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Sebenta Economia I

Ano Letivo Marta Silva Turma A2


2022/2023
Regente – Prof. Fernando Araújo
Definição de Economia
 É uma relação entre meios que são escassos, limitados e finitos e necessidades
humanas que são inúmeras e cada vez mais crescentes em direção ao futuro

 Existe um conflito – por um lado temos meios escassos e por outro, diversas
necessidades da mais variada natureza e cada vez maiores (necessidades que não
eram sentidas há 50 anos, mas que hoje em dia são sentidas cada vez mais). Esta
dificuldade que nós temos em compatibilizar por um lado, meios escassos, e por
outro lado, necessidades que se revelam e que são cada vez mais numerosas, faz
com que procuremos, através da economia, criar condições para que possamos
satisfazer o máximo de necessidades com os recursos limitados que temos.

 É necessária uma capacidade para se fazer face a um conjunto de situações que


reclamam, inevitavelmente, escolhas. Aquilo que se coloca em causa é o
estabelecimento de prioridades face às necessidades sentidas e satisfazê-las
mediante os recursos disponíveis partilhados pelos membros de uma
determinada comunidade.

Lionel Robbins - Economia é a ciência que estuda o comportamento humano


como produto da relação entre fins decorrentes de necessidades sentidas e meios
escassos suscetíveis de aplicações alternativas. E isto define-se assim porquê? Quando
fazemos escolhas, estabelecemos prioridades e consideramos que há inúmeras formas de alcançar
um certo fim ou pelo menos existem diferentes meios aptos a satisfazer uma determinada
necessidade sentida. Por exemplo, queremos deslocar-nos até à faculdade, e de que forma o
podemos fazer? De carro? A pé? De transportes públicos? São diversas alternativas de chegar a um
objetivo, obrigando-nos a fazer uma escolha, a estabelecer prioridades e a definirmos critérios pelos
quais iremos considerar que ir a pé por exemplo é a melhor escolha. Concluímos assim que o
processo de escolha é algo que devemos destacar.

Gary Becker – Consiste no estudo da distribuição de recursos escassos para satisfazer fins
conflituantes. O que significa que as diferenças, do ponto de vista dos fins, que visam alcançar
necessidades que podem ser contraditórias entre si obrigam um esforço adicional no que toca à
distribuição dos recursos/meios (que se encontram em situação de escassez, relativamente
significativo e geral).

Temos, por isso, de averiguar como é que fazemos essa distribuição de maneira a satisfazer fins que
são conflituantes, através de negociações e manipulações dos recursos escassos disponíveis.

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Bens Económicos – gerais. Ex. comida
Bens Livres – Existem em quantidade e condições tais que podem ser obtidos pelo homem sem
esforço. Ex. mar, praia, ar, etc.

Corolários da Escassez
Estes corolários são argumentos/justificações sintéticas que pretendem evidenciar a
importância da escassez num contexto económico e o porquê de estar tão presente no dia-a-dia:

1. A escassez está na base das situações tratadas pela economia – sem escassez não teríamos
de fazer escolhas, no sentido em que qualquer escolha poderia ser substituída por outra,
pelo que essas escolhas seriam irrelevantes.
2. Não é possível satisfazermos todas as necessidades que sentimos.
3. O ponto de saciedade é temporariamente, transitoriamente atingido. Os agentes económicos
podem alcançar o ponto de saciedade, mas não infinitamente, podendo surgir novamente no
horizonte do indivíduo.
4. A escassez não é sentida por todos os indivíduos de modo uniforme, é graduável e relativa.
Cada um interpreta e sente a escassez de uma forma diferente e até como a resolvem pode
ser de maneiras distintas.
5. Existem situações de abundância ou superabundância de certos recursos, mas isso não
significa a eliminação da escassez sentida noutros, e em todos os recursos. Poderíamos ter
recursos mais que suficientes, e como tal desvalorizar a escassez e transpor aquilo que está
a mais e preencher as necessidades das comunidades com escassez, mas isto não acontece!
Não podemos fazer transmutações de certos recursos, só de algumas falhas, havendo
processos de transformações de recursos que não são passíveis de ser produzidos ou de
surgirem através da produção de outros recursos, não atendendo a todas as necessidades.
Por exemplo, não podemos transformar ouro em leite, se existisse abundância de ouro e
escassez de leite, não poderíamos tirar o acrescento que houvesse em ouro e transformar em
leite.
6. Ainda que fosse possível alcançar a situação onde os recursos estejam em abundância face a
todas as necessidades sentidas, em todos os meios, no presente e no futuro, teremos sempre
a limitação temporal, ou seja, a esperança média de vida de cada um, e como tal, teríamos
sempre situações de escassez, já que o tempo é sempre limitado.

Objeto e método da economia


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 O que trata a Economia? Segundo o Prof. Fernando Araújo, o objeto da Economia está
centrado em torno do estudo das decisões individuais e coletivas tomadas em ambiente
de escassez.
 Como é que a Economia entende o ser humano e os seus comportamentos? Recorrendo
à racionalidade económica, ou seja, a Economia apreende que os indivíduos obedecem a
um determinado critério na forma como interpretam a relação complexa entre meios
escassos e fins crescentes sentidos pelos indivíduos, embora de diferente natureza e com
diferente intensidade. A economia tem de utilizar uma espécie de chave de
compreensão para poder chegar à conclusão de que determinado comportamento,
individual ou coletivo é ou não o mais adequado, tendo em vista as finalidades
pretendidas pelos indivíduos ou pela comunidade. Para tal, sustenta-se numa lógica de
racionalidade.

Racionalidade económica

 Num contexto económico, olhamos para um agente económico e afirmamos que é


racional (economicamente racional) caso faça uma destas de duas coisas (mas também
pode fazer ambas as situações:

1. Otimização dos meios tendo em vista a realização dos objetivos previstos. Utilizar
o mínimo de recursos possíveis (já conscientes de que esses recursos são escassos) para
alcançar os objetivos pretendidos. (lei do menor esforço – não gastamos mais do que
precisamos).

2. Maximização dos fins a partir dos meios disponíveis. (Extrair mais fins,
aproveitando os recursos que temos à nossa disposição para satisfazer mais
necessidades, que podem ser diferentes entre si OU satisfazê-las com mais intensidade,
com maior grau).

 Num caso são os fins/propósitos/objetivos que são fixos e tenta-se extrair, de maneira ótima,
os meios para alcançar esses fins que são fixos/predefinidos/previamente fixados e noutro
caso, temos a maximização de fins a partir de meios disponíveis, logo tenta-se extrair o
máximo de fins em intensidade ou em termos numéricos (os fins não estão pré-definidos),
temos de tirar o máximo partido dos recursos que temos à nossa disposição (não abdicarmos
de determinados fins e portanto tentamos alcançá-los com a otimização dos meios ou por
outro lado em face dos meios disponíveis, extrair o máximo de fins).

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O agente económico diante do qual a Economia observa que ao agir não otimiza
meios nem maximiza fins, este é irracional.

 Aquilo que designamos por racionalidade, é na maior parte dos casos, um


comportamento que nós observamos constantemente. A racionalidade não
nos é ditada do exterior, isto é, não há nada acima do ser humano que diga ao ser humano
o que é ser mais racional ou menos racional, o que indica a racionalidade é a nossa própria
conduta. A maior parte das pessoas tem uma conduta para resolver problemas e quando
nós observamos a regularidade dessa conduta, achamos que essa conduta é racional.
Portanto, a racionalidade é muito mais retirada da observação do que
propriamente dedutiva. Nós observamos a humanidade e depois vamos
sintetizando, a partir dessa observação, aquilo que é a racionalidade.

As decisões são racionais no sentido que procuram maximizar os benefícios e


reduzir os custos.  SATISFAZER MAIS E MELHOR as necessidades sentidas com
o MENOR CUSTO POSSÍVEL.

Utilidade: nível ou grau de satisfação individual.


Teoricamente é possível construir uma função de utilidade para cada um de nós.

Funções de Utilidade
Descreve o comportamento económico de um agente abstrato/geral:
U X = f (R, L, …)

 R – Rendimento
 L – Lazer: O próprio lazer é a função do rendimento então o L, poderia ser
substituído por f(R). – maior probabilidade de tempo disponível
O agente quer sempre maximizar o valor da função de utilidade. Para
cada escolha maximizar o valor da função de utilidade e tentar obter o
mais alto valor possível, com a menor quantidade de risco. (Neste caso,
queremos maximizar o rendimento e o lazer).
Para assumir este modelo tão mecanicista, têm de haver alguns pressupostos, são
pressupostos que a moderna Teoria da Utilidade, no fundo, o modelo da racionalidade
económica perfeita assume:

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 Informação perfeita: Ou seja, temos acesso à melhor informação, que está
relacionada com o requisito da fluidez.
 Informação completa: Tem toda a informação disponível, o que nunca
acontece. Mas o modelo assume que acontece, para depois conseguir entender
melhor os casos desviantes.
 Transitividade das escolhas, podemos mudar as nossas escolhas consoante
a utilidade dos bens for variando, isto é:

U A> U B
U B >U C
U A> UC
U A > U B −¿ Significa que A é preferível a B e quando se fala em “ser
preferível”, é com base na utilidade, ou seja, se a utilidade do A é
preferível à utilidade do B e se a utilidade do B é superior à utilidade do
C, então, a utilidade do A será necessariamente superior à utilidade do C.
 É preferível em função da própria utilidade.
A hierarquia de escolhas, ou bem que é baseada num critério ou bem que é arbitrária: o
modelo da microeconomia moderna assume que não é arbitrária porque
assume que há um critério da utilidade , ou seja, assume o pressuposto pelo
qual eu vou hierarquizar as minhas escolhas com base na utilidade das
minhas escolhas.
Exemplo Prático:
Escolhas Utilidade das escolhas
Direito (A) P ¿ ¿) Sentido Ascendente
Economia (B) P (U B )
Medicina (C) P¿¿ Custo de
oportunidade
O Rui escolheu A, também tinha as escolhas B e C. Devemos presumir duas coisas:
 O Rui escolhe A, porque A permite maximizar o valor da sua utilidade (que será
o f( várias coisas).
 Se a utilidade do A é superior à utilidade do B e a do B é maior do
que a do C, então a utilidade do A será maior do que a utilidade do
C.
 Se o Rui, porventura, não entrasse em Direito, assumindo que era a melhor
escolha, não é indiferente ir para B ou para C.
É com base no mesmo critério que me levou a escolher Direito para
maximizar o valor da sua utilidade, que eu vou para aquela opção, que
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excluindo Direito, que me permite obter o máximo valor de utilidade
que eu quero obter. E isto tem uma relação com o conceito do custo de
oportunidade.
Eu fiz a escolha A, Direito, qual é o custo de oportunidade de ter escolhido Direito? É
só o valor da utilidade perdida correspondente à 2ª melhor opção e não o somatório das
escolhas preteridas pelo indivíduo, isto porque, não podemos estar, neste caso, em
vários cursos ao mesmo tempo, não haveria essa possibilidade.
Será que aqueles pressupostos têm a informação perfeita, as
informações completas, sempre, a todo o momento, maximizam a
utilidade a cada momento?
Não e é por isso que surge o contributo da racionalidade limitada
encabeçada pelo autor Herbet Alexander Simon. Esta conceção de
racionalidade limitada admite que ninguém se comporta assim a todo o
momento. Porque esse standard da microeconomia assume o tal contexto em que para
todas as escolhas eu sou o maximizador da utilidade, tenho a melhor escolha, tenho toda
a informação completa e perfeita, etc. Na maior parte das vezes tomamos
decisões tendo por base o mais imediato, o mais rápido, o que tem
menos custos etc.
Ex: Acabam as aulas e vamos almoçar. Vamos supor que vamos ao bar e cobram-nos
10€ pelo almoço. Quase de certeza que num raio de 3 km existem outros restaurantes
mais baratos e onde se come melhor, a questão que se coloca porém, é a seguinte,
quanto é que nos custava em termos de custos adicionais ir à procura desse sítio, saber
qual era, compará-lo com os outros locais, para chegar a uma decisão final que já tinha
anteriormente, que ela própria já tinha a melhor informação, a mais perfeita e completa,
etc. – Resposta: ninguém faz isso.

Quando U A = U B = U C , como é que fazemos a hierarquia das


escolhas? Ou essa hierarquia deixa de ser tão relevante?
 Podemos dizer que os valores das utilidades são iguais, mas aquilo
que não se pode afirmar é que a probabilidade de os valores das
utilidades serem iguais é a mesma, só quando realmente
experienciamos todas as opções.

P(U ¿¿ A)=P ( U B ) =P (U ¿¿ C) ¿ ¿

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 Mesmo nos casos a utilidade era toda igual, o que eu só saberia depois de
experienciar, o que podemos assumir é que o valor probabilístico que se atribui
às escolhas mesmo que tenham o mesmo valor de utilidade, em termos de
probabilidades é diferente. Por outras palavras, eu não tenho informação
suficiente para achar que a probabilidade dos valores de utilidade
serem iguais é realmente certa.
Nestes casos, trabalhamos com os valores probabilísticos e não com os
valores absolutos.
Ex: O Rui afirmava que iria gostar igualmente das três opções, A, B e C (a utilidade era
a mesma). Posteriormente, ele era confrontado com a seguinte questão “Mas será que é
provável gostares igualmente dos três cursos?”, o Rui iria dizer que achava que sim, ou
seja, não é um acontecimento absolutamente certo.

