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ECONOMIA I
Regente: Fernando Araújo
CAPÍTULO I – CONCEITOS INTRODUTÓRIOS
O Direito é um conjunto de normas que rege o nosso dia a dia. Disciplina um conjunto de
relações económicas (impostas, por exemplo) e regula a atividade económica – parte substancial
da nossa vivência.
A economia enquanto ciência social, nasceu no século XVIII, com Adam Smith. Esta
pretende estudar a conduta humana nas suas interações coletivas, fazendo-o com distanciamento
analítico, de um modo sistemático, recorrendo a uma metodologia explícita – para evitar o
entorpecimento das categorias fáceis do “senso comum” e o envolvimento na estridência
turbulenta e apaixonada dos debates ideológicos. Estuda, portanto, as opções e decisões humanas
perante os meios para satisfazer as necessidades.
• Se não fosse a escassez as opções seriam irrelevantes, pois os bens e recursos seriam
ilimitados.
• É impossível atingir a saciedade de todas as necessidades experienciadas, pois na sociedade o
total dos bens disponíveis é inferior às necessidades experienciadas.
• As necessidades básicas de sobrevivência são recorrentes, sendo que a sua plena satisfação
num dado momento não impede o seu ressurgimento posterior, de forma periódica e cíclica,
pelo que as necessidades se afiguram como inesgotáveis. P.E: alimentação.
• A escassez é gradual e relativa pois depende da intensidade com que a necessidade é sentida;
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• O facto dos recursos serem superabundantes para a satisfação de uma necessidade, não
significa que o seu excedente possa ser reorientado, com um mínimo de eficiência, para as
restantes necessidades que o reclamam.
• Mesmo com recursos abundantes, o tempo continuaria a ser escasso, impedindo a satisfação
de todas as necessidades simultaneamente, já que o tempo empregue na satisfação de cada
uma não pode ser recobrado e reutilizado nas demais.
• Económicos (raros/escassos);
Opções/escolhas • Livres (podem ser obtidos sem
esforços). P.E: ar
• Priorizar as necessidades;
• Procurar obter o máximo de vantagens
com o menor esforço possível.
• Limitações orçamentais;
• Limitações temporais – gestão de um recurso escasso, o tempo.
Esta procura indagar as razões pelas quais essa ordem espontânea não evita alguns resultados
patológicos e socialmente nocivos, traduzidos em desperdício de recursos e oportunidades. A
Economia é uma forma de análise que procura acrescentar dimensões à compreensão da conduta
social humana e, para isso, a sua ênfase inicial é na racionalidade abstrata das escolhas ou nos
constrangimentos contratuais e institucionais que ditam os caminhos legitimadores das soluções
que decorrem das escolhas (opção ou organização).
FALAR DA TEORIA DA CIÊNCIA DO CONTRATO E COMO ESTÁ ULTRAPASSADA.
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A racionalidade de que trata a ciência económica é procedimental e raramente avança pelo plano
dos fins. A razão cinge-se ao plano das inferências válidas, não podendo haver racionalidade que
não seja capacidade de representação adequada dos fins no seu próprio plano. Esta racionalidade
não é a ponderação dos custos e benefícios associados à totalidade de opções do horizonte
cognitivo mas uma resposta a estímulos variáveis. P.E: decisões que envolvam comparações de
vantagens, prioridades e disponibilidades de tempo, genericamente em todas as interações
políticas e sociais que não tenham como objetivo explícito a criação e a repartição de riqueza.
A Economia relaciona-se com a modelação jurídica na medida em que esta é objeto de
escolhas sociais e trata de prever os efeitos das regras jurídicas alternativas aplicadas às decisões
individuais. P.E: é notório que o ingresso maciço das mulheres no mercado de trabalho implicou
quebras de natalidade, justificadas pelo facto do tempo mínimo necessário para o parto e o
acompanhamento dos recém-nascidos ter um custo de oportunidade tanto maior, quanto maior for
o rendimento que a mulher aufere.
É de referir que a racionalidade não é a ponderação minuciosa, escrupulosa, articulada, de
todos os custos e benefícios associados à totalidade de opções que o horizonte abarca – mas apenas
uma resposta diferenciada, e explicável, a estímulos variáveis: aquele que sabe que o chocolate
engorda e escolha não o ter à mão enquanto estuda não calcula minuciosamente a distância à qual
o chocolate tem de se encontrar para que a tentação se dissipe; aquele que pede a outrem para não
fumar em espaço fechado não tem de explicitar todos os argumentos científicos ao pormenor de
o porquê de o fumo passivo ser prejudicial; o tribunal decide pela dúvida razoável e não pela
certeza absoluta.
Pode dizer-se que coexistem dois modelos de racionalidade:
• Modelo “construtivista” – todas as regras de conduta e decisões válidas foram criadas por
uma deliberação consciente e racional. Porém, muito do nosso conhecimento prático, da
nossa capacidade de agir e resolver problemas, é não deliberativa e não estruturada;
• Modelo “ecológico” – a racionalidade emerge de processos evolutivos culturais e
biológicos que ditam experiências “locais” de validação. Muita da nossa racionalidade tem
base instintiva.
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1.3. a) A otimização
Princípio da otimização – George Stigler: escolha da conduta que apresenta máxima
diferença entre benefícios e custos. São custos de oportunidade todos os benefícios que deixamos
de obter por sacrificarmos as opções que tinham que ser preteridas em favor da conduta escolhida.
A otimização não pode evoluir da análise generalizada e meticulosa de custos e benefícios porque
estes nem sempre são explicitáveis e ponderáveis e porque seria irracional despender esse tempo.
Assim, surge o raciocínio marginal que se concentra microscopicamente nos custos e vantagens
de mais uma opção, de mais um bem, de mais um fator produtivo.
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A dimensão temporal é decisiva para a maior parte das valorações económicas e a maior parte
dos custos resulta da perda de tempo, uma vez que este não é nem reversível nem infinito e a sua
perda resulta num intervalo de não-oportunidade. Quem perde tempo perde uma fação
irrecuperável da sua vida, não poderá jamais alcançar os benefícios que lhe teriam advindo do uso
produtivo do tempo que perdeu no determinado período de não-oportunidade.
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EXEMPLO
Alguém é ótima advogada e ótima secretária. A atividade racional para se dedicar seria advocacia,
pois, possivelmente, teria mais lucro, tendo mais custo de oportunidade se decidisse ser secretária.
Ganharia uma hora de salário de secretariado, mas estaria a perder uma hora de salário de
advocacia. A alternativa deve poder cobrir o custo de oportunidade. É racional não optar por
ganhar 10€ se se puder ganhar 100€, embora o custo de oportunidade de 10€ exista, compensa
prescindir dele.
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EXEMPLO
Preço A: 4€, Preço B: 2€
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= 2. Para obter uma unidade de A tenho de prescindir de duas unidades de B
4. Raciocínio marginalista
Na maior parte dos casos nunca atingimos o ponto de saciedade, porque os recursos são
escassos e as necessidades ilimitadas. A análise da racionalidade económica centra-se, não nas
grandes decisões que transportam o indivíduo automaticamente para um ponto de saciedade desde
um ponto de insatisfação total, mas nas pequenas decisões que provocam pequenos incrementos
de satisfação dentro de um plano decisório que as transcende nos seus valores totais.
A maior parte das decisões de que se ocupa a ciência económica não são em rigor as de fazer ou
deixar de fazer algo, ou seja, o tudo ou nada, mas antes as de fazer mais ou menos de algo, de
intensificar ou reduzir o número de unidades empregues em apoio de uma determinada decisão
ou atividade.
