naquele momento necessi-
tando alterar seus preços foram atingidos negativamente (pegos de “calça
curta”) pelo tabelamento. Talvez tenha sido o caso da carne bovina, pois
foi um dos primeiros produtos a apresentar o problema de baixa oferta,
de desabastecimento.
Os efeitos da oferta insuficiente de carne bovina ao mercado consu-
midor, além das enormes filas nas portas dos açougues e supermercados,

CEDERJ 89
Análise Microeconômica | Mudanças de preços no sistema de mercado

geraram outro problema. Apesar do tabelamento do preço, em muitos


açougues, a carne bovina era vendida a um preço superior, isto é, era
vendida com ágio. Com o passar do tempo, o desabastecimento de carne
bovina aumentou e com isso o valor do ágio também. Houve sugestão
de que se importasse carne bovina para suprir a falta no mercado.
Antes de iniciar a ilustração gráfica, vale observar uma forma
diferente da que aprendemos, para compreender o que é uma curva de
demanda.
Suponha a Tabela 3.1 de uma curva de demanda dada por:

Tabela 3.1: Valores para a construção de uma curva de demanda

Preços $ 10 12 15 19 23 30

Quantidade 50 42 38 20 8 0

Dessa tabela, pode-se construir uma curva de demanda, uma vez


que preço e quantidade estão variando de forma inversa. Essa curva de
demanda nos faz entender o seguinte: se o preço for R$ 10, o mercado
consumidor estará disposto a comprar no máximo 50 produtos. Se R$
12, poderá adquirir 42 unidades, não mais que isso.
Se R$ 15, a demanda não será maior do que 38 unidades, e assim
por diante, isto é, cada par de preço e quantidade nos permite entender
o máximo que o consumidor estaria propenso a pagar para obter a
quantidade de produto informada.
Agora estamos prontos para ilustrar o que aconteceu com o mer-
cado de carnes durante os primeiros meses do Plano Cruzado. Nossas
etapas e informações técnicas são:
a) tabelamento de preços, que resultou em falta da carne bovina
no mercado;
b) pecuaristas reclamando de que, com o preço tabelado, não havia
como produzir mais carne, o que gerou filas nos açougues;
c) proposta de importação de carne;
d) preço da carne com ágio;
e) aumento da demanda, devido à euforia de consumo;
f) aumento do ágio.

90 CEDERJ
MÓDULO 1
Ilustrando graficamente cada etapa, inserindo alguns valores

3
exemplificativos para os preços e demanda, temos:

AULA
a) Se houve um tabelamento de preços que prontamente resultou
em falta do produto, a presunção é de que o preço fixado tenha
sido abaixo do preço de mercado. O preço tabelado seria,
digamos, R$ 1,3, enquanto o preço ideal para não ocorrer pro-
blemas nesse mercado seria o preço de equilíbrio (R$ 1,8).

Figura 3.12: Preço tabelado da carne no Plano Cruzado.

b) A dimensão da fila de consumidores pelo produto será dada


pela diferença entre a quantidade demandada e a oferta daquele
preço, isto é, pelo segmento BC, ou seja, de 22kg (40 – 18).
Observe no gráfico da Figura 3.13.
c) Se os produtores não oferecem carne em quantidade suficiente
ao preço tabelado, a saída pode ser a importação. A necessidade
de importação seria também de 22kg, correspondendo ao que
falta no mercado brasileiro.
d) O ágio, conforme vimos, é o valor que se paga a mais do que
o preço que está estipulado. Para haver ágio, é preciso que o
consumidor esteja disposto a pagá-lo. Normalmente, paga o
ágio aquele que não conseguiu o produto com o preço tabelado,
isto é, as pessoas que estão na fila com a possibilidade de não
conseguir o produto. Do ponto de vista do agente que quer

CEDERJ 91
Análise Microeconômica | Mudanças de preços no sistema de mercado

estabelecer o maior ágio possível, o ágio ideal será calculado


procurando saber qual seria o preço máximo que se pagaria
para adquirir o produto ofertado. Suponha o gráfico da Figu-
ra 3.13 como a oferta de um açougueiro. Ao preço tabelado,
ele recebeu 18kg de carne do pecuarista. Se antes de abrir o
seu estabelecimento ele dispusesse dos dados, descobriria que
para os 18kg de carne que possui, ele poderia cobrar R$ 2,
isto é, pela leitura da curva de demanda, o grupo de clientes
de seu açougue ao preço de R$ 2 acabaria comprando todo o
seu estoque. Então, o preço com ágio seria R$ 2. O ágio seria
a diferença entre o preço não oficial, que está sendo R$ 2, e o
preço tabelado oficial, R$ 1,3. Portanto, o ágio ideal para o
açougueiro burlador seria R$ 0,7 por quilo.

Figura 3.13: O ágio em situação de preço tabelado.

e) As pessoas, imaginando ser o fim da inflação, passaram a


consumir mais e, com isso, houve uma euforia de consumo.
Como as pessoas resolveram comprar mais por conta do
otimismo, graficamente tudo se passa como um deslocamento
para a direita (ou para cima) na curva de de manda, como se

92 CEDERJ
MÓDULO 1
observa com a nova curva de demanda D’ no gráfico a seguir.

3
Ao preço tabelado, a demanda aumentou do ponto B para o

AULA
ponto F, conforme ilustra o gráfico da Figura 3.14.

Figura 3.14: Deslocamento da curva de demanda e aumento no ágio.

f) Como a demanda passou a ser representada pela curva D’,


a escassez de carne aumentou para 32kg (50 – 18). O ágio
máximo que poderia ser cobrado seria dado pela diferença
entre os preços R$ 2,2 e R$ 1,3, o que dá R$ 0,9 por quilo,
conforme ilustra o gráfico da Figura 3.14.

O que acabamos de estudar sobre o mercado das carnes nos


permite verificar que podemos ilustrar várias passagens da econo-
mia com o que aprendemos em microeconomia, no que se refere à
situação de mercado.

CEDERJ 93
Análise Microeconômica | Mudanças de preços no sistema de mercado

Atividade 3
3

Imagine que, em um determinado país, as autoridades econômicas determinem um


preço tabelado que seria acima do preço de equilíbrio nesse mercado. Mostre grafi-
camente os possíveis efeitos dessa ação.

Resposta Comentada

94 CEDERJ
MÓDULO 1
3
O preço tabelado (ptab) está acima do preço de equilíbrio (pe). Nesse ponto,

AULA
portanto, deverá ocorrer um excedente de produtos no mercado, cujo volu-
me do excedente será dado pela distância entre os pontos B e A, ou seja, a
demanda será menor do que a oferta de produtos colocados no mercado. Tal
excedente é fator de propensão à queda de preços até o preço de equilíbrio, em
que se atingirá o ponto E. Isso, por iniciativa dos próprios ofertadores, posto que
não estejam vendendo tudo que levaram ao mercado. Em geral, o tabelamento
de preços é situação de norma governamental, cuja restrição é de que os preços
não possam subir acima do valor estabelecido, mas não se proíbe que possam
vigorar preços abaixo do tabelado. Assim, tal tabelamento é inócuo.

OS IMPOSTOS NO MERCADO DE PREÇOS E QUANTIDADE


EM EQUILÍBRIO

Os impostos podem ser classificados como diretos ou indiretos.


São diretos quando atingem diretamente a renda ou patrimônio dos
indivíduos, como o imposto de renda. São indiretos quando a renda
só é afetada indiretamente, ou seja, quando o indivíduo realiza um
ato econômico ou consumo tendo associado ao objeto do negócio a
imposição de um imposto. São exemplos: o Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) e o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias
e Serviços (ICMS).
No interesse do estudo dos impostos sobre o preço de equilíbrio
nos mercados, vamos tratar aqui dos impostos indiretos. Esses podem
ser divididos em impostos específicos e ad valorem (sobre o valor).
Os primeiros, impostos específicos, são determinados em unidades
monetárias de imposto, quando se compra um produto. Por exemplo,
se o governo institui que, de cada mercadoria vendida, serão recolhidos
dois reais referentes ao imposto, então o imposto específico é no valor de
dois reais, independente de qual seja o valor de venda da mercadoria.
O imposto ad valorem é um imposto em que se determina uma
taxa acerca do preço praticado no mercado. Quando a conta de luz
informa que 17% são de impostos sobre o consumo da quantidade de
KWZ, então o imposto é ad valorem. A taxa é de 17%. Assim, quanto
maior o valor a ser pago pelo que se consome, maior será o valor pago
como imposto.

CEDERJ 95
Análise Microeconômica | Mudanças de preços no sistema de mercado

A INCIDÊNCIA DOS IMPOSTOS SOBRE OS PREÇOS DE


MERCADO

O primeiro fenômeno a se constatar quando há o lançamento


de um imposto sobre o preço de um produto é que haverá dois tipos
de preços: um é o preço de mercado; o outro consiste no preço que
o produtor efetivamente recebe como fruto de sua atividade. Afinal,
quando se compra o produto, parte do preço contém o imposto. O
imposto vai para o governo e o restante é o valor que o produtor
recebe. Portanto, temos:
a) 1º caso: imposto específico com t u.m.
pm – t = pp

Onde:
• pm é o preço de mercado;
• t representa a quantidade de unidades monetárias, que é o
próprio imposto específico;
• pp é o preço que o produtor efetivamente recebe com a
venda.

Exemplo:
Se o preço de mercado (pm) é R$ 10 e há um imposto específico
de R$ 2, o valor recebido pelo produtor para a mercadoria por ele
vendida é R$ 8.

b) 2º caso: imposto ad valorem

No Brasil, poucos são os casos em que há impostos específicos.


Em sua maioria, os impostos são do tipo ad valorem. Se o imposto é do
tipo ad valorem, há certa alíquota (percentual) que é aplicada sobre o
valor de venda. Assim,
pm – t pm = pp

pm (1 – t ) = pp

pp
pm 
(1  t )

96 CEDERJ
MÓDULO 1
Onde:

3
• pm é o preço de mercado;

AULA
• t representa a quantidade de unidades monetárias que compõe
o imposto ad valorem;
• pp é o valor que o produtor efetivamente recebe com a venda.

Exemplo:
Em um produto incide um imposto ad valorem de 10%. Se vendido
por R$ 100, a alíquota é 0,1, o valor recebido pelo produtor será R$ 90.
O governo arrecadará R$ 10 com cada mercadoria vendida. Se o preço
de mercado passar para R$ 150, o governo arrecadará R$ 15, ou seja,
ao contrário do imposto específico, a arrecadação com cada mercadoria
aumenta quando o imposto é ad valorem.
A nossa indagação consiste em saber o efeito sobre o preço e a
quantidade de equilíbrio quando o governo institui um imposto indi-
reto. Além disso, ao se cobrar um imposto na venda de um produto,
quem verdadeiramente paga pelo imposto, isto é, arca com o ônus dessa
tributação?
Vamos analisar essa questão, em que você poderá observar que
nem sempre o preço final do produto aumenta de todo o valor do imposto
cobrado. E pode ser até que o preço não se altere com a instituição de
um imposto sobre o produto.

INCIDÊNCIA DO IMPOSTO

Em geral, consumidor e produtor pagam pelo imposto que o gover-


no lança no produto. A proporção do imposto paga pelo consumidor,
como também a que é paga pelo produtor, é denominada incidência do
imposto, isto é, o ônus do imposto deve ser ou do consumidor ou do
produtor ou de ambos. Isto porque o imposto tende a aumentar o preço
do produto no mercado, como também diminuir as vendas. Portanto, no
primeiro caso, estamos falando de ônus para o consumidor, posto que
tenha um preço mais elevado para pagar; no segundo caso, o produtor é
afetado por uma queda nas vendas, o que vem a ser um ônus. Portanto,
o imposto não agrada nem ao consumidor, nem ao produtor. Tecnica-
mente, dizemos que o ônus do imposto, em geral, recai para ambos os
agentes econômicos.

CEDERJ 97
Análise Microeconômica | Mudanças de preços no sistema de mercado

Pawel Kryj
Vamos fazer uma suposição sobre a
parcela do imposto paga pelo consumidor e
pelo produtor. Suponha que um produto seja
de extrema necessidade para o consumidor,
e que ele precise de certa quantidade desse
produto, sem que possa abrir mão dele (por
exemplo, a situação de alguém que necessite de
um remédio). A colocação de um imposto para

Figura 3.15: O remédio é um produto de extrema


a medicação fará com que este seja totalmente
necessidade para o consumidor. repassado para o consumidor. Afinal, ele está
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1111305
disposto a pagar qualquer preço para não dei-
xar de ter o produto. Por isso, basta o vendedor repassar o imposto, que
não haverá alteração na quantidade vendida antes do imposto.
De modo inverso, suponha que o produtor tenha que vender sua
produção de qualquer maneira, sob pena de perecer totalmente. A colo-
cação de um imposto fará com que o produtor absorva todo o custo, pois
se repassar o imposto, o preço aumentará, o que implicará em queda nas
vendas, perdendo todo o valor do que produziu e não vendeu.
Portanto, a incidência do imposto vai depender da barganha entre
comprador e vendedor. Em tese, quem precisar mais do produto, seja
para comprar, seja para vender, deverá arcar com a maior incidência
do imposto.
Vamos fazer um exercício numérico para melhorar nosso enten-
dimento:
Suponha que, em um mercado sem imposto, a curva de oferta e
demanda seja dada por:
Q = –100 + 30p
Q = 300 – 20p

Para encontrar o preço de equilíbrio, basta igualar as curvas de


oferta e demanda, conforme a seguir:
–100 + 30p = 300 – 20p
pe = 8

98 CEDERJ
MÓDULO 1
A quantidade de equilíbrio é determinada atribuindo-se o preço

3
de equilíbrio em qualquer uma das equações de demanda ou oferta:

AULA
Q = –100 + 30 (8)
ou
Q = 300 – 20 (8)

O que leva à quantidade de equilíbrio (qe) = 140.


Admita que o governo institua um imposto específico de dois
reais (t = 2) para o preço desse produto. Assim, o preço que o produtor
irá receber por unidade vendida será o preço de mercado menos os dois
reais de imposto, ou seja:
Pp = pm – t
Pp = pm –2

Como o produtor oferta seu produto com base no preço que


efetivamente recebe, a curva de oferta é dada por:
Q = f (pp)
Q = f (pm – t)

Q = –100 + 30 (p – 2)
Q = –160 + 30 p

Para determinar o preço de equilíbrio de mercado com o imposto,


devemos igualar a nova curva de oferta com a curva de demanda.
Qs = Qd

–160 + 30p = 300 – 20p


p= 9,2
A quantidade de equilíbrio então será:

Q = 300 – 20 (9,2)
Q = 116

Assim, a colocação do imposto levou o mercado a negociar 116


unidades ao preço de R$ 9,2. Antes, o preço era R$ 8, ou seja, o imposto
de dois reais encareceu o preço em R$ 1,2. Logo, o consumidor teve que
arcar com R$ 1,2 do imposto de valor R$ 2.

CEDERJ 99
Análise Microeconômica | Mudanças de preços no sistema de mercado

Por outro lado, se o preço de mercado é R$ 9,2 e desse valor R$ 2


são impostos que vão para o governo, então o produtor estará efetivamen-
te recebendo R$ 7,2 (pp). Observe que esse preço recebido pelo produtor
é R$ 0,8 menos do que recebia quando não havia imposto.
Estamos, portanto, falando de incidência do imposto para o con-
sumidor e para o produtor. O consumidor arca com R$ 1,2 e, por sua
vez, o produtor arca com R$ 0,8. A incidência do imposto do produtor e
do consumidor pode ser identificada em termos proporcionais. Por causa
do imposto de R$ 2, o consumidor paga R$ 1,2 a mais pelo produto.
Isto equivale a 60% do valor do imposto (1,2 ÷ 2) e para o produtor
40% do valor do imposto (0,8 ÷ 2).
Vamos verificar agora em notação matemática:
A instituição do imposto ( t ) ocasionará um custo para o
consumidor, pois o preço estará mais elevado (pm), e um custo para
o produtor, uma vez que receberá um valor menor do que recebia ante-
riormente (pp), que somados integralizam o valor do imposto:
t = pm + pp (equação 1)

Dividindo a equação (1) por ( t ) :


t pm pp
 
t t t
pm pp
1 
t t
Vale mencionar que o total da arrecadação do governo correspon-
derá ao valor do imposto específico multiplicado pela quantidade vendida
no mercado; isto equivale ao total do ônus devido ao consumidor e ao
produtor, ou seja: multiplicando ambos os lados da equação (1) por (q):
qt  q (pm  pp )
qt  qpm  qpp ,

o que indica a arrecadação do governo como a soma do que arcam o


consumidor e o produtor com a instituição do imposto.

Você deve observar que, ainda que o preço aumente, pode ocorrer
que o dispêndio total de todos os consumidores com o produto possa
cair. Afinal, o gasto que se tem com a compra dos produtos é o resultado
da multiplicação do preço pela quantidade comprada.
Por um lado, o imposto aumenta o preço, o que leva a uma dimi-

100 CEDERJ
MÓDULO 1
nuição das compras. Por outro, a queda nas compras pode ser tal que a

3
despesa com o preço seja menor. Em outras palavras, a queda na demanda

AULA
total é tão significativa que a despesa com o preço diminui.

O exemplo numérico que estamos estudando ilustra isso. Para


verificar esse ponto, vamos calcular a variação da despesa dos consumi-
dores (p x q) e a diminuição de receita do produtor (p x q):

• Antes do imposto:
Despesa dos consumidores = receita do produtor => R$ 8 x 140
= R$ 1.120
• Com o imposto:
Despesa dos consumidores => R$ 9,2 x 116 = R$ 1.067,2

Receita do produtor => R$ 7,2 x 116 = R$ 835,2

Atividade 4
Em um mercado que não tem imposto, as curvas de oferta e demanda são: 4

Q = –10 + 2p
Q = 20 – p

Em determinado momento, o governo lança um imposto de R$ 4,5 por produto. Calcule:


a) o novo preço e a quantidade de equilíbrio na vigência do imposto;
b) o valor da arrecadação do governo;
c) o preço que efetivamente o produtor receberá, dado o imposto;
d) quanto cada um dos agentes (produtor e consumidor) arcará com o ônus do imposto.

CEDERJ101
Análise Microeconômica | Mudanças de preços no sistema de mercado

Resposta Comentada
Antes do imposto, o preço de equilíbrio é obtido igualando-se as curvas de oferta e
demanda:
Qs = Qd

–10 + 2p = 20 – p
P = 10

Substituindo-se o preço de equilíbrio na curva de demanda ou na de oferta, obtém-


se a quantidade de equilíbrio em 10 unidades.

a) Com a instituição de R$ 4,5 como imposto específico, o produtor passa a receber o


preço de mercado deduzido o valor desse imposto que vai para o governo. Assim, a
curva de oferta passa para:
Q = –10 + 2 (p – 4,5)
Q = –19 + 2p

Para determinar o novo par de preço e a quantidade de equilíbrio, basta igualar a nova
curva de oferta com a demanda.
– 19 + 2p = 20 – p

P = 13

Substituindo-se o novo preço de equilíbrio na curva de demanda ou na de oferta, obtém-


-se a quantidade de equilíbrio em 7 unidades.

b) O governo arrecadará o valor do imposto multiplicado pela quantidade vendida:


Arrecadação = R$ 4,5 x 7 = R$ 31,5.

c) O preço de mercado é R$ 13. Todavia, R$ 4,5 devem ser repassados para


o governo. Então, o preço recebido para o produtor será R$ 8,5.

102 CEDERJ
MÓDULO 1
3
d) O consumidor paga R$ 3 a mais por causa da instituição do imposto. Logo, a

AULA
incidência é de 66,67% do imposto. O produtor, que recebia R$ 10, agora obtém
R$ 8,5 como seu preço, o que determina arcar com 33,33% do imposto.

Portanto, sempre que há uma queda nas vendas pelo fato de


ocorrer um imposto, a receita que o produtor terá diminuirá. Os gastos
totais dos consumidores com o produto podem aumentar ou diminuir,
por conta de quanto deixarão ou não de consumir o produto. Todavia,
não se pode interpretar que, no caso de os gastos terem diminuído, o
consumidor ficou satisfeito. O produto ficou caro, por isso o consumidor
reduziu suas compras. Então, ele deixou de realizar o consumo desejado;
portanto, perdeu bem-estar em adquirir o produto.

CONCLUSÃO

Os principais elementos de um mercado são os consumidores


e os ofertadores (produtores ou vendedores) dos bens e serviços
nele dispostos. Os preços e o volume de produção são determina-
dos a partir da interrelação entre esses agentes econômicos. Vários
fatores atuam no sentido de influenciar os preços e a quantidade
negociada no mercado. O governo, ao intervir no mercado por
meio de impostos ou com o tabelamento de preços (hipótese pouco
aceitável atualmente), pode afetar o preço e a quantidade negociada
nos mercados.

CEDERJ103
Análise Microeconômica | Mudanças de preços no sistema de mercado

Atividade Final
1 2 3

Em um sistema econômico, estão presentes vários mercados. Ao longo de um período, várias


situações ocorrem. A partir do que foi estudado nessa aula, resolva as seguintes questões:

a) Sabemos que o poder aquisitivo das pessoas aumenta no Natal devido ao pagamento do
décimo terceiro salário. Mostre no gráfico da oferta e demanda o efeito esperado dessa situação
sobre o preço e a quantidade de equilíbrio no mercado de brinquedos.
b) Na produção de um automóvel, o preço de uma importante matéria-prima encareceu o
custo de produção. Mostre o efeito dessa elevação de custo no mercado desse bem.
c) Admita que o produtor de leite in natura constate uma significativa elevação do preço do
queijo. Considere que ele também saiba produzir queijo. Confirmado que o preço do queijo
no mercado está bem mais elevado, qual será o efeito esperado no mercado de leite?

Resposta Comentada
a) Com o décimo teceiro salário salário, a renda das pessoas aumenta, o que impli-
ca o deslocamento da curva de demanda para a direita. Assim, há um aumento
do consumo. Para atender essa elevação do consumo, a oferta aumenta o preço,
o que de certa forma reduz parte do que seria a expansão do consumo, se não
houvesse esse aumento de preço. Os novos preços e quantidade de equilíbrio
serão determinados no ponto onde cruzam a nova curva de demanda
com a oferta.

104 CEDERJ
MÓDULO 1
3
AULA
b) A elevação do preço da matéria-prima encarece o custo. Isso implica um deslo-
camento da curva de oferta para a esquerda. Isto retrata que, para o preço que está
vigorando, o lucro com o que se vende diminuiu, causando uma contração na produ-
ção. Para produzir o que se vendia, o preço terá que ser mais elevado. Ao aumentar o
preço, a demanda irá reduzir as compras. O efeito final será um preço mais elevado
acompanhado de uma redução no volume de bens vendidos. O ponto de equilíbrio é
o da interseção entre a nova curva de oferta e a curva de demanda.

c) A hipótese é de que o produtor tenha possibilidade de produzir leite ou queijo em


sua propriedade. Estimulado em produzir queijo, ele estará redirecionando os recursos
produtivos envolvidos na produção de leite para queijo. Consequentemente, a oferta
de leite reduz-se. Assim, a quantidade de leite negociada no mercado irá diminuir,
fazendo o preço do leite sofrer uma elevação.

RESUMO

O preço de equilíbrio de mercado é aquele em que a curva de oferta e


a curva de demanda se cruzam. A partir dele, determina-se também a
quantidade de equilíbrio.
A curva de demanda pode deslocar-se para a direita ou para a esquerda.
Qualquer fator que leve à expansão do consumo, como elevação da
renda, aumento no preço do bem substituto, diminuição do preço do
bem complementar ou expectativa de elevação dos preços no futuro, faz
com que a curva de demanda desloque-se para a direita. Por outro lado,

CEDERJ105
Análise Microeconômica | Mudanças de preços no sistema de mercado

qualquer fator que leve à retração do consumo, como diminuição da


renda, diminuição no preço do bem substituto, aumento do preço do bem
complementar ou expectativa de diminuição dos preços no futuro, faz com
que a curva de demanda desloque-se para a esquerda.
A curva de oferta pode deslocar-se para a direita ou para a esquerda.
Qualquer fator que leve à expansão da produção, como diminuição dos custos,
diminuição do preço do bem com possibilidade de produção alternativa ou
progresso tecnológico, faz com que a curva de oferta desloque-se para a
direita. Por outro lado, qualquer fator que leve à retração da produção, como
elevação dos custos, elevação do preço do bem com possibilidade de produção
alternativa, faz com que a curva de oferta desloque-se para a esquerda.
Deslocamentos das curvas de oferta e demanda afetarão os preços e a
quantidade de equilíbrio. Os novos preços e quantidade de equilíbrio sempre
são determinados pela igualdade entre as curvas de oferta e demanda
resultantes dos possíveis deslocamentos.
O modelo de mercado em equilíbrio pode ilustrar políticas de tabelamento
de preços. Preços tabelados abaixo do nível de preço de equilíbrio produzem
escassez no mercado, possibilitando o surgimento de ágio.
Os impostos podem ser estudados com o estudo do modelo de mercado em
equilíbrio. Em geral, a instituição de um imposto sobre o preço de um produto
implicará um ônus para o consumidor e para o produtor, que chamamos de
incidência tributária. O consumidor tende a pagar um pouco mais pelo produto;
o produtor recebe um pouco menos. A soma do que o consumidor paga de
preço elevado com o que o produtor deixa de receber, dada a existência do
imposto, resulta no valor exato do imposto cobrado pelo governo.

INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na próxima aula, estudaremos um dos conceitos mais interessantes e de


grande aplicação prática no comércio: as elasticidades!

106 CEDERJ
4

AULA
Elasticidades
Cleber Ferrer Barbosa

Meta da aula
Apresentar o conceito e as aplicações de vários
tipos de elasticidades.
objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja


capaz de:

1 reconhecer a importância da elasticidade como fator


que caracteriza o comportamento dos consumidores
em situações de variações de preços;

2 identificar quando um aumento de preços pode ou


não resultar em um crescimento no faturamento da
empresa;

3 relacionar a elasticidade renda como fator de


identificação de bens inferiores, normais ou
superiores;

4 identificar os vários tipos de elasticidades


relacionadas ao comportamento do consumidor;

5 utilizar as estimativas das elasticidades, para calcular


as variações na demanda por bens no mercado.

Pré-requisitos
Para se ter um bom aproveitamento desta aula, é
importante você relembrar a construção de grá-
fico de oferta e demanda (Aula 2), o cálculo de
valores percentuais e aplicação de derivadas, vis-
tos nas Aulas 10, 11 e 12 da disciplina Modelos
Determinísticos II do seu curso.
Análise Microeconômica | Elasticidades

INTRODUÇÃO Frequentemente, quando vamos ao shopping center ou quando assistimos a


comerciais na TV, nos deparamos com anúncios de liquidação de produtos.
São as envolventes promoções de preços.

Figura 4.1: Promoções e descontos no shopping center.


Fonte: http://www.sxc.hu/photo/828569 / Maciek PELC
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1124696 /Svilen Milev

Como consumidores, sempre gostamos de preços mais baixos. E o lojista?


Será que para ele, vale a pena reduzir os preços como nas grandes promoções?
Pelo menos para alguns deles, deve valer, caso contrário os comerciantes
nunca o fariam. Mas em quais circunstâncias as promoções ou liquidações
são rentáveis? Quando não é um bom negócio fazê-las? As respostas para
todas estas perguntas ficarão mais fáceis, após examinarmos o conceito da
Teoria Microeconômica denominado Elasticidade. Este é o ponto central de
estudo a ser aprofundado nesta aula.

ELASTICIDADE: O CONCEITO

Uma coisa é dizer que o preço ao aumentar, a demanda deve-


rá reduzir-se; outra coisa é saber de quanto irá diminuir a demanda.
No primeiro caso, apenas nos referimos à direção entre estas duas
variáveis (preço e quantidade demandada), ou seja, a Lei da demanda.
No segundo caso, exploramos a intensidade pela qual a demanda se alte-
ra frente a uma variação de preços. Neste último enfoque, destacamos
que o consumidor pode ser muito ou pouco sensível a uma variação de
preços. Se de uma dada variação de preços, a demanda se altera pouco,
entendemos que esta demanda foi pouco sensível à variação de preços.

108 CEDERJ
De modo contrário, se a demanda reagir muito com a variação de preços, isto

4
é, reduzir bastante sua quantidade comprada, então ela foi muito sensível.

AULA
O termo aqui empregado como sensibilidade quer mostrar que
o consumidor pode alterar muito ou pouco sua quantidade consumida
em situação de mudança de preços do bem. Formalmente falando, se
uma variável afeta outra, neste caso se o preço afeta a quantidade
demandada, há de se verificar que a dada variação proporcional do
preço pode afetar a quantidade demandada em uma de três proporções
possíveis: maior; menor; ou exatamente igual à variação proporcional
na primeira.
Como veremos, a possibilidade da variação proporcional da
demanda ser maior ou menor do que a variação proporcional do preço
acarreta efeitos diversos e importantes sobre o faturamento das empresas,
o gasto do consumidor e outras questões de mercado.
Do exposto, vamos estabelecer que a variação no preço de um
produto pode resultar mudanças significativas ou não na sua demanda.
Estas mudanças são retratadas pelo conceito de elasticidade preço da
demanda ou simplesmente elasticidade preço.
Temos que elasticidade é o calculo ou a verificação de quanto uma
variação proporcional de uma variável afeta a outra, medida também
em termos proporcionais.
Assim, elasticidade preço da demanda consiste em medir qual será
a variação proporcional da quantidade demandada, dada uma variação
proporcional no preço do bem.
Uma expressão matemática define a medida da elasticidade:
q% (1)
=
p %

Onde:
= elasticidade preço da demanda;
q% = variação proporcional da quantidade demandada;
p% = variação proporcional do preço.
Você deve observar que o sinal da elasticidade preço da demanda
é negativo.
Isto porque a elasticidade é dada por uma fração em que o
numerador e o denominador têm sinais opostos; portanto, será sempre
negativa. Como é sempre negativo, em muitos casos, podemos

CEDERJ 109
Análise Microeconômica | Elasticidades

estudá-la apenas em seu valor absoluto. Assim, utilizamos o conceito


MÓDULO de MÓDULO, o que em notação matemática é representado por:
É a designação
q%
de que o valor da =
equação ou incóg- p %
nita deve ser consi-
derado sempre no Em se tratando da elasticidade preço da demanda, a principal infor-
seu sinal positivo. A
notação de módulo mação a ser estudada consiste em saber se o seu valor é maior, menor ou
é dada por: | |.
Exemplo: a variá- igual a 1, ou seja, conforme a variação percentual da quantidade deman-
vel x apresenta os
dada seja maior, menor ou igual à variação percentual do preço.
conjuntos de valo-
res (-2,-1, 2, 3); o Por exemplo, se o preço de um produto sofrer uma elevação de
módulo de x será
|x| = 1; 2; 3. 1%, a quantidade demandada poderá variar em mais, em menos ou
exatamente igual a um por cento. Assim, a elasticidade terá, em valor
absoluto, o resultado maior, menor ou igual a um, respectivamente.
Conforme veremos a seguir, cada resultado irá caracterizar um tipo de
demanda, que poderá ser a demanda elástica, a demanda inelástica e a
demanda de elasticidade unitária.
• Se a elasticidade for maior do que 1 (um), diremos que a demanda terá
uma característica de demanda elástica, ou seja, a variação propor-
cional no preço resultará em uma variação mais do que proporcional
na quantidade demandada.
• Se a elasticidade for menor do que 1 (um), será dita como inelástica,
quando a variação proporcional do preço resultar em uma variação
menor do que proporcional na quantidade demandada.
• Se a elasticidade for igual a 1 (um), a demanda será entendida como de
elasticidade unitária. A demanda será de elasticidade unitária, se uma
variação proporcional no preço resultar em uma variação igualmente
proporcional na quantidade demandada.
Por que caracterizar a elasticidade como maior, menor ou igual
a um? Porque estes distintos resultados mostram os efeitos sobre o
faturamento das empresas, quando ocorre variação no preço de venda
de seu produto.
O faturamento da empresa, tecnicamente denominado como
receita total, é formado pelo montante obtido através da quantidade
vendida multiplicada pelo seu respectivo preço, isto é:
RT = pq (2)

110 CEDERJ
onde:

4
RT = Receita Total;

AULA
p = preço;
q = quantidade vendida.
Uma variação nos preços resulta em uma variação em sentido
inverso na quantidade vendida pela empresa; portanto, como as duas
variáveis que compõem a receita total detêm sentidos contrários, o
sentido da alteração da receita irá depender de qual das duas variáveis
terá maior variação.
Em outras palavras, posto que uma variação do preço implica
uma variação em sentido contrário na quantidade demandada (vendida),
a empresa terá uma receita maior ou menor, conforme a intensidade da
variação da demanda for maior ou menor do que a variação de preços.
Por exemplo, uma grande variação percentual na demanda pode
ocorrer devido a um aumento quase inexpressivo no preço de um bem.
Neste caso, espera-se a diminuição na receita (faturamento) com este
bem, conforme ilustra a expressão (3).
RT = p% q% (3)
RT < 0
Considerando o tamanho da seta como representativo da variação
proporcional, a pequena subida de preços que resulte em uma grande
queda na demanda deve resultar em uma queda na receita total.
Se ocorrer o contrário, ou seja, a variação percentual do preço for
maior do que a variação percentual da quantidade demandada, a receita
total deverá aumentar, como ilustra a expressão (4).
RT =p% q% (4)
RT > 0
Por último, se a variação percentual do preço implicar uma varia-
ção idêntica à variação percentual na quantidade demandada, não haverá
variação na receita total, como mostra a equação (5).
RT = p% q% (5)
RT = 0
Supondo uma elevação de x% no preço de um produto, a quan-
tidade demandada pode reduzir em:
a) mais do que x%. Neste caso, a elasticidade será maior do
que um, pois o seu numerador é maior do que seu denominador.
Por ser maior do que um, elasticidade é dita elástica. Isto implica dizer

CEDERJ 111
Análise Microeconômica | Elasticidades

que a queda do consumo foi proporcionalmente superior à elevação do


preço; a receita total com o produto deverá cair. Este seria provavelmente
o caso de um bem, como o filé mignon. Uma elevação no preço desta
carne deve reduzir bastante a demanda por este bem, a ponto de cair o
faturamento com este item de vendas no açougue;
b) menos do que x%. Neste caso, a elasticidade será menor do que
um, pois o seu numerador é menor do que seu denominador. Em sendo
menor do que um, é conhecida como demanda inelástica. Isto implica
dizer que a queda do consumo foi menos intensa do que a elevação do
preço; a receita total com o produto deverá aumentar; a proporção da
queda da demanda foi bem menor comparada à proporção do aumento
do preço. Este seria provavelmente o caso de um bem como o sal de cozi-
nha. Uma elevação no preço deste produto não deve reduzir em termos
significativos a sua demanda. Provavelmente, o faturamento com este
item de vendas deve aumentar, pois o aumento do preço terá tido maior
impacto na receita do que a queda nas vendas;
c) exatamente x%. Neste caso, a elasticidade será um, pois seu
numerador é igual ao denominador, recebendo o nome de elasticidade
unitária. Com efeito, a queda do consumo foi exatamente igual à ele-
vação proporcional do preço; assim a receita total não deve se alterar.
Um exemplo de um bem para este caso seria muito difícil imaginar ou pre-
ver, pois seria mais uma coincidência do que um comportamento motivado
para a demanda cair exatamente na proporção do aumento do preço.
Por fim, você deve observar que há também uma relação entre a
elasticidade de demanda e a despesa dos consumidores. O valor da des-
pesa do consumidor é exatamente igual ao valor da receita total. Afinal,
o que um gasta é o que o outro recebe. Assim o efeito da variação de
preços sobre a despesa dos consumidores é igual ao efeito que ocorre
com o faturamento dos vendedores.
Um breve exemplo numérico para ajudar o entendimento. Supo-
nha os seguintes valores para um determinado produto:
P0 (preço inicial) = R$ 100
P (preço final) = R$ 110
Q0 (quantidade demandada ao preço P0) = 90
Q1 (quantidade demandada ao preço P1) = 67,5

112 CEDERJ
Percebemos que houve um aumento de 10% no preço, o que

4
provocou uma redução de 25% na quantidade comprada. A elasticidade

AULA
demanda será do tipo elástica, pois :
q %
  | 25% / 10% |  2,5
p %

A receita total será afetada mais pela redução da quantidade do que


pelo aumento do preço, pois a variação na quantidade demandada teve
um peso maior na receita do que a variação no preço. Conferindo:
RT0 (receita total inicial) = P0Q0 = (R$ 100) (90) = R$ 9.000
RT1 (receita total final) = P1Q1 = (R$ 90) (67,5) = R$ 7.425

Vimos, portanto, que a demanda sendo elástica, com um aumento


de preço, resulta em uma queda no faturamento do vendedor.

Tabela 4.1: Relação entre elasticidade, receita total e despesa dos consumidores,
em caso de aumento de preços

p% = x%
q% Despesa dos
Q% ||  Demanda RT = p q Exemplo
p% consumidores

> x% >1 Elástica   Filé mignon

< x% <1 Inelástica   Sal


Elasticidade
= x% =1 Constante Constante –
unitária

Fonte: Cleber Barbosa.

Atividade 1
Dentro do que estudamos até o momento, podemos caracterizar o comporta- 1

mento do consumidor como de demanda elástica ou inelástica. Responda aos


itens a seguir:

a. Se os consumidores de um produto são muito sensíveis à variação de seu preço, sua


demanda é elástica ou inelástica?
b. Se pesquisas econômicas informam que os automóveis têm elasticidade preço igual
 = 2,8, o que se pode interpretar?
c. O que se espera para o valor da elasticidade de demanda na aquisição de soja aos
consumidores vegetarianos (levando em consideração que, em geral, os vegetarianos
utilizam a soja para substituir a carne)? Seria elástica ou inelástica?

CEDERJ 113
Análise Microeconômica | Elasticidades

d. O preço de um bem cai em 50%, mas seus consumidores não alteram o seu con-
sumo. Neste caso, o que se pode afirmar sobre a elasticidade preço de sua demanda?

Resposta Comentada
Item (a)
Se são sensíveis à variação de preços, significa dizer que qualquer alteração no
preço provoca uma alteração mais intensa em sua demanda, o que representa
o conceito de bem com demanda elástica;

Item (b)
Um aumento no preço do automóvel irá implicar uma grande queda na deman-
da. Por outro lado, se ocorrer uma queda de preços, a demanda irá aumentar
em uma proporção bem maior que a queda proporcional do preço. O bem tem
demanda elástica.

Item (c)
Isto se pensarmos que o vegetariano não tem muita opção de consumo para
substituir a carne. A soja passa a ser um produto do qual ele não abre mão da
quantidade necessária à sua alimentação diária. Por isto, supomos não haver
significativas alterações em seu consumo, mesmo havendo aumento ou queda
de preços. Neste caso, poderíamos ter duas situações de resposta: se houver
grande alteração no consumo é elástica e se não houver grande alteração no
consumo é inelástica.

Item (d)
O consumidor está sendo totalmente insensível a esta variação de preços.
A receita do vendedor deverá reduzir, o que representa o conceito
de bem com demanda inelástica.

114 CEDERJ
REFORMULANDO A EXPRESSÃO DA ELASTICIDADE DA

4
DEMANDA

AULA
Da equação (1) que representa a elasticidade, podemos operá-la
para chegar a uma forma importante:

q%
||  (1)
p%

Observe que:
q q f  qi
q %   (6)
q qi

p p f  pi
p %   (7)
p pi

onde os subscritos i e f nas variáveis preços e quantidades representam


os seus respectivos valores nos momentos iniciais e finais.
Para não restarem dúvidas a respeito das equações (6) e (7), vere-
mos o exemplo a seguir: se um produto que custava R$ 100 e depois
passa a valer R$ 150, sabemos, sem precisar fazer contas, que houve um
aumento de 50%. Todavia, a fórmula que está por trás deste resultado
é a fórmula da equação (7), isto é:
150  100
p%   0,5(100)  50%
100

Utilizando as equações (6) e (7) na equação (1), temos:


q %

p %
q
q p p q p
 
p q p p q
p

Portanto, a elasticidade da demanda pode ser calculada por:


q p

p q (8)

A utilização da equação (1) ou da equação (8) deverá ser avaliada


de acordo com as condições do problema. Se já tivermos as proporções
de variação das duas variáveis, basta substituir na equação (1) para a
determinação da elasticidade. Em outros casos, pode ser mais conveniente
o uso da equação (8).

CEDERJ 115
Análise Microeconômica | Elasticidades

A porcentagem
Por definição, a porcentagem de
uma quantidade x sobre outra quantidade
y é dada pela fração de z /100, equivalendo-se a
razão de x / y.

?
Ou seja: z /100 = x / y ( 8’)

Denomina-se: z /100 por z%

Na porcentagem, estamos aplicando uma razão centesimal (dividindo por


cem) para qualquer determinado valor (excetuando o caso de y = 0).

Por definição: % = 1/100;


como 100% = 1;

então, 0,5, que é a metade de 1, equivale a 50%, pois % = 1/100.

Logo: 20% = 20 (1/100) = 0,2.

Pelo raciocínio inverso, se temos 0,2 e queremos a taxa porcentual equivalente,


da equação (8’), temos:
0,2 = z%
0,2 (100) = 20%

De igual forma:
35% = 35 (1/100) = 0,35 ou
0,35 (100) = 35%

Portanto, por exemplo, se da razão entre uma quantidade sobre


outra, alcançamos um resultado de 0,42. Para colocarmos este
número em taxa porcentual, fazemos: 0,42 (100) = 42%

Assim, a variação de qualquer variável, em porcentagem,


é dada pelo seu resultado multiplicado por 100.
p
p% = (100)
p

116 CEDERJ
Atividade 2

4
AULA
Um empresário observa que vende 250 unidades de seu produto diariamente, 2

quando o preço é R$ 28. Imagina que, ao reduzir o preço para R$ 24, a demanda
diária passará a ser 320 unidades.
a) Calcule a elasticidade preço para este trecho de variação de preços.
b) Vale a pena para o empresário reduzir o preço para R$ 24?

Resposta Comentada
Item (a)
A elasticidade pode ser calculada pela equação (1).
Efetuando o cálculo para quantidade:
(qf – qi )/ qi = (320 – 250) / 250 = (70) / 250 = 0.28
Em taxa porcentual: 0,28 (100) = 28%
Obtemos que a variação proporcional das quantidades é de 28%.
Efetuando o cálculo para preço:
(pf – pi )/ pi = (24 – 28) / 28 = (– 4) / 28 = – 0.14286
Em taxa porcentual: –0,1428 (100) = – 14,286%
Obtemos que a variação proporcional dos preços é de – 14,29%.

Então, a elasticidade preço da demanda é:


 = (28% / –14,29%) = | –1,96 | = 1,96

CEDERJ 117
Análise Microeconômica | Elasticidades

Como a elasticidade é maior do que 1, então podemos afirmar que a demanda


é elástica, na variação de preços de R$ 28 para R$ 24.

Item (b)
A receita total era de:
RT = (R$ 28) (250) = R$ 7.000

Ao reduzir o preço, a receita total passou para:


RT = (R$ 24) (320) = R$ 7.680

Olhando para o faturamento, pode-se dizer que aumentou. Isto pode ser vanta-
joso, desde que não haja um grande aumento nos custos associados à elevação
nas vendas. Em não havendo acréscimos de custos, certamente o empresário se
beneficiou com a redução de preços.

ESTUDO DA VARIAÇÃO SOB A FORMA DE DERIVADAS

Quando estudamos cálculo diferencial, aprendemos o conceito


e a aplicação de derivadas. Em funções contínuas, entendemos que a
variação pode ser estudada sob a forma de derivadas.
Assim, a equação (8) passa a assumir a expressão dada por:

dq p
 (9)
dp q

onde dq representa a derivada de q em relação a p.


dp

Exemplo:
Para q = 100 – 2 p
A elasticidade no ponto de preço igual a 5.
Calculando a derivada de q em relação a p na equação da demanda
q = 100 – 2 p, obtemos que a derivada é –2.

Agora vamos calcular a quantidade para o preço igual a 5:


q= 100 – 2.5 = 100 – 10 = 90

118 CEDERJ
e finalmente podemos calcular a elasticidade:

4
dq p
 – 2 (5 / 90) = |– 0,11 | = 0,11

AULA
dp q

Em determinado exercício teórico, pode conter a curva de deman-


da em forma funcional. Neste caso, pode ser necessária a aplicação da
derivada para o cálculo da elasticidade.
Por último, temos outra possível expressão para a elasticidade de
demanda. Esta servirá para cálculos envolvendo intervalos significativos
de variações de preços. Observe que na equação (9), a elasticidade é cal-
culada, utilizando o preço e a quantidade. Uma dúvida pode surgir sob
qual preço e quantidade a utilizar. Seria o preço e a quantidade inicial
ou seria o preço e a quantidade final?
Como veremos com o exemplo, se a variação de preços for
pequena, provavelmente pode-se utilizar qualquer um dos pares orde-
nados (preços e quantidades), posto que os resultados serão próximos.
Se a variação de preços for relativamente significativa, os resultados
serão bem distintos entre utilizar as variáveis em seus pontos iniciais
ou finais. Neste caso, é preciso uma pequena alteração na fórmula de
cálculo da elasticidade.
Em vez de apenas apresentar uma terceira expressão para o cálculo
da elasticidade preço da demanda, vamos deduzir da sua fórmula.
Exemplo:
Em uma sala de aula, uma professora observou as notas da pri-
meira e da última prova de dois alunos. Um aluno obteve na primeira
prova a nota 9 e na última prova, a nota 3. O que poderíamos dizer
deste aluno: qual nota deve representar o seu rendimento, a primeira ou
a última? Por sua vez, outro aluno, obteve notas 4 e 4,5. Para este, qual
nota deve representar o seu rendimento?
No caso do segundo aluno, pouca diferença fará ao tomarmos a
primeira ou a segunda nota de sua prova para servir de referência para
o seu grau de aprendizado.
Para o primeiro aluno, o melhor a se fazer é tomar uma média
das suas notas.
Agora já podemos entender o porquê de termos duas fórmulas para
a elasticidade. Quando a variação de preços for relativamente pequena,
podemos usar tanto o inicial ou o final.

CEDERJ 119
Análise Microeconômica | Elasticidades

Para uma grande diferença de preços, em vez de um preço ou outro


(preço inicial ou preço final dentro da variação de preços) e quantidade
final ou inicial, utilizaremos a média de preços e a média das quantidades
nos dois momentos das variações.
Assim, a equação (8), que assume um único ponto para os pares
preços e quantidades, passará para uma média aritmética de preços e
quantidades, o que toma a forma da equação (10):
pi  p f
q p q 2
 
p q p qi  q f
2
A divisão de frações pela regra na qual mantém o numerador, mul-
tiplicando-se pelo inverso do denominador, simplifica a elasticidade para:
q pi  p f . (10)

p qi  q f
Exemplo:
Uma lojista do ramo de vestuário pretende fazer uma promoção,
reduzindo o preço do seu produto em 40%. O preço do produto é ori-
ginalmente R$ 100, o que tem levado à venda semanal de 400 unidades.
Ao fazer a referida promoção, as vendas passam para 500 unidades sema-
nais. Determine a elasticidade preço da demanda deste caso e responda se,
do ponto de vista econômico, valeu para a lojista realizar a promoção.
Solução:
Utilizando o cálculo da elasticidade pela média das variáveis:
q pi  p f .

p qi  q f
Є = [(500 – 400) / (100 – 60)] [(100 + 60) / (400 + 500)] = (100 / –40)
(160 / 900) = |–0,44| = 0,44

Logo, na região de variação de preços a demanda é inelástica (є <1).


Assim, a redução dos preços não trouxe uma elevação no fatu-
ramento da empresa, isto é, o efeito de um aumento nas vendas não
compensou a queda de preços realizada com a promoção.
Observe que a receita total antes da promoção era RT= (R$ 100).
(400) = R$ 40.000.
Com a redução dos preços passou para: RT = (R$ 60). (500) =
R$ 30.000.

120 CEDERJ
Atividade 3

4
AULA
Em um determinado mercado, o preço de um bem era vendido a R$ 50. Por 1 2

sua vez, a demanda associada a este preço era de 10 unidades. Por alguma
razão, o preço baixou para R$ 48, o que gerou uma demanda de 11 unidades.
Pede-se:
a) determinar a elasticidade preço da demanda pelos métodos de cálculo das equações
(8) e (10), analisando se há diferença entre estes métodos;
b) identificar se a demanda nestes trechos da demanda é elástica, inelástica ou de
elasticidade unitária;
c) identificar se o faturamento de quem vende o produto aumentou ou reduziu com a
queda de preços;
d) fazer o gráfico da demanda, ilustrando os pontos apresentados.

Resposta Comentada
Item (a)
Os pontos são pi = 50; qi = 10; pf = 48; qf= 11.
p = 48 – 50 = –2
q= 11–10 = 1
p% = – 2 / 50 = – 0,04
q% = 1 / 10 = 0,1

então:
q% = |– 2,5| = 2,5
=
p %

CEDERJ 121
Análise Microeconômica | Elasticidades

Pela equação (8)


Como q = 1 e p = – 2 logo q/ p = – 0,5
q p
 = – 0,5 p / q
p q

Utilizando-se p e q iniciais:

= – 0,5 50 = – 2,5
10
Utilizando-se p e q finais:
48
= – 0,5 = – 2,18
11
Utilizando-se a equação (10)
98
= – 0,5 = – 2,33
21
Observam-se os resultados como aproximados, indicando uma elasticidade em
torno de dois; portanto, pouca diferença faz, nesse caso, entre utilizar qualquer
dos métodos de cálculo da elasticidade.

Item (b)
Como o resultado foi acima de 1 (em módulo, |є| >1), a demanda nos valores
apresentados é elástica.

Item (c)
Dado que a demanda é elástica, uma variação de preços no sentido de uma
redução implica um aumento mais do que proporcional na sua demanda, o que
faz a receita total aumentar.
No ponto inicial, a receita era:
RT = (R$ 50). (10) = R$ 500
Com a queda de preços, a receita passou para RT = (R$ 48). (11) = R$ 528

Item (d)
Lembrando que estudamos a construção do gráfico de oferta e demanda na Aula
2, o gráfico que ilustra a questão:

122 CEDERJ
CASOS ATÍPICOS

4
AULA
Há dois casos particulares merecedores de nossa atenção. São os
dois extremos da curva de demanda. Em primeiro lugar, há consumidores
que não alteram o seu consumo, qualquer que seja o preço de mercado.
Por outro lado, há também aqueles em que uma mínima mudança de
preços altera muito fortemente a demanda (com uma pequena subida de
preços, deixam de comprar; em uma pequena queda de preços, compram
tudo que estiver no mercado).
Para o primeiro caso, a demanda será dita como perfeitamente ine-
lástica, isto é, sua elasticidade é zero. Para qualquer alteração de preço, a
demanda continua inalterada. A representação da demanda perfeitamente
inelástica é de forma vertical, conforme o gráfico da Figura 4.2.

Figura 4.2: Demanda perfeitamente inelástica. O indivíduo demanda a mesma


quantidade de produtos qualquer que seja o nível de preço de mercado.

A demanda perfeitamente inelástica é aquela em que, em qual-


quer variação de preços, não há mudança na quantidade demandada;
portanto, se não há variação na quantidade demandada, o numerador
da elasticidade é zero. Assim, a elasticidade também o será.
Em geral, estes casos podem ocorrer, quando o consumidor pre-
cisa muito do produto em uma determinada quantidade específica. Por
exemplo, se o médico prescrever determinada quantidade de remédios,
o enfermo estará disposto a comprar aquela quantidade, qualquer que
seja o preço.

CEDERJ 123
Análise Microeconômica | Elasticidades

Pawel Kryj
Figura 4.3: O remédio é um produto de extrema necessidade para o consumidor.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1111305

Para o segundo caso, diríamos ainda mais raro, ocorre o que se


denomina demanda perfeitamente elástica. Nesta situação, uma alteração
no preço, ainda que muito pequena, implica uma extremada alteração
na demanda, com tendência a uma variação infinita. Assim, a curva de
demanda perfeitamente elástica apresenta forma horizontal, conforme
ilustra a Figura 4.4.

Figura 4.4: Demanda perfeitamente elástica. Uma variação de preços ocasiona uma
variação infinita na quantidade demandada.

124 CEDERJ
A demanda é perfeitamente elástica, quando uma dada variação

4
de preços leva a uma variação infinitamente grande na quantidade

AULA
demandada. Assim, o numerador da fração que resulta a elasticidade
é uma variação tendendo ao infinito, o que faz a elasticidade também
tender ao infinito (є = – ∞).
Uma curva de demanda (Figura 4.4) indica o consumidor propenso
a consumir o produto apenas a um determinado preço. Um exemplo
para esboçar este caso é o do preço tabelado, entendido pela sociedade
como o único que pode ser cobrado. Se o comerciante aumentar o preço,
a sociedade tanto deixa de comprar que até o denuncia aos órgãos de
proteção ao consumidor.

Aumentar faturamento não


é aumentar lucro

?
Não podemos confundir faturamento com lucro. O pri-
meiro é apenas um elemento do segundo. Pode ocorrer que,
ao aumentar o faturamento de uma firma, o lucro aumente, mas
nem sempre isto acontece. Se, no aumento do faturamento, também
se verificar uma elevação no custo, o lucro pode até diminuir. Isto porque
lucro
lucr é o faturamento (receita total) deduzidos os custos. Se o faturamento
aumenta
aum porque se vendeu mais, o custo desta venda pode ter subido tam-
bém.
bém Deste modo, em situação de demanda elástica, a redução do preço irá
gerar um aumento na receita total, mas não garante que o lucro venha a
aumentar. No entanto, no caso de a demanda estar no ramo inelástico,
um aumento no preço irá repercutir tanto no aumento da receita
como no lucro. Isto porque o aumento da receita não resulta em
nenhum crescimento de custo, posto não haver aumento
de vendas, apenas o aumento no preço.
Lucro = Receita – Custos

FATORES QUE GERAM A ELASTICIDADE DA DEMANDA

Alguns produtos têm demandas elásticas, outros, inelásticas.


O sal é um produto nitidamente de demanda inelástica. Qualquer pessoa
rapidamente admite que um aumento de preço pouco efeito irá gerar
na demanda por sal. Por outro lado, uma redução não deve alterar a
quantidade normalmente consumida de sal. Ninguém consumirá mais
sal porque o preço está mais baixo.

CEDERJ 125
Análise Microeconômica | Elasticidades

Outros produtos têm expectativa de uma demanda elástica. Se os


preços dos carros caírem em 20%, certamente a demanda por eles irá
aumentar em bem mais de 20%.
Pois, então, o que faz um produto ter demanda elástica ou
inelástica?
Alguns fatores podem implicar um bem com tendência a ter mais
ou menos elasticidade preço. Vejamos:
• O grau de essencialidade dos bens para o consumidor. Podemos dizer
que quanto mais essencial for o bem, mais inelástica tenderá a ser
sua demanda. Bens essenciais, tais como remédios ou sal, possuem
demandas inelásticas, posto serem importantes ao consumidor:
o remédio para quem está doente; o sal, na hora do preparo das
refeições. Em raciocínio oposto, quanto mais supérfluo o bem, mais
elástica será a sua demanda.
• O número de substitutos ao bem. De modo geral, quanto mais
substitutos uma mercadoria tiver, mais elástica deverá ser a sua
demanda. Por exemplo, se o preço de um chocolate em barra subir,
os consumidores tenderão a substituí-lo por outros chocolates,
tanto mais quanto mais substitutos próximos existirem. Desta
forma, um pequeno aumento de preço no chocolate X poderá
provocar uma grande redução na sua quantidade demandada, se
houver muitas marcas de chocolates igualmente saborosos. Por
outro lado, quanto menos substitutos houver, a demanda tenderá
a ser inelástica.
• O peso do preço do bem na renda do consumidor. Se um indivíduo
ganha R$ 100 e o produto X custa R$ 50, este representa cinquenta
por cento da sua renda. Um outro bem Y custa R$ 30. Um dado
aumento percentual nos preços destes bens, digamos 10%, com-
prometerá muito mais o orçamento desta pessoa pelo bem X, do
que pelo bem Y. Em consequência, há uma tendência à demanda
pelo produto X reagir mais à variação de preços. Assim, quanto
maior o peso do bem no orçamento do consumidor, mais elástica
deverá ser a sua demanda. Afinal, o aumento de preços impacta
muito mais o que o consumidor tem para gastar, do que no caso
dos bens que possuem um peso menor na renda. De forma análoga,
produtos que tenham um peso menor no orçamento deverão ter
uma demanda mais inelástica. Por exemplo, imaginemos o caso

126 CEDERJ
do sal: um hipotético aumento de 50% em seu preço não deverá

4
implicar uma grande queda de demanda, pois o preço do sal repre-

AULA
senta um peso ínfimo no salário de grande parte dos consumidores.

Tabela 4.2: Algumas estimativas para elasticidade preço da demanda para deter-
minados bens

Produtos Estimativas
Automóvel 1,35
Cerveja 1,13
Refeição em restaurante 2,27
Batata 0,31
Açúcar 0,31
Gasolina 0,1 a 0,3

Fonte: SALVATORE, D. Microeconomia. São Paulo: Makron Books, 1986.

ELASTICIDADE RENDA

Outra espécie de elasticidade é a elasticidade renda da demanda


(Єr). Ela mede a sensibilidade da demanda a mudanças na renda dos
consumidores. Esta importante elasticidade é definida como sendo a
variação percentual na quantidade demandada, dividida pela variação
percentual na renda do consumidor.
Variação percentual da quantidade demandada do bem q %
Єr = 
Variação percentual da renda do consumidor r %

Um dos seus propósitos é identificar o efeito de um aumento na


renda do consumidor sobre a demanda de um determinado produto.
Para a maioria dos bens e serviços, um aumento na renda implica
um crescimento na demanda. Geralmente, para a classe de pessoas de bom
poder aquisitivo, os bens considerados supérfluos, tais como joias, viagens
turísticas e os demais bens de luxo possuem alta elasticidade renda, ou seja,
uma elevação na renda tende a aumentar consideravelmente a demanda
por tais produtos. Para esta mesma classe social, os bens considerados
como de necessidade básica à alimentação possuem baixa elasticidade
renda. São exemplos: o feijão, o arroz, o açúcar etc.
Podemos recordar os bens classificados como bens superiores e
inferiores, estudados na Aula 2. Os bens superiores são os que a deman-
da por eles aumenta quando a renda do consumidor aumenta. Os bens
inferiores, ao contrário, quando a renda do consumidor aumenta, a
demanda diminui.

CEDERJ 127
Análise Microeconômica | Elasticidades

Com a elasticidade renda, podemos classificar esses distintos bens,


acrescentando os chamados bens normais. Isto é, dado um aumento na
renda, o efeito sobre o consumo de um determinado produto pode ser
distinguido por três situações:
• o aumento no consumo pode ser em uma proporção maior do que o
aumento da renda;
• o aumento no consumo pode ser em uma proporção menor do que o
aumento da renda;
• o aumento na renda pode ocasionar uma queda no consumo do
produto.
Para essas três respostas de um aumento na renda do consumidor,
o produto será classificado, respectivamente, como bem superior, bem
normal e bem inferior.
Com o mesmo raciocínio, podemos expressar o caso de queda
da renda.
Uma redução de renda pode levar o indivíduo a um dos três efeitos
distintos possíveis:
• a diminuição no consumo pode ser em uma proporção maior do que
a queda da renda;
• a queda no consumo pode ser em uma proporção menor do que a
queda da renda;
• a queda na renda pode ocasionar um aumento no consumo do produto.
São os casos de bens superiores, normais e inferiores, respecti-
vamente.
Dado esse entendimento, a elasticidade renda indica, pelo resulta-
do da sua medida, se o bem é do tipo normal, superior ou inferior.
Com a ilustração da Tabela 4.3, observamos as classificações dos
bens pela medida de elasticidade renda. Em sendo maior do que 1, uma
dada elevação percentual na renda acarreta um aumento no consumo
numa proporção maior, o que seria um bem superior. Se a estimativa da
elasticidade apontar por valores entre zero e um, o aumento no consumo
é em uma proporção menor, caso do bem normal. Por fim, se houver
uma queda na demanda dado um aumento na renda, então a situação
é de um bem inferior.

128 CEDERJ
Tabela 4.3: Elasticidade renda e os bens normais, superiores e inferiores

4
Elasticidade renda Classificado como: Exemplo

AULA
Єr >1 Bem superior Viagens turísticas
0 < Єr 1 Bem normal Roupas
Єr  0 Bem inferior Leite tipo C

Fonte: Cleber Barbosa.

Devemos observar que há certa subjetividade para se dizer que


um bem seja superior, normal ou inferior. Um produto no mercado
pode ser bem inferior para uma pessoa, ao passo que pode ser um bem
normal para outra. Um indivíduo muito pobre, ao ganhar um pouco
mais, possivelmente irá comprar mais leite do tipo C. Uma outra pessoa
que também consuma o mesmo tipo de leite, ao receber um salário um
pouco maior, pode começar a se interessar em adquirir o leite A como
substituto ao tipo C. Assim, para o primeiro caso, o leite tipo C seria um
bem normal; para o segundo caso, seria um bem inferior. De modo geral,
não restaria dúvida de que o leite tipo C seria inferior, caso o indivíduo
ganhe um aumento de renda a ponto de ser uma pessoa bastante rica.
Raro seria encontrar uma pessoa rica que deixa de se alimentar de leite
A, para consumir o leite C.
Do que acabamos de analisar, podemos extrair um princípio: todo
bem inferior pode, em algum momento de renda muito baixa, comportar-
se como um bem normal.
Vamos imaginar o ovo como um bem inferior, utilizando
a Figura 4.5. Pessoas com baixo poder aquisitivo, por não poder
comprar carne bovina para suas refeições, acabam por consumir
ovos. Assim, um indivíduo muito pobre, sequer pode comprar ovo,
apenas se alimenta com arroz e feijão. Ao conseguir um pouco
mais de renda, passa a comprar ovos para seus almoços de fins de
semana. Ao que venha a receber ainda mais renda, pode adqui-
rir mais ovos para as refeições durante a semana. Temos nestas
faixas salariais, o aumento de renda e o aumento do consumo;
logo, o ovo está como um bem normal ou superior. Se imaginarmos este
indivíduo vindo a receber melhores salários, ele certamente diminuirá a
compra de ovos para diversificar suas refeições com bons bifes. Assim,
o ovo passa a se portar como bem inferior. Podemos anuir esta situação

CEDERJ 129
Análise Microeconômica | Elasticidades

para tantos outros bens inferiores que venhamos a admitir. Assim, um


mesmo bem pode ser inferior ou superior, o que vai depender da renda
dos consumidores e seus fatores subjetivos.

Renda (y)

Figura 4.5: Bem inferior. Até o ponto de consumo q*, o bem assume comportamento
de bem superior; a partir deste valor, o aumento da renda provoca uma queda de
consumo, o que o caracteriza como bem inferior. Assim, até a faixa de renda y*,
o bem apresenta características de bem superior (aumento na renda; aumento no
consumo). Acima deste nível de renda, o bem é essencialmente um bem inferior
(aumento na renda; diminuição no consumo).

Na trajetória de renda de um indivíduo, todo bem inferior possui


momentos em que passa como bem superior. Até a faixa salarial de y*,
o indivíduo compra um pouco mais do bem inferior quando a renda
aumenta, o que assim está como bem normal ou superior. Apenas a
partir da renda y*, o bem passa a assumir posição verdadeiramente de
bem inferior.

130 CEDERJ
Atividade 4

4
AULA
Nos anos 1960 e até meados dos anos 1970 do século anterior, as pessoas tinham 3
o hábito de frequentar restaurantes à la carte, isto é, aqueles em que se serviam
os tradicionais e sofisticados jantares. Naquela época, o país chegou a passar pelo
chamado "milagre econômico", momento de grande prosperidade de crescimento
econômico e renda.
Com os anos 1980, veio a recessão. A economia entrou em estagnação econômica,
levando à queda do emprego e da renda. Neste período, as pizzarias proliferaram nos
bairros, pois as pessoas passaram da optar por uma pizza em vez dos jantares à luz de vela.
Relacione esta informação com os bens normais e inferiores e suas elasticidades renda.

Resposta Comentada
Podemos supor que, em se tratando de jantares, os restaurantes à la carte servem
bens normais; pizzas seriam os bens inferiores.

Admitindo os anos 1960 e início dos anos 1970 como marcados por crescimento
de renda, a população quis consumir os bens normais, jantares à la carte. Quan-
do ocorreu a queda de renda, o consumo de pizza aumentou, o que se aponta
como bem inferior. Por isto, o empreendedor nos anos 1980 preferiu construir
seu negócio à base de pizzarias do que em vez de restaurantes tradicionais. Em
sendo isto, pizza tem elasticidade renda negativa (caiu a renda, aumentou o
consumo), enquanto refeição à la carte, elasticidade renda positiva (renda e
consumo com relações proporcionais de mesmo sentido).

CEDERJ 131
Análise Microeconômica | Elasticidades

A tarefa de medir os valores das elasticidades é questão de uma área da Eco-


nomia denominada Econometria. Utilizando técnicas estatísticas de regressões
e uso de programas de computadores especializados, as elasticidades são
estimadas, obtendo-se uma indicação sobre seus possíveis valores em deter-
minado ponto do tempo. A medição precisa é muito difícil, porém algumas
aproximações podem apresentar resultados razoáveis. Um exemplo meramente
ilustrativo de estimativas para as elasticidades renda para alguns produtos são
dadas na tabela a seguir:

Estimativas para as elasticidades renda


Elasticidade Elasticidade Elasticidade
Produto
renda cruzada preço
– 0,26
Cerveja1 0,37 – 1,66
(entre marcas)
0,2 (nacionais e
Automóvel2 Entre 1,1 e 1,5 Entre – 0,6 e 0,7
importados)
Manteiga3 0,42 ND ND
Eletricidade3 0,20 ND ND
Fontes: 1. CYSNE et alii. Demanda por cerveja no Brasil: um estudo econométrico, in
A revolução do antitruste no Brasil. Org. Cesar Mattos. São Paulo: Ed.Singular PP. 201-
221. 2003.

2. NEGRI, J.. A elasticidade renda e a elasticidade preço da demanda de automóveis no


Brasil. 1998. Disponível em http://www.ipea.gov.br/pub/td/td_558.pdf , em 12/17/2010.

3. Salvatore, D. Microeconomia. São Paulo: Makron Books, 1996.

Obs: ND = não disponível

ELASTICIDADE PREÇO CRUZADA DA DEMANDA

Há também o interesse de se conhecer o efeito de uma variação


no preço de um bem sobre o consumo de outro. O preço de um bem
pode afetar a demanda de outro bem, se eles forem substitutos ou com-
plementares entre si.
Nesse interesse, a Teoria Microeconômica estabelece o conceito
de elasticidade preço cruzada da demanda ou simplesmente elasticidade
cruzada. Esta é definida como a variação percentual na demanda por um
bem, mediante a variação percentual no preço de outro bem. Assim, a
elasticidade cruzada é dada por:
Variação percentual da quantidade demandada do bem x
Єxy =
Variação percentual do preço de outro bem y

ou seja, uma alteração proporcional no preço de um bem pode afetar


negativamente ou positivamente o consumo por outro.

132 CEDERJ
Se a elasticidade cruzada for negativa, uma variação percentual do

4
preço de um bem y implica uma variação contrária no consumo do bem

AULA
x. Este é o caso dos bens complementares. Por exemplo, se o preço da
manteiga aumentar em 50%, espera-se que o consumo de pão diminua
em alguma proporção.
De outra forma, se a elasticidade cruzada tiver valor positivo, os
bens x e y, envolvidos na apuração da elasticidade, guardam inter-relação
de substituição.
Suponha que o preço do álcool etílico (combustível) aumente em
40%. Certamente, os proprietários de C A R R O S FLEX irão preferir abas- CARRO FLEX

tecer seus automóveis com gasolina; portanto, o sinal da elasticidade É aquele que
possui tanque
preço cruzada da demanda indica se os bens devem ser considerados bicombustível, ele
pode rodar com
substitutos ou complementares. gasolina ou álcool.

ELASTICIDADE PREÇO DA OFERTA

De forma semelhante à elasticidade da demanda, a oferta tam-


bém tem a sua elasticidade. Tem-se a denominada elasticidade preço da
oferta, designada por:
Q%
Єo =
P%

o que resulta em:


Єo = q p (11)
p q

onde o lado direito da equação (11) expressa a variável quantidade na


concepção de quantidades ofertadas ao mercado.
A elasticidade preço da oferta é a variação percentual da quanti-
dade ofertada de um bem, quando varia percentualmente o seu preço.
Em analogia com a elasticidade preço da demanda, a curva de
oferta pode se caracterizar por oferta elástica, unitária ou inelástica:
• Será oferta elástica, quando a variação percentual na quantida-
de ofertada for maior do que a variação percentual do preço.
• Será inelástica, se a variação percentual na quantidade ofer-
tada for menor do que a variação percentual do preço.
• E será de elasticidade oferta unitária, se uma dada variação
percentual na quantidade ofertada resultar uma idêntica
variação percentual do preço.

CEDERJ 133
Análise Microeconômica | Elasticidades

A curva da oferta em seus casos atípicos apresenta elasticidades


com nomes especiais. Se a oferta for perfeitamente inelástica, o valor da
elasticidade será zero. Isto implica uma oferta como numa reta vertical,
como ilustra o gráfico da Figura 4.6. Neste caso, qualquer que seja a
variação do preço, a oferta é a mesma. Um exemplo que pode ilustrar esta
situação seria a do produto agrícola que, uma vez colhido, a oferta será o
que se colheu e levou-se ao mercado, qualquer que seja a variação de preço.

Figura 4.6: A curva de oferta no caso especial em que é uma reta vertical. Neste
caso, a elasticidade preço da oferta é igual a zero.

Em outro caso extremo, a oferta será perfeitamente elástica,


quando os vendedores estiverem dispostos a ofertar toda a quantidade
demandada ao mesmo preço. Graficamente, sua curva assume a forma
de uma reta horizontal, conforme a Figura 4.7.

Figura 4.7: Oferta perfeitamente elástica.

134 CEDERJ
Nesse caso, a elasticidade apresenta valor tendendo ao infi-

4
nito, pois uma variação no preço implica uma variação infinita na

AULA
quantidade ofertada.

Atividade 5
Relacione as assertivas com os conceitos pertinentes a elas: 4

a. O consumidor, ao ver sua renda aumentar, passou a demandar menos do produto


que antes consumia em abundância.
b. O preço de mercado reduziu em 20% e a oferta em nada se alterou.
c. O preço de mercado reduziu em 20% e a demanda aumentou em 20%.
d. Os gastos dos consumidores aumentaram, quando o preço diminuiu.
e. O preço de um bem aumentou e a demanda por outro bem aumentou.
f. O bem é um bem normal ou superior.

( ) elasticidade preço da demanda com valor igual a um


( ) elasticidade oferta com valor igual a zero
( ) elasticidade renda negativa
( ) elasticidade renda positiva
( ) demanda elástica
( ) elasticidade cruzada positiva

Resposta Comentada
Na letra (a), trata-se de bem inferior, assim a elasticidade renda tem valor
negativo;
a letra (b) é o caso da oferta inelástica, ou seja, da forma gráfica da oferta como
vertical; na letra (c), a demanda é de elasticidade unitária;
a letra (d) é o caso da demanda elástica;
a letra (e) representa a situação de bens substitutos cuja elasticidade cruzada é
positiva; na letra (f), o bem apresenta, por definição, elasticidade renda positiva.

Assim, temos:
(c) elasticidade preço da demanda com valor igual a um
(b) elasticidade oferta com valor igual a zero
(a) elasticidade renda negativa
(f) elasticidade renda positiva
(d) demanda elástica
(e) elasticidade cruzada positiva

CEDERJ 135
Análise Microeconômica | Elasticidades

FATOR QUE AFETA A ELASTICIDADE OFERTA

O tempo é o grande fator para gerar elasticidade da oferta. Quanto


mais tempo tiver o produtor, mais ele poderá reagir a uma situação de
mudanças de preços. Em outras palavras, a oferta é mais elástica no
longo prazo do que no curto prazo.

O cálculo da elasticida-
de, utilizando a derivada
Do cálculo diferencial, aprendemos a utilizar
a derivada para expressar variações muito peque-
nas de uma variável em relação à outra dentro de uma

?
escala contínua. A observação de uma variação infinitamen-
te pequena no preço, implicando uma variação na quantidade,
requer, portanto, a utilização da derivada,
conceito de variação marginal em uma função contínua.
Da equação (7):
q p
 (7)
p q
Temo
Temos que a primeira fração do lado direito refere-se a uma função discreta. Em
se tratando de uma função contínua, a elasticidade passa a ser representada por
q p

p q
dq
onde é a derivada de p em relação a q.
dp
Por exemplo, se uma equação de demanda é dada por q = 150 – 4p; se
o preço de mercado for 5, a elasticidade preço da demanda neste
ponto será:
5
  4.   0,15 ,
130
ou seja, naquele ponto a demanda
é inelástica.

CONCLUSÃO

Podemos agora concluir o que na Introdução desta aula indagamos


sobre se vale a pena para o empresário aumentar ou diminuir o preço
para auferir uma maior receita (faturamento).

136 CEDERJ
Se a demanda por seu produto for elástica, seus consumidores são

4
muito reativos a aumentos de preços. Em razão disto, uma elevação nos

AULA
preços implicará uma redução mais acentuada na demanda; portanto, o
efeito proporcional sobre a redução da demanda será mais elevado do
que o aumento proporcional de preços. A receita do empresário dimi-
nuirá, todavia, se o caminho for o inverso, isto é, ao reduzir o preço,
a variação proporcional de aumento de consumo será maior, o que
repercutirá em elevação no faturamento. Assim, com demanda elástica,
a redução de preços é o melhor negócio, se o objetivo for simplesmente
aumentar receita.
Por outro lado, se a demanda por seu produto for inelástica, seus
consumidores reagem pouco a aumentos de preços. Em razão disto, uma
elevação nos preços implicará apenas uma suave redução na demanda;
portanto, o efeito proporcional sobre a redução da demanda será menos
elevada do que o aumento proporcional de preços. A receita do empre-
sário aumentará, todavia, se o caminho for o inverso, isto é, ao reduzir o
preço, a variação proporcional de aumento de consumo será menor, o que
repercutirá em queda no faturamento. Assim, com demanda inelástica,
a elevação de preços é o melhor negócio, se o objetivo for simplesmente
aumentar receita.
O grau de elasticidade da demanda é afetado por fatores como o
número de substitutos, a essenciabilidade do bem e o peso do preço do
bem em relação à renda adquirida do consumidor. Um bem que tenha um
baixo preço, com poucos substitutos no mercado, e que seja bem essencial
ao consumo deve ter uma demanda inelástica. O sal é um bem com estas
características bem evidentes, portanto, um bem com demanda inelástica.
Além da elasticidade preço da demanda, conhecemos outras
elasticidades. A elasticidade renda contribui para classificar os bens
como superiores ou inferiores. A elasticidade preço cruzada da deman-
da identifica se determinados bens são complementares ou substitutos.
Por fim, a elasticidade oferta tem tratamento analítico similar à elasti-
cidade da demanda, só que trata da questão de quanto uma variação
percentual do preço do produto no mercado estimula o crescimento da
oferta em termos percentuais.

CEDERJ 137
Análise Microeconômica | Elasticidades

Atividade Final
Em um estado brasileiro, no ano de 2004, o preço e a quantidade (per capita) 1 4 5
anual demandada do bem A eram R$ 100 e 22 kg/hab., respectivamente.
Em 2008, estes valores passaram para R$ 135 e 33 kg/hab. A tabela a seguir, sintetiza estas
informações:

Dados hipotéticos de preços e quantidades do produto A


Produto A Ano 2004 Ano 2008
Preço R$ 100 135
Quantidade (kg/hab.) 22 26

Como assessor econômico da empresa produtora desse bem, o diretor-presidente lhe consulta
para esclarecer as razões pelas quais, a despeito da elevação de preço, a demanda também
cresceu. Ele indaga os motivos para o crescimento das vendas, mencionando nenhuma alteração
no produto, tampouco mudanças na publicidade.
De imediato, você sabe pelos órgãos de pesquisa, que a renda dos consumidores típicos de A
cresceu 18% entre 2004 e 2008.
Para ter uma resposta mais técnica, você encomenda estudos à UFRRJ, procurando identificar
a elasticidade preço do bem A (Єp), a variação da renda dos consumidores típicos do produto,
a elasticidade renda destes consumidores (Єr), a elasticidade do bem complementar a A (Єc),
e a elasticidade do preço do bem substituto a A (Єs). As duas tabelas a seguir, apresentam os
dados aplicáveis à questão:

Preços dos bens complementares e substitutos de A


Ano 2004 Ano 2008
Preço do bem complementar R$ 42 38
Preço do bem substituto R$ 92 181

Estimativas das elasticidades preço, renda, cruzada dos bens substitutos e bens complementares
Elasticidades Valor
Preço de A (Єp) – 2,42

Renda (Єr) 0,68

Cruzada bem substituto (Єs) 0,82

Cruzada bem complementar (Єc) – 0,62

De posse desses dados, identifique os efeitos da variação da renda dos preços do bem subs-
tituto e complementar que justifiquem a elevação das vendas.

138 CEDERJ
4
AULA
Resposta Comentada
Sabemos que a demanda por um produto depende de vários fatores: preço do bem,
renda do consumidor, preço do bem substituto, preço de bens complementares e
outras variáveis.
A elasticidade fornece a extensão pela qual uma variável afeta a outra.
Assim, teremos o efeito do preço do próprio bem, afetando a sua demanda, cuja
dimensão será calculada pela elasticidade preço da demanda; o efeito renda, afetando
a demanda, calculado pela elasticidade renda; o efeito do preço do bem substituto
calculado pela elasticidade cruzada do preço do bem substituto; o efeito do preço do
bem complementar calculado pela elasticidade cruzada do bem substituto.

Cálculo do efeito preço


q p
Єp = = – 2,42
p q
Temos: p = 100; q = 22 p = 135 – 100 = 35

Então, dada a fórmula da elasticidade, podemos calcular a q:

q = (– 2,42) (35) (22 / 100) = – 18,63,

CEDERJ 139
Análise Microeconômica | Elasticidades

isto é, considerando apenas o aumento do preço de A, a demanda teria sido reduzida


em 18,63 kg/hab.

Cálculo do efeito renda


q %
Єr = = 0,68
r %
Observando a informação dada de um aumento de renda de 18%, podemos perceber
que a contribuição da variação da renda no consumo teria sido de:
q% = (0,68) (18%) = 12,24%

Portanto, se o aumento da renda contribui para um aumento de 12, 24% no consumo


de A, então a variação do consumo é de:
q = (0,1224) (22) = 2,69 kg/hab.

Cálculo do efeito do preço do bem substituto:

Q A %
  0,82
PS %
Como o preço do bem substituto passou de R$ 92 para R$ 181, então:
Ps% = 96,74%

Assim, pela elasticidade substituição dada anteriormente:


QA% = (0,82) (96,72%) = 79,31%

Assim, o fato da variação do preço do bem substituto a A, ao longo do período, incide


uma variação na demanda por A em:
Q = (0,7931) (22) = 17,45 kg/hab

Efeito preço do bem complementar

Dada a elasticidade cruzada do bem complementar:

Q A %
   0, 62
Pc %
Como o preço do bem complementar passou de R$ 42 para R$ 38, então:
Pc% = – 9,52%

Utilizando os dados da elasticidade cruzada do bem complementar:


QA% = (– 0,62) (– 9,52%) = 5,90%

140 CEDERJ
4
Então, a variação do consumo causada por esse fator seria:

AULA
Q = (0,059) (22) = 1,29 kg/hab.

Tivemos a estimativa de cada fator influenciando a variação do consumo. Somando


todos esses fatores:
Q = – 18,63 + 2,69 + 17,45 + 1,29 = 2,8 kg/hab.

Podemos concluir que, do aumento de 22 para 26 quilos per capita na demanda,


2,8 kg são explicados pelas mudanças nos preços do próprio bem, dos bens dos
produtos complementares e substitutos, incluindo o efeito do crescimento do poder
aquisitivo dos consumidores. Possivelmente, outros fatores teriam contribuído para
responder pelo 1,2 kg de alteração no consumo do bem A.

RESUMO

Um dos importantes conceitos econômicos da Microeconomia é o de


elasticidades. Elas medem a intensidade pelas quais uma variação proporcional
de um fator afeta proporcionalmente outra variável econômica.
São diversos tipos de elasticidades: elasticidade preço da demanda,
elasticidade renda, elasticidade cruzada da demanda, elasticidade preço
da oferta etc.
A elasticidade preço da demanda é afetada pelo número de substitutos que
possam existir, também pela essencialidade deste produto aos consumidores
e pelo peso do preço do bem na renda dos consumidores.
Observando-se o sinal da elasticidade renda, verificamos se o bem é normal,
superior ou inferior. Se a elasticidade for maior do que um, estiver entre
zero e um ou se for negativa, então a indicação será de um bem superior,
normal, inferior, respectivamente.
A elasticidade cruzada da demanda determina se os bens são substitutos
ou complementares; se ela for negativa, será indicação de bens substitutos.
Em caso contrário, serão bens complementares.
A elasticidade preço da oferta mede a variação proporcional na oferta em
resposta a uma variação proporcional no preço de mercado.

CEDERJ 141
Análise Microeconômica | Elasticidades

INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na próxima aula, você estudará o processo de escolha dos consumidores


entre diversos produtos oferecidos no mercado condicionados à renda que
recebem.

142 CEDERJ
O comportamento do

AULA
consumidor no mercado
Cleber Ferrer Barbosa

Meta da aula
Apresentar como a Microeconomia fundamenta
o comportamento do consumidor em torno das
escolhas dos bens adquiridos no mercado.
objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja


capaz de:
1 efetuar o cálculo da utilidade marginal de
um bem, utilizando a função utilidade;

2 identificar a taxa marginal de substituição de


bens na passagem entre cestas de consumo;

3 criar a expressão da função utilidade que


represente os bens como complementares
perfeitos;
4 reconhecer como a alteração de preços
de apenas um bem interfere na reta
orçamentária;

5 identificar o ponto de equilíbrio do


consumidor dadas as suas preferências e
restrição orçamentária.

Pré-requisitos
Esta aula utiliza representações gráficas dentro
do primeiro quadrante do plano cartesiano (cons-
trução de gráficos estudados no Ensino Médio).
Também são abordados conceitos básicos de
funções e derivadas, além de se utilizar um pouco
de manipulações algébricas no tratamento de
equações. São, portanto, questões da Matemática
utilizadas nas Aulas 10, 11 e 12 da disciplina
Métodos Determinísticos II, estudadas por você.
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

INTRODUÇÃO Nos mercados, há um sem-número de bens. Estes são constituídos por


diversas características de qualidade que irão sinalizar um conjunto variado
de utilidades, de acordo com a individualidade dos consumidores. Podería-
mos dizer: somos pensativos em um supermercado! Por mais que tenhamos
em mãos uma lista de compras, provavelmente cairemos em uma situação
de escolha. São tantos e tantos produtos, tantos e tantos rótulos coloridos,
promoções inesperadas, degustações de novas mercadorias... que acabamos
por examinar ou hesitar sobre o que comprar.

David Lebrero

Garann Rose Means


Figura 5.1: A escolha dos produtos.
Fontes: http://www.sxc.hu/photo/1274003; http://www.sxc.hu/photo/162212/

Deste modo, os indivíduos atribuem preferência pelos diversos bens e servi-


ços, implicando a forma como irão demandar esses mesmos bens e serviços.
Nesta aula, estudaremos como a teoria econômica formulou as diversas
preferências dos consumidores em relação aos bens e serviços nos mercados.
Enfocaremos o comportamento dos consumidores, quando escolhem os pro-
dutos que irão comprar nos mercados. São criados diversos conceitos para
construir funções que formulem as preferências individuais. Em comparação
às demais aulas, esta é um pouco extensa, o que exigirá um fôlego extra na
leitura, mas, em contrapartida, lhe fornecerá uma boa base conceitual para
dominar as aulas seguintes relacionadas não somente ao comportamento
do consumidor, como também à teoria da produção. Vamos investir nela?

144 CEDERJ
PREFERÊNCIAS DO CONSUMIDOR

5
AULA
Os bens e serviços no mercado são assim chamados, porque têm
utilidades para as pessoas. Os indivíduos se interessam em adquirir bens
levando em conta a sua utilidade, ou seja, quanto mais útil maior será
a preferência pelo bem. Desta forma, podemos verificar que os bens
sinalizam utilidades e satisfação, o que justifica a procura por eles.
Por exemplo:
Suponha que existam à disposição dos consumidores vários
bens que denominamos por n bens de mercado. Cada tipo de bem será
denominado por um subscrito i, que terá uma variação de 1 a n bens
do mercado.

Assim, os elementos do conjunto de xi dos n bens de mercado


serão representados por:
x1, x2, x3,... xn–1, xn

Cada bem xi proporciona um grau de utilidade, cuja notação


será u(xi).
A fim de simplificar o nosso estudo, iremos considerar apenas
dois bens em nossa análise: x1 e x2. Estes bens poderão ser adquiridos
nas várias cestas de consumo que contenham diferentes quantidades
destes bens.
A cesta de consumo (ou cesta de bens) consiste em uma composi-
ção de uma das inúmeras possibilidades de combinações que envolvem
quantidades diferentes e vários tipos de bens de um mercado.
Por exemplo, no caso de dois tipos de bens: bolsa (x1) e laranja (x2).
Uma cesta de bens seria a que tivesse duas bolsas e três laranjas,
(x1, x2) = (2, 3);
Outra cesta seria a que tivesse 10 bolsas e zero laranja, (x1, x2)
= (10, 0).
Vamos fazer uma suposição sobre tais cestas.
Considere duas cestas de consumo X e Y, cada cesta contendo
diferentes unidades dos bens x1 e x2. O consumidor decide por uma
destas cestas com base na que mais utilidade lhe gerar.

CEDERJ 145
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

Na comparação entre a cesta X e a cesta Y, três resultados


podem ocorrer:
1. a cesta X pode ser preferível à cesta Y;
2. a cesta Y pode ser preferível à cesta X;
3. ou pode haver indiferença entre a preferência pelas duas cestas.

Vamos utilizar o sinal > para designar o termo ‘é preferível a’, isto
é: quando escrevermos X > Y, estamos dizendo que a cesta X é preferí-
vel à cesta Y. Se isto ocorrer, é porque na cesta X há um nível maior de
utilidade do que na cesta Y.
De forma semelhante, podemos utilizar o sinal ~ para designar o
termo “é indiferente a”. Assim: quando escrevermos X ~ Y é o mesmo
que dizer que a cesta X tem a mesma preferência que a cesta Y, isto é ,
o consumidor está indiferente entre optar por X ou Y.
Assim, podemos supor que o consumidor é consistente ou racional
em suas escolhas se, dadas três cestas quaisquer – A, B, C – estiverem
presentes os pressupostos:
a) Da transitividade: Se A > B e B > C, então A > C. Isto é, se a
cesta A é preferível a B e B preferível a C, então ele preferirá A a C.
b) Da reflexividade: A ~ A, isto é, cestas idênticas são tão desejadas
quanto qualquer uma delas.
c) Das preferências completas: Para quaisquer duas cestas, A e B, ou
A > B ou A < B ou A ~ B, como já dito anteriormente.
Vamos supor que o consumidor sempre está motivado a optar pela
cesta que mais utilidade lhe proporcionar. Admitindo que, em geral, os
bens sempre trazem utilidades, quanto mais bens uma cesta tiver, maior
será o número de interessados por ela. Assim, pressupomos o consumidor
como insaciável na aquisição de bens.
A consequência é que “mais bens é sempre preferível a menos
bens”; isto é chamado de princípio da não saciedade. No entanto, sabe-
mos que nem sempre isso se verifica na vida real. Afinal, os bens, depois
de certa quantidade, podem enjoar o consumidor ou trazer problemas
de armazenamento, entre outros problemas. Não obstante, podemos
considerar como caso geral observável para grande parte da população
que quanto mais bens, maior será a utilidade para o indivíduo.
A seguir, vamos construir uma função para expressar a utilidade
dos bens.

146 CEDERJ
A FUNÇÃO UTILIDADE

5
AULA
Diremos a função U (xi) como a expressão que confere aos bens
xi um certo grau de utilidade. Esta função é chamada F U N Ç Ã O UTILIDADE FUNÇÃO UTILIDADE
T O TA Lrepresenta o
T O TA L . A utilidade é uma medida que tem por objetivo representar o nível de utilidade ou
satisfação gerada a
nível de satisfação em hipótese de aquisição de produtos.
partir da quantidade
As primeiras construções teóricas sobre a função utilidade trata- de bens disponibili-
zada ao consumidor.
vam de atribuir números às satisfações do consumidor com os diversos
bens do mercado. Cada cesta de bens era avaliada com base numa certa
medida de utilidades, denominada artificialmente como utis. Por exem-
plo, um bem proporcionava 5 utis ao consumidor, outro bem digamos
que proporcionava 12 utis. Assim, a função utilidade identificava as
cestas de consumo por quantidade de utis. As que tinham mais utis eram
as mais preferíveis.

Um exemplo de função utilidade pode ser dado por:


U (x1) = 5 x10,5

Assim, se o indivíduo adquirir uma unidade de x1, a utilidade


gerada seria medida como cinco, ou seja, U (1) = 5.10,5 = 5;
Se o indivíduo adquirir 4 unidades, a utilidade seria 10, ou seja,
U (4) = 5.40,5 = 5.2 = 10;
Se o indivíduo adquirir 9, a utilidade seria 15, ou seja, U(9) =
0,5
5.9 = 5.3 = 15.
A cesta X possui uma quantidade de x1 e x2. Assim, a cesta X
assume uma função utilidade, U (X) = u (x1, x2), que pode, por exemplo,
gerar uma função utilidade especificada por:
U (x1, x2) = 2x10,5x2

Portanto, basta substituir as possíveis quantidades dos bens x1 e


x2, para obter a utilidade gerada pela cesta de consumo especificada. Se
os bens x1 e x2 forem oferecidos na cesta com as respectivas quantidades
4 e 2, a utilidade total será igual a 8, pois
U (x1, x2) = 2.(40,5).2 = 2.2.2 =8

Atualmente, a função utilidade é aplicada enfocando o modo


como ela ordena as cestas de bens. Em vez de quantificar a utilidade,

CEDERJ 147
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

medindo pelo critério de utis, apenas se ordena em termos da mais


preferida, o que gera cestas de consumos em ordem de preferência.
Para anunciar outro conceito importante, vamos inicialmente
supor uma função utilidade das mais simples:
U (x1) = 2x1

Uma tabela pode ser apresentada a partir de uma sequência de


valores atribuídos a x1:

Tabela 5.1: Utilidade total e utilidade marginal da função utilidade U(x1) = 2x1

Quantidade de x1 Utilidade total Utilidade marginal


0 0 -
1 2 2
2 4 2
3 6 2
4 8 2

Fonte: Cleber Barbosa.

Da Tabela 5.1, verificamos a utilidade total aumentando à medida


que o consumidor viesse a dispor de mais unidades do bem. Também
verificamos que, ao aumentar de uma unidade a quantidade de x1, a
utilidade aumenta de dois, ou seja, se o indivíduo tem duas unidades
de x1, o nível de utilidade seria representado pelo valor de 4. Ao passar
para a margem de 3 unidades de x1, a utilidade passaria para 6; logo, a
UTILIDADE MAR- UTILIDADE MARGINAL de 2 para 3 unidades de x1 é dois.
GINAL
A utilidade marginal verifica, portanto, o acréscimo de utilidade
É a verificação de
quanto varia o nível na variação da aquisição de um bem. Observe que apenas um bem pode
de utilidade, quando variar. Assim, pode-se extrair o quanto de satisfação gerou a variação
a quantidade do
bem varia de uma daquele bem ao consumidor.
unidade, mantendo
todos outros bens Por exemplo, na função utilidade, U (x1, x2) = 2x10,5x2, para obter-
constantes.
mos a utilidade marginal de um bem, precisamos manter o outro constante.
Vamos obter a utilidade marginal de x2.

148 CEDERJ
Tabela 5.2: Utilidade marginal de x2 da função utilidade U (x1, x2) = 2x10,5x2

5
Quantidade de x1 Quantidade de x2 Utilidade total Utilidade marginal de x2

AULA
4 2 8 -
4 3 12 4

Fonte: Cleber Barbosa.

Supondo que tenhamos 4 unidades de x1 e 2 unidades de x2, a


utilidade será igual a 8[2. 40,5 .2 = 8]. Neste nível, a utilidade marginal
de x2 ao passar de 2 para 3 será 4[2. 40,5 .3 = 12], pois, na margem de
x2 de 2 para 3, a utilidade aumentou de 8 para 12.
Devemos observar que mantivemos o mesmo valor de x1.

! No cálculo da
utilidade marginal,
apenas a quantidade do
bem que estamos querendo
examinar deve sofrer
alteração.

A notação matemática para a utilidade marginal (UMg) é dada por:

U
UMg1 = (1);
x1

onde o numerador da fração do lado direito da equação representa a varia-


ção obtida de utilidade, mediante variação de uma unidade em x1, repre-
sentado pelo respectivo denominador, (x1), isto é, cada quantidade gera
um nível diferente de utilidade, o consumo de mais uma unidade de x1
gera um acréscimo de utilidade, dimensionada pelo valor desta fração. De
forma contrária, o consumidor, ao deixar de consumir uma unidade de x1,
terá perdido certa quantidade de utilidade, identificada pelo valor de (1).

CEDERJ 149
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

Assim, a leitura desta equação, ou seja, a sua interpretação, é da utilidade


marginal de x1 medida pela taxa de variação da utilidade, quando há a
variação de uma unidade de x1.
Exemplo:
Imagine um consumo de 10 unidades proporcionando uma
utilidade de nível 80. Se a aquisição de mais uma unidade conferir ao
consumidor o nível de 83 utilidades, a utilidade marginal terá sido de
3. Na expressão de (1), temos:

U 83  80
UMg1 =  3
x1 1

Fácil verificar que também pode se extrair a utilidade marginal


de x2. Para tal, basta manter constante a quantidade de x1 e verificar de
quanto irá variar a utilidade total, quando se alterar uma unidade de x2.
A respectiva notação é dada por:

U
UMg 2 = (2)
x2

Observe que é razoável admitir que a utilidade marginal é positiva,


porém decrescente. Positiva porque mais bens conferem mais proprie-
dade a quem os possui, todavia a satisfação com eles vai diminuindo, à
medida que se vai aumentando a posse ou o consumo.
Por exemplo:
A satisfação de um indivíduo, ao ter o primeiro carro, é muito
alta. Já tendo um, ao ganhar outro, sua satisfação aumenta, porém em
magnitude menor do que ao receber o primeiro. Tendo dois carros, se
receber um terceiro, sua satisfação aumenta, mas em uma taxa menor
daquela obtida ao ganhar o segundo veículo. Com cinquenta carros, ao
receber o quinquagésimo primeiro carro, sua satisfação adicional deverá
ser bem menor comparada a todas as anteriores aquisições.

150 CEDERJ
Isto exemplifica a utilidade marginal como positiva, porém

5
decrescente. Estamos supondo que os indivíduos, em geral, tenham esta

AULA
característica como consumidores.

Atividade 1
Um consumidor tem satisfação em adquirir dois produtos no mercado: x1 e x2. 1
Uma aproximação desta situação é dada pela formulação de uma equação que
represente a forma pela qual estes bens fornecem uma escala de utilidades. Digamos,
a função utilidade: U (x1, x2) = 2x10,5x2

Sendo assim, construa uma tabela que represente:


a) a utilidade marginal de x1 para cada uma das suas quatro primeiras unidades, con-
siderando x2 = 4;
b) a utilidade marginal de x2 para cada uma das suas quatro primeiras unidades, con-
siderando x1 = 4.

Resposta Comentada
Para obter os valores das utilidades marginais requeridas, basta substituir os valores
para cada variável na função utilidade.

a) Construindo a tabela com os dados da UMg e também da utilidade total, temos:

Quantidade de x1 Quantidade de x2 U(x1,x2) =2x10,5x2 UMg x1


0 4 0 –
1 4 8 8
2 4 11,31 3,31
3 4 13,85 2,54

CEDERJ 151
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

Façamos o passo a passo acerca do cálculo para a UMg, quando se passa


a consumir duas unidades de x1 . Esta utilidade marginal é obtida pela varia-
ção da utilidade total entre os níveis de consumo de 2 e 1 unidades. Assim,
precisamos obter estas utilidades:

Utilidade total de duas unidades


U (x1=2, x2=4) = 2 (20,5) 4= 2 (1,412)4= 11,31

Utilidade total de uma unidade


U (x1=1, x2=4) = 2 (21) 4= 2.1.4= 8

Então, pela diferença destas utilidades, conforme a equação (1)


U 11,31- 8
UMg2 = = = 3,31
x1 1
b) Construindo a tabela, também apresentando a utilidade total:

Quantidade de x1 Quantidade de x2 U(x1,x2) 2x10,5x2 UMg x2


4 0 0 –
4 1 4 4
4 2 8 4
4 3 12 4

O passo a passo acerca do cálculo para a UMg, quando se passa a consumir


duas unidades de x3:
Primeiro temos de obter a variação da utilidade total entre os níveis de consumo
de 3 e 2 unidades. Assim, precisamos obter estas utilidades:

Utilidade total de três unidades


U (x1 = 4, x2 = 3) = 2.40,5.3 = 2.2.3 = 12

Utilidade total de uma unidade


U (x1 = 4, x2 = 2) = 2.40,5.2= 2.2.2 = 8

Então, pela diferença destas utilidades, conforme a equação (1)


U 12 - 8
UMg2 = = =4
x1 1

152 CEDERJ
CURVAS DE INDIFERENÇA

5
AULA
As pessoas têm as suas preferências pelos vários bens postos à
venda. Há também os casos em que uma determinada combinação de
bens (ou seja, a cesta de bens) possa ser igualmente preferível a uma ou
mesmo a diversas outras combinações de bens.
Por exemplo:
Um indivíduo afirma que teria a mesma satisfação em ser presen-
teado com doze ingressos de futebol e quatro diárias de um hotel (uma
cesta de bens), comparado a dez ingressos de futebol com cinco diárias.
Poderia ser indiferente, também, a uma terceira opção: cinco ingressos
de futebol associados a dez diárias.
Ilustramos, com a Tabela 5.3, hipotéticas possibilidades do tipo
"tanto faz", ou seja, situações em que o consumidor estaria indiferente
quanto às cestas de ingressos para futebol (x2) e diárias de hotel (x1), ou
seja, cestas Xi(x1, x2) ~ Xj(x1, x2), sendo Xi e Xj as diversas possibilidades
de cestas de bens.

Tabela 5.3: Cestas de bens x1 e x2 indiferentes a um indivíduo

Hotel (x1) Futebol (x2) Cesta (x1, x2) Cesta


4 12 (4, 12) A
5 10 (5, 10) B
10 5 (10, 5) C
11 4 (11, 4) D

Fonte: Cleber Barbosa.

Da Tabela 5.3, evidenciamos as diversas cestas de bens em relação


às quais o consumidor manifesta indiferença. Tanto faz adquirir quatro
ingressos de futebol e onze diárias de hotel (cesta D), em vez de doze
ingressos com quatro diárias (cesta A). Vale observar que estas opções
igualmente preferíveis são caracterizadas no sentido de que cada uma,
comparada com qualquer outra, tem mais unidades de um tipo de bem,
porém menos unidades de outro.
Por exemplo, a cesta A tem 12 de x2 e 4 de x1; a cesta C tem
menos unidades de x2 (x2=5) do que em A, todavia mais de x1. Por trás
das cestas indiferentes, está, portanto, o princípio de que mais bens são
preferíveis a menos bens.

CEDERJ 153
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

Se uma cesta de bens contiver mais unidades de todos os bens de


outra cesta, aquela será preferível, satisfazendo a suposição de que o
consumidor é não saciável.
Ao reunirmos as cestas de bens igualmente preferíveis, ou seja,
que estão numa mesma ordem de preferência, temos o conceito de curva
de indiferença.
Curva de indiferença consiste no conjunto dos pares de bens tidos
como de mesmo nível de satisfação; portanto, o consumidor é indiferente
a qualquer uma delas.
Uma representação gráfica para os dados da Tabela 5.3 permite
mostrar a sua curva de indiferença associada.

Figura 5.2: Curva de indiferença I0.


Fonte: Cleber Barbosa.