Se escolhermos A, mas o valor de utilidade de B se tornar


superior e deixe de ser A a opção prevalente e escolhemos B.
Será que podemos retomar a A, numa situação posterior?
Face a esta situação surgem duas possibilidades:
 Ou eu tenho a possibilidade de voltar a A, porque voltar a A significava
continuar a maximizar o meu valor de utilidade.
 Apesar de A ter voltado a ser a melhor opção, a que irá maximizar mais o meu
valor de utilidade face às demais, pode não ser possível voltar a A, não pelo
valor de A em si mas pelos custos inerentes a abandonar B, que podem ser
diferentes do próprio B em si ( Razões exógenas que não permitem
retomar à escolha anterior, mesmo que seja essa a que mais iria
maximizar o valor de utilidade).
Um outro exemplo para representar as razões exógenas:
Uma pessoa trabalhava em Lisboa e ganhava de salário 1 500€ (X) e tem a sua respetiva
utilidade. U A
Passado algum tempo, teve uma proposta de trabalho no Porto onde iria receber 3 000€
(2X). U B > U A
A empresa de Lisboa voltou a fazer uma proposta de salário e aumentou para os 4000€.
UA > UB

 Lisboa volta a ser preferível. Contudo, no Porto, a pessoa, com o tempo, já criou
família, comprou uma casa e criou grupos de amigos, etc.

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 É verdade que o valor do salário até subiu (A voltou a ser prevalecente), o
problema é que a sua função de utilidade já não é a mesma, porque as variáveis
que a pessoa tinha em Lisboa U X = f (R, L, …) não são as mesmas das que se
criam quando a pessoa vai para o Poro, a função de utilidade altera U X = f (S, F,
…). A hierarquia das escolhas é diretamente afetada por essas razões exógenas
que não permitem, ainda que seja uma melhor opção em termos de maximizar a
utilidade, os custos de abandonar a opção anterior seriam superiores.
S – Vida social
F- Vida familiar
Crítica à Teoria da racionalidade limitada: não contempla o peso dos fatores
exógenos, dos fatores que causam mudanças comportamentais. Porque eles
normalmente não são incorporados no valor da utilidade objetiva da escolha mas sim na
função da utilidade, isto porque a sua função de utilidade é uma função evolutiva.

Racionalidade limitada
 Esta racionalidade limitada vem chamar a atenção para o facto do modelo de maximização
da utilidade (modelo de racionalidade económica perfeita), não tem uma larga margem de
adesão ao comportamento económico real.

As perguntas básicas na
decisão económica

1. O que produzir? Quanto (em que combinações, por quem e onde)?


2. Como produzir?
3. Para quem produzir e quando?
4. Quem decide e por que processo?
5. Como confiar?

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Custo de oportunidade
"Havia uma oportunidade de fazer diferente do que
fizemos, mas, quando optámos por uma coisa,
preterimos aquela oportunidade, e essa alternativa às
alternativas possíveis corresponde ao custo de
oportunidade, ou seja, ao custo que está associado à
melhor das alternativas preteridas.”

 Definição – É o valor da 2ª melhor alternativa, ou seja, é das escolhas


preteridas, aquela que favorecia mais o agente. Não é a soma de todas as
outras alternativas. – A utilidade de um foi considerada superior à
utilidade do outro bem e portanto optámos por aquela alternativa cuja
utilidade é superior.
 Optar pela alternativa que tem menor custo de oportunidade – Se estamos
numa situação em que a nossa alternativa tem um maior custo de oportunidade do que a
alternativa que nós não escolhemos, então devemos mudar de alternativa.
 Tenta mostrar as consequências da realização de uma escolha. Quando alguém decide
escolher algo está, inevitavelmente, a colocar de parte caminhos alternativos e, portanto,
as vantagens ou os benefícios do caminho alternativo que eventualmente poderia realizar.
Não é possível fazer tudo ao mesmo tempo, se pudéssemos fazer tudo ao mesmo tempo
sem custos, as escolhas seriam irrelevantes. Há sempre um custo associado a uma variável
temporal e a uma limitação temporal.
 Quando alguém escolhe fazer algo, vai ter de suportar inevitavelmente, um custo de
oportunidade, que corresponde à mais valiosa das opções/oportunidades preteridas pela
escolha realizada, ou seja, o custo de oportunidade de escolher algo tem igual valor ao da
2ª melhor opção (não é o somatório de todas as outras).

Ex.
1) O meu património: 100€. Tenho um computador que custa 100€ e um telemóvel que
também custa 100€, e apenas posso escolher um deles, pois somente tenho 100€ e os dois
artigos em conjuntos seriam 200€. Portanto escolho ficar com o telemóvel, então o meu
custo de oportunidade será a 2ª melhor escolha, que neste caso, corresponderia ao
computador que seria os 100€ (escolha preterida é a alternativa que não foi escolhida).
Neste caso, o custo de oportunidade seriam os 100€ do computador.

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2) Qual seria o custo de oportunidade de estar na faculdade a ter uma aula de Economia? A
melhor alternativa, sem ser estar na faculdade, a que tem um valor mais elevado pode ser
estar em casa a ver um filme, estar no café, na praia, … (a 2ª melhor opção seria o custo
de oportunidade que está inerente à nossa escolha).

Características:

1) Em princípio é positivo, mas pode não ser.


2) Custo pelo caráter limitado da racionalidade.
3) Está associado à melhor alternativa àquela opção que nós escolhemos anteriormente.
4) Quando utilizamos o critério da racionalidade e um indivíduo tem, por exemplo,
quatro alternativas à sua disposição para satisfazer uma necessidade, ele faz uma
avaliação no que toca ao valor de cada uma delas (das utilidades e
desutilidades, vantagens e desvantagens associadas a cada uma das alternativas), faz
os cálculos mediante uma utilidade ponderada e averigua o lado positivo e negativo de
cada uma das opções, optando por uma, sendo que a 2ª opção irá corresponder ao
custo de oportunidade.

Marginalismo

 Nem todas as decisões humanas, são de tudo ou nada (ou vamos por um
caminho ou outro), em contrapartida muitas destas decisões são marginalistas
são relativas a decisões incrementais, a partir de um raciocínio
marginalista (que é muitas vezes percebido de forma instintiva, na dose incremental),
decisões de mais ou menos de algo ou de intensificar ou reduzir o número de unidades
empregues em apoio a uma determinada escolha ou atividade.

 A análise da racionalidade centra-se naquelas pequenas decisões que


provocam pequenos incrementos de satisfação dentro de um plano decisório
que não transcenda nos seus valores totais.

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Ex. Um pessoa está na cama e quando toca o despertador hesita em levantar-se de imediato
e pondera os benefícios e os custos de fazer a escolha de ficar na cama mais 30 minutos.
Ficar mais esse tempo na cama poderá custar-lhe um atraso irremediável por exemplo. A
pessoa não está a pensar no total de horas que dormiu, ainda que essas horas possam
influenciar a escolha, nem está a pensar nas próximas horas que irá gastar em transportes
por exemplo, ainda que essa hipótese possa influenciar a escolha. Está a pensar
somente no intervalo de tempo dentro do qual é relevante a decisão a
tomar, num curto período de tempo – está a pensar em termos marginais.

Jogo de soma positiva – Ambas as partes ganham na troca, até podem não ganhar o
mesmo, mas ambas ganham.

Jogo de soma zero – Aquilo que uma das partes ganha, irá corresponder necessariamente
àquilo que a outra parte perdeu. Ex. Uma parte ganha 50€ a outra parte irá perder
necessariamente 50€.

Escolhas que as pessoas fazem


quando estão a falar de questões
económicas:
 Escolhas implícitas: São as escolhas que as pessoas fazem por vontade própria,
porque querem escolher uma certa alternativa. Ex. Eu estou na praia porque escolhi aqui
estar, por uma multiplicidade de razões.
 Escolhas explícitas: Não são o oposto das escolhas implícitas, no entanto apresentam-
se já como sendo escolhas coletivas. Quando nós envolvemos mais do que uma pessoa
num determinado plano, é preciso tomar decisões e é preciso explicitá-las, as pessoas têm
de se pôr de acordo. E é aí que começamos realmente a ver verdadeiramente, questões
económicas.

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Mercado de Produtos e Mercado
de Fatores
1. Mercado de produtos (mercados de bens e serviços) – Os indivíduos e famílias
pagam por aquilo que adquirem e as empresas e mercados recebem os pagamentos
monetários correspondente ao valor de mercado que fornecem. É neste mercado que as
empresas obtém o seu rendimento e os indivíduos concentram as suas
despesas.

Procura – Consumidores
Oferta – Empresas, lojas, mercados, etc.

2. Mercado de fatores - Os indivíduos e famílias passam a ocupar a posição de


fornecedores de trabalho e as empresas a posição de utentes. Neste mercado, as empresas
pagam e os indivíduos recebem a renumeração correspondente ao valor do salário que lhes
é fornecido pelas empresas. É neste mercado que as famílias obtém o seu
rendimento que gastarão em mercados de produtos e é nele que as
empresas concentram as suas despesas, pagando renumerações aos
fatores, gastando com eles o que irão ganhar no mercado de produtos.

Procura – Empresas, lojas, mercados, etc.


Oferta – Trabalhadores

Trocas
 Estão associadas à ideia de troca de excedentes de produção por carência de consumo.
Existindo trocas intersubjetivas e internacionais.
 Universo das trocas – mercado

Como justificar as trocas?


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 Há muitas vantagens que nós não alcançamos sozinhos, porque as nossas necessidades
para serem satisfeitas, quando elas exprimem e quando têm alguma urgência em serem
satisfeitas, reclamam uma sofisticação na oferta de meios para satisfazermos essas
necessidades, que nós como produtores não temos. Nós enquanto produtores não
conseguimos produzir em simultâneo tudo aquilo que necessitamos para
satisfazer na totalidade todas as necessidades que sentimos, então
trocamos com outros agentes económicos excedentes de produção, por
bens que irão satisfazer necessidades que nós, a partir da nossa produção,
não conseguimos.
Uma pessoa pode preservar a sua independência, e dizer o seguinte:

“Eu gostaria na medida máxima do possível, não depender de outros e portanto limitar ao
máximo as trocas.”, é possível viver assim?

 O Prof. Fernando Araújo, admite que consigamos acumular alguns recursos que
nos permitam viver autonomamente, isoladamente e independentemente de
qualquer trocas, mas não infinitamente, apenas por um período de tempo
limitado.
Ex. Navegadores que navegam à volta do mundo e não fazem trocas comerciais.

Quanto mais sozinha e isolada a pessoa viver, mais facilmente se


empobrece voluntariamente pois tem de prescindir de bens que não
consegue produzir para si mesma.

Podemos transpor isto para os países – há países que vivem numa situação
de autarcia – situação de autossuficiência e independência, sem realizarem
trocas comerciais com outros países, o que pode gerar problemas de
empobrecimento.

Um país consegue isolar-se sem empobrecer?

 Embora para as pessoas não seja possível, pois haverão sempre produtos que a
pessoa não conseguirá produzir ou adquirir para ela mesma ou não terá recursos
suficientes para viver autonomamente durante toda a sua vida e portanto a certa
altura terá de investir em trocas se quiser sobreviver com as condições mínimas.
 Existem países que conseguiriam efetivamente isolar-se sem
empobrecerem, mas são muito poucos. São países que têm

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dimensão suficiente para terem um mercado interno
suficientemente diversificado e grande. Ex. EUA
 Caso o país não tivesse uma dimensão suficientemente grande
para integrar um mercado interno que lhes permitisse viver
isoladamente, a economia entraria em colapso se não realizasse
trocas comerciais com outros países. Ex. Portugal

As trocas são um veículo de colaboração e complementação de


interesses entre agentes económicos. Quando um agente económico se
apercebe de que tem uma multidão de necessidades e eventualmente não tem uma
multidão de competências para produzir certos bens, então decide especializar-se
na produção de certos bens (produzir apenas uma ínfima fração daquilo
que precisa consumir) e troca o excedente de produto, por tudo aquilo
que não produz e que precisa de consumir.

Ex: Um relojoeiro produz 10 000 relógios por ano e fica somente com um para si
(satisfaz a sua necessidade de ter um relógio), os outros 9 999 vende porque não
necessita deles, então o excedente da sua produção é trocado por outros produtos, que
não um relógio, que satisfaça as suas necessidades, vai trocar por aquilo que não
produz.

Custo das trocas


Informação e processar essa informação – Qualquer pessoa para fazer uma
troca, tem de adquirir informação e essa informação não é gratuita.

 Muitas vezes as pessoas fazem trocas com baixa informação e com baixo
raciocínio, porque o contrário tornaria a troca desinteressante, pois pode
acontecer que o custo da informação possa vir a ser maior do que aquilo que a
pessoa iria ganhar na troca propriamente dita.

Falhas de Mercado

O funcionamento espontâneo do mercado muitas vezes acarreta


ineficiências que se podem denominar falhas de mercado.
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 Existem três tipos:
1. Externalidades – positivas e negativas
2. Falhas de informação que decorrem das assimetrias informativas
3. Falhas de concorrência ou Poder de mercado

 Às falhas de mercado contrapõem-se as falhas de intervenção

1. Externalidades

O que são?
As externalidades são consequências para o produtor ou para o consumidor que
resultam fora da estrita troca comercial – toda e qualquer situação económica
na qual ocorram danos ou benefícios para agentes económicos e que
tenham por origem comportamentos ou ações de terceiros,
nomeadamente terceiros com os quais os agentes económicos
beneficiados ou danificados não têm qualquer relação económica.
 Nestas situações, o indivíduo não tem de pagar pelo beneficio
obtido nem tem de indemnizar pelo dano sofrido.
Externalidades Positivas
 Efeitos positivos causados a alguém, por terceiros, sem que tenha
sido por vontade própria do agente e sem que essa pessoa tenha
de pagar pelos benefícios que lhe foram causados.

