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ECONOMIA
M IC R O e M ACRO
M a rc o A n to n io S a n d o v a l d e V a s c o n c e llo s
nt lnj
Su m á r i o
Prefácio, xvii
1 IN TRO D U Ç ÃO À E CO N O M IA, 3
1 C onceito de economia, 3
2 A questão da escassez e os prob lemas econômicos fundamentais, 4
3 A questão da organização econômica - sistemas econômicos, 4
3.1 Funcionamento de uma economia de mercado, 5
3.1.1 Sistema de concorrência pura, 5
3.1.2 Sistema de m erca do misto: o pa pel econ ôm ico do
governo, 7
3.2 Fu ncionamento de uma economia centralizada, 8
3.3 Sistemas econômicos: síntese, 9
4 Curva (ou fron teira ) de possib ilidades de produ ção - o conceito de
custos de oportu nidade, 10
4.1 C onceito de custos de oportu nidade, 11
4.2 Formato da curva CPR 12
5 Análise positiva e análise normativa, 14
6 A relação da economia com as demais ciências, 15
7 D ivisão do estudo econômico, 17
Questões de revisão, 18
Questões de m últipla escolha, 18
A pêndice: U m b reve retrospecto da evolu ção da teoria econômica, 20
Pa rte II - M icroecon om ia , 27
ELASTICID AD ES, 63
1 Conceito, 63
2 Elasticidade-preço da demanda, 64
2.1 Conceito, 64
2.2 Classificação da demanda, de acordo com a
elasticidade-preço, 64
2.3 Fatores que afetam a elasticidade-preço da demanda, 65
2.3.1 D isponib ilidade de bens substitutos, 65
2.3.2 Essencialidade do bem, 66
2.3.3 Importância relativa do b em no orçamento do
consumidor, 66
2.3.4 H orizonte de tempo, 66
2.4 Formas de cálculo, 66
2.5 Interpretação geométrica da elasticidade-preço da demanda, 70
2.6 Relação entre receita total do vendedor (ou dispêndio total do
consu midor) e elasticidade-preço da demanda, 72
2.7 Observações adicionais sobre elasticidade-preço da demanda, 73
3 Elasticidade-preço cruzada da demanda, 75
4 Elasticidade-renda da demanda, 76
5 Elasticidade-preço da oferta, 76
6 Exercício sobre elasticidades, 78
S u m á rio ix
Questões de revisão, 79
Questões de múltipla escolha, 80
Apêndice matemático, 82
X IV E co n o m i a M i cr o e M acr o • V a sc o n c c l l o s_______________________________________________________________________________________________________ a t f e »
13 INFLAÇÃO, 338
1 Conceito de inflação, 338
2 Distorções provocadas por altas taxas de inflação, 338
2.1 Efeito sobre a distrib uição de renda, 338
2.2 Efeito sobre o balanço de pagamentos, 339
2.3 Efeito sobre os investimentos empresariais, 339
2.4 Efeito sobre o mercado de capitais, 340
3 Causas da inflação, 340
3.1 Inflação de demanda, 340
3.2 Inflação de custos, 341
3.3 Outras causas: inflação inercial, inflação de expectativas e a
corrente estruturalista, 343
4 Política monetária e inflação: o conceito de nú cleo de inflação, 344
5 O imposto inflacionário e a senhoriagem, 345
6 Inflação e desemprego: a curva de Phillips, 346
7 O deb ate no Brasil, 349
Questões de revisão, 351
Questões de m últipla escolha, 352
G lossário, 419
Os capítu los segu em a seqü ência tradicional dos cursos de Introdu ção à
M icroeconomia e à Macroeconomia ministrados nas principais escolas de Econo
mia. Eles contêm questões de revisão e perguntas com alternativas para serem
escolhidas, retiradas de alguns dos principais concursos públicos do país, como
Receita Federal, Tesouro Nacional, Banco Central etc., que envolvem a área de
Economia. O gabarito das perguntas propostas encontra-se ao final do livro.
Nesta quarta edição, mantivemos a estrutura básica do livro, mas promo
vemos alterações significativas em muitos capítu los. Muitas dessas alterações
foram fru to de sugestões de professores qu e adotam o livro, principalmente co
legas da FEA-USR Na Parte II - M icroeconomia - no Capítulo 4 (Aplicações da
análise microeconômica em políticas púb licas), além da discussão da incidên
cia de um imposto sobre vendas, e da fixação de preços mínimos, desenvolve
mos um pou co mais os conceitos de externalidades e bens públicos. N o Capítu lo
6 adicionamos a análise do equ ilíb rio do produtor, tanto do ponto de vista da
maximização da produ ção como da minimização de custos. N o Capítulo 7 (Es
truturas de mercado), ampliamos um pou co mais o tópico de Teoria dos Jogos.