PRIMEIRA LEI DE GOSSEN – a intensidade das necessidades decresce à medida que vão
sendo aplicadas doses sucessivas do mesmo bem até se alcançar o ponto de saciedade.
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EXEMPLO
Uma pessoa tem sede e tem à disposição vários copos de água, iguais uns aos outros.
Quando consome a primeira dose de água tem um nível de satisfação muito elevado
porque a necessidade é sentida de forma muito intensa. Continua com sede e vai bebendo
mais água e vai decrescendo a sua necessidade, atribuindo nível de satisfação inferior a
cada copo de água, até atingir o ponto de saciedade.
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Assim, temos de distribuir os recursos às necessidades que sentimos e a última dose (que não
satisfaz), tem utilidade denominada marginal. A utilidade é decrescente proporcionalmente ao
número da dose, ou seja, é maior se for a segunda dose do que se for a terceira.
Após a saciedade o ponto de utilidade é 0, sendo que se continuar a satisfazer uma saciedade
inexistente a utilidade passa a ser negativa.
Deve consumir-se até ao ponto que a utilidade marginal seja igual ao custo (preço que tem de
pagar para obter o bem) [Um=P]
Custo marginal – valor da mais valiosa alternativa preterida para se produzir mais uma unidade
de um bem ou serviço.
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Beneficio marginal – valor dessa unidade suplementar do bem ou serviço por que se optou.
Embora simples no efeito que provoca numa conduta individual (ex. aumento de custos
geralmente provoca restrição do consumo), os incentivos são complexos quanto às facetas de
modelação da política económica porque supõem que se conheça minimamente a reação dos
indivíduos à alteração dos incentivos e porque um mesmo incentivo implica diferentes reações
em agentes económicos com caraterísticas diferentes.
A ênfase nos incentivos é, também, a ênfase na liberdade, na convicção de que as pessoas são
capazes de alcançar sem constrangimentos certas finalidades, desde que sejam criadas motivações
adequadas.
A ênfase nos incentivos, embora permita compreender a viabilidade das soluções económicas em
contextos de liberdade social e política, sacrifica os valores igualitários ao apelar àquilo que
diferencia as pessoas. Uma economia que assente na livre mecânica dos incentivos, apela à
desigualdade de talentos, de sorte, de oportunidades e de formação, que levam cada um a acalentar
a esperança de alcançar uma remuneração correspondente com justiça ao esforço, empenho,
talento e boa sorte, com que individualmente participou no processo produtivo.
Uma economia que insista num nivelamento igualitário em nome da justiça social conta com
a perda de incentivos e respetivas consequências (queda do nível de atividade económica e da
capacidade de gerar riqueza). Nenhuma medida se pode alhear do dilema justiça social/ eficiência
ou privar-se ao preço imposto pela escolha deste dilema.
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Cada família consumirá tanto mais quanto mais produzir. Esta produção implica libertar-se
das atividades nas quais não apresenta boas prestações e forcar-se nas que apresenta bons
resultados, através de uma especialização. Assim, interessa intensificar as trocas, prejudicando o
isolamento e a autarcia, porque estes fazem perder oportunidades de ganhos recíprocos (sendo
que ninguém ganha e todos perdem), cada um produzindo aquilo em que se especializa, obtendo
melhores resultados globais. Ao especializar-se numa determinada área, a família terá de comprar
bens de outras áreas, bens esses em que outras famílias se especializaram.
Esta necessidade salienta a necessidade do mercado e das trocas, para a satisfação geral das
necessidades. Assim, e como reitera Adam Smith, se todos ganham com as trocas e se as trocas
são veículos de enriquecimento, então as oportunidades de riqueza são tanto maiores quanto maior
for a dimensão dos mercados e a sua subsistência e preservação é fulcral para o enriquecimento
global.
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Numa economia de mercado, a atividade económica é condicionada pelas forças que animam
as trocas, sendo o mercado o seu principal ocasionador. Predomina a liberdade de conformação
de direitos e deveres conexos com os interesses em jogo, por recurso às formas contratuais
comuns. As grandes decisões de que dependem a eficiência e justiça e o funcionamento geral do
mercado não são entregues a ninguém, assumindo-se que elas resultarão de uma ordem
espontânea, centrada no mecanismo dos preços.
Qualquer interferência do poder político pode destabilizar toda a atividade económica ao turvar
ou distorcer a sinalização pela qual se coordenam os interesses particulares e com base na qual as
decisões particulares são tomadas de forma mais racional possível.
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Mercado de Mercado de
fatores produtos
OFERTA PROCURA
Famílias
• Mercado de fatores – bens e serviços que são produzidos para satisfazer as necessidades
(outputs).
• Mercado de produtos – bens e serviços apreciados e empregues no ponto inicial do inicio do
ciclo da atividade económica (inputs). Os fatores de produção são a terra (renda), os bens de
capital (instalações) e o trabalho (salário).
Estes dois tipos de mercado podem ser configurados como:
• Justiça social
A principal razão que justifica a intervenção estatal nos mercados é a justiça social, de
solicitude pelos mais desfavorecidos e explorados e pelos excluídos do mecanismo das trocas. O
rendimento atribuído a quem participa nas trocas deveria ser proporcional ao esforço e habilidade
respetivos aplicados na produção de bens e serviços que tenham procura nos mercados.
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• Falhas de intervenção
As “falhas de intervenção” ou “falhas de Governo” dão-se, maioritariamente, porque o
Estado é administrado por pessoas falíveis e injustas, suscetíveis de pressões e aliciamentos. Toda
a intervenção é inevitavelmente contaminada por informação imperfeita, por unilateralidade e
confinamento de avaliações, por deficiências de planeamento e execução, por quebras de
comunicação, por falta de vigilância ou responsabilidade, por corrupção, compadrio, nepotismo
e caciquismo.
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A atividade económica coletiva é dos fenómenos sociais mais complexos e sempre se colocará a
dúvida se é possível pôr-se em prática uma planificação tão sofisticada que abarque e interaja
eficientemente com essa complexidade, ou se há um sucedâneo razoável para os incentivos que o
mercado transmite a todos os participantes.
Mais ainda, existem critérios de legalidade, imparcialidade e transparência na atuação dos entes
públicos que prejudica a sua agilidade de tomada de decisões e torna muito dispendiosa a sua
atividade. Para completar, existe um grave problema de incentivos no setor público, visto que as
decisões são tomadas por funcionários que, não tendo a sua remuneração ou ascensão na carreira
diretamente relacionadas com a eficiência das soluções adotadas, não são incentivados a adotar
as diligencias que tomariam no caso de tal suceder.
Não é muito evidente que a intervenção do Estado na economia seja globalmente eficiente, muitas
vezes sucedendo que as “falhas de mercado” não cobrem as “falhas de intervenção”, o que se
pode dever à incapacidade do Estado de interagir com o dinamismo do mercado, pelos atrasos
burocráticos, à falta de “pressão competitiva”, à falta de informação detalhada sobre uma situação
concreta, etc.
Parte das “falhas de intervenção” pode ser minimizada pelo recurso a instrumentos muito
sofisticados na recolha e processamento da informação, na sua aferição empírica e reformulação
permanente, na sua sujeição explícita a procedimentos iterativos de otimização que se apresentam
como alternativa ao funcionamento do mercado.
10. Produtividade
A produtividade é a quantidade de bens e serviços que cada trabalhador é capaz de produzir,
em média, numa unidade de tempo (“output” por hora). Essa quantidade poderá ser aumentada
em função do grau de aptidão do trabalhador, do progresso tecnológico e da estabilidade jurídica
e política.