 Estão associadas a um problema de subprodução – existe


descoordenação e imobilismo, pelo facto de que o indivíduo fica racionalmente à
espera de que os outros façam o esforço do qual ele beneficiará. Nestas
situações, o Estado vê-se obrigado a intervir, quer produzindo os bens
(retirando-os das mãos da iniciativa privada), quer financiando essas atividades
como meio de incentivo (no caso da investigação científica, por exemplo), para
que as externalidades positivas continuem a existir.
Ex.
1) Existe um grupo de 6 pessoas e há um deles que é completamente anti-vacinas.
Contudo ainda que este sujeito seja anti-vacinas, a probabilidade de ficar
infetado num grupo onde os restantes membros estão vacinados, é menor. Ele é

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beneficiado no entanto não fez nada, por vontade própria, para que assim fosse
nem estabeleceu com os restantes membros uma relação dita económica.
2) Bens públicos – não há rivalidade de uso, ou seja, uma pessoa não esgota o bem,
não se pode excluir nem impedir ninguém de utilizar esse bem.
Externalidades Negativas
 Efeitos positivos causados a alguém, por terceiros, sem que tenha
sido por vontade própria do agente, sem que esse alguém tenha
obrigação de indemnizar pelos danos que sofreu.
 Estão associadas a um problema de sobreprodução – Por exemplo,
as pessoas que causam as externalidades positivas não têm
nenhum custo associado a isso e por isso irão continuar a poluir
por exemplo, sem que haja qualquer penalidade.
Ex. É construída uma fábrica numa determinada região, que com a sua produção liberta
químicos e poluentes que poluam o ar das pessoas que vivem naquela região. Neste
caso, os danificados não têm qualquer relação com a fábrica, não são procura onde a
fábrica é oferta porque se fossem não era uma externalidade., as pessoas não têm
relações económicas com a fábrica no entanto são prejudicadas com a poluição dessa
mesma fábrica, levam com os efeitos negativos dessa não tomada de decisão.
Não é verdade que sempre que existam externalidades, sejam elas
positivas ou negativas, tenha de haver intervenção do Estado ou que
alguém tenha de ser chamado para pagar e isso não acontece quando
nos apercebemos que se essa fosse a via, provavelmente íamos
degenerar numa falha de intervenção , que é quando o Estado intervém e
normalmente por força de falhas de intervenção, o Estado acaba por causar um dano em
virtude da sua ação que é superior ao dano que existia antes da sua intervenção. Existem
externalidades que devem permanecer.

2. Falhas de Informação
 Decorrem das assimetrias informativas.
 Numa relação contratual, uma das partes tem mais informação do que a outra e
utiliza-a para seu proveito, manobrando-a ou ocultando-a da contraparte. A
solução para impedir estas falhas passa por garantir a obrigatoriedade da difusão
de informação importante.
As falhas de informação podem ter duas configurações:

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2022/2023
 Seleção Adversa – Por força das assimetrias informativas, o funcionamento
do mercado é afetado na medida em que os “bons” agentes saem do mercado
enquanto os “maus” agentes permanecem lá (em sentido de qualidade); isto pode
levar à extinção do mercado e afetar a relação de troca.

 Risco Moral -

3. Falhas de concorrência ou
Poder de mercado
 O poder de mercado está relacionado com o poder do produtor-vendedor em
influenciar os preços praticados sem ter que considerar (ou considerando como
irrelevante ou invariante) as reações da procura, evidenciando a respetiva
elasticidade-preço.

Mecanismos de combate às falhas de mercado:


1. O controlo e a regulação direta das quantidades produzidas, estabelecendo
normas, proibições, licenças e quotas.
2. A criação de mercados de quotas negociáveis de sistemas de compensação de
benefícios e sacrifícios particulares.
3. As intervenções no mercado, orientadas no sentido da alteração dos preços,
lançando impostos e taxas, estabelecendo cauções ou subsídios.

São falhas que se encontram em mercados de concorrência imperfeita.


A Intervenção do Estado nos Mercados – Falhas de intervenção
 Uma intervenção do Estado pode muitas vezes, ao invés de corrigir uma falha de
mercado pode inclusive, agravá-la. O Direito funcionaria como regulador dos
mercados na medida em que tentaria suprir essas falhas de mercado suscetíveis
de ocorrer.
 Atualmente chega-se à conclusão de que é melhor a intervenção do
próprio mercado do que do Estado, porque nesse registo
costumam surgir mais problemas.

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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
É muito comum acontecer o seguinte: O Estado impõe um imposto, passado
algum tempo desaparece a razão extrafiscal do imposto, no entanto o
imposto continua a ser cobrado.

 A ciência económica tem um papel importante na denúncia destas


intervenções do Estado, que muitas vezes para salvar o tecido
económico, o mercado, as trocas livres, impõe impostos por uma
determinada razão, contudo quando essa razão desaparece, o
Estado continua a cobrar sem justa causa.

Fronteira de Possibilidades de
Produção (FPP)
 Esta fronteira pretende representar simplificadamente as várias combinações
possíveis de produção máxima de dois bens ou serviços, através dos recursos e
tecnologias que temos à nossa disposição.
 Representa o potencial crescimento de uma determinada Economia, isto é, o
limite máximo de eficiência que uma Economia pode alcançar.

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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
 Nos pontos ineficientes – os recursos não estão a ser utilizados no seu
limite.

 Pontos que se encontram para além da FPP – combinações


inalcançáveis dentro dos limites de eficiência (a sua produção seria
insustentável)
Uma Economia pode estar para lá da FPP mas momentaneamente/instantaneamente,
depois tens de regressar logo.

 Nos pontos eficientes – os recursos que estão a ser utilizados são os


necessários e suficientes para a produção que se pretende.

Ceteris Paribus: Significa mantendo-se tudo o resto constante.


 A FPP não é estática:

1. Pode haver uma expansão – se houver um aumento de inovações


tecnológicas, um aumento de matérias primas, aumento de mão de obra, etc.
2. Pode haver uma contração ou retração – se houver uma situação de
guerra, uma catástrofe, uma destruição de máquinas, uma recessão económica,
etc.

Como é que se relaciona a FPP com o custo de oportunidade?


 A FPP representa todas as possibilidades de combinações possíveis
de produção de bens em alternativa, neste caso temos o bem A e
o bem B, que são conjuntos alternativos de bens suscetíveis de
produção combinada. O custo de oportunidade varia consoante o maior
emprego de um bem face ao outro, por exemplo se eu investir mais
recursos na produção do bem A isso vai-se refletir numa
diminuição de uma produção do bem B e exatamente neste
momento, que é aquele momento em que eu opto por mais de A e
optando mais do A vou ter de diminuir necessariamente B (Só
acontece se eu estiver sobre a curva, todos os pontos que estão tangente à curva

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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
vão se confrontar com a seguinte realidade: não é possível aumentar a
quantidade de A sem que isso implique necessariamente diminuir
a quantidade de B).

 O custo de oportunidade está naquilo que B me dava e que eu


perdi, ou seja, o lucro que eu tinha correspondente àquilo que
abdiquei de B.

 Quando nós “andamos” ao longo da curva no gráfico FPP há uma taxa que se
pode calcular, que em rigor me permite medir este custo de oportunidade.
Quando uma Economia está a produzir no seu limite, o aumento de
produção de um bem A irá implicar necessariamente uma diminuição de
produção de um bem B, a produção não pode aumentar em ambos os
bens, como se fosse uma “soma zero”.
Taxa marginal de transformação – Mede a taxa a que uma pessoa está
disposta a substituir um bem de produção por outro. Quando oscilamos
ao longo da curva limitativa da FPP, consumimos mais de A e menos de
B, ou seja, o investimento na especialização em A é maior do que em B.
O cálculo da taxa marginal de transformação entre unidades de A e B permite-nos
perceber, que estamos a transformar mais rapidamente unidades de B em A se a pessoa
se quiser especializar em A e mais rapidamente unidades de A em B, se a especialização
for direcionada para B.
QA
A taxa marginal de transformação ( ) representa a tendência marginal para a
QB
especialização.
Situação em que se deixa de produzir completamente o B e produzo todo o A, a taxa
marginal de transformação dá apenas 1 (corresponde a cada incremento de
especialização).
Vale de equilíbrio na FPP – É a zona da FPP onde as quantidades de bens de
produção é mais homogénea e, deste modo, onde o risco de existir um excesso de
alocação de recursos de um para o outro é necessariamente menor. Nesse sentido, é a
situação marginalmente mais eficiente. Ex. Lei da produtividade marginal decrescente
e especialização no trabalho.

 A curto prazo, quais são os custos que têm de ser assegurados? Os


custos fixos, porque independentemente daquilo que a empresa faturar,

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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
esses custos irão sempre permanecer. Ex. salários dos trabalhadores, renda do
espaço, etc.

Custos fixos – essenciais para que a atividade exista como tal

 A longo prazo os custos fixos tornam-se variáveis porque se diluem em função


da escala de produção Neste sentido, o objetivo de todos os produtores-
vendedores é o de transformar todos os custos fixos em variáveis, em função
precisamente da escala de produção.

Teoria das Vantagens absolutas e


Teoria das Vantagens comparativas

Teoria das Vantagens Absolutas


Adam Smith
 Cada agente deve especializar-se na produção do bem em que for mais eficiente,
ou seja, naquele onde consegue produzir mais.
Ex. Temos dois países, dois bens e não existe comércio internacional
Portugal Inglaterra
Tecido 90 H 100 H
Vinho 120 H 80 H
Total de Horas 210 Horas 180 Horas

Qual é o país mais eficiente na produção de cada um dos bens?


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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
 Portugal produz as mesmas quantidades de tecido e de vinho, em
90 horas e 120 horas, respetivamente. Logo, uma vez que produz a
mesma quantidade de tecido em menos horas, face ao tempo que
demora na produção de vinho, então Portugal deve especializar-se
na produção de tecido. (120 – 90= 30 horas de diferença de produção,
tendo em conta as mesmas quantidades de bens.

 Inglaterra produz as mesmas quantidades de tecido e de vinho, em


100 horas e 80 horas respetivamente. Logo, uma vez que produz a
mesma quantidade de vinho tecido em menos horas, face ao
tempo que demora na produção de tecido, então Inglaterra deve
especializar-se na produção de vinho. (100 – 80= 20 horas de diferença
de produção, tendo em conta as mesmas quantidades de bens

Teoria das Vantagens


Comparativas ou Relativas
David Ricardo
 Neste caso estamos perante um único país, sendo essa a diferença
comparativamente à Teoria das vantagens absolutas de Adam Smith, que
falamos em dois países – assume-se que esse país tem vantagem absoluta sobre
os dois bens
Tendo vantagem absoluta sobre os dois bens que tem vantagem
absoluta, em qual dos bens é que Portugal se deve especializar?
Temos de verificar, mediante dois bens, em qual é que a produção será mais eficiente.

Portugal
Tecido 90 H
Vinho 120 H

 Neste caso, podemos verificar que para as mesmas quantidades de bens,


Portugal demora a produzir Tecido e Vinho, 90 e 120 horas respetivamente.
Assim, podemos concluir que Portugal deve especializar-se na produção de

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Marta Silva
Turma A2
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Tecido, uma vez que face ao outro bem, produz as mesmas quantidades mas em
menos tempo e portanto será esse o bem onde deve inserir a sua especialização.

A oferta e a procura

Oferta – Conjunto de atitudes típicas daquele que se dirige ao mercado, para lá


entregar um bem ou prestar um serviço, que é avaliado essencialmente em
função do custo (esforço ou custo de oportunidade que representa para o vendedor,
seja produzir o bem ou obter uma legitimidade sobre ele, seja adquirir as aptidões e os
meios que lhe permitem prestar o serviço).
 Sendo que o custo não é a única base de avaliação em que assenta a
disposição da oferta – se o vendedor já dispõe de experiencia no mercado
daquele produto, os preços praticados fornecem-lhe limites daquilo que será uma
avaliação razoável, ou seja, quais os máximos e mínimos daquilo que pode ser
aceite no mercado.
Procura - Conjunto de atitudes típicas daquele que se dirige ao mercado para
satisfazer as suas necessidades, seja através da aquisição de bens, utilização de algum
serviço, sendo que o valor que atribui seja ao bem seja ao serviço é
essencialmente determinado pela utilidade que associa a eles – é aferido
pela aptidão que lhes atribui para satisfazerem as suas necessidades.
 Podem haver outros fatores determinantes para a avaliação, que
não seja a utilidade associada – o conhecimento de níveis de preços
praticados no mercado, a perceção da relativa escassez dos produtos, as próprias
limitações orçamentais, etc.
As limitações orçamentais forçam o consumidor a restringir o seu conjunto de
necessidades ou a aumentar a amplitude da renúncia à respetiva satisfação.

Lei da Oferta
 Correlação direta entre preços e quantidades oferecidas – Quanto mais
elevados forem os preços, maiores são as quantidades oferecidas.
(tendência Ceteris Paribus).
Produzir ou obter um bem para oferecer no mercado, envolve
custos e por isso, quanto mais elevados são os preços, maior é a
possibilidade desses custos virem a ser cobertos pelo total da

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Marta Silva
Turma A2
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receita obtida pelas vendas e que permita obter um remanescente de rendimento que
premeia o esforço do produtor – o lucro ou excedente do produtor.
O aumento da oferta tende a ser feito a curto prazo, a custos crescentes, com perdas
marginais de eficiência.
Curva da oferta – conjunto de pontos mínimos da disposição de vender – o preço
mínimo a que alguém julgará compensador produzir e vender mais uma unidade de um
bem ou serviço.
 Se o custo de oportunidade é superior ao meu ganho, significa que eu estou a
perder dinheiro com o ganho que estou a ter neste momento. – rapidamente se
migra para outro setor.

