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ECONOMIA

Professor Esp. José Vieira do Nascimento Neto


Professora Me. Ana Lívia Cazane
Universidade de Marília
Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001
CEP 17.525–902- Marília-SP

Reitor Pró-reitor Administrativo


Márcio Mesquita Serva Marco Antonio Teixeira
Vice-reitora Direção do Núcleo de Educação a Distância
Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva Paulo Pardo
Pró-Reitor Acadêmico Coordenação Pedagógica do Curso
Prof. José Roberto Marques de Castro Ana Lívia Cazane
Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico
Comunitária B42 Design
Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva

F385m sobrenome, nome


nome livro / nome autor. nome /coordenador (coord.) - Marília:
Unimar, 2021.

PDF (00p.) : il. color.

ISBN xxxxxxxxxxxxx

1. tag 2. tag 3. tag 4. tag – Graduação I. Título.

CDD – 00000

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que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A
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Penal.

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BOAS-VINDAS
Ao iniciar a leitura deste material, que é parte do apoio pedagógico dos
nossos queridos discentes, convido o leitor a conhecer a UNIMAR –
Universidade de Marília.

Na UNIMAR, a educação sempre foi sinônimo de transformação, e não


conseguimos enxergar um melhor caminho senão por meio de um ensino
superior bem feito.

A história da UNIMAR, iniciada há mais de 60 anos, foi construída com base


na excelência do ensino superior para transformar vidas, com a missão
de formar profissionais éticos e competentes, inseridos na comunidade,
capazes de constituir o conhecimento e promover a cultura e o intercâmbio,
a fim de desenvolver a consciência coletiva na busca contínua da valorização
e da solidariedade humanas.

A história da UNIMAR é bela e de sucesso, e já projeta para o futuro novos


sonhos, conquistas e desafios.

A beleza e o sucesso, porém, não vêm somente do seu campus de mais de


350 alqueires e de suas construções funcionais e conectadas; vêm também
do seu corpo docente altamente qualificado e dos seus egressos: mais
de 100 mil pessoas, espalhados por todo o Brasil e o mundo, que tiveram
suas vidas impactadas e transformadas pelo ensino superior da UNIMAR.

Assim, é com orgulho que apresentamos a Educação a Distância da UNIMAR


com o mesmo propósito: promover transformação de forma democrática
e acessível em todos os cantos do nosso país. Se há alguma expectativa
de progresso e mudança de realidade do nosso povo, essa expectativa
está ligada de forma indissociável à educação.

Nós nos comprometemos com essa educação transformadora,


investimos nela, trabalhamos noite e dia para que ela seja
ofertada e esteja acessível a todos.

Muito obrigado por confiar uma parte importante do seu


futuro a nós, à UNIMAR e, tenha a certeza de que seremos
parceiros neste momento e não mediremos esforços para
o seu sucesso!

Não vamos parar, vamos continuar com investimentos


importantes na educação superior, sonhando sempre. Afinal,
não é possível nunca parar de sonhar!

Bons estudos!

Dr. Márcio Mesquita Serva


Reitor da UNIMAR
Que alegria poder fazer parte deste momento tão especial da sua vida!

Sempre trabalhei com jovens e sei o quanto estar matriculado


em um curso de ensino superior em uma Universidade de
excelência deve ser valorizado. Por isso, aproveite cada
minuto do seu tempo aqui na UNIMAR, vivenciando o ensino,
a pesquisa e a extensão universitária.

Fique atento aos comunicados institucionais, aproveite as


oportunidades, faça amizades e viva as experiências que
somente um ensino superior consegue proporcionar.

Acompanhe a UNIMAR pelas redes sociais, visite a sede


do campus universitário localizado na cidade de Marília,
navegue pelo nosso site unimar.br, comente no nosso blog
e compartilhe suas experiências. Viva a UNIMAR!

Muito obrigada por escolher esta Universidade para a Profa. Fernanda


Mesquita Serva
realização do seu sonho profissional. Seguiremos,
Pró-reitora de Pesquisa,
juntos, com nossa missão e com nossos valores, Pós-graduação e Ação
sempre com muita dedicação. Comunitária da UNIMAR

Bem-vindo(a) à Família UNIMAR.

Educar para transformar: esse é o foco da Universidade de Marília no seu


projeto de Educação a Distância. Como dizia um grande educador, são as
pessoas que transformam o mundo, e elas só o transformam
se estiverem capacitadas para isso.

Esse é o nosso propósito: contribuir para sua transformação


pessoal, oferecendo um ensino de qualidade, interativo,
inovador, e buscando nos superar a cada dia para que você
tenha a melhor experiência educacional. E, mais do que isso,
que você possa desenvolver as competências e habilidades
necessárias não somente para o seu futuro, mas para o seu
presente, neste momento mágico em que vivemos.

A UNIMAR será sua parceira em todos os momentos de


sua educação superior. Conte conosco! Estamos aqui para
apoiá-lo! Sabemos que você é o principal responsável pelo
seu crescimento pessoal e profissional, mas agora você
tem a gente para seguir junto com você. Prof. Me. Paulo Pardo
Coordenador do Núcleo
Sucesso sempre! EAD da UNIMAR
007 Aula 01: Princípios de Economia

012 Aula 02: Economia de Empresas

018 Aula 03: Mercado - Micro e Macroeconomia

023 Aula 04: Oferta e Demanda

031 Aula 05: Comportamentos da Curva de Demanda

040 Aula 06: Comportamentos da Curva de Oferta

048 Aula 07: Equilíbrio de Mercado

054 Aula 08: Elasticidade

061 Aula 09: Estruturas de Mercado - Mercados Competitivos ou


Concorrência Perfeita

066 Aula 10: Monopólio

073 Aula 11: Oligopólio e Competição Monopolística

077 Aula 12: A Empresa para o Mercado de Capitais

085 Aula 13: Mercado de Capitais: Conceitos Básicos e Evolução


Histórica

093 Aula 14: Mercado de Capitais: Sistema Financeiro Nacional (SFN)

101 Aula 15: Bancos

107 Aula 16: Análise de Investimentos


Introdução
Olá, estudante! Seja muito bem-vindo à disciplina Economia de Empresas.
O objetivo deste livro e, consequentemente, desta disciplina, é abordar os
conceitos da Economia de Empresas de forma a obter uma visão geral da
microeconomia, compreendendo tanto seus princípios quanto suas tendências.
O nosso foco, inicialmente, será compreender o primeiro termo que compõe a
expressão economia de empresas. Economia, segundo os autores Hall e
Lieberman, é “o estudo da escolha sob condições de escassez”. Neste contexto,
as decisões são importantes, porque a escassez implica que, ao tomar uma
decisão, você abandona outra. Dessa forma, as decisões econômicas implicam
alocação de recursos escassos, e a tarefa dos gestores é alocar recursos para
melhor alcançar suas metas.
Assim, Economia de Empresas é o estudo de como destinar recursos que são
escassos para alcançar de maneira eficiente as metas das organizações.
Ao longo do livro teremos a oportunidade de conhecer mais sobre os princípios
de economia e economia de empresas, diferenciar macro e microeconomia,
entender os comportamentos da oferta e da demanda, equilíbrio de mercado e
elasticidade. Além disso, poderemos discutir na sequência as estruturas de
mercado, envolvendo o mercado competitivo, o monopólio, o oligopólio e,
também, a competição monopolística.
Também estudaremos o mercado de capitais e teremos uma introdução sobre
análise de investimentos.
Vamos juntos! Bons estudos!

6
01

Princípios de Economia

7
Caro aluno,
No dia a dia, nos deparamos com muitas questões econômicas, seja na
internet, jornais ou televisão. É muito comum nos depararmos com assuntos
relacionados com aumento de preços, crise econômica, desemprego, taxa de
juros e elevação dos impostos.
Apesar de considerados temas comuns ou rotineiros é necessário que um
profissional que almeja cargos que exigem tomadas de decisões possua
conhecimentos mais consistentes não só sobre estes assuntos citados, mas
também sobre os demais problemas econômicos, sendo capaz de formular
soluções para melhorar a qualidade de vida das pessoas e eficiência das
organizações.

Neste contexto, é preciso entender que o objetivo do


estudo de Economia é formular propostas para resolver ou
minimizar os problemas econômicos, de forma a melhorar
a qualidade de vida das pessoas (LANZANA, 2016).

Como Ciência Social, o estudo da teoria econômica pertence ao campo das


ciências humanas. Porém, devemos sempre destacar que a Ciência Econômica
é Multidisciplinar, pois estuda a produção e consumo da imensa variedade de
bens e serviços existentes, os quais envolvem concepções e determinantes
inerentes a outras ciências, como as da Agronomia, da Engenharia, do Trabalho,
da Educação, da Saúde, da Nutrição, da Política, entre tantas outras.
Dentre tantas definições possíveis para a Economia, uma que gosto muito por
sua objetividade é a de Hall e Lieberman (2015), que afirmam: “a economia é o
estudo da escolha sob condições de escassez”.

8
PARA GABARITAR

“A economia é o estudo da escolha sob condições de escassez” (HALL


e LIEBERMAN, 2015).

Veja bem, aluno, há algumas palavras muito importantes nesta definição e para
compreendê-las vamos ao contexto.
Em toda sociedade, os recursos produtivos ou fatores de produção (mão de
obra, terra, matérias-primas, dentre outros) são limitados. Por outro lado, as
necessidades humanas são ilimitadas e sempre se renovam por força do
próprio crescimento populacional e do contínuo desejo de elevação do padrão
de vida. Independentemente do grau de desenvolvimento do país, nenhum
deles dispõe de todos os recursos necessários para satisfazer a todas as
necessidades da coletividade.

Conceitos Importantes

Necessidade Humana: é todo desejo que envolva a escolha de um bem


econômico – sobrevivência ou bem-estar. Pode ser dividida em “Necessidade
Primária” e “Necessidade Secundária”:
1. Primária = alimento, habitação, vestuário, saúde.
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2. Secundária = transporte, educação, segurança, comunicação, lazer, cultura.

As necessidades humanas variam no tempo e no espaço e estão sujeitas a


influências culturais e inovações tecnológicas.
Recursos ou Fatores de Produção: Para suprir as necessidades humanas,
produzimos bens e serviços. Para isso usamos os “Recursos” que são os
elementos básicos utilizados na produção de bens e serviços. São denominados
também como fatores de produção. Esses fatores se dividem em três
categorias: “terra, trabalho e capital”, e cada Recurso (ou Fator) de produção
possui um tipo de remuneração, que depois será utilizada para satisfazer às
necessidades humanas.
A remuneração da mão de obra é o salário; a remuneração do capital financeiro
é principalmente composta por juros; a remuneração da terra, representada por
recursos naturais, é o aluguel; e a remuneração da capacidade empresarial é o
lucro.
Problema de escassez: recursos limitados contrapondo-se a necessidades
humanas ilimitadas (VASCONCELLOS, TONETO JÚNIOR e SAKURAI, 2015).
De acordo com os autores Vasconcellos, Toneto Júnior e Sakurai (2015), diante
da escassez de recursos, toda sociedade deve, portanto, escolher entre
alternativas de produção e de distribuição dessa produção. É fácil imaginar que,
se os recursos fossem ilimitados, a Economia perderia seu sentido, mas a
realidade não é assim, e a sociedade precisa tomar decisões quanto à melhor
utilização de seus recursos.
Tendo em conta essa situação, parece estranho à economia abordar a escassez
como um problema universal, isto é, como um problema que afeta todas as
nações. Isso se deve em razão de a economia considerar o problema como de
escassez relativa, uma vez que os bens e serviços são escassos em relação ao
desejo dos indivíduos. Como os recursos disponíveis são escassos, somente se
pode satisfazer a uma necessidade se se deixa de satisfazer outra.

Não há recursos materiais, trabalho ou capital suficientes


para produzir tudo que as pessoas desejam. Por isso, é
necessário escolher entre as diferentes opções que se
apresentam. Esse problema é enfrentado pelos governos,
famílias e empresas.

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Os problemas econômicos fundamentais: Vasconcellos e Garcia (2018)
ressaltam ainda que a escassez dos recursos ou fatores de produção, associada
às necessidades ilimitadas do homem, leva a um problema de escolha
originando, então, os chamados problemas econômicos fundamentais:

O que e quanto produzir: dada a escassez de recursos de


produção a sociedade terá que escolher, dentro do leque
1 de possibilidades de produção quais produtos serão
produzidos e as respectivas quantidades a serem
fabricadas.

Como produzir: A sociedade terá de escolher quais


recursos de produção serão utilizados para a produção de
bens e serviços, dado o nível tecnológico existente. A
2 concorrência entre os diferentes produtores acaba
decidindo como serão produzidos os bens e serviços. Os
produtores escolherão, entre os métodos mais eficientes,
aquele que tiver o menor custo de produção possível.

Para quem produzir: A sociedade terá também de decidir


como seus membros participarão da distribuição dos
resultados de sua produção. A distribuição da renda

3 dependerá não só da oferta e da demanda nos mercados


de serviços produtivos, ou seja, da determinação dos
salários, das rendas da terra, dos juros e dos benefícios do
capital, mas também da repartição inicial da propriedade
e da maneira como ela se transmite por herança.

Dessa maneira, para os autores Vasconcellos e Garcia (2018), a economia


fornece instrumentos de análise que ajudam a equacionar esses problemas,
mostrando os custos e benefícios referentes a cada escolha. Evidentemente, a
escolha racional, do ponto de vista econômico, será aquela que apresenta a
melhor relação entre custos e benefícios.

11
02

Economia de Empresas

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Estudante, começaremos esta aula com uma importante definição de Baye
(2010). Para o autor, economia de empresas é o estudo de como direcionar
recursos escassos para atingir mais eficientemente as metas da empresa.
Veja bem como essa definição conversa com a definição de economia que
discutimos anteriormente.
Economia de empresas é uma disciplina muito ampla, em que se descrevem
métodos úteis para direcionar todos os recursos de uma família para maximizar
o seu bem-estar ou os recursos de uma empresa para maximizar seu lucro
(BAYE, 2010).
Complementando este conceito, McGuigan, Moyer e Harris (2016) afirmam que
a economia de empresas extrai da teoria microeconômica aqueles conceitos e
técnicas que permitem que os gestores selecionem a direção estratégica,
aloquem os recursos disponíveis da organização de forma eficiente e
respondam efetivamente a questões táticas. Todas essas decisões tomadas
pela gestão buscam fazer o seguinte:

Fonte: Elaborado com base em McGuigan, Moyer e Harris (2016).

A economia de empresas auxilia os gestores na alocação eficiente de recursos


escassos, no planejamento da estratégia corporativa e na execução de táticas
eficazes.
Faz-se necessário então compreender dois tópicos importantes: o modelo de
tomada de decisão e os agentes econômicos.

13
O Modelo de Tomada de Decisão
Para McGuigan, Moyer e Harris (2016), a capacidade de tomar boas decisões é a
chave para um desempenho gerencial bem-sucedido. Todas as tomadas de
decisões compartilham vários elementos.
Em primeiro lugar, quem toma a decisão deve priorizar os objetivos da
organização. Em seguida, deve identificar o problema que está exigindo uma
solução. Uma vez identificada a causa ou as causas do problema, o gestor deve
realizar um exame das soluções potenciais. A escolha entre essas alternativas
depende da análise dos custos e benefícios relacionados, e das limitações
organizacionais e societárias que possam tornar uma alternativa viável ou não
(McGUIGAN, MOYER e HARRIS, 2016).
O passo final do processo, depois de avaliadas todas as alternativas, consiste em
analisar a melhor alternativa disponível em termos de uma variedade de
alterações nas premissas antes de fazer uma recomendação. Esse passo final
importante é designado análise de sensibilidade. Conhecendo as limitações
das ações planejadas na medida em que o ambiente de decisão se altera, o
dirigente consegue passar em seguida para uma implementação da decisão,
monitorando cuidadosamente as variáveis negativas ou mudanças no mercado
que não foram previstas (McGUIGAN, MOYER e HARRIS, 2016).

