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ECONOMIA DE

EMPRESAS
Fernanda Cristina Vianna
Trilha 3: Elasticidade e sua aplicação

TRILHA DE APRENDIZAGEM 3

Elasticidade e sua
aplicação
Objetivos de aprendizagem

• Compreender o conceito de elasticidade.

• Apresentar os diferentes tipos de elasticidade (da demanda e da oferta).

• Aplicações de elasticidade no dia a dia das empresas.

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Trilha 3: Elasticidade e sua aplicação

Tópicos da trilha
1. Elasticidade ................................................................................. 3
1.1 Elasticidade da demanda........................................................ 3

1.2 Elasticidade da oferta ............................................................. 7

Palavras-chave ................................................................................ 9

Referências ................................................................................... 10

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Trilha 3: Elasticidade e sua aplicação

3.1 Elasticidade
Na trilha anterior, vimos por meio de uma abordagem qualitativa o
comportamento da quantidade demandada/quantidade ofertada frente a
mudanças nos determinantes da demanda/oferta, ou seja, verificamos apenas
em que direção a quantidade se move, mas não o quanto ela se move. Para
medir o quanto os consumidores reagem a essas mudanças, os economistas
usam o conceito de elasticidade (MANKIW, 2013).

A elasticidade é, portanto, uma medida da resposta da quantidade


demandada ou da quantidade ofertada a uma variação em um de seus
determinantes. Ela é sinônimo de sensibilidade, resposta e reação de uma
variável, em face de mudanças em outras variáveis (VASCONCELLOS, 2011).

Segundo Vasconcellos (2011, p. 65), são comumente estudados quatro


tipos de elasticidade, sendo três da demanda e uma da oferta:

• elasticidade-preço da demanda: é a variação percentual na quantidade


demandada, dada uma variação percentual no preço do bem, coeteris
paribus;

• elasticidade-renda da demanda: é a variação percentual na quantidade


demandada, dada uma variação percentual na renda, coeteris paribus;

• elasticidade-preço cruzada da demanda: é a variação percentual na


quantidade demandada, dada uma variação percentual no preço de outro
bem, coeteris paribus;

• elasticidade-preço da oferta: é a variação percentual na quantidade


ofertada, dada uma variação percentual no preço do bem, coeteris
paribus.

3.1.1 Elasticidade da demanda


A lei da demanda afirma que uma queda no preço de um bem aumenta
sua quantidade demandada. A elasticidade-preço da demanda (Epp) mede o

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Trilha 3: Elasticidade e sua aplicação

quanto a quantidade demandada reage a uma mudança de preço, coeteris


paribus.

𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑛𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎𝑑𝑎


𝐸𝑝𝑝 =
𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑒ç𝑜

A quantidade demandada de um bem está negativamente relacionada ao


seu preço. A variação percentual da quantidade demandada sempre terá sinal
oposto ao da variação percentual do preço. Dessa forma, o valor da elasticidade-
preço da demanda é sempre negativo, porém, seu valor é usualmente expresso
em módulo (ǀEppǀ) (MANKIW, 2013).

Dessa forma, é possível classificar a demanda de um produto ou serviço,


conforme sua elasticidade-preço da demanda, da seguinte forma:

• Demanda elástica: ǀEppǀ > 1; consumidores muito sensíveis a variações


de preço. Exemplo: ǀEppǀ = 1,5 ou Epp = -1,5; dada uma variação
percentual de 10% no preço, a quantidade demandada varia, em sentido
contrário, em 15%.

• Demanda inelástica: ǀEppǀ < 1; consumidores pouco sensíveis a variação


de preço. Exemplo: ǀEppǀ = 0,4 ou Epp = -0,4; dada uma variação
percentual de 10% no preço, a quantidade demandada varia, em sentido
contrário, em 4%.

• Demanda de elasticidade unitária: ǀEppǀ = 1. Exemplo: Se o preço


aumenta em 10%, a quantidade demandada cai também em 10%.

São quatro os fatores que afetam a elasticidade-preço da demanda de um


bem ou serviço:

1. Disponibilidade de bens substitutos: consumidor tem mais opções


para “fugir” do consumo do produto, portanto, mais elástica é a demanda.

2. Essencialidade do bem: consumidor não tem muitas opções para “fugir”


do aumento de preços, portanto, mais inelástica é sua procura.

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Trilha 3: Elasticidade e sua aplicação

3. Importância relativa do bem no orçamento do consumidor: quanto


mais gasta com o produto, dentro de sua cesta de consumo, mais é
afetado, portanto, mais elástica é a demanda.

4. Horizonte de tempo: um intervalo de tempo maior permite que os


consumidores descubram mais formas de substituí-la, quando seu preço
aumenta, portanto, a elasticidade da demanda tende a aumentar com o
tempo.

Para refletir
Os ingressos da área VIP para o show de um grande cantor
de MPB foram vendidos a R$ 400,00 e a apresentação atraiu
200 espectadores na primeira noite. Os produtores,
estimando que a procura de bilhetes é altamente elástica,
decidiram diminuir o preço para R$ 350,00. Como resultado,
a organização vendeu 300 bilhetes na segunda noite de
apresentações do cantor. Por que os produtores resolveram
baixar o preço do ingresso se, como ofertantes, sempre
procuram vender seu produto por um preço mais alto?

A elasticidade-renda da demanda (Er) mede o quanto a quantidade


demandada varia conforme a renda do consumidor varia, coeteris paribus.

𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑛𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎𝑑𝑎


𝐸𝑟 =
𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎

Em conjunto com a elasticidade-preço da demanda, é o conceito de


elasticidade mais difundido, pois tem papel importante no planejamento
empresarial. A elasticidade-renda da demanda funciona como parâmetro para
projetar as vendas da empresa conforme o crescimento da renda do país
(VASCONCELLOS, 2011).

De acordo com o resultado da elasticidade-renda da demanda, é possível


classificar os bens da seguinte forma:

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Trilha 3: Elasticidade e sua aplicação

• Bem superior (ou bem de luxo): Er > 1; dada uma variação de renda, o
consumo varia mais que proporcionalmente.

• Bem normal: 0 < Er < 1; o consumo aumenta quando a renda aumenta.

• Bem inferior: Er < 0; a demanda cai quando a renda aumenta.

• Bem saciado (ou neutro): Er = 0; variações na renda não alteram o


consumo do bem, ou seja, a variável renda não é importante para explicar
o comportamento da demanda desse bem.

Quanto mais elevada a renda, a tendência é aumentar mais o consumo


de produtos, como eletrônicos e automóveis em comparação aos alimentos.
Dessa forma, a elasticidade-renda da demanda de produtos manufaturados é
superior à elasticidade-renda de produtos básicos.

Exemplo:

De acordo com Hall e Lieberman (2003), a elasticidade dos computadores


é 1,71 enquanto para alimentação varia entre 0,6 e 0,85.

Já no que diz respeito à elasticidade-preço cruzada da demanda (Exy),


ela mede o efeito que a mudança no preço de um produto provoca na quantidade
demandada de outro produto, coeteris paribus (NOGAMI; PASSOS, 2016).

𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑛𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑚 𝑋


𝐸𝑥𝑦 =
𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑚 𝑌

Se a elasticidade-preço cruzada da demanda for positiva (Exy > 0), diz-se


que os bens são substitutos. Caso a elasticidade-preço cruzada da demanda for
negativa (Exy < 0), diz-se que os bens são complementares. No entanto, caso
Exy = 0, diz-se que os bens são independentes.

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Trilha 3: Elasticidade e sua aplicação

Exemplo:

De acordo com Hall e Lieberman (2003), a elasticidade preço-cruzada


entre a Coca-Cola® e a Pepsi-Cola®, quando o preço da Coca-Cola® muda, é
de 0,80. Isso significa que, quando o preço da Coca-Cola® aumenta 10%, a
quantidade demandada de Pepsi-Cola® aumenta em 8%, com todos os outros
fatores que influenciam a demanda permanecendo constantes.

3.1.2 Elasticidade da oferta


Da mesma forma que na demanda, a elasticidade da oferta é um
importante instrumento para analisar mercados. A elasticidade da oferta é a
medida da sensiblidade da quantidade ofertada em resposta a mudanças de
preço (NOGAMI; PASSOS, 2016).

𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑛𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑜𝑓𝑒𝑟𝑡𝑎𝑑𝑎


𝐸𝑜 =
𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑒ç𝑜

Dessa forma, é possível classificar a oferta de um produto ou serviço,


conforme sua elasticidade-preço da oferta, da seguinte forma:

• Oferta elástica: Eo > 1.

• Oferta inelástica: Eo < 1.

• Oferta unitária: Eo = 1.

Em alguns mercados, a elasticidade da oferta não é constante, variando


ao longo da curva de oferta. É um caso típico para indústria com capacidade de
produção limitada. Mankiw (2013, p. 97), assim explica essa questão:

Para baixos níveis de quantidade ofertada, a elasticidade da oferta é


alta, indicando que as empresas respondem substancialmente a
variações de preço. Nessa região, as empresas têm capacidade de
produção que não está sendo utilizada (capacidade ociosa), como

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Trilha 3: Elasticidade e sua aplicação

instalações e equipamentos que passam a maior parte do dia parados.


Pequenos aumentos do preço farão [com] que seja lucrativo para essas
empresas começar a utilizar a capacidade ociosa. À medida que a
quantidade ofertada aumenta, as empresas se aproximam do pleno
uso de sua capacidade. Uma vez que toda a capacidade esteja sendo
utilizada, aumentar a produção requer a construção de novas fábricas.
Para induzir as empresas a incorrer nessas despesas extras, o preço
precisa aumentar substancialmente, de modo que a oferta se torna
menos elástica.

Para refletir
Há muitos anos, enchentes ao longo dos rios Mississipi e
Missouri destruíram milhares de alqueires de trigo. Os
agricultores cujas plantações foram destruídas ficaram em
péssima situação, mas aqueles cujas terras não foram
afetadas pelas enchentes se beneficiaram. Por quê? De que
informações sobre o mercado de trigo você precisaria para
avaliar se todos os agricultores foram prejudicados ou
beneficiados pelas enchentes?

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Trilha 3: Elasticidade e sua aplicação

Palavras-chave
Elasticidades; demanda; oferta; sensibilidade.

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Referências
HALL, R. E.; LIEBERMAN, M. Macroeconomia: princípios e aplicações. São
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.

MANKIW, G. Princípios de microeconomia. São Paulo: Cengage Learning, 2013.

NOGAMI, O.; PASSOS, C. R. M. Princípios de economia. 7. ed. São Paulo:


Cengage Learning, 2016.

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 5. ed. São Paulo: Atlas,


2011.

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