Fatores da Procura num


Mercado Concorrencial
 Procura – É a quantidade de produtos que as famílias e as empresas decidem
comprar, dada a relação entre as suas limitações orçamentais e o nível de preços
daqueles produtos. Corresponde a uma disposição efetiva de pagar.
Funções da Oferta e da Procura – são equações que evidenciam a relação entre a
quantidade procurada e oferecida por um lado e as várias determinantes da procura e da
oferta por outro.
Além dos preços, outros fatores podem influenciar o nível da procura:
1. Mudanças no rendimento médio dos consumidores com efeitos de elasticidade-
rendimento que levam à quebra da procura de bens inferiores, caso o rendimento
tenha subido.
2. Mudanças nas preferências dos consumidores, seja ou não por influencia de uma
campanha publicitária promovida pelos próprios produtores.
3. A dimensão da população de consumidores.
4. Expectativas
5. Condições extremas de necessidades – guerra, pandemia, condições de saúde,
etc.
6. O poder de compra dos consumidores

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Marta Silva
Turma A2
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Lei da Procura ou Lei da Procura
decrescente
 Correlação direta entre preços e quantidades procuradas – Quanto mais
baixos forem os preços, maiores são as quantidades procuradas
(tendência Ceteris Paribus). Dada a limitação orçamental de cada consumidor,
quanto menor for o preço unitário maior será o número de unidades que se pode
adquirir pelo mesmo valor total.

Existem exceções a esta Lei:

 Quando os consumidores são levados por escassez informativa ou por


assimetrias informativas ao associar a qualidade de um produto a um preço de
forma incorreta.
 Quando a motivação principal do consumo é a ostentação do exclusivo
proporcionado pelo poder de compra. Ex. Eu compro uma mala muito cara,
mesmo que o preço tenha aumentado, só para mostrar que tenho um bem cujo
preço é muito elevado.

A escala da procura
representa o panorama
de escolhas para cada
nível de preços dentro
de um período de tempo
delimitado.

A procura individual
dependerá do nível de
rendimento que cada um
disponha e oscila
conforme as oscilações
desse rendimento.
Existe normalmente uma correlação direta entre oscilações de rendimento e variações
de quantidades consumidas.
Bens normais (incluindo os bens superiores ou bens normais de luxo) –
aqueles cujo consumo aumenta com os aumentos do rendimento disponível dos
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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
consumidores. Ex. carne, livros. Energia elétrica, etc. (bens normais) e roupas de marca,
automóveis “topo de gama”, etc. (bens superiores).
Bens inferiores – cujo consumo diminui se o rendimento aumentar e caso
este rendimento diminua, o seu consumo tende a aumentar. Ex. bens de marca
branca.

Deslocações das Curvas de


Oferta e de Procura

Modificações na curva da Procura

Para que haja uma deslocação da própria curva como um todo


(expansão ou retração) e não meras deslocações ao longo da
curva, terá de ter havido uma modificação nos fatores “não-preço”
que são suscetíveis de influenciarem a procura ou a oferta.

Exemplos:
1. Se um determinado produto fica na moda, a procura irá tendencialmente
aumentar e haverá por isso uma expansão da curva da procura.
2. Sai uma notícia alarmante dos riscos do seu consumo para a saúde, a procura
irá reduzir e haverá uma contração da curva da procura.
3. Os consumidores se convencem de que está próximo um drástico
agravamento de preços – Sai uma notícia que anuncia o aumento do preço de
um produto dali a dois meses, a procura irá aumentar muito a curto prazo,
na espectativa que foi dada em mercado relativamente a
preços. A notícia televisiva funcionou como um fator exógeno -
> Relacionado com o efeito do tempo em que os consumidores como sabem
que o preço vai aumentar, adaptam-se e compram mais desse produto.
(Expansão da curva da oferta).

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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
As deslocações da própria curva da Procura está muito relacionadas com
a elasticidade dos bens em causa.
 Há um novo ponto de equilíbrio.
 Se houve uma reação a curto
prazo dos consumidores,
provavelmente é porque
estamos a falar de um bem
cuja procura é inelástica, o
bem essencial e que as
pessoas teriam mesmo de
comprar.
Modificações na curva da
Oferta
 Verifica-se uma deslocação ao longo da curva se, Ceteris Paribus,
tiver ocorrido uma simples variações de preços, caso em que o
vendedor, sem alterar a sua escala de preferências muda de uma
relação “preço-quantidade oferecida”, para outra.
Há uma deslocação (expansão ou contração) da própria curva da oferta como um todo,
quando variar algum outro fator, que não o preço.
Exemplo – Se houver um vírus que afete a
produção de um bem, haverá uma
diminuição da oferta e o preço do bem irá, a
longo prazo, aumentar. Como a oferta
diminui, haverá uma contração ou
retração da curva da oferta. (O fator
que se altera são as quantidades
produzidas e não o preço)

Bens sucedâneos e bens


Complementares

 Bens sucedâneos
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Marta Silva
Turma A2
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A procura de um bem pode depender das condições e preços de outros bens e não do respetivo
preço do bem principal.
 A baixa de preços de um bem implica a quebra da procura de outro bem.
 O aumento do preço de um bem, irá originar no aumento da procura de outro bem.

Quando há muita elasticidade por parte dos consumidores, se os preços


subirem de um determinado bem principal, estes optam por bens
sucedâneos, cujo preço relativo é inferior.
 Existem bens sucedâneos perfeitos e bens sucedâneos imperfeitos.

Ex. óleo alimentar e azeite, manteiga e margarina, etc.

 Bens complementares
A procura de um bem revelará uma correlação direta com a procura de
outros bens.
 São habitualmente utilizados conjuntamente.
 O agravamento de um deles compromete a utilização dos demais.

Ex. Software e computadores, autonomamente eles não funcionam como é pretendido, não vale
apena ter um computador que só funciona se tiver software (numa situação em que não há
software) ou então cas não haja computadores, não vale apena termos software, porque
autonomamente não servirá para nada.

O preço e a quantidade de
Equilíbrio

Num contexto de funcionamento livre das forças de mercado o preço representa a


avaliação que ambas as partes nas trocas fazem dos bens e serviços transacionados e
espelha a escassez desse objeto das transações.

 O gráfico em que se
cruzam a curva da oferta
e a curva da procura
designa-se cruz
Marshalliana – o ponto de
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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
interseção é o ponto de equilíbrio (preço de equilíbrio e uma quantidades de
equilíbrio.

 Se temos o mesmo Ponto de Equilíbrio (P.E), a Quantidade oferecida e a


Quantidade procurada são a mesma – a oferta oferece exatamente a mesma
quantidade procurada. Normalmente os preços e as quantidades oscilam em
torno do P.E, sempre no sentido de aproximação ao centro.

Elasticidades
 É a amplitude da reação dos agentes económicos às variações das condições dos
mercados e às flutuações dos preços dos produtos ou de rendimento dos fatores.
 A elasticidade refere-se não só à amplitude das reações das partes face às
oscilações de preços e rendimentos mas também à rapidez dessas reações.
Quanto maior é a sensibilidade, mais elástica é a procura. Quanto menor
for a sensibilidade, mais inelástica é a procura.
• Valor = 0  nenhuma sensibilidade (Inelasticidade)
• Valor entre 0 e 1  pouca sensibilidade (Pouca Elasticidade)
• Valor = 1  sensibilidade unitária (Elasticidade unitária)
• Valor >1  muita sensibilidade (Elevada Elasticidade)
• Valor + ∞  sensibilidade extrema (Elasticidade extrema)
Existem 4 tipos de Elasticidades:
 Elasticidade-Preço da Procura
 Elasticidade-Preço Cruzada
 Elasticidade Procura do Rendimento
 Elasticidade da Oferta

Efeito do Rendimento – a sensibilidade tende a aumentar se as limitações


orçamentais do sujeito estão a ser atingidas.
Efeito de Substituição – Quando o preço varia, existe transferência de
consumidores de um bem principal para outro que se considera sucedâneo, cujo preço
relativo não tenha aumentado.

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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
Elasticidade-Preço da
Procura
Δ % Quantidades procuradasbem x
Δ % Preçobem x

Valor = 0 Inelasticidade total Não há qualquer variação das quantidades,


ou rigidez total havendo variação dos preços.

Valor entre 0 e 1 Inelasticidade  Aumento do preço -> Diminuição


menos do que proporcional das
quantidades procuradas
 Diminuição do preço -> Aumento
mais do que proporcional das
quantidades procuradas

Ex. Os preços aumentam 40% e as


quantidades procuradas diminuem 20%.
Valor = 1 Elasticidade unitária  Aumento do preço -> Diminuição
proporcional das quantidades
procuradas
 Diminuição do preço -> Aumento
proporcional das quantidades
procuradas
Ex. Os preços aumentam 40% e as
quantidades procuradas diminuem 40%.
Valor > 1 Elasticidade elevada  Aumento do preço -> Diminuição
mais do que proporcional das
quantidades procuradas.
 Diminuição do preço -> Aumento
mais do que proporcional das
quantidades procuradas.
Ex. Os preços aumentam 40% e as
quantidades procuradas diminuem 60%.
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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
Valor = ∞ Elasticidade perfeita  Aumento do preço -> Procura
desaparece
 Diminuição do preço -> Expansão
infinita da procura
Só compensa ao vendedor subir preços, caso o valor da elasticidade
esteja no intervalo [0,1[. Na Elasticidade unitária não vale apena porque
aquilo que for aumentado no preço, será perdido nas quantidades
procuradas.
Em termos gráficos:
 Quando maior é a elasticidade, mais a curva fica horizontal.
 Elasticidade unitária -> Declive de 45º
 Inelasticidade total -> Linha vertical
 Elasticidade perfeita -> Linha horizontal

Elasticidade-Preço Cruzada
Δ% Quantidades procuradasbem y
Δ % Preço bem principal
Valor < 0 Bens  Correlação inversa de preços
complementares e quantidades procuradas, de
um bem face ao outro.
Valor = 0 Bens independentes  As quantidades procuradas
de um bem não variam com a
variação de preços do outro
bem.
Valor entre 0 e ∞ Sucedâneos  Se o preço de um bem
imperfeitos aumentar -> A quantidade
procurada do outro bem
aumenta
 Se o preço de um bem
diminui -> A quantidade
procurada do outro bem
diminui
Valor = ∞ Sucedâneos  Se o preço de um bem
perfeitos aumentar -> expansão
infinita da procura do outro
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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
bem.
 Se o preço de um bem
diminuir -> desaparecimento
da procura do outro bem.

Elasticidade Procura do
Rendimento
Δ % Quantidades procuradasbem x
Δ % Rendimento

Valor > 1 Bens  Aumento do rendimento -> Aumento da Procura


superiores  Diminuição do rendimento -> Diminuição da
Procura
Valor = 0, 1 ou Bens  Aumento do rendimento -> Aumento da procura
entre 0 e 1 normais é menos do que proporcional ou indiferente ao
aumento do rendimento.
 Diminuição do rendimento -> Diminuição da
procura proporcional, menos do que proporcional
ou indiferente à diminuição do rendimento
Valor < 0 Bens  Aumento do rendimento -> Diminuição da
inferiores Procura
 Diminuição do rendimento -> Aumento da
Procura

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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
Elasticidade da Oferta
Δ % Quantidades oferecidasbem x
Δ % Preço bem x

Valor = 0 Inelasticidade total Não há qualquer variação das quantidades,


ou rigidez total havendo variação dos preços.

Valor entre 0 e 1 Inelasticidade  Aumento do preço -> Aumento


menos do que proporcional das
quantidades oferecidas
 Diminuição do preço ->
Diminuição mais do que
proporcional das quantidades
oferecidas

Valor = 1 Elasticidade unitária  Aumento do preço -> Aumento


proporcional das quantidades
oferecidas.
 Diminuição do preço ->
Diminuição proporcional das
quantidades oferecidas.
Valor > 1 Elasticidade elevada  Aumento do preço -> Aumento
mais do que proporcional das
quantidades oferecidas
 Diminuição do preço ->
Diminuição mais do que
proporcional das quantidades
procuradas.
Valor = ∞ Elasticidade perfeita  Aumento do preço -> Expansão
infinita da oferta
 Diminuição do preço ->
Desaparecimento da Oferta

Os fatores que condicionam a elasticidade da oferta são:


1. O efeito de substituição – está em causa saber se um produto é substituível por
outro ou não – se se der o efeito de substituição, a elasticidade da oferta
aumenta)
2. O efeito do rendimento

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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
3. O fator tempo – o decurso do tempo aumenta a elasticidade da oferta porque
permite a adaptação das estruturas produtivas.

Preços máximos e
preços mínimos
 O ponto de Equilíbrio é quando estamos numa situação ideal, nem sempre o
preço de mercado correspondente ao Ponto de equilíbrio.

A via dos Preços mínimos


 O estabelecimento de preços mínimos pode ser feito acima ou abaixo do preço
de mercado.
 A fixação abaixo do preço der mercado não tem efeitos a curto prazo.
A imposição de preços mínimos tem dois objetivos fundamentais:
1. A proteção dos trabalhadores no sentido de terem garantia de
condições mínimas de sobrevivência assentes em preços justos
face ao trabalho que desempenham, evitando a exploração do Homem
por exemplo.
2. A proteção dos produtores no sentido em que devem receber o
mínimo para que consigam cobrir o mínimo dos seus custos de
produção e terem lucros suficientemente satisfatórios para a sua
sobrevivência, por isso é que não há vendedores, nomeadamente a vender
bens a 0€ ou a vender bens pelo preço correspondente aos seus custos de
produção, porque em ambos os casos não ganharia lucro e não tinha condições
de manter o negócio.

