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ELASTICIDADE
Cada produto tem uma sensibilidade específica com relação às variações dos preços e da renda.
Essa sensibilidade ou reação pode ser medida por meio do conceito de elasticidade.
Genericamente, a elasticidade reflete o grau de reação ou sensibilidade de uma variável quando
ocorrem alterações em outra variável, coeteris paribus.
Trata-se de um conceito econômico que pode ser objeto de cálculo a partir de dados do mundo
real, permitindo-se, desse modo, o confronto das proposições da teoria econômica com os dados
da realidade.
O conceito de elasticidade representa uma informação bastante útil tanto para as empresas como
para a administração pública. Nas empresas, a previsão de vendas é de extrema importância, pois
permite uma estimativa da reação dos consumidores em face das alterações nos preços da empresa,
dos concorrentes e em seus salários. Para o planejamento macroeconômico, a elasticidade é de
igual importância, pois pode-se prever, da balança , por exemplo, qual seria o impacto de uma
desvalorização cambial de 30% sobre o saldo da balança comercial, ou qual a sensibilidade dos
investimentos privados a alterações na tributação ou na taxa de juros.
Todas as empresas sabem que, dada uma curva de demanda, a quantidade demandada será maior
se baixarem os preços. Porém, se estes sobem, a quantidade demandada reduzirá. Uma informação
de grande interesse às empresas é como as mudanças de preços afetam a receita total. O que os
empresários querem saber é se as mudanças nos preços elevarão ou reduzirão a receita total, isto
é, qual o resultado da multiplicação do preço pela quantidade vendida.
Segundo o quadro abaixo, quando se reduz o preço de venda, passando de $ 100,00 para $ 80,00
a unidade, a quantidade demandada aumenta. De qualquer modo, o resultado para a empresa será
muito diferente se estivermos no caso 1 ou no caso 2.
Em ambas as situações, a quantidade demandada aumenta, porém no caso 1 a receita total diminui,
enquanto no caso 2 a receita total aumenta em relação á situação inicial, na qual a empresa obtinha
30.000,00 MT. O sentido da variação da receita total, quando muda o preço, depende da
“sensibilidade da quantidade demandada”. Isso se expressa por meio do conceito de elasticidade
da demanda.
Δ% do Preço
Preço
Dado que a curva de demanda tem uma inclinação negativa, as variações de P e Q são no sentido
contrário, pois o quociente da variação teria sinal negativo. Por isso, o valor da elasticidade
geralmente é multiplicado por -1 para que se trabalhe com valores positivos. Além do mais, as
variações estão expressas em porcentagem, pois a unidade em que o bem é medido não influi na
elasticidade.
Vamos aplicar essa fórmula para calcular a elasticidade da demanda de três empresas que vendem
balas. Os quadros e os gráficos abaixo refletem, para dois valores reais de preço, a variação entre
o preço das balas e a quantidade demandada de balas para cada uma das empresas, a partir dos
quais se calcula o valor da elasticidade.
Uma redução dos preços faz com que os consumidores consumam uma quantidade maior do bem
do que a variação percentual do seu preço.
Isso quer dizer que os consumidores, consumirão proporcionalmente mais de acordo com o
aumento do preço.
Quadro: Elasticidade da demanda da empresa Balas Ácidas S/A.
Preço unitário Quantidade Variação Variação Elasticidade da
Das balas Demandada percentual percentual do demanda
($) (milhares de Da quantidade preço (Ed)
(P) (unidades) Demandada (ΔP/P x 100)
(Q) (ΔQ/Q x 100)
0,05 100 10 x 100 = 10% 0,01 x 100 = 20% 10/100 = 0,5
100 0,05 0,01/0,05
0,04 110
Isso quer dizer que os consumidores, irão consumir uma proporção menor do bem, em relação a
variação no seu preço.
Gráficos: Elasticidade da Demanda
A demanda é elástica quando uma variação percentual do preço gera maior aumento percentual
de quantidade, no gráfico igual a 2.
A elasticidade da demanda é unitária quando uma redução percentual igual ao da quantidade, no
gráfico b, Ed é igual a 1.
A demanda é inelástica quando uma variação percentual do preço produz menor aumento
percentual de quantidade; no gráfico c, Ed é igual a 0,5.
Afinal, o que faz com que alguns bens tenham demanda elástica ou inelástica, isto é, que fatores
explicam os valores obtidos para a elasticidade-preço da demanda?
Disponibilidade de bens substitutos: quanto mais substitutos houver para um bem, mais
elástica será sua demanda, pois pequenas variações em seu preço, para cima, por exemplo,
farão com que o consumidor passe a adquirir seu substituto, provocando queda em sua
demanda mais que proporcional à variação do preço.
Nesse sentido, quanto mais específico mercado, maior a elasticidade. Ou seja, a
elasticidade preço da demanda de guaraná será maior que a de refrigerantes em geral, pois
existem mais substitutos para o guaraná do que para refrigerantes em geral. Na mesma
linha, a elasticidade preço da procura da pasta de dente de mentol é maior que a de pastas
de dente em geral.
Essencialidade do bem: se o bem é essencial, será pouco sensível à variação de preço, terá,
portanto, demanda inelástica.
Importância do bem, quanto a seu gasto, no orçamento do consumidor: quanto mais
importante o gasto referente a determinado bem (maior ponderação) em relação ao gasto
total (orçamento) do consumidor, mais sensível torna-se o consumidor a alterações em seu
preço (ou seja, a demanda é mais elástica). Por exemplo, a elasticidade preço demanda de
carne tende a ser mais elevada que a de fósforos, já que o consumidor gasta uma parcela
maior de seu orçamento com carne do que com fósforos.