Numa comparação instantânea, serão mais prósperos os países onde é mais elevada a
produtividade do trabalho. Numa comparação diacrónica, os aumentos de prosperidade, para não
serem somente aparentes ou especulativos, resultarão essencialmente da intensificação da
produtividade, através do progresso tecnológico.
É hoje comummente aceite que a forma ideal de gerar riqueza, de assegurar o crescimento da
prosperidade de modo favorável, deve pôr ênfase na garantia de condições estruturais de
produtividade, na afetação de recursos ao investimento em capital humano e físico que assegurem
tanto o crescimento como a reserva de potencial para o crescimento futuro, ou seja, assegurar
prosperidade a esta geração sem esgotar os recursos para a prosperidade das gerações seguintes.
A atuação estadual, absorvendo muitos recursos, desvia para si meios de financiamento que
de outro modo estariam disponíveis para o investimento direto em capital humano e físico, o que
pode determinar quebras de produtividade e, desse modo, um abrandamento ou até um retrocesso
da prosperidade.
A opção pelo investimento em tecnologia revela o quanto incremento da produtividade reclama
um esforço de luta contra o bem mais escasso de todos: o tempo.
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“Path dependence” – irreversibilidade que acompanha os triunfos tecnológicos, que faz com que
a tecnologia triunfante tenda a arrebatar a totalidade do mercado, tornando-se “standard” e
expulsando as tecnologias rivais. O progresso tecnológico traz consigo um risco estrutural.
1. Divisão do trabalho
As relações económicas e a interdependência dependem de uma confiança institucional (de que a
complementaridade objetiva de interesses e aptidões tornará inevitável uma conduta
generalizadora de cooperação).
“Egoísmo económico” – satisfazemos interesses alheios para satisfazermos os nossos, ficando
todos a ganhar com as trocas.
Para proceder a trocas vantajosas, pressupõe-se que as pessoas que têm necessidades
complementares, disponham de bens diversos (em que são mais especializados e aptos) para
prestarem serviços e assim obterem, sem demasiado custo, informações sobre as potencialidades
dos parceiros nas trocas.
As trocas ocorrem motivadas pela representação do ganho, dentro da probabilidade de ocorrência
de “soma positiva” (diferença ente custos e benefícios).
2. Vantagens absolutas
A vantagem absoluta consiste na produção de um bem no qual o produtor tem uma maior
especialização e que vai produzir de forma excedentária para a realização de trocas. O produtor
tem uma maior eficiência na produção dos bens em que é mais especializado.
Para se especializar, o produtor necessita de fazer escolhas (qual bem irá produzir) racionais,
optando por isso por produzir o bem no qual tem uma maior especialização.
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4. Vantagens comparativas
A vantagem comparativa exige a divisão de trabalho entre produtores, libertando tarefas em que
estes sejam comparativamente menos aptos, e dedicando-se à produção do bem em que são mais
especializados, tendo por isso um menor CDO.
A própria escassez determina que mesmo aquele que dispõe de várias vantagens absolutas em
ambas as atividades, acaba por não poder dedicar a qualquer uma dessas atividades mais do que
tempo parcial, se optar pela autossuficiência.
Na orientação da opção racional encontra-se uma ponderação de CDO – o tempo gasto na
atividade menos produtiva é tempo roubado à atividade mais produtiva e vice-versa, pelo que a
opção pela atividade menos produtiva é a que tem mais elevados CDO, e a opção pela atividade
mais produtiva é a que tem custos mais baixos.
5. Os custos da independência
As trocas beneficiam todos os membros de uma sociedade pois permitem que as pessoas se
especializem, se libertem de tarefas em que são relativamente menos eficientes e se concentrem
naquelas em que o são mais e, com isso, alcancem maior prosperidade e produtividade a menor
custo. O comércio designa, na sua vertente de interdependência, cooperação e coordenação, toda
a atividade produtiva, aquela mesma que se representa em mini-modelos de circulação
económica. Assim, os ganhos das trocas implicam agravamento da interdependência.
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1. Oferta e procura
Oferta – atitude típica daquele que se dirige ao mercado para vender um bem/serviço que avalia
em função do custo.
Procura – atitude típica de quem se dirige ao mercado para satisfazer as suas necessidades através
da aquisição de um bem, ou da utilização de um serviço, sendo que o valor atribuído a esse
bem/serviço é determinado pela sua utilidade.
3. Nível concorrencial
Mercado de concorrência perfeita – modelo ideal e abstrato, que defende que ninguém dispõe
do poder de mercado. Num mercado de concorrência perfeita, todo o comportamento gravita em
torno da relação quantidade-preço, sendo que, o vendedor que vence na competição não é aquele
que apresenta o melhor produto, mas sim aquele que faz o melhor preço.
• Liberdade – o agente tem plena liberdade de entrada e saída do mercado, as vezes que quiser,
sem quaisquer custos.
Por vezes, os custos de entrada = custos de saída (sunk cost, custos irrecuperáveis). P.E: a
introdução de um produto desconhecido na sociedade exige campanhas publicitárias.
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• Preço
Lei da oferta – correlação direta entre os preços e a quantidade oferecida.
P+ Q+ / P- Q-
Produzir um bem para o oferecer num mercado envolve custos, por isso, quanto mais elevados
são os preços, maior é a possibilidade desses custos serem cobertos pelo total da receita obtida
com as vendas, e de se obter um excedente do produtor/lucro.
Lei dos rendimentos marginais decrescentes – a cada acréscimo de produtividade, há um
aumento do rendimento. Contudo, a partir de um certo ponto, o rendimento será fixo.
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Assim, eles não aumentam a oferta para não revelar a total amplitude da sua capacidade de
resposta; esperam que os concorrentes acompanhem a subida de preços para alargar a clientela;
não arriscam um aumento de produção que se traduza, em situações futuras, num agravamento
progressivo dos custos.
• Preços
Lei da procura – correlação inversa entre o preço e a quantidade.
P+ Q- / P- Q+
Bens de Vebler – bens de consumo ostentatório (bens de luxo/superiores), que são bens que são
comprados porque são caros (contrariam a lei da procura).
Bens de Giffen – bens de baixo preço e de quantidade diminuída.
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• Curva da procura
Há uma correlação inversa entre a variação dos preços e a variação da procura. As quantidades
procuradas serão tanto maiores quanto menores forem os preços, pelo que uma subida dos preços
será acompanhada de uma retração da procura.
O nível da procura depende do número de consumidores, alterando-se a escala da procura,
deslocando-se a própria curva da procura com a entrada de mais um consumidor no mercado e
aumento da quantidade procurada para qualquer nível de preços.
• Curva da oferta
A quantidade oferecida é função do número de vendedores que se encontram presentes no
mercado. A oferta total é o somatório daquilo que os vendedores estão dispostos a transacionar e
a produzir ou adquirir para vender no mercado.
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PROCURA OFERTA
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10. Elasticidades
A elasticidade é a amplitude da reação dos agentes económicos à alteração de condições
fundamentais da sua atividade.
I. Elasticidade procura
variação % da QP
EPP=
variação % do P
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Valor da EPP: ∞
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• Elasticidade cruzada
Descobre-se se um bem é sucedâneo ou complementar de outros, e em que medida, através do
exame da elasticidade cruzada (elasticidade-preço cruzada da procura), a medida da variação
percentual das quantidades procurada de um bem em função da variação percentual dos preços
de outro bem.
variação %QP (bem A)
ECP = .
variação % do P (bem B)
Esta elasticidade é positiva no cado dos bens sucedâneos, negativa no caso dos bens
complementares, e nula no caso dos bens não relacionados no consumo.