Na Parte III (M a croeconom ia ), no Capítu lo 10 (D eterminação do nível de
renda e produ to nacionais: o mercado de bens e serviços), adicionamos um
apêndice com as teorias modernas sobre a fu nção consumo, enqu anto no Capí
tulo 11 (O Lado M onetário da E conomia), atu alizamos as definições dos agre
gados monetários e incluímos o conceito de mecanismo de transmissão da polí
tica monetária, além da discussão sobre regras e discricionariedade. N o Capítu
X V lll E con om ia M icr o e M a cro • V a s con cellos Btfen
O A utor
Parte I
INTRODUÇÃO A
ECONOMIA
I nt r o d u ção à
1 E co n o mia
1 CONCEIT O DE ECONOM I A
E con om ia pode ser definida como a ciência social que estuda como o indi
vídu o e a sociedade decidem u tilizar recursos produ tivos escassos, na produção
de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da
sociedade, com a finalidade de satisfazer às necessidades humanas.
PARA Q U E M produ zir: a sociedade deve decidir quais os setores que serão
b eneficiados na distribuição do produ to: trab alhadores, capitalistas ou proprie
tários da terra? agricultura ou indústria? mercado interno ou mercado exter
no? Região Sul ou N orte? Ou seja, trata-se de decidir como será distribuída a
renda gerada pela atividade econômica.
Resu mindo:
necessidades A
hu manas ilimitadas 1 - o qu e e qu a n to produ zir
X escassez —» escolha —» / — com o produ zir
recursos produ tivos - p a ra qu em produ zir
escassos
produ ção). Para quem produ zir é uma qu estão distributiva, ou seja,
quem ou quais setores serão beneficiados pelos resultados da ativi
dade produtiva. Essa pergunta também pode ser resolvida pelo sis
tema de preços. Assim, quem tiver renda suficiente para pagar os
preços dos bens e serviços produzidos participará da distribuição.
É a base da filosofia do lib era lis m o econ ôm ico, que advoga a soberania
do mercado, sem intervenção do Estado. Nesse modelo, a política econômica
deve preocupar-se apenas em manter a es ta b ilid a d e m on etá ria (o Estado como
gu a rd iã o da m oed a ), e deixar o mercado (leia-se: setor priva do) resolver as
qu estões econômicas fu ndamentais.
O diagrama da Figura 1.1 ilustra o que ocorre num sistema de concorrência pura.
MERCADO ^
DE BENS
E SERVIÇOS
(Onde se formam os
DEMANDA DE BENS E SERVIÇOS preços dos bens) OFERTA DE BENS E SERVIÇOS
(demanda de calçados, alimentos, (oferta de calçados, alimentos,
serviços de transporte etc.). > serviços de transporte etc.).
PRODUZIR
C O M O C O N SU M I D O R E S CO M O V EN D ED O RES
D E B E N S E SE R V I Ç O S D E B E N S E SE R V I Ç O S
COMO ^
FAMÍLIAS EMPRESAS
PRODUZIR
PRODUZIR
OFERTA DE DEMANDA DE
SERVIÇOS DOS SERVIÇOS DOS
FATORES DE FATORES DE
PRODUÇÃO MERCADO x PRODUÇÃO
(mão-de-obra, terra, DE FATORES (mão-de-obra, terra,
capital) DE PRODUÇÃO capital)
(Onde se formam os
preços dos fatores)
IM P E R F E IÇ Õ E S D O S IS TE M A D E C O N C O R R Ê N C IA P U R A
São todas críticas pertinentes, que ju stificam inclusive a atu ação do gover
no para com plem enta r a iniciativa privada e regu lar alguns mercados, fixar
salário mínimo, preços mínimos na agricultura etc. Entretanto, muitos merca
dos comportam-se mais ou menos num sistema de concorrência quase pura.
Afinal, centenas de milhares de mercadorias são produzidas e consumidas por
milhões de pessoas, mais ou menos por sua livre iniciativa e sem uma direção
central. O mercado hortifru tigranjeiro, por exemplo, aproxima-se bastante des
se modelo.