Agentes Econômicos
Para os autores Nogami e Passos (2016), agentes econômicos são pessoas de
natureza física ou jurídica que, por meio de suas ações, contribuem para o
funcionamento do sistema econômico. São eles: as Famílias (ou unidades
familiares); as Empresas (ou unidades produtivas); e o Governo.

14
Fonte: Elaborado com base em Nogami e Passos (2016).

As famílias incluem todos os indivíduos e unidades familiares da economia e


que, no papel de consumidores, adquirem os mais diversos tipos de bens e
serviços, objetivando o atendimento de suas necessidades de consumo. Por
outro lado, as famílias, na qualidade de “proprietárias” dos recursos produtivos,
fornecem às empresas os diversos fatores de produção: Trabalho, Terra, Capital
e Capacidade Empresarial (NOGAMI e PASSOS, 2016).
Como pagamento, recebem salários, aluguéis, juros e lucro, e é com essa renda
que compram os bens e serviços oferecidos pelas empresas. Tanto na compra
desses bens como na venda dos serviços dos fatores de produção, as decisões
da unidade econômica familiar são guiadas pelo propósito de maximizar a
satisfação das necessidades.
Empresas são unidades encarregadas de produzir e/ou comercializar bens e
serviços. A produção é realizada por meio da combinação dos fatores
produtivos adquiridos junto às famílias. Tanto na aquisição de recursos
produtivos quanto na venda de seus produtos, as decisões das empresas são
guiadas pelo objetivo de se conseguir o máximo lucro (NOGAMI e PASSOS,
2016).

15
O Governo, por sua vez, inclui todas as organizações que, direta ou
indiretamente, estão sob o controle do Estado, nas suas esferas federais,
estaduais e municipais. Muitas vezes, o governo intervém no sistema
econômico atuando como empresário e produzindo bens e serviços através de
suas empresas estatais; em outras, age como comprador – quando, além de
contratar serviços, adquire materiais, equipamentos etc. –, tendo em vista a
realização de suas tarefas; outras vezes, ainda, o governo intervém no sistema
econômico por meio de regulamentos e conduta dos demais agentes
econômicos (NOGAMI e PASSOS, 2016).
Aluno, após conhecer cada um desses agentes, é necessário compreender
como eles interagem por meio do fluxo circular de renda.

Fluxo Circular de Renda


Fluxo circular de renda, também conhecido como fluxo circular, é o modelo
que explica as movimentações financeiras por meio de fluxos de dinheiro, bens
e serviços entre os agentes do mercado.
Existem dois tipos de fluxos: o fluxo real e o fluxo monetário.
1. Fluxo real: bens e serviços são ofertados no mercado por organizações.
Esses itens são necessários às famílias, que oferecem ao mercado fatores
de produção (capital, terra e trabalho), necessários às empresas para gerar
serviços e bens;
2. Fluxo monetário: as empresas têm receitas por meio da comercialização
de serviços e bens no mercado. Essas vendas são custos (gastos) para as
famílias (consumidores). Elas, dessa maneira, conseguem sua renda ao
oferecer ao mercado fatores de produção (principalmente trabalho). Esses
fatores de produção são “comprados” pelas empresas, com o objetivo de
produzir serviços e bens.

16
PARA GABARITAR

Assim, na prática, as pessoas oferecem suas forças para trabalhar em


troca do salário, ao passo que as empresas vendem bens e serviços
em troca de receita para manter suas atividades e gerar mais
produtos para o mercado.

17
03

Mercado - Micro e
Macroeconomia
18
Nesta aula, abordaremos tanto as definições quanto as principais
diferenciações entre micro e macroeconomia. Após essa compreensão, o foco
da disciplina será na microeconomia.
Caro aluno, os problemas econômicos podem ser vistos e analisados sob duas
ópticas que se complementam: a microeconomia e a macroeconomia.
Podemos diferenciá-las compreendendo que a macroeconomia trata do
comportamento da economia como um todo – de períodos de prosperidade e
de recessão. Trata das flutuações do produto agregado, das taxas de variação
dos preços e dos níveis de emprego. Focaliza os objetivos macroeconômicos e
as variáveis que os afetam. Em macroeconomia, negligenciamos os
pormenores do comportamento de unidades econômicas individuais e
tratamos do desempenho geral (ROSSETI, 2016).
Por outro lado, para Carvalho (2015), a microeconomia trata da análise do
comportamento dos agentes econômicos individuais. Analisa, portanto, as
decisões dos consumidores e produtores, isoladamente, bem como as
interações entre esses agentes que compõem o mercado. Assim, engloba as
teorias do consumidor, do produtor e das estruturas de mercado, além de
aspectos relacionados à intervenção pública e às trocas internacionais que
afetam diretamente a produção ou o consumo dos bens e serviços.
De acordo com Frank (2013), grande parte da microeconomia exige o estudo de
como as pessoas fazem escolhas sob condições de escassez.

Assim, a macroeconomia estuda o funcionamento da


economia como um todo. Seu objetivo é obter uma visão
simplicada da economia que, ao mesmo tempo, permite
conhecer e atuar sobre o nível da atividade econômica de
um determinado país ou de um conjunto de países
(LANZANA, 2016).

Já a microeconomia é responsável pela análise do comportamento das


unidades econômicas, como as famílias, ou consumidores, e as empresas. Além
disso, a microeconomia aborda os mercados em que operam os demandantes
e ofertantes de bens e serviços.

19
Dessa maneira, a microeconomia é a parte da teoria
econômica que estuda o comportamento das unidades,
tais como os consumidores, as indústrias e empresas e
suas inter-relações.

NA PRÁTICA

Aluno, observe que todos os dias é possível que você encontre


notícias como: PAÍS PASSA POR CRISE ECONÔMICA, BANCO
CENTRAL INTERVÉM PARA COMBATER A INFLAÇÃO, ou AÇÕES
CAEM POR MEDO DE RECESSÃO. Esses eventos macroeconômicos
podem parecer abstratos, mas afetam a vida de todos nós. Executivos
de empresas que estejam realizando previsões de demanda para
seus produtos precisam avaliar com que rapidez a renda dos
consumidores crescerá. Recém-graduados em faculdades em busca
de empregos esperam que a economia se aqueça e que as empresas
contratem novos profissionais (MANKIW, 2014).

Uma vez que a economia afeta todas as pessoas, as questões


macroeconômicas desempenham um papel fundamental nos debates
políticos nacionais. Os eleitores estão atentos (ou deveriam estar) ao
desempenho econômico e sabem que as políticas governamentais podem
afetá-los consideravelmente. Resultado: a popularidade do presidente em
exercício geralmente aumenta quando a economia apresenta um bom
desempenho e diminui quando este é precário (MANKIW, 2014).
Para o renomado autor Mankiw (2014), neste contexto, contamos muito com a
estatística, pois ela pode medir a renda total gerada na economia (PIB), a taxa
de aumento dos preços (inflação), o percentual da força de trabalho que não
encontra emprego (desemprego). Todas essas estatísticas são
macroeconômicas.

20
Atualmente, dados econômicos constituem uma fonte sistemática e objetiva
de informações, e os jornais publicam notícias sobre alguma estatística
divulgada recentemente quase todos os dias. Em geral, essas estatísticas são
produzidas pelo governo. Vários órgãos governamentais realizam
levantamentos em domicílios e empresas com o objetivo de aprender alguma
coisa sobre suas atividades econômicas — quanto estão ganhando; o que estão
comprando; que preços estão cobrando; se estão empregados ou se estão em
busca de trabalho; e assim, sucessivamente (MANKIW, 2014).
Com base nesses levantamentos, são calculadas várias estatísticas que
sintetizam as condições da economia. Os economistas usam essas estatísticas
para estudar a economia, enquanto os formuladores de políticas públicas as
utilizam para monitorar os avanços e formular políticas. Portanto, alunos, a
Macroeconomia se caracteriza como a teoria que estuda o nível de produto, o
nível de renda, o nível de emprego, o nível geral de preços, a taxa de salários, a
taxa de juros, a taxa de câmbio, o balanço de pagamentos e o estoque de
moeda, todos pelas médias globais e de forma agregada.

21
PARA GABARITAR

Compreenda por meio desta figura as principais diferenças entre


macro e microeconomia:

Fonte: Elaboração própria.

22
04

Oferta e Demanda

23
Estudante, o objetivo desta aula é compreender as principais características da
oferta e demanda assim como suas respectivas representações gráficas.
Começaremos analisando o cenário onde tudo isso acontece, o mercado.

Mercado
Podemos definir mercado como o encontro de vendedores e compradores. Ele
não depende apenas de um lugar físico, pelo contrário, ele pode estar em
qualquer lugar, principalmente hoje em dia com as compras online muito em
alta.    
Assim, o mercado não precisa ser um lugar fixo. Uma característica importante
do mercado é que nele estão presentes os fundamentos da procura e da oferta,
que representam os interesses de consumidores e produtores (ou vendedores).
Ou seja, o mercado é o contexto (e não o local) em que compradores (do lado
da procura) e vendedores (do lado da oferta) realizam transações.
Alternativamente, pode-se dizer que o mercado é a interação entre as forças de
oferta e de procura (VASCONCELLOS, TONETO JÚNIOR e SAKURAI, 2015).
A existência de um mercado é condição básica para a demanda e a oferta. A
oferta e a demanda são forças básicas de funcionamento de uma economia
capitalista, sendo que a oferta representa o desejo de vender por parte dos
vendedores e a demanda, por sua vez, representa o desejo de comprar por
parte dos compradores. Nas sociedades contemporâneas, as compras ocorrem
mediante o uso de moeda como meio de troca. Porém, nada impede que dois
agentes realizem trocas diretas entre produtos ou serviços, como ocorria na
antiguidade, por meio do escambo.
Para os autores Vasconcellos, Toneto Júnior e Sakurai (2015), seja com a
intermediação da moeda seja por trocas diretas, o mercado é o mecanismo
que permite a interação entre agentes econômicos e a realização de todas
essas transações.
É por isso que o mercado é tão importante para o funcionamento da economia!
Ainda, de acordo com os autores Vasconcellos, Toneto Júnior e Sakurai (2015),
compreender alguns termos é fundamental para que possamos continuar
nossa discussão sobre oferta e demanda, são eles:  
1. Bens: são todas as coisas úteis que satisfazem às necessidades humanas.

24
2. Preço: é a expressão monetária do valor de um bem ou serviço. Os bens se
dividem em não econômicos (abundantes ou livres) e econômicos (raros
ou escassos).

Demanda
Vasconcellos (2014) define demanda (ou procura) como a quantidade de certo
bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado
período.
A relação entre as escolhas dos consumidores e o preço de um bem pode ser
representada através de uma curva de demanda. Com base na análise das
escolhas dos consumidores, entenderemos como se comporta essa curva de
demanda (GONÇALVES e GUIMARÃES, 2017).

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PARA GABARITAR

Em economia, é comum representar as relações entre quantidade e


preço colocando a quantidade no eixo horizontal e o preço no eixo
vertical. Isso vale também para a curva de demanda.

25
Veremos que, em geral, a demanda por um bem é negativamente associada ao
seu preço, ou seja, a curva de demanda tem inclinação negativa: quanto maior
o preço, menor a demanda (GONÇALVES e GUIMARÃES, 2017).
Existe uma regra, conhecida como LEI DA DEMANDA.
LEI DA DEMANDA: Tudo o mais permanecendo constante (coeteris paribus),
quando o preço de um bem aumenta, a quantidade demandada cai.

Repare que a curva de demanda é sempre negativamente inclinada,


justamente por essa relação inversa entre preço e quantidade demandada.
Exemplos:

Curva da demanda individual


Em nosso exemplo, utilizaremos a demanda por café, pelo professor Bernardo,
na cantina da escola.
Quanto mais caro é o café, menos ele escolhe consumir.
A demanda por café, pelo professor Bernardo, leva em conta diversos fatores:
sua renda, os preços dos outros bens, o fato de essa cantina servir pão de queijo
(um bem complementar ao café para esse professor), o fato de o café estar

26
normalmente fresquinho etc. Dadas todas essas informações que influenciam a
demanda, digamos que o consumo de café de Bernardo no decorrer do mês de
março varie com o preço da seguinte forma:
50 cafés se o preço de cada um for R$ 1,00
40 cafés se o preço de cada um for R$ 1,50
30 cafés se o preço de cada um for R$ 2,00
20 cafés se o preço de cada um for R$ 2,50
10 cafés se o preço de cada um for R$ 3,00

A partir dessas informações, a curva de demanda por pão de queijo de


Bernardo pode ser representada como na figura a seguir:

Curva da demanda dos cafés na cantina


A demanda por cafés na cantina é obtida da mesma maneira, neste caso,
somando-se a demanda de cada um dos seus muitos clientes.
Por exemplo, a demanda total por cafés na cantina pode ser:
3.000 cafés se o preço for R$ 1,00
2.100 cafés se o preço for R$ 1,50
1.400 cafés se o preço for R$ 2,00

27
900 cafés se o preço for R$ 2,50
500 cafés se o preço for R$ 3,00
200 cafés se o preço for R$ 3,50

A curva de demanda por café nessa cantina está representada na figura a


seguir:

Aumentos nos preços de um bem reduzem a quantidade demandada por dois


motivos: (i) alguns indivíduos deixam de comprar aquele bem; e (ii) aqueles que
continuam comprando escolhem adquiri-lo em menores quantidades
(GONÇALVES e GUIMARÃES, 2017).

Oferta
Neste tópico voltamos nossa atenção para as empresas, a fim de entender os
determinantes dos preços dos produtos e a oferta de bens em uma economia.

28
Define-se por oferta individual de um determinado bem (ou serviço) a
quantidade desse bem que um único produtor deseja vender no mercado, por
unidade de tempo (NOGAMI e PASSOS, 2016).

Em geral, o principal objetivo de uma empresa é a


obtenção de lucro. As decisões sobre o preço de venda e a
quantidade produzida do produto tendem a se pautar
pelo objetivo de obter os maiores ganhos possíveis
(GONÇALVES e GUIMARÃES, 2017).

Para os autores Vasconcellos, Toneto Júnior e Sakurai (2015), oferta (ou função
oferta) é definida como a quantidade de um bem que os produtores (firmas)
desejam produzir e oferecer aos consumidores. Assim como no caso da
demanda, existe uma relação entre o preço do bem e a quantidade que as
empresas estão dispostas a produzir e oferecer aos consumidores.
Diferentemente da função demanda, contudo, a função oferta estabelece uma
relação positiva entre quantidade ofertada e nível de preços, coeteris paribus
(VASCONCELLOS, TONETO JÚNIOR e SAKURAI, 2015). Quanto mais alto é o
preço de mercado, maiores quantidades os vendedores estarão dispostos a
oferecer. Quanto mais baixo é o preço, menores quantidades os vendedores
estarão dispostos a oferecer. É a lei da oferta!
LEI DA OFERTA: as quantidades ofertadas variam diretamente com os preços. A
quantidade ofertada de um bem diminui quando seu preço cai.

Repare que a curva de oferta é sempre positivamente inclinada, demonstrando


uma relação entre o aumento do preço e o aumento da quantidade ofertada.

29
Exemplo:
Podemos exemplificar uma oferta de um bem X da seguinte forma:

Preço (R$) Quantidade Ofertada

1,00 1.000

3,00 3.000

6,00 6.000

8,00 8.000

10,00 10.000

Curva da oferta do bem X:

Com esse exemplo, encerramos esta aula introdutória sobre oferta e demanda.

30
05

Comportamentos da
Curva de Demanda
31
Prezado estudante, já compreendemos o que é oferta e o que é demanda,
então, agora, veremos quais são os fatores que influenciam a demanda e,
consequentemente, podem deslocar a curva de demanda por determinado
bem.
As principais variáveis que influenciam a demanda são:

1 A renda dos consumidores.

2 O preço dos bens.

3 Preço de outros bens.

4 Preferências dos consumidores.

Todos esses fatores INFLUENCIAM a demanda de alguma maneira, porém,


alguns deles também DESLOCAM A CURVA COMO UM TODO.
Preço do bem não está incluído entre os fatores que deslocam a curva de
demanda, porque ela representa justamente a relação entre o preço e a
quantidade comprada do bem. O que o preço afeta é a quantidade
demandada, e não a relação entre preço e quantidade.