Elasticidade da Demanda: Casos Extremos
Os dois casos extremos que vamos considerar são: quando a demanda é perfeitamente inelástica e
quando a demanda é perfeitamente elástica.
A demanda é perfeitamente inelástica – isto é, sua elasticidade é zero – quando, ao variar o preço,
a demanda não mostra nenhuma resposta na quantidade demandada.
Na figura abaixo, aparece uma curva de demanda vertical, cuja elasticidade é zero. Quando uma
pessoa diz: ”Tenho de conseguir a qualquer preço”, está afirmando que, para ela, a demanda do
bem é perfeitamente inelástica.
Demanda elástica: a redução no preço do bem tenderá a aumentar a receita total, pois o aumento
percentual na quantidade vendida será maior do que a redução percentual do preço (trata-se de um
mercado em que os consumidores têm demanda bastante sensível a preços). Da mesma forma, um
aumento de preço provocará redução da receita total.
Demanda Inelástica: o raciocínio é inverso – aumento de preço provoca aumento da receita total,
e redução de preço provoca diminuição da receita total.
Isso explica o comportamento de certos agricultores que preferem queimar ou destruir parte de
suas colheitas, pois, dessa forma, conseguem elevar os preços de seus produtos e aumentar as
receitas totais, uma vez que a demanda do produto agrícola pode ser inelástica.
A receita total do produtor, que equivale ao gasto total dos consumidores, para uma dada
mercadoria é igual a quantidade vendida vezes seu preço unitário de venda.
RT = P x Q
RT = receita total
P = preço unitário;
Q = quantidade vendida
Dada uma variação no preço do produto, o que acontecerá com a receita total do produtor? Tal
resposta dependerá da reação dos consumidores, isto é, do grau de elasticidade preço demanda.
Vimos que o recolhimento de impostos aos cofres públicos é feito pelas empresas, isso não
significa que ela efetivamente pagará a totalidade do imposto, pois pode repassar parte do ônus
para o consumidor final, via aumento de preços de seus produtos. Parece claro que:
Quanto mais inelástica for à demanda do bem, maior será a proporção do imposto repassado ao
consumidor e menor a parcela paga pelo produtor. O consumidor não tem muitas condições de
diminuir o consumo do bem, provavelmente porque tem poucos produtos substitutos. Trata-se de
uma característica mais comum em mercados em que a produção está concentrada em poucas
empresas.
Quanto mais elástica for à demanda do bem, menor será a proporção do imposto repassada ao
consumidor e maior a parcela paga pelo produtor. Mercados com um número bastante grande de
empresas produtoras costumam apresentar esse comportamento.
Er = Δ% Quantidade Demandada
Δ% Renda do Consumidor
Se a elasticidade renda da demanda (Er) é negativa, o bem é inferior, ou seja, aumentos da renda
levam a queda no consumo desse bem, coeteris paribus.
Se a elasticidade renda da demanda (Er) é positiva, mas menor que 1, o bem é normal, isto é,
aumentos de renda levam a aumentos no consumo.
Se a elasticidade renda da demanda (Er) é positiva e maior que 1, o bem é superior ou de luxo, ou
seja, aumentos na renda dos consumidores levam a um aumento mais que proporcional no
consumo do bem. Por exemplo: Er = 1,5 – um aumento da renda do consumidor de, digamos, 10%
levará a um amento do consumo desse bem de 15%, coeteris paribus.
É oportuno salientar que essa distinção não tem relevância para os consumidores mais pobres, para
os quais não existem bens inferiores.
Se X e Y forem bens substitutos, Ec será positiva: um aumento no preço do guaraná deve provocar
uma elevação do consumo de soda, coeteris paribus.
Eo = Δ% Quantidade Ofertada
Δ% Preço do bem
Tendo em conta sua semelhança com a elasticidade da demanda, comentaremos somente os casos
extremos:
A elasticidade da oferta é zero, isto é, a oferta é perfeitamente inelástica quando a curva de oferta
é vertical. Nesse caso, a quantidade oferecida não aumenta independentemente da elevação do
preço. Assim, por exemplo, a curva de oferta de quadros do pintor Portinari é perfeitamente
inelástica> Tem uma quantidade fixa que não pode aumentar, mesmo que suba o preço.
A elasticidade da oferta é infinita, isto é, a oferta é perfeitamente elástica quando a curva de oferta
é horizontal.
Nesse caso, os ofertantes estão dispostos a vender toda a quantidade que se demanda.
Observações:
Na oferta perfeitamente inelástica, a quantidade oferecida pelo ofertante será sempre a mesma,
independente do preço.
Na oferta perfeitamente elástica, o preço oferecido será sempre o mesmo, independente de quanto
exista de demanda.
Exercícios:
1-A quantidade demandada de um determinado bem reduziu 60% quando o preço do bem
aumentou 5%. Considerando estas informações, calcule a Elasticidade da Demanda e identifique
o tipo de Curva da Demanda.
a) Quando o preço aumenta, a receita total aumenta, se a demanda for elástica, coeteris paribus.
b) Quando o preço aumenta, a receita total diminui, se a demanda for inelástica, coeteris paribus.
c) Quedas de preço de um bem redundarão em quedas da receita dos produtores desse bem, se a
demanda for elástica, coeteris paribus
d) Todas as alternativas anteriores são falsas.
6 – A incidência tributária é maior sobre quem quando o bem tem demanda elástica?