Fixação de preços mínimos acima do preço de mercado


 Prejudica os consumidores e beneficia os produtores.
 Os produtores irão produzir mais e mais e gradualmente irá haver um excesso
de oferta ou seja, há muita oferta em relação à procura que existe, e quando
os produtores começam a perceber que há demasiada oferta que não está a ser
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Marta Silva
Turma A2
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escoada, começam a perder o incentivo para trabalhar e param a
sua produção, até chegar a uma situação de carência de bens que
prejudicará os consumidores (aqueles produtores que produziam em
excesso, deixam de produzir).
 Mercados Paralelos – Geralmente, os mercados paralelos estão
associados à fixação de preços máximos e mínimos
desequilibrados, o que faz com que se origina excedente ou
escassez e isto faz com que se originem mercados com agentes
que foram excluídos do mercado principal. Estes mercados têm
características positivas e negativas. A regulação dos preços faz
com que alguns agentes sejam excluídos por não conseguirem
fazer face aos preços a que os produtos são vendidos ou por não
terem capacidade por exemplo de escoar os produtos: Assim,
surgem mercados paralelos como os mercados negros e outras formas de
comércio ilegal, em que ocorre fenómenos onde os trabalhadores são pagos
abaixo daquele que seria o estipulado ou de bens que são vendidos abaixo do
preço que seria o preço estipulado.

Exemplo: Salários mínimos – preços mínimos no mercado de fatores, onde aquilo que
está a ser renumerado é o fator trabalho. E portanto a procura corresponde às empresas e
a oferta corresponde aos trabalhadores

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Marta Silva
Turma A2
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 Fixação de Preços mínimos Custos fixos + custos variáveis
acima do Preço de mercado

 Fixação de Preços mínimos


abaixo do Preço de mercado

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Marta Silva
Turma A2
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A via dos Preços máximos
 Imposição de preços máximos
abaixo do Preço de mercado

 Imposição de preços máximos


acima do Preço de mercado

Exemplo – Congelamento de rendas. Nessa situação o Estado coloca algum limite


sobre o senhorio relativamente à subida das rendas, para garantir precisamente que as
pessoas tenham condições económicas para pagar e que possam usufruir do seu direito à
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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
habitação sem constrangimentos. Para que as pessoas pudessem pagar um valor de
renda, esse valor tem de ser de algum modo limitado nomeadamente através das
características do imóvel, etc. para que o preço não aumente indefinidamente e para que
as pessoas consigam ter condições mínimas de sobrevivência possíveis.
No mercado de rendas:
 Os imóveis dos senhorios são a oferta.
 Os inquilinos são a procura.

Com o congelamento de rendas, a procura aumenta e a oferta diminui.


Há uma menor oferta das casas para arrendar no momento subsequente, quando há
diminuição do preço das rendas, porque os senhorios não estão dispostos a manter os
seus imoveis no mercado com a diminuição dos preços, para além de ser tributariamente
afetados também, por causa dos impostos que essa renda pode trazer.
Disposição de pagar – É o montante que efetivamente possa determinar-se que seria
o limite do sacrifício monetário de que uma pessoa seria capaz de obter um produto e
não outros.

Leis de Gossen
1ª Lei de Gossen – Lei da Utilidade Marginal decrescente
 A necessidade associada à utilidade de um bem, vai diminuindo à
medida que vão sendo aplicadas doses marginais. À medida que
vão sendo acrescentadas doses extra, irá haver um aumento
sucessivo de unidades desse bem até se atingir um determinado
ponto de saciedade.
 Normalmente o ponto de saciedade não é atingível uma vez que os bens são
escassos e o ser humano tem limitações e por isso paramos antes de atingir esse
ponto. Mas podem haver casos em que à medida que vão sendo
aplicadas doses sucessivas de um bem, a utilidade vai começando
a decrescer até atingir então o ponto de saciedade e a utilidade passa a ser
negativa.
Ex. Uma pessoa tem sede e tem vários copos de água à sua frente. Com o primeiro copo
de água, a utilidade retirada é grande, com o segundo também mas mais inferior, com o
terceiro também mas ainda mais inferior e assim sucessivamente. Até chegarmos a um
ponto em que já não temos mais essa necessidade e a partir desse ponto, ao invés da
sensação ser positiva, é negativa.

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Marta Silva
Turma A2
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2ª Lei de Gossen – Princípio da Equimarginalidade
 A utilidade total é sempre maximizada (um bem é útil no seu total) quando a
totalidade do rendimento disponível for repartida e cada unidade desse
rendimento for utilizada de forma equitativa pelas várias necessidades. Isto é, à
medida que vão surgindo mais bens, temos de dividir o rendimento que vamos
gastar de forma igual para todos os bens.

Eficiência de Pareto
 É um referencial teórico que nos guia até à seguinte ideia: o que é que seria o
ideal em termos de eficiência? – eficiência paretiana criada por Vilfredo
Pareto.
 Esta eficiência é o critério da eficiência total, máximo de eficiência .
Subdivide-se em três aspetos:
1. Eficiência nas trocas – Os bens circularam e foram ter com quem tinha mais
disposição para os pagar. (não levar os bens ao maior número de consumidores)
2. Eficiência na produção – Situação em que estamos em cima da FPP, não é
possível com o nível desenvolvimento tecnológico e com os recursos que temos,
produzir mais quantidades.
3. Eficiência na satisfação das preferências dos consumidores – o
mercado conseguiu perceber quais eram as preferências dos consumidores e
produzir os bens e serviços necessários para satisfazer as necessidades destes.

Concluindo, havendo eficiência nas trocas, eficiência na produção e


eficiência na satisfação das preferências dos consumidores, estamos
numa situação de eficiência paretiana, onde já não é possível melhorar a
situação de um agente económico sem ter de sacrificar em parte a
situação de outro agente económico.

Impostos
 A justiça implica a arrecadação de receita através de impostos, pois para o
Estado ajudar aqueles que estão em condições piores, para financiar uma política
de justiça, precisa de dinheiro e este dinheiro vem dos impostos (receitas
tributárias).
 Esta inevitabilidade coloca questões do ponto de vista da eficiência: Se por um
lado nos apercebemos que eficiência total não significa necessariamente justiça
39
Marta Silva
Turma A2
2022/2023
(podemos atingir um referencial de eficiência máxima mas isso não significa que
as pessoas estejam todas a viver bem e que estejam todas a ter as condições
adequadas que lhes permitam viver com o mínimo de dignidade), por outro lado
apontamos o nosso foco para a justiça e podemos pensar naquilo que podemos
fazer para ajudar aqueles que estão em desvantagem.

Os impostos afetam os rendimentos das pessoas e por sua vez afetam


a disposição que os consumidores têm de pagar.
O Estado tira uma parte do rendimento quer das pessoas singulares
quer das pessoas coletivas.
Existem também impostos indiretos sobre o consumo
 Do lado da procura – Se o Estado lançar um imposto por um certo produto,
se um consumidor for comprar esse produto, o preço será mais alto. Os
consumidores marginais deixam de comprar esse produto e
trocam de mercado.
 Do lado da procura – a disposição de pagar dos consumidores esta
muito relacionada com a elasticidade da procura, se a procura foi
muito elástica estes irão optar por mercados onde os impostos
estão a ser cobridos pelos produtores vendedores, caso a procura
seja inelástica, a disposição de pagar será maior e eles irão cobrir
os custos associados ao imposto.
Ex. Eu pagava 20€ por um determinado produto, o Estado aplica um imposto de 5€ e
portanto passo a pagar 25€ pelo mesmo produto, o preço subiu por força do imposto.
 Do lado da oferta – Se o Estado quiser mais 5€ por troca e se o produtor
não quiser imputar isso ao consumidor, isto é, se ele não quiser obrigar os seus
consumidores a pagar mais 5€ com o risco de perder a procura, suporta ele o
aumento do preço o que significa que do ponto de vista do produtor é mais um
custo.
Do lado da oferta, temos que por exemplo, o Estado estipula que por cada troca
comercial quer mais 5€ para si. Um produtor vendedor, que antes cobrava 20€ por um
livro cujos custos de produção teriam sido 10€ por exemplo, a sua margem de lucro era
de 10€, mas agora com esse imposto, o produtor vendedor terá de retirar dessa margem
de lucro 5€ para o Estado e perante isto tens três cenários possíveis:

1. O produtor vendedor com medo de perder procura, suporta o imposto estipulado


pelo Estado e começa a vender mas com um luro inferior.

40
Marta Silva
Turma A2
2022/2023
2. O produtor vendedor nao quer suportar a taxa tributária do Estado e portanto sobe o
preço do livro para 25€ por exemplo, para que nao tenha ele o custo do imposto e sim os
consumidores, com o risco de perder procura se nao for, lá está, um bem de procura
inelástica, porque se for talvez seja esta a melhor opção, porque mesmo que o preço
suba 5€, como a procura é inelástica, os consumidores continuarão a comprar, se a
procura a contrário for elástica, esta provavelmente nao será a melhor opção, porque o
valor que ele nao perder no imposto irá perder na redução da procura.
3. Os produtores vendedores marginais, irão sair do mercado, em situação limite,
porque com o imposto estipulado já nao lhes compensa fazer as trocas comerciais
naquele setor de atividade
 A Elasticidade da procura (procura mais ou menos rígida, associada a bens
essenciais ou bens normais) está diretamente relacionada com a disposição de
pagar dos consumidores.

O Estado não pode


aumentar os preços dos
impostos indefinidamente
Perante o aumento das taxas dos impostos temos dois tipos de comportamentos
possíveis:
1. Diminuição do incentivo das pessoas para trabalhar – Se os
rendimentos superiores estão associados a taxas de imposto superiores, então as
pessoas optam por níveis de trabalho inferiores, pois preferem ter um
rendimento inferior para não terem de pagar uma taxa de imposto tão elevada.
2. Comportamento de evasão fiscal – as pessoas podem não declarar aquilo
que ganham ao Estado e assim o Estado não tem maneira de saber quanto é que
irá cobrar àquele indivíduo.
Curva de Laffer – O Estado não pode aumentar indefinidamente a taxa
de imposto, a partir de um determinado montante, a receita tributária
começa a descer. Isto resulta das reações das pessoas à subida das taxas
de impostos.

Receita tributária - É
toda a fonte de renda que
deriva da arrecadação de
Impostos aplicados pelo
Estado. 41
Marta Silva
Turma A2
2022/2023
Carga Fiscal - Quantidade de impostos
que as pessoas têm de pagar ao Estado.

 Esta curva demonstra que a partir de certo ponto partir de um certo ponto a
disposição de pagar das pessoas é ultrapassada e são verificados estes
comportamentos de evasão fiscal, não declaração do rendimento ao Estado ou
preferência por trabalhos cujo rendimento seja inferior e que esteja
consequentemente associado a taxas de imposto inferiores. Aquela receita
tributária que inicialmente estava a ascender, começa a descer precisamente
porque as pessoas não correspondem monetariamente àquela que seria uma
carga fiscal do Estado demasiado elevada e por sua vez a receita tributária desce.

Teoria do Consumidor

Restrições orçamentais e curvas de indiferença


 O consumidor vai ao mercado para satisfazer as suas necessidades,
identifica nos bens ou nos serviços uma determinada utilidade.
Compra quando o bem que o satisfaça tenha um preço abaixo
dessa disposição máxima de pagar.
Ex. Se a minha disposição máxima para comprar são 1 000€ e se eu for ao mercado e o
bem que satisfaça as minhas necessidade e que tenha as características que o tornam
aptam a satisfazer as minhas necessidades, custar 500€, o excedente do
consumidor serão 500€. – Estava disposta a pagar 1 000€ e só tive de pagar 500€.
1. Reta da restrição orçamental
 A ciência económica criou a reta da restrição orçamental que ilustra a finitude
do recursos financeiros.
 Esta reta correspondente a uma Fronteira de Possibilidades de Consumo.

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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
 Pretende demonstrar os orçamentos restritos de cada um e os ajustamentos
possíveis que podemos fazer para satisfazer as nossas necessidades mediante o
rendimento que tenhamos.
 Administração de recursos financeiros – ou optamos por um bem na sua
totalidade e prescindimos do outro, ou então se queremos os dois temos de
dosear para que o nosso rendimento chegue para ambos.
Ex. Numa situação hipotética, onde todo o nosso orçamento se iria esgotar em dois
bens.
 Orçamento – 1000€ 1. Situações limite a partir do orçamento
 Livro – 10€ que temos:
 Relógio 100€  Podemos ter 10 relógios e nenhum livro. (A)
Livros  Podemos ter 100 livros e nenhum relógio. (B)
B 2. Situações em que queremos ambos os
100
bens (temos de fazer combinações
80 E F
C possíveis de acordo com orçamento que
G
temos)
 Podemos ter 50 livros e 5 relógios (C)
50 C  Podemos ter 10 livros e 9 relógios. (D)
H  Podemos ter 80 livros e 2 relógios. (E)
30
 …
D 3. Os pontos F e G não são possíveis e o H
Relógios
10 A é ineficiente pois não estou a utilizar o meu
orçamento na sua totalidade (embora seja uma
2 3 5 9 10
solução possível).
Tem um orçamento nominal que irá aplicar em bens e
serviços.
É uma fronteira entre aquilo eu o indivíduo por adquirir
e aquilo que o invidio não pode adquirir.

