Você está na página 1de 152

CONTROLE DA

QUALIDADE E CEP
Professor Esp. Delfina Maria Alves de Lima
Universidade de Marília
Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001
CEP 17.525–902- Marília-SP

Reitor Pró-reitor Administrativo


Márcio Mesquita Serva Marco Antonio Teixeira
Vice-reitora Direção do Núcleo de Educação a Distância
Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva Paulo Pardo
Pró-Reitor Acadêmico Coordenação Pedagógica do Curso
Prof. José Roberto Marques de Castro Henrique Nieddermeyer
Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico
Comunitária B42 Design
Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva

F385m sobrenome, nome


nome livro / nome autor. nome /coordenador (coord.) - Marília:
Unimar, 2021.

PDF (00p.) : il. color.

ISBN xxxxxxxxxxxxx

1. tag 2. tag 3. tag 4. tag – Graduação I. Título.

 CDD – 00000

*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos
que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A
violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Imagens, ícones e capa: ©envato, ©pexels, ©pixabay, ©Twenty20 e ©wikimedia


2
BOAS-VINDAS
Ao iniciar a leitura deste material, que é parte do apoio pedagógico dos
nossos queridos discentes, convido o leitor a conhecer a UNIMAR –
Universidade de Marília.

Na UNIMAR, a educação sempre foi sinônimo de transformação, e não


conseguimos enxergar um melhor caminho senão por meio de um ensino
superior bem feito.

A história da UNIMAR, iniciada há mais de 60 anos, foi construída com base


na excelência do ensino superior para transformar vidas, com a missão
de formar profissionais éticos e competentes, inseridos na comunidade,
capazes de constituir o conhecimento e promover a cultura e o intercâmbio,
a fim de desenvolver a consciência coletiva na busca contínua da valorização
e da solidariedade humanas.

A história da UNIMAR é bela e de sucesso, e já projeta para o futuro novos


sonhos, conquistas e desafios.

A beleza e o sucesso, porém, não vêm somente do seu campus de mais de


350 alqueires e de suas construções funcionais e conectadas; vêm também
do seu corpo docente altamente qualificado e dos seus egressos: mais
de 100 mil pessoas, espalhados por todo o Brasil e o mundo, que tiveram
suas vidas impactadas e transformadas pelo ensino superior da UNIMAR.

Assim, é com orgulho que apresentamos a Educação a Distância da UNIMAR


com o mesmo propósito: promover transformação de forma democrática
e acessível em todos os cantos do nosso país. Se há alguma expectativa
de progresso e mudança de realidade do nosso povo, essa expectativa
está ligada de forma indissociável à educação.

Nós nos comprometemos com essa educação transformadora,


investimos nela, trabalhamos noite e dia para que ela seja
ofertada e esteja acessível a todos.

Muito obrigado por confiar uma parte importante do seu


futuro a nós, à UNIMAR e, tenha a certeza de que seremos
parceiros neste momento e não mediremos esforços para
o seu sucesso!

Não vamos parar, vamos continuar com investimentos


importantes na educação superior, sonhando sempre.
Afinal, não é possível nunca parar de sonhar!

Bons estudos!

Dr. Márcio Mesquita Serva


Reitor da UNIMAR
3
Que alegria poder fazer parte deste momento tão especial da sua vida!

Sempre trabalhei com jovens e sei o quanto estar matriculado


em um curso de ensino superior em uma Universidade de
excelência deve ser valorizado. Por isso, aproveite cada
minuto do seu tempo aqui na UNIMAR, vivenciando o ensino,
a pesquisa e a extensão universitária.

Fique atento aos comunicados institucionais, aproveite as


oportunidades, faça amizades e viva as experiências que
somente um ensino superior consegue proporcionar.

Acompanhe a UNIMAR pelas redes sociais, visite a sede


do campus universitário localizado na cidade de Marília,
navegue pelo nosso site unimar.br, comente no nosso blog
e compartilhe suas experiências. Viva a UNIMAR!

Muito obrigada por escolher esta Universidade para a Profa. Fernanda


realização do seu sonho profissional. Seguiremos, Mesquita Serva
Pró-reitora de Pesquisa,
juntos, com nossa missão e com nossos valores, Pós-graduação e Ação
sempre com muita dedicação. Comunitária da UNIMAR

Bem-vindo(a) à Família UNIMAR.

Educar para transformar: esse é o foco da Universidade de Marília no seu


projeto de Educação a Distância. Como dizia um grande educador, são
as pessoas que transformam o mundo, e elas só o transformam
se estiverem capacitadas para isso.

Esse é o nosso propósito: contribuir para sua transformação


pessoal, oferecendo um ensino de qualidade, interativo,
inovador, e buscando nos superar a cada dia para que você
tenha a melhor experiência educacional. E, mais do que isso,
que você possa desenvolver as competências e habilidades
necessárias não somente para o seu futuro, mas para o seu
presente, neste momento mágico em que vivemos.

A UNIMAR será sua parceira em todos os momentos de


sua educação superior. Conte conosco! Estamos aqui para
apoiá-lo! Sabemos que você é o principal responsável pelo
seu crescimento pessoal e profissional, mas agora você
tem a gente para seguir junto com você. Prof. Me. Paulo Pardo
Coordenador do Núcleo
Sucesso sempre! EAD da UNIMAR

4
008 Aula 01: Conceitos e Definições

018 Aula 02: Ferramentas Básicas da Qualidade: Folha de


Verificação e Diagrama de Pareto

026 Aula 03: Ferramentas Básicas da Qualidade: Histograma,


Diagrama de Dispersão e Gráficos de Controle

036 Aula 04: Introdução ao Controle Estatístico do Processo

044 Aula 05: O Controle Estatístico de Processo

050 Aula 06: Introdução às Cartas de Controle

058 Aula 07: Gráfico de Controle Variáveis

065 Aula 08: Tipos de Gráfico de Controle Variáveis: Gráfico de


Controle X - R

084 Aula 09: Tipos de Gráfico de Controle Variáveis: Gráfico de


Controle X - S

091 Aula 10: Gráfico de Controle por Atributos Destinados a Itens


Defeituosos

104 Aula 11: Gráficos de Controle para Atributos/Defeitos

112 Aula 12: Gráfico de Controle I - MR

120 Aula 13: Inspeção por Amostragem: Conceitos Fundamentais

128 Aula 14: A Inspeção por Amostragem

134 Aula 15: Plano de Amostragem

140 Aula 16: Capacidade do Processo

5
Introdução
Num mundo globalizado, no qual os resultados das empresas devem trazer a maior
lucratividade possível, a gestão da qualidade tem sido um grande aliado nesse
processo, tendo em vista as diversas ferramentas que estão atreladas aos seus
preceitos.

O foco da gestão da qualidade deve ser a busca por acompanhar os resultados das
atividades desenvolvidas pelas empresas, sejam elas a produção de um bem ou a
prestação de serviços, os quais necessitam atingir níveis desejáveis das organizações,
atendendo não somente às expectativas dos seus clientes, mas também de todas as
partes interessadas.

Para se ter uma boa gestão de seus processos, diversas ferramentas e métodos
podem ser utilizados, em que a escolha da ferramenta ideal depende da situação e
etapa em que o processo se encontra.

As ferramentas escolhidas devem possuir como nalidade: de nição, mensuração,


análise e proposição de soluções para eventuais problemas, o que promove um
melhor acompanhamento e adequação dos processos com o objetivo de obter a
melhoria contínua.

Ainda, o uso de ferramentas adequadas para averiguar a adequação dos processos é


fundamental para auxiliar na obtenção de ações corretivas, tendo em vista que a
partir dessas ferramentas podem-se obter as potenciais causas dos desvios ocorridas
nos processos bem como promover uma tomada de decisão mais assertiva nas
organizações.

A tomada de decisão mais assertiva é, sem dúvida, e caz quanto aos processos que
estão bem de nidos nas organizações, nos quais os pro ssionais que atuam no seu
dia a dia os conhecem bem e sabem exatamente o que devem fazer. Isso torna mais
fácil a compreensão quanto processo também e está adequadamente formatado e
compreendido por todos, o que pode promover a busca contínua por oportunidades
de melhoria.

Neste livro, você vai estudar sobre o que é o CEP – Controle Estatístico do Processo e
algumas ferramentas que estão relacionadas com a qualidade.

Além de estudar sobre algumas ferramentas básicas da qualidade, também teremos


uma introdução ao CEP focando nos seus conceitos fundamentais.

6
Para alinhar com os conceitos estabelecidos, serão apresentados alguns grá cos de
controle por variáveis e capacidade do processo.

Também serão demonstrados os processos com dados autocorrelacionados e as


soluções do CEP relativos a estes dados.

Ainda, serão apresentados os esquemas CUSUM e EWMA, além dos grá cos de
controle por atributos e inspeção por amostragem.

Bom estudo a todos!

7
01

Conceitos e Definições

8
Nos dias atuais, a qualidade inserida ao produto ou serviço tem papel fundamental
quando se trata de competitividade no mercado. As empresas, cada vez mais,
precisam atender aos requisitos que o produto necessita, mas também aos
requisitos do cliente.

Para manter um padrão de qualidade, é necessário o auxílio de diversas ferramentas


que podem promover a busca pela melhoria contínua dos processos e, por
consequência, a obtenção da qualidade esperada.

Gestão de Qualidade
A preocupação com a qualidade não é algo novo e data de 2.150 a.C., quando a
qualidade, a durabilidade e a funcionalidade das habitações produzidas na época
eram levadas tão a sério, que se algum imóvel fosse negociado sem a solidez
necessária para sua nalidade e viesse a desabar, o negociador era punido com a
morte (Oliveira et al., 2009).

Ao longo desse tempo, algumas abordagens da qualidade foram se constituindo em


consenso, como citam (Paladini, 2006; Costa Neto; Canulo, 2010):

Abordagem transcendental, em que qualidade signi ca excelência inata, com


base em marcas e padrões de alto nível.
Baseada no produto, em que a qualidade é uma variável precisa e mensurável
proveniente dos atributos do produto.
Baseada no usuário, em que a qualidade deve estar em produtos ou serviços
que atendam às necessidades e aos desejos dos consumidores.
Baseada na produção, em que a qualidade é resultado do grau de
conformidade entre o planejado e o executado.
Baseada no valor, em que o trade-o entre qualidade e preço (custo-benefício)
deve ser aceitável ao consumidor.

De acordo com Pezzatto et al. (2008, p. 16), a existência de diferentes perspectivas


di culta de nir qualidade. Inicialmente, esta associava a conformidade às
especi cações, ou seja, a adequação aos padrões, passando em seguida para o
atendimento às necessidades dos clientes. Ainda, segundo os autores, nos dias
atuais, a qualidade representa não só a busca da satisfação dos clientes, mas a
satisfação de todo o público de uma empresa, bem como a excelência de seus
processos organizacionais.

9
Uma das de nições que se pode dar para qualidade, de acordo com Costa Neto e
Canuto (2010), é a da adequação a um conjunto de atributos ou elementos que
compõem um produto ou serviço, em que se incluem também a conformidade com
requerimentos, o grau de excelência, a adequação ao uso e ao propósito e à
inexistência de defeitos, imperfeições ou contaminação, e consumidores satisfeitos.

Devido ao aumento da competitividade, as empresas estão buscando a melhoria


contínua dos seus processos a m de obterem maior qualidade em seus produtos e
serviços, tendo em vista que, atualmente, o cliente está mais exigente e consegue
avaliar a qualidade de produtos com maior rapidez com o advento da internet. Assim,
as empresas se veem necessitadas em utilizar os conceitos e ferramentas da
qualidade para promoverem processos melhores.

Garantir a qualidade de produtos e serviços não é tarefa fácil, sendo necessária a


adoção de sistemas de gestão de qualidade, visto que esta não é mais um diferencial
e, sim, um requisito básico que permite melhorar a e cácia da gestão no ambiente
globalizado, comprometida com o atendimento às especi cações, à satisfação das
necessidades dos clientes e à melhoria contínua de todos os processos
organizacionais (Oliveira et al., 2009).

O sistema de gestão da qualidade é formado por um conjunto de


elementos interligados e integrados na organização que, coordenados,
trabalham para garantir que a política e os objetivos da qualidade sejam
cumpridos e alcançados, por meio de práticas padronizadas, logicamente,
inter-relacionadas com a nalidade de gerir uma organização e produzir
resultados.

A implementação do sistema de gestão da qualidade, além de contribuir para a


sobrevivência das organizações em ambientes competitivos, permite adequar
produtos e serviços às exigências do mercado; ampliar o universo de atuação,
estimulando o crescimento da organização; vencer barreiras comerciais; reduzir

10
custos globais e aumentar as margens de lucro; e melhorar o desempenho global da
organização com maior qualidade e produtividade tornando-a mais competitiva e
lucrativa (Pezzatto et al. (2018, p. 18).

Empresas certi cadas e que apresentam normas de qualidade têm grande diferencial
competitivo, além de uma imagem mais positiva diante de seus clientes e
fornecedores (Paladini, 2006).

De acordo com Pezzato et al. (2018, p. 19), a gestão da qualidade se baseia em oito
princípios:

Foco no cliente: as organizações precisam compreender as necessidades


atuais e futuras de seus clientes e se esforçarem para superar suas
expectativas.
Liderança: deve estar presente na organização e ser responsável pela
manutenção de um ambiente interno motivador, que envolva as pessoas em
torno do alcance de objetivos comuns.
Envolvimento das pessoas: como principal patrimônio de uma organização,
as pessoas necessitam estar envolvidas e utilizar suas aptidões em benefício da
organização.
Abordagem dos processos: para que os resultados desejados sejam
alcançados com e ciência, atividades e recursos devem ser geridos por
processos.
Abordagem da gestão como um sistema: os processos inter-relacionados
devem ser geridos como um sistema, para que a organização atinja os seus
objetivos com e cácia.
Melhoria contínua: deve ser uma preocupação constante, com avaliação
sistemática do desempenho global da organização.
A abordagem dos fatos: as decisões, para serem e cazes, devem se basear na
análise de fatos, dados, informações, etc.
Benefícios mútuos com fornecedores: as relações devem ser mutuamente
bené cas, criando valor para ambas as partes.

A gura 1 apresenta a inter-relação existente entre o conceito de qualidade, gestão


da qualidade e elementos que a compõem.

11
Figura 1 – Conceitos de qualidade, gestão da qualidade e seus elementos

Fonte: adaptado de Freitas (2009).

Avaliando a gura 1, é possível veri car que a gestão da qualidade (que é o processo
de coordenar o sistema de gestão) é dependente da qualidade (que envolve os
requisitos dos clientes e partes interessadas).

12
Custos da Qualidade
Diferentemente dos custos que estão relacionados com a Contabilidade, os custos da
qualidade estão relacionados aos processos. De acordo com Pezzatto et al. (2008, p.
20), mensurar os custos da qualidade é uma das variadas formas de avaliar o
desempenho de um sistema produtivo. Outras de nições também podem ser
apresentadas relacionadas aos custos da qualidade, como, por exemplo, segundo
Wernke (1998):

[...] os custos da qualidade são aqueles custos que não existiriam se o produto fosse
fabricado perfeito da primeira vez, estando associados com as falhas na produção,
que levam a retrabalho, desperdício e perda da produtividade (JURAN apud WERNKE,
1998, p. 53).

É importante destacar que os custos da qualidade estão relacionados com os


processos e, de acordo com Crosby (1986), se subdividem em custos de prevenção,
custos de avaliação e custos das falhas.

Custos de prevenção: aqueles referentes a todas as medidas utilizadas para


prevenir defeitos do design, somados a custos de desenvolvimento, mão de
obra, compras e outros aspectos relacionados ao início e à criação de um
produto ou serviço, incluindo também medidas preventivas e de cálculo,
realizadas durante o ciclo de negócio. Dentre os itens especí cos, podemos

13
citar estudos do design, quali cação do produto, veri cação dos desenhos,
exames de especi cações, treinamento para a qualidade, entre outros.
Custos de avaliação: são os custos que ocorrem na fase de inspeção, testes e
outras avaliações planejadas, visando a veri car se o hardware, o software ou os
serviços estão de acordo com os requisitos, que incluem as especi cações do
marketing e do cliente; documentos de engenharia e informações referentes
aos procedimentos e processos. Ressalta-se que todos os documentos que
descrevem a conformidade do produto ou serviço são relevantes. Dentre os
itens especí cos, destacam-se: a inspeção e o teste do protótipo; a análise de
conformidade com a especi cação da produção; a aceitação do produto; a
inspeção de embalagens; dentre outros.
Custos das falhas: referem-se às coisas que não estão de acordo com os
requisitos, incluindo o desempenho, a avaliação, a disposição e os aspectos dos
negócios com o consumidor dessas falhas, o material e a mão de obra
envolvidos na operação e a perda de credibilidade junto ao cliente. Dentre os
itens especí cos, destacam-se: os custos de ações corretivas; o retrabalho; o
risco do produto; a garantia; dentre outros.