A curva Io é uma curva de indiferença, pois reúne as diversas


combinações de bens em relação às quais o consumidor tem igual pre-
ferência de consumo.
Na Figura 5.2, podemos observar os pontos que estão fora da
curva de indiferença. O ponto F é uma cesta de consumo com mais bens
do que a cesta B ou D. Vejamos: o ponto F, em relação à cesta D, tem
a mesma quantidade de x1 e mais unidades de x2; por sua vez, a cesta
F, ainda que tenha a mesma quantidade de x2 que a cesta B, tem mais
unidades de x1; logo, a cesta F é preferível a estas duas cestas (B e D) e,
por lógica, também preferível a todas as cestas que estão na curva de
indiferença. Afinal, se a cesta (F) é preferível a uma cesta (B ou D) per-

154 CEDERJ
tencente a uma curva de indiferença, então, aquela cesta (F) será também

5
preferível a todas as cestas da mesma curva de indiferença (A, B, C, D),

AULA
pois estas últimas são igualmente preferíveis entre si.
De maneira análoga, analisamos os pontos abaixo da curva de
indiferença, como exemplifica a cesta E. Comparando-a com a cesta C,
vemos que há a mesma quantidade de x2, porém menos unidades de x1;
logo, a cesta C é preferível à cesta E. Se esta cesta é menos preferível à
cesta C, que está numa curva de indiferença, então, nada mais consistente
do que admitir que E será preterida a qualquer das cestas pertencentes
à curva de indiferença que contém C.
Observe que a cesta F também pode pertencer a um conjunto de
cestas alternativas, todas indiferentes ao consumidor. Por este modo, a
cesta F continua sendo preferível à curva de indiferença I0, mas também
é ponto de outra curva de indiferença, digamos I1. Esta é composta por
todas as combinações de x1 e x2 que estejam na mesma ordem de prefe-
rência à cesta F. A Figura 5.3 mostra a curva de indiferença I1 estando
acima da curva de indiferença I0.

Figura 5.3: Curva de indiferença I1.


Fonte: Cleber Barbosa.

Qualquer cesta de bens, pertencente à curva de indiferença I1, é


preferível às cestas da curva de indiferença I0. Os pares de bens da I1
proporcionam mais utilidade do que aquelas dos pares da Io.

CEDERJ 155
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

Podemos generalizar o que acabamos de verificar, afirmando que


cada possível combinação de x1 e x2 pode gerar outras combinações de
iguais preferências, assim gerando uma curva de indiferença específica
para ela; portanto, existem tantas curvas de indiferenças como possamos
imaginar dentro do eixo cartesiano de bens x1 e x2. A este conjunto de
curvas de indiferenças possível denominamos mapa de curvas de indife-
renças, como ilustra a Figura 5.4.

Figura 5.4: Mapa de curvas de indiferenças é a representação de que existem inú-


meras curvas de indiferenças possíveis no plano (x1, x2) do gráfico cartesiano.
Fonte: Cleber Barbosa.

Cada curva de indiferença, posicionada acima de outra, repre-


senta que a mais elevada é preferível, pois apresenta mais utilidade ou
satisfação ao consumidor.
Por exemplo, qualquer cesta da curva de indiferença I2 é preferível
a qualquer outra cesta pertencente à curva I1 e mesmo I0.
No conjunto de curvas do mapa de curvas de indiferenças, nenhu-
ma delas pode tocar qualquer outra.
Por que não? Vamos recorrer à Figura 5.5, para entender a razão
pela qual as curvas de indiferenças não se tocam ou cruzam.

156 CEDERJ
5
AULA
Figura 5.5: As curvas de indiferenças não se interceptam.
Fonte: Cleber Barbosa.

Se as curvas de indiferenças pudessem se interceptar, o ponto


B estaria pertencendo a duas curvas de indiferenças, o que levaria a
imaginar dois níveis de satisfação para uma mesma cesta de consumo.
Observe que, se as curvas se interceptarem como na Figura 5.5,
haveria uma contradição à suposição de que mais produtos dariam mais
satisfação ou utilidade ao consumidor. Como está, o ponto B pertenceria
a duas curvas de indiferenças, cada uma destas com um nível de satis-
fação diferente da outra.
Veja: o ponto H teria o mesmo nível de satisfação ou preferência
do que o ponto B, pois ambos estão na curva de indiferença I1. Por sua
vez, a cesta D estaria com a mesma ordem de preferência de B, pois ambos
estão na curva de indiferença I0. Pela transitividade das escolhas, se H é
tão preferível a B e B é tão preferível a D, seria de esperar que H fosse
igualmente preferível a D. H tem a mesma quantidade de x1, porém mais
unidades de x2 , logo seria inconsistente com a pressuposição adotada
nesta teoria de que o consumidor aumenta sua satisfação tanto mais
quanto mais bens ele dispuser.

A TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃO

Observamos que no campo das cestas de bens igualmente pre-


feríveis, ou seja, cestas de uma mesma curva de indiferença, há uma
variabilidade na quantidade dos bens. Entre uma cesta e outra, se uma
tem mais unidades de um produto, terá de ter menos do outro. Assim,
há uma troca de um bem por outro, quando comparamos uma cesta com
a outra; caso contrário, não estaríamos na mesma curva de indiferença.

CEDERJ 157
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

Para entender melhor, vamos comparar as cestas A e B da Tabela


5.3. Respectivamente, as cestas A e B (4, 12) e ( 5, 10) evidenciam uma
diversidade nas unidades, de forma que não haja uma preferência de
uma sobre a outra.
Visto de outro modo, observe que o consumidor, estando na cesta
A, se perder 2 unidades de x2, ao mesmo tempo em que ganhar uma
unidade adicional de x1, ficará indiferente. Diante disto, observamos
que, na passagem da cesta A para B, houve uma taxa de troca de um
bem (x2) pelo outro (x1); abrindo mão de duas unidades de x2, porém
recebendo uma unidade de x1, o consumidor não altera a sua satisfação.
Temos, portanto, o conceito de taxa marginal de substituição (TMS), isto
é, a taxa de troca de um bem para adquirir uma determinada variação
de outro bem, sem que haja alteração na satisfação do consumidor. A
TMS é uma taxa de substituição entre bens medida ao longo de uma
curva de indiferença.
Você poderá verificar, na Atividade 2 desta aula, que a taxa mar-
ginal de substituição é um valor negativo e, em geral, decrescente. Um
breve exemplo pode ser mostrado neste momento.
Utilizando as cestas A e B (4, 12) e (5, 10) respectivamente, veri-
ficamos a taxa marginal de substituição na passagem da cesta A para B.
Neste caso, observa-se que, para consumir mais uma unidade de x1 (de
4 para 5 de x1), é preciso deixar de adquirir duas unidades de x2 (saindo
do consumo de 12 para 10 unidades), dado que o consumidor permanece
no mesmo nível de satisfação ou utilidade. Deste modo, a troca de um
bem para o outro é negativa, pois para ganhar um bem teve de perder
duas unidades do outro, portanto, a taxa de troca é negativa.
É negativa, porque para se manter no mesmo nível de satisfação,
ao se ganhar um bem (x1), precisa-se perder alguma quantidade do outro
(x2). Por sua vez, é decrescente, pois, à medida que se vai ganhando
outro bem, sua utilidade marginal vai diminuindo, ao passo que aquele
bem que se está abandonando tem sua utilidade marginal aumentada.
Assim, há uma diminuição na disposição de deixar de consumir um bem
para consumir outro bem. Com relação a este último ponto, damos um
breve exemplo a seguir.

158 CEDERJ
A taxa marginal de substituição (TMS) é uma taxa decrescente.

5
Suponha uma pessoa que adora beber refrigerante saboreando porções

AULA
de azeitonas. Por ser seu aniversário, um amigo a convida a um boteco.
Primeiro, oferece-lhe 10 latas de refrigerantes com uma porção de azei-
tonas. Uma razoável taxa marginal de substituição entre estes dois bens
seria que na primeira troca o aniversariante fique indiferente na opção
de 7 refrigerantes, se ganhar uma porção a mais de azeitonas. Afinal,
está com muito refrigerante e poucas azeitonas. Neste caso, a TMS é –3.
Nessa cesta, ele teria 7 refrigerantes e 2 porções de azeitonas. Se o
garçom lhe falasse que pelo mesmo preço poderia dar-lhe mais azeitonas,
mas com menos refrigerantes e lhe perguntasse quantos refrigerantes
trocaria para ganhar outra porção de azeitonas, certamente ele diria que
seria menos de 3, suponha dois refrigerantes. Assim, a TMS passou para
– 2, pois abrindo mão de duas latas de refrigerantes (alteração de 7 para
5 refrigerantes) para receber uma porção de azeitonas, o aniversariante
fica com o mesmo índice de satisfação (curva de indiferença).

Tabela 5.4: Cestas de bens x1 e x2 indiferentes a um indivíduo e taxa marginal de


substituição (TMS)

Azeitonas (x1) Porções Refrigerantes (x2) Latas Cesta (x1, x2) TMS
1 10 (1, 10) –
2 07 (2, 7) –3
3 05 (3, 5) –2

Fonte: Cleber Barbosa.

Pode-se perceber que, à medida que ele vai “caminhando” ao longo


dos pontos da curva de indiferença, a relação entre as quantidades de
refrigerantes e azeitonas vai mudando, o que irá reduzir a taxa de troca
de um pelo outro. Afinal, ele já está ficando com pouco refrigerante para
uma quantidade cada vez maior de azeitonas, ou seja, a relação entre
os produtos vai se modificando da seguinte forma: o que era escasso vai
ficando abundante e o que era abundante vai ficando escasso (as utilida-
des marginais vão se alterando). Por isto, ele tende a conceder cada vez
menos refrigerante, à medida que vai obtendo mais porção de azeitonas.
Assim, a taxa marginal de substituição é decrescente.

CEDERJ 159
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

A TMS pode ser compreendida através da expressão matemática:

x2 (3);
TMS = –
x1

onde lemos a taxa marginal de substituição como a medida de quanto


se concede de um bem ( x2) para adquirir uma unidade a mais de x1
( x1). Observe que o sinal negativo na equação (3) está ali colocado
para fazer com que a TMS tenha um resultado positivo. Sabemos que
originalmente a TMS tem valor negativo, refletindo o fato de a curva de
indiferença ser negativamente inclinada.

Atividade 2
Da tabela abaixo, contendo os bens x1 e x2, construa uma coluna adicional, atri- 2

buindo os valores da TMS na passagem de cada uma das cestas para a seguinte.

X1 X2 Cesta
2 18 A
3 12 B
4 10 C
5 09 D

Resposta Comentada
Aplicando a equação (3), que define a taxa marginal de substituição (TMS), basta
medir quanto se deixa de x2 para adquirir uma unidade de x1, para cada mudança
de cesta. Assim de A para B, abre-se mão de 6 unidades de x2; de B para C, 2;
e de C para D, 1 unidade de X2.

160 CEDERJ
5
A tabela a seguir apresenta a coluna da TMS, mostrando que é decrescente.

AULA
Cestas de bens (x1, x2) indiferentes a um indivíduo.

X1 X2 Cesta TMS
2 18 A –
3 12 B –6
4 10 C –2
5 09 D –1

Função utilidade e cur-


vas de indiferença
As preferências que produzem mapas de cur-

?
vas de indiferenças são exercidas com base na fun-
ção utilidade para os consumidores. Vejamos um exemplo
para demonstrar esta relação.
Suponha um consumidor em escolha sob bens de alimentação A
e bens de vestuário V. Assim, podemos considerar A como a variável
q
quantidade de bens de alimentação, em quilos; V representa a variável
quantidade de roupas, em unidades.
A fu
função utilidade para este consumidor é supostamente dada pela função
especificada:
u (A, V) = AV.

Dessa informação, podemos ilustrar algumas curvas de indiferença. Em uma


primeira hipótese, digamos A = 5 e V = 5, haverá uma curva de indiferença
que seja no nível de utilidade 25. Neste caso, qualquer combinação de A e V
que resulte em u = 25 também estará na mesma curva de indiferença; por
exemplo, V = 3 e A= 8.33; ou V = 4 e A= 6.25.
Podemos construir outras tantas curvas de indiferença, a partir de um
certo nível de utilidade dado pela função utilidade. Outra curva de
indiferença para U = 50 reuniria várias cestas de consumo, como: u
(10, 5); u (12.5, 4); (5, 10).

A ilustração gráfica das curvas de indiferença geradas a


partir da função utilidade especifica por u (A, V) =
AV é dada pela Figura 5.6.

CEDERJ 161
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

Figura 5.6: Mapa de curvas de indiferenças geradas a partir da função utilidade


u (A,V) =AV.
Fonte: Cleber Barbosa.

O CASO DA CURVA DE INDIFERENÇA ENTRE BENS


SUBSTITUTOS PERFEITOS

A curva de indiferença é uma representação gráfica construída


de tal forma que todas as combinações de bens ao longo da mesma
são indiferentes para o consumidor. Em geral, a curva de indiferença
é convexa em relação à origem do gráfico, como vimos na Figura 5.6.
A convexidade (dobra da curva voltada para baixo) é resultado
do grau de substitutibilidade entre os bens. Afinal, ao longo da curva, há
uma taxa de troca, a TMS, evidenciando que se pode substituir um bem
pelo outro sem que se altere a satisfação do consumidor. Todavia, esta
taxa vai diminuindo à medida que vamos sistematicamente substituindo
um bem por outro. Claro, estamos falando do que já estudamos, a taxa
marginal de substituição é decrescente. Se ela é decrescente, pode-se
atingir um ponto em que não há mais como substituir um produto por
outro, pois a taxa estará em torno de zero.
Nesses casos, há a substituição entre os bens, mas não para toda
a extensão de troca. Como ilustração, basta imaginarmos o exemplo da
Figura 5.6. Podemos nos mostrar indiferentes entre trocar uma certa

162 CEDERJ
quantidade de alimentos por uma certa quantidade de roupa, quando

5
tivermos em um nível razoável de alimentos e pouca quantidade de

AULA
roupa. Mas esta troca vai diminuindo, à medida que vamos ficando sem
alimentos (ponto extremo da curva de indiferença). Dizemos, portanto,
que há uma substituição, mas não perfeita, entre estes bens.
Dois produtos são
Há o caso especial de bens S U B S T I T U T O S PERFEITOS entre si. São SUBSTITUTOS PER-
F E I T O S quando o
aqueles que podem ser trocados até o limite de se ter apenas um deles, consumidor pode
sem que haja perda de satisfação (mesma curva de indiferença). São casos aceitar, sem perda de
satisfação, a substi-
excepcionais, mas possíveis. O consumidor pode ser indiferente entre ter tuição entre eles até
o ponto em que nada
canetas azuis ou canetas pretas, até o limite em que tenha apenas uma se consuma de um,
delas. Outros exemplos de bens: margarina e manteiga, ou guaraná da isto é, a curva de
indiferença toca os
marca A ou da marca B. Tudo vai depender da escala de preferências do eixos do gráfico.

consumidor, isto é, da sua escolha.


A função utilidade para os casos de bens substitutos perfeitos
assume a forma funcional dada por:
U (x1, x2) = ax1 + bx2
Onde:
a e b são números positivos que expressam a taxa de troca de um
bem pelo outro.

No caso dos bens substitutos perfeitos, teremos uma curva de


indiferença em uma forma especial, posto que foge ao padrão comum
das curvas de indiferença, estas últimas como vimos, curvas convexas
(dobradas) em relação à origem. Com um exemplo a seguir, mostramos
a forma da curva de indiferença para os bens substitutos perfeitos.
Imagine um estudante com material de estudos constando canetas
azuis ou pretas. Todavia ele assume ter um dobro de preferência por
canetas pretas. Pode trocar duas canetas azuis para adquirir uma preta
sempre; portanto, tanto faz ter dez canetas azuis ou cinco pretas. Supondo
a caneta azul como x1 e a caneta preta como x2, temos:
u (x1, x2) = 2x1 + x2

CEDERJ 163
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

!
Uma pequena consideração
deve ser tomada para adequar o exem-
plo à figura gráfica. Suponha que as cores da
caneta possam ser adquiridas, também, em propor-
ções diferentes dentro de uma mesma caneta. Assim,
o indivíduo pode comprar uma única caneta com
diferentes proporções de carga azul ou preta, de
maneira a permitir quantidades fraciona-
das de cores azuis ou pretas.

A construção da curva de indiferença é dada, atribuindo um


determinado valor para a utilidade e depois observando as diferentes
combinações de cor de caneta que geram aquela mesma utilidade.
Ao nível de utilidade u (x1, x2) = 10, as combinações de x1 e x2
serão as cestas contidas na curva de indiferença I0 (u =10).
Temos:
10 = 2 x1 + x2

As cestas u(5, 0); u(4, 2); u(3, 4); u(0, 10) são algumas das cestas
pertencentes à mesma curva de indiferença.

Outra curva de indiferença pode ser destacada. Por exemplo, ao


nível u = 15;
15 = 2x1 + x2,
teríamos algumas cestas, como: u (0,15); u (5, 5); (7,5; 0).

Se quisermos obter a inclinação da curva de indiferença, devemos


recorrer a um de alguns dos métodos matemáticos possíveis. A inclinação
de uma função é dada pela derivada da variável do eixo das ordenadas
(x2) em relação à variável do eixo das abscissas (x1). Temos de adequar
a função utilidade, colocando a variável x2 em função da x1, ou seja:
u (x1, x2) = 2x1 + x2;
x2 = –2x1 + u (x1, x2);

164 CEDERJ
dx2

5
agora, derivando x2 em relação a x1, , observando que u (x1, x2) é uma
dx1

AULA
constante (pois está em uma mesma curva de indiferença), temos:

dx2
 2 ,
dx1

ou seja, a variação entre os dois bens, a taxa marginal de substituição, é


sempre de 2 x2(caneta azul) para cada x1 (caneta preta), como facilmente
poderíamos deduzir. A Figura 5.7 traz o gráfico das curvas de indiferença
para o caso destes bens substitutos perfeitos.

Figura 5.7: Curvas de indiferença para o caso de bens substitutos perfeitos.


Fonte: Cleber Barbosa.

BENS COMPLEMENTARES PERFEITOS

Os bens podem se relacionar de maneira a só fazerem sentido


quando consumidos em uma determinada proporção. Neste caso, as
preferências apresentam uma função utilidade de forma:
U (x1, x2) = min (ax1, bx2);

onde essa equação é lida como a utilidade gerada aos bens como asso-
ciada a um mínimo de quantidades dadas entre as disponibilidades ax1
e bx2. As letras a e b nesta função são representações genéricas para os
números positivos que darão a dimensão de proporcionalidade entre
os bens.

CEDERJ 165
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

Suponha um indivíduo que só faça sua refeição, se consumir dois


refrigerantes. Teremos a função utilidade por refeição (x1) e refrigerantes
(x2), dada por:
U (x1,x2) = min (x1, 2x2).

Nessa situação, o indivíduo só se importa com o consumo com-


partilhado entre os pares de bens na proporção 2x2 para cada x1. Ao ter
uma refeição com dois refrigerantes, ocorre um nível de satisfação. Se lhe
presentearem com uma segunda refeição, não há ganho de satisfação. Se
lhe derem uma segunda refeição e mais outro refrigerante, a satisfação
também não se altera. Apenas quando receber uma segunda refeição,
acompanhada de outros dois refrigerantes, ele alcançará outro nível de
satisfação. A Figura 5.8 ilustra este exemplo.

Figura 5.8: Mapa de curvas de indiferença para bens complementares perfeitos.


Fonte: Cleber Barbosa.

166 CEDERJ
Atividade 3

5
AULA
Um exemplo clássico de bens complementares perfeitos é o que considera os 3
pares de sapato. Para o consumidor, só faz sentido adquirir os sapatos com o
lado direito (x1) e esquerdo (x2); portanto, os pares, pé direito e esquerdo, são os que
auferem utilidades. Neste caso:
a) apresente a expressão da função utilidade que represente os pares de sapatos (x1
e x2) como complementares perfeitos;
b) ilustre graficamente o mapa de curvas de indiferença.

Resposta Comentada
a) O número de pares de sapatos que gera utilidade ao consumidor é o mínimo
de sapatos direitos e esquerdos na escala 1 lado direito para 1 lado esquerdo,
ou seja, 1:1. Assim, a função utilidade terá a forma:
U (x1, x2) = min (x1, x2);
onde x1 e x2 são os lados direitos e esquerdos, respectivamente, dos sapatos.

b) O gráfico que ilustra o conjunto de curvas de indiferença, ou seja, o mapa de


indiferenças para o caso dos sapatos:

CEDERJ 167
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

A RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA – RO

Com o que estudamos nesta aula, podemos verificar como os


consumidores ordenam as suas preferências que são demonstradas pelo
mapa de curva de indiferenças. A questão a formular é: qual cesta de
consumo será a escolhida?
Sabemos que os bens e serviços não são gratuitos. É preciso
comprá-los, dados os seus preços; portanto, o consumidor precisa de
renda para adquiri-los. Estes são os elementos nos quais construiremos
um método analítico, isto é, um modelo econômico, para entender
como o consumidor determina o quê e quanto vai comprar no mercado.
RESTRIÇÃO É o que chamamos de maximização do consumo sujeito à RESTRIÇÃO
ORÇAMENTÁRIA
ORÇAMENTÁRIA.
É o conjunto de
bens que podem ser Como vimos, na curva de indiferença, estamos supondo que haja
adquiridos, dados dois bens: x1 e x2, combinados em diversas proporções, os quais chama-
os preços dos bens
e a renda do consu- mos cestas de bens. Estes bens possuem preços, p1 e p2, respectivamente.
midor.
Deste modo, a despesa, por exemplo, com o consumo com x1 é dada
por x1p1, sendo x1 a variável que expressa a quantidade de unidades de
x1 que está sendo comprada. Assim, se o preço é 2 e compram-se três
unidades de x1, a despesa com este bem é (2)(3) = 6.

Do mesmo modo, x2p2 é a despesa com o consumo de x2. Se o


consumidor dispõe de recursos monetários, m, a equação (4) a seguir
evidencia os gastos com os bens x1 e x2 de acordo com a renda:
m = x1 p1 + x2 p2 (4)

A leitura da equação (4) é de que o indivíduo utiliza a sua renda


m, gastando com os dois bens: x1 e x2; é a verificação do limite de com-
pras dado à renda monetária m. Esta equação é a denominada restrição
orçamentária do consumidor.
Um exemplo ajuda a consolidar esse conceito: uma pessoa dispõe
de R$ 100 para ir à feira. Ela tem o interesse por frutas, f, cujo preço
único é de R$ 10, o quilo; e verduras, v, ao preço de R$ 5, o quilo.

168 CEDERJ
5
AULA
v
ko
bya
Ko
la
ae
ich
M

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1303029/ Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1204786 /

A restrição orçamentária que retrata esta situação é:


100 = 10 f + 5 v

Com o dinheiro que possui, pode comprar várias cestas de con-


sumo (f, v), como, por exemplo, (5, 10), (4, 12) e (1, 18).
De modo geral, dados a renda m e os preços p1 e p2, referentes
aos bens x1 e x2, podemos construir um gráfico, identificando as diversas
cestas de bens que estão compatíveis com a restrição orçamentária.
Vamos construir o gráfico com x1 no eixo da abscissa e x2 no da
ordenada.
Se a equação é m = x1 p1 + x2 p2 e queremos colocá-la neste gráfico,
vamos explicitar x2 em relação as demais variáveis:

x2 = (m/p2) – [(p1/p2) x1] (5)

Observe que a equação (5) é uma reta, pois ela é do tipo:

y = a – bx, onde a seria m/p2 e b seria (p1/p2), os quais são sim-


plesmente números positivos (coeficientes com expoente igual a um).

Sendo uma reta, sabemos que são suficientes dois pontos de pares
ordenados (x1, x2) para determiná-la.

Escolhemos dois pontos de rápido cálculo:


um em que x1 = 0, e outro ponto, em que x2 = 0.

CEDERJ 169
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

Assim, dados os preços e a renda m, se x1 = 0, substituindo este


valor na equação (5), temos:
x2 = (m/p2)

Logo, obtemos um ponto de par, que é (0, m/p2).


Observe que, se a renda é 100 e p2 = 5, a cesta de bens é (0, 20).
Chamemos este par ordenado de cesta A.
Por outro lado, se x2 = 0, então, utilizando a equação (5), temos:
0 = (m/p2) – [(p1/p2) x1]
[(p1/p2) x1] = (m/p2)

Cortando p2 de ambos os lados da equação:


p1 x1 = m
x1 = m/p1

De forma semelhante, se a renda é 100 e p1 = 10, a cesta de bens


é (10, 0). Chamemos este par ordenado de cesta B.
Temos, portanto, dois pontos pertencentes à reta da equação
(4), ou da equação (5), isto é, pertencentes à restrição orçamentária do
consumidor. Como é uma reta, com estes dois pontos a, determinamos,
como podemos ver na Figura 5.9.
Podemos observar que os pontos A e B são cestas de consumo
extremas. Em A, toda a renda é gasta com x2. Para isto, não se adquire
nada de x1; portanto, M/p1 é o cálculo de quanto se pode consumir
gastando todo o dinheiro com um só bem.

Figura 5.9: Reta ou restrição orçamentária (RO) formada, considerando os preços


dos bens e a renda do consumidor.
Fonte: Cleber Barbosa.

170 CEDERJ
O conjunto de pontos pertencentes à reta representa as cestas de

5
consumo cujas despesas exaurem a renda. Cestas de consumo abaixo

AULA
da curva, como o ponto C, são despesas com valores menores do que a
renda, ou seja, nem toda renda é gasta; pontos acima da reta mostram
que a renda é insuficiente para adquirir os bens dispostos nelas.
Identificada a reta orçamentária, ou seja, a posição pela qual passa
a restrição orçamentária, indagamos sobre o que diz a inclinação desta
reta: ela mede a taxa pela qual o consumidor precisa deixar de comprar
um produto se quiser adquirir, por exemplo, uma unidade do outro,
utilizando todo o seu dinheiro disponível, M.
Como é uma reta, a inclinação é sempre a mesma, o que, por sua
vez, implica dizer que a taxa de troca de um produto por outro, dentro
do mesmo orçamento, é única para qualquer tipo de cesta de bens da reta.
O grau da inclinação da reta pode ser dado pela verificação do
seu ângulo. Para tal, utiliza-se o princípio matemático da derivada, como
instrumento para determinar quanto uma variável se altera mediante a
variação de outra.
Se a reta é dada por x2 = (m/p2) – [(p1/p2) x1], devemos derivar x2
em relação a x1.
Então:
dx2 p (6)
 1
dx1 p2

A derivada mostrada em (6) é a inclinação da reta orçamentária,


a qual é dada pela relação de preços de p1 com p2. Uma variação desta
relação afeta a inclinação. Se p1 e p2 aumentam em igual proporção, a
reta orçamentária desloca-se, mas com o mesmo ângulo.

CEDERJ 171
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

Podemos extrair a
inclinação da reta orçamen-
tária de outra forma. Da restrição
orçamentária, sabemos que mudanças ao
longo dela ocorrem numa variação (x) para
cada um dos bens, ou seja, na equação da reta
orçamentária, tem-se:

p1(x1 +x1) + p2 (x2 + x2) = m (7)

?
Observe que a equação (7) representa qualquer mudança de
cesta de bens ao longo da reta orçamentária, pois o lado esquerdo
está restrito ao valor da renda m. Por causa disto, x1 e x2 têm sinais
opostos. Em outras palavras, se houver um aumento de
compras para x1, deverá haver uma diminuição no consumo de x2, para
manter-se dentro do orçamento dado por m.

Como sabemos que na Matemática podemos subtrair uma equação da


outra,
ou aplicamos esta propriedade em relação às equações (4) e (7). Daí, da
subtração da equação da restrição orçamentária e da equação de alteração
ao longo da reta orçamentária, temos:

m = x1 p1 + x2 p2

m = p1(x1 + x1) + p2 (x2 + x2)

0 = p1x1 + p2 x2 (8)

A leitura da equação (8) é que o consumidor, dados os preços dos produ-


tos e renda, pode alterar a quantidade em determinada variação () dos
bens, sem que varie suas despesas.

Olhando a reta orçamentária, sabemos que a inclinação é dada pelo


ângulo gerado pela relação altura/largura da função estudada. No
gráfico da RO, a altura é x2 e a largura, x1. Assim, para termos a
inclinação, precisamos ter a expressão de x2 , dividido por x1.
Pois, então, pela equação (8) a manipulamos para chegar a:

x2 p
 1
x1 p2 (6’)

que é a expressão da inclinação da reta


gerada pela restrição orçamentária.

172 CEDERJ
O entendimento da expressão dada pela inclinação da reta ou restrição

5
orçamentária tem implicações importantes de natureza econômica. Pri-

AULA
meiro, observe que são P R E Ç O S R E L AT I V O S , isto é, um preço relacionado PREÇOS
R E L AT I V O S
a outro. Assim, destaca-se que a variação de apenas um preço afeta o
São as relações entre
consumo do outro, pois estão dentro de uma estrutura de renda exaurida dois ou mais preços.
no consumo deles. No caso de dois
bens, indica quantos
Podemos deduzir que uma queda de preços amplia a possibilidade bens são necessá-
rios para equivaler
por maior consumo do bem mais barato. Assim, se a queda de preços a outro. A relação
entre dois bens
for do bem x1, a reta orçamentária tende a tocar o respectivo eixo em
(p1/p2) pode ser lida
um ponto mais afastado da origem (Figura 5.10A). Se, ao contrário, for como o preço do
bem 1 em relação ao
uma elevação do preço, a reta orçamentária tende a tocar o respectivo preço do bem 2. Se
esta relação for 4,
eixo em um ponto mais próximo da origem (Figura 5.10B), ou seja, um por exemplo, indica
aumento na inclinação, o que também condiz com a inclinação dada que são necessários
gastos de quatro uni-
pela equação (6’). dades do bem 1 para
equivaler ao preço
do bem 2.

Figura 5.10: Variação no preço do bem x1 na reta orçamentária. Em (A), o preço


diminui para p’1; em (B), o preço aumenta para p’’1. A variação de preço de apenas
um bem modifica a inclinação da reta orçamentária, mas não a desloca totalmente.
Fonte: Cleber Barbosa.

Analogamente, com uma queda de preços em x2, a reta orça-


mentária tende a tocar o respectivo eixo em um ponto mais afastado
da origem (Figura 5.10A). Se, ao contrário, for uma elevação do preço,
a reta orçamentária tende a tocar o respectivo eixo em um ponto mais
próximo da origem (Figura 5.11B), um aumento na inclinação, o que
também condiz com a inclinação dada pela equação (6’).

CEDERJ 173
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

Figura 5.11: Variação no preço do bem x2 na reta orçamentária. Em (A), o preço


diminui para p’2; em (B), o preço aumenta para p’’2. A variação de preço de apenas
CUSTO DE um bem modifica a inclinação da reta orçamentária, mas não a desloca totalmente.
OPORTUNIDADE Fonte: Cleber Barbosa.
É o maior valor
alternativo que se
poderia obter ao se
fazer algo, quando
se poderia fazer Observe que a inclinação da reta orçamentária reflete o custo de
outra coisa. Em
tudo que fazemos, oportunidade entre os dois bens. Como o dinheiro está sendo totalmente
temos um custo de
oportunidade. Ao utilizado para comprar os bens x1 e x2 (estamos em um ponto da RO), ao
estarmos fazendo
passar de um ponto para outro, digamos, de consumir mais do bem x1,
alguma coisa, esta-
mos deixando de será preciso reduzir algum consumo de x2. O que se tem de abandonar
fazer outra. O valor
do que se deixa de de consumo de x2 é o custo econômico (ou o “preço”) de consumir mais
fazer é o custo de
oportunidade.
de x1. No jargão econômico: é o C U S T O DE OPORTUNIDADE de consumir
um pouco mais de x1.

Atividade 4
Pelo que observamos nas Figuras 5.10 e 5.11, a variação de apenas um preço 4
altera o ângulo da reta orçamentária, mas não a desloca. Responda por que não
há o deslocamento da reta.
Dica: há uma argumentação técnica (em termos do ponto de interseção da reta com
os eixos cartesianos) e uma argumentação de intuição econômica.

174 CEDERJ
5
Resposta Comentada

AULA
Os pontos extremos da reta orçamentária envolvem a renda dividida pelo
preço do bem, isto é, a reta toca o eixo do bem x1 no valor m/px1; e no eixo de
x2, por m/px2. Assim, se apenas o preço de x1 variar, o eixo de x1 irá se alterar,
porém nada acontecerá com o eixo de x2. Por sua vez, se apenas o preço de
x2 variar, o eixo de x2 irá se alterar, porém nada acontecerá com o eixo de x1.
Intuitivamente, uma variação de preço de x1 nada afeta o ponto da reta que
toca o eixo de x2. Este último significa a quantidade de x2 que seria adquirida, se
toda a renda fosse utilizada em seu consumo. Assim, o preço de x1 pode variar
o quanto puder, que a quantidade máxima de adquirir x2 não se altera. Afinal,
nesta posição nada se consome do bem x1. O mesmo raciocínio se faz no caso
do ponto de consumo único de x1 em hipótese de variação de preço de x2.

DESLOCAMENTOS DA RETA ORÇAMENTÁRIA

Vimos anteriormente que uma alteração em apenas um dos


preços não desloca totalmente a RO. Na verdade, ela faz uma rotação
em que um dos eixos (aquele do bem que o preço variou) altera-se e o
outro extremo da reta permanece fixo. Vamos examinar, agora, quando
os preços alteram-se ao mesmo tempo e em uma idêntica proporção e
também o que acontece quando a renda varia.
Um aumento ou uma diminuição na renda irá alterar os pontos
extremos da RO. É fácil verificar esta alteração, pois estes pontos são
os valores de m/p, como ilustra a Figura 5.10. Observe, porém, que a
reta irá se deslocar de forma paralela, ou seja, sem qualquer alteração
em seu ângulo (ou inclinação). Afinal, os preços relativos dos bens não
variaram; portanto, a inclinação na RO não se altera. Um exemplo
confirma o que dissemos:
Tício tem R$ 100 para gastar no fim de semana prolongado. Pode
ir ao cinema (c) ou ao teatro (t).

CEDERJ 175
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

Jonathan Werner
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/712748/ Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1058015/

Os preços dos ingressos são R$ 10 e R$ 20, respectivamente;


portanto, a RO é dada por:
100 = 10 c + 20 t.
No entanto, seu pai resolve lhe presentear com R$ 60. Assim,
Tício passa a dispor de R$ 160 para seu fim de semana. Vamos observar
a alteração na RO.

Traçando a RO no gráfico, temos:

Figura 5.12: Deslocamento da reta orçamentária por aumento de renda (m’> m)


Fonte: Cleber Barbosa.

Se os preços se alterarem ao mesmo tempo e na mesma proporção,


a RO também se deslocará paralelamente. Isto porque a inclinação que
é dada pela relação de preços não se altera.

176 CEDERJ
Atividade 5

5
AULA
5. Um trabalhador recebe o mesmo rendimento, salário nominal, durante três 5
meses. Cada mês, a inflação é de 10%. Ilustre o efeito da inflação sobre a reta
orçamentária deste assalariado.
Obs: Considere que a inflação aumenta os preços dos bens exatamente na mesma taxa.

Resposta Comentada
Se, em cada mês, a inflação reflete um aumento de 10% nos preços de cada
bem (x,y), a RO do consumidor desloca-se para dentro, de forma paralela, pois
ambos os preços têm igual aumento. Representando p1, p2 e p3 como os preços
nos três primeiros meses, temos o gráfico:

CEDERJ 177
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

A CESTA DE CONSUMO DE EQUILÍBRIO

Dos elementos metodológicos da Microeconomia aqui estudados,


já podemos verificar como o consumidor determina o seu consumo diante
dos bens dispostos no mercado.
Considerando as preferências pelos bens, organizadas pelas curvas
de indiferença e sua disponibilidade financeira especificada pela restrição
orçamentária, o consumidor escolhe a cesta de consumo que lhe forneça
a maior satisfação (a mais preferida) possível.
Devemos atentar sobre a hipótese de que o consumidor age de
forma racional, isto é, sabe ordenar as suas preferências, e age claramente
em termos destas preferências bem definidas. Isto quer dizer que podemos
utilizar as curvas de indiferença, pois elas são construídas com base na
teoria das preferências. Assim, o consumidor atua de forma a maximi-
zar o grau de satisfação com os bens que possa adquirir no mercado,
considerando o seu orçamento (a restrição orçamentária).

O EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR

O termo ‘equilíbrio do consumidor’ significa a cesta de consumo


obtida pelo consumidor na qual não há outra que lhe proporcione mais
satisfação, dado a sua renda e os preços dos produtos. Em outras pala-
vras, o consumidor estará em equilíbrio se atingiu a máxima satisfação
com a compra de bens, considerando a sua restrição orçamentária.
Vimos que as curvas de indiferença, representadas pelo mapa de
indiferenças, mostram a escala de satisfação com os bens. A Figura 5.6
retratou as curvas de indiferença. Por sua vez, vimos a restrição orça-
mentária na Figura 5.9.
Como ambas as figuras têm as mesmas variáveis em seus eixos,
podemos reuni-las em único gráfico, como ilustra a Figura 5.13.

178 CEDERJ
5
AULA
Mapa de curvas de indiferença.

Reta ou restrição orçamentária (RO) formada, considerando os preços dos bens e


a renda do consumidor.

Juntando os dois gráficos, temos:

Figura 5.13: Equilíbrio do consumidor. Dada a renda do consumidor e os preços, o


consumidor maximiza sua satisfação com os bens comprados no mercado no ponto
em que a restrição orçamentária tangencia a curva de indiferença, a cesta E.
Fonte: Cleber Barbosa.

CEDERJ 179
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

De acordo com a Figura 5.13, observamos, em primeiro lugar


(como já vimos), que toda a área abaixo da reta RO representa cestas que
são possíveis ao consumidor, com a particularidade de ainda não gastar
todo o dinheiro disponível. Colocamos como suposição que o consumidor
quer gastar toda sua renda para obter a maior satisfação possível com
os bens; logo, abaixo da restrição orçamentária, RO, não representa os
pontos de comportamento do consumidor em equilíbrio, dado que ele
pode ter mais satisfação escolhendo cestas com mais quantidade de bens.
Em seguida, observamos que a RO cruza a curva de indiferença
I0 e toca em apenas um ponto (isto é, tangencia) a curva I1; logo, são
situações de cesta de bens obteníveis, pois estão dentro dos limites do
orçamento. Qual destas cestas representaria o ponto de mais alta satisfa-
ção? Claramente, a cesta E. Isto porque é a cesta que atinge a mais alta
curva de indiferença dentro da capacidade financeira do consumidor,
ilustrada pela RO.
Os dois pontos, F e G, são cestas possíveis ao consumo, mas estão
em uma curva de indiferença abaixo da curva de indiferença do ponto
E. Por isso, são preteridos. Assim, ao alcançar a cesta E, na qual a reta
RO tangencia a curva de indiferença, o consumidor estará em equilíbrio,
pois não haverá estímulo para ele procurar outra cesta que não esta,
dada a renda e os preços do mercado. Este ponto, o da tangência entre a
restrição orçamentária e a curva de indiferença mais afastada da origem
(do gráfico) é dito a escolha ótima.

UMA NOTA TÉCNICA DA RELAÇÃO DE EQUILÍBRIO

Observe que no ponto de equilíbrio do consumidor, isto é, onde


a RO tangencia a curva de indiferença, as inclinações são iguais. Isto
porque, de um lado, a inclinação da RO é sempre a mesma, pois é uma
reta; no caso da curva de indiferença, a inclinação naquele ponto é
obtida pela reta tangente que passa naquele ponto. Em outras palavras,
sabemos pela Matemática que para obter a inclinação da curva em um
ponto, basta termos a inclinação da reta tangente àquele ponto. Como
a reta tangente ao ponto que representa a cesta de equilíbrio coincide
com a reta RO, temos que suas inclinações são as mesmas.

180 CEDERJ
A inclinação da reta orçamentária, como vimos, é a relação de

5
 p1 
preços    com o sinal negativo; a inclinação da reta tangente em um

AULA
 p2 

ponto é dada pela taxa marginal de substituição  – x2  , conforme



vimos pela equação 4.  x1 

Como elas são iguais, então:

p1 x
  2 (9)
p2 x1
Façamos uso do conceito de Diferenciação total (em termos
discretos) para chegarmos a uma importante implicação econômica na
observação do equilíbrio do consumidor. Pela diferenciação total aplicada
à função utilidade com dois bens, U(x,y):

Se U é uma função que depende de duas variáveis, a variação total


de U, dada por U é:

U U
U  x  y (10)
x y
Para entender um pouco mais a equação (10), vamos colocá-la
em palavras: a utilidade (ou satisfação) do consumidor com os bens x e
y pode ser alterada (U), tanto pelo que ele perder ou ganhar de x ou de
y. De x, a parcela seria dada pela multiplicação de quanto o consumidor
sente mais ou menos satisfação cada vez que ele adquire ou perde do
bem x (U / x) multiplicada por quantos x ele venha a receber ou a
perder. A mesma coisa em relação a y, ou seja, a parcela seria dada pela
multiplicação de quanto o consumidor sente mais ou menos satisfação
cada vez que ele adquire ou perde do bem y ( U / y) multiplicada por
quantos y, ele venha a receber ou a perder.

Por exemplo:
Suponha uma pessoa que toda vez que ganhasse um picolé (x)
ficaria "dois pontos" mais satisfeita (U / x = 2) e para o caso de jujuba
(y) ficasse meio ponto mais satisfeita (U / y = 0,5). Assim, pela equação
(10), se, por acaso, ela ganhar cinco picolés e dois sacos de jujuba, a sua
satisfação seria alterada de:

CEDERJ 181
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

U = 5 ( 2) + 2 (0,5) = 11

Observe também que conhecemos o que significam


U e U .
x y
São as respectivas utilidades marginais de x e y, ou seja, quanto altera a
utilidade do consumidor quanto ele venha a variar no consumo de x ou
de y. A notação para estas utilidades marginais são UMgx e UMgy. Assim,
substituímos estes termos na equação (10), o que passa a ser:

U = x UMgx + y UMgy (11)

Portanto, a equação (11) expressa como o consumidor pode alte-


rar sua satisfação com os bens em termos de suas utilidades marginais.
É, assim, uma equação geral que descreve a forma em que a utilidade
(ou satisfação) é alterada.
Vamos utilizar a equação (11) para aplicar ao caso da cesta
ótima de consumo, aquela em que o consumidor, atingindo-a, estará
em equilíbrio.
Primeiro, os pontos ao longo de uma curva de indiferença, por
definição, têm a mesma utilidade; logo, a variação da utilidade é zero,
isto é:

U = 0

Então, na curva de indiferença, temos a equação (11), como:

0 = x UMgx + y UMgy (12)

Vamos agora manipular a equação (12), de maneira a deixá-la


parecida com o lado esquerdo da equação (9), já observando que os bens
aqui chamados como x e y são os x1 e x2 da equação (9).

De 12, temos:

y Umgy = –x UMgx

y UMg x
 (13)
x UMg y

182 CEDERJ
A equação (13) nos diz que a taxa de troca entre os bens está

5
relacionada às suas respectivas utilidades marginais. Deduzimos que é

AULA
o reconhecimento de que trocamos os bens em correspondência ao que
nos darão de utilidade, dentro da relação entre perda e ganho com eles.
Em termos desta equação, se uma unidade a mais de x é muito boa para
o consumidor (utilidade marginal de x muito alta), maior será a quan-
tidade de y dada para se obter uma unidade de x. Por outro lado, se a
utilidade de y for muito alta, a quantidade de y dada à troca será menor.
Agora, podemos fazer uma análise, envolvendo o ponto de escolha
ótima do consumidor. Como vimos, no ponto de equilíbrio, a igualda-
de de inclinação entre a RO e a curva de indiferença informa-nos esta
igualdade pela equação (9):
p1 x
  2
p2 x1

Novamente, lembrando que os bens x2 e x1 são o que na equação


(12) aparecem como y e x, respectivamente, temos da equação (12),
substituindo na equação (9):

px UMg x

py UMg y

A equação (13) dá-nos uma importantíssima equação. Revela que,


em consumo de equilíbrio, o consumidor busca uma relação de preços
compatível com uma relação de utilidade entre os produtos, ou seja, o
consumidor compara simultaneamente a relação de preços com a relação
de utilidades adicionais com os bens.

Só para dar mais uma argumentação à riqueza do sentido econô-


mico dado pela equação (13), façamos uma pequena reordenação:

UMg x UMg y
 (14)
px py

A equação (14) ajuda-nos a verificar que o consumidor se importa


tanto com a utilidade como pelo preço na hora de decidir sobre quais
bens e em que quantidade irá utilizar sua renda. Por exemplo, tanto faz
um bem duas vezes mais útil e duas vezes mais caro, comparado a outro
bem. A compra de um produto está direta e simultaneamente relacionada
a duas variáveis: sua utilidade e seu preço.

CEDERJ 183
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

DA ESCOLHA PELA CESTA DE BENS À DEMANDA DO


CONSUMIDOR

A escolha ótima, dada pela tangência entre a RO e a curva de


indiferença, está ligada com a função de demanda estudada nas Aulas
2 e 3. Vimos que, na função demanda, os preços dos bens e a renda são
levados em consideração. Na cesta dada pela escolha ótima, também,
isto é, a função demanda é formulada como dependente das variáveis:
preço do produto, preços dos produtos complementares ou substitutos
e da renda.
Para x1, a função de demanda assume a expressão:
x1 = f (p1, p2, m)

Para x2, a função de demanda assume a expressão:


x2 = f (p1, p2, m)

Para cada conjunto de preços e renda, haverá certa demanda por x1


e x2, que será a cesta de bens escolhida pelo consumidor, tal qual a cesta
de bens dada pela interseção entre a RO e a curva de indiferença.
O equilíbrio do consumidor no caso das curvas de indiferença
de bens substitutos perfeitos e complementares perfeitos representa os
casos especiais. Vejamos:
a) Curva de indiferença para bens substitutos perfeitos
No caso destes bens, como vimos, a curva de indiferença assume
o formato de uma reta. A restrição orçamentária também é uma reta;
logo, a determinação de qual cesta será escolhida dependerá de como
estas retas se posicionarão. Melhor dizendo, das relações entre as incli-
nações destas retas.
Assim, há três casos alternativos e distintos, caracterizados pela
relação de preços possíveis.
A primeira situação é a de se p1 < p2, como mostra a Figura 5.14A.
Nela, a inclinação da reta orçamentária é menor do que a da curva de
indiferença. Como podemos observar pelo gráfico, a cesta ótima será
aquela com o consumo máximo e único de x1, designada pela curva de
indiferença I4 interceptando a RO no eixo de x1 (cesta E). Mas podemos
usar a dedução e chegar neste resultado, pois se os produtos são subs-
titutos perfeitos, isto é, têm idênticas utilidades, o consumidor compra
só do mais barato.

184 CEDERJ
No segundo caso, o preço de x2 é menor do que x1. De raciocínio

5
análogo, a preferência será por comprar só do x2, o mais barato. Temos,

AULA
portanto, o equilíbrio com a compra de apenas x2 (Figura 5.14B).
Por fim, se os produtos substitutos tiverem exatamente o mesmo
preço, o consumidor poderá comprar qualquer cesta das mais variadas
quantidades destes bens, incluindo as posições extremas de só um ou só
de outro bem (Figura 5.14C).

Figura 5.14: Situações de equilíbrio em caso de bens substitutos perfeitos. Se p1< p2


(Gráfico A), a cesta ótima de consumo será no eixo de x1, ponto E (apenas consumo
de x1); se p1> p2 (Gráfico B), a cesta ótima de consumo será no eixo de x1. Se os preços
forem iguais, as duas retas se coincidem (Gráfico C), não há, portanto, equilíbrio
na compra de cesta de consumo, pois o consumidor pode adquirir qualquer cesta
compatível com sua renda, isto é, dentro da reta de RO.
Fonte: Cleber Barbosa.

b) Curva de indiferença para bens complementares perfeitos


Se os bens são complementares perfeitos, a escolha ótima será
aquela em que a RO tocar o “bico” da curva de indiferença que tem a
forma de ∟. Afinal, como os bens só geram utilidade ao consumidor
em dada proporcionalidade, só faz sentido tê-los naquela proporção.

CEDERJ 185
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

Utilizemos, neste caso, o instrumental algébrico para evidenciar a escolha


ótima. Se o consumidor compra os dois bens na mesma proporcionali-
dade, digamos um de cada, então x1 = x2.
Dentro da equação da restrição orçamentária:
m = x1 p1 + x2 p2

Como são comprados na mesma quantidade, podemos substituir


x1 por x2:
m = x1 p1 + x1 p2
m = x1 ( p1 + p2)
então, a quantidade de x1 comprada será:
m
x1 
p1  p2

como x2 = x1, então


m
x2 
p1  p2

Concluímos que, nessa proporcionalidade (1:1), o consumidor


destina metade da renda com os gastos de cada um dos dois bens.
A Figura 5.15 ilustra o ponto de equilíbrio na hipótese da curva
de indiferença de bens complementares perfeitos:

Figura 5.15: Equilíbrio do consumidor no caso de bens complementares perfeitos.

186 CEDERJ
CONCLUSÃO

5
AULA
Nesta aula, um tanto quanto comprida (reconhecemos), você
estudou como a Microeconomia fundamenta o comportamento do
consumidor em torno das escolhas dos bens adquiridos no mercado.
Através de suposições acerca de preferências bem definidas e organizadas,
conhecidos os preços dos bens e a renda disponível para as compras, o
equilíbrio é alcançado quando ocorre uma igualdade entre a relação de
preços e a relação de utilidades dos bens.
Tecnicamente falando, no ponto de equilíbrio verifica-se o ponto
de tangência da restrição orçamentária com a curva de indiferença. Neste
ponto, diz-se que o consumidor está maximizando a sua satisfação com
os bens, considerando os preços de mercado e sua renda monetária.

Atividade Final
Um consumidor tem um conjunto de utilidades com os bens x e y, cujas estimativas apon- 5
tam para a função utilidade U = f(x,y), especificada por 8 = xy. Os preços destes bens,
x e y, no mercado são R$ 10 e R$ 20, respectivamente. Sua renda mensal é R$ 110. Com base
nestes dados, determine:
a) a equação da reta orçamentária;
b) a inclinação da reta orçamentária;
c) a taxa marginal de substituição y por x (quanto se deve abandonar de y para obter uma
unidade adicional de x), no ponto em que se consomem quatro unidades de y;
d) a cesta de consumo de equilíbrio deste consumidor (a cesta ótima);
e) o valor da utilidade no ponto de consumo da cesta ótima;
f) o gráfico que ilustra o equilíbrio do consumidor.

CEDERJ 187
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

Resposta Comentada
a) A equação da reta orçamentária (RO) é construída adicionando os preços e a renda
divulgados na questão de acordo com a equação (4). Assim, temos a RO:
10 x + 20 y =110

b) A inclinação da reta orçamentária é dada pelo negativo da relação de preços


(– px /py ), conforme observamos na equação (6) desta aula:
– px / py = 10 /20 = – 0,5

c) Para calcular a taxa marginal de substituição (TMS) no ponto y = 4, observamos


que o valor de x na curva de indiferença é 2. Assim, precisamos saber quanto terá
de ser o valor de y, para que, consumindo 3 unidades de x (a unidade adicional em
termos discretos), ainda se permaneça na mesma curva de indiferença (I = 8). Assim:
Se 8 = xy, com x = 3, y = 2,667.
Portanto, na passagem de x = 3 para x = 4, a taxa de troca de y por x, a TMS é de –1,33.

d) A cesta de consumo ótima é dada pela condição de igualdade entre as inclinações


da RO e a da curva de indiferença.

Ao isolarmos y na equação 8 = xy, temos a curva de indiferença y = 8/x. A inclinação


pode ser obtida pela derivada de y em relação a x, dy/dx:
dy 8
=- 2
dx x
Como a inclinação da RO é -0.5, basta igualar esses dois valores e determinar o valor de x:
8
 2 = -0,5
x
O valor de x é 4. Assim, dada a RO, o valor de y é 3,5. Portanto, a cesta de bens
U (4, 3,5) é a cesta ótima quando o indivíduo dispõe de 110 e os preços dos
produtos são 10 e 20.

188 CEDERJ
5
e) O valor da utilidade é facilmente obtido, ao substituir os valores de x e y no ponto

AULA
de equilíbrio do consumidor.
U = xy,
Como a cesta é u(4, 3,5), a utilidade é 14.

f) O gráfi
g co qque ilustra o equilíbrio
q do consumidor é:

RESUMO

A curva de indiferença representa os pontos de várias cestas de consumo


em relação às quais o consumidor é indiferente. Foi construída com base
na teoria das preferências e a partir da premissa de que os consumidores
comportam-se de maneira racional, isto é, conforme as suas escolhas. As
curvas de indiferenças são ferramentas da Microeconomia para analisar
como o consumidor escolhe os bens que irão adquirir no mercado.
As características básicas das curvas de indiferenças são as de que elas não
se tocam em regra geral e possuem inclinação negativa.
Por sua vez, o denominado conceito de mapa de curvas de indiferenças
representa o conjunto das curvas de indiferenças de consumidores em
relação aos bens. Em geral, quanto mais afastadas da origem (do gráfico),
maior será o grau de satisfação conferida a cada curva de indiferença.
Excetuando-se os casos extremos ou ditos particulares, as curvas de
indiferenças assumem a forma de convexas em relação à origem, isto é,
são como uma curva dobrada em relação à origem, conferindo uma taxa
marginal de substituição decrescente.

CEDERJ 189
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado

Como caso particular, as curvas de indiferenças entre bens substitutos


perfeitos assumem a forma de uma reta que tocam os dois
interceptos. Neste caso, a taxa marginal de substituição é constante.
Outro caso particular ocorre, considerando bens complementares
perfeitos, o que gera curvas de indiferença em forma de ∟.
A associada taxa marginal de substituição é indefinida no ponto da cesta de
consumo preferida, uma vez que os produtos só são desejados na proporção
exata de sua complementaridade.
Outro conceito importante ao entendimento sobre o comportamento do
consumidor é a restrição orçamentária (RO), ou seja, a reta que define os
pontos de consumo possíveis ao consumidor, dados os preços dos bens e
sua renda monetária. Por sua vez, sua inclinação expressa o valor da relação
entre os preços dos bens por ela considerados.
A RO pode ser alterada em duas situações: variações na renda ou variações
nos preços. Variações na renda resultam em deslocamentos paralelos na
reta da restrição orçamentária (RO). Se houver um aumento na renda, a
RO desloca-se para fora ou direita. Se houver uma diminuição na renda, a
RO desloca-se para dentro ou esquerda.
Variações nos preços dos bens em uma mesma direção e proporção têm
efeitos semelhantes às das variações da renda. Se houver igual aumento
proporcional nos preços, a RO desloca-se como no caso da queda da renda.
Se houver igual redução proporcional nos preços, a RO desloca-se como no
caso da queda de um aumento na renda. Quando a variação é em apenas
um dos preços, a RO muda a sua inclinação.
A utilização das curvas de indiferenças, considerando a RO, permite encontrar
a cesta de bens pela qual o consumidor irá atingir o ponto de equilíbrio. Este
é alcançado no ponto de tangência da curva de indiferença com a restrição
orçamentária.

INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na próxima aula, estudaremos os efeitos de variações de preços e renda


em relação à cesta de bens escolhida pelo consumidor.

190 CEDERJ
A resposta do consumidor
à variação de renda e

AULA
preços de mercado
Cleber Ferrer Barbosa

Meta da aula
Apresentar como os efeitos de variação na renda
e nos preços afetam o consumo.
objetivos

Esperamos que ao final desta aula, você seja


capaz de:
1 construir uma curva de demanda, a partir
de gráficos de equilíbrio do consumidor
dados pelas curvas de indiferença e
restrição orçamentária;

2 identificar a passagem de um ponto


de equilíbrio para outro, em virtude de
mudança de preços e renda;

3 usar o princípio da substituibilidade dos


bens diante dos preços para bens não
substitutos, próximos entre si;

4 reconhecer o efeito preço e decompor


pelo efeito renda e efeito substituição,
associando a cada tipo de bem: bem
normal, bem inferior e bem de Giffen.

Pré-requisitos
Esta aula dá continuidade ao que aprendemos
na aula anterior. Assim, utilizam-se os conceitos
básicos lá estudados, bem como as suas represen-
tações gráficas acerca do equilíbrio do consumidor.
Análise Microeconômica | A resposta do consumidor à variação de renda e preços de mercado

INTRODUÇÃO Quando vamos ao shopping center ou ao supermercado, elaboramos uma


lista de compras, contendo os itens e a quantidade de cada item que estamos
precisando comprar. Supondo que precise comprar frutas e legumes, você
elaborou a seguinte lista:
• maçã (6 unidades)
• berinjela (3 unidades)
• pera (8 unidades)
• cenoura (4 unidades)
Ao chegar ao supermercado, você pode encontrar algumas das seguintes
situações:
1. O preço das frutas diminuiu e o preço dos legumes permaneceu o mesmo.
2. O preço dos legumes aumentou e o preço das frutas permaneceu o mesmo.
3. Você percebeu que perdeu a metade do dinheiro das compras.
4. Você ganhou mais dinheiro para efetuar as compras.

O que fazer? Comprar tudo, comprar menos, mais ou não comprar?


Ignacio Leonardi

David Lebrero

Sigurd Decroos
Figura 6.1: Os efeitos de variação dos preços e também na renda afetam o consumo.
Fontes: http://www.sxc.hu/photo/1109777/; http://www.sxc.hu/photo/1274003/; http://www.
sxc.hu/photo/1124847/

Estudamos na Aula 5 que, movidos por uma ordem de preferências condiciona-


da a uma situação de preços de mercado e renda, o consumidor escolhe uma
cesta de consumo a lhe proporcionar a maior utilidade ou satisfação. Agora
vamos focar nosso estudo para compreender como os efeitos de variação na
renda e também nos preços afetam o consumo. Neste propósito, aprenderemos
novos conceitos e entendimentos que são gerados, a partir desta questão, com
a vantagem de consolidar os temas abordados em aulas anteriores.

192 CEDERJ
A CURVA DE DEMANDA A PARTIR DO CONSUMO DE

6
EQUILÍBRIO

AULA
Considere o consumidor escolhendo a cesta que lhe gere a maior
satisfação possível, dada a sua restrição orçamentária. É o que dizemos
uma posição de equilíbrio (do consumidor). O que aconteceria se, por
um fato superveniente, ou seja, posterior, ocorrer um aumento do preço
de um bem? Qual seria o seu novo ponto de equilíbrio? Em verdade,
estas perguntas são pertinentes à aula anterior. Vimos que a reta da
restrição orçamentária gira conforme a direção da variação de preço
do produto em questão. Sabemos que o ponto de equilíbrio, a escolha
ótima, é obtido no ponto em que a curva de indiferença tangencia (toca
em apenas um ponto) a reta da restrição orçamentária (RO), conforme
ilustra o gráfico da Figura 6.2:

Figura 6.2: Ponto de equilíbrio do consumidor: a cesta é a melhor escolha, pois


lhe traz a maior satisfação possível, dadas as preferências do consumidor e suas
restrições de renda e preços de mercado. Tecnicamente, é o ponto onde a curva de
indiferença (I) tangencia a reta da restrição orçamentária.

Vamos supor uma mudança de preço em x1. O preço pode aumen-


tar como pode diminuir. Imaginemos uma queda de preço. Neste caso,
o novo ponto da RO que intercepta o eixo de x1 passa a ser um ponto
mais à direita em relação ao antigo ponto, isto é, como o ponto é dado
pela divisão de M/p1 (renda sobre o preço de x1, o poder de compra em
relação a este bem), esta fração agora é maior, posto que o seu denomi-
nador é menor, ou seja, o consumidor, gastando toda sua renda, pode
comprar mais do bem, agora mais barato. Em outras palavras, com o

CEDERJ 193
Análise Microeconômica | A resposta do consumidor à variação de renda e preços de mercado

preço menor de x1, o consumidor pode comprar mais de x1, o que expan-
de a possibilidade de consumo por x1, dada pela restrição orçamentária
agora mais ampla para aquele produto.
Assim, a diminuição do preço de x1 provoca uma rotação da RO
para a direita, sentido possibilidade de ampliação de consumo em x1,
mais barato. Com uma nova RO, basta utilizar a mesma regra de deter-
minação do ponto de equilíbrio: o consumidor irá atingir o novo ponto
de equilíbrio, quando a sua nova RO encontrar a curva de indiferença
mais alta. Isto, como estudamos na Aula 5, será no ponto em que elas se
tangenciam, isto é, onde a curva de indiferença tangencia a reta de restri-
ção orçamentária. O gráfico da Figura 6.3 mostra esta situação, quando
apresenta a RO antiga e a RO’, gerada a partir da queda de preço em x1.
A RO’ no ponto em que tangencia a curva de indiferença mais afastada
da origem evidenciará o novo ponto de escolha ótica de consumo.

Figura 6.3: Novo ponto de equilíbrio, devido à queda de preços em x1. O consu-
midor atinge uma nova cesta de consumo, onde a nova RO’ tangencia a curva de
indiferença, I2.

A cesta E’ é a nova cesta de consumo. Observa-se que há um


aumento no consumo de x1 no novo ponto de equilíbrio. Assim, uma
queda de preços fez com que o consumidor buscasse uma nova cesta
de consumo com mais unidades de x1, o bem que caiu de preço. E se o
preço de x1 voltasse a cair? Fácil verificar que tudo se repetiria confor-
me ilustra o gráfico na Figura 6.4. O novo ponto de equilíbrio seria E’’,
onde o consumo de equilíbrio contemplaria (muito provavelmente) um
consumo ainda maior em x1.

194 CEDERJ
6
AULA
Figura 6.4: Novo ponto de equilíbrio, devido à queda de preços em x1. O consu-
midor atinge uma nova cesta de consumo, onde a nova RO’’ tangencia a curva de
indiferença, I3.

Vemos, portanto, que a queda de preços em x1 resulta novos


pontos de consumo, tanto em x1 como em x2 (embora não tenhamos
comentado, por enquanto, sobre este bem). Sobre x1, percebemos que
a alteração em seu preço ocasionou mudança em seu consumo, isto é,
representa a relação entre variação de preços e quantidades demandadas,
o que conhecemos como uma relação de demanda. Podemos construir
a curva de demanda para este consumidor, a partir da Figura 6.4.
Ora, os preços foram p1, p2 e p3, os pontos de consumo de x1 são aqueles
encontrados, contidos nas cestas E, E’ e E’’, respectivamente.
Suponha as cestas E, E’ e E’’, contendo 4 , 6 e 9 unidades de x1
respectivamente. Assim, a curva de demanda criada, a partir das infor-
mações dadas, conforme o gráfico da Figura 6.5:

Figura 6.5: Curva de demanda (D), gerada a partir das mudanças de preços em x1
do gráfico de equilíbrio do consumidor.

CEDERJ 195
Análise Microeconômica | A resposta do consumidor à variação de renda e preços de mercado

Façamos com um exemplo numérico o caso de uma situação de


elevação de preços em x1.
A situação inicial é de preço de x1 como R$ 2; preço de x2 como
R$ 4 e o consumidor recebendo uma renda de R$ 40. Neste caso, a RO
é dada por: 40 = 2x1 + 4x2.
Suponha que o consumidor com a cesta (12, 4) alcance a máxima
satisfação, isto é, a RO tangencia uma curva de indiferença no ponto E,
em que se adquire 12 unidades de x1 e 4 unidades de x2. Neste caso, a
RO é dada por: 40 = 2(12) + 4(4).
Admita um encarecimento no preço de x1 para R$ 4, ou seja,
p1’ = 4. Neste caso, a RO é dada por: 40 = 4x1 + 4x2.
A reta orçamentária irá girar no sentido de uma menor capaci-
dade de aquisição desse bem, conforme você poderá ver na Figura 6.6.
O ponto em que a nova RO’ tangenciar a curva de indiferença mais alta
possível será o novo ponto de equilíbrio. Isto é o caso da cesta E’, a qual
representa os pontos, digamos, (4, 6) para x1 e x2, respectivamente. Neste
caso, a RO é dada por: 40 = 4(4) + 4(6).
Assim, temos uma passagem de equilíbrio de um ponto para o
outro. Quando o preço era R$ 2, consumiam-se 12 unidades de x1.
Ao subir para R$ 4, o consumo reduziu-se para 4. Adicionalmente,
suponha que o preço suba um pouco mais, agora para R$ 5. A RO é
dada por: 40 = 5x1 + 4x2.
Certamente o consumidor vai alterar suas compras para uma nova
cesta, a mais preferível para seus gostos e preferências, digamos, cesta
E’’(2, 7,5). A RO é dada por: 40 = 5(2)+ 4(7,5).

Figura 6.6: Novo ponto de equilíbrio devido à elevação de preços em x1. O consu-
midor atinge uma nova cesta de consumo, onde a nova RO’ tangencia a curva de
indiferença a cada mudança no preço.

196 CEDERJ
Como no caso anterior da queda de preços, estamos verificando

6
que alterações no preço de x1 induzem variações nas quantidades com-

AULA
pradas desse bem, situação típica de uma curva de demanda. Reunindo
os diversos pares de preços e quantidades compradas de x1, temos a
curva de demanda para este bem, como mostra o gráfico da Figura 6.7:

Figura 6.7: Curva de demanda (D), gerada a partir das mudanças de preços em x1
do gráfico de equilíbrio do consumidor.

Observamos, portanto, que a curva de demanda pode ser construída


a partir das alterações do preço de um bem em relação ao ponto de
equilíbrio, verificado na estrutura dada pelo estudo do comportamento
do consumidor. Vale atentar que as variações de preço do bem x1 foram
as únicas alterações admitidas, ou seja, consideraram-se constantes o
preço de x2, a renda do consumidor e quaisquer outras variáveis que
poderiam alterar a demanda. Se imaginássemos uma quantidade qualquer
de alterações no preço de x1, teríamos uma mesma quantidade de novos
pontos de equilíbrio obtidos, seguindo o mesmo raciocínio de alterar a
C U R VA
rotação da RO e procurar a cesta de consumo desta que tangencie a curva
PREÇO-CONSUMO
de indiferença mais afastada, dentro do conjunto dado pelo mapas de
Conjunto (lócus) de
curvas de indiferença. Ao unirmos os pontos de equilíbrio focados nas pontos ótimos de
consumo por um
quantidades variáveis de x1, dadas as alterações em seu preço, temos uma bem, dada a varia-
ção de seu preço,
curva, como mostra o gráfico da Figura 6.8. Esta curva é denominada supondo-se constan-
C U R VA P R E Ç O - C O N S U M O (cpc). O nome desta curva descreve inteiramente te todas as demais
variáveis de preços
o seu significado. Ela diz qual será o nível de consumo x1 demandado de mercado e renda
do consumidor.
pelo consumidor nas hipóteses de apenas ter alterado o seu preço.

CEDERJ 197
Análise Microeconômica | A resposta do consumidor à variação de renda e preços de mercado

Figura 6.8: Curva preço-consumo: traçado dos pontos de equilíbrio do consumidor


em referência ao consumo de um bem, mediante a alteração de seu preço.

Atividade 1
Estudamos como, a partir do gráfico de equilíbrio do consumidor, obtemos a curva 1
de demanda por x1 e sua respectiva curva preço-consumo. Analogamente, pode-
mos obter a curva de demanda por x2 (bem disposto no eixo das ordenadas) e sua
respectiva curva preço-consumo, quando houver uma variação em seu preço. Construa
uma situação em que haja duas quedas de preço para x2, evidenciando:
a. Os novos pontos de equilíbrio do consumidor, ou seja, as cestas ótimas.
b. A curva de demanda por x2.
c. A respectiva curva preço-consumo para x2.

198 CEDERJ
6
Resposta Comentada

AULA
a. Suponha que, dado o preço p2 , o preço se reduza para p2’ e depois outra
redução para p2’’. Assim, como o caso é de redução de preço, a RO será
estendida no eixo de x2 (dada a mesma renda, há maior possibilidade de
consumo para este bem). O gráfico fica com a expressão:

Os novos pontos de equilíbrio, quando os preços são p2’ e p2’’, são, respectiva-
mente, os dados pelas cestas E’ e E’’.

b. A curva de demanda será dada pelos pares ordenados do consumo por x2 , obser-
vando-se as cestas E, E’ e E”, associadas aos preços p2 , p2’ e p2’’, respectivamente.

c. A curva de preço-consumo é definida a partir do traçado de pontos que


passem pelas cestas E, E’, E”, ilustradas no gráfico da resposta da letra a
pela curva cpc.

Que lição podemos tirar da curva preço-consumo? Primeiro, dela


se pode traçar uma curva de demanda sobre aquele bem que está varian-
do o preço. Segundo, são pontos de consumo, os quais o consumidor
estaria em conformidade com as suas condições de renda e preços de
todos os demais produtos (aqui simplificamos para apenas dois produtos,
mas pode-se imaginar para qualquer quantidade de bens). Por último,
em praticamente 99,9% dos casos, a curva de preço-consumo segue o
princípio da demanda, isto é, preços relacionados inversamente com a
quantidade consumida.
Mais adiante, veremos o caso raro que representa a exceção. A seguir,
vamos desenvolver outro conceito, de certa forma, parecido com o da curva

CEDERJ 199
Análise Microeconômica | A resposta do consumidor à variação de renda e preços de mercado

preço-consumo. Veremos que, assim como a curva de demanda foi obtida


a partir da curva de preço-consumo, este novo conceito irá causar outra
relação dela derivada e de importante conotação econômica.

CURVA DE RENDA-CONSUMO E CURVA DE ENGEL

Em vigência de uma posição de equilíbrio (gráfico em que a RO


tangencia a curva de indiferença), qual efeito sobre esse ponto se a renda
do consumidor variar? Tecnicamente, haverá um deslocamento paralelo
da RO (os preços dos bens que fornecem o ângulo da RO não alteraram)
como vimos na Aula 5. Dado o mapa de curvas de indiferenças, a nova
RO irá tangenciar alguma curva de indiferença, o que determinará o
novo ponto de equilíbrio.
Se for um aumento na renda, atinge-se uma cesta com mais bens,
isto é, uma curva de indiferença superior, o que proporciona maior satis-
fação ao consumidor. Por outro lado, se a renda diminuir, o equilíbrio
será a de uma cesta com menos bens, isto é, uma curva de indiferença
inferior a inicial, o que representa uma menor satisfação.
Focando um bem, podemos observar para onde vai o seu consumo,
quando apenas a renda do consumidor varia. Esta observação é o que
C U R VA D E gera o conceito de RENDA-CONSUMO, isto é, qual será a demanda por
RENDA-CONSUMO
um bem quando tão somente varia a renda.
É o conjunto de
pontos de consumo, Observe a semelhança e a diferença entre esse conceito e a curva
dado por variações preço-consumo. Ambas referem-se à variação de consumo de um bem
na renda do consu-
midor, supondo-se quando apenas outra variável econômica se altera, mantendo-se cons-
constantes os preços
de mercado. tantes todas as demais variáveis. Esta é a semelhança. A diferença: a
variável econômica que se altera na curva de preço-consumo é o preço
do bem; na curva renda-consumo, a renda do consumidor.
No gráfico do equilíbrio do consumidor, a renda-consumo é obtida
unindo-se os pontos de tangência entre a RO e a curva de Indiferença
(Figura 6.9). Ao construirmos um gráfico para realçar a quantidade
demandada por um bem em razão da variação da renda, teremos uma
C U R VA DE ENGEL figura denominada C U R VA DE ENGEL.
É a curva que rela-
ciona a mudança de
consumo de um bem,
devido à variação
da renda do consu-
midor, mantendo os
preços constantes.

200 CEDERJ
6
A curva de Engel recebe este nome em home-
nagem ao seu criador, o brilhante estatístico

AULA
do século XIX nascido na Prússia (1821-1896),
Ernst Engel.
Estudando orçamentos familiares, ele analisou
a relação de despesas domésticas em razão do
crescimento do rendimento familiar. Observou
que em proporção à renda: os gastos relativos
com energia caem; os gastos com despesas
de habitação mantêm-se proporcionalmente
constantes; para outros produtos domésticos o
aumento de despesas dependeria do tamanho
do crescimento da renda.

Fonte: http://fr.wikipedia.org/
wiki/Ernst_Engel

Figura 6.9: Curva de renda-consumo (crc). É a curva traçada a partir dos pontos de
consumo de equilíbrio em um bem, dada a variação de renda.

A curva de Engel, construída a partir da curva de renda-consumo,


representa um gráfico cujas variáveis dispostas nos eixos são a quantidade
demandada por um bem e a renda do consumidor.
Do que estudamos acerca de bens superiores e inferiores, você
perceberá duas formas para curva de Engel. Por definição, qualquer
elevação da renda implica aumento no consumo de um bem superior;
logo, a curva de Engel assume uma forma crescente. Por oposto, se um
aumento na renda do consumidor, o consumo de determinado bem dimi-
nuir, por definição, o bem é inferior. Desta forma, a curva de Engel será
decrescente. A Figura 6.10 apresenta as formas da curva de Engel para
os casos de bens normais (ou superiores) e para os bens inferiores.

CEDERJ 201
Análise Microeconômica | A resposta do consumidor à variação de renda e preços de mercado

Em síntese, a partir da observação das curvas de renda-consumo,


a curva de Engel assume trechos crescentes, se o bem for superior, isto
é, os aumentos de renda implicam aumento na demanda pelo bem x1,
como a parte A da Figura 6.10. Se x1 for bem inferior, o aumento de
renda ocasiona queda em seu consumo, como ilustra a parte B.

Figura 6.10: Curva de Engel: função da demanda por um bem em função da varia-
ção da renda.

Se o bem for normal ou superior, assume forma crescente como


ilustra a parte A: a renda aumenta de m’ para m’’, o consumidor expan-
de seu consumo de x1’ para x1’’. Se o bem for inferior, assume forma
decrescente: a renda aumenta de m’ para m’’, o consumidor reduz seu
consumo de x1’ para x1’’, como ilustra a parte B.

BENS SUBSTITUTOS PERFEITOS

Os bens que possuem a mesma utilidade para o consumidor são


substitutos perfeitos. Neste caso, o consumidor irá preferir o que for
mais barato; portanto, se p1 < p2 , o consumo será todo por x1. Todo e
qualquer aumento de renda é destinado ao produto mais barato (x1).
Lembre-se de que estamos supondo apenas dois bens, o consumi-
dor gasta toda a sua renda nestes dois bens, por ora, substitutos perfeitos.
Nesta suposição teórica (concordo que é extremada), a forma da curva
de Engel é a de uma reta crescente (Figura 6.11).
Para uma abordagem mais técnica, observe que a demanda por
x1 é dada por x1 = M / p1. Assim, toda variação de renda (M) será para
o consumo de x1, ponderado pelo seu preço (enquanto este for menor
do que o preço do seu produto substituto, x2).

202 CEDERJ
6
AULA
Figura 6.11: Curva de Engel para o caso de bens substitutos perfeitos. Todo aumen-
to de renda é destinado ao consumo do bem mais barato (x1); a curva de Engel é
uma reta.

O EFEITO PREÇO NO CONSUMO

Sabemos que a variação de preços afeta o nível de consumo, no


entanto o que mais detalhadamente poderia explicar o efeito de uma
variação de preço sobre o consumo?
Economistas procuraram identificar com mais profundidade o
que estaria por detrás dessa relação. Conseguiram apurar dois fatores
incidentes à variação do preço de um bem. Estes fatores são identificados
como o efeito substituição e o efeito renda.
Em outras palavras, quando o preço de um único bem varia,
simultaneamente ocorre uma alteração entre a relação de preços de todos
os outros bens comparados com o bem que teve o preço aumentado
(mudança de preços relativos), e também o poder aquisitivo do consumi-
dor modifica-se. Vamos estudar estes dois efeitos separadamente e depois
uni-los para o que constituirá a teoria do efeito preço sobre a variação
do consumo, observada pelo gráfico de equilíbrio do consumidor em
situação de alteração de preços.
O efeito preço representa o sentido de variação da demanda por
um produto quando apenas o seu preço é alterado. Pode ser decompos-
to por dois subefeitos: o efeito substituição e o efeito renda, conforme
veremos a seguir.

Efeito substituição

Se comprarmos três bens e apenas um deles tem o preço majora-


do (aumentado), os outros dois passam relativamente a ser entendidos
como mais baratos.
Vejamos: o preço do produto A aumentou; para comprá-lo des-
tinamos mais dinheiro que poderia ser utilizado para comprar outros

CEDERJ 203
Análise Microeconômica | A resposta do consumidor à variação de renda e preços de mercado

bens, como os produtos B ou C. De modo inverso, se o consumidor


deixar de comprar uma unidade do bem A (agora mais caro), poderá
comprar mais de B ou C, o que equivale a entender que estes últimos
estão mais baratos. Para que você fique totalmente convencido de que
um aumento no preço de um bem equivale a dizer que todos os outros
bens cujos preços não se alteraram ficaram mais baratos, façamos um
exemplo numérico.
O Sr. João ganha R$ 100, e os preços de três bens (A, B, C) de sua
cesta habitual de consumo são, respectivamente, pa = 10, pb = 20, pc = 30.

100 = 10a + 20b + 30c

Ele gasta sua renda comprando cinco unidades de A, uma unidade


de B e uma unidade de C.

100 = 10(5) + 20(1) + 30(1)

Nesta situação, quando ele compra uma unidade de A, deixa de


adquirir, por exemplo, meia unidade de B. Ao comprar uma unidade de
C, abre mão de adquirir 3 unidades de A.
Se o preço de A passar de R$ 10 para R$ 20, ou seja, se dobrar
de valor, este ficará relativamente mais caro que os bens B e C, que é o
mesmo de dizer que B e C ficam relativamente mais baratos.
Ao novo preço de A, cada unidade desse produto comprada
custará uma unidade a menos de B (antes era só a metade). Quando o
preço era R$ 10, se deixasse de comprar uma unidade de A, o indivíduo
poderia adquirir meia unidade de B. Com o novo preço, pode adquirir
uma unidade integral.
Há um estímulo a deixar de comprar A, pois se pode adquirir,
agora, mais de B e também de C. A taxa de troca de um produto por
outro, ou seja, o preço de um produto em relação a outro, modifica-se.
Portanto, se o preço de um bem aumentar, isso repercute em ter
de se sacrificar mais em relação aos outros produtos, para continuar
com a mesma escala de consumo do primeiro bem. A taxa de troca que
podemos fazer entre este bem e os demais alterou-se com a variação de
preço. Se diminuir o preço do bem, os outros bens ficam relativamente
mais caros. Se deixarmos de comprar outro bem, podemos pegar este
dinheiro não gasto e adquirir mais do bem agora mais barato.

204 CEDERJ
Podemos observar que existe uma tendência a substituir os bens

6
relativamente mais caros pelos bens mais baratos. Este entendimento

AULA
(a tendência) é chamado EFEITO SUBSTITUIÇÃO. Este efeito representa EFEITO
SUBSTITUIÇÃO
uma das causas pelas quais uma alteração de preço implica em uma
É a alteração da
resposta do consumidor às compras. Esta resposta é identificada como taxa de troca de um
bem, cujo preço se
uma mudança nos preços relativos da cesta de consumo. Um aumento
alterou, pelos demais
no preço do produto torna todos os outros bens relativamente mais outros bens com pre-
ços constantes.
baratos; portanto, um estímulo a substituir o consumo do bem com
preço majorado pelos demais bens tornados relativamente mais baratos.
Por sua vez, uma queda de preço de um bem torna todos os outros bens
(cujos preços não se alteraram) relativamente mais caros; portanto, um
estímulo a reduzir, em alguma escala, a demanda pelos demais produtos,
agora relativamente mais caros, por mais consumo do bem mais barato.

Atividade 2
Sabemos que se o preço de um bem fica mais barato, o consumo por outro bem 3
substituto a ele diminui – é o princípio da substituibilidade dos bens diante dos
preços. Suponha um consumidor gastando sua renda apenas com dois bens: livros de
economia e pães doces. Certamente, estes bens não são substitutos. Justifique a ação
deste consumidor que, ao perceber que o preço do pão doce aumentou drasticamente,
ele passou a comprar mais livros de economia.

Resposta Comentada
Realmente, esses dois bens não são substitutos. Todavia, pelo menos, eles concor-
rem entre si, no que seja a disputa por onde o consumidor irá gastar seu dinheiro.
Um produto mais caro implica entender que tem de se gastar mais dinheiro com
ele; portanto, menos dinheiro para gastar com os outros. Inversamente, o que
se deixa de gastar com o produto mais caro, pode-se comprar mais de outro
produto cujo preço não se alterou. Aí reside a substituição implícita, quando
o preço de apenas um bem aumenta e outro mantém constante.

CEDERJ 205
Análise Microeconômica | A resposta do consumidor à variação de renda e preços de mercado

Tende-se a procurar o produto com o preço constante, pois está relativamente


barato. O consumidor, ao perceber que o pão doce está mais caro, observa
que, se diminuir o consumo deste alimento, terá mais dinheiro sobrando, que
poderá ser destinado à compra de mais livros. Se vier a comprar o mesmo
número de pão doce, terá de ter mais dinheiro ou reduzir as aquisições de livros.
A tendência é de diminuir o consumo de pão doce, aumentando o consumo de
livros, o que seria o efeito substituição dado pelo aumento do preço.

Efeito renda

Vimos que o efeito substituição é um dos efeitos que geram o efeito


preço. Há, como dissemos, um segundo efeito que é o efeito da variação
no poder aquisitivo do consumidor, sempre que há uma variação de
preços. Poder aquisitivo, como sabemos, é a capacidade de adquirir os
produtos comercializados. Se o preço de um produto aumenta, o poder
aquisitivo do consumidor diminui. Com a renda possuída, a quantidade
que pode ser comprada diminui. Com o mesmo raciocínio, se o preço
diminuir, o poder aquisitivo aumenta.
Lembramos da primeira aula. Nela, estudamos as variáveis econô-
micas ditas variáveis reais ou nominais. As variáveis reais são as variáveis
nominais divididas pelos preços. Por exemplo, a renda pode ser nominal
ou real. A renda nominal é a renda expressa em moeda. Por sua vez, a
renda real é a renda nominal dividida pelos preços. Esta mede o poder
de compra da renda nominal, ou seja, a renda real é o poder aquisitivo
do consumidor quando este tem uma determinada renda (nominal) para
adquirir os produtos que são vendidos por determinados preços.
Quando o preço aumenta, a renda real diminui, pois com o dinhei-
ro disponível compra-se menos do que antes. Assim, quando destacamos
que um aumento de preços diminui o poder aquisitivo do consumidor,
estamos dizendo que um aumento de preços diminui sua renda real.
O contrário também é verdadeiro: uma queda de preços aumenta a renda
real do consumidor, uma vez que com o mesmo dinheiro de antes poderá
comprar mais unidades.
Dito isto, os economistas identificam o segundo efeito que está por
detrás de um efeito de variação de preços sobre a variação de consumo:

206 CEDERJ
o EFEITO RENDA. Quando varia o preço de um produto, a demanda

6
EFEITO RENDA
modifica-se, em razão da alteração que é ocasionada no poder aquisitivo

AULA
É o efeito incidente
do consumidor, o denominado efeito renda. no poder aquisiti-
vo do consumidor
No efeito renda, sabemos que o sentido de variação dos preços (renda real) quando
o preço de um pro-
sobre a renda real é objetivo. Se aumentar o preço, a renda real diminui; se
duto altera-se. Se o
diminuir o preço, a renda real sobe. Mas e depois? Se a renda real diminuir, preço aumenta, a
renda real diminui;
a demanda pelo produto aumenta ou diminui? Se a renda real aumentar, a se o preço diminui, a
renda real aumenta.
procura pelo produto aumenta ou diminui? Já sabemos da resposta. Se Em ambos os casos,
o produto que aumentou o preço for o que definimos como bem normal a alteração na renda
real deverá gerar
ou superior, a queda da renda real representa uma tendência a diminuir o uma alteração na
demanda pelo
consumo. Mas se o produto for bem inferior, a tendência é de aumentar o produto.
consumo. De forma inversa, se o produto que sofreu uma queda de preço
for o que definimos como bem normal ou superior, o decorrente aumento
de renda real representará uma tendência a aumentar o consumo. Por outro
lado, se o produto for bem inferior, a tendência é de diminuir o consumo,
quando a renda real sobe. Podemos concluir: o sentido da variação da
renda real sobre a tendência do consumo vai depender do bem que está
tendo a variação de preços ser bem normal ou bem inferior.

!
Façamos neste
momento uma observação de
alerta: estamos estudando a variação
da renda real como um dos elementos que
são afetados pela variação de preços; portan-
to, a variação da renda real sobre a demanda é
apenas um componente sobre o que ocorrerá com a
quantidade demandada.
Adam Ciesielski

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/264140

CEDERJ 207
Análise Microeconômica | A resposta do consumidor à variação de renda e preços de mercado

EFEITO PREÇO: UM RESUMO

Do que agora estudamos, podemos resumir o seguinte: em sendo a


cesta do consumidor dada por dois produtos, x1 e x2, uma variação em p1
(mantendo-se inalterado p2) altera o preço relativo de x1 em relação a x2.
No caso de aumento em p1, x1 fica relativamente mais caro, o
que provoca uma tendência a substituir x1 por x2, o que se denomina
efeito substituição.
Porém, não é só isto. O aumento em p1 também gera uma queda
na renda real (poder aquisitivo) do consumidor, o que dependendo de
x1 ser um bem inferior ou normal (ou superior), haverá um estímulo a
adquirir mais unidades de x1, se bem inferior, ou menos unidades de x1,
se este for bem normal (ou superior).
A soma desses dois efeitos resulta no efeito preço, como ilustramos
através da equação (1):

EP = ES + ER (1)
onde:

EP representa o efeito preço;


ES representa o efeito substituição;
ER representa o efeito renda.

EFEITO PREÇO, SUBSTITUIÇÃO E RENDA: UMA ANÁLISE


GRÁFICA

Vamos fazer uma análise gráfica da Figura 6.12, examinando o


caso de aumento de preço de x1. Entendida essa análise, o caso para
a queda de preços é análogo: segue a mesma lógica, só que com os
efeitos invertidos.
Os bens são distinguidos pela classificação de bens inferiores ou
superiores (incluídos nestes últimos, os normais). Se é um bem superior,
o aumento de preços trará um efeito substituição no qual o consumidor
tenderá a substituir parcialmente ou integralmente o consumo de x1 por
x2. Da parte do efeito renda, a tendência caminha no mesmo sentido
de redução de x1, pois a renda real do consumidor diminui, como se o
consumidor ficasse mais "pobre" com o aumento de preços. Assim, se
o Efeito Preço é a soma desses dois efeitos, e ambos estão reduzindo x1,

208 CEDERJ
então, inequivocamente, quando o preço de um bem superior (ou nor-

6
mal) eleva-se, a quantidade demandada deste bem diminui. O mesmo

AULA
raciocínio é analogamente aplicado para a diminuição do preço, no caso,
irá provocar uma queda no consumo. Você pode lembrar que este efeito
está em conformidade com a "Lei da demanda".

Mas, se o bem for inferior, como será o efeito preço?


Bem, pelo lado do efeito substituição, tem-se o mesmo resultado
e entendimento do que ocorre com o bem superior. No entanto, pelo
efeito renda, uma elevação do preço diminui a renda real, indicando
uma propensão a elevar o consumo. Como o Efeito Preço é a soma dos
dois efeitos, há certo conflito de efeitos. Uma ambiguidade: o efeito
substituição aponta por reduzir o consumo de x1; o efeito renda, para
aumentar. É uma conta em que o resultado depende de uma parcela que
aumenta e de outra que diminui. O efeito final será dado pela parcela
de maior intensidade.
Como no dito popular, a pergunta que não cala: se em caso
de um bem inferior, o aumento de preços cuja resposta na demanda
depende de dois efeitos, o substituição e renda, esses agindo com efei-
tos contrários entre si sob o consumo, então qual efeito irá preponder
sobre o consumo?
Respondemos primeiro com o uso da intuição ou da experiência
como consumidores que somos. Em quase 99,9% dos casos, quando o
preço de qualquer mercadoria aumenta, o resultado é uma queda no
consumo. Neste sentido, em bens inferiores, equivale a entender que o
efeito substituição é superior ao efeito renda.
Por exemplo, o leite C é tido como um bem inferior. Se apenas
o seu preço aumentar, as pessoas passarão a procurar pelo leite B ou
substituir por outros produtos, muito mais do que sentir-se mais pobres
e assim comprar ainda mais leite C; o efeito substituição admite-se, na
prática, mais forte do que o efeito renda. Bem difícil seria imaginar uma
pessoa passando a comprar mais leite C, porque o seu preço aumentou
(caso de efeito renda maior).
Outra pergunta se faz nesse momento: não existe caso em que o
efeito renda é mais intenso do que o efeito substituição? A mesma per-
gunta, reformulada: e os 0,1% dos casos restantes em que se fez supor
que o aumento de preços não representa uma queda de consumo?

CEDERJ 209
Análise Microeconômica | A resposta do consumidor à variação de renda e preços de mercado

São mesmo casos raros, pois são a negação da Lei da demanda


tal qual conhecemos (preços variam em forma inversa com a quan-
tidade consumida).
Para analisá-la, vamos pensar um pouco!
Sendo o efeito renda maior do que o efeito substituição, está se
dizendo que a renda real precisa ser bastante afetada, quando o preço
aumenta. O consumidor precisa ter uma significativa renda baixa para que
uma elevação do preço de uma única mercadoria o afete tanto. E também
que ele gaste boa parte do seu baixo salário consumindo esse bem.
Nesse cenário, imaginemos um indivíduo que comprometa uma
boa parte do seu orçamento doméstico (sua renda) com a compra de um
produto e que o preço deste tenha aumentado de forma a comprometer
bastante seu poder aquisitivo.
Suponha uma família muito pobre, cuja renda só permita a compra
de arroz e ovo para suas refeições diárias. Do que recebe, 95% são gastos
comprando arroz, 5% para a compra de ovo. Eles almoçam e jantam
arroz de segunda a sábado. Nos domingos, almoçam arroz com ovo, ou
seja, o arroz, por ser barato, é utilizado em quantidades excessivas por
não terem condições de adquirir outros produtos como a carne.
Davide Guglielmo

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/183329/
David Lat

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/668656/

210 CEDERJ
Por algum motivo, o preço do arroz diminui. Tal redução acarreta

6
um significativo ganho no poder aquisitivo (em relação ao arroz) nessa

AULA
família. Afinal, com o que deixa de gastar com o arroz mais barato,
sobra-lhe dinheiro para comprar carne, por exemplo. Assim, a família
pode optar por comprar menos arroz e comprar um pouco de carne
em suas refeições de finais de semana, por exemplo. Portanto, o preço
diminui, o efeito renda (renda real subiu tanto) torna-se maior do que
o efeito substituição.
Os pouquíssimos casos em que o efeito renda é superior ao efeito
substituição são denominados de bens ultrainferiores. Quem primeiro
chamou atenção para eles foi o economista inglês, Robert Giffen (1837-
1910), daí estes bens passaram a levar o seu nome: Bem de Giffen.
O Bem de Giffen é, portanto, o caso de um bem ultrainferior, dito com
o efeito renda maior do que o efeito substituição.
Bem de Giffen é aquele cuja demanda está diretamente relacionada
com o preço. Um aumento no preço causa um aumento na demanda.
Uma queda no preço causa uma queda no consumo. É uma exceção
(muito rara) à Lei de demanda.

Bens que
conferem status não são
Bens de Giffen

?
Sofisticados casacos, cordões de ouro, relógios de
marcas são bens que conferem status. Não raro se verificam
pessoas que passam a comprar mais do bem, justamente porque
ele está mais caro.
Sendo bens que conferem status, o aumento de preço lhe trará mais
stat
status ainda, pois uma parcela menor de pessoas poderá adquiri-los. Aque-
le consumidor, atraído pelo status, poderá se interessar em comprar mais,
just
justamente porque o preço aumentou. Então, os bens que conferem status
seriam Bens de Giffen? Afinal, se o preço aumenta, o consumidor (a "mada-
me") compra mais ainda.
Muitos alunos quando iniciam seus estudos sobre essa temática supõem
que esses bens seriam também Bens de Giffen.
Na verdade, não são! O preço aumentou, a resposta foi um aumento
no consumo. Todavia, não foi o efeito renda que atuou, tampou-
co o efeito substituição. Simplesmente, se o produto passa a
conferir mais status para quem os possui, ele está lhe
gerando mais utilidade; logo, em termos abs-
tratos, está se transformando em
outro produto.

CEDERJ 211
Análise Microeconômica | A resposta do consumidor à variação de renda e preços de mercado

Sabemos que os bens são


relacionados pela relação utilidade e
preço. Assim, se a utilidade aumenta para a pessoa
(a que enxerga o bem pelo seu status), tudo se passa como
se fosse outro produto. Observe que, quando estudamos o efeito
preço, consideramos apenas a alteração de uma variável, o preço de
um produto. Todas as demais variáveis são consideradas constantes, inclu-
sive a utilidade do bem; portanto, a análise do efeito preço com seus efei-
tos renda e substituição pressupõem que o consumidor mantém inalteradas
as utilidades que admite para cada bem.

Para refletir...
Dizem que para uma pessoa que compra um relógio da marca Rolex (ou
Patek Philippe), que custa cerca de 80 mil reais, o último motivo que
a faz comprar este relógio é o de ver as horas. Normalmente, por
não ter como adentrar com o seu carro BMW ou
Mercedes-Benz no banco, supermercado ou em seu
escritório, ela põe este relógio para exi-
bir seu poder aquisitivo.

Com a Tabela 6.1 resumimos o que acabamos de estudar.


No caso de um aumento de preço, o efeito preço será o de uma queda na
demanda, pois tanto o efeito substituição como o renda são no sentido
de reduzir o consumo.
No caso de bem inferior, os efeitos substituição e renda agem
em sentido contrário: enquanto o efeito substituição visa à redução do
consumo, o efeito renda aponta pelo aumento no consumo. No entanto,
o efeito renda predomina, o que implica em uma queda na demanda.
Para o caso de o efeito renda ser maior do que o efeito substituição, o
bem inferior (ultrainferior) é denominado Bem de Giffen. Neste último,
ocorre o caso da exceção à lei da demanda, pois a propriedade do Bem
de Giffen é o da demanda se correlacionar positivamente com o preço.

Tabela 6.1: Efeito preço sobre o consumo para os casos dos bens normais, inferiores
e de Giffen

 P (situação) ES + ER = Q
Bem normal q q Q
EP=
Bem inferior q q Q
Bem de Giffen q q Q

Fonte: Cleber Barbosa.

212 CEDERJ
Atividade 3

6
AULA
Tobias pertence à classe média, adora filé de salmão, o qual consumiria mais ainda 4
se sua renda fosse maior. Tem o hábito de levar mortadela para casa para comer
com pão. A sua preferência mesmo seria por presunto, mas, diante da sua atual renda,
ele acaba consumindo mortadela. Já o Djalmão, desempregado, sobrevive fazendo
bicos (biscates). Gasta quase toda a sua baixa renda comprando café; consome café
em larga escala, como que para substituir outros alimentos que gostaria de consumir,
porém não o faz porque são mais caros. Considere que estes três produtos (salmão,
mortadela e café) tenham tido redução em seus preços, cada um, em um único e
diferente momento dos outros dois. Diante do exposto, construa uma tabela para
apontar o efeito preço, decomposto pelos efeitos renda e substituição para cada um
destes produtos, supondo que os três casos (bem normal, inferior e de Giffen) estejam
contemplados entre os bens aqui citados.

Resposta Comentada
Pelo que se disse, o salmão é um bem normal (ou superior), pois com um
aumento da renda, Tobias compraria mais; a mortadela é um bem inferior, já que
o consumidor compraria menos dela para comprar mais presunto, caso viesse
a receber uma renda maior. Para Djalmão, café seria Bem de Giffen, dadas as
características de consumo deste bem e as circunstâncias econômicas por que
passa o Djalmão.
Se o preço do salmão diminui, o seu consumo deve aumentar (os efeitos subs-
tituição e renda apontam no sentido de aumentar o consumo); para o caso da
mortadela, se o preço diminui, seu consumo também aumenta. No caso do café,
Djalmão terá uma oportunidade de comprar outro alimento, com o efeito de seu
poder aquisitivo ter aumentado com a queda no preço do café, o qual representa
significativo peso em seu orçamento.
A tabela a seguir ilustra os efeitos preços e sua decomposição entre efeito subs-
tituição e efeito renda.

P (situação) ES + ER = Q
Bem normal q q Q
EP=
Bem inferior q q Q
Bem de Giffen q q Q

CEDERJ 213
Análise Microeconômica | A resposta do consumidor à variação de renda e preços de mercado

ISOLANDO O EFEITO SUBSTITUIÇÃO

De vez em quando, ouvimos no noticiário informações a respeito de


cientistas que conseguiram isolar determinada substância (como bactéria ou
vírus) para alguma descoberta científica. De forma análoga, dois cientistas
econômicos, em seus próprios estudos, conseguiram isolar o efeito subs-
tituição do efeito renda. Eugene Slutsky e Hicks, cada um do seu modo,
mensuraram estes dois efeitos que podem ser visualizados graficamente.
O efeito substituição, como sabemos, mede tão somente a influên-
cia da variação dos preços relativos, de acordo com a alteração de preço
de um bem. Sabemos que o preço relativo e a renda real do consumidor
se alteram. Assim, para isolar o efeito substituição, os economistas pre-
cisavam manter a renda real do consumidor inalterada. Façamos isto
através do gráfico do equilíbrio do consumidor.
Queremos identificar o efeito substituição, isto é, de quanto a
variação do consumidor deve-se ao efeito de mudança nos preços rela-
tivos. Vamos utilizar um raciocínio muito intuitivo. Se o preço de um
produto aumenta, e você recebe um aumento na renda de forma a lhe
permitir comprar a mesma quantidade de antes, você continuaria com-
prando naquela quantidade? Uma resposta rápida poderia ser afirmativa,
mas logo veremos que nem sempre!
Por exemplo, um adolescente vai ao cinema toda semana com
a mesada que recebe do pai. Em dado momento, o ingresso dobra de
preço. Seu pai resolve aumentar a mesada no valor exato para que o
filho continue indo o mesmo número de vezes ao cinema.
Não obstante, o filho acaba indo menos. Por quê?
Ayhan YILDIZ

Jonathan Werner

Fontes: http://www.sxc.hu/photo/1110651/; http://www.sxc.hu/photo/712748/

214 CEDERJ
Perguntado, o adolescente informa que prefere ir um pouco

6
menos ao cinema e gastar o dinheiro com outra coisa (talvez assistir a

AULA
um jogo de vôlei, passear na pracinha etc.). Este é justamente o efeito
substituição. O preço aumentou, hipoteticamente o consumidor recebe
uma renda compensatória de maneira a poder adquirir a mesma quan-
tidade de antes do aumento (a mesma renda real), mas o preço relativo
mudou, fazendo-o diminuir o consumo do bem com preço majorado.
A queda na frequência de ida ao cinema é a variação de consumo devido
ao efeito substituição.
Façamos uso do gráfico para ilustrar a situação. A situação inicial
é a do adolescente (consumidor) em equilíbrio no ponto E da Figura
6.12. Neste ponto, ele vai ao cinema 10 vezes por mês (um cinéfilo!).
O preço do ingresso aumenta. Se só isto ocorrer, ele tem sua restrição
orçamentária girada para atingir o novo equilíbrio em Ef com o consumo
de 5 ingressos mensais. Este é o efeito total da variação do preço sobre
a quantidade consumida.

Figura 6.12: Efeito substituição e efeito renda no gráfico do equilíbrio do consumidor.

Ao que o preço subiu, o pai aumentou a renda para que o filho


pudesse ter dinheiro para permitir 10 ingressos mensais, mas o filho,
por vontade própria, acabou indo apenas 8 vezes, pois prefere gastar o
dinheiro com outras coisas a pagar pelo cinema ao novo preço, ou seja,
tem maior satisfação com outra cesta de consumo (cesta S). Este é o efeito
substituição: ao variar o preço relativo (preço do cinema em relação ao
preço dos demais bens), o indivíduo diminuiu o consumo, destinando

CEDERJ 215
Análise Microeconômica | A resposta do consumidor à variação de renda e preços de mercado

sua renda para outros bens. Para medir este efeito no gráfico, basta mani-
pular nosso conhecimento sobre a inclinação da restrição orçamentária.
No equilíbrio inicial, estávamos com a restrição orçamentária ROi, cuja
inclinação era dada pela relação de preços (p1/p2). Quando encareceu
o preço do cinema, a nova relação de preços aumentou a inclinação da
RO, que passou a ser (p1’/ p2), a ROf.

Figura 6.13: Efeito substituição e efeito renda no gráfico do equilíbrio do consumidor,


omitindo-se as curvas de indiferenças.

A nova RO tangencia a curva de indiferença I2, o que passa a ser


a nova condição de equilíbrio. Se o pai do adolescente conceder uma
renda compensatória para o filho atingir a mesma cesta de consumo
anterior (cesta E), significa deslocar a RO paralelamente (com o novo
preço relativo, p1’/p2) até atingir o ponto E. Este ponto não é o mais
preferível, pois a RO’ tangencia a curva de indiferença I3 (mais alta do
que a I1) no nível de consumo da cesta S. Logo, o indivíduo terá mais
satisfação com outra combinação de produtos aos novos preços e renda.
Portanto, a diferença entre o consumo de 10 ingressos de cinema para
8 (diferença de x1 entre as cestas E e S) identifica quanto o adolescente
deixaria de ir ao cinema pelo fato da mudança de preços relativos, o
efeito substituição.