Por pelo menos 100 anos, do final do século XVIII, com a Revolu ção Indus
trial, ao final do século passado, predominava um sistema de mercado muito
8 E conom ia M icro e M a cro • V a s con cellos ntfe»
c) forne cim e nto de serviços púb licos : ilu minação, água, saneamento
básico etc.;
d) forne cim e nto de bens púb licos: b ens pú b licos são bens gerais, for
necidos pelo Estado, que não são vendidos no mercado; fu nda
mentalmente, edu cação, ju stiça, segu rança;
A B C D E F
Canhões
(mil unidades)
Evidentemente, pontos além da fronte ira não poderão ser atingidos com os
recursos disponíveis. Pontos internos à curva representam situações nas quais a
economia não está empregando todos os recursos de que dispõe (ou seja, há
desemprego de recursos).
ou entao:
O custo de oportu nidade tamb ém é chamado de cu sto a ltern a tivo ou, ain
da, cu sto im p lícito (pois não implica dispêndio monetário). Mediante esse con
ceito, com ampla aplicação na teoria econômica, procura-se mostrar que, dada
a escassez de recursos, tu do tem um custo em economia, mesmo não envolven
do dispêndio financeiro. C omo coloca o Prêmio N ob el norte-americano Milton
Friedman, da U niversidade de Chicago, “não existe almoço grátis”.
Manteiga
ii
• \
Neste item estamos discutindo o chamado custo de oportu nidade por uma
ótica social, ou seja, para a sociedade como um todo, de um ponto de vista mais
teórico; posteriormente, na parte de Microeconomia, veremos como esse conceito
pode ter uma aplicação prática para a avaliação de projetos públicos e privados.
Manteiga
M u d a n ça s n a C P P
Manteiga t k
14-
12-
10-
8-
6-
4-
2-
— i— i— i— i— i— i— i— i— i— >— i— i— r -i— r—t— i > -►
2 4 6 8 10 12 14 16 18 Canhões
Figura 1.5 D eslocamento da C PP: aumento dos recursos ou melhoria tecnológica nos dois produtos.
Se, por exem plo, ocorrer uma melhoria tecnológica apenas na produ ção
de manteiga, teremos um deslocamento da curva, como na Figura 1.6, pois se
irá produ zir cada vez mais manteiga, relativamente a canhões, em cada ponto
da curva.
Mante iga t k
14-
----------------------
1
Xa9-
io -
8-
6-
4-
* 2-
— r— i— r ~r r "i * r n i— i— r 1T " r i i l ►
2 4 6 8 10 12 14 16 Canhões
Figura 1.6 D eslocamento da C PP: aumento de recursos ou melhoria tecnológica apenas na produ
ção de manteiga.
14 E con om ia M icr o c M a cr o • V a s c o n c e llo s __________________________________________________________
A teoria econômica, como toda teoria, deve respeitar alguns critérios que a
tornam aceitável pela comu nidade científica, e ser composta de variáveis e hipó
teses qu e ajudam a explicar e a prever alguns fenômenos. A teoria econômica
tem apresentado um desenvolvimento ímpar nos últimos dois séculos. As ferra
mentas de análise têm evolu ído grandemente, e muitos de seus conceitos são
u tilizados em outras áreas. Seu escopo tem au mentado significativamente, dis
pondo atu almente de recursos qu e permitem processar uma qu antidade de in
formações e situ ações inim agináveis há algu mas décadas. Apesar de alguns
autores argu mentarem que toda a análise econômica está permeada de qu es
tões subjetivas, uma vez que seu ob jeto de estudo é o próprio sujeito que a estu
da, ou seja, o homem, a teoria econômica apresenta alto grau de ob jetividade.
C = f( R N ) e AC > 0
AR N
Para calcu lar nu mericamente essa relação, útil para previsões macroeco
nômicas, é preciso coletar uma série de dados de consu mo e de renda nacio
nal, e recorrer ao cálcu lo estatístico, ou seja, à E s ta tística E con ôm ica e E cono-
m etria , que é a área da E conomia que está volta da para a qu antificação de
modelos.
In trod u çã o à E con om ia 17
D eve ser ob servado que, em Economia, tratamos com leis p rob a b ilística s,
não leis exatas. Por exemplo, na relação vista anteriormente (C = f ( R N ) ) , co
nhecendo o va lor da Renda N acional num dado ano, não se ob tém o valor exato
do consu mo, mas sim uma estimativa, já qu e o consu mo não depende só de
renda nacional, mas de ou tros fatores (condições de crédito, ju ros, patrimônio
etc.). Supõe-se que, para efeito de previsão econômica, a renda nacional seja
suficiente para obter-se uma b oa aproximação do consu mo esperado da coleti
vidade.