32
Dessa maneira, observe que a curva de demanda é uma relação entre preço e
quantidade comprada, mantendo-se constantes a renda, o preço dos outros
bens e as preferências do consumidor (GONÇALVES e GUIMARÃES, 2017).

Portanto, quando um destes se modifica, a curva de


demanda se desloca.

PARA GABARITAR

Alterações na Renda, nas Preferências dos consumidores e nos


Preços de outros produtos relacionados DESLOCAM A CURVA DE
DEMANDA COMO UM TODO.

A Renda dos Consumidores


Todos nós conhecemos a influência da renda no consumo: quanto maior a
renda, mais podemos comprar.
Um aumento na renda amplia o conjunto de opções à nossa disposição. Por
isso, nos deixa melhor. Por exemplo, um aumento no salário nos permite trocar
de carro e viajar nas férias como desejamos; podemos gastar com lazer etc.
(GONÇALVES e GUIMARÃES, 2017).
Dessa maneira, percebemos que para a maioria dos bens é de se esperar que
uma elevação na renda do consumidor esteja associada a uma elevação nas
quantidades compradas. Essa é a regra geral, e os bens que têm essa
33
particularidade são chamados Bens Normais. Os exemplos incluem a maioria
dos alimentos, roupas, aparelhos de som, aparelhos domésticos etc. (NOGAMI e
PASSOS, 2016).
Existem, entretanto, duas possíveis exceções a esse padrão geral. É o caso dos
denominados Bens Inferiores e Bens de Consumo Saciado.
De acordo com os autores Nogami e Passos (2016), os Bens Inferiores são
aqueles cuja demanda varia inversamente às variações ocorridas na renda do
consumidor, dentro de uma certa faixa de renda. Isso significa que a demanda
desse tipo de produto diminui quando a renda do consumidor aumenta, e
aumenta quando a renda do consumidor sofre uma redução.
Como exemplos de bens inferiores podemos citar passagens de ônibus, a carne
de segunda e as roupas usadas. Assim, conforme a renda do consumidor se
eleva, ele passa a ter condições financeiras de comprar bens de melhor
qualidade.

A ideia é a de que o consumidor troca os produtos


anteriormente consumidos por outros de qualidade
superior (por exemplo, carne de segunda por carne de
primeira) tão logo tenha condições de fazê-lo (NOGAMI e
PASSOS, 2016).

Os Bens de Consumo Saciado são itens que, em determinada quantidade, são


suficientes para suprir a demanda do agente, como fósforos ou sal, por
exemplo.  Não é porque sua renda dobrou que você vai aumentar o consumo
de sal, não é mesmo?
Nos gráficos a seguir, veja o efeito de um aumento da renda na demanda:
BEM NORMAL

34
BEM INFERIOR

BEM DE CONSUMO SACIADO

O Preço dos Bens


A quantidade demandada (procurada) de um bem é influenciada por seu
preço. Normalmente é de se esperar que quanto mais alto for o preço de um
bem, menor deverá ser a quantidade que o consumidor desejará adquirir desse
bem; inversamente, quanto mais baixo for o preço, maior deverá ser a
quantidade que o consumidor desejará adquirir desse bem (NOGAMI e
PASSOS, 2016).

35
Neste contexto, podemos destacar que conceito de demanda se baseia na
teoria da escolha do consumidor. Cada consumidor enfrenta um problema de
otimização, em que o objetivo é escolher entre a combinação de bens e
serviços que maximize a satisfação ou utilidade, sujeito a uma restrição no
montante da renda (ou seja, do orçamento doméstico) disponível (McGUIGAN,
MOYER e HARRIS, 2016).
Nesse modelo de maximização restrita da utilidade, os economistas
identificaram dois motivos básicos para o aumento na quantidade demandada
resultante da redução de preços. Esses fatores são conhecidos como efeito
renda e efeito substituição.

1. Efeito renda - Quando o preço de um bem cai - por exemplo, o aluguel de


um apartamento -, um efeito dessa queda é um aumento na renda real ou
no poder aquisitivo do consumidor, conhecido como efeito renda da
mudança de preço (McGUIGAN, MOYER e HARRIS, 2016).
2. Efeito substituição - Quando o preço de um bem como cinema cai, este
se torna menos caro em relação a outros programas substitutos de
entretenimento, por exemplo, refeições em restaurantes. Como
consequência da queda de preço, o consumidor racional pode aumentar
sua satisfação ou utilidade adquirindo mais do bem cujo preço cai e
menos dos substitutos. Esta situação é conhecida como efeito
substituição da mudança de preço.

Preço de Outros Bens


Como o preço de produtos relacionados influencia o consumo de determinado
bem?
Isso vai depender se esse outro bem é SUBSTITUTO ou COMPLEMENTAR.

1. Bens são complementares se tendem a ser consumidos em conjunto.


Por exemplo: carro e gasolina; pão e manteiga; café e leite; ingresso para o
cinema e pipoca. No caso de bens complementares, mudanças que
estimulam o consumo de um dos bens tendem a aumentar o consumo do
outro. Por exemplo, se o cinema fica mais barato, existe um aumento do
consumo de pipoca. Ou ainda, um aumento no consumo de lanches cria
um aumento no consumo de refrigerantes. Se a demanda por casas para

36
alugar na praia é maior, maior é também a demanda por cerveja e sorvete
nos supermercados perto da praia (GONÇALVES e GUIMARÃES, 2017).
2. Bens são substitutos se o consumo de um reduz o interesse pelo
consumo de outro. Por exemplo: Manteiga e margarina, Coca-Cola e
guaraná; passagens de ônibus ou viagens de Uber; ingressos para o
cinema e ingressos para o teatro. No caso de bens substitutos, mudanças
que estimulam o consumo de um dos bens tendem a reduzir o consumo
do outro. Por exemplo, se as pessoas passam a querer comprar mais Coca-
Cola, a demanda por guaraná tende a cair, pois normalmente não
consomem ambos em uma mesma refeição, um substitui o outro. Em
geral, produtos similares de marcas diferentes são bens substitutos (sejam
esses produtos pneus, açúcar, refrigerante ou pasta de dente)
(GONÇALVES e GUIMARÃES, 2017).

Nos gráficos a seguir, veja os exemplos:


BENS SUBSTITUTOS: Efeito do aumento do preço do produto B sobre a
demanda do produto A.

BENS COMPLEMENTARES: Efeito do aumento do preço do produto B sobre a


demanda do produto A.

37
Aluno, é importante ressaltar que temos o caso de bens substitutos em que o
aumento do preço do produto B aumenta a demanda pelo produto A. Assim,
quero que você observe que os gráficos continuam representando a demanda
pelo produto A, não pelo produto B, cuja demanda caiu.
Já no segundo gráfico, Figura (b), temos o caso de bens complementares, em
que o aumento do preço do produto B causa redução no consumo do produto
A. Nesse caso, também quero que você observe que isso também causa
redução de consumo de B, ainda que não representado neste gráfico. Note que
os gráficos continuam tendo o preço do bem no eixo Y e a quantidade
demandada no eixo X.
Dessa maneira, ao alterarmos o preço do bem substituto ou do bem
complementar, há um deslocamento da função no gráfico porque há uma
alteração em variáveis que influenciaram a demanda (no caso, o preço do bem
substituto ou o preço do bem complementar), mas que não estão
representadas nem no eixo X, nem no eixo Y.

Preferências dos Consumidores


A demanda de um determinado bem (ou serviço) depende dos hábitos e
preferências do consumidor. Estes, por sua vez, dependem de uma série de
circunstâncias, tais como idade, sexo, tradições culturais, religião e até
educação. Mudanças nesses hábitos e preferências podem provocar mudanças
na demanda desse bem (NOGAMI e PASSOS, 2016).

38
Concordando com esse pensamento, Gonçalves e Guimarães (2017) afirmam
que quando as preferências de um consumidor se modificam, suas escolhas
também se modificam. Por exemplo, campanhas de marketing bem-sucedidas
ou pesquisas científicas que convencem o consumidor dos benefícios de um
alimento aumentam a demanda por esse bem, enquanto notícias sobre os
efeitos negativos do mesmo alimento tendem a reduzir sua demanda.
As mudanças na maneira com que nos vestimos e, portanto, no tipo de roupas
que compramos são bons exemplos de mudanças nas nossas demandas
impulsionadas por alterações nos nossos gostos, nas nossas preferências.

39
06

Comportamentos da
Curva de Oferta
40
Caro aluno, antes de dar continuidade às nossas análises é importante
introduzirmos o conceito coeteris paribus aplicado tanto para análise da
demanda quanto para análise da oferta.    
Para exemplificar, observando os determinantes da oferta, verificamos que
todos podem variar, simultaneamente, ficando difícil avaliar o efeito que cada
um deles, isoladamente, exerce sobre a oferta.
Para tentar contornar esse problema vamos nos valer da imposição da
condição coeteris paribus, expressão latina que significa tudo o mais
permanecendo constante. Permitimos, por exemplo, que o preço de um
produto se modifique, fazendo a suposição de que o preço dos fatores de
produção, a tecnologia, o preço dos outros bens, as expectativas e as condições
climáticas (quando for o caso) permaneçam inalterados (isso não significa dizer
que esses fatores não existam, mas tão somente que o seu valor permanece o
mesmo durante a análise). Assim procedendo, conseguimos identificar o efeito
que somente as mudanças de preço provocam nas quantidades ofertadas do
produto analisado. Dizemos, então, que a quantidade ofertada desse bem
depende do seu preço, coeteris paribus.
Da mesma forma que a demanda, a oferta de um determinado bem ou serviço
depende de vários fatores, dentre eles, podemos destacar:

1 O preço do bem.

2 Os preços dos fatores de produção e dos insumos.

3 A tecnologia.

41
4 Os preços dos outros bens.

5 As expectativas.

6 As condições climáticas.

O Preço do Bem
De acordo com os autores Nogami e Passos (2016), normalmente, podemos
esperar a existência de uma relação direta entre a quantidade ofertada e o
preço. Nessas condições, quanto maior for o preço de um bem (ou serviço),
maior deverá ser sua quantidade ofertada no mercado. Da mesma forma,
quanto menor for o preço de um bem (ou serviço), menor deverá ser sua
quantidade ofertada no mercado.
É certo de que na análise do comportamento do ofertante devem ser sempre
relacionados o custo de produção e/ou distribuição e a receita total a obter. Se o
preço de venda alcançado pelo produto no mercado não for suficiente para
cobrir o custo de produção, não haverá estímulo para se oferecer a mercadoria.
Essa relação entre quantidade e preço deverá apresentar, portanto, um limite
mínimo dado pelo custo de produção; deverá apresentar também um limite

42
máximo, dado pelo pleno emprego dos fatores de produção, quando então a
quantidade ofertada se tornará constante, independentemente das elevações
de preços que possam vir a ocorrer (NOGAMI e PASSOS, 2016).

Os Preços dos Fatores de


Produção e dos Insumos
O fator mais provável de fazer a curva de oferta por um produto se deslocar é a
variação no preço de um insumo. Um insumo é qualquer coisa utilizada na
produção de um bem ou serviço (HUBBARD e O’BRIEN, 2010). Por exemplo, se
o preço de um componente do celular, como o microprocessador, aumenta, o
custo de produzir os celulares também aumenta, e os celulares serão menos
lucrativos por cada preço.
Além disso, a quantidade de um determinado bem que um produtor individual
deseja oferecer no mercado depende dos preços dos fatores de produção. De
fato, os preços pagos pela utilização dos fatores de produção, juntamente com
a tecnologia empregada, determinam o custo de produção. Reduções nos
preços desses fatores (nos níveis salariais, nos preços de matérias-primas, nas
despesas de capital etc.) diminuem os custos, tornando a produção mais
lucrativa. O aumento na lucratividade estimula a empresa a aumentar a
produção e a oferta de seu produto no mercado (NOGAMI e PASSOS, 2016).
Inversamente, elevações nos preços dos fatores de produção acarretam
aumentos de custos e diminuição na lucratividade, desestimulando a produção
e diminuindo a oferta.

43
A Oferta e a Tecnologia
O avanço tecnológico exerce grande influência sobre a capacidade produtiva
das empresas, porque avanços tecnológicos que permitam obter um volume
maior de produção a custos menores, aumenta a lucratividade da empresa,
estimulando a produção e aumentando a oferta do bem produzido por essa
empresa no mercado.
Exemplificando: a introdução de uma nova máquina que permita obter uma
produção maior por unidade de tempo permitirá que a empresa que adote
essa nova máquina aumente a quantidade a ser ofertada desse produto no
mercado.
Graficamente, o que ocorre com a oferta, caso ocorra uma melhora tecnológica
que aumente a produtividade das firmas?
A melhora tecnológica causa um deslocamento do gráfico para a direita, o que
significa que, seja qual for o nível de preços, as empresas são capazes de
produzir uma maior quantidade de bens, sejam eles produtos ou serviços.
Aluno, observe que ao alterar a produtividade das empresas, haverá um
deslocamento de toda a oferta no gráfico.

Figura: Impacto do avanço tecnológico sobre a oferta

44
A Oferta e o Preço dos Outros
Bens
A oferta de um produto poderá ser afetada pela variação nos preços dos bens
que sejam substitutos ou complementares na produção.
No caso dos bens substitutos na produção, podemos considerar aqueles bens
que são produzidos com aproximadamente os mesmos recursos, como, por
exemplo, o milho e a soja. Se ocorrer aumento no preço da soja, tornando essa
cultura mais lucrativa e atraente que a cultura do milho, o agricultor que cultiva
milho poderá se interessar em plantar soja. Se isso ocorrer, teremos como
consequência aumento na área cultivada e na produção de soja, e diminuição
na área cultivada e na produção de milho. Devemos observar que a redução na
oferta de milho se dá em função do aumento no preço da soja (NOGAMI e
PASSOS, 2016).
Os bens complementares na produção, por sua vez, são aqueles que
apresentam alteração na produção em virtude da variação de preço de outro
bem. Esse é o caso da carne e do couro. Exemplificando: um aumento no preço
da carne poderá provocar um aumento no abate e, como consequência, um
aumento na oferta de couro. Inversamente, uma diminuição no preço da carne
deverá provocar uma diminuição na oferta de couro (NOGAMI e PASSOS, 2016).

As Expectativas
Se uma empresa espera que o preço de seu produto será mais alto no futuro do
que é hoje, ela tem um incentivo para diminuir a oferta agora e aumentá-la no
futuro.
Por exemplo, se um criador de gado acredita que haverá um aumento no preço
da carne no futuro, é provável que retenha o fornecimento atual de gado para o
abate, a fim de aproveitar preços mais altos posteriormente. Isso provoca uma
diminuição na oferta atual de carne.

45
A Oferta e as Condições
Climáticas
Relativamente a alguns produtos, especialmente produtos agrícolas, as
condições climáticas exercem grande influência na oferta. Exemplificando: uma
fazenda na qual se produza café poderá sofrer uma grande redução na
produção desse bem caso ocorra uma geada. Se isso acontecer, a oferta de café
por parte desse produtor deverá diminuir (NOGAMI e PASSOS, 2016).

46
NA PRÁTICA

Aluno, observe nesta tabela adaptada de Hubbard e O’Brien (2010)


como a curva de oferta se comporta em cada cenário:

Existe uma diferença entre uma variação na oferta e uma variação na


quantidade ofertada. Uma variação na oferta refere-se a um
deslocamento da curva de oferta. A curva de oferta se desloca
quando ocorre uma variação em uma das variáveis que não seja o
preço do produto e que afete a disposição dos fornecedores para
vender o produto. Uma variação na quantidade ofertada refere-se a
um movimento ao longo da curva de oferta em consequência de
uma variação no preço do produto.