2. Curva da indiferença

 Cada uma das


curvas ilustra
combinações
possíveis dos
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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
bens em causa. Quanto mais para a direita, mais quantidades dos bens
vamos ter.
 Qual combinação que esteja ao longo de uma curva é indiferente.
 Aquilo que não é indiferente, é passar de uma curva para outra.

O gráfico no seu todo designa-se mapa de indiferença. Cada curva


designa-se curva da indiferença.
As retas de restrição orçamental indicam-me dessas combinações
possíveis quais é que eu consigo comprar. Todas as combinações que
estiverem para lá daquela reta, não tenho capacidades financeiras para
comprar.
Taxa marginal de substituição – é decrescente à medida que o consumidor
vai ao longo da curva da indiferença, vai aumentando o consumo de
determinado bem e vai diminuindo o consumo de outro (o consumidor está
igualmente satisfeita). – Acresço mais uma unidade do bem A e irá haver
uma diminuição de um bem B
Marginal – acréscimo de mais alguma coisa

Teoria do Produtor
 Vem-nos demonstrar que nem sempre a livre concorrência é possível e que nem
sempre é desejada. Tudo dependerá de uma estrutura de custos dos próprios
produtores.
 Vamos presumir que estamos a falar de um produtor que é racional, egoísta,
maximizador de lucro e vamos supor que ele sozinho não influencia com as suas
atitudes o preço.
 Aos produtores interessa sempre aumentar os preços, só que muitos produtores
mesmo que quisessem esse aumento não conseguem e então têm de se resignar
aos preços como eles estão. Um produtor que não pode modificar os
preços e que seja maximizador de lucro, só consegue maximizar o
lucro, não mexendo nos preços, mas mexendo nos custos.
(L = RT – CT)
 Excedente do Produtor – Lucro > 0
 Lucro normal = 1-0

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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
O produtor-vendedor tenta produzir com a maior eficiência possível, baixando ao
máximo os seus custos para tentar afastar os custos do preço de mercado, quanto mais
afastados tiverem, maior será a sua margem de lucro.
Custos direitos ou custos de produção – São custos efetivos, custos que se
sentem, que se exprimem e pagos diretamente, que são suportados pelo vendedor.

Custos implícito ou custo económico – É a comparação entre o benefício que se


alcança numa determinada atividade e o benefício que se alcançaria na segunda melhor
atividade
Porque é que uma atividade lucrativa pode encerrar?
 R: Uma pessoa por ter lucro por vezes fecha, porque tem maior lucro noutra
atividade. Por exemplo se uma pessoa tem um lucro de 100€, mas poderia ter
um lucro de 200€ noutra atividade, fecha a atividade que produz que lhe fornece
um lucro de 100€ para abrir a atividade que lhe dará um lucro superior.
Custos fixos – Um custo que o produtor não pode deixar de suportar se pretende
desenvolver uma atividade. Custos que irão permanecer sempre independentemente do
sucesso ou insucesso monetário da empresa.
Custos variáveis – São aqueles que dependem do volume de produção – são os
custos referentes ao emprego dos trabalhadores no processo produtivo

Custos = Custos fixos + Custos variáveis

Como os custos variáveis são


crescentes, os custos totais
também serão crescentes

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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
 Os custos totais dependerão dos meus custos variáveis, ou seja,
do volume de produção.
Valores médios – Quanto custa ao produtor produzir cada unidade.

Valores totais
Valores médios = Número de unidadesque constituem esses totais

Custos marginais – Corresponde ao custo de produzir mais uma unidade adicional.


Estes custos marginais não indicam o “custo típico”, mas sim o “custo concreto” de
produzir mais um unidade.

Custos marginais = ∆ custos associada à adiçãode mais uma unidade de produto


∆ Quantidades
Esta variação é calculada por:
Amplitude total da ∆ de custos associada à ∆ Quantidades

Ex. Produzo um livro, quanto é que me custaria produzir mais um livro?


Custo médio = Custo por unidade - Quanto é que uma unidade custa a produzir?
 Custos fixos médios =
Custos fixos
Número de Unidades produzidas

 Custos variáveis médios =


Custos variáveis
Número de Unidades produzidas

 Custo médio total (Custo por


unidade produzida) =
Custo Total
Número de Unidades produzidas
OU
Custo fixo médio + custo variável
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Marta Silva médio
Turma A2
2022/2023
 Os custos fixos médios descem constantemente – quanto mais se
produz mais se diluem os custos fixos pelo número de unidades
produzidas.
 Os custos variáveis médios têm tendência a crescer, numa
evolução que se agrava à medida que se atinge a saturação no
processo produtivo – tendência a curto prazo para a taxa marginal
decrescente.
 Os custos médios totais – como são a combinação de dois valores
com tendências opostas (uma descendente e outra ascendente)
tendem a evidenciar:
1. Uma fase descendente, na qual predomina a dispersão dos
custos fixos por volume crescente da produção.
2. Um ponto de viragem.
3. Uma fase ascendente, na qual predomina o efeito do
rendimento marginal decrescente.

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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
Break Even – É quando abandonamos a área dos prejuízos e passamos
para a área de lucro (recuperamos o nosso investimento, pois temos custos médios
inferiores ao preço de mercado, começam a aparecer os lucros) – Ponto onde o Custo
médio corresponde ao preço de mercado.
Custo médio mais baixo – distância entre o preço de mercado e o custo médio são
superiores. Para o produtor o produtor aumentar o seu lucro, não pode ir
para além da sua escala de eficiência.
Quais são as implicações deste tipo de curva em U dos custos médios?
 O produtor que é maximizador de lucro tenta primeiro chegar, por tentativas, ao
lucro, depois tenta maximizar esse lucro (depois de passar o break Even, os seus
custos médios já estão abaixo do preço de mercado), tenta aumentar a produção
e chegar ao ponto onde tem o máximo do lucro, por tentativas, e chegar ao
ponto de Escala de eficiência, contudo ele não sabe quando é que chegou a
esse ponto, continua a produzir até chegar a atingir o máximo de lucro.
 Escala de eficiência ou dimensão ótima – ponto em que são
mínimos os custos médios e corresponde a um nível de produção
que minimiza os custos médios totais. É o ponto onde o lucro é
maximizado, porque é maior a distância entre os custos médios e
o preço de equilíbrio (o preço de mercado).
Um produtor que queira controlar os custos deve ter em conta que a partir desse ponto
de escala de eficiência, os custos médios passam a ser crescentes – o lucro por unidade
(Preço – custo médio), nunca voltará a ser tão grande.

Nem todos os mercados permitem muita concorrência - Se num mercado


1000 produtores conseguirem chegar à escala de eficiência, vamos ter 1000
concorrentes potenciais, se no mercado só 5 produtores conseguirem chegar à escala de
eficiência, por mais que produza, esse mercado está condenado a ter apenas 5
concorrentes – Oligopólio natural (O mercado só permite um número
restrito de concorrentes.)
Este esquema não é absolutamente estático, é possível alterar com aumentos
de escala.
Aumentos de escala – É aquela situação de longo prazo em que se altera os
próprios custos fixos. Os próprios custos fixos variam, há aumento da escala de
produção, da dimensão da produção.

Pode haver:
1. Pode haver perdas de Escala
2. Indiferenças pela variação de Escala
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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
3. Economia de Escala – O aumento de volume de produção, de vez em
quando, tem sucesso nestas economias de Escala. A escala de eficiência desce e
aumenta a quantidade. A situação em que o U volta a subir é atrasada no tempo.

Custos no curto e no Longo prazo


Para um produtor, a distinção entre curto e longo prazo prende-se com a
ideia da possibilidade de conversão de custos fixos em custos variáveis:
 Curto prazo – intervalo de tempo dentro do qual pelo menos um dos fatores
de produção é fixo e também os custos associados a esse fator.
 Longo prazo – o período que é necessário tornar variáveis todos os fatores e
também os correspondentes custos.

Não há em princípio, custos fixos a longo prazo, exceto os custos de


funcionamento – a perspetiva de custos de longo prazo é a afetação
economicamente eficiente de todos os recursos. Na realidade existem
custos fixos que não deixam de o ser no longo prazo, custos que uma empresa tem
pelo simples facto de funcionar – salários, renda do espaço onde se encontra a
empresa, serviços de vigilância, etc. – os designados custos de
funcionamento

Lei do rendimento marginal


decrescente
 Estabelece que à medida que se combinam fatores variáveis com uma dada
quantidade de fatores fixos, o rendimento marginal dos fatores variáveis
tende a diminuir.
Rendimentos de Escala
Uma variação da escala de produção pode originar:
 Rendimentos constantes à escala – A produção aumenta
proporcionalmente ao aumento da escala.
 Rendimentos decrescentes à escala – A produção aumenta menos do
que proporcionalmente ao aumento da escala.
 Rendimentos crescentes à escala – A produção aumenta mais do que
proporcionalmente ao aumento da escala.
Quando se aumenta a escala, é usual surgirem economias de escala – são características
tecnológicas do produtor que lhe permitem realizar quebras dos custos médios de longo
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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
prazo, quando a produção aumenta, o que origina numa curva de custos médios de
longo prazo decrescente.
 Tipicamente (não necessariamente) surgem economias de escala em unidades de
produção com elevados custos fixos e baixos custos marginais (que se mantém
reduzidos até que haja um aumento na produção).
 Em casos destes, uma vez suportados os custos fixos inicias, a expansão da
produção poderá fazer-se a custos médios decrescentes até se atingirem volumes
de produção suscetíveis de assegurarem ao produtor uma posição de poder de
mercado.

Opções de Investimento para


famílias e empresas
 Um investimento é a aquisição de um ativo (um bem) na obtenção de
rendimentos na exploração desse bem ou mais-valias na sua alienação.
Um investimento pode ser:
1. Real – Aquisição de capital em sentido económico – infraestruturas.
2. Financeiro – mútuo ou depósito de fundos.

Investimento direto de bens


Este investimento direto de bens podem ser:
1. Depósitos bancários
2. Investimento em bens móveis na espectativa da sua valorização
3. Investimento em bem imóveis.

Depósitos Bancários
 Quanto menor é o risco menos é a renumeração depois recebida – esta forma
de investimento é aquela que tem menor risco, é aquele que
oferece mais segurança porque quando eu coloco dinheiro no
banco, o banco é obrigado a ter lá o dinheiro durante o
determinado período.
 O levantamento do capital e o pagamento de juros parecem maximamente
assegurados.

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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
 Consiste num contrato com o banco nos termos do qual colocamos dinheiro no
banco que se compromete a garantir esse depósito, isto é, a manter lá o dinheiro
e a pagar-nos uma determinada taxa de juro.
 A pessoa paga uma comissão ao banco pelo facto de o banco guardar o seu
dinheiro e o banco paga um juro à pessoa pelo facto de poder dispor do seu
capital.

Como é que isto funciona?


 Quando eu coloco o meu dinheiro num depósito bancário, o banco não tem uma
obrigação de guardar este dinheiro integralmente, imaginando que eu depositei
10 000€, o banco não é obrigado a ficar com os 10 000€ nos seus cofres –
mecanismo base do sistema financeiro.
A IDEIA É A SEGUINTE: As famílias alimentam os depósitos bancários
e depois as empresas pedem empréstimos para financiar a sua
atividade.
 Há pessoas que colocam as suas poupanças em depósitos bancários, os bancos
conservam uma parte do dinheiro que é depositada e emprestam o resto a quem
quer esse dinheiro para investir (grande parte são empresas mas também há
mecanismos de crédito ao particular.
Exemplos:
1. Depósitos à ordem – Podemos ir buscar o dinheiro sempre que quisermos.
2. Depósitos a prazo – Contrato com o banco que só vou levantar o
dinheiro passado algum tempo, por exemplo daí a 6 meses, 1 ano, 2 anos, etc. se
eu levantar antes até posso ter uma penalização, uma taxa de juro.
O que é que eu ganho em fazer depósitos bancários?
 As pessoas ganham juros – o juro é a renumeração de quem prescinde da
disponibilidade imediata do dinheiro.

Ex. Eu tenho 5 000€, eu posso usá-los já ou posso fazer um depósito bancário e receber
a correspondente taxa de juro.
Fundamento do juro – é o facto de alguém prescindir da disponibilidade imediata
do dinheiro, no presente, investe o dinheiro, e posteriormente recebe um juro associado
a esse empréstimo – é isso que justifica que para eu deixar de ter o meu capital agora e
permitir a alguém que goze desse capital até a um momento posterior, preciso de um
determinado juro que me torna atrativo eu não usar esse capital agora e usar apenas no
futuro.

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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
 Para o banco ter lucro tem de ter mais rendimento nos empréstimos do que o
valor que paga às pessoas que depositam o seu dinheiro.

Investimento em bens na
espectativa de uma
determinada valorização
A pessoa investe num determinado momento, à espera que haja uma
valorização do bem e posteriormente vende o produto, por um valor
mais caro pelo qual o comprou.
 Podemos comprar um bem 5000€ e esperamos que ele se valorize e possa
vendê-lo por um preço mais elevado, ganhando rendimento, esperamos que o
preço que nós pagamos possa traduzir-se num montante superior.
Quanto maior a raridade, a popularidade do artista, o seu valor que é atribuído ao bem,
etc. maior será a valorização do bem.
 Investimento em bens que têm um valor associado – ouro, metais
preciosos, etc.
 Investimento de moedas de outros países – Como por exemplo,
comprar dólares num determinado momento, na espectativa de que
posteriormente eles irão valer mais, ganhando a diferença entre o valor que eu
vendi e o valor que eu paguei por ele.
O risco inerente a esta forma de investimento é de facto o risco do bem nunca se
valorizar e posteriormente não se conseguir vender mais caro face ao preço que se
pagou por ele e até mesmo ter de se vender mais barato e perder a diferença do dinheiro.

