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Q U ARTA ED IÇAO

ECONOMIA
M IC R O e M ACRO

M a rc o A n to n io S a n d o v a l d e V a s c o n c e llo s

nt lnj
Su m á r i o

Prefácio, xvii

Parte I - In trod u çã o à E conom ia , 1

1 IN TRO D U Ç ÃO À E CO N O M IA, 3
1 C onceito de economia, 3
2 A questão da escassez e os prob lemas econômicos fundamentais, 4
3 A questão da organização econômica - sistemas econômicos, 4
3.1 Funcionamento de uma economia de mercado, 5
3.1.1 Sistema de concorrência pura, 5
3.1.2 Sistema de m erca do misto: o pa pel econ ôm ico do
governo, 7
3.2 Fu ncionamento de uma economia centralizada, 8
3.3 Sistemas econômicos: síntese, 9
4 Curva (ou fron teira ) de possib ilidades de produ ção - o conceito de
custos de oportu nidade, 10
4.1 C onceito de custos de oportu nidade, 11
4.2 Formato da curva CPR 12
5 Análise positiva e análise normativa, 14
6 A relação da economia com as demais ciências, 15
7 D ivisão do estudo econômico, 17
Questões de revisão, 18
Questões de m últipla escolha, 18
A pêndice: U m b reve retrospecto da evolu ção da teoria econômica, 20

Pa rte II - M icroecon om ia , 27

2 D EMAND A, OFERTA E EQU ILÍB RIO DE MERCADO, 29


1 Fundamentos de microeconomia, 29
2 D ivisão dos tópicos de microeconomia, 30
3 Análise da demanda de mercado, 31
3.1 D efinição de demanda, 31
3.2 Fundamentos da teoria da demanda, 31
V a sc o n c c l l o s

3.2.1 Valor u tilidade e valor trabalho, 31


3.2.2 N oções sob re equ ilíb rio do consu midor: os conceitos
de curva de indiferença e reta orçamentária, 33
3.3 Variáveis que afetam a demanda, 37
3.3.1 Relação entre a quantidade demandada e o preço do
próprio b em, 37
3.3.2 Relação entre qu antidade demandada e preços de
ou tros bens e serviços, 39
3.3.3 Relação entre demanda de um b em e renda do
consu midor (i?), 41
3.3.4 Relação entre demanda de um b em e hábitos dos
consu midores (G ), 42
3.3.5 Resumo, 43
3.4 Curva de demanda de mercado de um bem ou serviço, 43
3.5 O bservações adicionais sobre a demanda, 44
3.6 Exercícios sobre demanda de mercado, 48
4 Análise da oferta de mercado, 49
4.1 D efinição de oferta, 49
4.2 Variáveis qu e afetam a oferta de um b em ou serviço, 49
4.3 Curva de oferta de mercado de um b em ou serviço, 52
4.4 O bservações sobre a oferta de um b em ou serviço, 53
5 O equ ilíb rio de mercado, 54
5.1 O equ ilíb rio de mercado de um b em ou serviço, 54
5.2 Mudanças no ponto de equ ilíb rio, em virtu de de
deslocamentos da oferta e da demanda, 55
5.3 Exercícios sobre equ ilíb rio de mercado, 57
Questões de revisão, 59
Questões de múltipla escolha, 59

ELASTICID AD ES, 63
1 Conceito, 63
2 Elasticidade-preço da demanda, 64
2.1 Conceito, 64
2.2 Classificação da demanda, de acordo com a
elasticidade-preço, 64
2.3 Fatores que afetam a elasticidade-preço da demanda, 65
2.3.1 D isponib ilidade de bens substitutos, 65
2.3.2 Essencialidade do bem, 66
2.3.3 Importância relativa do b em no orçamento do
consumidor, 66
2.3.4 H orizonte de tempo, 66
2.4 Formas de cálculo, 66
2.5 Interpretação geométrica da elasticidade-preço da demanda, 70
2.6 Relação entre receita total do vendedor (ou dispêndio total do
consu midor) e elasticidade-preço da demanda, 72
2.7 Observações adicionais sobre elasticidade-preço da demanda, 73
3 Elasticidade-preço cruzada da demanda, 75
4 Elasticidade-renda da demanda, 76
5 Elasticidade-preço da oferta, 76
6 Exercício sobre elasticidades, 78
S u m á rio ix

Questões de revisão, 79
Questões de múltipla escolha, 80
Apêndice matemático, 82

4 APLICAÇÕ ES D A AN ÁLISE M IC RO E C O N Ô M IC A EM PO LÍTICAS


PÚ BLICAS, 86
1 Introdu ção, 86
2 Incidência de um imposto sobre vendas, 86
2.1 Introdu ção, 86
2.2 Efeito de um imposto de vendas sobre o equilíbrio de mercado, 87
2.2.1 Imposto específico, 87
2.2.2 Imposto ad valorem, 89
2.3 Incidência do imposto, 90
2.4 O “peso morto” do imposto, 93
2.5 Incidência do imposto e as elasticidades-preço da oferta e da
demanda, 94
3 Fixação de preços mínimos na agricultura, 95
4 Externalidades, 98
4.1 Introdu ção, 98
4.2 Externalidades no consumo, 99
4.3 Externalidades na produção, 100
4.4 Teorema de Coase, 102
5 Bens públicos, 102
Questões de revisão, 103
Questões de múltipla escolha, 104
Apêndice matemático, 106

5 PROD U ÇÃO, 109


1 Introdu ção, 109
2 Conceitos básicos, 109
2.1 A escolha do processo de produção, 109
2.2 Função de produção, 111
2.3 Distinção entre fatores de produção fixos e variáveis e entre
curto e lon go prazos, 111
3 Produ ção com um fator variável e um fixo: uma análise de curto
prazo, 112
3.1 Conceitos de produ to total, produ tividade média e
produ tividade marginal, 112
3.1.1 Produ to Total (P T), 112
3.1.2 Produ tividade média, 112
3.1.3 Produ tividade marginal, 113
3.2 Lei dos rendimentos decrescentes do fator, 115
4 Produ ção a longo prazo, 116
4.1 Isoquantas de produção, 117
4.2 Conceito de economias de escala, 118
4.2.1 Rendimentos crescentes de escala, 119
4.2.2 Rendimentos decrescentes de escala, 119
4.2.3 Rendimentos constantes de escala, 120
Questões de revisão, 120
Questões de múltipla escolha, 120
X E con om ia M icr o c M a cro • V a s con cellos BtfcK

6 CU STOS DE PROD U ÇÃO, 122


1 Introdu ção, 122
2 Custos de oportu nidade x custos contábeis, 122
3 Ava lia çã o privada e avaliação social, 123
4 Custos a curto prazo, 124
4.1 Conceitos de custo total, custo variável total e custo fixo total, 124
4.2 C onceitos de custo total médio, custo va riável médio e custo
fixo médio, 125
4.3 C onceito de custo marginal, 126
4.4 Relações gráficas entre o custo marginal e os custos médios
total e variável, 127
5 Custos a longo prazo, 128
6 Linha de isocusto, 131
7 Equ ilíbrio do produtor, 131
Questões de revisão, 134
Questões de múltipla escolha, 134

7 ESTRU TU RAS DE MERCADO, 137


1 Introdu ção, 137
2 O b jetivo da firma, 138
3 M ercado em concorrência perfeita, 139
3.1 Hipóteses do modelo, 139
3.2 Funcionamento do m odelo de concorrência perfeita, 140
3.2.1 Curvas de demanda de mercado e da firma
individu al, 140
3.2.2 Curvas de receita da firma, 141
3.2.3 Curvas de custos, 143
3.2.4 Equilíb rio da firma em concorrência perfeita (a curto
pra zo), 143
3.3 Curva de oferta da firma em concorrência perfeita, 146
3.4 Equ ilíbrio de longo prazo de uma firma em concorrência
perfeita, 150
3.5 Exercícios de concorrência perfeita, 152
4 M onopólio, 155
4.1 Hipóteses do modelo, 155
4.2 Funcionamento de um mercado em monopólio, 156
4.2.1 Curva de demanda do monopolista, 156
4.2.2 Curvas de receita média e receita marginal, 157
4.2.3 Relação entre RT e elasticidade-preço da demanda
em monopólio, 158
4.2.4 Custos de produ ção do monopolista, 159
4.3 Equilíb rio de curto prazo de uma empresa monopolista, 160
4.4 Curva de oferta de uma firma monopolista, 161
4.5 Equilíb rio de longo prazo de uma firma monopolista, 162
4.6 Exercício, 163
4.7 Custo social do monopólio, 164
4.8 M odelos de precificação, 165
5 Outras estruturas de mercado, 166
5.1 Concorrência monopolística, 166
S u m á rio XI

5.2 O ligopólio, 167


5.2.1 Formas de atu ação das empresas oligopolistas, 167
5.2.2 M odelo de mark-up, 168
5.3 Estruturas no mercado de insumos e fatores de produção, 169
5.4 Algu mas estruturas de mercado particulares, 170
5.4.1 M onopsônio/oligopsônio, 170
5.4.2 M on opólio b ilateral, 170
6 D esenvolvimentos recentes: teoria dos jogos, economia da
informação e teoria da organização industrial, 170
6.1 Teoria dos jogos, 171
6.2 Economia da informação, 174
6.3 O rganização industrial, 176
7 índice de concentração econômica, 177
8 Síntese das estruturas de mercado, 179
Questões de revisão, 180
Questões de múltipla escolha, 180
Apêndice matemático, 184

Pa rte III - M a croecon om ia , 185

8 FU N D AM E N TO S DE TE O RIA E PO LÍTIC A M AC RO E C O N Ô M IC A, 187


1 Introdu ção, 187
2 Metas de política macroeconômica, 188
2.1 Alto nível de emprego, 188
2.2 Estabilidade de preços, 189
2.3 Distribuição eqü itativa de renda, 189
2.4 Crescimento econômico, 190
3 Estrutura da análise macroeconômica, 191
4 Instrumentos de política macroeconômica, 193
4.1 Política fiscal, 193
4.2 Política monetária, 194
4.3 Política cambial e comercial, 194
4.4 Política de rendas (controle de preços e salários), 195
5 D esenvolvimento da macroeconomia: b reve retrospecto, 195
Questões de revisão, 198
Questões de múltipla escolha, 198

9 CONTAB ILID AD E SOCIAL, 200


1 Introdu ção, 200
2 Principais agregados macroeconômicos - o fluxo circular de renda, 201
2.1 Economia a dois setores sem formação de capital, 201
2.1.1 Três óticas de mensuração: produto, despesa e renda, 203
2.1.2 Conceito de valor adicionado, 206
2.2 Economia a dois setores, com formação de capital, 207
2.2.1 C onceito de poupança (S ), 207
2.2.2 C onceito de investimento (/), 207
2.2.3 C onceito de depreciação (d ), 209
2.2.4 Conceitos de investimento bruto e líqu ido, produto
nacional bru to e líqu ido, 209
2.2.5 A identidade S = I ex post, 210
x ii E con om ia M icr o e M a cro • V a s con cellos atlas