Os custos com prevenção e avaliação são classi cados como custos de controle,
enquanto que as falhas internas e externas são os custos de falhas no controle,
conforme pode ser evidenciado na gura a seguir:

14
Figura 2 – Classi cação dos custos da qualidade

Fonte: Feigenbaum (1994).

15
Veja quais são os custos de qualidade que devem ser considerados pelas
empresas que buscam elevar a performance de seu produto ou serviço e
manter a competitividade no mercado.

Leia mais em:

Para Feigenbaum (1994), os custos da prevenção são aqueles que evitam que
defeitos e não conformidades ocorram e que incluem gastos para evitar que
produtos insatisfatórios sejam produzidos. Esses custos têm como nalidade
controlar a qualidade dos produtos, evitando gastos que resultam de erros no
sistema produtivo.

Os custos da avaliação são aqueles necessários para manter os níveis da qualidade


por meio de análises formais da qualidade do produto, incluindo gastos com
atividades para identi car unidades ou componentes defeituosos antes da remessa
aos clientes.

Os custos com falhas nos controles ocorrem em razão do não atendimento a


especi cações exigidas, em que os custos de falha interna são aqueles relacionados a
algum erro do processo produtivo (falha humana ou mecânica), encontrados antes
da transferência do produto ao consumidor, como materiais regulados, dani cados e
retrabalhados.

Já os custos de falhas externas são aqueles referentes aos custos da qualidade


insatisfatória, encontradas no produto após seu envio ao cliente, ou seja, custos que
poderiam ser evitados se não houvesse defeitos.

16
Nesse contexto, é possível de nir custos da qualidade como todas as despesas de
fabricação ou de serviço que excedam às despesas que, normalmente teríamos,
fabricando um produto ou prestando um serviço de forma perfeita, na primeira vez
(Mattos, 1997).

Figura 3 - Custos da qualidade

Fonte: Mattos e Toledo (1998).

Veri ca-se, então, que os custos da qualidade são a junção dos custos da prevenção e
custos de avaliação, que são chamados de inevitáveis, e os custos com falhas internas
e falhas externas chamados de evitáveis.

17
02

Ferramentas Básicas da
Qualidade: Folha de Verificação
e Diagrama de Pareto
18
Folha de Verificação
Nas organizações, entender quais são as demandas de seus processos é um fator
fundamental para o sucesso ou fracasso empresarial.

A folha de veri cação é uma ferramenta de fácil aplicação, e uma das mais
utilizadas na gestão da qualidade, correspondendo ao início de muitos controles de
processos (Losada, 2017, p. 14). A autora dita, ainda, que consiste em um
formulário planejado que facilita a coleta e análise de dados, gerando informação e
servindo como início da maioria dos controles de processos.

De acordo com Miguel apud Carpenedo (2014), a folha de veri cação corresponde
a uma planilha através da qual se pode coletar e agrupar dados de forma sistêmica,
registrando-os, uniformemente, facilitando a interpretação dos resultados.

De acordo com (Losada, 2017, p. 15), a folha de veri cação pode ser utilizada para
diversas situações e objetivos. Entre as motivações de sua recorrente utilização
podem-se citar:

Veri car quantas vezes um erro ocorre e onde;


Coletar dados que comprovem as causas de um defeito;
Analisar se a medida de um item está conforme o esperado, através das
amostragens;
Assegurar a execução correta de todas as etapas de um processo.

Os dados e informações coletadas em uma folha de veri cação podem


ser de diferentes tipos, como dimensionais (centímetros, metros, litros),
temporais (dias, horas, segundos), econômicos (como reais, dólares ou
outras moedas) e atributos (aprovado ou reprovado, conforme ou não
conforme), entre outros.

19
A seguir, é apresentado um modelo de uma folha de veri cação para classi cação
de um produto defeituoso.

Figura 4 – Exemplo de uma Folha de Veri cação

Fonte: Werkema apud Leonel (2008, p. 12).

Para elaborar a folha de veri cação, não é necessário um


modelo especí co, porém, recomenda-se considerar algumas
informações para garantir a e cácia do processo. Losada (2017,
p. 16) recomenda os seguintes itens para elaboração da folha de
veri cação:

1. De nir o objetivo da coleta de dados, respondendo às


seguintes questões:

20
a. Quais dados precisam ser coletados?
b. Os dados podem ser analisados por diversas óticas?
c. Como e quando os dados serão coletados?
d. Quem irá realizar as coletas de dados? Esta pessoa está
capacitada para isso?

2. Montar a planilha, com os campos para registros.

3. Dispor o documento com informações autoexplicativas para o


preenchimento.

4. Conscientizar os envolvidos na coleta, fornecendo as


orientações necessárias.

5. Testar o documento com um levantamento simulado.

6. Coletar os dados o cialmente.

21
Na indústria, dados registrados em folhas de veri cação ajudam a
entender se os produtos têm as especi cações exigidas. Por exemplo, é
comum folhas de veri cação para:

• Localização de defeito

• Contagem de quantidades

• Classi cação de medidas

• Existência de determinadas condições

• Tipos de reclamações

• Causas de efeitos

• Causas de defeitos

22
Diagrama de Pareto
O Diagrama de Pareto corresponde a um método grá co para apresentação
ordenada dos dados, considerando seu tamanho, relevância ou prioridade (Losada,
2017, p. 17).

A análise da curva da porcentagem acumulada pode ser útil para a de nição de


quantos tipos de defeitos devem ser atacados, para que seja possível atingir certo
objetivo de resultado (Rotondaro, 2002).

De acordo com Losada (2017, p. 17), “o princípio de Pareto tornou-se conhecido


pela proporção 80-20, sugerindo que o emprego de esforço sobre 20% das
variáveis pode representar 0% de sua representatividade”.

Para visualizar o Diagrama de Pareto, veja a gura a seguir:

Figura 5 – Exemplo de um grá co de Pareto para tipos de defeitos em capôs de


carro

Fonte: Ramos, Almeida e Araújo (2013, p. 17).

Segundo Losada (2017, p. 18), para elaborar o Diagrama de Pareto é necessário


seguir os seguintes passos:

Passo 1 – Coleta de dados: de nir o problema a ser investigado, utilizando uma


folha de veri cação para coleta de dados;

23
Passo 2 – Organização dos dados: dispor os dados em uma tabela em ordem
decrescente de categorias, conforme a gura 3 a seguir. Itens menos expressivos
podem ser agrupados na categoria “outros”, sendo informados sempre ao nal,
devendo esta categoria apresentar menor representatividade que as demais (caso
contrário, deve ser novamente avaliada, extraindo dela os itens mais expressivos);

Passo 3 – Cálculo dos percentuais por item: apurar a relação entre a quantidade de
um item e o total geral: percentual = quantidade do item X 100/total geral;

Passo 4 – Cálculo dos percentuais acumulados: somar, sucessivamente, os


percentuais, do primeiro até o último, até que totalizem 100%;

Passo 5 – Elaboração do grá co: traçar duas linhas verticais e uma horizontal entre
elas (conforme gura 2). O eixo vertical esquerdo corresponde às quantidades,
sendo graduado do zero até o total. O eixo vertical direito corresponde ao
percentual acumulado, sendo graduado de zero até 100%. O eixo horizontal
corresponde às categorias de dados, representadas por colunas devidamente
nomeadas, dispostas em ordem crescente da esquerda para a direita.

24
Figura 6 – Exemplo de uma planilha preliminar para elaboração do grá co de
Pareto

Defeitos Quantidade % Defeitos % Acumulado

Sujeira 32 45,71 45,71

Pintura 16 22,86 86,57

Risco 11 15,71 84,28

Galvanização 07 10,00 94,28

Deformação 02 2,86 97,14

Outros 02 2,86 100,00

Total 70 100,00 ------

Fonte: Ramos, Almeida e Araújo (2013, p. 17).

Nesse contexto, vê-se a simplicidade para identi car a relação de peças defeituosas
utilizando-se o Diagrama de Pareto.

25
03

Ferramentas Básicas da Qualidade:


Histograma, Diagrama de
Dispersão e Gráficos de Controle
26
Histograma
A realização de um produto ou serviço depende de uma série de etapas e fatores
que estão relacionados com o processo de fabricação. Esses fatores variam por
causas aleatórias, que são inerentes ao processo de fabricação, podendo ser
controladas e a outra é a causa atribuível que ocorre quando há uma mudança no
processo, como, por exemplo, a quebra de uma máquina.

O histograma apresenta a distribuição de frequência dos dados. Portanto, o


histograma é a representação grá ca de uma distribuição de frequência a partir de
retângulos justapostos, em que a base colocada no eixo das abscissas corresponde
ao intervalo das classes e a altura é dada pela frequência absoluta (ou relativa) das
classes (Ramos; Almeida; Araújo, 2013, p. 18).

Paladini (2000, p. 232) de ne o histograma como uma ferramenta na gestão da


qualidade:

Sua aplicação na gestão da Qualidade tem um número considerável de


utilidades. Inicialmente, exempli cam como se pode descrever, de
forma simples e e ciente, uma dada situação; estimulam o uso de
imagens como elementos básicos de descrição da realidade e induzem
as pessoas a utilizar visões globais dos processos para melhor
entendê-los. Dessa forma, sua aplicação tem re exos na concepção e
na implantação de processos gerenciais (PALADINI, 2000, p. 232).

Assim, tem-se que o histograma é uma ferramenta fundamental para ser aplicado
em Sistema de Gestão de Qualidade.

De acordo com Ramos, Almeida e Araújo (2013, p. 18), o histograma tem como
utilidades:

1. Comparar a distribuição dos dados com o padrão ou com limites de


especi cação;
2. Veri car a existência de dados dissociados dos demais dados;
3. Obter várias estatísticas da amostra (média, desvio padrão, etc.).

27
O histograma é usado para analisar a frequência de vezes que as
saídasmde um processo estão padronizadas, atendendo aos requisitos
estabelecidos e qual a variação que elas sofrem. Com os dados
dispostos, gra camente, o Histograma permite, facilmente, a
visualização de resultados históricos e a análise de evidências para a
tomada de decisão da variação de frequências de maneira visual.
Estude mais em:

De acordo com Losada (2017, p. 33), as seguintes etapas devem ser seguidas para
se construir um histograma:

Etapa 1: coleta dos dados: corresponde à etapa mais básica de qualquer processo
de controle ou análise, podendo ser realizada com o auxílio de outras ferramentas
da qualidade (como a folha de veri cação). Os dados coletados poderão
corresponder à totalidade das informações ou uma parte delas, denominada
amostra;

Etapa 2: determinação do número de classes: a de nição do número indicado de


classes costuma ser apurada através da obtenção da raiz quadrada da quantidade
total dos dados analisados, sendo resultado arredondado (um pouco para baixo),
no caso de números decimais, ou escolhido próximo deste resultado;

Etapa 3: determinação da amplitude dos intervalos das classes: a amplitude total


dos dados corresponde à diferença entre seu maior e o menor valor integrante.
Dividindo-se a amplitude total pelo número de classes, obtém-se a amplitude das
classes, também sendo arredondada, quando necessário. O primeiro intervalo será

28
iniciado no menor valor dos dados (que será seu limite inferior), e a ele será
somado o valor da amplitude do intervalo (determinando seu limite superior). O
valor dos limites interior e superior também pode ser ligeiramente arredondado.
Este processo é repetido, sucessivas vezes, até que o maior valor dos dados seja
atingido, formando a última classe;

Etapa 4: construção da tabela de frequência: nela, são informadas as classes e suas


amplitudes, e os dados são distribuídos de acordo com as mesmas, permitindo seu
agrupamento. Dependendo do volume de dados envolvidos, o agrupamento pode
ser feito de forma manual ou com o auxílio de recursos especí cos, que incluem
ferramentas como o Excel, entre outras;

Etapa 5: montagem do grá co: são traçados os dois eixos do grá co (x e y) e, com
base na tabela de frequência, são adicionadas suas informações. Sobre o eixo “y”
são informadas as xas de frequências, com o mesmo intervalo entre cada uma
delas (como de 5 em 5, 10 em 10 ou outro), sendo o maior valor correspondente ao
total dos dados, sobre o eixo “x” são adicionados os intervalos das classes (de
acordo com a tabela de frequência) e, então, desenhadas as colunas que
representam as classes e suas respectivas frequências (também conforme a
tabela).

Nesse contexto, vamos elaborar um histograma e, para tanto, considere a tabela


que simula a observação de dados dimensionais de um determinado produto.

Tabela 1 – Dados coletados, dispostos em ordem crescente (etapa 1)

Fonte: FERRAMENTAS...([200-?]).

29
Tabela 2 – Classes, amplitudes e limites (etapas 2 e 3)

Fonte: FERRAMENTAS...([200-?]).

Tabela 3 – Frequências (etapa 4)

Fonte: FERRAMENTAS...([200-?]).

30
Figura 7 – Histograma resultante (etapa 5)

Diagrama de Dispersão
O diagrama de correlação ou diagrama de dispersão é um grá co que permite
veri car a relação entre duas variáveis quaisquer de um processo. Normalmente,
as variáveis são denominadas X e Y, onde X é considerada a variável independente,
e Y a variável dependente (Ramos; Almeida; ARAÚJO, 2013, p. 21). Ainda, segundo
os autores, o grá co de correlação é bastante utilizado quando se quer saber a
relação linear entre um valor (causa) e a característica da qualidade (efeito), ou
entre fatores de um diagrama de Ishikawa relacionados a uma única característica
da qualidade.

Como exemplo, vamos considerar uma amostra aleatória das notas de Cálculo e
Estatística de 12 estudantes do curso de Engenharia Elétrica de determinada
universidade.

31
Tabela 4 – Grá co de dispersão

Fonte: Novaes e Coutinho (2009).

O objetivo do grá co de dispersão é avaliar se há uma relação entre o desempenho


de Cálculo e Estatística. Para tanto, é necessário traçar um grá co de dispersão
entre as variáveis. Vamos considerar que a variável X seja a nota de Cálculo e Y seja
a nota de Estatística. Assim, os valores associados à nota de Cálculo comporão as
coordenadas X e os valores associados à nota de Estatística comporão as
coordenadas Y no par ordenado (X,Y).

32
Figura 8 – Grá co de Dispersão

Fonte: Novaes e Coutinho (2009).

Com base no grá co de dispersão apresentado na gura acima, é possível veri car
que há uma relação entre as notas de Estatística e Cálculo, nas quais,
aparentemente, os alunos com maiores notas em Cálculo obtêm melhores notas
em Estatística e vice-versa. Nesse contexto, podemos a rmar que as variáveis são
correlacionadas.

Para Ramos, Almeida e Araújo (2013, p. 22), a relação entre as variáveis pode ser
classi cada, basicamente, em três tipos:

1. Correlação linear positiva;


2. Correlação linear negativa;
3. Ausência de correlação linear.

Segundo Crespo (2009, p. 147), podemos dividir os casos de correlação entre


variáveis em três:

33
Correlação linear positiva: quando o aumento da variável independente X implica
um aumento na variável dependente Y.

Correlação linear negativa: quando o aumento da variável independente X implica


uma diminuição na variável dependente Y.

Correlação não linear: quando parece ter algum tipo de relação entre as variáveis,
em formato de ‘curva’.

Figura 9 – Tipos de correlação

Fonte: Crespo (2009, p. 147).

34
O diagrama de dispersão permite a análise de duas variáveis
quantitativas, avaliando o comportamento de uma função da outra,
revelando a relação existente entre elas e sinalizando causas e efeitos.

35
04

Introdução ao Controle
Estatístico do Processo
36
Introdução ao CEP
Paladini (2012) e Slack et al. (2006) a rmam que a qualidade deve ser obtida no
processo produtivo, pois com o controle do processo podemos controlar a
qualidade na construção/fabricação do produto em vez de ser inspecionada no
nal, quando todos os custos estão auferidos ao produto e, consequentemente, o
prejuízo é maior.

Muitos dizem que a qualidade é um termo relativo e difícil de de nir, em função de


sua estreita relação com a percepção de quem a avalia (Pezzatto, et al., 2018, p.
218).

Ribeiro e Caten (2012, p. 5), ao citarem Taguchi, relatam que “[...] um produto ou
serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente às especi cações,
atingindo o valor alvo com a menor variabilidade possível em torno dele”.

Para Pezzatto et al. (2018, p. 218), “[...] se considerarmos que produtos/serviços, de


forma geral, são compostos por diversas características físicas ou de orientação
temporal, formam a extensa lista de fatores potencialmente impactados pelo
processo produtivo.

Apesar disso, estas variações precisam ser conhecidas, compreendidas e


controladas, para que seu impacto sobre o processo e seus resultados seja o
menor possível. E é, neste contexto, que surge o controle estatístico de processos
(CEP), constituindo-se como uma técnica estatística aplicada à produção (Pezzatto
et al., 2018, p. 219).