47
07

Equilíbrio de Mercado

48
Prezado aluno, o objetivo desta aula é relacionar características de
consumidores e produtores com seus respectivos planos de consumo e
produção, ou seja, com suas respectivas curvas de demanda e oferta,
compreendendo como elas interagem.
De fato, é importante observar que, isoladamente, nem a curva de demanda,
nem a curva de oferta podem trazer conclusões sobre até onde podem chegar
os preços ou em que medida os planos dos consumidores e dos produtores são
compatíveis, dessa forma, é importante essa visão mais holística do mercado.

Vale ressaltar que juntamos a curva de demanda e a curva


de oferta para estudarmos a interação de vários
consumidores e produtores no mercado de um dado bem,
mas muitos mercados não funcionam dessa maneira, ou
seja, com vários produtores (GONÇALVES e GUIMARÃES,
2017). Não raramente, há apenas um produtor
monopolista, ou poucos produtores. Mas, mesmo para
esses casos, as lições desta aula podem ser úteis.

A interação das curvas de demanda ede oferta determina o preço e a


quantidade de equilíbrio de um bem ou serviçoem um dado mercado
(VASCONCELLOS e GARCIA, 2012).
O preço de equilíbrio é aquele em quecoincidem os planos dos demandantes
ou consumidores e dos ofertantes ouprodutores.
Vejamos um exemplo adaptado deGonçalves e Guimarães (2017):
A figura a seguir mostra que quando opreço praticado é p* e a
quantidadevendida é q*, a demanda e a ofertapor esse bem se equivalem. Essa
é a situação em que estamos interessados. Se opreço for maior, consumidores
não desejarão comprar tudo o que foi produzido.Assim, as empresas escolherão
produzir menos – e vender um pouco mais barato –para que uma parte de sua
produção não acabe no lixo. Por outro lado, se opreço for menor que p*,
faltaráproduto no mercado e, nesse caso, é lucrativo para as empresas vender
um poucomais caro (GONÇALVES e GUIMARÃES, 2017).

49
Complementando essa explicação, Vasconcellos (2011) afirma que na
intersecção das curvas de oferta e demanda, teremos o preço e a quantidade
de equilíbrio, isto é, o preço e a quantidade que atendem simultaneamente às
aspirações dos consumidores e dos produtores.
Se a quantidade ofertada se encontrar abaixo daquela de equilíbrio, teremos
uma situação de escassez do produto. Haverá uma competição entre os
consumidores, pois as quantidades procuradas serão maiores que as ofertadas.
Formar-se-ão filas, o que forçará a elevação dos preços, até atingir-se o
equilíbrio, quando as filas cessarão.
Analogamente, se a quantidade ofertada se encontrar acima do ponto de
equilíbrio, haverá um excesso ou excedente de produção, um acúmulo de
estoques não programado do produto, o que provocará uma competição entre
os produtores, conduzindo a uma redução dos preços, até que se atinja o ponto
de equilíbrio.
Como se observa, quando há competição tanto de consumidores como de
ofertantes, há uma tendência natural no mercado para se chegar a uma
situação de equilíbrio estacionário – sem filas e sem estoques não desejados
pelas empresas. Desse modo, se não há obstáculos para a livre movimentação
dos preços, ou seja, se o sistema é de concorrência pura ou perfeita, será

50
observada essa tendência natural de o preço e a quantidade atingirem
determinado nível desejado tanto pelos consumidores como pelos ofertantes
(VASCONCELLOS, 2011).

51
NA PRÁTICA

Aluno, observe a seguir, o exemplo adaptado de Silva e Leite (2017):


Em outras palavras, deve ser encontrado um preço pelo qual os
empresários e consumidores realizem seus negócios, isto é, vendam e
comprem uma certa quantidade de bens ou de serviços. Esse preço é
chamado preço de equilíbrio.
O gráfico a seguir representa o mercado de um determinado bem X,
com sua oferta e demanda representadas pelas letras O e D,
respectivamente. No eixo vertical, representamos o preço de X (px) e,
no horizontal, a quantidade (Q x).

Ao preço de R$ 4,00, os consumidores estariam dispostos a comprar


apenas dez unidades de X (ponto A), enquanto os produtores
oferecem 25 unidades de X (ponto B).

52
Certamente, esse não é o preço de equilíbrio, pois a oferta é maior do
que a demanda. Por outro lado, se o preço fosse R$ 2,00, a oferta seria
de dez unidades (ponto C), e a demanda, de 25 unidades (ponto D), o
que também não determinaria o preço de equilíbrio. Por definição, o
preço de equilíbrio é aquele que torna iguais a oferta e a demanda.
Observando o gráfico, verificamos facilmente que esse preço é R$
3,00 e que nele (ponto E) a oferta e a demanda de X são iguais a 18
unidades. Quando isso acontece, a oferta e a demanda são iguais a
um determinado preço e dizemos, então, que o mercado está em
equilíbrio. Efetivamente, esse é o mecanismo que determina os
preços dos bens e serviços em uma economia capitalista, ou
economia de mercado. O preço que pagamos por um maço de
cigarros, por um par de sapatos ou por um quilo de feijão é
determinado pelo mercado, pela oferta e procura de cada um desses
bens (SILVA e LEITE, 2017).

53
08

Elasticidade

54
Aluno, já compreendemos que a oferta e demanda podem variar, mas para que
essas ferramentas sejam verdadeiramente úteis, necessitamos conhecer o
quanto a oferta e a demanda variam em resposta às variações de preço.
Para chegar nessa resposta passamos pelo conceito de ELASTICIDADE.
Vamos citar alguns exemplos. Certas compras, como acessórios e viagens de
férias, são muito sensíveis às mudanças de preço. Por outro lado, a alimentação
e a eletricidade são necessidades básicas pelas quais as quantidades dos
consumidores respondem muito pouco às variações de preço.
E é justamente essa relação quantitativa entre preço e quantidade demandada
que é analisada usando o conceito essencial de elasticidade.

Elasticidade-preço da Demanda
Primeiramente, veremos a resposta da demanda do consumidor às variações
de preço. A elasticidade‐preço da demanda mede a variação da quantidade
demandada de um bem quando o seu preço varia. A definição precisa de
elasticidade é a variação percentual da quantidade demandada dividida pela
variação percentual do preço (NORDHAUS e SAMUELSON, 2012).
De acordo com os autores Nordhaus e Samuelson (2012), as elasticidades‐preço
dos bens, ou sensibilidade às alterações de preço, variam muito. Quando a
elasticidade‐preço de um bem é elevada, dizemos que o bem tem uma
demanda “elástica”, ou seja, a quantidade de sua demanda responde
fortemente às variações de preço. Quando a elasticidade‐preço de um bem é
fraca, ela é “inelástica”, pois a quantidade de sua demanda responde pouco às
variações de preço. Os bens que têm substitutos imediatos tendem a ter
demandas mais elásticas do que os que não têm.

Como exemplo dessa elasticidade podemos citar a alta no


preço do arroz, mesmo após uma elevação de preço nesse
produto, dificilmente se poderia esperar que as pessoas
deixassem de comê-lo, porque, por fazer parte dos hábitos
alimentares do brasileiro, esse é um produto inelástico em
relação ao preço.

55
Por outro lado, uma alta no preço da carne de vaca pode direcionar essa
demanda para carne de porco ou de frango, para que os consumidores possam
satisfazer às suas necessidades de carne. Portanto, a carne de vaca apresenta
uma elevada elasticidade‐preço.
O tempo que os indivíduos levam para responder às variações de preço
também é importante. Um bom exemplo é o da gasolina. Suponha que você
está em viagem pelo país quando o preço da gasolina aumenta
repentinamente. Você iria vender o seu carro e interromperia as férias? Claro
que não. Por isso, no curto prazo, a demanda de gasolina pode ser muito
inelástica. No longo prazo, contudo, você pode ajustar o seu comportamento ao
aumento de preço da gasolina comprando um carro menor e mais econômico,
andando de bicicleta, tomando o metrô, mudando para mais perto do
emprego ou utilizando o carro com outras pessoas (NORDHAUS e
SAMUELSON, 2012).
Dessa maneira, podemos observar que a capacidade para ajustar os padrões de
consumo implica que as elasticidades da demanda sejam, em geral, maiores
no longo prazo do que no curto prazo.
As elasticidades‐preço tendem a ser maiores quando os bens são de luxo,
quando há substitutos e quando os consumidores têm mais tempo para ajustar
o seu comportamento. Em contrapartida, as elasticidades são menores para os
bens de primeira necessidade, para bens com poucos substitutos e no curto
prazo (NORDHAUS e SAMUELSON, 2012).
Podemos também classificar alguns tipos de elasticidade da demanda:

1. Inelástica: A quantidade demandada não responde com muita


intensidade a alterações nos preços.
2. Elástica: A quantidade demandada responde com muita intensidade a
alterações nos preços.
3. Unitária: A quantidade demandada muda na mesma proporção que o
preço se altera.

Além disso, de acordo com o economista Wall (2015), o valor da elasticidade


depende de vários fatores:
A disponibilidade de substitutos de consumo. Quanto mais numerosos e
mais próximos forem os substitutos disponíveis, mais elástica será a
demanda. Então, uma pequena porcentagem de mudança no preço de X
pode gerar uma grande porcentagem de mudança na quantidade
demandada de X à medida que os consumidores adotam ou rejeitam
esses substitutos de consumo.

56
A natureza da necessidade satisfeita pelo produto. Quanto mais
possível classificar a necessidade como um luxo, mais sensíveis ao preço os
consumidores tenderão a ser e mais elástica será a demanda. Quanto mais
básica ou premente a necessidade, menos sensíveis ao preço os
consumidores tenderão a ser e menos elástica será a demanda.
O período de tempo. Quanto mais longo o período, mais elástica será a
demanda (os consumidores levam algum tempo para ajustar seus
padrões de consumo a uma mudança no preço).
A proporção da renda gasta no produto. Quanto maior a proporção da
renda gasta no produto, mais elástica a demanda tende a ser. É mais
provável que o consumidor note uma porcentagem de mudança no preço
de um produto se esse produto tiver um papel importante em seu padrão
de gastos totais, o que influenciará suas futuras intenções de compra.
O número de usos disponíveis para o produto. Quanto maior a
flexibilidade do produto em termos do número de usos aos quais ele pode
se destinar, mais elástica será a demanda. É claro que quanto maior o
número de usos disponível para o produto, mais produtos substitutos
estarão disponíveis.

Elasticidade-preço da Oferta
Do lado do comprador no mercado, utilizamos a elasticidade-preço da
demanda para medir a sensibilidade da quantidade demandada às alterações
de preço. Do lado do vendedor no mercado, uma medida semelhante é a
elasticidade-preço da oferta, definida como a variação percentual na
quantidade ofertada que ocorre em resposta a uma alteração de 1% no preço.
Por exemplo, se um aumento de 1% no preço do amendoim leva a um aumento
de 2% na quantidade ofertada, a elasticidade-preço da oferta de amendoim é 2
(FRANK, BERNANKE, 2012).

O segredo para prever se a oferta de um produto será


elástica em relação ao preço é saber os termos sobre os
quais as unidades adicionais dos insumos envolvidos na
produção desse produto podem ser adquiridas.

57
De acordo com os autores Frank e Bernanke (2012), os fatores a seguir (dentre
outros) influenciam a maneira como insumos adicionais podem ser adquiridos
pelo produtor. Ou seja, esses fatores são importantes porque, em geral, quanto
mais fácil for a aquisição das unidades adicionais desses insumos, maior será a
elasticidade-preço da oferta.

1. Flexibilidade de insumos: À medida que a produção de um bem


necessita de insumos que também são úteis para a produção de outros
produtos, é relativamente fácil desviar insumos extras de seus usos atuais,
tornando a oferta daquele bem relativamente elástica em relação ao
preço. Assim, o fato de a produção da limonada necessitar de mão de obra
com um mínimo de habilidade significa que muitos trabalhadores
poderiam migrar para a produção de limonada se isso fosse uma
oportunidade rentável. Uma cirurgia cerebral, por exemplo, requer uma
mão de obra treinada e especializada, o que significa que até mesmo um
grande aumento no preço não elevaria a oferta disponível, exceto no longo
prazo.
2. Mobilidade de insumos: Se os insumos podem ser facilmente
transportados de um lado para o outro, um aumento no preço de um
produto em um mercado permitirá que um produtor daquele mercado
adquira os insumos de outros mercados. Por exemplo, a oferta de
produtos agrícolas nos Estados Unidos torna-se mais elástica em relação
ao preço pelo fato de milhares de trabalhadores rurais migrarem para o
norte durante a época do cultivo. Para a maioria dos produtos, a
elasticidade-preço da oferta aumenta cada vez que uma nova rodovia é
construída ou quando a rede de telecomunicações é aperfeiçoada; ou
mesmo quando outra descoberta facilita encontrar e transportar os
insumos de um lugar para outro.
3. Capacidade de produzir insumos substitutos: Os insumos necessários
para a produção de diamantes lapidados incluem diamantes brutos, mão
de obra especializada, máquinas especiais de corte e de polimento. Com o
tempo, pode aumentar o número de pessoas com as habilidades
necessárias, assim como a quantidade de maquinário especializado. O
número de diamantes brutos nas jazidas é provavelmente fixo, assim
como os terrenos em Manhattan, mas diferentemente dos terrenos em
Manhattan, o aumento dos preços encoraja os mineradores a investir os
esforços necessários para encontrar uma quantidade maior desses
diamantes. Ainda assim, a oferta de pedras naturais tende a ser
relativamente inelástica por causa da dificuldade de aumentar o número
de cristais de diamantes. Está próximo o dia em que os fabricantes de
pedras preciosas poderão produzir pedras de diamante sintéticas idênticas
às reais. A introdução de um substituto sintético perfeito aumentaria a

58
elasticidade-preço da oferta de diamantes (ou, de qualquer forma, a
elasticidade-preço da oferta de pedras preciosas que têm características
semelhantes aos diamantes).
4. Tempo: Como leva algum tempo para os produtores trocarem uma
atividade por outra e como leva tempo para montar novas máquinas e
fábricas e treinar a mão de obra, a elasticidade-preço da oferta será maior
para a maioria dos produtos no longo prazo do que no curto prazo. No
curto prazo, a incapacidade de um fabricante de aumentar os estoques
existentes de equipamentos e mão de obra qualificada tornam impossível
expandir sua produção além de um determinado limite. Contudo, se o
problema fosse a falta de gerentes, novos MBAs poderiam ser treinados
em apenas dois anos. Ou, se o problema for a falta de consultoria jurídica,
novos advogados podem ser treinados em três anos. No longo prazo, as
empresas sempre podem comprar novos equipamentos, construir novas
fábricas e contratar mão de obra qualificada adicional. As condições que
deram origem à curva de oferta, perfeitamente elástica de limonada, no
exemplo discutido anteriormente, também são atendidas para muitos
outros produtos no longo prazo. Se um produto pode ser copiado (no
sentido de que qualquer empresa adquire o design e outras informações
técnicas necessárias para produzi-lo) e se os insumos necessários à sua
produção forem utilizados em proporções consideravelmente fixas e
estiverem disponíveis a preços de mercado fixos, então a curva de oferta
no longo prazo para aquele produto será horizontal. Contudo, muitos
produtos não atendem a essas condições e suas curvas de oferta
permanecem com uma inclinação ascendente, mesmo no longo prazo
(FRANK, BERNANKE, 2012).

59
NA PRÁTICA

Diz-se que a demanda por um bem é inelástica quando variações em


seu preço levam a pequenas variações na quantidade demandada.
Demandas inelásticas são representadas por curvas bastante
inclinadas.
Por outro lado, diz-se que a demanda por um bem é elástica se os
consumidores estão dispostos a comprar muito mais dele se o preço
abaixa um pouquinho. Demandas elásticas são representadas por
curvas com pequena inclinação.

Fonte: Adaptado de Gonçalves (2017).