2.3 Economia a três setores: o setor público, 211


2.3.1 Receita fiscal do governo, 211
2.3.2 Gastos do governo, 211
2.3.3 Conceitos de Produ to N acional a preços de mercado e
Produ to Nacional a custo dos fatores, 212
2.3.4 Conceito de carga tributária bruta e carga tributária
líquida, 213
2.4 Economia a qu atro setores: o setor externo, 213
2.4.1 Conceitos de exportações (X) e importações ( M ) , 213
2.4.2 Conceitos de Renda Líquida de Fatores Externos ( RLFE),
Produ to N acional Bruto ( PN B ) e Produ to Interno Bruto
(P IB ) , 214
2.4.3 A fórmu la final da Despesa N acional ( D N ), 215
2.4.4 Fluxo circu lar de renda para uma economia a qu atro
setores, 215
2.5 Exercício de contas nacionais, 217
3 Valores reais e nominais, 218
4 Identidades básicas da contab ilidade nacional, 222
5 Alguns aspectos conceitu ais e prob lemas de mensuração nas
estimativas do produ to nacional, 224
5.1 Atividades produtivas (econômicas) x atividades gerais do
cotidiano, 225
5.2 Transações qu e aparecem no mercado, mas excluídas do
Produ to Nacional, 225
5.3 Ativid a d es qu e não aparecem no m ercado, mas são
compu tadas no Produ to Nacional, 226
5.4 Distinção entre produ to final e produ to intermediário, 227
5.5 Consumo de bens duráveis, 227
5.6 M edição do produ to numa economia centralizada, 227
5.7 Presença da economia informal, 228
5.8 Comparações internacionais: o conceito de dólar PPP, 228
5.9 Produ to N acional como medida do padrão de bem-estar, 229
6 Sistemas de contab ilidade social, 231
6.1 O Sistema de Contas Nacionais (versão original), 231
6.1.1 Conceitos de poupança do setor privado, renda
disponível do setor privado e renda disponível do setor
público, 234
6.2 N oções sobre a matriz insumo-produto, 235
6.3 Contas nacionais no Brasil, 240
Questões de revisão, 241
Questões de múltipla escolha, 242
Apêndice: N oções sobre números-índices, 246

10 D E TERM INAÇ ÃO DO NÍVEL DE REND A E PRO D U TO N AC IO N AIS:


0 MERCAD O DE BENS E SERVIÇOS, 250
1 Introdu ção, 250
2 Da contab ilidade nacional para a teoria econômica, 250
3 M odelo keynesiano básico (la do rea l), 251
3.1 Curva de demanda agregada de bens e serviços (D A ) , 251
3.2 Curva de oferta agregada de bens e serviços ( O A ) , 253
3.3 Hipóteses do modelo básico, 255
S u m á rio X lll

4 Hipóteses sobre o comportamento das variáveis consu mo (C ),


poupança (S ), investimento ( I ), impostos (T), gastos do governo (G ),
exportações (X) e importações (A í), 256
4.1 Função consu mo, 257
4.2 Função pou pança, 258
4.3 Fu nção investimento, 261
4.4 Função gastos do governo, 262
4.5 Função impostos (ou trib u tação), 262
4.6 Função exportação, 263
4.7 Função importação, 263
4.8 D emanda agregada completa, 263
5 Equilíbrio agregativo de curto prazo no modelo keynesiano básico, 264
5.1 D eterminação do equ ilíb rio, igu alando OA = DA de bens e
serviços, 265
5.2 D eterminação do equ ilíb rio, igu alando vazamentos com
injeções, 266
5.3 Síntese da análise gráfica, 268
6 M od elo básico supondo investimentos, impostos e importações
indu zidos pela renda nacional, 270
7 M u ltiplicador keynesiano de gastos, 271
7.1 Hipóteses de multiplicador, 272
7.2 D eterminação do mu ltiplicador no m odelo simplificado, 272
8 Teorema do orçamento equ ilib rado (ou Teorem a de H aavelm o), 275
9 Hiatos inflacionário e deflacionário e política fiscal pura, 275
10 Função demanda de investimento, 279
10.1 Relação entre investimento e taxas de ju ros, 280
10.2 Princípio do acelerador, 283
Questões de revisão, 284
Questões de múltipla escolha, 284
Apêndice: Teorias modernas sobre a função consumo, 288

11 O LAD O M O N E TÁRIO D A E CO N O M IA, 289


1 M oeda: conceito e funções, 289
2 O ferta de moeda, 290
2.1 C onceito e composição dos meios de pagamento, 290
2.2 O ferta de moeda pelo Banco Central, 292
2.3 O ferta de moeda pelos bancos comerciais, 295
3 D emanda de moeda, 299
3.1 D emanda de moeda por m otivo de transações, 299
3.2 D emanda de moeda por motivo de precaução, 300
3.3 D emanda de moeda por m otivo de especulação (ou motivo
p ortfólio), 301
3.4 Função demanda de moeda total, 302
4 Equ ilíb rio do lado monetário da economia, 302
4.1 Equ ilíb rio do lado monetário pela teoria clássica: a teoria
qu antitativa da moeda, 303
4.2 Equ ilíb rio do lado monetário na visão keynesiana, 304
5 Efeitos da política monetária sobre nível de renda e de preços, 305
5.1 Teoria qu antitativa da moeda clássica, 305
I

X IV E co n o m i a M i cr o e M acr o • V a sc o n c c l l o s_______________________________________________________________________________________________________ a t f e »

5.2 O Efeito Keynes, 307


5.3 Eficácia das políticas monetária e fiscal, 309
6 A importância da taxa de ju ros, 310
7 Regras, discricionariedade e consistência dinâmica da política
monetária, 312
Questões de revisão, 313
Questões de múltipla escolha, 314
Apêndice: Estrutura do sistema financeiro nacional, 317

12 INTERLIG AÇÃO ENTRE O LAD O REAL E O LAD O M O N E TÁRIO - ANÁLISE


IS- LM , 322
1 Introdu ção, 322
2 A análise IS- LM : uma visão geral, 322
3 Equ ilíbrio do lado real (mercado de bens e serviços): a curva IS, 323
3.1 Fatores qu e afetam a inclinação da curva IS, 326
3.2 Fatores que deslocam a curva IS, 326
4 Equ ilíbrio do lado monetário: a curva LM , 327
4.1 Fatores que afetam a inclinação da curva LM , 328
4.2 Fatores que deslocam a curva LM , 329
5 Interligação entre o lado real e o lado monetário, 330
5.1 Efeito de alterações na política fiscal sobre o equ ilíb rio, 330
5.2 Efeito de alterações de política monetária sobre o equilíbrio, 331
6 Eficácia da política monetária e da política fiscal, 332
7 Eficácia das políticas econômicas e formas da oferta agregada, 333
Questões de revisão, 335
Questões de múltipla escolha, 335

13 INFLAÇÃO, 338
1 Conceito de inflação, 338
2 Distorções provocadas por altas taxas de inflação, 338
2.1 Efeito sobre a distrib uição de renda, 338
2.2 Efeito sobre o balanço de pagamentos, 339
2.3 Efeito sobre os investimentos empresariais, 339
2.4 Efeito sobre o mercado de capitais, 340
3 Causas da inflação, 340
3.1 Inflação de demanda, 340
3.2 Inflação de custos, 341
3.3 Outras causas: inflação inercial, inflação de expectativas e a
corrente estruturalista, 343
4 Política monetária e inflação: o conceito de nú cleo de inflação, 344
5 O imposto inflacionário e a senhoriagem, 345
6 Inflação e desemprego: a curva de Phillips, 346
7 O deb ate no Brasil, 349
Questões de revisão, 351
Questões de m últipla escolha, 352

14 O SETOR EXTERNO, 355


1 Introdu ção, 355
2 Fu ndamentos d o com ércio interna ciona l: a teoria das vantagens
comparativas, 355
S u m á rio XV
fltlm

3 Taxa de câmbio, 358


3.1 Conceito, 358
3.2 Regimes camb iais: taxas de câmb io fixas e taxas de câmb io
flutuantes (flexíveis ), 359
3.3 E feito das variações na taxa de câ m b io sob re exportações e
importações, 361
3.4 E feito das variações na taxa de câmb io sobre a taxa de
inflação, 361
3.5 Variação nominal e variação real do câmbio, 362
3.6 Efeito das variações na taxa de câmb io sobre a dívida externa
do país, 364
3.7 Relações entre taxa de câmbio, taxa de ju ros e inflação, 364
4 Variáveis qu e afetam as exportações e as importações agregadas, 366
5 Políticas externas, 368
6 Balanço de pagamentos, 369
6.1 Conceito, 369
6.2 Subdivisões, 370
7 Exercícios sobre balanço de pagamentos, 373
8 O balanço de pagamentos no Brasil, 377
9 O rganismos financeiros internacionais, 379
10 A internacionalização da economia: G lob alização Produ tiva e
Financeira, 382
Questões de revisão, 383
Questões de múltipla escolha, 384
Apêndice A : M od elo M u ndell- Fleming, 387

15 PO LÍTIC A FISCAL E SETOR PÚBLICO, 392


1 Introdu ção, 392
2 O crescimento da participação do setor pú b lico na atividade
econômica, 392
3 As funções econômicas do setor público, 393
3.1 Função alocativa, 394
3.2 Função distributiva, 394
3.3 Função estab ilizadora, 394
4 Estrutura tributária, 395
4.1 Princípios de tributação, 395
4.2 Efeitos da política tributária sobre a atividade econômica, 397
5 Conceitos de déficit público, 398
5.1 Conceitos de déficit público, 398
5.2 Financiamento do déficit, 399
5.3 U ma nota sobre déficit público e inflação, 400
5.4 Sustentabilidade da dívida pública. Equivalência
ricardiana, 400
Questões de revisão, 400
Questões de múltipla escolha, 401

16 NOÇÕES DE CRESCIMENTO E D ESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 403


1 Crescimento e desenvolvimento, 403
2 Fontes de crescimento, 404
3 Financiamento do desenvolvimento econômico, 406
XVÍ E con om ia M icr o e M a cro • V a s con cellos atlas

4 Estágios de desenvolvimento, 407


5 M odelos de crescimento econômico, 408
5.1 M odelo de Solow, 410
6 Estratégias de desenvolvimento, 412
Questões de revisão, 413
Questões de múltipla escolha, 413
A pênd ice m a te m á tico: A. D edu ção da fórm u la b ásica d o m od elo
H arrod-D omar, 415
B. D edução da fórmu la do equ ilíb rio de estado
estacionário (steady State) do modelo de Solow, 418

G lossário, 419

G ab arito das questões de múltipla escolha, 432

índice remissivo, 433


P r ef á c io

Economia - M icro e M acro é uma publicação dirigida a estudantes e profissio­


nais interessados em entender as principais questões econômicas de nosso tempo.

Talvez o principal diferencial desta pu b licação, relativamente às inú me­


ras já existentes no mercado, seja o estilo mais condensado e direto na a pre­
sentação dos conceitos, mas sem deixar de cob rir todos os temas pertinentes a
um curso de m icro e m a croecon om ia básica. O texto está d es en volvid o de
forma, inclu sive, a propiciar o aprendizado ativo e au todidata do leitor. Nesse
sentido, colocamos na Internet as resoluções dos exercícios apresentados no li­
vro, bem como o conjunto completo de transparências para auxiliar o professor.