216 CEDERJ
ISOLANDO O EEITO RENDA

6
AULA
Identificado o efeito substituição, fica muito fácil medir o efeito
renda. Se o efeito preço é a soma entre os efeitos substituição e renda,
tendo o efeito preço e o efeito substituição, o efeito renda é deduzido da
subtração do primeiro pelo segundo.
No gráfico da Figura 6.12, o efeito preço é 5, a variação do
consumo no equilíbrio inicial para o equilíbrio final (q = 10 – 5).
O efeito substituição, 2 (q = 10 – 8). O efeito renda será a diferença
entre o efeito total (5) e o efeito substituição (3), o que resulta uma
variação de 2 unidades.

CONCLUSÃO

Com o entendimento desta aula, concluímos a teoria do consu-


midor. Fatores como renda e preços dos produtos no mercado atuam
no sentido de alterar o consumo. Todavia, a direção e intensidade da
resposta do consumidor vão depender da relação de substituibilidade
ou complementariedade dos bens dentro das diversas formas de pre-
ferências do consumidor.
Aprendemos que os preços relativos e a renda real do consumidor
são afetados em mudança de preços de um bem. Assim, a curva de demanda
por um bem é afetada por estas questões: o efeito sobre os preços relativos
e sobre o poder aquisitivo, quando há uma alteração em seu preço.
Vimos que há uma exceção ao que conhecemos como Lei da
demanda. São os bens de Giffen. No entanto, este tipo de bem é bastante
raro de ocorrer na prática dos mercados.

Atividade Final
Um estudante de economia da UFRRJ recebe mesada do pai para se manter ao 2 4
longo da semana na Universidade. Suponha apenas dois produtos para consumo
(x, y), sendo px = 2 e py = 1. Nesta situação, o estudante alcança seu equilíbrio de consumo
(dada pela teoria do consumidor), adquirindo a cesta A (x = 4, y = 10). Em seguida, por
algum motivo, o preço de x reduz-se em 50%, o que faz o estudante adquirir nova cesta de
equilíbrio, B = (10, 8).

CEDERJ 217
Análise Microeconômica | A resposta do consumidor à variação de renda e preços de mercado

O pai toma conhecimento da queda de preço, o chama para uma conversa:


“Meu filho, você sabe o sacrifício que tenho em financiar os seus estudos. Tendo em vista que as
coisas baratearam pra você lá na Rural, sua mesada será diminuída em R$ 8, o que lhe permitirá
manter o mesmo padrão de vida que lá vinha mantendo.” Pouquíssimo tempo depois, o pai
descobre que o filho está consumindo 8 unidades de cada um dos dois bens.

Pede-se:
a. Qual o efeito total do preço (efeito preço) da variação de preço do bem x?
b. Qual o efeito substituição?
c. Qual o efeito renda?
d. O bem x é superior ou inferior? Justifique.
e. Ilustre graficamente estes efeitos, não se esquecendo de discriminar as cestas.

Resposta Comentada
a. O efeito total do preço (Efeito Preço) é variação do consumo, devido à variação
do preço. O consumo era de 4; o preço reduziu-se, o consumo passou para
10. O efeito total é de 6.

218 CEDERJ
6
b. O efeito substituição é aquele em que tão somente se verifica o efeito da mudança

AULA
de preços relativos no consumo. É o ponto em que se consumiria se houvesse um
ajuste na renda monetária, para manter a renda real que existia antes da variação do
preço. No caso, a variação entre o consumo de 4 unidades para 8 unidades. Assim, a
variação de 4 unidades é o efeito substituição.

c. O efeito renda é a diferença entre o efeito total (6 unidades) e o efeito substituição


(4 unidades), o que resulta em 2 unidades.

d. O bem x é claramente um bem normal (superior), pois o efeito renda aponta por
uma variação positiva, isto é, a renda real subiu (pois o preço caiu) e o efeito da renda
foi de apontar por um aumento no consumo.

e. A ilustração gráfica:
A cesta E (4, 10) é o equilíbrio inicial. Neste ponto, a RO tangencia a curva de indiferença
I1, evidenciando a máxima satisfação possível, dados a renda e os preços vigentes.
Quando o preço de x diminui, o estudante atinge sua nova posição de satisfação
máxima com a cesta (Ef ). Nesta cesta, a RO pertinente é a ROf , a qual tangencia a
mais alta curva de indiferença possível (I2 ).
Se o pai do estudante lhe retira renda o suficiente para que seu filho ainda possa
manter-se no mesmo nível de consumo, a representação gráfica exige uma contração
da RO com a mesma inclinação dada pelos novos preços, ou seja, a RO desloca-se
paralelamente até atingir a cesta original (E). Com esta nova restrição orçamentária,
o estudante pode atingir uma curva de indiferença ainda superior aquela de início, o
que lhe confere mais satisfação; portanto, ele vai atingir seu ponto de equilíbrio onde
a RO’ tangenciar a curva de indiferença Ii .
A explicação para isto é que com preço menor para x, ele compra mais de x, pois este
produto tornou o produto y relativamente mais barato, o que faz consumir menos dele
e mais do bem mais barato (x).

CEDERJ 219
Análise Microeconômica | A resposta do consumidor à variação de renda e preços de mercado

RESUMO

A curva preço-consumo é o traçado dos pontos de equilíbrio do consumidor,


observando-se o consumo por um bem, quando há variações apenas em
seu preço. A partir das observações da respectiva curva preço-consumo,
podemos construir a respectiva curva de demanda pelo bem.
Por sua vez, a curva renda-consumo é o traçado dos pontos de equilíbrio
do consumidor, observando-se o consumo por um bem, devido a alterações
da renda. Dela pode-se extrair a curva de Engel.
Se um produto for um bem inferior, a curva de Engel terá em seu formato
trechos de inclinação negativa, isto é, decrescente em relação às variáveis
renda e consumo. Em caso contrário, se for um bem normal ou superior, a
curva de Engel terá inclinação positiva, isto é, será crescente em relação às
variáveis renda e consumo.
O efeito de uma variação no preço sobre a quantidade consumida de um
produto pode ser decomposta em duas partes: o efeito substituição e o
efeito renda. Efeito substituição é o efeito caracterizado pela alteração
de preços relativos. Efeito renda é o efeito caracterizado pela alteração da
renda real do consumidor.
Em bens inferiores, os efeitos substituição e renda agem em sentido contrário.
No caso de bens normais ou superiores, o efeito substituição age no mesmo
sentido que o efeito renda.
Os bens inferiores em quase sua totalidade possuem efeitos semelhantes
aos dos bens normais na questão do efeito substituição predominar sobre o
efeito renda. Os bens normais, superiores e inferiores satisfazem o princípio
da lei da demanda. Já o Bem de Giffen, tido como um bem ultrainferior,
tem o efeito renda em maior dimensão do que o efeito substituição.

INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA

A partir da próxima aula, começaremos a estudar a teoria da produção.


Nela veremos como uma empresa exerce suas relações técnicas e econômicas
para empreender sua produção. Produtividades, rendimentos de escala,
custos são alguns dos conceitos que serão abordados nas aulas seguintes.

220 CEDERJ
Teoria da produção:

AULA
o curto prazo
Cleber Ferrer Barbosa

Meta da aula
Apresentar os conceitos básicos
relacionados à produção de bens e
serviços no período de curto prazo.
objetivos

Esperamos que ao final desta aula, você seja


capaz de:
1 aplicar o conceito de função de produção,
em situações cotidianas de uma empresa;

2 distinguir o conceito em Microeconomia


de curto e longo prazos;

3 calcular a quantidade dos fatores


de produção no ponto em que a
produtividade média é máxima e a
quantidade proporciona o nível máximo
de produção;

4 identificar a interdependência dos fatores


de produção, como fundamental à geração
de produtividades;

5 reconhecer a importância do progresso


tecnológico na produção de bens e serviços.

Pré-requisito
Nesta aula, em alguns momentos, são utilizados
conceitos e técnicas de cálculo diferencial, as
chamadas Derivadas. Se houver necessidade, esse
tema encontra-se na disciplina Método Determi-
nístico II, estudado por você nas Aulas 9, 10 e 11.
Análise Microeconômica | Teoria da produção: o curto prazo

INTRODUÇÃO Em aulas anteriores, estudamos os mercados, enfocando principalmente o


comportamento do consumidor. A partir de agora, vamos considerar as ações
das empresas em razão do objetivo de produzir bens ou serviços para alcançar
resultados econômicos, como o lucro, ou para conquistar fatias de mercado.
Uma empresa é uma organização social voltada para produzir ou comercializar
bens e serviços com aptidão para o lucro.

Abdulhamid Al Fadhly
Figura 7.1: Sala de reuniões.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1110515/

Para tal, a diretoria de ações estratégicas (ou tão somente seus administrado-
res) deve decidir o que produzir, como produzir e para quem produzir, isto
é, há um mínimo de planejamento acerca de quais produtos e quais técnicas
de produção devem ser adotadas.
Sarah Dawn Nichols

Figura 7.2: Planejamento.


Fonte: http://www.sxc.hu/photo/65166/

222 CEDERJ
Nesse propósito, há interesse em determinar o nível de produção ideal em

7
termos de quantidade e em nível de qualidade. São perguntas cujas respostas

AULA
dependem de considerações objetivas e subjetivas, ligadas à conjuntura dos
mercados, isto é, como estão os desejos de consumo das pessoas, os salários,
os juros, a política econômica do governo, entre tantas outras coisas. Algumas
destas, como a disponibilidade dos insumos que integram e geram a produ-
ção e o estado da tecnologia, são fundamentais. Nesta aula, estudaremos o
enfoque básico da Microeconomia em tais questões.
BEM D E C A P I TA L

Capital é todo bem


A FUNÇÃO PRODUÇÃO utilizado para pro-
duzir outra coisa.
Diferencia-se do bem
Sem receio de escrevermos o óbvio, podemos dizer que para se de consumo, pois
produzir qualquer coisa precisa-se utilizar alguma outra coisa, isto é, este é para ser consu-
mido, por exemplo,
ninguém consegue produzir alguma coisa do nada. Este é um dos prin- o pão, o ventilador
que compramos para
cípios básicos da produção: há de se ter recursos para gerar a produção. nossa residência.
Estes recursos são chamados fatores de produção ou insumos. Já o bem de capital
é empregado para
Em geral, os fatores de produção são distinguidos em BEM DE produzir outro bem,
como a máquina que
C A P I TA L , T R A B A L H O e RECURSOS N AT U R A I S . Com eles, uma fábrica pode compõe a fábrica ou
o computador que é
produzir vários níveis de produção para um ou mais produtos. Nor-
comprado para com-
malmente, pode-se afirmar que quanto mais fatores de produção (ou por o escritório de
uma empresa.
insumos) uma fábrica dispuser, mais produtos poderão ser realizados,
ou seja, há uma relação positiva entre fatores de produção utilizados em TRABALHO
uma fábrica e elevação na produção da mesma. É a força de trabalho
Vale supor que os fatores de produção (ou insumos) são utilizados de uma empresa,
normalmente com-
na fábrica, conforme a melhor técnica de produção conhecida, dispo- posta por todos que
lá trabalham, poden-
nível e difundida. Por exemplo, para produzir uma bicicleta em escala do ser medida pela
quantidade de tra-
industrial, pode ser necessário um robô (uma máquina) e dois operários
balhadores ou pelas
(duas unidades de trabalho). horas de trabalho
desempenhadas.

RECURSOS
N AT U R A I S

Consiste nos ele-


mentos substan-
cialmente ligados à
natureza, incorporá-
veis à produção. São
exemplos: o espaço
territorial utilizado
pela empresa e as
matérias-primas
agrícolas.

CEDERJ 223
Análise Microeconômica | Teoria da produção: o curto prazo

Armin Hanisch
Figura 7.3: Bicicletas.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1180083/

Essa relação de combinação de um fator com outro pode variar


de tempos em tempos, conforme o avanço da tecnologia. Assim, a
produção deve ser vista como o resultado do emprego de seus fatores
de produção, de acordo com uma proporcionalidade de uso entre estes
dada pela mais moderna técnica de produção disponível à empresa. Esta
descrição é denominada função de produção; portanto, denomina-se
função de produção a quantidade máxima que se pode alcançar através
das combinações de fatores de produção dadas pela tecnologia ou técnica
de produção mais moderna.
Em forma de equação, descrevemos uma função de produção,
como uma função matemática, identificada na seguinte representação:

Q = f (x1, x2, ..., xn) (1)

Onde:
Q representa a quantidade produzida;
x1 representa o fator de produção (ou insumo 1);
x2 representa o fator de produção (ou insumo 2);
dispondo-se, possivelmente, de n distintos fatores de produção.

Observe que a equação (1) tem a mesma notação da forma da fun-


ção matemática, quando estudamos genericamente a variável y em função
de x. Na Matemática, fazíamos: y = f (x). Analogamente, na aplicação da
teoria da produção, utilizamos a forma: q = f (x).

224 CEDERJ
Matematicamente, lê-se a equação (1) da seguinte forma: q é fun-

7
ção das variáveis xi, sendo xi variando de um a n. Interpretando como

AULA
uma função de produção, lê-se: a quantidade produzida é uma função
dos diversos insumos ou fatores de produção, xi.
Vamos exemplificar a equação (1), considerando o segmento de
mercado da construção civil. Para produzir residências (q), uma firma de
engenharia precisa de escavadeiras (x1), caminhões (x2), pedreiros (x3),
mestres de obra (x4), engenheiros (x5).
Remigiusz Szczerbak

Lotus Head
Lotus Head

Figuras 7.4: Construção civil.


Fontes: http://www.sxc.hu/photo/1196794/; http://www.sxc.hu/photo/210743/; http://www.sxc.
hu/photo/210741/

Assim, construímos genericamente a função de produção, como:


nº- de residências (q) = f [escavadeiras (x1); caminhões (x2); pedreiros (x3);
mestres de obra (x4), engenheiros (x5)].
Para simplificar, podemos supor a função de produção como
dependente de apenas dois fatores de produção: capital (K) e trabalho
(L). Assim, a equação genérica da função de produção é dada por:
q = f (K, L) (2)

Vale repetir: a maneira como os insumos são utilizados para TECNOLOGIA


gerar a produção é dada pela tecnologia disponível à empresa. Assim, É a consolidação de
conhecimentos cien-
a função de produção será especificada conforme tal TECNOLOGIA. tíficos voltados para
a criação de novas
Por exemplo, suponha uma tecnologia de produção em que o capital formas de produção,
visando à melhoria
qualitativa e/ou
quantitativa de bens
ou serviços.

CEDERJ 225
Análise Microeconômica | Teoria da produção: o curto prazo

(a máquina) tenha um grande peso na produção; logo, a função de


produção poderia ser especificada como:
q = K3L (3)

A equação (3) especifica um modo produtivo em que o insumo


capital tem grande impacto no resultado na produção. A Tabela 7.1
ilustra alguns dos resultados pertinentes a esta situação.
A primeira linha da tabela indica que sem uma unidade de trabalho
não se produz, ainda que haja uma unidade de capital. Possivelmente,
seria a constatação da necessidade de pelo menos um trabalhador para
ocorrer alguma produção.
Nos demais níveis de utilização de trabalho e capital, percebemos
o acréscimo de capital como fator de maior intensidade à produção.
Outros valores, além dos que estão na tabela, poderiam ser atribuídos.
Dada a equação (3), os resultados continuariam a apontar para
uma maior quantidade produzida, conforme as combinações de insumos
sejam de maior grandeza. Assim, espera-se que quanto mais se utilizem
dos fatores, maior será a produção. Mais adiante, verificaremos que há
casos em que o aumento de mais um insumo nem sempre implica em
maior nível de produção.

Tabela 7.1: Algumas combinações de insumos na função de produção q = K3L

Quantidade de Trabalho (L) Quantidade de capital (K) Produto total (q) q = K3L

0 1 0

1 1 1

1 2 8

2 1 2

3 1 3

1 3 27

Fonte: Cleber Barbosa.

Do que observamos até agora, podemos assim sintetizar:


A função de produção expressa as possibilidades de uma empre-
sa, utilizando-se de uma técnica (ou tecnologia disponível), combinar

226 CEDERJ
seus fatores de produção, também denominados insumos, no sentido

7
de produzir um resultado quantitativo de bens ou serviços que poderá

AULA
levar ao mercado para realização de negócios.
A função de produção (expressa na forma da equação) apresenta
algumas características básicas:
a. Trivialmente, não se admitem valores negativos para seus
insumos como para o seu resultado produtivo. Isto quer dizer, não há
produção ou insumos negativos, pelo que não se pode dizer: “–3 insumos
ou a produção é de –10”;
b. Não se produz sem que haja pelo menos alguma quantidade
do insumo mão de obra (trabalho), isto é, não há produção totalmente
mecanizada. Isto aduz (leva) a supor que mesmo uma produção total-
mente mecanizada ou robotizada há de ter alguém, pelo menos para
ligar/desligar as máquinas;
c. A produção em que se dependa de dois ou mais fatores, se a
quantidade empregada de um desses se mantiver fixa, a partir de certo
ponto em que se aumente um ou mais dos outros fatores, o crescimento
da produção irá diminuir. Essa característica, estudada adiante, é deno-
minada Lei dos Rendimentos Decrescentes.

Atividade 1
No século passado, uma montadora de automóveis produzia 5.000 unidades com 1
uma dada combinação de fatores de produção. No atual século, esta empresa,
para produzir a mesma quantidade, emprega menos fatores. Dentro do conceito de
função de produção, o que justifica tal situação?

Resposta Comentada
Possivelmente, o desenvolvimento tecnológico entre esses dois períodos pode
explicar o fato de a empresa produzir, utilizando menos fatores de produção. Com
o mesmo número de empregados e com o mesmo número de máquinas, uma
empresa que utilize nova tecnologia de produção, o resultado em quantidade
(ou qualidade) é maior.

CEDERJ 227
Análise Microeconômica | Teoria da produção: o curto prazo

O CURTO E O LONGO PRAZO NA MICROECONOMIA

Vamos imaginar um momento de tomada de decisão para uma


empresa, a qual servirá para apontar como a microeconomia conceitua
e justifica a distinção entre os períodos de curto e longo prazos.
Uma montadora de automóveis apresenta uma produção mensal
de 2.200 unidades. O volume de vendas mensais é de cerca de 2.100 uni-
dades. Seu parque produtivo é estruturado com uma fábrica de 1.000 m2,
300 máquinas e 100 trabalhadores.
Por algum motivo ainda desconhecido, em dois meses consecu-
tivos, a empresa percebe um crescimento de demanda, sinalizando as
vendas totais para 4.000 unidades.
A diretoria reunida discute como pode atender a esta nova e
festejada demanda.
Vale dizer, nessa situação, há três maneiras para responder ao
crescimento inesperado da demanda: convocação de seus funcionários
para as horas extras, contratação de novos trabalhadores ou ampliação
de todos os fatores produtivos.

Qual dessas opções é a preferível? Sigurd Decroos

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1124847/

A resposta dependerá da identificação a respeito de quanto o


aumento da demanda é um fator de curta ou longa duração. Se transi-

228 CEDERJ
tório, a maior demanda pode ser atendida com horas extras, ou mesmo

7
com a contratação de trabalhadores temporários.

AULA
Imagine que o Conselho Administrativo da empresa tenha diag-
nosticado o aumento da demanda como algo que veio para ficar (um
crescimento permanente da demanda) e, nesta situação, tenha decidido
que deveria dobrar toda a escala produtiva. A meta, portanto, seria a de
produzir com uma fábrica de 2.000 m2, 600 máquinas e 200 trabalha-
dores. Desta decisão, devemos observar que a obtenção destes fatores
não é imediata.
Observe que a contratação de operários pode ser rápida.
Um anúncio no jornal pode resultar rapidamente na oferta de muitos tra-
balhadores. Um ou dois meses de treinamento, e a empresa, certamente,
já terá contado com o fator mão de obra que almejou. No entanto, para
ter a fábrica ampliada, suponha demandar pelo menos um ano, para as
obras. Para adquirir as máquinas (robôs sofisticados) que são importadas
do Japão (imagine assim), seriam necessários dois anos como tempo para
a encomenda, produção e entrega do capital importado.
Assim, observamos uma restrição de tempo na tomada de decisão
por ampliação da produção. Mesmo que queiramos, não podemos alterar
a quantidade de todos os fatores de produção ao mesmo tempo.
Agora podemos distinguir o conceito de curto e longo prazos
na Microeconomia. Se dois anos são necessários para alterar todos os
fatores de produção, diremos que, a partir deste período, a empresa
ingressa em seu período de longo prazo. Abaixo de dois anos, o curto
prazo. Assim, curto prazo é o período no qual pelo menos a quantidade
de um F AT O R D E P R O D U Ç Ã O (OU INSUMO) é FIXO, isto é, constante. F AT O R DE
PRODUÇÃO
É constante porque a empresa não consegue alterá-lo por alguma razão.
(INSUMO) FIXO
Por sua vez, o longo prazo é o período pelo qual a empresa pode variar
É aquele que perma-
todos os seus fatores de produção. nece com sua quan-
tidade inalterada
Você deve observar, portanto, que na Microeconomia os curto qualquer que seja o
nível de produção.
e longo prazos não são diferenciados por uma questão fixa e única de Fator de produção
tempo. Pode ser que a passagem do curto para o longo prazo seja dife- (insumo) variável
é o insumo que se
rente para um ou outro setor industrial. Tudo vai depender, neste caso, consegue variar para
alterar a produção.
do tempo em que a quantidade dos fatores pode ser alterada.
Se uma empresa tem alguma impossibilidade de alterar a sua capa-
cidade produtiva, esse período é o de curto prazo. A partir do tempo em
que ela possa alterar todos os seus fatores, ela atingirá o longo prazo.

CEDERJ 229
Análise Microeconômica | Teoria da produção: o curto prazo

Em síntese, conceituamos:
Curto prazo: período em que pelo menos um dos fatores de pro-
dução tem a sua quantidade fixa (constante);
Longo prazo: período a partir do qual a empresa pode alterar
todos os seus fatores de produção.
Podemos concluir que o curto prazo é um período de limitação da
capacidade da empresa de aumentar a produção ou implementar, como
quiser, seus negócios. Há uma restrição. No longo prazo, tal restrição
é eliminada.

Atividade 2
Em Microeconomia, o período de curto prazo para uma empresa petrolífera é 2

certamente maior em comparação a de uma papelaria. Justifique esta assertiva.

Resposta Comentada
Em virtude do grande e complexo maquinário utilizado em uma empresa de
exploração de petróleo, o tempo necessário para alterar suas instalações é pro-
vavelmente bem maior, em relação aos móveis e utensílios de uma papelaria.
Sendo assim, não há dúvidas de que a papelaria alcança o longo prazo em
menor tempo.

Curto prazo: Empresa pública x empresa privada


Colocando de lado posições ideológicas e justificativas jurí-
dicas, podemos observar que a empresa pública apresenta
um maior período de curto prazo do que a empresa privada.
Na empresa pública, para a contratação de obras, com-
pra de materiais e outras espécies de investimentos,
em regra geral, é obrigatório o processo de licitação.
A Constituição Federal, Art. 37, inciso XXI, e a Lei 8.666/1993
(licitações) preveem para a administração pública, incluído
a empresa pública, o dever de licitar. Nas palavras do Artigo
2º- da Lei 8.666:
Fonte: http://
www.sxc.hu/ As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alie-
photo/987763,/“ nações, concessões, permissões e locações da Administração
arte_ram” Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessa-
riamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses
previstas nessa lei.

230 CEDERJ
7
Portanto, por determinação legal, para ampliar sua capacidade produtiva, a
empresa pública está obrigada à licitação. Tal processo é inequivocamente

AULA
consumidor de tempo. Como a empresa privada não tem tal restrição, é fácil
concluir que dentro de um mesmo ramo de produção e semelhança de insumos,
a empresa pública tem uma lentidão dada pela obrigatoriedade de licitar. Isto
leva a concluir que o curto prazo para ela é maior do que para a empresa privada.
Conforme disposição do parágrafo único, Art. 1º- da Lei de Licitações, além
da empresa pública, estão obrigadas à licitação as autarquias, as fundações
públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas
direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e municípios.

A FUNÇÃO DE PRODUÇÃO EM CURTO PRAZO

Considerando apenas dois fatores de produção, capital (K) e tra-


balho (L), vimos que a função de produção é designada por:

q = f (K, L) (4)

Se a empresa está no período de curto prazo, um fator de pro-


dução é tido como constante, isto é, a empresa não consegue alterar a
sua quantidade. Tendo apenas dois fatores, e um deve ser considerado
fixo, o mais razoável será supor o capital como o fator fixo. Afinal, a
contratação de trabalhadores tende a ser mais rápida (tanto mais, quanto
mais elevada a taxa de desemprego).
Utilizamos a notação Ko, para representar o capital como fixo na
quantidade Ko. Deste modo, a equação (4) passa a ser representada por:

q = f (Ko, L) (5)

A leitura da função de produção dada em (5) é de que a produção


alcançada, denominada também como P R O D U T O T O TA L q, dependerá da PRODUTO T O TA L

quantidade empregada de trabalho (L), dado que o número de máquinas É a quantidade de


produtos obtida,
(Ko) está fixo. quando se utiliza
determinada combi-
nação de insumos de
acordo com a função
AS PRODUTIVIDADES MÉDIAS E MARGINAIS
de produção.

Um empresário poderia fazer duas perguntas ao seu gerente de


produção:
1) Quanto cada um dos nossos funcionários produz em média?

CEDERJ 231
Análise Microeconômica | Teoria da produção: o curto prazo

2) Se contratarmos mais um funcionário, de quanto aumentará


a produção?

Chris Baker
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1238452, /

As respectivas respostas aludem a dois conceitos importantes,


ligados à teoria da produção: a produtividade média e a produtividade
marginal.
A produtividade média de um fator é definida como o quociente
do produto total pela quantidade utilizada deste fator. Se uma empresa
produziu 100 unidades, empregando 5 máquinas, a produtividade média
de cada máquina é 20 (100/5).
A produtividade marginal é definida como a variação da produção,
devido à variação de uma unidade (ou a menor variação possível) em
um dos fatores de produção. Uma empresa produz 100 unidades com 50
funcionários; se, ao contratar mais um funcionário, a produção aumentar
para 120, a produtividade marginal do fator trabalho é 20.
Vejamos os conceitos de forma geral. Suponha uma função de
produção (y), dada por apenas dois fatores, trabalho (L) e capital (K).
Assim:
y = f (K, L)

Respectivamente, as produtividades médias dos fatores capital e


trabalho são:
y
Pmek = (6)
K

y
Pmel = (7)
L

232 CEDERJ
Por sua vez, as produtividades marginais dos fatores K e L são:

7
AULA
y
Pmg k = (8)
K
y
Pmg l = (9)
L

Os lados direitos das equações (8) e (9) são lidas como a variação
da produção (y), devido à variação de uma unidade do fator capital
(k), e a variação da produção, devido à variação de uma unidade do
fator trabalho (L).
Vale ressaltar que se temos uma função de produção com n fatores,
podemos ter n produtividades médias e n produtividades marginais, ou
seja, cada fator pode gerar um conjunto de produtividades médias e de
produtividades marginais, associados aos diversos níveis de produção.
Observe também que a unidade do fator de produção pode
ser medida em números discretos ou contínuos. Por exemplo, o fator
trabalho em contagem discreta poderá variar como 10 trabalhadores,
11 trabalhadores, 15 trabalhadores. Por outro lado, sua quantificação
traduz-se por horas de trabalho. Nesse caso, como 10 horas de trabalho,
10h30min, 11h15min, 11h20min etc.
No caso da contagem dos fatores de produção em número con-
tínuo, o conceito de produtividade marginal é aplicado em termos da
variação da quantidade produzida dada pela menor variação possível
(infinitesimal) na quantidade do fator de produção. A notação de varia-
ção passa, portanto, a ser aplicada pelo conceito de derivada. Assim, as
equações (8) e (9) são levemente alteradas para as equações (10) e (11),
respectivamente, que são as notações de derivadas para as respectivas
produtividades marginais:

dy (10)
Pmg k =
dk
dy
Pmg l = (11)
dL

Para fixar esses conceitos, façamos um exemplo numérico.


Considerando as três primeiras colunas da Tabela 7.2, observe o
insumo capital como fixo em três unidades. Com a escala para a quan-
tidade de trabalho e o respectivo resultado de quantidade de produto,

CEDERJ 233
Análise Microeconômica | Teoria da produção: o curto prazo

podemos construir duas colunas referentes às produtividades médias e


marginais, aplicando-se as equações (7) e (9). Observamos que a quan-
tidade do fator de produção está em número discreto.

Tabela 7.2: Produtividades médias e marginais do trabalho para os níveis de mão


de obra, na escala de zero a cinco
Produtividade média Produtividade marginal
Capital Trabalho
Produto y y
total
( L) (L)
3 0 0 0 –
3 1 10 10 10
3 2 30 15 20
3 3 60 20 30
3 4 95 23,75 35
3 5 110 22 15

Fonte: Cleber Barbosa.

Sendo a função de produção associada a insumos, cuja medição


seja em números contínuos, como a quantidade de trabalho apurada em
horas trabalhadas, a medida da produtividade marginal será em termos
do conceito de derivada.
A produção pode ser dada por, digamos, y = 2 k L. Considerando
o capital fixado na quantidade de três unidades, teríamos:
y = 2 (3) L
y=6L

A expressão da produtividade marginal do trabalho seria a deri-


vada de y em relação a L, ou seja:

dy
Pmg L = 6
dL

A produtividade média é obtida de igual modo ao apresentado em


números discretos: pelo quociente entre o nível de produto alcançado
com o nível de trabalho utilizado.

234 CEDERJ
7
A produtividade

AULA
Definimos produtividade como a relação que mede o volume de produção por
insumo utilizado, como representado pelas equações (6) e (7). Em geral, nos
livros-textos de Microeconomia, a produtividade é medida principalmente em
função da mão de obra, utilizando o total de funcionários.
No entanto, a produtividade pode ser observada com outros enfoques. Pelo
critério utilizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a mão de
obra computada seria o total de trabalhadores de uma empresa, descontados
os trabalhadores administrativos e pessoal de apoio, como os terceirizados.
Na agropecuária, existem diversas possibilidades para aferir a produtividade.
Por exemplo, no setor de pecuária de leite, poderíamos medir:
1) produtividade do rebanho: relação entre o total em litros de leite por
número de vacas;
2) produtividade da terra: relação entre o total em litros de leite por número
de hectares-pasto;
3) produtividade dos pecuaristas: relação entre o total em litros de leite e o
número de dias-homem;
4) produtividade do capital: relação entre o total em litros por quilos de con-
centrados.

OS RENDIMENTOS DECRESCENTES DE PRODUÇÃO

O que aconteceria em uma fábrica cuja produção requer dois


fatores, mas, mantendo-se um deles fixo, o outro fosse aumentado
indefinidamente?
Ivan Petrov

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1147438/

Duas situações ajudam a compreender o que vamos conceituar:


1. Imagine um alqueire de terra (é um fator de produção fixo)
em que se planta alface. Qual seria o efeito sobre a plantação
de alfaces, ao utilizar mais e mais agricultores?

CEDERJ 235
Análise Microeconômica | Teoria da produção: o curto prazo

No início, a consequência seria aumentar a plantação


de alface. Todavia, adicionando mais e mais agricultores,
para plantar no limitado espaço de terra, aconteceria senão
uma coisa engraçada pelo menos decepcionante para quem
interessa a produção. A inserção de mais trabalhadores
chegaria a um ponto de não haver espaço disponível sequer
para andar. Certamente, acabariam pisando nos próprios
alfaces plantados.
2. Suponha um escritório de contabilidade com cinco mesas para
dispor seus funcionários. Neste escritório (fator de produção
fixo), o número de capital (computadores, mesas) também
está fixo. Uma hipótese de seguidas contratações de conta-
dores, fácil imaginar, em determinado momento, a queda de
rendimento no escritório. Afinal, sem ter mesas pra trabalhar
ou espaço, eles acabariam conversando um com outro, possi-
velmente atrapalhando até mesmo aqueles que estão com suas
mesas de trabalho.
Temos agora condições de abordar um dos mais tradicionais
conceitos ligados à produção no curto prazo: a Lei dos Rendimentos
Decrescente (LRD). Também denominada Lei dos Rendimentos Mar-
ginais Decrescentes, a LRD assegura que se mantendo fixo um fator de
produção, ao aumentar-se o outro, a produção inicia-se com taxas cres-
centes de aumento na quantidade produzida, contudo, após determinada
relação entre a quantidade dos dois insumos, a produção continuará a
crescer, mas em ritmo decrescente. Se houver ainda mais aumento na
quantidade do fator variável, o rendimento da produção (taxa de cresci-
mento) pode chegar a zero (ou seja, o acréscimo do insumo variável não
aumenta a produção) e até mesmo à taxa negativa (queda na produção).
Em outras palavras: aumentando-se apenas um dos n fatores
de produção da empresa, a produção aumentará em um dado nível
de crescimento. A partir de certo ponto, a produção começará a apre-
sentar crescimento em ritmo menor, ou seja, a taxa de rendimento da
produção começa a decrescer. Se o crescimento do emprego do fator
variável continuar, a taxa de rendimento que já era decrescente pode cair
a zero (máxima produção alcançada); a partir daí, chega a ser negativa
(a produção diminui).

236 CEDERJ
Resumindo:

7
Lei dos Rendimentos Decrescentes

AULA
À medida que um insumo aumenta, mantendo-se constantes os
demais insumos, a taxa de aumento da produção, a partir de determi-
nado ponto, diminui. Portanto, há de se considerar que, dada uma faixa
de proporcionalidade adequada para o uso dos fatores de produção, a
aplicação de insumos fora desta faixa pode acarretar indesejados rendi-
mentos na linha de produção de uma fábrica.
Um exemplo numérico ajuda a consolidar o entendimento sobre
a LRD.
Dando continuidade à escala de produção da Tabela 7.2, criamos
dados hipotéticos do que seria a função de produção, empregando-se de
três a nove trabalhadores.

Tabela 7.3: Produtividades médias e marginais do trabalho para os níveis de mão


de obra

Produtividade média Produtividade marginal


Capital Trabalho
Produto y y
total
( L) ( L)
3 3 60 20 30
3 4 95 23,75 35
3 5 110 22 15
3 6 115 19,16 5
3 7 118 16,85 3
3 8 118 14,75 0
3 9 114 12,66 -4

Fonte: Cleber Barbosa.

Da leitura da Tabela 7.3, observamos:


1. Ocorrem rendimentos crescentes, até o emprego de quatro tra-
balhadores. Para tal evidência, basta observar a produtividade
marginal crescente nesse intervalo, isto é, os acréscimos do
fator trabalho acarretam incrementos crescentes à produção.
2. A partir do emprego de quatro trabalhadores, começam os
rendimentos decrescentes de produção, pois a produtividade
marginal torna-se decrescente, isto é, a produção total a partir
desse ponto cresce a taxas decrescentes.

CEDERJ 237
Análise Microeconômica | Teoria da produção: o curto prazo

3. A produção atinge o ponto máximo com o emprego de sete


trabalhadores. A partir do emprego de oito trabalhadores, a
produção chega a diminuir. Se contratar mais trabalhadores,
além de a taxa de rendimentos da produção ser decrescente,
terá o agravante de ser uma taxa negativa.

A FUNÇÃO DE PRODUÇÃO E AS PRODUTIVIDADES EM


TERMOS DE DERIVADAS

Um tratamento matemático à função de produção permite observar


três relações importantes, abrangendo as produtividades médias e marginais.
1. A produtividade média, quando alcançar seu valor máximo,
terá o mesmo valor da produtividade marginal.

Relembrando...

?
Vamos relembrar algumas pro-
priedades do conceito de derivada,
estudada por você em Métodos Determi-
nísticos (não vale traumas, hein!).
Se uma função atinge seu valor máximo, a deri-
vvada naquele ponto é igual a zero. Afinal, a tan-
ge
gente no ponto de máximo é horizontal ao eixo das
ab
abscissas. Se for horizontal, a inclinação é zero; como
a de
derivada é a inclinação da tangente no ponto, então
a derivada é zero; portanto, em um ponto de máximo, a
derivada naquele ponto é zero.
Nosso interesse é o de analisar a função produtividade
média em seu valor máximo. Como ela é uma função (para
cada quantidade do insumo, há um valor para a produtivi-
dade), vamos derivá-la e igualar o resultado (ou a expres-
são de sua derivada) a zero. Antes de derivarmos, obser-
ve que podemos reescrever a produtividade média de
um insumo, digamos L, como se segue:
y
Pme1 = Pmel = y L–1,
L
isto é, apenas “subimos” o denominador da
fração, tornando a PmeL mais simples
para, em seguida, derivarmos.

238 CEDERJ
A produtividade média é uma função da quantidade de trabalho,

7
L. Assim, a sua derivada é em função de L, ou seja:

AULA
d ( Pme) d ( yL1 )

dL dL

Observe que y é a variável produção que depende das outras


variáveis, L e K.
Assim, y e L são duas variáveis associadas ao que precisamos
derivar; portanto, precisamos utilizar a regra da cadeia em derivadas de
funções compostas (se precisar, consulte a Aula 10 de Métodos Deter-
minísticos II), cuja regra é dada por:
Se y = u v;
y’ = u’ v + u v’

No caso da PmeL, em que Pmel = y L–1 , temos:


u = y, e v = L–1 .
Assim, u’ será: dy
dL

e
v’ = d(L–1)/dL= – L–2

Portanto, aplicando a regra da cadeia (u’v + uv’), temos:

d ( Pme) dy –1
 (L )+ y(-L–2 ) (12)
dL dL
d ( Pme)
estando no ponto de máximo, a derivada é igual a zero, o que,
(dL)

portanto, conduz à expressão em (13):

dy (L–1 ) + y (–L–2) = 0 (13)


dL
Vamos, agora, "rearrumar" a expressão (13), observando os
seguintes termos:
1
L–1 
L
1
L–2 
LL
e que dy = PmgL e PmeL = y
dL L

CEDERJ 239
Análise Microeconômica | Teoria da produção: o curto prazo

Assim, a equação (13) da produtividade média em seu ponto


máximo apresenta a expressão:

PmgL 1 – PmeL 1 = 0 (14)


L L

Multiplicando ambos os lados da equação (14) por L, temos que


quando a PmeL está no ponto de máximo:

PmgL – PmeL = 0

Logo, provamos que no ponto em que a produtividade média de


qualquer insumo (no caso, o insumo L) for máxima, teremos:

PmgL = PmeL (15)

2. Uma segunda propriedade é de que se a produtividade média é


crescente, ela tem valor menor do que a produtividade marginal.
Isso pode ser demonstrado a partir da equação (14). Lembran-
do que, nos pontos crescentes de uma função, as suas derivadas são
positivas (maiores do que zero). Assim, a expressão da equação (14),
evidenciando a derivada da função produtividade média deverá ser
levemente alterada para:
PmgL 1 – PmeL 1 > 0
L L

implicando, portanto, em PmgL > PmeL, isto é, a produtividade média


sendo crescente, seu valor será menor do que a correspondente produ-
tividade marginal.
Por sua vez, se a produtividade média for decrescente, ela será
maior do que a respectiva produtividade marginal. A razão disto segue
o mesmo princípio do entendimento anterior: em uma função nos seus
pontos decrescentes, as suas derivadas são negativas (menores do que
zero). Assim, a expressão da equação (14), evidenciando a derivada da
função produtividade média, deverá ser levemente alterada para:

PmgL 1 – Pmel 1 < 0


L L

PmgL < PmeL

240 CEDERJ
3. Por último, observe que a produtividade média é sempre um

7
valor positivo.

AULA
O entendimento desta propriedade é bem mais simples. A pro-
dutividade média consiste no quociente entre a produção e um insumo.
Essas variáveis são positivas; logo, o quociente de variáveis positivas
resulta sempre em resultados positivos.
De posse desse entendimento, podemos esboçar os gráficos da fun-
ção de produção (produto total) e das produtividades médias e marginais.

Gráfico (A)

Gráfico (B)

Figura 7.5: Gráfico (A) Função de produção e gráfico (B) produtividades média e
marginal.

CEDERJ 241
Análise Microeconômica | Teoria da produção: o curto prazo

Em (A), a função de produção, expressando a relação entre a


variação do insumo (ou fator de produção) L e a resultante quantidade
produzida, a curva de produção total. Em (B), as respectivas funções das
produtividades média e marginal do insumo. No ponto L’, a produtivida-
de média é máxima e iguala-se à marginal. No ponto L*, a produtividade
marginal é zero, onde, a partir deste nível de insumo, passa a ser negativa.
O primeiro gráfico é o da função de produção. Nele, vemos a
produção aumentando inicialmente a taxas crescentes, depois a taxas
decrescentes, até que se atinja o máximo em L*. A continuar o emprego
do insumo L, a produção decresce.
O segundo gráfico apresenta as funções produtividades média e
marginal. Observe as relações entre elas: quando a produtividade média
é crescente, a produtividade marginal é maior; sendo decrescente, a pro-
dutividade marginal é menor. Quando a produtividade média é máxima,
as duas produtividades têm o mesmo valor (ponto L’).

Atividade 3
Em uma empresa com apenas duas máquinas (K = 2), a produtividade média do 3

trabalho é 7,5 em seu valor máximo. Considerando que a produtividade marginal


do trabalho é dada por:
PmgL = 0,3L2 –2LK

Considerando L e K, como as variáveis da mão de obra e do capital, pede-se:


a. a quantidade de trabalhadores no ponto em que a produtividade média é máxima;
b. a quantidade de trabalhadores que proporciona o nível máximo de produção;
c. identificar a inconsistência entre os resultados encontrados nas letras a e b, quando
comparados.

242 CEDERJ
7
AULA
Resposta Comentada
a. Sabemos que quando a produtividade média é máxima seu valor é igual ao
da produtividade marginal; portanto, ao igualarmos a equação da produtividade
marginal com o valor da produtividade média máxima, poderemos extrair a
quantidade de trabalho associada ao valor máximo. Observe o número fixo de
máquinas (k = 2), determinado no enunciado da questão, o qual substituiremos
no decorrer da resolução.
Façamos:

PmgL = PmeLmax
PmgL= 7,5

0,3L2 –2LK = 7,5

Substituindo K = 2 na equação anterior e colocando na forma da equação de


segundo grau:
0,3L2 – 4L – 7,5 = 0

As raízes dessa equação, dadas pela conhecida fórmula:

-b ± b 2 - 4ac
x=
2a

4  16  9
O que gera: L 
0,6

Como a raiz de resultado negativo não faz sentido, pois não existe medição
negativa de trabalhadores, temos L = 15.

b. A produção em seu valor de máximo tem como característica a produção mar-


ginal do insumo com o valor zero. Por essa razão, devemos igualar a expressão
da produtividade marginal a zero e extrair o nível de mão de obra associado
a esse valor.
PmgL = 0 no ponto em que a produção é máxima.

CEDERJ 243
Análise Microeconômica | Teoria da produção: o curto prazo

Então:
0,3L2 – 2LK = 0
0,3L2 – 4L = 0
L = 13,3
Então, com 13,3 de mão de obra, a produção é máxima. Mas, você pode estar
se questionando, se existem 13,3 trabalhadores. Considere o trabalho em sendo
medido por número de horas trabalhadas. Assim, a leitura é com 13,3 horas
de trabalho atinge-se a produção máxima.

c. A produtividade marginal quando é zero deveria estar associada a um número


maior de mão de obra em relação ao ponto de produtividade média máxima
(ver Figura 7.5).
Obs: equações de produtividades aptas a resultados mais adequados exigiriam
uma manipulação algébrica mais extensa, o que fugiria ao propósito central
desta aula.

A PRODUTIVIDADE MARGINAL NEGATIVA

Na prática, não se deve esperar por uma produtividade marginal


negativa. Sendo negativa, representa uma constatação inequívoca de
ineficiência. Afinal, qual empresário está disposto a pagar por um fator
de produção que irá diminuir a produção? Seria até mais correto dizer
que neste ponto seria um fator de "desprodução"!
No entanto, algumas situações, ainda que raras, podem ser verificáveis:
a. Nepotismo – a contratação de parentes, apenas por esta carac-
terística, pode ensejar a produtividade marginal negativa. Por exemplo,
a pedido da família, o empresário admite em seus quadros o irmão de
sua esposa. Este pode ser tão improdutivo que atrapalhe o trabalho dos
outros funcionários.
b. O administrador pode ter gestores que não estejam medindo
ou monitorando corretamente o volume do que é produzido.
c. Empresa pública e emprego político – outrora, a empresa públi-
ca, criticada como desprovida de critérios de eficiência econômica, servia
para o que se chamava ‘cabide de empregos’. A contratação dava-se por
pedidos de políticos, ou seja, critérios políticos, o que poderia resultar
em produtividades marginais negativas. Hoje, como sabemos, o acesso a

244 CEDERJ
emprego público dá-se por intermédio de concurso público de provas e

7
títulos, conforme a Constituição da República de 1988, artigo 37, inciso

AULA
II, exceto os casos de nomeações em cargo de comissão.
Em referência ao item c, os simpáticos à iniciativa privada con-
tavam a seguinte piada:
Qual a solução para um prédio empresarial que tem um elevador
e dois ascensoristas?
Resposta: Se a empresa for privada, demite-se um ascensorista;
se pública, manda construir um segundo elevador!

Atividade 4
Uma empresa dispõe de uma determinada quantidade de trabalhadores, sem 4
qualquer intenção de alterá-la. O gestor faz uma consulta ao engenheiro de pro-
dução. Quer saber os resultados, em termos de produção, ao uso de equipamentos
(k) na escala de 10 a 15 máquinas. A resposta está na tabela que se segue:

K 10 11 12 13 14 15
Q (mil unidades) 10 15 18 19 19 18

Diante disso:
a. Calcule as escalas de produtos marginais e médias da máquina.
b. Se esta produção apresenta rendimentos decrescentes de escala, a partir de que nível
de k ela vigora?
c. Apresente uma possível razão para a produtividade marginal ter valor negativo.

Resposta Comentada
a. Utilizando-se das definições de produto médio ( Pmek = Q/K) e produto mar-
Q
ginal ( Pmgk  ) do capital, construímos a tabela seguinte com tais valores:
K

CEDERJ 245
Análise Microeconômica | Teoria da produção: o curto prazo

K Q* PmeK* PMgK*
10 10 1 –
11 15 1,36 5
12 18 1,50 3
13 19 1,46 1
14 19 1,35 0
15 18 1,20 –1
*Em mil unidades.

b. A produção apresenta retornos (ou rendimentos) decrescentes a partir do ponto


em que a produtividade marginal passa a ser decrescente. Assim, ela ocorre a
partir do emprego de 11 a 12 unidades de máquinas.

c. A produtividade marginal negativa do capital pode refletir o fato de que há um


excesso de máquinas na fábrica, atrapalhando o espaço para o trabalho adequado
dos funcionários que lá estão. Assim, a produção diminui com tal ineficiência.

PROGRESSO TECNOLÓGICO

Praticamente, desde que existe a ciência, ocorre a tecnologia.


O processo de aprimoramento da tecnologia incide no que chamamos
I N O VA Ç Ã O de I N O VA Ç Õ E S TECNOLÓGICAS. Inovação é a introdução de algo novo e
TECNOLÓGICA
positivo ao ambiente de produção ou comercialização.
Aprimoramento de
novas formas de pro- Ao longo do tempo, e ao que parece, cada vez mais, em menor
dutos e/ou processos espaço temporal, ocorrem inovações tecnológicas. A descoberta e uso
com repercussão em
melhorias nos pro- de nova tecnologia afeta de maneira significativa a função de produção.
dutos e/ou processos
produtivos ligados Quanto mais incisiva a inovação, maior será o efeito sobre a função de
à organização da
produção. Por exemplo, se há uma nova descoberta tecnológica, tor-
atividade. As inova-
ções podem ocorrer nando a máquina da empresa mais eficiente, esta terá maior potencial
em qualquer fase ou
aspecto do processo produtivo, isto é, aumentará a sua produtividade média. Eleva-se também
de produção ou
comercialização dos
a produtividade média de cada trabalhador operador dessa máquina.
bens ou serviços. Qual seria o efeito do progresso tecnológico, isto é, de uma acen-
tuada inovação tecnológica na forma gráfica da função de produção?
Para responder a esta questão, vamos recorrer a um exemplo numérico,
utilizando os dados da Tabela 7.3.
Inicialmente, a empresa apresentava uma função de produção de
curto prazo com três máquinas de insumo fixo, o que gerava a Tabela
7.4 de produção e produtividade média:

246 CEDERJ
Tabela 7.4: Produção e produtividade média do trabalho

7
y

AULA
Capital Trabalho Produto total Produtividade média
( L)
3 3 60 20
3 4 95 23,75
3 5 110 22
3 6 115 19,16
3 7 118 16,85
3 8 118 14,75
3 9 114 12,66

Fonte: Cleber Barbosa.

Em determinado momento, após um processo de pesquisas de


desenvolvimento tecnológico (investimento em P&D), surge uma inovação
tecnológica. A partir desta inovação, com o mesmo número de máquinas a
produção e a produtividade passam a vigorar de acordo com Tabela 7.5.

Tabela 7.5: Produção e produtividade média do trabalho, após a introdução de


inovação tecnológica

Produtividade média
y
Capital Trabalho Produto total
( L)
3 3 70 23,33
3 4 105 26,25
3 5 120 24
3 6 124 20,66
3 7 128 18,28
3 8 130 16,25
3 9 129 14,33

Fonte: Cleber Barbosa.

Observamos o incremento da produção e produtividade para


cada nível de insumo. Afinal, uma máquina com maior potencial de
produção afeta positivamente a produção por cada insumo utilizado,
isto é, a produtividade média de cada fator.
Em relação ao que vigorava, a inovação tecnológica desloca a
curva de produção total, ou seja, teremos no gráfico da função de pro-
dução o deslocamento de sua curva. A terceira coluna da Tabela 7.5
fornece tal evidência ao destacar a quantidade produzida, agora maior.
A construção gráfica da terceira coluna da Tabela 7.5, comparada à da
Tabela 7.4, produz o gráfico da Figura 7.6.

CEDERJ 247
Análise Microeconômica | Teoria da produção: o curto prazo

Figura 7.6: Efeito do progresso tecnológico na função de produção. A função


produção total é a dada por Q. Com a introdução de nova tecnologia, a produção
aumenta para Q’.

Por último, como podemos observar a tecnologia na equação


que descreve a função de produção? Para fins didáticos, continuando a
supor apenas dois insumos, temos a forma funcional e geral da função
da produção como:

Q = A f (x1, x2).

Onde:
x1 e x2 são as variáveis, representando os dois insumos,
e A é o parâmetro que representa a tecnologia.

Uma forma funcional específica seria:


Q = 10 x12 x24
onde o valor de 10 representaria o parâmetro A.

Em havendo uma melhoria tecnológica geral, o valor de A aumen-


tará. Por exemplo, poderia a função de produção apresentar a forma
de Q = 15 x12 x24.

248 CEDERJ
7
A Sharp, empresa japonesa produtora de diversos eletrônicos (copiadoras,
calculadoras, TVs, Blue-Ray, fornos de micro-ondas e aparelhos de áudios) divul-

AULA
gou, em janeiro de 1992, que precisava de 81 minutos para a produção de uma
TV; em março de 1996, este indicador de produtividade caiu para 19 minutos.
Podemos imaginar quantos minutos, hoje em dia, são necessários para tal?
Além de TV de tubo, atualmente estão presentes em sua linha de montagem
TV de LCD, LED entre outros. Sem sombra de dúvida, é uma constatação dos
efeitos do progresso técnico, incidindo sobre a qualidade dos produtos e o
tempo de produzi-los.
Vale ressaltar a origem do nome Sharp. Seu fundador, Tokuji Hayakawa, por
volta dos anos de 1910, inventou a lapiseira “Ever-Sharp” (tradução: “sempre
afiado” ou “apontado”). Era a alusão de que o lápis não necessitava de apon-
tador. Diante do sucesso de tal invenção, o produto acabou por dar o nome
da companhia.

CONCLUSÃO

Nesta aula, você estudou o período de curto prazo para uma empresa
pelo ponto de vista da Microeconomia. No curto prazo, há uma restrição
na capacidade de alterar pelo menos um insumo de produção. Quando a
empresa pode alterar todos os seus insumos, há o longo prazo. Como insu-
mo variável, geralmente se admite o fator trabalho. Afinal, é mais rápido
contratar trabalhadores do que adquirir novas máquinas.
Se há uma restrição por pelo menos um insumo, há alguma limita-
ção para a produção; portanto, no curto prazo, utilizando-se mais e mais
dos insumos que podem ser alterados, pode-se alcançar os rendimentos
decrescentes de produção até o ponto em que a produção seja a máxima.
A produtividade média e a produtividade marginal são dois indi-
cadores da importância do insumo sobre o que se produz. Não se produz
com produtividade marginal negativa, pois é uma demonstração de que
se gasta com um insumo adicional, ao passo que este faz cair a produção.
Em uma função de produção dada em uma escala de números contínuos,
na produção máxima, a produtividade marginal é zero.

CEDERJ 249
Análise Microeconômica | Teoria da produção: o curto prazo

Atividade Final
Em 1980, a partir de uma coleta de dados da época, uma tese de dou- 1 3 4 5
torado estimou que a função de produção de um setor agrícola pudesse
ser razoavelmente identificada pela equação: y = 50 K0,5L0,5. As variáveis y, K, L representam,
respectivamente, a quantidade produzida, as unidades de capital e mão de obra.

Em 2010, o mesmo autor da tese, agora professor titular, reestimou a equação com a mesma
metodologia utilizada anteriormente. Com os novos dados, a equação tomou a forma de
y = 70 K0,6L0,4. Diante destas informações, pede-se:
a. A quantidade produzida ao empregar dezesseis unidades de L e nove de K, em ambos os
períodos.
b. A expressão da produtividade média e da produtividade marginal da mão de obra referente
à função de produção estimada em 1980.
c. A expressão da produtividade média e a da produtividade marginal da mão de obra da
função de produção estimada em 2010.
d. Alguma suposição a respeito da mudança de valores dos parâmetros entre as duas equações.

Resposta Comentada
a. Para responder ao item, basta substituir os valores fornecidos à equação.
Em 1980, temos: y = 50 (16)0,5(9)0,5 = 50 (4) (3) = 600.
Em 2010: y = 70 (16)0,6(9)0,4 = 70 (5,278) (2,408) = 889,74

Observe que, com a mesma quantidade de fatores, em 2010, produz-se bem mais.

b. Para obter a produtividade média, aplicamos a fórmula dada na equação (7):

50L0,5 k 0,5 K
PmeL   50L0,5 k 0,5  50 0,5 .
L ( L)

Para obter a produtividade marginal do trabalho, a equação (7), o que nos exige derivar
a equação da produção em relação à variável mão de obra, isto é:
K
PmgL  50(0,5)L0,5 K 0,5  25
( L)0,5

c. De forma análoga ao item b, temos:


70L0,4 k 0,6 K
PmeL   50 L0,6 k 0,6  70 0,6 .
L ( L)
K
PmgL  70  0, 4  L0,6 K 0,6  70 0,6
( L)

d. Podemos sugerir que a mudança da constante 50 para 70, na equação da função


de produção, esteja refletindo as novas tecnologias de produção incorporadas no
decorrer do período. Os expoentes dos fatores de produção também alteraram.
O aumento do expoente no caso do capital indica que a produção
utiliza mais intensamente este fator.

250 CEDERJ
7
RESUMO

AULA
A função de produção indica a quantidade máxima que se pode alcançar,
à medida que se utilizam as diversas combinações de insumos pertinentes
à produção. A função de produção considera o uso da melhor tecnologia
disponível à produção, isto é, supõe a eficiência técnica. Por esta hipótese,
o emprego de insumos (mão de obra, capital, recursos naturais) permite a
máxima produção possível.
A produtividade média de um insumo (ou fator de produção) expressa a
produção média desse insumo. Se a produção média do insumo for 10,
entende-se que cada insumo utilizado na produção produz 10 unidades do
produto em média. Por sua vez, a produtividade marginal é a variação da
produção ocasionada pela variação de uma unidade do fator de produção,
em determinado momento.
A produção pode ser de curto prazo, o que implica que pelo menos um fator
de produção a empresa não consegue alterar em sua linha de produção. O
longo prazo consiste no período de tempo em que se conseguem alterar
todos os fatores de produção.
O progresso tecnológico implica em aumentar a potencialidade da função
de produção.

INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na aula seguinte, estudaremos a função de produção no período de longo


prazo. Veremos que uma dada alteração de todos os fatores de produção
pode ocasionar um crescimento proporcional, mais que proporcional ou
mesmo menos que proporcional na elevação do que se produz. Também
estudaremos a função de produção mais famosa na Microeconomia. Pensada
por um senador americano (Douglas) que queria explicar no Senado como
a economia americana deveria crescer, foi tecnicamente construída por
um matemático de nome Cobb. O resultado é que a função acabou por se
chamar função Cobb Douglas.

CEDERJ 251
8

AULA
A produção no longo prazo
Cleber Ferrer Barbosa

Meta da aula
Apresentar os conceitos básicos relacionados à
produção de bens e serviços no período de
longo prazo.
objetivos

Esperamos que ao final desta aula, você seja capaz de:


1 distinguir a hipótese de curto e longo prazos em uma
função de produção;

2 identificar as funções de produção, denominadas


função de produção de fatores perfeitamente
substituíveis, de proporções fixas e Cobb-Douglas;
3 calcular a taxa de substituição técnica entre os
insumos dentro de uma mesma quantidade de
produto;

4 calcular o rendimento de escala da produção, a


partir de uma função de produção expressa por uma
equação matemática;

5 identificar os diferentes tipos de rendimentos que


a empresa pode apresentar em sua produção, à
medida que altera todos os seus insumos em uma
dada proporção.

Pré-requisitos
Para se ter um bom aproveitamento desta aula, é
importante você relembrar o conceito de função
de produção nos períodos de curto e de longo
prazos, estudado na Aula 7, e o conceito de curva
de indiferença, estudado na Aula 5.
Análise Microeconômica | A produção no longo prazo

INTRODUÇÃO Uma fábrica de sofás apresenta uma produção mensal de 3.000 unidades.
O volume de vendas mensais é de cerca de 2.900 unidades. Seu parque
produtivo é estruturado com uma fábrica de 1.000 m2, 300 máquinas e 100
trabalhadores.
Por algum motivo ainda desconhecido, em dois meses consecutivos, a empresa
percebe um crescimento de demanda, sinalizando as vendas totais para 3.500
unidades. O que fazer para atender a essa nova demanda?

Sarah Barth

Michael Lorenzo

David Jones
Figura 8.1: E agora, o que fazer para atender a essa nova demanda de sofás?
http://www.sxc.hu/photo/1268866/; http://www.sxc.hu/photo/1021153/; http://www.sxc.hu/
photo/748286/

Vale dizer que nessa situação há três maneiras de responder ao


crescimento inesperado da demanda: convocação de seus funcionários
para as horas extras, contratação de novos trabalhadores ou ampliação
de todos os fatores produtivos. Qual dessas opções é a preferível?
Sigurd Decroos

Fonte: http://www.sxc.hu/
photo/1124847/

254 CEDERJ
Na Aula 7, você estudou o conceito de curto prazo da microe-

8
conomia. Segundo ele, pelo menos um fator de produção ou INSUMOS

AULA
INSUMO

permanece fixo, isto é, sem condições de modificar sua quantidade, São os recursos uti-
lizáveis à produção.
mesmo que se queira produzir mais. São exemplos as
matérias-primas, os
Nesta aula, vamos abandonar essa hipótese e considerar a flexibi-
bens intermediários,
lidade de variar todos os insumos necessários à produção, em qualquer as máquinas, horas
de trabalho etc.
medida. Daí, estamos nos referindo ao conceito de longo prazo. Como Podem ser chamados
também por fatores
você aprendeu na aula anterior, o longo prazo é o período pelo qual de produção.
todos os fatores podem ser modificados.
A produção de longo prazo envolve a liberdade para o E M P R E S Á R I O EMPRESÁRIO
INDIVIDUAL
INDIVIDUAL ou a S O C I E D A D E EMPRESÁRIA escolher o tamanho da fábrica
E SOCIEDADE
mais adequado ao seu prognóstico de quanto deve produzir e alocar de EMPRESÁRIA

insumos para atingir suas metas operacionais. É, portanto, um período Pela normatização
do Direito Empre-
favorável a grandes planejamentos! sarial (artigos 966
e 981 do Código
Civil), empresário é
ISOQUANTAS E A PRODUÇÃO DE LONGO PRAZO a pessoa natural que
exerce profissional-
mente atividade eco-
Normalmente, uma empresa produz com n fatores de produção. nômica organizada,
para a produção ou
Sem que haja problemas conceituais, podemos simplificar nosso estudo,
a circulação de bens
considerando apenas dois fatores de produção ou insumos: trabalho (L) ou serviços. Socie-
dade empresária é
e capital (K). a pessoa jurídica
composta por duas
Suponha que, para produzir os níveis de 60, 90 e 100 unidades de ou mais pessoas que
um produto, a empresa tenha alternativas de utilização de seus fatores, se organizam para
estabelecer uma
conforme os dados da tabela a seguir: empresa.

Tabela 8.1: Possibilidades de emprego de insumos (L,K) para os níveis de 60, 90 e


100 unidades de produção (Y)

Y = 60 Y = 90 Y = 10
1000
L K L K L K
2 6 2 8 2 12
3 4 3 6 3 10
4 3 4 5 4 6

Fonte: Cleber Barbosa.

Assim, a produção de 60 unidades pode ser realizada, utilizando-se


seis unidades de capital com duas unidades de trabalho (2, 6), ou com
quatro de capital associadas a três de trabalho (3, 4), ou empregando-se

CEDERJ 255
Análise Microeconômica | A produção no longo prazo

três de capital e quatro de trabalho (4, 3). De forma análoga, verificam-se


as possibilidades alternativas para os níveis 90 e 100 de produção através
dos pares ordenados dispostos nas demais colunas.
Portanto, a Tabela 8.1 fornece um exemplo de volumes de pro-
dução gerados por diversas combinações de insumos.
A transposição dessas combinações de insumos para cada ponto de
produção em um gráfico cartesiano, como ilustra a Figura 8.2, apresenta
o conceito de isoquanta.

Figura 8.2: Curvas de isoquantas as quais apresentam as quantidades de 60, 90 e


100 unidades a partir da Tabela 8.1.

Dá-se o nome de isoquanta à descrição das diversas combinações


de insumos que permitem alcançar um determinado nível de produção.
Como estamos considerando apenas dois fatores e os dados hipotéticos
da Tabela 8.1, o gráfico da Figura 8.1 apresenta três níveis de produção,
e há diversas combinações de insumos para obtê-los; portanto, temos
três isoquantas.
Observe como o nome já informa o seu significado. Iso quer dizer
igual; quanta significa quantidade. Assim, ao longo de uma isoquanta estão
presentes as diversas combinações entre os insumos capazes de gerar uma
quantidade específica produzida. No gráfico da Figura 8.2, construímos
um conjunto de três isoquantas. Poderíamos ter imaginado diversas
isoquantas, isto é, outras curvas dotadas de distintas quantidades.
O conjunto de isoquantas é chamado de mapa de isoquantas.

256 CEDERJ
8
Adam Ciesielski

AULA
? Obs
Observe que as isoquantas são análogas às curvas de
indiferença estudadas na Teoria do Consumidor,
in
Aula 5. Enquanto uma curva de indiferença apresen-
ta o mesmo nível de satisfação para diversas quan-
tidades de produtos ao consumidor, a curva de
isoquanta evidencia um determinado nível
de produção por diversos meios alterna-
tivos de uso dos insumos.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/264140/

Atividade 1
Estudamos a função de produção nos períodos de curto e de longo prazos. Pedimos: 1
a) a distinção conceitual de uma da outra;
b) através de um mapa de isoquantas, como o gráfico da Figura 8.2, mostrar a função
de produção com seis unidades do insumo o fixo capital para três níveis de produção;
c) relacionar a função de produção de longo prazo com a forma gráfica da isoquanta.

CEDERJ 257
Análise Microeconômica | A produção no longo prazo

Resposta Comentada
a) Uma função de produção é uma relação técnica entre a quantidade de
insumos utilizada e a respectiva quantidade de produtos obtida na produção.
No curto prazo, a função de produção retrata o período em que a empresa
não consegue alterar pelo menos um dos seus insumos. A longo prazo é pos-
sível alterar todos os insumos úteis à produção. Portanto, a diferença é a da
possibilidade ou não de alterar todos os insumos de uma linha de produção.
b) Utilizando o gráfico da Figura 8.2, considerando o capital como fixo em 6
unidades, a produção será alterada, a partir da adoção de unidades de trabalho.
Então, nos pontos A, B e C da figura a seguir, observamos a função de curto
prazo. Com duas unidades, três e quatro unidades de trabalho, a produção será
respectivamente 60, 90 e 100 unidades. Portanto, ao traçar uma linha que se
inicia no ponto de seis unidades de capital e atinge as isoquantas do mapa de
ç
produção, p ç de p
podemos identificar a função ç de curto p
produção prazo.

c) Ao longo de uma isoquanta, verificamos alteração dos insumos; logo, estamos


no longo prazo. Passando de uma isoquanta a outra, se houver a possibilidade
de alterar os insumos, a situação pode ser a de longo prazo.

FUNÇÕES DE PRODUÇÃO ESPECIAIS

Algumas funções de produção são tradicionais nos livros de micro-


economia, as quais nós podemos chamar de especiais. Pelo seu aspecto
didático como pela razoável facilidade de manipulação algébrica, elas são
bem conhecidas e utilizadas em estudos teóricos. Vamos apresentá-las.

258 CEDERJ
Proporções fixas

8
AULA
Em algumas linhas de produção, pode ocorrer que no processo
produtivo a proporção de uso dos insumos seja extremamente rígida.
Por exemplo:

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1118070/Michal Zacharzewski

Uma empresa de transporte urbanos pode determinar que cada


unidade de capital (ônibus) precise de dois trabalhadores (motorista e
cobrador).
Assim, a função de produção é dada por:
L
Y = min ( , K) (1)
2

Onde se lê: para produzir y (viagem de ônibus), precisa-se de um


mínimo de uma unidade de capital e duas unidades de mão de obra.
Observe: o termo min na equação (1) quer dizer mínimo.
O que está em (1) é a expressão matemática da função de proporção
fixa na hipótese 2, trabalhadores para cada unidade de capital (ônibus).
Se a suposição for da necessidade de três trabalhadores (um
motorista, um cobrador, um fiscal), a função de proporção fixa será:
Y = min (
L , K).
3
Para dar um exemplo, voltamos à função dada em (1) e vamos
identificar quantas viagens, em um só tempo, poderiam ser realizadas se
a empresa dispusesse de 10 ônibus e 15 pessoas habilitadas para dirigir
ou cobrar passagens.
A resposta para isso envolveria a referida expressão em (1),
aplicando-a com os dados fornecidos, isto é,

CEDERJ 259
Análise Microeconômica | A produção no longo prazo

Y = min (15 L , 10)


2

Y = min (7,5L, 10)


Como não podemos utilizar 7,5 pessoas, então o correto será:
Y = min (7, 10)
Então, a empresa com os recursos disponíveis e dada a proporção
fixa de uso dos mesmos, que é uma restrição técnica, só contará com
sete viagens (mínimo entre 7 e 10).
A figura gráfica de função de proporção fixa é a de isoquantas,
dotadas de uma forma parecida com L. Observe a Figura 8.3 para o caso
da proporção dada em (1):

Figura 8.3: Isoquantas em função de proporção fixa de insumos.

Nesse exemplo, a produção só se concretiza com um mínimo de


proporção 2 de L para cada um de K.
Por exemplo, com 7 e 14 unidades de K e L, respectivamente, a
produção será de 7.
Conforme veremos a seguir:
Y = min (14 L ,7)
2

Y = min (7, 7)
Dispondo de mais unidades de K, digamos, 10 unidades (ponto E),
Y = min (14 L ,10)
2

Y = min (7,10)
a produção está restrita a 7, se há apenas 14 de L.

260 CEDERJ
8
Adam Ciesielski

AULA
? Voc pode estar se lembrando da Teoria do Consumi-
Você
dor, quando abordamos o caso dos bens complemen-
tares perfeitos. Estes produziam curvas de indife-
ta
rença de idênticas formas (Aula 5). Pois é, são
tratamentos analíticos bastante
semelhantes.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/264140/

Perfeita substituição entre insumos

Agora abordaremos outro extremo. Vamos supor a possibilidade


de substituir os dois insumos até ao ponto de a produção ser realizada
apenas com um dos insumos. Portanto, são substitutos perfeitos, isto
é, a produção pode, no limite de tal substituição, ser realizada apenas
com um tipo de insumo. Nesse caso, a forma matemática da função de
produção seria:
y = aL + bK
Onde a e b representariam a quantidade de cada fator necessário
para gerar a produção.
Por exemplo, se para produzir um bem ou serviço precisa-se de 4
insumos de L ou de 3 insumos de K, então a função seria expressa por
y = 4L + 3K.
A forma da isoquanta para uma função de fatores perfeitamente
substituíveis é a de uma reta que toca os dois eixos, como ilustra a Figura 8.4:

CEDERJ 261
Análise Microeconômica | A produção no longo prazo

Adam Ciesielski
? Observe que a Figura 8.4 é análoga à curva de
indiferença de bens perfeitamente substitutos
(Aula 5).
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/264140/

Figura 8.4: Fatores perfeitamente substituíveis produzem isoquantas em formas


de retas.

Função Cobb-Douglas

Certa vez, um economista americano, que mais tarde se tornou


senador pelo estado de Illinois, solicitou ao amigo matemático a criação
de uma função matemática para expressar a relação em que uma dada
variação nos insumos trabalho e capital implicasse um aumento igual-
mente proporcional no produto. Ele queria mostrar que ao dobrar o uso
dos insumos, a produção das empresas – e por extensão, a de um país
– (Estados Unidos) poderia dobrar, resolvendo vários problemas econô-
micos ligados à baixa oferta de produtos. Assim, o matemático Charles
Cobb produziu a equação para o senador Paul Douglas, o que resultou
na seguinte expressão, denominada função de produção Cobb-Douglas:

Y = f (x1, x2) = Ax1a x2b (2)

262 CEDERJ
Onde:

8
Y é a quantidade produzida;

AULA
A representa o parâmetro da tecnologia, isto é, o padrão da relação
entre os insumos e a produção, que intensifica as produtividades;
a representa quanto o insumo x1 impacta a produção;
b representa quanto o insumo x2 impacta a produção;
A, a e b são constantes positivas.

A forma da isoquanta de uma função Cobb-Douglas apresenta a


forma gráfica de uma isoquanta dada no caso geral das isoquantas, isto é,
uma curva convexa em relação à origem. Dado um nível de produção, a
substituição de um insumo pelo outro, ou seja, a passagem de um ponto
para outro na isoquanta, envolve a passagem em trajetória de uma curva
como o gráfico da Figura 8.5:

Figura 8.5: Isoquantas de funções Cobb-Douglas.

A curva I1, por estar localizada acima da curva I0, retrata um nível
de produção superior.
Podemos ressaltar, também, a analogia entre a isoquanta no caso
da Cobb-Douglas (extensiva às demais isoquantas) e a curva de indife-
rença, estudada na Aula 5.
As características entre elas são essencialmente as mesmas: quanto
mais afastadas da origem, maior nível de produto as isoquantas expressam;
duas isoquantas não se tocam, pois se assim fizessem, apresentariam uma

CEDERJ 263
Análise Microeconômica | A produção no longo prazo

inconsistência com o fato de um ponto de produção estar associado a


duas curvas que expressam quantidades diferentes de produção.
A importante propriedade de uma função Cobb-Douglas reside
nos valores dados aos expoentes a e b dos insumos. A soma deles repre-
senta quanto uma variação dos insumos impacta a variação da produção.
Essa característica das funções Cobb-Douglas será evidenciada
mais adiante, quando abordaremos os rendimentos de escala.

ISOQUANTAS E O LONGO PRAZO

Do conjunto de isoquantas, denominado mapa de isoquantas,


podemos observar alguns desdobramentos teóricos importantes.

Figura 8.6: Isoquanta e a função de produção no curto e no longo prazos. Se a função


é de curto prazo, os pontos A, B e C podem representá-la, observando o insumo
K fixo em três unidades. Se a função está no longo prazo, qualquer variação na
isoquanta pode representar esse período de possibilidade de alteração nos insumos.

Pela Figura 8.6, a isoquanta I1 apresenta os pontos A (1, 3) e


D (3,1), duas combinações diferentes de insumos à produção de 60 unida-
des. Por sua vez, o mesmo acontece quando observamos os pontos C (3,3)
e E (2,5) na isoquanta I3, no caso, com a produção totalizando 85 unida-
des. São, portanto, pares de pontos para cada uma das duas isoquantas.

264 CEDERJ
Função de produção de curto prazo

8
AULA
A passagem do ponto D para o ponto C pode ser exemplo de uma
função de produção de curto prazo. Um insumo está fixo (no caso a
mão de obra) em três unidades, o outro varia de um para três unidades,
propiciando uma mudança de produção de 60 para 85 unidades. Em
geral, qualquer mudança de um ponto de uma isoquanta para outro
ponto em outra isoquanta onde um insumo apresenta-se como invariável
pode servir de exemplo para uma função de produção no curto prazo.
Por exemplo, o caso do ponto A para B e de B para C também
pode retratar o curto prazo, pois a unidade K está fixa em três unidades,
enquanto o insumo mão de obra está variando de um para dois, e, pos-
teriormente, de dois para três, simultaneamente à alteração na produção
de 60 para 70 e 85 unidades.

Função de produção de longo prazo

Para verificar a produção de longo prazo, a análise é semelhante.


Em primeiro lugar, vale ressaltar que o longo prazo é o período no
qual todos os insumos podem variar. Poder variar não significa que vai
necessariamente variar.
O empresário pode optar por não alterar o insumo da empresa,
embora possa fazê-lo, sem que por isso descaracterize o longo prazo.
Por essa razão, a ilustração dada pelo período de curto prazo também
é factível de pertencer ao longo prazo. Agora, consideremos o exercício
da possibilidade de variar os dois insumos.
Qualquer passagem de uma isoquanta para a outra é passível de
estar no longo prazo. A produção de 60 unidades, utilizando os insumos
na proporção ilustrada pelo ponto A (1,3), pode ser executada para atin-
gir a quantidade de 85 unidades, optando-se por empregar os insumos
nas quantidades dadas pelo ponto E (2,5) ou qualquer outro ponto da I3.
Nesses casos, o longo prazo está sendo verificado, pois os insumos
estão variando. Observe que a mudança de um ponto para o outro ao
longo de uma mesma isoquanta, digamos do ponto A (1,3) para o ponto
D (3,1), também representa uma hipótese de longo prazo. Assim, o longo
prazo não necessariamente está ligado a uma ampliação na produção,
mas sim à possibilidade de alterar a estrutura da empresa como quiser.

CEDERJ 265
Análise Microeconômica | A produção no longo prazo

TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃO TÉCNICA

Se uma empresa opera em um ambiente onde pode alterar como


quiser seus insumos, há que se considerar as alternativas de utilização dos
insumos para um dado nível de produção, isto é, ao longo de uma iso-
quanta, observamos as possibilidades de troca de um insumo por outro.
A taxa de troca de um insumo por outro sem que se altere a produção
TAXA MARGINAL é denominada T A X A M A R G I N A L DE S U B S T I T U I Ç Ã O T É C N I C A , TMST.
DE SUBSTITUI-
Vamos entender o porquê de se chamar TMST. Taxa, porque se
ÇÃO TÉCNICA
refere a uma quantidade em que se troca um insumo por outro, obser-
É a quantidade pela
qual se pode reduzir vando-se que a produção é invariável; Marginal, porque essa troca de
um insumo (por
exemplo, o capital) insumos é praticamente de insumo em insumo, na margem de utilização
quando se altera
uma unidade de
deles, ou seja, quantas unidades de um insumo devem ser alteradas; quan-
outro insumo (por do apenas variar uma unidade do outro insumo; Substituição, porque
exemplo, a mão de
obra), sem que haja estará substituindo um insumo por outro; e por último, Técnica, porque
mudança na quanti-
dade produzida. é uma questão envolvida pela técnica de produção de bens.
Portanto, a Taxa Marginal de Substituição Técnica revela a
quantidade pela qual se pode dispensar um insumo, quando se cogita
compensar com outro insumo (por exemplo, a mão de obra) no sentido
de a quantidade produzida permanecer constante.

Assim, a TMST pode ser formulada como:


TMSTL,K =
K (3)
L

Onde:
K é a variação no insumo K;
L é a menor variação no insumo L.

Lemos a equação (3) como a variação do insumo capital pela


menor variação (ou variação marginal) do insumo mão de obra. Sobre
este último termo, vale dizer: se os dados estiverem em termos discretos,
a menor variação é a unidade de mão de obra; todavia, se os dados forem
expressos em escala de números contínuos, o caso será de uma variação
extremamente pequena.
Um exemplo ajuda a entender a operacionalização da TMST.
Utilizando a Figura 8.7, suponha o nível de produção de 75 unidades.
Assim, a isoquanta pertinente é a I2. Há, portanto, diversas alternativas

266 CEDERJ
de quantidade dos dois insumos evidenciados ao longo de I2. No ponto A

8
(1, 5), são cinco unidades de capital e uma de mão de obra. Estando nesse

AULA
ponto, se, por alguma razão, a empresa desejar saber quanto deixaria de
utilizar de capital ao contratar uma unidade de trabalho, mantendo-se
no mesmo nível de produção, a resposta envolveria os pontos A (1,5) e
B (2,3). Pelos dados da figura, pode-se reduzir duas unidades de capital
(K) ao adquirir uma unidade de trabalho (L) dentro do mesmo nível
de produção.
Esta é a TMST entre os pontos A e B. TMSTL,K = (5-3)/(2-1) = 2/1 = 2.
Se estando no ponto B vislumbra-se a ideia de adquirir mais uma
unidade de mão de obra, observaria uma possibilidade de reduzir uma
unidade de capital, o ponto C (3,2), com a TMSTL,K = 1/1 = 1.
Se a questão for da passagem de C para D (4, 1,33), a TMST é
de 2/3.
Você deve estar observando que a TMST esta diminuindo a cada
passagem de um ponto alto para outro mais baixo, isto é, que a TMST
tem taxas decrescentes. Isso se dá porque a isoquanta apresenta a forma
convexa (caso geral). Se os insumos podem ser substituídos, mas essa
substituição é limitada ou não perfeita, a taxa de substituição vai ficando
cada vez mais difícil quando insistimos na troca de um insumo por outro.

Figura 8.7: A TMST é calculada pela taxa de substituição de insumo mediante a


alteração do outro. No caso da isoquanta I2, as respectivas taxas de TMST entre os
pontos A e B e sucessivamente para C e D são 2, 1 e 2/3.

CEDERJ 267
Análise Microeconômica | A produção no longo prazo

Para que serve a TMST?


Além de ser um bom instrumento
para construções teóricas a respeito de quan-
to a empresa poderá pagar pelos insumos, a TMST
serve também para ajudar a compreender como a empresa

?
escolhe o nível de emprego de seus insumos. Por exemplo, uma
empresa pode se estabelecer no mercado apresentando uma produ-
ção predominante mecanizada ou não. A TMST ajuda a identificar as
escalas de alta ou baixa mecanização. Uma empresa tipicamente mecani-
zada, isto é, aquela em que a produção é realizada em alta proporção de
insumos (alta relação Capital/Trabalho), a combinação de
insumos apresenta a TMST em níveis elevados. Uma elevação no custo de
manutenção das máquinas pode produzir um grande impacto no custo
dessa empresa, comparado a uma empresa em que a utilização é mais
intensiva em mão de obra. A escolha entre produzir com mais ou
menos dos fatores em um dado ponto da isoquanta vai ser influen-
ciada pelo preço (preço de compra e manutenção) desses fatores.
Se o preço de um fator for relativamente mais alto, a tendên-
cia é de utilizar menos dele, o que conduz a empresa a
caminhar ao longo da isoquanta com uma maior
taxa de substituição técnica desse insumo.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1323680/

Atividade 2
3

O engenheiro da linha de produção informa ao seu gerente que a meta de pro-


dução definida pelo Conselho Administrativo pode ser obtida de vários modos.
Considerando os insumos mão de obra (L) e máquinas (K), o técnico expõe as alterna-
tivas de emprego desses insumos, representando-as pelos pares ordenados
(L, K): A (5, 12); B (6, 8); C ( 7, 6); D ( 8, 5).
Pede-se:
a) A Taxa Marginal de Substituição Técnica (TMST) na passagem de cada um desses
pontos para o outro (A para B; B para C; C para D).
b) Se a empresa visa ao lucro, em qual dos quatro pontos seria preferível produzir?

268 CEDERJ
8
AULA
Resposta Comentada
a) A TMST de A para B: ao passar de 5 para 6 funcionários, pode-se reduzir
4 unidades de K. TMST= 4/1; portanto, a TMST é de 4.
A TMST de B para C: ao passar de 6 para 7 funcionários, pode-se reduzir 2
unidades de K; portanto, a TMST é de 2.
A TMST de C para D: ao passar de 6 para 7 funcionários, pode-se reduzir 1
unidade de K; portanto, a TMST é de 1. O gráfico a seguir ilustra esses pontos.

b) Qualquer um dos pares de combinações de insumos é compatível com o obje-


tivo de lucro. A variação de preço desses insumos induzirá a escolha do ponto.
Um barateamento do preço da mão de obra em relação ao preço do capital
tende a fazer com que a escolha seja nos pontos de maior intensidade de mão
de obra, como os pontos C e D. Se houver um encarecimento da mão de obra,
provavelmente os pontos seriam A ou B.

CEDERJ 269
Análise Microeconômica | A produção no longo prazo

RENDIMENTOS DE ESCALA

Vamos iniciar, com uma pergunta um tanto abstrata: se em uma


empresa a quantidade de cada insumo utilizado fosse dobrada, a pro-
dução iria se modificar? Em que proporção?

Chris Baker
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1238452/

Essa é uma das boas questões da microeconomia que podem nos


conduzir a interessantes reflexões. Primeiro, vamos aos conceitos básicos
a elas relacionados.
Formulamos a seguinte proposição: se uma empresa altera todos
os seus insumos em uma mesma proporção, uma das três alternativas
pode ocorrer:
a. a produção aumenta exatamente na proporção dada aos
insumos;
b. a produção aumenta em uma proporção maior;
c. a produção aumenta em uma proporção menor.
Por exemplo, uma empresa utiliza apenas dois insumos. Ao tri-
plicar a escala de utilização de cada um deles, a resposta da produção
pode ser de um aumento triplicado, mais do que triplicado, ou menos
do que triplicado.
Esse entendimento é tipificado pelo conceito denominado rendimen-
tos de Escala. Ao variar todos os insumos em x%, diremos que haverá:
a. rendimentos constantes de escala, se a produção variar em x%;
b. rendimentos crescentes de escala, se a produção variar em
mais de x%;
c. rendimentos decrescentes de escala, se a produção variar menos
do que x%.

270 CEDERJ
Você deve atentar para a consideração de que a proporção de

8
variação de insumos é a mesma para cada um dos insumos pertinentes à

AULA
produção, isto é, não há variação relativa na combinação dos insumos.
Com o auxílio da linguagem matemática, podemos formalizar o
conceito de rendimentos de escala.
Considere  o fator de multiplicação dos insumos. Logo,  > 1.
Assim, a quantidade obtida pela função de produção, q = f (x1, x2), ao
ser multiplicada em todos os seus fatores, assume a notação: f (x1, x2).
Dessa forma, um aumento de  em cada um dos insumos resulta em:

n q = f (x1, x2) (4)

Onde n designará o grau de rendimento de escala.


Se n = 1, há rendimentos constantes de escala.
n > 1, há rendimentos crescentes de escala.
n < 1, há rendimentos decrescentes de escala.
Façamos um exemplo para deixar bem mais claro o que se está
dizendo.
Suponha uma função de produção cuja especificação é dada por
q = f (x1, x2) = 10x13+ 5x1x22 + 2x23. (5)

O rendimento de escala dessa função pode ser identificado ao


aplicarmos a equação (4).
Inicialmente, como estamos aumentando o uso de cada insumo por
um fator dito genericamente por , multiplicamos cada um dos insumos
dispostos na equação pelo fator :
f (x1, x2) = 10 (x1)3 + 5 (x1)(x2)2 + 2 (x2)3

Repetimos: o procedimento matemático é o de aplicar o fator  ao


lado e na forma pela qual cada insumo se apresenta na equação. Afinal,
estamos multiplicando-o pelo fator que é maior que 1.

Manipulando a equação anterior, temos


f (x1, x2) = 10 3x13 + 5 x1 2x22 + 2 3x23
= 10 3x13 + 5 3x1x22 + 2 3x23
Colocando 3 em evidência:
= 3 (10x31 + 5x1x22 + 2 x23)

CEDERJ 271
Análise Microeconômica | A produção no longo prazo

Observando a equação (5), reescrevemos:


= 3 f (x1, x2) = 3q

Portanto, como n da equação (4) é 3, o rendimento é crescente


de escala, com grau 3.
Se dobrarmos todos os insumos, o valor de  será dois. A produção
será aumentada 8 vezes (23 f (x1, x2)).
Se aumentarmos cada insumo em 30%, o valor de  será 1,3.
A produção será aumentada 2,19 vezes (1,33 f (x1, x2)).

Atividade 3
Suponha uma função de produção especificada por q = x10,8x22. Calcule o grau 4

de rendimento de escala. De quanto aumentaria a produção, se o empresário


investisse em um amento de 10% em cada um dos insumos?

Resposta Comentada
Façamos t o fator de aumento de 10% em cada um dos dois insumos.
Pela aplicação da equação (4), temos:
q = x10,8x22
tq = (tx1)0,8(tx2)2
= t 0,8x10,8 t2x22
= t0,8+2 x10,8x22
= t2,8 x10,8x22
= t2,8 q.
Portanto, como n da equação é 2,8, que é o grau de rendimento de escala.
Logo, a função de produção exibe rendimentos crescentes de escala. Ao aumen-
tar a produção em 10%, o valor de t é de 1,1. Assim, a produção passará para
1,12,8 q = 3,08 q. Portanto, um aumento de apenas 10% para essa técnica de
produção resulta praticamente em triplicar a produção. Vale comentar que é um
rendimento de escala demasiadamente alto, raramente observável no
mundo real dos negócios.

272 CEDERJ
UM RESUMO SOBRE RENDIMENTO DE ESCALAS

8
AULA
Vimos na Atividade 3 o caso de um rendimento crescente de
escala. Em geral, espera-se que os rendimentos sejam constantes
de escala. Normalmente, ao dobrarmos cada insumo utilizado, a
produção responderá com a mesma variação porcentual. Tudo se
passa como se fosse uma repetição precisa do modo como se produz.
Nesse caso, o expoente n da equação (4) é 1. Assim, se triplicarmos
os insumos, teremos a expressão:
31 f (x1, x2) = f (3x1,3x2)
Essa é a equação (4), quando a função de produção assume forma
de rendimento constante e triplica-se a utilização dos insumos.
Se o caso for de dobrar os insumos, a expressão matemática
passa para:
21 f (x1, x2) = f (2x1,2x2)

Em outras palavras, se ao multiplicar os insumos pelo fator , a


produção for maior que aq (f (x1, x2) >aq), há rendimentos crescentes
de escala. Se f (x1, x2) = aq, o rendimento de escala é constante. Por
último, se f (x1, x2) <aq, será o caso de rendimento decrescente de escala.
Se das três possibilidades a mais frequente é a dos rendimentos
constantes de escala, o que dizer sobre os rendimentos crescentes e
decrescentes de escala? Sob quais hipóteses eles podem ser verificados?

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1124847/ Sigurd Decroos

CEDERJ 273
Análise Microeconômica | A produção no longo prazo

Um modo de melhor entender essa questão seria, talvez, a de


associá-la a alguns exemplos não propriamente ligados ao ambiente
empresarial.
Por exemplo, utilizo as seguintes indagações:
1) Admitindo as mesmas condições de vento e temperatura, por
que um equilibrista anda melhor em uma corda em uma altura de 2
metros de altura, comparado a uma altura de 100 metros?
2) Por que bater um pênalti em jogo comum é bem mais fácil do
que repeti-lo em uma final de campeonato?
Os fatores relacionados à produção da atividade são praticamente
os mesmos. No caso da produção empresarial propriamente dita, deve-
mos perceber que há fatores de produção que não são perfeitamente
multiplicáveis (ou divisíveis) ou mesmo percebidos quando um processo
de produção é executado.
Por exemplo, uma produção empresarial envolve fatores como a
capacidade gerencial ou empresarial de quem está no comando da ativida-
de. Dessa forma, podemos supor que em uma empresas, há o importante
trabalho do gerente ou gestor. Esta função é exercida com conhecimento
teórico, prático e muita arte para liderar, controlar, motivar a equipe e
lidar com os desafios do meio ambiente empresarial.

Figura 8.8: Liderança de uma empresa.


Fonte: http://www.sxc.hu/photo/990755/Sigurd Decroos

Se há uma empresa com um gerente, a tentativa de dobrar todos os


fatores para ter o dobro dos resultados da empresa pode ser frustrada ao
simplesmente se repetir a quantidade de funcionários e de mais recursos.

274 CEDERJ
MULTIPLICANDO OS RECURSOS

8
AULA
O exemplo da seção anterior ocorre com alguma frequência
quando se quer abrir uma filial.
Supondo igualdade de condições como ponto comercial, o dono
de uma loja pode resolver abrir uma filial em outro bairro de idênticas
situações de mercado. Deste modo, adquire todos os fatores que utiliza
na filial. Como não pode gerenciar as duas lojas ao mesmo tempo, con-
cede a função de gerente ao seu irmão, este dotado de mesmo grau de
experiência e conhecimento teórico.
A filial pode gerar resultados médios de vendas: iguais, menores
ou maiores comparados à matriz. Em outras palavras, a quantidade de
fatores foi dobrada, mas as vendas conjuntas (matriz e filial) podem
mais do que dobrar (rendimento crescente de escala) como menos do
que dobrar (rendimento decrescente de escala).
Imagine que o gerente da filial não tenha a mesma motivação ou
empenho que o irmão. Isso, certamente afetará os negócios daquela loja.
Entendido como um fator de produção, a capacidade empresarial não
pode ser estendida tão facilmente como se poderia supor.
Portanto, a despeito da quantidade de fatores, os fatores podem
não ser perfeitamente multiplicados como desejado (no caso, a capaci-
dade empresarial), resultando em rendimentos decrescentes de escala.

Figura 8.9: Nem sempre a multiplicação proporciona rendimentos crescentes.


Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1264906/ Stefan Gustafsson

CEDERJ 275
Análise Microeconômica | A produção no longo prazo

Claro, poderia ser o caso inverso, o irmão demonstrar muito mais


talento do que o gerente fundador da empresa. As vendas poderiam supe-
rar as da matriz, o que levaria a experimentar rendimentos crescentes de
escala. É importante ressaltar que esse exemplo é mais didático do que
preciso do ponto de vista conceitual. Afinal, se dois trabalhadores apre-
sentam produtividades diferentes, então, na verdade, são dois insumos
diferentes. Todavia, ressalta que os rendimentos constantes de escala
podem não ocorrer quando não percebemos a diferença de qualidade
entre os insumos que estão sendo adquiridos (insumos não homogêneos)
para ampliar a capacidade produtiva.

Atividade 4
Uma empresa produz dentro do horário normal, compreendido entre 8h e 17h. 5
Visando duplicar a produção, contrata o mesmo número de funcionários (com igual
competência ), disponibilizando também os demais insumos. Todavia, a produção não
consegue dobrar como esperado. Qual o rendimento de escala observado? Apresente
uma justificativa possível para sua resposta.

Resposta Comentada
Se uma empresa produz no horário diurno e pretende operar também no noturno,
nas mesmas condições de uso dos insumos, mas não consegue o resultado na
produção proporcional ao que se ampliou de insumos, temos o fenômeno dos
rendimentos decrescentes de escala. Mesmo reproduzindo fielmente o mesmo
nível de insumos, a produção não teve o resultado equivalente.
Pode ser que o horário de trabalho noturno venha a causar diferenças na produ-
tividade dos insumos, como questões da inadaptação de trabalhadores quanto a
mudança em seu horário de sono, ou a luz elétrica não substituir de igual maneira
o aproveitamento da luz natural no ambiente de trabalho diurno acarretando,
assim,diferenças na produção.
Podemos imaginar que mesmo com trabalhadores de igual competência não
haja o mesmo estímulo ou comprometimento (gerentes diferentes) percebidos
no horário diurno. Isso altera o rendimento da empresa, apesar do mesmo
número de insumos.

276 CEDERJ
8
O Grau de Rendimentos de

AULA
escala na função Cobb-Douglas

?
Como estudamos, a função Cobb-Douglas é definida
pela equação q = Ax1ax2b. Verificamos que a soma dos parâme-
tros a e b (expoentes dos fatores x1 e x2) fornece o grau de rendi-
mento de escala.

Apli
Aplicando o parâmetro t como fator de ampliação dos insumos e a forma da
equação (4), temos:
f (tx1,tx2) = A(t x1)a (tx2)b
= A(ta x1a) (tbx2b)
= A ta+b x1ax2b = A x1ax2b
= ta+b q.
Então, a soma de a + b fornece o valor n que exibe o grau de rendi-
mentos de escala. Se a + b for igual a um, tem-se rendimentos
constantes de escala. Se a + b for maior ou menor do que
um, temos, respectivamente, rendimentos cres-
centes ou decrescentes de escala.

Atividade 5
Cientistas afirmam que se o besouro for aumentado em sete vezes em tamanho, 5

peso e demais atributos, ele não voa. Qual paralelo pode ser feito com o fenômeno
dos rendimentos de escala?

Resposta Comentada
A princípio, por abstração e lógica, poderíamos esperar que o besouro continuasse
a voar. Todos os elementos que constituem o besouro estariam aumentados em
uma mesma proporção, e seria esperada a continuidade do voo. Se ele não voa,
possivelmente há um fator que não pode ser alterado como deveria. Nesse caso,
a aerodinâmica do inseto não consegue ser ampliada àquela dimensão. Esse fato
pode aduzir ao caso de rendimentos decrescentes de escala. Em escala

CEDERJ 277
Análise Microeconômica | A produção no longo prazo

mais alta de utilização de insumos, a empresa pode não conseguir alterar


seus insumos como deveria. Há insumos com tais especificidades técnicas
cuja multiplicação ou divisão não consegue ser alcançada. Um exemplo é o da
capacidade das pessoas trabalharem em ambientes de alta pressão psicológica,
quando são submetidas a níveis diferentes de cargas horárias de trabalho.

CONCLUSÃO

Nesta aula, estudamos a função de produção no período de longo


prazo. Como todos os insumos podem ser alterados, este período cor-
responde à possibilidade da empresa planejar o tamanho ideal da sua
produção, fábrica e mesmo os diversos tipos de produtos que podem
fazer parte dos seus negócios. Longo prazo, portanto, é o período de
formulações de grandes ações e estratégias às sociedades empresárias ou
empresário individual.

Atividade Final
Uma fazenda opera empresarialmente no setor de gado de corte. Dotada de 1 2 3
30 empregados e 10 caminhões, transporta, mensalmente, 20 toneladas de
carne de boi através de uma única estrada de barro que liga a fazenda à cidade, em um trajeto
de 40km. De olho na boa situação de poder aquisitivo dos consumidores, o empresário dobra
cada um dos seus insumos (caminhões, empregados etc.). No entanto, após tais investimentos,
suas entregas não passam de 38 toneladas/mês.
Pergunta-se:
1. Construindo uma isoquanta para apenas os insumos mão de obra e caminhões, a melhor
forma gráfica seria a de função Cobb-Douglas, a de fatores fixos ou a de fatores substituíveis?
2. Do ponto de vista da função de produção, a situação relatada é de curto ou longo prazo?
3. Ao ampliar a escala de insumos, que tipo de rendimentos de escala o empresário experimentou?
4. O que poderia justificar a resposta do item anterior?

278 CEDERJ
8
AULA
Resposta Comentada
1. Supondo que cada caminhão envolve um motorista e um ajudante, a mais adequada
isoquanta seria a de proporção fixa. No caso, para cada caminhão, dois empregados.
A função seria q = f (L, K) = min (0,5L, K), onde L e K seriam, respectivamente, a mão
de obra e o caminhão. Por hipótese, supondo que todo empregado pudesse dirigir ou
servir como ajudante, a quantidade de viagens máxima seria dada por q = min (0,5.
30; 10) = min (15; 10) = 10 viagens.
Mesmo com 30 empregados, somente 10 viagens seriam realizadas ao mesmo tempo,
pois o fator limitativo é o número de caminhões. Nesta situação, haveria 10 emprega-
dos sem caminhão para trabalhar, o que certamente seria alocado em outros setores.

2. Como todos os fatores estão sendo alterados, a situação é de longo prazo.


3. Se a produção não dobrou com a utilização duplicada dos insumos, o rendimento
é decrescente de escala.
4. Pode ser que a estrada de barro não tenha suportado o aumento no trânsito,
ocasionando inúmeros buracos. Com efeito, estaria prejudicando e alongando o
tempo do percurso, o que explicaria as entregas em menos do que o dobro pre-
visto. Pode-se, portanto, considerar que a estrada é uma espécie de fator
de produção não contabilizado pela empresa.

CEDERJ 279
Análise Microeconômica | A produção no longo prazo

RESUMO

No longo prazo, a empresa pode executar seu plano de produção escolhendo


uma dentre tantas possíveis combinações de insumos.
As técnicas de produção geram expressões matemáticas identificando o que
se denomina funções de produção. Algumas dessas funções de produção
são especiais. Há a função de proporção fixa, a de fatores substituíveis e a
de Cobb-Douglas como as mais conhecidas.
A mudança de um ponto para outro ao longo de uma isoquanta indica
o longo prazo, pois os fatores de produção estão variando. Uma forma
de identificar como os insumos podem ser substituídos sem que haja
interferência no que se produz é a de calcular a Taxa Marginal de
Substituição Técnica. A taxa marginal de substituição técnica do insumo
x1 pelo insumo x2 corresponde à quantidade pela qual se deve reduzir o
insumo x2 para adquirir uma unidade do insumo x1 sem que a produção
se altere. Verificando-se a relação de troca de um insumo por outro,
pode-se avaliar se é mais vantajoso para a empresa alterar a quantidade
de insumos utilizada. Assim, uma mudança nos preços de insumos pode
motivar uma alocação diferente na quantidade de insumos nos limites
dos valores apresentados pela TMST.
Em geral, um aumento de cada um dos insumos em uma mesma proporção
gera igual aumento na produção correspondente. Todavia, há fatores ou
elementos dentro de uma escala de produção em que há dificuldades
de que a ampliação seja possível ou o contrário, uma ampliação permita
um rendimento adicional inesperado na produção. Na prática, há fatores
difíceis de ser quantificado corretamente, o que pode explicar uma mudança
proporcional diferente da alteração proporcional em cada um dos insumos.
Nesses casos, podem ocorrer os rendimentos crescentes ou decrescentes
de escala. O primeiro refere-se à observação de um aumento proporcional
maior na produção comparados ao aumento dados aos insumos. No
segundo, a taxa de aumento na produção foi menor do que a dada aos
insumos. Se a produção aumenta em taxa igual a de que foi aumentado
todos os insumos, há rendimentos constantes de escala.

280 CEDERJ
INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA

8
AULA
Na próxima aula, iniciaremos estudos acerca dos custos envolvidos na
produção. Por meio dos custos, a empresa pode decidir em que nível de
produção quer operar e estabelecer preços mínimos para os produtos que
quer negociar.

CEDERJ 281
Custos de produção: no

AULA
curto prazo
Cleber Ferrer Barbosa

Meta da aula
Apresentar os conceitos básicos relacionados aos
custos de produção da empresa no período de
curto prazo.
objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja


capaz de:
1 distinguir e calcular as diferentes
categorias de custos econômicos de
produção no curto prazo;

2 expressar a relação inversa entre custos e


produtividades;

3 calcular os valores de custos, a partir de


dados sobre produtividades e vice-versa.

Pré-requisitos
Para que você tenha aproveitamento total desta
aula, relembre a Aula 3, de Métodos Determi-
nísticos II, e a Aula 7, em que você estudou as
produtividades.
Esta aula apresenta alguns conceitos que são
análogos aos estudados nas Aulas 5 e 7. Eles são
referenciados à medida que aparecem no presen-
te estudo. O seu rendimento pessoal nesta aula
é que irá sinalizar a necessidade ou não de uma
rápida visita àqueles tópicos.
Análise Microeconômica | Custos de produção: no curto prazo

INTRODUÇÃO Imagine que você foi convidado por um amigo para ir a uma grande festa.

Asif Akbar
Figura 9.1: Festa.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/933475

Como em toda festa, uma variedade de pessoas será apresentada a você.


Talvez a maior dificuldade será memorizá-las em um primeiro instante. Depois
que você se familiarizar, verá que é muito simples identificá-las e compreendê-
las na sua importância!
Julia Freeman-Woolpert

Figura 9.2: Variedade de pessoas.