60
09

Estruturas de Mercado -
Mercados Competitivos
ou Concorrência
Perfeita 61
Caro aluno, agora veremos um tópico muito interessante: As estruturas de
mercado.
De acordo com McGuigan, Moyer e Harris (2016), a relação entre empresas
individuais e o mercado relevante como um todo é conhecida como estrutura
de mercado do setor, e depende:

1 Do número e do tamanho relativo das empresas no setor.

2 Do grau de diferenciação entre os produtos vendidos


pelas empresas do setor.

Da medida em que a tomada de decisões das empresas


3 individuais é independente, não interdependente ou
confabuladora.

4 Das condições de entrada e saída.

Basicamente, as Estruturas de mercado são divididas em quatro tipos, que são:


concorrência perfeita, monopólio, competição monopolística e oligopólio. Se
fôssemos representar graficamente as estruturas em uma sequência contínua
com extremos em qualquer uma das extremidades, elas ficariam assim:

62
1. Concorrência perfeita: Os produtos de todas as empresas no mercado
são homogêneos.
2. Monopólio: É uma situação de mercado em que uma única empresa
vende um produto que não tenha substitutos próximos.
3. Concorrência monopolística: Existem muitas empresas vendendo
produtos diferenciados que são substitutos próximos entre si.
4. Oligopólio: É uma situação de mercado em que um pequeno número de
empresas domina o mercado, controlando a oferta de um produto que
pode ser homogêneo ou diferenciado.

Dentre essas 4 estruturas de mercado, vamos iniciar com as características da


Concorrência Perfeita.

Concorrência Perfeita
De acordo com McGuigan,   Moyer e Harris (2016), o modelo setorial de
concorrência perfeita possui as seguintes características:
1. Muitos compradores e vendedores, cada um dos quais compra ou vende
uma proporção tão pequena da produção total do setor, que as ações de
um único comprador ou vendedor não conseguem exercer um impacto
perceptível sobre o preço de mercado.

63
NA PRÁTICA

Para exemplificar, suponhamos que o mercado de um produto


qualquer seja composto, pelo lado da oferta, por mil empresas, cada
qual produzindo 2 mil toneladas desse bem, totalizando uma oferta
conjunta de 2 milhões de toneladas. Suponhamos, ainda, que pelo
lado da procura, existam 10 mil compradores, cada qual adquirindo
200 kg desse produto. Se uma das empresas resolvesse dobrar sua
produção, a oferta total aumentaria em apenas 0,10%, o que não seria
suficiente para exercer impacto sobre o preço de mercado. Se, por
outro lado, um dos compradores resolvesse deixar de comprar esse
produto, as vendas cairiam 0,01%, o que também seria insuficiente
para alterar o preço desse bem. Isso evidencia o fato de que
compradores e vendedores, isoladamente, são incapazes de exercer
influência sobre o preço do que está sendo comprado ou vendido.
Por essa razão, diz-se que eles são tomadores de preço, ou seja, o
preço é um dado fixado tanto para empresas quanto para
consumidores.

1. Os produtos de todas as empresas no mercado são homogêneos, ou seja,


baixa ou nenhuma diferenciação, transformando os produtos em perfeitos
substitutos entre si. Como resultado, os compradores são indiferentes
quanto à empresa da qual adquirirão o produto.
2. Conhecimento completo de todas as informações relevantes do mercado
por parte de todas as empresas, cada uma das quais age de forma
totalmente independente.
3. Entrada e saída livres do mercado, isto é, barreiras mínimas à entrada e à
saída. Inexistem barreiras legais e econômicas tanto para a entrada quanto
para a saída de empresas no mercado. Pressupõe-se, portanto, a
inexistência de direitos de propriedade e patentes que possibilitem a uma
empresa ou grupo de empresas controlar a entrada de novas empresas no
mercado. Se tal controle ocorrer, a concorrência estará limitada, e o
mercado não será perfeitamente competitivo. Igualmente, inexistem

64
barreiras legais à entrada e saída resultantes da ação governamental, tais
como a exigência de determinadas condições para o estabelecimento de
empresas em muitos mercados e que acabam resultando em
imperfeições da concorrência. Finalmente, barreiras econômicas, tais
como a necessidade de grandes investimentos, acabam por inviabilizar a
entrada de novas empresas no mercado. Por esse motivo pressupõe-se a
inexistência de tais obstáculos.
Dessa maneira, observa-se que essa é uma situação de mercado na qual o
número de compradores e de vendedores é tão grande que nenhum deles
agindo, individualmente, consegue afetar o preço.

Em função de os produtos de cada produtor serem substitutos perfeitos para


os produtos de todos os demais produtores, a empresa individual na
concorrência pura nada pode fazer além de oferecer toda sua produção ao
preço de mercado em vigor. Observe que essa empresa não pode vender a um
preço maior, porque todos os compradores mudarão racionalmente para outros
vendedores. Se a empresa vender a um preço ligeiramente inferior ao de
mercado no longo prazo perderá dinheiro (McGUIGAN, MOYER e HARRIS, 2016).
O fato de existirem muitas empresas pequenas, cada uma vendendo um
produto idêntico, significa que os consumidores veem os produtos no mercado
como substitutos perfeitos. Não há custo de transação (como os custos de ir à
loja); se uma empresa cobrar um preço levemente superior ao das outras, os
consumidores vão rejeitá-la e comprarão na empresa que oferece o preço mais
baixo. Em um mercado perfeitamente competitivo, todos cobram o mesmo
preço pelo bem, e esse preço é determinado pela interação de todos os
compradores e vendedores no mercado (BAYE, 2010).
Alunos, observem que há dois extremos nos mercados. Num deles, está o
monopólio, no qual apenas uma firma vende um bem, e não possui similares
que o substitua. No outro extremo, está a concorrência perfeita, na qual muitas
firmas vendem bens que são substitutos perfeitos entre si. A maioria dos
mercados fica entre esses dois extremos.

65
10

Monopólio

66
O modelo de monopólio representa o outro extremo na estrutura de mercado
em relação à concorrência perfeita.
Segundo Baye (2010), ao determinar se um mercado é caracterizado por
monopólio, é importante especificar o mercado relevante para o produto. Por
exemplo, empresas concessionárias de serviços são monopólios locais em que
apenas uma empresa oferece o serviço a cada região. Para se assegurar disso,
existem praticamente tantas empresas concessionárias quanto existem
cidades no mundo, mas as concessionárias não competem diretamente contra
outras por consumidores.
Os substitutos por serviços elétricos em uma cidade são poucos, e, a não ser
que mudem para uma cidade diferente, os consumidores devem pagar o preço
pelos serviços locais ou ficar sem eletricidade. É nesse sentido que uma
companhia concessionária é um monopólio no mercado local. Ainda, de acordo
com o autor, quando alguém pensa em um monopólio, normalmente tem em
mente uma empresa muito grande.
No entanto, isso não é necessariamente verdadeiro; a consideração relevante é
se existem outras organizações vendendo substitutos próximos para o bem em
determinado mercado. Por exemplo, um posto de gasolina em uma pequena
cidade a várias centenas de quilômetros de outro posto de gasolina é um
monopolista naquela cidade. Em uma cidade grande, existem muitos postos de
gasolina, de forma que o mercado de gasolina não é caracterizado como
monopólio.

Monopólios
De acordo com McGuigan, Moyer e Harris (2016), podemos caracterizar o
monopólio com as seguintes características:
1. Somente uma empresa produz algum produto específico (em uma área
de mercado determinada).
2. Baixa elasticidade cruzada da demanda entre o produto do monopolista e
qualquer outro, isto é, não existem produtos substitutos próximos.
3. Nenhuma interdependência com outros concorrentes, porque a
empresa é monopolista em seu mercado relevante.
4. Barreiras substanciais à entrada impedem a concorrência de penetrar no
setor. Vasconcellos (2011) explica que para que existam monopólios, deve

67
haver barreiras que praticamente impeçam a entrada de novas firmas no
mercado. Essas barreiras à entrada podem advir das seguintes condições:
a. Vantagens de custo absolutas da empresa estabelecida, resultante de
economias na obtenção de insumos ou de técnicas de produção patenteadas.
b. Vantagens de diferenciação do produto resultantes da fidelidade do
consumidor aos produtos tradicionais.
c. Economias de escala, que aumentam a dificuldade para novas empresas
financiarem uma fábrica de tamanho eficiente ou obterem um volume de
vendas suficiente para conseguir os menores custos unitários nessa fábrica.
d. Grandes necessidades de capital, que excedem os recursos financeiros dos
concorrentes potenciais.
e. Exclusão legal dos concorrentes potenciais, como é o caso das concessionárias
de serviços públicos e das empresas com patentes e licenciamento exclusivo.
f. Segredos comerciais não disponíveis para concorrentes potenciais.

Vale destacar ainda que, por definição, a curva de demanda da empresa


monopolista individual é idêntica à curva de demanda do setor, porque a
empresa é o setor.
Vasconcellos (2011), considerando essas características, adiciona as seguintes
informações:

1. Monopólio puro ou natural / economias de escala: ocorre quando o


mercado, por características próprias, exige elevado volume de capital. As
empresas já instaladas operam com grandes plantas industriais, com
elevadas economias de escala e custos unitários bastante baixos, o que
possibilita a cobrança de preços relativamente baixos por seu produto, o
que acaba sendo uma grande barreira para a entrada de novos
concorrentes; os custos de produção são tão altos que um único produtor
é mais eficiente que vários pequenos produtores. O monopólio natural
surge principalmente quando há ganhos de escala substanciais durante a
produção. Em algumas situações, o governo pode oferecer a um indivíduo
ou a uma empresa o direito de monopólio. Por exemplo, uma cidade pode
impedir que outra empresa concessionária venha a competir com a
companhia de serviços local.
2. Patentes / Direitos de propriedade: licença exclusiva dada pelo governo
para a produção de um bem. Enquanto a patente não cai em domínio
público, a empresa é a única que detém a tecnologia apropriada para
produzir aquele determinado bem. A racionalidade por trás do
oferecimento de poder do monopólio a um novo inventor é baseada no
seguinte argumento: invenções demandam muitos anos e consideráveis
somas de dinheiro para serem desenvolvidas. Uma vez que uma invenção

68
se torna pública, na ausência de um sistema de patente, outras
organizações poderiam produzir o produto e competir com o indivíduo ou
com a empresa que o desenvolveu. Como essas organizações não tiveram
de despender recursos desenvolvendo o produto, poderiam obter maiores
lucros do que o desenvolvedor original. Na ausência de um sistema de
patentes, haveria um incentivo reduzido por parte das empresas em
desenvolver novas tecnologias e produtos (BAYE, 2010).
3. Controle de matérias-primas básicas: posse de um insumo-chave, por
exemplo, o controle das minas de bauxita pelas empresas produtoras de
alumínio. Embora a posse de um insumo-chave seja uma das razões para
o aparecimento de monopólio, na prática, monopólios raramente surgem
por esse motivo.

Legislação Antitruste
Basicamente, a finalidade da política de defesa da concorrência consiste em
garantir e/ou estimular ambientes econômicos competitivos visando, dessa
forma, à maior eficiência econômica seja no âmbito da produção quanto do
próprio consumidor.
A legislação antitruste é um conjunto de leis destinado a controlar o poder dos
monopólios por meio das seguintes ações:

1 Permitem ao governo impedir fusões.

2 Permitem ao governo dividir empresas.

69
3 Permitem ao governo impedir que empresas façam
atividades que tornem o mercado menos competitivo.

4 O governo pode ainda regular o preço cobrado pelo


monopólio.

Monopólios e Oligopólios são imperfeições do mercado, portanto, temos


algumas políticas governamentais para impedir o chamado “PODER DE
MONOPÓLIO”. Poder de Monopólio é quando um produtor ou grupo de
produtores aumenta os preços ou diminui a qualidade ou a variedade de
produtos ou serviços com a finalidade de aumentar os lucros. Em resposta a
essas imperfeições ou falhas de funcionamento do mercado, normas jurídicas
possibilitaram que a atuação do governo na economia fosse cada vez mais
abrangente.
As leis de defesa da concorrência surgiram nos Estados Unidos, no fim do
século XIX. Naquele período, empresas de pequeno porte passaram a ser
absorvidas por outras maiores, que passaram a limitar a oferta e encarecer o
preço dos bens e serviços.

Desde 1960, o Brasil possui uma extensa legislação que


procura coibir abusos do poder econômico em defesa da
concorrência e da proteção aos consumidores, contudo,
esse conjunto de normas, até meados dos anos de 1990,
tinha sido pouco eficaz devido aos altos níveis de proteção
à indústria nacional e aos elevados índices de inflação. Em
consequência, o Estado brasileiro fez durante muitos anos
a opção pelo controle de preços.

Esse cenário mudou a partir de 1988, com a Constituição Federal, na qual se


encontram os princípios básicos da atuação do Estado na economia e, a partir
dessa base legal, foi promulgada a lei n.º 8884, de 11 de junho de 1994, que criou

70
o SBDC – SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA e, em 2011, a
lei n.º 12.529 estrutura o SBDC e dispõe sobre a prevenção e a repressão às
infrações contra a ordem econômica, orientada pelos ditames constitucionais
de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade,
defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico.

NA PRÁTICA

Conheça a Lei n.º 12.529, de 30 de novembro de 2011, que estrutura o


Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência; dispõe sobre a
prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica; altera
a Lei n.º 8.137, de 27 de dezembro de 1990, o Decreto-Lei n.º 3.689, de 3
de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, e a Lei n.º 7.347, de 24
de julho de 1985; revoga dispositivos da Lei n.º 8.884, de 11 de junho de
1994, e a Lei n.º 9.781, de 19 de janeiro de 1999; e dá outras
providências.

O SBDC possui dois tipos de controles:


1. Controle de condutas (Lei 12.529/11): repressivo que visa à investigação e
punição de condutas anticompetitivas.
2. Controle de estruturas: controle exercido pelo CADE no que tange à
prevenção quanto à limitação ou prejuízo à prática da livre concorrência,
observando-se para isso os atos de concentração econômica, objetivando-
se a proteção do mercado e dos consumidores evitando-se abusos
oriundos de operação de concentração, em decorrência do aumento
excessivo de determinada empresa no mercado econômico.

71
Vale dizer que o CADE e a Secretaria de Acompanhamento Econômico são os
dois órgãos que regulam a concorrência. O CADE tem por principal objetivo
zelar pela conduta concorrencial, impedindo práticas que violem a essência
competitiva do mercado.

72
11

Oligopólio e Competição
Monopolística
73
Para Vasconcellos, Oliveira e Barbieri (2011), os padrões de concorrência
imperfeita podem ser os mais diversos possíveis. Na maioria dos mercados, a
concorrência e a possibilidade de as firmas individuais afetarem preços através
de decisões isoladas coexistem.

Oligopólios
Os oligopólios representam uma estrutura de mercado que tem poucas
empresas com relacionamento próximo. O número pequeno de firmas
possibilita que as ações de uma empresa individual no setor - com relação a
preço, produção, estilo ou qualidade do produto, condições de venda e outros
fatores - exerça um impacto perceptível sobre as vendas das demais do setor.
Ou seja, dessa forma, aluno, podemos observar que no oligopólio há uma
grande interdependência entre as empresas do setor.
Os produtos ou serviços produzidos ou prestados pelos oligopolistas podem ser
homogêneos - como nos casos de viagens aéreas, vigas de aço, alumínio e
cimento - ou diferenciados - como nos casos de automóveis, utilidades
domésticas e navios de cruzeiro.

Embora o grau de diferenciação do produto seja um fator


importante para se determinar a curva de demanda de
uma empresa oligopolista, o grau de interdependência
das empresas no setor possui importância até maior.
Definir a curva de demanda de uma empresa individual é
complicado por causa dessa interdependência.

A relação entre preço e produção para uma empresa individual é determinada


não somente pelas preferências do consumidor, a possibilidade de substituição
do produto e o nível de propaganda, mas também pelas respostas que os
outros concorrentes podem apresentar a uma alteração de preços feita pela
empresa (McGUIGAN, MOYER e HARRIS, 2016).