Os capítu los segu em a seqü ência tradicional dos cursos de Introdu ção à
M icroeconomia e à Macroeconomia ministrados nas principais escolas de Econo­
mia. Eles contêm questões de revisão e perguntas com alternativas para serem
escolhidas, retiradas de alguns dos principais concursos públicos do país, como
Receita Federal, Tesouro Nacional, Banco Central etc., que envolvem a área de
Economia. O gabarito das perguntas propostas encontra-se ao final do livro.
Nesta quarta edição, mantivemos a estrutura básica do livro, mas promo­
vemos alterações significativas em muitos capítu los. Muitas dessas alterações
foram fru to de sugestões de professores qu e adotam o livro, principalmente co­
legas da FEA-USR Na Parte II - M icroeconomia - no Capítulo 4 (Aplicações da
análise microeconômica em políticas púb licas), além da discussão da incidên­
cia de um imposto sobre vendas, e da fixação de preços mínimos, desenvolve­
mos um pou co mais os conceitos de externalidades e bens públicos. N o Capítu lo
6 adicionamos a análise do equ ilíb rio do produtor, tanto do ponto de vista da
maximização da produ ção como da minimização de custos. N o Capítulo 7 (Es­
truturas de mercado), ampliamos um pou co mais o tópico de Teoria dos Jogos.
Na Parte III (M a croeconom ia ), no Capítu lo 10 (D eterminação do nível de
renda e produ to nacionais: o mercado de bens e serviços), adicionamos um
apêndice com as teorias modernas sobre a fu nção consumo, enqu anto no Capí­
tulo 11 (O Lado M onetário da E conomia), atu alizamos as definições dos agre­
gados monetários e incluímos o conceito de mecanismo de transmissão da polí­
tica monetária, além da discussão sobre regras e discricionariedade. N o Capítu ­
X V lll E con om ia M icr o e M a cro • V a s con cellos Btfen

lo 12 (Interligação entre o lado real e o lado monetário - análise IS- LM ), amplia­


mos a análise da eficácia das políticas econômicas sob diferentes formas da oferta
agregada. Por sua vez, no Capítulo 14 (O setor externo), além de adotar a nova
nomenclatura utilizada pelo Banco Central para os itens do Balanço de Pagamen­
tos, introdu zimos uma discussão mais abrangente sobre a taxa de câmbio real e
desenvolvemos os conceitos de paridade do poder de compra e paridade de taxa de
juros. Além disso, ampliamos o modelo macroeconômico desenvolvido nos capí­
tulos anteriores, discu tindo os efeitos das políticas econômicas no contexto de
diferentes regimes cambiais. N o Capítulo 15 (Política fiscal e setor pú blico), discu­
timos mais pormenorizadamente a questão da dívida e déficit públicos, introdu­
zindo o conceito de “equivalência ricardiana” e sua relação com a sustentabilidade
da política fiscal. Finalmente, no Capítulo 16 (N oções de crescimento e desenvol­
vimento econômico), introdu zimos o chamado M odelo de Solow.

Com essas alterações, o glossário passa a conter os 300 principais concei­


tos econômicos, ou seja, mais 40 conceitos, em relação à 3a edição.

Este livro é o resultado de muitos anos de experiência acadêmica nas seguin­


tes escolas: FEA-USR Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Instituto Mu­
nicipal de Ensino de São Caetano do Sul (Imes)(pós-gradu ação), Fundação Getulio
Vargas (mestrado), e nos cursos de Especialização da Fundação Instituto de Pesqui­
sas Econômicas (Fipe-U SP), onde também exerço a atividade de pesquisador.
N ão poderia deixar de registrar meus agradecimentos aos Profs. Amau ry
Patrick G remau d, Raul Cristóvão dos Santos, Rob erto Guena de O liveira e Rudinei
Toneto Jr., pelas sugestões e comentários apresentados. Mas é preciso destacar
particularmente a contribu ição dos professores Rob erto Luiz Troster, da PUC de
São Paulo, Mareio Bobik Braga, da FEA-USP (campus Rib eirão Preto) e Ulisses
Ruiz de Gamboa, da U niversidade Mackenzie e da FAAP Roberto foi co-autor co­
migo do livro Economia básica, também da Editora Atlas, que foi praticamente o
embrião deste livro, inclusive mantendo a mesma estrutura dos capítulos; Márcio
a presentou su gestões va liosa s ta n to na parte de m icro com o na parte de
macroeconomia, e Ulisses ajudou-me, em particular nesta quarta edição, na revi­
são e complementação dos tópicos sobre Teoria dos Jogos, Bens Públicos, Setor
Externo e D esenvolvimento Econômico, e apresentou preciosos comentários em
todo o livro.

Todas as alterações processadas nesta edição já foram incorporadas às trans­


parências de apoio às aulas dos professores. Nesse aspecto, agradeço a contri­
b u ição d o Prof. Rob erto N ame Rib eiro, da U niversida de Paulista (U N IP ) de
Brasília, que elab orou o material nas edições anteriores, e ao Prof. Francisco
Carlos Barbosa dos Santos, das Faculdades São Luís de São Paulo e pesquisador
da FIPE-Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, que reviu e incorporou às
transparências as modificações desta 4a edição.

E videntemente, os erros qu e porventu ra tenham ocorrido são de minha


inteira responsabilidade.
Finalmente, agradeço a todos os estudantes que assistiram a nossas aulas,
qu e nos proporcionaram a experiência e a motivação para a elab oração deste
livro. Sou grato também a minha secretária, Patrícia Pereira, pelos serviços de
digitação.

O A utor
Parte I

INTRODUÇÃO A
ECONOMIA
I nt r o d u ção à
1 E co n o mia

1 CONCEIT O DE ECONOM I A

E timologicamente, a palavra economia vem do grego oikos (casa) e nomos


(norma, lei). N o sentido original, seria a “administração da casa”, que pode ser
generalizada como “administração da coisa pú b lica”.

E con om ia pode ser definida como a ciência social que estuda como o indi­
vídu o e a sociedade decidem u tilizar recursos produ tivos escassos, na produção
de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da
sociedade, com a finalidade de satisfazer às necessidades humanas.

Assim, trata-se de uma ciência social, já que ob jetiva atender às necessida­


des humanas. Contudo, depende de restrições físicas, provocadas pela escassez
de recursos produ tivos ou fatores de produ ção (m ão- de- ob ra, capital, terra,
matérias- primas).
Pode-se dizer que o ob jeto d e es tu do d a ciên cia econ ôm ica é a questão
da escassez, ou seja, como “economizar” recursos.

A es ca ssez su rge em virtu de das necessidades humanas ilimitadas e da


restrição física de recursos. Afinal, o crescimento popu lacional renova as neces­
sidades básicas; o contínu o desejo de elevação do padrão de vida (qu e podería­
mos classificar como uma necessidade “social” de melhoria de status ) e a evolu ­
ção tecnológica fazem com qu e surjam “novas” necessidades (computador, freezer,
celular, DVD etc.). N enhu m país, mesmo os países ricos, são auto-suficientes,
em termos de disponib ilidade de recursos produ tivos, para satisfazer a todas as
necessidades da população.
Se não houvesse escassez de recursos, ou seja, se todos os bens fossem
abundantes (b ens livres), não haveria necessidade de estudarmos questões como
inflação, crescimento econômico, déficit no balanço de pagamentos, desempre­
go, concentração de renda etc. Esses prob lemas provavelmente não existiriam
(e ob viamente nem a necessidade de se estudar E conomia).
4 E con om ia M icr o e M a cr o • V a s c o n c e l l o s _________________________________________________________________________________________

2 A QUEST ÃO DA ESCASSEZ E OS PR OBLEMAS ECONÔMICOS


FUNDAMENT AIS

Todas as sociedades, qu alqu er que seja seu tipo de organização econômica


ou regime político, são ob rigadas a fa zer opções, escolhas entre alternativas,
uma vez que os recursos não são abundantes. Elas são obrigadas a fazer esco­
lhas sobre O QUE E Q U ANTO , C O M O e PARA QU EM produ zir:

O QU E E Q U AN TO produ zir: a sociedade deve decidir se produ z mais bens


de consu mo ou bens de capital, ou, como num exemplo clássico: quer produ zir
mais canhões ou mais manteiga? Em que qu antidade? Os recursos devem ser
dirigidos para a produ ção de mais bens de consumo, ou bens de capital?

C O M O produzir: trata-se de uma questão de eficiência produtiva: serão utili­


zados métodos de produção capital-intensivos? ou mão-de-obra-intensivos? ou ter-
ra-intensivos? Essa decisão depende da disponibilidade de recursos de cada país.

PARA Q U E M produ zir: a sociedade deve decidir quais os setores que serão
b eneficiados na distribuição do produ to: trab alhadores, capitalistas ou proprie­
tários da terra? agricultura ou indústria? mercado interno ou mercado exter­
no? Região Sul ou N orte? Ou seja, trata-se de decidir como será distribuída a
renda gerada pela atividade econômica.

Resu mindo:

necessidades A
hu manas ilimitadas 1 - o qu e e qu a n to produ zir
X escassez —» escolha —» / — com o produ zir
recursos produ tivos - p a ra qu em produ zir
escassos

3 A QUEST ÃO DA OR GA NIZA ÇÃO ECONÔM I CA -


SIST EMAS ECONÔM ICOS

Como as sociedades resolvem os problemas econômicos fundamentais: o que


e quanto, como e para quem produzir? A resposta depende da forma de organiza­
ção econômica.
Existem duas formas principais de organização econômica:

• economia de mercado (ou descentralizada);

• economia planificada (ou centralizada).

Todavia, hoje em dia praticamente todos os países possuem algum tipo de


economia de mercado. Assim, poderíamos dizer que a organização econômica é
realizada a partir de algum sistema intermediário entre essas duas formas, com­
binando a atu ação do mercado com a intervenção do governo.
In trod u çã o à E con om ia 5

N este tópico, vale ressaltar qu e apresentaremos as principais característi­


cas de s istem a s econ ôm icos , ou seja, com o as sociedades se organiza m do
ponto de vista econômico. N ão confu ndir com diferenças de regim es p olíticos
(democracia, socialismo, com u nism o), que, emb ora afetem e sejam afetados
pelas qu estões econômicas, representam um campo de discussão mais amplo,
mais apropriado à área da Ciência Política.

3.1 FUNCIONAMENTO DE UMA ECONOMIA DE MERCADO

As economias de mercado podem ser analisadas por dois sistemas:

• sistema de concorrência pura (sem interferência do govern o);


• sistema de economia mista (com interferência governamental).

3.1.1 Sist e m a de c o nc o rrê nc ia pura

Nu m sistema de concorrência pura ou perfeitamente competitivo, predo­


mina o laissez-faire: milhares de produ tores e milhões de consu midores têm con­
dições de resolver os prob lemas econômicos fundamentais (o qu e e quanto, como
e para qu em produ zir), como qu e gu iados por uma “m ã o in vis ível”. Isso sem a
necessidade de intervenção do Estado na atividade econômica.
Isso se torna possível mediante o chamado m eca n is m o d e p reços , que
resolve os problemas econômicos fu ndamentais e promove o equ ilíb rio nos vá ­
rios mercados, da segu inte forma:

• se hou ver exces so d e oferta (ou esca ssez d e d em a n d a ), formar-


se-ão estoques nas empresas, que serão ob rigadas a diminu ir seus
preços para escoar a produção, até que se atinja um preço no qual
os estoques estejam satisfatórios. Existirá concorrência entre em­
presas para vender os bens aos escassos consumidores;
• se hou ver exces so d e d em a n d a (ou esca ssez d e oferta ), formar-
se-ão filas, com concorrência entre consu midores pelos escassos
bens disponíveis. O preço tende a aumentar, até que se atinja um
nível de equ ilíb rio em que as filas não mais existirão.