De acordo com Montgomery (2006), cada produto possui um número de


dimensões e características que através de suas combinações descrevem sua
adequação ao uso. Ainda, segundo o autor, esses elementos são conhecidos pelos
engenheiros como características da qualidade ou indicadores de desempenho, e
podem ter características:

Físicas: comprimento, largura, altura, peso, voltagem, amperagem,


viscosidade, etc.;
Sensoriais: gosto, aparência, cor, etc.;
Orientação temporal: con abilidade, manutenção, utilidade, durabilidade,
etc.

37
De certa forma, podemos considerar que as variações são naturais e inerentes a
qualquer processo, em maior ou menor grau de ocorrência e abrangência. Neste
sentido, é importante ter em mente que a variabilidade está presente em qualquer
processo, mesmo aqueles que geram produtos ou serviços de qualidade (Pezzatto
et al., 2018, p. 219).

Neste contexto, o objetivo do CEP consiste em tornar os processos menos variáveis


propiciando, assim, melhores níveis de qualidade a seus resultados. Utiliza a
estatística como meio para conhecer as características do processo, através de seus
resultados mensuráveis, e retornando-os ao processo na forma de parâmetros de
comportamento e estimativas (Losada, 2017, p. 110).

Lima et al. (2006, p. 178) descrevem a importância do CEP para os sistemas de


qualidades como:

A utilização de métodos estatísticos não garante a solução de todos os


problemas de um processo, porém é uma maneira racional, lógica e
organizada de determinar onde eles existem, sua extensão e a forma
de solucioná-los. Esses métodos podem ajudar na obtenção de
sistemas que assegurem uma melhoria contínua da qualidade e da
produtividade ao mesmo tempo.

Neste contexto, os métodos utilizados pelo CEP são fundamentais para auxiliar na
tomada de decisão quanto a possíveis desvios dos processos de produção.

Para Pezzatto et al. (2018, p. 220), o controle estatístico de processo consiste em


um sistema de inspeção por amostragem, que é aplicado ao longo do processo,
acompanhado da sua execução, a intenção de detectar a presença de variações
que possam interferir ou prejudicar o bom andamento do processo e seus
resultados.

38
Gráficos ou Cartas de Controle
Quando falamos em CEP, uma das representações grá cas mais conhecidas são as
cartas ou grá cos de controle, em que é possível analisar o comportamento do
processo em relação ao padrão preestabelecido bem como seus limites de
controle.

A gura a seguir mostra dois processos sendo que o primeiro se encontra sob
controle de acordo com os padrões estabelecidos. Já no segundo, é possível
veri car que o processo está fora dos limites de controle.

39
Figura 10 – Exemplo de grá cos de controle de processo

40
Fonte: Ribeiro e Caten (2012, p. 45).

Controle estatístico de processo é um método para controlar os


resultados de um uxo de produção por meio de indicadores que
garantam a qualidade do produto e que visa detectar a presença de
variações e suas origens, principalmente àquelas denominadas causas
especiais.

Causas Comuns e Especiais


Pezzatto et al. (2018, p. 221) a rmam que estas variáveis podem apresentar
diferentes origens, que são classi cadas entre causas comuns ou especiais.

Causas comuns: naturais e inerentes ao processo, que decorrem de pequenas


fontes de variabilidade, ocorrendo de forma aleatória e contínua, mesmo quando o
processo está em condições normais de operação;

Causas especiais: não naturais e de comportamento não aleatório, fazem com que
o processo saia de suas condições normais de operação (como erros de set up,
problemas com equipamentos ou ferramentas, lote de matéria-prima com
características muito diferentes).

De acordo com Montgomery (2004), um processo que apresenta apenas causas


comuns atuando é um processo estável ou sob controle, pois apresenta sempre a
mesma variabilidade ao longo do tempo. O autor ainda reforça que devido à
variabilidade inerente do processo, as medidas individuais de uma característica de
qualidade são diferentes entre si, mas quando agrupadas estas medições tendem a
formar um certo padrão estatístico, e quando o processo é estável, esse padrão
pode ser descrito por uma distribuição de probabilidade, como podemos ver na
gura a seguir.

41
Figura 11 – Padrão Estatístico de Causas Comuns

Fonte: Portalaction Disponível aqui

Erros de setup, problemas com equipamentos ou ferramentas, lote de


matéria-prima com características muito diferentes são exemplos de
causas especiais de variação.

Ao contrário das causas comuns, as causas especiais não seguem um padrão


aleatório, mas ocorrem de forma ocasional gerando uma fonte externa ou dentro
de um padrão estatístico. Muitas vezes, as causas especiais podem ser oriundas de

42
falhas de operação, o que pode fazer com que o processo que fora de seu padrão
natural. Assim, essas causas provocam alterações na forma ou na distribuição da
tendência central do processo. Veja a seguir o padrão aleatório de causas especiais
e identi cação de processo não previsível.

Figura 12 – Padrão aleatório de causas especiais e identi cação de processo não


previsível

Fonte: Portalaction Disponível aqui

43
05

O Controle Estatístico de
Processo
44
Implantação do CEP
Um ponto importante exposto por Paladini (2012) é que o CEP tem um enfoque mais
preventivo de resolução dos problemas do que a visão imediatista da gestão. Nesse
contexto, a implantação do CEP é de suma importância, pois com prevenção as
organizações podem reduzir seus custos.

Para se obter um bom desempenho de um processo, é importante realizar sua


projeção adequada da maneira que ele deve ser operado. De acordo com Ribeiro e
Caten (2012), o sistema de controle do processo é constituído de quatro elementos
fundamentais:

O processo em si: combinação de equipamentos, insumos, métodos,


procedimentos e pessoas, com o objetivo de gerar um resultado (ou efeito),
com a fabricação de produtos ou a prestação de serviços.
Informações sobre o processo: visam sinalizar o desempenho do processo,
sendo obtidas através do cruzamento de informações relacionadas à qualidade
das características do produto nal, características intermediárias e ajuste dos
parâmetros do processo.
Ações sobre o processo: baseadas na coleta de dados, aplicadas assim que
defeitos são detectados, permitindo atuação em momento e local adequados,
evitando que novas peças defeituosas sejam produzidas.
Ações sobre o produto nal: embora sejam orientadas para o passado (pois o
defeito já terá ocorrido), as inspeções sobre o produto nal impedem que
produtos defeituosos cheguem até o cliente.

Ações sobre processos podem envolver questões como controle de


matérias-primas, ajustes em parâmetros do processo, manutenção
periódica, treinamento de operadores, entre outras.

45
Ribeiro e Caten (2012) estabelecem que a implantação do controle estatístico de
processos costuma representar investimento de tempo e recursos, além de
mudanças na loso a da organização. Assim, é recomendável que sua implantação
observe os seguintes aspectos:

Não utilizar número excessivo de controles, evitando que o CEP se transforme


em uma atividade gargalo na produção;
Aplicar o CEP nas etapas prioritárias do processo (aquelas que mais impactam
a qualidade, sob o ponto de vista do cliente);
Associar o CEO a estratégias de ação (lembrando que coletar dados e não agir
é inútil e dispendioso, implicando no desperdício do tempo e recursos
investidos).

De acordo com Losada (2017, p. 116), a implantação do CEP pode ser dividida nas
seguintes fases:

Planejamento para implantação: é recomendável que esta fase conte com a


participação de colaboradores da área de produção (visando ampliar seu
comprometimento com o sistema) e que nesta sejam investidos,
adequadamente, tempo e esforço, procurando reduzir a necessidade de
alterações posteriores à implantação.
Treinamento em controle estatístico de processo: deve ser, necessariamente,
aplicado antes da implantação efetiva, visando que todas as pessoas da
empresa sejam capazes de interpretar os dados coletados no CEP;

46
Implantação efetiva: composta por duas subetapas que correspondem ao
início do monitoramento e ao cálculo dos limites de controle;
Acompanhamento e consolidação: envolvem três subetapas, que
correspondem à avaliação da sistemática de ação, análise da estabilidade dos
processos e análise da capacidade dos processos. Inclui, ainda, a avaliação dos
resultados obtidos através da implantação do CEP, e a identi cação de
melhorias futuras dela advindas.

Inicialmente, defendemos que o CEP somente tem chances de ser


implantado, adequadamente, em um ambiente onde as barreiras e os
paradigmas sejam facilmente quebrados, nas quais haja compromisso
gerencial efetivo, a importância dos clientes reconhecida e que outros
aspectos fundamentais à implantação de uma metodologia de trabalho
sejam também relevados. Leia em:

Ribeiro e Caten (2012) reforçam a importância no que tange à fase de planejamento


da implantação do CEP, sendo uma etapa de grande relevância, pois estes serão os
processos sobre os quais o CEP será desempenhado.

Para Pezzatto et al. (2018, p. 226), na etapa de planejamento é necessário de nir


também:

Características de qualidade relevantes para o cliente;


Processos nos quais estas características são construídas;
Variáveis a serem controladas em cada um dos processos;
Capacidade do sistema de medição;

47
Responsáveis pela ação (no caso de o sistema sinalizar descontrole);
Ações a serem tomadas (também no caso de descontrole).

Pezzatto et al. (2018, p. 226) ainda sugerem a seguinte sequência de etapas, devido à
importância da adequação e de nição dos pontos já estabelecidos para o sucesso da
implantação do CEP.

Desdobramento da qualidade: permite o estabelecimento de relações entre a


qualidade demandada pelo cliente e os processos responsáveis pelo
atendimento desta demanda.
Desdobramento dos processos: permite associar características de qualidade
do produto nal a parâmetros ou características do processo, auxiliando na
identi cação de fatores críticos.
Direcionamento das ações: momento em que se concretiza o planejamento
das melhorias que serão adotadas para reforçar o sistema de qualidade
existente.
Identi cação dos postos de controle: locais físicos onde serão monitorados
parâmetros e características de qualidade (atributos e variáveis), associados e
etapas críticas do processo.
De nição de critérios de classi cação dos produtos: funcionam como uma
espécie de ltro, a ser utilizado, posteriormente, na análise gerencial das cartas
de controle.
De nição dos parâmetros e características de qualidade do processo:
separação das variáveis e atributos em dois conjuntos – os que quali cam o
processo (parâmetros) e os que quali cam o produto nal (características de
qualidade).
De nição do procedimento de coleta de dados: envolve questões como tipo de
carta de controle, tamanho da amostra, frequência de amostragem, forma de
registro e sistema de medição a ser utilizado.
Avaliação do sistema de medição: veri ca a capacidade do sistema de medição
e sua variância de medição.
De nição da documentação necessária: elaboração de planilhas de coleta de
dados e registro de ocorrência de causas especiais, que serão utilizadas nos
postos de controle.

Considerando as diversas etapas e demandas que envolvem a implantação do CEP,


em muitos casos, pode-se utilizar o apoio de ferramentas computacionais
especializadas, que podem promover maior agilidade na obtenção das cartas de

48
controle, onde os dados podem ser organizados em formato de banco de dados, o
que pode ajudar nas demandas futuras e tomada de decisão.

Após a implantação, um ponto que deve ser avaliado ao CEP é que ele está
diretamente ligado à estatística e também à probabilidade. Paladini (2012) descreve
que a estatística em que devemos buscar conhecimentos é a estatística descritiva,
relembrando o seu conceito: é a que se refere a procedimentos que resumem e
apresentam dados quantitativos, principalmente, servindo para revelar
características da distribuição de dados analisados.

49
06

Introdução às Cartas de
Controle
50
Controlar o processo de produção é de suma importância para as organizações,
tendo em vista a necessidade de se fazer um produto da forma correta desde a
primeira vez evitando, assim, os custos envolvendo a qualidade e satisfazendo aos
requisitos de clientes. Para obter um nível de qualidade nos processos, é
importante a utilização de ferramentas que promovam a melhoria contínua desses
processos e as Cartas de Controle são fundamentais.

De acordo com Pieritz (2017, p. 48), analisando os processos produtivos, podemos


indicar o que causa a produção de itens defeituosos e, em sua maioria, pode ser
proveniente de:

Variação na matéria-prima;
Condições do equipamento;
Ferramental;
Métodos de trabalho;
Mão de obra;
Processo industrial, etc.

Para promover uma relação bem-sucedida com o processo, é importante identi car
quais informações devem ser utilizadas para facilitar a identi cação de possíveis
desvios na produção. Ribeiro e Caten (2012, p. 8) descrevem que as informações
devem ser obtidas a partir do estudo cruzado dos itens a seguir:

A qualidade das características do produto nal;


Qualidade das características intermediárias; e
Ajustes dos parâmetros do processo.

Um processo sem controle ocasionará um custo enorme para a empresa, a qual


terá que arcar com as suas consequências (custo de não qualidade, perda de
clientes, fechamento de unidades, etc.). As cartas de controle são o primeiro passo
para as empresas melhorarem os seus resultados (Pieritz, 2017, p. 73).

51
Processo de Elaboração de uma
Carta de Controle
As cartas de controle (CC) têm, geralmente, um padrão de de nição estatístico, o
qual é de nido por uma faixa de controle que denominamos de limites de controle,
que compreendem uma linha superior, denominada como limite superior de
controle (LSC), e uma linha inferior chamada de limite inferior de controle (LIC),
além de uma linha central referencial chamada de limite central (LC) (Pieritz, 2017,
p. 75).

O grá co a seguir demonstra o padrão de desenho de uma carta de controle.

Grá co 1 – Padrão de desenho de uma carta de controle

Fonte: Pieritz (2017, p. 75).

Para estabelecer a carta de controle, existem elementos que a compõe, de acordo


com o grá co a seguir.

52
Grá co 2 – Elementos que compõem uma carta de controle

Fonte: Pieritz (2017, p. 76).

De acordo com Pieritz (2017, p. 76), o signi cado de cada um dos pontos
identi cados no grá co é:

1) Medida: é o elemento central da carta de controle, ou seja, são as dimensões


coletadas de nosso processo e podem ser classi cadas por dois grandes grupos,
que são:

Medida Variável: se a característica a ser controlada for expressa como um


número em uma escala contínua de medida. São exemplos de características
da qualidade mensuráveis: peso, dimensão, volume, pH, dureza, etc. São
denominadas variáveis, devido à sua escala contínua de medida. Estes
grá cos são chamados de cartas de controle por variáveis (CCV).
Medida por Atributos: muitos processos não possuem características que
possam ser medidas em uma escala contínua, muitas vezes, nem em escala

53
quantitativa, temos que contar o número de defeitos existentes no
produto/processo, ou ainda, se o processo é conforme ou não conforme,
logo, podemos entender como características que são comparadas com um
padrão/especi cação assumindo, assim, apenas valores discretos. São
exemplos de medições por atributos: existência de manchas na peça;
continuidade de uma costura; número de atendimentos por hora; número de
reclamações por hora; número de ligações do telemarketing por hora;
número de acidentes por hora, etc. Conforme Paladini (2012), as medições
são realizadas via inspeção visual, calibradores passa não passa, painéis de
testes, dentre outros meios. Estes grá cos são chamados de cartas de
controle por atributos (CCA).

2) Eixo Y – Abscissa com as dimensões da característica controlada.

3) Eixo X – Abscissa com as especi cações da amostra ou tempo de análise.

4) LC ou LM – Linha (Limite) de Controle ou também conhecido como linha média


da medição.

5) LIC ou LMIN – Limite Inferior de Controle ou Limite Mínimo de Controle (LC +


3σ).

6) LSC ou LMAX – Limite Superior de Controle ou Limite Máximo de Controle (LC -


3σ).

7) Linhas que unem dois pontos consecutivos do grá co. Auxiliam para entender e
analisar os grá cos de controle.

8) 3σ – Três desvios padrões. Geralmente, é o valor que utilizamos para de nir a


variação (ou tolerância) da dimensão de controle (LM) com o LIC e o LSC.

9) ZONA I – É a zona de dimensões que estão dentro do padrão especi cado.

10) ZONA II – É a zona de dimensões que ultrapassaram os limites de controle


(estão fora do padrão especi cado).

54
Passos para Elaboração de uma
Carta de Controle
Para elaborar uma carta de controle é necessário seguir alguns passos e vários
autores estabelecem uma sequência básica para a sua montagem, como, por
exemplo, Paladini (2012), Ribeiro e Caten (2012), e Montgomery (2004), sendo:

1. Conscientização e treinamento dos funcionários envolvidos no processo,


tanto operacionais quanto gestores.
2. De nição e descrição do processo.
3. Escolher as características da qualidade/dimensões a serem controladas.
4. De nição de ferramentas de medição adequadas para as dimensões a serem
controladas.
5. Escolha dos pontos do processo em que serão efetuadas as medições.
6. De nir formulário de controle.
7. Escolha do tipo de grá co a ser utilizado conforme o processo e dimensões
controladas.
8. Coleta de dados.
9. Escolher os limites de controle conforme projeto do processo.
10. Calcular a linha central e os limites de controle (que podem ser diferentes
dos especi cados).
11. Observação do estado (estabilidade) do processo mediante interpretação
dos grá cos.
12. Determinação da capacidade do processo após ser atingido o estado de
controle.
13. Acompanhamento contínuo.
14. Gestão do processo e ajustes de processo quando necessário.