Fonte: http://www.sxc.hu/photo/928569/

8 CEDERJ
Esta aula será como uma grande festa, onde os vários tipos de custos em

9
uma dada produção serão representados como sendo a variedade de pessoas

AULA
que será apresentada a você.
Nas duas últimas aulas, estudamos a produção. Abordamos os pontos de pro-
dução máxima, mínima e as produtividades dos fatores. Apesar de já constituir
grandes passos na caminhada do estudo microeconômico da empresa, há
outro aspecto, intimamente relacionado com a produção, tal como o outro
lado da moeda: o estudo dos custos de produção! Sem custos, praticamente,
não há produção! É fácil se convencer que raramente uma empresa opera em
seu ponto máximo de produção. Mais fácil ainda é verificar que os custos são
a razão disso. Como se diz no jargão, a custo zero, isto é, inexistindo custos,
a empresa produziria o máximo. Nada lhe custaria! Portanto, a existência dos
custos de produção é que vai dar o tom da quantidade produzida, de quantos
insumos serão empregados no processo produtivo. Esses são os elementos
principais de estudo da nossa aula.
Os custos são como um dos lados da tesoura que permitem à empresa tecer
o seu lucro. O outro lado são os preços de venda.
Enzo Forciniti

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/679928/

Portanto, ao estudarmos os custos, teremos um meio caminho andado sobre


teorias a respeito da lucratividade de uma empresa.

CUSTO DA EMPRESA NO CURTO PRAZO

No curto prazo, por definição, uma empresa apresenta fatores


de produção fixos. Possivelmente, além dos fatores fixos, há também os
fatores variáveis. Como todos esses são adquiridos no mercado, no caso,

CEDERJ 9
Análise Microeconômica | Custos de produção: no curto prazo

m e r c a d o d e f at o r e s , eles são um custo à empresa. É preciso pagá-los.


Mercado de
f at o r e s ( d e Como a empresa dispõe de dois fatores para efetuar sua produção, o
produção) custo total de produção é calculado, realizando a soma destas duas
Representa o “local” despesas. A despesa com o fator fixo é chamada de custo fixo (CF) e a
onde são negociados
os fatores de pro- despesa com o fator variável, custo variável (CV).
dução. Um tipo de
mercado de fatores é Assim, o custo total (CT) de produção é dado por:
o mercado de traba-
CT = CF + CV (1)
lho, onde, por exem-
plo, os empregadores
colocam anúncios
nos jornais ou inter- Observe:
net, procurando pro-
fissionais para preen-
a) O custo fixo é aquele que permanece inalterado, mesmo que a
cher seus quadros de produção varie; isto é, um custo que independe do nível pro-
funcionários.
duzido. São exemplos: as despesas com o aluguel do estabele-
cimento comercial, as taxas de incêndio, as despesas mensais
de juros de máquinas adquiridas por financiamento.
b) O custo variável representa os custos que podem se alterar, con-
forme o nível de produção. A folha de pagamento da empresa
com os seus empregados, os gastos com matérias-primas, as
despesas com energia elétrica são exemplos.

Se o custo fixo tem o seu valor constante, qualquer que seja o


nível de produção, então, a forma gráfica que o representa é dada pela
Figura 9.3.

Figura 9.3: Custo fixo: qualquer que seja o nível de produção (q), o custo fixo não
se altera; é um custo de valor monetário constante.

A produção de uma empresa pode ser elevada, havendo a possi-


bilidade de não produzir nada. Em ambos os casos, a despesa de aluguel

10 CEDERJ
do imóvel, que é utilizado como fábrica (custo fixo), terá o mesmo valor.

9
Outro exemplo seriam as instalações de móveis e utensílios que, uma

AULA
vez comprados, permitem seus usos em várias faixas de produção, sem
acréscimos de custos.
Por sua vez, o custo variável apresenta forma de curva crescente,
conforme o nível de produção realizado. Vale ressaltar a existência de
oscilações na maneira como o custo variável cresce.
No início da produção, há os fatores fixos disponibilizados para
uso. É preciso contratar trabalhadores para “tocar” a produção. A
empresa verifica o aumento no custo variável por conta de um dado
número de novos trabalhadores. Cada um que vai sendo contratado
tem uma produtividade marginal diferente, em virtude de fatores como
a relação entre fatores fixos e variáveis à produção. Essa relação é tal
que, dadas as primeiras contratações, a produção aumenta sem grandes
custos, mas com o aumento contínuo da produção, vai se esgotando a
relação entre fatores fixos e variáveis. Assim, os custos vão aumentando
mais para cada unidade adicional de produção. A quantidade de fatores
fixos, que antes era boa, já se apresenta como insatisfatória àquela escala
de produção. Há dificuldade em aumentar a produção, por isso o custo
variável sobe muito, quando se quer produzir mais.
Dessa forma, construímos a forma geral da curva de custo variável,
como a Figura 9.4.

Figura 9.4: O custo fixo e o custo variável. O custo fixo é uma reta constante; o
variável, uma função não decrescente.

CEDERJ 11
Análise Microeconômica | Custos de produção: no curto prazo

?
Produção zero, custo
com mão de obra zero?
Além do salário, em que pesem outras consi-
derações sobre os custos do fator trabalho, há de se
considerar os custos de demissão e admissão. Uma empre-
sa incorre em custos de admissão, abrangidos pelos custos de
seleção e treinamento com o recurso humano. Fácil perceber a
situação de perda de produtividade mediante a saída do trabalhador
experiente e substituído por um funcionário novato.
Sob tal ótica, o gestor pode pensar cinco vezes no momento em que
cogitar a demissão de seus funcionários. Se os custos de demissão e admis-
são forem suficientemente elevados, podemos nos convencer de que uma
parcela da mão de obra pode até transparecer como um insumo fixo na
empresa. Algumas empresas podem não reduzir seu pessoal em razão de
problemas de queda de vendas.
Uma fábrica de chocolate, em virtude de problemas de transporte e
conservação de seus produtos, devido às altas temperaturas no verão,
cessou por vezes sua produção nessa época do ano. Todavia, não
demitia seus funcionários. Há também o expediente das férias
coletivas como uma alternativa para não demitir seus tra-
balhadores, quando há problemas de baixas vendas e
produção. Na prática, portanto, nem sempre pro-
dução zero, custo variável zero, se este for
representado pela mão de obra.

Características dos custos


C a pa c i d a d e o c i o s a
de uma empresa con- Pelo trivial, os custos são valores positivos ou nulos; não há o
siste no não apro-
veitamento total dos
que falar sobre custo negativo, o que seria impossível do ponto de vista
seus recursos produ- conceitual e prático (abstratamente poderia se imaginar a interpretação
tivos. Se os recursos
disponíveis não de um custo negativo como uma situação de receita).
estão sendo total-
mente utilizados, há Por definição, em uma empresa na qual nada se produz o custo
capacidade ociosa. A variável é zero. Se a empresa não está produzindo, ela não paga pelos seus
medida da capacida-
de ociosa é a relação insumos variáveis. Claro, isso é questionável do ponto de vista prático,
entre o total de
fatores em atividades como vimos no boxe explicativo, mas admitiremos como princípio geral.
e o total disponível
A curva de custo variável assume a forma gráfica de uma função
ou instalado. Uma
empresa que tenha não decrescente. Isto é, pode ser tanto constante como crescente. A parte
dez máquinas, mas
só esteja operando constante é a percepção da possibilidade de produzir mais, sem acrésci-
com nove, está com
uma taxa de 10% de
mos de custos. Uma empresa com c a pa c i d a d e ociosa tem tal possibi-
capacidade ociosa. lidade, pois pode produzir mais, utilizando-se dos fatores subutilizados.

12 CEDERJ
Vale dizer, se temos as formas do custo fixo e do custo variável,

9
também teremos a expressão da curva de custo total.

AULA
Como o custo total é a soma do custo fixo com o custo variável,
a forma gráfica do custo total resulta da soma das formas dessas curvas
(Figura 9.5).
Observe a semelhança de forma entre a curva de custo variável
e a curva de custo total. Elas são paralelas. Afinal, se a diferença entre
esses dois custos é exatamente o custo fixo (CT – CV = CF), e este é
constante, temos o porquê de elas serem paralelas.

Figura 9.5: O custo total é a soma do custo fixo com o custo variável. A curva de
custo total é paralela à curva de custo variável.

Vamos estruturar esses conceitos, supondo apenas dois fatores –


trabalho e capital – para a produção em uma empresa. Por hipótese,
façamos o capital como o fator fixo e a mão de obra, o fator variável.
Vamos admitir que o salário é o único custo com a mão de obra. Por sua
vez, sem que precisemos nos aprofundar em sua demonstração, consi-
deramos a taxa de juros como a referência do custo mensal do capital.
Também, por hipótese, diremos que os preços dos fatores são fixos, isto
é, não mudam para qualquer nível de utilização deles. Assim, a folha
de pagamentos com a mão de obra será o custo variável. Ela é o salário
multiplicado pelo número de empregados contratados.
O valor do custo fixo consiste no preço mensal do capital, a taxa
de juros, multiplicado pela quantidade de máquinas. Isto é:
CT = CF + CV
CT = rK + wL (2)

CEDERJ 13
Análise Microeconômica | Custos de produção: no curto prazo

Onde:
r → taxa de juros;
w → o salário;
K → quantidade de capital;
L → quantidade de trabalho.
Todos resultam no custo total (CT) de produção.

Exemplo:
Uma empresa utiliza 5 máquinas e 8 trabalhadores para empre-
ender a sua produção. Paga R$100,00 de salários a cada funcionário
e mensalmente tem uma despesa de R$20,00 com cada uma das suas
máquinas.
A equação do custo total de produção é:
CT = r5 + w8
CT = 20.5 + 100.8 = 900
CT= R$ 900,00

Preço do insumo trabalho


A teoria aqui utilizada considera a remuneração salarial (w) como custo da
mão de obra. É uma simplificação que não retira a consistência das conclusões
teóricas e práticas. No entanto, vale ilustrar um pouco da complexidade em
estimar o custo real e exato que a empresa tem com os seus empregados. Isto
é, os custos trabalhistas são muito mais do que apenas o salário expresso no
contracheque (holerite) e variam de um momento para o outro. Para uma
estimativa mais realista sobre os custos de um trabalhador na empresa, é neces-
sário incluir os custos sociais (INSS, FGTS normal e FGTS/Rescisão) e trabalhistas
(Provisões de Férias, 13º Salário e Descanso Semanal Remunerado) sobre o que
se paga de salário. Além disso, há de se incorporar as estimativas para gasto
com Aviso Prévio, Vale-Transporte e afastamento por doenças ou acidentes.
Estudos apontam que o custo da mão de obra pode chegar a mais que o dobro
do que se paga de salários.
Afonso Lima

Fonte: h,ttp://www.sxc.hu/photo/784492/

14 CEDERJ
9
Alguns significados em Economia

AULA
Boa parte das variáveis em Economia é representada pela primeira letra de
seus nomes, mas em inglês. Por exemplo, a variável salário é representada
por w, primeira letra de wage. Isso nada tem a ver com a correta (em meu
julgamento) crítica que se faz de utilizarmos no dia a dia expressões e pala-
vras inglesas, quando poderíamos empregar a nossa boa Língua Portuguesa.
No início, como quase a totalidade dos livros de Economia era traduzida,
optou-se por acompanhar os símbolos no que se podia. Ademais, artigos
científicos são de leitura internacional, costuma-se utilizar os símbolos
internacionais para facilitar a comunidade internacional científica. A seguir,
citamos algumas das variáveis econômicas e símbolos de referências comuns
a diversos países.
Significado em Economia para algumas variáveis:

Variável Inglês Português Significado em Economia


w wage Salário Valor do salário
r rate Taxa Taxa de juros
y yield Produção Nível produzido
L labor Trabalho Quantidade de trabalho
S supply Oferta Oferta
s saving Poupança Taxa de poupança
p price Preço Nível de preços
X eXport eXportação Exportações
M iMport iMportação Importações
e exchange Câmbio (troca) Taxa de câmbio nominal
ө Letra grega teta teta Taxa de câmbio real
B Bond Título, bônus Título financeiro
π Letra grega pi pi Inflação

Custo médio de produção (Cme)

O custo médio (ou custo unitário) de produção é outra relação


de custo obtida, a partir do custo total de produção. Tem como objetivo
medir quanto custa em média cada mercadoria produzida. Para tal, basta
conhecer o total de gastos efetuados para gerar a produção, dividindo-o
pelo total das quantidades produzidas. Tem-se, portanto, o custo de
produção em média para cada mercadoria produzida.
Se uma empresa gasta R$ 100,00 para produzir 20 unidades de
produtos (q), o custo médio é R$ 5,00 (R$ 100/20). Assim, define-se
custo médio (Cme) como:

CT (3)
Cme =
q

CEDERJ 15
Análise Microeconômica | Custos de produção: no curto prazo

Se custo médio é 5, a interpretação é de que cada mercadoria


custou (em média) R$ 5,00 para ser produzida. Portanto, de imediato,
sabemos que esse valor deve ser o preço mínimo para a venda, sob pena
de a empresa sofrer prejuízo. Voltaremos a esse ponto, mais adiante.
Do conhecimento de que o custo médio é o custo total, dividido
pela quantidade total produzida, obtêm-se dois novos conceitos de custos.
Combinando as equações (1) e (2):

CT CF + CV CF CV
Cme = = = + (4)
q q q q

Os dois últimos termos do lado direito da equação (4) são chama-


dos de custo fixo médio e custo variável médio. Assim, o custo médio pode
ser decomposto na soma do custo fixo médio com o custo variável médio.
Vamos conceituar (“apresentar”) cada um desses dois novos custos.

a) O Custo fixo médio (CFme)


O custo fixo médio é a relação entre o custo fixo e a quantidade
produzida. Sua forma gráfica é de uma hipérbole equilátera, dada pela
equação:

CF
CFme = (5)
q

Como o CF é uma constante, com efeito, a elevação na produção


(q) implica uma diminuição no valor do CFme. Logo, é uma função
decrescente. Interpretando-a tecnicamente como uma função, observa-
mos que ela varia, ou seja, está definida no intervalo entre infinito e zero.

?
O custo fixo
médio assemelha-se
1
ao gráfico da função f(x) = , definida para os valo-
x
res positivos de x. Para você relembrar (talvez com nostalgia) da
Aula 3 de Métodos Determinísticos II, podemos utilizar a linguagem mate-
mática para estudar a função custo fixo médio:

a
CFme é uma f (x) =
x

16 CEDERJ
9
Onde: a é

AULA
um valor fixo tal que a > 0,
x é uma variável x > 0

O domínio de f é o conjunto R+,

a imagem (contradomínio) está definida no intervalo


Im ( f ) ] 0, + ∞ [

Em sendo uma função decrescente, logo,

para todo x1, x2 Є R+, x1 < x2 Є  f ( x1) > f (x2)

Observando que, no caso de CFme, x1 e x2 represen-


tam valores de quantidades produzidas, q.

Isto quer dizer que os valores do CFme podem ser extremamente


altos ou pequenos, mas não podem ser negativos ou nulos.
Matematicamente, é fácil verificar que esse custo é sempre decres-
cente, mas nunca chega a zero. O numerador é o custo fixo, por definição,
um valor positivo; o denominador é o volume produzido pela empresa,
também um valor positivo. Assim, à medida que a produção aumenta
(denominador), o resultado da fração necessariamente diminui, pois seu
numerador é uma constante. Apesar de sempre diminuir, nunca chega ao
valor zero, pois o numerador é um número maior do que zero.
Trivial também é observar que o CFme não é negativo, pois é o
resultado de uma fração em que seus termos são positivos. Assim, temos
a Figura 9.6, como o gráfico do CFme: Hipérbole é definida
como o conjunto
de pontos onde a
distância de cada
um desses pontos a
dois outros pontos
é a mesma. A h i p é r -
bole equilátera
(ou retangular) é
um caso especial
da hipérbole, suas
assíntotas aos eixos
coordenados têm a
C
expressão y = ,
onde x e y sãoxas
coordenadas do
Figura 9.6: Custo fixo médio é uma função decrescente, positiva, que assume a forma eixo, C é uma
de uma h i p é r b o l e e q u i l á t e r a . constante.

CEDERJ 17
Análise Microeconômica | Custos de produção: no curto prazo

Do ponto de vista econômico, qual o entendimento do CFme?


Onde está a sua relevância?
Esse custo é importante para ajudar a apontar o tamanho ideal da
empresa. O custo fixo médio não é um custo que por si só determinará o
tamanho da empresa, porém é um indicador para tal. Quando se constrói
uma empresa, há uma gama de insumos com fortes caraterísticas de custo
fixo, ou seja, invariáveis para um amplo nível de produção. Como vimos, são
exemplos o maquinário, o tamanho físico da fábrica e demais instalações etc.
Uma grande empresa tem custos fixos mais elevados em compa-
ração a uma pequena empresa. Se a produção em uma grande empresa
puder ser realizada por outra menor, o custo fixo médio dessa última
será menor. Grosso modo, podemos dizer que ampliar a produção faz
parte do objetivo de compensar os gastos com os custos fixos, pois estes
ficam diluídos com o tamanho da produção. Isto é, a produção “fica
mais barata” pela ótica do custo fixo médio. Quanto maior o ritmo de
produção, mais se utilizará desses insumos, o que os tornam mais úteis.

Adam Ciesielski

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/264245/

Observe uma situação real que pode ajudar a entender a relevância do custo
fixo médio:
No Distrito de Seropédica, cidade onde se localiza a Universidade Federal Rural
do Rio de Janeiro, o aluguel de uma casa simples de dois quartos no local
conhecido como “49” (distrito rural com pouca infraestrutura), tem preços
próximos a de bons bairros da capital da cidade. Muitas dessas casas são antigas,
em ruas não asfaltadas. O que poderia explicar o preço relativamente alto dos
aluguéis? A informação importante é que a Universidade Rural está localizada
a 70km do centro do Rio de Janeiro, estimulando os estudantes à formação
de “repúblicas”, termo para representar a reunião de um grande número de
alunos para alugar residências próximas à universidade. Ora, com cerca de dez
alunos a ocupação de uma casa de dois quartos já torna o aluguel (custo fixo)

18 CEDERJ
9
barato para cada um dos alunos. A despesa com aluguel fica um tanto quanto
mais barata quanto mais pessoas houver; portanto, a formação de repúblicas

AULA
é fator de encarecimento dos aluguéis, para um casal recém-casado que vá
alugar uma residência.

Fonte: http://www.ufrrj.br/portal/album/crbst_0.html

Exemplos aduzem à ideia de custo fixo médio em algumas situa-


ções, envolvendo negócios:
1. Em um avião comercial, pronto para decolar, ainda restam
100 assentos vagos. Naquele momento, praticamente todos
os seus custos são fixos: o combustível será gasto, os salários
dos tripulantes terão de ser invariavelmente pagos com mais
passageiros ou não. Se pudesse, a companhia faria de tudo
para preencher as poltronas livres (aumento da produção),
diluindo o custo médio através da redução dos custos fixos
médios. De certa forma, isso pode ajudar a explicar a pro-
moção de passagens em momentos próximos ao embarque.
2. O empreendedor decide o espaço do shopping para alugar e
montar o seu negócio de cinema conforme o volume de público
esperado. Teria um custo fixo extremamente elevado, se alugasse
uma sala para 300 pessoas para um público médio de 100. O
aluguel da sala de projeção, cujo valor depende do tamanho da
sala, tomada a decisão do espaço, é custo fixo. Quanto mais
pessoas no cinema, menor o custo fixo médio do aluguel.

CEDERJ 19
Análise Microeconômica | Custos de produção: no curto prazo

3. Não há como uma fábrica de automóveis ser pequena. Pro-


duzir poucos veículos, dados os altos custos de montagem da
fábrica, torna-se inviável. É preciso alta escala de produção,
para compensar os seus custos fixos.
4. Um dia de feriado é objeto de maior custo para uma grande
empresa. A pequena sofre menos com o dia parado, pois
seus compromissos financeiros invariáveis são menores em
relação às grandes. Os dias parados dos feriados nacionais
e municipais elevam o custo fixo médio anual das empresas.

b) O custo variável médio (CVme)


O custo variável médio (CVme) expressa a relação entre o custo
variável (CV) e o total produzido (q). Isto é:

CV
CVme = (6)
q

De acordo com a equação (6), o custo variável médio é uma parcela


do custo médio de produção.
Como vimos, o custo total e o custo variável são curvas de custos
paralelas entre si (Figura 9.5). As curvas de custo médio e custo variável
médio são respectivamente essas duas curvas após a divisão pelo total do
que se produziu. Apesar do tratamento de dividir cada uma das curvas
pela quantidade, as curvas de custo médio e custo variável médio nada
têm de paralelismo. E é fácil verificar por que não.
Se o custo médio é a soma do custo fixo médio com o custo variável
médio (equação 4), então a diferença entre eles será dada pelo custo fixo médio:

CF CV
+ = Cme (4)
q q

Cme – CVme = CFme


Se fossem paralelos, a diferença entre eles teria de ser constante.
Mas, o custo fixo médio é uma curva decrescente. Logo, as curvas de
custo médio e variável médio, em vez de paralelas, são curvas que vão
se aproximando à medida que a produção venha a aumentar.
A Figura 9.7 mostra a relação entre custo Cme e CVme.
No início da produção, elas são muito distantes. Com o aumento
da produção vão se aproximando. Todavia, nunca se tocarão, pois o

20 CEDERJ
custo fixo médio nunca chega a zero, o que faria o custo médio ser igual

9
ao custo variável médio.

AULA
Figura 9.7: As curvas de custo médio, variável médio e fixo médio. À medida que a
produção aumenta, as curvas de custo médio e variável médio vão se aproximando,
porém nunca se tocam, pois a diferença entre elas é dada pelo valor do custo fixo
médio, esta uma função decrescente, porém sempre positiva.

A forma da curva de custo variável pode ser deduzida a partir da


diferença que há com o custo médio. Basta sabermos a forma gráfico do
custo médio e os valores respectivos do custo fixo médio.
De todo modo, observe que, no começo de qualquer produção,
espera-se uma folgada relação entre os fatores fixos e variáveis: a fábri-
ca está com bastante capital fixo para poucos insumos variáveis. Para
produzir mais, nem tanto se precisará de mais fatores variáveis, pois a
produtividade é alta, diante de tantos recursos fixos. Isto quer dizer, ao
se colocar mais uma unidade de trabalho, que a produção deve aumentar
significativamente, possibilitando uma redução do custo variável médio
(a quantidade varia mais do que o aumento no custo de aquisição do
fator variável).
No entanto, sucessivas contratações de unidades do fator variável
possivelmente esgotarão a relação de complementaridade entre os fatores
fixos e variáveis, resultando no aumento dos custos variáveis médios.

CEDERJ 21
Análise Microeconômica | Custos de produção: no curto prazo

Em geral, a curva de custo variável médio assume um trecho em


que é decrescente (devido ao fato de, no início, a produção aumentar
mais do que o custo variável), atinge um valor mínimo, a partir do qual
assume trecho crescente. Assim, a curva assume a forma de U.

Atividade 1
A equação de custos totais de uma firma foi estimada em CT = 50 + 2q3. 1

Em 2010, essa firma produziu 20 unidades mensais. No ano seguinte, a produção


passou para 30 unidades. Pedem-se os valores do custo total, custo fixo, custo variável,
custo médio, custo fixo médio, custo variável médio para cada um desses dois anos.

Resposta Comentada
Da equação CT = 50 + 2q3, percebe-se que 50 é o custo fixo, pois, qualquer
que seja a quantidade produzida (q), esse valor será sempre observado na
composição dos custos.
CF = 50
O custo variável é o que complementa a equação do CT, após a verificação do
custo fixo, CT = 2q3. Observa-se que a variação na produção altera o custo total,
o que confirma ser a parcela de custo variável.

Para o ano de 2010:


Como a produção é de 20 unidades, então CV = 2(20)3 = 16.000.

O custo fixo médio é a divisão do CF pela quantidade produzida:


CFme = (50 / 20) = 2,5

22 CEDERJ
9
De forma equivalente, o custo variável médio é a divisão do CV pela quan-

AULA
tidade produzida:
CVme = (16.000 / 20) = 800

O custo médio pode ser calculado pelo custo total, dividido pela quantidade
produzida:

CT = 50 + 16.000 = 16.050
Cme = (CT / q) = 802,50

Para o ano de 2011, a produção é 30, então:

CV = 2(30)3 = 54.000.

O custo fixo médio:


CFme = (50 / 30) = 1,667

O custo variável médio:


CVme = (54.000 / 30) = 1.800

O custo médio pode ser calculado pela soma do CFme com o CVme:

Cme = CFme + CVme = 1,667 + 1800 = 1.801,667


O custo total pode ser calculado, multiplicando o Cme pelas quantidades pro-
duzidas:
CT = Cme . q = 1.801,667 . 30 = 54.050

Observe que o CFme é decrescente; o CVme aproximou-se do Cme, quando


a produção aumentou.

Custo Marginal (Cmg)

Quando se quer produzir uma unidade adicional, qual seria o acréscimo de gastos para
a empresa?

CEDERJ 23
Análise Microeconômica | Custos de produção: no curto prazo

Yamamoto Ortiz
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1159639/

Essa pergunta define o conceito de custo marginal. Custo mar-


ginal é a variação de gastos em razão de uma unidade a mais no que se
produz. Lembre-se, o termo marginal adquire o sentido de uma unidade
adicional, isto é, à “margem” de onde se estão, no caso, as quantidades
produzidas. Portanto, definimos como custo marginal de produção o
quanto se altera o custo, quando variarmos a produção em uma unidade
(ou menor variação possível). Em notação matemática:

∆CT
Cmg = (7)
∆q

O numerador e denominador dessa equação são, respectivamente,


a variação do custo total e a variação da produção (em uma unidade).
A equação é lida como: o custo marginal (Cmg) é igual à variação do
custo total em relação à variação marginal (menor variação possível)
da quantidade produzida.

24 CEDERJ
?

9
A equação

AULA
(7) retrata o custo marginal em
números discretos. Quando a função custo apre-
sentar-se em números contínuos, a expressão do custo margi-
nal é definida pela aplicação de derivada. Assim, a notação do custo
marginal para o caso de função contínua é:

dCT
Cmg = (8)
dq
Em que o numerador e denominador da equação são, res-
pectivamente, a derivada do custo total em rela-
ção à quantidade produzida.

Façamos uma expansão na equação (7) para chegar a um resul-


tado de interesse.
Como custo total (CT) é a soma do custo fixo (CF) com o custo
variável (CV), temos:
∆CT ∆(CF + CV ) ∆CF ∆CV
Cmg = = = +
∆q ∆q ∆q ∆q
∆CF
Como o custo fixo não varia (∆CF = 0), = 0 , portanto:
∆q

∆CV (9)
Cmg =
∆q

O que seria de se esperar, pois se apenas o custo variável pode se


alterar, o custo adicional na produção será dado exclusivamente pelos
custos causados aos fatores variáveis.
A Tabela 9.1 ilustra os diversos tipos de custos aqui apresentados,
evidenciando a aplicação de cada uma das equações representativas de
custos. Por exemplo, no nível em que a produção é quatro, temos:
a) o custo fixo (R$ 40,00), somado ao custo variável (R$ 98,00),
resulta no custo total de R$ 138,00;
b) o custo marginal de três para quatro unidades corresponde
à variação de custo que é de R$ 17,00 (155 – 138). O custo marginal
pode ser calculado pela diferença dos custos variáveis entre o nível de
produção três e quatro (115 – 98);
c) o custo fixo médio é a divisão do custo fixo (R$ 40,00) pela
quantidade produzida (4), o que dá R$ 10,00;

CEDERJ 25
Análise Microeconômica | Custos de produção: no curto prazo

d) o custo variável médio é a divisão do custo variável (R$ 115,00)


pela quantidade produzida (4), o que dá aproximadamente R$ 28,80;
e) o custo médio consiste na divisão do custo total (R$ 155,00)
pela quantidade produzida (4), o que resulta no valor aproximado de
R$ 38,00. Observe que a soma do custo fixo médio (R$ 10,00) com o
custo variável médio (R$ 28,80) totaliza o valor do custo médio.

Tabela 9.1: Medidas dos diversos custos de uma empresa

Nível de Custo Custo Custo Custo Custo fixo Custo variá- Custo
produção fixo variável total marginal médio vel médio médio
R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
0 40 0 40 - - - -
1 40 50 90 50 40.0 50.0 90.0
2 40 87 127 37 20.0 43.5 63.5
3 40 98 138 11 13.3 32.7 46.0
4 40 115 155 17 10.0 28.8 38.8
5 40 134 174 19 8.0 26.8 34.8
6 40 155 199 25 6.7 26.5 33.2
7 40 187 227 28 5.7 26.7 32.4
8 40 210 250 23 5.0 26.3 31.3
9 40 230 270 20 4.4 25.6 30.0

RELAÇÃO INVERSA ENTRE CUSTOS E PRODUTIVIDADE

Agora, você aprenderá uma das mais heróicas relações dadas pela
Microeconomia. Não raro, a Economia traz recomendações cujos efeitos
são antagônicos: beneficiam uma parte da população, sacrificam outra.
Outras vezes, ela adverte sob medidas possíveis de favorecer alguns,
contudo com o passar do tempo prejudica a todos. Por exemplo, um
reajuste de salários pode ajudar no poder aquisitivo da população em
determinado momento, mas gera o crescimento da inflação. O que vamos
estudar agora apresenta alto enfoque prático. Está costumeiramente
inserido no cotidiano de políticas e programas de geração de renda,
também tem natureza de justiça social, e vale mencionar é objeto da
Lei 10.101, de dezembro de 2.000, que dispõe sobre a participação dos
trabalhadores nos lucros da empresa.
Vamos, então, compreender e desfrutar dessa riqueza conceitual
a seguir.

26 CEDERJ
A teoria microeconômica constata relações inversas entre custos e

9
produtividade. Isto é, um aumento na produtividade de um fator resulta

AULA
em uma queda nos custos de produção.

Ivan Prole
Figura 9.8: Relação inversa entre custo e produtividade.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1187162/

Vamos comprovar essa relação, observando o passo a passo que


se segue:
Considerando a mão de obra (L) como fator variável da produção,
temos o custo variável em uma empresa, como a equação da multiplicação
dos salários (w) com o número de trabalhadores empregados:
CV = w L

Por sua vez, o custo variável médio, CVme = –, pode ser refor-
mulado como:

CVme = – (10)

Lembrando que a produtividade média do trabalho é:

q
PmeL =
L

Manipulando a equação anterior:

L 1
= (11)
q PmeL

CEDERJ 27
Análise Microeconômica | Custos de produção: no curto prazo

Inserindo a equação (11) na (10), temos:

w
CVme = (12)
PmeL

A equação (12) mostra a relação inversa entre produtividade média


do trabalho e o custo variável médio. Antes dos comentários acerca dessa
relação, vamos passar para o custo marginal, o qual nos fornecerá outra
evidência sobre tais relações inversas.

Pelo que vimos na equação (9), o custo marginal é dado por:

∆CV
Cmg = (9)
∆q

A variação do custo variável (∆CV):

∆CV= ∆wL

Considerando os salários como uma variável constante, temos:

∆CV= w∆L (13)

Utilizando a equação (13) na equação (9), temos:

∆CV ∆L
Cmg = =w (14)
∆q ∆q

Relembrando que a produtividade marginal do trabalho é a varia-


ção da produção ocasionada pela variação de uma unidade de mão de
obra, ou seja:

∆q
Pmg L =
∆L

Observamos, portanto, que o custo marginal dado pela equação


(14) é o salário vezes o inverso da produtividade marginal do trabalho,
isto é:
∆L 1
Cmg = w =w =
∆q PmgL

w
Cmg = (15)
PmgL

28 CEDERJ
O exemplo da equação (12) evidencia a relação inversa entre o

9
custo variável médio e a produtividade média do trabalho; a equação

AULA
(15) também indica a relação inversa entre custo marginal e produtivi-
dade marginal.
Ressaltamos que teríamos uma relação importante, prática e de
natureza social. Mas, afinal, onde está essa relação cunhada por nós de
heroica?

Vamos destacar as duas equações, as quais nós tivemos a ousadia


de deduzir:

w w
CVme = e Cmg =
PmeL PmgL

São duas equações, informando que os custos dependem do preço


do insumo e de sua produtividade. Assim, com os mesmos níveis sala-
riais (w) – salários constantes –, se a produtividade dos trabalhadores,
por alguma razão qualquer (por acúmulo de experiência, inovação de
processos produtivos etc.) aumentar, haverá uma redução dos custos
(CVme, Cmg, Cme). Isso se converte, portanto, em aumento de lucros!
Isto é, todo aumento de produtividade (PmeL ou PmgL), estando os
demais fatores constantes (salários, preços), reduz custo, aumenta lucro!
Portanto, em situação de elevação na produtividade do trabalho, faz justiça
que a empresa distribua esse benefício com (ou entre) os trabalhadores.
Interpretando essas equações por outra ótica: toda reivindicação
de reajuste salarial compatível com o aumento de produtividade não
terá impacto de elevação de custos. Isto é, não tem efeito inflacionário.
Vamos explicar. Se, durante um ano, a produtividade aumentar
3%, os custos variável e marginal devem reduzir em tal proporção.
Portanto, há espaço para os salários aumentarem em até 3%, sem que
haja qualquer motivo para onerar os custos. Observe, mais uma vez,
produtividade média representa quanto cada trabalhador produz em
média. Se eles estão mais produtivos, podem receber mais!
Se os trabalhadores estão mais produtivos, a produção aumenta.
Se mais produtivos, suas horas de trabalho podem ser reduzidas sem
prejuízo à empresa, pois poderão produzir a mesma quantidade em
menor tempo. Ainda mais, se mais produtivos, os preços dos produtos
gerados podem reduzir, pois o custo unitário (custo médio) diminuiu.

CEDERJ 29
Análise Microeconômica | Custos de produção: no curto prazo

Atualmente, estamos na era do progresso técnico. Vários setores


industriais estão mais produtivos. De acordo com o que estamos analisan-
do, podemos enumerar alguns efeitos de um aumento na produtividade:
1) aumentar o lucro da empresa;
2) permitir um aumento dos salários, sem causar elevação de
custos;
3) redução de preços dos produtos produzidos;
4) aumento da produção;
5) redução da jornada de trabalho.

Em alguns países, o fenômeno do aumento da produtividade


repercutiu com mais intensidade na redução da carga horária de trabalho.
Qual efeito irá preponderar vai depender da negociação entre sindicatos
de trabalhos e entidades patronais, inclusive de normatização legal, como
o caso da Lei 10.101/2000 anteriormente citada.

Vamos apresentar um exemplo:


Por vezes, grandes companhias, como Petrobras e Shell, distri-
buem boas somas de dinheiro aos seus funcionários sob a rubrica de
participação de lucros e resultados na empresa (modelo administrativo,
denominado Administração Participativa). Como você interpretaria
essa bonificação salarial, à luz do que estudou acerca da inversão entre
produtividade média dos fatores e custo médio?
A resposta é que a elevação de lucros na empresa pode estar rela-
cionada ao crescimento da produtividade do trabalho. Assim, pode-se
dividir uma parte desse aumento de lucros com os empregados, sem
que isso venha a afetar os custos da empresa. Como estudamos, lucros
mais elevados, advindos de crescimento da produtividade, podem ser
repassados aos salários.

Produtividade e redução da carga de trabalho


Vimos que os ganhos de produtividade podem proporcionar uma justa redução
da carga semanal de horas de trabalho. Afinal, a produtividade gera aumento
do volume de produção por hora de trabalho. A produtividade cresce em con-
sequência da intensificação do ritmo de trabalho, volume e valor da produção
que variam na mesma direção, ou seja, há um aumento do volume e do valor
produzido a cada hora trabalhada e não uma redução dos preços.

30 CEDERJ
9
A carga horária de trabalho no mundo não é uniforme. Países possuem horas
semanais diversas. Além da produtividade, outros fatores influenciam gran-

AULA
demente a diferença, tanto da carga horária de trabalho, como dos níveis
salariais. A mobilização sindical, a organização do mercado de trabalho, o
grau de instrução da classe trabalhadora, tudo pode afetar a maneira como se
distribuem os efeitos da produtividade sobre a carga horária de trabalho, os
salários, o nível de produção, preços e lucros. A tabela a seguir ilustra a diferença
de carga horária no setor de transformação, em alguns países selecionados.

Tabela 9.2: Horas semanais trabalhadas na indústria de transformação

País Horas País Horas País Horas


Peru 53,4 México 44,7 Japão 42,4
Turquia 52,8 Filipinas 44,7 Grécia 42,0
Cingapura 50,6 Hong Kong/ China 44,6 Suíça 41,2
Tailândia 50,5 Argentina 44,3 Austrália 37,7
Macau/ 47,7 Cisjordânia e Faixa de 44,1 Suécia 37,5
China Gaza
Costa Rica 47,4 República da Coreia 43,7 Nova Zelândia 37,3
Índia 46,7 Brasil 43,6 Portugal 36,8
Equador 46,0 Israel 43,6 Noruega 36,6
Colômbia 45,1 República Dominicana 43,0 Espanha 36,0
Madagascar 45,0 Islândia 43,0 Itália 35,9

Fonte: Dados originais da International Labour Organization, extraído da publicação da


FIRGS – “Especial Redução da Jornada de Trabalho”, de 11 de março de 2010. Disponí-
vel em: < http://www.fiec.org.br/artigos/administracao/ReducJornTrabalho.pdf> Acesso
em 20 de janeiro de 2011.

Atividade 2
Uma empresa paga dois mil reais de salário a cada um dos seus funcionários. A 2
produtividade de cada funcionário é de 10 unidades mensais. Cada funcionário,
por iniciativa própria, formou-se em um curso universitário e complementou seus
estudos com cursos de especialização. O resultado para a empresa é que a produtivi-
dade do trabalho passou de 10 para 16. Até quanto seria justo a empresa melhorar a
remuneração de seus funcionários?

CEDERJ 31
Análise Microeconômica | Custos de produção: no curto prazo

Resposta Comentada
Os salários podem aumentar para até 3.200 reais.
Sabemos da relação inversa entre custos e produtividade. Temos que CVme
= w / Pme.
Antes do investimento em educação, a produtividade era 10.
Após a qualificação do trabalhador, a produtividade passou para 16. Isso
representou um aumento de 60%.
Assim, há espaço para um reajuste salarial de 60% sem que se altere o custo
da empresa.
Vejamos:
Antes, o CVme = R$ 2.000,00 / 10 = 200
Se os salários aumentarem em 60%, passarão para 3.200. Como a produtividade
aumentou para 16, temos:
CVme = R$ 3.200,00 / 16 = 200

Assim, a empresa terá os mesmos custos unitários, pois está produzindo mais,
graças ao aumento do rendimento produtivo de cada funcionário.

A CURVA DE CUSTO MARGINAL E CUSTO VARIÁVEL MÉDIO

A partir das relações inversas entre produtividade e custos,


podemos esboçar o gráfico das curvas de custo variável médio e custo
marginal. Dado o valor do salário, isto é, considerando-o constante,
simultaneamente à elevação da produtividade média, o custo variável
médio diminui; toda queda da produtividade média implica elevação no
custo variável médio.
O mesmo tipo de raciocínio aplica-se à relação do custo margi-
nal com o produto marginal: toda elevação da produtividade marginal
gera uma diminuição no custo marginal; toda vez que a produtividade
marginal diminuir, o custo marginal aumentará.
Na Aula 7, você estudou as produtividades. Pelo gráfico de funções
produtividades média e marginal daquela aula, verificamos as formas
gráficas das produtividades média e marginal, reproduzidas a seguir
como Figura 9. 9:

32 CEDERJ
9
AULA
Figura 9.9: Produtividades média e marginal do insumo L. No ponto L’, a produtivi-
dade média é máxima e iguala-se à marginal. No ponto L*, a produtividade marginal
é zero, onde, a partir desse nível de insumo, passa a ser negativa.

A Figura 9.10 ilustra a construção das curvas de custos, a partir


das produtividades. Dada a relação inversa, no trecho em que a produti-
vidade média estiver crescendo, o custo variável médio estará diminuindo;
quando a produtividade média estiver decrescendo, o custo variável
médio estará crescendo. No ponto em que o produto médio é máximo,
o custo variável médio será mínimo.
De igual forma, podemos traçar a curva de custo marginal. Nos
pontos de crescimento do produto marginal, o custo marginal terá
forma decrescente; nos pontos de produto marginal decrescente, o custo
marginal estará aumentando. No ponto em que o produto marginal é
máximo, o custo marginal será mínimo.
Se a empresa opera com o custo mínimo, será que ela obtém o lucro
máximo? O menor custo de produção representa o ponto de produção
mais lucrativo? A resposta é: normalmente não!
Os custos representam um fator para a geração de lucros. Há
de se considerar o faturamento da empresa. Muitas vezes vale ter um
custo mais alto, se há um aumento compensador no faturamento! Até o
momento, não enfocamos o caso da receita da empresa, oportunamente
voltaremos a esse ponto.

CEDERJ 33
Análise Microeconômica | Custos de produção: no curto prazo

Figura 9.10: Curvas de custo marginal e custo variável médio, a partir das produti-
vidades marginais e médias.

Reajuste do salário mínimo pela produtividade


A regra de reajuste para o salário mínimo também tem sido objeto de nego-
ciação entre o Governo e as centrais sindicais. Pela metodologia de reajuste,
o salário mínimo é corrigido pelo Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos
anteriores e IPCA dos últimos 12 meses. Isto é, leva em conta a inflação acumu-
lada nos 12 meses anteriores ao início do aumento, de acordo com o índice de
preços mais a variação real do PIB (soma das riquezas do país). A incorporação
da inflação é para corrigir monetariamente o valor do mínimo. A variação real
do PIB tende a indicar os ganhos de produtividade no período anterior para
repasse aos trabalhadores que recebem o mínimo.
Com base nesses cálculos, o mínimo este ano (2011) ficaria em cerca de
R$ 543,00. Como sabemos, a determinação do salário mínimo é dada não apenas
por tais critérios técnicos: há negociação política entre os partidos políticos e
considerações sobre a situação econômica do país, entre outras. Afonso Lima

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/696442

34 CEDERJ
Atividade 3

9
AULA
O entendimento da empresa é o de que com 120 empregados tem-se a 2 3

maior produtividade unitária do trabalho possível: 20 unidades. A empresa


paga a quantia de 800,00 reais de salário a cada funcionário.
Com esses 120 empregados, quais seriam os valores para o custo marginal e custo
variável médio? Qual o nível de produção com esses empregados? Por ser um ponto
de máxima produtividade, seria o ponto ótimo de produção, tendo em vista que o
objetivo é extrair o máximo lucro?

Resposta Comentada
Se o ponto de produtividade média é máxima, então, nesse mesmo ponto,
temos o valor da produtividade marginal. Pelo que estudamos da relação entre
produtividade e custos, se a produtividade média é máxima, o custo variável
médio é mínimo. Temos:
Pme máxima = 20; w = 800; L = 120.

Determinação da quantidade produzida:


Se Pme = q / L , então q = (Pme) (L) = (20) (120) = 2.400 unidades

Determinação do CVme e Cmg


Como o Pme é máximo, o CVme é mínimo. Temos que CVme = w / Pme e Cmg
= w / Pmg. Observe-se que, no ponto de máximo da produtividade média, o
produto marginal tem o mesmo valor e, utilizando os dados da questão, temos:
CVme = (800 / 20) = 40
Cmg = (800 / 20) = 40
Quanto à questão, dado o objetivo de lucro máximo e a produtividade média
máxima ser um ponto ótimo de produção, a resposta é que precisaríamos saber os
preços de venda do que se produz. Lucro é diferença entre preços e quantidades
de venda de produtos e preços e quantidades de compra de insumos.

CEDERJ 35
Análise Microeconômica | Custos de produção: no curto prazo

CONCLUSÃO

Nesta aula, você estudou vários tipos de custos definidos e utilizados


pela Microeconomia. Verificou como os custos estão interligados de maneira
a apresentar toda a estrutura conceitual que mede a eficiência produtiva.
A teoria dos custos foi apresentada em relação ao curto prazo.
O curto prazo é o período em que a empresa atua. O estudo da teoria
dos custos de produção permite identificar as relações inversas entre
custos e produtividade. Se existem ganhos de produtividade, os custos
diminuem. Assim, um aumento na produtividade permite uma melhoria
na remuneração do fator, sem que onere os custos da empresa. Centrais
sindicais e governo atrelam a remuneração dos salários aos índices de
produtividade, o que é uma evidência dessa relação.

Atividade Final
Considere uma estimativa da função custo total (CT) no curto prazo, como: 1 2 3

CT = q3 – 6q2 + 25q + 5

Determine:
a) O custo fixo, custo variável, custo médio de curto prazo, quando a produção é 4;

b) O custo fixo médio e o custo variável médio ao nível de 6 unidades produzidas;

c) Quanto seria a produtividade média ao nível de produção de 4 unidades, se a firma paga


100 reais de salários?

36 CEDERJ
9
Resposta Comentada

AULA
a) CF = 5, pois esse é o valor mínimo dos custos e não varia para qualquer quantidade
no curto prazo;
CV = q3 – 6q2 + 25q. Produzindo quatro unidades, o valor do custo variável é:
(4)3 – 6(4)2 + 25(4) = 64 – 96 + 100 =68;
O custo médio é o resultado do custo total, dividido pela quantidade produzida:
CT 73
Cme = = = 18.25
q 4

CF 5
b) CFme = = = 0,833
q 6
CV 68
CVme = = = 11, 33
6 6
c) Para determinar a produtividade média ao nível de quatro unidades produzidas
(q= 4), vamos considerar a relação entre custo variável médio e produtividade média:
w
CVme =
PmeL
Explicitando a produtividade, temos:
w
PmeL =
CVme
Substuindo os valores de w e CVme no nível q= 4:

100
PmeL = = 5,882 . Cada um dos funcionários produz 5,882 produtos em média.
17

RESUMO

No curto prazo, ocorrem os custos fixos e custos fixos médios, os quais devem ser
distinguidos dos custos variáveis e custos variáveis médios. As curvas de custos
médios, em geral, apresentam formato em U. O custo variável é uma curva paralela
à curva de custo total, pois a diferença entre eles é dada pelo custo fixo, que é
sempre uma constante.

CEDERJ 37
Análise Microeconômica | Custos de produção: no curto prazo

Os custos relacionam-se inversamente com as produtividades. Produtividades


médias e marginais estão inversamente correlacionadas com os custos médios
e marginais. Uma elevação da produtividade pode permitir reajustes nas
remunerações dos fatores, sem que venha a gerar impactos nos custos.

INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na aula seguinte, estudaremos os custos na hipótese do longo prazo.

38 CEDERJ
Custos de produção no

10
AULA
longo prazo
Cleber Ferrer Barbosa

Meta da aula
Apresentar os tipos de custos de produção da
firma no longo prazo.
objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja


capaz de:
1 determinar a combinação de insumos de
menor custo para um nível de produção, a
partir das curvas de isoquanta e isocusto;

2 identificar e distinguir os custos de curto


prazo dos de longo prazo;

3 conceituar externalidade de produção;

4 relacionar os efeitos da economia de


escala nos custos de produção.

Pré-requisitos
Esta aula é parte integrante da aula anterior, pois
complementa o estudo de custos de curto prazo,
estendendo o período para o longo prazo. Além
disso, são desenvolvidos alguns conceitos análo-
gos aos estudados nas Aulas 5 e 7. Assim, caso
haja alguma grande dificuldade, talvez seja reco-
mendável uma nova visita àquelas aulas, a cujos
tópicos fazemos remissão na presente aula.
Análise Microeconômica | Custos de produção no longo prazo

INTRODUÇÃO Na aula anterior, estudamos os custos no curto prazo. Nesta, estudaremos os


custos no longo prazo, completando, portanto, a estrutura teórica montada
pela Microeconomia a respeito dos custos de produção. Abordaremos diver-
sos conceitos frequentemente utilizados por administradores, economistas
e executivos, quando tratam de examinar as estratégias de crescimento
das grandes empresas. Sabemos que o conceito de estratégia está intima-
mente ligado ao período de longo prazo. Afinal, em um plano estratégico
de crescimento, um período mais extenso de tempo é considerado, o que
exige planejar uma série de situações e fatores possíveis de ocorrer. Assim,
o horizonte de possibilidades de produção é bem mais amplo, isto é, sujeito
a uma estrutura de produção bem mais flexível e – por que não dizer? –,
mais complexa. Em revistas especializadas, congressos e seminários sobre a
temática de empresas, quase sempre questões como economias de escala,
externalidades e economia de escopo são discutidas. Esses conceitos são
objetos desta nossa aula e, observem, são temas conexos aos estudos da
Economia e da Administração de Empresas, tanto do ponto de vista teórico
como do prático. Portanto, bem-vindo ao importante estudo da Aula 10,
esperando que seja 10 para você!

CUSTOS DA EMPRESA A LONGO PRAZO

Como sabemos, a longo prazo os diversos tipos de insumos empre-


gados necessários à produção podem variar. Desse modo, há mais opções
para as decisões empresariais ligadas à produção em comparação ao curto
prazo. Se uma empresa determinou o nível de produção desejável, restará
encontrar a combinação de insumos de menor custo. Vimos na Aula 8
que a isoquanta fornece as diversas combinações de insumos factíveis
a uma dada produção. Qual delas será a de menor custo de produção?
A longo prazo, se a empresa quer minimizar o custo, ela tem a
possibilidade de escolher qualquer tamanho de fábrica e qualquer com-
binação de insumos. Então, ela escolherá a mais vantajosa. Ora, se ela
estiver minimizando o custo, dada uma meta de produção, ela estará
agindo em conformidade com o objetivo de maximizar o lucro.
Na aula anterior, descrevemos a equação de custos, a qual repe-
timos a seguir:
CT = rK + wL (1)

40 CEDERJ
Nessa equação, os custos totais de produção são dados pela soma

10
da quantidade de capital (K), multiplicada pelo seu preço (r), com a

AULA
quantidade de trabalho (L) vezes o seu preço (w).
No que abordamos agora, a equação de custo total é inteiramente
análoga à teoria do consumidor. Na Aula 5, desenvolvemos a restrição
orçamentária do consumidor que apresenta alta semelhança com a
denominada i s o c u s t o (consulte a Figura 5.9 da Aula 5, se precisar de Isocusto
mais detalhes acerca da forma gráfica da isocusto, a seguir). É o conjunto de
todas as alternativas
Quando a empresa tem uma meta de produção, nossa teoria é de uso de trabalho
e capital, dotada
aplicada como a empresa escolhendo a isoquanta, associada àquele nível de igual despesa ou
de produção. Identificada a isoquanta, ela quer o menor custo. Para tal, custo. O nome já
induz ao conceito:
procurará qual das inúmeras combinações de insumos encontra a menor iso quer dizer igual;
isocusto é a linha de
isocusto, isto é, o menor custo de produção. várias alternativas
de uso de insumos
de igual custo de
A forma gráfica da isocusto produção.

Suponha uma dotação monetária para comprar os insumos, isto


é, um valor para CT. Também suponha os preços dos insumos, trabalho
e capital, como constantes. Podemos construir um gráfico, identificando
as diversas alternativas de insumos compatíveis com os custos que se
tem para investir na produção.
Façamos o gráfico com a variável L no eixo da abscissa e K no
eixo vertical. Se a equação é CT = rK + wL, e queremos representá-la
graficamente, vamos explicitar K em relação aos demais componentes
da equação:
K = (CT / r) – [(w/r) L] (2)

Observe que a equação (2) é uma reta, pois ela é do tipo: y = a – b x;


onde a seria CT/r e b, (w/r), os quais são números positivos (coeficientes
com expoentes iguais a um).
Por ser uma reta, sabemos que com apenas dois pontos de pares
ordenados (L, K) podemos determiná-la. Dessa forma, escolhemos dois
pontos de rápido e fácil cálculo: um em que L = 0 e outro ponto, K= 0.
Assim, dados os preços dos insumos e custos, se L = 0, substituindo
esse valor na equação (2), temos:
K = (CT / r)

CEDERJ 41
Análise Microeconômica | Custos de produção no longo prazo

Logo, obtemos um ponto de par, que é (0, CT/r).


Para o outro ponto, se escolhermos K = 0 e utilizarmos novamente
a equação (2), teremos:

0 = (CT / r) – [(w / r) L]
[(w / r) L] = (CT / r); cortando r de ambos os lados da equação:
wL = CT
L = CT / w

Temos, portanto, dois pontos pertencentes à reta da equação (2),


isto é, pertencentes à isocusto, como mostra a Figura 10.1.

Figura 10.1: Linha de isocusto. Ela é gerada considerando-se os preços dos insumos
e os custos totais como constantes. O conjunto de pontos pertencentes à reta repre-
senta as combinações de insumos cujas despesas com tais aquisições resultam em
dado custo. Combinações de insumos abaixo da curva, como o ponto C, são despesas
com valores menores do que a do isocusto, ou seja, nem todo o dinheiro para ser
gasto com a compra de insumos é gasta; pontos acima da reta mostram que a o
dinheiro que se tem para os custos é insuficiente para adquirir os insumos dispostos
neles. Podemos observar que os pontos A e B são cestas de consumo extremas. Em
A, todo o valor para a compra de insumos, o custo total, é destinado a adquirir o
insumo capital. Para isso, não se adquire nada de L. Portanto, CT/r, é o cálculo de
quanto se pode consumir gastando todo o dinheiro com um só insumo.

∆k w
A inclinação da isocusto é dada pela relação = . A maneira
∆l r
para identificar essa inclinação é idêntica a da determinação da inclina-
ção da restrição orçamentária do consumidor, demonstrada na Aula 5.
Observe que a isocusto é uma espécie de restrição de produção à empresa,
isto é, a produção fica limitada aos custos a serem despendidos.

42 CEDERJ
Vale observar, uma mudança nos preços dos fatores (w, r) afeta

10
a inclinação da isocusto. Portanto, haverá um reordenamento de gastos

AULA
para cada insumo cujo preço foi alterado. Se o insumo trabalho encarecer
(aumento de salário), a empresa verá sua linha de isocusto mais inclinada,
indicando que, com o mesmo nível de gastos para gerar a produção, não
se poderá adquirir tanto trabalho como antes. Pelo oposto, se o insumo
trabalho tiver uma redução de preço, a isocusto ficará menos inclinada,
indicando que se poderá adquirir mais unidades de trabalho.
Portanto, o que poderíamos dizer sobre a isocusto, caso o preço
do capital variasse? Basta verificar a inclinação da isocusto para respon-
der. Em situação de aumento do preço do capital (r), a inclinação   ,
w
r 
diminui. Assim, com o valor monetário inicial para a compra desse
insumo, haverá uma redução na quantidade máxima para adquiri-lo.
Caso o preço do capital diminua, a inclinação aumentará. Isso significa
que haverá maior quantidade de capital que poderá ser comprado com
o mesmo valor de custos.

O PONTO DE PRODUÇÃO

Dada a meta de produção, isto é, definida a isoquanta que se quer


atingir, a melhor combinação de insumos será aquela onde a isoquanta
alcançar a isocusto de menor valor. A Figura 10.2 ilustra essa questão.

Figura 10.2: Ponto de produção ótimo. Dada a isoquanta, o ponto ótimo (equilíbrio)
será aquele em que a isocusto tangencia a isoquanta.

CEDERJ 43
Análise Microeconômica | Custos de produção no longo prazo

Decidida a produção pertinente à isoquanta Q1, das três isocustos


que aparecem (em verdade, há muitas linhas de isocustos em um gráfico
assim), observamos que apenas duas interceptam a isoquanta de interesse;
portanto, há três combinações de insumos (pontos A, B e E) aptas a gerar
o nível de produtos especificado pela isoquanta Q1. Qual combinação é
a mais vantajosa para a empresa? Pelo que vemos graficamente, a linha
de isocusto C1 tangencia a isoquanta Q1 no ponto E. Isso é, mostra um
menor custo de produção, utilizando L1 unidades de insumo trabalho e
K1 unidades de insumo capital. As combinações dadas pelos pontos (A)
e (B) da isocusto C2, os respectivos pares de quantidades de insumos (L2,
K2) e (L3, K3) fornecem a mesma produção (pois toca a isoquanta Q1),
mas a um custo maior (estão em posição acima da isocusto C1).
O entendimento, portanto, é que, dada uma meta de produção, a
empresa buscará o menor custo possível com isocusto C1. Teoricamente, é
o mesmo que dizer, dada a isoquanta desejada pela empresa (isoquanta Q1),
a combinação de insumos mais econômica é a do ponto em que ambas
se tangenciam (ponto E).

Atividade 1
Suponha que um país europeu, afetado pela crise internacional financeira de 2008, 1
tenha reduzido os impostos para a compra de insumos. Todos os preços dos insu-
mos, inclusive os salários (aprovados por negociação entre sindicatos de empregados
e patronais) foram reduzidos em igual intensidade. Ilustre graficamente o efeito dessa
medida sobre o ponto ótimo de produção entre a isocusto e a isoquanta.

Resposta Comentada
Pela exposição do problema, os preços dos insumos caíram na mesma proporção.
Com a mesma dotação orçamentária para aquisição de insumos, a empresa
pode produzir mais, ou seja, a partir do deslocamento para cima e paralelo da
isocusto, consegue alcançar uma isoquanta em posição mais elevada.

44 CEDERJ
10
Assim, ela pode produzir mais e abaixar os seus preços de venda, permitindo

AULA
a elevação da demanda. A figura a seguir mostra a passagem da isocusto C0
original para a isocusto C1 (pós-redução dos impostos). A produção no ponto
E passa para o ponto E’.

CUSTOS TOTAIS DE CURTO E LONGO PRAZO

A longo prazo, a empresa tem mais liberdade para produzir o


que quiser, na quantidade que desejar e, principalmente, com qualquer
quantidade de insumo que necessitar. O longo prazo é um período sem
restrições. A flexibilidade para alcançar o arranjo produtivo que planejar
permite um leque de opções, para reduzir custos e obter maior eficiência
em relação ao período de curto prazo.
Como a longo prazo praticamente não há limitações à produção,
a quantidade produzida a longo prazo é de custo menor (ou no máximo
igual), comparada a de curto prazo. Isto é, os custos de longo prazo são,
no máximo, iguais aos do período de curto prazo. Em outras palavras:
dada um meta de produção, a fábrica consegue no longo prazo custos
menores (ou iguais) aos de curto prazo. Afinal, ela pode escolher com
mais flexibilidade como quer produzir aquele nível de produção.
Observe a sutileza do conceito microeconômico para os custos
de longo prazo. Uma empresa pode planejar alterar sua capacidade
produtiva (tamanho da fábrica, trabalho, capital) a curto ou longo
prazo. O planejamento de curto prazo está limitado pela impossibilidade

CEDERJ 45
Análise Microeconômica | Custos de produção no longo prazo

de variar os fatores fixos. Se em dois anos já se consegue variar os


fatores fixos, então, tudo que ela precisa é planejar para além de dois
anos a composição de fatores que deseja. Passados esses dois anos, já se
tem o arranjo produtivo planejado. Então, ela alcançou o longo prazo
como período de planejamento, mas estará atuando novamente a curto
prazo. Isto porque a sua nova capacidade produtiva, que alterou todos
os seus fatores, naquele momento, demandará outro período de tempo
(dois anos novamente, talvez) para alterar todos os seus novos fatores.
Assim, entendemos que a empresa sempre está operando a curto prazo.
Por dedução, pode-se dizer que a longo prazo é um período para amplo
planejamento de metas e estratégias empresariais.
Vamos criar um exemplo:
Para a empresa X, senão necessários 24 meses para alterar o tamanho
de sua fábrica. Esse é o tempo mínimo para aquisição de novas instalações,
compra ou venda de máquinas e de qualquer equipamento útil à produção.
Os funcionários podem ser contratados ou demitidos (cumprimento de
aviso prévio) em não mais de um mês; logo, representam os insumos
variáveis de curto prazo.
No ano de 2010, essa empresa produziu a meta de produção dese-
jada, 1.000 unidades, sem que houvesse expectativas de grandes altera-
ções nas vendas. O custo total foi de R$ 15.000. Consultores informaram
que, com uma fábrica menor, os custos baixariam para R$ 12.000. Dada
a mesma meta de produção, é evidente que houve um planejamento para
atingir um nível menor de custos, isto é, o longo prazo é um período
para planejar o que seria melhor para o empreendimento. Alcançado o
novo tamanho da fábrica, a empresa estará operando com outro nível
de fatores fixos, ou seja, estará atuando a curto prazo. Durante o tempo
em que a empresa esteve reduzindo o tamanho da fábrica (antes dos 24
meses de ajustes), ela operou a curto prazo. Seu custo de produção era de
R$ 15.000. O custo a longo prazo apontou para um custo menor,
R$12.000. Ela precisará chegar a 2012 para alcançar aquele planejamen-
to de longo prazo vislumbrado, mas estará operando com outra estrutura
de fatores fixos e variáveis; portanto, em outro período a curto prazo.
Continuando o exemplo, imagine que, em 2012, o Conselho Admi-
nistrativo da empresa conclua que a empresa deva mudar sua meta de
produção, para atingir uma produção de 2.600 unidades. Com as atuais
instalações, poder-se-ia atingir tal meta, mas os custos totais passariam

46 CEDERJ
para R$ 19.000 mensais (haveria a necessidade de mais trabalhadores).

10
Todavia, com a troca das atuais máquinas por outras importadas da

AULA
Suíça, os custos totais seriam de R$ 16.000 mensais (desconsidere os
custos iniciais de compra das novas máquinas). No entanto, todo o pro-
cesso de compra das máquinas e de treinamento dos funcionários para
operá-las levaria pelo menos 12 meses. Assim, temos:
• Novo período de longo prazo: 12 meses.
• Novo custo total de curto prazo: R$ 19.000.
• Novo custo total de longo prazo: R$ 16.000.
• Nova meta de produção: 2.600 unidades.

Vimos, assim, que o tempo de longo prazo depende das condições


de transformar os fatores fixos em fatores variáveis. Isso pode alterar
de empresa para empresa, por condições externas às empresas, como
a disponibilidade dos mercados de fatores, e os custos de longo prazo
nunca são mais elevados do que os de curto prazo.

Atividade 2
O Conselho Administrativo de uma grande empresa informa à gerência de recursos 2
humanos que estão proibidas as contratações de trabalhadores que gostem de
futebol até que a próxima Copa do Mundo acabe. Considerando tal hipótese, argumente
no sentido de que tal determinação irá implicar em custo de longo prazo menor do
que o de curto prazo.

Resposta Comentada
A proibição de contratar funcionários com tais características e por um determinado
prazo representa uma restrição à variação de funcionários de uma empresa.

CEDERJ 47
Análise Microeconômica | Custos de produção no longo prazo

Enquanto durar tal restrição, pode-se entender como um período de curto


prazo. Com o fim da Copa do Mundo, a empresa atinge o longo prazo, pois
não terá mais de cumprir tal restrição. Essa restrição é uma dificuldade para
contratar e para produzir, posto que pode resultar em dois efeitos: um aumento
nos salários, dado o menor número de trabalhadores com tais características,
ou uma possível perda de produtividade, pois o processo de seleção deixará de
encontrar pessoas mais produtivas. Assim, a curto prazo, havendo um aumento
do salário, o custo será diretamente afetado. Por outro lado, como o custo está
inversamente relacionado à produtividade, ele deve aumentar.

Curva de aprendizagem – o efeito do tempo nos custos


Em uma de suas poéticas músicas, dizia Caetano Veloso, “(...) da
força da grana que ergue e destrói coisas belas (...)”. Se substituir-
mos o termo "grana" por "tempo", continuará poética a letra do
ilustre compositor ao passo que nos ajudará a conhecer um conceito
micro-econômico. No caso dos custos de produção, há um efeito
do tempo que a teoria econômica destaca como o efeito belo do
tempo. A experiência adquirida no dia a dia do trabalho traduz um
ganho de produção dado pelo aperfeiçoamento natural das ativida-
des laborais. Isto é, a prática adquirida resulta em redução de custos,
pois diminui o desperdício na operação da produção, desenvolvem-se
novas habilidades etc. Se cada trabalhador adquire mais prática, a
produção aumenta, o que quer dizer uma redução do custo médio de
produção ao longo do tempo. Observe que não apenas o funcionário
na linha de produção, mas todos os demais empregados, incluindo os
do setor administrativo, ganham eficiência ao longo do tempo. Assim,
à medida que os funcionários tornem-se mais experientes, podemos
supor para cada hora de funcionamento da empresa um maior volume
de pro¬dução. A isso, a teoria denomina curva de aprendizagem. Ela
expressa a redução de custos de uma empresa ao longo do tempo,
tendo em vista o ganho de experiência e habilidade nas atividades
de produção de seu pessoal (operacional, administrativo, staff), as
economias de aprendizagem (learning economies).
O nome da música de Caetano é "Sampa". Assim como trocamos
“grana” por “tempo”, para cantá-la como estudante de Administração,
sugiro trocar outras palavras como se segue:
“Ipiranga” por “Economia”; “avenida São João” por “curso de Admi-
-nistração”; “esquinas” por “teorias”; “meninas” por “grafias”; “Rita
Lee” por “de tudo que li”; “mutantes” por “estudantes”; “cidade”
por “conhecimento”; “realidade” por “entendimento”; “espaços” por
“estudos”, “florestas” por “disciplinas”; “da chuva” por “do tudo”;
“baianos” por “alunos”; “baianos” por “formados”.
Você encontra fácil a letra dessa música pelos sites de busca da inter-
net (como: http://letras.terra.com.br/caetano-veloso/#mais-acessa-
das/41670). Substitua tais palavras e cantarole-a até se formar. Confira!

48 CEDERJ
CUSTOS DE LONGO PRAZO E RENDIMENTOS DE ESCALA

10
Estudamos os rendimentos de escala na aula sobre a produção de

AULA
longo prazo. Os rendimentos de escala também podem ser observados
a partir dos custos, no caso, a curva de custo médio de longo prazo. A
longo prazo, o custo médio é dado pelo custo total, dividido pelo que
se produziu, ou seja:

CT
CmeLp = (3)
q

Como vimos, os rendimentos de escala medem a resposta da


variação da produção, dada por um aumento proporcional em todos os
insumos. Assim, se uma empresa dobrar todos os insumos, o custo total
(numerador do CmeLP) dobra. Se a produção (denominador do CmeLP)
também dobrar, ou seja, se houver rendimento constante de escala, o
custo médio de longo prazo permanece com o mesmo valor. Mas, se a
produção mais que dobrar, caso de rendimento crescente de escala, o
custo médio de longo prazo terá diminuído (denominador subiu mais do
que o numerador da equação (3). Por fim, se a produção tiver aumentado,
porém em uma proporção menor do que o dobro, caso de rendimento
decrescente de escala, o custo médio de longo prazo terá aumentado.
Podemos generalizar a relação entre o custo médio e os rendimen-
tos de escala, dizendo, para qualquer variação proporcional nos insumos
(igual variação em cada insumo), que, se ocorrerem:
a) rendimentos crescentes de escala, o custo médio de longo prazo
será decrescente;
b) rendimentos constantes de escala, o custo médio de longo prazo
será constante;
c) rendimentos decrescentes de escala, o custo médio de longo
prazo será crescente.

Dessa forma, podemos conceituar um termo muito utilizado no


mundo empresarial, a propalada economia de escala. Há economia
de escala quando o aumento de produção ocorre com uma utilização
menos do que proporcional em seus custos. Isto é, quando o custo
aumenta menos do que a expansão na produção. Portanto, há redução
dos custos médios.

CEDERJ 49
Análise Microeconômica | Custos de produção no longo prazo

Economias de escala:
fatores desencadeadores

?
Alvo de estudos para economistas, adminis-
tradores de empresas, sociológicos entre outros,
os motivos para a economia de escala são diversos.
Veja alguns desses:
1. Há escalas de produção em que uma reordenação de
funcionários proporciona uma especialização na linha de
produção, de forma a elevar a produtividade do trabalho
2. O aumento do nível de produção pode viabilizar a substituição de
antigos métodos produtivos por outros mais avançados. Por exemplo,
equipamentos manuais podem ser substituídos por equipamentos
automatizados eficientes
3. Melhorias nas condições gerais de produção, distribuição e venda de bens
e serviços, advindas do aumento na escala de produção
4. Melhoria na negociação no mercado de insumos pela criação ou pelo
aumento de poder de barganha, gerado pelo aumento na produção e
consequente elevação nas compras de insumos
5. Para que o elevado nível de produção comece a gerar ganhos de eco-
nomia em publicidade e marketing (cada unidade monetária de gastos
atendendo a mais produtos) e P&D (pesquisa e desenvolvimento)
6. Quando os custos fixos são uma parte significativa dos custos médios, o
crescimento da produção pode proporcionar importantes reduções
nos custos fixos médios da empresa resultante da operação.
As economias de escala podem ser divididas em dois tipos: econo-
mias reais e pecuniárias. As primeiras dizem respeito à econo-
mia efetiva na quantidade de insumos quando a produção se
expande (itens 1, 2 e 4), dados os preços dos insumos. É, por-
tanto, uma eficiência de escala de produção. Já as pecu-
niárias são aquelas em que o ganho no custo médio
são devidos à redução dos preços dos insumos
(item 3), o que reflete uma transferência de
renda de um setor (mercado de insu-
mos) para outro (mercado de
produtos).

Quando dá-se o contrário, diz-se haver a deseconomia de escala.


Ou seja, o aumento da produção é obtido às custas de um aumento
proporcional maior no custo de produção (rendimento decrescente de
escala). Portanto, os custos médios aumentam.
Normalmente, o início da produção é marcado por economia de
escala até que se atinja o menor custo médio possível de longo prazo.
A partir desse ponto, inicia-se a deseconomia de escala. O que pode

50 CEDERJ
causar economia de escala? Há diversas possibilidades. A mais divul-

10
gada é a da especialização dos fatores com o aumento da produção.

AULA
A divisão do trabalho começa a ser executada quando a produção atinge
determinado patamar. Essa especialização (cada trabalhador exercendo
uma única função) aumenta a produtividade, gerando uma economia de
custos. A partir de certo ponto de produção, há dificuldade em se obter
tais ganhos, o que vai gerando uma queda na produtividade dos fatores,
gerando aumento nos custos médios.
Portanto, de forma geral, atribui-se ao custo médio de longo prazo
uma curva em forma de U, como ilustra a Figura 10.3. Até o nível q*,
há economia de escala. A partir desse ponto, ocorre o inverso, o custo
médio passa a refletir a deseconomia de escala. O ponto q* é dito ponto
de tamanho ótimo da fábrica ou do setor industrial, pois indica o ponto
de produção onde o custo por unidade produzida é mínimo.

Figura 10.3: A curva de custo médio de longo prazo (caso geral).

Está demonstrado o formato geral da curva de custo médio. Mas


nada se falou até agora de como é construída a curva de custo marginal!
Para isso, veremos no item "Elasticidade de custo", um tipo de elastici-
dade útil à constituição do custo marginal de longo prazo.

CEDERJ 51
Análise Microeconômica | Custos de produção no longo prazo

O CONCEITO DE EXTERNALIDADE

As externalidades são objeto de estudo para a parte da Microe-


Teorias de conomia, destinada às t e o r i a s d e b e m - e s ta r . No entanto, as externa-
b e m - e s ta r
lidades impõem efeitos sobre os custos das empresas, motivo pelo qual
São teorias voltadas
para estudar questões
serão tratadas aqui, ainda que brevemente.
ligadas à eficiência As e x t e r n a l i d a d e s são efeitos que incidem sobre outros agentes
econômica e social.
No estudo das alo- econômicos sem que esses nada tenham contribuído ou nada possam
cações de recursos,
considera como fazer. Elas podem ser positivas ou negativas. As externalidades positivas
ponto de eficiência elevam o bem-estar do agente econômico externo (aquele que não as
aquele em que não
se pode melhorar causou). As externalidades negativas reduzem o bem-estar.
a posição de um
agente econômico Quando se instala um cinema ou uma grande loja em um shopping
sem que prejudique
center, os demais lojistas beneficiam-se deste ato, sem que necessariamente
pelo menos outro
qualquer, ponto esse tenham de contribuir com qualquer despesa. Eles podem diminuir os
chamado ‘ótimo de
Pareto’, nome dado gastos com propaganda, devido à elevação de público, o que seria uma
em homenagem ao
economista e soció-
redução de custos. É um exemplo de externalidade positiva.
logo italiano Vilfredo Se uma empresa instala-se próxima a outra e isso acarreta um
Pareto (1848-1923)
por sua contribuição grande fluxo de caminhões, danificando a rua e encarecendo os gastos
à temática.
com manutenção da frota da primeira, temos um caso de externalidade

As e x t e r n a l i d a d e s negativa. As vias terrestres danificadas aumentaram os custos de trans-


nas empresas são porte, que são parte dos custos das outras empresas, sem que possam
ações de uma ou
mais empresas que ser ressarcidas.
resultam em efeitos
sobre os custos de Outros exemplos: empresas poluidoras de rios causam externa-
outras, sem que essas
lidades negativas a empresas pesqueiras (aumentam custo médio); uma
sejam recompensa-
das ou oneradas. empresa que inova em um novo processo de produção, o qual passa a ser
Quando o efeito
sobre outras empre- livremente utilizado pelas demais, está gerando externalidades positivas.
sas é de redução,
diz-se externalidade
A Figura 10.4 mostra o efeito da externalidade sobre a curva de
positiva; quando o custo médio de longo prazo. Se ocorrer uma externalidade positiva, o
efeito é de elevação
de custos, há exter- custo de médio prazo cai; enquanto, com uma externalidade negativa, a
nalidade negativa.
curva de custo médio passa a ter uma posição mais elevada, retratando
custos unitários mais elevados.

52 CEDERJ
10
AULA
Figura 10.4: Externalidades e custo médio de longo prazo. Se há externalidade posi-
tiva, a curva de custo médio diminui (parte A). Se ocorre externalidade negativa, a
curva de custo médio aumenta (parte B).

O sentido da externalidade
Situação 1:
O seu vizinho toca maravilhosamente duas melodias românticas em seu piano,
justamente na hora em que você janta com sua namorada, em casa, à luz de
velas; certamente uma externalidade positiva.

Situação 2:
O seu vizinho resolve aprender a tocar bateria. Treina o dia inteiro sem parar
a mesma batida! Certamente, uma externalidade negativa.

Atividade 3
Em uma noite qualquer da semana, todos são tomados por um furo de reportagem 3
no noticiário da TV. Gravações por minicâmeras escondidas revelam um escândalo
financeiro onde um banco comercial fraudava sua contabilidade. Além disso, gerentes
desse banco arredondavam valores das contas-correntes de seus clientes, sem que
estes soubessem, causando perdas significativas, quando somadas. Semanas seguintes,
o Banco Central, na sua função de autoridade monetária, impõe severas regras ao setor
bancário o que impõe novos custos a todos os bancos.
Pergunta-se: tal situação seria uma externalidade? De que tipo?

CEDERJ 53
Análise Microeconômica | Custos de produção no longo prazo

Resposta Comentada
As externalidades na produção são eventos de natureza externa à empresa,
isto é, sem que ela tenha lhe dado causa, mas com afetação aos seus custos.
Os demais bancos que compõem o sistema bancário experimentaram, sim, uma
externalidade. Seria a externalidade negativa, pois tiveram custos operacionais
mais altos em decorrência de nova regulamentação no setor.

ELASTICIDADE DE CUSTO

Na realidade, a forma do custo médio de uma empresa pode


ser distinta daquela em formato de U. Uma empresa pode ter custo
médio constante por ampla faixa de produção, bem como decrescente
ou crescente. As economias de escala dependem de tantos fatores e nas
mais variadas intensidades que a função custo médio, na prática, pode
apresentar diferentes formatos ou equações.
Uma técnica para evidenciar a evolução pela qual passa o custo
médio e sua relação com outros custos é dada pelo conceito de elasti-
cidade de custo.
Define-se elasticidade de custo (�c) como a variação percentual dos
custos (∆C%), dada por uma variação percentual na produção (∆q%).
A elasticidade de custos expressa o quanto modifica o custo quando a
quantidade produzida varia em um certo percentual.
Assim, se para um aumento de x% na quantidade produzida for
necessário um acréscimo de menos que x% nos custos, está ocorrendo
economia de escala. Se for necessária uma alteração de custos maior que
x%, estará ocorrendo deseconomia de escala. Se o aumento for de exatos
x% nos custos, então, os custos totais estão aumentando na mesma pro-
porção da produção, o que não há economia ou deseconomia de escala.
Em termos analíticos, a elasticidade de custos é dada por:
∆C
∆C% ∆C q
�c = = C = (4)
∆q% ∆q ∆q C
q

Antes de qualquer coisa, você pode observar que a equação (4) e


o seu respectivo conceito de elasticidade de custo é inteiramente análogo

54 CEDERJ
ao da elasticidade de preço da demanda (Aula 4).

10
Ademais, a primeira fração da equação 4 explica o conceito de

AULA
elasticidade de custo (a variação percentual dos custos dada por uma
variação percentual na produção). Dessa fração, já podemos observar que
a elasticidade pode ser maior, menor ou igual a um. Para a quantidade
produzida, altera em, digamos, 1%:
• Se ocorrer economia de escala, �c < 1.
• Se ocorrer deseconomia de escala, �c >1.
• Se os custos aumentarem em 1%, �c =1.
Prosseguindo na análise da equação (4), observe que a segunda
fração é a repetição da primeira, mas expressando o significado do que
 ∆C 
seja uma variação percentual de custos  ∆C% =  e também uma
 ∆q   C 
variação da produção  ∆q% =  . Por fim, a terceira fração é o desen-
 q 
volvimento da segunda na forma em que a operação de uma divisão
de frações é dada pela repetição da primeira multiplicada pelo inverso
da segunda. Uma pequena realocação dos termos do denominador
 ∆C ∆q ∆C q 
 =  leva-nos a uma importante relação.
 C q ∆q C 

Para tal, vamos relembrar as expressões para custo marginal (Cmg)


e custo médio (Cme). São elas:

∆C C
Cmg = e Cme =
∆q q

Observando esses custos e a terceira fração dada em (4), podemos


chegar a: ∆C
∆C% ∆C q Cmg
�c = = C = = (5)
∆q% ∆q ∆q C Cme
q
Como chegamos à relação custo marginal sobre o custo médio?
Basta observar a relação inversa do custo médio contida em:
∆C q q 1 Cmg
= Cmg = Cmg =
∆q C C Cme Cme

Agora, podemos, finalmente (ufa!), desenhar a curva de custo médio


de longo prazo, incluindo a curva de custo marginal. De olho na equação
(5), vemos: em todo trecho de produção onde há economia de escala, o custo
marginal é menor que o custo médio; no trecho de deseconomia de escala, o
custo marginal é maior, e será igual onde não há economia ou deseconomia
de escala. Dito isto, a Figura 10.4 apresenta corretamente a relação entre

CEDERJ 55
Análise Microeconômica | Custos de produção no longo prazo

custo médio e custo marginal de longo prazo. Observe: à medida que a eco-
nomia de escala vai diminuindo, a relação entre custos médio e marginal vai
reduzindo, o que os torna iguais no ponto mínimo da curva de custo médio
(tamanho ótimo da planta de produção). Por último, se a deseconomia de
escala aumentar com a elevação da produção, o custo marginal estará cada
vez mais elevado em comparação ao respectivo custo médio.

Atividade 4
A estrutura de custos de longo prazo de uma firma é dada por: 4

CT = q – 4q + 21q.
3 2

O custo marginal é 24, quando se produz três unidades. Verifique se há economia de


escala nesse nível de produção (q = 3).

Resposta Comentada
Para verificar a economia de escala, utilizamos a elasticidade de custo, que é
dada pela relação entre custo marginal e custo médio. Ainda que o valor do custo
marginal tenha sido dado pelo problema, podemos extraí-lo ao derivar o custo
total em relação à quantidade, assim:
dCT
Cmg = = 3q 2 – 8q + 21
dq
Como q = 3,
Cmg = 3 (3)2 – 8 (3) + 21 = 24

O custo médio quando se produz q = 3:


CT
Cme = = q 2 – 4q + 21=18
q
24
Como �c = Cmg , então �c = =1, 33
Cme 18

Como a elasticidade de custo é maior do que um, verifica-se deseco-


nomia de escala.

56 CEDERJ
10
Economia de escopo
Um empreendedor deseja produzir dois produtos diferentes. Ele pode fazê-

AULA
lo com uma única fábrica, ou alternativamente com duas fábricas, cada uma
produzindo um único produto. Se com uma única fábrica for mais barato (ou
se produzir mais) do que com duas, diz-se que há economia de escopo. Há
deseconomia de escopo, se ocorrer o inverso: com uma única fábrica for mais
caro (ou se produzir menos).
Em termos analíticos:
Se C (q1 + q2) < C(q1) + C(q2), há economia de escopo.
Onde: C (q1) e C(q2) representam o custo de produção individual do produto 1
e 2; C(q1+ q2) representa o custo da produção conjunta desses bens.
Em geral, as economias de escopo resultam do bom compartilhamento entre
os insumos nas diversas oportunidades de geração de produtos. Isto é, podem-
se compartilhar insumos na produção de vários produtos. Assim, são menores
os custos da produção conjunta, pois há melhor aproveitamento de fatores
na produção simultânea. Produtos que são gerados a partir de uma mesma
plataforma de produção tendem a auferir economia de escopo.
A diferença entre economias de escala real e de escopo é que as primeiras são
economias físicas de insumos, derivadas do aumento do volume de produção
final. As economias de escopo são economias derivadas da produção conjunta
de dois ou mais bens.

CONCLUSÃO

Nesta aula, você estudou os tipos de custos associados ao período


de longo prazo. Verificou como os custos estão interligados de maneira a
apresentar toda a estrutura conceitual que mede a eficiência produtiva.
Observou que os custos de longo prazo nunca são maiores do que os
de curto prazo, uma vez que no longo prazo a empresa tem o tempo
suficiente para diminuir os custos que podem ser evitados.
Várias circunstâncias e fatores modificam os custos da empresa.
As economias de escala, externalidades e a presença de economias de
escopo são exemplos de situações que podem afetar a dada estrutura de
custos das empresas no longo prazo.

Atividade Final
Considere uma estimativa da função custo total (CT) no curto prazo como: 2 3 4
CT = q3 – 6q2 + 25q + 5.
No longo prazo, a estimativa para a função custo (CT) passa para: CT = q3 – 6q2 + 25q

Determine:
a) O custo fixo, custo variável, custo médio, quando o período é de longo prazo e em nível de
quatro unidades de produção.

CEDERJ 57
Análise Microeconômica | Custos de produção no longo prazo

b) Uma nova expressão para a equação de custo médio compatível com a hipótese de que a
empresa apropriou-se de uma externalidade positiva.

c) Se há economia de escala ao nível 5 de produção.

Resposta Comentada
a) No longo prazo, temos:
CF = 0
CV = q3 – 6q2 + 25q. Produzindo quatro unidades, o valor do custo variável é:
(4)3 – 6(4)2 + 25(4) = 64 – 96 + 100 = 68;
CT
Cme = = q 2 − 6q + 25 =17
q

b) Se ocorrer uma externalidade positiva, pressupõe-se que a empresa obteve uma


redução de seu custo médio de longo prazo. Vamos supor que os novos custos sejam
80% do que eram antes da externalidade. Assim, vamos multiplicar a equação de
custo médio pelo fator 0,8:
CT
0,8 Cme = 0,8 = 0,8( q 2 − 6q + 25) = 0,8q 2 − 4,8q + 20
q
O novo custo médio será Cme= 0,8q2 – 4,8q + 20.

c) Para identificar a existência ou não de economia de escala, basta verificar o valor


do custo marginal em relação ao custo médio. A elasticidade do custo informa
que, se o custo marginal for menor do que o custo médio de longo prazo,
haverá economia de escala.

58 CEDERJ
10
Vejamos: o custo marginal é a derivada do custo total em relação à quantidade. Ou seja:

AULA
Cmg = 3 q2 + 12 q + 25. Assim, quando q = 5, o custo marginal é 160.
O Cme é q2 – 6q + 25. Se q = 5, o Cme = 20. Logo, a elasticidade de custo é maior
do que 1, o que leva a concluir existir deseconomia de escala.

RESUMO

Os custos podem ser de curto ou longo prazo. No longo prazo, todos os custos
podem variar. Assim, não há o que se falar de custos fixos e custos fixos médios.
As curvas de custos médios em geral apresentam formato em U.
As externalidades na produção são eventos de natureza externa à empresa, mas
representam uma variação nos seus custos médios de longo prazo. A externalidade
é positiva quando a empresa internaliza o efeito positivo, gerado por uma ação
que não foi de sua competência.
Os rendimentos de escala podem ser identificados a partir da elasticidade
de custos. Quando os custos marginais são menores que os custos médios, a
elasticidade de custo é menor do que um, o que indica economia de escala.
Se a elasticidade de custo é menor do que um, a situação é de deseconomia
de escala. Em sendo igual a um, não há economia ou deseconomia de escala.
Economia de escopo e economia de aprendizagem são questões que afetam os
custos das empresas. A economia de escopo é a percepção dos casos em que a
concentração de vários produtos em uma única fábrica pode ser mais econômica
do que cada um dos produtos produzidos em cada fábrica. A economia de
aprendizagem mede o efeito dos ganhos de aprendizagem (gerando aumento
de produtividade) que os trabalhadores acumulam com os anos de experiência.

CEDERJ 59
Análise Microeconômica | Custos de produção no longo prazo

INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na aula seguinte, estudaremos o faturamento e os tipos de objetivos das


empresas, quanto aos lucros ou quanto às vendas. Uma empresa pode
ter o objetivo de maximizar o lucro ou maximizar as vendas, entre outras
questões. Veremos como tratar tais hipóteses e seus resultados, quanto
ao nível de produção.

60 CEDERJ
11
AULA
O fator lucro
Cleber Ferrer Barbosa

Meta da aula
Examinar o objetivo de lucro das empresas e sua
fundamentação microeconômica.
objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja


capaz de:
1 distinguir os objetivos de máximo lucro
com os de maximização de vendas;
2 identificar níveis de produção voltados à
maximização de vendas;
3 expressar as equações de lucro total;

4 calcular ou identificar o ponto de


maximização de lucro;
5 calcular o lucro econômico de uma
empresa.

Pré-requisitos
Esta aula é auxiliada por conceitos das aulas
anteriores. Da Aula 1, o custo de oportunidade; da
Aula 4, a elasticidade e sua relação com a curva de
demanda. Por fim, a Aula 9 contribui com os custos
totais e marginais. São esses os pontos já estuda-
dos que, talvez, se for o caso, valem uma consulta
rápida para serem relembrados.
Análise Microeconômica | O fator lucro

INTRODUÇÃO O lucro é a razão de ser de qualquer atividade econômica, todavia seria a


única finalidade a ser admitida para uma empresa? Será que é o único objetivo
para o empreendedor interessado em abrir um negócio?
A perseguição ao lucro máximo é uma hipótese geral às teorias sobre o com-
portamento das empresas. Nelas, empresas pequenas ou grandes, sociedades
anônimas ou microempresas, empresas com grande concorrência ou únicas
no mercado são tidas como visando à maximização do lucro. Contudo, no
mundo prático, constatamos todas as empresas agindo, com vistas a obter
o lucro máximo? As respostas a essas perguntas são construídas ao longo
desta aula. Veremos como a empresa que maximiza o lucro determina o
nível de produção e os preços de venda de seu negócio. Veremos também
que o objetivo de lucro nem sempre significa que se quer maximizá-lo. Há
outras finalidades que concorrem com o lucro dentro de uma organização
empresarial.
Vale mencionar, nessa nossa introdução, a importância do lucro. Além de
servir de fonte de remuneração para os sócios membros ou empresários
individuais, o resultado do lucro serve de meio à obtenção de recursos para
investir, crescer, inovar, modernizar a atividade econômica organizada. E tem
mais: não se pode olvidar que dos lucros são extraídos impostos; portanto,
uma fonte de recursos para a atividade do Estado.
Em uma palavra: tendo em vista o lucro como o interesse principal para esti-
mular o surgimento, funcionamento e crescimento de empresas, vale observar
seus efeitos. Acabam por gerar fonte de renda para toda a sociedade, a saber:
aos seus capitalistas (acionistas, sócios membros, empresários individuais),
pela própria distribuição de lucros, aos empregados, por receberem salários
e ao Estado, por receberem receitas de impostos úteis para a prestação de
serviços como saúde, educação e segurança para todos.

LUCRO

As organizações podem ter ou não finalidade lucrativa. Das que


vamos estudar, as empresas são aquelas voltadas à obtenção de lucro.
Isto é, consideramos empresa como a atividade econômica que organi-
za seus recursos para a produção ou circulação de bens e serviços no
interesse de lucro.
Como a empresa pode ser de vários tamanhos e tipos, inserida
em vários ambientes e administrada por pessoas, é de se esperar que os
seus objetivos possam ser diferentes entre umas e outras. Uma grande

62 CEDERJ
empresa certamente terá objetivos, ações e estratégias diferenciadas

11
das pequenas empresas. Vamos examinar algumas hipóteses sobre os

AULA
objetivos da empresa, levando em conta que o lucro de uma forma ou
de outra é sempre considerado. Destacamos três tipos:
a) a maximização do lucro;
b) a maximização das vendas;
c) a maximização das vendas, condicionada a uma taxa mínima
de lucro.
Apesar do que já se disse, podemos perceber, em algum momento,
uma empresa abrindo mão do resultado positivo entre o que se vende e
o que se paga para produzir, isto é, o lucro. Pode ser o caso, quando o
empresário visa conseguir um rápido crescimento da empresa no merca-
do. Nesse caso, vender seus produtos, cobrando preços bem próximos
do custo. No extremo dessa linha de raciocínio, há o que denominamos
no mercado como política de preços predatórios. A prática de preços
predatória, como veremos nesta aula, é uma conduta ilícita (ilegal),
adotada por uma grande ou poderosa empresa que, visando eliminar
empresas concorrentes, estabelece preços abaixo do custo para assim
causar prejuízo aos rivais ao ponto de fazê-los deixar o mercado. Logo,
no momento em que é única no mercado, a empresa passa a estipular
preços altos para obter lucros abusivos.
No plano internacional, tem-se o dumping, que designa a ação Uma empresa vende
seus produtos no
também ilegal de a empresa exportar, colocando preços mais baixos que mercado interno e
externo. Estará pra-
os preços praticados no mercado interno. A finalidade é ganhar mercado
ticando d u m p i n g , se
internacional para depois impor preços mais elevados. Observamos, exportá-los a preços
bastante inferiores,
portanto, que apesar de por um certo período o lucro ser deixado de quando compara-
dos aos preços que
lado, mais cedo ou mais tarde será alcançado. pratica no mercado
interno, visando
eliminar as empresas
A EQUAÇÃO DO LUCRO rivais no mercado
externo para poste-
rior dominação desse
O lucro total (L) é o resultado positivo da diferença entre a receita mercado.
total (RT) e os custos totais (CT) envolvidos, conforme a equação (1).
Se o valor da receita auferida for menor do que os custos, o lucro terá
sido negativo, o que chamamos de prejuízo.

L = RT – CT (1)
Se RT > CT, então L > 0

CEDERJ 63
Análise Microeconômica | O fator lucro

A receita total (RT) evidencia quanto a empresa faturou em ven-


das. Ela é dada pelo número de produtos vendidos, isto é, a quantidade
vendida (q) multiplicada pelo preço de venda; portanto, RT = pq.
Os custos totais são os mesmos da Aula 9, isto é, todos os cus-
tos envolvidos na atividade de produção e venda dos bens ou serviços
negociados.
É fácil observar que, considerando o preço constante, a receita
total cresce com o aumento nas vendas e produz uma forma gráfica de
uma reta, conforme a Tabela 11.1 e a Figura 11.1. Para não restar dúvida,
admita uma loja vendendo qualquer produto a R$ 5. Seu faturamento
seria dado pela Tabela 11.1, a qual reflete a Figura 11.1:

Tabela 11.1: Receita total

P (R$) Q RT (R$) Rmg (R$)


5 0 0 -
5 1 5 5
5 2 10 5
5 3 15 5
5 4 20 5
5 5 25 5

Figura 11.1: Receita total na hipótese de preço constante.

A quarta coluna na Tabela 11.1 representa um conceito definido


pela Microeconomia como receita marginal. A receita marginal (Rmg)

64 CEDERJ
é a variação da receita devida à venda adicional de uma unidade. Isso

11
quando os números da quantidade produzida estão em termos discretos

AULA
(um automóvel, dois automóveis etc.), ou seja, variando de um em um.
Se em termos contínuos, isto é, a variação de produção pode ser infini-
tesimalmente pequena (balança de pesagem de ouro como 900 gramas
de ouro, 900,01 gramas etc.), temos a ideia de ser a menor fração da
unidade possível de venda, ou seja, a unidade marginal.
Exemplo: suponha a venda de x produtos, resultando em uma recei-
ta de R$ 100. Se ao vender x +1 unidades a receita passar para R$ 103,
então, a receita marginal associada é de R$ 3.

Em notação, a receita marginal é dada por:

∆RT
Rmg = (2)
∆q

Onde:
∆RT designa a variação na receita, e ∆q, a variação de uma unidade
na produção vendida, isto é, ∆q = 1.
O conceito de receita marginal como descrito na última equação
pode ser escrito em termos de uma função. Esta função que simboliza a
receita marginal tem uma notação típica de derivada de uma função, isto é:

dRT
Rmg = (2)
dq

Onde:
dRT designa a variação na receita em termos contínuos e dq, a
respectiva variação de uma unidade na produção vendida, o que repre-
senta a derivada da receita em termos de produção.
Por sua vez, como falamos, o custo total (CT) já é por nós conhe-
cido (Aula 9), o qual, no curto prazo, assume, em geral, a forma gráfica
da Figura 11.2:

CEDERJ 65
Análise Microeconômica | O fator lucro

Figura 11.2: Custo total de curto prazo.

Com base nas Figuras 11.1 e 11.2 e considerando a equação


(2), podemos observar a faixa de lucro, dadas as condições de custos e
receitas para os vários níveis de produção. Pela Figura 11.3, observamos
a ocorrência de lucro entre os níveis q’ e q’’. Faixas de produção abaixo
de q’ ou acima de q’’ são áreas de lucro negativo, isto é, prejuízo.

Figura 11.3: Níveis lucrativos de produção na hipótese de preços constantes.

Por assim dizer, temos faixas de lucros e prejuízos para diversos


níveis de produção. É razoável que seja assim, pois, de um lado, uma
empresa produzindo poucos produtos pode ter mais custos do que receita.

66 CEDERJ
Seria o caso, por exemplo, de custos fixos não sendo cobertos pela

11
baixa receita, devido à diminuta produção. Por outro lado, produção

AULA
demasiadamente elevada pode gerar mais custos do que receitas. Isto
porque fica mais difícil e caro adquirir os insumos que já podem estar
escasseados no mercado, e as vendas em muitas unidades poderão forçar
preços mais baixos (caso de quebrar a hipótese de preços constantes).
Uma explicação mais técnica para a acentuada inclinação do custo
total em unidades elevadas de produção está na Aula 9. Lá, vimos que o
esgotamento da capacidade de produção exige o emprego de mais fato-
res para cada unidade adicional de produção (queda de produtividade
marginal do insumo variável), o que implica custo marginal maior, assim,
custo total mais inclinado.
Passamos a examinar a receita total (RT), desconsiderando
a hipótese de preço constante. Depois de um certo nível de vendas,
para aumentá-las é possível vir a precisar reduzir seus preços tal como
“informa” a curva de demanda (preços inversamente relacionados com a
quantidade comprada). Nesse aspecto, a receita total deixa de apresentar
a forma gráfica de uma reta. Vejamos, pois, a construção da forma da
receita total no caso de preços variáveis.
Supondo a curva de demanda em forma de uma reta, teremos a
respectiva receita total, ilustrada na Figura 11.4. Vemos a receita total
composta por uma faixa crescente e outra decrescente. A razão disso é
dada pela associada curva de demanda. Quando os preços estão muito
elevados, a demanda está reprimida: as pessoas não compram muito em
razão de o produto estar muito caro. Uma redução de preços levaria a um
elevado aumento na quantidade comprada, resultando aumento na recei-
ta. Esta é a faixa em que a elasticidade da demanda é maior do que um.
Sucessivas reduções de preços ainda aumentarão a receita total,
mas o aumento será em intensidade cada vez menor (o grau de elastici-
dade da demanda vai diminuindo). Por fim, haverá determinado preço
cuja redução trará agora um efeito contrário sobre a receita, ou seja, a
RT diminuirá. Não entraremos em detalhes, mas o preço a partir do qual
a receita começa a diminuir coincide exatamente com o ponto médio da
curva de demanda na forma de uma reta.
Como vimos na Aula 4, se a redução dos preços diminui a receita
total, então nessa faixa a elasticidade de preço da demanda é menor do
que um. Novas reduções de preços implicarão acréscimos pequenos nas

CEDERJ 67
Análise Microeconômica | O fator lucro

vendas (provavelmente os consumidores já terão a quantidade desejada


para suas necessidades), de maneira a causar uma queda na receita total.
Observe que a elasticidade de preço vai diminuindo até que chega ao
valor zero.

Figura 11.4: A curva de demanda e a receita total, sem a hipótese de preço constante.

Como temos a forma da receita total, basta inserir no mesmo


gráfico como se comporta a curva de custos para observamos a faixa de
lucratividade da empresa. Observe que é inteiramente análogo ao caso
de preço constante, com a única diferença para a forma da receita total.
A Figura 11.5 faz a ilustração:

68 CEDERJ
11
AULA
Figura 11.5: Níveis lucrativos de produção na hipótese de preços variáveis.

Vimos, assim, as duas formas da receita total para os casos de


preços constantes ou preços variáveis. Nas duas aulas seguintes, exami-
naremos a situação de mercado que leva a supor preço constante ou não
para a dedução da receita total e também das faixas de lucro.

LUCRO MÁXIMO

O que é lucro máximo? Em palavras, a resposta seria trivial.


Simplesmente, o maior lucro possível de ser auferido diante de todo o
conjunto possível de produção. Em termos analíticos, o ponto de pro-
dução em que há a maior distância entre a receita total e o custo total,
supondo, evidentemente, a receita total maior do que os custos. Ocorre
que nem sempre conseguimos visualizar no gráfico onde está exatamen-
te tal ponto de lucro máximo. Daí, podemos nos socorrer através dos
conceitos de derivada.
Antes, vamos a uma preliminar. Observe que a equação de lucro
total é uma função. Isto é, lucro é uma função em relação à produção.
Para ser mais detalhista, observe a receita total e o custo total como
funções em relação à quantidade produzida. Podemos reescrevê-las como:

RT = f(q) (3)
CT = g (q) (4)

As expressões (3) e (4) são apenas notações (tipo y = f(x)), onde as


variáveis RT e CT são, respectivamente, funções da variável q, cada uma

CEDERJ 69
Análise Microeconômica | O fator lucro

delas a seu modo. Portanto, RT e CT são variáveis ditas dependentes da


variável q, pois RT e CT dependem da variável independente q.
Como L é resultado de duas funções de uma mesma variável
independente, ela também será função. Assim, lucro tem notação de
função em relação a q:

L = z (q) (5)

Portanto, agora estamos preparados para aplicar o conceito de


derivada estudado e aplicado na Aula 12, sobre Métodos Determinísticos.
A aplicação da derivada leva ao seguinte postulado: uma função
em seu ponto máximo leva a primeira derivada (L’) naquele ponto a ter
valor zero; por sua vez, a segunda derivada (L’’) terá valor negativo. Por-
tanto, vamos derivar a equação (L) e observar o que diz o seu resultado.

1º passo:
L (q) = RT(q) – CT (q) (6)

A equação (6) é a função lucro em razão das funções receita total


e custo total. Nada mais é do que a equação (1), agora explicitada como
dependente da variável q.

2º passo:
Vamos derivar a equação lucro, cuja expressão é:

dL(q) d(RT (q) − CT (q))


=
dq dq

Retirando-se os termos (q) que estão designando as funções, temos:

dL dRT dCT
= − =0 (7)
dq dq dq

A equação (7) é o princípio da aplicação da derivada para localizar


o ponto máximo de uma função. No caso, a função é a função lucro. Por
tal princípio, no ponto de produção em que o lucro for máximo, o valor
da derivada será zero. Observe que representa a derivada de L em relação
a q, o que, de forma análoga, representa, respectivamente, as derivadas

70 CEDERJ
da receita total e do custo total. Nesta última, a derivada do custo em

11
relação à quantidade é o custo marginal, estudado na Aula 9 da nossa

AULA
disciplina. Como vimos lá, é a variação do custo total, quando varia a
produção em uma unidade ou na menor margem possível de variação.
Resta apresentar a derivada da receita total, a chamada receita marginal.
Assim, a equação (7) pode ser reescrita como:

dL
= Rmg − Cmg = 0 (8)
dq

Assim, como uma função no ponto máximo tem derivada igual a


zero e a função lucro tem a sua derivada na forma da equação (8), temos
que em seu ponto de máximo:

Rmg = Cmg (9)

A rigor, como determina a aplicação da derivada, deveríamos


obter a segunda derivada para termos certeza de que o lucro é máximo
naquele ponto. Todavia, para nosso nível de aprendizado e propósito,
já nos é satisfatória apenas a verificação da primeira derivada. Temos,
como conclusão relevante, que, quando o lucro for máximo, a receita
marginal é igual ao custo marginal. Mas o que significa isso?
Vamos observar a lógica econômica para o caso. O que significa
a receita marginal superior ao custo marginal? Significa que o custo de
produzir uma unidade a mais (Cmg) é menor do que a receita obtida por
essa unidade vendida. Assim, produzir mais uma unidade aumentará o
lucro. Portanto, sempre que a receita marginal for maior que o custo
marginal, o lucro aumentará se a empresa vier a produzir e vender uma
unidade a mais do que já produz. Observe o inverso disso. Se o custo
de produzir mais uma unidade for superior à receita que será advinda,
o lucro cairá. Por exemplo, gasta-se R$ 5 para produzir e R$ 3 para se
vender a unidade extra, o que faz o lucro adicional ser negativo.
Concluindo: se a receita marginal for maior que o custo marginal,
a decisão de quem visa maximizar lucros é de aumento na produção; se a
receita marginal for menor que o custo marginal, a saída é diminuir
a produção. Portanto, somente quando a receita marginal for igual ao
custo marginal é que teremos uma posição de maior lucro possível, na
qual não haverá estímulos para variar a produção.