✓ A descida de preço de um bem faz diminuir a procura dos bens sucedâneos e aumentar a dos
complementares;
✓ A subida de preço de um bem faz aumentar a procura dos bens sucedâneos e diminuir a dos
complementares;
✓ A procura de um bem aumenta se o preço dos seus sucedâneos subir ou dos seus
complementares descer;
✓ A procura de um bem diminui se o preço dos seus sucedâneos descer ou dos seus
complementares subir.
Este conceito é de elevada importância para a definição daquilo que constitui um mercado, para
demarcar os seus limites, pois, em rigor, só existirá mercado autónomo para cada produto se
pudermos determinar a inexistência de elasticidades cruzadas de valor diferente de 0.
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Há uma correlação direita entre os movimentos dos preços e os movimentos da oferta – a subida
de preços induz um aumento da oferta e vice-versa. Há situações em que a oferta não pode deixar
de ser pouco elástica, como por exemplo:
• Se a raridade do bem é inultrapassável;
• Se há recursos fixos ou não-renováveis.
• Efeito de substituição – aumenta a EO. Há uma maior rigidez da oferta relativamente a bens
perecíveis.
• Tempo – aumenta a EO.
• Efeito rendimento – é a necessidade do produtor obter um certo nível de rendimento. Diminui
a EO.
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A advertência para a não intervenção estatal na economia não é uma despreocupação fria e cruel
para os desfavorecidos pelo jogo livre do mercado, é uma constatação de facto: sendo inevitáveis
carências ou desperdícios por efeito da “imobilização” dos preços, os que tentarem promover esta
violação da dinâmica gravitacional e reequilibradora do mercado deverão ter em mente o preço
das consequências, de forma a adotarem, ao menos, soluções minimizadoras das patologias que
inevitavelmente ocorrerão.
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O preço máximo eficaz é uma barreira a que o preço suba té ao equilíbrio ajustador da oferta e da
procura. O mercado irá esbarrar com esse limite e o preço será inevitavelmente esse. Dado o
excesso de procura face à oferta, será necessário racionar com vários critérios: os vendedores
podem atender sequencialmente aos pedidos, formando filas de espera e rateio entre consumidores
em função do custo de oportunidade do tempo de espera. Outra possibilidade é atribuir a alguém
critérios distributivos inapeláveis, ou seja, a aceitação prévia do acatamento definitivo de qualquer
decisão tomada por um ditador, que permite “custos de transação” aceitáveis e imuniza a
distribuição contra a estratégia de dissimulação de preferências, mas sacrifica a liberdade de
trocas e não assegura nem a justiça nem a eficiência.
Os excluídos do consumo pelo racionamento ficam não em escassez, mas em carência absoluta.
A solução de racionamento é sempre ineficiente e a solução para este problema é desintervir,
desregular e não estabelecer preços máximos.
Os preços só se reequilibram através de uma descida, à qual os vendedores nem se opõem, porque
têm uma disposição para vender a nível inferior ao preço fixado, porque não conseguem escoar
os produtos àquele nível de preços.
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No fim:
• O estado promove uma expansão da oferta que consiga ao preço mais baixo satisfazer todos
os consumidores e evitar o surgimento de especuladores, subsidiando os produtores;
• Ou se forma um mercado negro no qual os preços são superiores ao nível de equilíbrio, devido
ao prémio de risco dos vendedores-especuladores, e por isso os mais ricos consomem menos
do que aconteceria àquele nível e os mais pobres não consomem, e o excedente do produtor
perde-se numa involuntária transferência de bem-estar em benefício dos especuladores.
O estabelecimento de salários mínimos tende a diminuir a pobreza das famílias, mas a existência
de salários mínimos provoca desfasamentos quantitativos no trabalho:
• No mercado de operário não-qualificados ou ocorre desemprego ou surgem problemas de
mercado negro, de trabalho clandestino, no qual as remunerações se reaproximam do nível
de equilíbrio, podendo estabilizar abaixo dele;
• Na busca de primeiro emprego, a impreparação e não-integração no mercado, a
insusceptibilidade de comportamento coligado da oferta no mercado de fatores, a falta de
“capital humano”, tendem a colocar os salários de equilíbrio mais baixos.
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A carga tributária será suportada pelos vendedores ou compradores ou será partilhada em função
de condições geradas pelo próprio mercado, determinadas pelo mecanismo livre da interação da
oferta e da procura. Consequências previsíveis da incidência do imposto:
• Se for suportado pelos compradores, toda a escala da procura se contrai, sendo procurada
menos quantidade de bem a cada nível de preços;
• Se for suportado pelos vendedores, toda a escala da oferta se contrai, sendo oferecida menor
quantidade a cada nível de preços;
No caso dos impostos diretos (incidem sobre o rendimento pessoal), aquilo que o trabalhador
deverá suportar de imposto será mais ou menos repercutido para o seu empregador, em função da
maior ou menor elasticidade de cada um; os impostos geram uma clivagem entre aquilo que é
pago ao trabalhador (salário bruto) e o que ele verdadeiramente recebe (salário líquido).
O conceito de utilidade peca por ser insuscetível de mediação em termos objetivos e unívocos.
Em nome da objetividade, a ciência económica passou a concentrar-se em dados objetivos que
permitissem aferir a posição de um agente económico perante as vantagens que resultassem das
suas opções, a concentrar-se nas “preferências relevadas” e no conceito de “disposição de pagar”
(montante que se possa determinar que seria o limite do sacrifício monetário de que uma pessoa
seria capaz para obter um produto e não outro).
Deve-se a Paul Samuelson a teoria das preferências relevadas, considerando possível analisar-se
a racionalidade económica em termos de puros dados empíricos, sem ser necessário recorrer-se a
atribuições mais recônditas e psicologicamente “carregadas” como a de utilidade. Esta teoria
pressupõe um agente racional e maximizador, e por isso não tem a preocupação de inserir no seu
modelo a margem de imprecisão que os modelos estatísticos e econométricos reclamam em nome
do realismo.
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Um comprador só consumará a compra se essa valer a pena, ou seja, se o sacrifício dos bens que
troca por aquele que adquire é mais que compensado pelo beneficio que advém da aquisição deste
e se o sacrifício fica aquém do sacrifico que admitiria fazer para ter acesso àquele bem, mesmo
que em menores quantidades. P.E: licitação através dos preços → num leilão, antes de começar a
licitação, cada pessoa já delineou o máximo que é capaz de dar por aquele bem, o preço máximo
até ao qual os custos de oportunidade ficam aquém dos benefícios que advirão da sua aquisição.
William Vickrey – “leilão pelo segundo preço” → forma de facilitar a revelação das preferências
por partes dos intervenientes num leilão, uma forma de evitar a cautelosa sub-licitação com a qual
se tenta afastar a “maldição do vencedor” (tendência para que o vencedor típico de um leilão
venha a descobrir que pagou mais pelo objeto leiloado do que aquilo que os demais participantes
julgam ser o preço justo).
Se se estabelecer que o vencedor de um leilão por licitações ascendentes terá que pagar apenas o
preço oferecido por aquele que ficou em segundo lugar, as verdadeiras disposições de pagar serão
reveladas.