74
Cartéis e outras formas de conluios
Uma característica importante dos mercados oligopolizados é que, por causa
do pequeno número de empresas, não necessariamente elas competem entre
si. É também possível que se coordenem e passem a atuar de forma conjunta
(cooperativa), formando o que os economistas chamam de “conluio”. É a
possibilidade de cooperação entre as empresas que torna possível a formação
do cartel, uma organização de produtores dentro de um setor determinando a
política a ser seguida por todas as empresas do grupo, e definindo, até mesmo,
os preços a serem praticados e a repartição do mercado entre seus integrantes
(VASCONCELLOS, TONETO JR. e SAKURAI, 2015).
Dessa maneira, observa-se que, às vezes, oligopolistas reduzem o risco inerente
de serem tão interdependentes ao concordar, formal ou informalmente, em
cooperar ou se unir na tomada de decisões. Acordos cooperativos entre
oligopolistas são chamados de cartéis. Em geral, conluios de qualquer tipo são
ilegais (McGUIGAN, MOYER, HARRIS, 2016).
Uma consequência dessa atuação “coletiva” é que ao atuar de maneira
cooperativa, os oligopolistas conseguem aumentar seus ganhos, reduzindo a
quantidade ofertada e aumentando os preços de mercado. A Organização dos
Países Exportadores de Petróleo (OPEP) é, provavelmente, o caso mais
tradicional de cartel: formada atualmente por doze países, seu objetivo é
coordenar e unificar as políticas de produção e venda de petróleo por parte de
seus membros (VASCONCELLOS, TONETO JR. e SAKURAI, 2015).

Competição Monopolística
De acordo com Vasconcellos, Oliveira e Barbieri (2011), a estrutura de mercado
chamada “Competição monopolística” procura encontrar um meio-termo mais
realista entre os extremos de competição perfeita e monopólio, reunindo
elementos dessas duas estruturas de mercado. Assim, nesse modelo, a
competição inclui a atividade de diferenciação de produtos.
Dessa forma, a concorrência monopolista é uma estrutura de mercado com um
número relativamente grande de empresas, cada uma vendendo um produto
diferenciado de alguma maneira dos produtos de seus concorrentes, e com

75
barreiras significativas para entrada no grupo de empresas líderes (McGUIGAN,
MOYER, HARRIS, 2016).
Ou seja, um mercado está em concorrência monopolística quando ele é
caracterizado pela presença de muitas firmas que produzem mercadorias
muito semelhantes, mas não idênticas, e pela livre entrada de novas empresas
nesse mercado. As causas da diferenciação entre os produtos podem ser as
mais diversas possíveis. Entre elas, podemos citar:
diferenciação na qualidade do produto;
diferenciação na localização da firma;
diferenciação nos serviços adicionais prestados pela firma, tais como
assistência técnica e informações ao consumidor;
diferenciação no serviço de vendas ao consumidor.

As diferenças entre os produtos são percebidas pelos consumidores, sendo que,


quando uma firma sobe seu preço, ela não perde todos seus consumidores,
mas apenas parte deles (VASCONCELLOS, OLIVEIRA e BARBIERI, 2011).
A diferenciação de produto pode se basear em características especiais, marcas
registradas, embalagem, percepções de qualidade, projeto distinto ou
condições que cercam a venda, como localização do vendedor, garantias e
condições de crédito. Espera-se que a curva de demanda para qualquer
empresa apresente inclinação negativa e seja extremamente elástica por causa
do grande número de substitutos próximos (McGUIGAN, MOYER, HARRIS, 2016).

76
12

A Empresa para o
Mercado de Capitais
77
No momento em que a empresa consolidada tem sua operação bem
determinada e passa a precisar de investimento para, então, ser mais produtiva,
estando disposta a distribuir parte do seu resultado a investidores externos, ela
pode optar por uma forma muito poderosa de aumentar seu 'financiamento'
quando abre parte do seu capital.
Dessa maneira, uma pessoa comum consegue comprar uma pequena parte da
empresa, a qual ela disponibiliza e recebe participação proporcional no seu
resultado.

O Acesso das Empresas ao Mercado de


Capitais
De acordo com Pinheiro (2019), o mercado de capitais desempenha papel dos
mais relevantes no processo de financiamento das empresas. Ele oferece
diversos instrumentos de financiamento em médio e longo prazos para suprir
as necessidades dos agentes econômicos, tais como debêntures, Fundos de
Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) e Certificados de Recebíveis
Imobiliários (CRIs), títulos externos. Oferece, ainda, financiamento com prazo
indeterminado, como as operações que envolvem a emissão de ações.
Neste contexto de importantes decisões sobre a escolha de fontes, alguns
fatores devem ser observados. Assim, os principais fatores que influenciam na
escolha da fonte de captação de recursos são:
Maturidade do negócio: negócios mais maduros são mais facilmente
entendidos pelo investidor.
Perfil dos fluxos de caixa: setores com fluxos de caixa mais previsíveis
apresentam mais alternativas e menor custo de captação.
Perfil do endividamento/alavancagem: uma alavancagem elevada, antes
ou depois de uma aquisição, pode levar à necessidade de injeção de
capital.
Rating da empresa: afeta a credibilidade para a operação de captação e
seus custos.
Momento de mercado: os mercados de ações e dívida são cíclicos e
podem estar indisponíveis durante determinado período, não
necessariamente ao mesmo tempo, pois estes não possuem uma relação
direta (PINHEIRO, 2019).

78
Vale destacar, aluno, que, historicamente, as empresas brasileiras distinguem-
se pelo acesso restrito ao capital privado de terceiros, financiando seus projetos
de investimento, principalmente com recursos próprios e financiamento
público. O modelo de financiamento brasileiro pode ser caracterizado pela
utilização de bancos públicos como uma fonte especial de recursos (PINHEIRO,
2019).
Por exemplo, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) fornece a quase totalidade do financiamento de longo prazo,
sobretudo, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

O mercado de títulos corporativos assistiu a um boom nos últimos anos. Não


apenas o volume de emissões ampliou-se, como também a base de emissores
experimentou uma diversificação, com grandes empresas nacionais optando
pelo endividamento doméstico através do lançamento de debêntures. Esse
crescimento, além de fortalecer o mercado de dívida como um todo, contribui
para a formação de estruturas de riscos diferenciadas.
Quando a empresa se defronta permanentemente com questões relativas ao
financiamento de seus investimentos ou à reestruturação de seus passivos
financeiros, a captação de recursos pelo lançamento de valores mobiliários é
uma alternativa aos financiamentos bancários. Essa alternativa abre para a
companhia um amplo espectro de investidores potenciais, tanto no Brasil
quanto no exterior, destacando-se os fundos de investimento, fundos de
pensão e seguradoras, chamados de investidores institucionais (PINHEIRO,
2019).
Dessa maneira, destaca-se que a companhia deve se aproximar dos
investidores antes de ir a mercado, aprofundando o conhecimento sobre seu
modelo de negócios e posicionamento estratégico.

A Abertura de Capital
Abrir o capital de uma empresa significa tornar-se uma companhia de capital
aberto, ou seja, emitir ações para o público em geral, que poderão ser
transacionadas em bolsas de valores ou nos mercados de balcão.
Aparentemente, esse conceito é simples, porém, altera muito a estrutura
societária da empresa. Resumidamente, o controle que antes era exercido por
um grupo concentrado de sócios passa a ser disperso em muitos novos sócios

79
que não têm relação familiar ou de amizade com os antigos proprietários.
Veja bem, podemos então afirmar que abrir capital significa ter novos sócios!
Contudo, a abertura de capital pode ocorrer com ou sem oferta de ações no
mercado.
Para a abertura do capital, segundo a Lei n.º 6.385/76, a empresa pode emitir os
seguintes tipos de títulos de propriedade:

1 Ações.

2 Bônus de subscrição.

3 Debêntures.

4 Partes beneficiárias.

5 Notas promissórias para distribuição pública.

80
A decisão de abertura do capital de uma empresa não deve estar associada,
exclusivamente, a uma necessidade imediata de captação de recursos. Quando
o horizonte de planejamento empresarial indica uma futura necessidade, os
dirigentes ou acionistas podem promover colocações secundárias, ou primárias
de pequeno porte, de forma a preparar a empresa e o mercado para uma
posterior operação maior (PINHEIRO, 2019).
Para Pinheiro (2019), durante o processo de decisão sobre a abertura de capital
da empresa devem ser consideradas as vantagens e desvantagens para a
empresa. Dentre elas, destacam-se:

Vantagens
Aumento no caixa no caso de uma emissão privada e/ou da liquidez para
os sócios em uma colocação secundária.
Criação de moeda de troca na aquisição ou incorporação de outra
empresa.
Aumento da visibilidade, possibilitando eventuais fusões, aquisições ou
incorporações.
Diversificação das fontes de financiamento (inclusive otimizando o perfil
da dívida/patrimônio), possibilitando realizar estratégias de crescimento.
Possibilidade de remuneração diferenciada da equipe através de opção de
compra de ações da empresa, com objetivo de retenção.

Desvantagens
A distribuição de lucros aos novos acionistas.
Obrigatoriedade de auditoria.
Apresentação de contas de resultado.
Pagamento de anuidade à bolsa de valores.
Manutenção de informações à CVM, bolsas e mídia, entre outras.

A Bolsa de Valores
Aluno, neste momento do material, torna-se importante a compreensão sobre
a bolsa de valores.

81
Com a Revolução Industrial, a necessidade de grandes recursos para
investimentos obrigou os empresários a buscar no mercado, por meio das
Bolsas, o dinheiro do público. Desde o século XIX até hoje, as bolsas vêm se
aperfeiçoando sob todos os aspectos para atender às crescentes exigências do
mercado de capitais.
No Brasil, antes das bolsas existiam os corretores. Em 1845, para disciplinar as
atividades desses corretores, foi elaborado o Decreto n.º 417, que dava a eles a
exclusividade do acesso à negociação de títulos.
A primeira bolsa foi a do Rio de Janeiro, na época, Distrito Federal. Seu pregão
foi regulamentado em 1877. Em 13 de março de 1897, o Decreto-Lei n.º 2.475
regulamentou a bolsa e os corretores.
Em São Paulo, a Bolsa de Valores surgiu em 1890, após a queda da monarquia.
Seguindo o padrão europeu, foi fundada a Bolsa Livre de Valores, em 23 de
agosto de 1890. Já em 1895, esta Bolsa foi transformada pelo governo estadual
na Bolsa Oficial de Títulos de São Paulo. Seus membros, nomeados pelo
governo do estado, eram chamados de Corretores Oficiais de Fundos Públicos e
eram considerados funcionários de confiança.

Bolsa de Valores de SP (BOVESPA) em 1980 e atualmente

Fonte: acesse o link https://pt.wikipedia.org/wiki/B3_(bolsa_de_valores)

82
Fonte: acesse o link https://ivian.com.br/roteiro/bolsa-de-valores-bovespa/

As Bolsas de Valores do Rio de Janeiro e de São Paulo foram regulamentadas


pelos respectivos governos estaduais. Embora o Decreto-Lei n.º 1.344, de 1939,
tivesse regulamentado todas as bolsas de valores do país, os governos dos
estados ainda interferiam na administração destas. Somente com a Lei n.º 4.595
sobre a Reforma Bancária, em 1964, e com a Lei n.º 4.728 sobre o Mercado de
Capitais, de 1965, foram regulamentadas, pelo Governo Federal, as bolsas de
todo o país. No Diário Oficial de 3.11.1966, foi publicada a Resolução n.º 39 do
Banco Central do Brasil, que disciplinou a constituição, organização e
funcionamento das bolsas.
As bolsas de valores foram surgindo nas capitais e em cidades importantes.
Mais tarde, pela concentração do movimento no Rio de Janeiro e São Paulo
acabaram desativadas ou fundidas. Atualmente, temos bolsas de valores em
Porto Alegre, Minas Gerais, Paraná, Santos, Bahia e Pernambuco.
Em 2000, as Bolsas de Valores de São Paulo e do Rio de Janeiro foram
unificadas; o mercado de ações ficou para a Bovespa e o mercado secundário
de títulos públicos para o Rio de Janeiro. A Companhia Brasileira de Liquidação
e Custódia (CBLC), clearing da Bovespa, absorveu a Câmara de Liquidação e
Custódia do Rio de Janeiro. Assim, os corretores de ambas as bolsas passaram a
operar em qualquer delas. Mais recentemente (2001), a Bovespa incorporou os
negócios de todas as outras bolsas brasileiras.

83
A B3 S.A. (Brasil, Bolsa, Balcão) é uma das maiores empresas provedoras de
infraestrutura para o mercado financeiro do mundo em valor de mercado,
oferecendo serviços de negociação (bolsa), pós-negociação (clearing), registro
de operações de balcão e de financiamento de veículos e imóveis.

Suas atividades incluem criação e administração de sistemas de negociação,


compensação, liquidação, depósito e registro para todas as principais classes de
ativos, desde ações e títulos de renda fixa corporativa até derivativos de
moedas, operações estruturadas e taxas de juro e de commodities. A B3
também opera como contraparte central garantidora para a maior parte das
operações realizadas em seus mercados e oferta serviços de central depositária
e de central de registro.
Por meio de sua unidade de financiamento de veículos e imóveis, a companhia
oferece produtos e serviços que suportam o processo de análise e aprovação de
crédito em todo o território nacional, tornando o processo de financiamento
mais ágil e seguro.
No caso de financiamento de veículos, a B3 é líder na prestação de serviços de
entrega eletrônica das informações exigidas para registro de contratos e
anotações dos gravames junto aos órgãos de trânsito.
A B3 é uma sociedade de capital aberta, cujas ações B3SA3 são negociadas no
Novo Mercado – segmento em que as empresas assumem compromissos de
melhores práticas de governança corporativa – e integra os índices Ibovespa,
IBrX-50, IBrX e Itag, entre outros.
Com sede em São Paulo e unidades no Rio de Janeiro e Alphaville, também
possui escritórios de representação no Reino Unido (Londres) e na China
(Xangai), para oferecer suporte aos participantes desses mercados nas
atividades com os clientes estrangeiros e no relacionamento com os órgãos
reguladores, além de divulgar seus produtos e práticas de governança a
potenciais investidores.

84
13

Mercado de Capitais:
Conceitos Básicos e
Evolução Histórica85
Caro aluno, nesta aula, nós estudaremos sobre o mercado de capitais,
primeiramente com uma abordagem histórica e definições.

Definições
Podemos definir o mercado de capitais como um conjunto de instituições e de
instrumentos que negociam com títulos e valores mobiliários, objetivando a
canalização dos recursos dos agentes compradores para os agentes
vendedores. Ou seja, o mercado de capitais representa um sistema de
distribuição de valores mobiliários que tem o propósito de viabilizar a
capitalização das empresas e dar liquidez aos títulos emitidos por elas
(PINHEIRO, 2019).
De forma complementar, Pinheiro (2019) destaca que mercados financeiros
também podem ser definidos como o mecanismo ou ambiente através do qual
se produz um intercâmbio de ativos financeiros e se determinam seus preços.
São mercados nos quais os recursos financeiros são transferidos desde
unidades superavitárias, isto é, que têm um excesso de fundos, até aquelas
deficitárias, ou seja, que têm necessidades de fundos.                  
Antigamente, o mercado financeiro era o lugar físico ou ponto de encontro
entre ofertadores e tomadores, mas hoje, com o avanço da informática e das
telecomunicações, essa exigência física perdeu sua importância. O contato
entre os agentes ocorre de diversas formas (PINHEIRO, 2019). Assim, temos dois
tipos de mercados financeiros:

1 Com localização física.

86
2 Sem localização física.

Dentro desse contexto, os mercados financeiros devem cumprir as seguintes


funções:
estabelecer o contato entre os agentes superavitários e deficitários;
ser um mecanismo eficiente de fixação de preços para os ativos;
proporcionar liquidez aos ativos; e
reduzir os prazos e os custos da intermediação.