CEDERJ 71
Análise Microeconômica | O fator lucro

Vamos a um exemplo para consolidar nossas ideias. Suponha uma


empresa cujo preço de mercado de seu produto é constante, a R$ 5. Isto
é, ela pode vender qualquer quantidade de sua linha de produção a esse
preço. O restante de informações é dado pela Tabela 11.1. Nela, podemos
observar como se comporta o lucro entre os níveis 1 e 6 de produção,
bem como as receitas total e marginal e os custos total e marginal.

Tabela 11.2: Valores imaginários de receitas e custos para uma empresa

Quantidade Receita total Custo total Lucro Receita Custo


(q) RT= (p.q) (R$) (R$) L = (RT - CT) (R$) marg. (R$) marg. (R$)
1 5 1 4 5 -
2 10 2 8 5 1
3 15 4 9 5 2
4 20 7 13 5 3
5 25 11 14 5 4
6 30 16 14 5 5
7 35 22 13 5 6
8 40 29 11 5 7

Pela Tabela 11.2, observamos que o lucro máximo dá-se produ-


zindo seis unidades. Nesse ponto, a receita marginal é igual ao custo
marginal. Vamos analisar pontos fora dessa igualdade. Por exemplo,
no nível de três unidades produzidas, a situação econômica da empresa
revela que, se a produção aumentasse em mais uma unidade, a receita
marginal seria cinco, porquanto o custo marginal passaria para R$ 3.
Isso significa que, para produzir mais uma unidade, gastam-se mais R$ 3,
mas tem-se como contrapartida uma receita adicional de R$ 5. Ora, o
lucro deve aumentar em R$ 2. Se o lucro pode aumentar, então o ponto
de três unidades produzidas não é o ponto de maior lucro alcançável.
Se a empresa almeja o lucro máximo, ela irá expandir sua produção até
que a receita marginal seja maior do que o seu respectivo custo marginal.
E no ponto em que o custo marginal for maior do que a receita mar-
ginal? Bem, vamos responder olhando o nível de sete unidades produzidas.
Naquele ponto, a receita marginal é R$ 5 e o custo marginal, R$ 6. Isso
revela que, ao ter aumentado sua produção de seis para sete, a venda por
essa unidade foi de R$ 5, mas o custo adicional, R$ 6; portanto, o lucro
diminuiu. Isto é, não foi vantagem econômica passar de seis para sete.

72 CEDERJ
Assim, se a empresa visa ao lucro máximo, tenderá a diminuir sua produção

11
se o custo marginal for menor do que a sua respectiva receita marginal.

AULA
Bem, se a empresa estará estimulada a aumentar a produção quan-
do a receita marginal for maior que o custo marginal e a diminuir, no
caso de a receita marginal apresentar valor menor que o custo marginal,
então, por lógica, apenas no ponto em que essas duas variáveis forem
iguais é que teremos uma posição de estabilidade na produção, no caso,
de lucro máximo. Moral dessa bela história: se a empresa está no ponto
de produção em que o lucro é o maior possível (lucro máximo), a receita
marginal tem o mesmo valor que o seu respectivo custo marginal, tal
qual vimos pelo processo admirável das derivadas.
Uma advertência! Lucro máximo não é o mesmo que dizer que
o lucro seja alto. Pode ser um lucro de baixo valor monetário. Dadas
as condições do momento acerca de preços, custos, vendas etc., o lucro
máximo possível pode ser baixo. Pode até ser o lucro máximo uma situ-
ação de menor prejuízo. Nesse caso, vamos dizer que o ponto de lucro
máximo (o máximo que se pode fazer do ponto de vista do lucro) é na
verdade o prejuízo mínimo.
Vamos a um exemplo teórico e detalhado de como se pode extrair
o ponto de lucro máximo, a partir das curvas de receita e de custo mar-
ginais. Imagine uma empresa com a estrutura de custos definida por
uma equação como:

CT = q3 – 3,5q2 + 7 q + 50 (10)

A equação (10) é a curva de custo total. Por sua vez, essa empresa
pode vender ao preço de R$ 5, a unidade. Vamos extrair o ponto de
produção em que o lucro é máximo e o valor desse lucro. Como sabemos,
no ponto de produção de lucro máximo, a receita marginal é igual ao
custo marginal. Vamos determinar essas variáveis e igualá-las, assim,
teremos, dadas as condições de custos e receitas, a produção geradora
de maior lucro. Vejamos:

a) Identificando a receita marginal


Observamos que, se a empresa toma o valor de 5 como preço
para venda de seu produto no mercado, dito, preço de mercado, então,
RT = pq passa para RT = 5q. Utilizando a equação (2), que é a aplicação

CEDERJ 73
Análise Microeconômica | O fator lucro

da receita marginal na forma de equação, tudo que devemos fazer para


achar a receita marginal é derivar a função receita total (uma variável)
em relação à produção (outra variável):

RT = 5q
∆RT ∆5q
Rmg = = =5
∆q ∆q

Portanto, a receita marginal é uma constante de valor 5. Vale


observar que, com preços constantes, a receita marginal será sempre
uma constante e igual ao valor do preço, ou seja, não foi coincidência o
fato de o preço ser igual à receita marginal. Afinal, a receita total variará
apenas em razão do que se recebe pela unidade vendida, que é sempre
o mesmo valor, o preço constante.

b) Identificando a expressão do custo marginal


Como o custo marginal é a derivada do custo total, tudo que temos
a fazer é derivar a função custo total em relação à produção. Assim:

dCT
Cmg = = 3q 2 − 7q + 7
dq

c) Determinando o ponto de igualdade entre Rmg e Cmg como


presunção de ponto de lucro máximo
Igualando a receita marginal com o custo marginal, temos:

5 = 3q2 – 7q + 7

Isso gera uma equação do 2º grau, na qual já nos é bastante fami-


liar a determinação dos pontos q que a satisfazem:

3q2 – 7q + 2 = 0

−b ± b2 − 4ac
x=
2a
7 ± 49 − 24
q=
6

Resultando em q = 2. Assim, o maior lucro alcançável encontra-se


em duas unidades produzidas.

74 CEDERJ
Na realidade, o resultado dessa equação gerou dois valores de q.

11
Como regra (sem exceção), você pode considerar a quantidade de maior

AULA
valor numérico, por uma razão demasiadamente teórica para nossos propó-
sitos, o que, em razão do nosso espaço de aula, optamos por não justificar.
Da mesma forma, observe o que está escrito no enunciado do item c. Foi,
utilizada a palavra presunção. Isso porque com todo o rigor necessário, não
poderíamos dizer que a simples observação de que Rmg = Cmg já seria sufi-
ciente para termos o ponto de lucro máximo. A rigor, teríamos de confirmar
tal ponto, analisando a segunda derivada, o que também não fazemos por
conta do nosso espaço de aulas e dos nossos objetivos, tendo em vista ser
esta uma aula voltada para a graduação do curso de Administração.

d) Determinando o valor do lucro máximo


No nível de duas unidades, se a receita total é 10, o custo total é:
CT = q3 – 3,5q2 + 7 q + 50 = 23 – 3,5(2)2 +14 + 50 = 58.

Como o lucro é RT – CT:


L = – 48

Ora, lucro negativo é prejuízo. Então, em verdade, esse é o ponto


de maximização de lucro, dadas as circunstâncias de custos e receitas
nesse mercado. Na verdade, porém, podemos interpretar essa situação
como a de minimização de prejuízo. Isto é, em qualquer outro nível de
produção, o prejuízo será ainda maior.

Atividade 1
Um empreendedor estima que a estrutura de custos para o intervalo de produ- 4

ção de zero a 5 (em lotes de cem unidades) será algo como a curva de custo,
1
CT = − q3 + 2q 2 + 6q .
3
Seu empreendimento é pequeno, ele sabe que suas ações de produção não afetam o
mercado. Portanto, pode vender o que quiser ao preço de mercado, que é invariavelmente
R$ 10. Pede-se:

1. Como ele objetiva alcançar o máximo lucro, qual seria o nível de produção para tal?

CEDERJ 75
Análise Microeconômica | O fator lucro

2. Sabemos que nem toda nova empresa consegue lucros assim tão facilmente. Às
vezes, mesmo dando o melhor de si, acaba tendo de fechar as portas. Verifique se o
ponto de produção é mesmo de uma maximização efetiva de lucro ou uma situação
de minimização de prejuízo.

Resposta Comentada
1. Temos um tratamento de custos dado por equação. Para achar o ponto de
produção de maximização de lucros, vamos igualar a expressão da receita
marginal com o custo marginal.

Rmg =10
dCT
Cmg = = − q2 + 4q + 6
dq
Rmg = Cmg
10 − q 2 + 4 q + 6
Rmg = Cmg
10 = − q 2 + 4 q + 6
−q 2 + 4 q − 4 = 0

Isso que leva a q = 2 como ponto de maximização de lucro.

2. Vamos verificar se o lucro é máximo mesmo ou se é ponto mínimo de prejuízo.


Ao se produzir e vender duas unidades, a receita é R$ 20.

1 3
O custo total é CT = − q + 2q 2 + 6q = − 2,67 + 8 +12 = 17, 33 .
3

Então, o valor do lucro nesse ponto é RT – CT = 20 – 17,33 = 2,67. Assim, é


verdadeiramente um lucro máximo!

76 CEDERJ
RECEITA MARGINAL DECRESCENTE

11
Acabamos de abordar a situação de receita marginal constante,

AULA
todavia, devemos considerar o caso da receita marginal decrescente.
Isto é, ao vender uma unidade adicional, a receita marginal diminui. A
curva de demanda decrescente vem justamente demonstrar que o preço
diminui quando se quer vender mais, o que pode resultar em queda de
receita marginal. A demanda compra mais uma unidade quando o preço
cai. Como ilustração, veja a Tabela 11.3:

Tabela 11.3: Demanda, receita total e receita marginal decrescente

Quantidade Preço Receita total Receita marginal


10 20 200 -
11 19 209 9
12 18 216 7
13 17 221 5

A hipótese de receita marginal decrescente vem, como dis-


semos, da existência da curva de demanda com forma também
decrescente, o caso normal. Como está ilustrado na Tabela 11.3, os
dados da relação entre preços e quantidades demandadas produzem
como será a receita total e a associada receita marginal; portanto,
são três funções relacionadas mutuamente, e podemos examiná-las
graficamente. A Figura 11.6 traz a ilustração da curva de demanda
e das associadas receita total e receita marginal. Desenhamos nessa
figura a curva de demanda como uma reta que toca os dois eixos
(eixos dos preços e quantidades).

CEDERJ 77
Análise Microeconômica | O fator lucro

Figura 11.6: Relação gráfica entre curva de demanda, receita total e receita marginal.

Observando a Figura 11.6, constatamos que, sendo a demanda


uma reta decrescente que toca os eixos, a curva da receita total inicia-se
em forma crescente, atinge um ponto máximo e depois cai até chegar
a zero. Ela inicia e termina no zero, porque seu resultado depende do
produto de preços e quantidades dados pelo que a demanda paga.
Lembrando a Aula 4, no trecho em que a RT é crescente, a deman-
da é elástica: o preço reduz em uma proporção, a demanda aumenta em
uma proporção maior, tal que a receita total aumenta. Por sua vez, no
trecho em que a RT é decrescente, a demanda é inelástica: o preço reduz
em uma proporção, a demanda aumenta em uma proporção menor, tal
que a receita total diminui. Por fim, no ponto em que a RT é máxima, a
elasticidade da demanda é dita elasticidade unitária. Isso quer dizer que
uma variação proporcional de preços resulta em uma equivalente varia-
ção proporcional na quantidade demandada, de forma a não variar a RT.
Dadas a demanda e a receita total, obtemos a forma da receita
marginal, conforme vimos, numericamente, a partir das Tabelas 11.2 e
11.3. Observe que, teoricamente, a receita marginal pode ser negativa.
Isto se dá no trecho em que a elasticidade da demanda é menor do que 1.

78 CEDERJ
Utilizamos a palavra “teoricamente”, pois, na prática, nenhum empresá-

11
rio, almejando o lucro máximo, admitiria baixar os preços para receber

AULA
menos. A receita marginal no trecho negativo é estímulo para o empre-
sário aumentar o preço, pois aumentando-o, a receita total irá aumentar,
conforme o conteúdo do boxe explicativo a seguir.

Receita marginal
negativa: é possível?
A receita marginal é possível em uma situa-
ção temporária, não em uma situação de produ-

?
ção estabilizada ou de equilíbrio. Isto é, o empresário
maximizador de lucro não escolhe o nível de produção em
que a respectiva receita marginal esteja com valor negativo.
Estando em um trecho de produção em que economicamente a
receita marginal está negativa, o administrador tratará de reduzir
a produção, pois sua receita e seu lucro aumentarão. Observe dados
numéricos criados na tabela a seguir:

Quantidade Preço (R$) Receita total (R$) Receita marginal (R$)


4 20 80 -
5 18 90 10
6 16 96 6
7 13 91 -5
8 10 80 -10

Nos pontos de produção 7 e 8, a receita marginal apresenta valores negativos.


Por exemplo, se a produção (e venda) é de 8 unidades, a receita total é 80.
Se houver redução da produção para 7 unidades, haverá um aumento no
faturamento. Sua receita total aumentará, produzindo menos! Isto é, ocor-
rerá uma combinação de queda de custos (CT) com aumento de receita,
porquanto resulta em elevação de lucro. Mas também se observa que
ao se reduzir a produção para 6 unidades, a receita passará para 96.
Portanto, a receita e o lucro continuarão aumentando. Provavel-
mente, essa será a sua ação, se ele perseguir o lucro máximo;
portanto, sempre que a receita marginal apresentar valor
negativo, o empresário estará estimulado a restringir a
produção, pois estará a um só passo aumentando
a receita (inelasticidade da demanda) e dimi-
nuindo custos (devido à redução da pro-
dução), o que é sinal inequívoco
de aumento de lucro.

CEDERJ 79
Análise Microeconômica | O fator lucro

Atividade 2
Uma empresa objetiva maximizar lucros. A demanda do mercado em que atua 3 4

é especificada por: p = 14 – 2 q. Já o custo total de produção é dado por:


CT = q2 + 2q. Com essas informações, determine:
a) o ponto de produção em que essa empresa opere com lucro máximo;

b) o preço de mercado no ponto de lucro máximo;

c) o valor do lucro máximo;

d) o nível de produção de lucro zero.

Resposta Comentada
a) Para determinar o lucro, precisamos igualar a expressão da receita marginal
à expressão do custo marginal. Em seguida, extrair a quantidade resultante dessa
igualdade. A receita marginal (Rmg) é a derivada da receita total. A receita total
(RT) é o preço multiplicado pela quantidade; portanto, se temos a equação de
preços, basta multiplicá-la pela variável quantidade para termos a receita total:
p = 14 – 2q.
RT = pq = 14 q – 2q2.
dRT
Rmg = =14 − 4 q
dq
O custo marginal é a derivada do custo total:
dCT
Cmg = = 4q + 2
dq
Rmg = Cmg → 14 – 4q = 2q + 2 → q = 2
Portanto, a empresa maximiza o lucro ao produzir 2 unidades.

b) Para determinar o preço, basta substituir a quantidade encontrada


na curva de demanda, o que dá p = 10.

80 CEDERJ
11
c) Para achar o lucro, basta substituir os valores de p e q encontrados na

AULA
equação de lucros:
L = RT – CT = 14 q – 2 q2 – q2 – 2q = 28 – 8 – 4 – 4 = 12.

d) Lucro zero é o ponto em que o valor arrecadado iguala-se ao valor do custo


produzido: RT = CT. Assim:
14q – 2q2 = q2 + 2q → q = 4

A MAXIMIZAÇÃO DAS VENDAS

De modo geral, as empresas têm o objetivo de lucro. Não obstante


o desejo de lucro, outros objetivos podem concorrer para as decisões de
produzir (ou circular) bens e serviços para o mercado. Um deles é o de
maximizar as vendas.
A maximização de vendas representa a meta de vender o máximo
possível. Não é muito difícil entender por que um administrador ou um
conselho de diretores teria o interesse de vender o máximo possível. A
resposta mais simples é a de ganhar parcela de mercado. Normalmente,
quando uma empresa inicia suas atividades, é baixa a sua participação
naquele segmento de mercado. Seu produto é desconhecido dos consu-
midores. Para conquistar m a r k e t share, a empresa efetua ações, como Market share

gastos em publicidade, promoção de preços etc. Portanto, apesar da É o termo em inglês


para a fatia, parcela
finalidade do lucro, o alvo primeiro (talvez uma estratégia) consiste em ou quota de parti-
cipação de mercado
adquirir participações dentro do mercado específico para aquele produto.
de uma empresa em
Assim, podemos supor, não raro, que as empresas, em início de atividade, razão de determi-
nado mercado. Se
estão preocupadas em maximizar suas vendas. Conforme veremos mais uma empresa pro-
duz 20% do que é
adiante, a busca por maximização das vendas não está unicamente res- negociado em todo o
trita às empresas em início de atividade. Ao contrário: não são poucas mercado, seu market
share é de 20%.
as grandes empresas que visam fazer constar seu nome no ranking das
maiores empresas, publicado anualmente pelas revistas especializadas.
Há vários tipos de maximização de vendas. A maximização de
vendas pode ser condicionada ao lucro ou não. Não condicionada ao
lucro significa que a empresa venderia tudo o que pudesse vender mesmo
vindo a sofrer. Por ora, vamos descartar essa possibilidade. O mais
sensato é o da maximização de vendas condicionada ao lucro. Nessa,
podemos distinguir dois casos:

CEDERJ 81
Análise Microeconômica | O fator lucro

a) maximização das vendas desde que não haja prejuízo;


b) maximização das vendas após um determinado nível de lucro.
Vamos abordar esses dois casos por meio da leitura gráfica das
curvas da receita total, do custo total e do lucro total, o que veremos
ser algo de fácil compreensão. A maximização das vendas sem que haja
prejuízo conduz a produção máxima até ao ponto de lucro zero, ponto
q’’. Pela Figura 11.7, observamos o ponto escolhido em nível maior de
produção daquele do lucro máximo, q*. Não é o ponto do limite da
capacidade produtiva da empresa, q’’’, posto ser uma situação de prejuízo.

Figura 11.7: Ponto de produção para o objetivo de maximização de vendas desde


que não haja prejuízo.

Podemos indagar sobre o efeito de uma queda de demanda, digamos,


provocada por uma redução do poder aquisitivo dos consumidores acerca
do ponto de maximização de vendas. Será que haveria alguma alteração?

82 CEDERJ
Atividade 3

11
AULA
Uma empresa tem uma curva de demanda, formulada pela equação: q = a – 2
bp, onde o parâmetro b representa o coeficiente do preço sobre a quantidade
demandada e a o coeficiente que representa todos os fatores que afetam a demanda
exceto o preço. No momento, a empresa está adotando a política de vender o máximo
possível, mas desde que não tenha prejuízo. Infelizmente, por alguma razão, o poder
aquisitivo dos consumidores cai.
Aponte graficamente se haverá ou não alguma alteração do ponto de produção dessa
empresa, considerando que esta ainda persiste em maximizar o valor de suas vendas
enquanto não sofrer prejuízo.

Resposta Comentada
Apenas precisamos lembrar o efeito de uma queda de renda na curva de
demanda e depois ajustá-la na curva de receita total da empresa. Se a renda
cai, a curva de demanda desloca-se para baixo, comprimindo a curva de receita
total, conforme ilustra o gráfico. Na equação da demanda, tal efeito recai sobre o
parâmetro a, que passará a representar um valor menor. Percebe-se que o novo
ponto a ser alcançado é o q’’*; portanto, uma produção menor do que era o ponto
q’’. Assim, mesmo que o interesse não seja exatamente o lucro, a produção irá
diminuir pelo fato de o resultado da demanda sofrer uma alteração desfavorável.

CEDERJ 83
Análise Microeconômica | O fator lucro

Sociedade
empresária

É a pessoa jurídica
constituída para
exercer atividade
econômica organiza-
da para a produção
ou circulação de
bens e serviços. O
capital social da
sociedade é integra-
lizado por um grupo
de membros, os cha-
mados sócios mem-
bros. Em linguagem
popular, é a empresa
composta por sócios. MAXIMIZAÇÃO DAS VENDAS SUJEITA A UM MÍNIMO DE
LUCRO
Sociedade
anônima Grandes empreendimentos empresariais, como normalmente são
É a espécie de socie- caracterizadas as s o c i e d a d e s empresárias do tipo s o c i e d a d e anônima
dade empresária cujo
capital social é cons-
(S.A.), podem almejar o crescimento de sua participação do mercado, mas
tituído por ações. Os depois de alcançado um determinado nível de lucro. Afinal, em uma S.A.,
sócios (acionistas)
têm responsabilidade o lucro é o dividendo que precisa ser distribuído entre os acionistas, além,
limitada aos valo-
res de suas ações. é claro, de constituir-se em fonte de recursos para novos investimentos.
A constituição é Assim, é possível a uma S.A. ter o objetivo de maximizar vendas
dada por estatuto,
em conformidade após a realização de um mínimo de lucro. A Figura 11.8 ilustra a situação.
com a Lei 6.404, de
1976. A Comissão O conselho administrativo determina o mínimo de lucro, digamos, L*.
de Valores Mobiliá-
Enquanto os lucros forem menores, tudo que a empresa fará será maxi-
rios (CVM) regula,
autoriza e fiscaliza as mizar o lucro até alcançar aquele valor (L*), contudo, após atingir esse
sociedades econômi-
cas de capital aberto. valor, a ideia é produzir o máximo possível. Se as condições do mercado

84 CEDERJ
(demanda, concorrência etc.) resultam em função lucro como a da Figura

11
11.8, fica fácil perceber a meta para a produção. Produzir-se-á ao nível

AULA
q’’. Este é o ponto de maximização de vendas que satisfaz a realização de
lucros exigida. Observe que o ponto de produção q* é o de maximização
de lucros. Abre-se mão de um lucro maior porque há o interesse de uma
maior participação de mercado (os executivos gostam de mostrar aos
acionistas que a empresa “cresceu”!).

Figura 11.8: Função lucro destacando um determinado patamar de lucros.

Atividade 4
O executivo profissional (aquele que não faz parte do quadro societário das 1
empresas) acredita ser de grande relevância aumentar tanto quanto for possível
a participação da empresa no mercado em que atua. Afinal, isso lhe conferirá prestígio
no mundo empresarial e, certamente, ele despontará como o executivo do ano. No
entanto, a assembleia de acionistas decidiu uma margem mínima de lucros (L*) para
o ano X. Considere o gráfico a seguir, que aponta para o ano X as condições de lucro
e o patamar mínimo de lucro exigido. Analise a situação em torno dos objetivos dos
acionistas e da maximização das vendas. A empresa maximizará as vendas ou o lucro?

CEDERJ 85
Análise Microeconômica | O fator lucro

Resposta Comentada
Como se observa, a taxa mínima de lucros exigida é maior do que a capacidade
da empresa para tal. Nesse caso, tudo que resta ao executivo é levar a produção
até o ponto de máximo de lucro, ponto q*. Sendo assim, o objetivo de
maximizar vendas é posto de lado.

PREÇO PREDATÓRIO: A ACEITAÇÃO TEMPORÁRIA DE


PREJUÍZO

Em sã consciência, ninguém deseja a dor, não é mesmo? Mas o


indivíduo aceita passar por um procedimento de dor quando está conven-
cido da compensação por algum benefício no futuro. Permitimos receber
uma picada porque a injeção trará o benefício da cura ou da prevenção
contra doenças. Inteiramente de forma análoga, o administrador abre
mão do lucro quando estrategicamente cogita ser compensado por mais
lucro no futuro.
Não é novidade para ninguém que empresas podem agir visando
reduzir o mercado concorrencial com o qual se defrontam. Nada melhor
do que ter de diminuir o nível de concorrência. Uma empresa poderosa
no mercado pode se ver tentada a elaborar planos estratégicos, visando
a expulsar empresas rivais do mercado. Uma das maneiras utilizadas é a

86 CEDERJ
prática de preços predatórios. Antes de mais nada, é muito importante

11
ressaltar a ilicitude de tal conduta empresarial. No Brasil (e em mais

AULA
de 100 países), há leis para punir empresas em ações desleais; no caso,
tomar uma atitude de vender a preço abaixo de custo com a intenção
de causar danos a seus concorrentes.
Assim, passamos a definir preço predatório. Preço predatório
é a política de uma empresa (predadora) de vender suas mercadorias,
adotando preços abaixo do custo, com a finalidade de eliminar seus
concorrentes, isto é, os consumidores procurarão produtos da firma com
menor preço. Ou as concorrentes passam a reduzir seus preços, o que
as levaria a auferir prejuízo, ou vão perder clientes até o ponto de não
mais poderem continuar a produção.
A empresa predadora adota essa estratégia ao estar convicta de
que tem mais condições de suportar prejuízos do que as demais. Algo
como se uma pessoa, sabendo da superioridade de fôlego em relação a
uma terceira (inimiga), pulasse de um barco para o fundo do mar com
ela abraçada. Portanto, a empresa predadora teria prejuízo junto com as
demais, mas, em razão da sua superioridade em capacidade econômica,
supõe-se que as outras entrarão em colapso financeiro, o que trará o
mercado só para ela. Nessa fase, a predadora voltaria a estabelecer os
preços de antes, quiçá mais elevados ainda, pois agora teria menos rivais,
na posição, quem sabe, de única no mercado.
Você já percebeu que é uma aposta quanto ao tempo? Percebeu
também que, na verdade, a predadora não está com o objetivo de prejuí-
zo, apenas o aceita, para ter lucros ainda maiores no futuro? A indagação
é: vale a pena ter prejuízo para depois auferir um lucro maior? Ora, isso
vai depender do tamanho e da extensão do prejuízo, comparados ao que
se espera receber de acréscimos de lucros no futuro. A Figura 11.9 traz a
questão, observando a duração de tempo como um fator fundamental ao
sucesso dessa estratégia de preços (lembre-se, ilícita). Vimos por parte da
empresa predadora a política de praticar preços incrivelmente baixos por
um período de tempo suficientemente longo para causar a expulsão de seus
concorrentes no mercado. Nesse intervalo de tempo, o predador sabe dos
seus prejuízos (lucros negativos), supondo o período t*. Após esse estágio,
os concorrentes sucumbem (abandonam o mercado). Eis o momento em
que o predador poderá elevar seus preços a níveis até mais altos do que
antes da ação predatória, posto que não terá os concorrentes; portanto,
terá níveis de lucros superiores aos de antes da prática ilícita.

CEDERJ 87
Análise Microeconômica | O fator lucro

Figura 11.9: Áreas de lucro e prejuízo na prática ilícita de preços predatórios.

Do ponto de vista estritamente econômico, ou seja, do ponto de


vista do objetivo de lucro, a estratégia será exitosa se a diferença entre
as áreas B (lucros) e A (prejuízo) for positiva. Se o tempo t* for dema-
siadamente prolongado, a tendência é abandonar essa estratégia, pois
além de tantos outros fatores, a predadora pode ser denunciada pelas
rivais, o que acarretará pesadas multas, conforme a legislação que cuida
desse assunto.
De imediato, você percebeu que não é qualquer empresa com
viabilidade para fazer tal política (ilícita) de preços predatórios. Além de
grande e poderosa, ela precisa conhecer bem o mercado, ter conhecimento
sobre a situação de custos das empresas rivais, prever se no momento em
que estabelecer os preços altos não atrairá outras empresas (nacionais
ou importadas).
Por que grande e poderosa? Ela precisa ter capacidade de supor-
tar prejuízo, enquanto a rival não sai do mercado. Afinal, enquanto
a empresa concorrente estiver em funcionamento, a predadora estará
tendo prejuízo. Ou tem recurso próprio, ou precisará recorrer a fontes
de empréstimos (mercado de capitais) para se financiar. E não é só isso,
há pelo menos duas outras condições para a viabilidade de preços pre-
datórios. Vejamos:
1) A empresa precisará ampliar sua capacidade instalada para
atender à demanda de mercado, compradora da empresa retirada do mer-
cado, isto é, se a empresa predadora produzia determinada quantidade
antes do preço predatório, terá de incorporar a produção anteriormente
realizada pela empresa expulsa do mercado.

88 CEDERJ
2) Caso o concorrente não tenha acesso a financiamento nacional

11
ou internacional para suportar o prejuízo, na hipótese de saber que está

AULA
havendo preço predatório e que esta prática é transitória.

OUTRAS INTERPRETAÇÕES SOBRE O LUCRO

Sabemos que o lucro é o resultado da diferença entre receita e


custos. No entanto, algumas concepções para interpretar essa equação
podem ser fundamentais a tomadas de decisões em uma empresa.
A primeira delas é a distinção do lucro nos conceitos contábil e
econômico. Contábil quando for apurado pela “simples” contabilização
das vendas (as receitas) e das despesas (os custos). A palavra “simples” foi
inserida entre aspas para fazer justiça ao pessoal da contabilidade, pois
nem sempre é fácil apurar com exatidão tudo que se vendeu e gastou. De
todo modo, o lucro contábil é a equação das receitas menos os custos,
podendo ser auferido por intermédio da contabilidade.
O lucro econômico incorpora o conceito de custo de oportunidade,
estudado na Aula 1. Portanto, consideramos como custo o volume de
rendimento alternativo que seria recebido se a empresa optasse por outra
produção. Por exemplo, se a empresa produtora de sabão em pó obteve
um lucro de R$ 100, mas se em sua produção alternativa de sabão líquido
veio a obter um lucro de R$ 180, então, devemos atribuir a decisão tomada
de produzir sabão em pó um prejuízo econômico (lucro negativo) de R$
80. Afinal, ela poderia ter exercido uma produção mais rentosa em R$
80. Só para relembrar (consulte a Aula 1 também), façamos uma breve
formalização.
Em determinado ano, as contas da empresa em unidades mone-
tárias foram:
• receita com as mercadorias vendidas: R$ 500.
• custos contábeis (custos diretos ou explícitos) com produção
e vendas = R$ 400.

Portanto, o lucro dessa atividade:


Lucro (L) = Receitas (R) – Custos (C)
L=R–C
L = 500 – 400 = 100
Esse resultado é o lucro contábil. Ocorre que, se a empresa tives-
se produzido outra mercadoria de sua competência (produto que seria

CEDERJ 89
Análise Microeconômica | O fator lucro

possível com os fatores de produção de que dispõe), as receitas seriam


de R$ 580. Teria, portanto, a alternativa de lucro de R$ 180. Assim,
R$ 180 é o custo de oportunidade sofrido na opção sabão em pó. Vamos
incorporar essa informação para extrair o lucro econômico (Le) pela
equação.
Os custos econômicos são compostos pelos custos explícitos (Ce),
somados aos custos de oportunidades (Co):
C = Ce + Co
Portanto,
Le = R – Ce – Co
Le = 500 – 180 – 400 = –80

O lucro econômico evidencia como perda aquilo que se deixa de


ganhar. É um conceito de lucro do ponto de vista estritamente econômico.
Observe que o lucro econômico é mais difícil de ser medido em
razão da dificuldade de se medir os rendimentos alternativos da empresa.
Como saber com exatidão o que se poderia ganhar em diversas possi-
bilidades de produção? E tem mais: uma coisa é saber o que se poderia
ganhar depois que aconteceu, outra é prevê-lo corretamente antes da
tomada de decisão sobre o que produzir.
Nesse ínterim, outra concepção para o lucro merece uma reflexão.
Vamos iniciá-la com um exemplo muito recorrente às pessoas. Um indivíduo
tinha um dinheirinho sobrando e dispôs-se a entrar no famoso mercado de
ações. Foi investir na Bolsa de Valores. Comprou tudo que tinha em ações,
cujo preço unitário era R$ 10. No dia seguinte, o preço da ação caiu para
R$ 9. Pergunto a você: ao saber dessa queda de preços, ele deveria vender as
suas ações? Em outras palavras, repito a mesma pergunta: poderíamos dizer
que no dia seguinte, ao vender as ações por R$ 9, ele estaria tendo lucro?
Bem, continuemos com a breve história. Aquele indivíduo, magoa-
do com a queda de preços, diz para todos em casa que não vai vendê-las,
porque comprou por R$ 10. Seria prejuízo de R$ 1 por ação. No outro
dia, o preço da ação cai para R$ 8. Com o mesmo raciocínio, ele não
vende. No quarto dia, o preço da ação está em R$ 7. Depois, R$ 6.
Possivelmente, desesperado, ele acaba vendendo.
Vamos analisar essa história sob a perspectiva de uma nova interpre-
tação para o lucro. Novamente, o lucro é a diferença entre receita e custos.
Nesse contexto, vale analisar que receita e custo devem ser considerados.

90 CEDERJ
Se o indivíduo comprou a ação por R$ 10 e a vendeu por R$ 6,

11
sofreu prejuízo de R$ 4 por ação. Se tivesse vendido no primeiro dia

AULA
seguinte à compra, o prejuízo seria de R$ 1; portanto, teria tido um
lucro de R$ 3, pois o prejuízo de R$ 1 é bem melhor do que o prejuízo
de R$ 4. Se ele demorar a vender e a tendência do preço da ação for de
queda, maior será o seu prejuízo.
Em síntese, temos duas acepções para o lucro. Há o lucro históri-
co e o lucro em perspectiva. Lucro histórico é aquele medido em razão
do que se gastou e vendeu. O lucro em perspectiva despreza qualquer
medida de gastos do passado. Leva em conta o que pode vir pela frente.
Uma frase aduz o lucro em perspectiva: “O que passou, passou!” Nessa
acepção, o importante é olhar para a frente, estimar tendências sobre os
preços e mercados. No caso do exemplo, se no dia seguinte o preço está
em R$ 9, o importante é saber o que virá pela frente. Ao ficar preso no
preço histórico (decisão de não vender porque pagou anteriormente um
preço maior), o prejuízo pode ser ainda pior.
Várias são as interpretações para o lucro. Ao se estudar contabi-
lidade de empresas, estuda-se lucro bruto, lucro líquido, lucro pré e pós
impostos, lucro real, lucro presumido. Enfim, são diversos tipos do gênero
lucro, importante para quem vai gerenciar e administrar uma empresa.

Atividade 5
Uma empresa industrial tem capacidade e recursos para produzir quatro tipos de 5
bicicletas: com marcha (A); com rodinhas de alumínio (B), com freio a disco (C);
com bagageiro (D). Pesquisas de mercado apontam os seguintes rendimentos líquidos
anuais: A = R$ 500; B = R$ 500, C = R$ 300, D = R$ 200.

Observação: considere rendimento líquido como a receita deduzida dos custos explícitos
ou contábeis.

Responda:
a) Qual o lucro econômico da empresa ao optar pela produção apenas de C?

CEDERJ 91
Análise Microeconômica | O fator lucro

b) Qual o lucro econômico da empresa ao optar pela produção apenas de B e inter-


prete esse resultado?

c) Suponha que o rendimento líquido de A fosse R$ 100, qual seria a resposta da letra b?

Resposta Comentada
a) O lucro econômico na opção C será dado pela observação do rendimento líqui-
do com o respectivo custo de oportunidade nessa opção. Ao decidir por C, o custo
de oportunidade, isto é, o maior valor alternativo que poderia ser auferido, seria de
R$ 500. Como foi de R$ 300, o lucro econômico é de – R$ 200 (R$ 300 – R$ 500).
Assim, apesar de a empresa receber um lucro de R$ 300, deixa de receber
R$ 200 do mercado por não produzir uma bicicleta que teria condições de fazê-lo.
b) Na opção B, o custo de oportunidade é R$ 500. Ao comparar com o que se
recebe, o lucro econômico totaliza zero. Isto informa que a empresa negocia um
produto que lhe traz a mesma rentabilidade que a melhor alternativa existente traria.
c) Nesse caso, o custo de oportunidade passaria para R$ 300, o que resulta em
lucro econômico de R$ 200 (R$ 500 – R$ 300), isto é, a empresa está na atividade
mais rentosa que lhe é possível. A segunda melhor atividade lhe traria um
rendimento líquido em valor inferior a R$ 200.

CONCLUSÃO

O lucro é o fator que ajuda a explicar a existência e o crescimento


das empresas. O lucro não é simplesmente a diferença entre o que se
ganha e o que se gasta para produzir. O lucro não apenas representa o
rendimento de quem detém a propriedade do empreendimento. Através
do lucro, a empresa obtém recursos para novos investimentos, visando
à inovação, ao crescimento e ao desenvolvimento de suas atividades.
Por intermédio da busca ao lucro, dá-se a produção, gerando empre-
go e renda para a sociedade através de salários e impostos pagos aos
empregados e ao Estado.

92 CEDERJ
Em geral, as empresas têm como objetivo a maximização do

11
lucro. No entanto, outras motivações podem estar presentes, como a

AULA
maximização de vendas, além do lucro; todavia, a inexistência do lucro
irá decretar mais cedo ou mais tarde a saída da empresa do mercado.

Atividade Final
Início de ano: os diretores da empresa Lucro Vem Ltda. reúnem-se para 1 2 4 5
discussão sobre os rumos dessa organização. Na pauta, os seguintes temas:

1. Escolher entre maximizar o lucro ou as vendas.

2. Avaliar os resultados econômicos do período anterior.

3. Manter ou mudar a linha de produção do ano anterior.

Considere as seguintes informações:


• os sócios da empresa não aceitam lucro anual menor do que R$ 1.000, sob pena de
destituírem toda a diretoria;
• a faixa da produção entre R$ 100 e R$ 150 unidades garante lucros superiores a R$ 1.000;
• nos limites da faixa acima, os lucros são de R$ 1.000;
• produzindo-se R$ 120 unidades, o lucro será de R$ 1.500, o maior lucro possível;
• a lucratividade do ano anterior foi de R$ 1.400 na produção de X. Com os mes-
mos recursos utilizados, a empresa poderia ter produzido Y, o que lhe
renderia 1.480.

CEDERJ 93
Análise Microeconômica | O fator lucro

Você é o consultor externo dessa empresa. Apresente breves conselhos ou argumentações


econômicas à instrução dessa reunião.

Resposta Comentada
1. Maximização do lucro ou das vendas.
Pelo que se observa, o lucro precisa ser no mínimo igual a R$ 1.000. A maximização
das vendas condicionada a essa faixa de lucro pode ser alcançada produzindo-se 150
unidades. Se maximizar o lucro, a meta será produzir 120 unidades; portanto, um ou
outro pode ser alcançado. A vantagem da maximização das vendas está em se ter uma
empresa com maior participação no mercado, o que lhe confere maior prestígio social
por ter mais produtos no mercado, mais empregos etc. A vantagem da maximização do
lucro são os lucros mais altos. Estes podem ser distribuídos aos sócios e/ou reinvestidos.

2. Avaliação dos resultados do ano anterior.


A produção e venda de X resultou um lucro contábil de R$ 1.400. No entanto, o lucro
econômico, considerando a oportunidade não realizada de produzir Y, resultou em
um prejuízo de R$ 80. O cálculo desse lucro econômico seria o lucro de X, subtraído
do lucro estimado para Y.
3. Se o objetivo for o de maximizar o lucro e as estimativas forem as mesmas ou
próximas aos resultados no período anterior, o melhor seria optar por produzir Y.

RESUMO

Os objetivos de uma atividade econômica que organiza seus fatores de produção


para a produção ou circulação de bens e serviços estão de uma maneira ou de
outra ligados à obtenção de lucro. A empresa pode maximizar o lucro ou não. No
caso de não maximizar o lucro, de uma forma ou de outra há de se considerar no
curto ou longo prazo a necessidade do lucro.
Para fins de cálculo, a maximização de lucros dá-se no ponto de produção em que
a receita marginal é igual ao custo marginal. Essa é uma condição necessária para
identificar o nível de produção e a quantidade de lucro que se terá no ponto de
lucro máximo.
O lucro pode ser compreendido de diversas formas. O lucro pode ser contábil
ou econômico. Lucro contábil é aquele em que se registram as contas pagas e

94 CEDERJ
11
AULA
recebidas. O lucro econômico envolve o conceito de custo de oportunidade. O
lucro econômico positivo sinaliza que, considerando os seus recursos, a empresa
está produzindo o produto mais rentável dentre todas as suas opções possíveis.
Se o lucro econômico é zero, a interpretação é de que pode estar havendo o lucro
contábil, no entanto, existe outra possibilidade de produção de igual lucratividade.
Se o lucro econômico é negativo, existe alternativa produtiva que, se escolhida,
poderia apresentar um lucro contábil maior.
Há diversas formas de interpretar o lucro. Para fins de tomada de decisão, uma
delas é a percepção de que o lucro deve ser avaliado em perspectiva. Nesse caso,
devemos considerar os gastos e receitas que estarão por vir, em vez daqueles que
já se realizaram.

INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na aula seguinte, estudaremos as empresas que operam no mercado


tipificado como concorrência perfeita. São empresas pequenas que operam
visando ao lucro máximo. Não obstante tal objetivo, a longo prazo, essas
empresas recebem lucro zero. Como? É o que veremos!

CEDERJ 95
12
AULA
O mercado competitivo
Cleber Ferrer Barbosa

Meta da aula
Analisar o comportamento de uma empresa,
quanto à decisão de preço e de produção em um
ambiente de alta competição.
objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você


seja capaz de:
1 identificar um ambiente de concorrência
pura pelas características típicas dos
mercados competitivos;

2 identificar como o nível de produção e o


preço são determinados por uma empresa
competitiva no curto prazo;

3 identificar como a firma atuante no mercado


competitivo determina seu preço e quantidade
produzida, no período de longo prazo;

4 reconhecer que as empresas em


competição pura auferem lucro zero no
longo prazo;

5 identificar a situação de longo prazo em


um ambiente de alta competição.

Pré-requisitos
Esta aula utiliza a representação gráfica dos
custos e receita de uma empresa, e o conceito de
maximização de lucros, estudados nas Aulas 9,
10 e 11. A lembrança desses pontos ajudará para
uma fácil leitura dos tópicos desta aula.
Análise Microeconômica | O mercado competitivo

INTRODUÇÃO Imagine que neste momento você vá às ruas do centro comercial/empresa-


rial de sua cidade. Observe como estão os empreendimentos empresariais.
Que características você poderia destacar? Provavelmente, você identificará
pequenos, médios e até grandes estabelecimentos. Algumas lojas com alta
frequência de clientes, outras nem tanto. Já que está no comércio, encon-
tre uma banca de jornais e gaste um pouco do seu dinheiro para adquirir
algumas revistas especializadas em empresas. Sentado ao banco da praça,
você folheia as revistas. Lê comentários e análises sobre as grandes empre-
sas e seus empresários. Verifica que no setor automobilístico, por exemplo,
as empresas são grandes e poderosas. Elas praticamente põem os preços
que quiserem no mercado. Por outro lado, nas últimas páginas das revistas,
naquelas reportagens de menor espaço, lá estão comentários sobre pequenas
empresas e microempresas. Pode ser que você pare sua leitura, para uma
rápida indagação: por que umas empresas são grandes, outras pequenas? Por
que em determinados setores, por exemplo, o automobilístico, só há espaço
para grandes empresas? Por que em outros setores, como os do varejo, a
maioria é do tipo pequena empresa?
Pois bem, as razões podem ser muitas, boa parte delas é justificada pelo que
entendemos como estrutura de mercado. Estudaremos a partir desta aula
diversos tipos de empresa. Elas são classificadas principalmente pelo grau de
concorrência e pelas demais características da estrutura de mercado em que
atuam. Nesta aula, tratamos o tipo mais clássico dado pela microeconomia: o
mercado da concorrência pura ou perfeita. Veremos que, no mundo real de
hoje, é um tipo de mercado muito difícil de encontrar, se considerarmos todas
as suas características teóricas. No entanto, sua riqueza conceitual permite
um excelente instrumento de avaliação e comparação com outros mercados
mais realísticos. Iniciando nossa caminhada, começamos por abordar, ainda
que brevemente, o que seja estrutura de mercado.

ESTRUTURA DE MERCADO

Existe um livro, obra necessária e comum aos mais diversos


campos do saber, digno de constar em posição privilegiada na estante
de qualquer estudante. Não raro, útil para auxiliar os primeiros entendi-
mentos sobre o objeto do que se vai estudar, esse livro é o famoso dicio-
nário. Justamente a ele é quem vamos recorrer para entender o que seja
estrutura de mercado. Pelo dicionário de Aurélio Buarque de Holanda,

98 CEDERJ
a palavra estrutura tem o significado de “disposição e ordem das partes

12
de um todo”. Há também uma segunda acepção como “o conjunto das

AULA
partes de uma construção que se destina a resistir a cargas”.
O mercado, que é o grande contexto de realização da produção,
transporte, comercialização, negociação de um ou mais produtos ou
serviços, é estruturado a partir de algumas considerações. São as consi-
derações de ordem tecnológica, econômica, institucional e sociológica. As
questões institucionais são exemplificadas pelas leis (direito empresarial
e do consumidor) e a forma como são julgados os processos judiciais,
bem como a esfera sociológica (por exemplo, a formação cultural da
sociedade) são temas deveras importantes. Todavia, tendo em vista
nossas limitações de conteúdo programático, nós nos concentraremos
nas duas primeiras abordagens: as partes tecnológica e econômica, para
caracterizar as estruturas de mercado.
Como ilustramos na introdução desta aula, as empresas podem ser
grandes ou pequenas. Determinado setor industrial (mercado industrial)
pode apresentar uma quantidade de grandes empresas bem diferente de
outro tipo de setor industrial. Por exemplo, o número de grandes empre-
sas automobilísticas é bem diferente do número de grandes empresas do
setor têxtil. As características técnicas ou econômicas de um mercado
podem ser bem diferentes, a ponto de distinguir um mercado do outro,
o que enseja entender estruturas de mercados diferentes.
Desse modo, a estrutura de mercado representa as características
de ordem econômica e tecnológica que bem definem um determinado
segmento produtivo. Resta saber quais são as características tecnológicas
e econômicas.
As questões tecnológicas são as ligadas à função de produção: Trabalho qua-
lificado
a forma em que são constituídos os custos de produção; onde e como
É aquele em que,
conseguir os fatores de produção; a necessidade ou não de trabalho para ser realizado, é
preciso um mínimo
qualificado, se a matéria-prima é abundante, se a técnica de produção de horas de apren-
é barata, se os custos fixos são elevados ou não etc. dizado. Há graus de
diferenciação para
As considerações de ordem econômica são aquelas ligadas ao trabalho qualificado.
Em regra, o trabalho
próprio mercado, à verificação do perfil dos consumidores quanto ao de um profissional
aspecto de renda e ao grau de preferência por marca ou não dos pro- de cirurgia cardíaca
exige um mínimo de
dutos suscetíveis à propaganda, às características do produto quanto à horas de treinamento
diverso daquele apto
propensão de surgimento de produtos substitutos e à facilidade ou não à cirurgia de extra-
ção de um dente.
de novas empresas ingressarem na produção, afetando a concorrência etc.

CEDERJ 99
Análise Microeconômica | O mercado competitivo

No que definiu o Dicionário Aurélio, dessas questões o mercado


constitui-se a partir de suas características. Estas vão tipificar a sua
estrutura de mercado. A estrutura de mercado seria:
1. A disposição e ordem de como estão as questões tecnológicas
e econômicas relacionadas à produção e comercialização de
bens ou serviços (as partes) para constituir o mercado (o todo).
2. O conjunto de características tecnológicas e econômicas que,
delineando a oferta e a demanda desse mercado, consolidam
seu funcionamento.

Podemos destacar quatro elementos para caracterizar uma estru-


tura de mercado:
a) o número e o tamanho (market share) de empresas ali cons-
tituídas;
b) o grau de diferenciação dos produtos (produtos homogêneos
ou não);
c) o grau de concorrência entre as firmas (empresas) participantes
desse mercado;
Poder de d) o domínio das empresas (denominado poder de mercado)
mercado
para estipular o preço que será praticado no mercado.
Capacidade de uma
empresa impor
determinado preço Diante disso, em sua formulação básica, a Microeconomia dife-
no mercado do pro-
duto em que atua. É rencia quatro estruturas de mercado: a concorrência pura (perfeita), o
o poder da empresa
ou de um pequeno monopólio, a concorrência monopolística e o oligopólio. Nesta aula,
conjunto delas para
tratamos da concorrência pura.
ditar preços dentro
de um mercado.

CONCEITO E ELEMENTOS DA CONCORRÊNCIA PURA

Também denominada por concorrência perfeita, a concorrência


pura é o mercado de maior competitividade entre as empresas, daí
chamarmos de concorrência perfeita, concorrência pura ou simples-
mente mercado competitivo. Apesar dessa denominação, veremos que
individualmente nenhuma empresa concorre diretamente com outra, a
concorrência é impessoal. Para entender bem o sentido disso, é preciso
que primeiro conheçamos um pouco mais esse mercado.

100 CEDERJ
12
Cabe uma observação

?
AULA
acerca da nomenclatura de termos
utilizados nesta aula. Por exemplo, são sinô-
nimas as palavras “empresa” e “firma”. Empresa ou
firma representam a unidade de produção, voltada para o
interesse do lucro. Por sua vez, “indústria” representa o total
de empresas constituintes de um mercado. A indústria é, portanto,
a soma de todas as empresas (firmas) participantes do mercado. O
quadro a seguir dispõe, lado a lado, os termos por nós admitidos como
de mesmo significado. Vale ressaltar que, a rigor, tais termos possuem dife-
renças conceituais. Para fins didáticos, os tomamos como equivalentes.
Termos utilizados como sinônimos nesta aula:

Firma = Empresa
Concorrência pura = Concorrência perfeita
Empresa em concorrência pura = Empresa ou firma competitiva
Produtor = Vendedor
Oferta agregada = Oferta de mercado
Demanda agregada = Demanda de mercado
Oferta da indústria = Oferta de mercado
Lucro econômico positivo = Lucro econômico extraordi-
nário
Lucro econômico zero = Lucro normal
Preço de mercado no longo prazo = Preço de equilíbrio de merca-
do no longo prazo

Primeiro vamos identificar evidências de uma estrutura de mer-


cado típica de concorrência perfeita. Esse mercado é caracterizado de
forma a ninguém acreditar que possa existir ou ter existido um mercado
exatamente com tais suposições. Vejamos: há um grande número de
empresas. Todas são pequenas, todas! Não pode existir uma grande ou
média empresa com grande volume de produção, vendas, ou qualquer
Poder de
outro aspecto. Os produtos negociados são idênticos, isto é, não há dife- barganha

renciação de conteúdo ou forma entre eles. Produtos sem diferenciação Poder que uma parte
tem para negociar
são denominados homogêneos. com a outra, normal-
Os consumidores desses produtos também são inúmeros. Cada mente exercido sobre
preços, condições de
um compra apenas uma pequena porção do total que é levado ao financiamento, pra-
zos de entrega dos
mercado. Assim, nenhum consumidor dispõe de p o d e r de barganha produtos etc.
na hora das compras.

CEDERJ 101
Análise Microeconômica | O mercado competitivo

Há plena informação e previsão nesse mercado. Por tal hipótese,


os consumidores conhecem os preços que estão sendo cobrados por
cada empresa e ninguém tem preferência por comprar em qualquer
empresa em particular, afinal os produtos são homogêneos. O mesmo
ocorre com as empresas. Elas sabem os preços uma das outras. Todo
o mercado, comprador e produtor, sabe o que acontece em termos de
preços. Daí a dizer que as informações sobre o que ocorre no mercado
são conhecidas por todos os seus agentes. A informação é plena e
perfeita quanto ao conhecimento dela; isso quer dizer, as informações
são simétricas, tanto os vendedores quanto os consumidores sabem
de tudo.
Nesse caso, não há custo diferenciado de transação, isto é, não
há diferença de custo para ir a um ponto de venda ou outro. Não há
qualquer preferência em comprar em um estabelecimento empresarial
ou em outro.
O mercado é totalmente livre. Qualquer um pode produzir ou sair
do mercado quando bem quiser. Tecnicamente, diz-se, para esta hipótese,
Barreiras à não haver b a r r e i r a s à entrada ou saída de empresas nesse mercado.
entrada
O conjunto dessas hipóteses gera algumas conclusões.
São os fatores que
tornam mais difícil Se os produtos são homogêneos, as empresas são pequenas, todos
e cara a entrada de conhecem os preços que cada empresa estipula e tanto faz negociar com
novas empresas no
mercado. Necessida- um ou outro agente; então, os preços praticados pelas firmas só podem
de de grandes gastos
em propaganda para ser iguais. Qual empresário colocaria um preço mais elevado, sabendo
iniciar uma produ-
que seu produto é igual ao do concorrente? Ele naturalmente veria seu
ção, é um exemplo.
produto encalhar, o que o faria voltar a acompanhar o preço que é pra-
ticado no mercado. De maneira inversa, se ele reduzisse seu preço de
maneira a ficar mais barato, sua produção rapidamente seria vendida,
mas não afetaria o preço de mercado, pois sua produção é pequena em
relação ao mercado.
Em resumo, o preço de mercado para a concorrência pura não é
afetado por um ou mesmo poucos agentes. Nenhum agente tem como
individualmente modificar o preço de mercado. Ele simplesmente verifica
qual é o preço que está sendo cotado pelo mercado e sujeita-se a ele.
Por exemplo, imagine que você esteja estimulado a vender refrigerante
na praia ou pipoca na praça de seu bairro. Já existem muitos vendedores
nesses mercados. Será que você vai “pensar” em vender com um preço
maior do que o daqueles que lá estão? Se assim fizer, vai voltar pra casa com

102 CEDERJ
tudo que levou. Os consumidores conhecem o preço que é vendido no local

12
em que você está. Assim é o preço de um mercado em concorrência pura.

AULA
Pelo mencionado, a empresa no mercado de concorrência, peque-
na, não “faz” o preço. Tudo se passa como se o preço fosse constante.
Ela “toma” o preço, isto é, o preço é dito tomado pela empresa. Diz-se
que o empresário de uma firma em concorrência (pura) é “t o m a d o r de A expressão t o m a -
dor de preço (price
p r e ç o ”. A expressão em inglês é com alguma frequência empregada por taker) expressa a
incapacidade de uma
consultores econômicos brasileiros: price taker.
empresa influenciar
A questão de preço constante para a firma em concorrência per- o preço de mercado.
O preço para ela é
feita é de fundamental importância para definir esse mercado. Você pode uma constante. Ela
não tem qualquer
observar que, à exceção da hipótese da livre entrada e saída das firmas poder para modificar
nesse mercado, todas as outras bastam para constituir rapidamente essa o preço que já está
estabelecido pelo
presunção: ninguém no mercado consegue afetar o preço de mercado. mercado.

O preço de mercado é dado para cada agente econômico nele constituído!


Isso quer dizer ausência total de poder de mercado.
A importância de preço constante para a firma é, talvez, a principal
e mais impactante evidência de um mercado competitivo. Para alguns
economistas, simpatizantes da teoria da concorrência perfeita, pode-se
desconsiderar as demais pressuposições para apenas considerar a ques-
tão do preço constante para cada firma. Se por qualquer razão (como
o tabelamento de preços), o preço for tomado para cada empresa no
mercado, tudo funcionará como em concorrência pura. Não obstante
tais posicionamentos, vamos considerar as quatro hipóteses tradicionais,
agora listadas:
1. Número elevado de empresas e consumidores de maneira
que cada um venda ou compre uma fatia não significativa
do mercado.
2. Os produtos são homogêneos.
3. Pleno conhecimento sobre o funcionamento do mercado.
4. Não há preferências por comprar em qualquer estabelecimen-
to ou vender para qualquer consumidor.
5. Inexistência de barreiras à entrada ou saída de firmas.
O objetivo da empresa em concorrência perfeita é o da maximi-
zação de lucros. Sendo pequena no mercado, tendo de aceitar o preço
dado pelo mercado, tudo que lhe resta fazer é obter lucro, o mais elevado
possível. Sendo assim, vamos analisar seu comportamento em termos de
produção para maximizar o lucro.

CEDERJ 103
Análise Microeconômica | O mercado competitivo

?
A classificação da
micro, pequena, média e grande
empresa no Brasil

As empresas enfrentam várias dificuldades para


sobreviver e crescer no mercado. São muitos desafios a
enfrentar. Um deles é o de cumprir as exigências tributárias.
O direito brasileiro concede um tratamento protetivo e diferen-
ciado às micro e pequenas empresas no Brasil. Na atual Constituição
Federal, de 1988, há previsão para o tratamento favorecido a empre-
sas de pequeno porte, dado pelo artigo 170, inciso IX, e pelos artigos
146 e 179. Assim, é preciso definir o que seja microempresa e empresa de
pequeno porte para que as empresas assim classificadas possam usufruir dos
benefícios e incentivos previstos nas legislações. Pelo artigo 3º da Lei Comple-
mentar 123/2006, instituidora do Estatuto da Microempresa e da Empresa de
Pequeno Porte, a classificação é dada pela receita bruta (a receita total por nós
estudada). Será microempresa aquela que auferir receita bruta anual até o valor
de duzentos e quarenta mil reais; acima desse valor até dois milhões e quatro-
centos mil reais, a empresa é definida como de pequeno porte.
Há outras formas de classificação, estabelecidas por diversas entidades (IBGE,
Sebrae), segundo os fins a que se destinam e ao tempo em que foram definidas. A
seguir, destaca-se a classificação do porte das empresas dada pelo BNDES através
das circulares nº 10/2010 e 11/2010, de 5 de março de 2010.

Classificação Receita operacional bruta anual


Microempresa Menor ou igual a R$ 2,4 milhões
Maior que R$ 2,4 milhões e me-
Pequena empresa
nor ou igual a R$ 16 milhões
Maior que R$ 16 milhões e menor
Média empresa
ou igual a R$ 90 milhões
Maior que R$ 90 milhões e menor
Média-grande empresa
ou igual a R$ 300 milhões
Grande empresa Maior que R$ 300 milhões
Fonte: BNDES. Disponível em: http://www.bndes.gov.
br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Navegacao_
Suplementar/Perfil/porte.html

Tendo identificado as características e o objetivo das empresas


em concorrência pura, vamos observar como elas operam no curto e
longo prazo.

O CURTO PRAZO

Todos os dias, a empresa depara-se com o preço estabelecido pelo


mercado, o qual não consegue afetar com suas ações, isto é, por ser uma

104 CEDERJ
pequena empresa, pode vender tudo que produziu ou não vender nada,

12
sem que venha a alterar o preço de mercado. Cada uma das inúmeras

AULA
empresas ali constituídas possui tal característica. Como vimos, elas são
do tipo price taker, tomadora de preço. Pois bem, a pergunta que você
pode estar querendo fazer é: se nenhuma firma “diz” o preço, quem então
estipula o preço que vigora no mercado, o chamado preço de mercado?
A resposta disso é tão simples como vaga: é o mercado!
O preço de mercado é dado pela forças de oferta e demanda, tal
como estudamos na Aula 2. Do total de ofertantes e demandantes que
levam suas aspirações (de compra e venda) ao mercado, chega-se após
certo período de tempo a um determinado preço. Esse é o preço de mer-
cado (de equilíbrio) que cada firma tomará como dado, isto é, como de
valor constante. A Figura 12.1 faz a ilustração.

Figura 12.1: A indústria e a firma no mercado concorrencial. O ponto em comum


entre a oferta da indústria (somatório de todas as ofertas individuais das firmas)
e a demanda de mercado expressa o preço de mercado (parte A); a firma toma
esse preço como dado, pelo qual pode vender qualquer quantidade dada por sua
capacidade produtiva, sem que afete o preço de mercado. A demanda para a firma
é com preço constante; portanto, uma reta horizontal (parte B).

Dadas as hipóteses da concorrência pura, as firmas vão ao merca-


do com os seus produtos, o que gera a oferta da indústria. Por sua vez,
os consumidores comparecem, manifestando seus desejos de compra,
representando a curva de demanda de mercado. Sucede a interação entre
a curva de oferta e a demanda o preço, como ilustra a parte A da Figura
12.1. Esse é o preço de mercado que todos os inseridos nele entenderão
como o preço que deve valer o produto negociado. Assim, como o preço
para a firma é invariável, a curva de demanda para cada firma é tida

CEDERJ 105
Análise Microeconômica | O mercado competitivo

como horizontal, como mostra a parte B. Portanto, a curva de demanda


para uma firma competitiva é horizontal, pois ela é extraída a partir do
preço de mercado. Este último, derivado da conjugação das curvas de
oferta e demanda do mercado.
É de fácil identificação o porquê da curva de demanda ser hori-
zontal para cada firma individualmente. Se ela tentar vender o seu pro-
duto, instituindo um preço acima do preço de mercado, não venderá
absolutamente nada. Afinal, todos conhecem o preço que vigora nesse
mercado; podem comprar da firma concorrente, dado que os produtos
são idênticos, algo como de alta padronização; não há custos adicionais
para comprar de uma ou outra firma. Assim, a venda será zero para
quem aumentar o preço. Se colocar um preço menor, ela venderá tudo
que tiver, quase que instantaneamente, sem afetar o preço de mercado,
isso porque sua produção é muito pequena perto das vendas do mercado.
Quer um exemplo?
Vamos imaginar um produto adequado para descrever nosso
mercado com estrutura de concorrência pura: sardinha!
Sardinha é um tipo de peixe em que, praticamente, não há dife-
renças entre os da sua espécie. Pescada em determinada época pelos
vários pescadores, todas as sardinhas são idênticas (produto homogêneo)
umas às outras. Cada produtor tem um pequeno barco, posto que leva
ao mercado tão somente algumas bacias com o produto. São muitos
pescadores na região. O mercado é a grande feira. Dado o preço da sar-
dinha do mercado, suponha $ 5, o pescador que pensar em vender a $
6, nada venderá. Como sua produção é pequena, se cotar a sua sardinha
a qualquer preço abaixo de $ 5, digamos $ 4, venderá tudo que tem,
instantaneamente, mas o preço na feira continuará a $ 5. Assim, a curva
de demanda para o seu produto é muito sensível ao preço dado pelo
mercado. Abaixo dele, vende tudo instantaneamente, o que certamente
não lhe trará lucro adequado, pois se assim fosse, o preço seria aquele;
acima, não vende nada! Tecnicamente, isso é interpretar a demanda
para a firma competitiva como sendo infinitamente elástica, tal como
conceituada na Aula 3.
Compreendida a curva de demanda, precisamos verificar qual será
a quantidade vendida pelo ofertante. Como ele almeja o lucro máximo,
sua produção será aquela que o levar a tal objetivo.

106 CEDERJ
A PRODUÇÃO E O LUCRO DE CURTO PRAZO

12
Como o preço é uma variável que permanece constante, a atenção

AULA
da empresa estará voltada para os custos. A receita, que é o produto dos
bens vendidos, altera-se apenas pela quantidade vendida. Para vender, é
preciso arcar com os custos de produção. Assim, cada unidade a ser colo-
cada à venda será observada com o seu custo adicional para produzi-la.
Se o custo adicional da produção dessa unidade for menor que o preço
de mercado, valerá vendê-la. Em caso contrário, não.
Ora, estamos falando de custo marginal e receita marginal,
estudados na aula anterior. Lá, aprendemos a regra da maximização
de lucros: a produção será tal que a receita marginal será igual ao seu
associado custo marginal.
No caso da concorrência pura, o preço é constante, gerando uma
receita marginal também constante e igual ao preço (consulte a seção
“Equação do lucro” na Aula 11). Em linguagem gráfica, a determinação
do nível de produção que maximiza o lucro é de fácil identificação.
A Figura 12.2 mostra a receita marginal e o custo marginal da
empresa em regime de concorrência pura. Suponha que o preço de mer-
cado seja $ 7. A receita marginal é constante e igual ao preço. O custo
marginal assume a forma geral, como vimos na Aula 9. Assim, a produ-
ção de 6 unidades será a quantidade que se desejará levar ao mercado,
pois proporciona o maior lucro possível dadas as condições de mercado.

Figura 12.2: Custo marginal igual à receita marginal e ao preço no equilíbrio de


curto prazo.

CEDERJ 107
Análise Microeconômica | O mercado competitivo

Na Figura 12.2, observe dois níveis de produção em que a receita


marginal apresenta o mesmo valor do custo marginal. Pela a regra da
igualdade entre receita marginal e custo marginal, poderíamos concluir,
erroneamente, a existência de dois pontos de lucro máximo. Você poderia
descobrir o motivo da incorreção? Poderia justificar o fato de apenas o
ponto q = 6 ser o de maximização de lucros? Antes de respondermos,
concedo-lhe uma pista: observe o efeito sobre o lucro ao aumentar o
nível de produção em cada um desses dois pontos (q = 1; q = 6).
Pois bem, o ponto q = 1 não pode ser um ponto de máximo lucro
por uma razão muito simples: se aumentar a produção, o lucro aumenta.
Suponha a firma, produzindo no ponto q =1. Ela irá observar que, se
produzir uma segunda unidade e levar ao mercado, terá o acréscimo de
custo de $ 6, mas receberá uma receita adicional de $ 7. Logo, há um
ganho de lucro de $ 1. Portanto, o ponto q = 1 não é um ponto de lucro
máximo. Agora, vamos ao ponto q = 6. Se aumentarmos a produção e
vendermos ao mercado, teremos um acréscimo de custo de $ 9,4 e uma
receita marginal de $ 7, o que fará o nível do lucro diminuir. Assim,
somente quando a receita marginal e o custo marginal forem iguais, e
o custo marginal estiver em forma crescente, é que se tem o ponto de
lucro máximo.
Vimos que o nível de produção que leva ao máximo de lucro
será aquele da igualdade entre receita marginal e custo marginal. Cada
empresa irá desejar produzir aquela quantidade para vender naquele
mercado cujo preço é dado pelo mercado. Resta saber o valor desse
lucro, ou seja, quanto a empresa lucra.
Vamos utilizar os gráficos dos custos e da receita, os quais já nos
são de alta intimidade. De um lado, temos a estrutura dos custos típicos
de uma empresa. De outro, a curva de demanda, que é uma reta por ser
uma curva de demanda para a firma. Esta, por sua vez, coincide com a
receita marginal. Do dito, temos a Figura 12.3, reunindo as curvas de
custo marginal, médio, receita marginal e a demanda. Observe que é a
mesma forma da Figura 12.2, exceto o fato de que há naquela a inclusão
do custo médio.

108 CEDERJ
12
AULA
Figura 12.3: O lucro de uma firma em concorrência pura.

Vamos relembrar o custo médio. Ele é o valor do custo total, dividi-


do pela quantidade produzida; portanto, ele nos informa o custo efetuado
com cada mercadoria em média. Por exemplo, se uma empresa produz 20
unidades e gasta $ 100 para tal, o custo médio de cada mercadoria é $ 5.
Se já identificamos o nível de produção que maximiza o lucro
(Rmg = Cmg), para sabermos o “tamanho” do lucro da firma, precisamos
verificar como está o custo médio naquele nível de produção. Na práti-
ca, o empresário já sabe o quanto tem de produzir e quanto vai lucrar.
Lembre-se das hipóteses de conhecimento do mercado, preço constante
etc. Para também chegarmos a esse resultado é que construímos a Figura
12.3. Ao nível 7 de produção, a empresa recebe $ 8 por cada mercadoria
vendida. O custo médio de cada mercadoria é $ 6; logo, ela ganha $ 2
por unidade. Para saber o lucro total, basta multiplicar o lucro unitário
pela quantidade total, o que resulta em $ 14.
Observe que o lucro com uma unidade vendida, também chamado
lucro médio, pode ser sublinhado no gráfico como a distância vertical
entre o valor do custo médio até o ponto da receita marginal, associado
ao nível 7 de produção. Por sua vez, o lucro total, por ser a quantidade
vendida vezes o lucro com cada mercadoria vendida (L = q Lu), repre-
senta a área do retângulo, formada pela ligação dos pontos A, B, C e D.
Isto é, se forma entre os valores de receita marginal ($ 8) e custo médio
($ 6), que representa a altura desse retângulo, e a distância da produção
de zero a 7 unidades vendidas, a base. Assim, a área de um retângulo,
que é base vezes altura, nesse caso fornece o valor do lucro total. Veja
a ilustração da Figura 12.4.

CEDERJ 109
Análise Microeconômica | O mercado competitivo

Figura 12.4: Lucro total da firma em concorrência perfeita no curto prazo.

Os gráficos que vimos até agora são situações em que há lucro


na atividade econômica, mas será que é sempre assim? Na vida real, há
momentos em que as empresas passam por dificuldades. E se há! Tudo
vai, portanto, depender das posições dos custos em relação à reta da
receita marginal. Se a curva de custo médio associada ao ponto de maxi-
mização de lucro estiver acima da receita média, haverá prejuízo, isto
é, o custo médio de uma unidade que se vende é maior do que o preço
que se recebe. A Figura 12.5, parte A, evidencia o prejuízo e destaca o
retângulo que, nesse caso, expressa o valor do prejuízo com o montante
de mercadorias vendidas. Nesse caso, o ponto de maximização do lucro
representa mais precisamente o ponto de mínimo prejuízo. Dadas as
condições que estejam vigorando naquele mercado, esse é o ponto de
menor prejuízo possível.
Há também o caso do lucro zero. Este será quando a curva de
custo médio coincidir com a receita marginal, como exemplifica a Figura
12.5, parte B.

110 CEDERJ
12
AULA
Figura 12.5: Situações de prejuízo e lucro zero no curto prazo.

Atividade 1
Em Muriqui, pequena cidade do interior do Rio, há muitos e pequenos 1 2

vendedores de cocada caseira, todos espalhados na rua Beira-mar, local


onde se concentra a população em suas horas de lazer. As cocadas são tradicionais e
padronizadas em tamanho, forma etc., todas igualmente deliciosas. Considere a tabela,
a seguir, como demonstrativa das contas de um vendedor-produtor:

Quantidade
Preço Receita total Receita marginal Custo total Custo marginal Lucro
de cocadas
1 5 10 – -5
2 5 15 -5
3 5 19 -4
4 5 22 -2
5 5 24 1
6 5 27 3
7 5 32 3
8 5 38 2
9 5 45 0
10 5 54 -4

Nesta atividade, você deve:


a) preencher os dados que faltam para as colunas da receita total, receita marginal e
custo marginal;
b) identificar o nível de produção que maximiza o lucro do vendedor de cocada;

CEDERJ 111
Análise Microeconômica | O mercado competitivo

c) limitado ao contexto descrito nessa atividade, identificar elementos que possam


caracterizar ou não esse mercado como de concorrência perfeita;

d) analisar se seria um bom negócio algum produtor vender seu produto abaixo do
preço de mercado, digamos, $ 4.

Resposta Comentada
a) Para a resposta desse item, basta seguir os conceitos: receita total é a multi-
plicação de preços com quantidades vendidas; receita marginal é a variação da
receita total, mediante uma unidade adicionalmente vendida; e custo marginal
consiste na variação de custos, devida à variação de uma unidade na produção.
Assim, a tabela completa é:

Quantidade
Preço Receita total Receita marginal Custo total Custo marginal Lucro
de cocadas
1 5 5 5 10 – -5
2 5 10 5 15 5 -5
3 5 15 5 19 4 -4
4 5 20 5 22 3 -2
5 5 25 5 24 2 1
6 5 30 5 27 3 3
7 5 35 5 32 5 3
8 5 40 5 38 6 2
9 5 45 5 45 7 0
10 5 50 5 54 9 -4

b) O nível de produção que maximiza o lucro será aquele em que a receita mar-
ginal iguala o custo marginal. Há dois níveis de produção com tais resultados. Ao
observar a coluna do lucro, observa-se que somente o nível de produção com sete
unidades representa o lucro máximo; portanto, a resposta do item.
c) Pelo enunciado da atividade, temos fortes evidências do que seja um mercado
competitivo, isto é, de concorrência pura. Vejamos: o produto é praticamente
idêntico, pois se afirma que são de mesma forma e qualidade. Os vendedores
são pequenos, isto é, sua produção é pequena em vista do tamanho do
mercado. O local de vendas é de pouco espaço, tendo em vista ser
uma rua de praia de uma pequena cidade do interior.

112 CEDERJ
12
Essas são as características que nos permitem a pensar em um mercado com

AULA
feições de concorrência.
d) Não seria um bom negócio. Se ele viesse a produzir ao preço de $ 4, venderia
rapidamente tudo o que levasse ao mercado. Todavia, dada a sua estrutura
de custos, teria prejuízo para qualquer nível de produto possível. Observe por
exemplo se, ao produzir as 7 cocadas, ele resolve vendê-las por tal preço. Rece-
beria $ 28 de receita total, mas teria $ 32 de custo total.

A CURVA DE OFERTA DE CURTO PRAZO DA FIRMA

A empresa, maximizadora de lucros, está escolhendo o seu nível


de produção de acordo com o preço pago pelo mercado e o seu custo de
produção. Isso é visto pela teoria como o ponto de igualdade entre receita
marginal e custo marginal, tal como ilustrou a Figura 12.2. Determinado
esse ponto, ele é o nível de produção ofertado. Aqui, vale indagar o que
faria mudar essa quantidade ofertada.
Vimos que o preço de mercado é estipulado pela igualdade entre
oferta e demanda do mercado como um todo. Suponha, por exemplo,
que a renda da população caia. Naturalmente, o preço de mercado irá
diminuir, pois a demanda de mercado irá deslocar-se a ponto de resultar
em um preço de equilíbrio de mercado mais baixo. Isso reflete o que
para a empresa?
Reflete que ela terá um novo preço de mercado, inferior ao que
estava estabelecido. Isso fará com que ela reveja sua estrutura de custos e
decida quanto vai produzir agora, dada a redução de preços. Graficamen-
te, o efeito é o de uma curva de demanda para a firma em uma posição
abaixo da que vigorava. Por exemplo, seria uma curva de demanda como
a d1, na Figura 12.6. A firma seguiria a regra “receita marginal igual ao
custo marginal”, o que a levaria a produzir q1.
Suponha uma nova queda de preços de mercado, ocasionada por
algum fator de mercado. Novamente, teríamos um preço de mercado
inferior ao que vigorava. Isso levaria a uma nova curva de demanda como
d2 e uma nova quantidade produzida como q2. Sucessivas alterações no
preço de mercado afetariam a quantidade ofertada, de maneira a gerar

CEDERJ 113
Análise Microeconômica | O mercado competitivo

uma curva de oferta da firma. Esta seria a quantidade ofertada de acordo


com a variação de preços. Observe que a oferta está seguindo a igualdade
entre receita marginal e custo marginal, mas também a igualdade entre
preço de mercado e custo marginal.
Portanto, a curva de oferta da firma em concorrência é extraída
pela igualdade entre preço e custo marginal.

Figura 12.6: A oferta da firma no curto no prazo coincide com parte da curva de
custo marginal.

A CURVA DE OFERTA DO MERCADO

Acabamos de verificar a curva de oferta de uma empresa.


A oferta de mercado é dada pela soma de todas as firmas que participam
desse mercado. Assim, a cada preço de mercado, basta somar o nível de
produção de cada firma para termos a oferta do mercado. Vale dizer,
o mesmo procedimento é adotado para chegar à curva de demanda do
mercado. Cada consumidor tem o seu desejo de consumo para cada nível
de preço. A agregação de todos os consumidores determina a posição
da curva de demanda de mercado.
No curto prazo, período em quase todos os fatores de produção
são considerados como fixos, inclusive a tecnologia, é de se esperar
uma certa estabilidade na curva de oferta. Assim, o número de firmas é
praticamente fixo tanto em situação de lucro como em algum nível de
prejuízo. Contudo, em microeconomia nem tudo é só curto prazo. Há
resultados de longo prazo importantes. É o que veremos a seguir.

114 CEDERJ
O LUCRO E O PREJUÍZO DA FIRMA NO CURTO PRAZO

12
Se uma firma está auferindo lucros, até que se argumente ao con-

AULA
trário, ela está bem. E em uma situação de prejuízo, ela deve abandonar
suas atividades, isto é, desistir desse mercado? Ela continua a produzir
mesmo com o prejuízo ou nada produz?
Vamos enfrentar essa situação, vale dizer, bastante intuitiva e
recorrente no mundo dos negócios!
Se a empresa dá o melhor de si, isto é, produz com eficiência e na
quantidade ideal (Rmg = Cmg) e ainda assim tem prejuízo, ela deve ave-
riguar como está o mercado. Se o prejuízo é causado por uma demanda
momentaneamente baixa, por exemplo, uma condição climática desfa-
vorável ao consumo do produto, isso induz a concluir que o prejuízo é
temporário, um fator de curto prazo. Provavelmente, quando cessar o
problema que está mitigando a demanda, a situação de prejuízo pode
desaparecer. Vejamos esse ponto com o auxílio da Figura 12.7.
Por alguma razão, digamos, a população enfrenta um período de
baixos salários. Isso leva a demanda de mercado a uma posição muito
baixa como seria a demanda D’. Com essa demanda de mercado, o preço
de mercado é dado por pe. Esse preço representa a curva de demanda
horizontal para cada uma das empresas. Logo, essa curva de demanda
é a própria receita marginal para a firma, como vemos na parte B da
Figura 12.7.
Como sabemos, o ponto de maximização de lucros é determinado
ao se verificar a igualdade entre receita marginal e custo marginal, o que
implica na quantidade qe. Vemos que é essa uma posição de prejuízo,
pois nesse ponto o custo médio é maior do que o preço. Portanto, a
empresa está no menor prejuízo, pois, se ao produzir, esse seria o melhor
resultado, então, temos o prejuízo mínimo.

CEDERJ 115
Análise Microeconômica | O mercado competitivo

Figura 12.7: Situação de prejuízo no curto prazo para a firma.

Como a firma está no curto prazo, esse prejuízo pode ser passa-
geiro. Ela pode esperar um restabelecimento da demanda de mercado de
forma a alcançar um nível tal como em D’’. Nesse ponto, observa-se um
novo preço de mercado, pe’’, gerando uma lucratividade dada pelo preço
maior do que o custo médio ao nível de produção em qe’’. Se houver essa
perspectiva, a empresa, certamente, poderá aguardar os bons ventos de
uma nova demanda, em vez de encerrar suas atividades.
Considerando a esperança em ver o mercado prosperar de forma a
obter lucros, ela tem uma decisão a pensar, enquanto está com prejuízo.
Ela pode operar com prejuízo ou nada produzir. O que seria melhor?
A resposta é dada em termos de onde é menor o prejuízo. Seria
nada produzindo ou produzindo alguma coisa? Quando a empresa
produz e vende com prejuízo, qual é parte dos custos que não consegue
cobrir com o faturamento obtido ao vender? Lembre-se que a empresa
assume os gastos fixos e os variáveis. Os variáveis são pagos à medida da
realização da produção. Já os custos fixos são pagos, produzindo ou não.
Suponha uma empresa com gastos fixos de $ 50. Ao produzir no
ponto de maximização de lucro, os gastos variáveis totalizam $ 100. Se
a receita associada é de $ 120, ela tem um prejuízo de $ 30. Ela está no
curto prazo e acredita que, depois de um certo tempo, conseguirá ter
lucro. Enquanto esse lucro não vem, ela pode nada produzir ou perma-
necer produzindo com tal prejuízo. Qual a melhor alternativa?
Como os custos fixos são pagos, mesmo se nada produzir, ela
deverá optar por produzir com o prejuízo de $ 30. Afinal, se nada pro-
duzir, não terá custo variável, mas terá um prejuízo de $ 50, causado
pela despesa com os custos fixos.

116 CEDERJ
Em termos algébricos, se a empresa produz, a receita total e o

12
custo variável têm valores positivos:

AULA
Lu (q>0) = RT – CF – CV = pq – CF – wL,
onde:
Lu = > lucro;
w = > o salário;
L = > quantidade de trabalho;
p = > preço;
q = > quantidade produzida;
RT = > a receita total como produto do preço pelas quantidades (pq);
Lu (q>0) = > lucro para determinado nível positivo de produção.

Se a empresa nada produz, q = 0 e L= 0, pois não se está utilizando


o fator de produção variável, o trabalho. Assim, a expressão de lucro da
empresa que nada produz é:
Lu (q=0) = 0 – CF – 0

A empresa irá preferir produzir com prejuízo, se essa situação for


monetariamente superior à alternativa de nada produzir, o que equivale
a escrever:
Lu (q>0) > Lu(q=0),
ou seja:
RT – CF – CV > 0 – CF – 0
RT – CV > 0
RT > CV (1)
ou:
pq > CV
CV (2)
p>
q
p > CVme (3)

A equação (1) indica que a empresa irá preferir produzir com


prejuízo, se a receita obtida for superior ao custo que terá, pagando
pelo fator variável, no caso, os seus funcionários. Se a receita é maior,
ela consegue pagar os salários e ainda uma parte dos custos fixos, pois
a receita foi maior do que os custos variáveis. Se nada produzisse, teria
todo o custo fixo para pagar, sem que tivesse obtido receita.

CEDERJ 117
Análise Microeconômica | O mercado competitivo

As equações (2) e (3) dizem a mesma coisa, isto é, será preferível


produzir, mas em termos do preço ser superior ao custo variável médio.
Nessa formulação, o preço com a venda do produto permite cobrir parte
do custo fixo médio.
Portanto, no curto prazo, é possível que a empresa opere com
prejuízo, desde que ela tenha previsão de melhora no mercado e tam-
bém a receita com a produção consiga cobrir todo o custo variável
dado por produzir.
E se a receita for exatamente igual ao que se gasta com o custo
operacional produção, isto é, ao custo variável, a empresa toma que
decisão? Nesse caso, em termos monetários, tanto faz, o valor do prejuízo
será igual se produzindo alguma coisa ou nada. Essa seria a resposta da
microeconomia estritamente centrada na questão da lucratividade em si
daquele período. Do ponto de vista dos negócios, a resposta poderia ser
para uma decisão ou outra. Certamente, encontraríamos empresários
preferindo a produção para garantir a presença da empresa no mercado.
Haveria também aqueles que dariam férias coletivas, ávidos em sinalizar
a potenciais concorrentes que o mercado é instável para desencorajá-los
a ingressar nesse mercado.
Em suma, a empresa em situação de prejuízo irá verificar se o tal
prejuízo é maior, produzindo ou nada produzindo. No primeiro caso,
se a receita obtida com as vendas não cobrir sequer a despesa com os
custos variáveis, ou, o que é o mesmo, se o preço de mercado for infe-
rior ao custo variável médio. No segundo caso, se a receita for tal que
consiga, além de pagar os custos variáveis, pagar pelo menos parte dos
custos fixos, ou, o que é o mesmo, se o preço for superior ao valor do
custo variável médio.

O LONGO PRAZO

Em uma visão bem ampla, isto é, em sentido lato, o longo prazo


é o período em que não há restrições para o mercado: tudo é livre para
acontecer. As firmas podem alterar seus fatores de produção na medida
e na quantidade que desejarem; podem entrar novas firmas no mercado;
podem sair as firmas insatisfeitas com esse mercado etc. Aliás, esta última,
é exatamente a hipótese prevista na concorrência pura: a livre entrada
e saída de firmas no mercado.

118 CEDERJ
Portanto, o longo prazo é o período em que ou as novas empre-

12
sas podem entrar no mercado, ou as que já estão podem deixar suas

AULA
atividades produtivas. Assim, é dito o mercado do tipo concorrência
pura, como um mercado livre no sentido de qualquer um poder entrar
(produzir) ou sair desse mercado. Não há restrições à entrada ou saída
de firmas. Esse conceito é derivado do que seja o longo prazo. Afinal, a
entrada ou saída de firmas envolve uma alteração em todos os fatores
de produção, tal como o conceito no sentido restrito é compreendido.
Qual seria a diferença entre o curto e o longo prazo para as
empresas envolvidas em um mercado típico de concorrência pura? A
principal diferença se dá acerca da lucratividade da firma. No curto
prazo, vimos que uma ou mais empresas podem experimentar lucro ou
prejuízo. Entretanto, no longo prazo, vamos compreender algo que de
início pode parecer inusitado, mas se você ainda não percebeu, logo verá
que é lógico: as empresas terão lucro zero!

O EQUILÍBRIO DE LONGO PRAZO

Quando falamos em equilíbrio de um mercado, vale lembrar: há um


nível estável de produção e preços. Preços e quantidades de equilíbrio pelo
qual o mercado deve observar como situação que a oferta e a demanda
estão em harmonia. Não há razão por si só para que saiam dessa posição.
Assim, a referência de equilíbrio de longo prazo é a presunção
de estabilidade observada na quantidade produzida e o seu respectivo
preço, já decorridos os ajustes em termos de entrada e saída de empresas
no mercado.
O que faz uma ou mais empresas ingressar ou deixar o mercado?
Simplesmente, a perspectiva de poder alcançar ou de ver frustrados os
seus objetivos. Por hipótese, o objetivo de cada empresa em concorrência
pura é o de maximizar o lucro, sempre. Portanto, se, ao maximizar o
lucro, o resultado é satisfatório, a empresa deve permanecer no mercado.
Em caso contrário, haverá uma tendência a sair desse mercado.
Entendida essa questão, vale atentar qual conceito de lucro que
estamos enfocando nesta e nas demais aulas sobre estruturas de mercado.
O que importa para a microeconomia é o lucro econômico, doravante
denominado lucro. Sempre é bom repetir: lucro econômico é aquele que
considera o custo de oportunidade, isto é, uma empresa com os seus

CEDERJ 119
Análise Microeconômica | O mercado competitivo

recursos disponíveis pode, de antemão, produzir um dentre tantos tipos


de produtos alternativos (empresa apta a produzir sabão em pó pode pro-
duzir sabão em barra, sabão para uso animal, uso pessoal, sabão líquido
etc.). Ela aufere lucro econômico positivo quando esse lucro é superior a
qualquer um dos lucros que teria se tivesse optado por qualquer alterna-
tiva possível. Portanto, se há lucro positivo, a empresa fez o melhor que
poderia em termos econômicos. Por outro lado, se o lucro foi negativo,
sinaliza que a empresa ganharia mais se tivesse escolhido outro produto
(mercado). Por exemplo, se a empresa produziu B no mercado e o lucro
econômico foi – $ 5, com os mesmos recursos ela poderia ter outra linha
de produção com um resultado de lucro contábil superior em $ 5. Se o
lucro econômico foi de $ 10, a produção escolhida foi mais lucrativa em
$ 10 da melhor alternativa de produção. Se o lucro econômico for zero, a
melhor alternativa de produção lhe daria o mesmo lucro contábil.
Agora, estamos preparados para analisar como ocorre a posição
de equilíbrio de mercado de longo prazo na concorrência pura. Cada
empresa quer o lucro máximo. Por isso, cada uma vai procurar o ponto
de produção em que a receita marginal seja igual ao custo marginal.
Observados o valor da receita obtida e o respectivo nível de custo,
verifica-se se o resultado foi o de lucro ou prejuízo.
Vamos admitir que todas as empresas tenham a mesma estrutura
de custos. É uma suposição bastante razoável, lembrando que elas pro-
duzem produtos idênticos. Muito bem, se elas têm lucro, o mercado está
mostrando que é uma ótima oportunidade para outras empresas fora
desse mercado. Novas firmas ingressarão no mercado, buscando também
receber tais lucros. Afinal, estes são lucros maiores do que quaisquer
outros mercados. O que vai acontecer? Enquanto o lucro for positivo,
estarão entrando novas empresas. A oferta estará aumentando. O volu-
me de produção levado ao mercado está gerando um excesso de oferta
para aquele preço, isso quer dizer que a curva de oferta de mercado irá
se deslocar para a direita, representando uma expansão da oferta. Do
que já aprendemos, o preço irá diminuir.
Até quanto o preço diminuirá? O preço deve diminuir enquanto
novas empresas entrarem no mercado. E, como sabemos que novas
empresas estarão começando seus negócios (denominadas empresas
entrantes), enquanto o lucro for positivo, a oferta também aumentará.
A consequência é que o preço irá cair até que o lucro chegue a zero.

120 CEDERJ
É bem possível que nesse processo de entrada, a superprodução de

12
mercado seja tão grande ao ponto de que a resultante redução de preço

AULA
leve o lucro econômico a um valor negativo. Nesse caso, muitas das firmas
irão se desinteressar por tal mercado, dado o prejuízo. Ao que deixam
o mercado, a curva de oferta irá se deslocar para a esquerda (sentido de
contração da oferta), implicando uma relativa subida de preços. Isso é
um processo; ou seja, enquanto o lucro econômico for positivo, novas
empresas serão atraídas ao mercado. Se o lucro for negativo, o caminho é
inverso; haverá empresas deixando o mercado. Portanto, pelo que decorre
da lógica, somente quando o lucro for zero é que haverá estabilidade de
preços e produção. Eis o equilíbrio de mercado na concorrência pura.

Atividade 2
Em um determinado ano da década de 1980, alguns pequenos 3 4 5

empreendedores inovaram. O negócio passou a ser o seguinte: como


ambulantes, esses empreendedores passaram a circular pelo centro da cidade do Rio
de Janeiro, com um botijão carregado no peito. Nesses botijões, levavam litros de café
e os vendiam, oferecendo para cada copo de café um cigarro como cortesia. O cliente
pagava por um cafezinho quentinho e ainda recebia um cigarro grátis. Inicialmente esse
negócio foi um sucesso. No centro do Rio era fácil encontrar um ambulante assim. Um
jornal fez uma matéria sobre esse caso, mostrando a sua alta lucratividade. A reportagem
mostrou advogados e engenheiros que deixaram sua atividade profissional para vender
cafezinho com cigarro grátis. Passados alguns meses, esse mercado estava encolhido e
não se viu ninguém diplomado com botijão no peito. Analise essa situação verídica à luz
do conceito de lucro econômico de longo prazo na concorrência pura.

CEDERJ 121
Análise Microeconômica | O mercado competitivo

Resposta Comentada
A questão induz a supor que nesse negócio havia livre mobilidade de fatores.
Isto é, fácil seria adquirir um botijão de café e vender com cigarro. Praticamente,
qualquer pessoa poderia exercer tal atividade: não havia barreiras à entrada.
Como se observou alta lucratividade, possivelmente superior a um salário liquido
de advogados e engenheiros em inícios de carreira, esses resolveram vender
café. Entrando mais firmas (atividade de vender café), a lucratividade reduziu-se
ao ponto de possivelmente ter levado muitos a experimentarem lucro econômico
negativo, o que certamente deve ter implicado abandono da atividade. Hoje, talvez,
o mercado esteja estabilizado com o nível de lucro normal para tal atividade.

O equilíbrio de longo prazo está ilustrado na Figura 12.8.


Suponha, como exemplo, o mercado de laranja lima, o preço de equilíbrio
de mercado é $ 5. Cerca de 70% dos produtores rurais do município, 100
produtores, participam desse mercado de laranja lima. A oferta, somada
de cada um desses produtores, totaliza 1.000 sacas e essa é a quantidade
de equilíbrio, como se observa na parte A da figura. Cada produtor tem
sua estrutura de custo e receita, dadas pelos custos médio e marginal,
como mostra a parte B. Pelo que vemos, o preço de mercado é superior
ao custo médio da saca de laranja, o que resulta em lucro. Esse lucro é
o de curto prazo e superior a qualquer outro tipo de produto agrícola.
O conceito de
m e r c a d o pode ser Em sendo assim, produtores de outros mercados serão atraídos pelos
na dimensão produ-
to ou geográfica. Na lucros extraordinários, isto é, lucro econômico positivo. Ao que os novos
dimensão produto, produtores passam a plantar e levar sacas de laranjas lima, a curva de
o mercado pode ser
mercado de batata- oferta de mercado irá se deslocar de S1 para S2. Como ainda há lucro
inglesa, mercado de
laranja, mercado extraordinário, a oferta agregada irá continuar se expandindo, o que
de automóveis. Na
levará a reduzir o preço de mercado.
dimensão geográfica,
significa mercado de
São Paulo, mercado
brasileiro, mercado
de Saquarema ou
Itaperuna.

122 CEDERJ
12
AULA
Figura 12.8: Equilíbrio de longo prazo.

De S1 para S2, o preço de equilíbrio de curto prazo reduz-se para


$ 4. De S2 para S3, observa-se (pelas formas da curva de custo médio
de cada firma) que o preço de mercado com a oferta S3 implica lucro
zero, visto que o preço está igual ao custo médio por saca. Não haverá,
portanto, mais estímulo a novas entradas de firmas. No detalhe, não
necessariamente as firmas entrarão de forma a oferta passar diretamente
de S1 para S2 e S3. Poderia ocorrer que a entrada de novas firmas seja tão
intensa que leve a uma superprodução em que o resultado de curto prazo
seja uma perda econômica, isto é, lucro negativo ou prejuízo de curto
prazo. A parte C da Figura 12.8 dá o suporte gráfico para o entendimen-
to. Nesse caso, a oferta dada por S1 passaria para S2. É uma posição de
curto prazo, pois há prejuízo. Empresas que estão nesse mercado estarão
insatisfeitas com esse mercado. Algumas vão deixando o mercado, pois
outros produtos parecem mais lucrativos. Ao que vão deixando o mer-
cado, a curva de oferta vai se retraindo. Ela vai se retraindo enquanto

CEDERJ 123
Análise Microeconômica | O mercado competitivo

houver o lucro negativo, o que representa deslocamentos sucessivos da


oferta até que chegue à posição de S3. Essa é uma posição de equilíbrio
de longo prazo, pois não há motivos para entrada ou saída de firmas
nesse mercado.

Atividade 3
Se o produto é de fácil fabricação e comercialização, as empresas desse merca- 1 5

do não serão de grande porte, tampouco os lucros serão elevados. Dentro do


que estudamos sobre concorrência pura, qual a sua opinião sobre esse ponto de vista?

Resposta Comentada
Está correta a afirmação. Se o produto é de fácil produção pra qualquer empresa,
não há como auferir alto lucro elevado. Se os lucros forem altos, haverá quem
queira ingressar no mercado para recebê-los também. No limite, os consumidores
poderão, eles mesmos, produzi-los para consumo próprio ou mesmo venderem,
passando, portanto, de consumidores para produtores. Assim, as firmas serão de
pequeno porte, pois os lucros não permitirão grandes instalações. Tem-se nessa
questão a mobilidade de fatores e a homogeneidade do produto como fatores
determinantes ao tamanho da empresa.

124 CEDERJ
PREÇOS E CUSTOS MÉDIOS CRESCENTES OU CONSTANTES

12
Vimos que, se há lucro econômico positivo, firmas entrantes irão

AULA
participar do mercado. Isso impulsionará a oferta agregada do mercado,
isto é, a oferta da indústria e também a aquisição de fatores de produção.
Em outras palavras, se há mais firmas produzindo, há um aumento na
demanda por trabalho, máquinas e todos os demais insumos, necessários
à produção de mercado. Se há essa demanda, duas coisas podem acon-
tecer: o preço dos fatores de produção pode aumentar ou não.
Se aumentar, teremos uma elevação dos custos para cada uma das
firmas que utilizam os fatores. É um aumento na indústria. Cada unida-
de do fator de produção irá custar mais caro. A curva de custo médio
aumentará! Em ilustração gráfica, a curva de custo médio desloca-se para
cima da posição original. Por outro lado, se o aumento da demanda não
for tão forte a ponto de pressionar os preços dos fatores, não haverá
aumento de custos, portanto, a curva de custo médio não se alterará.
Vejamos os efeitos sobre os preços e as quantidades de equilí-
brio para a possibilidade de aumento de custos. Vamos obter auxílio
da Figura 12.9.
O ponto inicial é o ponto de lucro extraordinário, ponto A, de
curto prazo. Nele, o preço de equilíbrio é pe. Haverá uma expansão na
oferta dada pela entrada de firmas atraídas pelo lucro. Para produzir,
contratarão empregados e comprarão máquinas, encarecendo os preços
desses fatores. Daí, o custo médio eleva-se para cada uma das firmas,
passando de Cme para Cme’. Uma vez ocorrido o encarecimento dos
preços dos fatores, a oferta não se expandirá tanto quanto na hipótese
de custos inalterados (pe’=Rmg’).
Portanto, os preços não se reduzirão tanto assim, afinal os custos
subiram. A oferta aumenta, mas até a posição de S2’. Se não houvesse
o aumento de custos, a oferta teria sido deslocada até a posição S2, e os
preços, para pe’. O mercado irá produzir mais do que quando existia o
lucro econômico inicial. Comparativamente, a expansão da produção
com o mercado de custo crescente será menor do que com custo cons-
tante. Cada firma em atividade, antes da entrada de novas firmas, irá
produzir menos do que produzia anteriormente, posto que há novas
firmas. O preço, para elas, diminuiu, ao tempo em que o custo de pro-
duzir aumentou.

CEDERJ 125
Análise Microeconômica | O mercado competitivo

Figura 12.9: Efeito da expansão da oferta agregada, na hipótese de custos médios


crescentes.

CONCLUSÃO

Estudamos o mercado da concorrência pura, também conhe-


cido como concorrência perfeita. Esse é o modelo de mercado mais
tradicional da microeconomia. Ele corresponde a suposições bastante
restritivas como a de que os produtos são homogêneos e que o lucro
a longo prazo é zero. No mundo real, os mercados não possuem
ampla mobilidade de fatores como aqui se pressupôs. Tampouco
os produtos são estritamente idênticos entre si. Ademais, algumas
empresas conseguem impor preços. Apesar disso, as conclusões
dadas pelo mercado de concorrência são muitas vezes verificáveis.
Se houver uma liberdade ampla de produção, o lucro das firmas
tende a diminuir. Quanto maior o fator de substituibilidade entre
os produtos de um mercado, mais próximos serão os seus preços.
Por assim pensar, pode-se concluir que o mercado de concorrência
perfeita fornece um poderoso instrumento para analisar vários
mercados em determinadas situações.

126 CEDERJ
Atividade Final

12
AULA
Suponha um mercado de concorrência pura em que a situação é de 2 3 4 5
equilíbrio de longo prazo. De repente, há uma forte imigração de pessoas
para a cidade em que há esse mercado. Consequentemente, mais consumidores com renda
para ingressar nesse mercado e efetuar compras. Sendo assim:

a. Responder qual o valor do lucro econômico, antes da imigração.


b. Responder qual a primeira alteração no mercado, resultante da imigração.
c. Responder qual o efeito de curto prazo sobre o preço e a lucratividade da firma que opera
nesse mercado.
d. Responder qual o efeito de longo prazo sobre o preço e a lucratividade no longo prazo, na
hipótese de os preços dos fatores de produção serem sensíveis à demanda.
e. Responder quais os gráficos que ilustram o item d.

Resposta Comentada
a. Antes da imigração, o mercado estava no longo prazo; portanto, o lucro econômico
era zero.
b. Com a imigração, a demanda de mercado aumenta, isto é, há um deslocamento
da demanda para a direita da sua posição original.
c. Com o deslocamento da demanda, o preço de mercado irá subir, levando à reali-
zação de lucros positivos para as firmas. O efeito de longo prazo é que o lucro voltará
a ser zero, o preço estará acima do preço de equilíbrio de longo prazo dado antes da
imigração, mas menor do que o preço de curto prazo pós-imigração.
d. Inicialmente, o preço é pe. Ao surgir a imigração na cidade, a demanda passa de D
para D’. O preço passa para pe’, o que gera um aumento da produção para qe’ e um
lucro extraordinário. Novas firmas ingressam no mercado, fazendo com que não só
a produção aumente, mas também os preços dos fatores de produção. Os custos
médios passam para Cme’. O novo ponto de longo prazo será aquele em que
a oferta desloca-se até gerar o lucro zero. Este se dá no ponto em que
o preço iguala-se ao custo médio mínimo.

CEDERJ 127
Análise Microeconômica | O mercado competitivo

e. O gráfico da oferta e da demanda de mercado evidencia a imigração pelo deslo-


camento da curva de demanda D para D’. Em relação à oferta, o fato de o preço ter
aumentado, estimula a entrada (ou o aumento da produção dos atuais produtores)
de novas firmas em razão do lucro econômico, de modo a deslocar a oferta de S1
para S2. No gráfico das curvas de custos e receita, há uma elevação na curva de custo
médio de Cme para Cme’, pois os preços dos fatores de produção aumentaram devido
à expansão da produção. O ponto de equilíbrio é aquele em que a receita marginal
(Rmg’) iguala o custo marginal (Cmg’), onde o preço também se iguala ao custo
médio; portanto, lucro zero.