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O “leilão de Vickrey” referia-se a licitações por carta fechada, pelo que perduraria o risco de
alteração dos valores pelo leiloeiro. O “leilão de segundo preço” é uma solução eficiente em
contextos de neutralidade ao risco e de “valor provado”, incitando os participantes a uma
revelação autêntica e integral das suas “disposições de pagar”; o alienante do bem recebe apenas
o “segundo preço”, o preço sub-ótimo para ele.
Como alternativa a este e ao leilão “de primeiro preço” “à holandesa” (licitações
descendentes e ganha o primeiro a interromper), pode apostar-se num leilão hibrido “anglo-dutsch
auction”, em que numa primeira parte há licitação aberta e ascendente, até só haverem dois,
passando a uma licitação por carta fechada com o preço mínimo correspondente à licitação
máxima na fase anterior.
A escala da procura é o espetro total da quantidade que cada um está disposto a adquirir a cada
nível de preços. Representa, para cada quantidade dada, o preço máximo que o comprador
marginal (aquele que se retira do mercado mal o preço suba) está disposto a pagar, ou seja, a
disposição marginal de pagar evidenciada pela procura.
Existe diferente disposição de pagar por parte dos consumidores e, consequentemente, cada um
vai ter um excedente do consumidor diferente.
A procura aumentará quando os preços descem, o que leva a um aumento do bem-estar: amplia-
se o excedente do consumidor e os consumidores marginais regressam ao mercado.
Princípio da dotação - Daniel Bernoulli: os jogadores dão mais valor às perdas potenciais que
aos ganhos potenciais, ou seja, dão mais valor àquilo que já têm do que àquilo que podem ganhar
por troca com o que já têm.
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Margarida Gonçalves
Disposição de vender – preço mínimo que o produtor está disposto a aceitar para produzir mais
uma unidade de um bem/serviço. Qualquer preço acima do custo irá garantir um excedente do
produtor que motiva a venda.
O mercado seleciona, através dos preços, o produtor mais eficiente. O excedente do produtor
tende a coincidir com a diferença entre a disposição de vender do concorrente mais eficiente e a
do que vem em segundo lugar.
Quanto mais elevado o preço, maior será a oferta: a escala da oferta está correlacionada com a
escala dos custos, na medida em que uma subida de preços vai sucessivamente ultrapassando
níveis de custos de produção. Para cada quantidade oferecida, o preço há de corresponder aos
custos do “vendedor marginal” (o que sai do mercado mal o preço desça).
Excedente do produtor – diferença entre o preço mínimo a partir do qual o vendedor está
disposto a vender e o preço a que acaba por vender.
O preço de equilíbrio denota uma seleção entre todos os compradores e vendedores potenciais no
mercado. O mercado opera uma triagem a favor dos compradores com mais disposição de pagar
e os vendedores com mentos custos.
Só existem trocas voluntárias quando as partes têm esperança de ganhos. A eficiência é alcançada
quando não é possível produzir mais de um bem/serviço sem ter de sacrificar a produção de outros
bens/serviços que passam a ser mais valiosos do que aquele pelo qual se optaria; ou quando não
se pode produzir menos de um bem/serviço sem que os recursos sejam desviados para a produção
de outros bens/serviços que seriam marginalmente menos valiosos que aquele que se produziria
em menor quantidade.
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Margarida Gonçalves
6. Eficiência de Pareto
Uma das formas mais simples de aferir a eficiência total da economia é a de relacioná-la com
os seus resultados em termos de maximização do bem-estar.
Eficiência de Pareto – é um estado de eficiência máxima da economia, em que não seria possível
aumentar o bem-estar de alguém sem diminuir o de outrem.
Esta eficiência implica três requisitos:
✓ Eficiência ao nível das trocas – as trocas são mais eficientes quando o excedente total é o maior
possível.
✓ Eficiência ao nível da produção – não há desperdícios, todos os recursos estão a ser utilizados.
✓ Eficiência ao nível das preferências dos consumidores – produzem-se os bens aos quais os
consumidores dão mais importância.
Esta eficiência nada nos diz quanto à justiça do resultado, mas apenas se a eficiência foi atingida.
As “melhorias paretianas” (incrementos que conduzem à eficiência), promovem a eficiência e
colocam a economia num ponto da FPP no qual se consuma o potencial de realização da
economia, mas que suscita problemas. Tudo o que pode ser empregue numa produção está a ser
efetivamente empregue com a minimização dos custos. Por isso, se porventura mudam as
solicitações que mobilizam essa afetação máxima, pode cair-se num impasse, numa armadilha de
eficiência.
Um dos melhores exemplos para o impacto negativo no bem-estar por interferências do mercado
é a existência de impostos. A incidência de impostos consiste numa diminuição de rendimento do
sujeito de imposto, em favor do credor desse imposto, com a perda de bem-estar que aquele
rendimento assegurava.
• Preços – o imposto é a clivagem entre o custo para os compradores e o rendimento para os
vendedores, sendo que o imposto limita os planos maximizadores dos dois;
• Quantidades – porque provoca deslocações no sentido da contração, o imposto é o
correspondente à diferença entre o volume de transações de equilíbrio e aquele que acaba por
se verificar, espelhando uma retração absoluta do mercado.
No caso do imposto indireto, o rendimento obtido pelo Estado será o produto do imposto pelo
volume das transações, sobre a incidência do imposto (produto de uma taxa de imposto pela
quantidade de unidades tributadas).
O imposto por unidade transacionada é correspondente à perda de “excedente” que se verifica
em cada transação tributada, e nesse aspeto não existe uma perda absoluta de eficiência, mas
apenas uma “transferência de bem-estar” (a perda de bem-estar para as partes corresponde ao
ganho de bem-estar para o credor do imposto).
O efeito desincentivador do imposto faz com que seja impossível ao Estado recolocar
eficientemente a economia ao nível de bem-estar que existia antes do imposto. A pura perda de
bem-estar, resultando de um efeito de retração do mercado, será tanto maior quanto maior for a
elasticidade-preço de qualquer das partes, ou de ambas, e será tanto menor quanto mais se verifica
inelasticidade-preço do lado da oferta e da procura.
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Margarida Gonçalves
Um Estado que queira minimizar o impacto dos impostos no bem-estar total deverá procurar
concentrar a carga tributária naqueles mercados em que a procura e a oferta sejam menos
suscetíveis de se retrair e onde é menos possível a ocorrência de uma quebra das transações.
Ainda assim, a justiça impõe limites a esta tributação, porque a tributação dos consumos
inelásticos pode tender a coincidir com a tributação dos consumos básicos, das transações de bens
de primeira necessidade.
8. A teoria do consumidor
A escala da procura reflete a disposição de pagar que cada consumidor tem perante um
determinado bem/serviço.
A e B – Pontos eficientes
C – Ponto impossível
D – Ponto ineficiente
A restrição orçamental indica a combinação total daquilo que pode comprar-se com um
determinado rendimento disponível, dado um conjunto de preços relativos que indicam quanto
deve sacrificar-se do consumo de um bem/serviço para que os outros possam ser consumidos; é
o limite absoluto da sua disposição de pagar.
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Margarida Gonçalves
As curvas da indiferença representam aquilo que o consumidor deseja fazer, os modos com as
suas preferências efetivamente se distribuem pelos produtos. A linha ideal que une todos os pontos
representativos das combinações de produtos que se equivalem designar-se-á por curva de
indiferença, e ela representa o conjunto de situações em que o consumidor estará igualmente
satisfeito.
A maior ou menor escassez relativa de um ou de outro bem determina uma sensível variação
da “taxa marginal de substituição”, ou seja, da disposição do consumidor para ir trocando uma
unidade de um dos bens por uma ou mais unidade do outro sem sair da mesma curva da
indiferença.