55
É importante destacar que se os limites calculados estão dentro dos
limites estabelecidos para o processo, então, eles estarão sob controle.
No entanto, se os limites calculados estiverem fora dos limites
especi cados no processo, então, é necessário ajustá-los a m de trazer
os limites calculados para dentro do controle.

O grá co a seguir demonstra as situações em que os limites calculados se


encontram dentro do processo estabelecido e quando eles não estão atendendo às
especi cações.

Grá co 3 – Limites calculados versus limites de projetos

Fonte: Pieritz (2017, p. 79).

56
Considerando o grá co apresentado, podemos veri car que pode ocorrer que os
LSC e os LIC calculados quem além dos limites estabelecidos pelos limites do
projeto. Isso indica que o processo não se encontra em conformidade com as
especi cações e, nesse caso, é necessário realizar um ajuste para trazê-lo para os
limites do projeto. Outro ponto pode ser a realização da revisão dos limites
de nidos no projeto.

57
07

Gráfico de Controle
Variáveis
58
Os grá cos de controle para dispersão do processo têm como objetivo principal o
monitoramento da variabilidade dentro da amostra. Quando se constroem grá cos
de controle para dispersão do processo, tem-se que decidir, primeiramente, se o
grá co é para detectar mudanças em ambas as direções ou se somente em uma
direção (Ramos; Almeida; Araújo, 2013, p. 54).

Gráfico de Controle para Variáveis


O estabelecimento do grá co de controle tem como objetivo realizar uma análise
grá ca para veri car se o processo está sob controle e avaliar, quando for o caso,
suas possíveis variações.

Uma medição (por exemplo = 16,54) contém muito mais informação


do que a simples classi cação da peça como “dentro ou fora de
especi cação”. Obter um valor medido é mais caro do que
simplesmente classi car uma peça como boa/ruim. Contudo, as
medições fornecem mais informações e, portanto, exigem uma
amostra menor. Assim, o custo total de amostragem pode ser menor
(RIBEIRO; CATEN, 2012, p. 30).

De acordo com Siqueira (1997, p. 9), uma carta ou grá co de controle “é um


registro grá co da qualidade de uma característica particular de um produto”. Já
para Ramos, Almeida e Araújo (2013, p. 53), os grá cos de controle para variáveis
são ferramentas cujo processo de construção e implementação se destina ao
controle de processos e que “considera como variável toda característica da
qualidade que seja numérica”.

Para Pezzatto et al. (2018, p. 246), através da aplicação dos grá cos de controle
para variáveis torna-se possível detectar e, também, distinguir estas variações que
podem ser comuns ou especiais focando, principalmente, na detecção das causas
especiais.

Ainda, segundo os autores, que esse controle é feito a partir da determinação de


limites de controle, que correspondem a valores de referências aos quais os dados
relativos ao processo são comparados. No grá co, estes limites são representados
por linhas, uma localizada ao centro (que sinaliza o valor de referência), e outras
duas, uma acima e outra abaixo desta linha central (que representam os limites
superior e inferior), conforme pode ser veri cado na gura a seguir:

59
Figura 13 – Exemplo de um grá co de controle

Fonte: Siqueira (1997, p. 10).

Considerando a carta X no exemplo da gura 10, o eixo horizontal “x” corresponde


aos subgrupos ou amostras e o eixo vertical “y” representa a variável que está
sendo controlada. Ainda, no cruzamento entre os eixos são apontados os valores
apurados de “y” em cada “x”.

Grá cos de controle têm o objetivo de determinar limites que permitem


veri car se o processo está sob controle, sendo isentos de causas
especiais. Variáveis são características da qualidade que sejam
numéricas.

De acordo com Siqueira (1997), entre as principais funções ou nalidades dos


grá cos de controle para variáveis, podemos considerar:

Manter o estado de controle estatístico estendendo a função dos limites de


controle como base de decisões;

60
Mostrar evidências de que um processo esteja operando em estado de
controle estatístico e dar sinais de presença de causas especiais de variação
para que medidas corretivas apropriadas sejam aplicadas;
Apresentar informações para que sejam tomadas ações gerenciais de
melhoria dos processos;
Neste contexto, entre os principais benefícios promovidos a partir da
aplicação dos grá cos de controle para variáveis, podemos citar:

Informações para melhoria do processo;


Aumento na porcentagem de produtos capazes de satisfazer aos requisitos
do cliente;
Diminuição do retrabalho que, consequentemente, reduz também os custos
de fabricação.

Processo de Construção do Gráfico


de Controle
Para construir e implantar o grá co de controle para variáveis, é necessário seguir
algumas etapas que, de acordo com Pezzatto et al. (2018, p. 248), são:

Seleção da característica da qualidade a ser controlada: deve ser mensurável


e capaz de ser expressa em números (como comprimento, massa, tempo ou
outra unidade análoga), priorizando aquelas que afetam a performance do
produto;
De nição da amostra: nesta etapa, os itens constituintes dos subgrupos são
selecionados, sendo retirados da população por meio de métodos
apropriados. Para a de nição do tamanho e número de subgrupos não
existe uma regra única a ser seguida, mas alguns fatores podem ser
considerados;
Coleta de dados: geralmente, realizada com a utilização de formulários pré-
de nidos, em que os dados colhidos são registrados, sendo dispostos de
forma organizada, de maneira a facilitar a geração de informações;
Determinação do valor central e limites de controle: com a aplicação de
fórmulas apropriadas e especí cas para cada tipo de grá co;

61
Revisão do valor central e limites de controle (quando necessário): realizada
quando e enquanto o processo se mostra fora de controle, visando detectar
as variações especiais e removê-las da análise, permitindo a construção de
limites baseados em um processo estável;
Análise dos grá cos: realizada na intenção de visualizar o comportamento do
processo, detectando sinais de causas especiais de variação e processo fora
de controle, correspondendo a uma importante etapa.

Pezzatto et al. (2018, p. 249) ainda a rmam que:

Na etapa de revisão do valor central e limites de controle do grá co, os


pontos que ultrapassarem os limites devem ser descartados (pois
representam causas especiais de variação), e nova apuração deve ser
realizada, devendo ser repetida várias e sucessivas vezes, até que
restem apenas pontos dentro dos limites.
A aplicação desta etapa de revisão dos limites de controle é realizada,
principalmente no momento inicial da implantação do controle de
processos, quando estes costumam exibir maior variação, originadas
de causas comuns ou especiais. Durante este período, os limites de
controle apurados corresponderão a valores provisórios, a serem
utilizados como referência enquanto ainda não houver um histórico
longo o su ciente para estabelecer limites mais efetivos, obtidos por
meio de sucessivas análises do processo ao longo do tempo, conforme
este vai amadurecendo. Isso demonstra que os limites de controle são
periodicamente atualizados, conforme os resultados históricos
evoluem (PEZZATTO et al., p. 249).

Nesse contexto, quando utilizamos o grá co de controle por variáveis, é importante


saber que não basta fazer uma análise para se obter o controle do processo, mas é
necessário realizar o controle periodicamente.

62
Quando analisamos uma característica da qualidade que é uma
variável, em geral, controlamos o valor médio da característica da
qualidade e sua variabilidade. O valor médio é controlado através do
grá co da média denominado grá co x ̅. Enquanto que a variabilidade
do processo pode ser acompanhada através do grá co do desvio
padrão denominado grá co S ou o grá co da amplitude denominado
grá co R.:

Somente quando o processo está sob controle, os limites obtidos passam a ser
utilizados como instrumento para o monitoramento do processo. Com base nas
informações obtidas, e a partir dos pontos fora dos limites, o gestor deve realizar
as análises para promover as ações necessárias para satisfazer aos requisitos que
envolvem o processo.

É importante destacar que a tomada de decisão deve ser realizada com


base nos fatos obtidos e não em suposições. Para isso, o grá co de
controle por variáveis é uma ferramenta que auxilia na análise das
causas inerentes ao processo e podem promover uma decisão mais
assertiva para sua solução.

63
Para Pezzatto et al. (2018, p. 250), a aplicação desses grá cos permite testar o
processo, sinalizando a ocorrência de causas especiais, fornecendo bases para o
diagnóstico e de nição de ações de melhoria, na intenção de promover o estado de
controle do processo.

Com os grá cos construídos, o gestor pode realizar a análise para veri car como o
processo está se comportando com as variáveis envolvidas. De acordo com
Siqueira (1997, p. 47), nesta etapa, a observação de alguns critérios pode auxiliar,
correspondendo a indícios de processo sob controle:

Cerca de dois terços dos pontos situam-se próximos à linha central;


Poucos pontos cam juntos aos limites de controle;
Ocorre a distribuição balanceada dos pontos, abaixo e acima do valor
central;
Nenhum ponto situa-se além dos limites de controle.

64
08

Tipos de Gráfico de Controle


Variáveis: Gráfico de
Controle X - R
65
Os grá cos de controle são fundamentais para auxiliar no monitoramento dos
processos e na tomada de decisão, mas é importante saber qual grá co deve ser
utilizado.

De acordo com Siqueira (1997), os grá cos de controle para variáveis mais
utilizados são:

Carta X: destinada ao estudo da média dos dados;


Carta R: destinada ao estudo da amplitude dos dados, também denominada
range ou dispersão, medindo a variabilidade do processo;
Carta S: destinada ao estudo do desvio padrão, igualmente relacionada à
veri cação da variabilidade do processo.

Para Pezzatto et al. (2018, p. 250), quando os subgrupos apresentam tamanhos


pequenos (geralmente menor ou igual a dez itens), a demonstração grá ca
promovida pelas cartas R e S são bastante semelhantes. Contudo, conforme o
tamanho do subgrupo aumenta, a carta S é geralmente utilizada em substituição à
carta R, por ser mais apropriada, quando a amostra analisada apresenta número
mais elevado de itens.

Replicata: valor obtido executando-se o procedimento completo de um


método de ensaio, em que cada replicata é, preferencialmente, um
resultado de ensaio independente (pode ser a medição da peça).

Subgrupo: conjunto de replicatas utilizado para analisar o desempenho


de um processo. Por exemplo: dez conjuntos de resultados
(dados/medições) contendo (cinco) replicatas (é a medição em si)
implica que a quantidade de subgrupos (m) é 10 e que o tamanho da
replicata (n) é 5 (Oliveira et al. 2013, p. 8).

Sobre a de nição do tamanho e número de subgrupos, Siqueira (1997) relata que


não existe uma regra xa a ser aplicada na construção das cartas de controle.

66
[...] o tamanho da amostra também pode ser de nido por meio da
aplicação de alguns passos, que incluem a análise combinada de
diversos fatores. Um deles consiste na veri cação de uma tabela, em
que o tamanho do lote é associado ao nível de inspeção (geral ou
especial) e ao regime de inspeção (normal, severa ou atenuado) a
serem empregados. Esta combinação geral é um código literal, que é
utilizado na aplicação de outras tabelas, onde é possível veri car a
recomendação do tamanho da amostra para cada caso. PEZZATTO et
al. (2018, p. 251).

Na tabela 5, é possível veri car que a segunda coluna corresponde ao total de itens
a serem inspecionados para cada faixa de tamanho de lote, conforme segue:

Tabela 5 – Tamanho da amostra (Norma NBR-5429, normal, nível IV, método do


range).

Fonte: Siqueira (1997, p. 14).

De acordo com Pezzatto et al. (2018, p. 252), a carta X é geralmente utilizada em


conjunto com uma das demais, tendo em vista que suas funções se
complementam. Os autores ainda relatam que, assim, na aplicação das cartas de

67
controle para variáveis elas são normalmente apresentadas em duplas, como:

Carta X e R ou grá cos para média e amplitude.

Nesse contexto, a análise dos dados pode ser facilitada quando os grá cos são
colocados um embaixo do outro.

Gráfico para Média e Amplitude


(X̄ − R)

A função dos grá cos para média e amplitude é identi car qualquer evidência de
que a média do processo e sua dispersão estejam operando fora dos níveis de
estabilidade. A existência de um ou mais pontos fora dos limites de controle (seja
no grá co X ou R) indica que o processo não está sob controle estatístico (Pezzatto
et al. (2018, p. 253).

De acordo com Pieritz (2017, p. 88), considerando que uma característica que
pretendemos controlar possua uma distribuição norma e a sua média µ e o seu
desvio padrão σ e seja nito, sendo ambos conhecidos, logo, se tirarmos amostras
de tamanho n dessa população teremos que:

A distribuição das médias amostrais será normal e a sua média será dada
por μX̄ = μ (1)

E o seu desvio padrão por:

ρ
σX =
√n

Assim, o intervalo com (1 − % de con ança para a média amostral é dada por:

)
2

p
μ ± Zα
2
√n

Temos da estatística, em relação à curva normal, que Zα corresponde ao valor da


2

distribuição normal padrão com determinado nível de signi cância α e para α =


0,3% temos o limite de 3σ.

68
Consideremos o seguinte exemplo dado por Pieritz (2017, p. 89), onde
considerando a linha de produção de um eixo, a mesma tem um diâmetro crítico,
que deverá possuir a dimensão de 38 mm ± 0,5 mm. Os engenheiros estão
querendo implantar uma carta de controle X̄ - R e retiraram (mediram) 80
amostras, separadas em 20 subgrupos com quatro replicatas cada, as quais estão
apresentadas na tabela a seguir:

69
Tabela 6 – Dados de medição do diâmetro do eixo

70
Fonte: Pieritz (2017, p. 90).

Analisando a tabela e considerando a observação apresentada, em que precisamos


ter uma amostra mínima de 20 a 25 elementos e as medições/dados precisam
estar dentro dos limites estipulados, temos a tolerância especi cada pela
engenharia de 38 mm +- 0,5 mm, logo, concluímos que o processo não está sob
controle, portanto, não poderemos considerar estes dados para dimensionar a
carta de controle, pois temos diversas medições que extrapolam o limite, observe a
tabela a seguir:

71
Tabela 7 – Identi cação dos dados de medição do diâmetro do eixo fora da
tolerância especi cada

72
Fonte: Pieritz (2017, p. 91).

Poderíamos, na condição apresentada, retirar as amostras que extrapolaram


limites de tolerância e fazer os cálculos só com os dados que sobraram, mas no
exemplo acima, há muitos dados que fugiram do padrão (tolerância especi cada),
logo, o ideal será a engenharia e os responsáveis da produção ajustarem
novamente o equipamento e retirar novas amostras para desenvolver os trabalhos
com dados mais con áveis. Esse procedimento foi realizado em nosso exemplo e
as novas medições estão apresentadas na tabela a seguir.

73
Tabela 8 – Novos dados de medição do diâmetro do eixo

74
Fonte: Pieritz (2017, p. 92).

Analisando os novos dados, agora, veri camos que os pré-requisitos para


dimensionamento da carta de controle são atendidos, ou seja, uma amostra
mínima de 20 a 25 elementos e as medições/dados precisam estar dentro dos
limites estipulados.

Nesse contexto, conforme Oliveira et al. (2013, p. 24), há algumas considerações


relacionadas à estatística, onde

As dimensões das amplitudes e dos desvios padrão não são normais,


embora tenham sido consideradas aproximadamente normais na estimação
das constantes para o cálculo dos limites de controle.
Outra pressuposição para o uso de cartas de controle X e R (média e
amplitude ou X e s (média e desvio padrão) é que a variabilidade das
medidas permaneça constante e aceitável. Esta suposição é veri cada por
meio da carta de controle de amplitude (carta R) ou de desvio padrão (carta
s). Por isso, os grá cos X devem ser implementados simultaneamente com R
ou s. As cartas X e R são utilizadas em subgrupos que possuem número de
replicatas entre 2 e 9. Na prática, este número situa-se entre 4 e 6
geralmente.
À medida que o tamanho do subgrupo aumenta, a sensibilidade da
amplitude como estimador do desvio padrão do processo diminui. Assim, a
carta X e s é mais adequada do que a carta X e R quando o número de
replicatas é maior ou igual a 10. Se a carta de controle de amplitudes for
usada quando n=10 replicatas, toda informação da amostra compreendida
entre os dois valores extremos será ignorada.

Cálculo dos Limites de Controle


para os Gráficos X̄ − R
Para a elaboração dos grá cos de controle de X̄ – R, podem existir em duas
situações: quando valores de referência não são conhecidos, e quando eles são
conhecidos.

75
De acordo com Pieritz (2017, p. 93), suponhamos que há m subgrupos de medições
e cada uma com n replicatas da característica que está sendo controlada. Sejam
X̄1, X̄2, X̄3, ..., X̄m os valores das médias calculadas das replicatas de cada
¯
¯¯¯¯

subgrupo, assim se calcula um estimador de µ, conhecido como ou como a


¯¯
¯¯¯
X

média do processo, e é dado pela equação:

¯
¯¯¯¯ ¯
¯¯¯¯ ¯
¯¯¯¯ ¯
¯¯¯¯
¯
¯¯¯¯
¯¯
¯¯¯
X 1 + X 2 + X 3+. . . +X m
μ ≅X =
m

¯
¯¯¯¯

é igual a LC, ou seja, a linha de controle de nosso grá co de controle da média.