Evolução Histórica
Sobre o surgimento do mercado de capitais, destaca-se que ele ocorreu
quando o mercado de crédito deixou de atender às necessidades da atividade
produtiva, no sentido de garantir um fluxo de recursos nas condições
adequadas em termos de prazos, custos e exigibilidades (PINHEIRO, 2019).
Dessa maneira, para Pinheiro (2019), seu surgimento foi fundamentado em dois
princípios:
contribuir para o desenvolvimento econômico, atuando como propulsor
de capitais para os investimentos, estimulando a formação da poupança
privada; e
permitir e orientar a estruturação de uma sociedade pluralista, baseada na
economia de mercado, permitindo a participação coletiva de forma ampla
na riqueza e nos resultados da economia.

De forma complementar, voltando aos princípios coloniais e resgatando a


história, Carvalho Neto (2014) destaca que a economia colonial brasileira, desde
o descobrimento em 1500, foi, sobretudo, escassamente monetária. A existência

87
de moeda metálica era insuficiente e prevalecia o escambo, a troca de
mercadorias por outros produtos ou mesmo serviços, a partir dos primeiros dias
da colonização.
Os carregamentos de pau-brasil, item inicial de nossa pauta de exportações,
eram encomendados aos índios aliados. Pelos serviços de poda, abate e
embarque, os naturais da terra recebiam, em troca, ferramentas de ferro, cuja
fundição desconheciam, e bugigangas. Assim também, a compra de
suprimentos alimentares aos indígenas era feita por frotas e colonizadores
mediante escambo por foices, enxadas, facas, machados e anzóis.
Desde logo, a exploração de pau-brasil foi declarada monopólio da Coroa
Portuguesa e concedida a comerciantes lisboetas, entre os quais o famoso
cristão novo Fernão de Loronha. Seu nome foi depois alterado para Fernando
de Noronha e figura até hoje no mais notório arquipélago oceânico brasileiro.
Aquele monopólio foi o mais antigo de quantos o Estado português e depois o
brasileiro se outorgaram sobre a economia da Nação, impedindo a competição
e o livre enriquecimento do país.
A prática da concessão de autorizações para exploração de monopólios se
estenderia por todo o período colonial, inclusive nas áreas de mineração e
arrecadação de impostos, o que viria a favorecer as casas comerciais mais
poderosas, matriz na colônia do mercado de capitais que surgiria no século XIX.
Entretanto, logo nas primeiras décadas, o açúcar de cana também demandado
pela Europa substituiria o pau-brasil como tópico principal do comércio
exterior. Em 1526, chegou à Casa da Índia, em Lisboa, organismo português
encarregado das relações comerciais com o estrangeiro, a primeira partida de
açúcar produzido em Pernambuco.

88
Ainda, de acordo com Carvalho
Neto (2014), as primeiras moedas
foram cunhadas no Brasil na
capitania de São Vicente, de
Martim Affonso de Souza, em
território paulistano. Até 1556,
produziram-se peças de ouro de
lavagem denominadas São
Vicentes e meios São Vicentes,
que tiveram circulação na colônia.

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Criada em 1534, por Santo Inácio de Loyola, a Companhia de Jesus enviou seus
primeiros missionários ao Brasil, apenas 15 anos depois da fundação da ordem,
em 1549. Vieram com a frota que trouxe Tomé de Souza, governador-geral
recém-nomeado, que fundaria a cidade de Salvador naquele ano. Em 1600, já
havia colégios em todo o litoral, de Santa Catarina ao Ceará.
Expulsos do Brasil pelo Marquês de Pombal, em 1759, os Jesuítas poderiam ter
sido, no período colonial, o que de mais próximo tivemos de instituições
financeiras, como os Merchant Banks da Europa e dos Estados Unidos, matrizes
de seus mercados de capitais. Entretanto, as ordens religiosas não tinham
objetivos econômicos, mas usavam os recursos angariados, como óbolos ou
depósitos, para ostentar luxo suntuário em igrejas, capelas e mosteiros,
buscando a maior glória de Deus. O desenvolvimento de negócios e crédito
ficaria por conta de simples casas comerciais (CARVALHO NETO, 2014).
Dessa maneira, os seguintes acontecimentos importantes se desenvolveram:

89
A Criação do Banco do Brasil
Quando, em 1808, o Príncipe D. João e seu séquito
desembarcaram no Rio de Janeiro, após a estafante
travessia entre Lisboa e a capital de seus domínios na
América do Sul, a situação da economia local não era
diferente dos tempos anteriores. Predominava a crônica
falta de numerário, as riquezas produzidas tinham
circulação limitada e inexistiam instituições fornecedoras
de crédito. O ouro em pó ou barras funcionava como
moeda.
Uma das primeiras medidas econômicas na nova sede da
corte foi a determinação de que o ouro não mais
circulasse naquelas formas, mas fosse levado a um “banco

1 de trocos”, que providenciaria cambiá-las por moedas,


remetendo o metal original para fundição na Casa da
Moeda. Essa casa, primeiro instituto com o nome de
banco no país, era lastreada num fundo constituído pelos
comerciantes de importância no Rio de Janeiro. No
entanto, as necessidades de manutenção da corte na
cidade demandavam fontes adicionais de suprimento.    
Assim sendo, em 12 de outubro de 1808, o Príncipe
Regente assinou um alvará determinando a criação de um
banco nacional, que recebeu o nome de Banco do Brasil.
O objetivo fundamental daquela instituição era a emissão
de papel-moeda de curso forçado. Mais do que criar meios
para o desenvolvimento do país, o novo banco tinha por
missão angariar recursos para a manutenção suntuária da
corte portuguesa (CARVALHO NETO, 2014).

90
A Bolsa de São Paulo
Mesmo não contando com uma bolsa, São Paulo
ostentava, desde os 1870, um ativo mercado de balcão
para negócios nos títulos originados na província. Apesar
da precariedade de transporte e comunicações, o
mercado paulista não era totalmente estanque com
relação aos desenvolvimentos que ocorriam no Rio de
Janeiro, então, principal Praça do Império. Diversos papéis
de São Paulo eram negociados na Bolsa do Rio. Assim,
nada mais natural que o estado de espírito dos
investidores passasse pelos vasos comunicantes existentes
entre os dois mercados. Foi o que aconteceu no
Encilhamento até porque a euforia desencadeada com a
Abolição da Escravatura reverberou em todo o país
(CARVALHO NETO, 2014).
O mesmo fenômeno de criação de novas empresas,
descrito no cenário do mercado carioca, desdobrou-se na
cidade de São Paulo. Já foi destacado que dois dos três
primeiros bancos lançados em 1888, antes ainda da
libertação dos escravos, eram paulistas, os bancos Popular
de São Paulo e Itália-Brasil. Com o desenvolvimento da
bolha especulativa mais e mais companhias foram
nascendo em São Paulo e aumentando o volume de
negócios em seus papéis. A expansão do mercado criou o
clima propício à fundação de uma bolsa de valores na
capital de São Paulo.

2 Enraizada na experiência e liberdade de atuação dos


intermediários informais que operavam o mercado de
balcão paulista foi a única bolsa no Brasil nascida fora da
tutela do Estado. Sua criação mais se parece com a da
Bolsa de Nova York, um século antes. O próprio nome da
instituição definia o status de independência dos poderes
públicos: Bolsa Livre de São Paulo. Fundou-se em 23 de
agosto de 1890, na fase mais aquecida do Encilhamento,
cuja bolha seria perfurada seis meses depois pela
desastrada manobra tributária do ministro Alencar
Araripe. Com a debacle, a vida da entidade foi efêmera,
sendo liquidada 14 meses depois de seu surgimento, em

91
31 de outubro de 1891. Entretanto, é uma saga que merece
ser descrita e interpretada nas minúcias possíveis, dada a
carência de fontes e arquivos sobre o tema.
A alma da criação da Bolsa Livre, antecessora da
BM&FBOVESPA, foi o pioneiro Emílio Rangel Pestana, um
corretor na acepção da palavra e grande conhecedor do
mercado local. Mas São Paulo deve ainda a outro Rangel
Pestana, Francisco, irmão de Emílio, o aparecimento de
mais um baluarte na vida da Pauliceia: o jornal O Estado
de S. Paulo, nascido em 1875, sob o nome de “A Província
de São Paulo''. Francisco foi político importante e membro
da junta que governou São Paulo nos primeiros dias da
República, da qual era defensor intransigente (CARVALHO
NETO, 2014).

92
14

Mercado de Capitais:
Sistema Financeiro
Nacional (SFN) 93
De acordo com o site do Banco Central do Brasil, o Sistema Financeiro Nacional
(SFN) é formado por um conjunto de entidades e instituições que promovem a
intermediação financeira, isto é, o encontro entre credores e tomadores de
recursos. É por meio do sistema financeiro que as pessoas, as empresas e o
governo circulam a maior parte dos seus ativos, pagam suas dívidas e realizam
seus investimentos.
O SFN é organizado por agentes normativos, supervisores e operadores. Os
órgãos normativos determinam regras gerais para o bom funcionamento do
sistema. As entidades supervisoras trabalham para que os integrantes do
sistema financeiro sigam as regras definidas pelos órgãos normativos. Os
operadores são as instituições que ofertam serviços financeiros, no papel de
intermediários.

Conselho Monetário Nacional


(CMN)
O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão normativo responsável pela
formulação da política da moeda e do crédito, ou seja, é a instância de
coordenação da política macroeconômica do governo federal. É no CMN que se
decidem a meta para a inflação, as diretrizes para o câmbio e as normas
principais para o funcionamento das instituições financeiras, entre outras
atribuições.
É o órgão superior do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e tem a
responsabilidade de formular a política da moeda e do crédito. Seu objetivo é a
estabilidade da moeda e o desenvolvimento econômico e social do país.
De acordo com Ribeiro Filho (2006), o CMN foi criado pela Lei n.º 4.595 e tem
por finalidade formular a política da moeda e do crédito, objetivando o
progresso econômico e social do país.

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Aluno, é muito importante que você saiba que até então o
Conselho Monetário Nacional era composto por apenas
três integrantes: o ministro da Fazenda, que ocupava o
lugar de presidente do CMN; o presidente do BACEN; e o
ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
(MPDG), porém, em 2019, houve uma reorganização nos
ministérios. Assim, o CMN passou a ser composto por:
ministro da Economia, presidente do BACEN e pelo
secretário Especial de Fazenda.

Os membros do CMN reúnem-se uma vez por mês para deliberar sobre
assuntos como orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras;
propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros;
zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras; e coordenar as
políticas monetária, creditícia, orçamentária e da dívida pública interna e
externa.
Em casos extraordinários, pode acontecer mais de uma reunião por mês. As
matérias aprovadas são regulamentadas por meio de Resoluções CMN
divulgadas no Diário Oficial da União (DOU) e no Busca de normas do Conselho
e do Banco Central (BC).
Junto ao CMN funciona a Comissão Técnica da Moeda e do Crédito (Comoc),
que atua como órgão de assessoramento técnico na formulação da política da
moeda e do crédito do Brasil. A Comoc manifesta-se previamente sobre
assuntos de competência do CMN.
A Secretaria-Executiva da Comoc e do CMN é exercida pelo Banco Central.
Compete à autoridade monetária organizar e assessorar as sessões
deliberativas (preparar, dar suporte, elaborar as atas e manter o arquivo
histórico, entre outras funções administrativas).

95
OS PRINCIPAIS OBJETIVOS DO CMN
adaptar o volume dos meios de pagamento às reais
necessidades da economia nacional;
regular o valor interno da moeda, corrigindo os surtos
inflacionários e deflacionários;
regular o valor externo da moeda e o equilíbrio da balança de
pagamentos;
orientar a aplicação de recursos das instituições financeiras
públicas e privadas;
zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras.
Liquidez e solvência são diferentes. A liquidez é a capacidade de
pagar as contas em dia, e a solvência é a relação entre o
patrimônio das empresas, seu endividamento e sua capacidade
de gerar recursos. Evidentemente, uma empresa insolvente,
ainda que em dia com suas contas em certo momento, acabará
por não ter condições de honrar o seu passivo.

Fonte: Ribeiro Filho, 2006.

Banco Central do Brasil


O Banco Central tem por finalidade cumprir e fazer cumprir as disposições que
lhe são atribuídas pelo Conselho Monetário Nacional.
O Banco Central do Brasil (BCB), autarquia federal integrante do Sistema
Financeiro Nacional, foi criado em 31/12/1964, com a promulgação da Lei n.º
4.595. A Constituição Federal de 1988 estabeleceu dispositivos importantes para
a atuação do BCB, dentre os quais o exercício exclusivo da competência da
União para emitir moeda e a exigência de aprovação prévia pelo Senado
Federal, em votação secreta, após arguição pública, dos nomes indicados pelo
Presidente da República para os cargos de presidente e diretores da instituição.

96
CONECTE-SE

Para a construção deste tópico utilizaremos como fonte principal um


documento disponibilizado no próprio site do Banco Central do Brasil
e que pode ser acessado a seguir: 

Banco Central é a instituição de um país à qual se tenha confiado o dever de


regular o volume de dinheiro e de crédito da economia. Essa atribuição dos
bancos centrais, geralmente, está associada ao objetivo de assegurar a
estabilidade do poder de compra da moeda nacional. Além disso, a maior parte
dos bancos centrais também tem como missão promover a eficiência e o
desenvolvimento do sistema financeiro de um país.

FUNÇÕES DO BANCO CENTRAL


a. monopólio de emissão;
b. banqueiro do governo;
c. banco dos bancos;
d. supervisor do sistema financeiro;
e. executor da política monetária; e
f. executor da política cambial e depositário das reservas
internacionais.

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Monopólio de emissão
A função “Monopólio de Emissão” engloba a gestão das atividades referentes
ao meio circulante e destina-se a satisfazer à demanda de dinheiro
indispensável à atividade econômico-financeira do país. Do ponto de vista
operacional, o BCB (Banco Central do Brasil) atende às necessidades de
numerário do sistema bancário e, consequentemente, do público, por meio dos
mecanismos de emissão e recolhimento. É importante registrar que somente o
BCB emite moeda (a Casa da Moeda apenas fabrica o numerário).
Os conceitos econômicos de emissão/recolhimento monetário referem-se,
respectivamente, a colocar/retirar dinheiro em circulação,
aumentando/diminuindo os meios de pagamento.

Banqueiro do governo
Esta função guarda em suas origens estreita relação com o direito de emissão
do banco central, pois os governos concediam-no a instituições que, em muitos
casos, assumiam o compromisso de conceder-lhes empréstimos. O banco
central atualmente continua como o principal banqueiro do governo, pois
detém suas contas mais importantes, participa ativamente do manejo do seu
fluxo de fundos, e é o depositário e administrador das reservas internacionais
do país.

Banco dos bancos


Nessa função, o BCB recebe os depósitos (reservas) dos bancos, é prestamista
de última instância, regula, monitora e fornece sistemas de transferência de
fundos e de liquidações de obrigações.
Na sua relação com as instituições financeiras, o BCB presta serviços e realiza
operações, tais como:
manter contas nas quais são depositadas as reservas voluntárias e
compulsórias do sistema financeiro (conta Reservas Bancárias e Conta de
Liquidação);
fornecer crédito a instituições com necessidades transitórias de liquidez;
intervir, em casos de problemas maiores, como prestamista de última
instância.

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Supervisor do sistema financeiro
A estabilidade, a eficiência e o desenvolvimento do sistema financeiro
requerem esquemas de normas e procedimentos apropriados e sua
observância. Em muitos casos, a supervisão das instituições financeiras é
responsabilidade direta e exclusiva do banco central; em outros casos, pertence
à alçada de organismos independentes. Não obstante, em nenhum caso a
fiscalização é totalmente exógena ao banco central, a quem cabe elaborar
normas para o funcionamento do sistema financeiro e ser o prestamista de
última instância.
A regulação do sistema financeiro se inicia, geralmente, pela limitação do
número de participantes. As restrições, nesse sentido, vão desde requisitos
quanto à qualidade da administração, passam por montantes mínimos de
capital e chegam até a aplicação de critérios de “necessidade” ou
“conveniência” econômica, com os quais se pretende evitar um número
exagerado de instituições ou concentração excessiva.