Bens imóveis
 Obter uma renda (rendimento constante)
 Rendimento único – uma mais valia que corresponde à diferença entre o
valor que eu paguei pelo imóvel e o valor que o irei vender. Ex. Compro por
50 000€ e vendo por 70 000€, tenho uma mais valia de 20 000€.
Riscos associados

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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
1. Risco de desvalorização ou de não valorização – não consigo vender
por mais caro ou até posteriormente o bem perde o valor ou simplesmente não se
valoriza.
2. Risco de perda – catástrofes naturais (podemos cobrir este risco com um
seguro que tem um custo associado e não cobre todos as eventualidades)
3. Na renda pode haver risco, da renda não ser paga e temos de ir para
tribunal
4. Risco de liquidez – podemos não conseguir converter, em caso de
necessidade, o imóvel em capital.

Investimento indireto de bens


 O investimento indireto de bens tem mais risco do que o investimento direto,
contudo a renumeração é superior.
Este investimento direto de bens podem ser:
1. Ações – partes representativas de empresas
2. Obrigações

Ações
 Sociedade por quotas – LDA
 Todos os sócios têm uma quota nesta sociedade.
 Mais valia mobiliária – lucro gerado somente uma vez.
Podem acontecer duas situações:
1. A pessoa compra quotas hoje, espera que sejam valorizadas e vende-as
posteriormente por um preço superior, ganhando essa diferença.
2. A pessoa mantém as quotas consigo e no final do ano recebe o valor
correspondente dessa quota, na espectativa que durante o ano se tenha
valorizado.
 Sociedade anónima – SA
 Estas sociedades são maiores e têm um capital superior às sociedades por
quotas.
 Ação – cada participação de capital

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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
 Podemos comprar uma ação e ficar com ele e recebemos no final o
dividendo que corresponde ao lucro gerado pela minha parte do
capital da empresa.
Riscos associados
1. Se a sociedade não gerar lucro e ter perdas ao invés de lucros, não irá pagar os
dividendos – Se o lucro for maior recebemos um maior dividendo se houver um
prejuízo não iremos receber o dividendo.
2. Não pagar o valor que estávamos na espectativa de receber.

Obrigações
 É um empréstimo de alguém que vai ao mercado em geral pede capital e mostra-
se disponível de pagar um juro para depois receber rendimento.
Riscos associados
 Risco de custo de oportunidade – Como o prazo é muito longo, pode
ocorrer outra opção de investimento que tenha um valor superior e eu não posso
transitar para outra.
 Risco de não receber o capital de volta
Uma das formas de financiamento de capital para o processo produtivo
por parte das sociedades é o endividamento - é irem as bancos e pedirem
empréstimos. Os empréstimos irão permitir que as sociedades financiem a sua atividade
no presente e mais à frente quando a sociedade conseguir ter lucro e conseguir pagar os
seus custos e ter a sua receita, irá pagar o endividamento bancário – a capacidade de
endividamento de uma sociedade é um sinal de confiança na sua própria atividade, é o
sinal de capacidade de gerar lucros.

• No caso das empresas, as opções de investimento são as


seguintes:
1- Recurso ao mercado de capitais – as empresas de maior dimensão podem
emitir obrigações ou vender ações.

2- Recurso ao crédito bancário.


3- Autofinanciamento – os lucros, em vez de serem distribuídos pelos sócios,
servem para o reinvestimento e financiamento da empresa.

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Marta Silva
Turma A2
2022/2023
Juros
 Um fator que o produtor se tem de preocupar é o capital – Mercado de capitais
 O juro é o valor do custo do dinheiro.
Opções de financiamento dos produtores
 Admissão de novos sócios
 Emissão de ações
 Endividamento´
O juro faz superar a preferência pelo presente por uma preferência pelo futuro.

Taxa de juro > Taxa de Desconto


Uma pessoa com o seu capital, pode utilizá-lo a qualquer momento no presente. Se
alguém pedir emprestado esse capital, é sacrificado o facto de a pessoa não poder
utilizar esse capital quando quiser, passando a ter possibilidades finitas para o utilizar.
Quando esse capital regressa, a pessoa a quem o dinheiro foi o emprestado, compensa a
outra parte da privação temporária de capitais próprias, pela limitação da utilização
monetária direta temporária.

Ex. Os ativos regressam descontados (com menos valor). Os 10 000€ emprestados ao


fim do ano podem estar ou não desvalorizados ao fim do ano.

 Desconto Hiperbólico – O capital no presente não valerá o mesmo no


futuro.
 Taxa de desconto – O desvalor, a diminuição do valor que tem o futuro em
relação ao presente. Emprestar não é neutro, o tempo passa e portanto quem
empresta tem de ser compensado pelo desconto, que é o juro. O juro é um valor
acima da taxa de desconto.
 Juros excessivos – Quando as pessoas que emprestam o juro aproveitam-se
da situação de fragilidade da outra parte e pede juros demasiados excessivos.
 Juro nominal – É aquele que é pago efetivamente pelo mutuário – é o custo
de oportunidade de detenção do numerário, de liquidez monetária.

O Risco
O empresário assume riscos:
1º Risco – A produção correr mal.
2º Risco – A produção chega ao fim mas o produtor descobre que o mercado não está
a escoar a sua produção, pois interpretou mal o mercado, terá um custo económico

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Marta Silva
Turma A2
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 Em ambos os casos os produtores tentam reduzir ao mínimo o
risco que assumem:

1. Transferem o risco para o comprador. Ex. existem automóveis de luxo, a


pessoa paga e fica na fila de espera, o risco fica do lado do comprador somente.
O produtor não assume riscos (Quase nenhuns) e as vendas estão garantidas. O
melhor para o vendedor são as compras por encomenda.
2. Se a atividade tiver um risco sazonal temos as seguradoras - O
produtor paga um seguro à seguradora e esta cobre a má colheita.
As seguradora só cobrem riscos que sejam passíveis de calcular, e portanto, não incluem
as incertezas.

Seguradoras – Problema da
seleção adversa

As seguradoras só cobrem produções com baixo risco, o que faz com que nem todos os
produtores tenham cobertura do seguro, caso contrário podem entrar numa seleção
adversa:

 A seleção adversa consiste numa assimetria de informação em que existe um


agente que detém mais informação e que recorre a ela para sair beneficiado. As
seguradoras sofrem desta fenómeno, na medida em que desconhecem as
características dos agentes que protegem pelos seus seguros, podendo sair
prejudicadas com isso.
 As seguradoras formam um valor de seguro que seja médio e que seja atrativo
tanto para os bons como para os maus agentes, o que fará com que os maus
agentes que estão interessados nos seguros permaneçam no mercado e os bons
agentes saiam.
 A solução passa por seguros mínimos e seguros obrigatórios.
 As seguradoras fazem uma classificação de classes de risco, para cobrar prémios
de seguro para segurar indivíduos em diferentes classes de risco.
Ex. Alguém que é pouco cuidadoso a conduzir – essa pessoa tenderá a ter um bom
seguro que lhe irá cobrir os seus acidentes.
Quem suporta as incertezas?
Suporte residual: O empresário, pois é o último a ser pago.
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Turma A2
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O produtor, para além da comparação que faz entre custos e preços, para se instalar na
escala de eficiência, tem de calcular o tempo que precisa para a obtenção de fundos, tem
de ver se pode recorrer a fundos próprios ou se tem de recorrer a fundos de terceiros.

Mercados de concorrência
perfeita e mercados de
concorrência imperfeita
Mercados de concorrência perfeita e mercados perfeitos
não são a mesma coisa, nem os mercados de concorrência
imperfeita são mercados imperfeitos. Há mercados de
concorrência imperfeita que são melhores do que
mercados de concorrência perfeita.
 Os agentes não têm o poder de mercado – são Price Takers. – têm de fazer um
preço equilibrado tendo em conta a concorrência
 Existe homogeneidade dos produtos e plena informação.
 Os agentes escolhem o preço do custo marginal e o custo médio mais baixo
 Lucro normal – Renumeração necessária para que um produtor se mantenha
na atividade. (Quando existem lucros extraordinários em mercados de
concorrência perfeita, estes são temporários)
 O lucro pressupõe mais do que o ponto de Break Even.

Mercados de concorrência perfeita


São situações de mercado onde se verificam os três pressupostos:

1. Atomicidade – É a presença no mercado, de muitos agentes, seja do lado da


oferta seja do lado da procura. É um número tão significativo, que não permite a
qualquer um deles determinar por sua vontade, através da sua liberdade de
entrada e saída do mercado, o nível de preços ou outras condições relevantes nas
trocas, não pode haver domínio de mercados.
Se esta atomicidade for verificada cada agente económico sabe que o seu contributo
para o nível de preços é ínfimo e como tal esse nível de preços é um dado (um valor que

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Turma A2
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se limita a receber e que condiciona a sua atuação) e não uma variável que ele possa
manipular.
2. Fluidez – É um requisito cumulativo de informação e racionalidade, suscetível
de assegurar aos consumidores a perceção e reação adequadas às condições
objetivas do mercado. Esta fluidez permite às pessoas comparar bens, comparar
a sua homogeneidade ou heterogeneidade e consoante essa análise averiguam a
tal relação quantidade-preço. (bens homogéneos com preços homogéneos)
A publicidade permite às pessoas “Desligar o cérebro” e faz as escolhas pelas pessoas.
As pessoas confiam nas marcas, nas modas, etc. A fluidez é muitas vezes
combatida pela publicidade, esta tenta fazer com que as pessoas tenham menos
informação objetiva e tenta fazer com que tenhamos menos tempo para processar e faz
com que não usemos demasiada informação. Quando somos racionais e somos
informados e então sim estamos próximos de decidir pelo preço.
A fluidez permite-nos distinguir se os bens são homogéneos e assim
decidimos pelo preço ou se a contrario os bens são heterogéneos e assim
o critério de decisão deixa de ser o preço.
Se a pessoa tiver fluidez, no sentido de informação e racionalidade, a
pessoa pode dispor da sua informação e comparar os bens a partir do
preço se forem homogéneos. Caso não sejam homogéneos, a pessoa tem
capacidade de distinguir se o bem que estava a ser vendido como
homogéneo na verdade não é – não têm as características do original e
na verdade não tem algumas características que o original tem e que o
torna superior – não o vai comparar pelo preço e sim pelas
características adicionais.
 Para que o mecanismo de preços funcione tem de haver a
comparação entre bens que são homogéneos, que exige
informação e racionalidade.
As pessoas muitas vezes recusam-se a conhecer o mecanismo de preços
de concorrência perfeita porque não querem ter os custos necessários
para que o possam conhecer, por exemplo o tempo.
Ex. Para uma pessoa comprar o par de sapatos mais barato de Lisboa, teria de ir a todas
as sapatarias de Lisboa para saber se seria efetivamente o par de sapatos mais baratos.
Nesse momento, o par de sapatos irá tornar-se o mais caro de Lisboa pelo tempo, custos,
etc. que iria gastar.

3. Liberdade de entrada e saída dos mercados – Inexistência de barreiras


de entrada e saída dos mercados.
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Turma A2
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Ex. Eu quero ter uma loja de relógios, o que não tem praticamente barreiras artificiais,
mas tem barreiras naturais (como barreiras de custos de preços, de instalações, etc.)
Consequências da concorrência perfeita
 Os consumidores estarão a ser beneficiados aparentemente porque havendo
concorrência de preços no sentido da descida de preços, os vendedores
concorrem entre eles tentando minar-se mutuamente nas suas posições.
Patente – permite alguém ser exclusivo pela criação de algo novo e inovador. Um
produtor vendedor que se quiser destacar pode criar um produto inovador que mais
nenhum mercado ofereça. A curto prazo terá lucros extraordinários que outros mercados
não tem, e que irá beneficiar o seu mercado.
O mercado que tem lucros extraordinários atrai produtores e mesmo
aqueles que já entraram são incentivados a produzir mais – cada novo produtor
que entra, aumenta a oferta. Se a oferta aumenta, os preços descem.
Cada produtor que entra no mercado faz com que os preços de mercado
desçam até a um ponto de equilíbrio, onde já não entra ninguém no
mercado, porque os lucros extraordinários acabam de ser destruídos
pela entrada do último produtor, o próximo produtor irá ter de mudar de setor
de atividade, pois o lucro já não compensa. Cada um que entra faz baixar o lucro para
todos os produtores.
A longo prazo, derivado das guerras de preços, irá levar à entrada de um
produtor marginal, a partir do qual já não compensa entrarem mais
produtores para o mercado, porque acabaram os lucros extraordinários
(lucros >0)
Isto é uma inevitabilidade que ocorre e é algo desagradável para os produtores, pois
sabem que a longo prazo não conseguem manter os lucros extraordinários. Perante
isto, há vários tipos de reação:

1. Os produtores vão para a concorrência imperfeita – já que na


concorrência perfeita há uma erosão dos lucros, tentam ir para a concorrência
imperfeita onde já não existem tantos produtores na concorrência.
2. Compram políticos para criarem barreiras e evitarem os efeitos
negativos da concorrência perfeita a longo prazo – Por exemplo, a
implementação de normas que ditem que apenas os grandes concorrentes é que
vendem um determinado produto, para que a concorrência diminua,
designadamente as normas de certificação europeia.
3. Os produtores apenas sobrevivem com os custos mínimos – A longo
prazo, a concorrência perfeita torna-se um “jogo de sobrevivência”, onde os

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produtores têm de se concentrar e fazer todos basicamente a mesma coisa para
que não sejam esmagados pelo resto da concorrência.
Mercados de concorrência imperfeita - são situações de mercado onde falta pelo
menos um dos pressupostos. Existem três:
1. Monopólios – um só agente do lado da oferta e muitos agentes do lado da
procura.
2. Oligopólios – um número restrito de agentes do lado da oferta e muitos agentes
do lado da procura.
3. Concorrência monopolística.
 Temos lucros extraordinários – tudo aquilo que excede o lucro normal.