A combinação das retas do rendimento e das curvas da indiferença permite decidir qual a escolha
ótima para o consumidor (ponto ótimo). A curva da indiferença mais elevada que é alcançável
será aquela que é tangente à reta do rendimento, ou seja, aquela que num determinado ponto
coincide com o valor mais elevado que é consentido pela limitação orçamental, não ficando
aquém nem além dele.
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Margarida Gonçalves
Na hipótese de se alterar o preço de um dos bens, tem de se traçar nova reta do rendimento, visto
que ela espelha o preço relativo dos bens e esse preço relativo alterou-se. Esta quebra tem efeito
duplo: permitir um aumento do consumo de ambos os bens (explicável pelo efeito de rendimento:
a diminuição do preço de um bem aumenta o poder de compra do consumidor relativamente a
todos os bens, e pode levá-lo a comprar mais desses bens) e o de permitir um aumento mais do
que proporcional do consumo do bem em causa face ao aumento do consumo do outro bem
(explicável pelo efeito de substituição: a preferência do consumidor por um bem foi parcialmente
substituída por uma preferência por outro, devido à nova relação de preço).
“Bens de Giffen” – bens cujas curvas da procura seriam alegadamente ascendentes, respondendo
com aumentos da procura a aumentos de preço; o aumento de preço de um bem inferior provoca,
na respetiva procura, um efeito de rendimento superior ao efeito de substituição.
“Lazer” – tempo disponível a trabalho remunerado, mas não aproveitado para esse efeito.
Aquilo que de cada um dispõe para consumir depende de outras duas decisões pessoais – uma
refere-se ao nível de esforço laboral e de remuneração (mercado de fatores – mercado de
trabalho); a outra é refere-se ao nível de poupança ou de gastos de poupanças (mercado de fatores
– mercado de capitais).
Reta do rendimento – é o conjunto das combinações possíveis de consumo e de lazer que são
permitidas pelas horas de trabalho e pela remuneração à hora.
Se a remuneração à hora aumentar, os agentes podem ter duas reações: ou trabalhar mais horas,
porque o custo de oportunidade de cada hora de lazer aumenta, ou trabalhará menos horas, porque
pode receber o mesmo trabalhando menos. Esta reação bicéfala torna impossível formular
previsões sobre os rumos que a oferta de trabalho tomará.
Se admitirmos que a taxa de desconto não varia significativamente e que as variações das taxas
de juro são acompanhadas por efeitos de substituição e de rendimento, um aumento da taxa de
juro causará um aumento do valor relativo ao consumo futuro, motivando a poupança.
Contudo, nem sempre assim sucede, especialmente quando o efeito de rendimento prevalece – a
mais elevada remuneração das suas poupanças torna mais próspero o aforrador, levando-o a
reconsiderar as vantagens do consumo presente.
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Se existir uma remuneração para a poupança que ultrapasse a taxa de desconto, aquele que
sacrifica o consumo presente consumirá mais no futuro e aquele que opta por consumir
imediatamente incorre no custo de oportunidade equivalente àquela remuneração.
Uma simples subida de taxas de juro não garante que aumente a poupança: tudo depende se o
aforrador tem as suas preferências dominadas pelo efeito de rendimento ou de substituição.
Franco Modigliani explorará, com o “efeito de riqueza”, que o nível de consumo e poupança, e
as respetivas oscilações cíclicas dependem não tanto do rendimento disponível atual como da
relação entre rendimento presente e as expetativas de rendimento ao longo do ciclo de vida do
titular do rendimento. Este reduziria o impacto do rendimento atual nos níveis de poupança e
consumo e tenderia a gerar contrabalanços na conduta dos consumidores aos efeitos inflacionistas
ou recessivos.
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O grau de aforro há de depender ainda da incidência dos impostos sobre o fenómeno sucessório,
tal como dependerá da maior ou menor generalização do crédito ao consumo.
As motivações do produtor são as de vender tanto mais, quanto maior o preço e tanto menos
quanto menor o preço. A disposição de vender existe em função dos custos que a produção
acarreta. O objetivo normal de um produtor será o de obter uma receita, um rendimento total que
supere o custo total, para obter lucro.
✓ Rendimento/Receita total – somatório do produto de todas as vendas alcançadas pelo
vendedor;
✓ Custo total – somatório de todas as despesas em que o vendedor incorreu para que os bens
vendidos fossem produzidos e chegassem ao mercado.
Custo total – inclui os custos explícitos (o conjunto de valores que constituíram a base da
disposição de pagar do próprio vendedor em relação aos fatores com que foram produzidos os
bens e serviços que vende e que foram efetivamente alienados em pagamento, na troca por esses
bens/serviços).
Custo económico – é um custo de oportunidade, que inclui tanto os custos explícitos como os
implícitos. É então a perda de benefícios que para ele adviriam da segunda melhor opção.
Custo implícito – diferença líquida entre o melhor saldo e o segundo melhor saldo.
Em suma, a diferença entre ganhos contabilísticos e ganhos económicos reside no facto dos
primeiros serem calculados por referência ao conjunto total de custos de oportunidade que possam
ser contextualmente considerados, ao passo que os ganhos económicos são computados por
referência somente aos custos explícitos.
Função de produção – relação puramente quantitativa entre aquilo que é empregue na produção
e aquilo que dela resulta.
Produto marginal – variação de quantidade produzida que resulta da variação, em uma unidade,
da quantidade de algum dos fatores produtivos.
Há uma tendência para o decréscimo do produto marginal que resulta de efeitos de saturação
decorrentes da utilização em quantidades crescentes de alguns fatores em combinações
progressivamente desiguais com fatores fixos, ou fatores cujas quantidades não podem variar tao
rapidamente.
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Custo fixo – associado aos fatores cuja quantidade não se altera com o nível de produção.
Custos variáveis – cada incremento de produção pode implicar um custo não só crescente, mas
marginalmente crescente.
Custos
Volume de produção
Custos totais médios (custo da unidade típica) = custos totais (c.f+c.v)/nº unidades produzidas.
A escala de eficiência é o ponto ótimo em que são mínimos os custos médios e o nível de produção
que minimiza os custos médios totais.
Um produtor preocupado em controlar custos deve atender a este ponto crítico a partir do qual a
produção se faz a custos médios crescentes.
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Curto prazo – período de tempo em que pelo menos um dos fatores e os seus custos são fixos.
Longo prazo – período de tempo em que todos os fatores são variáveis.
Lei do rendimento marginal decrescente – à medida que se combinam fatores variáveis com
uma dada quantidade de fatores fixos, o rendimento marginal dos fatores variáveis tende a
decrescer.
Só com a expansão dos fatores de produção é que o produtor pode encarar a possibilidade de
expansão da escala de produção, ou seja, um aumento proporcional de todos os fatores de
produção. À medida que o produtor se vai expandindo e ajustando a produção às solicitações do
mercado, é como se fosse descartando a sua perspetiva de curto prazo de pequeno produtor e fosse
assumindo a perspetiva do curto prazo do grande produtor.
Existe, no curto prazo, um limite ao rendimento marginal que se obtém da intensificação do
uso dos fatores de produção.
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Fronteira de possibilidades de eficiência – é a curva de custos médios a longo prazo, que indica
ao produtor o plano em que se situa a sua escala de eficiência quando lhe é possível contar com a
variabilidade de todos os fatores, e serve-lhe como um ponto de referência à planificação da sua
atividade e das suas decisões a curto prazo, que deverão tender para o abaixamento de custos
médios até esse limite ideal. O ponto mais baixo dos custos médios designar-se-á por escala
mínima de eficiência.