Os prob lemas econômicos fu ndamentais são resolvidos, no sistema de con­


corrência pura, da segu inte forma:

• o qu e e qu a n to p rod u zir: os produ tores decidirão o que e quanto


produ zir de acordo com o preço dos bens e serviços. Assim, aqu ele
b em ou serviço cujo preço (ren tab ilidade) for maior será aqu ele
cuja produ ção au mentará;
• com o p rod u zir: é resolvido no âmb ito das empresas (trata-se de
uma qu estão de eficiência produ tiva); envolve a escolha da tecno­
logia e recursos adequ ados, qu e também é realizada a partir da
comparação com os preços de tecnologias e recursos alternativos;
• para qu em produ zir: é decidido no mercado de fatores de produ­
ção (pelo encontro da demanda e oferta dos serviços dos fatores de
6 E con om ia M icr o e M a cr o • V a s con cellos

produ ção). Para quem produ zir é uma qu estão distributiva, ou seja,
quem ou quais setores serão beneficiados pelos resultados da ativi­
dade produtiva. Essa pergunta também pode ser resolvida pelo sis­
tema de preços. Assim, quem tiver renda suficiente para pagar os
preços dos bens e serviços produzidos participará da distribuição.

É a base da filosofia do lib era lis m o econ ôm ico, que advoga a soberania
do mercado, sem intervenção do Estado. Nesse modelo, a política econômica
deve preocupar-se apenas em manter a es ta b ilid a d e m on etá ria (o Estado como
gu a rd iã o da m oed a ), e deixar o mercado (leia-se: setor priva do) resolver as
qu estões econômicas fu ndamentais.
O diagrama da Figura 1.1 ilustra o que ocorre num sistema de concorrência pura.

SISTEMA DE CONCORRÊNCIA PURA

MERCADO ^
DE BENS
E SERVIÇOS
(Onde se formam os
DEMANDA DE BENS E SERVIÇOS preços dos bens) OFERTA DE BENS E SERVIÇOS
(demanda de calçados, alimentos, (oferta de calçados, alimentos,
serviços de transporte etc.). > serviços de transporte etc.).

PRODUZIR
C O M O C O N SU M I D O R E S CO M O V EN D ED O RES
D E B E N S E SE R V I Ç O S D E B E N S E SE R V I Ç O S

COMO ^
FAMÍLIAS EMPRESAS
PRODUZIR

CO M O PRO PRI ET Á RI O S C O M O C O M PRA D O RES


D O S FA T O RES D E D O S FA T O R ES D E
PRO D U Ç Ã O PRO D U Ç Ã O
PARA

PRODUZIR

OFERTA DE DEMANDA DE
SERVIÇOS DOS SERVIÇOS DOS
FATORES DE FATORES DE
PRODUÇÃO MERCADO x PRODUÇÃO
(mão-de-obra, terra, DE FATORES (mão-de-obra, terra,
capital) DE PRODUÇÃO capital)
(Onde se formam os
preços dos fatores)

Figura 1.1 Sistema de concorrência pura.


In trod u çã o à E con om ia 7

IM P E R F E IÇ Õ E S D O S IS TE M A D E C O N C O R R Ê N C IA P U R A

As críticas mais freqüentes a esse tipo de sistema econômico são as seguintes:

a. trata-se de uma grande simplificação da realidade;

b. os preços nem sempre flutuam livremente, ao sabor do mercado, em


virtu de de fatores como:

• força dos sindicatos sobre a formação de salários (os salários tam­


b ém são preços, que remu neram os serviços da mão- de-ob ra);

• poder dos monopólios e oligopólios sobre a formação de preços no


mercado, não permitindo qu e a sociedade consuma a quantidade
de bens e serviços que deseja;

• intervenções do governo, via:

- impostos, subsídios, tarifas e preços públicos (águ a, energia


etc.);
- política salarial (fixa çã o de salário mínimo, reajustes, prazos
de dissídios etc.);
- fixação de preços mínimos;
- congelamento e tab elamento de preços;
- impostos e subsídios;
- política cambial;
c. o mercado sozinho não prom ove perfeita alocação de recursos. A
produ ção e/ou consu mo de determinado bem ou serviço pode pro­
du zir efeitos colaterais (extern a lid a d es ) positivas ou negativas que
não são internalizados nos preços de mercado. Além disso, existem
b ens pú b licos, pelos quais os consu midores não estão dispostos a
revelar sua disposição a pagar. São fatores que distorcem a alocação
de recursos a partir do sistema de preços.
d. o m erca do s ozin h o não p rom ove p erfeita distrib u ição de renda,
pois, com o vimos, só participa da distrib u ição d o qu e é produ zido
a qu ele in d ivíd u o qu e possui renda su ficiente para pagar o preço
de mercado.

São todas críticas pertinentes, que ju stificam inclusive a atu ação do gover­
no para com plem enta r a iniciativa privada e regu lar alguns mercados, fixar
salário mínimo, preços mínimos na agricultura etc. Entretanto, muitos merca­
dos comportam-se mais ou menos num sistema de concorrência quase pura.
Afinal, centenas de milhares de mercadorias são produzidas e consumidas por
milhões de pessoas, mais ou menos por sua livre iniciativa e sem uma direção
central. O mercado hortifru tigranjeiro, por exemplo, aproxima-se bastante des­
se modelo.

3.1.2 Sist em a de m e rc ado m ist o: o p ape l e c o nô m ic o do


g o v e rno

Por pelo menos 100 anos, do final do século XVIII, com a Revolu ção Indus­
trial, ao final do século passado, predominava um sistema de mercado muito
8 E conom ia M icro e M a cro • V a s con cellos ntfe»

próximo da concorrência pura. N o século XX, qu ando se tornou mais presente a


força dos sindicatos e dos monopólios e oligopólios, associada a outros fatores,
como ao desenvolvimento do mercado de capitais e do comércio internacional,
a economia tornou-se mais complexa.

A ocorrência de uma grande crise econômica, qual seja, a depressão nos


anos 30, mostrou qu e o mercado, sozinho, não garante que a economia opere
sempre com pleno em prego de seus recursos, evidencia ndo a necessidade de
uma atu ação mais ativa do setor público nos rumos da atividade econômica.

Basicamente, a atu ação do govern o justifica-se com o ob jetivo de eliminar


as chamadas distorções alocativas (isto é, na alocação de recursos) e distributivas
e de promover a melhoria do padrão de vida da coletividade. Isso pode dar-se das
segu intes formas:

a) atuação sobre a form ação de preços, corrigindo externalidades (via


impostos e su b sídios), tab elamentos, fixação de salário mínimo,
preços mínimos, taxa de câmbio, taxa de ju ros;

b) complemento da iniciativ a privada, principalmente de investimen­


tos em infra-estrutura básica (energia, estradas etc.), o qual, even­
tu almente, o setor privado não tem condições financeiras de assu­
mir, seja pelo eleva do montante de recursos necessários, seja em
virtu de do lon go tempo de matu ração do investimento, até que
venha a propiciar retorno sobre o capital investido;

c) forne cim e nto de serviços púb licos : ilu minação, água, saneamento
básico etc.;

d) forne cim e nto de bens púb licos: b ens pú b licos são bens gerais, for­
necidos pelo Estado, que não são vendidos no mercado; fu nda­
mentalmente, edu cação, ju stiça, segu rança;

e) compra de bens e serviços do s etor priv ado: o govern o é, isolada­


mente, o maior agente do sistema e, portanto, o maior comprador
de bens e serviços.

3.2 FUNCIONAMENTO DE UMA ECONOMIA CENTRALIZADA

N o sistema de economia centralizada ou planifícada, a forma de resolver


os problemas econômicos fundamentais (ou seja, a escolha da melhor alternati­
va ) é decidida por uma Agência ou Ó rgão Central de Planejamento, e não pelo
mercado.

A propriedade dos recursos (chamados de m eios d e p rod u çã o, nesses sis­


temas) é do Estado (ou seja, os recursos são de p rop ried a d e p ú b lica ). Os meios
de produção incluem máquinas, edifícios, residências, terra, entidades financei­
ras, matérias-primas. Os m eios d e s ob revivên cia pertencem aos indivídu os
(roupas, carros, televisores etc.). N a economia de mercado, como vimos, preva­
lece a propriedade privada dos fatores de produção.
In trod u çã o à E con om ia 9

A Agência ou Bureau Central (na antiga URSS, a G osplan) realiza um in­


ventário dos recursos disponíveis e das necessidades da sociedade, e faz uma
seleção das prioridades de produção, isto é, estab elece metas de planejamento
(na antiga U RSS, os chamados Planos Q ü inqü enais). Esse órgão respeita, em
parte, as necessidades do mercado, mas está sujeito às prioridades políticas dos
governantes.

U ma economia centralizada apresenta ainda as segu intes características:

• papel dos preços no processo p rod u tiv o: os preços representam


apenas recursos contáb eis qu e perm item o con trole da eficiên ­
cia das empresas. Ou seja, os preços são apenas escritu rados
con ta b ilm en te: as empresas têm qu otas físicas de matérias-pri-
mas, por exem plo, mas não fa zem nenhu m desem b olso m on e­
tá rio, apenas registra m o va lor da a qu isiçã o com o custos de
p rod u çã o;

• papel dos preços na distrib uição do produto: os preços dos bens de


consu mo são determinados pelo governo. N ormalmente, o gover­
no subsidia fortemente os bens essenciais e taxa os bens conside­
rados su pérflu os;
• repartição do lucro: uma parte do lu cro vai para o governo. Outra
parte é usada para investimentos na empresa, dentro das metas
estabelecidas pelo governo. A terceira parte é dividida entre os ad­
ministradores (os b u rocratas) e os trab alhadores, como prêmio
pela eficiência. Se o governo considera que determinada indústria
é vital para o país, esse setor será subsidiado, mesmo que apresen­
te ineficiência na produ ção ou prejuízos.

3.3 SISTEMAS ECONÔMICOS: SÍNTESE

As diferenças entre os sistemas de economia de mercado e economia cen­


tralizada podem ser resumidas em dois aspectos:

• propriedade pública x propriedade privada dos meios de produção;

• os prob lemas econômicos fu ndamentais (o que e quanto, como e


para qu em produ zir) são resolvidos ou por um órgão central de
planejamento, ou pelo mercado.

As economias de mercado tendem a apresentar maior eficiência alocativ a,


em virtu de da menor interferência do governo nas decisões de produção e, por­
tanto, na alocação de recursos, permitindo que as forças de mercado estab ele­
çam as prioridades da sociedade, com grande ênfase na produ ção de bens de
consumo. Já o sistema de planejamento central fracassou em grande parte dos
países, tanto em melhorar a distribuição da renda como em realizar um atendi­
mento básico da popu lação. Por esse motivo, as economias atuais, mesmo as
guiadas por governos comunistas, como China e Rússia, têm ab erto cada vez
mais espaço para a atuação da iniciativa privada.
10 E con om ia M icr o e M a cro • V a s con cellos atlas

4 CURVA (O U FR ONT EIR A) DE POSSIBILIDADES DE PR ODUÇÃ O -


O CONCEIT O DE CUST OS DE OPOR T UNIDADE

Para ilu strar a qu estão da escassez de recursos e as alternativas que as


sociedades dispõem para resolver seus prob lemas econômicos fundamentais (o
que, quanto, como e para qu em produ zir), a teoria econômica apresenta dois
importantes conceitos: curva de possib ilidades de produ ção e custos de oportu ­
nidade.