Monopólios
 Situação de mercado onde existe apenas um vendedor.
 Monopólio puro – Existe somente um vendedor.
 Poder de monopólio – Casos em que há predominância de um vendedor sobre os
restantes e pode agir praticamente como se estivesse isolado no mercado do lado
da oferta, tal como num monopólio puro, ainda que na verdade não seja assim.
Ao contrário do que acontece com os vendedores atomísticos, um monopolista tem na
maioria dos casos a possibilidade de interferir no nível de preços do mercado,
encarando-o como uma variável e não como um mero dado, ao qual fica subordinado.
Enquanto o custo marginal for inferior ao rendimento marginal, valerá apena
incrementar a produção e o contrário sucederá sempre que o custo marginal passar a
exceder o rendimento marginal.

 O monopolista tende a praticar preços mais elevados do que um produtor


atomístico, ma vez que não se encontra sujeito à concorrência que faz baixar os
preços em direção aos custos médios dos concorrentes. Pelo que numa situação
monopolística, o excedente do consumidor e o seu bem-estar, tenderá a
diminuir.
 O excedente do produtor e o seu lucro aumenta: o monopolista suspende a sua
produção quando os custos marginais são ainda inferiores aos custos médios – e
portanto existe a possibilidade de os custos médios descerem até à escala de
eficiência, precisamente porque entretanto ocorre a posição maximizadora do
lucro, a posição a partir do qual todos os ganhos de eficiência que se
conseguissem com o abaixamento dos custos médios seriam destruídos por uma
queda de maior amplitude dos rendimentos marginais.

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Turma A2
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O problema do monopólio é que um monopolista se produzir mais,
os preços descem. Se ele tentar aumentar os preços para o dobro a oferta irá
aumentar também para o dobro já que ele é único no mercado, se a oferta se
expande, os preços descem. “Vale apena produzir mais tentando aumentar os
lucros? Pode acontecer que ao invés de aumentar os ganhos, diminuam, porque
produzindo mais os preços descem” e portanto os monopolistas tentam
produzir um pouco menos e descobrem que ao restringirem a sua
produção, conseguem maximizar o lucro.
Um monopolista para maximizar o seu lucro, vai produzir menos do que aquilo que
seria eficiente, maximiza o seu lucro antes daquele que seria o seu ponto
de escala de eficiência.
Ex. Se a procura for inelástica, o preço irá subir de A para B. As pessoas que poderiam
consumir eficientemente ao preço A e não conseguem pagar o B, vão sentir a falta entre
a quantidade que o monopolista produz e a quantidade aquilo que o monopolista poderia
produzir – perda absoluta de bem-estar, pois ninguém beneficia com isso, nem os
consumidores nem os vendedores.
O monopolista tende a não vender os seus produtos às pessoas mais pobres, porque
maximiza o seu lucro vendendo apenas àquelas que tinham capacidade de comprar a
preços altos, o que pode criar um problema social grave, problema de sub-
produção.
Soluções:
1. Nacionalização dos monopólios - O problema surge porque o monopolista
quer maximizar o lucro e não quer lucros mais pequenos, então temos de
arranjar um monopolista que não queira maximizar o lucro, para que assim não
haja este problema – O Estado pode atuar como monopolista e este não é
maximizador então nacionaliza-se todos os monopólios.
Os mercados estaduais começaram a engordar e começaram a tornar-se agências de
emprego, etc. o que os conduziram a situações de problemas sociais.
2. Agencias reguladoras – Criam-se agentes reguladoras que tentam acertar
com os monopolistas a minimização desse viato, nomeadamente estipular
subsídios.
Identificam precisamente o que é um monopólio natural, pois às vezes em torno deste
monopólio natural criam-se monopólios que não são monopólios naturais
(desintegração vertical).

3. Discriminação de preços ou segmentação de mercados – O


monopolista pode cobrar preços diferenciados, pode cobrar mais a uns e menos a
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outros e assim consegue na mesma maximizar o seu lucro. os monopolistas que
fazem segmentação de mercado têm um lucro maximizado, porque não exclui
nenhum consumidor potencial das suas vendas.
Fatores que explicam os monopólios
 Detenção de recursos produtivos
 Detenção de informação exclusiva
 Detenção de direitos exclusivos
 Condutas anticoncorrenciais – nomeadamente colocar o preço abaixo daquele
que seria o custo de produção temporariamente.
 Situação de monopólio natural
Comportamento monopolista – o monopolista é um Price - Maker , no
entanto tem também que se conformar com a curva da procura (o comportamento dos
consumidores/efeito do rendimento). É a curva da oferta que vai ao encontro da procura.
Objetivo do monopólio
 Perda absoluta de bem-estar para os consumidores
 Aumento do excedente do produtor
 Quando custos médios = custos marginais o monopolista suspende a
produção.
 Monopólio é uma exceção.

Oligopólios
situação de mercado onde existe um numero suficientemente
restrito de vendedores, que não chega a haver atomicidade do
lado da oferta

 Pode haver alguma fluidez e alguma liberdade de entrada e de saída


do mercado mas não muita, o que não há, é atomicidade.
Comportamentos dos oligopolistas
 Concorrem entre si e capturam as quotas de mercado uns dos outos,
fazendo várias campanhas.

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Turma A2
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 Cooperar em regime de concertação de modo a imitar os
resultados do monopólios – quando formam os carteis.
Cartel – quando os vendedores se juntam e cooperam entre si, mas na
verdade esta cooperação vai correr mal, irão haver condicionantes, alguém
não vai cumprir este acordo, etc. e por isso os carteis são muito instáveis
para além de serem práticas ilícitas.
2 tipos de Cartel:
 Cartel de quantidades - oligopolistas combinam quantidades.
Ex: Cada um produzia 1000, então combinam cada um passar a produzir 900 (redução
de produção em 10%). Se todos cumprirem a produção total restringe-se em 10% e os
preços sobem mais do que proporcionalmente, se houver baixa elasticidade da procura.
Esse ganho adicional é ganho pelos oligopolistas através do cartel, da paz.
 Cartel geográfico – Cada um vende num determinado território, acabando
por se criar um monopólio em cada território, não podendo haver vendedores de
um território A no território B. (Em cada região geográfica só se forma um
produtor, se todos os oligopolistas cumprirem)

Ex: Isto acontece nos cartéis de droga


Quando se percebeu isto, lançou-se um alarme, materializado nas
medidas antitrust.
Medidas antitrust - Medidas que protegem a concorrência através do combate aos
cartéis. Evitam que se formem os carteis.

 Podem adotar práticas semelhantes às dos Monopólios


designadamente o praticarem preços que são bastante superiores
àqueles que são os custos médios ou os custos marginais, o que os
faz ter lucro extraordinário (lucro > 0), o que pode causar perdas de
bem-estar muito significativas aos consumidores.
Os carteis são uma realidade que estão dentro dos oligopólios, o que
significa que nem todos os oligopólios são carteis, apenas alguns o são,
mas todos os carteis são oligopólios.

Concorrência monopolística

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Marta Silva
Turma A2
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 Coexistem elementos tanto do mercado de concorrência perfeita
(atomicidade e liberdade de entrada e saída dos mercados) como
o poder de mercado característico.
 Não há homogeneidade nos produtos – os produtos e os serviços são
diferentes
 Esta diferenciação faz com que cada um dos produtores também
possua o seu nicho de mercado e por isso pode fixar preços
diferentes – tem um poder de mercado semelhante aos monopolistas.
Nesta situação existem vários produtos diferentes com preços
diferentes.
Temos lucro extraordinário (mas temporário)
 Este mercado caracteriza-se pela soberania do consumidor, uma vez que vai ao
encontro das nossas mais diversas preferências.
 A publicidade é o subproduto da concorrência monopolística porque o produtor
tem a necessidade de evidenciar a sua diferença. Por essa razão, as marcas
transmitem informação simples ao consumidor.
 Concluindo, o mercado em concorrência monopolística também se caracteriza
pela existência de mais informação, mais variedade e mais inovação.
 É uma situação de mercado que se caracteriza por os vendedores tentem
convencer os compradores de que estão a vender um bem que é ao mesmo
tempo homogéneo e não homogéneo.
Ex. Situação em que um vendedor de perfumes, diz que o seu perfume é altamente
sofisticado. Embora seja um perfume, não entra em concorrência com outros perfumes,
pois é diferente de todos os outros perfumes, ainda que seja um perfume, tem todas as
características de um perfume, mas é mais sofisticado e único. É homogéneo no sentido
de ser um perfume tal como todos os outros, mas o vendedor é monopolista porque o
perfume que está a vender é único nas qualidades que ele tem é, é ilimitado, e portanto
teoricamente só tem um vendedor daquele perfume.
 As pessoas não admitem que os bens sejam homogéneos e
portanto pagam mais porque acreditam que aquele produto é único e é
ilimitado, já não em função da utilidade do produto mas sim em
função da qualidade do produto.
 Pretende-se atacar a fluidez e os mercados de concorrência monopolística
são aqueles onde existem publicidade, porque a publicidade diz aos
consumidores para não prestarem atenção ao preço, mas sim à qualidade do
produto ou de serviço.

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Marta Silva
Turma A2
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Os vendedores fazem a prismatização de necessidades secundárias –
tentam convencer as pessoas de que é urgente terem determinados
produtor. É possível que num mercado, um vendedor dizer o seguinte:
 O meu produto é igual aos outros produtos
 O meu produto é diferente dos outros produtos

Ex. Eu estou a vender chocolates, tal como todas as outras lojas de chocolates, contudo
eu estou a vender chocolates de uma determinada marca específica e única.
 Se um vendedor consegue incutir nos seus consumidores a ideia
de que ele estava a vender um bem de característicos únicas,
consegue criar nichos de mercado, consegue criar uma fidelidade àquele
produto. As pessoas não vão fazer comparações de preços entre
aquele produto e os outros, pois acreditam que estão a comprar
bens com características únicas – vantagem monopolística (vai ser o
único a vender o bem com aquelas caraterística) – recupera algumas das
vantagens do monopólio
 Recupera em parte alguns lucros extraordinários a longo prazo, não
fica condenado a perdê-los. Enquanto se mantiver a fidelidade dos
consumidores, não sofre a erosão da concorrência de preços dos outos que
vendem o mesmo produto.
Há alguma forma de nós percebemos que estamos na presença de
concorrência monopolística?
 Qualquer mercado onde exista publicidade.

Função da publicidade
 Os consumidores ganham em ter fluidez e a publicidade ataca a publicidade.
 Os consumidores manipulam a publicidade.
Ex. Uma pessoa está a ver um filme e vem um intervalo que era bombardeamento de
publicidade. A ideia dos publicitários em concentrarem anúncios publicitários num
intervalo de tempo, as pessoas ficam muito cansadas com essas anúncio, mas depois
quando compram, irão ter como referência esses anúncios.

Teoria da Publicidade como


sinalização
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Marta Silva
Turma A2
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 Assisto a 20 minutos de publicidade das mais diversas coisas, e nesses 20
minutos aparece 6 vezes o anuncio de um operador de telefone – Isto sinaliza
ao consumidor que aquele operador de telemóvel acaba por ter
despesas publicitárias que são irrecuperáveis, os custos de
publicidade não são recuperáveis. O que significa que um
operador que tem muitos anúncios publicitários, perde o dinheiro
que utilizou nos anúncios se não tiver muita confiança no sucesso
das suas vendas e o consumidor sabe disso.
O esforço publicitário é percebido pelos consumidores, porque sabem
que estes custos não são recuperáveis. E portanto sabem que o mercado
tem de ter confiança nas suas vendas.

 Quanto melhor for a publicidade, mais cara, maior será a


confiança dos consumidores no mercado. Se a publicidade for
barata, os consumidores não irão ter confiança naquele mercado.
Ex. As pessoas acabam por escolher produtos com a máxima reputação possível, para
que se possam queixar a alguém, nomeadamente o exemplo dos hospitais de uma cadeia
internacional.

O que é melhor, o mercado de


concorrência perfeita ou de
concorrência monopolística?

O ataque que a visão tradicional faz à publicidade e que o próprio Direito faz à
publicidade atribui-nos alguma menoridade e alguma ignorância. Contudo, o
consumidor que está no mercado de concorrência monopolística teria o
custo de procurar os produtos mais baratos, mas a publicidade indica-lhe
onde é que estão e portanto eles acabam por não perder os custos que
teriam se fossem à procura da informação necessária que lhes permitisse
saber se os produtos mais caros são efetivamente melhores. Contudo, se
os consumidores gastam o seu dinheiro em produtos mais caros, de
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Marta Silva
Turma A2
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marca, sabem que se algo correr mal com esse produto, a empresa irá
sofrer, pois a empresa é refém da marca, então optam por comprar
aquilo que é mais caro. – A marca sofre se o produto não for bom.

A saturação de um mesmo produto exaustivamente faz com que os


consumidores conscientemente ou inconscientemente pensem que
aquele mercado cuja publicidade é tão exaustiva, transmite confiança
aos consumidores – aquele produtor está a gastar uma fortuna na
publicidade, aquilo que realmente importa não é aquilo que está a ser
publicitário, mas sim o facto de que se o produtor não tivesse confiança
naquilo que está a vender, não estaria a gastar uma fortuna em anúncios
publicitários, pois essas despesas são irrecuperáveis.

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Marta Silva
Turma A2
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