¯¯
¯¯¯
X

¯
¯¯¯¯
¯¯
¯¯¯
X = LC

Para se obter a estimativa do desvio padrão, podemos calcular as amplitudes dos


m subgrupos, com as n replicatas, que é dado pela equação:

R = XM AX − XM I N

E o melhor estimador de R pode ser dado por:

R1 + R2 + R3 + … + Rm
R̄ =
m

R̄ é igual a LC, ou seja, a linha de controle do nosso grá co de controle do R.

R̄ = LC

Para calcular LSC e LIC, é necessário mais alguns valores que advêm do estimador
de σ que é: , em que d2 se obtém da tabela apresentada no Anexo 1, a qual está

d2

disponível a ISO 8258, e está relacionada ao número de replicatas utilizadas na


coleta de dados.

Considerando a equação

p
μ ± Za
2
√n

já apresentada e considerando Z a = 3 , conseguimos de nir os limites de controle


2

do grá co X̄ com a equação:

LC = μ = (X̄)

76
¯
¯¯¯
¯
¯¯¯¯
σ ¯¯
¯¯¯
R
LSC = μ + 3 = X + 3
√n d2 √ n

¯
¯¯¯
¯
¯¯¯¯
σ ¯¯
¯¯¯ R
LI C = μ − 3 = X − 3
√n d2 √ n

Buscando facilitar o cálculo, encontramos o valor de que é representado no


3

d2 √ n

Anexo 1, e é conhecido como A2, gerando as seguintes fórmulas para os limites de


controle:

¯
¯¯¯¯
¯¯
¯¯¯ ¯
¯¯¯
LSC = X + A2 R

¯
¯¯¯¯
¯¯
¯¯¯ ¯
¯¯¯
LI C = X − A2 R

Todos os dados para a montagem da carta de controle de X̄ estão dispostos,


porém, ainda falta estimarmos a carta de controle de R.

LSC = D4 R̄

LI C = D3 R̄

Exemplo:

Vamos exempli car, considerando ainda a linha de produção do eixo, e a dimensão


do diâmetro crítico, que deverá possuir dimensão de 38 mm ± 0,5 mm, mas, neste
exemplo, vamos considerar que já é uma linha de produção existente e precisamos
implantar a Carta de Controle de X̄ – R. Os engenheiros mediram a peça e tiraram
80 amostras em 20 subgrupos com cinco replicatas em cada, e os dados levantados
estão apresentados a seguir:

77
Tabela 9 – Dados de medição do diâmetro do eixo em processo existente

Fonte: Pieritz (2017, p. 92).

78
Na tabela 9, são apresentados os 20 subgrupos (m = 20), com as cinco replicatas
(medições / n = 5). Estes levantamentos estão apresentados nas primeiras seis
colunas da tabela.

Na tabela já consta o cálculo das médias de cada subgrupo com a média X̄ e


amplitude R. Veja, a seguir, como foram realizados os cálculos:

n=5
∑ Xn 37, 6 + 38, 5 + 38, 4 + 37, 9 + 38, 3
n=1
X̄ = = = 38, 1
n 5

R = XM AX − XM I N = 38, 5 − 37, 6 = 0, 9

Na tabela a seguir, demonstramos onde está localizada a amplitude R, conforme


cálculo realizado acima. O cálculo da média e amplitude deve ser realizado para
todos os demais subgrupos.

Tabela 10 – Amplitude R

Fonte: Pieritz (2017, p. 92).

Agora, utilizando-se as fórmulas, temos:

Carta de controle de X̄

¯
¯¯¯¯
¯¯
¯¯¯
LC = μ = X

¯
¯¯¯¯
¯¯
¯¯¯ ¯
¯¯¯
LSC = X + A2 R

¯
¯¯¯¯
¯¯
¯¯¯ ¯
¯¯¯
LI C = X − A2 R

Cartas de controle de R

LC = R̄

LSC = D4 R̄

79
LI C = D3 R̄

¯
¯¯¯¯ ¯
¯¯¯¯ ¯
¯¯¯¯ ¯
¯¯¯¯
¯
¯¯¯¯
¯¯
¯¯¯ X1 + X2 + X3 + … + Xm
μ ≅X =
m

R1 + R2 + R3 + … + Rm
¯
R =
m

LC = R̄

Logo, da tabela acima temos:

¯
¯
¯
¯
¯
¯
¯¯
¯¯
38, 1 + 38, 3+. . . +37, 9
X = = 38, 0180
20

0, 9 + 0, 3 + … + 0, 8
R̄ = = 0, 7500
20

Agora, vamos de nir os limites de controle:

Carta de controle de X̄

¯
¯¯¯¯
¯¯
¯¯¯
LC = μ = (X ) = 38, 0180

Da tabela de fatores estatísticos disponibilizados no Anexo 1, temos uma parte


representada a seguir, que especi ca como localizar a variável A2 .

80
Tabela 11 – Exemplo de de nição valor variável A2

Fonte: Pieritz (2017, p. 92).

Para n = 5, A2 = 0, 577

LSC = 38, 018 + 0, 577 × 0, 75 = 38, 45

LI C = 38, 018 + 0, 577 × 0, 75 = 37, 59

Assim, a carta de controle para X̄ está representada no grá co a seguir:

Grá co 4 – Carta de controle para X̄

Fonte: Pieritz (2017, p. 92).

Carta de controle de R

81
LC = R̄ = 0, 7500

Da tabela de fatores estatísticos disponibilizados no Anexo 1, temos uma parte


representada a seguir, que especi ca como localizar as variáveis.

Tabela 12 – Exemplo de de nição valor das variáveis

Fonte: Pieritz (2017, p. 92).

Para n= 5, D3 = 0, 000 e D4 = 2, 114

LSC = 2,114 x 0,75 = 1,59

LIC = 0,000 x 0,75 = 0,00

A carta de controle para R está representada no seguinte grá co:

Grá co 5 – Carta de controle para R

Fonte: Pieritz (2017, p. 92).

82
Depois de termos executado o dimensionamento apresentado, agora é só colocar
as Cartas de Controle em uso na empresa, não se esquecendo de desenvolver um
formulário especí co e treinar os funcionários para seu uso.

83
09

Tipos de Gráfico de Controle


Variáveis: Gráfico de
Controle X - S
84
Os grá cos de controle X̄ – S são utilizados quanto temos, 10 ou mais replicatas
(medições) em nosso subgrupo de amostra, onde.

Quando os Valores de Referência


não são Conhecidos
Suponhamos que há “m” subgrupos de medições e cada um com “n” replicatas.
Nesse caso, n≥10. Assim, calculamos o desvio padrão amostral “s” de cada um dos
subgrupos de amostras através da fórmula:

 n 2
 (xi − x̄)

s = ∑
⎷ n − 1
i=1

Da estatística temos que o desvio padrão é uma medida de dispersão,


logo, só pode assumir valores positivos, portanto, quanto maior for o
seu valor, maior será a dispersão dos dados.

O cálculo da média dos desvios padrões dos m subgrupos, deve ser realizado
através da fórmula:

S1 + S2 + S3 + … + Sm
s̄ =
m

LC = s̄

Os limites do controle de X
¯
são dados utilizando-se:

¯
¯¯¯¯
¯¯
¯¯¯
μ = X

85

σ =
c4

Onde C4 é obtido através da tabela disponível no Anexo 1. Assim, temos as


seguintes equações:

¯
¯¯¯¯
¯¯
¯¯¯
LC = μ = X

¯
¯¯¯¯ ¯
¯¯
σ ¯¯
¯¯¯
s
LSC = μ + 3 = X + 3
√n C4 √ n

¯
¯¯¯¯ ¯
¯¯
σ ¯¯
¯¯¯
s
LI C = μ − 3 = X − 3
√n C4 √ n

Substituindo:

3
A3 =
c 4 √n

Onde A3 está disponível no Anexo 1, teremos:

¯
¯¯¯¯
¯¯
¯¯¯
LC = μ = X

¯
¯¯¯¯
¯¯
¯¯¯
LSC = X + A3¯
¯

¯
¯¯¯¯
¯¯
¯¯¯
¯
¯¯
LI C = X − A3 s

Para de nirmos a carta de controle de S, precisamos de nir os limites de controle,


que são dados por:

LC = s̄

2
s̄ √1 − c
4

LSC = s̄ + 3
c4

2
s̄ √1 − c
4

LI C = s̄ − 3
c4

Fatorando os valores por:

86
3
√1 = c
4

B4 = 1 + 3
c4

3
√1 = c
4

B4 = 1 − 3
c4

E, substituindo as equações, temos:

LSC = B4 s̄

LI C = B3 s̄

Onde B3 e B4 são valores tabelados e dependem de n e estão disponibilizados no


Anexo 1.

Vamos criar um grá co de controle X̄ – S considerando o seguinte exemplo dado


por Pieritz (2017, p. 115).

Na empresa X está se implantando o CEP e as cartas de controle na linha de raios


de bicicletas. O diâmetro especi cado pela engenharia é de 1,3 mm com tolerância
de ± 0,2 mm. Foram retirados 15 subgrupos de medições, cada um contendo 15
medições em cada (replicatas), e os dados levantados estão demonstrados na
tabela a seguir:

87
Tabela 13 - Dados do problema

Fonte: Pieritz (2017, p. 115).

Pelo número de replicatas dado no exercício, onde n=15, veri camos que o grá co
que deve ser utilizado é o X̄ – S. Assim, o primeiro passo é calcular os valores de s
de cada subgrupo através da seguinte fórmula:

 n 2
 (x1 − x̄)

s = ∑
⎷ n − 1
i=1

Os resultados são apresentados na tabela a seguir:

88
Tabela 14 – Média e desvio padrão

Fonte: Pieritz (2017, p. 117).

Para X̄ tem-se:

¯
¯¯¯¯
¯¯
¯¯¯
LC = μ = X

¯
¯¯¯¯
¯¯
¯¯¯
LSC = X + A3¯
¯

¯
¯¯¯¯
¯¯
¯¯¯
LI C = X − A3¯
¯

Considerando os valores da tabela no Anexo 1, temos:

A3 = 0, 789

LC = 1,306

LSC = 1,306 + 0,789 x 0,90 = 1,377

LIC = 1,306 – 0,789 x 0,90 = 1,235

Para S, temos:

LC = s̄

LSC = B4 s̄

LI C = B3 s̄

89
Da tabela do Anexo 1, temos:

B3 = 0,428

B4 = 1,572

Assim,

LC = 0,090

LSC = 1,572 x 0,090 = 0,141

LIC = 0,428 x 0,090 = 0,039

O grá co oriundo de X̄ – S é dado a seguir:

Grá co 6 – Grá co X̄ – S

Fonte: Pieritz (2017, p. 118).

90
10

Gráfico de Controle por


Atributos Destinados a Itens
Defeituosos
91
De acordo com Ramos, Almeida e Araújo (2013, p. 75), “atributo é uma característica da
qualidade representada pela ausência ou presença de não conformidade em um
processo ou serviço, no qual não conformidade signi ca falha no atendimento das
necessidades e/ou expectativas do cliente”.

Aroma, sabor e pureza são exemplos de atributos a serem avaliados em uma


determinada marca de café, no contexto da de nição de Ramos, Almeida e
Araújo (2013). A aprovação ou não aprovação de um serviço executado,
unidades defeituosas de um determinado produto, não conformidades
encontradas em um produto ou serviço são exemplos de atributos no
contexto da de nição de Prazeres (1996).

De acordo com Losada (2017, p. 156), um item é considerado defeituoso quando


classi cado como completamente inaceitável para uso. Ainda, segundo a autora, antes da
remessa nal, a inspeção de qualidade avalia os itens e os classi ca como “aprovado” ou
“reprovado” para impedir a entrega de unidades que serão inutilizáveis. Assim, cada item
é considerado defeituoso ou não, existindo apenas duas escolhas possíveis.

Os grá cos de controle para atributos são utilizados para a veri cação da porcentagem
de unidades não conformes na amostra, visando avaliar a proporção de itens defeituosos
em seu processo (Losada, 2017, p. 157).

Losada (2017, p. 157) aponta que uma das versões mais conhecidas dos grá cos de
atributos é o grá co ou carta p, também chamado de grá co de proporção (fração) de
itens defeituosos.

92
A Construção dos Gráficos de
Controle para Atributos Destinados a
Itens Defeituosos
De acordo com Losada (2017, p. 157), os grá cos p para controle de atributos – itens
defeituosos, podem ser elaborados de diferentes formas, sendo de nidos em função das
características da amostra que será analisada. Ainda, segundo a autora, para sua
construção, as amostras não necessitam ser de tamanho constante. O que importa é o
número de itens com algum defeito, independentemente de quantos defeitos haja em
cada item.

A fração de defeituosos p poderá estar referida a amostras de tamanhos xos n


coletadas, regularmente, ou também poderá se referir a 100% da produção num
determinado intervalo de tempo (p. ex., uma hora, um dia, etc.).

Para construir os grá cos p devem ser satisfeitas as seguintes condições:

n x p̄ ≥ 5

n x(1 − p̄ ≥ 5

A construção do grá co p é possível em diferentes condições de amostras, que segundo


Ramos et al. (2013), são:

Tamanho amostral constante;


Tamanho amostral variável;
Média amostral.

Para o tamanho amostral constante, a fração não conforme (pj) corresponde à razão
entre o número de itens não conformes de uma amostra (dj) e o total de itens desta
amostra (n), ou seja:

dj
p
^j = = 1, … , m
n

Se (pj) for conhecido, mas (dj) não, ele pode ser calculado utilizando-se a seguinte
fórmula:

^ = n x p
d j = 1, … m
j j,

Sendo m amostras analisadas, cada uma com tamanho n, e (pj) e sendo a fração não
conforme da j-ésima amostra, a linha central e os limites d e controle são determinados
por:

93
p̄ (1 − p)
LSC = p̄ + k√
n

LC = p̄

p̄ (1 − p)
LI C = p̄ − k√
n

Em que a média das m frações não conformes é calculada por:


m
1
p̄ = ∑ pj
m
j=1

Importante comentar que:

K usualmente assume o valor 3;


Caso o resultado numérico do LIC seja negativo, deve-se adotar LIC=0.

No caso do tamanho amostral variável, a fração não conforme (pj) é estimada por:

dj
^ =
p , j = 1, … , m
j
nj

O número estimado de itens não conformes da amostra é:

^ =
d nj xpj
j

E a linha central e os limites de controle são dados por:

p̄ (1 − p)
LSC = p̄ + k√
nj

LC = p̄

p̄ (1 − p)
LI C = p̄ − k√
nj

No caso da média amostral (n̄), que corresponde a uma alternativa relacionada ao


tamanho amostral variável, são consideradas m amostras analisadas, cada uma com
tamanho (nj). A linha central e os limites de controle são dados por:

94
p̄ (1 − p)
LSC = p̄ + k√

LC = p̄

p̄ (1 − p)
LI C = p̄ − k√

Em que (n̄) é de nido por:


m
1
n̄ = ∑ nj
m
j=1

De acordo com Losada (2017, p. 160), o controle de atributos também pode ser realizado
por meio de grá cos Np. Neste caso, (np) se de ne como o número de itens defeituosos
(não conformes) na amostra. A construção dos grá cos Np tem por base a distribuição
binomial, sendo que este tipo de grá co de controle só pode ser construído quando as
amostras apresentarem tamanhos iguais (n).

Os limites de controle e linha central são obtidos diretamente da carta p:

LSC = np + 3√np (1 − p)

LC = np

LSC = np − 3√np (1 − p)

Tanto para o grá co p, Np ou outro modelo semelhante, é importante


sinalizar uma questão relativa aos limites de controle. Durante o período
inicial da implantação do controle de processos, é bastante provável que
estes apresentem variações originadas de diversas fontes, exibindo inclusive
causas especiais de variação. Por este motivo, o processo de apuração dos
limites de controle, que integra o procedimento para a construção dos
grá cos de controle, deve ser realizado, sucessivas vezes, para que as causas
especiais sejam detectadas e removidas da análise, até que se consiga
avaliar o processo livre de suas interferências (LOSADA, 2017, p. 160).

95
Gráfico p
Para execução do grá co p, consideramos o exemplo de Losada (2017, p. 162) sobre uma
fábrica de suco de laranja que colheu dados relativos ao número de garrafas amassadas
(defeituosas), que estão dispostas na tabela a seguir. Foram colhidas 30 amostras com 50
itens cada (todas com o mesmo tamanho).

Tabela 15 – Tabela de dados

96
Fonte: Portal Action (201-).

Temos que m = 30 e n = 50
m 30
∑ pi ∑ pi 6, 94
i=1 i=1
p = = = = 0, 2313
m 30 30

Veri cando se o tamanho das amostras é adequado à construção do grá co p (condições


satisfeitas):

ni x p = 50 x (0, 2313) = 11, 565 ≥ 5

ni x (1 − p) = 50 x (0, 7687) = 38, 435 ≥ 5

Apurando limites e linha central para construir o grá co p:

√p̄ (1 − p) √0, 2313 (1 − 0, 2313)


LSC = p + 3 = 0, 2313 + 3 = 0, 41
ni 50

LC = p = 0, 2313

97
√p̄ (1 − p) √0, 2313 (1 − 0, 2313)
LI C = p − 3 = 0, 2313 − 3 = 0, 052
ni 50

O grá co resultante está apresentado na gura a seguir:

Grá co 7 – Grá co p

Fonte: Portal Action [(201-?)].