A Fronteira ou Cu rva de Possib ilida des d e Produ çã o (C PP), também cha­


mada de C u rva de Tra nsformação, é a fronteira máxima que a economia pode
produzir, dados os recursos produtivos limitados e a tecnologia. Mostra as alter­
nativas de produção da sociedade, supondo os recursos plenamente empregados.

Trata-se de um conceito eminentemente teórico, qu e permite ilustrar como


a limitação de recursos leva à necessidade de a sociedade fazer opções ou esco­
lhas entre alternativas de produção.

Suponhamos qu e a economia produ za apenas dois bens: canhões e man­


teiga, nos quais são empregados todos os recursos produ tivos (mão-de- ob ra,
capital, terra, matérias-primas, recursos naturais). As alternativas de produção
são as seguintes:

ALTERNATIVAS DE PRO D U ÇÃO

A B C D E F

M anteiga (em mil toneladas) 0 3 6 8 9 10


Canhões (em mil unidades) 15 14 12 10 7 0

C olocando as informações num diagrama, e u nindo os pontos, temos a


Figura 1.2.

Canhões
(mil unidades)

Figura 1.2 C urva de Possibilidades de Produção.


In trod u çã o à E con om ia 11

Ou seja, a CPP é o limite máximo de produção, com os recursos de que a


sociedade dispõe, num dado momento. Dada a escassez de recursos, a sociedade
d eve decidir qual ponto da curva escolherá: A , B, C, D , E ou F. N o ponto A,
decidiu -se alocar todos os recursos na produ ção de canhões; no ponto F, aloca-
se tudo para produ zir manteiga.

Evidentemente, pontos além da fronte ira não poderão ser atingidos com os
recursos disponíveis. Pontos internos à curva representam situações nas quais a
economia não está empregando todos os recursos de que dispõe (ou seja, há
desemprego de recursos).

De qu alquer forma, qualquer dos pontos em cima da curva (A, B, C, D, E, F)


representa um uso igualmente eficiente de todos os recursos, dada a tecnologia.

4.1 CONCEITO DE CUSTOS DE OPORTUNIDADE

C u sto d e op ortu n id a d e é o valor econômico da melhor alternativa sacri­


ficada ao se optar pela produ ção de um determinado bem ou serviço. Assim, no
exem plo anterior:

Custo de oportu nidade de passar


da alternativa B para C, para produzir-se = 2.000 canhões
mais 3.000 toneladas de manteiga

ou entao:

Custo de oportu nidade de passar


da alternativa C para B, para produzir-se = 3.000 toneladas de manteiga
mais 2.000 canhões

O custo de oportu nidade tamb ém é chamado de cu sto a ltern a tivo ou, ain­
da, cu sto im p lícito (pois não implica dispêndio monetário). Mediante esse con­
ceito, com ampla aplicação na teoria econômica, procura-se mostrar que, dada
a escassez de recursos, tu do tem um custo em economia, mesmo não envolven­
do dispêndio financeiro. C omo coloca o Prêmio N ob el norte-americano Milton
Friedman, da U niversidade de Chicago, “não existe almoço grátis”.

Esse conceito é aplicado ao nível de pleno emprego, em cima da curva de


possib ilidades de produção. Para pontos internos à CPP os recursos não estão
em pleno emprego, e, nesse caso, o custo de oportu nidade é zero, pois não é
necessário o sacrifício de recursos produ tivos para aumentar a produção de um
bem, ou mesmo dos dois bens. Assim, no gráfico da Figura 1.3, a sociedade pode
passar do ponto X para o ponto Y, au mentando a produ ção de ambos, já que
havia recursos ociosos:
12 E con om ia M icr o e M a cr o • V a s con cellos

Manteiga
ii

• \

---------------------------------- 1-------------- ► Canhões

Figura 1.3 Caso de custo de oportunidade zero.

Neste item estamos discutindo o chamado custo de oportu nidade por uma
ótica social, ou seja, para a sociedade como um todo, de um ponto de vista mais
teórico; posteriormente, na parte de Microeconomia, veremos como esse conceito
pode ter uma aplicação prática para a avaliação de projetos públicos e privados.

4.2 FORMATO DA CURVA CPP

O que justifica o formato da curva de possibilidades de produção, isto é, por


que a CPP é decrescente e côncava em relação à origem? Ela é decrescente em
virtude do sacrifício que tem de ser feito ao optar-se pela produção de um bem
quando os recursos estão plenamente empregados (o aumento da produção de
um b em implica a qu eda da produção do ou tro, em cima da C PP); e a CPP é
côncava em relação à origem em virtude da chamada Lei dos cu stos crescentes
(tamb ém chamada Lei dos ren d im en tos d ecres cen tes ): para atrair trabalha­
dores que estão empregados no setor de manteiga e deslocá-los para canhões,
deverão ser oferecidos salários maiores, e vice-versa. Portanto, os custos serão
gra d a tiva m en te crescentes. Os prim eiros trab alha dores transferidos, menos
especializados e qualificados, não trarão grandes acréscimos nos custos, mas, à
medida que forem se transferindo mais trabalhadores, estes terão que ser cada
vez mais qualificados, e evidentemente exigirão salários maiores.

Manteiga

Figura 1.4 Formato da curva de possibilidades de produção.


In trod u çã o à F x on om ia 13

N o gráfico da Figura 1.4, su pondo acréscimos iguais na produção de man­


teiga (2.000 toneladas de cada vez), observa-se que o sacrifício da produ ção de
canhões é cada vez maior, o que torna a CPP côncava.
Evidentemente, se os custos de oportu nidade fossem constantes, a CPP seria
uma reta decrescente; se os custos fossem decrescentes (qu e é apenas uma possi­
b ilidade teórica no caso de 2 b ens), a CPP seria convexa em relação à origem!

M u d a n ça s n a C P P

A CPP é um conceito estático (refere- se aos recursos disponíveis em dado


momento do tem po). Evidentemente, se hou ver au mento na disponib ilidade de
recursos produ tivos, ou d esen volvim en to tecn ológico (m étod os qu e levem à
melhoria na eficiência da u tilização dos recursos já existentes), a curva desloca-
se para a direita, como na Figura 1.5.

Manteiga t k

14-

12-

10-
8-

6-

4-

2-
— i— i— i— i— i— i— i— i— i— >— i— i— r -i— r—t— i > -►
2 4 6 8 10 12 14 16 18 Canhões

Figura 1.5 D eslocamento da C PP: aumento dos recursos ou melhoria tecnológica nos dois produtos.

Se, por exem plo, ocorrer uma melhoria tecnológica apenas na produ ção
de manteiga, teremos um deslocamento da curva, como na Figura 1.6, pois se
irá produ zir cada vez mais manteiga, relativamente a canhões, em cada ponto
da curva.

Mante iga t k

14-
----------------------
1
Xa9-

io -
8-

6-

4-

* 2-
— r— i— r ~r r "i * r n i— i— r 1T " r i i l ►
2 4 6 8 10 12 14 16 Canhões

Figura 1.6 D eslocamento da C PP: aumento de recursos ou melhoria tecnológica apenas na produ­
ção de manteiga.
14 E con om ia M icr o c M a cr o • V a s c o n c e llo s __________________________________________________________

5 ANÁLISE POSIT IVA E ANÁLISE NOR MAT IVA

A teoria econômica, como toda teoria, deve respeitar alguns critérios que a
tornam aceitável pela comu nidade científica, e ser composta de variáveis e hipó­
teses qu e ajudam a explicar e a prever alguns fenômenos. A teoria econômica
tem apresentado um desenvolvimento ímpar nos últimos dois séculos. As ferra­
mentas de análise têm evolu ído grandemente, e muitos de seus conceitos são
u tilizados em outras áreas. Seu escopo tem au mentado significativamente, dis­
pondo atu almente de recursos qu e permitem processar uma qu antidade de in­
formações e situ ações inim agináveis há algu mas décadas. Apesar de alguns
autores argu mentarem que toda a análise econômica está permeada de qu es­
tões subjetivas, uma vez que seu ob jeto de estudo é o próprio sujeito que a estu­
da, ou seja, o homem, a teoria econômica apresenta alto grau de ob jetividade.

A teoria econômica utiliza-se de a rgu m en tos p os itivos (economia positi­


va ) e a rgu m en tos n orm a tivos (economia normativa). A econ om ia n orm a tiva
contém um ju ízo de valor, subjetivo, e a econ om ia p os itiva é o conju nto de
conhecimentos ob jetivos, que respeita todos os cânones científicos. Os argumen­
tos normativ os referem-se ao que deveria ser, e os argumentos positivos ao que é.

Por exemplo, qu ando dizemos qu e deveria ocorrer uma melhoria na distri­


buição de renda, expressamos um ju ízo de va lor em qu e acreditamos, isto é, se
é uma coisa b oa ou má. Esse é um argu mento da economia normativa. Já a
economia positiva ajudará a escolher o instrumento de política econômica mais
adequ ado para diminu ir a concentração de renda (política salarial, política tri­
butária etc.), procurando avaliar quais os aspectos positivos e negativos dessa
política (impacto sobre gastos públicos etc.).

O principal instrumento qu e a economia u tiliza para analisar a realidade


são os modelos. Os m od elos são simplificações da realidade, que buscam captar
sua essência. Os modelos têm que ser logicamente consistentes e podem ser apre­
sentados de muitas formas: verbais, algébricos, por representação gráfica etc. Os
modelos captam algu m aspecto relevante da realidade. U m exemplo é o modelo
macroeconômico apresentado neste livro. Ele é representado por poucas equ a­
ções. Essas equações resumem alguns aspectos essenciais do comportamento de
todos os agentes da sociedade, abstraindo uma infinidade de detalhes.

C omo em qu alqu er ciência, esses modelos podem ser testados. O ramo da


econ om ia qu e es tá vo lta d o para q u a n tifica r os m od elos é ch a m a d o de
E con om etria , que combina teoria econômica, matemática e estatística. Os mo­
delos também podem ter uma formu lação verb al, como, por exemplo, a explica­
ção marxista para a evolu ção histórica da economia. Nesse caso, utilizam-se
exemplos históricos para fu ndamentar empiricamente a análise econômica.

C omo os modelos privilegia m apenas alguns aspectos da realidade, eles


podem mostrar-se mu ito adequ ados em algu mas situ ações e impróprios em
outras. A adequ ação de modelos à realidade é uma tarefa importante. A teoria
econômica avança pelo aprimoramento dos modelos utilizados, seja porqu e a
base econômica muda, seja porqu e surgem novos prob lemas econômicos que
devem ser resolvidos.
In trod u çã o à Kcon om ia 15

6 A RELAÇÃO DA ECONOM I A COM AS DEMAIS CIÊNCIAS________________

Neste tópico, procuraremos estab elecer os pontos de contato entre a Teoria


Econômica e outras áreas do conhecimento.