1 Extraído de DELFIM N E TTO , A. M os cou, Frib urg, B ras ília. Rio de Janeiro : Top books, 1994.
18 E co n o m i a M i cr o c M acr o • V a sc o n c c l l o s
near uma política econômica. Por um lado, tem um enfoqu e conjuntural, isto é,
preocu pa-se com a resolu ção de questões como inflação e desemprego, a curto
prazo. Por ou tro, trata de questões estruturais, de lon go prazo, estu dando m o
delos de desenvolvimento que levem à elevação do padrão de vida (b em-estar)
da coletividade. Esse enfoqu e de longo prazo é denominado de Teoria d e D e
s en volvim en to E con ôm ico.
QUESTÕES DE REVISÃO
1. Por que os prob lemas econômicos fu ndamentais (o que, como e para quem
produ zir) originam-se da escassez de recursos produ tivos escassos?
4. Explique o formato da curva de possib ilidades de produ ção. Qual seria esse
formato, se os custos de oportu nidade fossem constantes?
5. Explique o qu e vêm a ser argu mentos positivos e argu mentos normativos
em Economia.
2 Mu itos au tores om item a qu estão d e quanto produ zir, a qu al su põem im plícita na decisão de o que produzir.
In trod u çã o à E con om ia 19
Roma não deixou nenhum escrito notável na área da economia. Nos sécu
los seguintes, até a época dos descobrimentos, encontramos poucos trabalhos
de destaque, qu e não apresentam um padrão homogêneo, e estão permeados de
questões morais. U m exemplo é a questão da usura, um tema antigo, que discu
te a moralidade de ju ros altos, e o qu e deveria ser um lu cro justo.
O s clá s s icos
N o século XVIII, uma escola de pensamento francesa, a fis iocra cia , elab o
rou alguns trabalhos dignos de destaque. D ividiu a sociedade em classes so
ciais, e teve a preocu pação de ju stificar os rendimentos da classe proprietária de
terras. D iferentemente dos mercantilistas, os fisiocratas consideram a riqueza
de um país não medida pelo estoqu e de metais preciosos, mas por tudo aqu ilo
que era retirado da terra (o chamado “produ to líqu ido”). O trabalho de maior
destaqu e foi o de François Quesnay, um médico da corte de M adame Pompadour.
Ele escreveu Tableau economique, em que divide a economia em setores, mos
trando a inter- rela çã o entre eles. Apesar de o trab alho dos fisiocratas estar
permeado de considerações éticas, sua contrib u ição à análise econômica repre
sentou grande avanço.
Adam Smith ainda tem ou tra importante contrib uição à teoria econômica,
ao destacar o papel do trabalho humano como fonte de riqu eza, introdu zindo a
noção de p rod u tivid a d e como determinante da riqu eza.
David Ricardo e John Stuart M ill, entre outros. A economia passa a formar um
corpo teórico próprio e a desenvolver um ferramental de análise específico para
as qu estões econômicas. Foram elab orados muitos modelos acerca do fu ncio
namento da economia em geral. A análise de questões monetárias teve um lu
gar de destaque, e contribuiu para o desenho de algu mas instituições econômi
cas importantes, tais como os Bancos Centrais.
John Stuart M ill, filho de James Mill, foi o grande sintetizador do pensa
mento clássico. Seu trab alho foi o principal texto u tiliza do para o ensino de
economia no fim do período clássico e no início do período neoclássico. A obra
de John Stuart M ill consolida o exposto por seus antecessores, e avança ao in
corporar mais elementos institucionais e ao definir melhor as restrições, vanta
gens e fu ncionamento de uma economia de mercado.
A te o ria ke y n e s ia n a
N os anos segu intes, hou ve um desen volvim ento mu ito grande da teoria
econômica, com a incorporação do ferramental estatístico e matemático, que
ajudou a formalizar ainda mais a ciência econômica.
A b o rd a g e n s a lte rn a tiv a s
D e s d o b ra m e n to s re ce n te s
O deb ate sobre aspectos do trabalho de Keynes dura até hoje, destacando-
se qu atro grupos: os novos clássicos, os economistas do lado da oferta, os novos
keynesianos e os pós-keynesianos. Apesar de nenhum dos grupos ter um pensa
mento homogêneo e todos terem pequenas divergências, é possível fazer algu
mas generalizações.
In trod u çã o à E con om ia 25
ter um conteú do empírico que lhe conferiu uma aplicação prática maior. Hoje,
é possível acessar de qu alqu er ponto do planeta uma infinidade de bancos de
dados, que são atu alizados constantemente. Por um lado, isso permite um apri
moramento constante da teoria existente e, por ou tro, abre novas frentes im
portantes.