6. Opções de investimento
Investimento – é a aquisição de um bem (de um ativo) na perspetiva da obtenção de rendimentos
na exploração desse bem, ou de mais-valias na sua alienação.
Investimento real – direta aquisição de bens de capital que sejam empregues seguidamente num
processo produtivo.
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Sistema financeiro – mecanismo através do qual os excedentes de pessoas que têm rendimentos
superiores aos seus níveis de despesão são encaminhados para pessoas e empresas que estejam
dispostos a gastar mais do que aquilo que lhes é permitido pelo seu rendimento corrente.
6.2. Obrigações
Outra alternativa de investimento é a subscrição de títulos obrigacionistas (empréstimo de capital
financeiro a uma empresa, por um prazo determinado). A segurança do investimento é alta, porque
o investidor fica na posição de credor, mas podem suscitar-se problemas de liquidez
(característica de um determinado bem poder funcionar como bem de pagamento. Só os
pagamentos em moeda é que a contraparte está obrigada a aceitar.) e o risco (existem sempre de
que a remuneração convencionada seja destruída por efeito da inflação). As subidas de taxas de
juro no mercado são más para os subscritores de obrigações, sendo que as suas descidas
“desbloqueiam” a liquidez dos bens.
6.3. Ações
Outra forma de investimento é a compra de ações, partes do capital de uma empresa, que conferem
ao seu titular algumas especiais prerrogativas quanto à empresa eminente, porque o colocam na
posição de sócio, de contitular da propriedade da empresa. A segurança é baixa e nada garante a
recuperação do capital, porque a empresa pode falir.
Em contrapartida, a remuneração deste investimento é sempre superior ao das obrigações.
Podemos encarar ações e obrigações como títulos que, entre eles, distribuem pelos investidores o
rendimento e o risco de acordo com as suas preferências por um retorno mais seguro ou
potencialmente menos elevados.
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Ações – são uma parcela de capital de uma empresa. Quando alguém compra uma ação, torna-se
proprietário daquela empresa de acordo com a proporção da ação comprada. Os dividendos são
os lucros divididos pelos acionistas.
Através dos fundos de investimento é possível minimizar os riscos e aumentar a liquidez das
ações e obrigações, onde os investidores participam pondo em comum os seus recursos, o que
permite:
✓ Uma diversificação na compra de títulos;
✓ A gestão profissional dos títulos;
✓ Um número de participantes tão grande que a entrada ou saída de um não afeta o total do
montante investido, confere a todos uma quase perfeita liquidez.
7. Empresas
O investimento das famílias é a fonte da maior parte do financiamento de que elas podem
dispor, sendo o restante fornecido por subsídios estatais ou investimento estrangeiro. Para o
investimento das famílias, estas só têm de ser de responsabilidade limitada porque a aversão ao
risco é caraterística psicológica natural.
A responsabilidade limitada facilita a captação de investimentos individuais porque ela
garante aos investidores que nada lhes será exigido para lá do valor dos títulos que subscreveram,
e assim, as suas perdas serão limitadas.
Mercado de ações – é um jogo de fortuna e azar, que atrai investidores avessos ao risco através
do aliciamento com uma forma assaz desprendida de participação no mercado e respetivos fins.
Mais ainda, enquanto a responsabilidade é limitada, os ganhos são ilimitados.
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Também o recurso ao mercado acionista não está sempre disponível nem é ilimitadamente válida.
É natural que as empresas no seu momento de “arranque” tenham mais dificuldades de acesso ao
endividamento e ao mercado de capitais. É geralmente a sedimentação de uma reputação no
mercado que permite a uma empresa obter empréstimos às condições dominantes no mercado. A
idade e inércia da empresa tendem a estar correlacionadas, e não apenas por força da “ineficiência-
X”, mas também porque as empresas já instaladas no mercado tendem a assumir meras atitudes
defensivas, ficando mais vulneráveis à contestação de mercado por concorrentes mais jovens, e
mais expostos às aquisições de controlo societário.
1. O fundamento do juro
Grande parte das nossas decisões económicas são orientadas para o futuro, e os meios futuros
cuja obtenção queremos assegurar têm um preço relativo em termos de bens presentes (valor dos
bens presentes de que temos de prescindir para obtermos os bens futuros, o sacrifício de consumo
imediato que está implicado no investimento em recursos de que emergirão os bens futuros).
O valor presente dos bens futuros é descontado, ou seja, é menor do que o valor dos mesmos
bens quando a sua disponibilidade seja imediata; e o valor descontado é tanto menor quanto mais
dilatado for o prazo que medeia entre o presente e o momento em que finalmente acedemos à
fruição desses bens futuros.
A racionalidade impõe-nos uma preferência pelo presente, que a nossa irracionalidade mitiga em
formas “hiperbólicas” ou exacerba em formas “exponenciais”, que tem por reverso a taxa de
desconto, que aplicamos à representação presente do efeito futuro das nossas ações. A preferência
pelo presente desaconselharia todos os sacrifícios da gratificação imediata das necessidades; o
sacrifício daquele que adia a gratificação das suas necessidades deve ser compensado com o
montante que ultrapasse a taxa de desconto, que faça superar a preferência pelo presente pela
preferência pelo futuro – o juro.
Juro – montante que faz vencer a preferência pelo futuro, pelo que a taxa de juro tem de ser
superior à taxa de desconto; é o preço de equilíbrio do mercado dos fundos monetários mutáveis.
Este existe porque na sua ausência, haveria carência de fundos mutuáveis, ou seja, excesso da
procura de fundos e falta da oferta.
Dois aspetos interferem na formação de uma taxa de juro – a presença de intermediários
financeiros e a presença de inflação.
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2. O motivo-especulação
Há um setor da economia que se centra nas transações inter-temporais – aquele em que os bens
duradouros são adquiridos como valores especulativos (na esperança de que possam mais tarde
ser revendidos a preço superior).
Um aumento da taxa de desconto significa uma perda do valor presente dos bens futuros. As
expetativas da evolução futura dos preços condicionam estes mercados. O mercado especulativo
nem sempre espelha a conjuntura real sobre que assenta, mas apenas exprime a limitação e
racionalidade das expetativas sobre situações de mercado vindouras. Dessas expetativas são
racionais as que incorporam todo o conhecimento disponível e irracionais as que se limitam a
extrapolar o presente para o futuro.
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São contextos em que a presença de informação privada gera incerteza nas trocas. Se as partes,
apesar da sua impaciência quanto à conclusão de um negócio equilibrado, não partilham essa
informação privada relativa ao objeto do negócio e subsistem na assimetria informativa, a
incerteza prevalecerá, para lá dos limites do que é computável, do que é suscetível de cálculo de
probabilidades, do que é segurável.
A incerteza pode perpetuar-se na medida em que constitua uma vantagem estratégica para a
parte privilegiada pela assimetria informativa.
1. As condições da concorrência
1.1. Atomicidade
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1.2. Fluidez
É da liberdade que depende o grau de disciplina do mercado quando surgem hipóteses de distorção
da concorrência do lado da oferta.
É difícil criar ou manter barreiras à concorrência sem o apoio do Estado, mas é fácil encontrar
motivos aparentemente justificativos desse apoio estadual.
Como os preços não variam, o lucro será maximizado no ponto em que os custos médios são mais
baixos. Enquanto o custo marginal for inferior ao rendimento marginal, vale a pena incrementar
a produção porque irá aumentar o lucro.