Na chamada pré-economia, antes da Revolu ção Industrial do século XVIII,


que corresponde ao período da Idade M édia, a atividade econômica era vista
como parte integrante da Filos ofia , M ora l e Ética. A Economia era orientada
por princípios morais e de justiça. N ão existia ainda um estu do sistemático das
leis econômicas, predominando princípios como Lei da Usura, o preço ju sto (dis­
cutidos, entre ou tros filósofos, por São Tomás de Aqu in o) etc.

Ainda hoje, as encíclicas papais refletem a aplicação da filosofia moral e


cristã às relações econômicas entre homens e nações.

O início do estu do sistemático da Economia coincidiu com os grandes avan­


ços na área de Física e B iologia nos séculos XVIII e XIX.

A construção do nú cleo científico inicial da Economia foi desenvolvida com


base nas chamadas concepções organicistas (b iológica s ) e mecanicistas (fís i­
cas). Segundo o G ru po O rganicista, a Economia se comportaria como um órgão
vivo, daí se u tilizarem termos como funções, circulação, fluxos , na Teoria Econô­
mica. S egu ndo o G ru p o M eca n icis ta , as leis da Economia se comportariam
como determinadas leis da Física. D aí advêm os termos estática, dinâmica, acele­
ração, velocidade, forças etc.

Com o passar do tempo, predominou uma con cep çã o hu manística, que


coloca em plano superior os móveis psicológicos da atividade humana. Afinal, a
economia repousa sobre os atos humanos, e é por excelência uma ciência social,
pois ob jetiva a satisfação das necessidades humanas.

Mu itos dos avanços ob tidos na Teoria E conômica advieram da pesquisa


histórica, pois a H is tória facilita a compreensão do presente, e ajuda nas previ­
sões para o futuro, com base nos fatos do passado. As guerras e revolu ções, por
exemplo, alteraram o comportamento e a evolu ção da Economia. Contudo, tam­
bém os fatos econômicos afetam o desenrolar da história. Alguns importantes
períodos da história são associados a fatores econômicos, como, por exemplo, o
ciclo do ou ro e o ciclo do açúcar, na História do Brasil, a Revolu ção Industrial, a
quebra da Bolsa de N ew York (1929), a crise do petróleo etc., os quais alteraram
profu ndamente a História M u ndial. Em ú ltima análise, as próprias guerras e
revolu ções têm por detrás motivações econômicas.

Há também uma grande conexão entre Economia e G eogra fia . A G eogra­


fia não é o simples registro de acidentes geográficos e climáticos. Permite ava­
liar tamb ém questões como as condições geoeconômicas dos mercados regio­
nais, a concentração espacial dos fatores produ tivos, a localização de empresas,
a composição setorial da atividade econômica, mu ito úteis à análise econômica.
* Inclu sive, algu mas áreas de estu do econ ôm ico são relacionadas diretamente
com a geografia, como a Economia Regional, a Economia U rbana e a Teoria da
Localização Industrial.
Q u anto à relação entre E conomia e P olítica , torna-se difícil estab elecer
um nexo de causalidade (cau sa e efeito) entre essas duas áreas do conhecimen­
to. A Política fixa as instituições sobre as quais se desenvolverão as atividades
16 E con om ia M icr o e M a cro • V a s con cellos atlas

econômicas. Nesse sentido, a atividade econômica sub ordina-se à estrutura e


ao regime político do país. Entretanto, por ou tro lado, a estrutura política en­
contra-se, muitas vezes, subordinada ao poder econômico. Por exemplo, a polí­
tica do “café com leite”, antes de 1930, qu ando Minas Gerais e São Paulo dom i­
navam o cenário político do país, o poder dos grandes gru pos econômicos etc.

N o que se refere à intercorrência com o D ireito, as normas jurídicas estão


subjacentes à teoria econômica, assim como os problemas econômicos podem
m odifica r o qu adro existente de normas ju rídicas. Algu ns exemplos ilustram
essa relação:

• leis antitruste, que atuam sobre as estruturas de mercado, assim


como sobre o comportamento das empresas;
• a ação das Agências de Regu lamentação, que dão os parâmetros
de atu ação em áreas de infra-estrutura básica, petróleo, telefonia,
gás etc.;
• a importância da Constituição Federal, onde se determina a com­
petência para a execu ção de políticas econômicas e se estab ele­
cem os direitos e deveres dos agentes econômicos.

Finalmente, cabe destacar como a Economia, a M a tem á tica e a E statísti­


ca estão correlacionadas. Apesar de ser uma ciência social, a Economia depen­
de de limitações do meio físico, dado que os recursos são escassos, e ocupa-se de
qu antidades físicas e relações entre quantidades físicas, como a que se estab ele­
ce entre a produ ção de bens e serviços e os fatores de produ ção utilizados no
processo produ tivo.

D aí surge a necessidade da u tilização da M atemática e da Estatística, como


ferramentas úteis para estab elecer relações entre variáveis econômicas.

A Matemática permite escrever de forma resumida importantes conceitos


e relações de Economia, permitindo a análise econômica sob a forma de m od e­
los analíticos, com poucas variáveis estratégicas, que resu mem os aspectos es­
senciais da questão em estudo. Tomemos como exemplo uma importante rela­
ção econômica, a chamada fu n çã o con su m o, que estab elece uma correspon­
dência entre o consu mo glob al da coletividade e a renda nacional, que pode ser
representada da segu inte forma:

C = f( R N ) e AC > 0
AR N

A primeira expressão diz qu e o consu mo é uma função ( f) da Renda N acio­


nal ( R N ) . A segunda informa que, dada uma variação na Renda Nacional (A R N ) ,
tem-se uma variação diretamente proporcional (na mesma direção) do Consu-
• mo Agregado (AC ).

Para calcu lar nu mericamente essa relação, útil para previsões macroeco­
nômicas, é preciso coletar uma série de dados de consu mo e de renda nacio­
nal, e recorrer ao cálcu lo estatístico, ou seja, à E s ta tística E con ôm ica e E cono-
m etria , que é a área da E conomia que está volta da para a qu antificação de
modelos.
In trod u çã o à E con om ia 17

D eve ser ob servado que, em Economia, tratamos com leis p rob a b ilística s,
não leis exatas. Por exemplo, na relação vista anteriormente (C = f ( R N ) ) , co­
nhecendo o va lor da Renda N acional num dado ano, não se ob tém o valor exato
do consu mo, mas sim uma estimativa, já qu e o consu mo não depende só de
renda nacional, mas de ou tros fatores (condições de crédito, ju ros, patrimônio
etc.). Supõe-se que, para efeito de previsão econômica, a renda nacional seja
suficiente para obter-se uma b oa aproximação do consu mo esperado da coleti­
vidade.

E videntemente, se a E conomia fosse b aseada em relações matemáticas,


tu do seria previsível. Entretanto, não existe no mu ndo econômico regu larida-
des como, por exemplo, a de que o comprimento da circu nferência é igual a dois
pi radianos (C = 2 n r) . Na Economia, o átomo aprende, pensa, reage, projeta,
finge. Imagine como seria a Física e a Q uímica se o átomo aprendesse: aquelas
belas regu laridades desapareceriam. Os átomos pensantes logo se agru pariam
em classes, para defenderem seus interesses; teríamos uma “Física dos átomos
proletários”, “Física dos átomos burgueses” etc.1

E ntretanto, a Economia apresenta muitas regu laridades, que podem ser


econometricam ente identificadas.

Além da relação entre consu mo e renda nacional, mostraremos ao longo


do livro que há relações estáveis e regulares entre a qu antidade demandada de
um bem, seu preço e a renda dos consu midores, entre exportações e importa­
ções com a taxa de câmbio, e inúmeras outras.

A Matemática e a Estatística são ferramentas de análise necessárias tanto


para previsões como para confrontar as proposições teóricas com os dados da
realidade. Permitem colocar à prova as hipóteses da Teoria Econômica. São ins­
trumentos das ciências exatas úteis para analisarmos os fatos econômicos, que
afetam relações humanas.

7 DIVISÃO DO EST UDO ECONÔM ICO

A teoria econômica representa um só corpo de conhecimento, mas, como


os ob jetivos e métodos de ab ordagem podem diferir, de acordo com a área de
interesse do estudo, costuma-se dividi-la da forma a seguir:

M icroecon om ia ou Teoria m icroecon õm ica : estu da o comportamento


das unidades econômicas básicas: consu midores e produ tores e o mercado no
qual interagem. Preocu pa-se com a determinação dos preços e qu antidades em
mercados específicos.

M a croecon om ia ou Teoria m a croecon ôm ica : estuda a determinação e o


comportamento dos grandes agregados, como PIB, consu mo nacional, investi­
mento agregado, exportação, nível geral dos preços etc., com o ob jetivo de deli-

1 Extraído de DELFIM N E TTO , A. M os cou, Frib urg, B ras ília. Rio de Janeiro : Top books, 1994.
18 E co n o m i a M i cr o c M acr o • V a sc o n c c l l o s

near uma política econômica. Por um lado, tem um enfoqu e conjuntural, isto é,
preocu pa-se com a resolu ção de questões como inflação e desemprego, a curto
prazo. Por ou tro, trata de questões estruturais, de lon go prazo, estu dando m o­
delos de desenvolvimento que levem à elevação do padrão de vida (b em-estar)
da coletividade. Esse enfoqu e de longo prazo é denominado de Teoria d e D e­
s en volvim en to E con ôm ico.

O instrumental básico desenvolvido na micro e na macroeconomia permi­


te analisar as grandes questões econômicas de nosso tempo, como, por exem ­
plo, os flu xos comerciais e financeiros entre os países (E con om ia In tern a cio­
n a l), as relações entre capital e trabalho (E con om ia d o Tra b a lh o), o compor­
tamento dos vários setores de atividade etc.

QUESTÕES DE REVISÃO

1. Por que os prob lemas econômicos fu ndamentais (o que, como e para quem
produ zir) originam-se da escassez de recursos produ tivos escassos?

2. Quais as principais diferenças entre uma economia de mercado e uma eco­


nomia centralizada?

3. O que mostra a curva de possib ilidades de produ ção ou curva de transfor­


m ação?

4. Explique o formato da curva de possib ilidades de produ ção. Qual seria esse
formato, se os custos de oportu nidade fossem constantes?
5. Explique o qu e vêm a ser argu mentos positivos e argu mentos normativos
em Economia.

QUESTÕES DE MÚLT IPLA ESCOLHA_________________________________________

1. O prob lema fundamental com o qual a Economia se preocu pa é:


a. A pob reza.
b. O controle dos bens produzidos.
c. A escassez.

d. A taxação daqu eles qu e receb em toda e qu alqu er espécie de renda.


e. A estrutura de mercado de uma economia.
• 2. Os três prob lemas econômicos relativos a “o qu e”, “com o” e “para qu em”
produ zir existem:2

a. Apenas nas sociedades de planejamento centralizado.