Analisando o grá co, veri camos que os pontos 15 e 23 estão fora do limite superior de
controle, o que indica a existência de causas especiais de variação. Após a veri cação da
ocorrência destes pontos, eles foram retirados das amostras e uma nova veri cação foi
realizada.

98
28
∑ pi 6, 02
i=1
p = = = 0, 215
28 28

E novos limites de controle foram calculados:

p̄ (1 − p̄ 0, 215 (1 − 0, 215
LSC = p̄ + 3 √ = 0, 215 + 3 √ = 0, 389
ni 50

LC = p = 0, 215

p̄ (1 − p̄ 0, 215 (1 − 0, 215
LI C = p̄ − 3 √ = 0, 215 − 3 √ = 0, 041
ni 50

Novo grá co resultante:

99
Grá co 8 - Novo grá co p com limites revisados

Fonte: Portal Action [(201-?)].

Veri camos que, mesmo com a retirada dos pontos fora dos limites de controle, bem
como a revisão desses limites de controle, ainda existe um ponto que ultrapassa os novos
limites, indicando a presença de causa especial de variação. Assim, fazemos a retirada
deste ponto, faremos uma nova veri cação considerando os dados contidos na tabela a
seguir:

100
Tabela 16 – Nova tabela de dados

Fonte: Portal Action [(201-?)].

101
Com base nos novos dados, realizamos uma nova veri cação:

24
∑ p1 2, 62
i=1
p = = = 0, 10917
24 24

São calculados novos limites de controle:

p̄ (1 − p̄ ) 0, 10917 (1 − 0, 10917)
LSC = p̄ + 3 √ = 0, 10917 + 3 √ = 0, 24147
ni 50

LC = p = 0, 10917

p̄ (1 − p̄ ) 0, 10917 (1 − 0, 10917)
LI C = p̄ − 3 √ = 0, 10917 − 3 √ = 0, 0
ni 50

E apresentamos um novo grá co resultante da análise:

102
Grá co 9 – Novo grá co p, com limites revisados

Fonte: Portal Action [(201-?)].

No grá co 9, veri camosque agora não existem pontos fora dos limites de controle,
também sinalizandoque estes limites de controle estabelecidos estão mais adequados a
um processosob controle estatístico, podendo ser utilizados como limites provisórios.

103
11

Gráficos de Controle para


Atributos/Defeitos
104
De acordo com Ramos, Almeida e Araújo (2013, p. 75), “atributo é uma
característica da qualidade representada pela ausência ou presença de não
conformidade em um processo ou serviço, no qual não conformidade signi ca
falha no atendimento das necessidades e/ou expectativas do cliente”.

É importante sinalizar a diferença entre defeitos e itens defeituosos. Um defeito


corresponde a um desvio das especi cações, mas não necessariamente signi ca
que o item no qual se encontra não possa ser usado. Logo, um item defeituoso irá
conter um ou mais defeitos, mas nem todo item com defeito(s) é considerado
defeituoso, pois isso dependerá da quantidade e/ou gravidade do(s) defeito(s)
(Losada, 2017, p. 172).

A diferença entre defeitos e itens defeituosos, de acordo com Losada (2017, p. 173),
introduz outra importante diferença, relacionada aos grá cos de controle para
atributos aplicáveis a cada um destes casos. Os grá cos para atributos destinados a
defeitos são utilizados para a veri cação da taxa de defeitos em um processo.

De acordo com Ramos, Almeida e Araújo (2013, p. 90), os grá cos para atributos
destinados a defeitos são utilizados “quando o interesse é monitorar e controlar a
quantidade de não conformidades (ou defeitos) em vez da quantidade de itens não
conformes”.

Os grá cos de controle para atributos/defeitos são utilizados para


monitorar e controlar a quantidade de defeitos em vez de quantidade
de itens não conformes (o que é feito através dos grá cos de controle
para atributos/itens defeituosos).

Normalmente, o modelo de probabilidade de Poisson é utilizado para realizar as


análises destinadas à avaliação de defeitos. Esta metodologia busca examinar a
taxa de defeitos em um determinado processo.

105
Quando comparamos os grá cos de controle para atributos, tanto para defeitos
como para itens defeituosos, pode-se veri car que a principal diferença entre eles é
que os itens defeituosos realizam a contagem de unidades defeituosas e, nesse
caso, não há preocupação com a quantidade de defeitos existentes em cada uma.

Para exempli car, consideremos a representação de duas amostras compostas por


seis unidades de produto cada, e que os pontos sinalizam defeitos.

Representação de duas amostras

Veri que que na amostra da esquerda existem quatro unidades defeituosas e um


total de sete defeitos. Já na amostra da direita, embora exista um número total de
sete defeitos (o mesmo que o apurado na primeira amostra), existem apenas duas
unidades defeituosas.

De acordo com Losada (2017, p. 174), a aplicação dos grá cos de controle para
atributos/defeitos é tipicamente veri cada nas seguintes situações:

Quando os defeitos estão distribuídos num uxo mais ou menos contínuo de


algum produto, em que seria possível de nir o número médio de defeitos.
Quando defeitos de diferentes tipos e origens podem ser encontrados na
unidade amostral.

Siqueira (1997) aponta que duas condições devem ser observadas e atendidas:

A probabilidade da ocorrência de defeitos deve ser pequena, enquanto que a


possiblidade de ocorrência deve ser grande.
As ocorrências devem ser independentes, sendo que a ocorrência de
determinado defeito não in uencia a probabilidade de ocorrência de outros

106
no evento seguinte.

De acordo com Losada (2017, p. 175), entre os principais objetivos dos grá cos de
controle para atributos/defeitos, podem ser citados:

Determinação do nível médio de qualidade;


Alerta sobre mudanças no nível médio de qualidade;
Melhoria na qualidade do produto;
Avaliação da performance operacional;
Indicação de áreas para aplicação dos grá cos de controle para variáveis;
Fornecimento de informações para aceitação de lotes.

Gráfico C
O Grá co C é destinado à veri cação do número de defeitos, podendo ser
estabelecido para uma característica de qualidade, um grupo de características ou
o produto como um todo. É normalmente aplicado quando todos estes subgrupos
possuem o mesmo tamanho, isto é, têm o mesmo número de itens (Losada, 2017,
p. 175).

O procedimento para construção do grá co C é indicado por Siqueira (1997),


sendo:

Coleta de dados;
Determinação do valor central e limites de controle;
Cálculo do valor central e limites de controle revisados (quando necessário).

Os limites de controle e linha central para construção do Grá co C são dados por:

LSC = c̄ + 3√c

LC = c̄

LI C = c̄ − 3√c

Em que:

(c1 + c2 + … + ck)
c̄ =
k

107
Sendo que k corresponde ao número de subgrupos analisados, e c1, c2, ..., ck
correspondem ao número de defeitos em cada um dos k subgrupos gerando,
assim, o número médio de defeitos dos subgrupos.

[...] durante a etapa de determinação dos limites de controle, sua


revisão (recálculo) torna-se necessária quando a análise do processo
mostra que ele se encontra fora de controle. Nesta situação os pontos
que se apresentam acima do limite superior devem ser retirados da
amostra (pois representam causas especiais de variação), e nova
apuração deve ser realizada. Este procedimento deve ser repetido
sucessivas vezes, até que restem apenas pontos dentro dos limites
(LOSADA, 2017, p. 177).

Neste contexto, os novos limites de controle e linha central são dados por:

∑c − ∑ cd
Cnew =
g − gd

LSCc = c 0 + 3√c 0

LSCc = c 0 − 3√ c 0

108
Aplicando Gráficos de Controle
para Atributos/Defeitos: Gráfico C
Para exempli car a aplicação do grá co C, consideremos o seguinte exemplo, onde
os dados apresentados na tabela a seguir estabelece o número de não
conformidades, observadas em 26 amostras sucessivas de 100 peças
inspecionadas, totalizando 516 não conformidades.

Tabela 17 – Dados da inspeção

109
Fonte: Portal Action ([201-?]a).

Neste caso, temos:

516
C = = 19, 85
26

Para apurar os limites de controle, temos:

LSC = c̄ + 3√c̄ = 19, 85 + 3√19, 85 = 33, 216

LC = c̄ = 19, 85

LI C = c̄ − 3√c̄ = 19, 85 − 3√19, 85 = 6, 48

O grá co 10, a seguir, mostra os resultados encontrados para o grá co C.

110
Grá co 10 – Análise de atributos de grá co de controle

111
12

Gráfico de Controle I - MR

112
Até aqui vimos grá cos de controle onde havia a possibilidade de levantar dados e
formar subgrupos com “n” amostras, as quais são chamadas de replicatas
(medições), porém, há situações em que não é possível auferir as replicatas do
processo, mas se conseguem medidas únicas de um determinado evento/processo
que se queira controlar. Como nestas condições não se têm replicatas, temos que n
= 1.

De acordo com Oliveira et al. (2013), são exemplos desta situação processos em
que:

O tempo para a realização da análise do processo é muito longo.


O custo para obtenção da amostra é alto, tornando-se economicamente
inviável.
Tem-se a disponibilidade de apenas uma amostra por lote, como em casos
de necessitar destruir a mesma para a obtenção do resultado,
principalmente, quando temos alta complexidade na sua obtenção.

Conforme Pieritz (2017, p. 120), considerando a probabilidade dos eventos, as


cartas de controle dos valores individuais “I” não obedecem ao teorema do limite
central, o que implicará que as médias não seguem a distribuição Normal,
necessitando-se tomar alguns cuidados em sua aplicação.

Ribeiro e Caten (2012, p. 73) trazem uma explicação sobre o tema:

a. Se a distribuição não for simétrica, a interpretação das


cartas deve levar isso em conta;
b. As cartas de valores individuais não são tão sensíveis a
mudanças no processo como as cartas de médias;
c. Os pontos da carta da amplitude móvel são
correlacionados, e essa correlação pode induzir um padrão
ou ciclos na carta de amplitude; e
d. As cartas de valores individuais não permitem avaliar
diretamente a dispersão do processo.
Ribeiro e Caten (2012, p. 73) ainda descrevem que, principalmente ao item “d”,
“para contornar esse último aspecto, em geral, se usa uma amplitude móvel
calculada como a diferença entre cada par de leituras sucessivas. Desta forma, o
tamanho de amostra é considerado n = 2”, isto é, não conseguimos uma estimativa

113
da variabilidade utilizando-se a amplitude ou o desvio padrão de cada medição, por
isso, utilizaremos uma amplitude móvel (MR), a qual é obtida ao pegar-se duas
observações sucessivas (medições) para a estimativa da variabilidade do processo.

O ponto fundamental deste método está em entender que a amplitude


móvel (MR) é obtida por se pegar duas medições sucessivas do
processo, e delas fazer a estimativa da variabilidade do processo.

Para entender o cálculo da amplitude, vamos considerar o seguinte exemplo a


seguir:

Tabela 18 – Exemplo de cálculo de MR

Fonte: Pieritz (2017, p. 121).

Suponhamos que há m subgrupos de medições individuais da característica que


está sendo controlada, e sejam X1, X2, X3, ..., Xm as medições de cada subgrupo.
Assim, calculamos um estimador de µ, ou seja, X̄ é a média do processo, conforme
equação a seguir:

X1 + X2 + X3 + … + Xm
μ ≅ X̄ =
m

Onde X̄ é igual a LC,

114
X̄ = LC

Para o cálculo do desvio padrão, devemos calcular as amplitudes móveis dos m


subgrupos, utilizando-se a seguinte fórmula:

M Ri = |Xi − Xi−1 |

A amplitude móvel média é dada por:

¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯ M R2 + M R3 + … + M Rm
MR =
m − 1

E M R é igual a LC, ou seja, a linha de controle do nosso grá co de controle do MR.


¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯

¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯
M R = LC

¯
LC = μ = X

¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯
σ MR
LSC = μ + 3 = X̄ + 3
√n d2

¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯
σ MR
LI C = μ − 3 = X̄ − 3
√n d2

Sendo o valor de , conhecido como , é apresentado no Anexo 1, gerando as


3
E2
d2

seguintes fórmulas para os limites de controle.

¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯
LSC = X̄ + E2 M R

¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯
LI C = X̄ − E2 M R

Como a amplitude móvel é relacionada à diferença entre duas medições


consecutivas, neste caso, considera-se sempre n = 2, logo, teremos sempre E2 igual
a 2,660 e, consequentemente, d2 também será constante e igual a 1,128. E2 = 2,660
(constante) e d2 = 1,128 (constante) (Pieritz, 2017, p. 123). Ainda, segundo o autor,
para de nirmos a carta de controle de I precisamos de nir a carta de controle de
MR. Inicialmente, consideraremos que M R será utilizado como estimativa da
¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯

amplitude média, e teremos as seguintes equações:

¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯
LC = MR

115
¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯
¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯ MR
LSC = M R + 3d3
d2

¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯

¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯
MR
LI C = M R − 3d3
d2

E, fatorando as equações, temos:

d3
D4 = 1 + 3
d2

d3
D4 = 1 − 3
d2

De modo que D3 e D4 são valores tabelados e dependem de n que, neste caso, vale
2, então, temos apresentados no Anexo 1 que D3 =0 e D4 = 3,267.

Assim,

¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯
LSC = D4 M R

¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯
LI C = D3 M R

Agora, conseguimos calcular os limites de controle para montar nossa Carta de


Controle. Para tanto, consideremos o exemplo dado por Pieritz (2017, p. 124), no
qual em uma linha de produção contínua de um produto químico derivado do
petróleo, temos o controle de um componente químico que precisará ser de 8gr/kg
de produto nal ± 0,15gr/kg. Devido à complexidade e custo de obtenção dos
resultados, a medição é realizada a cada dia à meia-noite e, em um mês de
pesquisa, resultou na tabela de dados a seguir (a tabela já foi apresentada como
cálculo de MR).

116
Tabela 19 – Dados do problema

117
Fonte: Pieritz (2017, p. 124).

Grá co de controle de I

¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯
LSC = X̄ + E2 M R

LC = X̄

¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯
¯
LI C = X − E2 M R

Os valores constantes são:

E2 = 2,660 (constante)

d2 = 1,128 (constante)

Então,

LSC = 8,04 + 2,66x0,09 = 8,2794

LC = 8,04

LIC = 8,04 – 2,66x0,09 = 7,8006

Grá co de controle de MR

¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯
LSC = D4 M R

¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯
LC = MR

¯¯
¯¯¯
¯¯¯
¯¯
LI C = D3 M R

Dos valores tabelados temos:

118
D3 = 0

D4 = 3,267

Então,

LSC = 3,267x0,09 = 0,2940

LC = 0,090

LIC = 0x0,09 = 0,0000

Com base nos resultados encontrados, temos os seguintes grá cos de controle,
sendo:

Grá co 11 – Controle de I - MR

Fonte: Pieritz (2017, p. 126).

119
13

Inspeção por Amostragem:


Conceitos Fundamentais
120
Quando se fala em processo de produção, há uma preocupação quanto às
variações que podem ocorrer, bem como os impactos que estas variações podem
causar. Assim, há uma busca com identi car, controlar e eliminar as variações nos
processos com o objetivo de promover a melhoria contínua.

O controle da qualidade teve início nas inspeções visuais do produto nalizado,


passando por uma inspeção formal, realizada por sistemas de medidas, gabaritos e
acessórios durante a produção, evoluindo para a tomada de decisão no início da
cadeia de produção, levando em consideração, que, assim, o produto teria controle
de qualidade no nal da produção (Pezzatto, 2018, p. 232).

A inspeção de qualidade permite examinar os resultados de um processo, como


produto na intenção de veri car e apresentam o nível de qualidade desejado,
normalmente, comparando-o a um padrão pré-estabelecido (Losada, 2017, p. 88). A
autora ainda relata que o distanciamento deste padrão, ou a ocorrência de
diferentes resultados sinalizam que o processo a partir do qual o produto foi
fabricado está fora de controle, e necessita ser ajustado.

Para garantir que os produtos fabricados estejam atendendo a todos os


requisitos a eles estabelecidos, seria necessário inspecionar todos os
itens produzidos, porém, na grande maioria dos casos, esta prática é
impossível devido ao grande número de itens fabricados. Assim, a
inspeção por amostragem é uma ferramenta que equaciona este
problema.

Conceitos Fundamentais
De acordo com Ramos, Almeida e Araújo (2013), a estatística se divide em duas
principais áreas: a descritiva, voltada à organização, interpretação e apresentação
dos dados estatísticos; e a inferencial, voltada para análise e interpretação de

121
dados experimentais e que, partindo de uma amostra, estabelece hipóteses sobre
a população de origem e formula previsões, fundamentando-se na teoria das
probabilidades.