Executor da política monetária


Esta função é a que define o sentido mais amplo do banco central e que, em
última instância, engloba as demais.
A política monetária influencia a evolução dos meios de pagamento e controla
o processo de criação da moeda e do crédito, mediante os seguintes
instrumentos clássicos dos bancos centrais:
encaixe legal (recolhimentos compulsórios);
redesconto; e
operações de mercado aberto.

Executor da política cambial e depositário


das reservas internacionais
É no mercado de câmbio que se forma a taxa de câmbio, ou seja, o preço da
moeda
estrangeira, um dos preços básicos da economia. A taxa de câmbio é formada a
partir das condições de oferta e de demanda. Demandam divisas os agentes
econômicos que adquirem moeda estrangeira para efetuar pagamentos

99
diversos a agentes domiciliados no exterior (importações de bens e serviços,
realização de viagens ao exterior etc.). Por outro lado, ofertam divisas os
agentes econômicos que exportam bens e serviços em geral, que contratam
empréstimos no exterior etc., e que desejam internalizar os recursos no País.
Cabe à autoridade monetária de um país executar a política cambial, função
que exige a manutenção de ativos em moeda estrangeira e/ou ouro para
atuação nos mercados de câmbio, de forma a contribuir para a manutenção do
poder de compra da sua moeda e para assegurar o desempenho adequado das
transações internacionais, de acordo com as diretrizes da política econômica.

CONECTE-SE

BC é eleito o órgão regulador mais bem colocado em ranking de


Open Finance.
Lista foi elaborada pela Open Future World, que mantém um
diretório global sobre iniciativas de Open Data. Iniciativa reconhece
as organizações internacionais mais interessantes a tratar de finanças
abertas. Ranking foi baseado no quantitativo de menções positivas
de empresas e instituições em notícias.

100
15

Bancos

101
Prezados alunos, nesta aula, estudaremos sobre o papel dos bancos dentro do
sistema financeiro nacional. De acordo com o Banco Central do Brasil, o Banco
é uma instituição financeira especializada em intermediar o dinheiro entre
poupadores e aqueles que precisam de empréstimos, além de custodiar
(guardar) esse dinheiro. Ele providencia serviços financeiros para os clientes
(saques, empréstimos, investimentos, entre outros).

Os bancos são supervisionados pelo Banco Central (BC),


que trabalha para que as regras e regulações do Sistema
Financeiro Nacional (SFN) sejam seguidas por eles. A
manutenção da estabilidade e da solidez do SFN e,
consequentemente, da economia de um país, passa por
um sistema bancário eficiente e seguidor das regras
determinadas pelo regulador. ​

Principais Operações dos Bancos


Comerciais
De acordo com Ribeiro Filho (2006), as principais operações dos bancos
comerciais são:

Operações Passivas – Origem dos Recursos


As operações passivas são aquelas realizadas pelo banco para obtenção de
recursos. No balanço figuram no Passivo ou no Patrimônio Líquido, no caso de
aumento de capital. As principais são:
depósitos à vista: os bancos disputavam esses depósitos como seu
principal objetivo até há pouco tempo, por ser um recurso gratuito, sem
remuneração para o cliente. Com o aumento do depósito compulsório,
que já chegou aos 100%, os bancos hoje preferem aplicar esses recursos,
mesmo à revelia dos clientes, nos fundos de curto prazo, cobrando uma
taxa de administração. De outro lado, a obrigatoriedade de aplicar um

102
percentual dos depósitos em operações rurais, que os bancos não gostam,
também é um incentivo para darem preferência aos fundos de curto
prazo;
RDB – Recibo de Depósito Bancário: depósito a prazo fixo, com taxa pré ou
pós-fixada. É intransferível;
CDB – Certificado de Depósito Bancário: título nominativo com
rendimentos pré ou pós-fixados. A diferença em relação ao RDB é que
pode ser transferido. Chamamos a atenção para a mudança de forma,
tanto do CDB quanto do RDB que hoje são escriturais. Em outras palavras,
o antigo papel que os representava foi transformado em extratos de
computador, reduzindo substancialmente seus custos.

Operações Ativas – Aplicações Dos


Recursos
Os ativos são as aplicações de recursos, ou seja, os empréstimos concedidos.
Essas operações figuram no Ativo dos balanços dos bancos. As principais são:
capital de giro: é a mais comum pela sua simplicidade.
desconto de duplicatas: também é muito utilizada para capital de giro.
Tem taxa menor que a primeira, porque o banco tem uma garantia
adicional que é o título objeto do desconto. Se o sacado (devedor) não
pagar, o banco debita o valor na conta do cedente (empresa tomadora do
empréstimo);
vendor: financiamento de vendas: é aberto um limite de crédito a uma
indústria ou a um atacadista para venda à vista ao varejista, que ao tomar
o empréstimo pode pagar a compra. A empresa vendedora é responsável
pelo pagamento se seu cliente não honrar com o compromisso. Como o
banco tem garantia dupla, a taxa desse empréstimo é mais baixa;
operações de repasses: nesse caso, os recursos são tomados de outra
instituição e repassados ao cliente do banco, mediante uma comissão. As
operações de Finame do BNDES são um exemplo clássico de repasse.
Nessa operação, o banco faz o papel de agente do BNDES, na medida em
que analisa o risco da empresa tomadora do empréstimo e fica
responsável pela sua quitação, no caso de inadimplência dessa empresa;
contas garantidas: o cliente faz um contrato com o banco no qual é
estabelecido um limite de crédito. Esse cliente pode usar o limite de
crédito pelo prazo e valor desejados, dentro das condições estabelecidas.
Os juros são cobrados de acordo com o uso. As taxas são altas, porque o
103
banco compromete parte de seu limite operacional, sem saber quando e
quanto o cliente vai utilizar; analisa o risco da empresa tomadora do
empréstimo e fica responsável pela sua quitação, no caso de
inadimplência dessa empresa.

Bancos de Investimento
Entende-se por banco de investimento qualquer entidade especializada na
obtenção de dinheiro ou de outros recursos financeiros para que as empresas
privadas ou os governos possam realizar investimentos. Esses instrumentos
financeiros são obtidos pelo banco de investimento através da emissão e
comercialização de valores (títulos) nos mercados de capitais.
O principal objetivo de um banco de investimento é proporcionar um processo
de capitalização das organizações. Essa expansão normalmente ocorre por
meio de financiamentos com prazos mais longos, taxas de juros adequadas e,
principalmente, promover mediante a abertura e aumento de capital, via
lançamento de suas ações ao público, a melhora da estrutura financeira das
companhias.
Vale ressaltar que as fontes de recursos dos bancos de investimentos
(operações passivas) são principalmente o Certificado de Depósito Bancário –
CDB e o Recibo de Depósito Bancário – RDB com prazos maiores.
Além disso, como fonte de recursos utilizam também as linhas de crédito de
instituições financeiras públicas ou privadas, nacionais e internacionais.
Por outro lado, em relação às operações ativas, isto é, aquelas que trazem
receitas, podemos destacar:

1 Repasses do BNDES: operações de Finame destinadas ao


financiamento de máquinas e equipamentos, e outras.

104
Repasses do Eximbank: Export & Import Bank dos
2 Estados Unidos que financia equipamentos americanos a
taxas reduzidas.

Resolução no 63: é uma operação de repasses de recursos


do exterior, normatizados pela resolução que lhe deu o
nome. Consiste na obtenção de um crédito no exterior por
um banco de investimento que o repassa a várias
empresas no país. Apesar de seu custo incluir variação
3 cambial, Libor (taxa referencial de Londres), taxa de
abertura e outras, o crédito ainda é interessante, se
focarmos nossos juros internos. Seu prazo é de seis meses
no mínimo e o prazo máximo depende de negociação.
Nos prazos maiores geralmente é concedida uma
carência.

A Caixa Econômica Federal


De acordo com o Banco Central do Brasil, as Caixas Econômicas são empresas
públicas que exercem atividades típicas de banco comercial, com prioridade
institucional para concessão de empréstimos e financiamentos de programas e
projetos de natureza social.
Atualmente, a única instituição desse segmento em atividade é a Caixa
Econômica Federal (CEF), vinculada ao Ministério da Fazenda. A CEF integra o
Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), é gestora dos recursos
do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e de outros fundos do
Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Também é responsável pelo Programa
de Integração Social (PIS) e pelo Seguro-Desemprego e detém o monopólio de
venda da loteria federal. A CEF prioriza a concessão de empréstimos e
financiamentos de programas e projetos nas áreas de assistência social, saúde,
educação, trabalho e esporte.​​

105
Sede da CEF em Brasília

Fonte: acesse o link http://wikimapia.org/328787/pt/Caixa-Econ%C3%B4mica-


Federal-CEF-Edif%C3%ADcio-Sede#/photo/2177340

106
16

Análise de
Investimentos
107
Caro aluno, chegamos ao momento de estudar a análise de investimento.
Análise de investimento nada mais é do que o processo de planejar as compras
de ativos cujos retornos (fluxo de caixa) devem continuar por mais de um ano.
Quando uma empresa realiza a tomada de decisão sobre orçamento de capital
(análise de investimentos), os gestores da empresa comprometem recursos
para a expansão de sua capacidade produtiva, o aperfeiçoamento de sua
eficiência de custos ou diversificação de sua base de ativos. Dessa maneira,
cada uma destas decisões afeta os fluxos de caixa futuros que a empresa
espera gerar e seu respectivo risco.
Assim, vale destacar que despesas de capital são uma ponte entre decisões de
curto prazo de preço e produção e as decisões estratégicas de longo prazo que
os gestores maximizadores da riqueza devem tomar para permanecer
competitivos. Os gestores do setor público usam as análises custo-benefício e
custo-eficácia ao levar em consideração muitas decisões de distribuição de
recursos no longo prazo (MCGUIGAN, MOYER, HARRIS, 2016).
Dessa maneira, se faz-se necessário compreender alguns aspectos.

Taxa Mínima de Atratividade


(TMA)
Segundo Camloffski (2014), define-se taxa mínima de atratividade como o
retorno mínimo esperado pelo investidor ao implementar seus projetos.
Entretanto, ao questionarmos diversos empreendedores, gestores ou
investidores sobre a taxa mínima de retorno exigida em seus investimentos,
teremos as mais diversas respostas possíveis, visto que essa definição depende,
também, do perfil do próprio investidor.

Por exemplo, um investidor com perfil mais agressivo, certamente, não se


contentará com taxas próximas à taxa básica de juros, ou seja, taxas ofertadas
pelos bancos em aplicações financeiras de baixo risco, entretanto, um
investidor com um perfil moderado ou conservador poderia considerar essas
taxas como satisfatórias.
O certo é que, ao determinar a TMA, o gestor ou o investidor devem analisar o
mercado, o cenário econômico, a rentabilidade ofertada por projetos da mesma
natureza e o prêmio pelo risco de se investir no mercado produtivo e não no

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mercado financeiro.
Outras variáveis também podem influenciar na determinação da TMA, como o
projeto de vida e a responsabilidade social do empreendedor. Muitos
empreendedores contentam-se com um rendimento apenas razoável, um
pouco acima da rentabilidade ofertada pelos bancos em aplicações de baixo
risco, pois, além do aspecto financeiro, também levam em conta a
responsabilidade social perante a sua força de trabalho e o amor pelo que
fazem.
Essas questões, por sua vez, não condizem com as expectativas de um
investidor, que certamente irá considerar a variável financeira como
preponderante e exigir um prêmio pelo risco, ou seja, uma taxa
consideravelmente maior que as ofertadas no mercado financeiro.

Nem sempre os projetos de investimento serão custeados


com recursos próprios. Aliás, na maioria das vezes,
principalmente quando se fala em grandes empresas, não
é isso o que acontece. Sendo assim, o retorno mínimo do
projeto não pode ser o mesmo, caso fosse custeado com
recursos próprios, visto que o risco do investimento é
muito maior. Nesses casos, a taxa mínima de retorno
passa a ser o juro pago pela empresa no empréstimo
bancário mais o prêmio pelo risco do investimento.

Custo de Capital
Segundo Camloffski (2014), custo de capital é o custo do dinheiro que foi
aportado em um determinado investimento, ou seja, a remuneração que deve
ser obtida sobre o capital investido. Compõe-se, em linhas gerais, do custo do
dinheiro em si, ou seja, o que se deixa de ganhar no mercado financeiro ou em
outro investimento preterido, ou o juro que se paga pelo capital emprestado,
mais o prêmio pelo risco do negócio. Além disso, também devem ser
considerados o risco de crédito, o risco cambial e o risco país. A literatura
financeira traz algumas metodologias de cálculo para a obtenção do custo de
capital, mas a mais difundida é o Modelo de Precificação de Ativos Financeiros

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(CAPM), desenvolvido por William Sharpe e John Lintner. Cabe esclarecer que
não é objetivo desta obra revisar ou esclarecer tal metodologia de cálculo e,
portanto, a mesma não será abordada com maior nível de detalhamento.
O que se deve frisar é que se a perspectiva de rentabilidade for inferior ao custo
de capital estabelecido, não vale a pena implementar o projeto, pois o capital
não remunera o risco do investimento. Sendo assim, pode-se perceber que os
conceitos de taxa mínima de atratividade (TMA) e custo de capital se
complementam, pois, na verdade, o custo de capital acaba sendo utilizado
como taxa mínima de atratividade para a seleção dos projetos.

Custo de Oportunidade
O termo custo de oportunidade refere-se ao rendimento que seria obtido com
a segunda melhor opção de investimento disponível. Quando falamos sobre
análise de investimentos, pressupõe-se que nunca há apenas uma única
oportunidade de investimento, pois, mesmo que não haja outros projetos em
questão no mercado produtivo, sempre há a possibilidade de investir o dinheiro
no mercado financeiro. Sendo assim, as oportunidades de investimento devem
ser comparadas entre si e aquela com rentabilidade projetada superior deve ser
selecionada.
Novamente, os conceitos “Taxa Mínima de Atratividade”, “Custo de Capital” e
“Custo de Oportunidade” se complementam. Caso não estejam sendo
analisados outros investimentos no setor produtivo, o custo de oportunidade
seria, no mínimo, o rendimento do mercado financeiro mais um prêmio pelo
risco, que também pode ser compreendido como custo de capital ou TMA.
Entretanto, caso houvesse outros investimentos no setor produtivo em análise,
o custo de oportunidade seria o rendimento ofertado pela segunda melhor
alternativa para a alocação dos recursos, que, nesse caso, poderia ser superior
ao custo de capital e à TMA (CAMLOFFSKI, 2014).

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Conclusão
Caro aluno, finalizamos aqui a nossa disciplina. Foi possível ao longo das aulas
entender que a Economia de Empresas é um método de estudo e é
importantíssimo em seus pontos para as organizações, pois interfere
diretamente na quantidade, custos, insumos e tudo que envolve a
produtividade, seja ela de produtos ou serviços.
Dessa maneira, ao longo do livro, passamos pela compreensão dos mercados,
para quem vai vender, ou mesmo de quem vai comprar, lembrando que para
haver mercado precisamos de elementos querendo comprar e outro querendo
vender, explorando os conceitos de oferta, demanda, equilíbrio de mercado e até
mesmo as estruturas de mercado.
Para as organizações que estão prontas para investidores e abertura de capital,
estudamos sobre o mercado financeiro. Passamos também pela história de
bancos comerciais, suas burocracias e órgãos reguladores e bancos de
investimento, chegando na bolsa, que é quem oferta os papéis de cada empresa.
O que podemos notar, então, é que o mercado é um passo adiante para uma
empresa, que chega a ponto de abrir capital, para assim melhorar seus
investimentos e ter possibilidade de crescer ainda mais, além de pagar uma
participação a seus acionistas, pessoas essas que toparam investir em uma
pequena parte da empresa.
Assim, encerramos esta disciplina destacando a importância de conhecer estes
conceitos para adentrar e performar bem no mercado de trabalho atual.
Sucesso!

111
Livro

Filme

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