RESUMO

Conceitua-se concorrência pura (ou perfeita) como o mercado em que há muitos


vendedores e compradores. Todos são pequenos em relação ao tamanho de
mercado. Todos conhecem os preços e a qualidade do produto que é negociado.
O produto é homogêneo, isto é, ele é idêntico.
As empresas que atuam no mercado de concorrência objetivam o lucro máximo.
O preço é formado pela forças de demanda e oferta do mercado. Para a firma, o
preço de mercado é dito dado, isto é, ela não tem condições de alterá-lo. Assim,
a curva de demanda para a firma é horizontal. Para maximizar o lucro, a empresa
iguala o custo marginal à receita marginal e esta última é igual ao preço. Portanto,
a empresa iguala o preço ao custo marginal quando está maximizando o lucro.
A curva de oferta de uma empresa competitiva (concorrência) coincide com a
forma da sua curva de custo marginal.

128 CEDERJ
12
AULA
No curto prazo, a empresa pode auferir lucro positivo ou negativo. Ao tentar
maximizar lucro e apenas verificar prejuízo, ela irá verificar se esse prejuízo é
menor ou maior que o prejuízo em nada produzir. Isso, se ela supõe que a situação
de lucro negativo é apenas de curto prazo, ou seja, irá melhorar seu resultado
econômico nesse mercado. Para optar pela produção com prejuízo, basta observar
se o preço é maior que o custo variável médio. Em sendo maior, irá produzir. Caso
contrário, preferirá ficar de portas fechadas, arcando com os custos fixos até que
a situação de curto prazo melhore.
A situação de longo prazo é dada principalmente pela livre mobilidade de fatores
de produção. Mais firmas entrarão no mercado, se houver lucro econômico
positivo de curto prazo. Isso resultará em expansão da oferta até o ponto em
que o lucro seja zero.
A expansão da oferta agregada pode ocasionar uma elevação nos preços dos
fatores de produção. Isso fará com que a curva de custos se eleve. Nessa hipótese,
a existência de lucro econômico de curto prazo irá atrair novas empresas, mas esse
efeito não será tão expansivo como no caso de inexistir elevação nos preços dos
fatores de produção. Quando há o aumento dos preços dos fatores de produção,
diz-se que a indústria é de custos crescentes. Quando os preços dos fatores não
se alteram, os custos são constantes.

INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na próxima aula, você irá conhecer o famoso mercado de monopólio. Esse


mercado é o extremo oposto do da concorrência perfeita. O sonho de quase
todo empresário é se tornar um monopolista. Apesar de você já bem suspeitar
a razão desse “sonho empresarial”, vamos ver em detalhes o porquê!

CEDERJ 129
O mercado em situação

13
AULA
de monopólio
Cleber Ferrer Barbosa

Meta da aula
Analisar o comportamento de uma empresa
monopolista, quanto ao seu objetivo geral de
maximizar o lucro.
objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja


capaz de:
1 identificar os fatores que levam à
existência de apenas uma única empresa
ao mercado;
2 identificar como o nível de produção,
preço e lucro são determinados pela
empresa monopolista;
3 reconhecer a propaganda como um dos
elementos de ação de um empresário
monopolista;

4 identificar a possibilidade do empresário


monopolista obter lucro econômico
positivo no período de longo prazo.

Pré-requisitos
Esta aula utiliza os mesmos instrumentos de aná-
lise da Aula 12. Sendo assim, aplica-se ao caso do
monopólio a representação gráfica dos custos e
receita de uma empresa e o conceito de maximi-
zação de lucros estudados nas Aulas 9, 10 e 11.
Análise Microeconômica | O mercado em situação de monopólio

INTRODUÇÃO Monopólio é uma palavra conhecida por muitos. Mesmo uma pessoa comum,
não voltada aos estudos de Economia e Administração saberia responder
razoavelmente o que seria um monopólio. A empresa monopolista é única
no mercado. Não enfrenta concorrentes. O estigma de um empresário
monopolista: único dono da empresa, charuto na ponta da boca, sempre
pensando em como explorar mais um pouquinho o mercado, para obter
lucros e mais lucros. De uma forma ou de outra, é assim que a maioria das
pessoas “imagina” o monopólio. Portanto, ele é o extremo oposto do que
estudamos na aula anterior sobre o regime de concorrência perfeita. Nesta
aula, vamos esmiuçar como um monopolista surge ou permanece no mer-
cado. Traçaremos suas ações mais comuns em suas operações de mercado.
Veremos sua conduta, admitindo a hipótese de maximização de lucro. Assim,
teremos uma percepção um pouco mais acurada do comportamento de uma
empresa monopolista em seu mercado.

CARACTERÍSTICAS DE UMA EMPRESA MONOPOLISTA

A palavra monopólio traz o mono em sua composição. Mono,


oriunda do grego mónos, quer dizer único ou sozinho. No caso das
empresas, ela é única ou a que está sozinha no mercado. Todo o mercado
é dela. Só ela produz para as vendas nesse mercado. Portanto, disso, já
decorre que a empresa monopolista tende a ser grande. Se ela produz
para todo o mercado, sua escala de produção só pode ser muito alta. A
primeira característica, além da natural posição de única no mercado, é
a do tamanho da empresa: até que se diga o contrário, não há muito sen-
tido uma empresa monopolista ser pequena ou média, ela é uma grande
empresa, seu volume de produção é para abastecer 100% do mercado.
Por isso, espera-se que seja uma empresa de grande volume de produção.
Para uma única empresa estar sozinha no mercado, algumas especi-
ficidades precisam estar presentes. Afinal, há de se presumir uma alta lucra-
tividade ao monopolista, pois o mercado “é todo” dela. Contudo, altos
lucros são como mel derramado no piso de uma cozinha onde há formigas,
isto é, acabam por atrair outros empreendedores. Novas firmas terão inte-
resse em ingressar esse mercado, para captar uma fatia desses lucros. Por
isso, intuímos que, se não há outras firmas, é porque devem existir algo
que esteja impedindo novas empresas adentrarem nesse mercado, o que
a Microeconomia denomina como barreiras à entrada (de novas firmas).

132 CEDERJ
Que barreiras seriam essas? Qualquer fator que dificulte uma empresa a

13
ingressar no mercado. Pode ser que a produção exija matéria-prima pela

AULA
qual só um monopolista tem acesso. Se uma empresa tem a formula de
um elixir da juventude e só ela detém o conhecimento dessa fórmula, ela
será monopolista para essa produção. Nesse caso, a barreira à entrada
é dada pela impossibilidade de outras empresas produzirem por não ter
acesso a essa matéria-prima.
Há também barreiras à entrada identificada por barreiras legais.
Por exemplo, quando existe pat e n t e no uso de uma matéria-prima (ou P at e n t e
mesmo de um produto), só o detentor da patente tem permissão para É o direito tempo-
rário (durante um
produzi-lo. Se uma mercadoria só pode ser fabricada com um insumo prazo determinado
pelo Estado) ao
que está patenteado, o titular dessa patente pode ser o monopolista desse
seu detentor, para
produto. Nesse caso, enquanto durar a patente, há de se ter uma barreira de forma exclusiva
manipular, fabricar,
na produção. Diz-se que esta é uma barreira legal, posto ser dada por comercializar, ven-
der aquilo que está
legislação que regulamenta a produção de patentes. patenteado.
Há outros tipos de barreiras. Por exemplo, a existência de altas
economias de escala acarreta uma grande dificuldade às novas empresas
em iniciar seus negócios no mercado. Relembrando: economias de escala
são caracterizadas pela presença de altos custos fixos iniciais à produção.
Esses só são compensados à medida que consiga atingir um volume de
produção muito elevada. Em geral, uma empresa nova passa por um bom
período de tempo para produzir e vender o volume de produção que venha
a cobrir os altos custos fixos. Isso exige alto volume de investimentos e
riscos de modo a se tornar um empecilho (ou desencorajamento) a novas
empresas entrantes. Assim, se a produção lucrativa demandar um alto
volume de produção (presença de economia de escala), isso representa
um desestímulo a empresas entrantes, mesmo observando a existência de
altos lucros para a já consolidada no mercado, a empresa monopolista.
Em geral, o produto negociado no mercado em regime de mono-
pólio não tem substitutos próximos, isto é, não há produtos em que os
consumidores venham a querer substituir por conta, por exemplo, de uma
alta de preços do produto monopolizado. Podemos ilustrar as caracte-
rísticas de inexistência de produtos substitutos próximos e a barreira à
entrada por motivo de economia de escala em um exemplo da história
recente. Até meados do século passado, não havia substitutos próximos
ao telefone fixo (convencional). Ou as pessoas tinham telefone fixo, ou
teriam de se comunicar por meio de cartas, telegramas (as alternativas

CEDERJ 133
Análise Microeconômica | O mercado em situação de monopólio

mais próximas). Como nos Estados Unidos e também, de certa forma,


no Brasil com a Telebrás, a empresa de telefonia naquela época era tida
como a monopolista nesse mercado.
Observe a necessidade de economia de escala para esse setor.
Quem almeja instalar uma empresa de telefonia, precisa arcar com altos
investimentos em custos fixos, isto é, a necessidade de grandes instalações.
Para tal, uma grande soma de recursos e também de tempo para o início
das atividades é necessária. Somente depois de um razoável período de
tempo, talvez, nunca menos de dois anos, a atividade estará pronta para
ser iniciada. E para que seja lucrativa, terá de atingir um elevado número
de vendas, para cobrir tais custos fixos altíssimos.
Em linguagem microeconômica: à medida que a empresa for se
firmando no mercado com resultado de que as vendas venham a cobrir
todos os custos fixos, é que estarão ocorrendo as economias de escala.
A escala de produção estará reduzindo os custos médios, posto que o
custo fixo médio está sendo reduzido significativamente com o aumento
da produção.
Isso, voltamos a repetir, é dependente do tempo. Se uma empresa
com interesse em ingressar em um novo mercado, observar que precisará
de grandes investimentos iniciais e também de, por exemplo, cinco anos
para atingir um nível de produção viável para se estabilizar no mercado,
pensará com mais cautela sobre tal oportunidade. Portanto, a necessidade
de economia de escala representa um elemento de empecilho à entrada
de novas firmas a um mercado monopolista.
Há também as barreiras ditas tecnológicas. Essas seriam pela
dificuldade de acesso à tecnologia. Se a tecnologia não está difundida no
mercado e só uma empresa detém-na, esta pode se tornar monopolista.
Em suma, o mercado monopolista é aquele em que há um único
produtor (ou vendedor) devido ao fato de existir altas barreiras à entrada
de novas firmas nesse mercado. Não há substitutos próximos ao produto
gerado pelo monopolista.

134 CEDERJ
?

13
A quebra do monopólio

AULA
da Petrobras (?)
Em 1997, com a instituição da Lei 9.478 (con-
sulte artigo 5º) o monopólio estatal da Petrobras foi
extinto, propiciando à abertura do mercado petrolífero à
iniciativa privada. A contar de sua criação (3/10/1953), foram mais
de 40 anos de monopólio, garantido pela então Lei 2.004/1953.
A Petrobras foi criada após longa campanha popular, para servir de base
para a indústria do petróleo no Brasil e para exercer, em nome da União, o
monopólio da exploração, produção, refino e comercialização do petróleo e
seus derivados.
Apesar da quebra do monopólio, na prática, a hegemonia dessa companhia é evi-
dente. Modernizada, sua participação no mercado nacional é praticamente a mesma
de uma empresa monopolista. Para se ter uma ideia, no mercado nacional de com-
bustíveis, a Petrobras é responsável por mais de 95% da produção, refino, importação
e transporte de petróleo. Sua eficiência, sua presença marcante em toda a cadeia pro-
dutiva (da perfuração à bomba do posto de gasolina) e os altos custos fixos necessários
constituem-se de altas barreiras à entrada.
A companhia atua nos seguintes setores de energia: exploração e produção, refino,
comercialização e transporte de óleo e gás natural, petroquímica, distribuição de
derivados, energia elétrica, biocombustíveis, além de outras fontes renováveis de
energia.
Destacada como uma empresa de referência mundial na exploração de petróleo
em oceanos de grandes profundidades, a Petrobras registrou no ano de 2010
o maior lucro de toda a sua história. Por esse resultado, foi identificada
como a 2ª empresa mais lucrativa das Américas em 2010, segundo
agências de consultoria especializada.
Portanto, ela foi uma empresa monopolista dada por lei –
barreira legal. Para muitos, ela atua como se ainda
fosse dada suas condições de eficiência, moder-
nidade e alta presença no mercado.

Atividade 1
Assinale as afirmações a seguir como V, em caso de verdadeiras, ou F, para o caso 1
de estarem incorretas.
( ) A necessidade de gastos em propaganda para tornar o produto de uma nova empresa
conhecido no mercado é um exemplo de barreiras à entrada.
( ) Uma empresa pode ser monopolista em um mercado, ainda que haja vários sócios
e entre esses outra empresa.
( ) Considere uma única empresa na produção de motocicletas para duas cidades:
Monopopólis e Concorropólis. Para os moradores de Concorropólis, o mero aumento
de preços de motos não os fazem procurar bicicletas, mas para os de Monopopólis, sim!
Pode-se dizer que a empresa de motos é monopolista em ambas as cidades.

CEDERJ 135
Análise Microeconômica | O mercado em situação de monopólio

Resposta Comentada
A primeira afirmativa está correta. Os gastos para tornar conhecido o produto
de uma nova empresa é exatamente um custo pelo qual uma empresa entrante
tem de incorrer. Quanto mais alto esse custo, a empresa tomará como uma
dificuldade para ingressar no mercado.
A segunda afirmativa também está correta. Isso porque o monopólio é na produção
e não na propriedade da empresa. Uma empresa monopolista pode ter vários
sócios. Um desses sócios pode ser outra empresa de outro ramo de produção.
Isto em nada afeta o conceito de monopólio.
A terceira afirmativa está incorreta. Se o aumento de preços de motos faz com
que os consumidores passem a demandar bicicleta é porque esses consideram
tais produtos como substitutos próximos. Assim, o conceito estrito de monopólio
é violado para a cidade de Monopopólis. Apesar de ter apenas uma empresa
produzindo motos, o mercado de produtos para essa última cidade é, na verdade,
o mercado de veículos de duas rodas (motos e bicicletas). Para os cidadãos de
Concorropólis, o mercado é de motos. Observe, portanto, que a substituibilidade
de produtos é questão subjetiva, ou seja, é objeto de determinação da demanda
e que pode definir o universo de produtos que compõem o mercado.

136 CEDERJ
MONOPÓLIO NATURAL

13
Hoje em dia, é raro identificar um mercado como tipicamente

AULA
monopolista, isto é, monopólio puro. Afinal, sempre existe algum subs-
tituto próximo ou algo que fará o consumidor a preterir a compra de um
produto em ocasião de um aumento de preços (simplesmente comprar
outra coisa). Isto para não falar que a economia de hoje de tão globalizada
promova praticamente para qualquer ramo de negócio uma multiplicida-
de de empresas. Portanto, mais realisticamente seria importante atentar
para mercados com altos graus de monopólio, em vez de considerar
um monopólio puro. Não obstante dessas reflexões, analisar a hipótese
de um único produtor ou vendedor de bens ou serviços, ainda que por
efeito didático ou para referência de casos assemelhados no mundo real,
é de fundamental importância. Há de se observar alguns casos especiais
que ainda ocorrem. O monopólio natural é um deles. Para entender esse
conceito, vamos iniciar com uma argumentação exemplificativa.
No mundo dos negócios empresariais, a diversificação de merca-
dos é grande. Há mercados nacionais, internacionais, como regionais e
locais. O mercado pode ser delimitado por uma pequena cidade. Nesse
último caso, vamos supor a produção de transporte coletivo para uma
população de 40 mil habitantes. Desses, não mais do que 20 mil têm o
hábito de utilizar transporte público, para deslocamentos de um ponto
a outro da cidade. A criação de uma empresa de ônibus envolve altos
custos fixos, como: os das garagens, compra dos veículos e atendimento
dos intervalos máximo de horários de um ônibus para outro. Suponha
que, dada a baixa demanda e o alto custo fixo, esse mercado poderia
suportar apenas uma empresa. Assim, duas empresas teriam altos custos
fixos que dificilmente seriam possíveis de serem cobertos na hipótese de
dividir entre elas a demanda de mercado existente. Nesse caso, se hou-
ver duas ou mais empresas, o serviço seria de menor qualidade (ônibus
sucateados, atrasos etc.), dado os problemas de lucratividade. Se nesse
mercado, dado os altos custos fixos, só há espaço para uma empresa,
podemos dizer que o monopólio é natural.
Portanto, denomina-se monopólio natural a incontestável observa-
ção de que só é possivel a instalação de uma empresa no mercado de bens
ou serviços. Isso porque os custos fixos de produção são demasiadamente
elevados para aquele mercado suportar outras empresas em competição.

CEDERJ 137
Análise Microeconômica | O mercado em situação de monopólio

Se duas ou mais empresas viessem a produzir, todas teriam prejuízos,


posto o baixo volume de vendas, insuficientes para cobrir seus custos.
Alguns exemplos de produção com altos custos fixos são os das
empresas em serviços de infraestrutura, como: o fornecimento de água,
distribuição de energia e TV a cabo. No entanto, na medida em que
haja o crescimento dos mercados (eles se integram como pelo efeito da
Mercado chamada globalização dos mercados) e do progresso tecnológico,
globalizado
o monopólio natural entre vários setores de produção vai perdendo
É a percepção de
que o mercado está
força. O tamanho do mercado vai se ampliando, os custos de produção
integrado ou inter- vão se diluindo, o que vai permitindo a concorrência, como no caso da
ligado com outros
mercados nacionais telefonia, TV a cabo e outros setores.
e internacionais. No
mercado globaliza-
do, um há fluxo de
produtos ou de ser-
O COMPORTAMENTO ECONÔMICO DE UM MONOPOLISTA
viços, fatores de pro-
dução entre diversos Não tem jeito! Uma empresa que desfruta da posição de ser única
mercados locais ou
regionais, dados pela no mercado, certamente, desejará impor preços. Não tendo concorrentes,
redução de custos de
quem quiser o produto terá de adquiri-lo ao preço determinado pelo
transportes e transa-
ções, em geral. monopolista. A isso, chama-se poder de estabelecer ou impor preço. É
óbvio, esse poder não é infinito. Não poderá colocar preços absurdamente
altos, inacreditáveis. Pois, assim, ninguém vai comprar mesmo, ou vai
haver tal revolta, a ter de o governo vir, por exemplo, a tabelar o preço.
Justamente para previnir essas ações, é que o governo adota
alguma intervenção pública em mercado, com fortes características
de monopólio. A principal delas é a da regulamentação. Nesse último
Agências aspecto, tem-se as agências reguladoras. Elas atuam em setores
Reguladoras
ditos de alto grau de monopólio, fiscalizando e coordenando setores de
São aquelas que, por
determinação legal, produção quanto a várias questões, entre elas, a fixação e reajustes de
regulam e fiscalizam preços (tarifas).
a atividade de seto-
res, como os da ener- Vale comentar o objetivo de maximização de lucro como com-
gia elétrica, petróleo,
aviação civil, entre portamento ou não de um mercado monopolizado. A Microeconomia
outros. No Brasil,
clássica admite como hipoótese o objetivo de maximização de lucro.
as agências regula-
doras federais (há Como vimos na Aula 11, esse objetivo não é universal a todos os merca-
também as estaduais
e municipais) atuais dos. Uma empresa monopolista pode interessar-se por outros objetivos
são, entre outras:
Ana, Anac, Ancine,
como o de aumentar a garantia de sua situação de monopolista. Nesse
Antaq, Anp, Anvisa, último, produzir em uma situação de preços menores ao que seria a de
Ans e ANTT.
um ponto de lucro máximo, proporciona a vantagem de reduzir o inte-
resse de potencial concorrentes.

138 CEDERJ
Para frisar que nem sempre se maximiza o lucro, pode-se arriscar

13
a dizer que em grandes empresas (grandes corporações) o lucro seja algo

AULA
secundário para os grandes administradores. Nelas, o lucro é deixado à
atenção de gerentes, restanto aos principais executivos os objetivos mais
estratégicos. Apesar dessas considerações, como já dito, a construção
do modelo de mercado em monopólio segue a hipotese de maximização
de lucro, a qual iremos admitir daqui pra frente. Assim, trataremos o
objetivo do monopolista, como o de procurar alcançar o máximo lucro
possível, dado as condições de demanda e sua estrutura tecnológica de
produção (ou comercialização) de bens ou serviços.

A PRODUÇÃO DE CURTO PRAZO

Como já estudamos, a produção de curto prazo pode ser inter-


pretada como aquela em que com o passar do tempo cede espaço para
o período de longo prazo. Portanto, no curto prazo, há limitações que
podem ser supridas, quando se atinje o longo prazo.
Com o objetivo da maximização de lucro, o monopolista irá
verificar em que nível de produção a receita marginal atinge o mesmo
valor do custo marginal. Essa é a forma teórica de identificar o nível
de produção compatível com o lucro máximo. Determinado o nível
de produção, basta verificar o preço que a demanda do mercado paga
para adquiri-lo. Como no caso da concorrência perfeita (Aula 12), o
monopolista ao determinar o nível adequado para maximizar o lucro,
pode verificar três resultados: lucro positivo; lucro negativo; lucro zero.
A Figura 13.1 ilustra os três casos. Na parte A, a igualdade entre a receita
marginal e o custo marginal é dada pela produção de qe unidades. Nesse
nível de produção, o custo médio é menor do que o preço (pe) que a
demanda está disposta a pagar; portanto, há lucro positivo. Na parte
B, o preço que a demanda está disposta a pagar é menor do que o custo
médio, o que significa dizer: há prejuízo. Por fim, na parte C, o preço pe
é o mesmo que o custo unitário de produção. Portanto, o custo médio
em produzir uma mercadoria “empata” com o preço que é obtido na
venda, isto é, não há lucro ou prejuízo.

CEDERJ 139
Análise Microeconômica | O mercado em situação de monopólio

Figura 13.1: Produção e lucro no curto prazo.

Atividade 2
Ao longo dos 500 km de uma longa e única estrada americana que liga duas cida- 2
des, há apenas um posto de gasolina. A demanda por gasolina para esse posto foi
estimada em: p = 100 – 0,5 q; em que p é o preço por litro e q é a a quantidade da
gasolina comprada em litro. O custo total para atividade do posto é: CT = 50 q + 1.000.
Sabendo que esse posto age em função de maximizar seus lucros, pedimos:
a. os níveis esperados de produção (quantidade encomendada pelo posto de gasolina
para revenda) e o preço;
b. a expressão do custo médio e o seu valor na produção esperada;
c. o lucro total e o lucro médio para esse solitário posto de combustível;
d. o gráfico com os pontos de preços e quantidades de equilíbrio.

140 CEDERJ
13
AULA
Resposta Comentada
a. Temos de determinar em que nível de produção (q) a receita marginal é
igual ao custo marginal. Isso porque o objetivo do posto é o de maximizar lucro.
Sabemos que a receita marginal é a derivada da receita total em relação à
variação da quantidade. Temos a equação de preços. Quando multiplicamos
ambos os lados por q, teremos a receita total. Assim, podemos derivar a receita
total para identificarmos a receita marginal. Vejamos:
p = 100 – 0,5 q
RT = p q = p q = 100 q – 0,5 q2
RT = 100 q – 0,5 q2
Receita marginal = 100 – q
O custo marginal é a derivada do custo total em relação à variação da quanti-
dade; portanto:
CT = 50 q +1.000
CMg = 50
Como a receita marginal iguala-se ao custo marginal:
100 – q = 50
q = 50
Determinada a quantidade de gasolina que deverá ser produzida (comprada para
a revenda pelo posto), basta substituir essa quantidade na curva de demanda
para obter
o preço: p = (100 – 0,5 q) = 75.
Portanto, a produção será q = 50, o preço cobrado será p = 75.

b. O Custo Médio é o custo total dividido pela quantidade. Assim, temos:


CMe = CT/ q = 50 + 1.000 / q
Quando se produz q = 50, o CMe = 70
c. O resultado do lucro total obtido é dado pela diferença entre a receita e o
custo gerado na operação: LT = RT – CT
RT = 100 q – 0,5 q2 = 3.750 e CT = 50 q +1.000 = 3.500
O que resulta LT = 250

CEDERJ 141
Análise Microeconômica | O mercado em situação de monopólio

O lucro médio é o lucro por unidade, ou seja, o lucro por cada litro de gasolina
vendida. Assim, basta dividir o lucro total pela quantidade de gasolina vendida:
LT/ q = 250 / 50 = 5.

d. O gráfico pode contemplar as curvas de demanda, receita marginal e custo


marginal. Observamos, assim, os pontos de produçao e preço dados pela
maximização de lucro.

Das três possibilidades, claro que para o monopolista o caso nor-


mal é o de lucro. Espera-se de uma empresa sem concorrentes alguma
facilidade para auferir lucros. Apesar disso, é perfeitamente possível
o lucro negativo no curto prazo. Lembre-se que, em um mercado, há
pelo menos duas partes: produtores e consumidores. Por alguma razão,
a demanda pode estar em um momento de baixa procura, a ponto de
causar problemas ao mercado, isto é, sendo a demanda baixa, pode
ocorrer que a receita com as vendas não seja suficiente para cobrir os
custos de produção.
Vamos a um exemplo. Suponha uma cidade onde exista apenas
uma empresa para produzir sorvete. Várias pessoas apreciam esse pro-
duto, principalmente nas noites estreladas de verão. Há lucro nessa ati-
vidade. No entanto, para surpresa de todos, uma queda de temperatura
passa a persistir por meses nessa cidade. O consumo cai drasticamente.
É uma situação temporária, pois espera-se que em algum momento o
clima natural restabeleça-se. Podemos ver essa situação graficamente
na Figura 13.2.

142 CEDERJ
Antes do frio, a demanda era D. Há lucro nessa atividade, pois

13
o preço pe é superior ao custo médio CMe, associado à produção qe.

AULA
Dados o custo médio, CMe, verificamos que o ponto qe de maximização
de lucro permite o lucro. Na entrada da baixa temperatura, a demanda
reduz-se, digamos, para D’. Agora a empresa experimenta prejuízo,
pois a nova produção qe’ conduz o custo médio CMe’. Esse é um valor
superior ao novo preço dado por p’. Apesar de ser única no mercado, a
empresa pouco pode fazer para enfrentar a queda de demanda. Em geral,
a empresa monopolista não abandonará essa atividade apenas por que
a demanda reduziu-se por uma questão apenas circunstancial. Normal-
mente, ela espera que a demanda "volte para o seu lugar" brevemente.

Figura 13.2: Monopolista em prejuízo por oscilações da demanda.

Outras situações podem resultar em comportamentos semelhantes


ao que acabamos de analisar. Por exemplo, uma empresa monopolista
ao iniciar suas atividades pode defrontar-se com uma baixa procura por
seu produto. De resultado semelhante, uma subida abrupta de custos
pode posicionar a curva de custo médio em ponto de maior valor do
que o preço pago pela demanda. Em uma situação de curto prazo, há
pelo menos um instrumento para o monopolista lidar nessas situações.
Vemos a seguir.

CEDERJ 143
Análise Microeconômica | O mercado em situação de monopólio

A PROPAGANDA NO MONOPÓLIO

Haveria a necessidade de um monopolista fazer propaganda pelo


seu produto, uma vez ser ele o único vendedor? Sim, nos casos ante-
riormente mencionados, a propaganda tem o efeito esperado de fazer
com os consumidores venham a comprar mais do que comprariam na
ausência dela. Esse é o puro objetivo da propaganda. Dada uma curva
de demanda, a eficiência de uma divulgação de campanhas publicitárias
será verificada pelo deslocamento para a direita dessa curva. Quanto mais
ela se deslocar, maior terá sido o efeito da propaganda sobre o aumento
das vendas. O deslocamento da demanda retrata uma escala maior de
consumo para cada par de preços e quantidades, comparados à antiga
curva de demanda. Assim, em caso de uma queda na curva de demanda,
ou de uma curva de demanda muito baixa, o monopolista poderá fazer
uso de uma agência de publicitários para promover o seu produto, isto é,
tratar de motivar o deslocamento da demanda para a direita. Isso seria o
caso de observarmos na Figura 13.2 a curva de demanda original como
a posicionada em D’. Dada a propaganda, a demanda desloca-se de D’
para D. Assim, de uma situação de prejuízo passaria para um resultado
econômico positivo.

As poderosas donas de casa exercitando “o povo unido jamais será vencido”!


Cansada de protestar pelos elevados preços e baixa qualidade do produto
de uma empresa monopolista, a associação das donas de casa promove um
boicote às compras. A adesão ao boicote é de 60% e assim permanece por
um bom tempo.
Como essa questão afetaria o gráfico que descreve a maximização de lucro do
monopolista no curto prazo? Vamos comparar esse boicote com a possibilidade
de uma propaganda por parte do monopolista.
Ao que o boicote tem o resultado de queda nas vendas, o gráfico tem alterado a
curva de demanda em um sentido de deslocamento paralelo da posição original
da curva de demanda para a esquerda. Naturalmente, haverá uma diminuição
de lucros, podendo gerar prejuizo. O boicote é como uma propaganda negativa.
Enquanto a propaganda visa deslocar para a direita para gerar lucros, o boicote
desloca a curva de demanda para a esquerda, levando a uma queda de lucros.

Vale frisar que fazer propaganda envolve gastos. São valores altos,
isto é, propaganda envolve custos. Porém, em contrapartida, suscita a
expectativa de aumentar o faturamento da empresa. É óbvio, o mono-
polista haverá de se interessar em fazer propaganda se a estimativa de

144 CEDERJ
ganhos adicionais de vendas superar os custos, advindos em realizar a

13
propaganda. Assim, a propaganda desloca a curva de custo médio para

AULA
cima, mas também desloca a curva da demanda para a direita. Se essa
última proporcionar um deslocamento superior, far-se-á a propaganda.
Devemos observar que gastos com propaganda apesar de elevados são
relativamente pequenos, se comparados aos demais elementos de custos
de uma grande empresa, como a monopolista. Portanto, espera-se que
uma propaganda eficiente acabe por elevar de forma pouco significativa
a curva de custos, ao passo de impactar significativamente a curva de
demanda, a ponto de viabilizá-la. A Figura 13.3 ilustra na parte A uma
decisão razoável de efetuar propaganda; na parte B onde a relação indica
não ser favorável.

Figura 13. 3: Decisão de efetuar propaganda.

Atividade 3
Suponha que o proprietário do posto de gasolina, descrito na Atividade 1, esteja 3
disposto a aumentar suas vendas. Para isso, espalha por vários pontos da estrada
belos outdoors, enaltecendo a qualidade do posto. Como resultado, a curva de demanda
passa a ser: p = 150 – 0,5 q
Por sua vez, a propaganda causou-lhe novos e acentuados gastos. Assim, a estrutura de
custos passou a ser construída pela curva de custo total como:
CT = 50 q + 4.000.
Calcule os efeitos da propaganda ao referido negócio de combustível, comparado aos
resultados da Atividade 1.

CEDERJ 145
Análise Microeconômica | O mercado em situação de monopólio

Resposta Comentada
De: CT = 50 q + 1000; para: CT = 50 q + 4.000.

Observamos que a propaganda aumentou a curva de demanda e também, a


curva de custos. Antes e depois, as curvas de demanda passaram, respectiva-
mente:
De p = 100 – 0,5 q; para p= 150 – 0,5 q.
De CT = 50 q + 1000; para CT = 50 q + 4.000.
Assim, se utilizarmos os mesmos procedimentos adotados para o cálculo da
Atividade anterior, teremos:
RT = 150 q – 0,5 q2
CT= 50 q + 4.000
RMg = CMg 150 – q = 50
q = 100; p = 100
LT = RT – CT
LT = (15.000 – 5.000) – (5.000 + 4.000) = 1.000
Lucro unitário = p – CMe = 100 – ( 50 + 40) = 10
O gráfico que ilustra o efeito da propaganda tem o seguinte esboço (omitiu-se
as curvas de custo médio e total):

146 CEDERJ
13
AULA
POSIÇÃO DE LONGO PRAZO

Como acabamos de ver, no curto prazo, a empresa monopolista


pode experimentar lucro ou prejuízo. Em caso de obter o lucro econômico
máximo, a situação é a de permanecer nesse ponto. Assim, a passagem do
curto para o longo prazo pode permanecer inalterada, quanto às decisões
de alterar seus planos de produção, custos, vendas etc. Ao contrário do que
ocorre na firma em concorrência, o lucro positivo é possível no monopó-
lio. Naquela, a existência de lucro atrairá a entrada de novas firmas nesse
mercado, o que fará os preços caírem, reduzindo o lucro até o chamado
lucro normal (lucro zero). No monopólio, não há como outras empresas
entrarem nesse mercado, pois existem as barreiras à entrada. Portanto, o
lucro no monopólio pode ser extremamente elevado nesse mercado por
anos e anos (o que enseja a ideia de longo prazo) sem que seja ameaçado
por outras empresas enquanto existirem as barreiras à entrada. Assim, a
existência da hipótese de altas barreiras à entrada é a que permite o lucro
econômico positivo no longo prazo à empresa monopolista.
Se no curto prazo o resultado for de perda econômica, ela estará
tomando alguma ação para modificar tal situação. Por evidente, a empresa
não permanecerá em um mercado, se houver prejuízo no longo prazo. Aliás,
podemos dizer que nenhuma empresa, seja qual for o tipo de mercado em
que atua, permanece com prejuízo de longo prazo. Simplesmente, ela aban-
dona o mercado, pois o longo prazo é o período pelo qual tudo que deveria

CEDERJ 147
Análise Microeconômica | O mercado em situação de monopólio

ou poderia se fazer já foi feito. Pelo contrário, seria imaginar o empresário


continuar mantendo sua empresa eternamente com lucro negativo sem
expectativas de poder mudar a situação.

CONCLUSÃO

O monopolista é aquele que empresário é único como ofertante


de mercado. Por isso, sua empresa tende a ser grande, tende a explorar
e receber altos lucros. No entanto, pode-se ter que a empresa monopo-
lista aufira lucro zero ou prejuízo no curto prazo. Ela pode fazer uso de
propaganda como mecanismo de estimular a demanda por seu produto.
Tecnicamente falando, a propaganda representa um deslocamento para a
direita da curva de demanda. Assim, em uma situação de baixas vendas
que acabe por resultar em prejuízo, gastos com propaganda podem via-
bilizar a obtenção de lucros. No longo prazo, o monopolista não produz
com prejuízo. Nessa situação, ele abandona o mercado.

Atividade Final
Em uma dada cidade, um grupo econômico constrói um grande e vistoso shopping 3 4
center. Com esse empreendimento, a cidade passa a ter seu primeiro shopping.
Determinadas lojas de varejo, cinemas, teatros e diversas atividades de entretenimento só se
encontram nesse shopping e não há mais espaço para novas construções. Apesar da beleza e
investidura do novo centro comercial, a frequência de consumidores está abaixo do esperado.
A lucratividade (contábil) anual agregada é de $1.500. Um projeto de propaganda é encomen-
dado, o que prevê um aumento de $400 na lucratividade anual, já descontado o custo anual
de $100 devido a propaganda. O projeto é aprovado e executado. No entanto, a lucratividade
anual passa a ser de $ 1.700. Passados alguns anos, consultores empresariais informam que a
construção de um edifício-garagem, compondo também algumas lojas comerciais e escritórios,
permitiria um lucro líquido contábil anual de $ 2100. Diante desse contexto:
a)Esboce o gráfico que retrate o efeito da propaganda, quanto aos custos, receita e lucro do
grupo econômico monopolista do mercado de shopping center.
b) Considerando que o shopping center está auferindo lucro contábil de $1.700, já na hipótese
de longo prazo, então o que se pode esperar quanto à decisão de continuar ou não com esse
empreendimento de shopping?

148 CEDERJ
13
AULA
Resposta Comentada
a) O gráfico a seguir apresenta a nova curva de custo médio (CMe’) que está levemente
superior à anterior curva de custo médio, por efeito dos custos com propaganda. A curva de
demanda desloca-se para direita, passando, portanto, de D para D’. Assim, a nova igualdade
entre RMg e CMg (omitidos no gráfico) é dada na produção q’, a qual representaria no
caso, o volume de vendas do shopping. A área do retângulo formado pelos pontos ABCD
representa o lucro de $1.700, pois a base desse retângulo dá o volume da produção das
lojas, enquanto a altura o lucro unitário das lojas. Em sentido análogo, a área do retângulo
formado pelos pontos EFGH representa o lucro antes da propaganda, ou seja, $1.500.

b) Apesar de o lucro contábil ter aumentado de $1.500 para $1.700, o grupo eco-
nômico deverá mudar a atividade de shopping para o edifício-garagem. Isso porque
o lucro econômico é negativo, ou seja, há uma perda econômica para o grupo de
$400 anuais ($ 2.100 – $ 1.700), por não estar com o edifício-garagem. Então,
no longo prazo, os recursos serão direcionados para a transformação do
shopping em edifício-garagem.

CEDERJ 149
Análise Microeconômica | O mercado em situação de monopólio

RESUMO

Dizemos que o mercado é monopolista quando existe apenas uma empresa


ofertando o produto, isto é, ela responde por 100% da produção. Essa situação
normalmente é caracterizada pelo impedimento ou inviabilidade econômica
de outras empresas ingressarem no mercado. Denominamos isso de barreiras
à entrada. Algumas dessas barreiras são dadas pela presença de economia de
escala ou mesmo por medidas legais como são os casos das patentes ou condições
sanitárias para a produção.
Por ser o único a produzir, a curva de demanda agregada do mercado é a curva
de demanda do monopolista.
Maximizando o lucro, o monopolista irá igualar a receita marginal com o custo
marginal, podendo auferir lucro econômico positivo, zero ou negativo, no curto
prazo. No longo prazo, só faz sentido o lucro econômico igual ou superior a zero.

INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na próxima aula, trataremos do caso em que há várias empresas no mercado,


mas cada uma tem algum poder de mercado. Nesse caso, apresenta-se
o importante caso do mercado de oligopólio. Também será estudado o
mercado, denominado concorrência monopolista. Este, apesar de menos
divulgado no dia a dia, é bastante encontrado no mundo real dos negócios.

150 CEDERJ
O oligopólio e a concor-

14
AULA
rência monopolística
Cleber Ferrer Barbosa

Meta da aula
Descrever o oligopólio e a concorrência monopo-
lística como mercados intermediários aos mode-
los de monopólio e concorrência.
objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você


seja capaz de:
1 identificar e caracterizar a estrutura de
mercado de oligopólio;

2 reconhecer a estrutura de mercado


da concorrência monopolística e seus
resultados econômicos, quanto ao preço,
lucro e produção;
3 diferenciar os mercados de concorrência:
monopólio, oligopólio e concorrência
monopolística;

4 listar as características dos vários setores


da economia brasileira, de acordo com
os modelos de monopólio, oligopólio ou
concorrência monopolística.

Pré-requisito
Esta aula é parte integrante das Aulas 12 e 13,
pois utiliza características e conceitos relativos
aos mercados de concorrência e monopólio.
Assim, à medida que tais mercados sejam enfoca-
dos e você encontre dificuldade no que se argu-
menta, valerá o reinvestimento àquelas aulas.
Análise Microeconômica | O oligopólio e a concorrência monopolística

INTRODUÇÃO Se você for comprar um bom chocolate para sua(seu) namorada(o), certamente
terá de decidir entre não mais do que três ou quatro das boas marcas do merca-
do. Não é apenas uma empresa que comercializa tal guloseima, como acontece
em uma empresa monopolista. De igual modo, não podemos esperar que uma
grande quantidade de pequenas empresas disponibilize inúmeras marcas, todas
com o mesmo sabor, textura e demais aspectos, como ocorre nas firmas em con-
corrência. Assim, sabemos da existência de outros tipos de mercados em que a
diferenciação dos produtos que comercializam, em relação à quantidade de firmas
e demais aspectos, não se encaixam como monopolista ou concorrência perfeita.
Nas Aulas 12 e 13, estudamos as estruturas de mercado de concorrência pura
e monopólio. Esses são mercados extremos dentro do conjunto de estruturas
dadas pela Microeconomia. Nesta aula, estudaremos as estruturas de mercados
intermediárias àqueles mercados (monopolista ou concorrência perfeita). São
duas das mais importantes e frequentes formas de mercado, elas são denomi-
nadas como o oligopólio e a concorrência monopolística. A principal vantagem
de estudá-las é a proximidade com o mundo real. Na prática, a maioria das
empresas assume características que estão entre as firmas de concorrência
perfeita e monopólio; portanto, estão enquadradas mais realisticamente em
Concorrência estruturas ditas pelos economistas como de c o n c o r r ê n c i a imperfeita. Elas
i m p e r f e i ta não são tomadoras de preço. Pelo contrário, possuem condições, de uma forma
Compreende as for-
ou de outra, para precificar o preço dos produtos que comercializam, como,
mas de mercado em
que a empresa tem por exemplo, a significativa preferência dos consumidores (leia-se: clientela
poder para estabe-
lecer o preço de seu cativa de consumidores) por sua linha de produção.
produto no mercado.

O OLIGOPÓLIO

Uma estrutura de mercado oligopolista é caracterizada por um


ambiente de poucas empresas no mercado. Por serem poucas, espera-se
que sejam grandes, haja vista todo o mercado a ser dividido entre elas.
Como são grandes, cada uma dessas empresas possui uma significativa
Market share participação do mercado. Isto é, cada uma possui um considerável
É a proporção da market share. Não podemos delimitar precisamente o número de
oferta total de mer-
cado que cabe a uma firmas que compõem um mercado oligopolista. Um oligopólio pode ser
empresa participan-
te. Por exemplo, se encontrado em um mercado com duas, cinco ou mesmo dez firmas. Neste
uma empresa produz último, espera-se que alguma ou algumas delas tenham uma participação,
20% da produção
que é comercializada digamos, superior a 20% do mercado. Isto para que, pelo menos, uma
no mercado, este é o
market share dela. tenha poder de mercado, que é a característica fundamental do oligopólio.

152 CEDERJ
Quando há apenas duas empresas, dividindo o mercado (não necessa-

14
riamente na mesma proporção) entre si, diz-se que há duopólio.

AULA
Quanto mais as empresas possuem um elevado market share, mais
próxima estarão dos resultados teóricos de um mercado oligopolizado.
A teoria pode distinguir dois tipos de oligopólio no aspecto do que é pro-
duzido. O oligopólio pode ser puro ou diferenciado. Este último ocorrerá
quando as empresas comercializarem produtos com alguma diferenciação
entre si. O outro é evidenciado pelos produtos serem praticamente os
mesmos. Por exemplo, no mercado de automóveis luxuosos, há uma certa
diferenciação entre eles; portanto, um oligopólio diferenciado. Se os pro-
dutos apresentarem baixa diferenciação, podemos entendê-los como um
mercado de oligopólio puro, como seria o caso do mercado de água mineral.
Do que foi dito até agora, podemos definir oligopólio em uma
frase: forma de mercado em que há poucas firmas (empresas produtoras
ou vendedoras) com grande capacidade de produção ou vendas, cada
uma negociando produtos similares ou idênticos entre elas.
Com facilidade, podemos observar vários mercados oligopolistas no
Brasil. São exemplos os setores automobilístico, de aviação, de bicicletas,
lâmpadas, cervejas, lacticínios etc. No plano internacional, o exemplo mais
marcante e conhecido é o do petróleo. Nesse, poucos países detêm parte
substancial da produção mundial, o que permite controlar em grande inten-
sidade os preços desse óleo. O controle de mercado, exercido por grandes
empresas por meio da fixação de preços, nível de quantidade ou qualidade
dos produtos, é denominado poder de mercado, como vimos na aula anterior.

?
A exportação de petróleo é um
dos mais tradicionais exemplos de oligopólio inter-
nacional. Frequentemente acusada de promover cartel (acordo
ilegal de condutas entre rivais sobre preços, quantidades ou regiões),
tem-se a internacionalmente conhecida OPEP. A OPEP – Organização dos
Países Exportadores de Petróleo –, criada em 1960, tem como países-membros a
Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e Venezuela, entre outros*. Esta organização
com sede em Viena (Áustria) teve ação direta na eclosão da primeira (1973)
e segunda crise (1979) internacional do petróleo, que abalou o mundo.
Naquela época, o preço do barril do petróleo chegou a quadrupli-
car, impondo pesados custos aos países dependentes dessa
matéria-prima importada. Indiscutivelmente,
um dos objetivos da

CEDERJ 153
Análise Microeconômica | O oligopólio e a concorrência monopolística

OPEP é o de
cotar e controlar os preços de venda
de petróleo no mercado mundial. Esta é uma ação de
natureza típica aos mercados oligopolizados, porém condenada por
diversas legislações, haja vista a perda de bem-
estar para os consumidores dependentes de tais produtos. Atualmente, o poder
da OPEP já não é mais o de antigamente. A instabilidade presente em acordos entre
rivais e o crescimento de outros países produtores de petróleo fragilizou a impor-
tância dessa organização.
*Países-membros da OPEP: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos,
Irã, Iraque, Kuwait, Qatar, Angola, Líbia, Argélia, Nigé-
ria, Venezuela e Equador.

Uma vez que o oligopólio está presente em muitos mercados, vale


investigar como se comportam as firmas que neles operam. Ora, se são
poucas e grandes empresas, notadamente uma se preocupa com a ação
da outra. Não só da ação, mas da reação subsequente às movimentações
dadas pelo mercado em virtude da ação original de uma delas. O jogo de
ação e reação para disputar mercados pode tornar a competição intensa
e voraz. Talvez um exemplo seja o mercado de planos tarifários nos
celulares entre as operadoras. Quando uma cria uma promoção, pode
desencadear uma sucessão de promoções com as demais. Todavia, o
mercado de oligopólio nem sempre apresenta um mercado assim, como
lembra o dito popular: “briga de cachorro grande!”. Ao invés de compe-
tirem, eles podem chegar à conclusão de que uma união ou cooperação
pode causar mais benefícios do que o contrário. Seria algo como outro
dito popular: “dois bicudos não se beijam”. Vamos abordar essas duas
possibilidades. Nesta aula, estudamos a hipótese de competição e em
seguida, ainda que resumidamente, enfocamos as possibilidades e riscos
de acordo entre os oligopolistas para atuarem no mercado. Esta conduta
de mercado, vale adiantar, consiste de prática dotada de ilicitude, isto é,
proibida em lei em pôr pelo menos 200 países de todo o mundo.
Para os nossos propósitos, vamos admitir o objetivo de maximiza-
ção de lucro para o oligopolista. Porém, é sempre bom lembrar: grandes
empresas podem definir outros objetivos. Como há poucas concorrentes,
é fácil observar a participação das outras empresas em questões de preço
e volume de produção das rivais, bem como ilidir sobre possíveis ações e
reações das mesmas, em torno do que acontece no mercado.

154 CEDERJ
Suponha, agora, o mercado de aparelhos celulares. Admita apenas

14
quatro empresas: Nokia, Samsung, Motorola, e LG. Certamente, uma

AULA
redução no preço do aparelho celular da marca Nokia irá incomodar as
rivais. Essas estarão atentas em observar se a queda de preço será capaz
de abalar a posição de cada uma no mercado. Outras questões podem
surgir, o desencadeamento ou não de uma guerra de preços entre todas
as quatro empresas. Portanto, há uma percepção sobre a ação e reação
entre as firmas integrantes do oligopólio, quando uma ou mais tomam
uma posição diferente no mercado. A isto, os economistas chamam de
interdependência econômica de empresas no mercado. A interde- Interdependên-
cia econômica
pendência obriga as empresas a tomar um comportamento estratégico,
de empresas
acerca de tomadas de decisão em relação as variáveis preço, volume ou
Ocorre quando a
mesmo qualidade de produção. decisão tomada de
uma empresa sobre
Vamos exemplificar o jogo da ação e reação no oligopólio e, o seu preço ou quan-
tidade produzida
portanto, as ações interdependentes das empresas. Imagine a Motorola, altera a decisão das
surpreendendo o mercado com uma redução de 30%, em toda a linha de demais sobre essas
mesmas variáveis.
seus aparelhos. O que tal ação poderia causar no mercado? Com certeza,
as rivais prontamente perceberiam a conduta da Motorola. Diante disso,
quase tudo poderia acontecer em termos de reação, inclusive, é claro,
nada. Vejamos algumas das possíveis reações (R):
R1: reduzir seus preços na mesma proporção. Isto, provavelmente,
irá frustrar o efeito de vendas esperado da Motorola. Contudo, aumenta-
rá um pouco a quantidade vendida de todas as empresas. Esse aumento
de vendas seria à custa de todas auferirem um lucro menor em relação
à posição inicial. Por quê? Porque o preço reduziu (demanda elástica) e
o custo total de produção aumentou.
R2: Reduzir seus preços em um percentual menor para que a queda
em sua demanda não seja tão acentuada, supondo até, quem sabe, que a
concorrente não irá suportar por muito tempo vender tão barato assim.
R3: Conceder uma redução de preços ainda maior. Assim, sinali-
zaria à Motorola de que a rival está pronta para enfrentar uma guerra
de preços.
R4: Nada fazer, pois ao abaixar o preço, a Motorola estaria desva-
lorizando o seu produto no mercado. Isso poderá não resultar em tantas
vendas adicionais, caso haja uma relação de status com a aquisição do
produto.

CEDERJ 155
Análise Microeconômica | O oligopólio e a concorrência monopolística

Não podemos esquecer que os empresários tomam suas decisões na


base da racionalidade. Isto é, agem de acordo com os objetivos diretos da
empresa. No nosso modelo teórico, a maximização de lucro; portanto, as
ações e reações dos oligopolistas são em torno de obter o lucro máximo.
Desprezamos quaisquer outras motivações como decisões por impulso
ou por sentimento de rivalidade entre os agentes.

A INTERDEPÊNCIA E A PRODUÇÃO NO MERCADO


OLIGOPOLISTA

Repetimos: O suposto objetivo de cada empresa oligopolista é


o da maximização de lucro. Sabemos que a atuação de uma empresa
afeta os negócios das outras. Para formularmos a questão do lucro e da
produção, vamos admitir as seguintes hipóteses simplificadoras:
1. Há duopólio puro, ou seja, a existência de apenas duas empresas
(A e B), disputando o mercado de um determinado produto homogêneo.
2. Não há custos de produção. Assim, a empresa pode ofertar
qualquer nível de unidade, sem se preocupar com os custos; portanto,
toda a receita adicional representa lucro adicional.
Por conseguinte, considere a Tabela 14.1, evidenciando o conjunto
de possibilidade de produção com seus respectivos preços, receita total
e lucro total.

Tabela 14.1: Dados econômicos hipotéticos para o mercado de oligopólio

Demanda agregada Preço Receita total Lucro total


(em unidades) (R$) (R$) (R$)
0 16 0 0
1 15 15 15
2 14 28 28
3 13 39 39
4 12 48 48
5 11 55 55
6 10 60 60
7 9 63 63
8 8 64 64
9 7 63 63
10 6 60 60
11 5 55 55
12 4 48 48
13 3 39 39
14 2 28 28
15 1 15 15
16 0 0 0

156 CEDERJ
Diante dos dados de mercado, observados na Tabela 14.1, quais

14
seriam os volumes de produção e vendas das duas firmas oligopolistas

AULA
A e B?
Como a oferta de mercado é dada por A e B, elas podem concorrer
intensamente ou simplesmente entrar em um acordo, para encontrar um
modo mais lucrativo de operar. Ao que venham a concorrer, provável
será a obtenção de resultados próximos ao que seria esse mercado em
situação de concorrência pura. Como vimos na Aula 12, a maximização
de lucros, na concorrência pura, conduz à igualdade entre custo marginal,
receita marginal e o preço. Como nesse caso o custo marginal é zero
(não há custos marginais), a receita marginal também será zero. Isto
leva a produção ao nível de 16 unidades. Ainda que esse resultado seja
muito estranho do ponto de vista prático (a concorrência seria tal que a
disputa acabaria por distribuir os produtos gratuitamente), o importante
é a sinalização de que seria uma produção com preço inferior à de uma
posição monopolista. Esta seria a de uma única firma que, sem concor-
rência, exploraria o mercado, visando ao maior lucro possível. Mas se
estamos com duas firmas para disputar o mercado, isso não seria o caso,
a menos que elas viessem a observar a vantagem de parar de competir
e agir de forma conjunta.
Ao que venham a agir de forma conjunta para auferir maiores van-
tagens, os economistas chamam tal atitude por ação concertada. Observe
que a palavra concertada vem de concerto (com c), representando ação
combinada entre empresas. Os economistas também utilizam a palavra
conluio como a ação concertada, visando a uma cooperação entre os Conluio
agentes que naturalmente deveriam concorrer em um mercado. Portanto, Em mercado de oli-
gopólio, o conluio
ao promover um acordo sobre o preço e a quantidade produzida, elas vão consiste em com-
binação entre dois
optar por gerar uma produção conjunta tal qual a de um monopolista.
ou mais rivais para
No nosso exemplo, seria a produção total de 8 unidades. Cada uma agirem de forma a
explorar o mercado
levaria 4 unidades ao mercado. O preço seria R$ 8. A lucratividade de pelo qual deveriam
agir de forma com-
cada uma teria o valor de R$ 32 (metade do lucro agregado de R$ 64). petitiva.

O CARTEL

O que você acha, essas duas empresas tendem a competir ou a


agir em ação concertada? O conluio é a tendência no oligopólio? Várias
perguntas (muitas sem unanimidade nas respostas) podem ser feitas.

CEDERJ 157
Análise Microeconômica | O oligopólio e a concorrência monopolística

Não restam dúvidas de ao se perceber a vantagem lucrativa do conluio, as


joint venture
empresas oligopolistas terão um ótimo incentivo para tal. No entanto, há
Representa a asso-
ciação entre empre- uma gama de fatores a considerar. A mais contundente é a da proibição
sas (concorrentes ou
não), no sentido de da ação concertada entre empresas de um mesmo ramo de atividade.
elas empreenderem
Em praticamente todos os países, há legislação específica, cuidando de
conjuntamente um
projeto de investi- proteger o mercado nessa questão. Afinal, ao que haja uma exploração
mento, visando à
melhoria das con- do mercado de forma monopolista, os consumidores saem prejudicados.
dições de mercado,
como um todo. Uma
Os preços ficam bem mais elevados. Os lucros aumentam sem qualquer
empresa de automó- justificativa econômica, ou seja, sem que seja por razão de se vender mais
vel pode reunir-se
com a rival para ou melhor. De forma geral, excetuados alguns poucos casos como o de
desenvolver uma
joint venture, o conluio e outras formas de ações combinadas como o
tecnologia de motor
não poluente; isso é cartel são condutas proibidas por lei e sujeitas a severas multas.
uma j o i n t v e n t u r e .
Suponha que as empresas consigam dissimular suas ações de

Cartel “conchavo”. Isto é, as autoridades competentes à proibição de cartel, não


É o acordo entre um percebem tais ações. Há outra consideração a fazer acerca da dificuldade
grupo de empresas
do mesmo ramo de
de agirem de forma combinada. Dado o acordo de exploração de mercado
atividade para agi- como a de um monopolista, qualquer uma delas poderá rapidamente
rem de forma combi-
nada sobre questões, observar que vale a pena romper o acordo de produzir 4 unidades. Ao
como preço e quanti-
dades produzidas. vender 5 unidades, terá o lucro total ampliado para R$ 35. Isto seria
mais vantajoso para ela ainda que o preço venha a diminuir (para R$ 7).
Todavia, ambas têm a mesma hipótese de conhecimento do mer-
cado e desejo de lucro. Ao momento em que uma venha a aventar essa
ação, a outra também a tomará como a mais lucrativa. O resultado é
que o mercado acabe tendo 10 unidades. Nessa produção agregada, o
preço será R$ 6 e o lucro por firma será de R$ 30. Assim, essa ou qual-
quer outra tentativa de romper o acordo seria prejudicial às empresas, a
menos que nem todas venham tomar tal atitude. No caso de duas firmas,
é pouco provável que uma não venha a identificar a ação da outra. Mas
se em vez de duas empresas, tivéssemos um mercado oligopolista com
8 ou 10 empresas?
Com 10 empresas, a ação de uma empresa de burlar um determi-
nado acordo fica menos evidente. Quanto maior o número de empresas,
menos provável será o acordo, posto a grande tendência de haver a burla.
Dito isso, podemos observar que para algum acordo de preço e produção
entre concorrentes, uma estrutura administrativa deverá ser criada para
formular, executar e controlar o que vier a ser combinado; portanto, isso
é o cartel em suas etapas de formulação, execução e controle.

158 CEDERJ
A organização administrativa para viabilizar o cartel teria a tare-

14
fa de identificar a posição monopolista de preços, produção e lucros.

AULA
Em seguida, acertar o preço que deve ser praticado e/ou a produção
permitida para cada uma das empresas participantes, não esquecendo de
determinar penalidades para quem eventualmente venha a descumprir o
acordo. A execução é a aplicação do que foi formulado. Cada empresa
deve cumprir o que se concertou. No que se refere ao controle, deno-
minado pela expressão “custo de policiamento” do cartel, visa vigiar o
dia a dia das empresas participantes.
Fica fácil compreender que, quanto mais empresas existir no
oligopólio, maior será a dificuldade de formular e controlar o acordo.
Em primeiro lugar, pela percepção de que qualquer acordo tende a ser mais
difícil quando se aumenta o número de participantes. Com cinco empresas
para dividir um mercado, teremos um nível de dificuldade para convencer
sobre o que vier a ser formulado. Com 15, a dificuldade tende a ser bem
maior. Mas não é só isso, pois o custo de vigiar o cumprimento é maior.
Portanto, chega-se à percepção de que quanto maior o número de
empresas no oligopólio, menos viável será a chance de uma cartelização
nesse mercado. Observe que um fator de dificuldade é a heterogeneidade
dos produtos. Mercado com produtos diferenciados implicam gerar
discórdias ao se impor preços iguais para todos. A empresa de produto
mais sofisticado ou líder na preferência dos consumidores irá pleitear
uma fatia maior de mercado ou um preço diferenciado. Dificilmente, as
outras terão a mesma opinião sobre tais questões. O fato é que a história
dos cartéis é a de curta duração, justamente pela dificuldade crescente
de proposição e controle do que for combinado ao longo do tempo em
que novas empresas e novos processos produtivos surjam no mercado.

Atividade 1
Podemos dizer que a probabilidade de que haja um cartel em um mercado de 1
concorrência perfeita é zero. A existência e a duração de um cartel só são com-
patíveis com a estrutura de um oligopólio. Você concorda? Qual a argumentação que
sustenta tais afirmações?

CEDERJ 159
Análise Microeconômica | O oligopólio e a concorrência monopolística

Resposta Comentada
Cartel é o acordo ilícito de um grupo de empresas rivais, para auferir lucros
acima do que normalmente receberiam. Por meio do cartel, são fixadas regras
sobre preços ou sobre quantidades produzidas por cada empresa participante.
No caso de acordo de preços, a administração do cartel visa estabelecer, controlar
e verificar o cumprimento de preços tão altos como os que seriam, se o mercado
fosse de monopolista.
Se há muitas firmas nesse mercado, mais difícil e custoso será a tarefa de vigiar
o cumprimento do acordo. Assim, cada firma convicta de que sua ação não será
percebida pelas demais terá o estímulo a reduzir seu preço. Dessa forma, terá
o menor preço do mercado, o que lhe renderá lucros maiores. Quanto maior o
número de empresas, mais difícil torna-se estabelecer um preço que todas venham
a concordar, como também a de cumprir; portanto, o risco será crescente sobre a
estabilidade e a duração do cartel. O oligopólio é caracterizado por poucas
firmas, o que enseja admitir a viabilidade de cartel.

A POSIÇÃO DE LUCRO NO CURTO PRAZO

Sabemos que o equilíbrio de mercado é o ponto de preço e produ-


ção que estabiliza as curvas de demanda e oferta. Determinado o nível de
produção e o preço que será praticado no mercado, calcula-se o lucro.
Na concorrência pura e no monopólio, o nível de produção a ser realizado
pela empresa é determinado de forma mais simples do que no oligopólio.
Como vimos, apenas no oligopólio pressupomos que as empresas
participantes tomam suas decisões de produção e preços, levando em
consideração o comportamento das rivais. Isto é, há a interdependên-
cia econômica. Por essa razão, há um pouco mais de complexidade na
determinação da produção que será levada ao mercado. A empresa em
regime de oligopólio pode se pautar na decisão de produzir conforme a
quantidade produzida por suas rivais.

160 CEDERJ
Por exemplo, podemos verificar quanto a concorrente está pro-

14
duzindo para, então, determinar o que fazer em termos do restante de

AULA
mercado que tem para si. Pode ser que, em vez de observar quanto as
rivais produzem, a empresa passe a identificar o preço que elas estão
cobrando para então decidir sobre que preço cobrar. Assim, as empresas
podem competir em torno do preço ou da quantidade a ser produzida.
Como a ação de uma leva à reação da outra, o processo de decisão de
preço ou quantidade repete-se por vários momentos até que se alcance
a estabilidade. É importante ressaltar que há várias formas de condutas
competitivas entre firmas para obtenção de maior market share e lucros.
Em termos comparativos, alcançado o equilíbrio de mercado, o
que podemos esperar da quantidade e do preço de mercado na estrutura
de oligopólio?
Imagine um produto sendo oferecido em três regiões (A, B e C)
independentes e idênticas quanto aos aspectos econômicos, exceto quanto
ao fato de em cada uma delas tal produto é negociado por estruturas de
mercado diferentes (concorrência pura, monopólio e oligopólio).
Fácil verificar que o preço do mercado em oligopólio estará entre
os níveis de concorrência e monopólio. Na concorrência pura, o preço é
dado para cada firma. No oligopólio, não! Enquanto a firma em concor-
rência pura não decide sobre o preço de sua mercadoria, o oligopolista
tem margens para impor o preço do seu produto. O oligopolista consegue
preços mais elevados, restringindo a sua produção; portanto, o preço no
oligopólio tende a ser maior; por sua vez, a quantidade tende a ser menor.
Em relação ao monopólio, o oligopolista tem rivais, já o mono-
polista é único. Por isso, o oligopolista possui menor poder de mercado,
para decidir sobre preço. O monopolista tem poder de mercado quase
ilimitado. Assim, espera-se maior nível de produção e menor preço no
mercado de estrutura oligopolista.
Quanto ao nível de lucros, em primeiro lugar, vale dizer que no curto
prazo o lucro pode ser positivo, negativo ou zero, para qualquer dos mer-
cados. No oligopólio, dado o tipo de interdependência econômica adotado
pela empresa, passamos a determinar a produção pela regra de igualdade
entre receita marginal e custo marginal, tal como os outros tipos de mercado.
A partir desse ponto, identificamos o valor do custo médio e do
preço. O lucro de cada mercadoria vendida (lucro unitário ou médio) será
a expressão da diferença entre o preço e o custo médio, associado àquela

CEDERJ 161
Análise Microeconômica | O oligopólio e a concorrência monopolística

produção. Se o preço for maior, menor ou igual ao custo médio, respec-


tivamente, o lucro será positivo, negativo ou zero. Situações de demanda
baixa ou de pressões sobre custos podem levar à diminuição de lucros
ou mesmo obtenção de prejuízos. No entanto, por conta do tamanho de
mercado, destinado a cada uma das empresas e do poder de mercado que
possui, por evidente, os lucros no oligopólio são, via de regra, significati-
vamente positivos. O gráfico da Figura 14.1 ilustra o preço, a quantidade
de equilíbrio de uma empresa oligopolista para o caso de lucro positivo.

Figura 14.1: Equilíbrio de curto prazo com lucro para uma firma oligopolista.

O LUCRO DE LONGO PRAZO

Em termos gerais, o pressuposto principal para a questão da


lucratividade é o número de empresas concorrentes. No curto prazo, a
hipótese da entrada de novas firmas ou a ampliação da produção pelas
firmas atuantes é limitada pelo tempo. Assim, o lucro que esteja sendo
auferido permanece no curto prazo. O longo prazo é o período de tempo
suficiente para qualquer ajuste. Nesse caso, o pressuposto de lucratividade
para o oligopólio passa a ser as barreiras à entrada.
Se fizermos uma verificação empírica acerca das empresas oligopo-
listas, isto é, uma verificação a partir dos casos reais de oligopólio, vere-
mos que a existência da maioria deles é de longa data. Consequentemente,
o mercado de oligopólio que, por definição, é um mercado concentrado
nas mãos de poucas empresas, o é por longo tempo. Em regra, também
por verificação empírica, podemos concluir que as empresas auferem

162 CEDERJ
lucro econômico positivo, também no longo prazo; portanto, são pou-

14
cas em número e “prazoavelmente” lucrativas. Como elas podem ser

AULA
poucas, se são lucrativas? Por uma razão simples, porque o mercado de
oligopólio traz em seu cerne a hipótese de elevadas barreiras à entrada.
Como é sempre bom relembrar, barreiras à entrada são os custos
em que novas empresas terão para ingressar no mercado. Elas são identifi-
cadas por questões de ordem técnicas, financeiras ou legais. A necessidade
de dispor de tecnologia, recursos escassos ou a de requerer elevado nível
produtivo para viabilizar economicamente a empresa entrante, exempli-
fica a barreira à entrada de natureza técnica. A necessidade de elevados
gastos contínuos em propaganda para enraizar na demanda a convicção
de que o produto da nova empresa é de boa qualidade pode constituir
uma elevada barreira. A produção de um setor regulado por agências
públicas ou a existência de patentes indica as barreiras de ordem legal.
Na medida em que barreiras à entrada traduzem a dificuldade de
entrada de novas empresas, os preços praticados e os lucros recebidos
pelas poucas empresas oligopolistas tendem a se repetir e perpetuar; por-
tanto, a diversidade e intensidade de fatores que dificultam ou encareçam
o estabelecimento de uma nova empresa é o que permite a lucratividade
no longo prazo.
Vale salientar o efeito do progresso tecnológico que resulte em
novos processos produtivos mais baratos e mais produtivos. Se há nova
e mais acessível tecnologia de produção, empresas podem ser criadas
para entrar em mercados oligopolizados. Assim, o progresso tecnológico
é fator de diminuição às barreiras. Com barreiras menores, o lucro de
longo prazo diminui. Em suma, a existência de lucro no longo prazo está
estritamente ligada à existência de barreiras à entrada.

Atividade 2
A globalização econômica é um fenômeno que se cristalizou de forma incisiva, a partir 2
da última década do século passado. Em suas causas, está o desenvolvimento das
tecnologias da informação e da comunicação, e dos meios de transporte. Por conseguinte,
empreendimentos, antes inviáveis economicamente, passaram a ser possíveis. Estabeleça
uma relação entre a globalização e o lucro de longo prazo das empresas oligopolistas.

CEDERJ 163
Análise Microeconômica | O oligopólio e a concorrência monopolística

Resposta Comentada
O lucro de longo prazo, em qualquer setor, só existirá se houver barreiras à
entrada. Um tipo de barreira à entrada consiste nos custos de aquisição da
tecnologia de produção e comercialização (logística) para viabilizar a entrada
de uma empresa no mercado que está gerando lucro. Admitindo que a globali-
zação é fruto do progresso tecnológico pelo qual reduziu o tempo de produção e
comercialização, bem como acelerou a difusão tecnológica de diversos métodos
produtivos, podemos esperar que a globalização, como resultado do progresso
tecnológico, tenha permitido uma concorrência mais intensa, possivelmente pela
entrada de novas empresas. Assim, os setores oligopolistas que perceberam um
crescimento de novos ofertantes terão sofrido uma queda de lucros no longo prazo.
Devemos atentar que há outros tipos de barreiras e estratégias que as grandes
empresas oligopolistas podem promover, no propósito de manter o elevado nível
de barreiras à entrada.

CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA

Há outro tipo de mercado com características similares à de con-


corrência perfeita, como também de monopólio. Talvez, por conta disso
mesmo, o seu nome seja: concorrência monopolística. Assim, denomina-se
concorrência monopolista a estrutura de mercado com características,
digamos, híbridas de concorrência pura e monopólio.
Imagine uma cidade de tamanho médio onde haja uma centena de
firmas especializadas em manutenção de computadores e demais perifé-
ricos. São serviços de informática oferecidos por um grande número de
concorrentes espalhados pelo município. Quem precisar, basta acessar
a internet para dispor dos anúncios postados pelas firmas. A quanti-
dade de firmas e a pequena parcela de mercado que cada uma detém
são aspectos de concorrência perfeita. No entanto, há firmas e firmas.

164 CEDERJ
Isto é, a qualidade técnica dos reparos em alguma medida é diferente

14
entre uma e outra empresa. Tecnicamente, isso quer dizer que há dife-

AULA
renciação de produto (serviço).
O grau de diferenciação do produto (serviço) permitirá que uma
firma possa ditar preços, em vez simplesmente tomar preços estabelecidos
pelo mercado. Nesse aspecto, temos um cenário de monopólio. Observe
que a constituição de uma firma de serviços de informática não requer
elevados custos. Qualquer pessoa com alguma experiência e dedicação
pode, em tese, abrir uma loja. Com isso, estamos destacando outra hipó-
tese da concorrência monopolística: a inexistência de barreiras à entrada.
Quanto ao tamanho da empresa de concorrência monopolística,
não tome como rígida a hipótese de que ela venha a ser necessariamente
pequena. A ideia é que tenha um número de firmas mais elevado do que
o de oligopólio, cada uma delas com algum grau de diferenciação do que
produz. Isto é, cada uma tem uma carteira de clientes própria. Como
exemplo, podemos citar o mercado de sabonetes, marcas de cigarro,
escritórios de advocacia, cortes de cabelo, planos de saúde. Assim, é fácil
perceber a concorrência monopolística como um mercado mais frequente
do que a concorrência perfeita ou o monopólio.
Como dito, o grau de diferenciação do produto de uma empresa
é a medida do seu poder para fixar preço. Se uma firma de informática
tem condições de oferecer um excelente e inigualável serviço, terá uma
clientela só para si. Mas esse poder de mercado tem limite. Se vier a
cobrar um preço muito alto, seus clientes poderão decidir por utilizar
o serviço de outra empresa. O grau de diferenciação do seu serviço ou
produto é o limite para impor preços mais elevados.
Em suma, o mercado de concorrência monopolística é descrito por
muitas empresas, vendendo produtos que são levemente diferenciados.
A entrada de empresas nesse mercado é fácil (insignificantes barreiras à
entrada). Pelo grau de produto diferenciado se verificará a capacidade
de elas estipularem os preços de seus produtos ou serviços.
Tecnicamente, o poder de fixação de preços, gerado pela dife-
renciação de produtos, implica a curva de demanda para a firma nega-
tivamente inclinada. Quanto maior a diferenciação de produtos, mais
inclinada será a curva de demanda. Observe que, por hipótese, essa
diferenciação não é muito elevada. Isto é, os produtos são substituíveis
para os casos de aumentos de preços.

CEDERJ 165
Análise Microeconômica | O oligopólio e a concorrência monopolística

Vale dizer, a diferenciação de produtos pode ocorrer por várias


formas. Uma delas é dada pela diferenciação na qualidade material física,
química ou técnica do produto. O bem ou serviço realizado por uma
firma pode ter diferenças na durabilidade ou qualidade, observadas a
sua composição material ou tecnológica. Não obstante, há outros tipos
de diferenciação. As diferenças podem ser também nos pormenores.
Pode se tornar fundamental para conquistar clientes, diferenças
na embalagem, a entrega em casa, maior garantia, melhor condição de
financiamento, melhor atendimento ou serviços de manutenção etc.
Outras vezes, a diferenciação de produtos pode se dar de forma pessoal.
O consumidor pode achar que é melhor por suas próprias convicções.
Pode ser por influência de propaganda, marketing ou demais aspectos
de natureza subjetiva. Para a Microeconomia, a razão pela qual se dá a
diferenciação é secundária. O importante é que o consumidor interprete
como os produtos são levemente diferenciados, para que tal hipótese seja
caracterizada como concorrência monopolística.

Atividade 3
Por ter alcançado boas notas, nas AP de todas as disciplinas cursadas no 2 3

semestre, você resolve se presentear com uma viagem de férias à Genebra


(Suíça).
Lá, você se defronta com muitas marcas de chocolates, sendo vendidas por várias lojas.
Diante de tantas lojas, vendendo tantos chocolates, uma pessoa amiga pergunta se as
marcas de chocolates e as lojas (todas pequenas e semelhantes) seriam mercados de
concorrência perfeita ou concorrência monopolista. O que você precisa verificar para
responder a essa pergunta?

166 CEDERJ
14
Resposta Comentada

AULA
Precisa saber das pessoas que lá consomem os chocolates e circulam pelas
lojas se têm preferências entre as mesmas. Outro indicador seria a diferença
de preços entre os chocolates e entre as lojas. A medida da diferença de preços
e da preferência por lojas e marcas, tais mercados (de vendas e de marcas de
chocolates) se aproximariam do modelo teórico de concorrência monopolista.
Em caso contrário, concorrência pura (ou perfeita). Atente para o fato de que na
prática é muito difícil encontrar um mercado que seja 100% do que caracteriza
a teoria. Aliás, isso é a regra de toda a teoria, não é mesmo?

A PRODUÇÃO E O LUCRO DE CURTO PRAZO

Dadas as características do produto de cada firma, cada uma se


depara com uma curva de demanda negativamente inclinada. Esse é um
aspecto de natureza monopolística. Assim, a curva assumirá a regra de
maximização do lucro tal qual o monopolista (Rmg = Cmg ≠ p). Isto é,
a curva irá determinar o nível de produção, seguindo a regra de igualar
receita marginal com o custo marginal, mas ambos diferentes do preço.
Conhecida a quantidade a ser produzida, a firma identificará
quanto a demanda pagará pelo que produzirá. Observe que, em termos
gráficos, é idêntico ao gráfico da Figura 14.1. Essa identificação é jus-
tificada porque a firma em concorrência monopolista tem a curva de
demanda inclinada na forma do oligopólio e do monopólio, posto que
todas essas apresentam estruturas de mercados com graus de poder de
mercado.
Portanto, tal como ilustra a Figura 14.1, o concorrente monopo- Precificação
lístico fará a p r e c i f i c a ç ã o adequada ao traçar uma reta vertical a partir É a forma pela qual
se decide o preço do
do nível de quantidade associada à igualdade entre Rmg e Cmg até o produto que irá ser
colocado no
ponto da curva de demanda. mercado.
No caso ilustrado a Figura 14.1, a posição é de lucro. Isso
porque se observou o preço em valor superior ao do custo médio.
Todavia, é possível, no curto prazo, a ocorrência de prejuízo. Para
isso, bastaria que a posição da demanda fosse tal que, no ponto de
maximização de lucro, o preço estivesse abaixo do custo médio. O
gráfico da Figura 14.2 ilustra tal situação. Em dado momento, a curva
de demanda é expressa pela reta descendente D1. A receita marginal

CEDERJ 167
Análise Microeconômica | O oligopólio e a concorrência monopolística

é a reta pontilhada Rmg1 cujo valor iguala ao do Cmg no nível q1 de


produção. O custo médio e o preço associado são, respectivamente,
Cme1 e P1. É uma situação de prejuízo, pois o custo médio está maior
que o preço. A firma aposta na propaganda. Isto faz com a curva de
demanda desloque-se (o efeito da propaganda é atrair mais consu-
midores para sua empresa). Esse efeito é dado pelo deslocamento da
demanda para D2. A nova receita marginal iguala o custo marginal no
ponto de produção q2. Isto leva a precificar o preço em P2, ao passo
que o custo médio passa a ser Cme2. Como nessa situação, o preço
é maior que o custo médio, a empresa passa a auferir lucro. Portan-
to, se a empresa está com prejuízo na posição em que maximiza o
lucro, a propaganda pode atuar como um instrumento para deslocar
a curva de demanda (ampliação das vendas). Nesse caso descrito, a
propaganda foi tal que retirou a posição de prejuízo para de lucro.
Certamente, uma excelente propaganda!
Por fim, além de lucro positivo ou negativo, por dedução lógica,
a empresa poderia perceber o lucro zero. Nesse caso, o preço teria o
mesmo valor que o custo médio. Você pode estar se lembrando de ter
visto em alguma aula. Sim, está certo, você viu quando estudamos o
monopólio na Aula 13, o que evidencia uma semelhança entre essas
duas estruturas de mercado.

Figura 14.2: Lucro econômico negativo e o efeito da propaganda para gerar lucro.
Antes da propaganda, a empresa tem lucro negativo, representado pela área do
retângulo P1Cme1BA. Com a propaganda, o lucro torna-se positivo, como se observa
pela área do retângulo Cme2P2DC.

168 CEDERJ
Atividade 4

14
AULA
Ainda que esteja produzindo no ponto de maximização de lucro, uma empresa típica 2

de concorrência monopolística está com prejuízo no curto prazo. Descartando o


uso de propaganda, descreva uma maneira de eliminar ou reduzir tal prejuízo.

Resposta Comentada
A propaganda é um expediente utilizado pela firma para reduzir o prejuízo atra-
vés do impacto da mesma sobre a demanda. Alternativamente, pode-se tentar
deslocar para baixo o custo médio. Isso pode ser alcançado através da redução
do custo fixo (lembrando que o custo médio é a soma do custo variável médio
com o custo fixo médio). O custo fixo pode ser reduzido por meio da redução das
despesas fixas, como: gastos com aluguéis, escritórios de advocacia, empresas
de manutenção de informática etc.

A PRODUÇÃO E O LUCRO DE LONGO PRAZO

Se o mercado está lucrativo (lucro econômico), a situação não é de


longo prazo na concorrência monopolística. O lucro vigente em um tipo
de mercado o torna atraente para os agentes econômicos com potencial
para entrar nesse mercado. Ao que isso ocorre, a oferta de produtos no
mercado estará aumentando. Isto é, a curva de oferta agregada desloca-se
para baixo (ou a demanda para cada firma ira diminuir pela redivisão do
mercado com as novas firmas). Por conseguinte, os preços de mercado
diminuirão, trazendo para baixo a lucratividade de todas as empresas.
Se a situação for oposta, isto é, se o mercado operar com pre-
juízo, haverá um comportamento de retiradas de empresas. Assim, a
oferta agregada diminui pelo deslocamento para a direita da curva de
demanda de cada firma remanescente. Então, estas empresas terão um

CEDERJ 169
Análise Microeconômica | O oligopólio e a concorrência monopolística

aumento de sua demanda, pois os clientes das antigas firmas retirantes


vão redirecionar suas compras para aquelas. Assim, os prejuízos das
que permaneceram no mercado tendem a reduzir, enquanto houver o
movimento de retiradas de firmas.
Portanto, no longo prazo, o processo é de ajuste de entrada ou
saídas de firmas, conforme o lucro apresente-se positivo ou negativo
(tal qual ocorre na concorrência pura). Se positivo, haverá estímulo à
entrada de novas firmas. A curva de demanda de cada firma no mercado
irá diminuir (ou a oferta de mercado irá aumentar). Por consequência,
o lucro irá diminuir por conta da redução do preço e das quantidades
vendidas. Por outro lado, se o mercado apresentar prejuízo (lucro nega-
tivo), o comportamento será de retirada de firmas. A curva de demanda
de cada firma que permanece no mercado irá aumentar (ou a oferta de
mercado irá diminuir). Por consequência, o prejuízo irá reduzindo na
medida em que os preços sobem pela saída de algumas firmas.
Observe que a situação de lucratividade zero, no longo prazo,
utilizou a suposição de inexistência de barreiras para a entrada ou saída
de firmas, ou seja, outro comportamento semelhante ao mercado de
concorrência perfeita. Apesar do lucro zero em ambos os mercados, há
uma diferença importante entre eles no longo prazo. A produção e o
preço de mercado na concorrência são menores, se comparados aos da
concorrência monopolística. Como assim?
A curva de demanda para a firma em concorrência monopolista
é descendente. Isso implica o preço acima da receita marginal. A curva
de demanda é horizontal para o concorrente perfeito (puro). Isto faz
com que preço e receita marginal tenham os mesmos valores. Assim, o
equilíbrio de longo prazo para o concorrente monopolista terá preço
acima do custo marginal; enquanto o concorrente perfeito terá preço
igual ao custo marginal.
Vamos entender o que significa isso em termos sociais. O custo
marginal representa quanto o produtor precisa gastar para produzir o
produto adicional. Se o custo marginal for 5, podemos interpretá-lo
como a despesa mínima e necessária à sua produção. Por sua vez, o preço
cobrado no mercado representa quanto o consumidor precisa desprender
de recursos para adquirir tal produto. Se o preço cobrado for igual ao
custo marginal, entendemos que o consumidor está pagando pela unidade
comprada o valor exato que foi necessário para produzi-la. O benefício

170 CEDERJ
social atribuído pelo consumidor, ao que esse decide pagá-lo, iguala-se

14
ao custo realizado pelo produtor para produzi-lo. Por outro lado, se

AULA
o preço for maior do que o seu respectivo custo marginal, o valor do
produto pago pelo consumidor será maior do que o custo de produzi-lo.
Uma situação desfavorável ao consumidor. Afinal, para o bem-estar da
sociedade o preço que se paga por um produto deveria ser exatamente
o custo de produzi-lo.
No mercado de concorrência monopolista, o preço é maior do
que o de concorrência, pelo fato de haver a diferenciação do produto.
Como vimos, esse fator que não é tão elevado, possibilita ao empresá-
rio uma margem de possibilidade para a fixação de preços. Assim, ele
reduz um pouco a sua produção, para precificar um valor um pouco
mais elevado. Na concorrência perfeita, em razão da homogeneidade de
produtos, o empresário é apenas o tomador de preços. Assim, produz
o que for possível para ganhar pelo efeito de suas vendas. Pelo dito, em
concorrência pura, a quantidade de mercado é maior e o preço é menor.

AS ESTRUTURAS DE MERCADO COMPARADAS

Em harmonia com os objetivos dessa disciplina do Curso de


Administração, abordamos (Aulas 12 a 14) as principais estruturas de
mercado. Destacamos seus aspectos gerais e relevantes, enfocando as
ações da empresa. Vale, agora, estabelecer elementos de comparação
entre os quatro mercados apresentados, de maneira a sintetizar nossos
entendimentos. Os níveis de preços, o poder de mercado, o lucro de longo
prazo, a intensidade da concorrência e as quantidades produzidas são
os nossos elementos de análise.
Um mercado de preços mais elevados favorece a produção, por
estimular a oferta. Por outro lado, torna os produtos mais caros para quem
os compra. Por óbvio, o aumento de preço é desanimador para os consu-
midores. Como vimos, tanto mais distante os preços de seus respectivos
custos marginais, mais afetados negativamente estarão os consumidores.
Afinal, a sociedade está pagando mais do que o custo de produzi-lo.
Por conseguinte, o mercado cuja estrutura venha a incidir preços
mais elevados, será aquele que, em tese, estará mais intensamente explo-
rando a sociedade. Esse mercado é o de monopólio. Nessa sequência, em
ordem decrescente, aparece o oligopólio, a concorrência monopolística.

CEDERJ 171
Análise Microeconômica | O oligopólio e a concorrência monopolística

Na concorrência pura (perfeita), a sociedade paga o preço exato do custo


adicional de produção; portanto, nesse último poderíamos premiá-lo
como: “o melhor dos mercados”.
Vale fazer uma ressalva dessa conclusão teórica. Há autores que
não veem exatamente assim. Por serem muitos baixos os lucros da firmas
em concorrência (em regra, baixos no curto prazo), sobram muito pouco
para os empresários investirem em pesquisa e desenvolvimento (P&D)
para melhoria de suas atividades. Isso seria um fator a questionar quanto
a dizer que a concorrência é o melhor dos mercados para a sociedade.
Esta ficaria sem o ritmo de inovação dos produtos que poderiam surgir
a partir dos investimentos em P&D em produtos e/ou processos produ-
tivos possíveis em empresas que reinvestem parte de seus significativos
lucros. O peso desse argumento é ponto em aberto. Em determinados
momentos e casos, pode prevalecer ou não.
O poder de mercado consiste em um fator diferenciado a cada
uma das estruturas estudadas. Imagine-o como uma escada de graus de
poder de mercado, em que cada tipo de concorrência estivesse em um
degrau. O monopolista está no mais alto grau de poder de mercado, pois
é o único produtor. Assim, observa-se a maior capacidade para impor
preço ao mercado. Isso, seguramente, é um ponto de alta insatisfação à
sociedade, pois provavelmente o preço será mais elevado ou as demais
condições de compra dos produtos serão menos satisfatórias para ela.
Descendo os degraus dessa escada, vem na sequência o oligopólio, a
concorrência monopolista; o concorrente puro está no degrau zero dessa
escada, isto é, inexiste para ele poder de mercado, pois este não impõe
qualquer preço ou demais condições de venda ao mercado.
O nível de lucro em cada mercado deve aqui ser comparado quanto
ao período de longo prazo. No curto prazo, todas podem ter o mesmo
tipo de lucro (positivo, negativo ou nulo), não obstante a presunção de
que lucros maiores ocorrem em proporção à quantidade de rivais em
cada mercado. No longo prazo, a concorrência pura e a monopolística
absorvem lucro zero. Das duas últimas, esperamos o monopólio com
lucros superiores aos do oligopólio.
Não há o que se falar em empresas rivais no monopólio; ela
está sozinha na produção para o mercado. A quantidade de rivais é
crescente, conforme os mercados sejam de oligopólio, de concorrência
monopolista e pura.

172 CEDERJ
Por fim, quem mais produz é o mercado de concorrência pura.

14
Essa observação é intuitiva. Nessa estrutura de mercado, a concorrência

AULA
é tão acirrada que tudo que se pode fazer para ganhar mais é produzir.
Poderíamos arriscar a dizer que o concorrente puro sonha sempre em
reduzir o seu custo para produzir mais, certo de que ele não tem condi-
ções de ditar preços (poder de mercado).
A contrario s e n s u , o monopolista é o de menor produção. Sendo Contrario
sensu
único no mercado, restringe a oferta para manipular o preço e atingir
Expressão latina
a maior posição de maximização de lucros comparados aos demais. bastante utilizada no
O mercado em oligopólio apresenta a segunda menor oferta agregada, meio jurídico para
designar em sentido
uma vez que a característica de elevadas barreiras à entrada e, também, contrário.

não se pode olvidar, ou esquecer, a significativa possibilidade de acor-


do entre os poucos rivais no sentido de diminuir a produção. Por sua
vez, esperamos que a produção agregada observada na concorrência
monopolística seja menor, mas próxima à da concorrência perfeita
(em comparação à proximidade com o oligopólio). O motivo disso
recai pelo baixo grau de diferenciação do produto e pela significativa
quantidade de empresas.
A Figura 14.3 visa sintetizar essa análise comparativa, oferecendo
a ilustração de uma pirâmide de quatro graus de altura. A altura retrata
a dominância relativa entre os mercados diante dos cinco atributos aqui
mencionados. Quanto mais alta a parte da pirâmide, maior é o fator
referenciado. Por exemplo, o pico da pirâmide destaca os pontos em que
o monopólio lidera o poder de mercado, o maior preço e maior lucro
de longo prazo (a) Mn; (b) Mn; (c) Mn; enquanto a concorrência pura
é o maior mercado em termos de número de concorrentes e quantidade
ofertada (d) Cp; (e) Cp.

CEDERJ 173
Análise Microeconômica | O oligopólio e a concorrência monopolística

Figura 14.3: Pirâmide Comparativa das Estruturas de Mercado.

Atividade 5
Considere uma situação em que um grande shopping seja constituído apenas por 3
comerciantes do ramo de produtos de informática. São centenas de lojas padroni-
zadas, vendendo exatamente os mesmos itens. Em dado momento, um lojista, agindo
como um empreendedor, contratou como balconista a ex-Miss Brasil do último ano.
O concorrente, em resposta, contratou o Ronaldinho Gaúcho. Um terceiro passa a fornecer
ingressos de cinema na compra por seus produtos. Alguns outros fazem algum tipo de
ação, procurando não perder clientes. Pergunta-se: essa estrutura de mercado ainda é
de concorrência perfeita? Por quê?

174 CEDERJ
14
AULA
Resposta Comentada
O mercado era de concorrência perfeita. Agora não é mais. Violou-se a hipótese
de produtos idênticos. Apesar de o produto em si ser igual entre todos os que
são negociados no shopping. Cada lojista procurou diferenciar o que vende.
Se os consumidores passaram a frequentar a loja por motivo da(o) balconista
ou por qualquer outro critério, não se pode mais falar em concorrência perfeita.
Há uma clientela criada, conferindo algum poder de mercado tanto mais quanto
mais forte tenha sido o efeito do atributo diferenciador dado pelo lojista aos con-
sumidores. O mercado passa a se configurar de forma mais próxima ao que seja
a estrutura de concorrência monopolística.

CONCLUSÃO

As estruturas de mercado de oligopólio e concorrência monopolís-


tica são conhecidas como modelos de concorrência imperfeita. Isto é, são
estruturas de mercado em que os agentes que neles estão (as empresas) têm
poder para influenciar o preço de mercado. Um exemplo de oligopólio é
o do setor automobilístico brasileiro, principalmente há 20 anos, quando
não existia não mais do que cinco montadoras. A existência de poucas e
poderosas empresas para fixar o preço de mercado são as suas principais
características. Outro exemplo seria a da indústria de transporte aéreo,
química e siderurgia. Outra característica que decorre da estrutura oli-
gopolista é a interdependência econômica entre as empresas. Como elas
possuem significativa participação no mercado, a decisão de uma tende
a afetar o comportamento de seus rivais. No oligopólio, há significativas
barreiras à entrada. Assim, admitimos o lucro econômico positivo no
longo prazo pelo fato de as barreiras impedirem a entrada de novas firmas.
A concorrência monopolista é aquela estrutura de mercado em
que as empresas produzem produtos diferenciados, ainda que tenham
uma razoável substituibilidade. São exemplos as marcas de cigarros e
serviços de consertos de aparelhos domésticos. Nesse mercado, cada
empresa exerce algum poder para fixar o preço do que produz. Como
nesse mercado há a livre entrada e saída de firmas no longo prazo, o
lucro econômico é zero.

CEDERJ 175
Análise Microeconômica | O oligopólio e a concorrência monopolística

O oligopólio e a concorrência monopolística são estruturas de


mercado intermediárias entre os casos extremos de monopólio e con-
corrência perfeita. Enquanto esses sejam mercados de rara observação
na prática, aqueles são de bastante frequência no mundo real. Podemos
estabelecer alguns elementos comparativos entre os regimes de monopó-
lio, oligopólio, concorrência monopolista e concorrência monopolista.
A Tabela 14.2 resume os principais pontos:

Tabela 14.2: Itens comparativos entre o monopólio, oligopólio, concorrência mono-


polista e concorrência perfeita

Concorrência Concorrência
Monopólio Oligopólio
monopolista perfeita
Nº de firmas Uma Poucas Várias Muitas
Sem substitutos Diferenciados Alguma Idênticos
Produto
próximos ou não diferenciação (homogêneos)
Tamanho típico Pequenas e
Grande Grande Pequenas
das firmas médias
Poder da firma
Grande Grande Pequeno Nenhum
sobre preço
Barreiras à
Altas Altas Sem barreiras Sem barreiras
entrada
Lucro econômico Positivo ou
Positivo ou zero Zero Zero
no longo prazo zero
Na maximização P > CMg; P > CMg; P > CMg;
P=Rmg=CMg
do lucro RMg = CMg RMg = CMg RMg = CMg
Produção agre- A menor de A segunda A segunda A maior de
gada todas menor maior de todas todas
Tamanho do lu- Tendência a Tendência a ser Tendência a ser o O menor de
cro de mercado ser o maior o segundo maior segundo menor todas

Atividade Final
Em cada um dos itens a seguir, identifique qual(is) do(s) quatro regimes de 1 3 4
mercados (oligopólio, monopólio, concorrência monopolística e concorrência
perfeita) são mais apropriados ou pertinentes.
a) Os produtos têm a mesma propriedade química. No entanto, grande parte dos 30 produtores
desse mercado efetua gastos em propaganda para diferenciar seu produto, via marca.
b) Há gastos em propaganda. Se uma empresa resolve produzir um pouco mais, todas as quatro
demais empresas do ramo fazem o mesmo.
c) As empresas desse ramo estão auferindo lucro econômico positivo no longo prazo.
d) As empresas desse ramo estão auferindo lucro econômico zero no longo prazo.
e) Setor de motocicletas no Brasil.
f) Não admite lucro zero (econômico) no longo prazo.

176 CEDERJ
14
g) São muitas firmas, mas cada uma delas possui curva negativamente inclinada por seus

AULA
produtos.
h) Em alguns casos, todas as empresas desse mercado teriam oportunidade para um acordo
de maneira a auferir lucros monopolísticos, mas tal ação é ilícita.
i) Na busca pela maximização do lucro, observa-se que o preço é igual ao custo marginal.

Resposta Comentada
a) Concorrência monopolística. São muitos produtores, conseguindo sua diferenciação
do produto via valorização da marca. Para o oligopólio, esse número de produtores é
demasiado grande.
b) Oligopólio. Poucas empresas e ação de interdependência econômica estão evidentes.
c) Oligopólio. Não seria monopólio, pois o enunciado declara a existência de empresas
(plural).
d) Todas exceto o monopólio (pela razão mencionada no item anterior).
e) O setor de motocicletas tem elevados custos iniciais de produção (custos fixos). São
poucas empresas; portanto, seria oligopólio.
f) Todas as estruturas de mercado podem ter lucro econômico zero, tanto no curto
como no longo prazo.
g) Concorrência monopolística. Exclui-se a concorrência perfeita, uma vez que a curva
de demanda para firma é horizontal.
h) Oligopólio. Em vários casos, empresas desse setor são flagradas em ação de
cartel, o que é ilegal.
i) Concorrência perfeita. Só esse tipo de mercado admite o preço igual ao custo
marginal.

RESUMO

A empresa pertencente ao mercado de concorrência monopolística defronta-se com


uma curva de demanda negativamente inclinada. Os produtos negociados nesse
mercado são diferenciados, mas são produtos dotados de significativo grau de
substituição. Há livre mobilidade para entrada de novas empresas, caso o mercado
apresente lucro. No curto prazo, as empresas participantes podem auferir lucro
econômico ou prejuízo. O lucro econômico no longo prazo é zero.
O oligopólio é caracterizado por um pequeno número de grandes empresas.
A existência de barreiras à entrada dificulta o ingresso de novas empresas em caso

CEDERJ 177
Análise Microeconômica | O oligopólio e a concorrência monopolística

de o mercado tornar-se lucrativo e atrativo. A ação de uma empresa oligopolista


afeta as decisões das demais empresas rivais nesse mercado, o que leva a entender
esse mercado como de interdependência econômica. No curto prazo, as empresas
oligopolistas podem auferir lucro econômico ou prejuízo. Pela existência de
barreiras à entrada de novas firmas, o lucro econômico no longo prazo pode ser
positivo. Já no curto prazo, o lucro pode ser positivo, negativo ou nulo.

INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na nossa próxima aula, abordaremos a empresa em atuação no comércio


internacional. Proteção à indústria nacional, cotas e taxas de câmbio são
alguns dos temas e conceitos que certamente já ouvimos e queremos saber
como a Microeconomia trata-os.

178 CEDERJ
A empresa e o mercado

15
AULA
internacional
Cleber Ferrer Barbosa

Meta da aula
Descrever alguns fatores econômicos, relaciona-
dos ao comércio.
objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você


seja capaz de:

1 definir e calcular taxa de câmbio e o preço


da moeda estrangeira;
2 distinguir os efeitos entre a desvalorização
e a valorização cambial sobre o nível de
produção das empresas nacionais;

3 examinar o efeito da instituição de


tarifas à importação sobre o nível de
produção e preço nacionais, importações e
arrecadação tributária do governo;

4 identificar as vantagens e desvantagens,


relacionadas à política de proteção à
empresa nacional, via tarifa ou cotas à
importação.

Pré-requisitos
Esta aula aplica alguns dos conceitos das Aulas
2 e 3, referentes às curvas de oferta e demanda,
e preços de equilíbrio de mercado. Ao sentir a
necessidade de relembrar tais conceitos, não
hesite em revisitar aquelas aulas.
Análise Microeconômica | A empresa e o mercado internacional

INTRODUÇÃO Toda empresa com boa lucratividade e eficiência nas suas atividades de
produção tende a crescer e conquistar mercados. As opções de crescimento
traduzem-se em várias possibilidades:
• aumentar o volume de produção;
• diversificar a linha de produtos;
• atuar em novos mercados regionais, nacionais e internacionais.
Uma empresa pode nascer pequena, média ou grande. Todavia, uma boa
parte das grandes empresas de hoje, atuantes em vários mercados, iniciou
suas atividades em um pequeno mercado. Começou pequena, cresceu,
conquistou mercados e mais mercados. Portanto, a medida da expansão de
uma empresa tem a característica de ingresso em novos mercados. Afinal,
uma empresa bem-sucedida, em termos de venda, lucratividade etc., pode
vislumbrar a expansão de seus negócios em outros pontos de venda, através
de novas filiais. Essas filiais podem ser em locais mais próximos, como bem
mais distantes, inclusive, em outros países. Hoje em dia, com a realidade da
globalização econômica, as empresas têm tido mais facilidade de se inter-
nacionalizar, isto é, ampliar seus negócios para além dos limites geográficos
de seu país. Neste entendimento, vamos estudar alguns dos elementos que
interferem nos negócios de uma empresa quando ela atua no mercado
internacional e quando as empresas estrangeiras atuam também no nosso
mercado nacional.

ECONOMIA ABERTA

Diz-se que a economia é aberta quando as relações econômicas


produzidas ou negociadas estendem-se ao mercado internacional. Pode-
mos apontar três modalidades de relações econômicas entre um e os
demais países, distribuídos pelos vários “cantos” do mundo. São elas:
1. abertura dos mercados de bens e serviços;
2. fluxo de relações financeiras internacionais;
3. mobilidade de fatores de produção entre os mercados nacional
e exterior.
Um segmento das relações econômicas internacionais é caracte-
rizado pelo fluxo de compra e venda de bens, e serviços de um país com
o resto do mundo (demais países), isto é, as importações e exportações.
São os casos em que importamos vários produtos chineses ou quando os
produtores da nossa agroindústria de café exportam parte do seu volume
produzido para os norte-americanos.

180 CEDERJ
Há também de ser considerado o movimento financeiro entre

15
países, dado pelos empréstimos financeiros ou mesmo por doações

AULA
financeiras. Estas são o fluxo de relações financeiras internacionais,
usualmente denominadas de globalização financeira. Por exemplo, o
Brasil pode conceder ajuda financeira (doações) a países em estado de
emergência – como o caso do terremoto no Haiti (um dos países mais
pobres no mundo), ocorrido em janeiro de 2011.
Por sua vez, a facilidade de locomoção de trabalhadores e de
capital produtivo entre países constituem a mobilidade de fatores
de produção bastante frequente em países com elevados acordos de
i n t e g r a ç ã o e c o n ô m i c a . Atualmente, o Brasil tem enfatizado a necessi- Integração
econômica
dade de “importar” engenheiros para atender à alta de demanda destes
É a disposição fir-
profissionais em vários setores nacionais, isto é, contratar mão de obra mada entre países
para integrar seus
estrangeira para suprir a falta desses profissionais diante do elevado
mercados no senti-
nível de emprego no país. do de padronizar e
permitir, no que for
A reunião desses três itens em alto grau de intensidade traz o con- possível e desejável,
a livre movimen-
ceito de globalização econômica de mercados, isto é, podemos entender tação das relações
a globalização como o alto grau de observância dessas três modalidades econômicas em seus
mercados.
de abertura de mercados entre os diversos países no mundo.
Para o propósito desta aula, estudamos, inicialmente, a empresa
em sua capacidade de produzir para os mercados externos. Observe: não
raro no mercado nacional, onde estão as empresas brasileiras, também
estão presentes empresas concorrentes estrangeiras e vice-versa, isto é, do
mesmo modo em que a Vulcabras pode vender seu sapato (produto) em
outro país, a BMW pode vender seus automóveis no mercado nacional
brasileiro. Nada mais fácil de constatar isso do que ir a um supermercado
e defrontarmo-nos com a gama de produtos nacionais e importados,
dispostos em uma prateleira. De semelhante forma, ao viajarmos para o
exterior, também nos defrontamos com um ou outro produto do nosso
país, quiçá da nossa cidade, entre tantos produtos do país que lá estamos.
A empresa, ao cogitar negociar em um mercado exterior, entre
tantas outras questões, como o domínio do idioma, da cultura e da legis-
lação estrangeira, defronta-se com outro fator imprescindível para suas
operações comerciais: a verificação da taxa de câmbio entre a moeda de
seu país e a do mercado internacional que está atuando.