2 Mu itos au tores om item a qu estão d e quanto produ zir, a qu al su põem im plícita na decisão de o que produzir.
In trod u çã o à E con om ia 19

b. Apenas nas sociedades de “livre empresa” ou capitalistas, nas quais o


prob lema da escolha é mais agudo.
c. Em todas as sociedades, não importando seu grau de desenvolvimento
ou sua forma de organização política.
d. Apenas nas sociedades “su b desenvolvidas”, uma vez qu e desen volvi­
mento é, em grande parte, enfrentar esses três problemas.
e. Todas as respostas anteriores estão corretas.
3. Em um sistema de livre iniciativa privada, o sistema de preços restabelece a
posição de equ ilíb rio:
a. Por meio da concorrência entre compradores, qu ando hou ver excesso
de oferta.
b. Por meio da concorrência entre vendedores, qu ando hou ver excesso de
demanda.
c. Por pressões para b aixo e para cima nos preços, tais que acabem, res­
pectivamente, com o excesso de demanda e com o excesso de oferta.
d. Por meio de pressões sobre os preços qu e au mentam a qu antidade d e­
mandada e diminu em a qu antidade ofertada, qu ando há excesso de
oferta, e que aumentam a qu antidade ofertada e diminu em a deman­
dada, qu ando há excesso de demanda.
e. Todas as alternativas anteriores são falsas.
4. A “Curva de Possibilidades de Produ ção” é u tilizada nos manuais de econ o­
mia para ilustrar um dos problemas fu ndamentais do sistema econômico:
por um lado, os recursos são limitados (escassez) e não podem satisfazer a
todas as necessidades ou desejos; por ou tro, é necessário realizar escolhas.
Essa curva, qu ando construída para dois bens, mostra:
a. Os desejos dos indivídu os perante a produ ção total desses dois bens.
b. A qu antidade total produ zida desses dois bens em função do emprego
total da mão-de-obra.
c. A qu antidade disponível desses dois bens em fu nção das necessidades
dos indivídu os dessa sociedade.
d. Q u anto se pode produ zir dos bens com as qu antidades de trabalho,
capital e terra existentes e com determinada tecnologia.
e. A impossib ilidade de atender às necessidades dessa sociedade, visto que
os recursos são escassos.
5. Dada a curva de possib ilidades de produção, aponte a alternativa errada:
20 E con om ia M icr o c M a cro ■ V a s con ccllos atlas

a. A economia não pode atingir B, com os recursos de qu e dispõe.


b. O custo de oportu nidade de passar de C para D é zero.
c. O custo de oportu nidade de aumentar a produ ção de X em 5 unidades,
a partir do ponto E, é igual a 2 unidades de Y.
d. Nos pontos C e D , a economia apresenta recursos produ tivos desem­
pregados.
e. Somente as alternativas a, b e d estão corretas.
6. Assinale a afirmação falsa:
a. U m modelo simplificado da economia classifica as unidades econômicas em
“famílias” e “empresas”, que interagem em dois tipos de mercado: mercados
de bens de consumo e serviços e mercado de fatores de produção.
b. Os serviços dos fatores de produ ção flu em das famílias para as empre­
sas, enqu anto o flu xo contrário, de moeda, destina-se ao pagamento
de salários, aluguéis, dividendos e juros.
c. Os mercados desempenham cinco funções principais: I. estabelecem valo­
res ou preços; II. organizam a produção; III. distribuem a produção; IV
racionam os bens, limitando o consumo à produção; e V prognosticam o
futuro, indicando como manter e expandir a capacidade produtiva.
d. A curva de possibilidade de produ ção dos bens X e Y mostra a qu antida­
de mínima de X que deve ser produ zida, para um dado nível de produ ­
ção de Y, utilizando-se plenamente os recursos existentes.
e. A inclinação da curva de possib ilidades de produ ção dos bens X e Y
mostra quantas unidades do bem X podem ser produ zidas a mais, me­
diante uma redução do b em Y.

A pê nd ic e : UM BREVE RET ROSPECT O DA EVOLUÇÃO DA T EOR IA


ECONÔM I CA

A periodização da história de qu alqu er teoria depende muito do aspecto


que se está privilegia ndo, bem como tem emb u tido certo grau de arbitrariedade.
Entretanto, existe consenso de que o início da teoria econômica, de forma siste­
matizada, deu-se no ano de 1776, qu ando foi publicada a obra de Adam Smith,
A riqueza das nações. N o período anterior, encontram-se apenas referências ou
aspectos parciais de emb riões de teoria econômica, emb ora a preocu pação com
a economia esteja sempre presente desde tempos remotos.

N a G récia Antiga, encontramos muitas referências à economia. D estaca­


mos o trabalho de Xenofonte (440-335 a.C .), que, aparentemente, foi quem cu-
* nhou o termo economia ( “oikos nomos ”), em seus trabalhos sobre aspectos de
administração privada e sobre finanças públicas. A moeda metálica já circulava
naquela época e a sociedade grega tinha preocu pações políticas e morais muito
desenvolvidas. Os dois maiores legados que temos daquela época são os escritos
de Platão (427-347 a.C.) e de seu discípu lo Aristóteles (384-322 a.C.), nos quais
encontramos algumas considerações de ordem econômica.
In trod u çã o à E con om ia 21

Roma não deixou nenhum escrito notável na área da economia. Nos sécu­
los seguintes, até a época dos descobrimentos, encontramos poucos trabalhos
de destaque, qu e não apresentam um padrão homogêneo, e estão permeados de
questões morais. U m exemplo é a questão da usura, um tema antigo, que discu­
te a moralidade de ju ros altos, e o qu e deveria ser um lu cro justo.

A partir do século XVI, ob servamos o nascimento do primeiro conjunto de


idéias mais sistem atizadas sob re o com p orta m en to econ ôm ico: o m erca n ­
tilism o. Apesar de não representar um conju nto homogêneo, o mercantilismo
tinha algumas preocu pações explícitas sobre a acumulação de riquezas de uma
nação. Continha princípios de como fomentar o comércio exterior e entesou rar
riquezas. O acúmulo de metais adqu ire grande importância, e aparecem relatos
mais elab orados sobre a moeda. Para esse pensadores, a riqu eza de uma nação
era diretamente proporcional à qu antidade de ou ro e pedras preciosas que pos­
suía tal nação.

O s clá s s icos

N o século XVIII, uma escola de pensamento francesa, a fis iocra cia , elab o­
rou alguns trabalhos dignos de destaque. D ividiu a sociedade em classes so­
ciais, e teve a preocu pação de ju stificar os rendimentos da classe proprietária de
terras. D iferentemente dos mercantilistas, os fisiocratas consideram a riqueza
de um país não medida pelo estoqu e de metais preciosos, mas por tudo aqu ilo
que era retirado da terra (o chamado “produ to líqu ido”). O trabalho de maior
destaqu e foi o de François Quesnay, um médico da corte de M adame Pompadour.
Ele escreveu Tableau economique, em que divide a economia em setores, mos­
trando a inter- rela çã o entre eles. Apesar de o trab alho dos fisiocratas estar
permeado de considerações éticas, sua contrib u ição à análise econômica repre­
sentou grande avanço.

Além disso, ao enaltecer a relação do homem com a natureza, os fisiocratas


não eram partidários da intervenção do Estado na economia, criando o termo
“lais s e z- faire ”, que posteriormente se converteria no símbolo das idéias liberais.

Adam Smith é o au tor da ob ra considerada como o primeiro tratado de


teoria econômica, entendida como um conju nto científico sistematizado, com
um corpo teórico próprio. Em 1776, publicou A riqueza das nações, um estudo
ab rangente sobre qu estões econômicas que englob am desde aspectos monetá­
rios e de preços até distribuição do rendimento da terra. Sua contribuição mais
conhecida foi a h ip ótes e da m ã o in vis ível. Para Adam Smith, todos os agentes,
em sua busca de lucrar o máximo, acabam promovendo o bem-estar de toda a
comu nidade. É como se uma mão invisível orientasse todas as decisões da eco­
nomia. A defesa do mercado, como regu lador das decisões econômicas de uma
nação, traria muitos b enefícios para a coletividade, independentemente da ação
do Estado. É o princípio do lib era lis m o.

Adam Smith ainda tem ou tra importante contrib uição à teoria econômica,
ao destacar o papel do trabalho humano como fonte de riqu eza, introdu zindo a
noção de p rod u tivid a d e como determinante da riqu eza.

O período clássico teve contribuições de economistas notáveis, além de Adam


Smith: Thomas Rob ert Malthus, Jean Baptiste Say, Frédéric Bastiat, James Mill,
22 E con om ia M icr o c M a cr o • V a s con cellos atfen

David Ricardo e John Stuart M ill, entre outros. A economia passa a formar um
corpo teórico próprio e a desenvolver um ferramental de análise específico para
as qu estões econômicas. Foram elab orados muitos modelos acerca do fu ncio­
namento da economia em geral. A análise de questões monetárias teve um lu ­
gar de destaque, e contribuiu para o desenho de algu mas instituições econômi­
cas importantes, tais como os Bancos Centrais.

D avid Ricardo é um dos grandes expoentes desse período. D esenvolveu al­


guns modelos econômicos com um potencial de análise mu ito poderoso. Sua
análise de distrib uição do rendimento da terra foi um trabalho seminal de mui­
tas das idéias do chamado período neoclássico. B asicamente, Ricardo coloca
que a distribuição do rendimento da terra é determinada pela produ tividade das
terras mais pobres, ou marginais.

John Stuart M ill, filho de James Mill, foi o grande sintetizador do pensa­
mento clássico. Seu trab alho foi o principal texto u tiliza do para o ensino de
economia no fim do período clássico e no início do período neoclássico. A obra
de John Stuart M ill consolida o exposto por seus antecessores, e avança ao in­
corporar mais elementos institucionais e ao definir melhor as restrições, vanta­
gens e fu ncionamento de uma economia de mercado.

A te o ria n e o clá s s ica

O período neoclássico inicia-se na década de 1870, com as obras de W illiam


Stanley Jevons, Carl M en ger e León W alras, e depois desenvolvidas por seus
segu idores, como Eugen B õhm-B awerk, Joseph Alois Schumpeter, V ilfredo Pareto,
Arthu r C. Pigou e Francis E dgeworth. N este período, privilegiam-se os aspectos
microeconômicos da teoria, pois a crença na economia de mercado fez com que
não se preocu passe tanto com a política e o planejamento macroeconômicos.

A ob ra de maior repercu ssão dessa época foi Princípios de economia, de


Alfred Marshall, publicada pela primeira vez em 1890, e que serviu como livro-
texto básico até a metade deste século.

Nesse período, a formalização da análise econômica evolu iu muito. O com­


portamento do consu midor foi analisado em profu ndidade. O desejo do consu­
midor de maximizar sua u tilidade (satisfação no consu mo) e do produ tor em
maximizar o lu cro são a base para a elab oração de um sofisticado aparato teó­
rico. Por meio do estudo de funções ou curvas de u tilidade e de produção, consi­
derando restrições de fatores e restrições orçamentárias, é possível dedu zir o
equ ilíb rio de mercado. C omo o resu ltado depende b asicamente dos conceitos
marginais (receita marginal, custo marginal etc.), a teoria neoclássica é tam­
b ém chamada de teoria m a rgina lista .

A análise marginalista é mu ito rica e variada. Algu ns economistas privile­


giaram alguns aspectos como a interação de muitos mercados simultaneamen-
« te - o equ ilíb rio geral de W alras é um caso - , ou tros privilegiaram aspectos de
equ ilíb rio parcial, usando um instrumental gráfico - a Caixa de Edgeworth, por
exemplo.