De acordo com Losada (2017, p. 89), há alguns elementos e conceitos importantes


relacionados à estatística:

População: conjunto que se pretende analisar, podendo ser nito ou in nito,


em que existe ao menos uma variável ou característica de qualidade comum
entre todos os seus elementos componentes;
Amostra: elementos extraídos da população que se pretende analisar,
representando uma parte ou um subconjunto desta população, selecionada
segundo métodos adequados;
Variável ou característica da qualidade: conjunto de resultados possíveis de
um fenômeno (resposta) ou, ainda, como as propriedades dos elementos da
população que se pretende conhecer;
Inspeção: processo de veri cação da qualidade de um produto ou serviço,
visando identi car se ele atende às especi cações representadas pelas
características de qualidade de nidas;
Censo: método de pesquisa destinado ao exame da população de nida,
consistindo na investigação e análise de todos os seus elementos;
Amostragem: processo de escolha da amostra, que deve ser formada por
elementos representativos da população, permitindo a posterior coleta e
análise de informações, que servirão de base ao estudo e compreensão dos
parâmetros da população.

Amostra e amostragem são coisas diferentes: a amostra corresponde


aos elementos extraídos da população que se pretende analisar,
enquanto a amostragem corresponde ao processo através do qual a
amostra é formada.

122
Com relação à inspeção, cabe ressaltar que esta corresponde a um processo e,
desta forma, também está sujeita a falhas, como a contagem ou leitura equivocada
de um instrumento, por exemplo (Losada, 2017, p. 90). Ainda, de acordo com a
autora, por conta disso, mesmo que a inspeção seja realizada sobre a totalidade
das unidades produzidas, ainda poderá não ser absolutamente efetiva, ou seja,
inspecionar 100% das unidades não garante a detecção de 100% dos problemas
possíveis.

A amostra torna possível a realização de pesquisas efetivas com bons


resultados, utilizando apenas uma amostra da população alvo do
estudo, desde que determinadas condições sejam observadas e
atendidas. Uma boa amostra resulta em boas informações, a partir
das quais, aplicando-se os métodos estatísticos apropriados, é possível
se fazer boas inferências sobre a população. Contudo, o inverso
também é verdadeiro: se o estudo partir de amostras ruins, são
geradas informações ruins e, mesmo que sejam aplicados os métodos
estatísticos apropriados, as generalizações consequentemente serão
ruins, pois a matéria-prima inicial não era de boa qualidade (LOSADA,
2017, p. 91).

Neste ponto, cabe explicitar um aspecto importante: a representatividade. Ela


consiste na capacidade da amostra em sintetizar uma gama de particularidades
relativas à população, como características econômicas, sociais, culturais, religiosas
ou tantas outras, tornando-as tão próximas quanto possível das características
efetivas da população que se está analisando, e sobre a qual as concussões do
estudo serão estendidas (Losada, 2017, p. 91).

Métodos de Amostragem
O método utilizado para realizar a amostragem é muito importante para o
processo, pois depende muito da qualidade da amostra. Assim, Doane e Seward
(2014) falam sobre a existência de dois principais métodos de amostragem, sendo:

Amostragem probabilística em que, “[...] os itens são escolhidos aleatoriamente ou


por um procedimento que envolve acaso”, na intenção de “[...] produzir uma
amostra representativa de uma população” (Doane; Seward, 2014, p. 35). Cada
elemento da população possui uma probabilidade conhecida de ser escolhido, que

123
normalmente é igual para todos os elementos, ou seja, dada uma população com N
elementos, a probabilidade de participação de cada um é igual a 1/N (Losada, 2017,
p. 91).

Ainda, segundo a autora, permite a realização de inferências sobre a população a


partir de parâmetros estudados na amostra, tendo em vista que gera resultados
generalizáveis. A amostragem probabilística se subdivide em quatro tipos:

Amostragem aleatória simples;


Amostragem aleatória estrati cada;
Amostragem por conglomerado;
Amostragem sistemática.

A amostragem aleatória simples corresponde à seleção de amostra


formada por “k” elementos, escolhidos entre as “n” unidades da
população. Neste caso, a amostragem é realizada sem reposição (o
elemento retirado da população não retorna a ela), e o número de
amostras que se pode obter é determinado pela fórmula (n/k) = n! / k!
(n-k)!. De nido o número de elementos necessários, aplica-se um
critério que permite a escolha aleatória de alguns destes elementos,
podendo-se utilizar uma tabela de números aleatórios (algoritmos). As
unidades k elementos através do processo de seleção ou sorteio.
A amostragem aleatória estrati cada é obtida por meio da
separação de unidade da população em grupos não superpostos
chamados estratos. Neste caso, são selecionadas amostras aleatórias
simples e independentes dentro de cada estrato. Existem dois tipos de
amostragem estrati cada: a de igual tamanho ou proporcional, que é
dada pela fórmula Na / N = na / n onde na = n / N . Na, onde N =
número de elementos da população, n = número de elementos das
amostras.
Na = número de elementos do estrato A
Na = número de amostras do estrato A.
A amostragem por conglomerado utiliza a amostra aleatória simples,
em que cada unidade de amostragem corresponde a um grupo de
conglomerado de elementos. Para tanto é necessário especi car de
maneira apropriada para a formação dos conglomerados, e no caso
dos conglomerados selecionados, todos os seus elementos fazem
parte da amostra. Os elementos de um conglomerado tendem a
possuir características similares, devendo-se considerar um grande
número de conglomerados, formados por um pequeno número de

124
elementos onde a seleção dos elementos da amostra é realizada por
intervalos, em que a cada x elementos é selecionado um que fará
parte da amostra. Assim, constitui-se uma amostra de n elementos de
uma população de tamanho N – k, que deve ser menor ou igual a N / n
(N = população e n = número de elementos desejados).
A amostragem sistemática trabalha com os elementos ordenados.
Dadas estas condições, caso o tamanho da população seja
desconhecido, não é possível determinar k. Nesta situação, pode-se
supor um valor de k, para que seja possível se obter uma amostra
signi cativa em relação a um lote de tamanho n. Esta amostragem é
considerada como de mais fácil execução, e menos sujeita a erros por
parte de quem a aplica, devido à constância dos intervalos de seleção
dos elementos da amostra. Isso a torna menos complexa do que a
amostragem aleatória simples (e seus métodos de sorteio), permitindo
que frequentemente resulte em mais informações e melhor custo-
benefício (LOSADA, 2017, p. 92).

Para realizar a amostragem sistemática, devem ser consideradas as seguintes


etapas:

a. Determinar o intervalo de amostragem K utilizando-se a


fórmula k = N/n;
b. Iniciar aleatoriamente a composição da amostra, onde b=
início (que pode ser o número de ordem inicial sorteado na
TNA, por exemplo), sendo 0 < b < k;
c. Compor a amostra, sendo 1º item = b, 2º item = b + k, 3º
item = b + 2k e, assim, sucessivamente.

125
Qualquer estatística descreve a amostra de sujeitos a partir da qual foi
feito o cálculo. Por este motivo, a dica deste mês irá descrever as
formas de selecionar uma amostra. Esta pode ser caracterizada como
um subconjunto da população que se deseja estudar. Já a amostragem
é de nida como o processo de coleta das informações da amostra:

Agora, vamos falar da amostragem não probabilística, que é [...] menos cientí ca,
mas, algumas vezes, é usada por conveniência” (Doane; Seward, 2014, p. 35).
Consiste em amostragens intencionais em que os elementos da amostra são
deliberadamente escolhidos, o que faz com que as amostras não garantam a
representatividade necessária da população, gerando resultados não
generalizáveis, mas, ainda assim, muito útil em determinadas situações (Losada,
2017, p. 93).

A amostragem não probabilística se subdivide em três tipos, sendo:

Amostragem acidental;
Amostragem intencional;
Amostragem por quotas.

De acordo com Losada (2017, p. 93), na amostragem acidental, os elementos são


adicionados à amostra na medida em que vão aparecendo, incluindo aqueles que
forem possíveis, até que se atinja o número desejado de elementos. Na
amostragem intencional, os elementos são escolhidos com base em um
determinado critério, relacionado ao tema que está sendo analisado, fazendo com
que a amostra seja formada por elementos escolhidos.

126
Ainda, de acordo com a autora, na amostragem por quotas, a população é
classi cada de acordo com determinadas propriedades, permitindo a
determinação da proporção da população que apresenta cada uma destas
propriedades (formando quotas), e a seleção não aleatória dos elementos de cada
quota identi cada que integrarão a amostra (ou seja, por conveniência).

127
14

A Inspeção por Amostragem

128
A inspeção corresponde ao processo que visa identi car se um produto ou serviço
atende a determinadas especi cações de qualidade. Mais facilmente
compreensível no contexto da manufatura, busca veri car se os produtos atendem
às especi cações de aceitação, normalmente, baseadas nas chamadas
características de qualidade, para as quais são estabelecidos padrões a serem
atingidos (Losada, 2017, p. 94). Ainda, segundo a autora, a estas características são
ainda atribuídos graus de importância que podem determinar a aceitação ou
rejeição do referido produto.

De acordo com a ABNT NBR 5426, inspeção é o processo de medir, ensaiar e


examinar a unidade de produto ou comparar suas características com as
especi cações. A referida norma ainda de ne inspeção por atributos, que é a
inspeção segundo a qual a unidade de produto é classi cada simplesmente como
defeituosa ou não (ou o número de defeitos é contado) em relação a um dado
requisito ou conjunto de requisitos.

A inspeção corresponde ao processo que visa identi car se um produto


ou serviço atende a determinadas especi cações de qualidade.

Outra de nição pode ser data por Bertolino (2010, p. 117) na qual o autor diz que a
inspeção por amostragem colabora com o controle estatístico do processo,
geralmente denominado CEP, onde [...] pode ser descrito como uma ferramenta de
monitoramento online da qualidade. A partir da inspeção por amostragem de
características predeterminadas do produto em estudo, o CEP possibilita a
detecção de causas especiais, anômalas ao processo, capazes de prejudicar a
qualidade nal do produto ou sua segurança.

De acordo com Losada (2017, p. 95), existem algumas formas básicas de inspeção,
dentre as quais podemos citar:

Inspeção por variáveis: avalia a característica da qualidade de forma


quantitativa, buscando mensurar seus resultados, que são medidos em

129
escala contínua e devidamente anotados;
Inspeção por atributos: avalia a característica da qualidade de forma
qualitativa, veri cando a ocorrência de defeitos, classi cando a unidade de
produto como defeituosa ou não;
Inspeção completa (100%): avalia a totalidade do lote, inspecionando cada
uma de suas peças. Sua aplicação é indicada nos casos em que qualquer
defeito que venha a ser apresentado em uma peça, componente ou material
impeça o funcionamento ou utilização do produto nal, ou traga risco ao seu
usuário.
Inspeção por amostragem: avalia uma fração do lote ou partida (como é por
vezes chamada), que corresponde à amostra. Sua aplicação é indicada
principalmente nos casos de grandes lotes, ou em situações em que sejam
necessários ensaios destrutivos.

Entre os elementos da inspeção por amostragem, podemos citar:

Amostra: subconjunto da população;


Amostragem: processo de extração de amostras representativas;
Riscos: margem de erro prevista na investigação;
População-alvo: conjunto sobre o qual serão propostas as inferências obtidas
através da amostra.

De acordo com Doane e Seward (2014), na manufatura, a qualidade de muitos


produtos pode ser signi cativamente afetada pela qualidade dos materiais nele
empregados, o que traz a necessidade de adequação, veri cação e avaliação destes
materiais, o que pode ser realizado através de processo denominado amostragem
para aceitação.

Segundo Losada (2017, p. 96), a inspeção por amostragem pode ser de nida como
o processo que vista identi car se uma peça, amostra ou lote atende a
determinadas especi cações da qualidade, e estabelece alguns conceitos
relevantes em seu contexto, sendo:

n = tamanho da amostra: parcela representativa do lote, cujo tamanho


apresenta implicações. Quanto maior a amostra, maior a representatividade,
mas também maior é o custo da inspeção;
NQ = nível da qualidade: fração defeituosa da partida (p = d / n), cujo
tamanho é inversamente proporcional à qualidade do processo. Quanto

130
maior o NQ pior o processo. No grá co de controle da fração defeituosa “p”,
a linha média é uma boa estimativa do nível da qualidade.
NQA = nível de qualidade aceitável: nível da qualidade considerado
satisfatório;
FDT = fração defeituosa tolerável:
α = risco do produtor: probabilidade de rejeição de lotes bons;
β = risco do consumidor: probabilidade de aceitação de lotes ruins;
a ou Ac = número de aceitação: máximo de unidades defeituosas admitido
na amostra;
r ou Re = número de rejeição: em geral r = a + 1 ou Re = Ac + 1;
d = número de unidades defeituosas encontradas na amostra.

Doane e Seward (2014, p. 743) falam sobre os riscos α e β, e sugerem que devem
ser balanceados, pois há uma relação entre ambos em um determinado tamanho
de amostra.

Na sua forma mais simples, a amostragem de um lote tem por base a distribuição
hipergeométrica, na qual amostras sem reposição de n itens são selecionadas de
um lote de tamanho N contendo s itens não conformes. Curvas de poder e curvas
características de operação podem ser construídas para orientar as decisões a
respeito da aceitação ou da refeição de remessas com base no atributo de
interesse (usualmente, a proporção de itens não conformes) (Doane e Seward,
2014, p. 743).

Aplicando a Inspeção por


Amostragem
Para a realização da inspeção por amostragem, a organização deve se preparar e
estabelecer diretrizes para que os resultados por ela identi cados possam ser
con áveis e possam auxiliar na promoção de ações adequadas ao processo
produtivo.

Doane e Seward (2014. p. 742) comentam sobre a existência de tabelas e regras


destinadas à orientação das empresas, com a intenção de de nir um “[...] plano de
amostragem que forneça a frequência de amostragem, o tamanho da amostra, o
nível de defeitos permitido e o tamanho do lote”, além de considerar as diferentes
combinações de risco.

131
A ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas possui algumas normas
técnicas que dão as diretrizes para a realização de uma inspeção por amostragem,
onde podemos citar:

NBR 5425: guia para inspeção por amostragem no controle e certi cação de
qualidade (1985a);
NBR 5426: planos de amostragem e procedimentos na inspeção por
atributos (1985b);
NBR 5427: guia para utilização da norma NBR 5426 – Planos de amostragem
e procedimentos na inspeção por atributos (1985c).

Tipos de Amostragem
Segundo Doane e Seward (2014, p. 743), [...] a amostragem simples signi ca que a
decisão é baseada em apenas uma amostra aleatória selecionada de uma remessa.
Amostragem dupla signi ca que a decisão é adiada até que uma segunda amostra
seja selecionada, a menos que os resultados da primeira sejam decisivos.

Uma segunda amostra pode não ser necessária se o resultado da primeira for
extremamente claro. O conceito pode ser generalizado para amostragem múltipla
ou amostragem sequencial se usarmos qualquer quantidade de amostras. As
técnicas também podem ser generalizadas para incluir múltiplos atributos, assim
como métodos de amostragem mais complexos, tais como amostragem
estrati cada ou por conglomerados.

Losada (2017, p. 98) estabelece os parâmetros quanto à amostragem simples e


dupla.

A amostragem simples considera os parâmetros n, Ac e Re, utilizando o seguinte


procedimento;

Extrair uma amostra de tamanho n do lote N;


Inspecionar as n unidades, anotando o número de unidades ou peças
defeituosas d;
d ≤ Ac – aceitar o lote N
d ≥ Re – rejeitar o lote N.

A amostragem dupla considera os parâmetros n1, n2m Ac1, A2, Re1, Re2, utilizando
o seguinte procedimento:

132
Extrair uma primeira amostra de tamanho n1 do lote N;
Inspecionar n1 unidades, anotando o número de peças defeituosas d1.

Se:

d1 ≤ Ac1 – aceitar o lote N


d1 ≥ Re1 – rejeitar o lote N
Ac1 < d1 < Re1 – situação de indecisão – inspecionar uma segunda amostra
n2.

Nesta situação, então, deve-se:

Extrair a segunda amostra de tamanho n2 do lote N;


Inspecionar as n2 unidades, anotando o número de unidades defeituosas d
Somar os números de unidades defeituosas d1 e d2 das duas fases.

Se:

d1 + d2 ≤ Ac2 – aceitar o lote N

d1 + d2 ≥ Re2 – rejeitar o lote N.

133
15

Plano de Amostragem

134
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da norma NBR 5426:
planos de amostragem e procedimentos na inspeção por atributos (ABNT, 1985b),
tem como objetivo estabelecer planos de amostragem e procedimentos para
inspeção por atributos. Quando especi cada pelo responsável, esta Norma deve
ser citada nos contratos, instruções ou outros documentos, e as determinações
estabelecidas devem ser obedecidas (ABNT NBR 5426, 1985b). A referida norma
ainda traz diferentes tipos de inspeção, sendo:

Inspeção normal (ou comum);


Inspeção severa;
Inspeção atenuada.