CEDERJ 181
Análise Microeconômica | A empresa e o mercado internacional

TAXA DE CÂMBIO

Em geral, qualquer transação econômica entre países recai em


algum momento na necessidade de saber a taxa de conversão entre suas
moedas. No Brasil, só podemos comprar ou vender bens e serviços,
utilizando-se a moeda nacional. O mesmo ocorre com a maioria das
nações. Assim, uma empresa, ao vender para o mercado externo, isto
é, ao exportar, ela irá se deparar com o mercado que opera a moeda
estrangeira. Portanto, terá de converter o valor da sua mercadoria,
anteriormente cotada na moeda nacional, em valores correspondentes
da moeda estrangeira. Daí existir a necessidade de um instrumento que
cote o valor da moeda estrangeira em termos da moeda nacional.
Observe: se você planeja viajar para os Estados Unidos, em algum
momento, precisará trocar os seus reais por dólares. A troca de reais por
dólares (ou por qualquer outra moeda) tem a denominação de câmbio.
Aliás, a palavra câmbio quer dizer troca ou permuta. Dessa maneira, a
taxa de câmbio pode ser entendida como a taxa de troca entre a moeda
de um país com a de outro país. Assim, toda moeda deve ter uma taxa
de troca com outra moeda de outro país.
Apesar de apenas estarmos acostumados a ouvir notícias a respeito
da taxa de câmbio entre reais e dólar, e reais e euros, há tantas taxas
de câmbio quantas forem as quantidades de moedas estrangeiras pelos
quais os países mantêm relações internacionais. Nesse sentido, se uma
empresa negociar a entrada de seu produto em algum país, deverá ater-se
à relação entre a taxa de câmbio da moeda de seu país com o mercado
do país que irá ingressar.
Para fins didáticos, vamos, daqui para frente, considerar a taxa de
câmbio entre real e dólar como exemplo generalizado para as questões,
envolvendo o câmbio.

A tabela seguinte apresenta taxa de câmbio, entre a moeda brasileira e a


moeda de diversos países, cotadas em 22 de julho de 2011. Por exemplo, a
moeda dos Estados Unidos, o dólar americano, estava cotada em cerca de um
real e cinquenta e cinco centavos; a moeda da África do Sul, o rand, equivalia
a quase 23 centavos de real. Há outras diversas taxas de câmbio, de 22/07/2011,
do Brasil com países selecionados.

182 CEDERJ
15
País Moeda Símbolo Taxa de câmbio (R$)

AULA
EUA Dólar americano USD* 1,5537
União Europeia Euro EUR 2,2293
Argentina Peso argentino $ARG 0,3756
África do Sul Rand ZAR 0,229
Angola Kwanza AOA 0,017
Austrália Dólar australiano AUD 1.687
Canadá Dólar canadense CAD 1.639
Chile Peso CLP 0.003
China Yuan CNY 0.241
Cingapura Dólar de Cingapura SGD 1.284
Hong Kong Dólar de Hong Kong HKD 0,199
Índia Rúpia indiana INR 0,035
Japão Iene JPY 0,020
Reino Unido Libra esterlina GBP 2,5324
Suíça Franco suíço CHF 1,9012
Venezuela Bolívar VEB 0,4029

* USD=US$
Fonte: Banco Central do Brasil (www.bcb.gov.br).

Pelo dito, podemos simplesmente definir a taxa de câmbio como


o preço da moeda estrangeira. Deste modo, ao lermos que o dólar está
cotado a dois reais pela taxa de câmbio, devemos entender que o preço
da moeda estrangeira, o dólar, é de R$ 2. Se o euro estiver valendo R$ 2,33,
significa que o preço do euro, moeda estrangeira que circula na Comuni-
dade Europeia, é de R$ 2,33. Observe a analogia: a cotação da moeda
estrangeira definida pela taxa de câmbio seria o mesmo a de uma cotação
de qualquer mercadoria. Se na placa do feirante estiver escrito o preço
da banana em R$ 3 o quilo, diríamos que poderíamos ver na placa das
agências bancárias uma placa similar, anunciando o preço do dólar como
uma mercadoria. Se você quiser um quilo de banana terá de desembolsar
aquela quantia fixada naquele ponto de venda (barraca da feira). De igual
modo, se você quiser adquirir um dólar terá de desembolsar a quantidade
de reais expressa pelas agências bancárias autorizadas a lhe vendê-la.
Em termos abstratos, a diferença entre comprar uma banana e
um dólar é dada apenas pela legislação. Pessoas que estão para viajar
ou negociar com o exterior, após a comprovação desta situação, estarão
autorizadas a comprar ou a vender a moeda estrangeira. Esta é a principal
diferença. No mais, comprar uma banana ou uma moeda estrangeira
envolve a compra deste produto (banana ou moeda estrangeira) por
moeda nacional. Podemos, portanto, comparar a operação de compra

CEDERJ 183
Análise Microeconômica | A empresa e o mercado internacional

de uma moeda estrangeira como a compra de uma mercadoria qual-


quer. Mais adiante, voltamos a justificar a adequação de tratar a moeda
estrangeira como uma mercadoria.
Vamos, agora, definir de forma um pouco mais precisa a taxa
de câmbio. Denominando a taxa de câmbio por Z, diremos que se
um dólar (US$ 1) pode ser trocado (agências de câmbio) por um real
(R$ 1), então a taxa de câmbio é:
(US$ 1) Z = R$ 1
R$1
Z=
US$1
R$
Em termos gerais, Z = , a relação de troca da moeda nacional
US$
(moeda de um país) pela moeda estrangeira. Temos de dar uma certa
quantidade de reais (R$) para obter uma unidade de dólar (1US$). No
caso de Z = 4R$/US$, estaremos interpretando: para comprar um dólar
temos de desembolsar R$ 4. Inversamente, R$ 1 vale US$ 0,25.
Assim, definimos a taxa de câmbio (Z) como a relação entre a
quantidade de moeda nacional (R$) e moeda estrangeira ($), ou seja, a
taxa de troca entre os valores de duas moedas.

VALORIZAÇÃO E DESVALORIZAÇÃO DE Z

O preço da banana pode aumentar ou diminuir, o preço do dólar


também. Quando temos de ceder mais reais para comprar um dólar,
diremos que está havendo uma desvalorização do real em relação ao
dólar, costumeiramente dito como desvalorização da taxa de câmbio.
Observe que, ao desvalorizar a taxa de câmbio, mais reais serão gastos
para adquirir um dólar. A interpretação é no sentido de que a nossa
moeda ficou desvalorizada, valendo menos, quando formos trocá-la
pela moeda estrangeira (no caso, o dólar). Por exemplo, dado o valor
de troca, R$1 = U$1, uma desvalorização de 100% na taxa de câmbio
brasileira entre real e dólar causa um gasto de dois reais para adquirir
um dólar (R$ 2 = US$1). Isto equivale a aumentar o valor de Z, pois:
R$2
Z=
US$1
Caso ocorra o contrário, isto é, se houver uma mudança na taxa de
câmbio no sentido de que diminuiu a quantidade de reais para adquirir
a mesma quantidade de dólares, diremos ter havido uma valorização da
moeda real (ou mais usualmente dito: valorização da taxa de câmbio).

184 CEDERJ
Considerando o caso em que com um real se comprava um dólar. Se a

15
partir de algum momento, com 50 centavos de real, pudermos comprar

AULA
um dólar, a taxa de câmbio estará valorizada. A nossa moeda (real) está
valendo mais do que anteriormente. Portanto, com um real poderemos
adquirir dois dólares.
Certamente, você poderá estar indagando sobre o que faz alterar
a taxa de câmbio, isto é, por que a taxa de câmbio valoriza-se ou
desvaloriza. Há várias teorias a respeito dos fatores que alteram a taxa de
câmbio. Para os nossos objetivos de entender os efeitos da taxa de câmbio
sobre as empresas, vamos tratar essencialmente a moeda estrangeira como
uma mercadoria. Portanto, haverá um preço por ela, a taxa de câmbio,
como já assinalamos. Em sendo uma mercadoria, existe um mercado
para negociá-la. Este mercado é denominado mercado cambial. Este será Mercado
cambial
composto por uma oferta e por uma demanda por moeda estrangeira.
Também denomina-
Naturalmente, há de se imaginar algumas pessoas (físicas ou jurídicas) do como mercado
querendo comprar dólares e outras querendo vendê-los. Quem haveria de moedas é o mer-
cado caracterizado
de demandar dólar? pela interação entre
oferta e demanda de
Aqueles que precisam de dólar para efetuar alguma transação moedas estrangeiras
no qual se determina
com outro país. Como já dito, uma pessoa que viaja para os Estados
o valor da taxa de
Unidos precisará de dólares. Uma empresa nacional, cuja atividade seja câmbio.

a venda de produtos americanos, irá precisar de dólares para adquirir os


produtos lá fora e comercializá-los aqui. Assim, as empresas e pessoas
interessadas em adquirir dólar constituem a demanda por essa moeda
estrangeira. Quanto mais barato o preço do dólar, mais propensas
estarão em comprá-los. Se aumentar o preço do dólar, certamente irão
demandar menos dólares.
Por outro lado, há os que ofertam dólares. De certo modo, as
empresas que exportam para o mercado americano recebem o produto de
suas vendas em dólar, isto é, um faturamento em dólar para cobrir seus
custos e apontar seus lucros. Os custos são os realizados internamente
e pagos em moeda nacional; os lucros são para serem distribuídos aos
sócios que residem no país de origem da produção. Portanto, haverá o
interesse em trocar dólar por real. De igual forma, quando um turista
brasileiro no exterior retorna ao país de origem, poderá estar voltando
com uma quantidade de dólares não gasta na viagem – pelo qual se
interessará em trocar por reais. Esses seriam os exemplos dos agentes
que compõem a oferta de dólar.

CEDERJ 185
Análise Microeconômica | A empresa e o mercado internacional

Ao reunir a quantidade de agentes econômicos (empresas, pes-


soas físicas) interessados em adquirir dólares, estamos constituindo a
demanda agregada de dólar como função de seu preço. De semelhante
forma, ao agregar os agentes econômicos com intenção de ofertar dóla-
res para trocar por reais, estamos identificando a oferta total de moeda
estrangeira que definirá o mercado cambial. Temos, como estudado na
Aula 2, mais um exemplo de equilíbrio de mercado, no caso, o mercado
cambial. Neste, o preço da mercadoria (dólar), que é a taxa de câmbio
(Z), será determinado pela interação entre os componentes de demanda
e oferta cambial. O gráfico da Figura 15.1 ilustra a determinação da taxa
de câmbio. Estando em equilíbrio, a quantidade negociada no mercado
é tal que a oferta iguala-se à demanda.

Figura 15.1: Determinação da taxa de câmbio: a oferta e a demanda


por moeda estrangeira.

Podemos observar que, se o mercado apresentar uma situação


de demanda maior do que a oferta de dólares (ponto de Z=A), haverá
Mercado
uma tendência a desvalorização do real (desvalorização da taxa de
o f e r ta d o
câmbio). Isto porque haverá escassez de dólares no mercado, o que
É uma expressão de
linguagem, utilizada elevará seu preço. Por outro lado, se a oferta de dólares for superior à
pelos agentes de
mercado (operadores demanda (ponto de Z=B), deve ocorrer a valorização da taxa de câmbio.
de corretoras) para
expressar um exces-
Isto porque, estando o m e r c a d o o f e r ta d o , o preço desta mercadoria
so de oferta em rela- deverá cair. Somente no ponto de igualdade entre a oferta e a demanda
ção à demanda, que
exerce influência de de dólares, Ze, o mercado cambial experimenta uma taxa de câmbio de
queda de preço.
equilíbrio, isto é, sem tendência à alta ou à baixa.

186 CEDERJ
Tanto a curva de oferta quanto a de demanda podem mudar de

15
posição. Por exemplo, suponha a ocorrência de um congresso mundial

AULA
de estudantes de Administração, em Nova York. Os organizadores do
evento concederam 60% de desconto aos estudantes brasileiros e 70%
aos docentes. Supondo o interesse da comunidade acadêmica brasileira
por esse evento, a procura por dólares irá aumentar. Assim, a curva de
demanda desloca-se para a direita (ou para cima) afetando a taxa de
câmbio no sentido de elevar o preço do dólar, isto é, uma desvalorização
cambial. A Figura 15.2 ilustra este caso. A curva de demanda D desloca-se
para D1. A taxa de câmbio Ze passa para Ze’.

Figura 15.2: Desvalorização da taxa de câmbio.

Do lado da oferta, fatores como novas operações comerciais com o


exterior podem deslocar a oferta no sentido de uma expansão. Se empre-
sas montam escritórios em outros países, visando ampliar suas operações
e assim conseguem faturar em moeda estrangeira, podemos supor um
deslocamento da curva de oferta para a direita. Por conseguinte, haverá
mais dólares no mercado cambial, o que tende a causar uma valorização
do real, isto é, uma valorização da taxa de câmbio. A Figura 15.3 ilustra
esse caso ao verificar a mudança da posição da curva de oferta S para
S1. A taxa de câmbio valoriza-se, quando sai da posição Ze para Ze”.

CEDERJ 187
Análise Microeconômica | A empresa e o mercado internacional

Figura 15.3: A valorização da taxa de câmbio.

Há um agente especial no mercado cambial que muito influencia


a taxa de câmbio. O Banco Central, instituição guardiã das Reservas
do país em moedas estrangeiras, não raro, vende ou compra moeda
estrangeira no interesse de controlar a taxa de câmbio, isto é, o Banco
Central pode interferir na taxa de câmbio, atuando como comprador
ou vendedor da moeda estrangeira. Suponha, por exemplo, que em
razão de uma circunstância de política econômica o interesse seja a de
desvalorizar a taxa de câmbio (ou impedir que ela valorize). Neste sen-
tido, essa autarquia atuará no mercado, comprando moeda estrangeira
– tal como ocorre na mudança da demanda de D para D1, ilustrada na
Figura 15.2. Se o propósito for o de valorização da moeda nacional (ou
impedir que ela desvalorize), a ação dessa instituição monetária será a de
atuar no mercado cambial como vendedor de moeda estrangeira. Assim,
estará em conformidade o deslocamento da oferta de S para S2 como
descreve a Figura 15.3. Por ser um assunto diretamente relacionado à
Macroeconomia, abordamos esse tema apenas brevemente. Ao interesse
da Microeconomia basta atentarmos para o efeito da taxa de câmbio
sobre as forças atuantes no mercado de bens e serviços. Mudanças na
taxa de câmbio repercutem na produção das empresas. O que exami-
namos a seguir.

188 CEDERJ
Atividade 1

15
AULA
Extraímos de tabela diária, divulgada pelo Banco Central do Brasil, a cotação, em 1

moeda nacional (real), das moedas americana (dólar), europeia (euro) e chinesa
(Yuan), em determinados dias e anos selecionados, como:

Data Dólar Euro Yuan


27/07/2011 R$ 1,5639 R$ 2,2476 R$ 0,2427
27/07/2010 R$ 1,7658 R$ 2,2947 R$ 0,2605
27/07/2009 R$ 1,8837 R$ 2,6814 R$ 0,2757
27/07/2008 R$ 1,5754 R$ 2,4809 R$ 0,2301
27/07/2001 R$ 2,4963 R$ 2,1886 R$ 0,3010
27/07/2000 R$ 1,8227 R$ 1,6661 R$ 0,2150

Fonte: Banco Central do Brasil.


(http://www4.bcb.gov.br/pec/taxas/port/PtaxRPesq.asp?idpai=TXCOTACAO)

Diante dessas informações, queremos identificar:


a) se houve valorização ou desvalorização do real em relação ao dólar, entre 2011 e 2010;
b) de quanto alterou a taxa de câmbio da moeda brasileira com a chinesa, entre os
períodos de 2009 e 2010;
c) o que aconteceu com a taxa de câmbio do real com cada uma das três moedas estran-
geiras, entre 2000 e 2001;
d) observando-se o período entre os anos de 2000 e 2001 e o período relativo aos anos
de 2009 a 2011 (considerando as mesmas condições de elasticidade preço da demanda
externa, volume iniciais de vendas, preços e inexistência de inflação), em qual dos perío-
dos uma empresa brasileira exportadora observou uma maior facilidade para colocar seu
produto no mercado externo.

CEDERJ 189
Análise Microeconômica | A empresa e o mercado internacional

Resposta Comentada
a) Entre os dias especificados para 2010 e 2011, o preço do dólar (US$1)
passou de Z2010 = R$ 1,7658 para Z2011 = R$ 1,5639. O valor de Z caiu; logo,
houve uma valorização do real (da taxa de câmbio), o que demonstra que
cada real vale mais quantidade de dólar.
b) No mesmo sentido do item anterior, entre os dias especificados para 2009
e 2010, o preço do yuan (CNY 1) passou de Z2009 = R$ 0,2757 para Z2010 = R$
0,2605. O valor d e Z caiu; logo, houve uma valorização do real (da taxa de
câmbio) de cerca de 5,5%, em relação a moeda chinesa.

∆Z% = 0, 2605 - 0, 2757 x100 = - 5,5


0, 2757

c) A taxa de câmbio entre a moeda brasileira, relativa a cada uma das três moedas
estrangeiras, desvalorizou-se, isto é, de 2000 para 2001 o preço de compra (em
real) para o dólar, euro e yuan aumentou.
d) Entre os anos de 2000 a 2001, o preço das moedas estrangeiras encareceu.
Isto é o mesmo que dizer que o real desvalorizou-se (taxa de câmbio desvaloriza-
da). Em relação ao período 2009/2011, houve a valorização do real em relação
a cada uma das três moedas estrangeiras. Como a desvalorização da taxa de
câmbio favorece as exportações, as empresas brasileiras devem ter tido mais
facilidade de exportar entre 2000 a 2001.

O MERCADO PARA UMA EMPRESA COM ATUAÇÃO NO


EXTERIOR

Qual é o efeito de uma variação na taxa de câmbio para uma


empresa atuante nos mercados interno e externo? Antes de enfrentarmos
esta pergunta, examinamos alguns elementos iniciais à questão.
A empresa estabelece o preço do que produz em moeda nacio-
nal – o real. Vamos desprezar os custos de colocação do produto no
exterior, como o frete internacional e custos administrativos. Do ponto
de vista do lucro, a empresa é indiferente entre vender para o mercado
nacional ou internacional. O importante é vender, seja pra quem for
– desde que receba o preço desejado. Nesse sentido, podemos agregar
na curva de demanda por seu produto os consumidores do exterior.
A curva de demanda passa a representar, nesse caso, a quantidade

190 CEDERJ
demandada conjunta de consumidores nacionais e estrangeiros (mais

15
adiante, retiramos essa unificação da demanda com consumidores

AULA
nacionais e estrangeiros).
Suponha que a taxa de câmbio seja Z= R$ 2/ US$ 1. Assim, trocam-
se dois reais por um dólar. Imagine o preço vigente de R$ 6 no mercado.
Ao colocar esse produto no país estrangeiro, em valor equivalente ao
que vende internamente, o preço será US$ 3 para o consumidor estran-
geiro. Como dissemos, do ponto de vista da lucratividade, a empresa
estará indiferente entre vender o produto por R$ 6 para um consumidor
nacional ou US$ 3 para um estrangeiro. Para ilustrar um pouco mais,
imagine que a empresa esteja vendendo 120 produtos. Destes, 100 são
para o mercado interno e 20 para o externo. Assim, ela terá uma receita
de R$ 600 com o mercado interno (100 x R$ 6) e uma receita de U$ 60
com o mercado externo (20 x US$). Esta última deverá ser convertida em
reais, o que resulta em R$ 120 (60 x R$2). Assim, a empresa tem o total
de R$ 720 de faturamento com os mercados interno e externo. Podemos
ilustrar essa situação, como mostra a Figura 15.4. Nela, vemos o preço de
R$ 6, a quantidade de 120 produtos e uma curva de demanda agregada
que contempla conjuntamente consumidores nacionais e estrangeiros.

Figura 15.4: Mercado para uma empresa com


consumidores nacionais e estrangeiros.

Em se considerando o mercado dado pelo Gráfico 15.4, temos


a pergunta: qual o efeito de uma variação na taxa de câmbio para os
negócios da empresa?

CEDERJ 191
Análise Microeconômica | A empresa e o mercado internacional

A resposta a esta pergunta exige algumas hipóteses. Inicialmente,


vamos supor que a empresa, ao ampliar sua produção, sofra de elevação
de custos (custos crescentes de produção). Só para ser preciso, informamos
que essa hipótese já é observada, quando construímos uma curva de oferta
positivamente inclinada. Considere também a possibilidade de que o produ-
to, levado ao mercado externo, é muito bem apreciado pelos estrangeiros no
sentido de que haja uma boa preferência por eles. Nesses termos, podemos
facilmente responder o efeito de uma alteração na taxa de câmbio.
Caso o preço do dólar de R$ 2 passar para R$ 3, ocorre uma desva-
lorização da taxa de câmbio. O efeito, apresentado na Figura 15.4, será a
de um deslocamento para a direita na curva de demanda, repercutindo uma
expansão de vendas para a empresa e aumento no preço em reais. Isso se
dá em razão de algumas considerações. A primeira é a de a desvalorização
representar uma queda de preço do produto em dólares. Antes, o preço
de R$ 6 equivalia a U$ 3. Com a desvalorização, o preço do produto em
dólares cai para U$ 2. Isto é, com US$ 2 o americano vai ao banco (casa de
câmbio) e retira R$ 6 para comprar o bem. Portanto, o bem a ser importado
ficou mais barato. Como é um bem de boa aceitação e sensível à variação
de preço (hipótese de bem de demanda elástica), espera-se que a demanda
estrangeira por ele aumente. Por isto, a demanda agregada desloca-se para
a direita. Para produzir mais, a empresa acaba por sofrer de elevação de
custos (hipótese). Assim, o novo preço de equilíbrio estará um pouco mais
elevado. Essa elevação de preço será maior, quanto mais elevado for a pressão
sobre custos dado pela expansão da demanda externa.
Nesse cenário, o que está acontecendo com os consumidores
nacionais?
Como o preço subiu, certamente ocorreu uma queda parcial na
demanda nacional, isto é, como aumentou o preço do produto no Brasil,
os consumidores internos terão respondido com uma queda na quanti-
dade consumida. Observe que a demanda externa aumentou, mas em
uma dimensão menor daquela que seria no caso do preço, cotado em
real, permanecer constante. Lembre-se que o preço em real sofreu uma
elevação pelo fato de que houve uma expansão nas vendas externas –
dada a desvalorização cambial. Para atender à elevação da demanda, a
empresa incorreu em aumento de custos (hipótese de custos crescentes –
Aula 12). Por isto, decorreu uma elevação no preço em moeda nacional.
Podemos resumir, enfocando os principais resultados:

192 CEDERJ
1) uma desvalorização cambial amplia as vendas com os mercados

15
externos. Isto porque cai o preço em dólar das mercadorias exportadas;

AULA
2) se a expansão das vendas externas for tal que pressione os
custos de produção e o preço interno poderá haverá alguma alteração
no preço em real. Isto ocorrendo, também refletirá uma alteração no
preço em dólar. Como a quantidade exportada aumentou, a posterior
possibilidade de elevação do preço em dólar não poderá ser tal a igualar
ao preço estabelecido antes da alteração do câmbio. Devemos mencio-
nar que nem sempre a expansão nas vendas externas é suficiente para
impactar o custo de produção interna, isto é, pressionar o aumento do
preço em real do produto vendido no mercado interno. Este é o caso da
exportação de produtos resultar do excedente de produção, realizado
no mercado interno – assunto que tratamos a seguir.

Atividade 2
Examine o caso descrito pela Figura 15.4. O que aconteceria com o preço e a 1 2

produção da empresa atuante nos dois mercados, no caso de uma valorização


da taxa de câmbio (a moeda real está mais valorizada)?

Resposta Comentada
Se o dólar passa a valer menos do que o real, o consumidor estrangeiro irá per-
ceber a mercadoria por ele importada como mais cara, isto é, terá de ceder mais
dólares para pagar pela unidade do produto brasileiro. Em razão do princípio de
que preços mais elevados reduzem o consumo (lei da demanda), haverá uma
diminuição na quantidade importada. Assim, pelo método de agregação da
demanda (incorporação de consumidores nacionais e estrangeiros), a curva de
demanda vai deslocar-se para baixo. O preço no mercado nacional do produto
deve diminuir. A produção da empresa deve diminuir.

CEDERJ 193
Análise Microeconômica | A empresa e o mercado internacional

O SURGIMENTO NATURAL DE UMA EMPRESA


EXPORTADORA

Em geral, toda empresa produz com um nível de capacidade ociosa


de recursos. Ela não utiliza 100% dos seus fatores de produção. A empresa
pode perceber que sua capacidade produtiva é tal que poderia produzir mais
do que o mercado interno dela atualmente demanda. Por exemplo, uma
empresa tem capacidade para produzir 1.000 unidades, mas a demanda
pelo seu produto é de 600 unidades. Há uma produção abaixo do potencial
calculada em 400 unidades. Esta constatação surge como o primeiro estímulo
à exportação. A empresa tende a procurar outros mercados para vender seus
produtos. Pode ser também que a empresa esteja tendo sucessivos acúmulos
de estoques, de forma inesperada, por conta de quedas de demanda. Deste
E x p o r ta ç ã o modo, podemos entender a exportação como o resultado do excedente de
É o excedente de produção (potencial ou efetivo), verificado no mercado interno.
produção no merca-
do interno, levado Vamos olhar esse ponto de uma maneira levemente diferente da
para as vendas no
exterior.
descrita anteriormente. Suponha a inexistência de custos significativos
para transportar a mercadoria de um país a outro. Observe: esta hipótese é
tanto mais razoável quanto mais avançada estiver a globalização, vista, por
exemplo, como a facilidade de fluxo de bens, serviços e fatores entre países.
Se o mercado internacional é volumoso e difundido, há mercadorias
com clara e definida cotação de preço internacional, isto é, há preços visivel-
mente conhecidos e praticados por todas as empresas atuantes no mercado
internacional. Portanto, uma empresa nacional, apta a ingressar no mercado
estrangeiro, tomará tal preço como dado pelo negócio. Contudo, há, tam-
bém, o mercado interno, formado pelas empresas e consumidores nacionais.
Nesse há o preço de equilíbrio que é o indicador do preço daquele mercado.
Se uma empresa pode produzir em ambos os mercados, desconside-
rando-se as diferenças de custos de negociação entre esses mercados (nossa
hipótese), ela dará preferência de atuação ao mercado que apresentar o
maior preço. Se o mercado internacional cotar um preço mais alto, ela irá
tomar tal preço como o que pode vender. Cobrando o preço dado pelo mer-
cado externo, ela vende no mercado nacional a quantidade que a demanda
interna paga. O que restar do montante produzido, ela exporta. Se ocorrer
o inverso, ou seja, se o mercado interno estiver com preço superior, este
será o de consideração. Nesse caso, sua produção não será suficiente para
atender a todo o mercado nacional, como veremos a seguir.

194 CEDERJ
Vejamos: café é um produto com cotação no mercado interna-

15
Commodity
cional. Suponha que o preço internacional dessa commodity seja U$ 2 a
É o produto padro-

AULA
saca. Se a taxa de câmbio é R$ 1 = US$ 1, então, a empresa produtora nizado, quanto aos
seus tipos, pesos,
nacional receberá R$ 2 por saca vendida no exterior. Caso, no Brasil, volumes e demais
características, per-
o preço da saca for R$ 1, essa empresa tende a ser prioritariamente ou
mitindo uma ampla
exclusivamente exportadora. negociação e cotação
de preços nos merca-
Vale ressaltar que a atividade de exportar, no Brasil, passa por severas dos internacionais.
críticas das federações de indústrias brasileiras que apontam o chamado
“custo Brasil”. Este termo é utilizado para chamar a atenção da elevada carga Custo Brasil
de custos à exportação, que fragiliza a capacidade produtiva da empresa Consiste na desig-
nação dada para
nacional em participar do mercado exportador. Ainda que essa questão apontar custos extra
empresa, decorrentes
seja, em muitos casos, determinantes, mas, observados nossos propósitos,
de altas despesas tri-
consideramos como questão a parte da análise microeconômica básica. butárias, portuárias
e burocráticas que
dificultam a colo-
cação do produto
nacional no mercado
exportador.

Custos

?
e procedimentos para
exportar
Independentemente do seu tamanho (peque-
na, média ou grande), toda empresa, com interesse
de ingressar no mercado exterior, deverá adotar alguns
procedimentos, quando da preparação da mercadoria para
exportação. A despesa com o frete (marítimo, aéreo, ferroviário ou
terrestre) deverá ser negociada em dois tipos: frete pré-pago (aquele
que o frete é pago no local de embarque) ou frete a pagar (frete pago
no local de desembarque). Além do fator distância, os custos de trans-
portar são variados, conforme as características do que se exporta (tipo de
carga, peso e volume, a perecibilidade do produto, embalagem e o valor do
produto). Muitas vezes, essas escolhas não são apenas de decisão única dos
administradores. Exigências do mercado internacional, dadas por questões
legais (cumprimento da legislação internacional) e por questões culturais ou
mesmo religiosas dos países importadores, impõem formas de transporte,
embalagem, volume e peso do produto. Vale ressaltar, também, que o país
exportador pode exigir um padrão de qualidade mínimo para a empresa
exportadora. Isto para proteger a imagem do país, perante o mercado
internacional. Para o empresário que deseja iniciar ou estudar opera-
ções com o mercado exportador, vale conhecer, antes de mais nada,
as normas e procedimentos aplicáveis às operações de comércio
exterior. Estas podem ser encontradas na Portaria Nº 23,
de 14/07/2011 da Secomex do Ministério do Desen-
volvimento, Indústria e Comércio Exterior, com
endereço eletrônico dado por www.
mdic.gov.br.

CEDERJ 195
Análise Microeconômica | A empresa e o mercado internacional

Por outro lado, se no Brasil o mercado paga R$ 3, isto é, preço


interno maior do que o externo, o interesse será vender toda a produção
a esse valor. O que sobrar (excedente), aí, sim, será objeto de exportação.
Por fim, se os preços forem iguais, espera-se que a decisão não seja
mais econômica, uma vez que, do ponto de vista do lucro, não haverá
diferença entre negociar em um ou outro mercado. Naturalmente, vende-se
por preferência no mercado interno.
Em suma, se o preço internacional for o mais elevado, no mercado
nacional, teremos uma situação de excedente, como ilustra o gráfico da
Figura 15.5. Neste, o preço internacional, p*, convertida por Z em reais,
é superior ao preço nacional de equilíbrio. Então, a empresa produz um
total de qT unidades, vende no mercado interno qi e exporta o excedente
de sua produção no mercado interno qx (qT – qi). Observe: a demanda
desse gráfico representa apenas a demanda dos consumidores brasileiros.

Figura 15.5: Situação de preço internacional


superior ao preço doméstico: tendência às
exportações.

Suponha uma desvalorização na taxa de câmbio. Logo, o dólar


passa a ser trocado por mais reais. Observe que esta situação altera o
poder de compra do consumidor estrangeiro, nada afetando, de ime-
diato, o preço em reais, recebido pela empresa. Repetindo: dado que o
dólar subiu de valor em relação ao real, o americano receberá mais reais
por cada dólar trocado na agência de câmbio. Portanto, valendo a lei

196 CEDERJ
da demanda, por ter mais moeda em reais comprará mais do produto

15
importado (para ele). Tudo se passa como se a desvalorização do real

AULA
tivesse enriquecido os detentores de dólares, quando vierem trocá-los
por reais. Por sua vez, a empresa verificará o aumento de suas exporta-
ções. Em tendo capacidade ociosa, poderá atender ao crescimento dessa
demanda, sem que venha alterar o preço.
Observe: o caso de preços internacionais abaixo dos preços de
equilíbrio no mercado nacional. Se lá fora o preço é menor, certamente,
todas as empresas nacionais desprezarão o estrangeiro. Serão empresas
tipicamente nacionais. Mas aí, ocorrerá o inverso. As empresas estran-
geiras é que estarão de “olho” no mercado nacional, pois está pagando
mais. Tentarão ofertar seus produtos.
Podemos pensar sob a ótica dos consumidores estrangeiros. Se
estes tomam conhecimento de que os preços dos produtos de outros
países são mais baixos, farão o que for possível para adquiri-los. Isso
é importação! Assim, haverá um volume de produtos importados e
nacionais no mercado interno.
Construindo o gráfico de oferta e demanda nacional, vamos supor
que o preço internacional seja totalmente conhecido por todos e que
não haja qualquer restrição ou custos para a importação. Se o preço
internacional é o menor, todo o mercado passa tê-lo como o preço que
prevalecerá. Se as empresas nacionais cotarem preços acima daquele, os
consumidores nacionais só comprarão produtos importados. Portanto, o
preço internacional, menor, dita o preço também no mercado nacional.
Na Figura 15.6, suponha que o preço internacional, p*, esteja
abaixo do que seria o preço de equilíbrio do mercado nacional, p e.
Como o preço máximo do mercado será p*, a produção das empresas
nacionais será qt. Este é o volume de produção nacional de interesse das
empresas nacionais em virtude do preço ser p*. Por sua vez, a deman-
da está interessada em adquirir qD. Assim, o volume importado (pelos
consumidores brasileiros) será a diferença entre o que a demanda quer
comprar, qD, e as empresas nacionais produzem, qN. Pela Figura 15.6,
podemos calcular o valor das importações.
O valor das importações resulta da multiplicação do preço pago
por cada unidade importada. Assim, é a área do retângulo qNABqD dada
pela base (qD- qN) vezes a altura (AqN ou BqD).

CEDERJ 197
Análise Microeconômica | A empresa e o mercado internacional

Figura 15.6: Preço internacional menor do que o preço


nacional de equilíbrio: tendência às importações.

Observe: nessa abordagem, devemos supor os produtos nacionais


e importados como efetivamente similares. Isto implica em não se preferir
o produto por outra razão além do preço. Na prática, sempre há alguma
diferenciação de produtos. Isto permite certa diferença de preços entre
os nacionais e importados. No entanto, a lógica econômica dada por
essa teoria resta preservada, adaptando-se apenas o peso da diferença
de qualidade entre produtos, bem como da existência dos custos de
importação, dos riscos envolvidos nas operações etc.

?
Há relações
entre preços de exportação,
preços internos e custos de exportação.
No nosso modelo teórico, visando simplicidade,
desconsideramos os custos de comercialização internacional.
Porém, vale uma menção acerca desse ponto. Dependendo do tipo
de mercado, o preço do produto exportado pode ser formado a partir
dos custos de exportação e custos internos para a empresa. De forma
alternativa, do preço do produto cotado internacionalmente se deduzirá
o preço que receberá o exportador. Portanto, o preço externo pode
causar o preço recebido internamente ou o contrário: do preço interno
incorpora-se custos e outras margens para determinar o preço do
bem exportado. Da causalidade de preços na direção do
preço internacional para determinação do preço
recebido pela empresa, observamos, como
exemplo, os preços das

198 CEDERJ
15
commodities,
negociadas no mercado

AULA
internacional. Por exemplo, do
preço da soja, negociado na bolsa de
mercadorias de Chicago (EUA) se deduzirá os
custos de exportar para evidenciar qual será o preço
recebido pelo produtor interno. Vejamos a equação
básica norteadora da formação do preço recebido a partir do
preço da bolsa internacional Chicago. Preço internacional (bolsa
de Chicago) = Preço FOB (Free on Board, preço da soja no navio no
local de embarque). Pode haver uma diferença de valor, dado pela
negociação (barganha) entre os agentes sobre a distância entre os locais
de embarque e desembarque, volume, demais características especificas do
produto, denominada prêmio da negociação. Preço FOB – custos de embarque
(armazenamento, frete até o local de embarque e despesas portuárias) – despesas
de juros de financiamentos à exportação – custos internos (embalagem especifica
para exportações e gastos adicionais da operação) = preço recebido pelo produtor.
No caso de formar o preço de exportação (causalidade de preços no sentido internos
para preços externos), temos, entre outros, os seguintes elementos a considerar:
• alguns impostos incidentes sobre o preço interno são isentos para a mercadoria
exportada;
• há de se retirar os custos de logística de distribuição interna do produto e incluir
os de distribuição externa;
• retira-se o custo de embalagem interna e acrescenta o de embalagem externa;
• deduz-se dos custos de propaganda externa as despesas com a propaganda no
mercado nacional.
Assim: preço no mercado nacional – impostos sobre a venda interna (ICMS, IPI,
PIS e COFINS) + (despesa de embalagem externa - despesa de embalagem
interna) + (despesa com propaganda, custos administrativos e comissão
de agentes no exterior - as respectivas despesas internas) + (custos de
embarque como os de frete, seguro e documentação) + margem para
riscos da operação + margem de lucro = preço para exportar.
A taxa de conversão entre moedas (taxa de câmbio) é
naturalmente considerada pelo empresário em qualquer dos
dois tipos de formação de preços. Inclusive, considerando
o risco de alteração do câmbio durante a diferença
temporal, envolvida entre o processo de efetuar
e efetivar a operação internacional.

TARIFA

O mercado estudado anteriormente é internacional e livre. Livre


em razão da possibilidade de compra e venda de bens, e serviços nos
mercados nacionais e internacionais sem qualquer interferência gover-
namental. Entretanto, no mundo real nem sempre é assim.

CEDERJ 199
Análise Microeconômica | A empresa e o mercado internacional

Suponha, então, a situação de um país no qual o preço de produ-


tos estrangeiros é demasiadamente inferior ao das empresas nacionais.
Imagine que esta situação seja pelo fato de que as empresas nacionais
são novas no mercado e não têm ainda a experiência técnica e a escala
de produção das concorrentes internacionais. Admita que, com o tempo,
as empresas nacionais possam vir a adquirir o know-how (conhecimento
técnico) da produção de maneira a se tornarem mais produtivas e efi-
cientes. Pode-se decidir que, estrategicamente, seja interessante garantir
a sobrevivência das empresas nacionais da concorrência internacional.
Afinal, a empresa nacional gera empregos e renda para a população.
Com base nessa percepção, empresários convencem o governo de
que é preciso proteger o mercado nacional das empresas estrangeiras.
Uma das maneiras para tal objetivo constitui-se da imposição de uma
Tarifa ta r i f a , incidente aos produtos importados. Neste sentido, a instituição
Em sentido estrito, da tarifa terá o efeito de um imposto que, adicionado ao preço interna-
significa preço públi-
co pago por quem cional do produto importado, o encarece.
utiliza os serviços
de empresas conces-
Por exemplo: se o preço do produto importado for de $ 2 e se
sionárias de serviços instituir uma tarifa de valor $ 1, o preço pago pelo consumidor nacio-
públicos. A tarifa à
importação é uma nal será de $ 3. Assim, a produção nacional poderá vender o seu bem
espécie de tarifa
aduaneira, este, o no mercado interno por $ 3. Isto permitirá um aumento na produção
preço pago pelos ser- nacional, conforme o estímulo do aumento de preço sobre a quantidade
viços de alfândega,
quando da entrada ofertada (lei da oferta). Vejamos, inicialmente, o efeito da intervenção do
no país do produto
estrangeiro. governo no mercado, através da colocação de tarifa a bens importados.

Figura 15.7: Exemplo de tarifa à importação.

200 CEDERJ
A Figura 15.7 ilustra o exemplo a seguir: inicialmente, o mercado

15
é livre. O preço internacional força ao mercado nacional o preço de $ 2,

AULA
ou seja, em virtude da possibilidade da troca de produtos nacionais por
importados, as empresas nacionais ficam limitadas a adotar igual preço
– sob pena de pouco ou nada vender, caso arbitre um preço superior.
Sendo assim, ao tomar o preço $ 2, as empresas nacionais produzem
uma oferta agregada de 10 unidades. Por sua vez, a demanda nacional é
de 16 unidades. A diferença entre a quantidade demandada e a ofertada
nacional dará o volume de importação para essa mercadoria, no caso,
seis unidades.
Observe o primeiro efeito da tarifa aduaneira: a redução das
importações.
Com o imposto à importação, digamos $ 1 de tarifa, comprar
o produto importado implica pagar o preço internacional, adicionado
à tarifa tal como se fosse um imposto sobre o consumo. Como receita
própria, a empresa estrangeira recebe apenas o preço sem a tarifa, isto é,
os mesmos $ 2. No entanto, a empresa nacional poderá cobrar o preço
igual ao que o consumidor paga pelo produto importado ($ 3), portanto,
produzirá mais (12 unidades). Aumentada a produção nacional, certa-
mente diminui a quantidade importada (de 6 para 2 unidades).
Vimos, assim, o estímulo à produção nacional. As empresas
domésticas estarão com maior volume de produção. Espera-se o aumento
de empregos diretos (possivelmente também indiretos) quando a produ-
ção nacional aumenta. Portanto, em geral, o efeito da tarifa à importação
é o de fomentar a indústria nacional com resultados correlacionados
ao aumento do emprego e renda no país. Mas, não é só isto! Há outro
agente que se beneficia da instituição da tarifa. Vamos olhar o lado das
finanças públicas.
A tarifa é fonte de receita pública. Ao se comprar um produto
importado com a tarifa incluída no preço, o valor desta tarifa é crédito
tributário, ou seja, fonte de arrecadação do governo. Facilmente, cal-
culamos a arrecadação do governo, gerada pela tarifa na Figura 15.7.
Como cada produto importado gera $ 1 de receita tributária, o volume
total arrecadado com o total de importações será de $ 2 ($1 x 2 unida-
des importadas). Antes da tarifa, o governo nada arrecadava de tarifa
aduaneira.

CEDERJ 201
Análise Microeconômica | A empresa e o mercado internacional

Se há a perspectiva de aumento na produção nacional e aumento


na receita do governo, a aplicação de tarifa traz essas vantagens. Contudo,
o preço no mercado está mais elevado (de $ 2 para $ 3). A quantidade
de produtos adquirida pelos consumidores diminuiu (de 16 para 14).
Logo, pelo menos em uma rápida análise, os consumidores são afetados
negativamente. Mas observe duas perguntas:
1) o que o governo fará com o aumento de receita, obtido pela tarifa?
2) qual o efeito de médio ou longo prazo do aumento da produção
nacional propiciado pela instituição de tarifas à importação?
Se o governo utilizar a receita tributária, gerada pela tarifa para
melhorar o bem-estar da sociedade (mais ou melhores escolas, hospitais,
estradas, segurança etc.), os consumidores que estão pagando mais e
comprando menos por efeito da tarifa podem estar sendo compensados
(parcialmente ou totalmente).
Caso o resultado do crescimento das empresas nacionais traduzir-
se em recursos para modernizar, inovar e tornar mais eficiente a produção
interna, a política tarifária pode ter sido proveitosa para todos. Esta é,
sempre, uma discussão anunciada, quando o governa utiliza política
tarifaria dentro do comércio internacional.
Façamos agora uma “radiografia” dos efeitos da imposição de tarifa
à importação com auxílio da Figura 15.8. Esta retrata as curvas de deman-
da (consumidores nacionais) e oferta nacionais. Considere as hipóteses:
a) em ambiente de mercado livre, o preço do produto no mercado
internacional é menor do que o preço de equilíbrio no mercado nacional;
b) o produto importado é similar ao nacional;
c) a oferta de produtos importados é abundante ao preço dado
pelo mercado internacional.

Figura 15.8: Mercado nacional com tarifa à importação.

202 CEDERJ
Assim, o preço do mercado internacional limitará o preço nacio-

15
nal que vigorará no mercado interno. Se o preço internacional for P*,

AULA
este será o preço para o mercado nacional. Se não houver produção
nacional para esse preço, toda a demanda seria atendida com produtos
importados. Olhando para a curva de oferta das empresas nacionais, S,
observa-se que ao preço P* a oferta nacional será qN; a demanda nacional
deseja adquirir qD. Nesses termos, o volume de importação é dado por
qD - qN. Assim, o mercado desse produto é dominado pelo preço externo,
há importações e a produção nacional responde apenas por uma parcela
do mercado. Este é um mercado livre e aberto ao exterior.
Suponha que o governo venha a instituir uma tarifa específica de
t unidades monetárias ao produto estrangeiro. Assim, cada unidade de
produto importado sofrerá de um acréscimo de t unidades monetárias
em seu preço, p*. Isto possibilita a empresa nacional cotar o preço (em
moeda nacional) em P* + t, que é o mesmo preço a ser pago pelo produto
importado. Por isso, no gráfico o preço passa para a posição P* + t, o
que aumenta a produção nacional para qN’; diminui a demanda nacional
para qD’. As importações são reduzidas para um total dado por qD’ – qN’.
Observe que a imposição da tarifa trouxe uma arrecadação tributária
para o governo. Essa pode ser verificada pela área do retângulo BCEF,
pois a base e a altura desse retângulo representam, respectivamente, o
volume importado (quantidade de mercadorias importados) e o valor
da tarifa.
Podemos observar o faturamento agregado das empresas nacionais
antes e depois da tarifa. Antes, o faturamento (p vezes q) era verificada
pela área do retângulo 0qNAP* (não desenhado no Gráfico). Depois da
cobrança de tarifa, o faturamento correspondeu a área 0qN’C(P*+t). Fácil
constatar o benefício da tarifa para a empresa nacional; o faturamento
dela aumenta tanto pelo efeito do preço mais elevado como pelo maior
volume de vendas.
Do lado do consumidor, verificamos que, antes da tarifa, a despe-
sa com o produto (nacional e o importado) era expresso pelo retângulo
0qDGP* (não desenhado). Após a tarifa, a despesa passa a ser quantificada
pela área 0qD’E(P*+t). Neste caso, não se pode, a priori, dizer se a despesa
do consumidor aumenta ou diminui com a tarifa. Isto porque há dois
fatores de efeitos conflitantes sobre a variação de despesa. De um lado, o
preço aumenta, o que representa aumento de despesa. Todavia, há uma

CEDERJ 203
Análise Microeconômica | A empresa e o mercado internacional

redução no consumo (qD para qD’). Tecnicamente, a elasticidade preço da


demanda responderá se a despesa aumenta (caso da demanda inelástica) ou
diminui (caso da demanda elástica). Observe que se a área de P*FE(P*+t)
for superior a área do retângulo qD’qDGF a despesa do consumidor aumenta
com a tarifa. Isto quer dizer, o aumento de preço não foi tão forte para
causar grande redução na quantidade consumida, caso de inelasticidade da
demanda (assunto da nossa Aula 4). Se for menor, o contrário, a despesa
do consumidor terá diminuído devido à tarifa. Neste caso, entende-se que
houve uma brutal redução no consumo deste produto.

Atividade 3
Será que a arrecadação do governo sempre aumenta? Suponha que o mercado 3
de um produto esteja com a tarifa de P* + t, conforme ilustra o gráfico da Figura
15.8. Em determinado momento, o governo decide dobrar o valor da tarifa. Com efeito,
o valor do preço com tarifa passa a coincidir com o valor do preço de equilíbrio (pe no
gráfico). Qual o valor da arrecadação tributária após essa nova tarifa, o “tarifaço”?

Resposta Comentada
A arrecadação do governo com a nova tarifa passa a ser exatamente zero. Isto
porque a nova tarifa permitiu as empresas cobrarem o preço em que ocorre a
igualdade entre a oferta e demanda nacional. Não há mais o que importar com
o preço mais elevado. Logo como é zero a quantidade importada, a receita com
a tarifa (t vezes zero unidade) será zero. Por este exemplo, percebe-se que nem
todo aumento de tarifa implica aumento de receita tributária. Nesses casos,
percebe-se que as importações foram drasticamente reduzidas a ponto de causar
uma queda de receita – uma vez observada a elevada tarifa sobre os preços
dos produtos.

204 CEDERJ
Observamos que a implantação de uma tarifa a produtos impor-

15
tados tem a influência de expandir a produção da empresa nacional

AULA
que produza bens similares aos importados. Em termos dos interesses
nacionais, a tarifa representa um instrumento da política econômica para
gerar aumento da produção nacional, redução das importações e ainda
gera arrecadação de receita para o governo. Constitui-se, portanto, de
um mecanismo para proteger a empresa nacional da concorrência de
empresas estrangeiras no mercado nacional. Neste ponto, façamos uma
pergunta: podemos dizer que a fixação de um valor para tarifa, digamos
$ t, garante ao longo do tempo a redução das importações? Por exem-
plo, no gráfico da Figura 15.7, vimos a redução das importações para
2 unidades dada a tarifa de $ 1 (t=1). Esta redução de importações é
efetiva ao longo do tempo?
A resposta é não. Se admitirmos a possibilidade de modificações,
tanto no lado da eficiência produtiva das empresas estrangeiras quanto
da posição da curva da demanda nacional, as importações podem con-
tinuar a ser elevadas.
Imagine o mercado de um produto qualquer, digamos da área de
Informática. Há empresas nacionais e empresas estrangeiras, produzindo
e vendendo no mercado nacional. Suponha as empresas estrangeiras
como as mais eficientes no custo de produção, isto é, produzem a um
custo relativamente menor. O governo institui uma tarifa à importação
de produtos de informática. Com isto a importação reduz-se. Se as
empresas estrangeiras continuarem tendo eficiência de custos, elas terão
condições de abaixar seus preços ao longo do tempo. Isto representaria
uma situação de queda de preço final.
Vejamos: suponha que o ganho de eficiência seja de forma a reduzir
o preço de $ 2 para $ 1. Assim, com a mesma tarifa de $ 1, o preço final
do produto importado seria o mesmo da situação de quando o mercado
era livre. Portanto, a tarifa não garante a redução das importações ao
longo do tempo, se admitirmos que as empresas estrangeiras têm mais
eficiência produtiva relativas às nacionais.
Imagine a situação de um aumento na renda dos consumidores.
Sabemos que um aumento na renda desloca a curva de demanda para a
direita. A Figura 15.9 mostra o efeito sobre as importações. Ainda que
haja a tarifa de $ t, as importações aumentam para o total de (qD” – qD’’).
Se o governo quiser assegurar a redução de importações, terá a dura mis-

CEDERJ 205
Análise Microeconômica | A empresa e o mercado internacional

são de reajustar constantemente os valores da tarifa, conforme a queda


de preços internacionais. A expressão “dura missão” é para lembrar a
insatisfação perante os consumidores a cada reajuste tarifário, pois todo
aumento de imposto ou tarifa é indesejado para quem paga. Vale ressaltar
que há acordos e tratados comerciais que cuidam da política tarifárias
entre países. A Organização Mundial de Comércio (OMC) é um deles.

?
A Organização Mundial do
Comércio (OMC), criada em 1995, com
sede em Genebra (Suíça), é uma organização que,
por sua vez, possui personalidade jurídica e é constituída
por mais de 140 países membros. A finalidade principal é a de
impor regras e normas para estabelecer um entendimento entre os
países e as instituições internacionais que atuam no campo econômico.
Ela pretende desenvolver o comércio mundial livre, evitando a instituição
de medidas protecionistas entre os países membros. Por meio de reunião,
são negociados e assinados acordos comerciais que, após serem ratificados
em cada nação, passam a disciplinar as ações relacionadas ao comércio
internacional. Além de preparar e operacionalizar acordos multilaterais de
comércio, a OMC tem diversas atribuições, correlatas à função de ditar o
sistema de comercio internacional. Serve de tribunal para os conflitos
do comércio internacional, onde nele as divergências são analisadas
e decididas com mecanismos de execução de cumprimento
único (single undertaking). Seus membros são compelidos a
concordarem e seguirem com os resultados dos conflitos
negociados, atentando para mitigar a decisão,
baseada em interesse unilateral de cada
país.

COTAS

Consideremos a situação no qual o propósito seja a imposição de


um limite máximo de quantidade importada de um produto. A colocação
de tarifas não garante a observação do teto de importação fixado. Para
tal, há o instrumento denominado cotas à importação. A cota representa
a instituição de um limite quantitativo de importação. O governo concede
licenças à entrada de produtos estrangeiros ao número por ele fixado.
Considere os valores exemplificados na Figura 15.7. Ao que esteja
vigorando o mercado livre, as importações são de seis unidades. Suponha

206 CEDERJ
que o interesse do governo seja o de permitir um máximo de dois produ-

15
tos importados. Neste propósito, baixa um decreto, permitindo até duas

AULA
unidades de produtos de origem estrangeira. Essa é a cota à importação.
No mercado nacional, as empresas nacionais poderão cobrar o preço
semelhante àquele dado pela tarifa geradora da mesma quantidade de
importação. Isto porque realizada a importação permitida aos preços
internacionais, restaria toda a parcela de demanda para adquirir ao preço
determinado internacionalmente.
Duas observações devem ser realizadas. A primeira é de que o ins-
trumento de cota, por ser um fator mais rígido sobre o fluxo de comércio
internacional (medida puramente quantitativa), é bastante combatido
nos tratados comerciais internacionais. Se o país A determina cota de
importações, os países das empresas afetadas pela redução das vendas
externas irão reagir também, colocando cotas à importação de produ-
tos vindos de A. Isso restringe o comércio como um todo, certamente
trazendo problemas para todos (com tarifas isso também ocorre, mas
em menor escala).
A segunda observação cabe a quem receberia as licenças à impor-
tação, ou seja, quem seria o beneficiário de poder comprar o produto
com preço mais baixo. Certamente, os critérios de fixação e distribuição
das licenças derivadas das políticas de cotas é um problema de natureza
política (nacional e internacional) e ideológica, as quais certamente geram
varias distorções e discussões.
Neste sentido, não obstante a necessidade de autorização junto
a organizações internacionais, como a OMC, vários países utilizam do
instrumento da Cota. A Rússia (em via de integrar como país membro
da OMC) institui cota à importação de carne suína e frango, mas tem
diminuído tal critério quantitativo de limites às importações. O Uruguai
em área de produtos lácteos entre outros. Para dar um exemplo real na
economia brasileira, em 2009 o governo brasileiro alterou as cotas de
importação de pneus remoldados, comprados do Paraguai e do Uruguai.
Até 2008, a cota permitia até 332 mil unidades de pneu de ambos os
países (168 mil unidades do Uruguai, 164 mil do Paraguai. Com a alte-
ração da cota, instituída por Resolução da Camex (Câmara de Comércio
Exterior), em 14 de janeiro de 2009, as importações ficaram limitadas
a 166 mil pneus (84 mil do Uruguai e 82 mil do Paraguai) até o fim de
abril daquele ano. Por mês, a cota limitou o volume de 47,4 mil unidades.

CEDERJ 207
Análise Microeconômica | A empresa e o mercado internacional

Esse processo de alteração de cotas passa por Rodadas de Negociação


para evitar uma guerra de protecionismo (cada governo limita a entrada
de produtos importados em resposta a políticas de cotas) pelos países, o
que traria um retrocesso a expansão do comércio internacional.

CONCLUSÃO

Esta aula tratou de alguns conceitos relacionados ao comércio


internacional. Ficou evidente que a concorrência no mercado nacional
não está restrita às empresas domésticas. Vimos que a taxa de câmbio é o
preço da moeda estrangeira. Ela equipara o valor das moedas estrangeiras
com a nacional, em virtude das operações comerciais entre empresas e
mercados internacionais. Em geral, a desvalorização cambial (encareci-
mento da moeda estrangeira) favorece as exportações e encarece o preço
em moeda nacional do que se importa. A valorização tem efeito contrá-
rio, isto é, prejudica o volume de exportações, mas facilita a entrada de
produtos importados. Um país tende a ser exportador de produtos cujos
preços internos sejam inferiores aos preços cotados nos demais mercados
nacionais – dada a hipótese de inexistência ou insignificância de custos
de exportação. Por outro lado, supondo um bom grau de similaridade
entre produtos nacionais e importados, a tendência será de importar se
o preço internacional for inferior ao preço que equilibraria o mercado
interno sem transações comerciais com o exterior. A implantação de
tarifas à importação é uma medida de proteger a empresa nacional. Isto
porque o preço do produto importado, taxado com a tarifa, permite às
empresas nacionais colocarem preços mais elevados. A produção nacional
aumenta e as empresas nacionais crescem. Do crescimento das empresas
nacionais, aumentam o número de postos de trabalho e os lucros para
as empresas poderem investir em eficiência produtiva. Por outro lado, o
consumidor arca com o preço mais elevado do produto – causado pela
imposição da tarifa. Observamos que a intervenção do mercado por
imposição de tarifas ou cotas à importação traz vantagens e desvantagens
para determinados setores da sociedade. A virtude ou não de tarifas ou
qualquer outra intervenção ou não no mercado é tema de subjetividade
a depender de juízos de valor de natureza política, ideológica e social.

208 CEDERJ
Atividade Final

15
AULA
Suponha a existência de um produto nacional brasileiro de idêntica qualidade a 2 3 4
de produtos importados. As curvas de oferta e demanda domésticas estão ilus-
tradas pela Tabela a seguir. No mercado internacional, esse produto tem oferta abundante com
o preço internacional de USD 6 (seis dólares americanos). A taxa de câmbio entre real e dólar é
de R$ 2: USD1 (dois reais são trocados por um dólar) Pede-se:
a) identificar o preço de equilíbrio e o volume de produtos negociados, se o mercado não
permitir a entrada de produtos estrangeiros (não integrado no comércio internacional);
b) descrever o efeito da abertura do mercado livre (entrada de produtos importados sem
qualquer tarifa) sobre o volume de produção agregada das empresas nacionais e calcular o
volume de importações;
c) identificar a modificação no mercado nacional quanto ao volume nacional de produtos. Em
seguida, calcular o volume de importação e a arrecadação do governo com uma tarifa de R$ 2;
d) na hipótese de mercado livre para esse produto, qual é o efeito de uma desvalorização da
taxa de câmbio de 50%?

Preço R$ Oferta doméstica Demanda doméstica


10 80 200
12 90 180
14 100 160
16 110 140
18 120 120
20 130 100
22 140 80
24 150 60

CEDERJ 209
Análise Microeconômica | A empresa e o mercado internacional

Resposta Comentada
a) Se o mercado está fechado para a compra de produtos estrangeiros, o preço será
o de igualdade entre a oferta doméstica e a demanda nacional. O ponto é de preço
e quantidades de equilíbrio de R$ 18 e 120, respectivamente.
b) Se o mercado é livre, o preço internacional do produto depois da conversão dada
pela taxa de câmbio (2 reais para cada dólar) será R$ 12 (USD6 x R$ 2). Este será
o preço pelo qual as empresas nacionais terão de tomar como dado. Assim, a oferta
nacional será 90, a demanda 180. O volume importado é calculado pela diferença
entre o que a produção nacional oferta e os consumidores desejam comprar ao preço
de mercado, isto é, 90 unidades.
c) A entrada em vigor de uma tarifa à importação de R$ 2 permite à empresa nacional
cobrar R$ 14, pois este será o preço que o consumidor terá de pagar ao importar.
Nesse sentido, a oferta nacional aumenta para 100 unidades. As importações reduzem
para 60 unidades. A arrecadação do governo com a tarifa será de R$ 120 (60 x R$ 2).
d) Com a desvalorização, cada dólar passa a ser trocado por R$ 3. Assim, o preço em
real do produto importado passa a ser R$ 18. Portanto, as empresas nacionais pode-
rão cobrar este valor no mercado nacional. Isto levará a uma situação de eliminação
das importações. Observa-se, portanto, que a desvalorização cambial tem o efeito
de reduzir as importações, o que de certo modo pode ser utilizado como medida
para proteger o mercado nacional da entrada indesejada de importados.

RESUMO

A taxa de câmbio é o preço relativo da moeda de dois países. Quando aumenta o


preço de uma moeda estrangeira, cotada em termos da moeda nacional, dizemos
que a moeda nacional foi desvalorizada ou sofreu uma desvalorização cambial. A
taxa de câmbio é o preço relativo da moeda de dois países. Quando o preço de uma
moeda estrangeira, cotada em termos da moeda nacional, diminui interpretamos
como uma valorização da taxa de câmbio. O mercado nacional é fechado, quando
não se permite a entrada de produtos estrangeiros. O mercado nacional é livre
ou aberto quando é livre a entrada de produtos estrangeiros que irão concorrer
com os produtos nacionais.
O mercado nacional livre, em que o preço interno esteja acima do preço
internacional, tenderá a ter importações. Os consumidores aproveitarão do preço

210 CEDERJ
15
AULA
mais baixo do mercado internacional. As empresas nacionais estarão limitadas a
seguir o preço internacional.
Quando se institui uma tarifa à importação, o preço cobrado no mercado nacional
aumenta de acordo com o valor da tarifa. Isto favorece as empresas nacionais
que poderão cobrar um preço mais elevado e produzir um maior volume de
produção. Em contrapartida, os consumidores pagarão um preço mais elevado,
comprando menos em relação à situação anterior à tarifa. Com a tarifa, o governo
é contemplado com aumento da sua arrecadação, pois como é um imposto que
se cobra por cada produto importado, haverá um aumento de receita tributária.
A quantidade importada cai com a tarifa, uma vez que comprar o produto no
estrangeiro está mais caro.
A cota é um expediente similar a da tarifa, no que concede ao efeito de reduzir a
importação. A cota tem o condão de reduzir a importação por força da imposição
legal, isto é, decreta-se um limite à importação e este precisa ser cumprido. Aqueles
que venham a obter a licença de importar estarão beneficiados por comprar
produtos importados sem que tenham de pagar qualquer valor a mais além do
preço internacional.
A imposição de tarifas pode trazer como vantagens fatores, como a elevação
do emprego, a promoção do crescimento das empresas nacionais, entre outras.
Todavia, há várias desvantagens e riscos. Os preços dos produtos aumentam, os
consumidores diminuem sua demanda etc.

CEDERJ 211
Livro Eletrônico

Aula 00

1000 Questões Comentadas de Microeconomia - Bancas ESAF, CESPE, FCC e FGV e


ANPEC

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1000 QUESTÕES COMENTADAS DE
MICROECONOMIA - BANCAS ESAF, CESPE, FCC E
FGV E ANPEC
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AULA 00: INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA E


INTRODUÇÃO À TEORIA DO CONSUMIDOR.

!∀#∃%&∋∀(

1.! INTRODUÇÃO ................................................................................................... 2!

2.! QUESTÕES: INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA................................ 4!


0
3.! QUESTÕES: INTRODUÇÃO À TEORIA DO CONSUMIDOR ............. 62!

4.! LISTA DE QUESTÕES .................................................................................. 87!

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1000 QUESTÕES COMENTADAS DE
MICROECONOMIA - BANCAS ESAF, CESPE, FCC E
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1.! INTRODUÇÃO

Olá! Tudo bem?

Seja bem-vindo ao curso de 1000 QUESTÕES COMENTADAS DE


MICROECONOMIA - BANCAS ESAF, CESPE, FCC E FGV E ANPEC.
Como o nome do curso sugere, iremos nestas aulas destrinchar as
questão das bancas de concursos mais tradicionais da matéria e
também da ANPEC.

Este material consiste de nove aulas escritas (em formato PDF), cada
uma contendo questões resolvidas das bancas mencionadas.

Naturalmente, este não é um curso voltado para iniciantes nesta


disciplina, afinal vamos trabalhar diretamente em cima de exercícios,
e não em cima da teoria. Não obstante, serão apresentados breves
resumos dos tópicos tratados em cada aula, a título de revisão.

Este pode ser um excelente material para complementar a sua


preparação, uma vez que é imperativo resolver questões de
Macroeconomia para seu estudo ficar completo.

Bom, meu nome é Vicente Camillo, sou Economista formado pela


Universidade Estadual Paulista (UNESP), com especializações em
Regulação do Mercado de Capitais (Columbia Law School),
Contabilidade e Auditoria (FIPECAFI/USP) e Carreiras Públicas
(Anhanguera/Uniderp).

Atualmente trabalho na Comissão de Valores Mobiliários, cuja sede


(meu local de trabalho) é no Rio de Janeiro/RJ. Lá trabalho com a
regulação das companhias abertas, além de representar a autarquia
em fóruns nacionais e internacionais sobre governança corporativa e
desenvolvimento.

Ministro aulas de Economia, Conhecimentos Bancários, Estrutura e


Funcionamento do Sistema Financeiro e Direito Societário, em nível de

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graduação, em cursos livres preparatórios para concursos públicos e
certificações. Sou professor do Estratégia Concursos desde 2013!

Além do meu e-mail vdalvocamillo@gmail.com e do Fórum de


Dúvidas disponível na área restrita aos alunos matriculados no curso,
você pode me encontrar em minha página pessoal do Facebook, onde
posto, rotineiramente, materiais, dicas, exercícios resolvidos e
assuntos relacionados. É só acessar em:
https://www.facebook.com/profvicentecamillo.

Antes de iniciar, segue o cronograma do curso com o conteúdo que


será apresentado:

Bons estudos!

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2.! QUESTÕES: INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA

01. Questão do Professor/2017/

A Curva de demanda de um bem “A” é dada por Q = 10 – 0,5P,


na qual Q é a quantidade demandada, e P, o preço unitário.

A respeito, julgue as proposições que seguem:

I. A elasticidade-preço da curva de demanda do bem A é a


mesma em qualquer ponto da curva.

II. Quando o preço for R$ 6,00, a elasticidade-preço da


demanda do bem “A” será -0,6.

III. Em equilíbrio com a curva de oferta Qs = 3 + 0,2P (na qual


Qs é a quantidade ofertada), a elasticidade-preço da demanda
do bem “A” será -1.

IV. Se o bem “A” for substituto do bem “B”, o aumento de preço


deste deverá ocasionar aumento da quantidade demandada do
bem “A”.

Está correto o que consta APENAS em:

a) I e II.

b) I e IV.

c) II, III e V.

d) III, IV e V.

e) III e IV.

Analisando item a item:

I – FALSO. A curva de demanda em questão é uma curva de demanda


linear. Desta forma, a elasticidade varia ao longo da curva, como no
exemplo abaixo:

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A curva de demanda linear (i) é elástica acima do ponto médio; (ii)


possui elasticidade unitária no ponto médio; (iii) é inelástica abaixo do
ponto médio.

II – FALSO. Considerando que expressão da elasticidade


# &∃ &∃
!∀ % , sabemos que o termo representa a variação na quantidade
∃ &# &#

demandada em função da variação de preços (derivada da função de


demanda em relação ao preço). Desta forma, é preciso resolver a
derivada:

∋( ∀ ()∗(+ (∗, −.

/∋
( ∀(+ ∗, −
/.

Ao preço igual a $6,00, a quantidade demandada será de:

∋( ∀ ()∗(+ (∗, −%0(

∋( ∀ (1

Substituindo os valores na expressão de elasticidade:

# &∃
!∀ %
∃ &#

0
!∀ % 2∗, −
1

! ∀ 2∗, 34

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III – VERDADEIRO. No equilíbrio, a oferta será igual a demanda. Ou
seja:

∋/ ∀ ∋5((

)∗(+ (∗, −. ∀ 4( 6 (∗, 7.((

. ∀ )∗

Quando o preço é igual a 10, a quantidade demandada é igual a:

∋( ∀ ()∗(+ (∗, −%)∗

∋( ∀ (−

Substituindo os valores na expressão de elasticidade:

# &∃
!∀ %
∃ &#

)∗
!∀ % 2∗, −

! ∀ 2)(

IV – VERDADEIRO. Bens substitutos corretamente definidos. Isto é, o


aumento no preço de um deles provoca aumento na demanda do outro
bem. O consumidor responder ao aumento de preço com a substituição
de um bem pelo outro.

GABARITO: LETRA E

02. FCC - Analista do Tesouro Estadual (SEFAZ PI)/2015/

Conforme a teoria microeconômica, o conceito de elasticidade


define a sensibilidade de uma variável dependente a mudanças
em variáveis que influenciam o seu comportamento. No caso da
demanda, variações no preço do bem e na renda do consumidor
afetam a quantidade demandada do produto no mercado sob
análise. Sobre o conceito da elasticidade é correto afirmar que
a

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a) elasticidade-renda da demanda pode ser positiva, nula ou negativa,
ao passo em que a elasticidade-preço da demanda é sempre negativa
(fora do módulo) devido à lei geral da demanda.

b) demanda é sensível em relação ao preço quando a elasticidade −


em módulo − é menor que 1, de modo que a quantidade varia
proporcionalmente mais do que a mudança no preço.

c) demanda é perfeitamente elástica ao preço quando a elasticidade-


preço da demanda é igual a 0, de modo que a quantidade varia
proporcionalmente mais do que o preço.

d) demanda é perfeitamente inelástica à renda quando a elasticidade-


renda da demanda converge ao infinito.

e) demanda é elástica ao preço quando a elasticidade − em módulo −


é menor que 1, de forma que a quantidade varia proporcionalmente
menos do que o preço.

Vejamos as alternativas:

a) Correto. A elasticidade renda da demanda, conceito que apresenta


a variação percentual da quantidade demandada em função de uma
variação percentual na renda, pode ser positiva, nula ou negativa. No
entanto, a elasticidade-preço da demanda de bens normais é sempre
negativa, devido à lei geral da demanda (preços mais elevados
resultam em menores quantidades demandadas). É importante apenas
fazer a seguinte menção: a questão é verdadeira pois a elasticidade-
preço da demanda será SEMPRE negativa (fora do módulo) no caso da
lei geral da demanda, que é o abordado pela questão. Em outros casos,
não.

b) Incorreto. A demanda é sensível (elástica) ao preço quando a


elasticidade, em módulo, é maior do que 1. Isto indica que uma
variação de 1% no preço irá resultar em variação em mais de 1% na
quantidade demandada.

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c) Incorreto. A demanda é perfeitamente elástica ao preço quando a
elasticidade é infinita.

d) Incorreto. A demanda é perfeitamente inelástica à renda quando a


elasticidade-renda da demanda converge a zero.

e) Incorreto. A demanda é elástica ao preço quando a elasticidade −


em módulo − é maior que 1.

GABARITO: LETRA A

03. FGV - Técnico Superior Especializado (DPE


RJ)/Economia/2014/

Suponha uma função demanda do tipo x=a/p, em que p é o


preço de um bem x, e a uma constante positiva. A elasticidade
preço da demanda é igual a

a) 1.

b) -1.

c) -a/p2.

d) -a.

e) a.

A elasticidade-preço da demanda mensura a variação percentual da


demanda, dada uma variação percentual marginal (1%) no preço.

A expressão básica para o cálculo é a seguinte:

9 &:
8∀ %
: &9

O 2o termo da expressão mostra a divisão entre a variação na


quantidade demandada e a variação no preço. Como a questão informa
apenas valores pontuais (preço = p; quantidade demandada = x),
devemos utilizar o conceito de derivada para encontrar a elasticidade
preço da demanda.

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Sendo assim, a expressão de elasticidade toma a seguinte forma:

Ou seja, multiplica-se a razão entre preço e quantidade demandada


pela derivada da função de demanda (x=a/p) em relação ao preço.

Derivando, temos:

;< >
∀ ; ? ∀ 2≅ %>%9Α?Α?
;= 9

;< >
∀2 Β
;= 9

Resolvendo:
9 >
8∀ > ∀2 Β
9
9
9 >
8∀ > ∀2 Β
9
9
9 >
8 ∀ 9% ∀2 Β
> 9

9Β >
8∀ ∀2 Β
> 9

8 ∀ 2≅

GABARITO: LETRA B

04. FCC - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ RJ)/2014/

Considere as seguintes assertivas relativas à elasticidade −


preço da demanda:

I. A demanda é considerada elástica quando a elasticidade é


maior que 1, o que significa que a quantidade varia
proporcionalmente mais que o preço.

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II. A demanda é considerada inelástica quando a elasticidade é
menor que 1, o que significa que a quantidade varia
proporcionalmente menos que o preço.

III. Quanto mais horizontal for uma curva de demanda que


passa por determinado ponto, menor será a elasticidade-preço
da demanda.

IV. Quanto mais vertical for uma curva de demanda que passa
por determinado ponto, maior será a elasticidade-preço da
demanda.

Está correto o que se afirma em

a) I e II, apenas.

b) III e IV, apenas.

c) I e III, apenas.

d) II e IV, apenas.

e) I, II, III e IV.

A elasticidade preço da demanda é um conceito largamente utilizado


em economia, que mensura o valor da variação percentual da demanda
em termos da variação percentual de preços.

Matematicamente possui a seguinte expressão:

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Vejamos os itens:

I – Elasticidade > 1: A demanda é elástica, ou seja, a quantidade


demandada varia mais que o preço. Item correto.

II – Elasticidade < 1: A demanda é inelástica, ou seja, a quantidade


demandada varia menos que o preço. Item correto.

III – Curva mais horizontal – representa demanda mais elástica. Item


incorreto

IV – Curva mais vertical – representa demanda menos elástica. Item


incorreto

GABARITO: LETRA A

05. FCC - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ RJ)/2014/

Considere o gráfico a seguir:

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A inclinação da curva de demanda é um dos elementos


matemáticos que afetam a elasticidade-preço de demanda, a
qual expressa o quanto as compras respondem a mudanças de
preços. O resultado do cálculo da inclinação da Curva de
Demanda D1, entre os pontos A e B, é:

a) −1/3

b) −1/4

c) −2/3

d) −2/4

e) −3/4

A inclinação de uma reta qualquer é dada pela divisão entre a variação


obtida no eixo das ordenadas (eixo y) e variação do eixo das abscissas
(eixo x).

Desta forma, temos que:

Inclinação = dY/dX = dP/dQ sendo que d representa variação.

Inclinação = (8 - 6) / (13 – 21)

Inclinação = - 2/8

Inclinação = - 1/4

GABARITO: LETRA B

06. FGV - Analista Judiciário I (TJ AM)/Economia/2013/

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Assuma uma função utilidade do tipo Cobb!Douglas em relação
a dois bens U(x1,x2)=x1ax21-a, em que a é uma constante
positiva. Suponha que o preço do bem x1 seja igual a p e o preço
do bem x2 seja igual a 1. Suponha também que a renda seja
exógena e igual a y.

Os valores das elasticidades renda e preço da demanda pelo


bem x1 são, respectivamente:

a) a e ∀1

b) y e ∀1

c) a e –a

d) 1 e ∀1

e) a/y e ∀1

A questão solicita o cálculo das elasticidades renda e preço da


demanda. Assim, vamos resolver uma elasticidade de cada vez.

Elasticidade-renda da demanda

A elasticidade-renda da demanda indica qual a variação percentual na


quantidade demandada dada uma variação percentual na renda. A
expressão utilizada para calcula-la é a seguinte:

Ou seja, e elasticidade-renda da demanda (ER) é obtida através da


multiplicação entre a razão da renda pela quantidade demandada (R/q)
e a razão entre a variação na quantidade demandada pela variação na
renda (dq/dR).

Ocorre que a questão apresentou apenas a função de utilidade. Assim,


precisamos deriva-la para encontrar a função de demanda para x1.

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Depois, podemos derivar a função de demanda pela renda para
encontrar dq/dR. A seguir, podemos substituir estes valores na
expressão de elasticidade fornecida.

No entanto, como a questão forneceu apenas o preço de x2,


precisamos antes encontrar a função de demanda para este bem para
depois encontrar a de x1

A função de demanda de x2, derivada da função de utilidade


apresentada, sempre possui a seguinte forma (este resultado será
explicado na aula específica, mas convém lembrar que função de
demanda dos bens X1 e X2 derivada de uma função de utilidade Cobb-
Douglas sempre possui a forma apresentada abaixo):
> ∆
<≅ ∀ %
> 6 Χ 9≅

Χ ∆
<Ε ∀ %
> 6 Χ 9Ε

Substituindo os valores dados pela questão, temos que:


?ΑΦ ϑ
<Ε ∀ % (considerando que a+b=1)
ΦΓΗ?ΑΦΙ ?

<Ε ∀ ∆ 2 >∆(

Como o consumidor esgota sua renda (y) com a demanda pelos bens,
sua restrição orçamentária informa que o valor demandado pelo bem
1 mais o valor demandado pelo bem 2 é igual á renda: 9? %Κ? 6 9Β %ΚΒ ∀

Substituindo p1, p2 e x2 na expressão acima:

9? %Κ? 6 ≅Η∆ 2 >∆Ι ∀ ∆


>∆
Κ? ∀
9

Agora, finalmente, podemos encontrar as elasticidades renda e preço


da demanda.

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A elasticidade renda, como apresentamos acima, pode ser obtida
através da derivada da função de demanda em relação à renda
multiplicada pela razão entre renda e a função de demanda do bem:

&Κ≅
8Λ ∀ Κ≅

Μ
Μ &Κ≅
8Λ ∀ %
Κ≅ &Μ

Substituindo os valores encontrados:


>∆
∆ ; 9
8Λ ∀ >∆ %
;∆
9
∆ >
8Λ ∀ >∆ %
9
9

8Λ ∀ ≅

8Λ ∀ ≅! a elasticidade renda do bem x1 é igual a 1

Elasticidade-preço da demanda

E o mesmo é feito para encontrar a elasticidade-preço da demanda. No


entanto, é necessário derivar a função de demanda por x1 em função
do preço. Adicionalmente, a elasticidade-preço da demanda para o
caso em questão é negativa (preços maiores significam demandas
menores). Ou seja, a elasticidade-preço da demanda é igual a -1.

Colocando na expressão:

&Κ≅
8Ν ∀ Κ≅
&9
9

9 &Κ≅
8Ν ∀ %
Κ≅ &9

Substituindo os valores encontrados:

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9 >∆
8Ο ∀ >∆ %2 Β
9
9

8Ο ∀ 2≅

GABARITO: LETRA D

07. CESPE - Diplomata (Terceiro Secretário)/2008/

A elasticidade preço da demanda de um bem é fundamental


para se compreender a reação da quantidade demandada a
mudanças em seu preço. Com relação a esse tema, julgue (C ou
E) o item seguinte.

Quando o módulo da elasticidade preço da demanda de um bem é igual


a 1, a receita total não se altera quando há variações no preço.

Como afirmado pela questão, a elasticidade preço da demanda mede


a reação da quantidade demandada em relação a variações de preços.

Em módulo, temos as seguintes interpretações para a elasticidade:

•! e > 1 demanda elástica (variação no preço de 1 unidade provoca


variação na quantidade demandada em mais de 1 unidade, ou
seja, a quantidade demanda é sensível ao preço)

•! e = 1 elasticidade unitária (a variação no preço em 1 unidade


resulta em variação na demanda de também 1 unidade)

•! e < 1 demanda inelástica (variação no preço em 1 unidade


resulta em variação na quantidade demandada em menos de 1
unidade, ou seja, a quantidade demandada é pouco sensível ao
preço)

Do ponto de vista do produtor, caso a elasticidade seja igual a 1, o


aumento do preço em 1% provoca a redução da demanda no mesmo
1%, ou seja, a receita total, obtida através de multiplicação entre preço
e quantidade, se mantém. Podemos visualizar este efeito através da
expressão da receita total (RT):
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RT = P x Q

ou

Variação RT = Variação P x Variação Q

Como a variação do preço é igual à variação da quantidade, e ambas


estão inversamente relacionadas (pois o aumento de preços reduz a
quantidade demandada), não haverá variação na receita total.

GABARITO: CERTO

08. CONSULPLAN - Técnico Nível Superior I (Patos de


Minas)/Economista/2015

“Sempre que tentamos explicar o comportamento dos seres


humanos, necessitamos ter uma estrutura na qual possamos
basear nossa análise. Em economia, utilizamos com frequência
uma estrutura baseada em dois princípios simples: Princípio de
Otimização e Princípio de Equilíbrio.”

(Varian, Hal R. in Microeconomia: Princípios Básicos. Rio de


Janeiro: Campus, 2000. Pág.: 3.)

Considerando o trecho anterior, apenas como motivador,


analise as afirmativas, marque V para as verdadeiras e F para
as falsas.

( ) O Princípio de Otimização considera que as pessoas tentam


escolher o melhor padrão de consumo ao seu alcance.

( ) O Princípio de Equilíbrio considera que os preços ajustam!se


até que o total que as pessoas demandam seja igual ao total
ofertado.

( ) De acordo com o Princípio de Otimização, é razoável supor


que, sendo livres para escolher, as pessoas escolherão as coisas
que desejam, em vez das que não querem.

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A sequência está correta em

a) V, F, F.

b) V, V, F.

c) V, V, V.

d) F, F, F.

Abaixo seguem os comentários devidos sobre os princípios citados pela


questão:

Otimização ! Refere-se às escolhas que conferem maior nível de


utilidade aos agentes econômicos, de acordo com as restrições que
possuem. Ou seja, segundo este princípio, é razoável supor que os
agentes econômicos efetuam escolhas que maximizam sua utilidade de
acordo com as limitações a eles impostas. Se tratarmos de um
consumidor, ele irá maximizar o consumo, considerando a renda que
possui.

Equilíbrio ! Refere-se ao ajuste entre quantidade demandada e


ofertada de determinado bem. Segundo este princípio, considerando
que os preços são flexíveis, as quantidades demandadas irão se igualar
às quantidades ofertadas, de forma que não haverá excedente ou
escassez de bens no mercado.

Ambos princípios são fundamentais na microeconomia e estão


corretamente apresentados nas assertivas.

GABARITO: LETRA C

09. FUNIVERSA - Economista (EMBRATUR)/2011

Acerca de introdução aos problemas econômicos, de escassez e


escolha e de livre mercado, assinale a alternativa correta.

a) Bens é a denominação usual de produtos tangíveis, resultantes das


atividades primárias, secundárias e terciárias de produção.

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b) As necessidades humanas são ilimitadas, e os recursos produtivos
existentes na natureza são escassos, ou seja, não são encontrados em
grande abundância.

c) Por mais desenvolvidas que sejam as sociedades, sejam elas


constituídas pelos sistemas de economia de mercado socialista ou
capitalista, formulam cinco perguntas fundamentais para minimizar o
problema da escassez de recursos.

d) Serviços é a denominação usual de coisas intangíveis, resultantes


das atividades primárias e terciárias de produção.

e) As necessidades humanas são0 limitadas, e os recursos produtivos


existentes na natureza são encontrados em grande abundância, não
havendo, portanto, o problema de se tornarem escassos.

Comentando as alternativas:

a) Incorreto. Bens podem ser tangíveis ou intangíveis

b) Correto. Este principio é um dos fundamentos da economia. Como


as necessidades humanas são ilimitadas e os bens e recursos que as
atendem não são, é preciso produzi-los e os alocar da maneira mais
eficiente possível, de forma a maximizar o bem-estar da sociedade.

c) Incorreto. Questão ininteligível; não há o que comentar.

d) Incorreto. Serviços fazem parte do setor terciário da economia, e


não do setor primário.

e) Incorreto. Os recursos produtivos são escassos, como discutido na


Alternativa B.

GABARITO: LETRA B

10. CESPE - Analista Legislativo (CAM DEP)/Área III/Consultor


Legislativo/2014/

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Julgue o item seguinte, acerca dos fundamentos de economia e
da microeconomia.

Os modelos empregados em economia são teorias simplificadas que


sintetizam as relações entre as variáveis econômicas por meio de
equações matemáticas, ressaltando as conexões mais importantes
entre essas variáveis.

Os modelos empregados em economia partem de hipóteses


simplificadoras da realidade, mas que possibilitam o estabelecimento
de relações de causa e efeito entre variáveis econômicas.

Por mais que estas hipóteses não sejam totalmente compatíveis com
a realidade, em função de serem simplificadoras, elas permitem
exprimir a realidade através de instrumentos matemáticos que
possibilitam categorizar causa e efeito entre as variáveis.

GABARITO: CERTO

11. CESPE - Auditor de Controle Externo (TC-DF)/2014/

No que diz respeito à teoria da produção, julgue o item que se


segue.

Não há custo de oportunidade quando a economia opera em um ponto


interno à fronteira de possibilidade de produção.

A fronteira de possibilidade de produção indica a quantidade ótima de


bens produzidos com a capacidade produtiva da economia (emprego
ótimo de fatores de produção desta economia). O gráfico abaixo denota
esta fronteira e considera no eixo das ordenadas a produção do bem A
e no eixo das abscissas a quantidade produzida do bem B:

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Os pontos 1 e 2, situados sobre a curva, indicam que para produzir


mais do Bem A é necessário abrir mão de unidades produzidas do Bem
B. Ou seja, a escolha de unidades adicionais de A possui um custo em
unidades do Bem B que deixaram de ser produzidas. Este é o custo de
oportunidade.

No entanto, no ponto 3, a economia está com capacidade ociosa. Ou


seja, é possível produzir quantidades adicionais de ambos os bens, sem
ser necessário abrir mão de um para produzir outro. Ou seja, segunda
a questão, neste ponto não há custo de oportunidade.

GABARITO: CERTO

Obs: Embora a banca tenha considerado a questão como correta, o


conceito afirmado está incorreto. É que sempre haverá custo de
oportunidade naa economia, pois o custo de oportunidade representa
o custo de uma escolha qualquer, independentemente da economia
operar em situações eficientes. Produzir mais unidades do Bem A
necessariamente implica em escolher A à B. Assim, há custo de
oportunidade.

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12. CESPE - Especialista em Regulação de Aviação Civil/Área
4/2012/

Acerca da estrutura de mercado, julgue o item que se segue.

A vantagem competitiva, conceito originado em oposição ao conceito


de vantagem comparativa, pode ser definida como uma vantagem de
determinada empresa em relação aos seus concorrentes. A vantagem
competitiva é avaliada pelo desempenho econômico sistematicamente
superior ao dos demais competidores.

As economias de mercado estão baseadas na concorrência entre


==0==

ofertantes. A classificação destes mercados depende do grau de


concorrência existente.

Neste sentido, à medida que as firmas competem entre si, é natural a


existência de vantagens competitivas entre elas, ou seja, a ocorrência
de desempenho econômico sistematicamente superior entre estas
firmas.

GABARITO: CERTO

13. CESPE - Especialista em Regulação de Aviação Civil/Área


4/2012/

Julgue o item a seguir, acerca do equilíbrio do consumidor, dos


efeitos preço, renda e substituição, da elasticidade da demanda
ou procura, dos fatores de produção e da elasticidade da oferta.

Os fatores de produção podem ser classificados em naturais, trabalho


e capital, sendo este último dividido em físico e humano. O capital físico
é formado pelos recursos manufaturados utilizados na produção, pela
educação e pelo conhecimento incorporado na força de trabalho.

Os fatores de produção, em geral, são divididos entre capital e


trabalho, sendo que o fator capital pode ser divido entre capital físico

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e capital humano. Mas, é também possível verificar a classificação
entre recursos naturais, trabalho e capital.

O capital físico corresponde às maquinas, instalações e equipamentos


físicos que possibilitam a realização do processo produtivo.

GABARITO: ERRADO

14. FCC - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ RJ)/2014/

De acordo com a teoria da ciência econômica, referem-se a


conceitos econômicos, levados em conta nas decisões
individuais:

I. O trade off entendido como termo que define uma situação


de escolha conflitante, ou seja, quando uma ação econômica,
visando à resolução de determinado problema acarreta,
inevitavelmente, outros problemas.

II. O custo de oportunidade é aquilo que o agente econômico


deve ter de recompensa para abrir mão de algum consumo.

III. A mudança marginal que é um pequeno ajuste incremental


em um plano de ação não revestido de racionalidade
econômica.

IV. O incentivo que é algo que induz os indivíduos a agir, tal


como a perspectiva de uma punição ou recompensa.

Está correto o que se afirma em

a) I e II, apenas.

b) II e III, apenas.

c) I e IV, apenas.

d) III e IV, apenas.

e) I, II, III e IV.

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Vejamos os itens:

•! Trade off – Termo que define uma escolha em economia que


necessariamente faz o indivíduo abrir de mão de outra. Assim,
como afirmado pela questão, é uma situação de escolha
conflitante. Item correto

•! Custo de Oportunidade – O custo de oportunidade refere-se ao


valor perdido em escolher algo ao invés da sua alternativa. Desta
forma, ao escolher investir em ações, o indivíduo perde a
oportunidade de investir seus recursos em títulos. Portanto, o
custo de oportunidade avalia a oportunidade perdida não apenas
em consumo, mas em qualquer situação. Item incorreto

•! Mudança marginal – Por marginal entende-se incremental.


Assim, uma mudança marginal significa uma variação
incremental em determinada situação. Este conceito é utilizado
para se avaliar determinada escolha, sempre com base na
racionalidade. Item incorreto

•! Incentivo – Assim como afirmado, é algo que induz os indivíduos


a agir, tal como a perspectiva de uma punição ou recompensa.
Item correto

GABARITO: LETRA C

15. FCC - Técnico de Nível Superior


(ARSETE)/Economista/2016

Considere os seguintes problemas básicos da Economia:

I. O que produzir.

II. Como produzir.

III. Quanto produzir.

IV. Para quem produzir.

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A existência ilimitada de recursos utilizáveis tornaria frágil o
caráter “econômico” dos problemas contidos em

a) I e IV, apenas.

b) I, II e III, apenas.

c) I, II, III e IV.

d) II e III, apenas.

e) III e IV, apenas.

A escassez (existência limitada) de recursos é, talvez, a hipótese


basilar da teoria econômica.

Por conta de os recursos serem escassos, é preciso que os agentes


econômicos façam escolhas racionais sobre o que produzir, como
produzir, quanto produzir e para quem produzir, a fim de maximizar a
utilidade de acordo com as restrições existentes no sistema.

Portanto, no caso de os recursos serem ilimitados, não haveria a


necessidade de se preocupar com nenhum dos problemas citados pela
questão.

GABARITO: LETRA C

16. CESPE - Auditor de Controle Externo (TCE-


PA)/Administrativa/Economia/2016

A respeito dos conceitos fundamentais de microeconomia,


julgue o item a seguir.

A economia é a ciência social na qual se estuda como os indivíduos


tomam decisões sob a hipótese de que os recursos, se produzidos e
distribuídos com eficiência, serão suficientes para suprir todas as
necessidades da coletividade.

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Como explicado em comentários anteriores, a economia fundamenta-
se na hipótese de que os recursos são escassos e não suficientes para
suprir as necessidades da coletividade.

GABARITO: ERRADO

17. CESPE - Especialista em Regulação de Serviços de


Transporte Aquaviário/Economico-Financeira/2014/

No que diz respeito à teoria microeconômica, julgue o item que


se segue.

De acordo com a teoria microeconômica tradicional, uma economia de


mercado é usualmente uma forma ineficiente de organização da
atividade econômica de um país.

A economia de mercado é a forma mais eficiente de organização da


atividade econômica.

Seguindo o modelo de concorrência perfeita (modelo que representa a


economia de mercado ideal) e as hipóteses que o fundamentam, a
produção será máxima e os preços mínimos, ou seja, haverá máxima
eficiência na produção.

GABARITO: ERRADO

18. CESPE - Agente de Polícia Federal/2014/

A microeconomia constitui um segmento da ciência econômica


voltado para as relações entre os agentes econômicos e seus
efeitos sobre preços e níveis de equilíbrio. A respeito de
microeconomia, julgue o item subsequente.

Os modelos utilizados na microeconomia são essencialmente de


característica indutiva e ignoram a complexidade do mundo real.

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Como afirmado anteriormente, os modelos empregados em economia
partem de hipóteses simplificadoras da realidade, mas que possibilitam
o estabelecimento de relações de causa e efeito entre variáveis
econômicas.

No entanto, mesmo sendo simplificadores, isto não significam que as


hipóteses ignoram as complexidades do mundo real. Muito pelo
contrário, os modelos são simplificadores pois pretendem considerar
apenas o que é fundamental na explicação do mundo real,
desconsiderando outras variáveis que possuem baixo grau explicativo.

GABARITO: ERRADO

19. FCC - Economista (ALMS)/2016

Considere as seguintes afirmações

I. Se a elasticidade preço cruzada entre os bens A e B é positiva,


então A e B são substitutos.

II. Quando a elasticidade renda da demanda por lagostas é 0,4,


um aumento de renda em 40% levará a um aumento de 16%
na demanda por lagostas.

III. Se a elasticidade preço cruzada entre os bens A e B é


negativa, então tais bens são complementares.

IV. Um bem normal é aquele cuja demanda aumenta quando a


renda aumenta.

Está correto o que se afirma em

a) I e III, apenas.

b) II e IV, apenas.

c) I, II, III e IV.

d) IV, apenas.

e) II, apenas.

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Às definições:

•! Elasticidade-preço cruzada ! Refere-se à sensibilidade da variação


na demanda de um bem em função da variação do preço de outro
bem. No caso de bens substitutos, nos quais se espera que o
aumento no preço de um bem resulte no aumento na demanda pelo
outro bem, a elasticidade-preço cruzada será positiva. Ou seja, se
o preço do bem A aumenta, é provável que os consumidores irão
demandar mais do bem B, que é seu substituto. Assim, o aumento
no preço de A acarreta em aumento na demanda por B (a relação
entre a variação no preço do Bem A com a demanda pelo Bem B é
positiva).
No caso de bens complementares, a ideia é contrária, pois os bens
são consumidos em conjunto, de modo que o aumento no preço de
um deles provoca a redução na demanda do outro. Ou seja, a
elasticidade-preço cruzada é negativa.
•! Elasticidade-renda ! Refere-se à sensibilidade na variação na
demanda de um bem em função da variação na renda do
consumidor. A função básica que expressa a elasticidade-renda é a
seguinte:
&Θ∋
!Π ∀
&ΘΠ
Sendo que Q representa a quantidade demanda, R a renda e &
representa variação. Fazendo o cálculo com os dados fornecidos
pela questão:
&Θ∋
!Π ∀
&ΘΠ
)0
!Π ∀
3∗
!Π ∀ ∗, 3
•! Bem normal ! É o bem cuja demanda aumenta quando a renda
também aumenta. Ou seja, é o bem que apresenta elasticidade-
renda positiva, pois a variação da demanda acompanha o sinal
da variação da renda do consumidor.

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GABARITO: LETRA C

20. FUNIVERSA - Economista (EMBRATUR)/2011

A respeito da elasticidade-preço da procura (Epp) e da


elasticidade-preço da oferta (Eps), assinale a alternativa
correta.

a) Quando Epp for maior que 1, │Epp│ > 1, a procura é inelástica.

b) Quando Eps for maior que 1, │Eps│ > 1, a oferta é inelástica.

c) Quando Epp for maior que 1, │Epp│ > 1, a procura é elástica.

d) Quando Epp for menor que 1, │Epp│ < 1, a procura é elástica.

e) Quando Eps for menor que 1, │Eps│ < 1, a oferta é elástica.

Como a elasticidade-preço da demanda mede a sensibilidade da


demanda em termos da variação de preço, podemos defini-la da
seguinte forma:

"! Demanda Elástica # |E| > 1, ou seja, quando a elasticidade, em


módulo, é maior do que 1. Isto significa que o aumento no preço em
1% provoca redução na quantidade demandada em mais de 1%. Em
outras palavras, o aumento/redução no preço provoca
redução/aumento na quantidade demandada em maior escala (a
demanda é sensível – elástica – ao preço). Note que a elasticidade
é expressa geralmente em módulo, pois o que interessa aos nossos
fins é compreender o grau da variação percentual.

"! Demanda Inelástica # |E| < 1, ou seja, ou seja, quando a


elasticidade, em módulo, é menor do que 1. Isto significa que o
aumento no preço em 1% provoca redução na quantidade
demandada em menos de 1%. Em outras palavras, o
aumento/redução no preço provoca redução/aumento na quantidade
demandada em menor escala (a demanda é pouco sensível – pouco
elástica – ao preço).

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"! Elasticidade Unitária # |E| = 1, ou seja, quando a elasticidade,
em módulo, é igual a 1. Isto significa que o aumento no preço em
1% provoca redução na quantidade demandada nos mesmos 1%.
Em outras palavras, o aumento/redução no preço provoca
redução/aumento na quantidade demandada em igual escala (a
demanda possui sensibilidade unitária ao preço).

Os conceitos são aplicáveis à elasticidade-preço da oferta. No entanto,


neste caso, há uma relação entre a variação na quantidade ofertada
em função da variação no preço do bem.

GABARITO: LETRA C

21. ESAF - Analista de Planejamento e Orçamento


(MPOG)/Planejamento e Orçamento/2015/

Seja a seguinte curva de demanda:

Qd = (25.Y)/P

em que Qd = demanda; Y = renda; e P = o preço do bem.

Com base nessas informações, é correto afirmar que:

a) a elasticidade renda da demanda é igual a zero para a parte


inelástica da curva.

b) a elasticidade preço da demanda é menor do que zero.

c) o bem é inferior.

d) se P = 30, a elasticidade renda da demanda será negativa.

e) é possível que P e Qd aumentem ao mesmo tempo, mesmo Y


mantido constante.

Como a questão apresenta a função de demanda e solicita a


elasticidade-preço da demanda, precisamos encontra-la através do
conceito de derivada.

Neste sentido, a expressão da elasticidade é a seguinte:

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# &∃
!∀ %
∃ &#

# Ρ∃
!∀ %
∃ Ρ#

Derivando a expressão de demanda em função do preço:

7−Σ
∋/( ∀
.
Ρ∋/
( ∀ Η7−ΣΙ%.Α)
Ρ.
Ρ∋/ 27−Σ
(∀
Ρ. .7

Substituindo na expressão de elasticidade:

# 27−Σ
!∀ %
∃ .7

27−Σ
!∀
.∃

Como é possível notar, a elasticidade-preço da demanda é negativa


(menor do que zero).

GABARITO: LETRA B

22. ESAF - Analista de Planejamento e Orçamento


(MPOG)/Planejamento e Orçamento/2015/

Suponha Ep = (∆qd/∆p).(p/qd) a elasticidade preço da


demanda e Ey = (∆qd/∆y).(y/qd) a elasticidade renda da
demanda, em que ∆qd = variação da quantidade demandada;
∆p = variação no preço do bem; p = preço do bem; qd =
quantidade demandada do bem; ∆y = variação na renda; e y =
renda do consumidor. Com base nessas informações, é correto
afirmar que:

Xa) Ey pode ser negativa.

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b) Ep pode ser positiva.

c) Ey não pode ser maior do que 1.

d) Ep não pode ser menor que zero.

e) Ep + Ey = q/y.

Questão da ESAF com duas alternativas corretas, apesar da banca não


reconhecer desta forma.

Vamos comentar os itens:

a) A elasticidade-renda da demanda (Ey) pode assumir valores


positivos e negativas. Se negativa, indica que uma variação positiva
na renda provoca variação negativa na demanda pelo bem. Este é o
caso dos bens inferiores. Portanto, o item está correto e foi considerado
o gabarito da questão.

b) A elasticidade-preço da demanda (Ep) também pode assumir


valores positivos e negativos. O caso mais comum, certamente, é o
caso dos bens normais, cuja elasticidade-preço da demanda é negativa
(a variação do preço está negativamente relacionada à variação na
demanda pelo bem). No entanto, Ep pode ser positiva. Mesmo que não
comumente verificável, existe esta possibilidade, sendo ela
característica do conhecido Bem de Giffen (aquele cuja demanda
aumenta quando o preço aumenta). Assim, o item está correto, apesar
da ESAF considera-lo como incorreto.

c) Sim, é possível. Este é o caso do bem normal elástico, ou seja, com


elasticidade-renda maior que 1.

d) Sim, é possível. É o caso da elasticidade-preço da demanda


negativa, característica dos bens não considerados como Bem de
Giffen.

e) Incorreto. A soma das elasticidades resulta no seguinte resultado:

# &∃ Τ &∃
!# 6 !Τ ∀ ( % 6 %
∃ &# ∃ &Τ

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Se desenvolvemos o produto acima o resultado não será o apresentado
pela questão.

GABARITO: LETRA A

23. FGV - Agente de Fiscalização (TCM SP)/Economia/2015/

Em relação à teoria do consumidor, à elasticidade-preço e à


elasticidade-renda, analise as afirmativas a seguir,
considerando V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s).

( ) A elasticidade-preço da demanda é definida como a variação


percentual na quantidade dividida pela variação percentual no
preço, ou seja, mede como a quantidade demandada muda com
uma variação no preço.

( ) Se um bem tiver elasticidade-preço da demanda menor do


que 1(um) em valor absoluto, dizemos que ele tem uma
demanda elástica.

( ) A elasticidade-renda da demanda descreve como a


quantidade demandada reage a variações na renda.

( ) Um bem é dito normal quando o aumento da renda provoca


uma redução da sua quantidade demandada.

A sequência correta é:

a) F, F, V e V;

b) V, V, F e F;

c) V, F, F e V;

d) V, F, V e V;

e) V, F, V e F.

Comentando os itens:

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1. Correto. Como já definido anteriormente, a elasticidade-preço da
demanda, uma medida de sensibilidade, mede a variação percentual
na quantidade demandada em função de uma variação percentual no
preço.

2. Incorreto. Neste caso, dizemos que a demanda é inelástica.

3. Correto. A elasticidade-renda da demanda, uma medida de


sensibilidade, mede a variação percentual na quantidade demandada
em função de uma variação percentual na renda.

4. Incorreto. Bens normais são aqueles cuja variação da renda e da


demanda são diretamente relacionadas. Ou seja, um aumento na
renda provoca aumento na demanda.

GABARITO: LETRA E

24. FGV - Economista (CODEBA)/2010/

Considere a elasticidade da demanda do bem A igual a 0,87 e a


elasticidade da oferta do bem A igual a 1,75. A divisão de um
imposto específico de $ 3 sobre o preço de venda do bem A será
de

a) 34% para o consumidor e 66% para o produtor.

b) 70% para o consumidor e 30% para o produtor.

c) 66% para o consumidor e 34% para o produtor.

d) 30% para o consumidor e 70% para o produtor.

e) 69% para o consumidor e 31% para o produtor.

Questão interessante.

Segundo a teoria econômica, o ônus econômico de um imposto é


dividido entre consumidores e produtores. Quanto menor a
elasticidade-preço da demanda e maior a elasticidade-elasticidade da
oferta, maior o efeito sobre o consumidor (ele arca com a maior parte

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do imposto). Quanto maior a elasticidade-preço da demanda e menor
a elasticidade-preço da oferta, maior o ônus sobre o produtor.