Apesar de qu estões m icroeconôm icas ocu parem o centro das atenções,


hou ve paralelamente uma produ ção rica em ou tros aspectos da teoria econômi­
ca, como a teoria do desenvolvimento econômico, de Joseph Alois Schumpeter,
In trod u çã o à E con om ia 23

a teoria do capital e dos ju ros, de Eugen B óhm-B awerk. Observou-se ainda um


desenvolvimento da análise monetária, com a discussão sobre a teoria qu a n ti­
ta tiva da m oed a . Enquanto a ab ordagem microeconômica dos marginalistas
preocu pava-se com as estruturas e os preços relativos dos mercados específicos,
na área macroeconômica procuram-se respostas para a determinação do nível
geral de preços, separando o setor real e o setor monetário da economia, por
meio da teoria qu antitativa da moeda. Entretanto, alguns ou tros autores, como
o economista su eco Knut W icksell, bu scavam os mecanismos de interligação
entre os dois setores.

A te o ria ke y n e s ia n a

A teoria keynesiana iniciou-se com a pu blicação de A teoria geral do empre­


go, do ju ro e da moeda, de John Maynard Keynes, na Páscoa de 1936. Muitos
autores descrevem que a partir daí iniciou-se a Revolu ção Keynesiana, tamanho
o impacto da obra, e Keynes seria o pai da moderna macroeconomia.

John Maynard Keynes era um economista de destaque, que ocupava a cá­


tedra qu e havia sido de Alfred Marshall na U niversidade de Cambridge. Embora
fosse um acadêmico respeitado, Keynes tinha preocu pações com as implicações
práticas da teoria econômica.

Para entender o impacto da obra de Keynes, é necessário considerar a ép o­


ca. A economia mundial atravessava, em 1930, uma recessão prolongada (d e­
pressão), e a teoria econômica vigente acreditava que se tratava de um prob le­
ma temporário, apesar de a crise estar du rando alguns anos. Predominavam o
lib eralismo e a crença de que o mercado sozinho permitiria recuperar o nível de
atividade e emprego. A Teoria geral procurou então mostrar por que a comb ina­
ção das políticas econômicas adotadas não fu ncionava adequ adamente, e apon­
tou para soluções que poderiam tirar o mu ndo da recessão. As prescrições apon­
tadas, baseadas na maior intervenção do Estado na condu ção da economia, via
gasto público, foram implementadas, e o resu ltado ob tido au mentou de manei­
ra meteórica as possib ilidades da u tilização da teoria econômica, para ajudar de
maneira efetiva a melhoria do padrão de vida da coletividade.

D estaqu e-se a ob ra de Alvin Hansen e John Richard Hicks, qu e rea liza ­


ram uma síntese entre o m odelo neoclássico e o m od elo keynesiano, por meio
da chamada Análise IS-LM ( Investment Saving - Liquid ity M one y ), ao final dos
anos 40.

A teoria keynesiana foi rica em contrib u ições para todos os campos da


economia, b em como para a ampliação dos horizontes de estudo.

N os anos segu intes, hou ve um desen volvim ento mu ito grande da teoria
econômica, com a incorporação do ferramental estatístico e matemático, que
ajudou a formalizar ainda mais a ciência econômica.

A b o rd a g e n s a lte rn a tiv a s

A teoria econômica tem tido muitas críticas e abordagens alternativas, que


fogem do denominado mainstream, ou corrente principal. Muitas das críticas
foram e são absorvidas, e algumas ab ordagens alternativas foram e são incor­
24 E con om ia M icr o e M a cr o • V a s con cellos B tfcK

poradas. O espectro dessas ab ordagens é mu ito amplo e disperso e, evidente­


mente, é mu ito heterogêneo. D estacamos a contrib u ição dos marxistas e dos
institucionalistas e alguns desenvolvimentos relativamente recentes na área de
organização industrial e da macroeconomia.

Os m a rxista s têm como pilar de seu trab alho a ob ra de Karl Marx, um


economista a lem ão qu e desenvolveu qu ase tod o seu trab alho com Friedrich
Engels, na Inglaterra, na segunda metade do século passado. O marxismo de­
senvolve uma teoria d e va lor - tra b a lh o e consegu e analisar muitos aspectos
da economia com seu referencial teórico. U m exemplo é a ab ordagem marxista
da história. A apropriação do excedente produ tivo pode explicar o processo de
acumulação e a evolu ção das relações entre classes sociais. Karl Marx enfatizou
muito o aspecto político em seu trabalho, qu e teve impacto ímpar não só na
ciência econômica, como também em outras áreas do conhecimento.

As contrib u ições dos marxistas para a teoria econômica foram muitas e


variadas. Entretanto, a maioria ocorreu à margem dos grandes centros de estu­
dos ocidentais, por razões políticas e tamb ém pelo desenvolvimento da teoria
microeconômica de determinação dos preços. Conseqü entemente, a produção
teórica foi pou co divu lgada. U m exem plo é o trab alho de M ikail Kalecki, um
economista polonês que antecipou uma análise parecida com a da Teoria G eral
de John Maynard Keynes. Contudo, o reconhecimento de seu trabalho inovador
só ocorreu muito tempo depois.

Os in s titu cion a lis ta s , que têm com o grandes expoentes os americanos


Thornstein Veblen e John Kenneth Galbraith, dirigem suas críticas ao alto grau
de abstração da teoria econômica e ao fato de ela não incorporar em sua análi­
se as instituições sociais, daí o nome de institucionalistas.

N o campo da microeconomia, as correntes alternativas podem ser associa­


das às teoria s d e orga n iza çã o indu strial, que consideram que as hipóteses da
microeconomia tradicional, como empresa tomadora de preços, maximização
de lucros, concorrência perfeita e racionalidade dos agentes, dificilmente carac­
terizam o mu ndo econômico real.

Isso seria particu larmente verdadeiro no estu do de mercados em concor­


rência imperfeita, pois empresas de grande porte não são tomadoras de preços
no mercado, mas têm p oder para determ inar seu preço, ob servando apenas
seus custos de produ ção, sob re os quais coloca m uma margem denominada
m a rk up.

A contrib u ição das ab ordagens alternativas tem sido fu ndamental para


corrigir as falhas existentes na teoria tradicional, b em como para apontar no­
vos caminhos para a evolu ção da ciência econômica.

D e s d o b ra m e n to s re ce n te s

O deb ate sobre aspectos do trabalho de Keynes dura até hoje, destacando-
se qu atro grupos: os novos clássicos, os economistas do lado da oferta, os novos
keynesianos e os pós-keynesianos. Apesar de nenhum dos grupos ter um pensa­
mento homogêneo e todos terem pequenas divergências, é possível fazer algu ­
mas generalizações.
In trod u çã o à E con om ia 25

Os n ovos clá s s icos estão associados principa lmente à U niversidade de


Chicago, e têm como economistas de maior destaqu e Thomas Sargent e Rob ert
Lucas. D e maneira geral, segu em o m on eta ris m o, ao p rivilegia r o controle da
m oeda e um b aixo grau de intervencionism o d o Estado. C ontu do, a grande
diferença com o m od elo monetarista é a su posição de que os agentes formam
exp ecta tiva s ra cion a is. Isso qu er d izer qu e os indivídu os são capazes de apren­
der da experiência, o qu e pode perm itir qu e, em certos casos, sejam capazes
de antecipar as alterações de política monetária, anu lando seus impactos ne­
gativos.

Os n ovos keyn es ia n os têm seu maior expoente em James Tobin, da U ni­


versidade de Yale. De maneira geral, recomendam o uso de políticas fiscais ati­
vas e maior grau de intervenção do G overno, em virtu de da rigidez em alguns
pontos do sistema econômico, qu e impediriam qu e o mercado se auto-regulas-
se, amplificando os efeitos das flutuações da atividade econômica.

Os p ós - keyn esia n os têm um trabalho que explora outras implicações da


obra de Keynes, enfatizando o papel da moeda e da especulação financeira, e
pode-se associar a este gru po a economista Joan Robinson, que era muito liga­
da a John Maynard Keynes. N a realidade, os pós-keynesianos retornam à obra
básica de Keynes, pois ju lga m qu e a interpretação qu e foi dada com base na
sistematização da Análise IS-LM não é a leitu ra correta de Keynes, em particu­
lar no tocante à questão da incerteza, pou co enfatizada naquela análise.

Os econ om is ta s d o la d o d a oferta , ou da teoria dos ciclos econ ôm icos


rea is, entre os quais se destaca o ganhador do prêmio N ob el de Economia de
2004, Edward Prescott, enfatizam o papel dos choques de oferta na explicação
das flu tu ações econômicas.

N o fundo, o debate na área macroeconômica, em sua essência, não difere


mu ito daqu ele inaugu rado, praticamente, por Keynes, sobre a necessidade ou
não da intervenção do govern o na economia, ou seja, se o sistema capitalista
pode ou não ser au to-regu lável.

N o campo da microeconomia, os desenvolvimentos teóricos vêm-se dando


em duas vertentes, ambas procu rando aproximá-la da economia real dos mer­
cados. Por um lado, uma continu idade da linha tradicional neoclássica, na área
de Teoria dos Jogos e E con om ia da In form a çã o, onde, diferentemente do mo­
d elo tradicional de concorrência perfeita, em que as empresas são tomadoras de
preço no mercado, a firma pode afetar variáveis relevantes para sua decisão, e
tem um comportamento mais estratégico. Por ou tro lado, numa direção mais
crítica dos pressupostos da teoria tradicional, há as teoria s d e orga n iza çã o
indu strial, que, como já ob servamos, contestam a hipótese de que as empresas
são tomadoras de preços e que maximizam lucros, pilares do m odelo neoclássico.

O período mais recente está marcado por três características principais.


% Em primeiro lugar, existe consciência maior das limitações e possibilidades de
aplicações da teoria. O segu ndo ponto é o avanço no conteú do empírico da
economia. Finalmente, ob servamos avanço e consolidação das contrib u ições
dos períodos anteriores.

O desenvolvimento da informática permitiu um processamento de infor­


mações em volu mes e precisão sem precedentes. A teoria econômica passou a
26 E con om ia M icr o e M a cro • V a s c o n c e llo s __________________________________________________________________________________________________________________________ atlas

ter um conteú do empírico que lhe conferiu uma aplicação prática maior. Hoje,
é possível acessar de qu alqu er ponto do planeta uma infinidade de bancos de
dados, que são atu alizados constantemente. Por um lado, isso permite um apri­
moramento constante da teoria existente e, por ou tro, abre novas frentes im­
portantes.

Todo o corpo teórico da econom ia avançou consideravelmente. H oje, a


análise econômica englob a quase todos os aspectos da vida humana, e o impac­
to desses estudos na melhoria do padrão de vida e do bem-estar de nossa socie­
dade é considerável. O controle e o planejamento macroeconômico permitem
antecipar muitos prob lemas e evitar algu mas flutuações desnecessárias.

A teoria econômica tem avançado em muitas frentes. U m exemplo é a área


de finanças empresariais. Até alguns anos atrás, a teoria de finanças era basica­
mente descritiva, com b aixo conteú do empírico. A incorporação de algu mas
técnicas econométricas, conceitos de equ ilíb rio de mercados e hipóteses sobre o
comportamento dos agentes econômicos revolu cionaram a teoria de finanças.
Essa revolu ção se refletiu tamb ém nos mercados financeiros, com a explosão
dos chamados mercados futuros e de derivativos.

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