Losada (2017, p. 99) relata que, geralmente, a inspeção se inicia pelo tipo normal, e
a partir daí pode haver variações ao longo do processo, conforme sua execução e
resultados apurados, considerando-se as seguintes condições:

Se duas de cinco amostras consecutivas são rejeitadas, é sinal de que a


qualidade do lote diminuiu, e a inspeção pode passar de normal para severa;
Se em cinco inspeções severas consecutivas nenhuma amostra for rejeitada,
é sinal de que a qualidade do lote aumentou, e a inspeção pode passar de
severa para normal;
Se em 10 inspeções normais, nenhuma for rejeitada, é sinal de que a
qualidade do lote aumentou, e a inspeção pode passar de normal para
atenuada. Contudo, recomenda-se a observação e atendimento de algumas
condições;
Se a inspeção atenuada for de interesse; e
Se a produção estiver ocorrendo regularmente; e
Se 10 ou mais lotes forem aceitos; e
Se o número total de defeituosos nestes 10 lotes for menor ou igual ao valor
limite de nido.
Se na inspeção atenuada houver uma amostra rejeitada, deve-se retornar
para a inspeção normal. Esta alteração é também recomendada em
situações como:
Quando um lote car inde nido; ou
A produção se tornar irregular ou atrasada; ou
Quando alguma condição particular a justi que.

135
Planos de Amostragem
A ABNT NBR 5426 (1985b) estabelece os planos de amostragem como sendo
simples ou duplo, nos quais:

Plano de amostragem simples: a quantidade de unidades de produto


inspecionada deve ser igual ao tamanho da amostra dada pelo plano. Se o
número de unidades defeituosas encontrado na amostra for igual ou menor
do que o número de aceitação (Ac), o lote deverá ser considerado aceito.
Sendo o número de unidades defeituosas igual ou maior do que o número
de rejeição (Re), o lote deve ser rejeitado.
Plano de amostragem dupla: a quantidade de unidades de produto
inspecionada deve ser igual ao primeiro tamanho de amostra dado pelo
plano. Se o número de unidades defeituosas na primeira amostra for igual
ou menor do que o primeiro número de aceitação (Ac), o lote deve ser
considerado aceito. Sendo o número de unidades defeituosas na primeira
amostra igual ou maior do que o primeiro número de rejeição (Re), o lote
será rejeitado. Se o número de unidades defeituosas encontrado na primeira
amostra for maior do que o primeiro número de aceitação, porém, menor do
que o primeiro número de rejeição, uma segunda amostra de tamanho dado
pelo plano será retirada. As quantidades de unidades defeituosas
encontradas na primeira e segunda amostras devem ser acumuladas
(somadas). Se esta quantidade acumulada for igual ou menor do que o
segundo número de aceitação, o lote será aceito. Sendo a quantidade
acumulada igual ou maior do que o segundo número de rejeição, o lote deve
ser rejeitado.
Plano de amostragem múltipla: proceder de acordo com o plano de
amostragem dupla, porém, que o número de amostras sucessivas para
decisão deve ser maior do que dois.

Quanto ao plano de amostragem, ele pode ser de nido através da aplicação da


NBR 5426: planos de amostragem e procedimentos na inspeção de atributos
(ABNT, 1985b), que considera o cruzamento entre os tipos de amostragem e
inspeção, de acordo com a tabela a seguir:

136
Tabela 20 – Planos de amostragem e procedimentos na inspeção por atributos

Fonte: baseada na NBR 5426.

Deste cruzamento derivam tabelas que possuem o objetivo de auxiliar na


construção dos planos de amostragem fornecendo recomendações oriundas na
NBR 5426 para a determinação do tamanho das amostras em relação ao tamanho
do lote de onde serão extraídas, bem como os valores de Ac e Re, que
correspondem, respectivamente, ao número de defeitos detectados na amostra e
recomendados para a aceitação ou rejeição e lotes inspecionados (Losada, 2017, p.
101). Ainda, de acordo com a autora, com relação às tabelas, podemos destacar:

Tabela 1: organizar os lotes em faixas de tamanho, para que sejam


associados com o nível de inspeção desejado (geralmente, se inicia pelo nível
geral II), conforme Tabela a seguir. Do cruzamento linha x coluna desta
tabela, surge uma letra de referência (código da amostra) que será utilizada
na análise das tabelas seguintes, para que sejam associadas ao NQA
desejado, novamente, pelo cruzamento linha x coluna.

137
Tabela 21 – Tabela de tamanho de lotes x níveis de inspeção

Fonte: baseado da NBR 5426.

A partir desta tabela, a orientação é para o plano de amostragem simples para as


inspeções normal, severa e atenuada, respectivamente. O cruzamento linha x
coluna sinaliza a associação entre o código da amostra e o NQA, indicando o Ac e
Re recomendáveis, conforme Figura a seguir:

138
Figura 1 - Titulo da gura

Fonte: adaptada de Associação Brasileira de Normas Técnicas (1985b).

Conheça mais sobre a utilização das Tabelas na formação do plano de


amostragem assistindo ao vídeo:

139
16

Capacidade do Processo

140
Muitos fatores podem in uenciar em processo e, consequentemente, in uenciar
nos resultados. Para solucionar este problema, existem várias ferramentas
disponíveis, e é necessário saber qual utilizar em cada situação tendo em vista que
os processos envolvem muitas variáveis que podem in uenciar, entre elas, as
principais estão os equipamentos, ferramentas e o homem.

Diante da alta competitividade, é necessário que as organizações busquem na


e ciência de suas atividades produtivas um diferencial que lhes coloquem em
condições de disputa no mercado, ou seja, com custos de produção ajustados e
processos estabilizados (Losada, 2017, p. 252).

Estabilidade do Processo
O Controle Estatístico do Processo (CEP) é uma ferramenta muito importante no
monitoramento das dispersões dos processos, em que estas dispersões podem ser
classi cadas como causas comuns e causas especiais.

Quando são eliminadas as causas de variabilidade especiais, e o monitoramento do


processo apresenta apenas pontos classi cados dentro dos limites de controle,
tem-se o que se considera como processo sob controle ou processo estável
(Siqueira, 2017).

Um processo sob controle é aquele que consegue se manter estável quanto ao seu
desempenho, além de buscar a melhoria contínua do mesmo, através de controles
e do gerenciamento de informações (Toledo, 2006)

Um processo estável apresenta apenas pontos dentro dos limites de


controle, conseguindo manter a estabilidade de seu desempenho e
buscando sua melhoria contínua.

141
De acordo com Losada (2017, p. 253), o controle das dispersões e monitoramento
do processo no CEP é realizado através das cartas de controle que, como veremos,
a seguir, podem ser orientadas para variáveis ou para atributos. Entre os objetivos
das cartas de controle, estão:

Obter o estado de controle estatístico do processo;


Monitorar o processo, identi cando as causas comuns e especiais;
Determinar a capacidade do processo, veri cando se a empresa possui
condições de atender à determinada demanda;
Investigar a variação excessiva em um determinado processo.

Toledo (2014) estabelece algumas das características que sinalizam indícios de


processo estável, conforme pode ser veri cado na gura a seguir:

142
Figura 16 – Regras para identi cação do processo não estável

Fonte: Toledo (2014).

A capacidade de um processo sinaliza sua viabilidade e sustentabilidade, apurando


suas condições de gerar produtos idênticos por longo período de tempo e sob
determinado conjunto de fatores (Losada, 2017, p. 257). Ainda, de acordo com a
autora, a análise sobre a capacidade do processo é o que irá determinar se a

143
organização poderá ou não atender a um pedido com os requisitos solicitados pelo
cliente, e responder sobre assuntos, como prazo de entrega, de planejamento de
custos, entre outros.

Um dos pressupostos para a implantação do CEP em um processo é que possamos


garantir que somente causas comuns estejam agindo sobre o mesmo, e que ele se
aproxime o máximo possível de um evento estatístico com eventos aleatórios
(Pieritz, 2017, p. 182).

Ribeiro e Caten (2012, p. 15) descrevem ainda que:

Após a eliminação de todas as causas especiais, o processo estará funcionando em


controle estatístico. Um processo em controle estatístico ou estável é aquele que
possui variabilidade associada apenas às causas comuns, ou seja, ele segue um
certo padrão previsível ao longo do tempo. No entanto, esse padrão estável do
processo pode ou não ser capaz de produzir peças que atendam às especi cações
de clientes ou de projeto. Uma vez eliminadas as causas especiais, pode-se então
avaliar a real capacidade do processo comparando sua variabilidade (associada
apenas às causas comuns) com as especi cações.

Nesse contexto, veri ca-se que as causas especiais devem ser eliminadas do
processo. Assim, Montgomery (2004) descreve que o objetivo da análise de
capacidade de um processo visa identi car e diagnosticar se os mesmos
apresentam capacidade de satisfazer aos requerimentos de necessidades de nidos
pelos clientes. Do mesmo modo, Paladini (2012) descreve que a capacidade do
processo somente é estável quando nenhum fator estranho o esteja
contaminando, ou seja, somente temos ação de causas naturais de variação.

Após a eliminação das causas de variabilidade especiais do processo e alcançado


certo padrão de qualidade, o processo é considerado como estável e, a partir daí,
torna-se possível avaliar sua capacidade (Losada, 2017, p. 258). Ainda, de acordo
com a autora, quando o processo não está estável, as informações disponíveis para
a análise da capacidade do processo não são con áveis, uma vez que a
instabilidade faz com que o processo apresente comportamentos imprevisíveis.

A gura a seguir demonstra, além do atingimento de um padrão estável, também, a


necessidade de avaliar se as variações comuns admitidas no processo são
inferiores às especi cações requeridas para determinado pedido ou projeto.

144
Figura 17 – Comparação de capacidades

Fonte: Ribeiro e Caten (2012).

Índices de Capacidade – Cp e Cpk


O índice Cp pode ser considerado o primeiro e mais utilizado no início da
implementação do processo, destinado à medição da capacidade potencial do
processo. Seu foco é mais prático e objetivo, estabelecendo uma razão entre a
tolerância da especi cação do processo e a tolerância praticada no processo
(Losada, 2017, p. 259).

Tal relação é determinada pela seguinte equação (Doane, 2014):

LES − LEI
CP =

Onde,

LES = limite de especi cação superior;


LEI = limite de especi cação inferior;
σ = desvio padrão.

145
Muito semelhante ao Cp, o índice Cpk é um complemento importante na análise,
introduzido a partir da década de 1980, sendo utilizado para trazer maior precisão
e detalhamento na observação de deslocamento do centro do grá co (Losada,
2017, p. 260). Ainda, segundo a autora, considera a tendência de mudança de
limites para um dos limites da especi cação, independentemente de qual deles for
notado, com os valores praticados na realidade do processo, ou seja, mede a
capacidade efetiva do processo.

Doane (2014) estabelece a fórmula do Cpk, sendo:

μ − LEI LES − μ
Cpk = min ,
3σ 3σ

Onde,

LES = Limite de especi cação superior;


LEI = Limite de especi cação inferior;
µ = linha central;
σ = desvio padrão.

Quanto ao nível de capacidade do processo, quando se consegue calcular Cp e Cpk


de um processo em relação a uma característica, é possível estabelecer uma série
de análises sobre o resultado obtido para cada índice, conforme é estabelecido por
Toledo (2014).

146
Tabela 22 – Análises sobre os índices Cp e Cpk

Fonte: Toledo (2014).

Para aplicar o Cp consideremos o seguinte exemplo dado por Losada (2017, p. 264):
as especi cações para a tensão de saída de um determinado circuito elétrico são
48 e 52 V. O processo está sob controle com σ = 0,482 V (Navidi, 2012, p. 529). Com
base nestas informações, podemos proceder com o cálculo ilustrado a seguir, e
apurar capacidade do processo (Cp). Tendo em vista o resultado obtido, podemos
considerar que a capacidade potencial do processo é boa, pois Cp > 1,33.

LES − LEI 52 − 48
CP = = = 1, 38
6σ (6) (0, 482)

147
Tabela 23 – Fatores para cartas de controle por variáveis

148
Fonte: Siqueira (1997, p. 128).

149
Conclusão
Quando se trata de competitividade, a qualidade, com certeza, é um dos requisitos
fundamentais para que produtos e serviços atendam aos desejos do mercado em que
se encontram.

Conforme visto, o Controle Estatístico do Processo é fundamental para o


monitoramento dos processos que envolvem a produção e, atrelado ao CEP, estão
diversas ferramentas que podem auxiliar na obtenção de produtos mais
competitivos. Dentre as ferramentas disponíveis para uma gestão mais e ciente com
a inclusão do Controle Estatístico do Processo, estão as Cartas de Controle, que
podem ser elaboradas seguindo critérios de nidos e a implementação de grá cos de
controle.

Sabemos que, nos dias atuais, é fundamental a implementação de processos e cazes


para garantir o padrão de qualidade, de acordo com os requisitos estabelecidos. Para
tanto, é necessário que a organização identi que quais métodos e ferramentas
podem ser aplicados a m de identi car os melhores mecanismos para promover a
e cácia dos processos.

Conforme pôde ser visto, não basta somente a implantação de ferramentas


adequadas, mas ações também devem ser tomadas para que os desvios dos
processos sejam adequados, em que a causa raiz das não conformidades devem ser
observadas e tratadas para que não voltem a acontecer.

A gestão da qualidade é essencial na obtenção de produtos e serviços que atendam


aos seus requisitos, mas essa gestão deve ser realizada por pessoas que estejam
preparadas e treinadas para sua execução, o que é um processo que demanda o
comprometimento da organização.

150
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5425: guia para inspeção por
amostragem no controle e certi cação de qualidade. São Paulo: ABNT, 1985a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5426: planos de amostragem e


procedimentos na inspeção por atributos. São Paulo: ABNT, 1985b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5427: guia para utilização da


norma NBR 5426: planos de amostragem e procedimentos na inspeção por atributos.
São Paulo: ABNT, 1985c.

BERTOLINO, M. T. Gerenciamento da qualidade na indústria alimentícia. Porto


Alegre: Artmed, 2010.

COSTA NETO, P. L. de O.; CANUTO, S. A. Administração com qualidade:


conhecimentos necessários para a gestão moderna. São Paulo: Blucher, 2010.

CRESPO, A. A. Estatística fácil. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

CROSBY, P. B. Qualidade é investimento. New York: McGraw-Hill, 1986.

DOANE, D. P.; SEWARD, L. E. Estatística aplicada à administração e economia.


Porto Alegre: AMGH, 2014.

FEIGENBAUM, A . V. Controle da qualidade total. São Paulo: Makron Books, 1994. v.


1.

LIMA, A. A. N. et al. Aplicação do controle estatístico de processo na indústria


farmacêutica. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v. 27, n.º 3, p. 177-187, 2006. Disponível
em: <http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/Cien_
Farm/article/viewFile/380/364>. Acesso em: 10 de março de 2021.

LOZADA, G. Controle estatístico de processos. Revisão técnica: Henrique Martins


Rocha. Porto Alegre: SAGAH, 2017.

MATTOS, J. C. Custos da qualidade como ferramenta de gestão da qualidade:


conceituação, proposta de implantação e diagnóstico nas empresas com certi cação
ISO. 9000. 1997. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de São Carlos, São
Carlos, 1997.

MATTOS, J. C.; TOLEDO, J. C. Custos da qualidade: diagnóstico nas empresas com


certi cação ISO 9000. Revista Gestão & Produção, v. 5, n.º 3, p. 312-324, 1998.

151
MONTGOMERY, Douglas C. Introdução ao controle estatístico da qualidade. 4ª ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2004.

OLIVEIRA, O. J. et al. Gestão da qualidade: tópicos avançados. São Paulo: Cengage


Learning, 2009.

PALADINI, Edson Pacheco. Gestão da Qualidade. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2000.

PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e casos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

PIERITZ, Alfredo Neto. Controle estatístico do processo. Indaial: UNIASSELVI, 2017.

PEZZATTO, A. T. [et al.] Sistemas de controle da qualidade. Revisão técnica: André


Shatalo ]. Porto Alegre: SAGAH, 2018.

RAMOS, E. M. L. S.; ALMEIDA, S. S.; ARAÚJO, A. R. Controle estatístico da qualidade.


Porto Alegre: Bookman, 2013.

RIBEIRO, José Luís Duarte; CATEN, Carla Shwengberten. Controle Estatístico do


Processo: Cartas de Controle para Variáveis, Cartas de Controle para Atributos,
Função de Perda Quadrática, Análise de Sistemas de Medição. Porto Alegre:
FEENG/UFRGS, 2012. Disponível em:
<http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/disciplinas/388_apostilacep_2012.pdf>.
Acesso em: 10 março de 2021.

ROTONDARO, R. G.; MIGUEL, P. A. C.; FERREIRA, J. J. A. Gestão da qualidade. Rio de


Janeiro: Campus, 2002.

152

Você também pode gostar