Neste sentido, podemos encontrar qual a parcela de cada um através


da seguinte expressão:

!/
.ΥςΩΞΨΞ#ΥΖ[∴(/∴(.ς∴/]Ω∴ς( ∀ (
!/ 6 !∴

Sendo:

Ed a elasticidade-preço da demanda

Eo a elasticidade-preço da oferta

Utilizando as informações passadas pela questão:(

ε,φγ
=>⊥_α9>Ζ[β(χβ(=⊥βχδ_β⊥( ∀ ((
ε,φγ 6 ≅,γη

ε,φγ
=>⊥_α9>Ζ[β(χβ(=⊥βχδ_β⊥( ∀ (
Ε,ιΕ

=>⊥_α9>Ζ[β(χβ(=⊥βχδ_β⊥( ∀ (ε,ϕϕΕ(

Por sua vez, a participação do consumidor pode ser calculada desta


forma:

=>⊥_α9>Ζ[β(χβ(κβλµδνχβ⊥ο(≅(+ (=>⊥_α9>Ζ[β(χβ(=⊥βχδ_β⊥

=>⊥_α9>Ζ[β(χβ(κβλµδνχβ⊥ο(≅(+ (ε,ϕϕΕ

=>⊥_α9>Ζ[β(χβ(κβλµδνχβ⊥ο(ε,ιιφ

GABARITO: LETRA C

25. CETRO - Analista Municipal


(Manaus)/Administrativa/Economia/2012/

Sobre os efeitos de preço, renda e substituição e a elasticidade


da procura, analise as assertivas abaixo.

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I. Um aumento de preços provoca uma elevação da receita da
firma quando a demanda do produto é elástica.

II. A elasticidade cruzada de um bem A em relação ao bem B é


negativa, logo são bens complementares.

III. Os bens de inferiores apresentam elasticidade-renda entre


0 e 0,5.

É correto o que se afirma em

a) I e II, apenas.

b) I, apenas.

c) II, apenas.

d) II e III, apenas.

e) I, II e III.

Comentando os itens:

I. Incorreto. Quando o bem é elástico, um aumento no preço provoca


redução na demanda do bem em percentual superior ao aumento de
preço. Se pensarmos sob o ponto de vista da firma, este fato irá reduzir
sua receita. Como a receita é calculada através da multiplicação do
preço pela quantidade demandada (Receita = Preço x Quantidade),
teremos uma variação negativa da receita quando a elasticidade-preço
da demanda é menor do que -1 (elástica), pois a variação negativa na
quantidade será superior, em módulo, que a variação positiva no
preço.

II. Correto. Como citando anteriormente, bens complementares


possuem elasticidade cruzada negativa (o aumento no preço de um
deles provoca redução na demanda pelo outro).

III. Incorreto. Bens inferiores são aqueles que possuem elasticidade-


renda negativa (aumento da renda provoca redução na demanda pelo
bem), ou seja, menor do que zero.

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GABARITO: LETRA C

26. ESAF - Especialista em Regulação de Serviços Públicos de


Energia/Área 1/2006/

Suponha que o mercado do bem A seja perfeitamente


competitivo. Seja Eo a elasticidade-preço da oferta e Ed a
elasticidade-preço da demanda. Podemos dizer, que,
relativamente à incidência de um imposto específico sobre o
bem A, em equilíbrio,

a) quando a demanda é totalmente inelástica, o ônus de um imposto


recai igualmente sobre consumidores e produtores.

b) quanto maior a relação Eo/Ed , maior deve ser a parcela do imposto


que recai sobre os consumidores.

c) os produtores sempre conseguem repassar o imposto para os


consumidores. Assim, os produtores não arcariam com nenhum ônus
do imposto.

d) quanto menor a relação Eo/Ed , maior é a parcela do imposto que


recai sobre os consumidores.

e) quando a demanda é totalmente elástica, a incidência do imposto


recai somente sobre os consumidores.

Segundo a teoria econômica, o ônus econômico de um imposto é


dividido entre consumidores e produtores. Quanto menor a
elasticidade-preço da demanda e maior a elasticidade-elasticidade da
oferta, maior o efeito sobre o consumidor (ele arca com a maior parte
do imposto). Quanto maior a elasticidade-preço da demanda e menor
a elasticidade-preço da oferta, maior o ônus sobre o produtor.

Neste sentido, podemos encontrar qual a parcela de cada um através


da seguinte expressão:

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!/
.ΥςΩΞΨΞ#ΥΖ[∴(/∴(.ς∴/]Ω∴ς( ∀ (
!/ 6 !∴

.ΥςΩΞΨΞ#ΥΖ[∴(/∴(π∴θ5]ρΞ/∴ςο()(+ (.ΥςΩΞΨΞ#ΥΖ[∴(/∴(.ς∴/]Ω∴ς

Sendo:

Ed a elasticidade-preço da demanda

Eo a elasticidade-preço da oferta

Desta forma, quanto maior a relação Eo/Ed , maior deve ser a parcela
do imposto que recai sobre os consumidores.

GABARITO: LETRA B

27. FCC - Agente Fiscal de Rendas (SEFAZ SP)/Gestão


Tributária/2013/

Considere:

I. Se a elasticidade-preço da demanda de um bem X é, em


módulo, menor que 1, uma das possíveis explicações para o fato
é a existência no mercado de um grande número de bens
substitutos para o bem X.

II. Se a demanda do bem X for expressa pela função QD =


15.000 P−2, onde QD representa a quantidade demandada e P,
o preço de mercado, então a elasticidade-preço da demanda do
bem X, em módulo, é constante e igual a 2.

III. Se os bens X e Y forem complementares, então a


elasticidade-cruzada da demanda do bem X em relação ao preço
do bem Y é positiva.

IV. Se a elasticidade-preço for constante e maior que 1 ao longo


de toda a curva da demanda, um aumento de preço diminuirá o
dispêndio total dos consumidores com o bem.

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Está correto o que se afirma APENAS em

a) I.

b) I e II.

c) II e IV.

d) III e IV.

e) II, III e IV.

Comentando os itens:

I. Incorreto. Se a elasticidade-preço da demanda é, em módulo, menor


do que 1, diz-se que o bem é inelástico. Neste caso, uma variação no
preço do bem provoca variação em menor grau na demanda pelo
mesmo. Uma das explicações para este fato é a existência de poucos
bens substitutos, de modo que o consumidor não consegue substituir
a demanda pelo bem mesmo após o aumento de preços.

II. Correto. Calculando a elasticidade:

# &∃
!∀ %
∃ &#

# Ρ∃
!∀ %
∃ Ρ#

Derivando a expressão de demanda em função do preço:

Ρ∃
∀ )−∗∗∗#Α7
Ρ#

Ρ∃
∀ 24∗∗∗∗#Α4
Ρ#

Substituindo na função de elasticidade:


#
!∀ % 24∗∗∗∗#Α4
)−∗∗∗#Α7

! ∀ 27

Portanto, a elasticidade, em módulo, é constante e igual a 2.

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III. Incorreta. Como afirmado em comentários anteriores, a
elasticidade-preço cruzada de bens complementares é negativa.

IV. Correta. Bens elásticos indicam que a demanda pelo mesmo irá
diminuir em proporção maior que o aumento de preço. Outra forma de
dizer isto é afirmar que o dispêndio total dos consumidores é
decrescente à medida que o preço do bem aumenta.

GABARITO: LETRA C

28. FCC - Técnico de Nível Superior


(ARSETE)/Economista/2016

Se a variação percentual da quantidade ofertada de um bem em


relação à variação percentual do preço deste mesmo bem é
maior do que 1, é correto afirmar que esse bem apresenta

a) oferta elástica.

b) elasticidade-renda negativa.

c) demanda inelástica.

d) demanda elástica, no ponto.

e) elasticidade-renda positiva.

Questão direta.

Trata-se de oferta elástica. Ou seja, se a quantidade ofertada varia em


grau superior à variação de preços, o bem em questão possui oferta
elástica.

GABARITO: LETRA A

29. CESPE - Auditor de Controle Externo (TCE-


PA)/Fiscalização/Economia/2016

Considerando que a curva de demanda de determinado bem é


)
dada pela equação(. ∀ 2 ∋ 6 )∗, em que P corresponde ao preço
4

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do produto e Q à quantidade demandada, julgue o item que se
segue.

Para um preço igual a 2, a elasticidade-preço pontual da demanda é


igual a 1.

Para calcular a elasticidade precisamos utilizar o conceito de derivada.

Neste sentido, a expressão da elasticidade é a seguinte:

# &∃
!∀ %
∃ &#

# Ρ∃
!∀ %
∃ Ρ#

Antes de derivar a função de demanda em função do preço, é preciso


deixar com variável dependente a quantidade demandada:

)
. ∀ 2 ∋ 6 )∗
4
)
∋ ∀ )∗ 2 .
4

∋ ∀ 4∗ 2 4.

Derivando a expressão de demanda em função do preço:

Ρ∋
∀ 24
Ρ.

Se o preço é igual a 2, a quantidade demanda será de:

∋ ∀ 4∗ 2 4%7

∋ ∀ 73

Substituindo os valores na expressão:

# Ρ∃
!∀ %
∃ Ρ#

7
!∀ %Η24Ι
73

! ∀ 2∗, 7−

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GABARITO: ERRADO

30. CESPE - Auditor de Controle Externo (TCE-


PA)/Fiscalização/Economia/2016

Considerando que a curva de demanda de determinado bem é


)
dada pela equação . ∀ 2 ∋ 6 )∗, em que P corresponde ao preço
4

do produto e Q à quantidade demandada, julgue o item que se


segue:

Se para P > 5 a elasticidade-preço da demanda é elástica, então, a


partir desse intervalo, um aumento no preço acarretará redução da
receita total.

Vamos utilizar os dados da resolução anterior.

Se o preço for igual a 5, temos a seguinte quantidade demandada:

∋ ∀ 4∗ 2 4%−

∋ ∀ )−

Substituindo na expressão de elasticidade:

# Ρ∃
!∀ %
∃ Ρ#


!∀ %Η24Ι
)−

! ∀ 2)

Preços superiores a 5 resultam em elasticidade maior do que 1, em


módulo. Ou seja, nestes casos, um aumento no preço acarretará
redução da receita total.

GABARITO: CERTO

31. CESPE - Auditor de Controle Externo (TCE-


PA)/Fiscalização/Economia/2016

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Considerando que a curva de demanda de determinado bem é
)
dada pela equação . ∀ 2 ∋ 6 )∗, em que P corresponde ao preço
4

do produto e Q à quantidade demandada, julgue o item que se


segue.

Em curvas de demandas lineares, a elasticidade assumirá valores


elevados para quantidades pequenas e valores reduzidos para
quantidades grandes.

Ao analisarmos uma curva de demanda linear, como a que segue


abaixo, é possível compreender a variação da elasticidade. Vejamos:

|E| > 1
1

|E| = 1

|E| < 1

Resumindo:

"! A curva de demanda é elástica em pontos acima do ponto médio


(pequenas quantidades).
"! A curva de demanda possui elasticidade unitária sobre ponto
médio.
"! A curva de demanda é inelástica em pontos abaixo do ponto médio
(grandes quantidades).

GABARITO: CERTO

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32. CESPE - Auditor de Controle Externo (TCE-
PA)/Fiscalização/Economia/2016

Considerando que a curva de demanda de determinado bem é


)
dada pela equação . ∀ 2 ∋ 6 )∗, em que P corresponde ao preço
4

do produto e Q à quantidade demandada, julgue o item que se


segue.

Se o preço do bem aumentar de R$ 3 para R$ 3,30, a demanda será


inelástica com relação ao preço.

Podemos calcular a elasticidade nos pontos indicados e verificar se ela


é inelástica nestes.

Vamos calcular primeiramente ao preço de R$ 3,00:

∋ ∀ 4∗ 2 4%4

∋ ∀ 7)

Substituindo na expressão de elasticidade:

# Ρ∃
!∀ %
∃ Ρ#

4
!∀ %Η24Ι
7)
4
!∀2
1

Agora com o preço de R$ 3,30

∋ ∀ 4∗ 2 4%4, 4∗

∋ ∀ 7∗, )

Substituindo na expressão de elasticidade:

# Ρ∃
!∀ %
∃ Ρ#

4, 4
!∀ %Η24Ι
7∗, )

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σ, σ
!∀2
7∗, )

Em ambos casos, a elasticidade é menor do que 1, em módulo. Ou


seja, é inelástica no intervalo apresentado.

GABARITO: CERTO

33. CESPE - Auditor de Controle Externo (TCE-


PA)/Fiscalização/Economia/2016

Considerando que a curva de demanda de determinado bem é


)
dada pela equação . ∀ 2 ∋ 6 )∗, em que P corresponde ao preço
4

do produto e Q à quantidade demandada, julgue o item que se


segue.

Uma curva de demanda linear tem elasticidade-preço da demanda


constante para todos os níveis de preço de um produto.

Como afirmado em comentário anterior, no caso da curva de demanda


linear a elasticidade-preço da demanda não é constante.

GABARITO: ERRADO

34. FCC - Profissional de Nível Superior (ELETROSUL)/Ciências


Econômicas/2016

A respeito da demanda, podemos afirmar que

a) a elasticidade-preço independe do coeficiente angular da curva de


demanda.

b) é denominada elástica se a variação percentual da quantidade


demandada for menor que a variação percentual do preço.

c) a existência de bens substitutos pode exercer influência sobre a


elasticidade de um bem.

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d) desconsiderando outros fatores, é de se esperar que a elasticidade-
preço da demanda de um bem seja tanto maior quanto mais essencial
for ele para o consumidor.

e) a elasticidade-preço é a mesma para qualquer ponto da curva de


demanda.

Comentando:

a) Incorreto. O coeficiente angular da curva de demanda é o parâmetro


utilizado para medir a inclinação da curva. Considerando uma curva de
demanda com a forma τχ ∀ > 2 Χ=, o coeficiente angular é o parâmetro
b. Se derivarmos a expressão de demanda em função do preço, b será
o resultado da derivada, de modo que ele importa na definição da
elasticidade.

Verificando na expressão:

# Ρ∃
!∀ %
∃ Ρ#
#
!∀ %υ

b) Incorreto. É denominada elástica se a variação percentual da


quantidade demandada for MAIOR que a variação percentual do preço.

c) Correto. A existência de substitutos eleva a elasticidade-preço da


demanda pelo bem, pois possibilita ao consumidor substituir o bem
cujo preço variou.

d) Incorreto. É de se esperar que a elasticidade-preço da demanda de


um bem seja tanto MENOR quanto mais essencial for ele para o
consumidor.

e) Incorreto. Esta afirmação irá depender do formato da curva de


demanda. Como visto, curva de demanda linear possui elasticidade
variável no decorrer da curva.

GABARITO: LETRA C

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35. CESPE - Auditor Fiscal de Controle Externo (TCE-
SC)/Controle Externo/Economia/2016

Acerca da determinação do preço de um bem e de elasticidade


da procura, julgue o item a seguir.

Situação hipotética: Em um mercado em equilíbrio inicial e com a renda


nominal constante, um consumidor adquiriu determinada quantidade
do bem 1 e determinada quantidade de outros bens. Posteriormente,
houve aumento no preço do bem 1. Assertiva: Nessa situação, o bem
1 será considerado elástico se, em decorrência do aumento de seu
preço, a despesa com os demais bens diminuir.

Questão direta.

Corrigindo a assertiva: Nessa situação, o bem 1 será considerado


elástico se, em decorrência do aumento de seu preço, a despesa O
PRÓPRIO BEM diminuir.

Se o bem é elástico, a demanda por ele é reduzida em grau superior


ao aumento do preço. Assim, a despesa total com o bem cai.

GABARITO: ERRADO

36. FGV - Analista de Gestão (COMPESA)/Economista/2014

Seja a curva de demanda linear do tipo y = c – d*p, em que y é


a quantidade demandada, p é o preço e c e d são parâmetros
fixos e positivos.

Assinale a opção que indica a faixa de preço, na qual o


consumidor escolhe a quantidade y na parte inelástica da
demanda.

a) Apenas quando p = c/2d.

b) Apenas quando p = 0.

c) Apenas quando p > c/d.

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d) Apenas quando p < c/2d.

e) Apenas quando p > c/2d.

O consumidor está na parte inelástica da curva de demanda quando a


elasticidade é maior do que -11. Ou seja, quando: 8 ϖ 2≅. Aplicando à
expressão de elasticidade:

# ΡΤ
2) ω %
Τ Ρ#

Como a questão fornece a função de demanda, podemos calcular a


elasticidade através da derivada da função de demanda pelo preço.
Derivando:

Ρ∃
∀ 2/
Ρ#
#
2) ω % 2/
Ψ 2 /.

2Ψ 6 /. ω 2χ=

2Ψ ω 2Ε/.

Ψ ϖ Ε/.
Ψ
ϖ=
7/

GABARITO: LETRA D

37. FGV - Analista Judiciário (TJ BA)/Apoio


Especializado/Economia/2015

Em países mais pobres, a participação no orçamento de gastos


com bens mais básicos, como pães, é muito elevada, enquanto
em países mais ricos, essa participação é baixa. Em termos de
elasticidade, a demanda por esses bens tende a ser:

a) mais elástica em relação ao preço nos países mais pobres em relação


aos mais ricos;

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b) mais elástica em relação ao preço nos países mais ricos em relação
aos mais pobres;

c) menos elástica em relação ao preço no longo prazo tanto nos países


mais ricos como nos mais pobres;

d) elástica em relação à renda nos países mais pobres e mais ricos;

e) mais elástica em relação ao preço se há poucos bens substitutos em


ambos os países.

A participação do bem no orçamento do consumidor é um fator que


influencia a elasticidade-preço da demanda deste bem.

Quanto mais elevada a participação no orçamento, mais elevada a


elasticidade-preço da demanda. Como o bem já ocupa espaço
significativo nos gastos do consumidor, um aumento de preço, por
exemplo, acarreta em redução significativa da demanda pelo bem.

Por sua vez, quanto menos elevada a participação no orçamento,


menor a elasticidade-preço da demanda.

No caso da questão, a elasticidade-preço do pão é mais elevada nos


países mais pobres do que nos países mais ricos, como afirmado pela
Letra A.

GABARITO: LETRA A

38. VUNESP - Analista (Pref SP)/Planejamento e


Desenvolvimento Organizacional/Ciências Econômicas/2015

A cidade de São Paulo tem enfrentado nos últimos anos os


efeitos da crise hídrica e no último verão o produto água
mineral, em decorrência das altas temperaturas registradas no
período, sofreu aumento de sua demanda mesmo com a
inflação dos preços superior àquela observada nos índices de
preços ao consumidor. Sendo um bem de consumo essencial,
caso fosse desconsiderado o aumento de demanda decorrente

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das altas temperaturas, ainda assim, independentemente dos
preços praticados, a curva de demanda

a) seria representada por uma linha reta vertical, paralela, portanto,


ao eixo do preço.

b) seria representada por uma linha reta horizontal, paralela, portanto,


ao eixo do preço.

c) seria representada por uma linha reta vertical, paralela, portanto,


ao eixo da quantidade.

d) seria representada por uma linha reta horizontal, paralela, portanto,


ao eixo da quantidade.

e) seria que a elasticidade, calculada no ponto médio, é sempre igual


a 1.

Bens considerados essenciais são inelásticos, ou seja, a elasticidade-


preço da demanda é, em módulo, menor do que 1. Este é o caso da
água, como afirmado pela questão.

A elasticidade-preço da demanda do bem influencia a inclinação da


curva de demanda do próprio bem. Por exemplo, quando consideramos
que um bem é inelástico, sabemos que a variação percentual na
demanda é relativamente menor a uma variação percentual no preço.
Este fato pode ser representado por uma curva de demanda mais
inclinada, ou seja, vertical, como demonstrado abaixo:

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P D

Q* Q

Este é o caso de perfeita inelasticidade-preço da demanda. Variações


no preço não provocam variações na quantidade demandada, que será
sempre igual a Q*.

GABARITO: LETRA A

39. CESPE - Especialista em Geologia e Geofísica do Petróleo e


Gás Natural (ANP)/Área I/2013

A oferta e a demanda de petróleo têm características


particulares, na forma de coordenação, em relação aos demais
setores econômicos. Acerca desse assunto, julgue o item a
seguir.

A elasticidade de preço da demanda é muito baixa.

O petróleo, por ser a matéria prima básica da matriz energética


mundial, é considerado um bem essencial. E, como salientado em
comentário anterior, bens essenciais possuem pequena elasticidade-
preço da demanda, isto é, são inelásticos.

GABARITO: CERTO

40. FGV - Analista Judiciário (TJ RO)/Economista/2015

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Suponha que, no ano de 2000, os brasileiros tenham fumado
380 bilhões de cigarros. O preço médio no varejo era de R$2
por maço. Estudos estatísticos mostraram que o valor absoluto
da elasticidade-preço da demanda era de 0,5. Considerando
essas informações e que a curva de demanda é linear, a curva
de demanda por cigarro no Brasil, expressa em bilhões de
unidades, é dada por:

a) Q(P) = 500 – 95P;

b) Q(P) = 540 – 80P;

c) Q(P) = 550 – 85P;

d) Q(P) = 570 – 95P;

e) Q(P) = 600 – 110P.

As questões de concursos costumam solicitar a elasticidade partindo


da função de demanda. Esta faz o contrário: solicita a função de
demanda partindo da elasticidade. Ou seja, necessitamos fazer o
caminho contrário.

Então, vamos começar pela função da elasticidade e substituir os


valores fornecidos:

# Ρ∃
!∀ %
∃ Ρ#

Substituindo com os valores fornecidos pela questão:

7 Ρ∃
∗, − ∀ %
4ξ∗ Ρ#

Ρ∃
∀ σ−
Ρ#

A derivada da função de demanda em relação ao preço é igual a 95.


Como a função de demanda é linear (τ ∀ > 2 Χ9), a derivada da
demanda em relação ao preço é igual ao parâmetro b. Assim:

Ρ∃
∀ υ ∀ σ−
Ρ#
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Substituindo na função de demanda temos que:

∋ ∀ Υ 2 υ#

∋ ∀ Υ 2 σ−#

Agora podemos substituir os valores referentes a quantidade e preço


na função de demanda para encontrar sua forma:

∋ ∀ Υ 2 σ−#

4ξ∗ ∀ Υ 2 σ−%7

Υ ∀ 4ξ∗ 6 )σ∗

Υ ∀ −1∗

Assim, ficamos com a seguinte curva de demanda:

∋ ∀ −1∗ 2 σ−#

GABARITO: LETRA D

41. CESGRANRIO - Supervisor de Pesquisas (IBGE)/Geral/2016

Uma pessoa gasta 10% de sua renda em energia elétrica e


diminuiria seu consumo em 5%, se o preço da eletricidade
aumentasse 10% e não ocorressem mudanças nas demais
variáveis que influenciam a demanda.

Logo, o valor máximo possível da elasticidade renda da


demanda por eletricidade dessa pessoa é, aproximadamente,
igual a

a) -1

b) 1

c) 3

d) 5

e) 7

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Questão interessante, pois apresenta uma variação no consumo
derivada de uma variação no preço, mas solicita a elasticidade-renda
da demanda.

Bom, a questão informa que a pessoa gastava 10% de sua renda com
energia elétrica. Se a renda deste indivíduo era de R$ 100,00, ele
gastava R$ 10,00 com energia. Após um aumento de 10% no preço,
considerando inicialmente que não ocorreram alterações no consumo
de energia, o consumidor passaria a gastar R$ 11,00 com energia
elétrica, ou seja, comprometeria agora 11% da sua renda com este
bem. Isto é, ocorreu uma queda de 1% no poder de compra da renda
do consumidor. Dito de outro modo, ele ficou mais pobre em 1%.

E, como a questão informa, ele reduz o consumo por energia em 5%


em função desta variação no preço.

Considerando o conceito de elasticidade-renda da demanda, sabemos


que ela mede a variação percentual na demanda em função de uma
variação percentual na renda. Isto é:

&Θτ
8Λ ∀ (
&ΘΜ

Substituindo os valores encontrados:

ηΘ
8Λ ∀
≅Θ

8Λ ∀ η

GABARITO: LETRA D

42. CESGRANRIO - Supervisor de Pesquisas (IBGE)/Geral/2016

Uma pessoa gasta 20% de sua renda de 100 unidades


monetárias comprando alimentos. Quando sua renda aumenta
para 110 unidades monetárias, e não ocorrem mudanças nas
demais variáveis que influenciam a demanda, essa pessoa
continua a gastar 20% da renda comprando alimentos.

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Desse fato deduz-se que sua demanda por alimentos tem
elasticidade

a) renda igual a zero

b) renda igual a um

c) renda igual a dois

d) próprio preço igual a zero

e) próprio preço igual a um

Questão com raciocínio similar a anterior.

Se o indivíduo gastava 20% de sua renda com alimentos e continuou


a gastar este percentual mesmo após o aumento da renda, a variação
percentual na quantidade demanda é a mesma da variação percentual
da renda. Ou seja, a elasticidade-renda da demanda é igual a 1.

GABARITO: LETRA B

43. CESPE - Auditor de Controle Externo (TCE-


PA)/Planejamento/Economia/2016

A respeito da teoria do consumidor, julgue o item a seguir.

Em uma economia com dois bens, um inferior e outro normal, a queda


da renda dos consumidores resulta em aumento do preço do bem
inferior.

Questão direta.

Um bem é normal quando possui elasticidade-renda positiva, ou seja,


quando a variação na demanda acontece na mesma direção da
variação do preço. Desta forma, se há queda na renda do consumidor,
espera-se que a demanda pelo bem normal também caia.

O bem inferior, por sua vez, possui raciocínio inverso, pois sua
elasticidade-renda é negativa. Ou seja, uma queda na renda acarreta
em aumento na demanda pelo bem.

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Se a demanda pelo preço aumenta em função da redução na renda,
espera-se, segundo a lei da demanda, que o preço do bem aumente.

GABARITO: CERTO

44. FGV - Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal


(Cuiabá)/2016

Assuma que uma pessoa consome os bens A e B.

Quando a pessoa tem uma queda de 10% de sua renda, o


consumo do bem A diminui em 20% e, o do bem B, aumenta em
10%.

Considerando o conceito de elasticidade, os bens A e B são,


respectivamente,

a) inferior e superior.

b) de luxo e normal.

c) substituto e complementar.

d) supérfluo e inferior.

e) de Giffen e inferior.

Um bem é normal quando possui elasticidade-renda positiva, ou seja,


quando a variação na demanda acontece na mesma direção da
variação do preço. Desta forma, se há queda na renda do consumidor,
espera-se que a demanda pelo bem normal também caia.

No entanto, os bens normais dividem-se em bens essenciais e bens


supérfluos (bens de luxo). Bens essenciais são os bens normais
inelásticos, ou seja, aqueles cuja elasticidade-renda está entre 0 e 1.
Bens supérfluos são os bens normais elásticos: aqueles cuja
elasticidade-renda é maior do que 1.

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No caso da questão, a renda cai 10% e a demanda pelo bem cai em
&Θψ
20%. Neste caso, temos uma elasticidade-renda igual a 2 (8Λ ∀ ∀
&ΘΛ
ΑΒζ
∀ Ε. Ou seja, trata-se de bem supérfluo
Α?ζ

O bem inferior, por sua vez, possui raciocínio inverso, pois sua
elasticidade-renda é negativa. Ou seja, uma queda na renda acarreta
em aumento na demanda pelo bem.

Conforme informado pela questão, o Bem B registra aumento na


demanda após a redução na renda, ou seja, trata-se de bem inferior,
&Θψ ?ζ
em função da elasticidade-renda negativa 8Λ ∀ ∀ ∀ 2≅.
&ΘΛ Α?ζ

GABARITO: LETRA D

45. FGV - Analista de Gestão (COMPESA)/Economista/2014

Ao longo dos últimos anos, a renda dos brasileiros apresentou


um forte crescimento, o que trouxe uma mudança nas suas
preferências. Assim, bens e serviços de baixa qualidade foram
substituídos pelos de alta qualidade. Logo, bens e serviços de
baixa qualidade são bens

a) normais e sua curva de Engel é decrescente.

b) normais e sua curva de Engel é crescente.

c) inferiores e sua curva de Engel é decrescente.

d) inferiores e sua curva de Engel é crescente.

e) inferiores e sua curva de expansão da renda é crescente.

Como comentado anteriormente, bens cuja variação na demanda


relaciona-se inversamente à variação no preço são bens inferiores.
Este é o caso narrado pela questão.

E esta relação entre a quantidade demandada e a renda do consumidor


pode ser demonstrada através da Curva de Engel. Como esta relação

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para bens inferiores é negativa (aumento da renda resulta em redução
na demanda), a Curva de Engel é negativamente inclinada
(decrescente).

GABARITO: LETRA C

46. CESPE - Especialista Em Regulação de Petróleo e Derivados,


Álcool Combustível e Gás Natural (ANP)/Área II/2013

De acordo com a teoria clássica da demanda, julgue o item a


seguir.

Por definição, um bem é dito inferior se, e somente se, sua quantidade
demandada reduz quando o preço do bem diminui.

Como vimos, o bem é inferior quando possui elasticidade-renda


negativo. Ou seja, quando a variação na demanda é inversa à variação
na renda.

GABARITO: ERRADO

47. CESPE - Especialista em Geologia e Geofísica do Petróleo e


Gás Natural (ANP)/Área I/2013

A oferta e a demanda de petróleo têm características


particulares, na forma de coordenação, em relação aos demais
setores econômicos. Acerca desse assunto, julgue o item a
seguir.

A elasticidade de renda da demanda é baixa.

O petróleo, por ser a matéria prima básica da matriz energética


mundial, é considerado um bem essencial. E, como salientado em
comentários anteriores, bens essenciais possuem pequena
elasticidade-preço da demanda, isto é, são inelásticos em relação ao
preço.

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Não é possível fazer a mesma afirmação em relação a renda.

GABARITO: ERRADO

48. CESPE - Especialista em Geologia e Geofísica do Petróleo e


Gás Natural (ANP)/Área I/2013

A oferta e a demanda de petróleo têm características


particulares, na forma de coordenação, em relação aos demais
setores econômicos. Acerca desse assunto, julgue o item a
seguir.

A elasticidade de preço da oferta é elevada.

Como visto anteriormente, do lado da demanda, a elasticidade-preço


do petróleo é baixa, em função da essencialidade deste bem.

O mesmo ocorre em relação à elasticidade-preço da oferta. Ela é


também baixa por conta dos limites naturais na extração do petróleo.
Como a extração depende da tecnologia utilizada e da quantidade de
campos disponíveis para extração, a variação no preço não é muito
relevante na explicação de variações na oferta. Ou seja, a oferta do
petróleo é inelástica ao preço.

GABARITO: ERRADO

49. CESGRANRIO - Analista de Pesquisa Energética


(EPE)/Petróleo/Abastecimento/2010/

O gráfico abaixo mostra curvas de oferta de maçãs, a curto e a


longo prazos.

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De acordo com o gráfico, conclui-se que

a) AB é a curva de longo prazo.

b) maçãs são bens normais.

c) maçãs são bens de demanda elástica.

d) maçãs são bens inferiores.

e) no ponto A, AC é mais elástica a preços do que AB.

A elasticidade-preço da demanda também depende do tempo. No curto


prazo espera-se elasticidades-preço da demanda menores do que em
relação ao longo prazo, por conta da menor possibilidade em encontrar
bens substitutos no curto prazo.

Assim, como há menor possibilidade de substituir o bem no curto


prazo, espera-se dele menor elasticidade neste período de tempo do
que em relação ao longo prazo.

Neste sentido, AC representa uma curva de demanda de curto prazo


(menos elástica; mais vertical), enquanto que AB representa uma
curva de demanda de longo prazo (mais elástica; menos vertical).

GABARITO: LETRA A

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50. CESGRANRIO - Supervisor de Pesquisas
(IBGE)/Geral/2014/

Em certo país, todos os anos, ocorre um grande aumento do


preço do peixe na Semana Santa.

Tal fato acontece porque a demanda aumenta e a(o)

a) oferta de peixe é muito inelástica a curto prazo.

b) oferta de peixe é muito elástica a longo prazo.

c) oferta de peixe tem elasticidade preço cruzado elevada.

d) custo de estocagem de peixe é baixo.

e) peixe é um bem com muitos substitutos para seu comprador.

Na Semana Santa, conforme afirmado pela questão, há grande


aumento no preço do peixe. Este fato ocorre primeiramente por conta
do elevado aumento na demanda por peixe neste período do ano.

No entanto, há um componente adicional ligado à oferta que explica


este aumento de preço. Trata-se da inelasticidade-preço da oferta. Ou
seja, da incapacidade de se elevar a oferta do peixe, por questões
ligadas à pesca, quando há aumento na demanda e no preço do mesmo
bem.

GABARITO: LETRA A

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3.! QUESTÕES: INTRODUÇÃO À TEORIA DO


CONSUMIDOR

51. FCC - Analista (PGE MT)/Economista/2016


É preciso que haja a restrição orçamentária para os
consumidores porque

a) a utilidade dos consumidores, por consumirem bens, atinge um nível


máximo e requer uma restrição orçamentária.

b) os consumidores devem pagar por cada bem que consomem,


mesmo com renda ilimitada.

c) os consumidores devem pagar pelos bens, mesmo com renda


limitada.

d) os preços e as rendas são inversamente relacionados.

e) a curva de demanda dos bens geralmente possui inclinação


negativa.

A restrição orçamentária, como o próprio nome sugere, consiste no


limite que o consumidor dispõe para dispender com consumo.

O gráfico abaixo denota a situação:

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O eixo das ordenadas mostra quantidades do bem B1 e o eixo das
abscissas, do bem B2. A restrição orçamentária é a reta no gráfico
acima, denotando as quantidades consumidas dos bens B1 e B2 de
acordo com o limite orçamentário disponível pelo consumidor. Cada
ponto sobre a restrição indica as quantidades de B1 e B2 consumidas.

Neste sentido, a restrição também indica que os bens possuem preços,


os quais, quando multiplicados pela quantidade consumida, indica o
total dispendido pelo consumidor. Como não poderia ser diferente, o
total dispendido deve ser menor ou igual à renda do consumidor.

Ou seja, os consumidores devem pagar pelos bens, mesmo com renda


limitada.

GABARITO: LETRA C

52. ESAF - Especialista em Regulação de Aviação Civil/Área


3/2016

Admitindo que o governo busque aumentar sua arrecadação em


T unidades monetárias e que as funções indiferença dos
consumidores sejam estritamente convexas, então, para um
conjunto de bens normais,

a) um tributo sobre a renda mudaria os preços relativos, mas não


alteraria a restrição orçamentária do consumidor.

b) um tributo sobre a quantidade consumida de um dado bem deixaria


o consumidor em melhor situação, dado que ele aumentaria o esforço
para auferir mais renda.

c) um tributo sobre a quantidade consumida deixaria o consumidor em


melhor situação quando comparado com um tributo sobre a renda.

d) sob condições específicas, o tributo sobre a renda deixaria o


consumidor com um nível de satisfação maior do que um tributo sobre
a quantidade consumida.

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e) a escolha ótima do consumidor não se altera, independentemente
do tipo de tributo adotado.

Para compreender qual o efeito dos impostos na reta orçamentária é


necessário saber de que tipo é este imposto.

Digamos que o imposto recaia sobre a renda do consumidor, de modo


a reduzir, digamos, sua renda em $100. É fato que a redução da renda
desloca a reta orçamentária à esquerda, pois reduz a renda disponível
do consumidor.

Assim, o presente caso possui o seguinte efeito:

x2

m/p2

(m-t)/p2

(m-t)/p1 m/p1 x1

O tributo cujo valor é t reduz a renda neste mesmo montante (m – t).


Este é o caso de impostos diretos, os quais incidem sobre a renda do
consumidor.

Mas, e se o tributo incidir sobre o preço de determinado produto,


elevando-o no mesmo montante. Assim, digamos que o imposto tenha
alíquota t (chamada de ad valorem) e recai sobre o bem 1.

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O preço do bem 1, antes igual a p1, após a incidência tributária possui
valor de (1 + t)p1. E a reta orçamentária

x2

m/p2

m/(1+t)p1 m/p1 x1
O

Após a incidência tributária o consumidor passar a consumir menores


quantidades do bem 1, afinal, com o aumento de preço, sua renda fixa
e limitada permite consumir menores quantidades do referido bem:
m/(1+t)p1 < m/p1.

E o efeito sobre o bem estar do consumidor é de simples memorização:


impostos diretos, ao não modificarem a inclinação da reta
orçamentária, deixam o consumidor com um nível de satisfação mais
elevado do que impostos indiretos.

GABARITO: LETRA D

53. ESAF - Especialista em Regulação de Aviação Civil/Área


3/2016

Suponha que o governo imponha aos consumidores uma quota


de consumo para um dado bem. A partir dessa quota, cada
unidade adicional do bem é taxada em t unidades monetárias
por unidade a mais consumida. Assim, é correto afirmar que

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a) a reta de restrição orçamentária sofrerá uma quebra no limite dessa
quota.

b) a reta de restrição orçamentária afastar-se-á da origem.

c) haverá um efeito renda positivo.

d) a inclinação da reta de restrição orçamentária não sofrerá alteração.

e) o tributo afeta apenas a renda, mantendo os preços relativos


inalterados.

Como afirmado anteriormente, a taxação sobre bens implica na


modificação da inclinação da reta orçamentária. No entanto, a questão
apresenta a situação na qual o tributo incidiria apenas após a
supressão de uma quota de consumo. Ou seja, justamente após esta
quota a inclinação da reta orçamentária se modificaria, pelo que é
possível afirmar que a reta de restrição orçamentária sofrerá uma
quebra no limite dessa quota.

Segue o exemplo abaixo denotando a quebra no limite da quota,


incidente sobre o bem X1:

x2

Quota x1
O

Após o limite da quota, a reta orçamentária fica mais inclinada,


denotando menor consumo de X1 por conta da tributação.

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GABARITO: LETRA A

54. ESAF - Especialista em Regulação de Aviação Civil/Área


3/2016

Seja o conjunto (x1, x2) a representação da cesta de consumo


do consumidor em que x1 e x2 são as quantidades dos bens 1 e
2, respectivamente. Suponha que os preços desses bens sejam
dados por p1 (para o bem 1) e p2 (para o bem 2) e que o
orçamento do consumidor seja dado por R. Com base nessas
informações, é correto afirmar que

a) as quantidades demandadas dos bens 1 e 2 dependem da


produtividade marginal dos fatores de produção.

b) a inclinação da restrição orçamentária depende da relação entre x1


e x2.

c) a função restrição orçamentária é homogênea de grau zero em p1,


p2 e R.

d) a quantidade máxima que o consumidor pode adquirir do bem 2 é


dada pela relação R/p1.

e) o conjunto orçamentário é dado pela reta R=p1x1+p2x2.

Utilizando as informações prestadas pela questão, podemos denotar a


restrição orçamentária possui a seguinte forma:

Π ∀ #) {) 6 #7 {7

Vamos comentar as alternativas:

a) Incorreto. As quantidades demandadas dependem do preço dos


bens e da renda, como visto na função.

b) Incorreto. A inclinação da restrição depende da relação entre os


preços dos bens, ou seja, de p1/p2.

c) Correto. Diz-se que uma função é homogênea de grau k quando:


| _Κ ∀ _ } | Κ ∼

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Vamos aplicar este raciocínio à função em questão em relação à p1:

 ΩΠ ∀ Ω€  Π

Π ∀ #) {) 6 #7 {7

Π 2 #7 {7
#) ∀
{)

ΩΠ 2 ΗΩ#7 {7 Ι
ΗΩ#) Ι ∀
Ω{)

ΩΗΠ 2 #7 {7 Ι
ΗΩ#) Ι ∀
Ω{)

Ω Π 2 #7 {7
ΗΩ#) Ι ∀ %
Ω {)

Π 2 #7 {7
ΗΩ#) Ι ∀ Ω∗ %
{)

Como o expoente (k) é igual a zero, a função é homogênea de grau


zero para p1. O mesmo se aplica às demais variáveis citadas na
alternativa.

A implicação econômica deste fato é a seguinte: quando preços dos


bens e renda do consumidor são multiplicados por escalar positivo, a
restrição orçamentária não é alterada.

d) Incorreto. A quantidade máxima que o consumidor pode adquirir do


bem 2 é dada pela relação R/p2.

e) Incorreto. O conjunto orçamentário é dado pela reta Μ  9≅Κ≅ 6


9ΕΚΕ.

GABARITO: LETRA C

55. CESPE - Economista (MPOG)/"PGCE (Especial)"/2015

Considerando a restrição orçamentária linear do consumidor no


espaço de bens, em que a quantidade do bem x é representada

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no eixo das abscissas, e a do bem y, no eixo das ordenadas,
julgue o próximo item.

Se o preço do bem x duplicar e o do y triplicar, então a restrição


orçamentária do consumidor ficará menos inclinada em relação a
restrição orçamentária original do consumidor.

A duplicação do preço do Bem X e a triplicação do preço do Bem Y


provoca o seguinte efeito na restrição orçamentário:

3y

2x x x
O

Ou seja, a restrição orçamentária ficou menos inclinada, mais


horizontal, por conta da maior redução no consumo do Bem Y em
relação à redução do consumo do Bem X.

GABARITO: CERTO

56. CESPE - Economista (MPOG)/"PGCE (Especial)"/2015

Considerando a restrição orçamentária linear do consumidor no


espaço de bens, em que a quantidade do bem x é representada
no eixo das abscissas, e a do bem y, no eixo das ordenadas,
julgue o próximo item.

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Se os preços dos bens x e y duplicarem e a renda do consumidor
triplicar, então haverá deslocamento paralelo para a direita da restrição
orçamentária.

Questão direta.

A duplicação dos preços dos bens provoca um deslocamento da reta


orçamentária à esquerda. No entanto, como o aumento na renda é
maior que o aumento dos preços, a reta desloca-se em maior grau à
direita. Após estes movimentos, fica à direida da restrição
orçamentária original.

GABARITO: CERTO

57. CESGRANRIO - Analista de Pesquisa Energética


(EPE)/Petróleo/Abastecimento/2010/

A renda monetária de um consumidor dobrou e todos os preços


dos bens e serviços que ele compra quadruplicaram.

Nessa perspectiva, conclui-se que

a) ele comprará maior quantidade de bens elásticos em relação a


preços.

b) os preços relativos entre os bens e serviços que ele compra não


mudaram.

c) as suas compras de bens normais aumentarão.

d) sua renda nominal diminuiu.

e) sua renda real dobrou.

A situação citada pela questão provoca, certamente, uma redução no


poder de compra do consumidor.

Sua restrição orçamentária anteriormente às modificações pode ser


representada da seguinte forma:

Π ∀ #) {) 6 #7 {7

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Após as modificações, temos:

7Π ∀ 3#) {) 6 3#7 {7

7Π ∀ 3 #) {) 6 #7 {7

Π ∀ 7 #) {) 6 #7 {7

Ou seja, o efeito líquido equivale a dobrar os preços dos bens ou reduzir


pela metade o poder de compra do consumidor.

No entanto, não há alteração nos preços relativos, pois a restrição


orçamentária continua com a mesma inclinação. Como ocorreu redução
no poder de compra, a restrição orçamentária desloca-se à esquerda,
não alterando os preços relativos.

GABARITO: LETRA B

58. FGV - Técnico Superior Especializado (DPE


RJ)/Economia/2014/

Suponha que a restrição orçamentária de um consumidor seja


escrita como:

p1x1 + p2x2 = y

Suponha ainda que, inicialmente, ele escolha uma cesta de bens


sobre a reta da restrição orçamentária e que nenhum deles seja
um bem inferior. O consumidor passa a consumir mais dos dois
bens, quando

a) sua renda subir, sem que os preços sejam alterados.

b) o preço de x1 dobrar e a renda de x2 cair pela metade.

c) os preços dos dois bens e a renda reduzirem pela metade.

d) ele abrir mão de consumir um dos bens.

e) a reta orçamentária se deslocar paralelamente em direção à


origem dos eixos.

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A expressão apresentada pela questão indica que o consumidor
demanda dois tipos de bens (x1 e x2), que possuem os preços (p1 e
p2), respectivamente. Para proceder à demanda, o consumidor utiliza
a renda y.

Adicionalmente, a questão informa que o consumidor seleciona uma


cesta de bens sobre a restrição orçamentária (uma cesta com valor
igual a renda), sendo que nenhum dos bens é inferior, ou seja,
variações positivas na renda provocam aumento na demanda destes
bens.

Para consumir mais dos dois bens, é preciso que a renda do


consumidor suba, sem alteração no preço de nenhum deles. Fazendo
um simples exercício de raciocínio, no caso da renda do consumidor se
elevar e o preço de um destes bens também, o consumidor poderia
inclusive consumir menores quantidades dos bens, caso a alteração no
preço tenha magnitude superior que a alteração na renda.

Outra forma possível de consumir mais dos 2 bens é manter a renda


constante com a redução no preço de ambos. No entanto, não há
alternativa com esta solução.

Sendo assim, a única alternativa possível é a Letra A.

GABARITO: LETRA A

CESPE - Economista (CADE)/2014/

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O gráfico acima, que representa as quantidades demandadas do
bem A ― eixo horizontal― e do bem B ― eixo vertical ―, mostra
alguns efeitos na restrição orçamentária de um consumidor,
efeitos que resultam da variação no preço do bem A. Após a
variação no preço do bem A, a restrição orçamentária do
consumidor desloca-se para a esquerda (de RO para RO’); U é
a curva de utilidade do consumidor — tangência RO no ponto X
—; U’ é a outra curva de utilidade do consumidor ― tangência
RO’ no ponto Y ―; a reta PT é paralela à RO’ e tangência U no
ponto Z o equilíbrio do consumidor move-se do ponto X = (QX,
Q1) para o ponto Y = (QY, Q2), no qual QX > QZ > QY > 0 e Q2
> Q1 > 0. Considerando essas informações e o gráfico, julgue o
item subsequente.

59. O gráfico mostra redução no preço do bem A.

A mudança no preço do Bem A desloca a restrição orçamentária do


consumidor de RO para RO´. Como é possível notar no gráfico, esse
deslocamento faz com que o consumidor consuma menores
quantidades do Bem A. Ou seja, há aumento no preço do Bem A.

Como consequência, o consumidor também é deslocado da curva de


indiferença que fornece mais utilidade (U), para a curva que fornece
menos utilidade (U').

Em resumo, é possível notar que a situação do consumidor piorou


(dada a permanência em uma curva de indiferença com menor
utilidade), devido ao aumento no preço do Bem A (demonstrado pelo
deslocamento da restrição orçamentária do consumidor).

Em outras palavras, o gráfico mostra aumento no preço do Bem A.

GABARITO: ERRADO

60. A variação no preço do bem A ocasionou perda no poder de


compra do consumidor.

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A mudança no preço do Bem A desloca a restrição orçamentária do
consumidor de RO para RO´. Como é possível notar no gráfico, esse
deslocamento faz com que o consumidor consuma menores
quantidades do Bem A. Ou seja, há aumento no preço do Bem A.

Como consequência, o consumidor também é deslocado da curva de


indiferença que fornece mais utilidade (U), para a curva que fornece
menos utilidade (U').

Em resumo, é possível notar que a situação do consumidor piorou


(dada a permanência em uma curva de indiferença com menor
utilidade), devido ao aumento no preço do Bem A (demonstrado pelo
deslocamento da restrição orçamentária do consumidor).

Em outras palavras, ocorreu redução no poder de compra do


consumidor.

GABARITO: CERTO

61. CESPE - Auditor de Controle Externo (TC-DF)/2014/

A respeito da teoria microeconômica do consumidor, julgue o


próximo item.

Para um consumidor com orçamento inteiramente gasto com


dois bens, o aumento do preço de um dos bens causará,
necessariamente, a redução no consumo de ambos os bens,
exceto se um deles for inferior.

A restrição orçamentária do consumidor, que relaciona preços e


quantidades do bens demandados como a renda, pode ser
representada da seguinte forma:

p1x1 + p2x2 = m

sendo:

p1 e p2 os preços dos bens 1 e 2

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x1 e x2, as quantidades demandadas dos bens 1 e 2

m a renda.

A restrição é óbvia: o consumidor só pode demandar no limite da sua


renda.

Imaginando a hipótese da questão, podemos considerar que X1 teve


aumento de preço. Para que a restrição orçamentária seja cumprida,
não é necessário que ambos os bens tenham a demanda reduzida, mas
apenas X1.

Ou seja, para um consumidor com orçamento inteiramente gasto com


dois bens, o aumento do preço de um dos bens não causará,
necessariamente, a redução no consumo de ambos os bens, exceto se
um deles for inferior. É possível a redução na quantidade demandada
apenas do Bem 1, sem a necessidade de considerações adicionais.

GABARITO: ERRADO

62. CESPE - Economista (SUFRAMA)/2014/

No que se refere à teoria do consumidor, julgue o item que se


segue.

Considere uma economia com dois bens, B1 e B2, estando B1


representado no eixo das ordenadas, e B2, no eixo das
abscissas. Nessa situação, se o preço de B1 for duplicado e o de
B2 for triplicado, a restrição orçamentária do consumidor será
deslocada para a esquerda e ficará mais inclinada.

A restrição orçamentária do consumidor, que relaciona preços e


quantidades do bens demandados como a renda, pode ser
representada da seguinte forma:

p1B1 + p2B2 = m

sendo:

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p1 e p2 os preços dos bens 1 e 2

B1 e B2, as quantidades demandadas dos bens 1 e 2

m a renda.

A restrição é óbvia: o consumidor só pode demandar no limite da sua


renda. O gráfico que representa esta situação pode assim ser
representado:

Como afirmado, a inclinação é dada pela razão p2/p1. Considerando


que o preço do bem 1 foi elevado em duas vezes e o preço do bem 2,
em três vezes, a inclinação passa a ser 3p2/2p1. Ou seja, o valor da
inclinação aumentou, tornando a reta mais inclinada. E também há
deslocamento à esquerda da reta, tendo em vista que o poder de
compra do consumidor diminuiu via aumento de preços e manutenção
da renda.

GABARITO: CERTO

63. CESPE - Economista (MJ)/2013/

Suponha que as famílias atendidas pelo Programa Bolsa Família


tenham preferências bem comportadas com relação a alimento

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e vestuário, que esses dois bens sejam normais e que seus
preços mantenham-se constantes.

Com base nessa situação, julgue o item.

O conjunto orçamentário de uma família é formado por todas


as combinações de quantidades de bens e serviços que podem
ser adquiridas, apresentando como limites os preços relativos
e a renda dessa família

A restrição orçamentária de uma família indica as possíveis


combinações de bens e serviços que ela pode adquirir, dada a limitação
de sua renda.

A restrição orçamentária pode variar de duas maneiras:

Variação na Renda: evidentemente, caso a renda varie, a restrição


orçamentária da família irá variar. Uma renda mais elevada, indica a
possibilidade de demandar mais bens/serviços, resultando em
deslocamento à direita da curva de restrição orçamentária. O gráfico
abaixo demonstra como o aumento da renda desloca a reta
orçamentária, possibilitando mais consumo dos bens A e B:

Variação nos Preços Relativos: como os eixos do gráfico cartesiano


indicam a quantidade adquirida de cada bem, a variação no preço de

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um deles, mantendo o preço do outro constante (variação de preços
relativos) indica variação na demanda do bem cujo preço variou.
Assim, caso o preço do bem A, indicado no eixo das ordenadas,
aumentou, a demanda pelo bem irá reduzir. Ou seja, o ponto de
intersecção da curva de restrição com o eixo é modificado, indicando
menor quantidade demanda:

GABARITO: CERTO

64. CESGRANRIO - Analista de Pesquisa Energética


(EPE)/Petróleo/Abastecimento/2014/

Suponha que um consumidor tenha renda igual a y reais, sua


cesta de bens inclua água e pão, e que sua restrição
orçamentária seja representada pela reta decrescente no
gráfico abaixo.

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Suponha que a água custe 2 reais, e o pão, 4 reais. Na situação


em que a renda do consumidor é igual a 100 reais e em outra
situação na qual sua renda é de 150 reais, a inclinação da
restrição orçamentária acima será, respectivamente,

a) 2 e 2,5

Xb) 2 e 2

c) ½ e ½

d) ½ e ¾

e) 4 e 2

Vamos calcular a inclinação das retas orçamentárias considerando o


pão como X1 e água como X2. A expressão da reta orçamentária é a
seguinte:

Π ∀ #) {) 6 #7 {7

Uma regra simples e prática é considerar que a inclinação corresponde,


em módulo, à divisão do preços do Bem X1 pelo Bem X2, ou seja, por
p1/p2. A renda não impacta na determinação da inclinação.

Desta forma:

‚θΨƒΞθΥΖ[∴ ∀ (#)„#7

3
‚θΨƒΞθΥΖ[∴ ∀
7

‚θΨƒΞθΥΖ[∴ ∀ 7

GABARITO: LETRA B

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65. FGV - Técnico de Fomento C (BADESC)/Economista/2010/

O preço de um livro (L) é $ 40, enquanto o de uma revista (R)


é $ 10. Leibniz tem um orçamento (OR) de $ 100.

A linha de restrição orçamentária de Leibniz que representa sua


limitação orçamentária é:

a) OR = 40L + 10R

b) OR = 4000L + 1000R

c) OR= (40L*10R)/100

d) OR= (40L*10R)*100

e) OR = 0,4L+0,1R

Utilizando os dados da questão, podemos representar a forma da


restrição orçamentária da seguinte forma:

Π ∀ #† † 6 #Π Π

)∗∗ Π ∀ 3∗† 6 )∗Π

Π ∀ ∗, 3† 6 ∗, )Π

GABARITO: LETRA E

66. CESGRANRIO - Profissional Júnior (BR)/Economia/2010/

Um consumidor ganha R$ 100,00 por mês e gasta R$ 30,00


pagando seu aluguel mensal. Suponha que o aluguel aumente
20%, que nenhum outro preço dos bens e serviços que compra
se altere e que sua renda monetária aumente 5%. A mudança
em sua renda real será, aproximadamente, de

a) menos 1%

b) mais 1%

c) mais 4%

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d) menos 5%

e) mais 5%

Para resolver a questão basta fazer os cálculos sugeridos pela questão.

Antes do aumento de preço, o consumidor dispendia 30% de sua renda


com aluguel. Após o aumento de 20%, passou a gastar 36% da renda
com aluguel.

Com o aumento da renda em 5%, o incremento líquido de sua renda


será de menos 1%. Ou seja, ele perde 6% da renda real com o
aumento do aluguel, ao passo que seus rendimentos se elevam em
5%. O resultado líquido será de -1%.

GABARITO: LETRA A

67. CESGRANRIO - Analista Ambiental


(INEA)/Economista/2008/

Um consumidor tem uma renda monetária de R$ 100,00/mês,


gasta 30% da renda pagando aluguel e 20% com alimentação.
Se o aluguel aumentar 10% e os alimentos diminuírem de preço
15%, os demais preços não sofrendo alteração, pode-se afirmar
que o consumidor

a) sofreu um aumento de renda real de 5%.

b) precisa receber uma renda monetária adicional de R$ 5,00/mês para


manter seu padrão de vida (sua renda real).

c) poderá alcançar um nível de bem estar maior, isto é, uma curva de


indiferença mais alta quando reotimizar suas escolhas.

d) vai, certamente, diminuir o consumo de alimentos para pagar o


aluguel.

e) vai, certamente, tentar trabalhar mais para pagar o aluguel.

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Com o aumento de 10% no aluguel há uma redução de 3% na renda
real do consumidor. Como ele gastava 30% da renda com esta despesa
e o preço do aluguel se elevou em 10%, o efeito líquido na renda será
de -3%.

Por sua vez, a redução no preço do alimento provoca aumento real da


renda em 3% (≅ηΘ%ΕεΘ ∀ ϕΘ).

O efeito líquido sobre a renda após estas mudanças é nulo. No entanto,


há alteração na inclinação da reta orçamentária, que passa a ficar
menos inclinada (mais horizontal), possibilitando ao consumidor atingir
uma curva de indiferença superior, que confere maior bem estar.

GABARITO: LETRA C

68. CESPE - Especialista em Regulação de Aviação Civil/Área


4/2012/

Julgue o item a seguir, acerca do equilíbrio do consumidor, dos


efeitos preço, renda e substituição, da elasticidade da demanda
ou procura, dos fatores de produção e da elasticidade da oferta.

Caso a renda nominal dos consumidores seja constante, a elevação do


preço do ingresso de um jogo do campeonato brasileiro de futebol
acarretará uma tendência de queda da demanda por esse bem. Para
continuar consumindo a mesma quantidade de ingressos para os jogos
desse campeonato, os consumidores teriam de abrir mão do consumo
de outros bens.

A questão apresenta a implicação óbvia da restrição orçamentária.

Se a renda do consumidor se mantém constante e o preço de um dos


bens por ele consumido aumenta, necessariamente haverá a
necessidade de redução no consumo nos outros bens. A restrição
orçamentária é o limite disponível para o consumidor, não podendo ser
superada.

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GABARITO: CERTO

69. CESPE - Economista (SUFRAMA)/2014/

No que se refere à teoria do consumidor, julgue o item que se


segue.

Quando preços dos bens e renda do consumidor são multiplicados por


escalar positivo, a restrição orçamentária não é alterada.

Esta é a implicação econômica relativa ao fato e que a restrição


orçamentária é uma função homogênea de grau zero em relação à
renda e aos preços dos bens.

Se os preços e a renda são multiplicados pelo mesmo fator (escalar),


o poder de compra do consumidor permanece o mesmo, ou seja, a
restrição orçamentária não é alterada.

Ver a resolução da questão 54 para uma explicação formal sobre.

GABARITO: CERTO

70. CESPE - Economista (MJ)/2013/

O Ministério da Justiça (MJ) tem um montante fixo para gastar


na aquisição de dois bens: mesas e computadores. Ainda, o MJ
planeja ocupar um prédio de sua propriedade, atualmente
alugado para profissionais liberais.

Com base nessa situação hipotética, julgue o item seguinte.

A duplicação dos preços da mesa e do computador apresenta o mesmo


efeito, na linha do orçamento, que a redução, pela metade, do
montante fixo.

A situação citada pela questão provoca, certamente, uma redução no


poder de compra do consumidor.

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Sua restrição orçamentária anteriormente às modificações pode ser
representada da seguinte forma:

Π ∀ #) {) 6 #7 {7

Sendo que X1 representa a mesa e X2 representa o computador.

Após as modificações, temos:

Π ∀ 7#) {) 6 7#7 {7

Π ∀ 7 #) {) 6 #7 {7

)
Π ∀ #) {) 6 #7 {7
7

Ou seja, o efeito líquido equivale a dobrar os preços dos bens ou reduzir


pela metade o poder de compra do consumidor.

GABARITO: CERTO

71. CESPE - Agente de Polícia Federal/2009

Julgue o item que se segue, a respeito de tributos, tarifas e


subsídios, e tendo como foco a eficiência econômica e a
distribuição da renda.

Suponha que uma pessoa tenha uma renda de R$ 1.200,00,


despendida no consumo de dois conjuntos de bens e serviços x e y,
cujos preços unitários são, respectivamente, iguais a R$ 1,00 e R$
3,00. Suponha, ainda, que a linha do orçamento seja representada pela
equação: qx + 3qy = 1.200. Nesse caso, se o preço de y se elevar para
R$ 4,00, por aumento da tributação, permanecendo constantes a renda
e o preço de x, a inclinação da reta se elevará de um terço para um
quarto.

A questão solicita a variação no valor da inclinação da reta


orçamentária.

Na situação inicial, a restrição orçamentária é representada por qx +


3qy = 1.200. Nesta situação, a inclinação da restrição orçamentária é
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obtida através da razão entre o preço do bem x pelo preço do bem y:
Px/Py = 1/3

A situação 2 apresenta o aumento do preço do bem y, mantendo-se


constante as demais variáveis. Neste sentido, a inclinação da reta
orçamentária irá mudar para Px/Py = 1/4

O resultado é a redução da inclinação de 1/3 para 1/4.

Graficamente, o movimento pode ser visto no gráfico abaixo:

GABARITO: ERRADO

72. CESPE - Auditor Federal de Controle Externo/1998

A teoria da demanda baseia-se nas decisões dos consumidores


e requer o conhecimento de como são formadas as suas
preferências. A esse respeito, julgue os itens abaixo.

A inclinação da curva de restrição orçamentária depende dos preços


relativos dos bens e da renda do consumidor.

Vamos calcular a inclinação das retas orçamentárias considerando o


pão como X1 e água como X2. A expressão da reta orçamentária é a
seguinte:

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Π ∀ #) {) 6 #7 {7

Uma regra simples e prática é considerar que a inclinação corresponde,


em módulo, à divisão dos preços do Bem X1 pelo Bem X2, ou seja, por
p1/p2. A renda não impacta na determinação da inclinação.

Desta forma:

‚θΨƒΞθΥΖ[∴ ∀ (#)„#7

Portanto, a inclinação depende tão somente da relação entre os preços,


mas não da renda.

GABARITO: ERRADO

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4.! LISTA DE QUESTÕES

01. Questão do Professor/2017/

A Curva de demanda de um bem “A” é dada por Q = 10 – 0,5P,


na qual Q é a quantidade demandada, e P, o preço unitário.

A respeito, julgue as proposições que seguem:

I. A elasticidade-preço da curva de demanda do bem A é a


mesma em qualquer ponto da curva.

II. Quando o preço for R$ 6,00, a elasticidade-preço da


demanda do bem “A” será -0,6.

III. Em equilíbrio com a curva de oferta Qs = 3 + 0,2P (na qual


Qs é a quantidade ofertada), a elasticidade-preço da demanda
do bem “A” será -1.

IV. Se o bem “A” for substituto do bem “B”, o aumento de preço


deste deverá ocasionar aumento da quantidade demandada do
bem “A”.

Está correto o que consta APENAS em:

a) I e II.

b) I e IV.

c) II, III e V.

d) III, IV e V.

e) III e IV.

02. FCC - Analista do Tesouro Estadual (SEFAZ PI)/2015/

Conforme a teoria microeconômica, o conceito de elasticidade


define a sensibilidade de uma variável dependente a mudanças
em variáveis que influenciam o seu comportamento. No caso da

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demanda, variações no preço do bem e na renda do consumidor
afetam a quantidade demandada do produto no mercado sob
análise. Sobre o conceito da elasticidade é correto afirmar que
a

a) elasticidade-renda da demanda pode ser positiva, nula ou negativa,


ao passo em que a elasticidade-preço da demanda é sempre negativa
(fora do módulo) devido à lei geral da demanda.

b) demanda é sensível em relação ao preço quando a elasticidade −


em módulo − é menor que 1, de modo que a quantidade varia
proporcionalmente mais do que a mudança no preço.

c) demanda é perfeitamente elástica ao preço quando a elasticidade-


preço da demanda é igual a 0, de modo que a quantidade varia
proporcionalmente mais do que o preço.

d) demanda é perfeitamente inelástica à renda quando a elasticidade-


renda da demanda converge ao infinito.

e) demanda é elástica ao preço quando a elasticidade − em módulo −


é menor que 1, de forma que a quantidade varia proporcionalmente
menos do que o preço.

03. FGV - Técnico Superior Especializado (DPE


RJ)/Economia/2014/

Suponha uma função demanda do tipo x=a/p, em que p é o


preço de um bem x, e a uma constante positiva. A elasticidade
preço da demanda é igual a

a) 1.

b) -1.

c) -a/p2.

d) -a.

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e) a.

04. FCC - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ RJ)/2014/

Considere as seguintes assertivas relativas à elasticidade −


preço da demanda:

I. A demanda é considerada elástica quando a elasticidade é


maior que 1, o que significa que a quantidade varia
proporcionalmente mais que o preço.

II. A demanda é considerada inelástica quando a elasticidade é


menor que 1, o que significa que a quantidade varia
proporcionalmente menos que o preço.

III. Quanto mais horizontal for uma curva de demanda que


passa por determinado ponto, menor será a elasticidade-preço
da demanda.

IV. Quanto mais vertical for uma curva de demanda que passa
por determinado ponto, maior será a elasticidade-preço da
demanda.

Está correto o que se afirma em

a) I e II, apenas.

b) III e IV, apenas.

c) I e III, apenas.

d) II e IV, apenas.

e) I, II, III e IV.

05. FCC - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ RJ)/2014/

Considere o gráfico a seguir:

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A inclinação da curva de demanda é um dos elementos


matemáticos que afetam a elasticidade-preço de demanda, a
qual expressa o quanto as compras respondem a mudanças de
preços. O resultado do cálculo da inclinação da Curva de
Demanda D1, entre os pontos A e B, é:

a) −1/3

b) −1/4

c) −2/3

d) −2/4

e) −3/4

06. FGV - Analista Judiciário I (TJ AM)/Economia/2013/

Assuma uma função utilidade do tipo Cobb!Douglas em relação


a dois bens U(x1,x2)=x1ax21-a, em que a é uma constante
positiva. Suponha que o preço do bem x1 seja igual a p e o preço
do bem x2 seja igual a 1. Suponha também que a renda seja
exógena e igual a y.

Os valores das elasticidades renda e preço da demanda pelo


bem x1 são, respectivamente:

a) a e ∀1

b) y e ∀1

c) a e –a

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d) 1 e ∀1

e) a/y e ∀1

07. CESPE - Diplomata (Terceiro Secretário)/2008/

A elasticidade preço da demanda de um bem é fundamental


para se compreender a reação da quantidade demandada a
mudanças em seu preço. Com relação a esse tema, julgue (C ou
E) o item seguinte.

Quando o módulo da elasticidade preço da demanda de um bem é igual


a 1, a receita total não se altera quando há variações no preço.

08. CONSULPLAN - Técnico Nível Superior I (Patos de


Minas)/Economista/2015

“Sempre que tentamos explicar o comportamento dos seres


humanos, necessitamos ter uma estrutura na qual possamos
basear nossa análise. Em economia, utilizamos com frequência
uma estrutura baseada em dois princípios simples: Princípio de
Otimização e Princípio de Equilíbrio.”

(Varian, Hal R. in Microeconomia: Princípios Básicos. Rio de


Janeiro: Campus, 2000. Pág.: 3.)

Considerando o trecho anterior, apenas como motivador,


analise as afirmativas, marque V para as verdadeiras e F para
as falsas.

( ) O Princípio de Otimização considera que as pessoas tentam


escolher o melhor padrão de consumo ao seu alcance.

( ) O Princípio de Equilíbrio considera que os preços ajustam!se


até que o total que as pessoas demandam seja igual ao total
ofertado.

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( ) De acordo com o Princípio de Otimização, é razoável supor
que, sendo livres para escolher, as pessoas escolherão as coisas
que desejam, em vez das que não querem.

A sequência está correta em

a) V, F, F.

b) V, V, F.

c) V, V, V.

d) F, F, F.

09. FUNIVERSA - Economista (EMBRATUR)/2011

Acerca de introdução aos problemas econômicos, de escassez e


escolha e de livre mercado, assinale a alternativa correta.

a) Bens é a denominação usual de produtos tangíveis, resultantes das


atividades primárias, secundárias e terciárias de produção.

b) As necessidades humanas são ilimitadas, e os recursos produtivos


existentes na natureza são escassos, ou seja, não são encontrados em
grande abundância.

c) Por mais desenvolvidas que sejam as sociedades, sejam elas


constituídas pelos sistemas de economia de mercado socialista ou
capitalista, formulam cinco perguntas fundamentais para minimizar o
problema da escassez de recursos.

d) Serviços é a denominação usual de coisas intangíveis, resultantes


das atividades primárias e terciárias de produção.

e) As necessidades humanas são limitadas, e os recursos produtivos


existentes na natureza são encontrados em grande abundância, não
havendo, portanto, o problema de se tornarem escassos.

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10. CESPE - Analista Legislativo (CAM DEP)/Área III/Consultor
Legislativo/2014/

Julgue o item seguinte, acerca dos fundamentos de economia e


da microeconomia.

Os modelos empregados em economia são teorias simplificadas que


sintetizam as relações entre as variáveis econômicas por meio de
equações matemáticas, ressaltando as conexões mais importantes
entre essas variáveis.

11. CESPE - Auditor de Controle Externo (TC-DF)/2014/

No que diz respeito à teoria da produção, julgue o item que se


segue.

Não há custo de oportunidade quando a economia opera em um ponto


interno à fronteira de possibilidade de produção.

12. CESPE - Especialista em Regulação de Aviação Civil/Área


4/2012/

Acerca da estrutura de mercado, julgue o item que se segue.

A vantagem competitiva, conceito originado em oposição ao conceito


de vantagem comparativa, pode ser definida como uma vantagem de
determinada empresa em relação aos seus concorrentes. A vantagem
competitiva é avaliada pelo desempenho econômico sistematicamente
superior ao dos demais competidores.

13. CESPE - Especialista em Regulação de Aviação Civil/Área


4/2012/

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Julgue o item a seguir, acerca do equilíbrio do consumidor, dos
efeitos preço, renda e substituição, da elasticidade da demanda
ou procura, dos fatores de produção e da elasticidade da oferta.

Os fatores de produção podem ser classificados em naturais, trabalho


e capital, sendo este último dividido em físico e humano. O capital físico
é formado pelos recursos manufaturados utilizados na produção, pela
educação e pelo conhecimento incorporado na força de trabalho.

14. FCC - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ RJ)/2014/

De acordo com a teoria da ciência econômica, referem-se a


conceitos econômicos, levados em conta nas decisões
individuais:

I. O trade off entendido como termo que define uma situação


de escolha conflitante, ou seja, quando uma ação econômica,
visando à resolução de determinado problema acarreta,
inevitavelmente, outros problemas.

II. O custo de oportunidade é aquilo que o agente econômico


deve ter de recompensa para abrir mão de algum consumo.

III. A mudança marginal que é um pequeno ajuste incremental


em um plano de ação não revestido de racionalidade
econômica.

IV. O incentivo que é algo que induz os indivíduos a agir, tal


como a perspectiva de uma punição ou recompensa.

Está correto o que se afirma em

a) I e II, apenas.

b) II e III, apenas.

c) I e IV, apenas.

d) III e IV, apenas.

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e) I, II, III e IV.

15. FCC - Técnico de Nível Superior


(ARSETE)/Economista/2016

Considere os seguintes problemas básicos da Economia:

I. O que produzir.

II. Como produzir.

III. Quanto produzir.

IV. Para quem produzir.

A existência ilimitada de recursos utilizáveis tornaria frágil o


caráter “econômico” dos problemas contidos em

a) I e IV, apenas.

b) I, II e III, apenas.

c) I, II, III e IV.

d) II e III, apenas.

e) III e IV, apenas.

16. CESPE - Auditor de Controle Externo (TCE-


PA)/Administrativa/Economia/2016

A respeito dos conceitos fundamentais de microeconomia,


julgue o item a seguir.

A economia é a ciência social na qual se estuda como os indivíduos


tomam decisões sob a hipótese de que os recursos, se produzidos e
distribuídos com eficiência, serão suficientes para suprir todas as
necessidades da coletividade.

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17. CESPE - Especialista em Regulação de Serviços de
Transporte Aquaviário/Economico-Financeira/2014/

No que diz respeito à teoria microeconômica, julgue o item que


se segue.

De acordo com a teoria microeconômica tradicional, uma economia de


mercado é usualmente uma forma ineficiente de organização da
atividade econômica de um país.

18. CESPE - Agente de Polícia Federal/2014/

A microeconomia constitui um segmento da ciência econômica


voltado para as relações entre os agentes econômicos e seus
efeitos sobre preços e níveis de equilíbrio. A respeito de
microeconomia, julgue o item subsequente.

Os modelos utilizados na microeconomia são essencialmente de


característica indutiva e ignoram a complexidade do mundo real.

19. FCC - Economista (ALMS)/2016

Considere as seguintes afirmações

I. Se a elasticidade preço cruzada entre os bens A e B é positiva,


então A e B são substitutos.

II. Quando a elasticidade renda da demanda por lagostas é 0,4,


um aumento de renda em 40% levará a um aumento de 16%
na demanda por lagostas.

III. Se a elasticidade preço cruzada entre os bens A e B é


negativa, então tais bens são complementares.

IV. Um bem normal é aquele cuja demanda aumenta quando a


renda aumenta.

Está correto o que se afirma em

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a) I e III, apenas.

b) II e IV, apenas.

c) I, II, III e IV.

d) IV, apenas.

e) II, apenas.

20. FUNIVERSA - Economista (EMBRATUR)/2011

A respeito da elasticidade-preço da procura (Epp) e da


elasticidade-preço da oferta (Eps), assinale a alternativa
correta.

a) Quando Epp for maior que 1, │Epp│ > 1, a procura é inelástica.

b) Quando Eps for maior que 1, │Eps│ > 1, a oferta é inelástica.

c) Quando Epp for maior que 1, │Epp│ > 1, a procura é elástica.

d) Quando Epp for menor que 1, │Epp│ < 1, a procura é elástica.

e) Quando Eps for menor que 1, │Eps│ < 1, a oferta é elástica.

21. ESAF - Analista de Planejamento e Orçamento


(MPOG)/Planejamento e Orçamento/2015/

Seja a seguinte curva de demanda:

Qd = (25.Y)/P

em que Qd = demanda; Y = renda; e P = o preço do bem.

Com base nessas informações, é correto afirmar que:

a) a elasticidade renda da demanda é igual a zero para a parte


inelástica da curva.

b) a elasticidade preço da demanda é menor do que zero.

c) o bem é inferior.

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d) se P = 30, a elasticidade renda da demanda será negativa.

e) é possível que P e Qd aumentem ao mesmo tempo, mesmo Y


mantido constante.

22. ESAF - Analista de Planejamento e Orçamento


(MPOG)/Planejamento e Orçamento/2015/

Suponha Ep = (∆qd/∆p).(p/qd) a elasticidade preço da


demanda e Ey = (∆qd/∆y).(y/qd) a elasticidade renda da
demanda, em que ∆qd = variação da quantidade demandada;
∆p = variação no preço do bem; p = preço do bem; qd =
quantidade demandada do bem; ∆y = variação na renda; e y =
renda do consumidor. Com base nessas informações, é correto
afirmar que:

Xa) Ey pode ser negativa.

b) Ep pode ser positiva.

c) Ey não pode ser maior do que 1.

d) Ep não pode ser menor que zero.

e) Ep + Ey = q/y.

23. FGV - Agente de Fiscalização (TCM SP)/Economia/2015/

Em relação à teoria do consumidor, à elasticidade-preço e à


elasticidade-renda, analise as afirmativas a seguir,
considerando V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s).

( ) A elasticidade-preço da demanda é definida como a variação


percentual na quantidade dividida pela variação percentual no
preço, ou seja, mede como a quantidade demandada muda com
uma variação no preço.

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( ) Se um bem tiver elasticidade-preço da demanda menor do
que 1(um) em valor absoluto, dizemos que ele tem uma
demanda elástica.

( ) A elasticidade-renda da demanda descreve como a


quantidade demandada reage a variações na renda.

( ) Um bem é dito normal quando o aumento da renda provoca


uma redução da sua quantidade demandada.

A sequência correta é:

a) F, F, V e V;

b) V, V, F e F;

c) V, F, F e V;

d) V, F, V e V;

e) V, F, V e F.

24. FGV - Economista (CODEBA)/2010/

Considere a elasticidade da demanda do bem A igual a 0,87 e a


elasticidade da oferta do bem A igual a 1,75. A divisão de um
imposto específico de $ 3 sobre o preço de venda do bem A será
de

a) 34% para o consumidor e 66% para o produtor.

b) 70% para o consumidor e 30% para o produtor.

c) 66% para o consumidor e 34% para o produtor.

d) 30% para o consumidor e 70% para o produtor.

e) 69% para o consumidor e 31% para o produtor.

25. CETRO - Analista Municipal


(Manaus)/Administrativa/Economia/2012/

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Sobre os efeitos de preço, renda e substituição e a elasticidade
da procura, analise as assertivas abaixo.

I. Um aumento de preços provoca uma elevação da receita da


firma quando a demanda do produto é elástica.

II. A elasticidade cruzada de um bem A em relação ao bem B é


negativa, logo são bens complementares.

III. Os bens de inferiores apresentam elasticidade-renda entre


0 e 0,5.

É correto o que se afirma em

a) I e II, apenas.

b) I, apenas.

c) II, apenas.

d) II e III, apenas.

e) I, II e III.

26. ESAF - Especialista em Regulação de Serviços Públicos de


Energia/Área 1/2006/

Suponha que o mercado do bem A seja perfeitamente


competitivo. Seja Eo a elasticidade-preço da oferta e Ed a
elasticidade-preço da demanda. Podemos dizer, que,
relativamente à incidência de um imposto específico sobre o
bem A, em equilíbrio,

a) quando a demanda é totalmente inelástica, o ônus de um imposto


recai igualmente sobre consumidores e produtores.

b) quanto maior a relação Eo/Ed , maior deve ser a parcela do imposto


que recai sobre os consumidores.

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c) os produtores sempre conseguem repassar o imposto para os
consumidores. Assim, os produtores não arcariam com nenhum ônus
do imposto.

d) quanto menor a relação Eo/Ed , maior é a parcela do imposto que


recai sobre os consumidores.

e) quando a demanda é totalmente elástica, a incidência do imposto


recai somente sobre os consumidores.

27. FCC - Agente Fiscal de Rendas (SEFAZ SP)/Gestão


Tributária/2013/

Considere:

I. Se a elasticidade-preço da demanda de um bem X é, em


módulo, menor que 1, uma das possíveis explicações para o fato
é a existência no mercado de um grande número de bens
substitutos para o bem X.

II. Se a demanda do bem X for expressa pela função QD =


15.000 P−2, onde QD representa a quantidade demandada e P,
o preço de mercado, então a elasticidade-preço da demanda do
bem X, em módulo, é constante e igual a 2.

III. Se os bens X e Y forem complementares, então a


elasticidade-cruzada da demanda do bem X em relação ao preço
do bem Y é positiva.

IV. Se a elasticidade-preço for constante e maior que 1 ao longo


de toda a curva da demanda, um aumento de preço diminuirá o
dispêndio total dos consumidores com o bem.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) I.

b) I e II.

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c) II e IV.

d) III e IV.

e) II, III e IV.

28. FCC - Técnico de Nível Superior


(ARSETE)/Economista/2016

Se a variação percentual da quantidade ofertada de um bem em


relação à variação percentual do preço deste mesmo bem é
maior do que 1, é correto afirmar que esse bem apresenta

a) oferta elástica.

b) elasticidade-renda negativa.

c) demanda inelástica.

d) demanda elástica, no ponto.

e) elasticidade-renda positiva.

29. CESPE - Auditor de Controle Externo (TCE-


PA)/Fiscalização/Economia/2016

Considerando que a curva de demanda de determinado bem é


)
dada pela equação(. ∀ 2 ∋ 6 )∗, em que P corresponde ao preço
4

do produto e Q à quantidade demandada, julgue o item que se


segue.

Para um preço igual a 2, a elasticidade-preço pontual da demanda é


igual a 1.

30. CESPE - Auditor de Controle Externo (TCE-


PA)/Fiscalização/Economia/2016

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Considerando que a curva de demanda de determinado bem é
)
dada pela equação . ∀ 2 ∋ 6 )∗, em que P corresponde ao preço
4

do produto e Q à quantidade demandada, julgue o item que se


segue:

Se para P > 5 a elasticidade-preço da demanda é elástica, então, a


partir desse intervalo, um aumento no preço acarretará redução da
receita total.

31. CESPE - Auditor de Controle Externo (TCE-


PA)/Fiscalização/Economia/2016

Considerando que a curva de demanda de determinado bem é


)
dada pela equação . ∀ 2 ∋ 6 )∗, em que P corresponde ao preço
4

do produto e Q à quantidade demandada, julgue o item que se


segue.

Em curvas de demandas lineares, a elasticidade assumirá valores


elevados para quantidades pequenas e valores reduzidos para
quantidades grandes.

32. CESPE - Auditor de Controle Externo (TCE-


PA)/Fiscalização/Economia/2016

Considerando que a curva de demanda de determinado bem é


)
dada pela equação . ∀ 2 ∋ 6 )∗, em que P corresponde ao preço
4

do produto e Q à quantidade demandada, julgue o item que se


segue.

Se o preço do bem aumentar de R$ 3 para R$ 3,30, a demanda será


inelástica com relação ao preço.

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33. CESPE - Auditor de Controle Externo (TCE-
PA)/Fiscalização/Economia/2016

Considerando que a curva de demanda de determinado bem é


)
dada pela equação . ∀ 2 ∋ 6 )∗, em que P corresponde ao preço
4

do produto e Q à quantidade demandada, julgue o item que se


segue.

Uma curva de demanda linear tem elasticidade-preço da demanda


constante para todos os níveis de preço de um produto.

34. FCC - Profissional de Nível Superior (ELETROSUL)/Ciências


Econômicas/2016

A respeito da demanda, podemos afirmar que

a) a elasticidade-preço independe do coeficiente angular da curva de


demanda.

b) é denominada elástica se a variação percentual da quantidade


demandada for menor que a variação percentual do preço.

c) a existência de bens substitutos pode exercer influência sobre a


elasticidade de um bem.

d) desconsiderando outros fatores, é de se esperar que a elasticidade-


preço da demanda de um bem seja tanto maior quanto mais essencial
for ele para o consumidor.

e) a elasticidade-preço é a mesma para qualquer ponto da curva de


demanda.

35. CESPE - Auditor Fiscal de Controle Externo (TCE-


SC)/Controle Externo/Economia/2016

Acerca da determinação do preço de um bem e de elasticidade


da procura, julgue o item a seguir.

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Situação hipotética: Em um mercado em equilíbrio inicial e com a renda
nominal constante, um consumidor adquiriu determinada quantidade
do bem 1 e determinada quantidade de outros bens. Posteriormente,
houve aumento no preço do bem 1. Assertiva: Nessa situação, o bem
1 será considerado elástico se, em decorrência do aumento de seu
preço, a despesa com os demais bens diminuir.

36. FGV - Analista de Gestão (COMPESA)/Economista/2014

Seja a curva de demanda linear do tipo y = c – d*p, em que y é


a quantidade demandada, p é o preço e c e d são parâmetros
fixos e positivos.

Assinale a opção que indica a faixa de preço, na qual o


consumidor escolhe a quantidade y na parte inelástica da
demanda.

a) Apenas quando p = c/2d.

b) Apenas quando p = 0.

c) Apenas quando p > c/d.

d) Apenas quando p < c/2d.

e) Apenas quando p > c/2d.

37. FGV - Analista Judiciário (TJ BA)/Apoio


Especializado/Economia/2015

Em países mais pobres, a participação no orçamento de gastos


com bens mais básicos, como pães, é muito elevada, enquanto
em países mais ricos, essa participação é baixa. Em termos de
elasticidade, a demanda por esses bens tende a ser:

a) mais elástica em relação ao preço nos países mais pobres em relação


aos mais ricos;

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b) mais elástica em relação ao preço nos países mais ricos em relação
aos mais pobres;

c) menos elástica em relação ao preço no longo prazo tanto nos países


mais ricos como nos mais pobres;

d) elástica em relação à renda nos países mais pobres e mais ricos;

e) mais elástica em relação ao preço se há poucos bens substitutos em


ambos os países.

38. VUNESP - Analista (Pref SP)/Planejamento e


Desenvolvimento Organizacional/Ciências Econômicas/2015

A cidade de São Paulo tem enfrentado nos últimos anos os


efeitos da crise hídrica e no último verão o produto água
mineral, em decorrência das altas temperaturas registradas no
período, sofreu aumento de sua demanda mesmo com a
inflação dos preços superior àquela observada nos índices de
preços ao consumidor. Sendo um bem de consumo essencial,
caso fosse desconsiderado o aumento de demanda decorrente
das altas temperaturas, ainda assim, independentemente dos
preços praticados, a curva de demanda

a) seria representada por uma linha reta vertical, paralela, portanto,


ao eixo do preço.

b) seria representada por uma linha reta horizontal, paralela, portanto,


ao eixo do preço.

c) seria representada por uma linha reta vertical, paralela, portanto,


ao eixo da quantidade.

d) seria representada por uma linha reta horizontal, paralela, portanto,


ao eixo da quantidade.

e) seria que a elasticidade, calculada no ponto médio, é sempre igual


a 1.

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39. CESPE - Especialista em Geologia e Geofísica do Petróleo e


Gás Natural (ANP)/Área I/2013

A oferta e a demanda de petróleo têm características


particulares, na forma de coordenação, em relação aos demais
setores econômicos. Acerca desse assunto, julgue o item a
seguir.

A elasticidade de preço da demanda é muito baixa.

40. FGV - Analista Judiciário (TJ RO)/Economista/2015

Suponha que, no ano de 2000, os brasileiros tenham fumado


380 bilhões de cigarros. O preço médio no varejo era de R$2
por maço. Estudos estatísticos mostraram que o valor absoluto
da elasticidade-preço da demanda era de 0,5. Considerando
essas informações e que a curva de demanda é linear, a curva
de demanda por cigarro no Brasil, expressa em bilhões de
unidades, é dada por:

a) Q(P) = 500 – 95P;

b) Q(P) = 540 – 80P;

c) Q(P) = 550 – 85P;

d) Q(P) = 570 – 95P;

e) Q(P) = 600 – 110P.

41. CESGRANRIO - Supervisor de Pesquisas (IBGE)/Geral/2016

Uma pessoa gasta 10% de sua renda em energia elétrica e


diminuiria seu consumo em 5%, se o preço da eletricidade
aumentasse 10% e não ocorressem mudanças nas demais
variáveis que influenciam a demanda.

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Logo, o valor máximo possível da elasticidade renda da
demanda por eletricidade dessa pessoa é, aproximadamente,
igual a

a) -1

b) 1

c) 3

d) 5

e) 7

42. CESGRANRIO - Supervisor de Pesquisas (IBGE)/Geral/2016

Uma pessoa gasta 20% de sua renda de 100 unidades


monetárias comprando alimentos. Quando sua renda aumenta
para 110 unidades monetárias, e não ocorrem mudanças nas
demais variáveis que influenciam a demanda, essa pessoa
continua a gastar 20% da renda comprando alimentos.

Desse fato deduz-se que sua demanda por alimentos tem


elasticidade

a) renda igual a zero

b) renda igual a um

c) renda igual a dois

d) próprio preço igual a zero

e) próprio preço igual a um

43. CESPE - Auditor de Controle Externo (TCE-


PA)/Planejamento/Economia/2016

A respeito da teoria do consumidor, julgue o item a seguir.

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Em uma economia com dois bens, um inferior e outro normal, a queda
da renda dos consumidores resulta em aumento do preço do bem
inferior.

44. FGV - Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal


(Cuiabá)/2016

Assuma que uma pessoa consome os bens A e B.

Quando a pessoa tem uma queda de 10% de sua renda, o


consumo do bem A diminui em 20% e, o do bem B, aumenta em
10%.

Considerando o conceito de elasticidade, os bens A e B são,


respectivamente,

a) inferior e superior.

b) de luxo e normal.

c) substituto e complementar.

d) supérfluo e inferior.

e) de Giffen e inferior.

45. FGV - Analista de Gestão (COMPESA)/Economista/2014

Ao longo dos últimos anos, a renda dos brasileiros apresentou


um forte crescimento, o que trouxe uma mudança nas suas
preferências. Assim, bens e serviços de baixa qualidade foram
substituídos pelos de alta qualidade. Logo, bens e serviços de
baixa qualidade são bens

a) normais e sua curva de Engel é decrescente.

b) normais e sua curva de Engel é crescente.

c) inferiores e sua curva de Engel é decrescente.

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d) inferiores e sua curva de Engel é crescente.

e) inferiores e sua curva de expansão da renda é crescente.

46. CESPE - Especialista Em Regulação de Petróleo e Derivados,


Álcool Combustível e Gás Natural (ANP)/Área II/2013

De acordo com a teoria clássica da demanda, julgue o item a


seguir.

Por definição, um bem é dito inferior se, e somente se, sua quantidade
demandada reduz quando o preço do bem diminui.

47. CESPE - Especialista em Geologia e Geofísica do Petróleo e


Gás Natural (ANP)/Área I/2013

A oferta e a demanda de petróleo têm características


particulares, na forma de coordenação, em relação aos demais
setores econômicos. Acerca desse assunto, julgue o item a
seguir.

A elasticidade de renda da demanda é baixa.

48. CESPE - Especialista em Geologia e Geofísica do Petróleo e


Gás Natural (ANP)/Área I/2013

A oferta e a demanda de petróleo têm características


particulares, na forma de coordenação, em relação aos demais
setores econômicos. Acerca desse assunto, julgue o item a
seguir.

A elasticidade de preço da oferta é elevada.

49. CESGRANRIO - Analista de Pesquisa Energética


(EPE)/Petróleo/Abastecimento/2010/

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O gráfico abaixo mostra curvas de oferta de maçãs, a curto e a
longo prazos.

De acordo com o gráfico, conclui-se que

a) AB é a curva de longo prazo.

b) maçãs são bens normais.

c) maçãs são bens de demanda elástica.

d) maçãs são bens inferiores.

e) no ponto A, AC é mais elástica a preços do que AB.

50. CESGRANRIO - Supervisor de Pesquisas


(IBGE)/Geral/2014/

Em certo país, todos os anos, ocorre um grande aumento do


preço do peixe na Semana Santa.

Tal fato acontece porque a demanda aumenta e a(o)

a) oferta de peixe é muito inelástica a curto prazo.

b) oferta de peixe é muito elástica a longo prazo.

c) oferta de peixe tem elasticidade preço cruzado elevada.

d) custo de estocagem de peixe é baixo.

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e) peixe é um bem com muitos substitutos para seu comprador.

51. FCC - Analista (PGE MT)/Economista/2016


É preciso que haja a restrição orçamentária para os
consumidores porque

a) a utilidade dos consumidores, por consumirem bens, atinge um nível


máximo e requer uma restrição orçamentária.

b) os consumidores devem pagar por cada bem que consomem,


mesmo com renda ilimitada.

c) os consumidores devem pagar pelos bens, mesmo com renda


limitada.

d) os preços e as rendas são inversamente relacionados.

e) a curva de demanda dos bens geralmente possui inclinação


negativa.

52. ESAF - Especialista em Regulação de Aviação Civil/Área


3/2016

Admitindo que o governo busque aumentar sua arrecadação em


T unidades monetárias e que as funções indiferença dos
consumidores sejam estritamente convexas, então, para um
conjunto de bens normais,

a) um tributo sobre a renda mudaria os preços relativos, mas não


alteraria a restrição orçamentária do consumidor.

b) um tributo sobre a quantidade consumida de um dado bem deixaria


o consumidor em melhor situação, dado que ele aumentaria o esforço
para auferir mais renda.

c) um tributo sobre a quantidade consumida deixaria o consumidor em


melhor situação quando comparado com um tributo sobre a renda.

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d) sob condições específicas, o tributo sobre a renda deixaria o
consumidor com um nível de satisfação maior do que um tributo sobre
a quantidade consumida.

e) a escolha ótima do consumidor não se altera, independentemente


do tipo de tributo adotado.

53. ESAF - Especialista em Regulação de Aviação Civil/Área


3/2016

Suponha que o governo imponha aos consumidores uma quota


de consumo para um dado bem. A partir dessa quota, cada
unidade adicional do bem é taxada em t unidades monetárias
por unidade a mais consumida. Assim, é correto afirmar que

a) a reta de restrição orçamentária sofrerá uma quebra no limite dessa


quota.

b) a reta de restrição orçamentária afastar-se-á da origem.

c) haverá um efeito renda positivo.

d) a inclinação da reta de restrição orçamentária não sofrerá alteração.

e) o tributo afeta apenas a renda, mantendo os preços relativos


inalterados.

54. ESAF - Especialista em Regulação de Aviação Civil/Área


3/2016

Seja o conjunto (x1, x2) a representação da cesta de consumo


do consumidor em que x1 e x2 são as quantidades dos bens 1 e
2, respectivamente. Suponha que os preços desses bens sejam
dados por p1 (para o bem 1) e p2 (para o bem 2) e que o
orçamento do consumidor seja dado por R. Com base nessas
informações, é correto afirmar que

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a) as quantidades demandadas dos bens 1 e 2 dependem da
produtividade marginal dos fatores de produção.

b) a inclinação da restrição orçamentária depende da relação entre x1


e x2.

c) a função restrição orçamentária é homogênea de grau zero em p1,


p2 e R.

d) a quantidade máxima que o consumidor pode adquirir do bem 2 é


dada pela relação R/p1.

e) o conjunto orçamentário é dado pela reta R=p1x1+p2x2.

55. CESPE - Economista (MPOG)/"PGCE (Especial)"/2015

Considerando a restrição orçamentária linear do consumidor no


espaço de bens, em que a quantidade do bem x é representada
no eixo das abscissas, e a do bem y, no eixo das ordenadas,
julgue o próximo item.

Se o preço do bem x duplicar e o do y triplicar, então a restrição


orçamentária do consumidor ficará menos inclinada em relação a
restrição orçamentária original do consumidor.

56. CESPE - Economista (MPOG)/"PGCE (Especial)"/2015

Considerando a restrição orçamentária linear do consumidor no


espaço de bens, em que a quantidade do bem x é representada
no eixo das abscissas, e a do bem y, no eixo das ordenadas,
julgue o próximo item.

Se os preços dos bens x e y duplicarem e a renda do consumidor


triplicar, então haverá deslocamento paralelo para a direita da restrição
orçamentária.

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57. CESGRANRIO - Analista de Pesquisa Energética
(EPE)/Petróleo/Abastecimento/2010/

A renda monetária de um consumidor dobrou e todos os preços


dos bens e serviços que ele compra quadruplicaram.

Nessa perspectiva, conclui-se que

a) ele comprará maior quantidade de bens elásticos em relação a


preços.

b) os preços relativos entre os bens e serviços que ele compra não


mudaram.

c) as suas compras de bens normais aumentarão.

d) sua renda nominal diminuiu.

e) sua renda real dobrou.

58. FGV - Técnico Superior Especializado (DPE


RJ)/Economia/2014/

Suponha que a restrição orçamentária de um consumidor seja


escrita como:

p1x1 + p2x2 = y

Suponha ainda que, inicialmente, ele escolha uma cesta de bens


sobre a reta da restrição orçamentária e que nenhum deles seja
um bem inferior. O consumidor passa a consumir mais dos dois
bens, quando

a) sua renda subir, sem que os preços sejam alterados.

b) o preço de x1 dobrar e a renda de x2 cair pela metade.

c) os preços dos dois bens e a renda reduzirem pela metade.

d) ele abrir mão de consumir um dos bens.

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e) a reta orçamentária se deslocar paralelamente em direção à
origem dos eixos.

CESPE - Economista (CADE)/2014/

O gráfico acima, que representa as quantidades demandadas do


bem A ― eixo horizontal― e do bem B ― eixo vertical ―, mostra
alguns efeitos na restrição orçamentária de um consumidor,
efeitos que resultam da variação no preço do bem A. Após a
variação no preço do bem A, a restrição orçamentária do
consumidor desloca-se para a esquerda (de RO para RO’); U é
a curva de utilidade do consumidor — tangência RO no ponto X
—; U’ é a outra curva de utilidade do consumidor ― tangência
RO’ no ponto Y ―; a reta PT é paralela à RO’ e tangência U no
ponto Z o equilíbrio do consumidor move-se do ponto X = (QX,
Q1) para o ponto Y = (QY, Q2), no qual QX > QZ > QY > 0 e Q2
> Q1 > 0. Considerando essas informações e o gráfico, julgue o
item subsequente.

59. O gráfico mostra redução no preço do bem A.

60. A variação no preço do bem A ocasionou perda no poder de


compra do consumidor.

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61. CESPE - Auditor de Controle Externo (TC-DF)/2014/

A respeito da teoria microeconômica do consumidor, julgue o


próximo item.

Para um consumidor com orçamento inteiramente gasto com


dois bens, o aumento do preço de um dos bens causará,
necessariamente, a redução no consumo de ambos os bens,
exceto se um deles for inferior.

62. CESPE - Economista (SUFRAMA)/2014/

No que se refere à teoria do consumidor, julgue o item que se


segue.

Considere uma economia com dois bens, B1 e B2, estando B1


representado no eixo das ordenadas, e B2, no eixo das
abscissas. Nessa situação, se o preço de B1 for duplicado e o de
B2 for triplicado, a restrição orçamentária do consumidor será
deslocada para a esquerda e ficará mais inclinada.

63. CESPE - Economista (MJ)/2013/

Suponha que as famílias atendidas pelo Programa Bolsa Família


tenham preferências bem comportadas com relação a alimento
e vestuário, que esses dois bens sejam normais e que seus
preços mantenham-se constantes.

Com base nessa situação, julgue o item.

O conjunto orçamentário de uma família é formado por todas


as combinações de quantidades de bens e serviços que podem
ser adquiridas, apresentando como limites os preços relativos
e a renda dessa família

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64. CESGRANRIO - Analista de Pesquisa Energética
(EPE)/Petróleo/Abastecimento/2014/

Suponha que um consumidor tenha renda igual a y reais, sua


cesta de bens inclua água e pão, e que sua restrição
orçamentária seja representada pela reta decrescente no
gráfico abaixo.

Suponha que a água custe 2 reais, e o pão, 4 reais. Na situação


em que a renda do consumidor é igual a 100 reais e em outra
situação na qual sua renda é de 150 reais, a inclinação da
restrição orçamentária acima será, respectivamente,

a) 2 e 2,5

Xb) 2 e 2

c) ½ e ½

d) ½ e ¾

e) 4 e 2

65. FGV - Técnico de Fomento C (BADESC)/Economista/2010/

O preço de um livro (L) é $ 40, enquanto o de uma revista (R)


é $ 10. Leibniz tem um orçamento (OR) de $ 100.

A linha de restrição orçamentária de Leibniz que representa sua


limitação orçamentária é:

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a) OR = 40L + 10R

b) OR = 4000L + 1000R

c) OR= (40L*10R)/100

d) OR= (40L*10R)*100

e) OR = 0,4L+0,1R

66. CESGRANRIO - Profissional Júnior (BR)/Economia/2010/

Um consumidor ganha R$ 100,00 por mês e gasta R$ 30,00


pagando seu aluguel mensal. Suponha que o aluguel aumente
20%, que nenhum outro preço dos bens e serviços que compra
se altere e que sua renda monetária aumente 5%. A mudança
em sua renda real será, aproximadamente, de

a) menos 1%

b) mais 1%

c) mais 4%

d) menos 5%

e) mais 5%

67. CESGRANRIO - Analista Ambiental


(INEA)/Economista/2008/

Um consumidor tem uma renda monetária de R$ 100,00/mês,


gasta 30% da renda pagando aluguel e 20% com alimentação.
Se o aluguel aumentar 10% e os alimentos diminuírem de preço
15%, os demais preços não sofrendo alteração, pode-se afirmar
que o consumidor

a) sofreu um aumento de renda real de 5%.

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b) precisa receber uma renda monetária adicional de R$ 5,00/mês para
manter seu padrão de vida (sua renda real).

c) poderá alcançar um nível de bem estar maior, isto é, uma curva de


indiferença mais alta quando reotimizar suas escolhas.

d) vai, certamente, diminuir o consumo de alimentos para pagar o


aluguel.

e) vai, certamente, tentar trabalhar mais para pagar o aluguel.

68. CESPE - Especialista em Regulação de Aviação Civil/Área


4/2012/

Julgue o item a seguir, acerca do equilíbrio do consumidor, dos


efeitos preço, renda e substituição, da elasticidade da demanda
ou procura, dos fatores de produção e da elasticidade da oferta.

Caso a renda nominal dos consumidores seja constante, a elevação do


preço do ingresso de um jogo do campeonato brasileiro de futebol
acarretará uma tendência de queda da demanda por esse bem. Para
continuar consumindo a mesma quantidade de ingressos para os jogos
desse campeonato, os consumidores teriam de abrir mão do consumo
de outros bens.

69. CESPE - Economista (SUFRAMA)/2014/

No que se refere à teoria do consumidor, julgue o item que se


segue.

Quando preços dos bens e renda do consumidor são multiplicados por


escalar positivo, a restrição orçamentária não é alterada.

70. CESPE - Economista (MJ)/2013/

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O Ministério da Justiça (MJ) tem um montante fixo para gastar
na aquisição de dois bens: mesas e computadores. Ainda, o MJ
planeja ocupar um prédio de sua propriedade, atualmente
alugado para profissionais liberais.

Com base nessa situação hipotética, julgue o item seguinte.

A duplicação dos preços da mesa e do computador apresenta o mesmo


efeito, na linha do orçamento, que a redução, pela metade, do
montante fixo.

71. CESPE - Agente de Polícia Federal/2009

Julgue o item que se segue, a respeito de tributos, tarifas e


subsídios, e tendo como foco a eficiência econômica e a
distribuição da renda.

Suponha que uma pessoa tenha uma renda de R$ 1.200,00,


despendida no consumo de dois conjuntos de bens e serviços x e y,
cujos preços unitários são, respectivamente, iguais a R$ 1,00 e R$
3,00. Suponha, ainda, que a linha do orçamento seja representada pela
equação: qx + 3qy = 1.200. Nesse caso, se o preço de y se elevar para
R$ 4,00, por aumento da tributação, permanecendo constantes a renda
e o preço de x, a inclinação da reta se elevará de um terço para um
quarto.

72. CESPE - Auditor Federal de Controle Externo/1998

A teoria da demanda baseia-se nas decisões dos consumidores


e requer o conhecimento de como são formadas as suas
preferências. A esse respeito, julgue os itens abaixo.

A inclinação da curva de restrição orçamentária depende dos preços


relativos dos bens e da renda do consumidor.

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