Para o vendedor atomístico, a curva da oferta é essencialmente a curva dos custos marginais.
Porém, nem toda a curva dos custos marginais se transforma em curva da oferta, porque há um
limiar mínimo abaixo do qual o produtor não oferece nada, não está disposto a vender.
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No longo prazo, os produtores estabilizarão um ponto em que coincidem preço, custo médio e
custo marginal (escala da eficiência). Isto significa que os produtores são selecionados na
concorrência pelo seu padrão de custos, e que ficam no mercado apenas os que têm custos médios
mais baixos, os que conseguem o não prejuízo a esses custos. Mas há momentos em que a oferta
de longo prazo deixa de ser estável quanto ao preço e evidencia crescimento: entrada de novos
concorrentes; cada concorrente que entra é menos eficiente que o anterior, agravando a média de
custos.
“Teoria da Renda” de David Ricardo → todo o rendimento que ultrapassa o custo de
oportunidade dos recursos empregues na atividade (renda económica), e por isso ultrapassa o
incentivo mínimo necessário para que a atividade tenha ligar, convertendo-se aparentemente
numa remuneração desnecessária e ineficiente.
7. O lucro normal
O facto de economicamente ter desaparecido o lucro não implica que não subsista um lucro
contabilístico, ou seja, a noção de custo total com que temos lidado abarca também os custos de
oportunidade.
Lucro normal – ponto mínimo aceitável de lucro sem o qual o setor é abandonado pelos
empresário, pois corresponde ao rendimento medio que a atividade empresarial é capaz de gerar
em qualquer setor.
O produtor que observa os seus lucros contabilísticos concluirá pela não-saída se tiver a
perceção de que em qualquer outro mercado ou setor de atividade os lucros contabilísticos seriam
menores.
A “linha de água” atingida quando o rendimento total é igual aos custos totais chama-se ponto
de break-even, no qual o produtor está já a atingir o rendimento que alcançaria na melhor das
produções alternativas.
8. A concentração do mercado
A intensidade da concorrência depende da estrutura de custos dominantes, e essa depende da
tecnologia disponível. O nível ótimo de concorrência dar-se-á quando a densidade de concorrentes
não impedir nenhum deles de chegar à sua escala de eficiência.
Monopólio natural – só há lugar para um produtor, que esgota o mercado a um nível de produção
em que os seus custos médios são ainda descendentes. Neste caso, a concorrência é impossível:
qualquer recém-chegado ao mercado que utilize a mesma tecnologia do produtor já instalado só
conseguirá produzir a custos médios superiores aos custos médios do monopolista, sendo, pois,
derrotado por este.
O que determina o grau de concorrência é os custos fixos, os custos irrecuperáveis e os custos
fixos de funcionamento, em que cada produtor tem que incorrer para se estabelecer num
determinado setor, são as “barreiras de entrada”.
Existem razões de eficiência que limitam a atomicidade e a concorrência. Quando é elevada a
escala mínima de eficiência, é de esperar que a concentração dos produtos seja igualmente
elevada.
Quanto maior for a concentração num mercado, mais provável se torna que o preço de afaste
do seu nível concorrencial e se aproxime dos máximos que poderão vigorar numa situação de
monopólio. A concentração é o caminho normal de evolução do mercado concorrencial para as
formas de concorrência imperfeita.
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1. Monopólio
1.1. Tipos de monopólios
Situação do monopólio – há no mercado um único vendedor, ou um vendedor com esmagadora
predominância sobre os demais.
Poder de monopólio – a preponderância de um vendedor sobre os demais é tal que ele pode agir
praticamente como se estivesse isolado do lado da oferta, embora na realidade não o esteja.
Os dois objetivos dominantes daquele que se debate com esse contexto concorrencial serão:
✓ Coexistir com produtores de padrões de custos mais elevados, assegurando ganhos
extraordinários de longo prazo, “rendas monopolísticas”;
✓ Excluir todos os outros concorrentes para que a sua capacidade de maximização de lucro seja
aumentada através da manipulação dos preços, progredindo para um monopólio puro.
Aquele que alcança poder de mercado, vê os seus cálculos de custos complicarem-se – o “price
maker” vê o preço de mercado baixar à medida que aumenta o volume de produção, daí resultando
que a interseção da curva ascendente do custo marginal com a curva descendente do preço de
mercado determinará uma relação “preço-quantidade” mais baixa do que se esperaria
inicialmente.
O monopolista só pode incrementar as suas vendas, e esforçar-se por se aproximar do volume
de produção correspondente, se baixar os preços de mercado, pelo que para ele, o rendimento
marginal resultante do incremente da produção em uma unidade não é igual ao preço de mercado
corrente.
Em contrapartida, o poder de mercado há de manifestar-se precisamente na capacidade que o
vendedor tenha para travar essa queda do nível de preços de mercado, fixando preços acima do
custo marginal. Essa capacidade está naturalmente condicionada pela elasticidade-preço desses
consumidores: quanto menos estes tiverem reféns do consumo dos bens vendidos pelo
monopolista e puderem substituí-lo pelo consumo de outros bens, ou quanto mais esgotada estiver
a sua capacidade aquisitiva, a possibilidade de suportarem, com o seu rendimento finito, as
subidas de preços, menos o monopolista poderá explorar, através dos preços, as vantagens do seu
domínio no mercado. Contrariamente, a possibilidade de subida de preços é tanto mais ampla
quando maior a inelasticidade.
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a) A defesa do monopólio
O facto de haver um único vendedor no mercado, ou de existir um com preponderância
absoluta, derivará normalmente da existência de barreiras de entrada no mercado, as quais, por
sua vez, resultarão de:
✓ Detenção exclusiva de recursos produtivos (matérias primas);
✓ Detenção exclusiva de informação (relaciona-se com a inovação – informação sobre o
produto ou sobre a forma de produzir). Enquanto a informação for detida por um único
agente, ele detém a posição de monopólio.
✓ Os monopólios naturais (situação de maior eficiência produtiva. Por causa da estrutura de
custos, é o mais eficiente se existir apenas uma empresa no mercado). Justifica-se por
questões económicas. NOTA: os monopólios naturais também têm de ser regulados.
✓ Direitos exclusivos – uma tutela jurídica cria situações de monopólio – este protege o
indivíduo através da propriedade individual e das licenças e patentes.
✓ Condutas anti-concorrenciais – o agente que está instalado no mercado e tem o poder de
mercado, ou vai afastar os mercados mais pequenos através da descida dos preços, ou vai
impedir que outros agentes entrem no mercado, através da subida de preços.
O monopolista que afasta a concorrência através da prática de preços próximos do custo paga por
isso um custo elevadíssimo, até mais elevado do que aquele que suportaria se, mantendo o seu
preço que lhe garante uma “renda monopolística”, se dispusesse a dividir o mercado com os
concorrentes.
“Paradoxo da cadeia de distribuição”, Reinhard Selten – uma cadeia tem 100 lojas em 100
cidades e defronta-se com a possibilidade de concorrência por parte de comerciantes locais
sequencialmente nas cidades. Tem duas hipóteses: ou vive com a concorrência, ou baixa os preços
predatoriamente em todas as cidades, expulsando os rivais. A segunda opção é mais cara. Na
presença de contestação, o produtor dominante pode retirar-se de um segmento de mercado mais
ameaçado e concentrar-se num segmente que esteja menos. Aquele que se encontra em monopólio
natural está imune à concorrência, ao menos enquanto o mercado não se expandir.
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